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PANORAMA
DO MERCADO
SEGURADOR
Panorama
DO MERCADO
SEGURADOR
ÍNDICE
ÍNDICE 07
EDITORIAL /08
03
ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL E FINANCEIRO /43
TRANSPOSIÇÃO DA DIRETIVA SOLVÊNCIA II /44
SOLVÊNCIA II /46
REFORMA DO IRS /48
CONTRIBUIÇÃO PARA O INEM /49
FOREIGN ACCOUNTS TAX COMPLIANCE ACT (FATCA) /50
REQUISITOS DE FATURAÇÃO DAS SEGURADORAS PARA EFEITOS FISCAIS /51
COMBATE AO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS /53
Este crescimento foi sustentado, essencialmente, pela O setor foi também afetado por alterações de fundo na
expansão dos produtos de poupança do ramo Vida, com propriedade de dois dos seus maiores operadores, sendo
destaque para os PPR (+58,5%), que beneficiaram de um que com estas duas operações, um conjunto significativo
quadro de reforço global das poupanças individuais e, si- e representativo de entidades reforçou o universo de se-
multaneamente, de grande instabilidade e incerteza dos guradoras sob controlo acionista estrangeiro, que é agora
mercados financeiros. No segmento Não Vida, muito de- claramente predominante no nosso mercado.
pendente da atividade económica, ao contrário, foi muito
ligeiro o decréscimo do volume de prémios, cerca 0,2%, Todavia, julgo poder afirmar que estas condições adver-
tendo a sua evolução sido até marginalmente positiva em sas encontraram um setor preparado, dado que as mani-
termos reais, o que acontece pela primeira vez nos últi- festações de crise nos anos transatos tinham já suscitado
mos 10 anos e parece anunciar uma inversão desta longa algumas alterações orgânicas no negócio e inspirado ou-
fase descendente do seu ciclo da produção. tras que, entretanto, foram implementadas.
Simultaneamente, a referida conjuntura impulsionou a si- É, assim, essencial que o setor não se desvie da aposta na
nistralidade nalguns ramos mais expostos à dinâmica da eficiência e modernização das suas organizações, quer
atividade económica, entre os quais o de Acidentes de no que respeita à gestão dos riscos, quer à gestão ope-
Trabalho e o de Automóvel, que enfrentaram agravamen- racional e administrativa, que é um indispensável suporte
tos muito expressivos da taxa de sinistralidade e do rácio a essa atividade principal. Sobretudo, deve estar atento
combinado, afetando no mesmo sentido o conjunto do às necessidades dos cidadãos em matéria de segurança
segmento Não Vida, e sem eventos climatéricos com a pessoal e patrimonial, oferecendo soluções inovadoras,
gravidade dos testemunhados no ano anterior. credíveis e a preços equilibrados.
De um modo geral, esta conjuntura terá ditado uma re- As circunstâncias atuais são, pois, muito sensíveis, mas
dução significativa do resultado líquido do setor em 2014. o setor segurador está empenhado em contribuir ativa-
No segmento Vida, o resultado terá caído para cerca de mente para a construção conjunta do futuro, para o vigor
metade do verificado no ano anterior, enquanto no seg- e sustentabilidade da economia e o progresso do nosso
mento Não Vida se manteve em níveis manifestamente país, com o compromisso e a missão de proteger os bens,
insuficientes, penalizado pelo reconhecido desequilíbrio a saúde, a família e os negócios.
das condições de exploração dos seguros de Acidentes
de Trabalho e, em menor escala, de Automóvel. Esta exigente conjuntura vai resultar, por certo, em novas
preocupações e novos desafios, que a APS, pela sua parte,
No plano legislativo, a Autoridade de Supervisão de Se- não deixará de acompanhar.
guros e Fundos de Pensões divulgou publicamente em
2014, o seu projeto de transposição da Diretiva Solvência
II (de nível 1), que veio alterar profundamente, e muito
para além dos requisitos de solvência, o regime de acesso
e exercício da atividade seguradora. Foi um projeto segui- Pedro Seixas Vale
do com especial atenção e preocupação. Presidente do Conselho de Direção
ÍNDICE 10
ÍNDICE 11
O SETOR SEGURADOR
EM GRANDES NÚMEROS
EVOLUÇÃO DA ATIVIDADE EM 2014 E PERSPETIVAS PARA 2015 /12
SEGUROS E SOCIEDADE /24
RECURSOS HUMANOS /29
ÍNDICE 01 / O SETOR SEGURADOR EM GRANDES NÚMEROS 12
/ GRANDES AGREGADOS
2012 2013 2014 +13/12 +14/13
Capitais Próprios / Ativo Líquido 9,4% 9,2% 8,6% -0,2 p.p. -0,6 p.p.
Resultados / Capitais Próprios 10,4% 13,6% 0,2% 3,1 p.p. -13,3 p.p.
U: Milhões de Euros | Fontes: APS - Associação Portuguesa de Seguradores | ASF - Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões | BdP - Banco de Portugal | INE - Instituto Nacional de Estatística
ÍNDICE 01 / O SETOR SEGURADOR EM GRANDES NÚMEROS 13
Reforçou-se o universo
de seguradoras sob controlo
acionista estrangeiro,
que é agora claramente
predominante no nosso
mercado.
O setor segurador foi diretamente envolvido neste processo, desde logo com alterações de
fundo na propriedade (prevalecente) de dois dos seus maiores operadores, transferida de ins-
tituições bancárias nacionais para grandes investidores estrangeiros: o grupo Caixa Seguros e
Saúde, que o Estado, através da Caixa Geral de Depósitos, alienou à empresa chinesa Fosun
(numa operação concluída em maio de 2014); e a Tranquilidade, que o Novo Banco (decorren-
te da reestruturação do BES) alienou à empresa norte-americana Apollo (num acordo concluí-
do já em janeiro de 2015). Com estas duas operações, reforçou-se o universo de seguradoras
sob controlo acionista estrangeiro, que é agora claramente predominante no nosso mercado.
Juntamente com outra operação de dimensão mais pequena e de sentido inverso (a segurado-
ra Macif, adquirida por um grupo português), houve assim uma mudança de controlo acionista
de mais de 30% do mercado segurador português.
Com mais um impulso positivo do ramo Vida (+12,9%), a produção total de seguro direto cres-
ceu novamente a um ritmo elevado em 2014 (+9,1%, para 14,3 mil milhões de euros), recupe-
rando, assim, uma boa parte do volume perdido no período mais complexo da crise financeira
(2011 e 2012). Ora, tal como em 2013, este crescimento foi alimentado pela expansão dos
produtos de poupança do ramo Vida, com destaque para os PPR (+58,5%), que beneficiaram
de um quadro de reforço global das poupanças individuais mas, simultaneamente, de grande
instabilidade e incerteza dos mercados financeiros. E no segmento Não Vida, muito dependen-
te da atividade económica, foi já muito ligeiro o decréscimo do volume de prémios em 2014
(-0,2%), tendo a sua evolução sido até marginalmente positiva em termos reais (deflacionados),
o que aconteceu pela primeira vez nos últimos 10 anos e anunciou a inversão da longa fase
descendente do seu ciclo da produção.
ÍNDICE 01 / O SETOR SEGURADOR EM GRANDES NÚMEROS 14
Simultaneamente, contudo, a referida conjuntura impul- Já em 2015, os dados do primeiro semestre confirmam as
sionou também a sinistralidade nalguns ramos mais ex- referidas tendências no segmento Não Vida, mas apontam
postos à dinâmica da atividade económica, entre os quais para uma inversão do perfil de crescimento do segmento
o de Acidentes de Trabalho e o de Automóvel. Ambos Vida. No Não Vida, com fortes impulsos dos seguros de
enfrentaram agravamentos muito expressivos da taxa de Acidentes de Trabalho (7,3%) e Doença (6,3%), o volume
sinistralidade e do rácio combinado, afetando no mesmo de prémios assumia já uma trajetória crescente (2,7%),
sentido o conjunto do segmento Não Vida, mesmo sem ainda que acompanhada por uma evolução semelhante
eventos climatéricos com a gravidade dos testemunhados dos custos com sinistros (2,1%). No Vida, foi interrompi-
no ano anterior. do o crescimento do volume de prémios e contribuições
(-6,5%), o que se prenderá com uma natural adequação
Numa perspetiva financeira, a tendência de contenção das das garantias oferecidas ao atual contexto de baixas taxas
yields da dívida pública portuguesa (e não só), ao valorizar de juro de longo prazo e às exigências regulatórias que se
a carteira existente, influenciou positivamente os resulta- avolumam, que tende a privilegiar a comercialização de
dos e os capitais próprios do setor. Em sentido contrário, seguros ligados a fundos de investimento, onde a concor-
porém, a crise do BES determinou o registo de imparidades rência é naturalmente maior.
nas contas de algumas seguradoras que, sem abalar a so-
lidez financeira do setor, não deixaram de condicionar os No plano legislativo, não se registaram alterações relevan-
seus resultados. tes na área seguradora, mesmo no seguro de Acidentes
de Trabalho onde se justificaria e é até premente, pelo que
No cômputo geral, esta conjuntura ditou uma redução sig- o destaque vai naturalmente para projeto de transposição
nificativa do resultado líquido do setor em 2014. No seg- da Diretiva Solvência II (de nível 1), que alterará profunda-
mento Vida, o resultado terá caído para cerca de metade mente, e muito para além dos requisitos de solvência, o
do do ano anterior, enquanto no segmento Não Vida se regime de acesso e exercício da atividade seguradora (en-
manteve em níveis manifestamente insuficientes, pena- tre outros diplomas). Foi um projeto seguido com especial
lizado pelo reconhecido desequilíbrio das condições de atenção e preocupação, não só pela relevância estrutural
exploração dos seguros de Acidentes de Trabalho e, em que terá quando adotado, mas também porque assume
menor escala, de Automóvel. soluções que mereceriam melhor ponderação, algumas
delas em áreas críticas. Embora ainda não publicado, o di-
São, aliás, sobre estes dois ramos que incidem as maiores ploma foi aprovado na Assembleia da República no início
preocupações atuais do setor segurador no segmento Não do segundo semestre de 2015, já quase no final da presen-
Vida. Ramos onde predominam seguros obrigatórios alta- te legislativa.
mente regulados, mas de forma manifestamente desajustada
e desequilibrada nalgumas matérias. E ramos de massa de No processo de implementação do Solvência II em con-
grande penetração no mercado, onde a concorrência con- creto, o realce em 2014 vai para o desenvolvimento de um
duziu a uma erosão expressiva das tarifas médias, que ficaram novo estudo de impacto quantitativo para o mercado por-
ainda mais exposta com o relançamento da atividade econó- tuguês (o QIS 2014), com resultados que justificam a maior
mica e o consequente agravamento da sinistralidade. atenção do setor segurador. Além de conduzirem a um rá-
ÍNDICE 01 / O SETOR SEGURADOR EM GRANDES NÚMEROS 15
/ PRODUÇÃO
Com mais um impulso positivo do ramo Vida, a produção total Num quadro de reforço global das poupanças individuais
de seguro direto cresceu novamente a um ritmo elevado em mas, simultaneamente, de grande instabilidade e incer-
2014 (+9,1%), ascendendo a 14,3 mil milhões de euros. Desta teza dos mercados financeiros (sobretudo em Portugal),
forma, evoluiu também favoravelmente o nível de penetração destacou-se, acima da de qualquer outro produto, a ex-
dos seguros na economia, seja ele medido pela relação entre pansão dos PPR. Cresceram 58,5%, depois de, no ano an-
os prémios e o PIB (que cresceu de 7,7%, em 2013, para 8,3%), terior, terem já crescido 37,9%, o que elevou o volume de
seja medido pelo volume de prémios per capita (que passou contribuições em 2014 para 2,5 mil milhões de euros (um
de 1.257€ para 1.379€). acréscimo de cerca de 900 milhões de euros face a 2013).
Pelo segundo ano consecutivo, o setor segurador português Num segundo plano surgem os restantes seguros de ca-
recuperou, assim, uma boa parte do nível de produção anual pitalização (nesta estatística agrupados com os produtos
que perdeu no período mais complexo da crise financeira
(2011 e 2012) e aproximou-se dos volumes que alcançou no
final da década passada.
Tal como em 2013, este
crescimento foi alimentado
Tal como em 2013, este crescimento foi alimentado pela ex-
pansão dos produtos de poupança do ramo Vida, que perma-
pela expansão dos produtos
necem no topo das preferências dos aforradores individuais. de poupança do ramo Vida,
De tal forma que o volume total de prémios e contribuições
captados no ramo Vida voltou a superar, em 2014, os 10 mil
que permanecem no topo das
milhões de euros (10,4 mil milhões, um crescimento de 12,9% preferências dos aforradores
face a 2013), sendo, para este segmento, o terceiro melhor
ano de sempre em volume absoluto de produção.
individuais.
de risco do ramo Vida), que cresceram em 2014 de forma (+3,3%) mantendo o padrão de crescimento sustentado
relativamente moderada (+4,3%, de acordo com outras que vem revelando há muito anos e que é bem a expres-
fontes estatísticas da APS), bem como as operações de são da crescente implantação deste seguro na sociedade
capitalização, que perderam expressão na carteira a partir portuguesa. E o sub-ramo Acidentes de Trabalho (+0,9%)
de 2013. que viu, pela primeira vez nos últimos 9 anos, o seu vo-
lume de prémios crescer, provavelmente abaixo da evo-
Numa outra perspetiva, refira-se que os produtos não lução da massa salarial global da economia, mas já sem
ligados a fundos de investimento, que normalmente uma erosão expressiva das tarifas médias, como sucedeu
incorporam garantias de capital e/ou rendimento, no passado recente.
evoluíram de forma mais dinâmica do que os denominados
Unit-Linked (14,9% e 5,3%, respetivamente), o que reflete No ramo Incêndio e Outros Danos, em contraste, acen-
uma compreensível preocupação dos aforradores com tuou-se a queda do volume de prémios (-1,2%), com a
a estabilidade dos seus investimentos, num clima algo contração de todos os seus sub-ramos principais. E
conturbado para o sistema financeiro português. aqui inclui-se naturalmente o sub-ramo de Multirriscos
(-0,3%), cujo decréscimo, ainda que relativamente mar-
Ligeiramente negativa foi a evolução dos prémios dos ginal, é um prolongamento não surpreendente de uma
produtos de risco (-0,5%), numa fase em que abrandou a tendência de abrandamento instalada desde 2010. E in-
concessão de crédito às famílias para compra de habita- clui-se também o seguro Agrícola (-13,7%) que, de forma
ção e outros bens duradouros, vulgarmente acompanha- igualmente expectável, vem perdendo volume de receitas
da por um seguro temporário de Vida. com os constrangimentos inerentes ao sistema de seguro
de colheitas.
A julgar pelos dados do primeiro semestre, o ano 2015
trará, no entanto, mudanças significativas neste quadro No ramo Automóvel o volume de prémios permaneceu
evolutivo do ramo Vida, afetando inclusivamente o seu também em contração em 2014 (-2,0%), embora a um
crescimento global (-6,5% face ao primeiro semestre de ritmo mais moderado do que nos dois anos anteriores.
2014). Na área dos seguros de poupança, e não obstante Com o parque automóvel seguro já em recuperação (es-
o crescimento positivo que ainda mantêm os PPR (2,7%), tima-se que tenha crescido perto de 1,5%), esta contra-
os restantes produtos de capitalização entraram numa ção da produção, que foi mais acentuada na cobertura de
fase descendente, num contexto em que se torna mais Responsabilidade Civil (-2,9%), tem subjacente uma nova
difícil a oferta de garantias atrativas de rendimento, um degradação do prémio médio por veículo, numa altura
dos principais atributos dos seguros financeiros tradicio- em que a sinistralidade rodoviária está já a acompanhar
nais. Daí, também, que sejam já os seguros ligados a fun- em alta o relançamento geral da atividade económica.
dos de investimento aqueles que mais crescem em 2015,
mas num campo onde a concorrência externa é maior. Em todos os ramos de Transportes (Marítimo e Trans-
portes, Aéreo e Mercadorias Transportadas) a evolução
O segmento Não Vida, pelo contrário, permaneceu em dos prémios permaneceu fortemente negativa (-10,3%,
decréscimo em 2014 (-0,2%), numa tendência que decor- -18,5% e -4,6%, respetivamente), mais negativa ainda do
re quase ininterruptamente desde o ano 2008 e que con- que em 2013. Estes ramos não estarão, assim, a aproveitar
traiu, desde então, o respetivo volume anual de prémios a recuperação da economia, que tem até um importante
em mais de 500 milhões de euros (para 3,9 mil milhões). polo dinamizador no comércio externo.
Não obstante, importa realçar que o decréscimo foi já
muito ligeiro em 2014 e que, em termos reais, a evolução O primeiro semestre vem confirmar, genericamente, a
foi mesmo marginalmente positiva, pela primeira vez nos tendência de recuperação do segmento Não Vida (2,7%),
últimos 10 anos, anunciando uma inversão desta longa com crescimentos significativos dos sub-ramos Aciden-
fase descendente do ciclo da produção, que estará real- tes de Trabalho (7,3%) e Doença (6,3%) e um crescimento
mente a concretizar-se em 2015. moderado, mas já positivo, do ramo Automóvel (1,2%).
/ RESULTADOS
Na realidade, a grande maioria das companhias de seguros da amostra (34 em 42, ou seja,
81%) apresenta resultados positivos no exercício de 2014 e metade das companhias (21 das 42)
apresenta mesmo uma evolução positiva no valor do seu resultado líquido face a 2013.
Detalhando um pouco mais a análise do resultado do setor, rapidamente se constata que a sua
evolução desfavorável é, em termos absolutos, quase integralmente justificada pela substancial
deterioração dos resultados da conta técnica Vida e da conta não técnica que, em 2014 e no seu
conjunto, apresentam uma quebra de mais de 645 milhões de euros.
No caso da conta não técnica, onde se registou uma quebra de mais de 223 milhões de euros,
uma parte significativa desta evolução é devida aos fatores conjunturais anteriormente referidos.
Já na conta técnica Vida foi registada uma quebra de quase 422 milhões de euros. No entanto,
ao contrário do exercício anterior, não foram observadas em 2104 operações extraordinárias de
cedência de carteiras de seguros Vida-Risco, que em 2013 contribuíram em cerca de 240 milhões
de euros para o resultado da conta técnica Vida (e em cerca de 180 milhões de euros para o
resultado líquido do setor). Expurgando o efeito destas operações extraordinárias em 2013, a
quebra homóloga absoluta do resultado da conta técnica Vida seria de cerca de 182 milhões de
euros.
Mesmo assim, esta variação não deixa de ser significativa e é, em grande medida, justificada por
uma inferior performance, embora bastante positiva, da componente financeira desta conta
técnica (740 milhões de euros em 2014, contra os 867 registados em 2013).
Embora com uma variação absoluta menos relevante para o resultado agregado setor, o resultado
da conta técnica Não Vida sofreu nova deterioração significativa (-56,9%), situando-se em valores
muito próximos de zero (cerca de 11 milhões de euros).
Trata-se de um facto particularmente preocupante num ano em que, ao contrário de 2013, não
foram observados fenómenos climáticos extremos que dessem origem a perdas técnicas de
montante materialmente relevante. Neste âmbito, cabe destacar, pela negativa, o resultado técnico
observado no ramo “Incêndio e Outros Danos” que, embora registando um resultado positivo,
apresenta um saldo muito próximo de zero (perto de 4 milhões de euros). Mais preocupantes,
porém, foram os resultados técnicos das modalidades de “Acidentes de Trabalho” (-80 milhões
de euros) e “Veículos Terrestres” (-54 milhões de euros), ambos profundamente desequilibrados e
praticamente inalterados face a 2013.
1
Este valor pode não coincidir exatamente com os divulgados pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, por força das metodolo-
gias de extrapolação utilizadas pela APS.
ÍNDICE 01 / O SETOR SEGURADOR EM GRANDES NÚMEROS 20
| 206%
4
201 % 233%
| 213 2 |
201
3 201
| 176%
1
201
%
| 175
0
201
/ RÁCIO DE SOLVÊNCIA
U: Percentagem | Fonte: Mapas ASF (Solvência_ES)
ÍNDICE 01 / O SETOR SEGURADOR EM GRANDES NÚMEROS 22
/ CARTEIRA DE INVESTIMENTOS
Em dezembro de 2014, o valor total da carteira de investi-
mentos do setor observou um assinalável crescimento (2,5
mil milhões de euros) face ao período homólogo de 2013,
ascendendo a cerca de 55,5 mil milhões de euros.
Com isto, a carteira de investimentos afetos ao segmento Vida Por fim, no que respeita ao tipo de ativos, os montantes in-
registou uma significativa variação em termos absolutos (cer- vestidos em obrigações continuam a assumir a maior fatia da
ca de +2,6 mil milhões) face a dezembro de 2013, ou seja, um carteira de investimentos (69,7% do total) tendo mantido pra-
crescimento de 5,9%. À luz das evoluções registadas, quer do ticamente o seu peso global face ao observado no período
lado do ativo, quer do lado do passivo, é sem surpresa que homólogo. Assim, o valor contabilístico total dos investimen-
se constata um ligeiro acréscimo em termos homólogos da tos em obrigações no final de 2014 ascendia a perto de 38,5
taxa de cobertura das responsabilidades do segmento Vida mil milhões de euros, dos quais 19 mil milhões investidos em
(104,3% no final do período em análise, contra 103,8% em de- dívida pública (portuguesa e outra).
zembro de 2013).
SEGUROS E SOCIEDADE
/ Importância do setor
e devolução à sociedade pela sua forte intervenção em áreas de evidente interesse so-
cial, como são a proteção de pessoas e bens e a gestão das
O crescimento da produção de seguro direto em 2014 poupanças dos aforradores. A isto acresce ainda o relevante
gerou uma nova evolução positiva no indicador que mede papel desempenhado pelo setor na promoção do desenvol-
a penetração do setor na economia (rácio de prémios sobre vimento económico, em particular através de financiamen-
Produto Interno Bruto), que ascendeu 8,3% (+0,4 pp do que tos de médio e longo prazo ao Estado e do setor empresarial
em 2013). Uma vez mais, esta evolução é integralmente privado.
alcançada pelo ramo Vida, onde o rácio equivale a 6,1%.
E é graças a uma gestão cuidada e eficiente da sua carteira de
Quanto à importância do setor segurador enquanto investimentos e dos resultados por ela gerados que o sector
investidor institucional, ela pode ser aferida pela dimensão segurador tem a capacidade de devolver anualmente à so-
absoluta e relativa da carteira de investimentos que gere, ciedade a totalidade – ou até mesmo mais – do volume de
nomeadamente em relação a outros intervenientes do setor prémios que recebe dos tomadores de seguros.
financeiro. E daí decorre que os quase 55 mil milhões de
ativos em gestão nas seguradoras representam 32% do PIB Se acrescermos ao valor dos prémios emitidos o montante
e quase 57% da carteira global dos investidos institucionais correspondente ao imposto do selo das apólices e a car-
em Portugal. ga parafiscal associada aos prémios de seguro, chegamos à
conclusão que o custo total suportado pelos tomadores com
No entanto, mais do que a dimensão do negócio, a ativida- contratos de seguro no mercado português, ascendeu, em
de seguradora destaca-se das demais atividades económicas 2014, a cerca de 14,8 mil milhões de euros.
ÍNDICE 01 / O SETOR SEGURADOR EM GRANDES NÚMEROS 25
/ INDICADORES
2012 2013 2014 +13/12 +14/13
Ativos de Investimento / PIB 31,9% 32,0% 32,0% 0,1 p.p. 0,0 p.p.
Prémios S.D. / PIB 6,6% 7,9% 8,3% 1,3 p.p. 0,4 p.p.
Ramo Vida 4,2% 5,6% 6,1% 1,4 p.p. 0,5 p.p.
Ramos Não Vida 2,4% 2,3% 2,2% -0,1 p.p. -0,1 p.p.
Prémios S.D. / Nº Habitantes (Euros) 1.030 1.251 1.378 21,5% 10,2%
Ramo Vida 654 883 1.007 35,0% 14,1%
Ramos Não Vida 376 368 372 -2,1% 0,9%
Fonte: APS, BdP, INE
FIM - Fundos de invest. mobiliário e merc. monet. 12.295 12.395 11.581 13,5% 13,4% 12,2%
FII - Fundos de investimento imobiliário 11.386 12.299 11.398 12,5% 13,3% 12,0%
Fundos de Pensões 14.388 14.970 17.078 15,9% 16,2% 18,0%
Empresas de seguro 52.705 52.989 54.951 58,1% 57,2% 57,8%
14,8
Mil
milhões
de Euros
PRÉMIOS RECEBIDOS
14,9
Mil
DOS TOMADORES milhões
de Euros
DEVOLUÇÃO
À SOCIEDADE
ÍNDICE 01 / O SETOR SEGURADOR EM GRANDES NÚMEROS 27
Uma parte substancial destes prémios - 13,1 mil milhões de o Fundo de Acidentes de Trabalho) um valor da ordem dos
euros - foi, desde logo, devolvida aos segurados e outros 800 milhões de euros correspondente a impostos sobre o
beneficiários através: rendimento, taxas parafiscais a cargo das seguradoras e im-
postos e taxas parafiscais a cargo do segurado.
/ De pagamentos de indemnizações, nomeadamente sob a
forma de pagamentos imediatos de custos com a saúde, de Por outro lado, em custos com os cerca de 11 mil empregados
indemnizações por morte, para recuperação de património e e comissões pagas aos mais de 24 mil mediadores de seguros,
outras compensações por danos materiais e corporais. foram ainda despendidos mais mil milhões de euros, que são a
base ou um importante suporte do rendimento desta parte da
/ Da constituição de provisões para pagamentos futuros população portuguesa.
relacionados com as eventualidades acima referidas.
Em conclusão, o setor segurador acabou por devolver à
/ Da constituição e reforço de responsabilidades associadas às sociedade cerca de 14,9 mil milhões de euros em 2014,
poupanças de longo prazo dos portugueses. ou seja, um valor superior à verba global que recebeu dos
tomadores de seguros como prémios e respetiva carga
Adicionalmente, e ignorando, quer o IVA suportado com fiscal e parafiscal.
bens e serviços, quer o IRS retido nos rendimentos das pou-
panças e nos salários dos empregos, o setor entregou ao Es- Refira-se que aos acionistas, a título de resultados gerados
tado ou a instituições sob a sua tutela (como, por exemplo, pela atividade e como forma de remuneração do capital
a Autoridade Nacional de Proteção Civil, o Instituto Nacional investido, foi alocado em 2014 um valor de pequena
de Emergência Médica, o Fundo de Garantia Automóvel e dimensão, bastante inferior aos padrões habituais.
Custos
3,9
NÃO VIDA
/// Não Vida 3,9
/// Vida 10,4
/// Impostos e taxas 0,5
///
///
///
Custos com sinistros e Prov. Vida 10,4
Valores imputados aos Acionistas 0,0
Custos com pessoal 0,5
/// Impostos e taxas 0,8
/// Comissões a mediadores 0,5
10,4 VIDA
10,4
Custos
com sinistros
e Provisões
VIDA
ÍNDICE 01 / O SETOR SEGURADOR EM GRANDES NÚMEROS 28
A importância do setor segurador para a sociedade também derrama municipal (1,5%) e derrama estadual (5%) – superan-
se afere pela sua capacidade de gerar receitas fiscais para o do inclusivamente, para o conjunto do setor, o seu resultado
Estado, quer através de impostos por si diretamente suporta- agregado antes de impostos. Importa, contudo, referir que,
dos, quer de outros arrecadados no exercício da sua atividade. face à volatilidade observada na taxa efetiva nos últimos anos
e tendo em conta a intensidade dos ciclos económicos na ati-
Considerando apenas o imposto do selo das apólices (supor- vidade seguradora, só mesmo uma análise temporal alargada
tado pelos tomadores), o IRC suportado pelas seguradoras pode produzir uma taxa efetiva de IRC (e derrama) coerente,
e as diversas taxas parafiscais a cargo de tomadores e segu- nomeadamente anulando o efeito do reporte de prejuízos fis-
radoras, a receita fiscal e parafiscal gerada por esta atividade cais acumulados em anos economicamente deficitários.
ascendeu, em 2014, a cerca de 760 milhões de euros. Este
montante é equivalente a quase 7% do total da produção de Para finalizar, referir apenas que face aos números aqui
seguro direto, ou a 19% se considerados apenas os prémios apresentados, e embora não se conheçam ainda os valo-
Não Vida, sobre os quais incide a maior parte desta carga. res agregados da receita fiscal nacional dos últimos anos,
estima-se que setor segurador (incluindo a retenções na
Quanto ao volume do imposto sobre o rendimento suportado fonte de IRS) seja responsável por cerca de 3% do total da
pelas empresas de seguros, ele ficou claramente acima do que receita fiscal nacional (impostos diretos e indiretos) e de
decorreria da aplicação das suas taxas máximas – IRC (25%), 10% da receita do IRC.
RÁCIOS
Taxa IRC (IRC e Derrama/Result. bruto do ex.) 30,5% 29,8% 112,2% -0,7 p.p. 82,5 p.p.
Carga Fiscal e Parafiscal / Prémios s.d. 4,8% 6,8% 6,9% 2,0 p.p. 0,1 p.p.
Tomadores de seguros 3,1% 4,1% 4,4% 1,1 p.p. 0,2 p.p.
Seguradoras 1,8% 2,7% 2,5% 0,9 p.p. -0,1 p.p.
Carga Fiscal e Paraf. / Prémios s.d. N.V 18,9% 19,2% 18,9% 0,3 p.p. -0,3 p.p.
U: Milhões de Euros | Nota: Estes valores são estimativas da APS, exceto os do FAT (total) e FGA, retirados dos seus relatórios. Não incluem os montantes correspondentes ao IRC, IVA ou IRS retido. | (e) Valores totalmente
estimados pela APS.
ÍNDICE 01 / O SETOR SEGURADOR EM GRANDES NÚMEROS 29
RECURSOS HUMANOS
De acordo com os dados disponíveis e as estimativas da APS, o número de colaboradores das em-
presas de seguros terá crescido marginalmente em 2014, ascendendo a 11.168. De um modo geral,
pode dizer-se que o quadro de pessoal diretamente afeto ao setor segurador tem mantido um perfil
muito estável desde meados da década anterior, não acompanhando a perda de emprego que tem
afetado a economia portuguesa desde então.
Importa ainda acrescentar que o emprego gerado pela atividade seguradora extravasa largamente
este quadro de pessoal diretamente ligado às seguradoras, havendo que somar-lhe também, inte-
gral ou parcialmente, os colaboradores afetos a atividades afins, como a mediação de seguros, a
consultoria legal e atuarial, a avaliação de riscos, a peritagem de sinistros, a reparação de automóveis
e outros bens, os serviços de assistência, os serviços clínicos, entre muitos outros.
No que respeita à estrutura do quadro de pessoal das seguradoras (relativa a 2013), cabe destacar, em
primeiro lugar, o quase perfeito equilíbrio entre o número de colaboradores do sexo masculino (50,8%)
e do sexo feminino (49,2%), equilíbrio que se tem vindo mesmo a acentuar nos últimos anos.
Na distribuição etária destes trabalhadores existe uma natural prevalência das classes situadas no
pico da vida ativa, representando as que variam entre os 28 e os 54 anos mais de 84% do total de
ativos. Neste contexto, não é, portanto, surpreendente que a média de idades dos trabalhadores
(43,4 anos) se situe dentro deste intervalo etário.
tada uma elevada concentração de trabalhadores nos distritos Évora 120 1,1%
744€
796€
1.048€ Assistente Operacional
1.020€
1.548€ Especialista Operacional
1.174€
2.079€ Coordenador Operacional
1.232€
2.222€ Técnico
1.604€
3.228€ Gestor Operacional
1.660€
3.607€ Gestor Técnico
1.622€
3.429€ Gestor Comercial
2.209€
6.028€ Diretor
1.260€
2.129€ TOTAL 2013
1.255€
2.113€ TOTAL 2012
ÍNDICE 32
ÍNDICE 33
COMUNICAÇÃO
E IMAGEM
PROTOCOLO ENTRE ASSOCIAÇÕES DO SETOR FINANCEIRO /34
COMUNICAÇÃO /35
LITERACIA FINANCEIRA /38
IMAGEM DO SETOR /40
ÍNDICE 02 / COMUNICAÇÃO E IMAGEM 34
PROTOCOLO
ENTRE ASSOCIAÇÕES
DO SETOR FINANCEIRO
Ao longo de 2014 a APS manteve um estreito relacionamento com cinco outras associações do setor financeiro
- Associação Portuguesa de Bancos (APB), Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e
Patrimónios (APFIPP), Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado (AEM), Associação
Portuguesa de Analistas Financeiros (APAF) e Associação Portuguesa de Corretores (APC) - com vista a identificar
áreas de possível colaboração.
Esse relacionamento culminou com a elaboração de um Protocolo de cooperação com vista à partilha de
conhecimento e de experiências, e cooperação em diferentes áreas, tais como:
/ Governance e Boas Práticas das instituições e dos agentes que atuam no sistema financeiro.
/ Investigação.
/ Educação Financeira.
Comunicados de imprensa
Com uma dinâmica muito lho: 100 Anos de História”; “Perspetivas da Autoridade de
Supervisão Europeia”; “Perspetivas para o Setor Segurador
específica que privilegia as Europeu”; “Reforma Sistémica dos Sistemas de Pensões:
internacionais que operam Proteção”; “Long Term Care: uma análise em 30 Minutos”
e ainda “Novas Oportunidades/Tendências no Ramo Vida”.
no mercado e os seguradores
portugueses, o Encontro de Conferências APS
Sob a égide Portugal Seguro, a APS realizou a 31 de
Resseguros procura ter sempre outubro o seu evento anual, comemorativo do 32º
A APS participou nesta comemoração com um conjunto de iniciativas que visam sensibilizar
os jovens e a população em geral para a importância da celebração do seguro como forma
de antecipar, minorar ou compensar as situações de risco a que os seres humanos sempre
se encontram sujeitos bem como proporcionar às escolas e às famílias um instrumento
adequado à compreensão do valor social do seguro e da sua importância para os indivíduos
e para os grupos.
Foi assim mais uma oportunidade de apresentar os materiais que tem vindo a desenvolver
no âmbito do projeto Seguros e Cidadania.
IMAGEM
DO SETOR
2014 continuou a ser um ano difícil para o setor financeiro na- Estudo de Perceção da População
cional e internacional, o que não poderia deixar de ter reper- Portuguesa relativa ao mercado de seguros
cussões ao nível da atividade seguradora e da sua perceção Na sequência do Diagnóstico de Reputação, baseado na
pelo público em geral. avaliação das notícias da comunicação social e na perceção
desses conteúdos por parte da opinião pública, levado a cabo
Nesse ano foram conhecidos os resultados de mais uma edi- no ano anterior, foi decidido realizar um estudo de mercado
ção do ECSI - European Costumer Satisfaction Index, onde se junto do público em geral, com vista a identificar e caracteri-
avaliou o índice de satisfação referente ao ano de 2013, sendo zar a perceção que a população portuguesa tem relativamente
de assinalar, com grande satisfação, que, mesmo numa con- ao mercado de seguros, sendo os seus objetivos: analisar se
juntura adversa, as seguradoras lideraram, pelo sexto ano con- a população tem a perceção de que os seguros existem para
secutivo, o Índice Nacional de Satisfação do Cliente no setor proteger; identificar quais as necessidades de proteção dos
financeiro. portugueses, ao nível de reforma, saúde, bens, filhos, entre
outros; fazer um diagnóstico das necessidades de seguros de
No posicionamento nacional da satisfação, o setor dos Segu- cada pessoa, caracterizar quanto estariam dispostos a pagar
ros encontra-se na 3ª posição, apresentando um índice médio para terem essa proteção e compreender se têm condições
de satisfação de 7,61 pontos, sendo apenas ultrapassado pelo financeiras para pagar e o que estariam dispostos a pagar.
Gás em Garrafa e pelas Telecomunicações Móveis. O setor dos
Seguros melhorou o seu posicionamento relativo no ranking No caso de seguros que já possuem pretendia-se identificar
em duas posições, passando, assim, da 5ª posição em 2012 quais os fatores mais valorizados, tais como: preço; serviço;
para a 3ª posição em 2013, entre 16 setores estudados. confiança; atendimento; facilidade de comunicação; proximi-
0 0 +2 +7 -2 -1 +4 0 -3 -2 +1 -
7,86 7,72 +1 +2
7,61 7,55 7,45 7,45 -5 -1
7,45 7,38 7,35
7,35 7,27 7,23 7,15 6,82 6,79 6,78
Comunicações
Gás em garrafa
Internet móvel
TV subscrição
Combustíveis
Internet fixa
Eletricidade
Gás natural
Seguros
Banca
Águas
Dual
AMP
AML
STM
STF
Fonte: Estudo ECSI | Nota: Os valores numéricos sobre as barras indicam mudanças de posicionamento no ranking. Por exemplo de 2012 para 2013, o setor dos Seguros, subiu 2 posições no ranking dos
setores. | Mais informações: http://www.ecsiportugal.pt/Apres_ECSI_2013_5-junho-2014#Apres_ECSI_2013_5-junho-2014
ÍNDICE 02 / COMUNICAÇÃO E IMAGEM 41
041
dade, etc; assim como identificar possibilidades de melhoria. dos inquiridos não possui um Seguro de Saúde, sendo que 27%
destes refere que necessitava de melhores condições econó-
Pretendia-se ainda compreender qual a perceção dos portu- micas para o fazer.
gueses sobre o papel das seguradoras em áreas ligadas com
a Saúde, Trabalho e Segurança Social, nomeadamente se as / Em relação às Soluções de Poupança Reforma: 37% consi-
reconhecem como alternativa ou complemento e se conside- dera que é muito importante ter uma Solução de Poupança
ram que estão a cumprir bem essa função. Reforma e 35% é da opinião que esta é um bom comple-
mento à reforma da Segurança Social. A principal razão para
Após uma primeira fase qualitativa com diversos Focus Groups, aderir a uma Solução de Poupança Reforma é garantir um
foi efetuado um trabalho de campo junto de um universo re- rendimento extra quando se reformar sendo que a média
presentativo da população portuguesa, de cerca de 1.000 in- de idade apontada para início da poupança é de 39 anos;
divíduos, com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos. 96% dos inquiridos não possui uma Solução de Poupança
Reforma, sendo que 26% destes refere que necessitava de
Algumas conclusões retiradas do estudo foram: melhores condições económicas para o fazer.
/ Os seguros de Automóvel, Vida, Saúde, Habitação e Aciden- Foram ainda analisados diversos tipos de seguros que não
tes Pessoais, são os seguros com maior notoriedade, sendo os sendo habituais, são considerados bastante interessantes;
que, à exceção do seguro de Acidentes Pessoais, apresentam
maior número de segurados, com o Automóvel como líder / 36% considera importante ter um Seguro de Apoio à 3ª
neste indicador. Idade, sendo apontado como principal razão para aderir
a este tipo de seguro a garantia de um apoio à habitação
/ Os seguros que geram maior grau de satisfação são as Solu- (acesso a residências seniores que garantam serviços e co-
ções Poupança Reforma, os seguros de Responsabilidade Civil modidade).
e os seguros de Bens.
/ 42% considera importante ter uma Solução de Poupança
/ De um modo global, a segurança, a proteção e o preço são para a Educação, sendo a possibilidade de garantir os custos
as 3 principais associações aos seguros, sendo que a seguran- futuros de um curso superior para os filhos apontado como
ça e o preço são os que mais frequentemente aparecem como principal razão para aderir a uma solução destas.
primeira escolha nessa associação.
/ 46% considera que é muito importante ter um Seguro de De-
/ Assim, os seguros têm de uma forma geral um posiciona- semprego e 42% que este é um bom complemento ao Estado.
mento bastante ambíguo na vida das pessoas. Por um lado
são mais associados a Segurança e Proteção, mas também / A pouca penetração deste tipo de seguros está relacionada
são considerados Caros e Obrigatórios. Quando questionados com a falta de condições económicas para a sua subscrição.
sobre o quanto estes facilitam a vida das pessoas, apenas 20%
consideram que facilita muito a vida das pessoas. Na avaliação da imagem do setor e das seguradoras, de um
modo geral, todos os aspetos são importantes na escolha de
/ Em relação ao Seguro de Saúde: 49% considera que é muito uma companhia de seguros, mas uma boa relação cobertu-
importante ter este tipo de seguro e 43% tem a opinião que este ras-preço, a clareza e o pagamento atempado das indemni-
é um bom complemento ao Serviço Nacional de Saúde; 80% zações são os mais importantes.
ÍNDICE 42
ÍNDICE 43
ENQUADRAMENTO
INSTITUCIONAL
E FINANCEIRO
TRANSPOSIÇÃO DA DIRETIVA SOLVÊNCIA II /44
SOLVÊNCIA II /46
REFORMA DO IRS /48
CONTRIBUIÇÃO PARA O INEM /49
FOREIGN ACCOUNTS TAX COMPLIANCE ACT (FATCA) /50
REQUISITOS DE FATURAÇÃO DAS SEGURADORAS PARA EFEITOS FISCAIS /51
COMBATE AO BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS /53
ÍNDICE 03 / ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL E FINANCEIRO 44
TRANSPOSIÇÃO
DA DIRETIVA SOLVÊNCIA II
A transposição para o direito interno da Diretiva “Solvência / A alterações ao Regime Jurídico do Contrato de Seguro,
II” (de nível 1) representa uma evolução estrutural no enqua- que carecem de oportunidade.
dramento legislativo da atividade seguradora em Portugal, já
que, além de contemplar o novo regime de solvência para as / Ao regime da supervisão de contratos, a respeito da ve-
empresas do setor segurador, consolida um conjunto de 13 rificação do conteúdo concreto dos seus elementos, que
diretivas dispersas sobre a atividade seguradora. parece decorrer de uma transposição incorreta da Diretiva.
Acresce que esta iniciativa legislativa não implicou apenas / Às regras de conduta de mercado, como definidas, que
uma alteração profunda do regime de acesso e exercício suscitam preocupações de fundo.
da atividade, tendo sido também aproveitada para rever o
regime jurídico dos fundos de pensões, aprovar o regime / À criação de um novo conceito de atuário responsável,
processual aplicável aos crimes especiais do setor segurador que não tem enquadramento na Diretiva e que trará custos
e dos fundos de pensões e às contraordenações da compe- acrescidos às seguradoras.
tência da ASF e conferir base legal às orientações da EIOPA
relativas à fase de preparação do regime. / À exigência de exclusividade da função de provedor do
Cliente, que desaproveita a experiência acumulada, não exis-
Ao longo de todo este processo, o setor segurador identifi- tindo qualquer justificação para a alteração do atual modelo.
cou e reportou um conjunto de disposições que mereciam
ser reponderadas e revistas, apontando críticas, por exemplo: / À ausência de disposições habilitantes para que as segu-
radoras possam tratar dados pessoais e implementar me-
/ Ao alargamento dos tipos contraordenacionais e amplitu- canismos eficazes de prevenção, deteção e repressão da
de das molduras sancionatórias, que não tem cabimento ou fraude aos seguros, ao contrário do que sucedeu noutros
fundamento plausível na Diretiva Solvência II. mercados.
ÍNDICE 03 / ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL E FINANCEIRO 45
SOLVÊNCIA II
/ PROCESSO LEGISLATIVO Um primeiro conjunto de Normas Técnicas relacionadas
com os processos de aprovação por parte da entidade de
E CALENDÁRIO supervisão (para utilização, por exemplo, de modelos in-
ternos, de parâmetros específicos das companhias ou do
Foram vários os desenvolvimentos do processo legislativo ajustamento compensatório aplicável às provisões técni-
e regulamentar do regime Solvência II que o setor segura- cas) foi apresentado em consulta publicamente durante o
dor teve que acompanhar em 2014 e início de 2015. primeiro semestre, tendo a versão final do texto proposto
pela EIOPA sido submetida à Comissão Europeia em finais
Desde logo, é de realçar a publicação, em finais de maio de outubro. E uma segunda vaga de consultas públicas foi
2014, da diretiva Omnibus II, que alterou a diretiva base do lançada pela EIOPA em dezembro, abrangendo matérias
novo regime (Framework Directive) e encerrou um impor- relacionadas com todos os pilares do regime Solvência II,
tante capítulo no projeto Solvência II, abrindo, em definiti- mas com particular destaque para as questões associadas
vo, as portas à aplicação efetiva do novo regime a partir de ao Pilar III (reporte ao supervisor e divulgações públicas).
1 de janeiro de 2016.
Por fim, decorreu também em 2014 o processo de con-
Entretanto, foram sendo preparados os Atos Delegados sulta da primeira vaga de Orientações da EIOPA para o
para o novo regime (legislação comunitária de nível 2), Solvência II, abrangendo temáticas como a avaliação de
tendo a Comissão Europeia apresentado em outubro a provisões técnicas, a classificação de fundos próprios e os
respetiva proposta legislativa, e que acabaram publicados parâmetros específicos das companhias, tendo esta pri-
em janeiro de 2015, uma vez que o Parlamento Europeu meira vaga sido publicada em fevereiro de 2015 em todos
não exerceu a faculdade de alargar por mais 3 meses o os idiomas da União Europeia.
período de análise desta proposta.
Entretanto, em paralelo com a segunda vaga de consultas
O nível seguinte de legislação comunitária (Normas Téc- sobre Normas Técnicas que se iniciou em dezembro de
nicas) conheceu também desenvolvimentos relevantes. 2014, foram lançadas consultas para um novo conjunto
de Orientações, desta vez associadas a temáticas como a cesso de preparação para o regime Solvência II.
avaliação de outros ativos e passivos e o reporte para as
entidades de supervisão. As conclusões essenciais deste novo estudo de impacto
quantitativo do regime Solvência II apontaram para um
No plano nacional, cabe realçar, já em 2015, o esforço rácio de solvência bem inferior ao verificado em Solvên-
da ASF de simplificação de reportes das seguradoras em cia I e muito próximo dos 100%. Foi uma análise essencial
Solvência I, face aos já exigíveis no âmbito da Solvência II, para compreender fundamentadamente os fatores que
bem como a definição de requisitos a que deveriam obe- influenciaram o resultado do estudo, mas também, numa
decer os pedidos preliminares de aprovação de medidas perspetiva mais ampla, para conhecer a situação global do
transitórias e de longo prazo a aplicar, no início de 2016, mercado português em relação ao novo regime, as suas
na transição para o novo regime. maiores vulnerabilidades ou as áreas onde se podem ante-
cipar ajustamentos a curto ou médio prazo.
REFORMA DO IRS
A reforma do IRS foi encarada com grande expetativa pelo setor e uma boa oportunidade para
reforçar algumas das propostas apresentadas para o Orçamento do Estado para 2015 (OE 2015),
sobretudo no âmbito da poupança para a reforma e do financiamento dos cuidados de saúde.
E foi aí que incidiram as sugestões da APS para este projeto, com natural enfoque nas soluções
seguradoras.
Assim que conhecidas, as propostas do Governo para o OE 2015 e para a Reforma do IRS não
deixaram grandes expectativas quanto ao sucesso destas iniciativas, o que, no final, com a publi-
cação dos respetivos diplomas, se veio a confirmar.
No entanto, quanto à Reforma do IRS, acabou por ser adotado um pacote de propostas dos
partidos da coligação maioritária, reassumindo as deduções à coleta de contribuições para PPR e
prémios de seguros de saúde, que a proposta de lei inicial pretendia extinguir.
ÍNDICE 03 / ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL E FINANCEIRO 49
CONTRIBUIÇÃO
PARA O INEM
O setor segurador empenhou-se fortemente em demonstrar
a incoerência e injustiça do aumento da taxa do INEM (de 2%
para 2,5%) que incide sobre prémios de seguros com com-
ponentes de danos pessoais, como os de Vida (em caso de
morte), Saúde, Acidentes e Automóvel, aumento esse que viria
a ser assumido no Orçamento do Estado para 2015.
Sem o acordo IGA assinado e legislação nacional que legitime a recolha e transmissão da
informação exigida, as instituições viram-se na eminência de serem confrontadas com as
penalizações inerentes ao seu estatuto de não conformes com o regime (entre as quais
a retenção de 30% sobre todos os fluxos financeiros com origem nos EUA) ou de serem
confrontadas com questões legais associadas à quebra do segredo profissional a que estão
obrigadas e/ou à quebra de disposições relacionadas com a proteção de dados pessoais.
Adicionalmente, no caso de instituições pertencentes a grupos financeiros internacionais,
poderiam mesmo ser responsáveis pela contaminação a todo o grupo do estatuto de não
conformidade com o regime FATCA.
No entanto, mesmo sem o acordo FATCA formalmente assinado, foi intenção do legislador
legitimar a recolha da informação necessária, com a aprovação de um regime especial para
o efeito (“Regime de Comunicação de Informações Financeiras”), o que acabou por constar
no Orçamento do Estado para 2015, ainda que remetendo o detalhe para regulamentação
posterior.
De notar que o anteprojeto da Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, que esteve na origem
do regime aprovado pelo OE 2015, foi fruto de quase dois anos de trabalho de um grupo que
envolveu, para além da APS, instituições como a Autoridade Tributária (AT), o BdP, a ASF, a APB e
a APFIPP.
No final de julho de 2015, foi publicado um Despacho do Secretário de Estado dos Assuntos
Fiscais, ao abrigo do qual foi prorrogado para o último dia de novembro o prazo inicialmente
estabelecido (31 de julho de 2015) para efeitos de reporte a efetuar pelas instituições financeiras
em Portugal à Autoridade Tributária ao abrigo do FATCA.
O Inter Governmental Agreement (IGA) entre Portugal e os EUA acabou por ser formalmente ce-
lebrado em agosto de 2015, não obstante as negociações estarem já concluídas anteriormente.
ÍNDICE 03 / ENQUADRAMENTO INSTITUCIONAL E FINANCEIRO 51
COMBATE AO
/ Prevê a diligência reforçada quanto à clientela se os be-
neficiários de uma apólice de seguro de vida ou de outro
seguro relacionado com investimentos forem pessoas po-
/ Exige aos países da UE que mantenham um registo cen- Esta Diretiva terá de ser agora transposta para o direito
tral com informação sobre os beneficiários efetivos de interno até 26 de junho de 2017, do que resultarão cer-
sociedades, fundações e outras estruturas para identificar tamente novas adaptações operacionais e processuais nas
pessoas que se encontram por trás dessas entidades. empresas de seguros.
DESENVOLVIMENTOS
OPERATIVOS
FNM - NSA - FSFA (FICHEIROS DE AUTOMÓVEL) /57
FATURAÇÃO HOSPITALAR ÀS SEGURADORAS /58
PARTICIPAÇÃO ELETRÓNICA DE SINISTROS /60
COMBATE À FRAUDE NOS SEGUROS /61
MATURIDADE DIGITAL DO SETOR SEGURADOR /62
ÍNDICE 04 / DESENVOLVIMENTOS OPERATIVOS 56
ÍNDICE 04 / DESENVOLVIMENTOS OPERATIVOS 57
FATURAÇÃO
HOSPITALAR ÀS
SEGURADORAS
O Sistema de Faturação Hospitalar às Seguradoras é um
exemplo de como se pode operacionalizar e melhorar as re-
lações e os processos entre o setor segurador e alguns dos
seus parceiros.
O Sistema de Faturação
Hospitalar às Seguradoras é
um exemplo de como se pode
operacionalizar e melhorar as
relações e os processos entre
o setor segurador e alguns dos
seus parceiros.
ÍNDICE 04 / DESENVOLVIMENTOS OPERATIVOS 59
/ PROCESSOS VALIDADOS
DE 1 DE JANEIRO A 29
DE MAIO DE 2015 (54.990)
8.828 Fonte: APS - Segurnet
16%
7.540
14%
2.949
5%
/// 0 dias / Reaberturas:28
1.099 / 2% /// 1 dia / Reaberturas:173
/// 2 dias / Reaberturas:153
1.726 / 3% /// 3 dias / Reaberturas:70
/// 4 dias / Reaberturas:55
/// 5 dias / Reaberturas:71
/ DIAS PARA ACEITAÇÃO
///
///
6 a 10 dias / Reaberturas:375
11 a 15 dias / Reaberturas:381
9.932
18%
6.979 ///
///
Entre 16 a 20 dias / Reaberturas:222
Entre 21 a 30 dias / Reaberturas:420
13% /// Mais de 30 dias / Reaberturas:1.918
2.690 5.528
5%
3.326 4.393 10%
6%
8%
893 /2%
582 /1%
2.334
4% 1.382 51 /0%
4%
13.475
24%
36.273
66%
ÍNDICE 04 / DESENVOLVIMENTOS OPERATIVOS 60
PARTICIPAÇÃO
ELETRÓNICA
Sendo a DAAA um
DE SINISTROS instrumento utilizado para
a participação de sinistro,
O atual panorama da gestão de sinistros automóveis beneficia
de uma já extensa fatia de sinistros que são regularizados por
foi uma preocupação das
via convencional, seja através do IDS – Indemnização Direta seguradoras automóvel e da
ao Segurado, seja do CIDS, a Condição Especial ao IDS para
sinistros em que não há DAAA – Declaração Amigável de Aci-
APS que esse instrumento
dente Automóvel assinada pelos dois intervenientes. em papel não pudesse ser
Este processo convencional, que tem por base protocolos
posto em causa pela rápida
assumidos em autorregulação entre as seguradoras, tem per- e crescente evolução da
mitido uma maior celeridade na tramitação de informação
referente à gestão dos processos de sinistro, o que se reflete
utilização de plataformas
numa redução significativa dos prazos de regularização, con- mobile, tendo sido decidido
tribuindo, sem dúvida, para a melhoria de imagem verificada
no ramo Automóvel.
desenvolver um projeto de
mercado, aceite por todas
Sendo a DAAA um instrumento utilizado para a participação
de sinistro, quer a nível internacional quer a nível nacional,
as seguradoras ao nível das
que está na base das convenções, foi uma preocupação das convenções.
seguradoras automóvel e da APS que esse instrumento em
papel não pudesse ser posto em causa pela rápida e crescente
evolução da utilização de plataformas mobile, tendo sido de- pós-sinistro, os condutores só tenham que se preocupar com
cidido desenvolver um projeto de mercado, aceite por todas a descrição do acidente em si.
as seguradoras ao nível das convenções.
Embora o projeto tenha sido iniciado com a ideia de imple-
Na reflexão efetuada foram ainda identificados alguns outros mentar uma participação de sinistros automóvel, o seu âm-
aspetos fundamentais, com vista a facilitar o preenchimento bito evoluiu para um projeto que, a prazo, poderá também
da participação de sinistro, nomeadamente através da pos- disponibilizar participações de outros tipos de sinistros como,
sibilidade de armazenar previamente os dados do veículo, do por exemplo, multirriscos, pelo que a app irá ser construída já
seguro e do condutor, possibilitando assim que, na fase de de forma abrangente.
ÍNDICE 04 / DESENVOLVIMENTOS OPERATIVOS 61
COMBATE À FRAUDE
NOS SEGUROS
Os seguros protegem pessoas e empresas contra o risco de detalhe a perceção deste fenómeno pela sociedade em geral.
eventos imprevisíveis. São um mecanismo baseado na mutua-
lização, ou partilha, de risco. As perdas de poucos são pagas De relevar é também o trabalho em conjunto que tem sido le-
pelos prémios de muitos, calculados a partir do risco de cada vado a cabo pelas seguradoras e as autoridades policiais, o qual
indivíduo ou entidade. tem registado uma evolução muito positiva, com as duas partes
a reforçar modelos de cooperação, quer na prevenção, quer na
A fraude aos seguros mina estes pressupostos. Seja qual for a averiguação de situações fora do normal.
sua forma (no momento da subscrição com falsas declarações
ou no momento do sinistro, real ou fictício), o resultado de O número de casos que as autoridades policiais têm consegui-
fraude é o mesmo: um custo desleal para o tomador do seguro do detetar e que têm tido bastante eco na Comunicação Social,
honesto que, devido à desonestidade de poucos, suporta pré- tem contribuído para uma maior consciencialização do público
mios de seguros mais elevados. em geral para um fenómeno que é urgente combater.
DIGITAL
tendo-se obtido a participação de 27 seguradoras.
DO SETOR
Desse estudo, realizado com uma metodologia proprietária
da Capgemini, desenvolvida em parceria com o MIT Center
for Digital Business, ressalta que, apesar da heterogeneidade
O setor segurador a nível global Destaca-se também que as seguradoras em Portugal são
de iniciativas digitais e à gestão de estabelecer uma visão e governance para um futuro mais
digital, alinhando uma cultura digital com investimentos na
da transformação. inovação tecnológica.
ÍNDICE 04 / DESENVOLVIMENTOS OPERATIVOS 63
/ ANÁLISE DA MATURIDADE
DIGITAL POR SETOR
DE ATIVIDADE
POUPANÇA E SEGUROS
DE PESSOAS
PLANOS DE POUPANÇA REFORMA /66
SEGUROS DE ACIDENTES DE TRABALHO /70
SEGUROS DE SAÚDE /74
SEGUROS DE DADORES DE SANGUE E DE ÓRGÃOS /76
SINISTRALIDADE GRAVE E ACOMPANHAMENTO DAS VÍTIMAS /77
ÍNDICE 05 / POUPANÇA E SEGUROS DE PESSOAS 66
PLANOS
DE POUPANÇA
REFORMA
/ EVOLUÇÃO
Contribuições /pessoa segura (em euros) 495 742 1.198 50,0% 61,4%
Prov. Matemática / pessoa segura (em euros) 5.301 5.834 6.476 10,1% 11,0%
U: Milhares, de euros exceto os assinalados no quadro | Fonte: APS (estimativas para 2013 e 2014, excepto nas Contribuições anuais) | (e) Valores totalmente estimados pela APS
ÍNDICE 05 / POUPANÇA E SEGUROS DE PESSOAS 67
1,9% inflação
Nota sobre a metodologia: As rentabilidades aqui apresentadas não são rigorosamente comparáveis. Entre os fatores /// Bancos /// Estado /// Seguradores /// SGFI /// SGFP /// Inflação
que inviabilizam uma comparabilidade perfeita estão o método de apuramento das taxas médias, a fiscalidade aplicável
e as comissões cobradas.
PANORAMA DO MERCADO ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA
68ÍNDICE
SEGURADOR 2014 / 2015 DE SEGURADORES 05 / POUPANÇA E SEGUROS DE PESSOAS 68
/ rentabilidade comparada
dos produtos de poupança
período, que inclui duas os mercados de capitais têm vivido; e daí, também, que seja
especialmente apropriado assentar esta análise num período
crises financeiras, os temporal suficientemente alargado para englobar ciclos de
As poupanças investidas Neste quadro, o destaque vai claramente para os PPR não
ligados a fundos de investimento, que tipicamente com-
no início de 2006 nos binam garantias de capital e rendimento com uma com-
rentabilidade anual lidade que tem prevalecido nos mercados e, tudo indica,
prevalecerá ainda pelos próximos anos.
de 3,4% até 2013, um
prémio real de 1,5 Em média, as poupanças investidas no início de 2006 nos
tradicionais seguros PPR tiveram uma rentabilidade anual
pontos percentuais de 3,4% até 2013, um prémio real de 1,5 pontos percen-
sobre a taxa de inflação. tuais sobre a taxa de inflação (que, em condições normais,
será apenas ligeiramente atenuado com a sua tributação
em sede de IRS, dado o regime de que beneficiam).
ÍNDICE 05 / POUPANÇA E SEGUROS DE PESSOAS 69
Acresce que, por força das garantias de rendimento exis- Embora sem este mesmo nível de proteção face às oscila-
tentes, o nível de rentabilidade destes produtos assumiu um ções de mercado, merece também referência a performan-
perfil de grande estabilidade ao longo do período analisado ce dos seguros ligados a fundos de investimento (que não
(com um desvio padrão de apenas 0,2%), estando, portanto, PPR), igualmente muito acima da taxa de inflação. A sua taxa
permanentemente protegido das oscilações do mercado. E de rentabilidade média anual atingiu 3,1% neste período, su-
este é um atributo fundamental na gestão do aforro indivi- plantando as dos depósitos a prazos, certificados de aforro
dual, onde as necessidades de reembolso das poupanças e todas as grandes classes de fundos de investimento aqui
podem surgir a qualquer momento e em qualquer ponto do consideradas.
ciclo, sendo até mais frequentes em situações de depressão
dos mercados, quando os produtos mais expostos ao risco Note-se que esta análise incorpora já a recuperação dos
estão normalmente em fase de perda. mercados em 2012 e 2013, que projetou a rentabilidade da
larga maioria dos produtos de poupança individual mas, nes-
te caso, com especial incidência nos que incorporam maior
risco. Em 2013, esta conjuntura beneficiou sobretudo os
fundos de investimento com maior componente acionista
(que formam as classes de FIM ações e FIM poupança) e, em
menor escala, os seguros ligados a fundos de investimento,
com taxas médias de rentabilidade em torno dos 10%. Neste
ano de 2013, e embora com rentabilidades reais ainda bem
positivas, ficaram naturalmente abaixo os produtos com um
perfil de risco mais moderado, nomeadamente os que apre-
sentam garantias de rendimento, como os depósitos a prazo
e os seguros PPR não ligados a fundos de investimento.
4,0%
2,0%
FIM Poupança
FIM outros
0,5% FII
FPA Ligados outros
FIM Ações
20,9% 12% 10% 8% 6% 4% 2% 0%
desvio padrão >
ÍNDICE 05 / POUPANÇA E SEGUROS DE PESSOAS 70
Depois de vários anos em declínio, quer o volume de pré- Em matéria de pensões, cabe realçar o decréscimo do
mios, quer o de salários anuais seguros em Acidentes de Tra- número de pensionistas existentes no fim do exercício (para
balho regressaram ao crescimento em 2014. cerca de 43 mil), que representa também uma inversão da
tendência dos últimos anos, ainda que o agravamento da
Foi, em ambos os agregados, uma evolução moderada (em pensão média tenha suplantado o seu efeito positivo no
torno de 1%), alinhada com a recuperação da atividade eco- volume global de pensões anuais em pagamento (que atinge
nómica e do rendimento, mas que revela, ainda assim, a in- quase 120 milhões de euros).
versão de uma tendência de contração que há muito vinha
afetando este ramo. Neste quadro, a taxa de sinistralidade de Acidentes de
Trabalho degradou-se fortemente em 2014 (quase 9
Mais acelerado foi, porém, o agravamento da sinistralidade pontos percentuais). Mesmo ajustada pela rentabilidade das
neste mesmo ano, ao que não terá sido também alheia a provisões matemáticas, esta taxa superou os 97%, deixando
recuperação da atividade económica, mas que se revelou, muito pouca margem para as restantes cargas de exploração
não apenas no aumento do número de sinistros (próximo de do ramo, como despesas de aquisição e administrativa.
4%), como dos respetivos custos (acima de 9%), estes muito
impulsionados pelo reforço das provisões para sinistros. Daí que o resultado da conta técnica tenha sido, novamente,
muito deficitário (-92 milhões de euros, embora com base
No balanço, as provisões matemáticas, referentes a responsa- numa estimativa por extrapolação), mesmo contando com
bilidades com pensões, aumentaram quase 90 milhões de eu- um contributo largamente positivo da sua componente
ros (quase 7%), ascendendo a perto de 1,6 mil milhões de euros. financeira.
ÍNDICE 05 / POUPANÇA E SEGUROS DE PESSOAS 71
Taxa frequência p/ apólice c/ sinistros abertos no ano 30,2% 30,1% -0,15 p.p.
Taxa de sinistralidade ajustada (s/ prémios emitidos) (a) 89,1% 97,7% 8,53 p.p.
U: Milhares, de Euros | Fonte: APS (estimativas para 2013 e 2014, exceto nas Contribuições anuais) | (a) Este indicador visa refletir a rentabilidade das Provisões Matemáticas, deduzindo-a ao habitual
numerador (custos com sinistros) .Para o presente exercício foi considerada uma taxa de rentabilidade de 4%.
ÍNDICE 05 / POUPANÇA E SEGUROS DE PESSOAS 72
Em 2014 a APS apresentou às autoridades legislativas e No documento acima mencionado, a APS elaborou uma pro-
regulamentares o documento “Regime de Reparação de posta concreta de ajustamento desta incoerência legislativa,
Acidentes de Trabalho – Propostas Pontuais de Revisão”, tendo sido um dos aspetos mais evidenciados nas diversas
no qual se acentua a necessidade de se rever este regime diligências desenvolvidas sobre os problemas do regime dos
em alguns dos seus parâmetros, no sentido de corrigir in- Acidentes de Trabalho. Neste contexto, solicitou um pare-
justiças e reequilibrar as condições de exploração dos res- cer ao Professor Rui Moura Ramos – Professor Catedrático
petivos seguros obrigatórios, que o setor segurador gere da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e Vice-
há mais de 100 anos. -Presidente (2003-2007) e Presidente (2007-2012) do Tribu-
nal Constitucional de Portugal, que conclui, nomeadamente,
Em concreto, estas propostas, infelizmente ainda sem aco- que a disposição “consagra uma solução manifestamente
lhimento, visam os seguintes parâmetros do regime ou nor- infundada (…), que não se encontra justificada por qualquer
mas complementares: valor constitucionalmente relevante” e que “a diferenciação
assim estabelecida entre aqueles trabalhadores e os demais
/ Indemnizações diárias por incapacidades temporárias. (os que não tenham atingido 50 anos) é arbitrária, sendo por
/ Reparação de incapacidades permanentes e remição de isso inconstitucional, por violação do princípio da igualdade
pensões. consagrado no artigo 13º da Constituição da República”.
/ Revisão das incapacidades permanentes.
/ Limites dos custos de intermediação. Referência ainda a um outro tema dependente de alterações
/Competências e funções do Fundo de Acidentes de Traba- legislativas, em concreto o regime jurídico do Fundo de Aci-
lho (FAT). dentes de Trabalho (FAT). A questão é bem explícita em dois
/ Procedimento simplificado (optativo) de tramitação de sinistro. acórdãos do Tribunal Constitucional de 2014 a declarar a in-
/ Regime de majoração automático das incapacidades per- constitucionalidade com força obrigatória geral de normas
manentes dos incapacitados com 50 anos, ou idade superior. da Lei de Acidentes de Trabalho e do regime jurídico do FAT,
/ Simplificação/agilização de comunicações sobre remune- pelo facto de este Fundo não estar habilitado a reembolsar as
rações e sinistros. seguradoras pelas atualizações de pensões por incapacidade
permanente inferior a 30% com valor superior a 6 vezes a re-
Especificamente no que respeita ao regime de majoração tribuição mínima garantida por acidente de trabalho.
automático das incapacidades permanentes dos incapa-
citados com 50 anos, o problema reside, não exatamente Os dois acórdãos deram razão aos argumentos do setor, e
do regime jurídico dos Acidentes de Trabalho, mas antes na o Governo produziu já um anteprojeto de diploma a alterar
Tabela Nacional de Incapacidades (TNI), que prevê nas suas o regime do FAT no sentido defendido (e com efeitos re-
Instruções Gerais que os coeficientes de incapacidade são troativos a 1 de janeiro de 2010), mas que não se encontrava
bonificados com uma multiplicação pelo fator 1,5 se a víti- publicado até ao final do 1º semestre de 2015.
ÍNDICE 05 / POUPANÇA E SEGUROS DE PESSOAS 73
/ ATUALIZAÇÃO DE PENSÕES
Esta suspensão extraordinária do regime evita que as pensões de acidentes de trabalho sejam
reduzidas, tendo em conta que os indicadores de referência legalmente definidos para a sua
atualização (crescimento real do PIB e a variação média dos últimos 12 meses do IPC, sem
habitação) concorreriam para um ajustamento negativo no ano de 2015.
Mas o setor segurador não pode concordar com este tipo de alterações extemporâneas do re-
gime, aliás como em 2010, quando um contexto semelhante ocorreu. Porque, ao contrário de
outros subsistemas de Segurança Social, que viram neste período as suas prestações reduzidas
de forma significativa, as pensões de Acidentes de Trabalho foram aumentadas, sem qualquer
justificação de ordem económica.
/ EVOLUÇÃO DOS PRÉMIOS EMITIDOS DE SEGURO DIRETO DO RAMO SAÚDE U:Milhões de euros
600
500
400
300
200
100
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
0
ÍNDICE 05 / POUPANÇA E SEGUROS DE PESSOAS 75
das pessoas seguras, ou seja, 1,1 milhões, terem acionado as suas coberturas em 2014 (iden-
tificadas aqui como pessoas com sinistros).
Em resultado, o volume total dos montantes pagos pelo setor segurador ao abrigo dos se-
guros de saúde superou os 418 milhões de euros, tendo crescido cerca de 1% face a 2013.
Pagamento médio por pessoa com sinistros (euros) 372.15 374.63 0,7%
SEGUROS DE DADORES
DE SANGUE E DE ÓRGÃOS
A Lei 12/93, de 22 de abril, alterada e republicada pela Lei 22/2007, de 29 de junho, relativa à
colheita e transplante de órgãos, tecidos e células de origem humana, confere ao dador vivo de
órgãos o direito a ser indemnizado pelos danos sofridos no decurso do processo de dádiva e
colheita, independentemente de culpa, devendo os estabelecimentos hospitalares celebrar um
contrato de seguro a favor do dador e suportar os respetivos encargos.
Tal como aconteceu com a regulamentação do seguro do dador de sangue, a APS foi convidada
pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) para colaborar na elaboração da
regulamentação do seguro obrigatório do Dador de Órgãos.
No decurso dos trabalhos que foram levados a cabo, e tendo como principal objetivo a proteção
do dador vivo de órgãos, foi considerado que, sem prejuízo do ressarcimento do dador em caso
de danos decorrentes do processo de dádiva e colheita, independentemente de culpa, e das
demais prestações a que tenha direito nos termos da legislação aplicável, deveria garantir-se ao
dador um conjunto de prestações em caso de morte, invalidez definitiva ou de internamento
hospitalar decorrente de complicações do processo de dádiva e colheita, criando-se, ainda o
seguro de vida obrigatório do dador vivo de órgãos, que os estabelecimentos hospitalares res-
ponsáveis por assegurar as referidas prestações devem celebrar para garantia das mesmas.
Este regime jurídico foi já aprovado em Conselho de Ministros e pela primeira vez garantir-se-á
uma compensação àqueles que, em consequência de um ato altruísta como é o de doar um
órgão a quem dele necessita, possam vir a sofrer um dano irreversível.
ÍNDICE 05 / POUPANÇA E SEGUROS DE PESSOAS 77
SINISTRALIDADE GRAVE
E ACOMPANHAMENTO DAS VÍTIMAS
Na sequência da publicação do Relatório “Pessoas Aciden- volvidos nas dinâmicas de intervenção e acompanhamento
tadas com Alteração Grave na Funcionalidade” elaborado na das pessoas acidentadas, nomeadamente responsáveis da
APS por um grupo de trabalho que estudou a forma como as Associação Portuguesa do Dano Corporal (APADAC), do Cen-
seguradoras poderiam participar mais ativamente na reinte- tro de Reabilitação Profissional de Gaia (CRPG) e do Centro de
gração profissional, familiar e social de sinistrados com gran- Estudos Judiciários (CEJ).
des incapacidades, considerou-se relevante a constituição do
Observatório da Sinistralidade Grave e do Acompanhamento Os objetivos do OBSGAV passarão, numa primeira fase, pela
de Vítimas (OBSGAV), tal como previsto no Relatório. recolha de dados junto do setor segurador, que permitam
a caracterização do universo de pessoas acidentadas com
O grupo do OBSGAV iniciou a sua atividade, ainda em 2014, alteração grave na funcionalidade que estão nestas condi-
sob coordenação da APS, integrando representantes das se- ções e do acompanhamento típico que lhes é assegurado,
guradoras mas também especialistas dos vários domínios en- desde a fase da assistência médico-hospitalar às fases de
reabilitação médico-funcional e de reintegração social e
profissional.
SEGUROS DE DANOS
E RESPONSABILIDADES
SEGUROS PATRIMONIAIS /80
SEGUROS AGRÍCOLAS E AQUÍCOLA /84
SEGUROS DE AUTOMÓVEL /89
SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL /92
ÍNDICE 06 / SEGUROS DE DANOS E RESPONSABILIDADES 80
Para a obtenção da cartografia do risco de inundação de alta resolução foram determinados os im-
pactos em quatro áreas, selecionadas de acordo com o grande número de inundações registadas,
correspondendo à bacia da Baixa de Lisboa, à Baixa de Algés, à Baixa e zona sul de Coimbra e à zona
ribeirinha do Porto e Vila Nova de Gaia. Foram avaliados tanto a estrutura dos edifícios como os seus
conteúdos, tendo sido considerados vários cenários socioeconómicos, em conjugação com pro-
jeções baseadas em modelos climáticos que apontam para significativas alterações na frequência e
intensidade da precipitação em Portugal Continental no século XXI.
No site do CIRAC é possível descarregar, além das referidas cartas de vulnerabilidade, um conjunto
de informação técnica, entre a qual a “Brochura” (documento síntese que aborda os diversos aspe-
tos do projeto), o “Guia metodológico para a produção de cartografia de risco de inundações”, bem
como os relatórios “Cenários climáticos de extremos”, “Modelação hidrodinâmica”, “Suscetibilidade
física”, “Suscetibilidade social” e “Índice de vulnerabilidade”.
Após a conclusão do trabalho, e para além da disponibilidade para o partilhar externamente com
as entidades interessadas, impera agora um esforço de reforçar a sua divulgação junto do próprio
setor segurador e ressegurador, com o objetivo de fornecer uma visão mais aprofundada do projeto
e das suas potencialidades, de demonstrar a utilização prática da ferramenta de mapas disponível
no site e de debater a aplicabilidade (atual e futura) da informação disponibilizada na gestão das
suas companhias.
ÍNDICE 06 / SEGUROS DE DANOS E RESPONSABILIDADES 82
De facto, atendendo a que a determinação do capital Face a este constrangimento, o setor segurador procura
seguro é da responsabilidade do tomador do seguro e agora encontrar uma forma alternativa de cálculo deste
a que, no caso dos edifícios, este deve corresponder ao referencial, para o que foram encetados contactos com
custo de mercado da respetiva reconstrução, a utilização entidades de alguma forma envolvidas na fixação de
do preço/m2 das portarias anuais aplicado à área útil preços de construção da habitação. Até lá, resta o conforto
da propriedade a segurar permitia ao tomador calcular de que, num contexto de inflação praticamente nula (em
facilmente um valor base do capital, sujeito naturalmente 2014), não seria de esperar um ajustamento significativo
a majorantes ou minorantes em função das características destes valores em 2015.
ÍNDICE 06 / SEGUROS DE DANOS E RESPONSABILIDADES 83
O Protocolo para a
Regularização de Sinistros
de Danos por Água visa
implementar nos seguros
de multirriscos em edifícios
em propriedade horizontal,
um modelo de simplificação
de procedimentos na
regularização de sinistros
/ PROTOCOLO para regularização que está já conceptualmente
de sinistros de danos por água experimentado (embora com
A iniciativa de criar um Protocolo para Regularização de muitas diferenças) no ramo
Sinistros de Danos por Água em Propriedade Horizontal
surgiu da necessidade manifestada pelos seguradores de
Automóvel, e com evidentes
agilizar o tratamento destes processos por forma a eli- vantagens para a qualidade
minar argumentos de insatisfação dos clientes quanto à
qualidade e celeridade do serviço prestado. Um grupo de
do serviço prestado e para
trabalho da APS, envolvendo um conjunto amplamente re- imagem do setor segurador.
presentativo de seguradoras, preparou então um projeto
de protocolo, que mereceu já o acordo genérico do setor
e que se prevê vir a ser implementado a curto prazo. gularizando os sinistros de danos por água no menor prazo
possível e transmitindo assim aos segurados e à sociedade
Em concreto, este novo Protocolo, aplicável aos seguros em geral uma imagem setorial moderna, ágil, eficaz e com-
de multirriscos em edifícios em propriedade horizontal prometida com a melhoria da qualidade do seu serviço.
prevê que, nas condições abrangidas, seja a seguradora
da fração lesada a assegurar a regularização do sinistro / Estabelecer métodos administrativos simples e uniformes
diretamente com o seu cliente, reclamando depois que melhorem o entendimento e a colaboração entre os
os correspondentes encargos à seguradora da fração seguradores aderentes.
responsável, a quem competiria, em condições normais,
toda a gestão do processo de sinistro. / Reduzir o nível de conflitualidade entre todos os inter-
venientes.
Para o setor segurador, os principais objetivos deste
projeto são: Em resumo, este projeto visa implementar nos seguros
de multirriscos em edifícios em propriedade horizontal,
/ Promover a uniformização de critérios de gestão de sinistros um modelo de simplificação de procedimentos na
de danos por água em edifícios em regime de propriedade regularização de sinistros que está já conceptualmente
horizontal quando acionada apólice de seguro multirriscos. experimentado (embora com muitas diferenças) no ramo
Automóvel, e com evidentes vantagens para a qualidade
/ Melhorar os níveis de serviço a prestar aos clientes, re- do serviço prestado e para imagem do setor segurador.
ÍNDICE 06 / SEGUROS DE DANOS E RESPONSABILIDADES 84
No entanto, a maior preocupação foi acompanhar o De facto, em julho de 2015 ainda se aguardava a publica-
desenho do futuro modelo do seguro de colheitas ção do novo Regulamento do Seguro de Colheitas e da
em Portugal, relativamente ao qual se tem frisado a Compensação de Sinistralidade, apesar de ter sido publi-
importância de princípios estruturais, como garantir uma cada a Portaria nº 18/2015, de 2 de fevereiro, que estabe-
participação efetiva do setor nas estruturas de governance lece o regime da ação 6.1, “Seguros”, da medida 6 “Gestão
do sistema, instituir uma rigorosa disciplina financeira do Risco e Restabelecimento do Potencial Produtivo” do
no pagamento dos apoios, reforçar a transparência no Programa de Desenvolvimento Rural do Continente (no-
cálculo das tarifas de referência e agilizar o processo de meadamente o regime de concessão de apoios aos segu-
tramitação administrativa entre as seguradoras e o Instituto ros de colheitas para garantir previsibilidade e estabilidade
Para este atraso na publicação do regulamento não contribuíram nem os seguradores nem
a Associação que os representa, a qual colaborou intensivamente com a Secretaria de Esta-
do da Agricultura, apresentando sempre atempadamente os seus pareceres sobre as várias
versões de proposta de alteração da Portaria nº 65/2014 que lhe foram sendo apresentadas,
chamando a atenção do legislador para algumas inexatidões e transmitindo várias sugestões
de melhoria do texto.
Acresce que permaneciam igualmente por conhecer, em julho de 2015, a nova apólice uni-
forme, as novas tarifas de referência e as alterações a introduzir nos sistemas informáticos
e nos procedimentos operacionais dos seguradores em função da reformulação ou criação
dos novos produtos previstos no projeto de alteração da Portaria nº 65/2014.
No domínio dos seguros de colheitas, uma nota é devida para realçar o esforço da Secreta-
ria de Estado da Agricultura no pagamento das dívidas do Estado às seguradoras, formadas
ainda no âmbito do SIPAC. Embora subsista um montante significativo de dívidas por regula-
rizar, a realidade é que foram progressos relevantes nesta matéria em 2014 e início de 2015,
tanto mais louváveis quanto são conhecidas as dificuldades orçamentais do Estado.
ÍNDICE 06 / SEGUROS DE DANOS E RESPONSABILIDADES 86
Taxa de sinistralidade (c/ prémios adquiridos) 74,5% 75,8% 0,9 p.p. 1,3 p.p.
Taxa de frequência por veículo 12,1% 11,9% 0,2 p.p. -0,2 p.p.
/ Acordos e protocolos
O setor segurador português, através da sua Associação, tem celebrado com diversas en-
tidades terceiras Protocolos e Acordos visando a agilização da gestão de sinistros do ramo
Automóvel por parte das seguradoras. É um modelo que, dentro de determinadas condi-
ções, o setor valoriza, porque simplifica e racionaliza o seu esforço administrativo e, simul-
taneamente, concorre para a satisfação dos seus clientes e terceiros lesados.
Protocolo APS/Brisa:
Dando continuidade ao relacionamento existente, a APS e a Brisa assinaram em abril de 2014
um novo Protocolo de regras e procedimentos a adotar no caso de acidentes de viação dos
quais resultem danos materiais nas infraestruturas desta concessionária. O novo Protocolo
procura dar resposta a questões suscitadas pelas seguradoras e pela Brisa, nomeadamente
no que respeita ao desfasamento temporal entre a ocorrência do acidente e a sua comuni-
cação à seguradora, aos auto de notícia, à peritagem dos danos e ao acompanhamento do
respetivo processo de reparação e de auditoria aos processos.
AcordoS de Paralisação
Os acordos de paralisação que APS tem estalecidos com diversas associações setoriais liga-
das ao transporte rodoviário – ANTRAL, FPT, ANTRAM, AITRAM, ANTROP, ARAC e CTT – de-
finindo condições homogéneas para a indemnização de perdas decorrentes da paralisação
dos veículos dos respetivos Associados, carecem de um acompanhamento regular na atua-
lização de valores, bem como na adequação dos clausulados à dinâmica natural das várias
atividades em causa. Muito salutarmente, esta aproximação real com estas Associações e
setores tem decorrido de forma harmoniosa, incluindo na difícil conjuntura económica por
que todos eles passaram recentemente.
ÍNDICE 06 / SEGUROS DE DANOS E RESPONSABILIDADES 92
SEGUROS
DE RESPONSABILIDADE
CIVIL GERAL
/ Seguros obrigatórios de RC
Para suportar tecnicamente esta reflexão, a APS solicitou a emissão de um parecer jurídico
a um destacado especialista em direito dos seguros – Professor Pedro Romano Martinez –
onde se destaca a necessidade de salvaguardar o devido enquadramento e fundamento de
um seguro obrigatório, para o que devem ser tidos em consideração aspetos como:
/ O processo de regulamentação.
As suas conclusões, bem como outras considerações sobre o tema, têm sido partilhadas
com o mercado, nomeadamente num seminário no âmbito Jornadas sobre Seguros de Res-
ponsabilidade Civil, e com a ASF, mas a intenção é fazê-las chegar de forma mais intensa às
autoridades legislativas, a quem se dirigem fundamentalmente.
Em julho de 2014 foi publicada na 2ª Série do Diário da Re- O Decreto-Lei nº 169/2012, de 1 de agosto, que aprova
pública a Portaria nº 552/2014, a regulamentar os seguros o Sistema da Indústria Responsável (SIR), estabeleceu a
de responsabilidade civil e o seguro contra furto e roubo obrigatoriedade de celebração de um seguro de respon-
previstos no regime do exercício da atividade de segurança sabilidade civil extracontratual para garantia dos danos
privada. decorrentes do exercício das atividades das atividades de-
senvolvidos pelos industriais, pelas sociedades gestores de
O facto de a Portaria ter sido publicada na 2ª Série do Diá- Zona Empresarial Responsável (ZER) e as pelas Entidades
rio da República torna-a, do ponto de vista da APS, inefi- Acreditadas, em termos a regulamentar.
caz. Acresce que a Portaria estabelece, relativamente aos
contratos de seguro contra roubo e furto, a possibilidade Em 2013, estando já a ser preparada a revisão do referido
de serem incluídos limites de indemnização aplicáveis a diploma, a da Direção Geral das Atividades Económicas
sinistros que ocorram nalgumas circunstâncias. Como tal (DGAE) solicitou a colaboração da APS no sentido de ser
possibilidade não está prevista na respetiva lei habilitante encontrada uma solução para o correto enquadramento,
- Lei nº 34/2013, de 16 de maio - a Portaria estará a extra- em sede de Decreto-Lei, dos aspetos que a portaria deve
vasar o âmbito da habilitação concedida. regulamentar no que respeita ao seguro.
Por estes motivos, as seguradoras podem correr riscos Com este contributo do setor, foi alterado e republicado
caso ao celebrem seguros com limitações de indemniza- então, através do Decreto-Lei 73/2015, de 11 de maio, o
ção como os previstos na Portaria, uma vez que, em caso anterior diploma, introduzindo, entre diversas alterações,
de litígio, os tribunais poderão considerar como inexisten- uma nova redação no artigo 4º do Decreto-Lei que esta-
tes, por restringirem o âmbito previsto na Lei, os limites do belece o regime jurídico do SIR.
contrato, podendo obrigá-las a assumir a responsabilidade
pela totalidade do capital seguro. Esta nova redação do artigo 4.º delimita os contornos
da futura portaria regulamentar dos seguros obrigatórios
Estes aspetos, pelas implicações que podem trazer à de responsabilidade civil no que toca à definição de, de-
atuação das seguradoras na celebração dos seguros signadamente, capitais mínimos dos seguros, respetivos
obrigatórios no âmbito da atividade de segurança priva- âmbitos de cobertura, delimitações temporal e territorial,
da, foram objeto de uma exposição que a APS remeteu exclusões aplicáveis, possibilidade de estabelecimento de
ao Governo, no final de 2014, solicitando a reapreciação franquias, condições do exercício do direito de regresso e
do tema. de sub-rogação e pluralidade de seguros.
ÍNDICE 94
ÍNDICE 95
FORMAÇÃO
ACADEMIA PORTUGUESA
DE SEGUROS
QUALIFICAÇÃO DE PERITOS DE SEGUROS /97
OFERTA DE FORMAÇÃO /98
FORMAÇÃO DA ACADEMIA EM NÚMEROS /101
ÍNDICE 07 / FORMAÇÃO | ACADEMIA PORTUGUESA DE SEGUROS 96
ÍNDICE 07 / FORMAÇÃO | ACADEMIA PORTUGUESA DE SEGUROS 97
QUALIFICAÇÃO
DE PERITOS DE SEGUROS
A regulação de condições fundamentais da atividade de Ficam, assim, reunidas as condições essenciais para a promo-
peritagem de seguros, reforçando a sua profissionalização, ção regular deste curso, que terá uma importância estratégica
credibilidade e transparência, está no topo das prioridades para o referido objetivo estrutural de reforço da qualificação
do setor segurador, e numa primeira linha deste processo destes fundamentais parceiros da atividade seguradora.
vem a preocupação com a qualificação profissional dos
peritos de seguros, que exige uma formação especializada Enquanto aquele decorria, foi preparado e divulgado pelo
devidamente reconhecida pelas seguradoras. mercado o Curso de Qualificação de Peritos Averiguado-
res de Seguros de Automóvel, com uma duração idêntica
Para responder a esta necessidade explícita das suas associa- de 160 horas e para decorrer a partir de outubro de 2015.
das, a APS começou por lançar a 1ª edição do Curso de Destina-se a peritos averiguadores de seguros de automó-
Qualificação de Peritos de Seguros Patrimoniais que, com vel com experiência profissional que queiram ver os seus
uma duração de 160 horas e um programa alargado e de conhecimentos e competências reforçados e alinhados
forte incidência prática, visa formar profissionais com capa- com as expectativas das seguradoras e que queiram ver
cidade para, de forma idónea e eficiente, exercer a sua ati- reconhecida esta sua qualificação, bem como a candida-
vidade em linha com as exigências do setor segurador nes- tos a peritos que demonstrem possuir condições básicas
ta área de negócio, quer na perspetiva da avaliação, quer da para o futuro exercício desta atividade profissional.
averiguação. Com um grande envolvimento do setor segu-
rador, quer na preparação, quer na constituição do corpo O próximo curso alinhado neste grande objetivo de quali-
de formadores, esta ação especializada de longa duração ficação da peritagem de seguros incidirá sobre a área dos
mereceu uma excelente recetividade por parte do setor da acidentes de trabalho e pessoais.
peritagem, arrancando com um grupo de 26 formandos.
OFERTA
DE FORMAÇÃO
O setor segurador português atravessa um período de
profunda mudança. Num horizonte próximo terão mudado
significativamente algumas das suas características
estruturais, quer regulatórias, quer de mercado. As
alterações na propriedade acionista de grandes operadores,
a introdução de um regime prudencial substancialmente
diferente, a reconfiguração de produtos para ajustamento
às condições macroeconómicas e prudenciais ou a
acrescida preocupação com a proteção do consumidor
são já marcas evidentes desta transformação em curso.
A oferta de Formação
Presencial para 2015 continua
a procurar responder de forma
abrangente às necessidades
do setor, combinando ações
de curta e de média duração,
programas em áreas técnicas
e em áreas comportamentais
e formatos interempresas e
intraempresa.
ÍNDICE 07 / FORMAÇÃO | ACADEMIA PORTUGUESA DE SEGUROS 99
Mais significativa ainda foi a expansão do número de No ano de 2014, foi ainda lançado o Curso Contabilidade
formandos, que atingiu 45% (para 1.297). Não obstante, o Técnica de Seguros - Plano de Contas para as Empresas
volume de formação (somatório global da carga horária de Seguros, que foi frequentado por 45 formandos nas
de todos os formandos) diminuiu 15%, uma vez que, ao modalidades elearning, blearning e Workshop Presencial.
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SETEMBRO 2015