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A Política Externa à época da Independência

Um novo ator em um mundo dinâmico


 Antes de analisar a posição do Brasil, é necessário iniciar em duas direções:
identificar, no sistema internacional vigente, os condicionamentos da política externa
brasileira e definir o papel do jovem Estado.
 Quatro variáveis, de natureza história e estrutural, iriam condicionar a elaboração e a
execução da PEB:
o Jogo das forças que compunham o S.I do século XIX e os objetivos dos
Estados dominantes.
o Inserção do continente americano nesse sistema.
o Herança colonial brasileira.
o Precoce enquadramento luso-brasileiro no S.I vigente, por meio da “aliança
inglesa”.
 1815 - Congresso de Viena: fim das Guerras Napoleônicas.
 O sistema de hegemonia coletiva europeu era uma poderosa expansão coletiva dos
interesses europeus sobre a periferia do mundo.
 A destruição do Império Português e do Império Espanhol atendiam os interesses
econômicos britânicos, por conta da eliminação da intermediação metropolitana.
 Rússia x Grã Bretanha:
o Rússia representava o sistema arcaico e liderava a Santa Aliança, que defendia
o legitimismo monárquico, o intervencionismo destinado a esmagar revoltas
populares, a mística do cristianismo e o governo supranacional dos povos.
Acabou em 1825.
o Grã-Bretanha representava o sistema moderno e liderava a Quádrupla Aliança,
que combatia o princípio da intervenção e defendia o movimento das
nacionalidades, o sistema de vigia mútua e respeitou o princípio dos governos
representativos constituídos ou a se constituírem.
 Sistema de hegemonia coletiva a partir de 1825: princípio da composição entre as
nações para evitar o confronto armado nas relações intereuropeias e pelo princípio de
entendimento para expandir interesses europeus nas RI.
 Mesmo as ameaças da Santa Aliança sobre a América Latina serem ilusórias, os
latino-americanos poderiam ter usado como poder de barganha, nas relações com a
Inglaterra, o confronto desses dois sistemas europeus.
 O pan-americanismo não despertava interesse, o que era uma vantagem para a
Inglaterra.
 A América Latina abria-se às rivalidades interamericanas, à penetração europeia e a
competição internacional.
 Somente os Estados Unidos souberam preservar nas negociações e lutas externas os
interesses socioeconômicos e políticos.
 Nos EUA houve a visão de que cabia ao governo, por meio de medidas de política
externa, erradicar as condições de dependência e fomentar um mercado interno. Essa
pauta será desprezada na América Latina.
 A política externa brasileira à época da independência esteve ainda
profundamente condicionada pela hegemonia inglesa sobre Portugal.
 O Estado brasileiro que se apresentou à comunidade internacional em 1822 pouco
tinha de brasileiro, já que representava o transplante direto do Estado português.

Pressões externas e metas nacionais


 A P.E irá se definir em função:
o Herança colonial com suas estruturas sociais.
o Estado bragantino (valores e conexões).
o Emergência de um S.I resultante da Revolução Industrial.
o Peso das forças reacionárias da Santa Aliança.
o Estreitos vínculos ingleses herdados da metrópole.
o Transformação do continente americano em área de competição internacional.
o Conhecimento e experiência herdados da transferência da Corte ao Rio de
Janeiro em 1808.
o A importância dada às relações externas após a ruptura com Portugal.
 A Constituição de 1824 atribuía um grande papel ao Executivo na formulação e
prática da política externa, deixando ao Legislativo uma posição marginalizada, sendo
necessária a sua aprovação apenas de tratados relacionados com cessão ou troca de
territórios.
 Período mais significativo: 1822-1828.
 Embora a independência interessasse a Grã-Bretanha, os EUA e os Estados hispano-
americanos, nenhum se dispôs a sustenta-la pelas armas.
 O rompimento foi uma decisão implantada pelas forças da nação – nacionalismo do
autor.
 Primeiramente a Grã-Bretanha considerava a independência útil devido ao seu papel
de válvula de escape para o bloqueio continental de Napoleão, mas depois se tornou
defensora dos interesses portugueses, por conta da sua fidelidade e relação antiga com
Portugal.
 Condições objetivas do quadro internacional:
o A luta do governo brasileiro pelo reconhecimento era mais fundada num
temor de perde-la do que por real necessidade política.
o A independência brasileira não esteve em perigo desde a Proclamação.
o Os mais poderosos interesses econômicos e políticos sustentavam esse
rompimento, dando ao Brasil um poder de barganha.
o A política de reconhecimento a qualquer custo foi um grande erro estratégico.
 A principal meta foi o reconhecimento da nacionalidade, o que significa para o autor
uma percepção limitada do interesse nacional.
o “Em vez de tirar proveito do quadro internacional e das forças internas, o
governo brasileiro estendeu às nações estrangeiras, de bandeja, um
extraordinário poder de barganha por ele criado e por elas utilizado para a
realização de seus desígnios”.
 Metas na América Latina:
o Sustentação da monarquia constitucional, visto que se chocava com o “sistema
americano” e o republicanismo continental.
o O expansionismo no Sul – mesmo que esse fosse uma herança nacional do que
uma meta política nacional.
o Controlar a ambição da Argentina de constituir o Vice-Reino da Prata, o que
poderia prejudicar os interesses do comércio e do controle das vias
navegáveis.
 Metas na Europa:
o Atender as necessidades de mão de obra da economia agrícola.
o Iniciativas de imigração livre.
o Abrir o mercado europeu aos produtos brasileiros.
o Proteger a navegação nacional.
o Empréstimos por conta das despesas da guerra de independência e das missões
diplomáticas.

O enquadramento brasileiro no sistema internacional do capitalismo industrial sob a


condição dependente
 O autor discorda dos teóricos da dependência quando esses afirmam que apenas dois
atores participaram na produção da situação de dependência (uma unidade de
produção primária brasileira e uma unidade de produção industrial inglesa que se
agregam por interesses mútuos e mantém a dominação em âmbito nacional por mio de
um compromisso não escrito).
 Para Amado, entretanto, essa interpretação ignora o papel da decisão política. O caso
brasileiro mostra que o compromisso foi, na verdade, explícito e escrito, negociado
arduamente e consentido por decisão de vontade. Além disso, ele enfatiza a
responsabilidade dos homens de Estado nos destinos do Brasil e da América Latina.
 “Ignorar a função do Estado nas relações de dominação e dependência é ignorar a
história”.
 Houve 3 fases do enquadramento brasileiro no sistema internacional capitalista:
o 1. Portuguesa: criam-se as precondições, rompimento da Independência,
conquista interna da soberania política, fracasso de Portugal em tentar retornar
à situação colonial e escolha da Grã-Bretanha como potência mediadora.
o 2. Grã-Bretanha: relações de dependência geradas pelas negociações entre GB
e Brasil.
o 3. Ocidental: extensão desse sistema de relações às outras nações.

As precondições
 Causas:
o Crise do antigo sistema colonial.
o Revoltas separatistas.
o Ideais libertários e liberais presentes no Ocidente no século XVII.
o Transferência da corte em 1808.
 Causas imediatas:
o Retorno de D. João VI à Portugal.
o Instituição da regência brasileira confiada à Pedro.
o Revolução liberal portuguesa de 1820 e suas tentativas de
reestabelecimento do regime colonial.
 O rompimento possui três dimensões:
o Político-jurídica:
 Convocação da Constituinte, anistia para as passdas dissensões
políticas, a exclusão dos portugueses dos cargos no Brasil, confisco
dos bens de portugueses que não aderiram a Independência,
expulsão das tropas portuguesas e proibição do comércio bilateral e
a criação do corpo diplomático brasileiro.
 Entre 1822 e 1823 foram destruídos, gradativamente, os vínculos
político-jurídicos e as relações do antigo sistema colonial entre
Brasil e Portugal.
o Militar:
 Guerra da Independência era inevitável devido à presença de tropas
portuguesas.
 Houve pressão na Bahia, no Maranhão, no Piauí e no Pará.
 Plano português de reconquista envolvia a união do Norte do
Brasil à Portugal.
 Plano português envolvia a criação do exército e marinhas
nacionais, recrutamento e treinamento, contratação de oficiais
estrangeiros e compra de armas.
 “A independência foi obviamente uma conquista das armas
nacionais. Foi financiada com recursos internos.”
 Efeitos diretos da guerra:
 Consolidação da soberania.
 União das províncias.
 Substituição de governos coloniais por assembleias
brasileiras.
 Confisco das propriedades portuguesas.
 Adesão nacional à pessoa de D. Pedro, mas depois
diminuiu o seu prestígio popular quando foi divulgado o
pagamento de 2 milhões esterlinos e a condição humilhante
da negociação.
o Diplomática:
 As primeiras diretrizes são definidas pelo Manifesto às Nações
Amigas de 1822, escrito por Bonifácio, pelas instruções dadas aos
negociadores brasileiros e o bloco de tratados firmados entre 1825
e 1828.
 No primeiro momento Bonifácio visava uma soberania moderada,
mantendo a união das Coroas.
 Mesmo com a instabilidade interna houve a permanência de uma
orientação externa: a disposição de ceder favores e benefícios para
apressar o reconhecimento.
 1º momento das negociações (1822-1824):
 GB tinha como condição a abolição do tráfico de escravos.
 Quando Canning assimilou o Manifesto, a política do Brasil
já havia mudado para uma separação absoluta.
 Novas condições: Brasil deveria aceitar a mediação e
manter em vigor o tratado de comércio de 1810, enquanto
Portugal deveria ceder o reconhecimento por ato próprio e
aceitar o enviado britânico como plenipotenciário.
 2º momento (1825):
 Inicialmente o mediador português defendeu os interesses
portugueses, depois passou a defender os interesses
ingleses até a conclusão do tratado de 1825, pela qual o
Brasil obteve o reconhecimento inglês.
 Brasil aceitou a associação de D. João ao título imperial,
uma independência outorgada livremente por Portugal,
prometeu não se unir as colônias portuguesas na África e
pagou 2 milhões de esterlinos.
 O tratado de 29 de agosto de 1825 foi o primeiro fracasso
formal da diplomacia brasileiro: “trouxe benefícios a uma
das partes, mesmo considerando o comércio bilateral,
indispensável só para os portugueses”.
 O rompimento possui duas fases:
o 1. Nacionalista, liderada por José Bonifácio.
o 2. Contrarrevolucionária, a partir da queda de Bonifácio em 1823 e a
dissolução da Assembleia Nacional Constituinte.

O enquadramento Brasil-Inglaterra

 A presença e influência inglesa na formação brasileira na esfera política foi o


que tornou viável a dominação e a dependência econômica e social.
 As determinações causais da Política Externa britânica eram a Revolução
Industrial e a concorrência internacional, enquanto no lado brasileiro nem eram
considerados no cálculo estratégico os interesses da economia agrícola de
exportação.
 Três fatores que explicam a subordinação:
o Disposições do governo inglês e sua capacidade de controlar o quadro
internacional para atingir suas metas.
o Disposições do governo brasileiro e sua inabilidade diplomática.
o Conjunto de decisões políticas consentidas de ambas as partes.
 Tendo que enfrentar Napoleão, a Inglaterra tinha dois trunfos que fortaleciam a
sua posição: a América Latina, cujo mercado poderia compensar o bloqueio
continental, e a tradicional aliança com Portugal.
 A carta régia brasileira de 1808 abria os portos às nações amigas, atendendo
parcialmente os desejos ingleses, e o decreto de 1º de abril de 1808 visava
incentivar o desenvolvimento industrial.
 Essas medidas significam uma ruptura na linha de privilégios concedidos à
Inglaterra pela aliança tradicional.
 Canning mandou um representante inglês para reverter a situação, tendo em vista
que o ministro inglês não admitia o liberalismo brasileiro, que poderia favorecer
os EUA, e se opunha ao desenvolvimento industrial.
 As negociações feitas sob pressão resultaram em 3 tratados assinados em 1810,
pelos quais foi fixada a taxa de 15% sobre os produtos ingleses, asseguravam-se
direitos especiais aos súditos ingleses, não se dava contrapartida aos produtos
brasileiros no mercado inglês e excluíram do mercado inglês o açúcar, o café e
outros produtos.
 Os objetivos do governo inglês à época da Independência permaneciam os
mesmos de 1808:
o Comércio favorecido.
o Reciprocidade fictícia.
o Facilidades e privilégios aos seus súditos.
o Extinção do tráfico de escravos.
 O Brasil tentou por duas frentes formar alianças defensivas e ofensivas contra os
planos europeus de reconquista, mas apresentava uma dualidade política:
o A aproximação com a América tinha como fatores os ideais do sistema
americano, liberal e constitucional, integração ideológica e cooperação
econômica em bases igualitárias.
o A aproximação com a Europa trazia os aspectos mais retrógados da
formação nacional à superfície.
o Essa dualidade tinha relação com a natureza do Estado brasileiro: uma
monarquia constitucional e liberal, exercida com grande nível de
autoritarismo e apoiada no modo de produção escravista.
 Através das instruções diplomáticas enviadas para os representantes brasileiros
podemos perceber a disposição do governo brasileiro em oferecer privilégios e
compensações de todo tipo para apressar o reconhecimento.
 Isso demonstrava a vulnerabilidade do interesse nacional.
 A impossibilidade de recuar dessas medidas, tendo em vista que essas
compunham uma orientação brasileira de política externa.
 “Não há evidência de pressões das elites fundiárias sobre o processo decisório, de
tal sorte que a dependência brasileira foi antes de tudo uma decisão do
Estado, vinculada conscientemente aos interesses da sociedade inglesa e
desvinculada autoritariamente dos interesses da sociedade brasileira”.
 O Tratado de Amizade, Navegação e Comércio de 1827 era uma adaptação das
concessões feitas em 1810 aos novos avanços do capitalismo inglês.
 Esses tratados trouxeram a Dom Pedro a antipatia nacional, a revolta do
parlamento e a queda de 1831.

A ampliação do sistema
 As disposições do governo na política de reconhecimento eram universais.
 O governo inglês tomou duas medidas para restringir a benevolência brasileira na
formulação de relações com outros países:
o Prorrogação dos tratados de 1810 até a conclusão de novos.
o Estipulou, pelo tratado de 1827, que os produtos de nenhuma nação
pagariam menos direitos do que aqueles provenientes da Inglaterra e de
Portugual.
 1826: França.
 1827: Áustria, Prússia, Cidades Hanseáticas, Inglaterra.
 1828: Dinamarca, Países Baixos, EUA.
 Conclui-se, então, o sistema de tratados.
 Uma das primeiras medidas contra esse sistema de privilégios foi a lei de 24 de
setembro de 1828, pela qual o Parlamento estabeleceu a igualização dos direitos
de todos os produtos importados, independentemente da procedência.
 Por meio dessa lei buscou-se eliminar o monopólio, estabelecer a concorrência
externa, destruir o privilégio comercial e reparar a injustiça contra as nações
americanas.
 “Era a universalização do sistema de tratados desiguais, abrindo-se o Brasil à
concorrência do capitalismo industrial, de forma completa e perfeita, com o
sacrifício dos instrumentos internos de defesa”.

O espaço das relações periféricas


 PEB se movia em duas zonas de pressão:
o Europa.
o Região do Prata.
 E em zonas periféricas:
o Encontro do americanismo.
o Relações com os EUA.
o Possibilidade africana.
o Utilidade paraguaia.
o Primeiros contatos com os hispano-americanos.

A zona de pressão platina


 Rio de Janeiro e Buenos Aires vão herdar o conflito regional entre Portugal e
Espanha relativo ao domínio do estuário do Rio da Prata.
 Portugal buscava o domínio das vias navegáveis, a procura das minas e o
controle do contrabando e comércios regionais.
 D. João anexou a Província Cisplatina em 1821, que depois foi incorporada pelo
Império Brasileiro.
 Em 1825 agrava-se o contexto regional. Em resposta à uma declaração de
independência uruguaia (Congresso da Flórida), Buenos Aires decreta a
incorporação da Cisplatina.
 Dom Pedro reage iniciando uma guerra com a Argentina e aplicando um
bloqueio naval.
 Os dois Estados buscam a mediação britânica, o que atendia os interesses de
Canning, que se opunha às guerras internas no continente e buscava o
restabelecimento da paz e dos negócios.
 Convenção Preliminar de Paz de 1828 obrigava Brasil e Argentina a garantir a
independência de Uruguai e assegurava-se a livre navegação do Prata e seus
afluentes aos súditos das partes.

As aberturas periféricas
 Os efeitos do americanismo foram quase nulos.
o As suas principais correntes foram o bolivarismo e o monroísmo.
o Porém houve uma versão brasileira do americanismo.
 Americanismo brasileiro foi um ideário prático e preciso que emergiu em dois
momentos por motivações concretas:
o Iniciativa de José Bonifácio em 1822-1823 caracterizada pelo
sentimento de unidade continental e pela consciência de compartilhar
com a região as instituições liberais.
o Aproximação para a defesa comum do continente e promoção de
comércio.
o Busca de aliança com o Prata em 1822 e com os EUA em 1824.
o O segundo momento foi protagonizado pelo Parlamento, a partir de
1828, contra o sistema de vinculações europeias estabelecidas pelos
tratados desiguais, aplicando a tarifa igualizadora de 1828.
 Bolivarismo era um projeto mais idealista, que acreditava na construção do
sistema americano como modelo universal.
o América unida, livre, independente e diferente.
o Congresso do Panamá (1826) tinha o objetivo de criar um
ordenamento jurídico supranacional que unificasse a conduta externa e
garantisse o entendimento das nações americanas.
o Congresso foi um fracasso, não contando com a presença dos
representantes dos EUA, Brasil e Argentina.
 O monroísmo não tinha essa ambição, se limitando a uma declaração de
intenções.
o Norte-americanos não interviriam em questões europeias e os poderes
europeus não deveria interferir nos países americanos.
 No final, os ingleses saíram ganhando: não havia qualquer possibilidade de
liga americana e o continente americano se tornava vulnerável à concorrência
e influência política.
 Os EUA tinham uma política quase contínua:
o Não se envolve no conflito entre metrópoles e colônias.
o Manter a neutralidade nas guerras de independência.
o Apenas reconhecer a independência após o fato consumado.
o Dissuadir a reconquista europeia pelas tomadas de decisão políticas.
o Apoiar o “sistema americano” e os interesses do comércio pela
diplomacia e presença de uma esquadra.
o Buscar facilidades de comércio por tratado que neutralizassem os
privilégios britânicos.
 As relações Brasil-EUA não tinham um tipo especial, mas não eram
orientadas para o conflito.
 As relações do Brasil com as colônias portuguesas na África eram maiores do
que dessas com o Império Português, havendo vínculos sociais, culturais e
humanos e as elites tendo interesse em desconectar-se de Portugal.
o A sua aproximação foi destruída pelo distanciamento político imposto
por Portugal e Inglaterra no tratado de paz de 1825.
 Relações com o Paraguai.
o D. João defendeu a independência paraguaia no contexto da ambição
argentina de construir um grande Estado no Prata.
o As relações originais não correspondiam a uma política de boa
vizinhança, porque eram ditadas por interesses estratégicos concretos.

Um balanço negativo e pedagógico: as interpretações disponíveis


 A política externa brasileira durante o período da Independência foi o instrumento
pelo qual se viabilizou a subordinação nacional ao esquema do desenvolvimento
capitalista desigual.
 As decisões políticas que dirigiam as relações externas por meio do sistema de
tratados não foram consentidas pelas elites que representavam a sociedade brasileira
no Parlamento em 1826.
 O Parlamento acusava os ministros e o governo de haverem sacrificado o interesse
nacional e considerava que o sistema de tratados resultou de uma disposição
injustificável do governo de mendigar o reconhecimento da nacionalidade.
 As medidas adotadas, na visão do Parlamento, sacrificavam o direito dos cidadãos, a
navegação, o comércio nacional, as indústrias e a soberania, além de tratar de
assuntos internos.
o Não foram favoráveis à agroexportação, considerando que os produtos
brasileiros foram excluídos do mercado inglês ou eram taxados
livremente.
o Os tratados impuseram o liberalismo mas protegeram apenas o trabalho
nas economias avançadas. Além disso, instituíram uma reciprocidade
fictícia e “igualaram” nações desiguais.
o A contrapartida aos tratados feita ao Parlamento não denota apoio
majoritário a um plano de desenvolvimento de manufaturas, mas
acreditava que a navegação nacional de longo curso deveria ter sido
protegida.
 Em relação à política platina, o Parlamento estava unânime na aprovação dos recursos
para a manutenção da guerra contra Buenos Aires e confiou ao Executivo sua
condução.
 O autor Amado faz uma crítica a teoria da dependência. Na visão do autor, os teóricos
estavam corretos quanto à instituição original – a dependência neocolonial. Entretanto,
caracteriza a demonstração feita para fundamentar a teoria como inconsistente, já que
não encontra suporte nas evidências históricas. Não houve um acordo entre os grupos
hegemônicos da nação industrial e da nação agroexportadora, resultando numa
dependência.
o O Estado brasileiro separou-se diante das concessões externas.
o As concessões externas não foram ditadas pela defesa dos interesses do
grupo hegemônico.
o As concessões foram feitas pelo segmento do Estado mais
desvinculado da nação.
o O Parlamento posicionou-se contrário.
o Não houve troca de favores que atendesse os interesses recíprocos das
unidades de produção.
o As decisões eram tomadas em gabinetes impenetráveis, enquanto na
Inglaterra eram apresentadas e submetidas aos grupos sociais ingleses.
o Dom Pedro demitia constantemente qualquer negociador brasileiro que
adotasse posições nacionalistas.
 A sociedade brasileira foi afastada/excluída do processo decisório da política externa à
época da Independência.
 “Houve, portanto, no Brasil, percepção restrita e não objetiva do interesse nacional,
erro de cálculo, processo decisório deturpado e consequências funestas”.
 A política externa serviu ao Estado dando-lhe, através do reconhecimento
internacional, uma legitimação que perdia internamente com a dissolução da
Constituinte, o retorno do partido português e o autoritarismo de D. Pedro.

Administrando o imobilismo
 O projeto da política externa da Independência apresentou grandes iniciativas
externas que resultaram, paradoxalmente, no bloqueio da ação possível pelo Estado
brasileiro.
 Em 1828 estava montado o sistema de tratados desiguais.
 Contradição fundamental:
o A PEB se movia de acordo com as regras do jogo e, portanto, era
predeterminada e não autônoma. A dependência era administrada sob a
vigilância externa.
o Por outro lado, havia uma reação lenta, vigorosa no plano do discurso crítico e
de poucos resultados concretos, porque a margem de ação era estreita e
limitada. Porém, essa linha segura e contínua preparava a fase de autonomia
da política externa que iria iniciar-se em 1844.

A política externa na estrutura do Estado


 Final da década de 1820 até anos inicias de 1840: crises de redefinição institucional do
Estado brasileiro.
 Declínio do prestígio de D. Pedro I devido ao seu envolvimento com a sucessão do
trono português e o seu estilo de governo que o separava do povo, que se expressava
através da imprensa e da Câmara dos Deputados.
 Abdicação em abril de 1831.
 No período das regências o quadro institucional apresentava avanços e recuos.
 Partido Conservador: defensores da ordem, acreditavam que a liberdade só poderia se
exercer sob a vigilância de uma autoridade central.
o Bloquear excessos de liberdade, devolver a autoridade ao governo central e
controla-lo pela maioria parlamentar.
o Centralização e fortalecimento do Estado nacional iriam avançar com o Golpe
da Maioridade em 1840, restauração do Conselho de Estado.
 O significado da evolução institucional não deve ser procurado no conflito entre os
partidos liberal e conservador, mas no processo de fortalecimento do Estado
nacional.
o Ambos partidos irão reordenar a política externa em função de uma percepção
mais abrangente do interesse nacional.
 Um dos objetivos era estabelecer o controle que o Parlamento não tinha durante o
período da Independência:
o Lei de 15 de dezembro de 1830: prestação de contas do Ministério dos
Negócios Exteriores perante a Assembleia, com a apresentação do Relatório da
Repartição dos Negócios Estrangeiros. Votação do orçamento.
o Lei de 14 de junho de 1831: todos os tratados, de qualquer natureza, deveriam
ser submetidos ao Parlamento.
 Essas medidas davam o poder de pressão e controle ao Parlamento.
 A organização do Ministério dos Negócios Estrangeiros acompanhava o
reordenamento institucional do país.
O jogo das regras

 Desde os acordos da Independência até 1844 o governo brasileiro estava numa


situação desfavorável.
 Nações fortes da Europa e EUA recorriam a uma diplomacia arrogante e às ameaças
de força.
 Sem poder estar na mesma posição e reagir, o Brasil permanecia numa oposição
defensiva e conciliadora, cumprindo obrigações, cedendo a reclamações abusivas.
 Tal política passiva também existia em relação ao Prata.
 O retraimento foi causado pelas iniciativas mal conduzidas e pelo processo de
reordenamento interno.
 “Parecia suficiente, como proposta de PE, administrar o imobilismo”.
 Entre 1822 e 1843 a balança comercial apresentou pequenos saldos positivos em
apenas quatro anos, acumulando no período um déficit de aprox. 15%.
 Os ingleses protegiam o seu mercado de produtos brasileiros, mas dominavam o
complexo exportação-importação-transporte, introduzindo o comércio triangular, com
que colocavam os produtos brasileiros no continente europeu e traziam seus
manufaturados.
 A diplomacia brasileira se esforçava para abrir mercados externos e também colocou
como uma das exigências para a renovação do tratado com a Inglaterra a admissão de
produtos brasileiros no mercado inglês. Porém, esse objetivo não seria alcançado.
 Entretanto, o comércio com os EUA era superavitário.
 Além da dívida portuguesa de 2 milhões de libras, o governo brasileiro contraiu, nos
anos 1824-25, empréstimos de 3 milhões de libras.
 A dívida brasileira:
o Correspondia a uma sangria agiotaria de divisas e o seu valor não era
direcionado à investimentos públicos, mas à cobertura de déficits do tesouro,
custeio das missões diplomáticas, pagamento de juros e amortizações.
 Em dois casos o Brasil teve que enfrentar a prepotência de nações mais fortes que
recorriam a ameaças imperialistas:
o Conflito com a Inglaterra em relação ao tráfico de escravos.
o Reclamações, principalmente das indenizações pelas presas feitas durante o
bloqueio do Prata (1825-1828).
 Tráfico de escravos:
o Mesmo proibido desde 1830, o tráfico continuava por 3 razões:
 Opinião pública acreditava que a sua extinção era uma oposição inglesa
feita sob pressão.
 Comerciantes, capitais e navios portugueses participavam do tráfico,
mais do que brasileiros.
 Negou-se o governo brasileiro a uma ação decisiva de repressão,
porque seria acusado de subserviente.
o A Comissão para julgar embarcações presas de Serra Leoa julgava na ausência
de juízes brasileiros ou contra o seu parecer, o que gerou protestos.
o Os atritos se multiplicavam e, consequentemente, estabeleciam um clima de
ressentimento e antipatias mútuas.
 Politicamente, nas relações externas sempre prevalecia a lei do mais forte.
 A imagem dos EUA era atribuída ao progresso.
 A imagem de Portugal era relacionada negativamente à imagem das cortes, ao
despotismo, ao monopólio do comércio local, ao tráfico de escravos e positivamente
às raízes históricas comuns, à cultura, à fraternidade da raça.
 As relações com a Igreja eram conflituosas desde 1827, quando o Parlamento se
articulou contra as pretensões pontifícias de intrometer-se na Igreja brasileira.
Entendia-se que a Igreja deveria ser nacionalizada, de acordo com as disposições
constitucionais, do padroado, dos costumes históricos.
 A imagem da América hispânica era relacionada negativamente com o caudilhismo e
ao fracasso das instituições liberais.
 “As interpretações externas não deixavam de influir sobre a autoimagem: vai-se
forjando a percepção de um interesse nacional a defender interna e externamente pelos
desígnios de uma política externa adequada”.
 Neutralidade na política platina.
o Uruguai estava independente.
o Paraguai se isolava das relações regionais.
o Altos gastos da Guerra Cisplatina.
o Não havia conclusão na dúvida de apoiar ou confrontar Rosas.
 O autor considera difícil concluir se a neutralidade na região platina era uma
imposição externa ou uma decisão autônoma.
 Rivera (Uruguai), no poder, se voltada contra o Império, tendo o seu apoio buscado
pelos farroupilhas. Rosas também se aproximava do Império quando se sentia
ameaçado pelas potências europeias, mas se afastava quando o perigo se dissipava.
 Rivera apoiou os farrapos e reivindicava os limites de 1777, também demonstrando
interesse em criar uma confederação interiorana. Dessa forma, Rosas iria se aproximar
do Brasil, porém não ratificou a aliança que visava derrotar Rivera – era apenas uma
manobra política para jogar o Império contra Rivera e colocar Oribe no governo.
 Percebia-se a dificuldade de entendimento e inviabilidade de composição com Rosas
para atingir metas concretas.

A reação no discurso
 Estamos falando do período de transição entre a política de submissão e de erros de
cálculo da época da Independência e a política de afirmação nacional, que se inicia em
1844.
 Mesmo havendo um bloqueio deliberado ou imposto pelas forças externas às ações do
Estado brasileiro, o discurso flui livremente.
 O pensamento político, veiculado pelo discurso, tem como marca a avaliação crítica
da política externa.
o Está presente na Câmara dos Deputados, no Gabinete, no Senado e no
Conselho de Estado.
 Esse pensamento político crítico causou:
o Estabeleceu o consenso refletido dos órgãos do Estado e partidos em torno da
política externa.
o Fez uma nova leitura do interesse nacional, ampliada e objetiva, visando à
elaboração de um projeto brasileiro de política externa.
o Despertou a vontade de auto formulação da política externa.
o Criou, pela coesão alcançada, uma das condições de política de potência.
o Restabeleceu a unidade do Estado, que se havia separado ante a política
externa na época da Independência.
 Conquistas são lentas mas serão influentes e visíveis na fase seguinte. Elas criam as
condições para a fase seguinte, que será de afirmação nacional:
o Destruir o sistema de tratados e obstar a sua renovação.
o Eliminar privilégios dos súditos estrangeiros.
o Obter autonomia alfandegária, da política comercial e de navegação.
o Submeter à política externa ao controle conjugado de diversos órgãos do
Estado.
o Eliminar influência externa sobre o processo decisório.
 A própria chancelaria seguia essa tendência.
o O Relatório da Repartição dos Negócios Exteriores, de 1831, é antiinglês e
qualificava a Inglaterra como “a mais exigente das nações amigas”. Além
disso, reduziu as legações e consulados na Europa e ampliou na América.
 Carneiro de Campos se opunha à chegada de novos tratados e a renovação dos antigos,
resumindo o pensamento público:
o Os economistas desaconselhavam.
o A Assembleia se opunha.
o A funesta experiência que se tem feito com os tratados existentes, nos quais os
interesses do Império eram sacrificados por um princípio mágico de uma
reciprocidade ilusória.
o Os tratados foram usados contra nós e nunca foram favoráveis.
o É um sistema cujo fim devemos esperar para nunca mais repeti-lo.
 Em 1842, dos tratados do Primeiro Reinado só restava o tratado inglês, prorrogado por
dois anos porque os ingleses usavam o pretexto de denúncia não feita em tempo hábil.
 O discurso político reivindicava a ruptura com o sistema de relações exteriores
implantado à época da Independência e o reordenamento da política externa em
função de diretrizes radicalmente distintas.
 Esse pensamento político preparava o terreno para mudanças.
 Acreditava-se que só depois de 1843, com o fim do sistema de tratados desiguais, a
política exterior estaria em condições de tornar viável um projeto nacional.

Economia, população e política externa


A ruptura dos anos 1840 e a nova política externa
 Inaugurou-se um período, que iria de 1844 a 1876, que seria caracterizado pela
ruptura com a fase anterior e pelo robustecimento da vontade nacional.
 O novo projeto foi auto formulado e envolveu uma redefinição das metas externas, a
partir de novas percepções de interesse nacional, resultando numa PE enérgica em
seus meios e independente em seus fins.
 Quatro grandes parâmetros:
o Decisão de controlar a política comercial pela autonomia alfandegária.
 Porém, não se soube manipulá-la com uniformidade. Havia a dúvida
entre promover a indústria e proteger o trabalho nacional ou assegurar o
liberalismo das trocas internacionais.
o Decisão de equacionar o fortalecimento da mão de obra externa,
extinguindo o tráfico de escravos e estimulando a imigração.
o Sustentar as posses territoriais, por meio de uma política de limites
regulamentadora definitiva das fronteiras nacionais. - Amazônia
o Presença decisiva nos destinos do subsistema platino.
 O Brasil tinha uma vontade de resistência às formas de ingerência externa, mas havia
também um choque inevitável de múltiplos interesses.
 O Estado brasileiro definiu como estratégia o uso intenso, inteligente e adequado da
diplomacia com o objetivo de maximizar os ganhos externos, condicionando o uso da
força a um recurso de última instância.
o A força poderia ser usada na região sul-americana mas não nas relações com a
Europa e os EUA.
 Habilidade diplomática, autonomia preventiva do processo decisório e do protesto
deviam levar à realização de objetivos concretos e reparações contra eventuais
ofensivas à soberania.
 Condições que davam à política externa continuidade e coerência e condições para
definição e sustentação de diretrizes externas:
o Natureza do quadro institucional.
o Instituições estáveis de funcionamento equilibrado.
o Conservadorismo político.
o Conciliação de partidos.
o Processo de elaboração e execução da política externa, envolvendo o conjunto
de instituições.
 O Estado tinha condições de engajar toda a sua estrutura na elaboração e
implementação da política externa e assim o fez.
 A estabilidade e a centralização políticas eram revigoradas pela conciliação e pela
tênue divergência entre os partidos.
 Havia quase uma unanimidade partidária diante de questões externas.
 A política externa foi o mais poderoso instrumento de conciliação, sendo uma
responsabilidade coletiva que abrangia o conjunto das instituições e perpassava os
partidos, os órgãos e o Ministério de Negócios Estrangeiros.
 Dois grupos se complementavam nas concepções de PE:
o Moderados: avessos à política de força, contra a intervenção e a resistência
pela força, propensos à negociação e ao superdimensionamento da ação
diplomática.
o Realistas: menos idealistas, eram homens ousados que colocavam as decisões
acima do destino e agiam com força de vontade.
 Os dois grupos dialogavam, pouco divergiam e muito se articulavam.
 José Maria da Silva Paranhos realizou como diplomata a síntese de duas tendências:
o Sua proposta se baseava numa avaliação global da realidade internacional e se
apresentava como “eminentemente brasileira”.
o Perseguia com coerência e perseverança objetivos permanentes, identificados
ao interesse nacional de forma concreta e objetiva:
 Livre navegação.
 Limites.
 Comércio.
 Moralização do Prata.
 Soberania.
 Superação das querelas internas na ação externa.
 Formulação autônoma da política externa.
 Estratégia maleável e inteligente de ação.
 Abertura ao debate público para obter consenso e força.
 Análise em círculo fechado para acertar as decisões.
 Soluções alternativas de cálculo para a política externa.
 O papel das instituições e dos homens não permitia a dom Pedro II conduzir com
autonomia pessoal a política externa. Ele era pacifista, moderado e ilustrado, não
criando obstáculos para o funcionando integrado dos órgãos dessa área.
 A política externa não foi moldada, nesse período, para servir exclusivamente os
interesses da oligarquia fundiária, porque atendia a percepções mais complexas do
interesse nacional.
 Houve uma proposta de industrialização que perdeu força com o tempo.
 Os conservadores eram mais propensos à proteção do trabalho e da atividade interna
do que os liberais.
 No fim, prevaleceu o liberalismo radical nas relações econômicas externas. Dessa
forma, manteve-se o enquadramento dependente no sistema capitalista.
 Combinar tais metas com as condições do contexto internacional exigia certa
habilidade, tendo em vista que esses objetivos se chocavam com desígnios poderosos
das nações dominantes.
 Variáveis do quadro internacional:
o Liberalismo econômico.
 Adotado totalmente pela Inglaterra em 1840, deixando de ser apenas
uma imposição às nações menos poderosas.
o Penetração ocidental na Ásia.
 Passaram a substituir a América Latina como eldorado comercial,
relaxando as pressões imperialistas na região.
o Expansionismo norte-americano.
 Teve maior impulso entre 1838 e 1848, quando estendeu suas fronteiras
ao golfo do México e ao Pacífico.
 Interesses econômicos, pressões demográficas, preocupações de
política interna e correntes de psicologia coletiva consubstanciadas no
“Destino Manifesto”.
 Depois dessas anexações, se direcionaram ao Oriente, América Central
e Caribe.
o Distintas visões geopolíticas do Brasil e da Argentina de Rosas.
 Expansionismo rosista.
 Conclui-se que convinha erradica-lo, explorando as dissensões locais.

As relações econômicas com o exterior: as dúvidas da opção


 Origens do projeto de 1844 em três dimensões:
o A tradição anti tratados: estratégia delineada desde 1827 com o objetivo de
eliminar as restrições aos produtos brasileiros no exterior e abrir o mercado
interno e externo.
 Buscava acabar com os privilégios britânicos, que resultaram na
ausência de proteção à indústria nacional, entrada quase livre de
produtos ingleses, exclusão do açúcar e do café do mercado inglês e
prejuízo à navegação nacional.
 Fracasso das negociações de 182 e 1845: governo brasileiro propunha a
cláusula de “nação mais favorecida” para a Inglaterra em troca da
entrada do café e do açúcar no mercado inglês. Porém, Aberdeen
rejeitou.
o O ensaio da autonomia: os homens públicos estavam apegados ao exercício
da liberdade política.
 Não tinham experiência mas tinham força de vontade para “ensaiar”
uma nova política alfandegária, industrial, empresarial, nacional e
autônoma.
o O pensamento industrialista: dimensão mais ousada, considerando as
limitações da economia agrícola e o modelo de enquadramento nas relações
internacionais nesse período.
 Principais defensores vinham do Partido Conservador.
 O projeto de 1844, amadurecido no Senado e no Conselho de Estado, abrangia
propostas fundamentais:
o Preservar a autonomia alfandegária para poder controlar a política comercial e
as rendas públicas.
o Resistir às pressões externas que viessem interferir na política econômica
mediante acordos bilaterais.
o Estabelecer os princípios da reciprocidade real nas relações econômicas
externas.
o Lançar as bases da indústria nacional por meio do protecionismo.
 O projeto de industrialização não teve origem na demanda do meio socioeconômico,
sendo, na verdade, uma proposta do Estado. A elaboração desse projeto demonstrava
a autonomia do Estado em relação aos interesses internos da classe fundiária quanto
dos interesses externos do capitalismo.
 A capacidade revolucionária se dissipou com o tempo.
 A proteção ao trabalho nacional, indispensável para a promoção do desenvolvimento e
o aumento da riqueza interna, não foi completa nem adequada.
o Foi usada para proteger as fábricas, companhias e empresas, criando o
privilégio, o que desestimulava a diversificação e a expansão dos
empreendimentos.
o Estabelecia-se o paternalismo estatal para suprir a carência de espírito
empresarial.
 O declínio deve ser interpretado por dois fatores que agiam sobre decisões do Estado:
o Vontade de inovar cedeu diante da percepção de que a situação interna era
suficientemente confortável e aconselhava não arriscar mudanças profundas.
o Alienação das elites políticas em ideologias desviantes.
 A modernização brasileira iniciou nesta época, sob impulsos externos e internos,
sendo estimulada tanto pelo Estado quanto pela sociedade.
 Monarca se reunia com cientistas, intelectuais, literatos, etc.
 A miragem do progresso tomava conta da sociedade.
 Ingleses, sem seus privilégios, entraram na livre concorrência e se tornaram agentes da
modernização.
o Dominavam o complexo exportação-transporte-importação-crédito-seguro.
 Setor cafeeiro foi responsável pelo investimento nas estradas de ferro, pelo estímulo à
imigração livre, pela formação de novos centros urbanos e pelo aparecimento de
empresas e bancos.
 As manufaturas vão se desenvolver quase espontaneamente em centros urbanos, de
ritmo lento e contínuo.
 Os produtores agrícolas, que teriam uma alternativa de investimento nas manufaturas,
não acumularam excedentes de capital.
 A modernização brasileira foi lenta e contínua, uma reforma social e não uma
revolução.
 A vontade do Estado brasileiro de 1844 não se manteve por conta da falta de capital,
técnicos, de espírito empresarial, vontade de inovar e dinamismo na sociedade.
 A partir de 1860, a política de comércio exterior irá desmantelar o projeto
industrialista de 1844.
 A modernização e a situação econômica e política reabilitaram a confiança dos
credores no Brasil, que passou a obter grandes quantias de empréstimo para investir na
modernização, pagar a dívida e para fazer a sua política no Prata.
 Embora o regime tivesse força suficiente para sustentar o projeto revolucionário de
1844, preferiu acomodar-se a uma situação confortável.
 O triunfo do liberalismo radical impediu que se recorresse à política econômica
externa como instrumento do desenvolvimento nacional.
 Entre 1844 e 1889 não houve continuidade na política alfandegária, mas oscilações
bruscas que prejudicavam a expansão da indústria.
 Concluindo, a política de comércio exterior não foi tão liberal que evitasse surtos de
industrialização nem tão protecionista que a alavancasse de forma sustentada.
 A tese dos liberais, junto com os interesses agrícolas economicamente hegemônicos,
triunfou a partir de 1860.
o Antinacionais: respaldavam em nível de Estado as pressões de comerciantes e
diplomatas estrangeiros.
o Alienados: importavam as doutrinas econômicas criadas nas matrizes do
capitalismo industrial.
o Fé inquebrantável no poder sobrenatural da ciência econômica.
 “O fracasso do projeto de 1844 deveu-se sobretudo ao abandono daquelas metas por
homens de Estado, que tinha perfeitas condições de atrelar-lhes a nação e o
estrangeiro, mas não quiseram fazê-lo”.

O fornecimento externo de mão de obra


 A expansão da economia agrícola de exportação, a interiorização econômica e a
modernização estavam, no século XIX, condicionadas ao fornecimento externo de
mão de obra.
 Por conta disso, “não poderia cessar o tráfico de escravos” enquanto a imigração livre
não fosse iniciada.
 A imigração livre era uma meta desde o período da Independência, mas a falta de
êxito adiou a cessação do tráfico de 1850 e prejudicou as relações com a Inglaterra

O tráfico de escravos e o conflito com a Inglaterra


 Duas grandes fases:
o Da independência até 1845: cooperação difícil, de pressões e decisões entre
1826 e 1831 e de fracasso posterior.
o A partir de 1845: ruptura e conflito, marcado pela ação inglesa unilateral
ineficiente e violenta e ação unilateral brasileira eficiente, assim como as
sequelas nos anos seguintes.
 Devemos analisar os seguintes aspectos:
o Ruptura de 1845 e seus efeitos imediatos.
o A dimensão internacional da questão.
o Fluxo do tráfico.
o As decisões nacionais.
o As sequelas do conflito com a Inglaterra.
 1845: cooperação bilateral é interrompida em matéria de repressão tráfico.
o Ingleses insatisfeitos com a continuidade do tráfico.
o Brasil protestava contra os julgamentos de Serra Leoa, em grande parte
unilaterais, exigia revisão das sentenças, indenizações pelos abusos da
repressão e acesso ao mercado.
 O tráfico tinha contra si as leis, as lideranças políticas e os ingleses; a seu favor, os
lucros da operação e o apoio das lideranças locais e dos fazendeiros.
 Brasil se negou a renovar o tratado de comércio de 1827, extinguiu a
extraterritorialidade e os privilégios ingleses, efetivou a cessação da convenção sobre
o tráfico de 1826 e das comissões mistas de Serra Leoa e Rio de Janeiro.
o “A ruptura foi uma decisão brasileira, nacionalista e corajosa”.
 1845: Aberdeen aprova a lei que autorizava o apresamento e o julgamento, pelo
almirantado britânico, dos navios brasileiros destinados ao tráfico.
 Efeitos da ruptura sobre o Brasil:
o Supressão de todas as negociações com a Inglaterra.
o Incremento da repressão britânica pelo uso da força.
o Vontade, contida, de resistir pela força e impor retaliações comerciais.
o Protesto e hostilidade generalizada contra os ingleses.
o Inviabilidade da cooperação bilateral.
o Dificuldade de ação decisiva brasileira, interpretada pelos partidos como
subserviência.
o Incremento do tráfico de escravos.
 Houve protestos da Chancelaria, Parlamento e Conselho de Estado, estendendo-se à:
o Ordem jurídica: a Inglaterra não poderia aplicar leis internas a cidadãos
estrangeiros.
o Ordem política: era um atentado à soberania e à propriedade.
o Ordem econômica: confronto entre escravismo brasileiro e colonialismo
inglês.
o Ordem diplomática: a lei violava o direito internacional e correspondia à
imposição da vontade do mais forte por métodos violentos).
 O fluxo máximo de escravos foi entre 1846 e 1859, sob a vigilância da Lei Aberdeen.
 A decisão brasileira de extinguir o tráfico em 1850 se explica por razões internas e
cálculos de política externa:
o Razões sociais e humanitárias.
o Dissipar o contencioso com a Inglaterra, que parecia evoluir ao conflito
armado.
o Viabilizar seus planos de intervenção contra Rosas, que tinha apoio do
representante britânico em Buenos Aires.
o Eliminar o principal obstáculo à implementação da imigração livre.
 Essa decisão era viável por conta da mudança da opinião pública e do fortalecimento
do Estado.
 Mesmo com a extinção do tráfico, ainda haviam ressentimentos.
 Questão Christie em 1860: diplomacia do porrete.
o 1863: governo brasileiro rompe relações diplomáticas e retira seu representante
em Londres.
 A diplomacia brasileira agiu, nesse período, de forma direta – negociando e protelando
– e de forma indireta – atingindo objetivos econômicos e políticos nos bastidores
devido às conexões e os meios financeiros.

A política migratória
 Maior período de imigração livre: 1880 e 1889.
 A política de imigração não teve direção segura, modelo definido e amparo legal
adequado.
 A imigração será feita pela iniciativa de províncias, as quais o governo central dava
apoio moral, poucos subsídios e o empenho da diplomacia.
 Métodos de imigração:
o Contratar tropas europeias para esmagar revoltas regionais e convertê-las em
núcleos coloniais.
 Propostas derrubadas pela Câmara.
o Atrair imigrante e os direcionar para a formação de colônias autônomas, sob o
regime de propriedade particular, onde era proibido o trabalho escravo.
 Existiram alguns casos esparsos e significativos.
o Introduzir imigrantes no sistema de parceira nas fazendas de café, em
substituição ao trabalho escravo, com o qual coexistiam.
 Sucesso da experiência pioneira de Vergueiro, que atraiu cerca de 60
mil imigrantes a partir dos anos 1840.
o Contratar serviços de imigrantes nas lavouras, impelindo a substituição do
trabalho escravo pelo assalariado.
 Dessa forma foi o início da grande corrente migratória para o cultivo do
café no oeste paulista.
 Dificuldades que o Brasil encontrava ao tentar facilitar a coleta de imigrantes:
o Imagem de sociedade escravocrata e de um país inóspito.
o Tipo de atividade a que se destinaria o imigrante.
o Poderosas campanhas de difamação promovidas por companhias que
incentivavam a imigração para os EUA e colônias europeias.
o Investigações de agentes oficiais sobre as condições de vida dos seus colonos.
o Proibições esporádicas da emigração para o Brasil por parte dos governos
europeus.
 Era necessário liberalizar ainda mais as instituições monárquicas em direção a uma
sociedade pluralista, permitindo a liberdade de culto, casamentos protestantes e
mistos, divórcio, secularização de cemitérios, registro civil e revogar a lei dos
contratos de serviço, que introduzia uma espécie de semi-escravidão nas relações
sociais.

As posses territoriais ou a intransigência negociada (p.95)


A política brasileira de limites
 Constatações iniciais do autor:
o A experiência brasileira é uma das experiências históricas mais significativas
em termos comparativos, tendo em vista os 16 mil km de fronteira com dez
Estados limítrofes.
o Em 1882 o Brasil herdou “uma situação de facto confortável, de jure delicada.
o A expansão de fronteiras se deu no período colonial, cedendo os textos
jurídicos diante dos fatos.
o Não houve preocupação política nem doutrina de limites definida para orientar
de forma decisiva a ação brasileira até meados do século XIX.
o O método da história comparada, associando fronteira, sociedade, cultura e
política não foi desenvolvido pela historiografia latino-americana.
 As condições que permitiram gerar do espírito de fronteira as diretrizes da formação
social, cultural e política dos Estados Unidos não existiam na América Latina, onde
não foi construído um mito de fronteira.
 Na América Latina também não existia o sentimento nacional que influenciou a
recomposição do mapa político europeu em 1815.
 O conceito-chave cultural do caso brasileiro corresponde à ideia de
nacionalidade.
 O caso dos EUA foi produzido por pressões demográficas, econômicas e psicológicas
inseridas no “destino manifesto”.
o A nacionalidade norte-americana era extrovertida, aberta ao longínquo, ao
desconhecido, ao não possuído. Além disso, era uma nacionalidade de
insuficiência congênita e de conquista de novos espaços.
 O caso argentino, no século XIX, apresenta uma crise de identidade nacional causada
por um conjunto de fatores, como a independência dos Estados vizinhos, o conflito
entre B. Aires e o interior, a confusão entre a identidade argentina e os antigos limites
do Vice-Reino do Prata.
 A ideia de nacionalidade brasileira se consolida desde o Segundo Reinado, sendo
construída com base na herança portuguesa, um legado histórico e foi sustentada
pelo Estado monárquico.
o Cria-se o mito da grandeza nacional.
o A nacionalidade brasileira era introvertida, de suficiência congênita, voltada
para si, amparada na vastidão do espaço e na abundância de recursos.
 A política de limites, era, portanto, de preservação, da defesa intransigente do legado,
do uti possidetis.
 Ao substituir o mito de fronteira do mito pelo da grandeza nacional, reduziu-se o
problema da fronteira ao problema político-jurídico dos limites.
 O processo da definição de limites se divide em quatro fases:
o O ato da vontade liberal, através do qual dois Estados aceitam regular suas
fronteiras e, para isso, nomeiam seus plenipotenciários.
 Supõe uma doutrina de limites e uma vontade política conjugada.
o As negociações, geralmente árduas e prolongadas.
 Supõem a existência de estudos jurídicos e geográficos, de textos de
tratados e mapas regionais.
o O tratado de limites resultante da fase anterior e que deverá ser devolvida aos
Estados para a decisão.
o Demarcação do terreno, feita por comissões mistas.
 Variáveis condicionantes da política brasileira de limites no século XIX:
o Consolidação prévia do Estado nacional.
o Tardio despertar da consciência pública sobre o problema.
o Ausência de um mito de fronteira, com capacidade de determinação sobre a
política.
o Percepção do significado da fronteira no quadro da ideia de nacionalidade,
nutrida pelo mito da grandeza legada.
o Redução da questão à sua dimensão jurídico-política.
o Elaboração de uma doutrina que vinculasse coerentemente os limites àquela
ideia de nacionalidade.
o Pouca interferência do sistema produtivo, que se expandia voltando para dentro
(açúcar, café) ou preservando a ocupação anterior (gado, mineração, borracha).
 Até 1838 os limites não estavam entre as maiores preocupações da diplomacia
brasileira.
 Houve uma gradativa tomada de consciência diante da questão de limites, cuja
gravidade era percebida à medida que se multiplicavam os incidentes de fronteira –
como a guerra do Rio Grande do Sul, agitações no Uruguai, tropas francesas
invadiram o território brasileiro pelo Oiapoque.
o Esses acontecimentos traziam a questão dos limites ao primeiro plano das
preocupações e induziam à convicção de que a manutenção da paz com os
vizinhos passava pela sua solução.
 O Estado brasileiro utilizou pela primeira vez a doutrina do uti possidetis no
tratado de 1841 com o Peru.
 Duarte da Ponte Ribeiro foi o diplomata brasileiro de maior responsabilidade na
origem na doutrina do uti possidetis e no consequente abandono dos tratados
coloniais.
 A política externa brasileira se fortaleceu com a obtenção da autonomia alfandegária
em 1844, ano no qual o visconde do Uruguai se tornou Ministro dos Negócios
Estrangeiros, quebrando a tendência de tradição neutralista.
 Visconde de Uruguai desencadeou a “grande política americanista”:
o Po meio de tratados de limites, comércio, navegação, paz e amizade pretendia-
se estreitar os vínculos com as nações vizinhas.
o Decisão de consolidar, tornar pública e implementar uma política de limites.
o Formulou, em definitivo, uma doutrina de limites, que seria mantida intacta até
o final do Império: a doutrina do uti possidetis, já desenvolvida e sustentada
pelos portugueses no período colonial.
 Iniciativas, definição doutrinal e primeiros resultados marcaram os anos de 1851-
1853.
 Na visão do Visconde de Uruguai, três elementos aumentavam o grau de dificuldades
das negociações dos limites:
o O tempo, como complicador.
o As pretensões incompatíveis com a outra parte.
o A tendência à penetração em território brasileiro de populações vizinhas,
enquanto as populações brasileiras retornavam ao litoral.
 As circunstâncias tornavam necessária a definição de uma política clara, fundada
numa doutrina simples, que se pudesse sustentar pela argumentação e implementar
pela ação diplomática.
 Os Estados vizinhos vão aceitar a doutrina do uti possidetis, com exceção da
Argentina e Colômbia.
o Argentina: primeiro aceitou, depois recuou e apelou aos tratados coloniais para
o ajuste da zona de Palmas.
o Colômbia: procurava validar os tratados coloniais.
 Embora a política fosse estabelecida com clareza, ela deveria ser modificada de acordo
com as necessidades da prática diplomática.
o Corolários que deram flexibilidade e operacionalidade.
o “O reconhecimento desta fronteira funda-se nos mesmos princípios adotados
pelo governo imperial para o ajuste de limites com as outras Repúblicas
vizinhas:
1. Uti possidetis.
2. Estipulações celebradas entre as coroas de Portugal e Espanha, nos pontos
que elas não contrariam os fatos de possessão e esclarecem as dúvidas
resultantes da falta de ocupação efetiva”.
 A rigidez do uti possidetis poderia ceder ante a benefícios mútuos, mediante a troca, a
cessão ou a transação de territórios, tendo em vista obter fronteiras “mais naturais e
convenientes”, acesso a vias navegáveis e rotas comerciais.
 Os documentos da Chancelaria raramente apresentam argumentos a favor do utis
possidetis, já que era considerado supérfluo e desnecessário a sua defesa.
o Acreditava que ela correspondia ao interesse nacional.
 O autor acredita que as determinações histórico-culturais ajudam a compreender a
falta de textos justificativos.
o O utis possidetis é um subproduto da ideia brasileira de nacionalidade, que
incorporava o legado e o mito de grandeza e, por conta disso, não carecia de
fundamentação.
 A escolha da negociação diplomática como norma de procedimento ajudou a
flexibilizar e viabilizar a política de limites.
o A negociação bilateral foi uma exigência estratégica para manter o Brasil em
posição de força e impedir a criação de uma força correspondente que
vinculasse um grupo de Estados vizinhos.
 Resumindo, a política brasileira de limites se definiu de tal forma:
o Hesitações doutrinais até metade do século.
o Definição do uti possidetis como doutrina pública, coerentemente mantida de
1851-1889.
o Implementação dela através da negociação bilateral.
o Exclusão do arbitramento, a não ser em casos extremos.
o Determinação ocasional de corolários à doutrina:
 Referência aos tratados coloniais na falta de ocupação efetiva.
 Ocupação colonial prolongada à independência como geradora de
direito.
 Permuta, cessão ou transação de territórios em favor da fronteira mais
natural e dos interesses do comércio e da navegação.
 Defesa intransigente e unilateral do uti possidetis.
 O Parlamento acompanhou a política de limites de forma insistente e intensa.
o Suas visões davam à diretriz uma dimensão mais política, já que o Parlamento
filtrava a questão pelo ângulo da paz e do bom entendimento com os povos
vizinhos.
o Contribuiu para o amadurecimento da consciência pública sobre a gravidade da
questão.
o Como era sensível ao interesse nacional, as vezes criticava a rigidez doutrinal
da Chancelaria.
 Reações dos Estados:
o Posição dos governos:
 Apoiavam o uti possidetis.
 Somente a Colômbia sustentou durante todo o século XIX uma posição
firme e coerente em defesa do uti possidetis juris, com consciência de
estar isolada em termos de política de limites.
o Posição dos congressos:
o Posição dos escritores:
 A doutrina do uti possidetis serviu à expansão das fronteiras brasileiras.
 Na visão do autor a posição não encontra apoio nos fatos nem na teoria.
 O exame dos documentos brasileiros mostra a escolha do uti possidetis
como uma eliminação da conquista e outras formas de ampliar o
território.
 Eles acreditavam no utis possidetis juris, ou seja, deveriam ser
respeitados os títulos jurídicos emanados do soberano espanhol.
 A doutrina brasileira do uti possidetis, definida à época da monarquia, serviu de base
para a política de limites, implementada pela própria monarquia e depois pelo Barão
de Rio Branco, cedendo ao arbitramento apenas nos casos de extremo fracasso da ação
diplomática.
 Política flexível, a sua insistência numa negociação bilateral obteve a aceitação da
doutrina pela maioria dos Estados limítrofes.
o Pôs fim ao expansionismo do período colonial, preservando, porém, a obra dos
colonizadores.
 A doutrina do uti possidetis assentou-se em firme base histórico-cultural, em que
prevaleceu a ideia de nacionalidade.
 O suporte da opinião pública e o seu caráter de defesa dos direitos do posseiro garantiu
seu triunfo.
 Principal significado/resultado da política de limites: eliminação da causa das tensões
e conflitos entre as nações do continente e o Brasil, abrindo o caminho da paz e da
cooperação.
o A negociação aumentava o intercâmbio bilateral.
 A política de limites do século XIX representou mis um aspecto da política externa
própria e auto formulada.
o Mas a fronteira não era o interesse e esforço maiores da diplomacia no século
XIX.

A defesa da Amazônia e o conflito com os EUA

O controle do Prata
Da hesitação à intervenção
A presença brasileira e seus fins
O retorno às soluções de força (1864)
Um balanço dos resultados

Distensão e universalismo: a política externa ao final do Império


Negociando as pendências externas
Dom Pedro II e sua diplomacia de prestígio
As relações entre o Brasil e os EUA e o pan-americanismo
Conclusão: A política exterior do Império

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