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ABETURA
1 Scene 1: A Lebre e a Tartaruga 1
Tudo escuro, a Vó Cida aparece na direita do
palco, com uma vela na mão. Um foco a 10% bem
pequeno no rosto para simular a luz da vela.
(tirar música de abertura da história).
VOVÓ CIDA:
narradora
Há muitos e muitos anos / No reino da bicharada
Vinha um lebre correndo /pelo campo em disparada
Videomapping vai abrir como um diafragma de lente
e formar um círculo que revelará um caminho de
floresta que está passando enquanto a ANINHA, a
netinha, com uma tiara de coelho e dentinhos de
plástico, finge que anda.
ANINHA:
(lebre)
Eu corro pra lá
Eu corro pra ca
Eu corro pra lá
Eu corro pra ca
Ninguém na floresta me pode vencer
Pois igual a mim ninguém pode correr.
(CONTINUED)
CONTINUED: 2.
VOVÔ CACÁ:
tartaruga
Tra la la la la la
La vou eu de vagarinho
VOVÓ CIDA:
Mas a lebre era matreira / Zombava da Tartaruga
Cantando desta maneira
Durante a fala da Vovó o circulo finalmente abre
inteiro e revela o cenário da floresta onde está
acontecendo a história. Aninha que é a Lebre,
entra cantando e andado em círculo em volta da
tartaruga que não para de andar fazendo mímica.
LEBRE:
La vem dona tartaruga
Vem andando pela estrada
Vou sair da frente dela
TARTARUGA:
Ora, deixa de ser prosa/ aposto a minha vida
como ei de vencê-la numa corrida
LEBRE:
Aceito o desfio/ amanhã bem cedinho
prometo vir encontrá-la/ na curva do caminho
VOVÓ CIDA:
E saiu em disparada / para avisar a bicharada
E assim na manhã seguinte / bem cedo ao nascer do dia
lá estavam todos os bichos/ a torcer com alegria
(CONTINUED)
CONTINUED: 3.
BICHOS:
La vem dona tartaruga
Vem andando pela estrada
(CONTINUED)
CONTINUED: 4.
LEBRE:
Céus! já está anoitecendo? / Preciso sair correndo.
VOVÓ CIDA:
E sem pensar noutra coisa / Foi saindo em disparada
tartaruga destemida
deixou a lebre para trás
e venceu a corrida
VOVÓ CIDA:
Bem na hora!
ANINHA:
VOVÔ CACÁ:
Como diz o ditado popular: "devagar se vai ao longe"...
VOVÓ CIDA:
Ou: "a pressa é inimiga da perfeição"
VOVÔ CACÁ:
"Apressado come cru". Que bom que você gostou?
(Olha para a Vovó Cida, só com aceno de
cabeça e expressão ela faz uma pergunta
e ele responde que sim, sem deixar
Aninha perceber)
ANINHA:
Era justamente isto que eu estava falando, gostei tanto
que parece que eu via tudo: floresta, bichos.... e por
falar nisso foi muito legal o senhor fazendo a
tartaruga!
VOVÓ CIDA:
Só podia ser a tartaruga!
(faz gesto de que ele está gordinho)
ANINHA:
(recriminando a avó)
Que brincadeira mais feia, vovó!
VOVÔ CACÁ:
(enquanto vai falando, revela uma caixa
de presente que escodida atrás de sí,
tira uma echarpe e vai fazendo o elogio)
Deixa, sua avó gosta ser engraçadinha, mesmo. Deve ser
daquela época que ela fazia as plateias morrerem de rir
com suas atuações no palcos, mas também sabia fazer uma
plateia chorar como ninguém ... (alfinetando) Aliás,
drama é sua especialidade.
VOVÓ CIDA:
(revidando ao mesmo tempo super
sensibilizada com o presente)
E você, Carlos Alberto de Almeida Braga, sempre foi de
inventar histórias, não é mesmo?
VOVÔ CACÁ:
(alfinetando)
Inclusive tinha uma história.....
(CONTINUED)
CONTINUED: 6.
ANINHA:
Conta, conta, conta? Ajuda ele, vovó?
(os dois entreolham-se, combinam algo
sem falar, escondido de Aninha,
apontando em direção ao lugar que vimos
o vovô sendo pego de surpresa)
VOVÓ CIDA:
Está bem, mas você nos ajuda?
ANINHA:
(surpresa com o convite, balança a
cabeça que sim)
Nesta próxima cena o avô será o narrador, a avó
será a chefe das formigas e Aninha será a cigarra.
VOVÔ CACÁ:
Manhã clara de verão / Céu sem nuvens, azulado
Velha mangueira florida / e o formigueiro ao seu lado.
Saindo lá do fundo / das galerias do chão
VOVÔ CACÁ:
Entretanto bem no alto / lá da mangueira florida
uma cigarra feliz / canta alegria da vida
ANINHA:
(CIGARRA)
La, ra, ra..... (conforma o áudio)
Enquanto canta a netinha, Cida, sem que a menina
veja, pega sacolas e transfere daquele lugar onde
estava o vovô, para o outro lado, outro cômodo da
casa
VOVÔ CACÁ:
E neste contraste assim / o verão foi se passando
(MORE)
(CONTINUED)
CONTINUED: 7.
ANINHA:
Eu sei que a Senhora é boa / e muito trabalhadeira
Vim lhe pedir alimento e / abrigo em sua lareira
VOVÓ CIDA:
Mas a menina o que fez durante todo o verão?
ANINHA:
Cantei, a senhora a caso/ não ouviu minha canção?
(CONTINUED)
CONTINUED: 8.
ANINHA:
Bem, queira me perdoar / Se acha que eu nada valho
Pensei que minha cantiga / alegra-se o seu trabalho
VOVÓ CIDA:
Ora, essa é muito boa! / Cantava para me alegrar?
As formigas também cantam / sem parar de trabalhar
ANINHA:
Perdão, mas é diferente / O seu canto é muito triste
E se eu deixar de cantar / nem a senhora resiste
VOVÓ CIDA:
Vejam só que desaforo / Formigas, venham correndo
ANINHA:
Está vendo como é triste? De cortar o coração
Vejam só a diferença, juntando a minha canção:
(CONTINUED)
CONTINUED: 9.
VOVÓ CIDA:
Carlos Alberto de Almeida Braga!
vovô Cacá, sai do banheiro de pijama, brincando e
desfilando com o "figurino"
VOVÔ CACÁ:
Tcharam! Que tal? Ao menos agora estou combinando com o
figurino das mocinhas.
(CONTINUED)
CONTINUED: 10.
VOVÓ CIDA:
O que não está combinando mesmo é a sua falta de
educação, Carlos Alberto! Abandonar a história assim,
no meio?
VOVÔ CACÁ:
Vocês nem precisavam de mim, estavam contando a
história incrivelmente e você, menininha (dirigindo-se
para Aninha) parece qua andou aprendendo muito sobre
contar histórias.
ANINHA:
(meio triste)
Não sei se eu gostei muito do final desta história,
sabia? Se a cigarra ajudasse as formigas, talvez elas
não precisassem trabalhar tanto durante o verão! Não é
justo todo ano só um cantar e todos os outros
trabalharem. Elas poderiam fazer um acordo: no verão
seguinte só a cigarra trabalharia e as formigas
ficariam se divertindo e assim ficaria justo: uma vez
de cada.
VOVÔ CACÁ:
Bravo!!!! Muito boa observação! (bate palmas) Mas vou
te contar um segredo: as histórias nem sempre falam
daquilo que elas parecem falar, não é? (dirigindo-se à
Cida) Elas podem ser metáforas.
ANINHA:
(cara de interrogação)
VOVÓ CIDA:
(toda essa explicação é como se fosse
uma alfinetada no marido)
Metáfora é quando usamos uma coisa para falar de outra:
as formigas podem representar (ações exageradas para
reforçar que era atriz, indo para cima de Cacá) todas
as pessoas que trabalham, trabalham, trabalham a vida
inteira sem parar...
ANINHA:
Igual ao meu papai?
VOVÔ CACÁ:
Isso! (se desvencilhando da acusação de Cida)
VOVÓ CIDA:
(repreendendo-o)
Carlos Alberto! (retomando) trabalham, sem parar... e
que pouco se preocupam com a diversão, com o tempo
livre para curtir a vida!
(CONTINUED)
CONTINUED: 11.
ANINHA:
É disso que a mamãe sempre reclama em casa.
VOVÔ CACÁ:
(esboça um comentário "sua avó também"
que é prontamente repreendido com uma
expressão de Cida)
VOVÓ CIDA:
E a cigarra pode significar a necessidade de juntar na
vida trabalho e diversão.
VOVÔ CACÁ:
E fazendo assim, um escritor de histórias como eu,
ajuda o mundo a enxergar a vida por outros pontos de
vista....(olha no relógio) Xiiiii, mocinha! A conversa
está boa mas está ficando muito tarde. Vamos dormir que
amanhã o dia vai ser cheio. (bocejandfo) Está tarde e
estou com muito sono.
ANINHA:
Cheio? Mas eu estou de férias.
VOVÔ CACÁ:
(tentando disfarçar)
É..... mesmo ...... é que eu sua avó......
VOVÓ CIDA:
(tirando o marido da enrascada)
São só tarefas do dia a dia ... mas como seus avós já
estão velhos, só de pensar em trabalho já ficamos
cansados. Boa noite!
ANINHA:
(despedindo-se)
Boa noite, vó! Boa noite, vô! Eu vou tomar um copo
d’água e já vou também! Tenham bons sonhos!
VOVÓ CIDA:
Você tem certeza? Não quer que a vovó...
ANINHA:
(super segura)
Não, né vovó!
(CONTINUED)
CONTINUED: 12.
ANINHA:
Aquele mesmo pesadelo que estou dentro de um lugar
super escuro,tipo um saco gosmento e eu quero sair,
tento e não consigo. Aí, fico agoniada e acordo.
VOVÓ CIDA:
Ah, meu amor!(compadecida) Lembra da tal da metáfora?
As vezes os sonhos também são uma espécie de metáfora.
ANINHA:
Quer dizer que estou me sentindo presa....
VOVÔ CACÁ:
Não!!!! Você ficou tão assustada que nem viu o restante
do sonho. Quem sabe se soubéssemos o final desta
história saberíamos também o que significa da sua
metáfora. Mas é assim mesmo, o desconhecido dá medo,
precisa ter coragem para embarcar numa história e não
interrompe-la. Inventar uma história e assim, como no
sonho, ela chega de repente e é preciso coragem, para
segui-la
ANINHA:
Metáfora, de novo!(olha para o lugar onde as sacolas
foram guardadas) Sei!
VOVÔ CACÁ:
(errando a idade da neta, falando como
se ela fosse mais nova)
Por que você não tenta de novo! Faz assim, pega a lupa
e o chapéu de detetive e deita na cama. Quando vc
entrar no sonho vai entrar com espirito de detetive
e...
(CONTINUED)
CONTINUED: 13.
ANINHA:
Ah, vô! (segue imitando o jeito animado do avô) Eu sei
que não nos víamos desde que eu tinha seis anos de
idade! (quebra) Mas agora eu já tenho..... 8, tá!?
VOVÔ CACÁ:
Claro, minha neta pré-adolescente, mas promete que vai
pensar no que eu te falei? (despedindo-se com beijo na
testa) Boa noite.
VOVÓ CIDA:
E Deus ajuda a quem cedo madruga!
B.O. no palco. Já guardaram as coisas e saem.
Mapping segue até amanhecer. Galo canta!
(CONTINUED)
CONTINUED: 14.
VOVÓ CIDA:
Procurando alguma coisa?
ANINHA:
(leva um susto e disfarça)
Bom dia, vó! Sim, sim! Procurando onde a senhora guarda
papel... eu trouxe os lápis de cor, queria desenhar
e....
VOVÓ CIDA:
Mas era só pedir!
ANINHA:
É que eu achei que vocês estavam dormindo e resolvi....
(vai mexer)
VOVÓ CIDA:
Achou que estávamos dormindo? Por acaso você esqueceu
de olhar o relógio? Já são meio dia! E esqueceu que eu
poderia não gostar de te ver mexendo nas coisas aqui
Nãaaaaaao! (interrompendo a acão de Aninha) Ficar
mexendo nas coisas das pessoas. Não é muito educado.
Como diz do ditado A Cesar o que é de Cesar.
VOVÔ CACÁ:
(voz em off)
Cada macaco no seu galho
ANINHA:
Cada um no seu quadrado. (ri, muda, insight) Macaco!
Galho! Cipó! (chama) Vovó, acho que vai acontecer...
sabe o que você falou do desconhecido, seguir, invertar
histórias..... acho que esta acontecendo:
(MORE)
(CONTINUED)
CONTINUED: 15.
ANINHA:
E alegres os macaquinhos / soltando um grande assobio
Pulavam noutro cipó/ lá do outro lado do rio
VOVÓ CIDA:
Bambalalão/ Senhor capitão
Espada na cinta / ginete na mão
Bambalalão/ Senhor capitão
(CONTINUED)
CONTINUED: 16.
Do macaco Pimpalhão
Viva o cachorrinho chamado Totó
Ele é malhadnho de uma banda só
(CONTINUED)
CONTINUED: 17.
Viva o campeão
Viva o cachorrinho de bom coração
Viva o Totozinho
Viva o campeão
Viva o cachorrinho de bom coração
VOVÓ CIDA:
Você foi muito corajosa!
VOVÔ CACÁ
Acho que hoje a noite alguém vai dormir tranquila,
tranquila. (imitando tom de detetive) Será que hoje a
noite, quando menos se esperar, descobriremos qual será
a sua metáfora.....
Toca o telefone. Cacá atravessa o palco e vai
atender do lado oposto onde ficaram Cida e Aninha.
A avó, continua ajudando a menina a se recuperar.
ANINHA:
(Não muito segura e ainda atordoada pela
epifania)
É... Acho que sim!
VOVÔ CACÁ:
Alô? Rubens? Tudo bem?
ANINHA:
É o papi?
Cacá vira com um sorriso no rosto e gesticulando
que é sim com a cabeça e Cida, exagerando nos
movimentos, Cida tenta avisar Cacá para não
(CONTINUED)
CONTINUED: 18.
VOVÔ CACÁ:
Diga! (pausa) Sei, sei! (pausa) Que horas? (pausa) Tá!
Conseguimos sim! Quase tudo terminado..... É.... Claro!
Beijo, Tchau... (a conversa vai chegando ao fim, Cacá,
vai relaxando e deixa escapar) ... até a festa!
(percebe que revelou)
ANINHA:
Festa? Mas ninguém me falou nada de festa! Você estava
falando com meu pai, não estava?
VOVÔ CACÁ:
Não (pensando uma desculpa)... É o Rubens lá
gravadora.... É que eu aceitei fazer um trabalho: vamos
gravar um releitura da Festa (achando a desculpa)
Festa no Céu, uma engraçada história do Folclore
Brasileiro. A história é assim:
(CONTINUED)
CONTINUED: 19.
VOVÔ CACÁ:
O Urubu pegou no pinho, bateu asas e voou. Mas
estranhando o seu peso, pelo buraco espiou.
VOVÓ CIDA:
(fazendo o urubu)
- Sai daí Sapo danado, Sapo velho cururu. Sapo não
vai para o céu na viola de Urubu. Vou jogar você
lá em baixo.
VOVÔ CACÁ:
(imitando o sapo)
Tá errado "Seu" Doutor!
VOVÓ CIDA:
(urubu)
(CONTINUED)
CONTINUED: 20.
VOVÓ CIDA:
(urubu)
- Mas agora eu te perdoo, bicho feio da lagoa, só pra
ver no fim da festa como é que Sapo voa! Só pra ver no
fim da festa como é que Sapo voa!
VOVÔ CACÁ:
(narrador)
Quando chegaram ao céu a festa estava animada e já de
longe se ouvia o canto da bicharada.
A marchinha era um sucesso, a orquestra era um colosso,
mosquitos cantando fininho, besouros cantando grosso.
ANINHA:
(cantando)
Sobe, sobe, balãozinho,
balãozinho multicor.
Vai ser mais uma estrelinha
VOVÓ CIDA:
(fazendo o Gavião)
Pomba não dança com Sapo!
VOVÔ CACÁ:
(narrador)
Abandonado por todos, cansado de tudo enfim, mestre
Sapo adormeceu, no balanço do jardim.
ANINHA:
Bem-te-vi, bem-te-vi, vejo aqui, vejo ali, ninguém faz
coisa má, que eu não veja daqui!
Menino comportado, poderá brincar aqui, mas fazendo
travessura, "..." Bem-te-vi!
(CONTINUED)
CONTINUED: 21.
VOVÓ CIDA:
Assim como criança ficar ouvindo conversa de adulto ao
telefone: tá errado! Minha neta, vai lá fora brincar um
pouco... você agora mora na cidade grande não tem mas
chance de brincar solto como pode aqui... aproveita.
ANINHA:
Mas onde estão os meus amigos????? Parece que ninguém
mais mora aqui também!
VOVÓ CIDA:
É que eles também estão de férias..... Eles também
foram viajar. Isso é que dá fazer aniversário na época
das férias. Vai lá, seu avô reinstalou o balanço, você
não quer aproveitar?
Sai Aninha
(CONTINUED)
CONTINUED: 22.
VOVÓ CIDA:
(dando uma bronca)
Eu que sou surda e você que não presta atenção, quase
que você pões nossa história inteira a perder.
VOVÔ CACÁ:
Foi sem querer...
VOVÓ CIDA:
Tá! E você já conseguiu falar com todas as crianças?
Aninha vai ficar tão contente em rever todos os amigos
dela!
VOVÔ CACÁ:
Na mesma proporção que ficou triste quando teve que ir
embora. Lembra? Foi de partir o coração. Quando
colocamos as coisas no carro....
ANINHA:
(assustada)
Quase! Eu estava naquele mesmo lugar... e me dei conta
de que estava sonhando. Pensei: vou ser corajosa e
continuei ali, no escuro me debatendo, daqui a pouco
parece que eu saí de dentro daquele saco, meio
desnorteada e então uma luz muito forte invadiu meu
olho e.... acordei! (decepcionada consigo própria) Foi
mais forte que eu, vovô.
VOVÔ CACÁ:
Oh, minha neta! Não tem problema! Demos mais um passo,
não demos? Até o fim da suas férias vamos descobrir o
que está acontecendo!
(CONTINUED)
CONTINUED: 23.
VOVÓ CIDA:
Vamos que eu te ponho pra dormim!
Saem as duas
VOVÔ CACÁ:
(fica em cena e olha celular e manda
mensagem)
VOVÓ CIDA:
(volta)
Pronto! Já dormiu! O que você acha que pode estar
acontecendo? Coitada todos os dias com esses sonhos...
VOVÔ CACÁ:
Meu amor, crescer não é fácil. Nós adultos esquecemos
como para as crianças acontecimentos corriqueiros
ganham outras proporções!
VOVÓ CIDA:
Será que ele está desconfiada da festa? Ontem eu peguei
ela mexendo bem aqui onde guardamos os enfeites!
VOVÓ CIDA:
Pode deixar que eu sei, depois te explico. Vamos, que
precisaremos acordar cedo... eu acho que Aninha já está
desconfiando de alguma coisa, precisamos ficar atentos.
(CONTINUED)
CONTINUED: 24.
ANINHA:
Bom dia, vovó! Tudo bem? A senhora se assustou?
VOVÓ CIDA:
Eu estava aqui entretida com meu grupo de amigas do
whatsapp, estamos combinando um chá das 5... Não é
porque a vovó é mais velha que ela não gosta de se
divertir com as amigas.
ANINHA:
(tom de quem não comprou a desculpa)
Claro!!! E o vovô!? O que ele está fazendo?
VOVÓ CIDA:
(um pouco desesperada)
Lá fora! Ele está lá na garagem.... fazendo uns...
VOVÔ CACÁ:
(aparecendo)
Mexendo no carro que resolveu parar... Sabe que carro
quando a gente usa pouco dá esse tipo de problema... E
você mocinha, dormiu bem?
ANINHA:
Dormi bem sim, vovô! Sabe que, agora que você falou,
logo que eu fechei os olhos e comecei a pegar no sono,
aquele sonho voltou... mas engraçadamente eu não
acordei... mas também não lembro de mais nada.
VOVÔ CACÁ:
As vezes lembramos do sonho durante o dia! Sabe,
daquele jeito que você teve a ideia para a história do
macaquinho e o cachorro? Então... do nada um assunto
vem e PUM! Faz a gente lembrar de todo o sonho!
Tenhamos calma...
Toca a campainha
ANINHA:
Quem será?
(CONTINUED)
CONTINUED: 25.
ANINHA:
Vovó, me desculpe... mas está acontecendo alguma coisa?
Estou sentindo a senhora um pouco nervosa!
VOVÓ CIDA:
Eu? Não! Não é nada! A vovó parou tudo para dar atenção
quando você chegou e agora preciso retomar meus
afazeres... estou me sentindo um pouco perdida! É só
isso!
ANINHA:
Então, acho que descobri a metáfora da minha vida: ser
um saco pesado pra todo mundo carregar... (começa a
chorar) Por isso passei um tempo aqui com vocês, depois
voltei a morar com meus pais e agora me mandaram de
novo pra cá.... mesmo sabendo que é a época do meu
aniversário e que meus amigos novos estão todos lá.
VOVÓ CIDA:
Você não é um saco pesado, meu amorzinho! É que nem
sempre, nós adultos, conseguimos resolver as coisas da
melhor maneira possível e até parece que não nos
importamos mas, pode ter certeza, que estamos sempre
planejando o melhor para você, viu?
Cacá, no final do texto de Cida, entra com caixas
de salgados e doces para a festa. Ela olha e manda
ele sair, tentando não serem percebidos por
Aninha.
VOVÓ CIDA:
(pega um boné preto e transforma-o em
rato, novamente disfarçando)
O ratinho só conseguia percebe a sua fome... ou melhor
sua gulodice e nem ligava para o que poderia acontecer!
ANINHA:
Ahñ?
VOVÓ CIDA:
Lá vai a Sinhá Marreca apressada, ligeirinha,
carregando um samburá pro Palácio da Rainha.
Lá vai a Sinhá Marreca, com seu samburá na mão.
Lá vai a Sinhá Marreca, com seu samburá na mão.
(CONTINUED)
CONTINUED: 26.
(voz de Ratinho)
Oba, oba, que beleza, "está" pra mim. Ôh lá, lá! vou
tirar uma empadinha, do fundo do samburá! -
(voz de Narradora)
E, assim, fez o ratinho. Tirou uma, tirou duas, tirou
quatro, cinco e seis, acabou levando todas, umas dez de
cada vez. Sinhá Marreca nem viu nada mas quando a
pobre coitada, foi abrir o samburá...
(voz de Sinha Marreca)
AAAIII, as minhas empadinhas! Ôh, isso não pode ser!
Meu samburá está vazio! E agora o que eu vou fazer no
Palácio da Rainha?
(voz narradora)
E chorava a Sinhá Marreca! Não adianta chorar, pois
quem fez uma faz três. Vamos fazer empadinhas, umas cem
de cada vez.
ANINHA E VÓ CIDA:
A Vaquinha deu o leite
e a manteiga bem fresquinha
A Galinha pois os ovos
VOVÓ CIDA:
(voz Sinha Marreca)
- Ora vivas já estão prontas, quem quiser pode provar!
- Sinhá Marreca.
ANINHA E VÓ CIDA:
Empadinhas gostosas de camarão,
você sabe fazer?
(CONTINUED)
CONTINUED: 27.
ANINHA:
Oh, eu não sei não.
ANINHA E VÓ CIDA:
ANINHA E VÓ CIDA:
Lá vem a Sinhá Marreca, com seu samburá na mão.
Lá vem a Sinhá Marreca, com seu samburá na mão.
VOVÓ CIDA:
(voz de Ratinho)
Eu não quero, não!
E, na casa da floresta vejam só, que linda festa:
(CONTINUED)
CONTINUED: 28.
VOVÔ CACÁ:
Calma! Me desculpe! Foi sem querer (tentando se
desculpar acaba se complicando). Nem tudo está perdido
os brigadeiros estão guarda......
ANINHA:
Brigadeiro? Chá das 5? A faça me o favor, né vovó? Você
acha que me engana?
VOVÓ CIDA:
Não! Eu sabia que você estava desconfiada. Mas seu
avô... nem pra pedir desculpas...
VOVÔ CACÁ:
Mas eu pedi!
VOVÓ CIDA:
Não pediu!
ANINHA:
Ele pediu, mas você não ouviu! O vovô é meio
atrapalhado, todo mundo sabe disso, mas você também as
vezes.... não ouve direito, né? Não vejo ele
reclamando, ou falando mal do sua baixa audição. Por
isso esse monte de histórias? E tudo para que eu não
percebesse? Tudo bem, eu até entendo mas tratar o vovô
assim...Por isso esse monte de histórias? E tudo para
que eu não percebesse? Percebesse o que?
(CONTINUED)
CONTINUED: 29.
Oi dá o pé?
Oi eu não dou não!
Oi dá o pé?
VOVÓ CIDA:
Miau!
ANINHA:
Bom dia senhor cabritinho.
(CONTINUED)
CONTINUED: 30.
VOVÓ CIDA:
Mééé
ANINHA:
Bom dia, dona galinha!
VOVÓ CIDA:
Có, có, có.
ANINHA:
Ora essa que roubada, não tenho nenhum amigo, ninguém
pra conversar, ninguém pra falar comigo. Mas isso vai
acabar, vou fazer uma escolinha, onde todos os
bichinhos, vão aprender a falar.
Vamos todos estudar, na escola do papagaio, as aulas
vão começar.
VOVÔ CACÁ:
(vovô latido forte)
ANINHA:
(papagaio)
Vamos, vamos, devagar. Com mais um pouco de força, você
vai poder falar!
(narrador)
E o cachorro encheu o peito, suou, soprou e bufou,
abriu uma boca enorme, mas coitado, não falou. Soltou
um latido tão forte, soltou um latido tremendo, que os
bichinhos assustados, saíram todos correndo!
(CONTINUED)
CONTINUED: 31.
(Urro do Leão)
(Som dos animais assustados)
(narrador)
A escola ficou vazia e o louro coitadinho, ficou
falando sozinho:
(papagaio)
- Curupaco-paco, que tristeza, não tenho nenhum amigo,
ninguém pra conversar, ninguém pra falar comigo.
(narrador)
Já estava quase chorando, quando ouviu alguém cantar,
quem estaria cantando?
VOVÓ CIDA:
(vovó papagaio)
Curupaco-papaco quem passa?
Oi dá o pé?
Oi eu não dou não!
Oi dá o pé?
ANINHA:
(papagaio)
Vieram pra ficar? Que beleza, que alegria! Já tenho com
quem falar, eu já tenho companhia.
VOVÓ CIDA:
(vovó papagaio)
- Preste atenção meu netinho, hoje você aprendeu, cada
qual tem que falar, com a voz que Deus lhe deu!
(CONTINUED)
CONTINUED: 32.
ANINHA:
Antes de mais nada, meu presente de aniversário é vocês
dois, meus avós mais queridos do mundo, sem ficarem de
briguinhas!
OS TRÊS:
(dividem a música)
Queria ser leão
Pra ter aquela juba
Minhoca, besouro
Quem sabe
Uma lagartixa?
Queria
Ser um urso
Dormir o dia inteiro
Golfinho, peixinho
Cavalo marinho
Quem sabe um tubarão
Nadar lá no fundão?
Só pra ser mais leve
Pensei num passarinho
(MORE)
(CONTINUED)
CONTINUED: 33.
OS TRÊS: (cont’d)
Imagine a borboleta
De asinhas coloridas
Um sapo, um rato
Quem sabe um dragão?
Quando a música acaba as crianças, saem de cena. O
avô e a avó, abaixam para dar um beijo. Aninha
cantarola a música que acabaram de cantar...
ANINHA:
Imagine uma borboleta de asinhas colo.... JÁ SEI!
Black out. Atores saem. No fundo do palco será
projetado o filme feito com as crianças enquanto
um locução abaixo acompanha o vídeo. Durante o
vídeo uma contorcionista começa seu número de
lagarta que se transforma em borboleta. Acaba o
vídeo junto com a performa-se. A cortina fecha. A
locução estende-se além do vídeo. Continua a
encenação. Os dois avós trazem Aninha para o
proscênio. Ela está de olhos vendados e enquanto
um verifica se o olho está fechado mesmo o outro
espia dentro da cortina. A cortina abre e estão
todas as crianças e o pessoal do circo-show
posicinados.
VOVÓ CIDA E VOVÔ CACÁ:
Um, dois, três e já
TODOS NO PALCO:
SURPRESA!!!!!
(esboço/parte da locução)
...ninguem estava escondendo nada de mim... eu esmo
estava procurando alguma coisa.... que dizer, estavam
escondendo sim.... mas não o que de verdade eu estava
procurando.... Este sonho me acompanha a vida inteira,
eu presa dentro de um saco gosmento, tentando sair e,
ainda tenho medo mas espero pois sei que o que está por
vir é melhor, a melhor sensação do mundo: uma cegueira
de luz antes dos olhos se acostumarem, desajeitadamente
um par de liberdade sacolejam-me até se acostumarem a
sincronizar as asas e eu, borboleta sobrevôo a minha
(MORE)
(CONTINUED)
CONTINUED: 34.
EPILOGO
Que felicidade a minha! Minha infância foi recheada de
imaginações, tive uma avó que me ajudou a inventar tudo
o que minha imaginação pedia!
hoje faz 10 anos que vovô cacá subiu para o céu com seu
balãolinho multicor. e deve ter acontecido outra festa
no céu.
ele foi encontrar com seu amigos do bando dos tangarás
e junto de São Pedro olhar lá de cimas por nós.
(CONTINUED)
CONTINUED: 35.