Sunteți pe pagina 1din 9

Plano de aula

Tema: Globalização e cultura

Candidato: Nicolau Dela Bandera Arco Netto

Público Alvo: Estudantes do 3o ano do ensino médio integrado aos cursos técnicos

Tempo previsto da aula: 40 minutos

Apresentação do Tema:
O termo globalização é empregado para a compreensão de diversos fenômenos
heterogêneos, com impacto em várias dimensões da vida social: a cultura, o espaço geográfico,
a política, os direitos humanos, a economia. Os estudantes do ensino médio já devem ter se
deparado com esse termo em outras disciplinas, tais como a história e a geografia. Qual seria a
contribuição específica da sociologia ao lidar com o fenômeno da globalização? Em primeiro
lugar, cabe destacar o estudo dos efeitos sociais, culturais, econômicos e políticos da
globalização. Como destacado por diversos autores (Boaventura de Souza Santos, 2002, Pierre
Bourdieu, 1998, Zygmunt Bauman, 1999, David Harvey, 2008), a globalização não produziu
os efeitos benéficos previstos por seus ideólogos: uma integração mundial das diferentes
nações, maiores oportunidades econômicas e uma redução das desigualdades, um acesso
ampliado às informações etc. Pelo contrário, nos últimos trinta anos, a desigualdade entre os
países e no interior deles aumentou exponencialmente. Uma questão tipicamente sociológica,
portanto, seria: a globalização, a liberalização dos mercados, é boa para quem? Não se trata tão
somente de entender a globalização como um fenômeno essencialmente econômico, mas de
estudar suas consequências nas relações sociais, na produção e intensificação das
desigualdades sociais.
Além disso, será importante abordar os efeitos da globalização em relação às culturas
locais. No começo dos anos 1990, muitos intelectuais diagnosticaram a possibilidade de que
com a globalização haveria uma maior homogeneização cultural no mundo: todos viveriam e
adotariam um estilo norte-americano de vida, baseado no consumismo, no individualismo.
Contudo, passados mais de 20 anos do momento triunfal da tese da globalização – baseada
sobretudo na euforia dos mercados capitalistas com a queda do muro de Berlim e o fim da
URSS –, o que se observa no mundo não é necessariamente uma maior homogeneidade
cultural, mas sim uma proliferação de novas identidades culturais e políticas, bem como uma
heterogeneidade cultural crescente. Iremos abordar nesta aula especificamente essa dimensão
cultural da globalização (a relação entre o local e o global na produção dos significados
culturais), sem deixar de atentar para as dimensões econômica e política do fenômeno.
Para acompanhar esta aula, é importante que os estudantes já tenham um conhecimento
sobre as discussões antropológicas sobre o conceito de cultura. Em diversas oportunidades,
associarei o debate contemporâneo sobre a relação entre cultura e globalização com as
discussões clássicas da disciplina sobre a ideia de cultura. Por exemplo, veremos que mais do
que o isolamento, o que produz a diferença e a alteridade cultural entre diferentes povos
indígenas, como demonstrado por Lévi-Strauss, é o contato e as trocas.
Ademais, esta aula insere-se em uma sequência didática. Todo seu potencial formativo
advém justamente de sua articulação com outros temas e conceitos sociológicos que serão
abordados em aulas anteriores e posteriores. A aula não se fecha, assim, em si mesma. Antes
desta aula, com foco na relação entre globalização e cultura, os estudantes já terão visto a
discussão sobre a globalização econômica e as transformações sociais provocadas pelo
neoliberalismo. Na aula anterior a esta, irei apresentar e discutir com os estudantes as
transformações no mundo do trabalho e na organização da produção capitalista, do fordismo
ao toyotismo, e suas consequências na sociabilidade contemporânea, como a compressão do
tempo-espaço (David Harvey, 2008). Em seguida a esta aula, desenvolverei a discussão sobre
os movimentos alter-mundistas (as manifestações de Seattle, o Fórum Social Mundial, o
Occupy Wall Street etc.), apenas enunciada na presente aula.

Objetivos da aula:
Com esta aula, busca-se apresentar para os estudantes as consequências culturais da
globalização. Espera-se que os estudantes sejam capazes de articular as discussões mais
abrangentes sobre as dinâmicas da globalização com as situações cotidianas por eles
vivenciadas, de modo a compreender a interconexão entre diferentes escalas (a local, a
regional, a nacional, a transnacional e a global). Assim, busca-se problematizar inclusive a
oposição entre o local e o global, apresentando como muitas atividades culturais das quais
participamos constituem-se como um híbrido do local e do global.
Espera-se ainda problematizar nesta aula a oposição entre o novo e o velho em relação
à globalização. Certas interpretações salientam que a globalização não é um fenômeno
inteiramente novo, que fluxos migratórios, trocas de mercadorias e de informações já se
constituem como globais desde a expansão do capitalismo por meio do colonialismo. Assim,
tomando distância em relação ao presente, será possível visualizar o que há de novo e o que há
de contínuo nos processos de globalização. Outras interpretações, como veremos, salientam
que ainda que não seja inteiramente um fenômeno novo, a globalização intensificou o fluxo de
pessoas, informações e bens no mundo. Essa intensificação possui consequências em relação à
produção cultural e às políticas de identidade na contemporaneidade.
Por fim, espera-se que ao final desta aula os estudantes possam entender um pouco
melhor as políticas de identidade que cercam as disputas em relação à cultura em um mundo
global. Como veremos, muito mais do que uma concepção universal do indivíduo, cada vez
mais as pessoas se apegam a certas tradições e particularismos para tentar lutar e resistir a
certas tendências de homogeneização no mundo. Se em um certo período acreditou-se que com
a globalização seria possível ultrapassar as fronteiras nacionais e étnicas, constituindo-se assim
uma “aldeia global”, o que observamos nas últimas décadas é um fortalecimento e uma
transformação contínua das fronteiras culturais.

Conteúdo programático
A aula começa com uma retomada e revisão do que vimos na aula anterior, onde
abordamos em maiores detalhes as dimensões econômica e política da globalização. Dentre
tais elementos, cabe destacar a transformação do capitalismo, que passou por um processo de
financeirização, de flexibilização das relações de produção e de trabalho (adoção do
toyotismo). No âmbito político, o neoliberalismo redefiniu a atuação dos estados nacionais,
diminuindo sua atuação nas áreas sociais e na própria economia, ao passo que reforçou a
atuação dos estados nas políticas de segurança (a mão direita do Estado, segundo Bourdieu).
Uma das consequências políticas geradas pela globalização refere-se, segundo vários
analistas, ao enfraquecimento do estado-nação, sobretudo com o fortalecimento de instituições
internacionais como a ONU e o Banco Mundial, a União Europeia. Esse era o diagnóstico dos
anos 1980 e 1990. Com o desenvolvimento das empresas transnacionais, algumas delas com
faturamento e receitas maiores do que o de muitos países, pensou-se que uma nova governança
mundial estaria se constituindo, passando ao largo da atuação dos Estados. Contudo, na última
década, esse enfraquecimento dos estados-nação não é mais tão evidente. No ano passado, por
exemplo, a saída do Reino Unido da União Europeia e a eleição de Trump nos EUA com um
discurso claramente nacionalista e contra as agências internacionais traz de volta o papel
central dos Estados. Além disso, as políticas neoliberais por parte de diversos estados
nacionais, financiadas e supervisionadas pelas agências do FMI e do Banco Mundial, não
acarretaram um enfraquecimento do Estado em todas as suas áreas de atuação. Como bem
destacou Bourdieu (1998), ao mesmo tempo em que há um receituário de que o Estado deve
reduzir seus investimentos nas áreas sociais (saúde, educação, previdência social etc.), as
políticas neoliberais fortalecem a atuação do braço direito do Estado, ou seja, das políticas de
segurança e encarceramento, bem como a atuação na área das finanças.
Com a globalização, ocorreu aquilo que David Harvey denominou como a compressão
do tempo-espaço, ou seja, com o avanço nas tecnologias de transporte e comunicação, o espaço
é aniquilado através do tempo. Contudo, como destacado por Zygmunt Bauman, a mobilidade
acarretada pela globalização não é universal, ela não atinge todas as classes sociais. Enquanto
certos executivos das empresas transnacionais e as próprias companhias podem facilmente
escolher onde morar e se mudar de acordo com os lucros proporcionados pelos países, os
trabalhadores do mundo estão ainda presos a certos territórios, sem conseguir ter uma
mobilidade tão acentuada. A contraface apresentada da mobilidade de certos grupos sociais é
o encarceramento em massa dos mais pobres ocorrido em diversos países. O encurtamento das
distâncias e dos intervalos de tempo é uma realidade para uma pequena parcela da população,
com mobilidade internacional. Assim, o estudo sociológico da globalização precisa abordar as
desigualdades que ela cria.
A globalização produz várias consequências culturais. Uma das consequências mais
evidentes refere-se à ideia de um imperialismo cultural que ocorreria atualmente, sobretudo
proveniente da hegemonia das formas culturais produzidas nos EUA em relação ao restante do
mundo. Pierre Bourdieu (1998) demonstrou como a ideia de que o mercado seria a fonte das
virtudes e de que a privatização, a desregulamentação dos mercados de trabalho, o
encarceramento em massa seriam as soluções para as crises do capitalismo acabou por se
converter em um senso comum, em um “pensamento único” que dificilmente poderia ser
questionado. Da mesma forma, o consumismo norte-americano seria um estilo de vida que
deveria ser seguido por todos no mundo: um padrão pelo qual se mede o sucesso ou o fracasso
de alguém.
Nas palavras de Bourdieu, esse “pensamento único” reformatou a percepção do mundo
por meio da polarização entre Estado e Mercado: “a nova vulgata planetária apoia-se numa
série de oposições e equivalências, que se sustentam e contrapõem, para descrever as
transformações contemporâneas das sociedades avançadas: desinvestimento econômico do
Estado e ênfase nas suas componentes policiais e penais, desregulação dos fluxos financeiros
e desorganização do mercado de trabalho, redução das proteções sociais e celebração dos
fluxos financeiros e desorganização do mercado de trabalho, redução das proteções sociais e
celebração moralizadora da ‘responsabilidade individual’”. Assim, a globalização teria, além
de um componente descritivo, de dizer algo sobre o nosso mundo atual, também um
componente prescritivo.

Mercado Estado
Liberdade Coerção
Aberto Fechado
Flexível Rígido
Dinâmico, móvel Imóvel, paralisado
Futuro, novidade Passado, ultrapassado
Crescimento Imobilismo, arcaísmo
Indivíduo, individualismo Grupo, coletivismo
Diversidade, autenticidade Uniformidade, artificialidade

Além da discussão sobre a emergência de um imperialismo cultural, como destacado


por Bourdieu, a globalização suscita uma outra discussão, muito cara à antropologia: em que
medida o maior fluxo de pessoas, bens e informações não produziria uma homogeneização
cultural? As culturas locais estariam sob o risco de desaparecerem? Esse é um dos temas
abordados desde sempre pela antropologia. Sahlins, por exemplo, no artigo “Pessimismo
Sentimental”, critica a ideia de que a simples utilização por grupos indígenas de equipamentos,
roupas e outros objetos e elementos da cultura ocidental seriam sinais de que suas culturas
tradicionais estariam desaparecendo. Ele demonstra que a adoção desses objetos não
necessariamente implica a aceitação de seus significados culturais, e que os usos e sentidos
podem ser bem distintos. Assim, mais do que uma homogeneização absoluta, o que se observa
é uma proliferação de diferenças, a criação a partir do consumo de bens que não seriam
originários daquela cultura. Alguns autores afirmam que, com a globalização, identidades
híbridas, compostas por elementos de diferentes origens culturais, tenderiam a predominar na
contemporaneidade. Um cidadão negro que mora em uma cidade da África do Sul atual pode
permanecer fortemente influenciado pelas tradições e perspectivas culturais de suas raízes
tribais, mas simultaneamente adopta um gosto e estilo de vida cosmopolita que resultam da
globalização. Uma questão que poderíamos levantar é a seguinte: houve em algum momento
uma identidade pura, não híbrida, no mundo? Pensem um pouco em seus avós. Aposto que
muitos aqui são descendentes de famílias que migraram para o Brasil, de regiões pobres na
Europa, ou ainda de tatataravós que eram escravos e que vieram para o Brasil de países
africanos. A identidade deles já não era um híbrido? Com elementos de sua cultura de origem,
mas também com elementos da cultura local para onde eles se mudaram, aqui, no norte do Rio
Grande do Sul, ou ainda provenientes de outras regiões do Brasil? E vocês mesmos, não teriam
em suas identidades um compósito de elementos diversos? De toda forma, como já discutimos
em aulas anteriores sobre a noção de cultura, definir uma identidade é definir fronteiras, e o
cultural é o campo das diferentes, dos contrastes e das comparações. Por isso, a antropologia
como disciplina que estuda a alteridade constitui-se como central para entender as relações
entre globalização e cultura no mundo contemporâneo.
Cada vez fica mais evidente que as identidades, como afirmou o antropólogo Fredrik
Barth (2000), são produzidas de maneira contextualizada, relacional, construtivista e
situacional. Por exemplo, um brasileiro que emigrou para a Califórnia em busca de emprego,
quando ainda morava no Brasil, poderia ser identificado como bahiano, negro, nordestino, pois
era oriundo daquele estado, daquela região do país e se reconhecia por essa identificação étnica.
Ao ir para os EUA, ele passa a ser visto não mais como bahiano ou nordestino, mas como
brasileiro, ou ainda como “hispânico”, “chicano”, “latino”, ou ainda como “brasileiro”, pois
essas identidades lhe são mais associadas aos outros. Os elementos culturais associados a ele,
e por ele cultivados, deixam de ser tão somente os elementos da cultura bahiana, nordestina e
negra, com os quais ele se identificava no Brasil, e passam a ser aqueles que definem o
“brasileiro” no estrangeiro, um estereótipo construído sobretudo a partir da imagem de certo
malandro carioca, que gosta de futebol, feijoada e samba. Enfim, qual é a cultura desse
emigrante brasileiro? Como podemos identifica-lo? A resposta a essas questões depende do
contexto de referência. Qual será o espelho sobre o qual esse imigrante irá se refletir? Para se
discutir identidade é preciso entender, portanto, as políticas de alteridade que as constituem: é
sempre em relação a um outro, a uma alteridade, a alguém com uma cultura e uma identidade
diferentes das nossas que nos constituímos. Somos sempre o outro de alguém. Identificamo-
nos a partir dos olhares dos outros. Assim, se uma identidade é estigmatizada socialmente, a
pessoa que porta essa identidade pode ter sua autoestima rebaixada. Com a globalização, os
encontros com os outros, alteridades radicais, intensificaram-se. Hoje, os fluxos migratórios de
pessoas colocam grupos étnicos em contato, o que cria situações de alteridade em que as
identidades se constituem e são problematizada. Esses relacionamentos trabalham, alterando
ou modificando, os referentes dos pertencimentos originais (étnicos, regionais, faccionais,
religiosos etc.). As identidades, portanto, não são essenciais, elas são múltiplas, inacabadas,
instáveis (ver RIBEIRO, 2002).
Lévi-Strauss (2000) demonstrou como o contato, as trocas culturais entre grupos
indígenas vizinhos não produzem uma uniformidade, uma homogeneização, mas sim a busca
por diferenciação. Assim, a diferença cultural não é produzida pelo isolamento dos grupos
étnicos, mas sim pelas trocas, pelos contatos, que em um mundo globalizado intensificaram-
se, mas que já existiam entre os povos ameríndios até mesmo antes da chegada de Colombo às
Américas.
Nesse mundo globalizado, as fronteiras não se tornaram mais fracas como seus
ideólogos inicialmente pensaram, muito pelo contrário. Outra questão sociológica sobre o
fenômeno da globalização é: quem tem liberdade de mobilidade nesse mundo global? As
mercadorias, as informações, com certeza. Algumas classes sociais no mundo também, como
as classes dominantes de intelectuais, empresários, executivos. Mas não todas as pessoas
desfrutam dessa liberdade. As crises políticas suscitadas recentemente sobre os imigrantes na
Europa, que culminou com a saída do Reino Unido da União Européia, e a ideia de Donald
Trump de construção de um muro na fronteira do México e dos EUA não nos deixam iludir em
relação à preponderância das fronteiras para certas classes sociais.
Os processos de globalização não se realizaram sem suscitar várias críticas por parte
das pessoas afetadas por eles. Novos movimentos sociais, com facetas também globais e
internacionais, surgiram nas últimas décadas como críticos da globalização. Só para mencionar
alguns, que estudaremos em maiores detalhes na próxima aula, podemos destacar as
manifestações que ocorreram em Seattle em 1998 quando a Organização Mundial do Comércio
se encontrou para aprovar várias medidas que intensificavam as políticas neoliberais pelo
mundo. A organização do Fórum Social Mundial, que reúne vários movimentos sociais,
ativistas, ONGs, busca formas alternativas de política em diversas áreas sociais: ambiental,
econômica, educacional, para citar apenas algumas. Mais recentemente, o movimento de
Occupy Wall Street também questionou um dos primados da globalização: o controle das
políticas pelas finanças, representadas simbolicamente por essa rua no coração de Nova York
que, além da maior bolsa de valores do mundo, ainda abriga as principais instituições
financeiras do mundo.
As críticas direcionadas ao fenômeno da globalização acabam atingindo a crença
irrestrita no progresso, baseada na concepção evolucionista da história. Ao evidenciarem as
mazelas criadas ou aprofundadas pelo processo de globalização, os críticos contrariam os que
defendem o desenvolvimento capitalista como único destino possível para a humanidade.
Procedimentos metodológicos

Como afirma Wright Mills (1982), a sociologia só vale a pena ser explorada quando
estimula nossa imaginação sociológica, a saber, a capacidade de conectar aquilo que ocorre no
mundo, os processos sociais e estruturais mais amplos, com uma história de vida particular.
Assim, será explorado ao longo desta aula essas conexões entre experiências vivenciadas pelos
próprios estudantes com o fenômeno da globalização. Assim, questionarei ao longo da aula
quais são os produtos, as informações e as pessoas que eles conhecem e com quem se
relacionam que não são locais. Quais aspectos da cultura dos jovens são provenientes de outras
regiões do Brasil ou de outros países? Como os jovens se apropriam dessa cultura estrangeira
e acabam por criar uma cultura que lhes é própria? Questões como essa não são apenas
motivadoras, como também permitem contextualizar as discussões que serão realizadas ao
longo da aula.
A aula será expositiva, contudo permeada pelo diálogo com os conhecimentos prévios
que os estudantes têm sobre o assunto. Além disso, me utilizarei na apresentação em slides de
diversas imagens. Muito mais do que meramente ilustrativas, essas imagens serão como
gatilhos para a discussão. A globalização, segundo alguns autores, é essencialmente imagética.
Imagens circulam pelo mundo com uma velocidade mais acelerada que as próprias palavras e
textos, tendo a capacidade de atingir pessoas em diferentes partes do globo, inclusive aquelas
que não são plenamente alfabetizadas. Dessa forma, para utilizá-las em sala de aula é
necessário adotar uma postura crítica em relação às fontes: de onde essas imagens são
provenientes? O que elas comunicam? Quais são os símbolos por trás dessas imagens? Como
elas podem se tornar um recurso didático na sala de aula?

Procedimentos avaliativos
Com o objetivo de avaliar o processo de ensino-aprendizagem, solicitarei que os
estudantes realizem dois exercícios de contextualização daquilo que foi aprendido e ensinado
nesta aula. Pedirei para que eles encontrem em seu cotidiano alguns impactos da globalização
em suas vidas.
1) solicitarei que os estudantes do curso técnico-integrado tracem o percurso produtivo de
um produto agrícola: milho, arroz, carne, leite, laranja etc. O que é necessário para se
produzir? De onde vem as sementes? E os insumos (venenos, adubos etc.)? É necessária
a utilização de maquinário? Quais são as técnicas de plantio? Elas são desenvolvidas
localmente, transmitidas de geração a geração? Ou foram aprendidas em outros
contextos? Qual é o destino do produto final da produção agrícola? É o mercado local?
Ou visa a exportação para outros países? Quem define o preço final do produto? Em
suma, ao se seguir o percurso de produção e comercialização de um produto, veremos
que nessa atividade produtiva o local e o global estão entrelaçados, de modo
extremamente complexo.
2) Como vimos, a globalização também afeta as manifestações culturais contemporâneas.
Com o objetivo de contextualizar essa discussão, solicitarei que os estudantes mapeiem
sua própria cultura juvenil: quais são as influências e traços culturais que conformam
suas identidades híbridas? Eles ainda participam das culturas étnicas de seus
antepassados (imigrantes italianos, alemães, negros etc.)? Quais são os elementos
culturais que definem sua cultura como jovens (a música – mas qual tipo de música,
nacional ou internacional?; a prática de um esporte; o jeito de se vestir; seus gostos
estéticos mais abrangentes etc.).

Com esses dois exercícios, será possível que os estudantes compreendam que a
globalização não é apenas um fenômeno econômico, mas envolve também a cultura, as práticas
sociais (como aquelas envolvidas na produção de um produto agrícola), as identidades. Além
disso, com esses dois exercícios, os estudantes serão estimulados a estranhar aquilo que
naturalmente observam em seu meio, problematizando sociologicamente as influências locais
e globais que conformam o mundo que habitam.
A avaliação será sobretudo qualitativa e contínua. O desenvolvimento deste exercício
não se encerrará nesta aula, mas será acompanhado de perto pelo professor ao longo das
próximas aulas.

Bibliografia
BARTH, Fredrik. O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro:
Contra Capa Livraria, 2000.
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1999.
BOURDIEU, P. Contrafogos. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1998.
LÉVI-STRAUSS, C. Raça e história. Lisboa: Presença, 2000.
RIBEIRO, Gustavo Lins. Antropologia da globalização. Circulação de pessoas,
mercadorias e informações. Brasília: Série Antropologia, 2011.
SANTOS, Boaventura de S. A globalização e as ciências sociais. São Paulo: Cortez, 2002.
WRIGHT MILLS, C. A imaginação sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982.

S-ar putea să vă placă și