Sunteți pe pagina 1din 49

Livro Eletrônico

Aula 04

Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXV Exame - Com videoaulas


Professor: Renan Araujo

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

AULA 04: CONCURSO DE PESSOAS E CONCURSO DE
CRIMES

SUMçRIO

1. CONCURSO DE PESSOAS .............................................................................. 3
1.1. Conceito, natureza e caracter’sticas ......................................................... 3
1.2. Requisitos ................................................................................................ 4
1.3. Modalidades ............................................................................................. 8
1.3.1. Coautoria ................................................................................................ 8
1.3.2. Participa•‹o ........................................................................................... 12
1.4. Comunicabilidade das circunst‰ncias ..................................................... 15
1.4.1. EspŽcies de elementares e de circunst‰ncias .............................................. 16
1.4.2. Coopera•‹o dolosamente distinta ............................................................. 22
2. CONCURSO DE CRIMES .............................................................................. 24
2.1. Conceito e natureza ............................................................................... 24
2.2. EspŽcies ................................................................................................. 24
2.2.1. Concurso material (ou real) de crimes ....................................................... 24
2.2.2. Concurso formal de crimes ...................................................................... 26
2.2.3. Aplica•‹o da pena no concurso formal ....................................................... 27
2.2.4. Crime continuado ................................................................................... 28
2.2.5. Requisitos para a configura•‹o do crime continuado .................................... 28
2.2.6. Aplica•‹o da pena no crime continuado ..................................................... 30
2.2.7. Crime continuado e conflito de leis penais no tempo .................................... 31
2.2.8. Crime continuado e prescri•‹o ................................................................. 31
2.2.9. Aplica•‹o da pena de multa no concurso de crimes ..................................... 32
3. RESUMO .................................................................................................... 35
4. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................... 42
5. GABARITO ................................................................................................. 48


Ol‡, meus amigos!

Hoje Ž dia de estudarmos dois institutos que costumam ser


bastante cobrados em provas de concursos pœblicos: concurso de
pessoas e concurso de crimes.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

Portanto, muita aten•‹o, pois h‡ v‡rias teorias doutrin‡rias que
podem cair na prova. Temos muitas quest›es interessantes!

Os reflexos destes institutos sobre os crimes em espŽcie


ser‹o analisados dentro de cada aula espec’fica.

Bons estudos!

Prof. Renan Araujo

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

1.!CONCURSO DE PESSOAS

1.1.! Conceito, natureza e caracter’sticas


O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colabora•‹o
de dois ou mais agentes para a pr‡tica de um delito ou
contraven•‹o penal.
O concurso de pessoas Ž regulado pelos arts. 29 a 31 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - Se a participa•‹o for de menor import‰ncia, a pena pode ser diminu’da
de um sexto a um ter•o. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-‡ aplicada a pena deste; essa pena ser‡ aumentada atŽ metade, na
hip—tese de ter sido previs’vel o resultado mais grave. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Circunst‰ncias incomunic‡veis
Art. 30 - N‹o se comunicam as circunst‰ncias e as condi•›es de car‡ter
pessoal, salvo quando elementares do crime. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determina•‹o ou instiga•‹o e o aux’lio, salvo disposi•‹o
expressa em contr‡rio, n‹o s‹o pun’veis, se o crime n‹o chega, pelo menos,
a ser tentado. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Mas como compreender a natureza jur’dico-penal de uma


conduta criminosa praticada por diversas pessoas? Tr•s teorias
surgiram:
¥! Pluralista (ou plural’stica) - Para esta teoria cada pessoa
responderia por um crime pr—prio, existindo tantos crimes
quantos forem os participantes da conduta delituosa, j‡ que a
cada um corresponde uma conduta pr—pria, um elemento
psicol—gico pr—prio e um resultado igualmente particular1.
¥! Dualista (ou dual’stica) Ð Segundo esta teoria, h‡ um
crime para os autores, que realizam a conduta t’pica
emoldurada no ordenamento positivo, e outro crime para os
part’cipes, que desenvolvem uma atividade secund‡ria.
¥! Monista (ou mon’stica ou unit‡ria) Ð A codelinqu•ncia
(concurso de agentes) deve ser entendida, para esta teoria,
como CRIME òNICO, devendo todos responderem pelo
mesmo crime. ƒ a adotada pelo CP. Isso n‹o significa que
todos que respondem pelo delito ter‹o a mesma pena. A pena
de cada um ir‡ corresponder ˆ valora•‹o de cada uma das

1
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, S‹o
Paulo, 2015, p. 548

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

condutas (cada um responde Òna medida de sua
culpabilidade). Em raz‹o desta diferencia•‹o na pena de cada
um dos infratores, diz-se que o CP adotou uma espŽcie de
teoria monista temperada (ou mitigada).

O concurso de pessoas pode ser, basicamente, de duas espŽcies:


¥! EVENTUAL Ð Neste caso, o tipo penal n‹o exige que o fato
seja praticado por mais de uma pessoa. Isso n‹o impede,
contudo, que eventual ele venha a ser praticado por mais de
uma pessoa (Ex.: Furto, roubo, homic’dio).
¥! NECESSçRIO Ð Nesta hip—tese o tipo penal exige que a
conduta seja praticada por mais de uma pessoa. Divide-se
em: a) condutas paralelas (crimes de conduta unilateral):
Aqui os agentes praticam condutas dirigidas ˆ obten•‹o da
==dc29b==

mesma finalidade criminosa (associa•‹o criminosa, art. 288


do CPP); b) condutas convergentes (crimes de conduta
bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes
praticam condutas que se encontram e produzem, juntas, o
resultado pretendido (ex. Bigamia); c) condutas
contrapostas: Neste caso os agentes praticam condutas uns
contra os outros (ex. Crime de rixa)

1.2.! Requisitos
Mas quais s‹o os requisitos para que se possa falar em
concurso de pessoas? Cinco s‹o os requisitos para que seja
caracterizado o concurso de pessoas:
¥! Pluralidade de agentes Ð Para que possamos falar em
concurso de pessoas, Ž necess‡rio que tenhamos mais de
uma pessoa a colaborar para o ato criminoso. ƒ necess‡rio
que sejam agentes culp‡veis? A doutrina se divide, mas
prevalece o entendimento de que todos os comparsas devem
ter discernimento, de maneira que a aus•ncia de culpabilidade
por doen•a mental, por exemplo, afastaria o concurso de
agentes, devendo ser reconhecida a autoria mediata. Assim,
se uma pessoa, perfeitamente mental e maior de 18 anos
(penalmente imput‡vel) determina a um doente mental (sem
qualquer discernimento) que realize um homic’dio, n‹o h‡
concurso de pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do
crime foi o mandante, que se valeu de uma pessoa sem
vontade como mero instrumento2 para praticar o crime.
N‹o h‡ concurso, pois um dos agentes n‹o era culp‡vel. Essa
regra s— se aplica aos crimes unissubjetivos (aqueles em


2
WELZEL, Hans. Derecho Penal, parte general. Ed. Roque Depalma. Buenos Aires, 1956,
p. 106

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

que basta um agente para sua caracteriza•‹o). Nos crimes
plurissubjetivos (aqueles em que necessariamente deve
haver mais de um agente, como no crime de associa•‹o
criminosa, por exemplo Ð art. 288 do CP), se um dos
colaboradores n‹o Ž culp‡vel por qualquer raz‹o,
mesmo assim permanece o crime. Nos crimes
eventualmente plurissubjetivos (crime de furto, por exemplo,
que eventualmente pode ser um crime qualificado pelo
concurso de pessoas, embora seja, em regra, unissubjetivo)
tambŽm n‹o Ž necess‡rio que todos os agentes sejam
culp‡veis, bastando que apenas um o seja para que
reste configurado o delito em sua forma qualificada.
Nessas duas œltimas hip—teses, no entanto, n‹o h‡
propriamente concurso de pessoas, mas o que a Doutrina
chama de concurso impr—prio, ou concurso aparente de
pessoas. Contudo, essa ressalva s— se aplica ao caso de
concurso entre culp‡vel e Òn‹o culp‡vel que possui
discernimentoÓ. Assim, se o agente culp‡vel se vale de
alguŽm sem culpabilidade como mero instrumento, sem que
ele possua qualquer discernimento, teremos sempre autoria
mediata. No caso do concurso entre um agente culp‡vel e um
menor de 17 anos, por exemplo (n‹o culp‡vel por
inimputabilidade), pode ser reconhecido o concurso de
pessoas (concurso aparente), j‡ que o menor possu’a
vontade e esta vontade convergia com a do imput‡vel, n‹o
tendo sido utilizado como mero instrumento.
¥! Relev‰ncia causal da colabora•‹o Ð A participa•‹o do
agente deve ser relevante para a produ•‹o do resultado, de
forma que a colabora•‹o que em nada contribui para o
resultado Ž um indiferente penal. AlŽm disso, a colabora•‹o
deve ser prŽvia ou concomitante ˆ execu•‹o, ou seja,
anterior ˆ consuma•‹o do delito. Se a colabora•‹o for
posterior ˆ consuma•‹o do delito, como o fato j‡ ocorreu, n‹o
h‡ concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, outro
crime (favorecimento real, recepta•‹o, etc.). PorŽm, se a
colabora•‹o for posterior ˆ consuma•‹o, mas
combinada previamente, h‡ concurso de pessoas. Ex:
Imagine que Poliana decide matar seus pais, e combina com
seu namorado para que ele esteja ˆs 20h em ponto na porta
de sua casa para lhe ajudar na fuga. Assim, a conduta do
namorado (auxiliar na fuga) Ž posterior ˆ consuma•‹o, mas
fora combinada anteriormente, havendo, portanto, concurso
de pessoas. Diversa seria a hip—tese, no entanto, se o
namorado tivesse ido ˆ casa da namorada sem saber que
deveria lhe ajudar na fuga. L‡ chegando, a namorada conta o
ocorrido e ele, a partir da’, concorda em auxili‡-la na fuga.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

Nessa hip—tese, o namorado comete o crime de favorecimento
pessoal (nos termos do art. 348 do CP). Cuidado com isso!
¥! V’nculo subjetivo (ou liame subjetivo) Ð TambŽm Ž
conhecido como concurso de vontades. Assim, para que
haja concurso de pessoas, Ž necess‡rio que a colabora•‹o dos
agentes deva ter sido ajustada entre eles, de modo que a
colabora•‹o meramente causal, sem que tenha havido
combina•‹o entre os agentes, n‹o caracteriza o concurso de
pessoas. Trata-se do princ’pio da converg•ncia. Caso haja
colabora•‹o dos agentes para a conduta criminosa, mas sem
v’nculo subjetivo entre eles, estaremos diante da autoria
colateral, e n‹o da coautoria.
¥! Unidade de crime (ou contraven•‹o) para todos os
agentes (identidade de infra•‹o penal) Ð Nos termos do
art. 29 do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984). Da’
podemos perceber que se 20 pessoas colaboram para a
pr‡tica de um delito (homic’dio, por exemplo), todas elas
respondem pelo homic’dio, independentemente da conduta
que tenham praticado (um apenas conseguiu a arma, o outro
dirigiu o ve’culo da fuga, outro atraiu a v’tima, etc.). As
condutas dos agentes, portanto, devem constituir algo
juridicamente unit‡rio3.
¥! Exist•ncia de fato pun’vel Ð Trata-se do princ’pio da
exterioridade. Assim, Ž necess‡rio que o fato praticado pelos
agentes seja pun’vel, o que de um modo geral exige pelo
menos que este fato represente uma tentativa de crime, ou
crime tentado. Para a caracteriza•‹o do crime tentado, Ž
necess‡rio que seja dado in’cio ˆ execu•‹o do crime. Se o fato
ficar meramente no plano abstrato, no plano da cogita•‹o,
n‹o h‡ fato pun’vel, nos termos do art. 14, II do CP. O art. 31
do CP determina, ainda, de modo espec’fico para a hip—tese
de concurso de pessoas, que a colabora•‹o s— Ž pun’vel se
o crime for, ao menos, tentado: Art. 31 - O ajuste, a
determina•‹o ou instiga•‹o e o aux’lio, salvo disposi•‹o expressa em
contr‡rio, n‹o s‹o pun’veis, se o crime n‹o chega, pelo menos, a ser
tentado. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984).

CUIDADO! Na autoria mediata, n‹o basta que o executor seja um



3
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 553

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

inimput‡vel, ele deve ser um verdadeiro INSTRUMENTO do
mandante, ou seja, ele n‹o deve ter qualquer discernimento no caso
concreto.
Ex.: JosŽ e Pedro (este menor de idade, com 17 anos) combinam de
matar Maria. JosŽ arma o plano e entrega a arma a Pedro, que a
executa. Neste caso, Pedro Ž inimput‡vel por ser menor de 18 anos, mas
possui discernimento, n‹o se pode dizer que foi um mero ÒinstrumentoÓ
de JosŽ. Assim, aqui n‹o teremos autoria mediata, mas concurso
aparente de pessoas.
Ex.2: JosŽ, maior e capaz, entrega a Mauro (um doente mental sem
nenhum discernimento) uma arma e diz para ele atirar em Maria, que
vem a —bito. Neste caso h‡ autoria mediata, pois Mauro (o
inimput‡vel) foi mero instrumento nas m‹os de JosŽ.
Mas esta Ž a œnica hip—tese de autoria mediata? A resposta Ž
negativa. A melhor Doutrina divide a autoria mediata em tr•s hip—teses,
basicamente4:
1 Ð Autoria mediata por erro do executor Ð Neste caso, aquele que
pratica a conduta foi induzido a erro pelo mandante (erro de tipo ou erro
de proibi•‹o). Ex.: MŽdico que entrega ˆ enfermeira uma inje•‹o
contendo determinada subst‰ncia t—xica, e determina que esta aplique
no paciente, alegando que se trata de morfina, para aliviar a dor5. A
enfermeira, aqui, n‹o atua dolosamente (do ponto de vista Òfinal’sticoÓ),
pois apesar de dar causa ˆ morte do paciente (causalidade f’sica, pois foi
ela quem injetou a subst‰ncia), n‹o dirigiu sua conduta a este resultado.
O dom’nio do fato pertencia ao mŽdico, o real infrator.
2 Ð Autoria mediata por coa•‹o do executor Ð Aqui o infrator coage
uma terceira pessoa a praticar um delito. Em se tratando de coa•‹o
MORAL irresist’vel, teremos um agente n‹o culp‡vel (a coa•‹o moral
irresist’vel afasta a culpabilidade). Desta forma, aquele que executa o faz
em situa•‹o de n‹o culpabilidade. A culpabilidade recai apenas sobre o
coator, n‹o sobre o coagido. Ex.: MŽdico que determina ˆ enfermeira
que aplique sobre o paciente uma dose cavalar de veneno. O mŽdico,
porŽm, n‹o esconde da enfermeira que se trata de veneno, ao contr‡rio
deixa isso bem claro. PorŽm, diz ˆ enfermeira que se ela n‹o fizer o que
foi determinado, ir‡ matar sua filha. Vejam que, neste caso, a enfermeira
sabe que est‡ injetando o veneno, de forma que age dolosamente, mas
ainda assim sem culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa.
3 Ð Autoria mediata por inimputabilidade do agente Ð Nesta
hip—tese o infrator se vale de uma pessoa inimput‡vel para a pr‡tica do
delito. A inimputabilidade, aqui, pressup›e que o executor (inimput‡vel)
n‹o tenha discernimento necess‡rio6. Caso o executor, mesmo
inimput‡vel, possua discernimento, n‹o haver‡ autoria mediata. Ex.:

4
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 560
5
O exemplo Ž de Hans Welzel. (cf. WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 106)
6
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 107-108

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

JosŽ, 20 anos, organiza um plano para furtar uma loja de eletr™nicos, e
combina com Marcelo, de 17, a execu•‹o do plano. Neste caso, n‹o h‡
autoria mediata, pois Marcelo, a despeito de sua inimputabilidade legal,
tem discernimento para n‹o ser considerado como ÒobjetoÓ. Por outro
lado, no mesmo exemplo, imaginemos que Marcelo tenha 30 anos, mas
seja absolutamente incapaz de entender o que se passa (doente mental
completo). Neste caso, a inimputabilidade de Marcelo afasta o
reconhecimento do concurso de pessoas com JosŽ, que responder‡ como
autor mediato do crime.

1.3.! Modalidades

1.3.1.! Coautoria
Para entendermos o fen™meno da coautoria, devemos,
primeiramente, estudar o que seria a autoria do delito.
V‡rias teorias, ao longo do tempo, procuraram definir o conceito
de AUTOR.
O conceito extensivo de autor n‹o diferencia autor e part’cipe,
considerando que todos aqueles que concorrem para o crime s‹o autores
do delito. Esse conceito Ž baseado numa premissa Òcausal-naturalistaÓ de
que todo aquele que d‡ causa ao delito (por qualquer forma), deve ser
considerado autor do crime.
Contudo, como pelo conceito extensivo de autor n‹o era poss’vel
definir quem era autor e quem era part’cipe, surgiu a teoria subjetiva
da participa•‹o, que considerava como autor aquele que pratica o fato
como pr—prio, que quer o crime Òcomo pr—prioÓ, como seu, e part’cipe
aquele que quer o fato como alheio, pratica uma conduta acess—ria ao
Òcrime de outra pessoaÓ.7 Isso era fundamental para a fixa•‹o da pena de
cada um, j‡ que aos autores deveriam ser aplicadas penas, em tese, mais
severas.
Como o conceito extensivo apresentou mais problemas que
solu•›es, surgiu o conceito restritivo de autor8. Para esta teoria
restritiva9, autor e part’cipe n‹o se confundem. Autor ser‡ aquele que
praticar a conduta descrita no nœcleo do tipo penal (subtrair, matar,
roubar, etc.). Todos os demais, que de alguma forma prestarem
colabora•‹o (material ou moral), ser‹o considerados part’cipes. Esta foi
a teoria adotada pelo CP.
Agora que j‡ sabemos que o CP diferencia autor e part’cipe,
precisamos saber qual Ž o critŽrio para se diferenciar um do outro.
Tr•s teorias surgiram.

7
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 555
8
ZAFFARONI, Eugenio Raul. PIERANGELI, JosŽ Henrique. Manual de Direito Penal
Brasileiro Ð Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais, 7¼ Ed. 2002, p. 572.
9
TambŽm chamada por alguns de teoria dualista ou objetiva.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor
Ž quem realiza a conduta prevista no nœcleo do tipo, sendo part’cipes
todos os outros que colaboraram para isso, mas n‹o realizaram a conduta
descrita no nœcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de
homic’dio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a
conduta de ÒmatarÓ alguŽm. Todos os outros colaboradores seriam
part’cipes. O grande problema desta teoria Ž considerar o autor
intelectual (mandante) como part’cipe, e n‹o como autor. Mais que isso:
Essa teoria n‹o explica o fen™meno da autoria mediata (quando alguŽm
se vale de um inimput‡vel para cometer um crime).
A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor Ž
quem colabora com participa•‹o de maior import‰ncia para o crime, e
part’cipe Ž quem colabora com participa•‹o reduzida, independentemente
de quem pratica o nœcleo do tipo (verbo que descreve a conduta
criminosa Ð matar, subtrair, etc.).
A terceira e œltima teoria, a teoria do dom’nio do fato, criada pelo
pai do finalismo, Hans Welzel10, e posteriormente desenvolvida por Claus
Roxin, defende que autor Ž todo aquele que possui o dom’nio da
conduta criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta
prevista no nœcleo do tipo) ou n‹o11. Para esta teoria, o autor seria aquele
que decide o tr‰mite do crime, sua pr‡tica ou n‹o, etc. Essa teoria
explica, satisfatoriamente, o caso do mandante, por exemplo, que mesmo
sem praticar o nœcleo do tipo (Òmatar alguŽmÓ), possui o dom’nio do fato,
pois tem o poder de decidir sobre o rumo da pr‡tica delituosa.
Para esta teoria, o part’cipe existe, e Ž aquele que contribui para a
pr‡tica do delito12, embora n‹o tenha poder de dire•‹o sobre a conduta
delituosa. O part’cipe s— controla a pr—pria vontade, mas a n‹o a conduta
criminosa em si, pois esta n‹o lhe pertence.

A teoria do dom’nio do fato tem por finalidade estabelecer uma


diferencia•‹o entre autor e part’cipe a partir da no•‹o de Òcontrole da
situa•‹oÓ. Aquele que, mesmo n‹o executando a conduta descrita no
nœcleo do tipo, possui todo o controle da situa•‹o, inclusive com a
possibilidade de intervir a qualquer momento para fazer cessar a
conduta, deve ser considerado autor, e n‹o part’cipe.
O controle (ou dom’nio) da situa•‹o pode se dar mediante13:


10
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 105
11
MU„OZ CONDE, Francisco. Teor’a general del delito. Ed. Temis Editorial. Bogot‡,
1999, p. 155-156
12
WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p.117-119
13
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 557-558

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

1 - Dom’nio da a•‹o - O agente realiza diretamente a conduta
prevista no tipo penal
2 - Dom’nio da vontade - O agente n‹o realiza a conduta
diretamente, mas Ž o "senhor do crime", controlando a vontade do
executor, que Ž um mero instrumento do delito (hip—tese de autoria
mediata).
3 - Dom’nio funcional do fato - O agente desempenha uma
fun•‹o essencial e indispens‡vel ao sucesso da empreitada criminosa,
que Ž dividida entre os comparsas, cabendo a cada um uma parcela
significativa, essencial e imprescind’vel.
Em todos estes casos, o agente ser‡ considerado autor do delito.

A teoria do dom’nio do fato, porŽm, n‹o se aplica aos crimes


culposos, pois neste n‹o h‡ dom’nio final do fato, pois o fato final
(resultado) n‹o Ž buscado pelos agentes, que pretendiam outro
resultado14.
A teoria adotada pelo CP Ž a teoria objetivo-formal,
considerando autor aquele que realiza a conduta descrita no nœcleo do
tipo, j‡ que denota sua Òvontade de autorÓ (animus auctoris), em
contraposi•‹o ˆ Òvontade de colabora•‹oÓ do part’cipe (animus socii).
Entretanto, considera-se adotada a teoria do dom’nio do fato para
os crimes em que h‡ autoria mediata, autoria intelectual, etc., de
forma a complementar a teoria adotada.
Esta Ž, portanto, a posi•‹o doutrin‡ria a respeito da posi•‹o do
CP sobre a diferen•a entre autor e part’cipe.
Desta maneira, ap—s entendermos quem seria considerado autor do
delito para o CP, podemos definir a coautoria como a espŽcie de concurso
de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam a conduta descrita no
nœcleo do tipo penal. Assim, no crime de roubo, se duas ou mais pessoas
entram num banco, portando armas, e anunciam um assalto, todas elas
praticaram a conduta descrita no nœcleo do tipo do art. 157, ¤ 2¡, I e II
do CP (subtrair para si ou para outrem, mediante viol•ncia ou grave
amea•a...). Logo, todas s‹o coautoras do delito.
No mesmo exemplo, o motorista que fica do lado de fora (o Òpiloto
de fugaÓ) Ž considerado part’cipe, pois embora concorra para a pr‡tica do
delito, n‹o pratica a conduta descrita no nœcleo do tipo penal. Contudo,
para a teoria do dom’nio do fato o motorista Ž autor, pois detŽm o
controle funcional do fato (divis‹o de tarefas).
Por outro lado, JosŽ, que apenas emprestou o carro para o roubo,
n‹o podendo influenciar, de alguma forma, no desfecho posterior do
delito (uma vez esgotada sua participa•‹o), Ž considerado part’cipe.


14
Idem, p. 558

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que Ž aquela na qual
a conduta dos agentes s‹o diversas e se somam, de forma a produzir o
resultado. Assim, se Ricardo segura a v’tima para que Poliana a
espanque, ambos s‹o coautores do crime de les‹o corporal, mediante
coautoria funcional.
PorŽm, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que Ž a
hip—tese em que ambos os coautores realizam a mesma conduta. Assim,
no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem a v’tima, ambos
seriam coautores mediante coautoria material.
No quadro abaixo vou mostrar para voc•s algumas hip—teses
pol•micas de aplica•‹o do instituto da coautoria:

Ø! Admite-se a coautoria nos crimes pr—prios, desde que ambos


os agentes possuam a qualidade exigida pela lei, ou que, aqueles
que n‹o a possuem, ao menos tenham ci•ncia de que o outro
agente age nessa qualidade.
Ø! N‹o se admite a coautoria nos crimes de m‹o-pr—pria, pois
s‹o considerados de conduta infung’vel, s— podendo ser praticados
pelo sujeito especificamente descrito pela lei.
Ø! A Doutrina se divide quanto ˆ possibilidade de coautoria em
crimes omissivos, da seguinte forma:
1 Ð Parte entende que NÌO Hç POSSIBILIDADE DE
COAUTORIA OU PARTICIPA‚ÌO (Concurso de agentes),
pois TODAS AS PESSOAS PRATICAM O NòCLEO DO TIPO,
DE MANEIRA AUTïNOMA;
2 Ð Outra parte da Doutrina entende poderia haver
concurso de pessoas, na modalidade de coautoria, mas
Ž minorit‡rio;
3 Ð A Doutrina ligeiramente majorit‡ria entende que Ž
poss’vel PARTICIPA‚ÌO, mas NÌO COAUTORIA.

Ø! Na autoria mediata n‹o h‡ concurso de pessoas entre autor


mediato autor imediato, respondendo apenas o autor mediato, que
se valeu de alguŽm sem culpabilidade para a execu•‹o do delito.
Ø! Entretanto, Ž poss’vel coautoria e tambŽm participa•‹o na autoria
mediata, desde que haja colabora•‹o entre os agentes
mediatos. NUNCA HAVERç CONCURSO DE PESSOAS ENTRE
AUTOR MEDIATO E AUTOR IMEDIATO.
Ø! CUIDADO! Na coa•‹o f’sica irresist’vel, n‹o h‡ autoria mediata,
mas autoria direta, pois o agente que realiza a a•‹o n‹o possui
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

conduta, j‡ que n‹o h‡ vontade. Nesse caso, aquele que pratica a
coa•‹o f’sica irresist’vel Ž autor direto, n‹o mediato;
Ø! Admite-se a autoria mediata nos crimes pr—prios, mas n‹o nos
crimes de m‹o pr—pria (h‡ alguns doutrinadores que entendem ser
poss’vel).

1.3.2.! Participa•‹o
Conforme estudamos, no Brasil adotou-se o conceito restritivo
de autor, distinguindo-se autor e part’cipe. Adotou-se, ainda, a
teoria objetivo-formal, de forma que podemos definir a participa•‹o
como a modalidade de concurso de pessoas na qual o agente colabora
para a pr‡tica delituosa, mas n‹o pratica a conduta descrita no nœcleo do
tipo penal.
A participa•‹o pode ser:
¥! Moral Ð ƒ aquela na qual o agente n‹o ajuda materialmente
na pr‡tica do crime, mas instiga ou induz alguŽm a praticar
o crime. A instiga•‹o ocorre quando o part’cipe age no
psicol—gico do autor do crime, refor•ando a ideia criminosa,
que j‡ existe na mente deste. O induzimento, por sua vez,
ocorre quando o part’cipe faz surgir a vontade criminosa na
mente do autor, que n‹o tinha pensado no delito;
¥! Material Ð A participa•‹o material Ž aquela na qual o
part’cipe presta aux’lio ao autor, seja fornecendo objeto para
a pr‡tica do crime, seja fornecendo aux’lio para a fuga, etc. ƒ
tambŽm chamada de cumplicidade. Este aux’lio n‹o pode
ser prestado ap—s a consuma•‹o, salvo se o aux’lio foi
previamente ajustado.

J‡ que o part’cipe n‹o pratica a conduta descrita no nœcleo


do tipo penal, como puni-lo?
A punibilidade do part’cipe n‹o pode ser realizada diretamente pela
descri•‹o do fato t’pico. De fato, aquele que empresta uma arma para
que alguŽm mate outra pessoa, n‹o poderia responder por homic’dio, pois
o art. 121 do CP diz: Òmatar alguŽmÓ. Aquele que empresta a arma n‹o
est‡ ÒmatandoÓ, por isso se diz que n‹o h‡, aqui, adequa•‹o t’pica
imediata.
Contudo, a punibilidade do part’cipe Ž poss’vel porque h‡ normas de
extens‹o da adequa•‹o t’pica (no caso, o art. 29 do CP), que permitem a
extens‹o do raio de aplica•‹o do tipo penal para aqueles que, de alguma
forma, tenham contribu’do para o delito. Trata-se da chamada
adequa•‹o t’pica mediata.
Como a conduta do part’cipe Ž considerada acess—ria em rela•‹o ˆ
conduta do autor (que Ž principal), o part’cipe Ž punido em raz‹o da

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

teoria da acessoriedade15. PorŽm, existem quatro teorias da
acessoriedade:
¥! Teoria da acessoriedade m’nima Ð Entende que a conduta
principal deva ser um fato t’pico, n‹o importando se Ž ou n‹o
um fato il’cito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e Jo‹o
combinam de matar Paulo. Na data combinada para a
execu•‹o, Marcio guia o carro atŽ o local e fica esperando do
lado de fora. Jo‹o se dirige atŽ Paulo e, ap—s uma discuss‹o,
Paulo come•a a agredir Jo‹o, que na verdade mata Paulo
em leg’tima defesa. Jo‹o matou Paulo em leg’tima defesa e
n‹o em raz‹o do ajuste com Marcio (n‹o tendo praticado fato
il’cito, mas apenas t’pico), mas por esta teoria, mesmo assim
Marcio responderia como part’cipe do crime. Veja que Jo‹o,
de fato, matou Paulo. Contudo, o fato n‹o Ž il’cito, pois Jo‹o
agiu em leg’tima defesa. PorŽm, para esta teoria, ainda que a
conduta de Jo‹o seja considerada apenas t’pica, mas n‹o
il’cita, Marcio deveria ser punido. O pior de tudo Ž que, neste
caso, M‡rcio, que n‹o praticou a conduta seria punido, mas
Jo‹o seria absolvido pela leg’tima defesa.
¥! Teoria da acessoriedade limitada Ð Exige que o fato
praticado (conduta principal) seja pelo menos uma conduta
t’pica e il’cita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do
part’cipe Marcio n‹o Ž pun’vel, pois a conduta principal,
apesar de t’pica, n‹o Ž il’cita. Veja que, para esta corrente
Doutrin‡ria, se o fato praticado pelo autor NÌO FOR
ILêCITO (Ainda que seja um fato t’pico), em raz‹o de
leg’tima defesa, etc., o part’cipe n‹o deve ser punido;
¥! Teoria da acessoriedade m‡xima Ð Para esta teoria, o
part’cipe s— ser‡ punido se o fato for t’pico, il’cito e praticado
por agente culp‡vel. Essa teoria faz exig•ncia irrazo‡vel, pois
a culpabilidade Ž uma quest‹o pessoal do agente, n‹o
guardando rela•‹o com o fato. Assim, imagine que Carlos,
maior de idade, seja part’cipe de um roubo praticado por
Lucas, menor de idade. Para esta corrente, Carlos n‹o
poderia responder pelo roubo praticado (na qualidade
de part’cipe), pois Lucas (o autor principal) Ž
inimput‡vel (n‹o tem culpabilidade), sendo o fato
apenas t’pico e il’cito, sem o complemento da
culpabilidade.


15
A teoria da acessoriedade deriva de uma das teorias dos FUNDAMENTOS da
punibilidade do part’cipe, que Ž a TEORIA DO FAVORECIMENTO (ou da CAUSA‚ÌO), que
diz que o part’cipe deve ser punido por ter coloborado para que o delito fosse realizado.
Em contraposi•‹o a esta, havia a teoria da participa•‹o na culpabilidade, que defendia
que o part’cipe deveria ser punido apenas por exercer Òinflu•ncia negativaÓ sobre o
autor. Esta œltima foi abandonada pela Doutrina h‡ algumas dŽcadas.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

¥! Teoria da hiperacessoriedade Ð Exige que, alŽm de o fato
ser t’pico e il’cito e o agente culp‡vel, o autor tenha sido
efetivamente punido para que o part’cipe responda pelo
crime. ƒ ainda mais irrazo‡vel que a œltima. Imagine que JosŽ
seja part’cipe de um roubo praticado por Marcelo. No decorrer
do processo, Marcelo vem a falecer (o que gera a extin•‹o da
punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta
corrente, como houve extin•‹o da punibilidade em
rela•‹o a Marcelo (o autor do delito), o part’cipe (JosŽ)
n‹o poder‡ mais ser punido.

O Nosso CP n‹o adotou expressamente nenhuma das quatro


teorias, mas com certeza n‹o adotou a teoria da acessoriedade m’nima
nem a teoria da hiperacessoriedade (as extremas).
A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao
nosso sistema Ž a teoria da acessoriedade limitada16, exigindo que
o fato seja somente t’pico e il’cito para que o part’cipe responda pelo
crime.
Quest›es interessantes acerca da participa•‹o:

Ø! A lei admite a redu•‹o da pena de 1/6 a 1/3 se a participa•‹o Ž de


menor import‰ncia (art. 29, ¤ 1¡ do CP). Isto n‹o se aplica ˆs
hip—teses de coautoria, mas apenas ˆ participa•‹o;
Ø! A Doutrina admite a participa•‹o nos crimes comissivos por
omiss‹o, quando o part’cipe devia e podia evitar o resultado (art.
13, ¤ 2¡ do CP).
Ø! A participa•‹o in—cua n‹o se pune. Assim, se A empresta uma
faca a B, de forma a auxili‡-lo a matar C, e B mata C usando seu
rev—lver, a participa•‹o de A foi absolutamente in—cua, pois em
nada auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a
matar C, e B realiza a conduta porque j‡ estava determinado a
isso, a instiga•‹o promovida por A n‹o teve qualquer efic‡cia, pois
B j‡ mataria C de qualquer forma.
Ø! Participa•‹o em cadeia Ž poss’vel: Assim, se A empresta uma
arma a B, para que este a empreste a C, a fim de que este œltimo
mate D, tanto A quanto B s‹o part’cipes do crime, por prestarem
aux’lio material em cadeia.
Ø! A participa•‹o em a•‹o alheia ocorre quando o part’cipe, sem
qualquer liame subjetivo com o autor, contribui de maneira culposa

16
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 565

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

para a pr‡tica do delito. Assim, o funcion‡rio pœblico que n‹o
tranca a porta da reparti•‹o ao final do expediente, e esta vem a
ser furtada por um particular na madrugada, responde por peculato
culposo (art. 312, ¤ 2¡ do CP), enquanto o particular responde por
furto. N‹o h‡ concurso de pessoas pois falta o liame subjetivo
entre ambos (coer•ncia de vontades).

(FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVI EXAME DE ORDEM)


Maria Joaquina, empregada domŽstica de uma resid•ncia,
profundamente apaixonada pelo vizinho Fernando, sem que este
soubesse, escuta sua conversa com uma terceira pessoa
acordando o furto da casa em que ela trabalha durante os dias de
semana ˆ tarde. Para facilitar o sucesso da opera•‹o de seu
amado, ela deixa a porta aberta ao sair do trabalho. Durante a
empreitada criminosa, sem saber que a porta da frente se
encontrava destrancada, Fernando e seu comparsa arrombam a
porta dos fundos, ingressam na resid•ncia diversos objetos.
Diante desse quadro f‡tico, assinale a op•‹o que apresenta a
correta responsabilidade penal de Maria Joaquina.
a) Dever‡ responder pelo mesmo crime de Fernando, na qualidade
de part’cipe, eis que contribuiu de alguma forma para o sucesso
da empreitada criminosa ao n‹o denunciar o plano.
b) Dever‡ responder pelo crime de furto qualificado pelo concurso
de agentes, afastada a qualificadora do rompimento de obst‡culo,
por esta n‹o se encontrar na linha de seu conhecimento.
c) N‹o dever‡ responder por qualquer infra•‹o penal, sendo a sua
participa•‹o irrelevante para o sucesso da empreitada criminosa.
d) Dever‡ responder pelo crime de omiss‹o de socorro.
COMENTçRIOS: No caso em tela, Maria Joaquina n‹o dever‡ responder
por qualquer infra•‹o penal, j‡ que sua conduta foi absolutamente
irrelevante para o sucesso da empreitada criminosa. A colabora•‹o de
Maria Joaquina n‹o teve qualquer relev‰ncia para o fato criminoso, de
maneira que n‹o Ž pun’vel (um dos requisitos da punibilidade da
participa•‹o Ž a relev‰ncia causal).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

1.4.! Comunicabilidade das circunst‰ncias


O art. 30 do CP estabelece que:
Art. 30 - N‹o se comunicam as circunst‰ncias e as condi•›es de car‡ter
pessoal, salvo quando elementares do crime. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

Antes de estudarmos a comunicabilidade ou n‹o das circunst‰ncias,


devemos diferenciar a mera circunst‰ncia da circunst‰ncia elementar do
crime.
A circunst‰ncia elementar Ž aquela que se refere a algo
indispens‡vel para a caracteriza•‹o do crime. Assim, a circunst‰ncia
ÒalguŽmÓ no crime de homic’dio, Ž uma elementar, pois se o fato for
praticado contra um animal, por exemplo, n‹o haver‡ homic’dio.
Por sua vez, a mera circunst‰ncia n‹o Ž indispens‡vel ˆ
caracteriza•‹o do crime, pois apenas agregam um fato que, se presente,
aumenta ou diminui a pena. Assim, o Òmotivo torpeÓ Ž uma circunst‰ncia
n‹o-elementar, ou mera circunst‰ncia, pois caso o fato seja praticado
sem essa circunst‰ncia, continua a existir homic’dio, no entanto, sem a
qualificadora.

1.4.1.! EspŽcies de elementares e de circunst‰ncias


Podem ser subjetivas (de car‡ter pessoal), quando relativas ˆ
pessoa do agente. ƒ o caso da condi•‹o de funcion‡rio pœblico, que Ž
pessoal, pois se refere ao agente.
Podem ser, ainda, objetivas (ou de car‡ter real), quando se
referem ao fato criminoso em si, seu modus operandi, etc. Assim, o
emprego de viol•ncia, no crime de roubo (art. 157 do CP) Ž uma
elementar objetiva.
As condi•›es pessoais n‹o se confundem com as
circunst‰ncias ou elementares de car‡ter pessoal. As primeiras s‹o
fatores pessoais do agente, que independem da pr‡tica da infra•‹o penal.
Assim, o fato de o agente ser menor de 21 anos Ž uma condi•‹o pessoal,
e n‹o uma circunst‰ncia de car‡ter pessoal, tampouco uma elementar.
Com base nesses tr•s institutos (elementares, circunst‰ncias e
condi•›es pessoais), podemos extrair tr•s regras do CP:
ü! As circunst‰ncias e condi•›es de car‡ter pessoal n‹o se
comunicam Ð Se A contrata B, para que este mate C, em
raz‹o deste œltimo ter estuprado sua filha, A comete o crime
de homic’dio privilegiado, em raz‹o do relevante valor moral
(art. 121, ¤ 1¡ do CP). Entretanto, B n‹o comete o crime de
homic’dio privilegiado, pois a circunst‰ncia Òrelevante valor
moralÓ Ž pessoal, n‹o se estendendo ao coautor;
ü! As circunst‰ncias de car‡ter real, ou objetivas, se
comunicam Ð PorŽm, Ž necess‡rio que a circunst‰ncia
tenha entrado na esfera de conhecimento dos demais
agentes. Imagine que A contrata B para matar C. B informa
a A que usar‡ de emboscada (portanto, homic’dio qualificado,
nos termos do art. 121, ¤ 2¡ do CP), e A concorda com isto.
Nesse caso, a circunst‰ncia objetiva ÒemboscadaÓ (relativa ao

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

meio utilizado), se comunica, pois embora A n‹o tenha usado
de emboscada, concordou com esta pr‡tica por B.
Diversamente, se B praticasse o crime mediante emboscada
sem nada comunicar ao mandante, A, esta circunst‰ncia n‹o
se comunicaria, por n‹o ter entrado na esfera de
conhecimento de A;
ü! As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas
ou subjetivas Ð No entanto, mais uma vez se exige que
estas elementares tenham entrado no ‰mbito de
conhecimento dos demais agentes. Imaginem que Jœlio,
servidor pœblico, convida Marcelo a entrar na reparti•‹o onde
trabalham, valendo-se da condi•‹o de Jœlio, para subtrair
alguns computadores. Caso Marcelo conhe•a a condi•‹o de
funcion‡rio pœblico de Jœlio, ambos respondem pelo crime de
peculato-furto (art. 312, ¤ 1¡ do CP). Caso Marcelo
desconhe•a essa circunst‰ncia elementar, responde ele
apenas pelo crime de furto, pois a aus•ncia dessa
circunst‰ncia faz desaparecer o crime de peculato-furto, mas
a conduta ainda Ž pun’vel como furto comum.

N‹o confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria, deve


haver v’nculo subjetivo ligando as condutas de ambos os autores. Na
autoria colateral, ambos praticam o nœcleo do tipo, mas um n‹o
age em acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B,
desafetos de C, sem que um saiba da exist•ncia do outro, escondem-se
atr‡s de ‡rvores esperando a passagem de C, a fim de mat‡-lo. Quando
C passa, ambos atiram, e C vem a —bito. Nesse caso, n‹o houve
coautoria, mas autoria colateral. Entretanto, a’ vai mais uma informa•‹o:
Imaginem que o laudo identifique que apenas uma bala atingiu C, direto
na cabe•a, levando-o a —bito. Nesse caso, o laudo n‹o conseguiu apontar
de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso, como n‹o se pode
definir quem efetuou o disparo fatal, ambos respondem pelo crime de
homic’dio TENTADO, pois n‹o se pode atribuir a nenhum deles o
homic’dio consumado, j‡ que o laudo Ž inconclusivo quanto a isto. Este Ž
o fen™meno da autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem agindo
em conluio, com v’nculo subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de
pessoas, ambos responderiam por crime de homic’dio CONSUMADO,
pois nesse caso seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que
levou C a —bito.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

(FGV Ð 2017 Ð OAB - XXIII EXAME DE ORDEM)


Rafael e Francisca combinam praticar um crime de furto em uma
resid•ncia onde ela exercia a fun•‹o de passadeira. Decidem,
ent‹o, subtrair bens do im—vel em data sobre a qual Francisca
tinha conhecimento de que os propriet‡rios estariam viajando,
pois assim ela tinha certeza de que os patr›es, de quem gostava,
n‹o sofreriam qualquer amea•a ou viol•ncia.
No dia do crime, enquanto Francisca aguarda do lado de fora,
Rafael entra no im—vel para subtrair bens. Ela, porŽm, percebe
que o carro dos patr›es est‡ na garagem e tenta avisar o fato ao
comparsa para que este sa’sse r‡pido da casa. Todavia, Rafael, ao
perceber que a casa estava ocupada, decide empregar viol•ncia
contra os propriet‡rios para continuar subtraindo mais bens.
Descobertos os fatos, Francisca e Rafael s‹o denunciados pela
pr‡tica do crime de roubo majorado.
Considerando as informa•›es narradas, o(a) advogado(a) de
Francisca dever‡ buscar
A) sua absolvi•‹o, tendo em vista que n‹o desejava participar do
crime efetivamente praticado.
B) o reconhecimento da participa•‹o de menor import‰ncia, com
aplica•‹o de causa de redu•‹o de pena.
C) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime
menos grave, aplicando-se a pena do furto qualificado.
D) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime
menos grave, aplicando-se causa de diminui•‹o de pena sobre a
pena do crime de roubo majorado.
COMENTçRIOS: Nesse caso, o advogado deve buscar o reconhecimento
da Òcoopera•‹o dolosamente distintaÓ ou Òparticipa•‹o em crime menos
graveÓ, prevista no art. 29, ¤2¼ do CP, pois Francisca quis participar
apenas de um furto, n‹o de um roubo. Neste caso, Francisca deve
responder pelo crime de furto, que foi aquele que efetivamente quis
praticar.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

(FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VII -


PRIMEIRA FASE)
Zen‹o e G—rgias desejam matar Tales. Ambos sabem que Tales Ž
pessoa bastante met—dica e tem a seguinte rotina ao chegar no
trabalho: pega uma x’cara de cafŽ na copa, deixa-a em cima

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

de sua bancada particular, vai a outra sala buscar o jornal e
retorna ˆ sua bancada para l•-lo, enquanto degusta a bebida.
Aproveitando-se de tais dados, Zen‹o e G—rgias resolvem que
executar‹o o crime de homic’dio atravŽs de envenenamento.
Para tanto, Zen‹o, certificando-se que n‹o havia ninguŽm
perto da bancada de Tales, coloca na bebida 0,1 ml de
poderoso veneno. Logo em seguida chega G—rgias, que tambŽm
verifica a aus•ncia de qualquer pessoa e adiciona ao cafŽ mais
0,1 ml do mesmo veneno poderoso. Posteriormente, Tales
retorna ˆ sua mesa e senta-se confortavelmente na cadeira
para degustar o cafŽ lendo o jornal, como fazia todos os
dias. Cerca de duas horas ap—s a ingest‹o da bebida, Tales vem
a falecer. Ocorre que toda a conduta de Zen‹o e G—rgias foi
filmada pelas c‰meras internas presentes na sala da v’tima, as
quais eram desconhecidas de dambos, raz‹o pela qual a autoria
restou comprovada. TambŽm restou comprovado que Tales
somente morreu em decorr•ncia da a•‹o conjunta das duas
doses de veneno, ou seja, somente 0,1 ml da subst‰ncia n‹o
seria capaz de provocar o resultado morte. Com base na
situa•‹o descrita, Ž correto afirmar que
a) caso Zen‹o e G—rgias tivessem agido em concurso de
pessoas, deveriam responder por homic’dio qualificado doloso
consumado.
b) mesmo sem qualquer combina•‹o prŽvia, Zen‹o e G—rgias
deveriam responder por homic’dio qualificado doloso
consumado.
c) Zen‹o e G—rgias, agindo em autoria colateral, deveriam
responder por homic’dio culposo.
d) Zen‹o e G—rgias, agindo em concurso de pessoas,
deveriam responder por homic’dio culposo.
COMENTçRIOS: No caso em tela, Zen‹o e G—rgias agiram em autoria
colateral, e NÌO em concurso de pessoas, pois n‹o havia qualquer v’nculo
subjetivo entre eles (um n‹o conhecia a conduta do outro).
N‹o h‡ que se falar em concurso de agentes, pois um desconhecia a
conduta do outro. Contudo, caso estivessem agindo em concurso, ambos
responderiam pelo resultado, ou seja, homic’dio doloso qualificado
consumado.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETR A.

(FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XI EXAME UNIFICADO)


Sofia decide matar sua m‹e. Para tanto, pede ajuda a Lara, amiga
de longa data, com quem debate a melhor maneira de executar o
crime, o melhor hor‡rio, local etc. Ap—s longas discuss›es de
como poderia executar seu intento da forma mais eficiente
poss’vel, a fim de n‹o deixar nenhuma pista, Sofia pede
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

emprestado a Lara um fac‹o. A amiga prontamente atende ao
pedido. Sofia despede-se agradecendo a ajuda e diz que, se tudo
correr conforme o planejado, executar‡ o homic’dio naquele
mesmo dia e assim o faz. No entanto, apesar dos cuidados, tudo Ž
descoberto pela pol’cia.
A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da
autoria, assinale a afirmativa correta.
A) Sofia Ž a autora do delito e deve responder por homic’dio com a
agravante de o crime ter sido praticado contra ascendente. Lara,
por sua vez, Ž apenas part’cipe do crime e deve responder por
homic’dio, sem a presen•a da circunst‰ncia agravante.
B) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de
homic’dio, incidindo, para ambas, a circunst‰ncia agravante de ter
sido, o crime, praticado contra ascendente.
c
C) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de
homic’dio. Todavia, a agravante de ter sido, o crime, praticado
contra ascendente somente incide em rela•‹o ˆ Sofia.
D) Sofia Ž a autora do delito e deve responder por homic’dio com
a agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente.
Lara, por sua vez, Ž apenas part’cipe do crime, mas a agravante
tambŽm lhe ser‡ aplicada.
COMENTçRIOS: A teoria restritiva sustenta a tese de que autor do delito
Ž aquele que pratica a conduta descrita no nœcleo do tipo penal (no caso
em tela, o verbo ÒmatarÓ), sendo part’cipes todos aqueles que, n‹o
praticando a conduta descrita no nœcleo do tipo, prestam algum tipo de
aux’lio (moral ou material).
No caso em tela, apenas Sofia praticou a conduta descrita no nœcleo do
tipo penal (matar), de forma que apenas esta Ž considerada AUTORA do
delito.
Lara, por sua vez, n‹o Ž considerada autora do delito, mas PARTêCIPE,
por ter prestado aux’lio material (emprestando a faca) ˆ Sofia.
Com rela•‹o ˆ agravante (de ter sido praticado contra ascendente), esta
n‹o Ž extens’vel ˆ Lara, pois se trata de circunst‰ncia agravante de
car‡ter pessoal, aplic‡vel apenas ao infrator que possui la•o de
parentesco com a v’tima, nos termos do art. 65, II, e, C/C art. 30 do CP.
Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

(FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO)


Analise detidamente as seguintes situa•›es:
Casu’stica 1: Amarildo, ao chegar a sua casa, constata que sua
filha foi estuprada por Ter•ncio. Imbu’do de relevante valor
moral, contrata Ronaldo, pistoleiro profissional, para tirar a vida
do estuprador. O servi•o Ž regularmente executado.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

Casu’stica 2: Lucas concorre para um infantic’dio auxiliando
Julieta, parturiente, a matar o nascituro Ð o que efetivamente
acontece. Lucas sabia, desde o in’cio, que Julieta estava sob a
influ•ncia do estado puerperal.
Levando em considera•‹o a legisla•‹o vigente e a doutrina sobre
o concurso de pessoas (concursus delinquentium), Ž correto
afirmar que
A) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio qualificado por motivo torpe.
No exemplo 2, Lucas e Julieta responder‹o pelo crime de
infantic’dio.
B) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio simples (ou seja, sem privilŽgio
pelo fato de n‹o estar imbu’do de relevante valor moral). No
2
exemplo 2, Lucas, que n‹o est‡ influenciado pelo estado
puerperal, responder‡ por homic’dio, e Julieta pelo crime de
infantic’dio.
C) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio simples (ou seja, sem privilŽgio
pelo fato de n‹o estar imbu’do de relevante valor moral). No
exemplo 2, tanto Lucas quanto Julieta responder‹o pelo crime de
homic’dio (ele na modalidade simples, ela na modalidade
privilegiada em raz‹o da influ•ncia do estado puerperal).
D) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio qualificado pelo motivo fœtil.
No exemplo 2, Lucas, que n‹o est‡ influenciado pelo estado
puerperal, responder‡ por homic’dio e Julieta pelo crime de
infantic’dio.
COMENTçRIOS:
Caso 01 Ð Tendo Amarildo agido mediante relevante valor moral, logo
ap—s injusta provoca•‹o da v’tima, Amarildo responde por homic’dio
privilegiado, mas essa circunst‰ncia, por ser de car‡ter pessoal, n‹o se
comunica a Ronaldo, que responde por homic’dio qualificado pelo motivo
torpe (mediante paga ou promessa de recompensa);
Caso 02 Ð Embora o delito de infantic’dio seja crime pr—prio, que s— pode
ser praticado pela m‹e contra o pr—prio filho, durante o estado puerperal,
Ž atualmente pac’fico o entendimento no sentido de que Ž poss’vel
concurso de agentes, desde que o comparsa saiba da condi•‹o de sua
comparsa, ou seja, saiba que ela est‡ matando o pr—prio filho sob a
influ•ncia do estado puerperal. Assim, ambos responder‹o por
infantic’dio;
Assim, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

1.4.2.! Coopera•‹o dolosamente distinta
A coopera•‹o dolosamente distinta, tambŽm chamada de
Òparticipa•‹o em crime menos graveÓ, ocorre quando ambos os agentes
decidem praticar determinado crime, mas durante a execu•‹o, um deles
decide praticar outro crime, mais grave. Nesse caso, aplica-se o art. 29, ¤
2¡ do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
(...)
¤ 2¼ - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-‡ aplicada a pena deste; essa pena ser‡ aumentada atŽ metade, na
hip—tese de ter sido previs’vel o resultado mais grave. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)

9
EXEMPLO: Imaginem que Camila e Herval combinam de realizar um
furto a uma casa que imaginam estar vazia. Camila espera no carro
enquanto Herval adentra ˆ resid•ncia. Entretanto, ao chegar ˆ resid•ncia,
Herval se depara com dois seguran•as, e troca tiros com ambos, levando-
os a —bito (sinistro esse cara). Ap—s, entra na casa e subtrai diversos
bens. Volta ao carro e ambos fogem.
Camila n‹o quis participar de um latroc’nio (que foi o que
efetivamente ocorreu), mas apenas de um furto. Assim, segundo a
primeira parte do ¤ 2¡ do art. 29 do CP, responder‡ somente pelo furto.
Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o
latroc’nio era prov‡vel (se soubesse, por exemplo, que Herval estava
armado e que havia a possibilidade de ter seguran•as na casa), a pena do
crime de furto (n‹o a do latroc’nio!!) ser‡ aumentada atŽ a metade.
A lei diz ÒatŽ a metadeÓ, logo, o aumento pode n‹o chegar a
esse patamar. O aumento de pena ir‡ variar conforme o grau de
previsibilidade do crime mais grave para o qual Camila n‹o se
predisp™s, mas era previs’vel.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

CUIDADO MASTER! Existe uma quest‹o muito


controvertida no que se refere ao concurso de pessoas. ƒ a
possibilidade (ou n‹o) de concurso de pessoas em crimes
CULPOSOS.
S‹o muitas, MUITAS ideias diferentes. Cada autor inventa alguma coisa
para vender seu livro, certo? Bom, resumidamente, podemos definir a
Doutrina majorit‡ria da seguinte forma:
COAUTORIA EM CRIMES CULPOSO Ð ƒ poss’vel, pois Ž poss’vel que
duas pessoas, de comum acordo, resolvam praticar uma conduta
imprudente, por exemplo. Ex.: Doisb rapazes resolvem atirar um m—vel do
10¼ andar de um prŽdio, sem inten•‹o de atingir ninguŽm, mas acabam
lesionando uma pessoa.
PARTICIPA‚ÌO EM CRIME CULPOSO Ð Depende. Podemos estar
falando de participa•‹o DOLOSA ou participa•‹o CULPOSA.
DOLOSA Ð N‹o cabe participa•‹o dolosa em crime culposo, pois a
Doutrina entende que n‹o h‡ Òunidade de vontadesÓ entre os agentes
(um quer o resultado a t’tulo de dolo, e o outro, executor, Ž apenas um
descuidado). Assim, n‹o h‡ Òv’nculo subjetivoÓ entre eles no que tange
ao resultado. Logo, cada um responde por sua conduta.
CULPOSA Ð ƒ poss’vel, pois Ž poss’vel que alguŽm, por culpa, induza,
instigue ou preste aux’lio ao executor de uma conduta tambŽm culposa,
e haveria Òunidade de vontadesÓ.
CUIDADO: O STJ entende que NÌO cabe nenhum tipo de
participa•‹o em crime culposo. Parte da Doutrina tambŽm segue
este entendimento.

Por fim, o que Ž Òmultid‹o delinquenteÓ ou Òmultid‹o


criminosaÓ17? S‹o considerados pela doutrina como aqueles atos em que
inœmeras (incont‡veis, uma multid‹o) pessoas praticam o mesmo delito,
agindo em concurso de pessoas, muitas vezes sem um acordo prŽvio,
mas cada uma aderindo tacitamente ˆ conduta da outra. Ex.:
Linchamentos, brigas de torcidas organizadas, saques a lojas ou a
carretas tombadas, etc.
A Doutrina sustenta que, mesmo nestes casos, t•m-se
CONCURSO DE PESSOAS, pois h‡ v’nculo subjetivo entre estas pessoas,
ainda que t‡cito (n‹o expl’cito). O agente que praticar o delito nestas
condi•›es, porŽm, dever‡ ter sua pena atenuada, nos termos do art. 65,

17
O termo Òmultid‹o criminosaÓ Ž utilizado, dentre outros, por RenŽ Ariel Dotti (cf.
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais. 4¼ ed.
S‹o Paulo. 2012, p. 459)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

e do CP, j‡ que se trata de situa•‹o em que h‡ maior vulnerabilidade
psicol—gica para que uma pessoa venha a aderir a uma conduta
criminosa. Por outro lado, os que promoverem, organizarem ou liderarem
a conduta criminosa ter‹o suas penas agravadas (art. 62, I do CP).

2.!CONCURSO DE CRIMES

2.1.! Conceito e natureza


Assim como Ž plenamente poss’vel que duas ou mais pessoas se
unam para praticar determinado delito, Ž plenamente poss’vel que de
uma mesma conduta (ou de uma sŽrie de condutas interligadas) surjam
v‡rios crimes.
O concurso de crimes pode ser de tr•s espŽcies: concurso
formal, concurso material e crime continuado.
A exata caracteriza•‹o de cada um dos institutos Ž bastante
importante, pois isso influenciar‡ na ado•‹o do sistema de aplica•‹o da
pena.
Tr•s tambŽm s‹o os sistemas de aplica•‹o da pena:
¥! Sistema do cœmulo material Ð Aqui, ao agente Ž aplicada a
pena correspondente ao somat—rio das penas relativas a cada
um dos crimes cometidos isoladamente. Foi adotado no que
tange ao concurso material (art. 69 do CP), no concurso
formal impr—prio ou imperfeito (art. 70, caput, 2¡ parte) e no
concurso de penas de multa (art. 72 do CP);
¥! Sistema da exaspera•‹o Ð Aplica-se ao agente somente
a pena da infra•‹o penal mais grave, acrescida de
determinado percentual. Foi acolhido no que se refere ao
concurso formal pr—prio ou perfeito (art. 70, caput, primeira
parte, do CP) e ao crime continuado (art. 71 do CP);
¥! Sistema da absor•‹o Ð Aplica-se somente a pena da
infra•‹o penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem
que haja qualquer aumento. Foi adotado
(jurisprudencialmente) em rela•‹o aos crimes falimentares.

2.2.! EspŽcies

2.2.1.! Concurso material (ou real) de crimes


Est‡ regulado pelo art. 69 do CP:
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma a•‹o ou omiss‹o, pratica
dois ou mais crimes, id•nticos ou n‹o, aplicam-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplica•‹o

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

cumulativa de penas de reclus‹o e de deten•‹o, executa-se primeiro aquela.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - Na hip—tese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena
privativa de liberdade, n‹o suspensa, por um dos crimes, para os demais
ser‡ incab’vel a substitui•‹o de que trata o art. 44 deste C—digo. (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado
cumprir‡ simultaneamente as que forem compat’veis entre si e
sucessivamente as demais. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Nesse fen™meno, o agente pratica duas ou mais condutas e produz


dois ou mais resultados. Pode ser homog•neo, quando todos os crimes
praticados s‹o id•nticos, ou heterog•neo, quando os crimes s‹o
diferentes.
Esse cœmulo de penas deve ser aplicado pelo Juiz na hora da
senten•a, se os processos tiverem sido reunidos por conex‹o, ou pelo Juiz
da execu•‹o, caso tenham sido aplicadas as penas em processos diversos
(nos termos do art. 66, III, a da LEP).
Se for imposta pena de reclus‹o a um dos crimes e de deten•‹o a
outro, executa-se primeiramente a de reclus‹o, nos termos do art. 69,
caput, segunda parte, do CP.
S— ser‡ poss’vel a aplica•‹o de penas restritivas de direitos a um
dos crimes se em rela•‹o aos outros foi aplicada pena tambŽm restritiva
de direitos ou, em caso de ter sido aplicada pena privativa de liberdade,
esta foi suspensa (Ž o chamado sursis), nos termos do art. 69, ¤ 1¡ do
CP.
As penas restritivas de direitos podem ser cumpridas
simultaneamente, desde que compat’veis. Assim, a pena de limita•‹o de
final de semana n‹o pode ser cumprida simultaneamente com outra
restritiva de direitos id•ntica (limita•‹o de final de semana), pois nesse
caso o agente estaria cumprindo apenas uma das penas (e pagando as
duas o malandro!). Entretanto, Ž plenamente poss’vel o cumprimento
simult‰neo de pena restritiva de direitos consistente em presta•‹o de
servi•os ˆ comunidade e outra consistente em presta•‹o pecuni‡ria ($$),
pois isso n‹o importa em preju’zo a ninguŽm (nem ao Estado nem ao
infrator).
S— Ž poss’vel a suspens‹o condicional do processo (art. 89 da Lei
9.099/95) se o somat—rio das penas m’nimas previstas para todos os
crimes for inferior a um ano. Assim, se o acusado praticou dois crimes em
concurso material, sendo a pena m’nima de ambos estipulada em 03
meses de deten•‹o, Ž poss’vel a suspens‹o condicional do processo.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

2.2.2.! Concurso formal de crimes
No concurso formal, ou ideal, o agente, mediante uma œnica
conduta, pratica dois ou mais crimes, id•nticos ou n‹o. Nos termos do
art. 70 do CP:
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma s— a•‹o ou omiss‹o, pratica dois
ou mais crimes, id•nticos ou n‹o, aplica-se-lhe a mais grave das penas
cab’veis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer
caso, de um sexto atŽ metade. As penas aplicam-se, entretanto,
cumulativamente, se a a•‹o ou omiss‹o Ž dolosa e os crimes concorrentes
resultam de des’gnios aut™nomos, consoante o disposto no artigo
anterior.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - N‹o poder‡ a pena exceder a que seria cab’vel pela regra
do art. 69 deste C—digo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Primeiramente, deve ser esclarecido a voc•s que deve haver


unidade de conduta e pluralidade de resultados. No entanto, a
unidade de conduta n‹o significa unidade de atos, pois existem condutas
que podem ser fracionadas em diversos atos, como no caso de alguŽm
que mata outra pessoa com diversas pauladas na cabe•a. Embora neste
caso haja diversos atos, h‡ unidade de conduta.
O concurso formal ser‡ homog•neo se todos os crimes cometidos
mediante a conduta œnica forem id•nticos, e ser‡ heterog•neo se os
crimes praticados forem diversos.
O concurso formal pode ser, ainda, perfeito ou imperfeito:
¥! Concurso formal perfeito (pr—prio) Ð Aqui o agente
pratica uma œnica conduta e acaba por produzir dois
resultados, embora n‹o pretendesse realizar ambos, ou
seja, n‹o h‡ des’gnios aut™nomos (inten•‹o de, com uma
œnica conduta, praticar dolosamente mais de um crime).
Exemplo: Imaginem que Camila, dirigindo seu Bugatti pelas
ruas de S‹o Paulo, em alt’ssima velocidade, atropela, sem
querer, um pedestre, que vem a —bito, e causa les›es graves
em outro pedestre. Nesse caso, Camila responde pelos crimes
de homic’dio culposo e les‹o corporal culposa em concurso
formal, aplicando-se a ela a pena do homic’dio culposo (mais
grave) acrescida de 1/6 atŽ a metade;
¥! Concurso formal imperfeito (impr—prio) Ð Aqui o agente
se vale de uma œnica conduta para, dolosamente,
produzir mais de um crime. Imaginem que, no exemplo
anterior, Camila desejasse matar o pedestre, antigo desafeto,
bem como lesionar o outro pedestre (sua ex-sogra). Assim,
com sua œnica conduta, Camila objetivou praticar ambos os
crimes, respondendo por ambos em concurso formal
imperfeito, e lhe ser‡ aplica a pena de ambos
cumulativamente (sistema do cœmulo material), pois esse
concurso formal Ž formal apenas no nome, j‡ que deriva de

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

inten•›es (des’gnios) aut™nomas, nos termos do art. 70,
segunda parte, do CP.

2.2.3.! Aplica•‹o da pena no concurso formal


Via de regra, no concurso formal o sistema utilizado Ž o da
exaspera•‹o, utilizando-se como base a pena do crime mais grave,
aumentada (exasperada) de 1/6 atŽ a metade (art. 70, primeira parte, do
CP).
O quantum do aumento (entre 1/6 e metade da pena usada como
base) ser‡ definido mediante a an‡lise da quantidade de crimes
praticados. Se praticados poucos crimes, aplica-se o aumento m’nimo; se
praticados diversos crimes mediante a œnica conduta, aplica-se o
aumento em seu montante m‡ximo.
Trata-se, portanto, de uma f—rmula de aplica•‹o da pena que visa a
beneficiar o rŽu, em raz‹o do menor desvalor de sua conduta.
Entretanto, se estivermos diante de concurso formal
imperfeito (impr—prio), aplica-se a regra estabelecida pelo art. 70,
segunda parte, do CP, ou seja, o sistema do cœmulo material, pois
o agente se valeu de uma œnica conduta para praticar diversos crimes de
maneira dolosa, agindo com inten•›es aut™nomas (des’gnios aut™nomos).
H‡, ainda, a figura que se denominou de concurso material
benŽfico, que ocorre quando o sistema da exaspera•‹o se mostra
prejudicial ao rŽu em rela•‹o ao sistema da cumula•‹o.
EXPLICO: Imaginem que o agente tenha cometido homic’dio
doloso simples (pena de 06 a 20 anos) e tenha, culposamente, mediante
a mesma conduta, lesionado levemente uma terceira pessoa, cometendo
o crime de les›es corporais culposas em concurso formal com o homic’dio
(art. 129, ¤ 6¡ do CP, pena de 02 meses a um ano de deten•‹o).
Nesse exemplo acima, o sistema da exaspera•‹o Ž muito prejudicial
ao rŽu. Imaginem que o infrator tenha sido condenado pelo crime de
homic’dio a 10 anos de reclus‹o (crime mais grave). Nesse caso, pelo
sistema da exaspera•‹o, por ter havido concurso formal, essa pena deve
ser aumentada de 1/6 atŽ a metade. Logo, a pena dele variar‡ de 11
anos e 08 meses a 15 anos de reclus‹o (pena base + 1/6 e pena base +
metade). Pelo sistema do cœmulo material, como a pena de les›es
culposas Ž bem pequena, a pena do agente variaria de 10 anos e dois
meses a 11 anos de reclus‹o. Nesse caso, percebam, o sistema da
exaspera•‹o Ž prejudicial ao rŽu. Assim, a lei estabelece que, nesse caso,
ELE NÌO SE APLICA, aplicando-se o sistema do cœmulo material, pois o
sistema da exaspera•‹o foi criado para beneficiar o rŽu e n‹o pode ser
aplicado quando resultar em preju’zo a ele. Nos termos do ¤ œnico do art.
70 do CP:
Art. 70 (...)

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

Par‡grafo œnico - N‹o poder‡ a pena exceder a que seria cab’vel pela regra
do art. 69 deste C—digo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

2.2.4.! Crime continuado


TambŽm conhecido como continuidade delitiva, Ž a espŽcie de
concurso de crimes na qual o agente pratica diversas condutas,
praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condi•›es, fazem
entender que todos fazem parte de uma œnica cadeia delitiva. Nos termos
do art. 71 do CP:
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma a•‹o ou omiss‹o, pratica
dois ou mais crimes da mesma espŽcie e, pelas condi•›es de tempo, lugar,
maneira de execu•‹o e outras semelhantes, devem os subseqŸentes ser
havidos como continua•‹o do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um s— dos
crimes, se id•nticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer
caso, de um sexto a dois ter•os. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Par‡grafo œnico - Nos crimes dolosos, contra v’timas diferentes, cometidos
com viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, poder‡ o juiz, considerando a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunst‰ncias, aumentar a pena de um s— dos
crimes, se id•nticas, ou a mais grave, se diversas, atŽ o triplo, observadas as
regras do par‡grafo œnico do art. 70 e do art. 75 deste C—digo.(Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Duas teorias buscam explicar este instituto:


¥! Teoria da fic•‹o jur’dica Ð Para esta teoria, a
continuidade delitiva Ž uma fic•‹o, pois, na verdade,
existem diversos crimes, tendo a Lei considerado os diversos
atos como apenas um crime, para fins de aplica•‹o da pena.
Esta teoria foi desenvolvida por Francesco Carrara;
¥! Teoria da realidade, ou da unidade real Ð Para esta teoria, o
crime continuado Ž, por sua pr—pria natureza, um œnico delito,
n‹o havendo que se falar em fic•‹o jur’dica.

O nosso CP adotou a teoria da fic•‹o jur’dica, pois a


considera•‹o dos diversos delitos como um œnico crime se d‡ apenas para
fins de aplica•‹o da pena, tanto que, no que tange ˆ prescri•‹o, eles
s‹o considerados crimes aut™nomos, nos termos do art. 119 do
CP:
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extin•‹o da punibilidade incidir‡
sobre a pena de cada um, isoladamente. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)

2.2.5.! Requisitos para a configura•‹o do crime continuado


A Doutrina entende serem tr•s os requisitos do crime continuado:
a) pluralidade de condutas; b) pluralidade de crimes da mesma

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

espŽcie; e c) condi•›es semelhantes de tempo, lugar, modo de
execu•‹o e outras semelhan•as.
H‡ diverg•ncia doutrin‡ria quanto ˆ necessidade de haver ou n‹o
unidade de des’gnio.
A pluralidade de conduta decorre da reda•‹o do art. 71, que fala
em Òmediante mais de uma a•‹o ou omiss‹oÓ.
A pluralidade de crimes causa pol•mica. O que seriam crimes
da mesma espŽcie? A Doutrina e a Jurisprud•ncia n‹o s‹o pac’ficas.
Parte minorit‡ria entende que crimes da mesma espŽcie s‹o aqueles que
tutelam o mesmo bem jur’dico. Assim, para essa corrente, furto,
estelionato, apropria•‹o indŽbita, etc., seriam todos crimes da mesma
espŽcie, pois seriam todos Òcrimes contra o patrim™nioÓ.
No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no STJ, Ž a de
que crimes da mesma espŽcie s‹o aqueles tipificados pelo mesmo
dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada,
consumados ou tentados. Assim, seriam crimes da mesma espŽcie
roubo e roubo qualificado18.
Entretanto, essa corrente entende que, alŽm de serem tratados
no mesmo dispositivo legal, devem tutelar o mesmo bem jur’dico.
Assim, roubo simples (art. 157) e latroc’nio (art. 157, ¤ 3¡ do CP) n‹o
seriam crimes da mesma espŽcie, pois o latroc’nio tutela, ainda, o direito
ˆ vida, e n‹o somente o patrim™nio. O STJ j‡ solidificou este
entendimento19.
Por fim, a semelhan•a entre os delitos deve obedecer ˆ conex‹o
de quatro g•neros: temporal, espacial, modal e ocasional.
A conex‹o temporal exige que os crimes tenham sido cometidos
na mesma Žpoca. Mesma Žpoca n‹o implica mesmo momento. A
jurisprud•ncia tem entendido que os crimes n‹o podem ter sido
cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. No entanto, no que
se refere aos crimes contra a ordem tribut‡ria, o STF j‡ entendeu que
pode haver continuidade delitiva desde que os delitos tenham sido
cometidos em lapso temporal n‹o superior a 03 anos.
A conex‹o espacial indica que, para que seja considerada
continuidade delitiva, os crimes devem ser cometidos no mesmo local. A
Jurisprud•ncia entende que a conex‹o espacial s— estar‡ presente se os
crimes forem cometidos na mesma cidade, ou, no m‡ximo, na mesma
regi‹o metropolitana.
A conex‹o modal se verifica quando o agente pratica o crime
sempre da mesma maneira, seja pelo modo de execu•‹o, pela utiliza•‹o
de comparsas, etc.


18
AgRg no AREsp 311.775/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em
27/05/2014, DJe 03/06/2014
19
HC 186.575/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/08/2013,
DJe 04/09/2013

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

A conex‹o ocasional n‹o possui previs‹o expressa na Lei, mas
parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os primeiros
crimes tenham proporcionado uma ocasi‹o que gerou a pr‡tica dos
crimes subsequentes.

Com rela•‹o ˆ unidade de des’gnios, ou seja, a


necessidade de que todos os crimes praticados na verdade tenham sido
partes de um œnico projeto criminoso, a Doutrina Ž dividida, mas a
maioria da Doutrina, bem como a Jurisprud•ncia, entendem ser
necess‡ria essa unidade de des’gnios, de forma que a mera reuni‹o
dos demais requisitos n‹o configura a continuidade delitiva se os crimes
foram praticados de maneira isolada, sem nenhum v’nculo entre eles.
Isso significa que a maioria da Doutrina e a Jurisprud•ncia adotam a
teoria objetivo-subjetiva, desprezando a teoria objetiva pura, que n‹o
prev• a necessidade de unidade de des’gnios.

2.2.6.! Aplica•‹o da pena no crime continuado


Existem tr•s espŽcies de crime continuado: simples, qualificado e
espec’fico. Entretanto, em todos os casos se aplica o sistema da
exaspera•‹o.
No crime continuado simples, as penas dos delitos parcelares s‹o as
mesmas. Exemplo: 10 furtos simples praticados em continuidade delitiva.
Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3
(varia conforme a quantidade de delitos).
No crime continuado qualificado, as penas dos delitos praticados s‹o
diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave deles, aumentada
de 1/6 a 2/3.
Por fim, o crime continuado espec’fico est‡ previsto no ¤ œnico do
art. 71 do CP:
Art. 71 (...)
Par‡grafo œnico - Nos crimes dolosos, contra v’timas diferentes, cometidos
com viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, poder‡ o juiz, considerando a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente,
bem como os motivos e as circunst‰ncias, aumentar a pena de um s— dos
crimes, se id•nticas, ou a mais grave, se diversas, atŽ o triplo, observadas as
regras do par‡grafo œnico do art. 70 e do art. 75 deste C—digo.(Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Assim, nos crimes dolosos cometidos com viol•ncia ou grave


amea•a ˆ pessoa, sendo as v’timas diferentes, poder‡ o Juiz aplicar a
pena de um deles (ou a mais grave, se diversas), aumentada atŽ o triplo.
Vejam que se adotou o mesmo sistema da exaspera•‹o, entretanto, o ¤
œnico previu um quantum maior a ser acrescido ˆ pena-base. A lei n‹o
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

estabelece a quantidade m’nima nesse caso, mas a
Jurisprud•ncia, inclusive o STF, entende que o m’nimo aqui
tambŽm Ž de 1/6.
Aqui tambŽm se aplica a regra do Òconcurso material benŽficoÓ, ou
seja, se o sistema da exaspera•‹o se mostrar mais gravoso, dever‡ ser
aplicado o sistema do cœmulo material.

2.2.7.! Crime continuado e conflito de leis penais no tempo


Se durante a execu•‹o do crime continuado sobrevir lei nova, mais
gravosa ao rŽu, esta œltima Ž aplicada, pois o crime continuado se
considera praticado quando cessa a continuidade delitiva. Assim, sendo o
tempo do crime o momento em que cessa a continuidade, a lei nova
chegou a vigorar antes de sua consuma•‹o, aplicando-se a este, por ser a
lei vigente ao tempo do crime.
Este entendimento est‡, inclusive, sumulado pelo STF:
SÚMULA Nº 711
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME
PERMANENTE, SE A SUA VIGæNCIA ƒ ANTERIOR Ë CESSA‚ÌO DA
CONTINUIDADE OU DA PERMANæNCIA.

2.2.8.! Crime continuado e prescri•‹o


Nos crimes continuados, por haver mera fic•‹o jur’dica de crime
œnico, apenas para fins de aplica•‹o da pena, a prescri•‹o Ž calculada
em rela•‹o a cada crime isoladamente.
Entretanto, para o c‡lculo da prescri•‹o RETROATIVA (a que
leva em considera•‹o a pena Òem concretoÓ), leva-se em conta a pena
m’nima estabelecida para a pena-base, desprezando-se o acrŽscimo
que seria aplicado em decorr•ncia da continuidade delitiva.
EXEMPLO: Se h‡ dois furtos qualificados praticados em continuidade
delitiva (penas m’nimas de dois anos), tendo a senten•a aplicado a pena
m’nima, por exemplo (02 anos), acrescida de determinado percentual
decorrente da continuidade delitiva (1/4), a prescri•‹o Ž calculada tendo
por base a pena aplicada, mas sem computar o acrŽscimo decorrente da
continuidade delitiva (apenas 02 anos, e n‹o 02 anos + !, que seria 02
anos e 06 meses).
Para termos uma ideia de como isso influencia a prescri•‹o, se
utiliz‡ssemos os Òdois anos e seis mesesÓ como base para o c‡lculo da
prescri•‹o retroativa, ela ocorreria em 08 anos, por for•a do art. 109, IV
do CP.
Como devemos considerar a pena aplicada, sem o acrŽscimo (02 anos), a
prescri•‹o retroativa ter‡ o prazo de 04 anos, por for•a do art. 109, V do
CP.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

Esta previs‹o consta do verbete n¡ 497 da sœmula do STF:
SÚMULA Nº 497
QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRI‚ÌO REGULA-SE
PELA PENA IMPOSTA NA SENTEN‚A, NÌO SE COMPUTANDO O ACRƒSCIMO
DECORRENTE DA CONTINUA‚ÌO.

2.2.9.! Aplica•‹o da pena de multa no concurso de crimes


Assim prev• o art. 72 do CP:
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa s‹o aplicadas distinta e
integralmente. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Assim, o art. 72 do CP prev• a aplica•‹o do sistema do


cœmulo material no que tange ˆs penas de multa. Essa aplica•‹o Ž
inquestion‡vel no concurso material e no concurso formal.
No entanto, no que se refere ao crime continuado, h‡ forte
diverg•ncia.
A primeira corrente (amplamente majorit‡ria na Doutrina) entende
que esta regra tambŽm se aplica ao crime continuado, por n‹o ter a Lei
feito qualquer distin•‹o.
A segunda corrente (majorit‡ria na Jurisprud•ncia, inclusive
no STJ), entende que, nesse caso, n‹o se aplica a regra do art. 72,
por ter a lei entendido que se trata de crime œnico, mediante
fic•‹o jur’dica.

(FGV Ð 2017 Ð OAB - XXIII EXAME DE ORDEM)


Pedro, quando limpava sua arma de fogo, devidamente registrada
em seu nome, que mantinha no interior da resid•ncia sem adotar
os cuidados necess‡rios, inclusive o de desmunici‡-la, acaba,
acidentalmente, por dispar‡-la, vindo a atingir seu vizinho Jœlio e
a esposa deste, Maria.
Jœlio faleceu em raz‹o da les‹o causada pelo projŽtil e Maria
sofreu les‹o corporal e debilidade permanente de membro.
Preocupado com sua situa•‹o jur’dica, Pedro o procura para, na
condi•‹o de advogado, orient‡-lo acerca das consequ•ncias do
seu comportamento.
Na oportunidade, considerando a situa•‹o narrada, voc• dever‡
esclarecer, sob o ponto de vista tŽcnico, que ele poder‡ vir a ser
responsabilizado pelos crimes de
A) homic’dio culposo, les‹o corporal culposa e disparo de de arma
de fogo, em concurso formal.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

B) homic’dio culposo e les‹o corporal grave, em concurso
formal.
C) homic’dio culposo e les‹o corporal culposa, em concurso
material.
D) homic’dio culposo e les‹o corporal culposa, em concurso
formal.
COMENTçRIOS: Neste caso, Pedro praticou dois crimes em concurso
formal, pois provocou os dois resultados com uma œnica conduta. Os
crimes praticados foram os de homic’dio culposo e les‹o corporal culposa,
previstos nos arts. 121, ¤3¼ e 129, ¤6¼ do CP, respectivamente.
N‹o h‡ que se falar em crime de disparo de arma de fogo, pois tal
conduta s— Ž pun’vel na forma dolosa.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

(FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VI -


PRIMEIRA FASE)
Otelo objetiva matar Desd•mona para ficar com o seguro de vida
que esta havia feito em seu favor. Para tanto, desfere projŽtil de
arma de fogo contra a v’tima, causando-lhe a morte. Todavia, a
bala atravessa o corpo de Desd•mona e ainda atinge Iago, que
passava pelo local, causando-lhe les›es corporais. Considerando-
se que Otelo praticou crime de homic’dio doloso qualificado em
rela•‹o a Desd•mona e, por tal crime, recebeu pena de 12 anos de
reclus‹o, bem como que praticou crime de les‹o corporal leve em
rela•‹o a Iago, tendo recebido pena de 2 meses de reclus‹o, Ž
correto afirmar que
a) o juiz dever‡ aplicar a pena mais grave e aument‡-la de um
sexto atŽ a metade.
b) o juiz dever‡ somar as penas.
c) Ž caso de concurso formal homog•neo.
d) Ž caso de concurso formal impr—prio.
COMENTçRIOS: O Juiz, neste caso, dever‡ somar as penas, ou seja,
aplicar o chamado CONCURSO MATERIAL BENƒFICO. Isso porque, no caso
em tela, temos uma espŽcie de concurso formal, no qual o agente
mediante uma s— conduta, e com um s— intento, acaba por produzir dois
resultados. Pela reda•‹o do art. 70 do CP, deveria o Juiz tomar a pena do
crime mais grave como base e sobre ela aplicar um percentual de
exaspera•‹o. Contudo, ainda que o Juiz aplicasse o percentual m’nimo
(1/6), a quantidade de Òexaspera•‹oÓ ficaria muito acima daquilo que o
agente receberia de pena se estas fossem somadas (dois anos ao invŽs
de dois meses), de forma que a exaspera•‹o, no caso, se mostra como
um sistema mais prejudicial que o cœmulo material, de forma que deve
ser aplicado este, nos termos do art. 70, ¤ œnico do CP.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

(FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - V - PRIMEIRA


FASE)
As regras do concurso formal perfeito (em que se adota o sistema
da exaspera•‹o da pena) foram adotadas pelo C—digo Penal com o
objetivo de beneficiar o agente que, mediante uma s— conduta,
praticou dois ou mais crimes. No entanto, quando o sistema da
exaspera•‹o for prejudicial ao acusado, dever‡ prevalecer o
sistema do cœmulo material (em que a soma das penas ser‡ mais
vantajosa do que o aumento de uma delas com determinado
percentual, ainda que no patamar m’nimo).
A essa hip—tese, a doutrina deu o nome de
a) concurso material benŽfico.
b) concurso formal imperfeito.
c) concurso formal heterog•neo.
d) exaspera•‹o sui generis.
COMENTçRIOS: Quando a conduta, por si s—, seja hip—tese de concurso
formal, mas o c‡lculo de aplica•‹o da pena pelo sistema da exaspera•‹o
(art. 70 do CP) se demonstrar mais prejudicial que o c‡lculo de aplica•‹o
pelo sistema do cœmulo material (art. 69 do CP), o art. 70, ¤ œnico do CP,
determina que aplica-se o sistema do cœmulo material.
A esse sistema foi dado o nome de cœmulo material benŽfico (concurso
material benŽfico).
PORTANTO, A ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

(FGV - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - II -


PRIMEIRA FASE)
Com rela•‹o ao concurso de delitos, Ž correto afirmar que:
a) no concurso de crimes as penas de multa s‹o aplicadas
distintamente, mas de forma reduzida.
b) o concurso material ocorre quando o agente, mediante mais de
uma a•‹o ou omiss‹o, pratica dois ou mais crimes com
depend•ncia f‡tica e jur’dica entre estes.
c) o concurso formal perfeito, tambŽm conhecido como pr—prio,
ocorre quando o agente, por meio de uma s— a•‹o ou omiss‹o,
pratica dois ou mais crimes id•nticos, caso em que as penas ser‹o
somadas.
d) o C—digo Penal Brasileiro adotou o sistema de aplica•‹o de
pena do cœmulo material para os concursos material e formal
imperfeito, e da exaspera•‹o para o concurso formal perfeito e
crime continuado.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

COMENTçRIOS: A afirmativa A est‡ errada, eis que no concurso de
crimes as penas de multa s‹o aplicadas distinta e integralmente, nos
termos do art. 72. A afirmativa B tambŽm est‡ errada, que n‹o h‡
depend•ncia jur’dica entre eles. H‡, apenas, depend•ncia f‡tica (devem
ser praticados num mesmo contexto f‡tico). A letra C caracteriza bem o
concurso formal, no entanto, peca quanto ˆs consequ•ncias, j‡ que as
penas n‹o s‹o somadas, aplicando-se o sistema da exaspera•‹o, nos
termos do art. 70 do CP.
J‡ a letra D est‡ correta, eis que o sistema do cœmulo material (soma das
penas) Ž aplicado ao concurso material e ao concurso formal imperfeito
(agente pratica uma s— conduta, atingindo mais de um bem jur’dico, s—
que com a inten•‹o de lesionar os dois), nos termos dos arts. 69 e 70,
segunda parte, do CP. J‡ o sistema da exaspera•‹o Ž previsto para o
concurso formal pr—prio ou perfeito (com uma s— conduta atinge dois
bens jur’dicos, sem a inten•‹o de lesionar ambos) e ao crime continuado,
conforme podemos extrair dos arts. 70 e 71 do CP.
PORTANTO, A AFIRMATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

(FGV Ð 2014 Ð OAB Ð XV EXAME DE ORDEM)


Roberto estava dirigindo seu autom—vel quando perdeu o controle
da dire•‹o e subiu a cal•ada, atropelando dois pedestres que
estavam parados num ponto de ™nibus. Nesse contexto, levando-
se em considera•‹o o concurso de crimes, assinale a op•‹o
correta, que contempla a espŽcie em an‡lise:
a) concurso material.
b) concurso formal pr—prio ou perfeito.
c) concurso formal impr—prio ou imperfeito.
d) crime continuado.
COMENTAçRIOS: No caso em tela temos o cl‡ssico exemplo de concurso
formal perfeito, ou concurso formal pr—prio, pois o agente, mediante uma
œnica a•‹o ou omiss‹o, e agindo sem des’gnios aut™nomos, produziu mais
de um resultado, nos termos do art. 70 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

3.! RESUMO

CONCURSO DE PESSOAS
Conceito - Colabora•‹o de dois ou mais agentes para a pr‡tica de uma
infra•‹o penal.
Teoria adotada pelo CP Ð Teoria monista temperada (ou
mitigada): todos aqueles que participam da conduta delituosa
respondem pelo mesmo crime, mas cada um na medida de sua

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

culpabilidade. H‡ exce•›es ˆ teoria monista (Ex.: aborto praticado por
terceiro, com consentimento da gestante. A gestante responde pelo crime
do art. 126 e o terceiro pelo crime do art. 124).
EspŽcies:
§! EVENTUAL Ð O tipo penal n‹o exige que o fato seja praticado por
mais de uma pessoa.
§! NECESSçRIO Ð O tipo penal exige que a conduta seja praticada
por mais de uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas
(crimes de conduta unilateral): Aqui os agentes praticam condutas
dirigidas ˆ obten•‹o da mesma finalidade criminosa (associa•‹o
criminosa, art. 288 do CPP); b) condutas convergentes (crimes
de conduta bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes
praticam condutas que se encontram e produzem, juntas, o
resultado pretendido (ex. Bigamia); c) condutas contrapostas:
Neste caso os agentes praticam condutas uns contra os outros (ex.
Crime de rixa)
Requisitos
§! Pluralidade de agentes - ƒ necess‡rio que tenhamos mais de
uma pessoa a colaborar para o ato criminoso.
§! Relev‰ncia causal da colabora•‹o Ð A participa•‹o do agente
deve ser relevante para a produ•‹o do resultado, de forma que a
colabora•‹o que em nada contribui para o resultado Ž um
indiferente penal.
§! V’nculo subjetivo (ou liame subjetivo) Ð ƒ necess‡rio que a
colabora•‹o dos agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo
menos tenha havido ades‹o de um ˆ conduta do outro. Trata-
se do princ’pio da converg•ncia.
§! Unidade de crime (ou contraven•‹o) para todos os agentes
(identidade de infra•‹o penal) Ð As condutas dos agentes,
portanto, devem constituir algo juridicamente unit‡rio.
§! Exist•ncia de fato pun’vel Ð Trata-se do princ’pio da
exterioridade. Assim, Ž necess‡rio que o fato praticado pelos
agentes seja pun’vel, o que de um modo geral exige pelo menos
que este fato represente uma tentativa de crime, ou crime
tentado.

Modalidades
Coautoria Ð Ado•‹o do conceito restritivo de autor (teoria
restritiva), por meio da teoria objetivo-formal: autor Ž aquele que
pratica a conduta descrita no nœcleo do tipo penal. Todos os demais s‹o
part’cipes.
OBS.: Autoria mediata: situa•‹o na qual alguŽm (autor mediato) se
vale de outra pessoa como instrumento (autor imediato) para a pr‡tica de
um delito. Pode ocorrer quando:

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

§! O autor imediato age sem dolo (erro provocado por terceiro)
§! O autor imediato age sem culpabilidade (Ex.: coa•‹o moral
irresist’vel)

T—picos importantes:
§! Pode haver autoria mediata nos crimes pr—prios - Desde que o
autor MEDIATO reœna as condi•›es especiais exigidas pelo tipo
penal.
§! N‹o h‡ possibilidade de autoria mediata nos crimes de m‹o
pr—pria Ð Impossibilidade de se executar o delito por interposta
pessoa
§! AUTORIA POR DETERMINA‚ÌO Ð Pune-se aquele que, embora
n‹o sendo autor nem part’cipe, exerce sobre a conduta dom’nio
EQUIPARADO ˆ figura da autoria.

Teoria do dom’nio do fato Ð Deve ser aplicada para as hip—teses de


autoria mediata. Para esta teoria, o autor seria aquele que tem poder de
decis‹o sobre a empreitada criminosa. Pode se dar por:
§! Dom’nio da a•‹o - O agente realiza diretamente a conduta
prevista no tipo penal
§! Dom’nio da vontade - O agente n‹o realiza a conduta
diretamente, mas Ž o "senhor do crime", controlando a
vontade do executor, que Ž um mero instrumento do delito
(hip—tese de autoria mediata).
§! Dom’nio funcional do fato - O agente desempenha uma
fun•‹o essencial e indispens‡vel ao sucesso da empreitada
criminosa, que Ž dividida entre os comparsas, cabendo a cada
um uma parcela significativa, essencial e imprescind’vel.

T—picos importantes
§! N‹o se admite coautoria nos crimes de m‹o pr—pria
§! Doutrina ligeiramente majorit‡ria entende n‹o ser cab’vel coautoria
em crimes culposos
§! N‹o existe coautoria entre autor mediato e autor imediato
§! H‡ possibilidade de coautoria entre dois autores mediatos

PARTICIPA‚ÌO
EspŽcies
¥! Moral Ð O agente n‹o ajuda materialmente na pr‡tica do
crime, mas instiga ou induz alguŽm a praticar o crime.
¥! Material Ð A participa•‹o material Ž aquela na qual o
part’cipe presta aux’lio ao autor, seja fornecendo objeto para
a pr‡tica do crime, seja fornecendo aux’lio para a fuga, etc.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

Punibilidade do part’cipe Ð Ado•‹o da teoria da acessoriedade: Como a


conduta do part’cipe Ž considerada acess—ria em rela•‹o ˆ conduta do
autor (que Ž principal), o part’cipe deve responder pela conduta principal
(na medida de sua culpabilidade).
OBS.: A Doutrina majorit‡ria defende que foi adotada a teoria da
acessoriedade limitada, exigindo-se que o fato seja t’pico e il’cito para
que o part’cipe responda pelo crime.

Participa•‹o de menor import‰ncia - redu•‹o da pena de 1/6 a 1/3


Participa•‹o in—cua - N‹o Ž pun’vel
Participa•‹o em crime culposo Ð Controvertido. STJ entende que
n‹o cabe participa•‹o em crime culposo. Doutrina se divide: parte
entende que cabe participa•‹o culposa em crime culposo, outra parte
entende que n‹o cabe participa•‹o nenhuma (nem culposa nem dolosa)
em crime culposo. UNANIMIDADE: n‹o cabe participa•‹o dolosa em
crime culposo.

COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTåNCIAS


§! As circunst‰ncias e condi•›es de car‡ter pessoal n‹o se
comunicam
§! As circunst‰ncias de car‡ter real, ou objetivas, se comunicam
§! As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas ou
subjetivas

COOPERA‚ÌO DOLOSAMENTE DISTINTA


TambŽm chamada de Òparticipa•‹o em crime menos graveÓ ou Òdesvio
subjetivo de condutaÓ, ocorre quando ambos os agentes decidem praticar
determinado crime, mas durante a execu•‹o, um deles decide praticar
outro crime, mais grave. CONSEQUæNCIA: agente responde pelo
crime menos grave (que quis praticar). A pena, contudo, poder‡ ser
aumentada atŽ a metade, caso tenha sido previs’vel a ocorr•ncia do
resultado mais grave.

ÒMultid‹o delinquenteÓ ou Òmultid‹o criminosa - Aqueles atos em


que inœmeras (incont‡veis, uma multid‹o) pessoas praticam o mesmo
delito.

CONCURSO DE CRIMES
O concurso de crimes pode ser de tr•s espŽcies: concurso formal,
concurso material e crime continuado.
H‡, tambŽm, tr•s sistemas de aplica•‹o da pena:

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

¥! Sistema do cœmulo material Ð ƒ aplicada a pena
correspondente ao somat—rio das penas relativas a cada um
dos crimes cometidos isoladamente.
¥! Sistema da exaspera•‹o Ð Aplica-se ao agente somente a
pena da infra•‹o penal mais grave, acrescida de determinado
percentual.
¥! Sistema da absor•‹o Ð Aplica-se somente a pena da
infra•‹o penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem
que haja qualquer aumento.

CONCURSO MATERIAL
Conceito Ð Aqui o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou
mais resultados.
EspŽcies:
§! Homog•neo - Quando todos os crimes praticados s‹o
id•nticos
§! Heterog•neo - Quando os crimes praticados s‹o diferentes
Sistema de aplica•‹o da pena
Aplica-se o sistema do CòMULO MATERIAL.

CONCURSO FORMAL
Conceito Ð Aqui o agente pratica uma s— conduta e produz dois ou mais
resultados.
EspŽcies:
§! Homog•neo - Quando todos os crimes praticados s‹o
id•nticos
§! Heterog•neo - Quando os crimes praticados s‹o diferentes
§! Perfeito (pr—prio) Ð Aqui o agente pratica uma œnica
conduta e acaba por produzir dois resultados, embora n‹o
pretendesse realizar ambos, ou seja, n‹o h‡ des’gnios
aut™nomos (inten•‹o de, com uma œnica conduta, praticar
dolosamente mais de um crime).
§! Imperfeito (impr—prio) Ð Aqui o agente se vale de uma
œnica conduta para, dolosamente, produzir mais de um crime.
Sistema de aplica•‹o da pena
REGRA Ð Sistema da exaspera•‹o: pena do crime mais grave,
aumentada (exasperada) de 1/6 atŽ a metade
Como definir a quantidade de aumento? De acordo com a quantidade
de crimes praticados
EXCE‚ÍES
§! Concurso formal impr—prio (imperfeito) Ð Neste caso, aplica-se
o sistema do cœmulo material
Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

§! Cœmulo material benŽfico Ð Ocorre quando o sistema da
exaspera•‹o se mostra prejudicial ao rŽu

CRIME CONTINUADO
Conceito Ð Hip—tese na qual o agente pratica diversas condutas,
praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condi•›es s‹o
considerados pela Lei (por uma fic•‹o jur’dica) como crime œnico.
OBS.: Em rela•‹o ˆ prescri•‹o n‹o h‡ fic•‹o jur’dica, de maneira que as
condutas ser‹o consideradas autonomamente (a prescri•‹o incidir‡ sobre
cada crime individualmente).
Requisitos:
§! Pluralidade de condutas
§! Pluralidade de crimes da mesma espŽcie
§! Condi•›es semelhantes de tempo, lugar, modo de execu•‹o e
outras semelhan•as

v! O que seriam crimes da mesma espŽcie? A corrente que


prevalece, inclusive no STJ, Ž a de que crimes da mesma espŽcie s‹o
aqueles tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma simples,
privilegiada ou qualificada, consumados ou tentados. AlŽm disso, devem
tutelar o mesmo bem jur’dico.
Conex‹o entre as condutas delitivas
§! Conex‹o temporal - Exige que os crimes tenham sido cometidos
na mesma Žpoca. JURISPRUDæNCIA: como regra, os crimes n‹o
podem ter sido cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias.
§! Conex‹o espacial Ð Os crimes devem ser cometidos no mesmo
local. JURISPRUDæNCIA: os crimes devem ter sido cometidos na
mesma cidade, ou, no m‡ximo, na mesma regi‹o metropolitana.
§! Conex‹o modal Ð Os crimes devem ter sido praticados da mesma
maneira, com o mesmo modus operandi, seja pelo modo de
execu•‹o, pela utiliza•‹o de comparsas, etc.
§! Conex‹o ocasional - N‹o possui previs‹o expressa na Lei, mas
parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os
primeiros crimes tenham proporcionado uma ocasi‹o que gerou a
pr‡tica dos crimes subsequentes.

EspŽcies e sistemas de aplica•‹o da pena


Em todos se aplica o sistema da exaspera•‹o, da seguinte forma:
§! Crime continuado simples Ð Todos os crimes possuem a mesma
pena. Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida
de 1/6 a 2/3

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

§! Crime continuado qualificado - As penas dos delitos praticados
s‹o diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave deles,
aumentada de 1/6 a 2/3
§! Crime continuado espec’fico Ð Ocorre nos crimes dolosos
cometidos com viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, sendo as
v’timas diferentes. O Juiz poder‡ aplicar a pena de um deles (ou a
mais grave, se diversas), aumentada atŽ o triplo.
OBS.: Aqui tambŽm se aplica a regra do Òconcurso material benŽficoÓ, ou
seja, se o sistema da exaspera•‹o se mostrar mais gravoso, dever‡ ser
aplicado o sistema do cœmulo material.

CONCURSO DE CRIMES
CONCURSO Pluralidade de CòMULO
MATERIAL condutas e de MATERIAL
crimes (somat—rio das
penas)

CONCURSO Unidade de Sistema da OBS.: Aplica-se o


FORMAL conduta e EXASPERA‚ÌO, sistema do cœmulo
PRîPRIO pluralidade de de 1/6 atŽ a material benŽfico se
crimes metade a exaspera•‹o for
mais prejudicial ao
acusado.

CONCURSO Unidade de CòMULO


FORMAL conduta e MATERIAL
IMPRîPRIO pluralidade de (somat—rio das
crimes Ð Hç penas)
DESêGNIOS
AUTïNOMOS

CRIME §! Pluralidade Sistema da


CONTINUADO de crimes da EXASPERA‚ÌO:
SIMPLES mesma espŽcie (e pena de um
que protejam o deles +
mesmo bem acrŽscimo de 1/6
jur’dico a 2/3
§! Conex‹o
entre os delitos
§! Penas s‹o as
mesmas

CRIME §! Pluralidade Sistema da OBS.: Aplica-se o


CONTINUADO de crimes da EXASPERA‚ÌO: sistema do cœmulo
QUALIFICADO mesma espŽcie (e pena do mais material benŽfico se
que protejam o grave + a exaspera•‹o for
mesmo bem acrŽscimo de 1/6 mais prejudicial ao
jur’dico a 2/3 acusado.
§! Conex‹o

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

entre os delitos
§! Penas dos
delitos s‹o
diversas

CRIME §! Pluralidade Sistema da OBS.: Aplica-se o


CONTINUADO de crimes da EXASPERA‚ÌO, sistema do cœmulo
ESPECêFICO mesma espŽcie (e de 1/6 atŽ o material benŽfico se
que protejam o triplo a exaspera•‹o for
mesmo bem mais prejudicial ao
jur’dico acusado.
§! Conex‹o
entre os delitos
§! Crimes
necessariamente
dolosos, praticados
contra v’timas
diferentes,
mediante viol•ncia
ou grave amea•a ˆ
pessoa

Crime continuado e conflito de leis penais no tempo - Se durante a


execu•‹o do crime continuado sobrevir lei nova, mais gravosa ao rŽu,
esta œltima ser‡ aplicada, pois se considera que o crime continuado est‡
sendo praticado enquanto n‹o cessa a continuidade delitiva (sœmula 711
do STF).
Crime continuado e prescri•‹o - Por haver mera fic•‹o jur’dica apenas
para fins de aplica•‹o da pena, a prescri•‹o Ž calculada em rela•‹o a cada
crime isoladamente.
Crime continuado e pena de multa Ð Diverg•ncia. Doutrina majorit‡ria
entende que as penas de multa s‹o aplicadas distinta e isoladamente
(cumulativamente), conforme prev• o CP. Jurisprud•ncia majorit‡ria
(STJ inclusive) e doutrina minorit‡ria sustentam que n‹o se aplica o
cœmulo material em rela•‹o ˆ pena de multa.
___________

Bons estudos!
Prof. Renan Araujo

4.!EXERCêCIOS DA AULA

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

01.! (FGV Ð 2017 Ð OAB - XXIII EXAME DE ORDEM)
Rafael e Francisca combinam praticar um crime de furto em uma
resid•ncia onde ela exercia a fun•‹o de passadeira. Decidem, ent‹o,
subtrair bens do im—vel em data sobre a qual Francisca tinha
conhecimento de que os propriet‡rios estariam viajando, pois assim ela
tinha certeza de que os patr›es, de quem gostava, n‹o sofreriam
qualquer amea•a ou viol•ncia.
No dia do crime, enquanto Francisca aguarda do lado de fora, Rafael
entra no im—vel para subtrair bens. Ela, porŽm, percebe que o carro dos
patr›es est‡ na garagem e tenta avisar o fato ao comparsa para que este
sa’sse r‡pido da casa. Todavia, Rafael, ao perceber que a casa estava
ocupada, decide empregar viol•ncia contra os propriet‡rios para continuar
subtraindo mais bens. Descobertos os fatos, Francisca e Rafael s‹o
denunciados pela pr‡tica do crime de roubo majorado.
Considerando as informa•›es narradas, o(a) advogado(a) de Francisca
dever‡ buscar
A) sua absolvi•‹o, tendo em vista que n‹o desejava participar do crime
efetivamente praticado.
B) o reconhecimento da participa•‹o de menor import‰ncia, com
aplica•‹o de causa de redu•‹o de pena.
C) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime menos
grave, aplicando-se a pena do furto qualificado.
D) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime menos
grave, aplicando-se causa de diminui•‹o de pena sobre a pena do crime
de roubo majorado.

02.! (FGV Ð 2017 Ð OAB - XXIII EXAME DE ORDEM)


Pedro, quando limpava sua arma de fogo, devidamente registrada em seu
nome, que mantinha no interior da resid•ncia sem adotar os cuidados
necess‡rios, inclusive o de desmunici‡-la, acaba, acidentalmente, por
dispar‡-la, vindo a atingir seu vizinho Jœlio e a esposa deste, Maria.
Jœlio faleceu em raz‹o da les‹o causada pelo projŽtil e Maria sofreu les‹o
corporal e debilidade permanente de membro. Preocupado com sua
situa•‹o jur’dica, Pedro o procura para, na condi•‹o de advogado,
orient‡-lo acerca das consequ•ncias do seu comportamento.
Na oportunidade, considerando a situa•‹o narrada, voc• dever‡
esclarecer, sob o ponto de vista tŽcnico, que ele poder‡ vir a ser
responsabilizado pelos crimes de
A) homic’dio culposo, les‹o corporal culposa e disparo de de arma de
fogo, em concurso formal.
B) homic’dio culposo e les‹o corporal grave, em concurso formal.
C) homic’dio culposo e les‹o corporal culposa, em concurso material.
D) homic’dio culposo e les‹o corporal culposa, em concurso formal.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

03.! (FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VI -


PRIMEIRA FASE)
Otelo objetiva matar Desd•mona para ficar com o seguro de vida que
esta havia feito em seu favor. Para tanto, desfere projŽtil de arma de fogo
contra a v’tima, causando-lhe a morte. Todavia, a bala atravessa o corpo
de Desd•mona e ainda atinge Iago, que passava pelo local, causando-lhe
les›es corporais. Considerando-se que Otelo praticou crime de homic’dio
doloso qualificado em rela•‹o a Desd•mona e, por tal crime, recebeu
pena de 12 anos de reclus‹o, bem como que praticou crime de les‹o
corporal leve em rela•‹o a Iago, tendo recebido pena de 2 meses de
reclus‹o, Ž correto afirmar que
a) o juiz dever‡ aplicar a pena mais grave e aument‡-la de um sexto atŽ
a metade.
b) o juiz dever‡ somar as penas.
c) Ž caso de concurso formal homog•neo.
d) Ž caso de concurso formal impr—prio.

04.! (FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - V -


PRIMEIRA FASE)
As regras do concurso formal perfeito (em que se adota o sistema da
exaspera•‹o da pena) foram adotadas pelo C—digo Penal com o objetivo
de beneficiar o agente que, mediante uma s— conduta, praticou dois ou
mais crimes. No entanto, quando o sistema da exaspera•‹o for prejudicial
ao acusado, dever‡ prevalecer o sistema do cœmulo material (em que a
soma das penas ser‡ mais vantajosa do que o aumento de uma delas
com determinado percentual, ainda que no patamar m’nimo).
A essa hip—tese, a doutrina deu o nome de
a) concurso material benŽfico.
b) concurso formal imperfeito.
c) concurso formal heterog•neo.
d) exaspera•‹o sui generis.

05.! (FGV - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - II -


PRIMEIRA FASE)
Com rela•‹o ao concurso de delitos, Ž correto afirmar que:
a) no concurso de crimes as penas de multa s‹o aplicadas distintamente,
mas de forma reduzida.
b) o concurso material ocorre quando o agente, mediante mais de uma
a•‹o ou omiss‹o, pratica dois ou mais crimes com depend•ncia f‡tica e
jur’dica entre estes.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

c) o concurso formal perfeito, tambŽm conhecido como pr—prio, ocorre
quando o agente, por meio de uma s— a•‹o ou omiss‹o, pratica dois ou
mais crimes id•nticos, caso em que as penas ser‹o somadas.
d) o C—digo Penal Brasileiro adotou o sistema de aplica•‹o de pena do
cœmulo material para os concursos material e formal imperfeito, e da
exaspera•‹o para o concurso formal perfeito e crime continuado.

06.! (FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XI EXAME UNIFICADO)


Sofia decide matar sua m‹e. Para tanto, pede ajuda a Lara, amiga de
longa data, com quem debate a melhor maneira de executar o crime, o
melhor hor‡rio, local etc. Ap—s longas discuss›es de como poderia
executar seu intento da forma mais eficiente poss’vel, a fim de n‹o deixar
nenhuma pista, Sofia pede emprestado a Lara um fac‹o. A amiga
prontamente atende ao pedido. Sofia despede-se agradecendo a ajuda e
diz que, se tudo correr conforme o planejado, executar‡ o homic’dio
naquele mesmo dia e assim o faz. No entanto, apesar dos cuidados, tudo
Ž descoberto pela pol’cia.
A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da autoria,
assinale a afirmativa correta.
A) Sofia Ž a autora do delito e deve responder por homic’dio com a
agravante de o crime ter sido praticado contra ascendente. Lara, por sua
vez, Ž apenas part’cipe do crime e deve responder por homic’dio, sem a
presen•a da circunst‰ncia agravante.
B) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homic’dio,
incidindo, para ambas, a circunst‰ncia agravante de ter sido, o crime,
praticado contra ascendente.
C) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de homic’dio.
Todavia, a agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente
somente incide em rela•‹o ˆ Sofia.
D) Sofia Ž a autora do delito e deve responder por homic’dio com a
agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente. Lara, por sua
vez, Ž apenas part’cipe do crime, mas a agravante tambŽm lhe ser‡
aplicada.

07.! (FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVI EXAME DE ORDEM)


Maria Joaquina, empregada domŽstica de uma resid•ncia, profundamente
apaixonada pelo vizinho Fernando, sem que este soubesse, escuta sua
conversa com uma terceira pessoa acordando o furto da casa em que ela
trabalha durante os dias de semana ˆ tarde. Para facilitar o sucesso da
opera•‹o de seu amado, ela deixa a porta aberta ao sair do trabalho.
Durante a empreitada criminosa, sem saber que a porta da frente se
encontrava destrancada, Fernando e seu comparsa arrombam a porta dos
fundos, ingressam na resid•ncia diversos objetos.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

Diante desse quadro f‡tico, assinale a op•‹o que apresenta a correta
responsabilidade penal de Maria Joaquina.
a) Dever‡ responder pelo mesmo crime de Fernando, na qualidade de
part’cipe, eis que contribuiu de alguma forma para o sucesso da
empreitada criminosa ao n‹o denunciar o plano.
b) Dever‡ responder pelo crime de furto qualificado pelo concurso de
agentes, afastada a qualificadora do rompimento de obst‡culo, por esta
n‹o se encontrar na linha de seu conhecimento.
c) N‹o dever‡ responder por qualquer infra•‹o penal, sendo a sua
participa•‹o irrelevante para o sucesso da empreitada criminosa.
d) Dever‡ responder pelo crime de omiss‹o de socorro.

08.! (FGV Ð 2014 Ð OAB Ð XV EXAME DE ORDEM)


Roberto estava dirigindo seu autom—vel quando perdeu o controle da
dire•‹o e subiu a cal•ada, atropelando dois pedestres que estavam
parados num ponto de ™nibus. Nesse contexto, levando-se em
considera•‹o o concurso de crimes, assinale a op•‹o correta, que
contempla a espŽcie em an‡lise:
a) concurso material.
b) concurso formal pr—prio ou perfeito.
c) concurso formal impr—prio ou imperfeito.
d) crime continuado.

09.! (FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO)


Analise detidamente as seguintes situa•›es:
Casu’stica 1: Amarildo, ao chegar a sua casa, constata que sua filha foi
estuprada por Ter•ncio. Imbu’do de relevante valor moral, contrata
Ronaldo, pistoleiro profissional, para tirar a vida do estuprador. O servi•o
Ž regularmente executado.
Casu’stica 2: Lucas concorre para um infantic’dio auxiliando Julieta,
parturiente, a matar o nascituro Ð o que efetivamente acontece. Lucas
sabia, desde o in’cio, que Julieta estava sob a influ•ncia do estado
puerperal.
Levando em considera•‹o a legisla•‹o vigente e a doutrina sobre o
concurso de pessoas (concursus delinquentium), Ž correto afirmar que
A) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado e
Ronaldo pelo crime de homic’dio qualificado por motivo torpe. No exemplo
2, Lucas e Julieta responder‹o pelo crime de infantic’dio.
B) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado e
Ronaldo pelo crime de homic’dio simples (ou seja, sem privilŽgio pelo fato
de n‹o estar imbu’do de relevante valor moral). No exemplo 2, Lucas, que

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

n‹o est‡ influenciado pelo estado puerperal, responder‡ por homic’dio, e
Julieta pelo crime de infantic’dio.
C) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado e
Ronaldo pelo crime de homic’dio simples (ou seja, sem privilŽgio pelo fato
de n‹o estar imbu’do de relevante valor moral). No exemplo 2, tanto
Lucas quanto Julieta responder‹o pelo crime de homic’dio (ele na
modalidade simples, ela na modalidade privilegiada em raz‹o da
influ•ncia do estado puerperal).
D) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado e
Ronaldo pelo crime de homic’dio qualificado pelo motivo fœtil. No exemplo
2, Lucas, que n‹o est‡ influenciado pelo estado puerperal, responder‡ por
homic’dio e Julieta pelo crime de infantic’dio.

10.! (FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VII -


PRIMEIRA FASE)
Zen‹o e G—rgias desejam matar Tales. Ambos sabem que Tales Ž pessoa
bastante met—dica e tem a seguinte rotina ao chegar no trabalho: pega
uma x’cara de cafŽ na copa, deixa-a em cima de sua bancada
particular, vai a outra sala buscar o jornal e retorna ˆ sua bancada
para l•-lo, enquanto degusta a bebida. Aproveitando-se de tais dados,
Zen‹o e G—rgias resolvem que executar‹o o crime de homic’dio
atravŽs de envenenamento. Para tanto, Zen‹o, certificando-se que
n‹o havia ninguŽm perto da bancada de Tales, coloca na bebida
0,1 ml de poderoso veneno. Logo em seguida chega G—rgias, que
tambŽm verifica a aus•ncia de qualquer pessoa e adiciona ao cafŽ mais
0,1 ml do mesmo veneno poderoso. Posteriormente, Tales retorna
ˆ sua mesa e senta-se confortavelmente na cadeira para degustar
o cafŽ lendo o jornal, como fazia todos os dias. Cerca de duas horas
ap—s a ingest‹o da bebida, Tales vem a falecer. Ocorre que toda a
conduta de Zen‹o e G—rgias foi filmada pelas c‰meras internas presentes
na sala da v’tima, as quais eram desconhecidas de ambos, raz‹o pela
qual a autoria restou comprovada. TambŽm restou comprovado que
Tales somente morreu em decorr•ncia da a•‹o conjunta das duas
doses de veneno, ou seja, somente 0,1 ml da subst‰ncia n‹o seria
capaz de provocar o resultado morte. Com base na situa•‹o descrita, Ž
correto afirmar que
a) caso Zen‹o e G—rgias tivessem agido em concurso de pessoas,
deveriam responder por homic’dio qualificado doloso consumado.
b) mesmo sem qualquer combina•‹o prŽvia, Zen‹o e G—rgias
deveriam responder por homic’dio qualificado doloso consumado.
c) Zen‹o e G—rgias, agindo em autoria colateral, deveriam responder
por homic’dio culposo.
d) Zen‹o e G—rgias, agindo em concurso de pessoas, deveriam
responder por homic’dio culposo.

Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 48

12557693863 - Daniel
DIREITO PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Renan Araujo Ð
Prof. Aula 04

5.! GABARITO

1.! ALTERNATIVA C
2.! ALTERNATIVA D
3.! ALTERNATIVA A
4.! ALTERNATIVA A
5.! ALTERNATIVA D
6.! ALTERNATIVA A
7.! ALTERNATIVA C
8.! ALTERNATIVA B
9.! ALTERNATIVA A
10.!ALTERNATIVA A (ANULçVEL)


Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 48 de 48

12557693863 - Daniel

S-ar putea să vă placă și