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RESUMO
Embora o setor de projetos de edificações esteja cercado de softwares de desenho auxiliado por
computador – CAD (Computer Aided Design), a maioria das aplicações não explora totalmente seus
recursos, executando em alguns casos apenas a função de desenhar. É flagrante a baixa de
produtividade no desenvolvimento de projetos utilizando estas ferramentas e ainda mais preocupante,
é que persiste uma cultura da falta de colaboração e cooperação entre os profissionais da construção de
edificações. Isto ocorre em parte por se tratar de uma cultura estabelecida, mas principalmente por
falta de meios acessíveis onde estes profissionais possam manter uma troca de informações mais
funcional.
O objetivo desta pesquisa foi gerar um dispositivo para inserção de dados no arquivo do projeto
(alguns ocultos, outros não), que poderiam ser extraídos em forma de texto, sendo exportados a outras
ferramentas para permitir o compartilhamento da informação, sendo disponibilizada de formas
diversas aos agentes do processo.
No aplicativo desenvolvido, criou-se uma forma de inserção de observações dentro do arquivo de
desenho, para possibilitar a informação de situações de interferência entre as modalidades de projeto,
com possibilidade de edição, verificação e acompanhamento. Com este dispositivo também se
possibilitou que este dado inserido, após o processamento, pudesse se transformar em texto (usando
IFC – Industry Foundation Classes) e outros formatos, que servirão como base para elaboração de
tabelas, planilhas, orçamentos, inclusive para publicação das informações na Web.
Palavras-chave: Customização, AutoLISP, Classes IFC, Interferência.
1. INTRODUÇÃO
A ferramenta Cad “pura” apresenta-se apenas como uma prancheta virtual gerando linhas, entidades
geométricas, textos e outros elementos que compõem um projeto. Deste arquivo digital são geradas as
impressões em papel, que é uma forma materializada utilizada na fase de execução do projeto, para
análises técnicas e para fins burocráticos em repartições públicas.
Considerando que a elaboração de projetos de edificações geralmente envolve mais de um
profissional, cada um com sua especialidade (Estruturas, Instalações Elétricas, Arquitetura, etc.), é
importante que haja ferramentas que venham facilitar a interação entre os envolvidos, que possibilitem
a verificação de interferências constituídas no conjunto final. Estas podem representar um aumento da
eficiência nos projetos, evitando surpresas desagradáveis no momento da execução.
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Linguagem adaptada pela AutoDESK®
linguagem de programação, o AutoLISP possui uma sintaxe própria, tipos de dados, estrutura de
dados, métodos de alocação de memória, estruturas de decisão, etc. A linguagem LISP é bastante
conhecida e utilizada na implementação de softwares de inteligência artificial. O nome LISP vem da
expressão em inglês List Processing. A linguagem foi concebida com base no conceito de
Processamento de Listas (CESAR JUNIOR, 2003). Segundo Matsummoto (2001): “O desenvolvedor
inspirou-se no LISP para criar o AutoLISP, devido à flexibilidade e eficiência desta linguagem para
tratar estruturas de dados não uniformes”.
A linguagem AutoLISP é amplamente utilizada na resolução de problemas relacionados a repetição de
comandos, através da implementação de rotinas que automatizam tarefas e agrupam uma série de
comandos que podem ser acionados com apenas uma instrução. A linguagem AutoLISP tem
funcionalidade dentro do AutoCAD e era escrito originalmente com arquivos de texto em qualquer
processador de texto. Atualmente esta é oferecida agregada ao programa, com um console de
programação chamado - Visual LISP, que auxilia na execução e compilação de rotinas utilizando
cores, e outras ferramentas importantes para o programador.
O que era originalmente para ser uma linguagem acessível a programadores profissionais, tornou-se
extremamente popular, impulsionado pela sua facilidade de aprendizagem, e desenvolvimento de
rotinas, propiciando a customização de tarefas dentro da ferramenta.
3. APRESENTAÇÃO DA ROTINA
A pesquisa foi desenvolvida no intuito de produzir no software CAD, uma customização na geração de
elementos textuais para cumprirem a função de troca de informação em relação às interferências em
trabalhos compartilhados e que pudessem estar associados à tecnologia das classes IFC, para
instrumentalizar possibilidades futuras em um próximo estágio, através desta ferramenta. Por este
motivo é que um estudo como este apresentado, visa a recuperação da operacionalização dos processos
baseado na padronização, com vistas a retomar o caminho de integração dos agentes através e uma
comunicação distribuída.
Por esta aplicação utilizar-se da entrada de dados como inserção de blocos e este procedimento requer
a utilização de uma caixa de diálogo onde se define o nome do bloco, escala, rotação e outros
parâmetros, desenvolveu-se um mecanismo que funciona como ponte e apresenta diretamente a caixa
de atributos onde se dá a entrada de dados. Para isto, foi elaborada uma rotina em AutoLISP (figura 3),
cuja função é fornecer os dados requeridos pela caixa de inserção de blocos, definir o ponto de
aplicação e inserir o bloco atributo anteriormente desenvolvido.
Nesta fase, o bloco atributo necessita que o comando de inserção “INSER” seja digitado na linha de
comando do AutoCAD para ser inserido. Então foi elaborado um “toolbar” ou menu de ícone (figura
4), que aciona o comando através de uma forma mais amigável. A própria ferramenta de CAD oferece
os meios de criação destes ícones com possibilidade de edição dos desenhos que identificarão o
comando. Porém o botão só funciona se devidamente direcionado para algum comando, neste caso
“INSER”, que tem a finalidade de acrescer uma informação dentro do projeto, que será transportada
futuramente para outros aplicativos. Como pode ser visto na figura 4, pode ser inserida a observação,
que posteriormente pode ser exportada através de IFC em linguagem texto (ou ser importada) para um
aplicativo de interesse ao usuário ou parceiro do projeto. Esta customização faz com que o arquivo
IFC possa ser também importado pelo usuário quando do recebimento de algum projeto. Nestes casos
o parceiro que já realizou sua contribuição ao projeto e no caso de ter detectado situações-problema,
estas podem estar incluídas no arquivo de projeto (neste caso extensão dwg), transformado em IFC
(linguagem texto).
Figura 4 - Toolbar ou menu de ícone
Com o mecanismo de entrada, basta clicar no ícone relacionado ao comando, informar o local da
interferência (figura 6), que automaticamente aparecerá uma caixa de diálogo (figura 5) onde poderão
ser registradas as informações relacionadas à situação de interferência.
Após a confirmação das informações, o local da interferência ficará demarcado por um sinal
geométrico colorido acompanhado de uma numeração, que objetiva localizar e precaver-se de
problemas de identificação, visto que poderão ocorrer diversas situações que necessitem de
comunicação entre os parceiros de projeto.
Figura 6 - Sinalização da interferência após inserção de dados.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho consegue mostrar de forma prática, a resolução de um problema típico no processo de
projeto fazendo uso de ferramentas atuais. É necessário compreender que há tecnologia disponível
para tornar este aplicativo ainda mais interessante do ponto de vista da acessibilidade, muito embora a
visão que se quer apresentar é da comprovação da viabilidade de uso de tecnologias para solucionar
problemas da atividade de projeto de edificações.
A melhoria citada pode advir da utilização conjunta do AutoLISP, (até como forma de refinar o
aplicativo), com o DCL (Dialog Contro Language) ou o próprio VBA (Visual Basic for Aplications)
que são ferramentas geralmente utilizadas para criação de quadros de diálogos, o que tornaria a
entrada de dados muito mais flexível, possibilitando um maior controle no tipo e qualidade da
interferência que será inserida no projeto.
Em muitas situações práticas a geometria representa a principal informação que necessita ser
comunicada entre as partes, embora com a situação apresentada, verifica-se que existem informações
textuais que devem ser acrescidas ao projeto digital, constituindo-se esta situação em tendência futura,
que gerará um acréscimo significativo de informação. Este aumento de dados informativos no arquivo
digital dará maior consistência ao projeto e deverá significar um ganho significativo de qualidade.
De forma demonstrativa esta pesquisa apontou apenas uma forma de interferência, mas a mesma
tecnologia poderá ser utilizada para uma infinidade de outras aplicações, integrando processos de
especificação de materiais, custos, métodos construtivos etc.
Numa etapa mais avançada e com um banco de dados bem elaborado podem-se utilizar as informações
inseridas no projeto para confecção automática ou semi-automática de memoriais descritivos,
orçamentos e cronogramas. Este tipo de aplicação está bastante próximo de ser executado, pois como
já afirmado, existem tecnologias disponíveis. O uso das classes IFC para esta integração da
informação desde o projeto constitui-se em um instrumento de inovação na área da construção que tem
possibilidade de abranger toda a cadeia produtiva.
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