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O DILEMA DE RUI COSTA: ENTRE MAQUIAVEL E ZÉ DIRCEU

Paulo Fábio Dantas Neto1

Friso que a figura de linguagem do título não insinua identidade entre os personagens. Naturalmente o
governador não tem condições políticas e pessoais de agir como pensava o genial florentino durante seu
ostracismo político, nem como hoje age, apesar de sua situação penal, o pragmático líder do petismo.

A metáfora quer dizer é que o dilema do governador, ao pensar e agir em 2018, será sobre o que tentará
conservar: o poder que exerce no Estado ou a influência política e administrativa do seu partido. Pelo
primeiro caminho o objetivo poderá ser a grandeza do Estado (como queria Maquiavel para sua suposta
Itália) e a estratégia para alcançá-lo precisa hoje respeitar a lógica eleitoral. Pelo segundo caminho o
objetivo tende a ser (como supõe Zé Dirceu para o seu suposto Brasil) a supremacia do partido, para a qual a
estratégia, mesmo passando por eleições, inclui táticas, digamos – para sermos elegantes -, extra eleitorais.

São caminhos difíceis de conciliar, como certamente deseja o governador. Quadro histórico do partido e
candidato à reeleição, é normal que seu horizonte de desejo seja a conciliação e não o antagonismo entre os
dois cursos de ação. Mas a política é das atividades humanas que melhor demonstram a não convergência
dos planos do desejo e da realidade. Ao se fazer projeções sobre a política baiana a imperiosa distinção dos
planos vem de dois fatores: consequências das eleições municipais de 2016 e incertezas da política nacional.

A experiência mostra que resultado de eleição para prefeito não prediz o da que se dará para governador –
daí que as derrotas do PT, Bahia afora, em 2016, não são, em si, empecilho à reeleição de Rui. Mas mostra
também que prefeitos contam muito na eleição de deputados. O mapa partidário das prefeituras baianas é
péssima notícia para pretensões do PT ao Legislativo, estadual e nacional. Por isso o PT e seus candidatos
pressionam o governo estadual a ser fonte compensatória de apoio eleitoral. Estão na contramão da lógica
que sugere ao governador prestigiar, na montagem da chapa e na distribuição de recursos eleitorais, partidos
da base vitoriosos em 2016, como o PSD e o PP, seus deputados e prefeitos. Respeitar essa lógica é
mandamento primário a quem precisa, como governador, evitar hostilidade de uma AL presidida por um
liderado de Oto Alencar e, como candidato, do tempo de propaganda eleitoral de partidos aliados.

Nesse ponto entra em cena o segundo fator. No interesse de sua própria reeleição, Rui precisará montar
palanque politicamente consistente para o candidato petista, seja ele Lula e mais ainda se não for, pois sendo
outro o candidato será mais difícil quebrar prevenções antipetistas de prefeitos e, em consequência, garantir
fidelidade de muitos candidatos a deputado, ainda que o candidato presidencial pudesse ser Jacques Wagner.

Outra incerteza do plano nacional decorre da importância, para a reeleição de Rui, de um governo federal
politicamente fraco, como até aqui é o atual. Havendo alteração, mesmo moderada, nessa situação, algum
poder de persuasão política dos adversários sobre candidatos da base somar-se-á aos recursos federais
liberados aos prefeitos. Esse quadro incerto recomenda ao governador seguir num discurso de oposição ao
governo federal mas sem correr tanto risco de receber um abraço de afogado de um PT radical e sem Lula.

1
Cientista político e professor da UFBA. E-mail: pfabio@ufba.br
O bom senso pende para os conselhos de Maquiavel, não para os de Zé Dirceu. A lógica republicana do
florentino é conservar o poder para a grandeza do Estado e o bem do povo. No pluralismo moderno não há
ideia única de bem comum. Um partido como o PT pode expressar uma delas, mas a variedade tem limite. O
governador criará problemas além dos que a realidade já lhe põe se caçar fantasmas carlistas embaixo da
cama, como se fosse matar “o velhote inimigo que morreu ontem”. A propaganda de que seu governo
mudou Salvador, somada à versão oficiosa de que o prefeito da capital tem poder tamanho G, capaz de
sabotar o Estado, pode afetar mentes e ouvidos atentos no interior, onde estão 80% do eleitores baianos. Boa
parte deles pode indagar: o que é, para Rui, afinal, o bem do Estado cujo povo ele quer seguir governando?

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