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As precondições
Causas:
o Crise do antigo sistema colonial.
o Revoltas separatistas.
o Ideais libertários e liberais presentes no Ocidente no século XVII.
o Transferência da corte em 1808.
Causas imediatas:
o Retorno de D. João VI à Portugal.
o Instituição da regência brasileira confiada à Pedro.
o Revolução liberal portuguesa de 1820 e suas tentativas de
reestabelecimento do regime colonial.
O rompimento possui três dimensões:
o Político-jurídica:
Convocação da Constituinte, anistia para as passdas dissensões
políticas, a exclusão dos portugueses dos cargos no Brasil, confisco
dos bens de portugueses que não aderiram a Independência,
expulsão das tropas portuguesas e proibição do comércio bilateral e
a criação do corpo diplomático brasileiro.
Entre 1822 e 1823 foram destruídos, gradativamente, os vínculos
político-jurídicos e as relações do antigo sistema colonial entre
Brasil e Portugal.
o Militar:
Guerra da Independência era inevitável devido à presença de tropas
portuguesas.
Houve pressão na Bahia, no Maranhão, no Piauí e no Pará.
Plano português de reconquista envolvia a união do Norte do
Brasil à Portugal.
Plano português envolvia a criação do exército e marinhas
nacionais, recrutamento e treinamento, contratação de oficiais
estrangeiros e compra de armas.
“A independência foi obviamente uma conquista das armas
nacionais. Foi financiada com recursos internos.”
Efeitos diretos da guerra:
Consolidação da soberania.
União das províncias.
Substituição de governos coloniais por assembleias
brasileiras.
Confisco das propriedades portuguesas.
Adesão nacional à pessoa de D. Pedro, mas depois
diminuiu o seu prestígio popular quando foi divulgado o
pagamento de 2 milhões esterlinos e a condição humilhante
da negociação.
o Diplomática:
As primeiras diretrizes são definidas pelo Manifesto às Nações
Amigas de 1822, escrito por Bonifácio, pelas instruções dadas aos
negociadores brasileiros e o bloco de tratados firmados entre 1825
e 1828.
No primeiro momento Bonifácio visava uma soberania moderada,
mantendo a união das Coroas.
Mesmo com a instabilidade interna houve a permanência de uma
orientação externa: a disposição de ceder favores e benefícios para
apressar o reconhecimento.
1º momento das negociações (1822-1824):
GB tinha como condição a abolição do tráfico de escravos.
Quando Canning assimilou o Manifesto, a política do Brasil
já havia mudado para uma separação absoluta.
Novas condições: Brasil deveria aceitar a mediação e
manter em vigor o tratado de comércio de 1810, enquanto
Portugal deveria ceder o reconhecimento por ato próprio e
aceitar o enviado britânico como plenipotenciário.
2º momento (1825):
Inicialmente o mediador português defendeu os interesses
portugueses, depois passou a defender os interesses
ingleses até a conclusão do tratado de 1825, pela qual o
Brasil obteve o reconhecimento inglês.
Brasil aceitou a associação de D. João ao título imperial,
uma independência outorgada livremente por Portugal,
prometeu não se unir as colônias portuguesas na África e
pagou 2 milhões de esterlinos.
O tratado de 29 de agosto de 1825 foi o primeiro fracasso
formal da diplomacia brasileiro: “trouxe benefícios a uma
das partes, mesmo considerando o comércio bilateral,
indispensável só para os portugueses”.
O rompimento possui duas fases:
o 1. Nacionalista, liderada por José Bonifácio.
o 2. Contrarrevolucionária, a partir da queda de Bonifácio em 1823 e a
dissolução da Assembleia Nacional Constituinte.
O enquadramento Brasil-Inglaterra
A ampliação do sistema
As disposições do governo na política de reconhecimento eram universais.
O governo inglês tomou duas medidas para restringir a benevolência brasileira na
formulação de relações com outros países:
o Prorrogação dos tratados de 1810 até a conclusão de novos.
o Estipulou, pelo tratado de 1827, que os produtos de nenhuma nação
pagariam menos direitos do que aqueles provenientes da Inglaterra e de
Portugual.
1826: França.
1827: Áustria, Prússia, Cidades Hanseáticas, Inglaterra.
1828: Dinamarca, Países Baixos, EUA.
Conclui-se, então, o sistema de tratados.
Uma das primeiras medidas contra esse sistema de privilégios foi a lei de 24 de
setembro de 1828, pela qual o Parlamento estabeleceu a igualização dos direitos
de todos os produtos importados, independentemente da procedência.
Por meio dessa lei buscou-se eliminar o monopólio, estabelecer a concorrência
externa, destruir o privilégio comercial e reparar a injustiça contra as nações
americanas.
“Era a universalização do sistema de tratados desiguais, abrindo-se o Brasil à
concorrência do capitalismo industrial, de forma completa e perfeita, com o
sacrifício dos instrumentos internos de defesa”.
As aberturas periféricas
Os efeitos do americanismo foram quase nulos.
o As suas principais correntes foram o bolivarismo e o monroísmo.
o Porém houve uma versão brasileira do americanismo.
Americanismo brasileiro foi um ideário prático e preciso que emergiu em dois
momentos por motivações concretas:
o Iniciativa de José Bonifácio em 1822-1823 caracterizada pelo
sentimento de unidade continental e pela consciência de compartilhar
com a região as instituições liberais.
o Aproximação para a defesa comum do continente e promoção de
comércio.
o Busca de aliança com o Prata em 1822 e com os EUA em 1824.
o O segundo momento foi protagonizado pelo Parlamento, a partir de
1828, contra o sistema de vinculações europeias estabelecidas pelos
tratados desiguais, aplicando a tarifa igualizadora de 1828.
Bolivarismo era um projeto mais idealista, que acreditava na construção do
sistema americano como modelo universal.
o América unida, livre, independente e diferente.
o Congresso do Panamá (1826) tinha o objetivo de criar um
ordenamento jurídico supranacional que unificasse a conduta externa e
garantisse o entendimento das nações americanas.
o Congresso foi um fracasso, não contando com a presença dos
representantes dos EUA, Brasil e Argentina.
O monroísmo não tinha essa ambição, se limitando a uma declaração de
intenções.
o Norte-americanos não interviriam em questões europeias e os poderes
europeus não deveria interferir nos países americanos.
No final, os ingleses saíram ganhando: não havia qualquer possibilidade de
liga americana e o continente americano se tornava vulnerável à concorrência
e influência política.
Os EUA tinham uma política quase contínua:
o Não se envolve no conflito entre metrópoles e colônias.
o Manter a neutralidade nas guerras de independência.
o Apenas reconhecer a independência após o fato consumado.
o Dissuadir a reconquista europeia pelas tomadas de decisão políticas.
o Apoiar o “sistema americano” e os interesses do comércio pela
diplomacia e presença de uma esquadra.
o Buscar facilidades de comércio por tratado que neutralizassem os
privilégios britânicos.
As relações Brasil-EUA não tinham um tipo especial, mas não eram
orientadas para o conflito.
As relações do Brasil com as colônias portuguesas na África eram maiores do
que dessas com o Império Português, havendo vínculos sociais, culturais e
humanos e as elites tendo interesse em desconectar-se de Portugal.
o A sua aproximação foi destruída pelo distanciamento político imposto
por Portugal e Inglaterra no tratado de paz de 1825.
Relações com o Paraguai.
o D. João defendeu a independência paraguaia no contexto da ambição
argentina de construir um grande Estado no Prata.
o As relações originais não correspondiam a uma política de boa
vizinhança, porque eram ditadas por interesses estratégicos concretos.
Administrando o imobilismo
O projeto da política externa da Independência apresentou grandes iniciativas
externas que resultaram, paradoxalmente, no bloqueio da ação possível pelo Estado
brasileiro.
Em 1828 estava montado o sistema de tratados desiguais.
Contradição fundamental:
o A PEB se movia de acordo com as regras do jogo e, portanto, era
predeterminada e não autônoma. A dependência era administrada sob a
vigilância externa.
o Por outro lado, havia uma reação lenta, vigorosa no plano do discurso crítico e
de poucos resultados concretos, porque a margem de ação era estreita e
limitada. Porém, essa linha segura e contínua preparava a fase de autonomia
da política externa que iria iniciar-se em 1844.
A reação no discurso
Estamos falando do período de transição entre a política de submissão e de erros de
cálculo da época da Independência e a política de afirmação nacional, que se inicia em
1844.
Mesmo havendo um bloqueio deliberado ou imposto pelas forças externas às ações do
Estado brasileiro, o discurso flui livremente.
O pensamento político, veiculado pelo discurso, tem como marca a avaliação crítica
da política externa.
o Está presente na Câmara dos Deputados, no Gabinete, no Senado e no
Conselho de Estado.
Esse pensamento político crítico causou:
o Estabeleceu o consenso refletido dos órgãos do Estado e partidos em torno da
política externa.
o Fez uma nova leitura do interesse nacional, ampliada e objetiva, visando à
elaboração de um projeto brasileiro de política externa.
o Despertou a vontade de auto formulação da política externa.
o Criou, pela coesão alcançada, uma das condições de política de potência.
o Restabeleceu a unidade do Estado, que se havia separado ante a política
externa na época da Independência.
Conquistas são lentas mas serão influentes e visíveis na fase seguinte. Elas criam as
condições para a fase seguinte, que será de afirmação nacional:
o Destruir o sistema de tratados e obstar a sua renovação.
o Eliminar privilégios dos súditos estrangeiros.
o Obter autonomia alfandegária, da política comercial e de navegação.
o Submeter à política externa ao controle conjugado de diversos órgãos do
Estado.
o Eliminar influência externa sobre o processo decisório.
A própria chancelaria seguia essa tendência.
o O Relatório da Repartição dos Negócios Exteriores, de 1831, é antiinglês e
qualificava a Inglaterra como “a mais exigente das nações amigas”. Além
disso, reduziu as legações e consulados na Europa e ampliou na América.
Carneiro de Campos se opunha à chegada de novos tratados e a renovação dos antigos,
resumindo o pensamento público:
o Os economistas desaconselhavam.
o A Assembleia se opunha.
o A funesta experiência que se tem feito com os tratados existentes, nos quais os
interesses do Império eram sacrificados por um princípio mágico de uma
reciprocidade ilusória.
o Os tratados foram usados contra nós e nunca foram favoráveis.
o É um sistema cujo fim devemos esperar para nunca mais repeti-lo.
Em 1842, dos tratados do Primeiro Reinado só restava o tratado inglês, prorrogado por
dois anos porque os ingleses usavam o pretexto de denúncia não feita em tempo hábil.
O discurso político reivindicava a ruptura com o sistema de relações exteriores
implantado à época da Independência e o reordenamento da política externa em
função de diretrizes radicalmente distintas.
Esse pensamento político preparava o terreno para mudanças.
Acreditava-se que só depois de 1843, com o fim do sistema de tratados desiguais, a
política exterior estaria em condições de tornar viável um projeto nacional.
A política migratória
Maior período de imigração livre: 1880 e 1889.
A política de imigração não teve direção segura, modelo definido e amparo legal
adequado.
A imigração será feita pela iniciativa de províncias, as quais o governo central dava
apoio moral, poucos subsídios e o empenho da diplomacia.
Métodos de imigração:
o Contratar tropas europeias para esmagar revoltas regionais e convertê-las em
núcleos coloniais.
Propostas derrubadas pela Câmara.
o Atrair imigrante e os direcionar para a formação de colônias autônomas, sob o
regime de propriedade particular, onde era proibido o trabalho escravo.
Existiram alguns casos esparsos e significativos.
o Introduzir imigrantes no sistema de parceira nas fazendas de café, em
substituição ao trabalho escravo, com o qual coexistiam.
Sucesso da experiência pioneira de Vergueiro, que atraiu cerca de 60
mil imigrantes a partir dos anos 1840.
o Contratar serviços de imigrantes nas lavouras, impelindo a substituição do
trabalho escravo pelo assalariado.
Dessa forma foi o início da grande corrente migratória para o cultivo do
café no oeste paulista.
Dificuldades que o Brasil encontrava ao tentar facilitar a coleta de imigrantes:
o Imagem de sociedade escravocrata e de um país inóspito.
o Tipo de atividade a que se destinaria o imigrante.
o Poderosas campanhas de difamação promovidas por companhias que
incentivavam a imigração para os EUA e colônias europeias.
o Investigações de agentes oficiais sobre as condições de vida dos seus colonos.
o Proibições esporádicas da emigração para o Brasil por parte dos governos
europeus.
Era necessário liberalizar ainda mais as instituições monárquicas em direção a uma
sociedade pluralista, permitindo a liberdade de culto, casamentos protestantes e
mistos, divórcio, secularização de cemitérios, registro civil e revogar a lei dos
contratos de serviço, que introduzia uma espécie de semi-escravidão nas relações
sociais.
O controle do Prata
Da hesitação à intervenção
A presença brasileira e seus fins
O retorno às soluções de força (1864)
Um balanço dos resultados