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FRACASSO ESCOLAR

Claudia Maria Silva FERREIRA1

RESUMO

O fracasso escolar é um tema relevante e tem sido foco de várias discussões, pois é um
assunto que diz respeito a várias questões, tais como a reprovação, evasão escolar,
indisciplina, fracasso, insucesso escolar. Assim, esse trabalho tem como objetivo analisar o
fracasso escolar e a influência da família no desempenho dos alunos. Para tanto buscou-se
conceituar fracasso escolar, determinar as consequências do fracasso escolar e as formas que
podem reduzir o fracasso escolar em parceria com a família e escola. A metodologia utilizada
foi através de pesquisa bibliográfica em livros, artigos, dissertações, na biblioteca da
Faculdade Aldete Maria Alves - FAMA e em sites eletrônicos. Na internet foi utilizado o site
de busca Google Acadêmico utilizando-se palavras-chave como “fracasso escolar”,
“exclusão”. Assim chegou-se à presente discussão.

Palavras chave: Fracasso Escolar. Escola. Aprendizagem.

SCHOOL FAILURE

ABSTRACT

School failure is an important issue, and has been the focus of much discussion because it is a
subject that relates to various issues, such as failure, truancy, indiscipline, failure, failure at
school. Thus this paper aims to analyze school failure and family influence on student
performance. Both sought to conceptualize school failure, to determine the consequences of
school failure and ways that can reduce school failure in partnership with family and school.
The methodology was sought through references in books, articles, and dissertations in the
college library and electronic sites. On the internet sites we used the Google search using key
words with Academic "school failure" "exclusion". Just arrived this research.

Keywords: School Failure. School. Learning.

1 INTRODUÇÃO

Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos...


Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de
discriminação...
Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática...
Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos
educadores...
Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível...
(Paulo Freire, 1996)

1
Bacharel em Direito pela Faculdade Aldete Maria Alves (2002-2007). Especialista em Direito de Família pela
Faculdade Aldete Maria Alves (2013-2014). Especialista em Docência do Ensino Superior pelo Centro
Universitário Barão de Mauá – Ribeirão Preto/SP (2014-2015). Atualmente exerce função pública na Polícia
Militar de Minas Gerais. claudmaria@gmail.com

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O fracasso escolar é um assunto bem conhecido e há inúmeras discussões sobre o


ensino, abordando a realidade a ser encarada. Contudo, apesar desse fato existir nas escolas, o
desafio não está só na abordagem e na discussão, mas nas análises superficiais e generalizadas
que ligam fracasso como algo externo ao processo de ensino.
A aprendizagem também tem sido muito discutida no meio da educação visto sua
importância, sendo observadas há décadas as dificuldades de aprendizagem, inúmeras
reprovações e a evasão escolar.
O tema fracasso escolar está em toda escola e muitos fatores influenciam nas
dificuldades de aprendizagem, tanto estrutural, quanto o funcionamento da escola, qualidade
de ensino, e a relação que o indivíduo faz com o aprender. A maior preocupação dos
educadores em relação à educação é o rendimento escolar insatisfatório (FIALE, 2010).
Atualmente, o fracasso escolar é visto como um grande problema no sistema
educacional. Dados assustadores comprovam que crianças matriculadas na primeira série já
são na maioria reprovadas, mostrando uma triste realidade.
Assim, o fracasso escolar é um dos problemas mais discutidos e estudados hoje no
país, mas buscar responsáveis não resolve o problema. Buscam-se culpados, e na tentativa de
achá-los fica um jogo de empurra-empurra, ora entre criança, família, classe social, ou o
sistema econômico, político e social (SOUZA, 1999).
Dessa forma, essa pesquisa procura analisar o fracasso escolar, o panorama histórico
e explicações sobre o tema, para entender o processo e também a influência da família nesse
processo.
O sistema educacional brasileiro, desde sua colonização, passa por um processo de
transformações estruturais e funcionais que explicam os problemas enfrentados no processo
de aprendizagem, ora no contexto cultural do aluno, no professor, no método didático, ou no
próprio meio.
A aprendizagem é uma tarefa muito difícil e sofre influências de inúmeras variáveis,
sendo pedagógicas, psicológicas, sociais, linguísticas e outros. Nesse sentido, a escola precisa
ser uma instituição de aprendizagem formal, oferecendo conteúdos e métodos organizados e
formas adequadas de aprendizagem para que o aluno venha a atuar conscientemente e
provoque mudanças na sua realidade, a fim de que mostre uma nova qualidade de ensino.
Esse trabalho procurou identificar as causas e consequências do fracasso escolar,
analisando o trabalho realizado pela escola no processo de formação de um futuro cidadão
para não permitir o desestímulo e, consequentemente, a desistência das atividades escolares

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do mesmo. Após coletar todas estas informações, também foi realizada uma discussão com
intuito de buscar um equilíbrio entre escola, aluno e família.
O trabalho foi realizado por pesquisa bibliográfica, com reunião de pesquisas em
livros de diversos autores, bem como na internet, para chegar ao objetivo almejado.

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O “FRACASSO ESCOLAR”

A expressão “fracasso” é, de acordo com Ferreira (1998), desgraça; desastre; ruína;


perda; mau êxito; malogro. Assim, fracasso escolar é um mau êxito na escola, por exemplo
uma reprovação, ou evasão escolar, e pode-se considerar, também, aprovação com baixo
índice na aprendizagem.
Segundo Forgiarini e Silva (2007):
O fracasso escolar surgiu, quando a maioria da população, formado por membros
das classes trabalhadoras urbanas e rurais, teve acesso à escola pública e gratuita.
Situação esta que julgamos excessivamente injusta e inaceitável e sua superação
requer aprofundamento e análise da questão. (FORGIARINI; SILVA, 2007, p. 01).

De acordo com os autores, as ações desenvolvidas nas escolas públicas não têm sido
suficientes para chegar ao objetivo de transmitir o saber historicamente acumulado, “com o
intuito de formar cidadãos críticos, capazes de transformar o meio no qual vivem, buscando
uma melhor qualidade de vida” (FORGIARINI, SILVA, 2007, p. 01). Resulta aí o fracasso
escolar atingindo boa parte dos integrantes do sistema educacional público.
Para Patto (1993) foi na convergência entre concepções racistas e biológicas sobre o
comportamento humano, desigualdades sociais e ideário político liberal, que foram criadas
ideias que interferiram na política, pesquisa e práticas educacionais.
De acordo com a autora, o fracasso escolar só pode ser entendido se atentar para o
fato de que o mesmo possui contradições no discurso educacional. Assim, menciona,

[...] Somente um ensino de boa qualidade - no qual um professor interessado e bem


formado maneje o conteúdo do ensino levando em conta as especificidades do
alunado, tanto no que se refere às características de sua faixa etária quanto às suas
experiências culturais – pode garantir a eficiência. (PATTO, 1993, p. 121).

Charlot (2005) discursa que o fracasso escolar se constitui como uma realidade
social, contudo, não pode ser abordado como um objeto analisável, pois, segundo o autor, o
fracasso escolar não existe, o que acontece é que surgem situações de fracasso, histórias
escolares que terminam de forma não agradável, que devem ser analisadas individualmente
cada uma.
Para o autor, o fracasso escolar é:

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[...] é uma diferença: entre alunos, entre currículos, entre estabelecimentos [...] O
aluno em situação de fracasso, ocupa no espaço escolar uma situação diferente da do
aluno em situação de êxito – sendo essas posições avaliadas em termos de notas,
indicadores de sucesso, anos de atraso, lugar em um sistema escolar hierarquizado
etc. (CHARLOT, 2005, p. 17).

Nessa realidade, o fracasso escolar deve ser analisado em situações em que o


fracasso se dá pela origem social, na qual muitas crianças padecem de deficiência
sociocultural. É necessário ressaltar que o fracasso social pode ter algo com a desigualdade
social, mas não deve ser o único fator determinante para tal fato, as causas podem ser
múltiplas. Portanto, o fracasso escolar não pode ser generalizado. Pobreza não é sinônimo de
fracasso.
Deve-se, além de olhar a posição social dos pais dos alunos, também compreender a
singularidade de cada indivíduo, pois os mesmos fatores podem influenciar de forma diferente
cada criança.

3 FRACASSO ESCOLAR E ESCOLA PÚBLICA

De acordo com Mandelli (2011), o Brasil possui 151 municípios que reprovam 20%
ou mais dos alunos da rede pública ao fim do 1º ano do ensino fundamental. Esse número
representa 2,7% do total de cidades brasileiras. Com esse dado, especialistas consideram a
situação alarmante.
Forgiarini e Silva (2007, p. 01) perceberam que:

[...] ações já desenvolvidas nas escolas, principalmente nas públicas, têm sido
insuficientes no que se refere ao seu objetivo primeiro: a transmissão do saber
historicamente acumulado, como intuito de formar cidadãos críticos, capazes de
transformar o meio no qual vivem, buscando uma melhor qualidade de vida.

Assim, devido a esta ineficiência, o fracasso escolar atinge grande parte dos alunos
que ingressam nas escolas públicas.
Segundo os autores Forgiarini e Silva (2007), o fracasso na escola pública pode ser
observado nos dados do INEP de 2007 que retratam a realidade brasileira: 41% dos alunos
que ingressam na 1ª série do ensino fundamental não terminam a 8ª série. Dos alunos que
ingressam no ensino médio, 26% não concluem e levam em torno de 10,2 anos e 3,7 anos
respectivamente para concluírem.
Para Fiale (2010), a responsabilidade do fracasso escolar não é somente do aluno, há
a necessidade de pensar em toda a questão pedagógica.

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4 CONSEQUÊNCIAS NO FRACASSO ESCOLAR

O termo fracasso escolar resume a insatisfação e insucesso resultantes de posturas


docentes e discentes vividas dentro das salas de aula diariamente. Fracasso significa
reprovação e, de acordo com Torres (2004, p. 34), “é a solução interna que o sistema escolar
encontra para lidar com o problema da não aprendizagem ou da má qualidade do ensino”.
Nesse sentido, Carvalho (1997) destaca que o fracasso escolar está ligado ao erro.

Quando associamos erro e fracasso, como se fossem causa e consequência, por


vezes nem se quer percebemos que, enquanto um termo – o erro – é um dado, algo
objetivamente detectável, por vezes, até indiscutível, o outro - o fracasso – é fruto de
uma interpretação desse dado, uma forma de o encararmos e não a consequência
necessária do erro [...] a primeira coisa que devemos examinar é a própria noção de
que erro é inequivocadamente um indício de fracasso. A segunda questão intrigante
é que, curiosamente, o fracasso é sempre o fracasso do aluno. (CARVALHO, 1997,
p. 12).

Assim, identificar um erro não justifica o fracasso ou o insucesso, seja no


aprendizado, no ensino, ou por incompetência do aluno.
São dados alarmantes as pesquisas sobre as causas de repetência e do fracasso
escolar nas escolas públicas; segundo Patto (1993), o entrave desses dados reside sobre o fato
de não conseguirem se livrar de pressupostos preconceituosos com relação à criança de
condição socioeconômica baixa.
Souza (1999) menciona que o problema do fracasso escolar se situa no
distanciamento entre a realidade do aluno e os conhecimentos escolares, não dando
significado ao aluno, em que o mesmo não enxerga importância no conteúdo aplicado para
sua vida prática, e com isso não tem otimismo, nem interesse, sente-se deslocado, e não acha
razão para se dar bem nos estudos, auxiliando, dessa forma, na produção do fracasso
(SOUZA, 1999).
Nesse pensamento, Sampaio reforça a preocupação:

[...] na medida que o aluno tem dificuldades, não aprende e é reprovado por falta de
conteúdos e a falta de conteúdos amplia-se à medida que os alunos ficam
reprovados. O fracasso, dessa forma, não se explica apenas pela reprovação, nem
pela perda de um ou mais anos, repetindo séries; outra perda relevante acontece pelo
distanciamento cada vez maior estabelecido entre os alunos e o conhecimento que a
escola pretende transmitir. (SAMPAIO, 2004, p. 89).

Com isso, o fracasso faz com que o aluno reprovado seja rotulado de incapaz, com
problemas de aprendizagem, tornando-o um fracassado.
Lacerda menciona que:

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Associadas à problemas psicológicos, cognitivos, familiares e neurológicos próprios


da criança, as barreiras no processo de aquisição do conhecimento, cada vez mais,
são também atribuídas por educadores e psicopedagogos a causas externas, ao
âmbito da escola e às condições socioeconômicas dos estudantes. Independente de
conceituações, o fracasso escolar é uma chaga pela forma com que atinge os alunos
e pela exclusão social que projeta na vida adulta. Fonte ainda de sofrimento e
apreensão para pais preocupados com o futuro dos filhos, os entraves à assimilação
de conteúdos ministrados em sala de aula despontam como uma das maiores causas
da repetência. (LACERDA, 2007, p. 02).

No pensamento de Charlot (2005), o fracasso nada mais é do que uma dificuldade de


alguns alunos em aprender, e aponta que o fracasso está centrado em classes menos
favorecidas, decorrentes do nível socioeconômico (CHARLOT, 2005).
André (1999), em contrapartida, salienta que o fracasso escolar está mais associado
ao modo de vida de uma família, seus valores, crenças (ANDRÉ, 1999).

5 INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NA VIDA ESCOLAR

É muito discutido a influência da família na vida escolar, na formação e


comportamento do estudante. A família é a primeira organização social em que o indivíduo
interage, aprende os valores culturais, morais, emocionais, interferindo assim no
desenvolvimento e no bem-estar.
Em relação ao desempenho escolar, Fiale (2010) menciona que:

[...] quando as crianças recebem um bom estímulo de casa, quando os pais


acompanham todo o processo de educação, ajudando no dever de casa,
comparecendo às reuniões e sempre mantendo contato com os professores, essas
crianças tendem a obter um melhor desempenho escolar. (FIALE, 2010, p. 03).

Nota-se que a atenção dada pelos pais a educação dos filhos é de muita importância
para seu desenvolvimento na escola. E continua a autora a fazer a seguinte observação: “já
quando os pais são ausentes, ou quando a criança tem um vínculo familiar ruim, ela pode
apresentar autoestima prejudicada e distúrbios na aprendizagem” (FIALE, 2010, p. 03).
Pode-se afirmar, então, que quando a criança possui bons vínculos familiares, a
relação dela com os professores e amigos também é boa. Assim, verifica-se a importância da
família nesse vínculo.
A família é responsável pelo modelo que a criança terá em termos de conduta moral,
seus valores éticos. Assim, as crianças se espelham nos pais.
De acordo com Scoz (1994):

A influência familiar é decisiva na aprendizagem dos alunos. Os filhos de pais


extremamente ausentes vivenciam sentimentos de desvalorização e carência afetiva,

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gerando desconfiança, insegurança, improdutividade e desinteresse, sérios


obstáculos à aprendizagem escolar (SCOZ, 1994, p. 71 apud FIALE, 2010, p. 04).

Dessa forma, a família é crucial para que os filhos tenham uma boa aprendizagem,
pois ajuda na orientação dos erros e pode apontar soluções. É importante ressaltar, então, que
se faz necessário orientar mais os pais para que estes tenham consciência da importância deles
nas relações familiares e no desenvolvimento de seus filhos.

6 IMPORTÂNCIA DA ESCOLA X FAMÍLIA

A escola é uma das mais importantes instituições na formação do cidadão.


Transmitindo cultura, valores morais, modelo social de comportamento, a escola educa a
criança, que passa a receber uma bagagem de valores, modelos transmitidos pela escola,
crescendo sua autonomia e o aperfeiçoamento ao grupo social, segundo Marin (1998).
Conforme Fiale (2010, p. 04):

Educar já significou, e talvez signifique ainda, em algumas regiões do terceiro


mundo, apenas viver a vida cotidiana do grupo social ao qual se pertence. Assim, as
crianças acompanhavam os adultos em suas atividades e, com o passar do tempo,
aprendiam a “fazer igual”. [...] Todos os adultos ensinavam a partir da experiência
pessoal, ou seja, aprendia-se fazendo. (FIALE, 2010, p. 04).

Assim, a escola vem sendo modificada a todo instante, transformando, inovando.


Contudo, Penteado (2006) destaca a impossibilidade de planejar e executar o processo de
educação escolar independente da questão familiar e ressalta a importância de se trazer a
família para participar do processo ensino-aprendizagem na escola (PENTEADO, 2006).
É necessário estreitar relações entre família e a escola para o processo ensino-
aprendizagem ser eficiente. No Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990)
encontramos os artigos 4º e 55, que dizem o seguinte:

Art. 4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder


público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária.
[...]
Art. 55: Os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou
pupilos na rede regular de ensino.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/96), também afirma que:

Art. 2º: A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de


liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
[...]

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Art. 6º: É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir
dos seis anos de idade, no ensino fundamental. (BRASIL, 1996).

Assim, a família é fundamental para a educação dos alunos. Pais e professores


sempre têm que estar em contato para trocarem informações, para juntos proporcionarem uma
educação de qualidade para as crianças. O professor deve conhecer a família do aluno, sua
relação em casa para poder saber lidar com ele, e entendê-lo melhor.
Nesse sentido, Weiss (2007) afirma que:

O professor tem uma visão privilegiada sobre a influência da família no


comportamento escola, detendo informações para melhor compreender as inter-
relações dessa dinâmica e sua influência no processo de ensino aprendizagem. É
preciso que o professor competente e valorizado encontre o prazer de ensinar para
que possibilite o nascimento do prazer de aprender (WEISS, 2007, p. 18).

7 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O conceito de família nas últimas décadas sofreu grandes modificações.


Tradicionalmente, a palavra família era associada ao grupo constituído por pai, mãe e filhos.
Atualmente esse conceito foi ampliado, e entende-se por família um grupo de pessoas que
reside no mesmo lar, mantendo-se unidos por um relacionamento afetivo ou pelo grau de
parentesco.
Pais se divorciam a cada ano aumentando a estatística no Brasil, surgindo novas
configurações familiares. Contudo, a forma como os adultos estão conduzindo seus filhos é
que é o problema. A mulher cada dia mais no mercado de trabalho impõe a necessidade de a
família compartilhar com instituições educacionais parte do cuidado com os filhos.
Nesse processo, as famílias e a “sua maneira de educar”, pautada na tradição e na
experiência pessoal, sofreram grandes interferências de especialistas em saúde,
desenvolvimento infantil e educação.
A escola tem por objetivo capacitar e preparar os alunos para exercer o papel de
cidadãos. Nesse sentido, a psicopedagogia pode atuar diretamente para detectar os principais
problemas de aprendizagem que atingem o aluno e ter uma relação interpessoal com a escola
e com as famílias.
Verifica-se o quanto a psicopedagogia é importante para contribuir com a escola
quanto à construção metodológica, atuando ainda de várias formas na prevenção, orientação e
formação dos alunos.
Diante das ideias dos autores citados, observamos que eles não são unânimes em
suas afirmações quando o assunto é fracasso escolar. Alguns autores adentram a escola e

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entendem o fracasso escolar a partir do conteúdo. Outros autores afirmam que o fracasso é
uma mera dificuldade de conhecimento, e outros que creem ser a forma como a escola trata as
diferenças o motivo pelo insucesso.
A escola realiza avaliações para definir quem é o bom ou o mau aluno, classificando-
o, valorando-o e emitindo juízos de valor sobre sua capacidade. Nesse sentido, Paro (2003, p.
39-40) afirma que a:

[...] razão de ser da avaliação educativa não é classificação ou a retenção de alunos,


mas a identificação do estágio de compreensão e assimilação do saber pelo
educando, junto com as dificuldades que este encontra, bem como os fatores que
determinam tais dificuldades, com vistas à adoção de medidas corretivas da ação.

Nesse pensamento, a escola aplica provas, testes a seus alunos apenas para saber sua
avaliação, e não com o objetivo de corrigir rumos da escola.

[...] os que são reprovados devem repetir o mesmo processo no ano seguinte, em
geral com o mesmo professor (ou professores) e com a utilização dos mesmos
recursos e métodos do ano anterior. Para os reprovados, o absurdo da situação não é
apenas que se espera todo um ano para se verificar que o processo não deu certo (o
que já não é de pouca gravidade); o absurdo consiste também em que nada se faz
para identificar e corrigir o que andou errado. Não se trata propriamente de uma
avaliação, mas de uma condenação do aluno, como se só ele fosse culpado pelo
fracasso. Como se o processo não fizesse parte do aluno, o professor (ou
professores) e todas as condições em que se dá o ensino na escola. (PARO, 2003, p.
41-42).

As questões que envolvem a avaliação da aprendizagem, tratando-se de fracasso


escolar, são cruéis, pois impõem o aprendizado ligado a sua nota em avaliações.
Fazer participar o aluno com dificuldade de aprendizagem, estabelecendo vínculos,
pode reduzir o fracasso escolar. Alunos reprovados sentem-se desmotivados em aprender e
buscam fora da escola alternativas que deslocam do foco de aprendizagem.
A participação da família com a escola é também um ponto positivo no combate ao
fracasso escolar, podendo ajudar as crianças nas atividades em casa, ser capaz de impor
limites e desligar a televisão, valorizar a escola e o estudo, ter diálogo em casa, superar a
visão da escola como um “mal necessário” para ascensão social, não sufocando a curiosidade
da criança, estimulando o gosto pelo conhecimento. Acompanhar sempre a vida escolar e não
apenas quando o filho tem nota vermelha. Existem ainda pais que diante dos resultados
insatisfatórios ameaçam seus filhos e até espancam criando assim uma grande barreira com as
crianças, além de não resolverem o problema (LACERDA, 2007).
Assim, o diálogo, respeito e a comunicação verdadeira são fundamentais para o
desenvolvimento, o limite e a disciplina dos alunos. As regras justas são de uma ajuda
indispensável para a evolução, pois não gera rancor, hostilidade, rejeição e rebeldia.

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A família com parceria da escola precisa trabalhar noções de limites com os alunos,
investindo na educação moral. E o caminho para esse trabalho deve ir além de relações
unilaterais para construir relações de respeito mútuo e solidariedade.

8 CONCLUSÃO

Diante do exposto podemos concluir que nas últimas décadas o conceito de família
teve transformações. Atualmente o termo família é um grupo de pessoas que residem na
mesma casa, ligados por afetos ou grau de parentesco. Antigamente, esse conceito baseava
apenas em pai, mãe e filhos.
Uma educação bem-sucedida das crianças no meio familiar serve de apoio à
criatividade e ao comportamento produtivo quando for adulto. Assim, a família deve acolher a
criança, oferecendo-lhe um ambiente agradável e amoroso, com disciplinas e respeito. O
acompanhamento da vida escolar dos filhos pelos pais é um fator fundamental para a
aprendizagem e para o sucesso acadêmico das crianças e jovens. Há pesquisas que ressaltam a
necessidade de a escola incentivar e favorecer a participação da família na vida escolar,
porque identificam que a boa relação família-escola é um dos fatores que melhoram as
condições de aprendizado (LOPEZ, 2002).
A escola com um sistema de ensino também deve capacitar e preparar os alunos para
desempenharem papel de cidadãos, sofrendo influências políticas, sociais. Sendo assim, o
papel do docente vai além de simplesmente produzir ou reproduzir saberes. Ele deve estar
convicto de que sua atividade é essencial, política e formadora de opinião. O professor que
compreende sua importância junto à sociedade ultrapassa a esfera do conhecimento e tem
consciência do tipo de aluno que quer formar, para qual sociedade o está moldando, e para
que tipo de mundo desenvolve a ação docente. Assim, o professor firma consigo mesmo a
responsabilidade de construir um novo cidadão para transformação da educação.
Acredita-se que esse trabalho não tenha suprido o debate sobre o fracasso escolar,
mas abre o debate para planejar ações que tragam benefícios e resultados práticos para a sala
de aula e também nas relações escolares, diminuindo conflitos e tensões que possam surgir
entre escola, família e sociedade.
Reforça a reflexão sobre relação família-escola e reforça a importância de se
estabelecer uma parceria produtiva entre essas duas instituições. Se por um lado a família em
suas novas configurações não pode ser considerada a única responsável pelo fracasso escolar
de crianças e jovens, por outro lado, é razoável supor que sua aproximação com a escola só

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venha a beneficiar e potencializar a aprendizagem acadêmica. Numa realidade escolar como a


nossa, marcada por deficiências, comprometer (e não responsabilizar as famílias) com o
acompanhamento escolar de seus filhos pode destacar-se como mais uma das possibilidades
de melhoria na qualidade do ensino educacional.

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Recebido em: 30 de março de 2016


Aceito em: 17 de junho de 2016

Org. Soc., Iturama (MG), v. 5, n. 3, p. 128-139, jan./jun. 2016

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