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a) Dos estados sem personalidade jurídica internacional.

- A personalidade jurídica
do Estado não surge com o reconhecimento, mas antes quando se reúnem todos os
elementos constitutivos. O reconhecimento apenas consigna um facto preexistente.
O reconhecimento de um Estado pode ser expresso ou tácito. No primeiro caso, há uma
declaração explícita numa nota ou num Tratado. O reconhecimento tácito é aquele que
resulta de um acto que, implicitamente, mostra a intenção de tratar o novo Estado como
membro da comunidade internacional.
O facto de um Estado ser membro de uma Organização Internacional não implica que
tenha reconhecido todos os Estados da mesma.
Costuma-se falar ainda em reconhecimento de iure e de facto, considerando-se o
segundo como um reconhecimento provisório, ou apenas referente a certo número de
relações, enquanto o primeiro é definitivo e completo.
b) O Reconhecimento constitutivo dos Beligerantes e dos Insurretos
O reconhecimento como Estado pode ser precedido do reconhecimento como grupo
beligerante ou insurreto.
Um grupo é Beligerante quando uma parte da população se subleva, dando origem a
uma guerra civil, pretendendo desmembrar-se do Estado de que faz parte ou ocupar
definitivamente o poder. Neste caso, quando o grupo sublevado constitui um Governo
estável, mantém um exército organizado com o qual domina uma parte considerável do
Território nacional e se mostra disposto a respeitar os deveres de neutralidade de
qualquer Estado atingido pela luta ou que não possa ficar indiferente perante ela pode
reconhecer-lhe o carácter de beligerante. Reconhecidos, os beligerantes adquirem, de
facto, os direitos e deveres de um Estado.
Por vezes, tem sucedido que uma esquadra se amotina contra o Governo legal,
exercendo sobre o mesmo uma grande pressão política.
Nestes casos, se os Estados estrangeiros ou o Governo legal reconhecerem os
amotinados como Insurretos, obrigam-se a não os tratar como piratas ou malfeitores,
desonerando-se ainda o Governo legal da responsabilidade dos seus actos.
Todavia, tais insurretos, mesmo quando reconhecidos, não podem exercer direitos de
visita, de captura de contrabando de guerra, etc.
O Direito Internacional não se impõe às legislações internacionais quanto aos efeitos do
reconhecimento, porque não regula as consequências na ordem jurídica estadual da
atitude do poder executivo perante uma entidade que possui todas as características dum
Estado.
b)Da definição de Tratado. - Conforme artigo 2º da Convenção de Viena sobre Direito
dos Tratados de 1969, significa acordo internacional concluído por escrito entre Estados
e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois
ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. O
conceito, portanto, envolve um acordo de vontades, a necessidade de as partes serem
todas sujeitos de Direito Internacional e agirem nessa qualidade, regulamentação pelo
Direito Internacional, produção de efeitos com relevância nas relações internacionais
(sejam estritos efeitos nessas relações, sejam efeitos nas ordens internas das partes).
Assume também as seguintes denominações: tratados, acordos, convenções, ajustes,
pactos, ligas, estatuto, protocolo, ou outras formas. A Constituição Federal de 1988
utiliza as expressões: “tratados internacionais”, “tratados”, “acordos firmados pela
União”, “atos internacionais”. Fundamentação: Artigos 5º, § 2º, 49, inciso I, 84, inciso
VIII, 102, inciso III, alínea “b”, 105, inciso III, alínea “a” e 178 da Constituição Federal
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969
Carta, constituição ou estatuto: tratado constitutivo de uma organização internacional
ou regulador
de um órgão internacional (Carta das Nações Unidas)
 Pacto: tratado de aliança militar ou de grande importância política (Pacto de
Varsóvia)
 Concordata: tratado entre a Santa Sé e um Estado acerca da situação da Igreja
Católica perante este
 Acta geral ou Final: tratado conclusivo de uma conferencia ou congresso
internacional de Estados
 Convenção técnica: tratado sobre matérias especializadas de conceitos técnicos,
complementar
 Protocolo adicional: tratado complementar ou modificativo de outro sobre matérias
políticas
 Modus vivendi: acordo provisório
 Compromisso: acordo tendente à solução arbitral de conflitos
Classificações
c) Do indivíduo como sujeito de Direito Internacional- O SER HUMANO COMO
SUJEITO NO DIREITO INTERNACIONAL. A própria origem do Direito Internacional como
o conhecemos hoje, produto de uma sociedade politicamente organizada, transpõe os
pensamentos atrás descritos. A escola Espanhola do Direito das Gentes, contemporânea
dos descobrimentos marítimos, tinha conteúdo naturalista e já admitia a existência de
uma comunidade internacional. Francisco de Vitória, um dos primeiros a idealizar o
Direito internacional, não gostava dos ideais nacionalistas e defendia o relacionamento
entre as nações, ideias que encontram novo defensor em Hugo Grocio, tendo este último
enfatizado o aparecimento de regras por comum acordo entre os Estados.

A personalidade internacional da pessoa humana foi reconhecida já no séc. XVII, por


Hugo Groccio, quando diz, na sua obra O Direito da guerra e da Paz, que considera os
Estados e indivíduos como pessoas internacionais, compreensão essa que se insere na
prerrogativa que torna o compromisso de particulares perante inimigos de guerra uma
obrigação também do Estado. Se considerarmos o direito uma proporção entre coisas e
pessoas, do homem para o homem, não é concebível a noção da pessoa humana como
objeto do direito. Contudo, ainda hoje não é um sujeito de DIP pleno, pois não são
concedidas todas as faculdades que são conferidas a outros.

Verificada a capacidade jurídica internacional do indivíduo, mesmo assim, a sua


personalidade jurídica não é plena. Não participa na criação de normas internacionais e
não tem capacidade de ação. Para que exista plenitude de personalidade jurídica, o
indivíduo deveria ter a possibilidade de se dirigir aos fóruns internacionais com o
objetivo de reclamar os seus direitos.

São todas as pessoas que estão nos países, não havendo distinção entre naturais ou
naturalizados, ou seja, o “abinitio” para que exista um estado. De tão complexo
expressar em palavras o que significa ser humano, espera-se que este simples conceito
possa esclarecer o que seja ser humano.
Os indivíduos também são sujeitos de Direito Internacional Público, sabendo-se que
certas normas lhes atribuem direitos e deveres.

Em consonância com o atual Direito Internacional dos Direitos Humanos, defende-se


que o ser humano é sujeito de Direito interno, bem como de Direito internacional, uma
vez que titular de personalidade e capacidade jurídica em ambas as esferas.

Efetivamente, na atualidade, observa-se a presença de sistemas de proteção dos direitos


humanos e fundamentais, não apenas na esfera interna de cada Estado, mas também
internacional, tanto de alcance global, no âmbito da ONU, como regional, com atuação
complementar, com destaque aos sistemas interamericano, europeu e africano, além do
ainda incipiente sistema árabe e da proposta de criação de um sistema asiático. O
indivíduo também deve ser reconhecido como sujeito de Direito Internacional, com
capacidade de possuir e exercer direitos e obrigações de cunho internacional.

Os indivíduos ou pessoas naturais são sujeitos de Direito Internacional, ao lado dos


Estados e organizações internacionais (entes de Direito Público externo).

Há que se considerar que o homem é hoje munícipe, nacional e cidadão do mundo; tem
direitos e deveres internacionais.

As doutrinas sobre a personalidade internacional do indivíduo são muitas. Há teorias


que negam e teorias que afirmam ser o homem pessoa internacional. Autores como
Rosalyn Higgins, Marco Torronteguy, Deisy Ventura, Ricardo Seitenfus, Anzilotti,
Triepel, Diguit e Le Fur possuem interessantes doutrinas acerca do homem no plano
internacional

É possível perceber que a situação dos indivíduos ainda é complexa no âmbito do


direito internacional. A razão maior dessa complexidade é que a autonomia dos
indivíduos na esfera internacional entra em choque com a aclamada soberania dos
Estados. O fato de o indivíduo poder ser julgado por um tribunal internacional e o fato
dele almejar um direito à interpelação a uma corte internacional configurariam exceções
ao rígido e orgulhoso dogma da soberania incontestável.

d) Das reservas- A reserva é uma declaração unilateral feita por um sujeito de direito
internacional ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado ou a ele aderir com o
objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições em sua aplicação
no Estado optante pela reserva. Se a reserva for formulada antes da ratificação, como no
momento da assinatura, elas deverão ser reafirmadas no momento do compromisso
definitivo dos Estados, sob pena de se considerar que não se tem mais interesse de
manter a reserva apontada anteriormente.

Caso, entretanto, a reserva seja feita após a ratificação, acarretará denúncia parcial do
tratado.

O poder legislativo poderá fazer reservas, hipótese na qual se diz que o tratado foi
aprovado com restrições. Por seu turno, caso as reservas tenham sido feitas pelo Poder
Executivo - antes do envio para aprovação do Congresso - e assim o este o aprove, diz-
se que o tratado foi aprovado sem restrições.
Mas, se o Congresso não concordar com as reservas feitas pelo Poder Executivo, poderá
rejeitá-las, aprovando o tratado com restrições.

Vale ressaltar que há impossibilidade de fazer reservas:

a) Quanto o tratado previr expressamente sua impossibilidade;

b) Quanto o tratado previr a possibilidade de reservas somente sobre questões


preestabelecidas;

c) Sobre questões essenciais, cuja reserva é incompatível com o objeto ou com a


finalidade do tratado.

Note-se que as reservas serão sempre feitas por escrito e anexadas ao tratado.

e) da denuncia- A exemplo da ratificação e da adesão, a denúncia é um ato unilateral,


de efeito jurídico inverso ao que produzem aquelas duas figuras. Na linha de
pensamento de J.F. Rezek(Direito Internacional Público, 1991, pág. 111), pela denúncia,
manifesta o Estado sua vontade de deixar de ser parte no acordo internacional.

Os autores cuidam da denúncia dentre os meios de extinção dos tratados internacionais.


Em verdade, o que se poderia dizer é que a denúncia é uma das formas de extinção dos
tratados, uma vez que, sendo ato unilateral é ela inofensiva as demais pares no acordo
coletivo mutalizável. Nesse caso, a denúncia nada mais é do que um meio de extinção
do tratado para o Estado que o denuncia e não para as demais partes.

Antes da Convenção de Viena o tratado silente sobre o tema da denúncia, mas que se
deva reputar denunciável por sua natureza, dá ensejo a que o Estado retirante se entenda
desobrigado tão logo dá notícia formal da denúncia aos co pactuantes.

Na Convenção de Viena de 1969, entende-se por denúncia o ato unilateral pelo qual um
partícipe em dado tratado internacional exprime firmemente a sua vontade de deixar de
ser parte no acordo anteriormente firmado. A mesma difere da ab-rogação justamente
pelo fato de ser levada a efeito unilateralmente por uma determinada parte do tratado, e
não pela totalidade delas.

A denúncia por uma das partes no tratado bilateral extingue o acordo, ao passo que, nos
tratados multilaterais os termos do pactuado deixar de surtir efeito tão-somente para o
Estado que o denuncia, continuando a vigorar para as outras partes não sendo o tratado
não-mutalizável.

Os tratados que determinam situação jurídica permanente (tratados chamados reais ou


dispositivos) são infensos à denúncia. Entretanto, nem todos os tratados em que ela seria
admissível, preveem a possibilidade da denúncia unilateral.

Há que se distinguir duas hipóteses, no que diz respeito à possibilidade de denúncia dos
tratados internacionais: aquela em que o tratado de forma expressa disciplina a
possibilidade da denúncia em seu texto; e aquela hipótese em que o texto do tratado
nada diz a respeito do assunto. No primeiro caso, a denúncia não apresentaria maiores
dificuldades, porque a matéria já é prevista no tratado. Já no segundo caso, o tratado
nada prevê sobre a possibilidade da sua denúncia.

Maria de Assis Calsing(O tratado internacional e sua aplicação no Brasil) ensina que
três correntes surgiram: a) a corrente que só permite a denúncia quando prevista no
tratado; b) a corrente que afirma poder o tratado ser sempre denunciado, mesmo na
ausência da estipulação expressa a respeito; c), a corrente intermediária entre as duas
precedentes, que reconhece o direito à denúncia quando prevista no tratado e, quando
não prevista, d3esde que as partes tenham assim tacitamente acordado.

Ensinou J.F. Rezek (obra citada, pág. 111) que quando um tratado admite e disciplina
sua própria denúncia, o problema da possibilidade jurídica da retirada unilateral
simplesmente não se coloca. Já o silencio do texto convencional obriga a investigar sua
denunciabilidade à luz de sua natureza.

Como ainda lecionou Rezek (obra citada) a denúncia se exprime por escrito numa
notificação, carta ou instrumento; sua transmissão a quem de direito configura o ato
internacional significativo da vontade de romper o compromisso. Trata-se de uma
mensagem de governo, cujo destinatário nos pactos bilaterais, é o governo da parte
copactuante. Se coletivo o compromisso, a carta de denúncia dirige-se ao depositário,
que dela fará saber às demais partes.

f) Do Protocolo adicional- Em direito internacional um protocolo adicional, protocolo


opcional, protocolo facultativo ou simplesmente protocolo, em analogia com
contratos privados, é uma adenda a um tratado, mantendo a validade do corpo principal,
mas modificação, extensão ou complementando-o em alguns aspetos.

Alguns protocolos têm vindo a tornar-se mais famosos que o próprio tratado deu origem
a elas, tais como o Protocolo de Quioto, que é parte da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre a Mudança do Clima.

g Da Santa Sé-) Quanto à Santa Sé e ao Vaticano há que se ter atenção, em razão de


haver posicionamentos dissonantes na doutrina, em certos momentos explicitamente
contraditórios, o que não raras vezes gera confusões conceituais. O binômio – ou até
mesmo trinômio para alguns (Santa Sé, Igreja Católica e Vaticano) – não encontra
enquadramento doutrinário pacífico.
Aquisição da personalidade jurídica

A aquisição da personalidade jurídica em relação à Santa Sé e ao Estado do Vaticano é


fenômeno sui generis no campo do Direito das Gentes. Isso remonta à Questão Romana,
que se resumiu em uma disputa territorial envolvendo o governo italiano e o papado.
Findada em 1929, tal disputa culminou na criação da cidade do Vaticano, por meio da
formalização dos Tratados de Latrão, assinados pelo Cardeal Pietro Gasparini e pelo
Primeiro-ministro Benito Mussolini.

Vejam-se que três informações prévias já foram lançadas, que são de suma importância
para o desenrolar, quiçá exitoso, do presente estudo: primeiro que iremos analisar dois
entes distintos, a Santa Sé e o Vaticano; segundo que as discussões sobre suas
personalidades é fenômeno sui generis no Direito Internacional; e terceiro, já se tem a
informação, conforme supra, de que eles têm personalidade, caberá, a posteriori,
decifrar se é personalidade internacional.

5.3. A Santa Sé e sua relação com o Estado da Cidade do Vaticano

Santa Sé ou Sé Apostólica deriva do latim Sancta Sedes. É ela quem personifica a Igreja
Católica, por isso que é tida como de natureza religiosa. Trata-se da representação
máxima da Igreja Católica Apostólica Romana, dela emanando todas as decisões sobre a
religião cristã católica.

A sede da Igreja Católica localiza-se dentro da cidade do Vaticano, que, por


conseguinte, está encravada na cidade de Roma, capital da Itália. O Estado da Cidade do
Vaticano, criado pelos Tratados de Latrão de 1929, possui um território de apenas 0,44
km2, totalmente cercado pelo território italiano, o que se denomina enclave.

Ainda que sejam distintos, é de se reconhecer que um está em função do outro. É


possível entender essa situação por meio do estudo das competências exercidas pelo
Papa, tão citado nas considerações iniciais do nosso artigo.

Dentre tantas atividades desempenhadas pelo Sumo Pontífice, duas merecem destaque:
ele exerce duas funções, uma como Chefe da Igreja Católica, ou seja, da Santa Sé, e
outra como Chefe de Estado[16]. Quanto a esta última cabe um questionamento cuja
resposta já foi indicada acima: mas Chefe de qual Estado? Do “Estado da Cidade do
Vaticano”, eis sua denominação completa e formal. Além da criação da cidade-estado
em 1929, os Tratados de Latrão também foram responsáveis pelo reconhecimento, em
definitivo, ao Sumo Pontífice das duas chefias ora referidas.

O Estado do Vaticano trata-se, na verdade, de um instrumento da Igreja Católica,


estando, dessa maneira, a serviço da Santa Sé. Dessa maneira, não haveria outra opção
material e juridicamente viável a não ser atribuir ao Chefe da Igreja a chefia também do
Estado. Constata-se, com isso, que o Vaticano ostenta delineamentos atípicos, que o
distinguem da quase totalidade dos Estados tradicionalmente componentes da sociedade
internacional. É um típico exemplo de Estado teocrático, haja vista que seu sistema de
governo (ações políticas e jurídicas) é submetido às normas de uma religião. Com
arrimo no exposto, é possível concluir:

a) O Direito Internacional depois de 1945 foi alargado, percebendo-se o aumento de


temas e objetos de estudo. O rol de sujeitos é revisto, ou seja, a personalidade
internacional é ampliada.

b) Modernamente, percebe-se que a delimitação de um sujeito tem sido feita de acordo


com as noções de titular de direitos e de destinatário das normas internacionais.

c) É importante compreender os institutos da personalidade internacional e da


capacidade internacional. A personalidade pode ser compreendida como uma forma de
pré-habilitação para ser considerado sujeito com capacidade de manter relações
jurídicas ou de ser titular de direitos no plano externo.
d) Como não há fonte escrita definidora de quem ostenta a condição de sujeito, foram
desenvolvidas três correntes: a clássica (ou estadualista), a individualista e a eclética (ou
hétero personalista). Esta última é a mais aceita e prima pela existência de mais de um
sujeito, aceitando a coexistência de personalidade dos Estados, dos indivíduos e das
organizações internacionais, permitindo a inserção de outros.

e) Em relação à Santa Sé e ao Vaticano há posicionamentos dissonantes na doutrina. O


binômio – ou até mesmo trinômio para alguns (Santa Sé, Igreja Católica e Vaticano) –
não é pacífico. Parte-se da premissa de que são dois entes distintos, ambos com
personalidades jurídicas próprias. A aquisição de suas personalidades jurídicas é
fenômeno sui generis.

f) A Santa Sé personifica a Igreja Católica. A sede da Igreja Católica localiza-se dentro


da cidade do Vaticano. O Estado da Cidade do Vaticano, criado pelos Tratados de Latrão
de 1929, está totalmente cercado pelo território italiano, o que se denomina enclave.

g) Destacam-se duas funções do Papa: uma como Chefe da Igreja Católica, ou seja, da
Santa Sé, e outra como Chefe de Estado, do “Estado da Cidade do Vaticano”.

h) O Estado do Vaticano é instrumento da Igreja Católica, estando, dessa maneira, a


serviço da Santa Sé.

i) Como qualquer outro Estado, o do Vaticano possui Lei Fundamental, território


próprio e governo soberano. Mas, a despeito de tais semelhanças, ele possui
peculiaridades que o galgam ao posto de Estado anômalo.

j) O Estado instrumental em questão é teocrático (elemento teleológico), suas


finalidades são essencialmente religiosas e não possui nacionais.

k) Quanto ao reconhecimento da personalidade jurídica internacional, em relação à


Santa Sé, individualmente considerada, não se encontra muita resistência para
considerá-la sujeito do Direito Internacional.

l) Já quanto ao Estado do Vaticano, pairam oscilações doutrinárias. Todavia, de todo o


exposto, é possível concluir que a Santa Sé é sujeito e o Estado, embora instrumental,
com elemento constitutivo faltante ou remodelado, pode também ser encaixado como
sujeito do Direito Internacional, na condição de Estado anômalo.

h) actos unilaterais tratados -Trata-se da manifestação de vontade de um sujeito


internacional, seja o Estado ou organização internacional, expressa por escrito, o que
configura a maioria dos casos, oralmente ou pelo silêncio. São manifestações que não
possuem vínculo com um tratado ou com o costume. Materialmente, os atos unilaterais
dos Estados são assim classificados: i) Da assinatura.
Silêncio – assimilado à aceitação. É um ato unilateral tácito
- Notificação – trata-se de um ato condição na medida em que dele depende a validade
de outros atos. Ou seja, é um ato pelo qual um Estado leva ao conhecimento de outro
um fato determinado, que pode produzir efeitos jurídicos.
- Reconhecimento – É o principal ato unilateral, pois constata a existência de certos
fatos ou de atos jurídicos, e admite sua imputabilidade. Assim, o reconhecimento é um
ato unilateral por meio do qual um sujeito de Direito Internacional, sobretudo, o Estado,
constatando a existência de um fato novo.

- Protesto – É o contrário do reconhecimento, pois por intermédio dele o Estado


pretende resguardar seus próprios direitos, em face de pretensões de outro Estado, ou
perante a criação de uma norma jurídica. Não se trata de uma sanção, mas de uma
manifestação real de vontade. Seu elemento essencial é a permanência de atitude.
- Renúncia – a renúncia deve ser expressa e significa o abandono voluntário de um
direito, por parte de um sujeito de Direito Internacional.

Contestada por parte da doutrina, a denúncia constitui-se um ato unilateral quando é


feita por represália, ou quando atua como uma via de fato consumado. O não exercício
de um direito por um Estado não deve ser assimilado à renúncia deste direito.

- Promessa – faz surgir novos direitos em benefício de terceiros. Ao contrário dos atos
unilaterais precedentes, que referiam fatos e atos já existentes, a promessa vincula-se à
atitude futura do Estado. Por esta razão, ela é pouco utilizada. Todavia, quando o é, ela
compromete o sujeito de direito, como se ele tivesse se envolvido pelo acordo. Deve ser
executada de boa-fé e pode ocasionar sanções em caso de violação.

Os atos unilaterais produzidos pelas organizações internacionais são numerosos e de


difícil classificação. A distinção mais adequada são as resoluções. Pode ter um caráter
impositivo ou facultativo. As resoluções de caráter obrigatório são denominadas
decisões. As resoluções de caráter facultativo são denominadas recomendações. Elas
somente convidam o destinatário a adotar um comportamento determinado, de ação ou
de omissão, não possuem força jurídica e seus destinatários não cometem ilícito, caso
não as observem. Sua obrigatoriedade surge somente quando o destinatário a aceitou de
forma expressa ou tácita.
As reservas
As partes de um tratado obrigam-se à totalidade das suas cláusulas. A vinculação a
apenas algumas, só é possível se o tratado permitir ou se as outras partes o consentirem
(art. 18º - Convenção de Viena). Nos tratados multilaterais, podem ser admitidas
reservas.
Reserva é então a declaração unilateral, feita por um Estado quando assina, ratifica,
aceita ou aprova um tratado ou a ele adere, pela qual visa excluir ou modificar o efeito
jurídico de certas disposições do tratado na sua aplicação a este Estado (art. 20º, nº1 da
Convenção de Viena). Existem as seguintes reservas:
Rectificações do texto
Declarações interpretativas
Disposições transitórias e cláusulas de exclusão
Declarações anexas a um tratado de alcance político
Modificações ou emendas
Contudo existem tratados que proíbem reservas ou apenas admitem determinadas
reservas, por serem incompatíveis com o fim do (art. 19º a), b) c) da Convenção de
Viena); como também há tratados que não consentem reservas respeitante ao direito dos
homens e ao ius cogens. Também há tratados que só admitem reservas no processo de
vinculação, e nunca depois: no momento da assinatura, da ratificação, da aceitação ou
aprovação do tratado ou no momento da adesão.
Simultaneamente também é possivel que a reserva tenha que ser formulada por escrito e
comunicada aos outros Estados.
Para que a reserva de um Estado produza efeito, é necessário pelo menos que um Estado
contratante a aceite art. 20º) contudo:
a) Quando o nº de contratantes é pequeno, o objecto e fim do tratado necessita de uma
aplicação na íntegra, então o consentimento da reserva depende de todas as partes
b) Quando se constitui uma organização, a reserva exige a aceitação do órgão
competente da organização
A aceitação da reserva pode também ser tácita – quando se não tiver objectado quer nos
12 meses subsequentes, quer no momento em que se tiver expresso o seu consentimento
a vincular-se pelo tratado, se o fez posteriormente.
As reservas podem ser revogadas, a todo o tempo, sem que seja necessária a aceitação
do Estado que as tenha aceite (art. 22º).
Internamente, a emissão de reservas, a aceitação ou objecção de reservas depende da
Constituição de cada Estado.
O depósito dos tratados
Nos tratados multilaterais há o instituto do depósito previsto nos art. 76º e 77º. O
depositário é um Estado, ou vários Estados negociantes ou outro sujeito que tem uma
função imparcial e internacional (art. 76º, nº 2).
A função do depositário é:
Assegurar a guarda do texto original do tratado
Estabelecer cópias autentificadas, e noutras línguas
Receber todas as assinaturas do tratado
Informar os outros da aceitação, ratificação e promover o registo
Informar partes futuras da data de assinaturas e ratificações
A Conclusão dos Tratados em Portugal
Perante o Direito Constitucional português, encontram-se formas de tratados: tratados
solenes e tratados em forma simplificada.
A vinculação do Estado dá-se com a ratificação nos tratados e com a aprovação nos
acordos (art. 8º C.R.P.)
Os tratados são sujeitos à aprovação do Parlamento. Já os acordos podem ser aprovados
pelo Parlamento ou pelo Governo (art. 161º, nº1 C.R.P.) salvo aqueles exclusivos da
Assembleia da República
O Presidente da República intervém nos tratados com a ratificação, e nos acordos
através da assinatura dos decretos de lei ou das resoluções de aprovação (art. 135º 3
134º)m
Todos os tratados são passivos de serem fiscalizados pelo Tribunal Constitucional, a
requerimento do Presidente da República: antes da ratificação, no caso de tratados, e
antes da assinatura, no caso de acordos.
A Constituição não pode expugnar norma considerada inconstitucional constante de
tratado ou acordo internacional. Resta à Assembleia da República ou ao Governo,
aprovar a convenção de novo, e introduzir lhe reservas. O Presidente da República pode
no entanto voltar a requerer. Numa 2ª deliberação, o Parlamento pode aprovar por
maioria de ⅔ dos deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta
de deputados em funções, um tratado de que constem normas inconstitucionais. E o
Presidente poderá então ratificá-lo, embora o acto seja sempre livre.
O direito português exclui acordos ultra-simplificados porque as únicas formas de
vinculação em Portugal se dão por ratificação ou aprovação (art. 8º nº2 C.R.P.) e porque
o Presidente não pode ser afastado de assuntos internacionais sendo ele, o representante
do Estado.
Na fase de aprovação: os tratados solenes são sempre competência da Assembleia da
República, enquanto que os acordos podem ser aprovados tanto por aquele órgão como
pelo Governo
Quando falamos em Convenção internacional a CRP emprega a designação de
Convenção Internacional, artigo 8/2, que abrange os tratados solenes e osacordos em
forma simplificada. Ao governo compete negociar asconvenções internacionais, sejam
tratados, sejam acordos, nos termos do artigo 197º/b;O governo tem competência para
aprovar acordos em forma simplificada. Antes de1997 também podia aprovar tratados.O
governo pode também submeter à AR a apreciação de acordos internacionais. Os
acordos são deliberados por Conselho de Ministros. A forma de aprovação é a de
decreto artigo 197/2 e o PR assina o decreto artigo134/b.
A Assembleia da República tem um papel fundamental na medida em que é órgão
representativo,
democrático, dos cidadãos portugueses. De acordo com o artigo 161/i apenas a AR pode
assinar tratados solenes. Apesar da CRP não nos oferecer um critério material que nos
permita distinguir os tratados solenes dos acordos em forma simplificada, podemos
apelar concluir que há matérias, que pela sua importância, têm que ser objecto de
tratado solene. Este elenco de matérias não é exaustivo. Pode acontecer que na
Convenção Internacional surja o termo “Acordo”, mas pode efectivamente tratar-se de
um Tratado solene. Perante isto tem pois que analisar-se a CI e ver se estamos perante
um Tratado ou um acordo em forma simplificada. Além de aprovar os tratados, a AR
aprova também acordos em forma simplificada: artigo 161º;164ª; 165º.
1º Etapa - A negociação
É o momento em que é discutido e adoptado o futuro texto da Convenção Internacional.
As delegações nacionais fazem propostas, emendas etc. São os plenipotenciários quem
negoceiam as Convenções
Internacionais, pois estão munidos de plenos poderes para participar no conjunto de
operações técnico diplomáticas que essa primeira etapa de conclusão dos tratados
envolve. Tradicionalmente tem que haver uma pré-habilitação expressa constante do
órgão competente. Hoje a competência para negociar faz parte do PR,PM, MNE, etc.
essas entidades não precisam de uma habilitação expressa. Segundo o artigo 197º/1 - b)
CRP, em Portugal é ao governo que compete a função de negociação das Convenções
internacionais.
Atribui-se nitidamente ao Governo, os poderes de negociação internacional do Estado: a
clara autonomia deste órgão, face ao Presidente da República. A condução política cabe
ao Governo (art. 182º C.R.P.), porém isso não dispensa a interdependência com a
Presidência da República (art. 111º nº1). O Primeiro-Ministro informa previamente o
Chefe de Estado da política externa (art. 201º nº1 c)). A Assembleia da República não
participa na negociação, mas não obsta que não recomende ao Governo certa
negociação. O Governo tem o dever de informar os partidos políticos representados no
Parlamento (art.114º). Essa informação obviamente abrange a negociação de qualquer
convenção de repercussões relevantes.
A Convenção é composta pelos seguintes elementos:
1) Preâmbulo: figuram as partes contratantes por ordem alfabética, o local da
conclusão, a data e os motivos
essenciais da conclusão da convenção internacional. Constitui um valioso elemento de
interpretação do tratado.
2) Dispositivo ou corpo da convenção: é composta pelos artigos da convenção, pelas
cláusulas finais (por exemplo: entrada em vigor, duração etc).
3) Anexos: disposições de carácter técnico juridicamente obrigatórias. Autonomizam-se
para que a Convenção internacional não tenha um aspecto pesado.
2ª Etapa: autenticação ou assinatura pelos plenipotenciários
Consiste na assinatura da Convenção. Muitas vezes esta autenticação não se
consubstancia numa assinatura pois o plenipotenciário do Estado pode não estar munido
da faculdade de assinar. Pode perfeitamente colocar apenas as iniciais do nome ou
referendar. De qualquer modo, esta assinatura deve ser posteriormente
confirmada por quem tem esses poderes. A este acto do plenipotenciário ligam-se certos
efeitos:
1) Inalterabilidade do texto - depois de autenticada, não se pode alterar mais o texto.
2) Dever de boa fé - dever de abstenção de actos que atentem contra o objecto ou fim
da Convenção Internacional.
3) Direito de praticar actos para defesa da integridade do tratado - À luz do Direito
Constitucional português, as
convenções podem revestir a forma de tratado solene ou acordo em forma simplificada.
Se se tratar de um Acordo em forma simplificada, acresce um outro efeito:
4)Vinculação do Estado ao acordo - ou seja, aquela assinatura vale imediatamente
como consentimento à vinculação, ao contrário dos acordos solenes que precisam da
ratificação pela entidade competente para essa manifestação de consentimento à
vinculação. Estes três efeitos estão previstos na Convenção de Viena sobre Direito dos
Tratados, de1969, nos artigos 10º, 12º e 18º.
A participação das regiões autónomas
Estes poderes não tornam as regiões autónomas em verdadeiros sujeitos de Direito
Internacional. Participam na cooperação inter-regional, e com entidades desprovidas de
personalidade jurídica internacional e sempre de acordo com as orientações do governo
central sobre a política externa. Sendo o Estado português um Estado unitário regional,
a participação das regiões autónomas nas negociações de tratados e acordos
internacionais só acontece, quando directamente lhes digam respeito. O órgão regional
que intervêm nestes
assuntos é o Governo Regional, e até os partidos da oposição representados na
Assembleia Legislativa Regional têm direito de ser ouvidos. A participação dá-se
através da representação efetiva na delegação do Estado português que negoceia o
tratado ou acordo.
O referendo nacional e a aprovação de tratados
O regime de referendo é:
Cada referendo cai sobre uma matéria e tem 3 perguntas
A população não aprova o tratado, mas decide se o parlamento o deve aprovar ou não,
mediante a sua opinião referendada.
A decisão do referendo vincula o órgão competente
O Presidente da República não pode recusar a ratificação por discordância com o
sentido apresentado
no referendo
Como os tratados são da competência da Assembleia da República só este órgão pode
propor referendo
sobre o objecto do tratado. A aprovação pelo Parlamento da proposta sobre a questão
objecto de acto em formação implica a suspensão do processo. As propostas de
referendo tomam a forma de resolução,
publicada no Diário da República. O Presidente da República é obrigado a submeter a
resolução à fiscalização preventiva constitucional. Não se realiza referendo em época de
eleições gerais.
Nenhum acto relativo a referendo, excepto a iniciativa pode ser realizado em estado de
sítio ou de emergência. Propostas de referendo recusadas pelo Presidente da Republica,
ou cujas respostas sejam negativas não podem ser renovados sem mudança de sessão
legislativa, nova eleição do Parlamento ou até demissão do Governo
3º Etapa – Aprovação
Todas as convenções têm que ser aprovadas pelo governo. Após a Revisão
Constitucional de 1997 o governo
passou a aprovar apenas acordos em forma simplificada e a Assembleia da República a
aprovar acordos solenes e alguns acordos em forma simplificada. Relativamente aos
acordos em forma simplificada, o Estado fica logo vinculado. Nos tratados solenes é
necessária a ratificação prevista no artigo 135º CRP. Compete ao Presidente ratificar os
tratados depois de aprovados (art. 135º b)). A ratificação consiste na declaração solene
de vinculação do Estado, pondo fim à conclusão do tratado, a ratificação não interfere
no entanto no seu conteúdo: o Presidente da República não pode formular reservas.
A ratificação é livre, excepto quando obrigado pelo referendo. O prazo de ratificação é
de 20 dias.
Recusando a ratificação, deve informar o Chefe de Estado, a Assembleia da República.
A discordância pode ser política ou então constitucional. A ratificação toma a forma de
Carta de ratificação, destinada a troca ou a depósito, consoante o tratado seja
multilateral (depósito) ou bilateral (troca), e corresponde no Direito Interno, o aviso de
ratificação.
Se a Ratificação for imperfeita (o que acontece quando não observa regras prescritas
na CRP. EX:não ser aprovada pela A.R., excesso de forma), importa saber quais as
consequências no plano internacionale no plano interno. No plano interno o artigo que
regula as consequências é o 277º da CRP. No plano internacional é a Convenção de
Viena sobre o Direito dos Tratados no artigo 46º.
Segundo o artigo 46º da Convenção de Viena, os Estados não podem desvincular-se do
tratado. É a regra.
Neste domínio pretendem ponderar-se dois valores diferentes: a regularidade do
procedimento interno de conclusão dos tratados e a estabilidade, certeza e segurança nas
relações internacionais. A CV achou por bem tutelar o valor segurança e certeza nas
relações internacionais. Porém, excecionalmente pode haver desvinculação caso a
norma seja manifesta e se disser respeito a uma norma de importância fundamental.
Estes requisitos são de verificação cumulativa. Será uma violação manifesta se as outras
partes se aperceberam ou deveriam ter-se apercebido. O segundo aspecto é mais
complexo pois os preceitos constitucionais são todos de importância fundamental.
Porém será norma fundamental ex.: ratificação sem prévia aprovação pela AR e
ratificação de CI sobre matérias do interesse das RA sem a participação destas.
Quanto às consequências internas, o nosso legislador arranjou uma norma de
interpretação difícil. Artigo 277º nº2CRP. Este artigo suscita algumas perplexidades de
hermenêutica ao intérprete. Em primeiro lugar fala de regularmente quando deveria ser
irregularmente. Não faz igualmente sentido a menção à inconstitucionalidade orgânica
pois só a AR pode aprovar tratados solenes. Contudo, podemos concluir que a
nossa Constituição admite a vigência de tratados irregularmente ratificados com a
condição de reciprocidade.
4ª Etapa -entrada em vigor
A Convenção internacional entra em vigor na data fixada e nos termos aí previstos. Na
falta destas disposições entra em vigor mediante acordo das partes. Se nada se disser na
Convenção e não houver acordos das partes, esta entra em vigor quando todos
manifestarem o seu consentimento. Artigos 24º e 25º da Convenção de Viena.
5ª Etapa -registo e publicação
Uma convenção é registada junto do Secretariado das nações unidas. Se não for
registada não pode ser invocada junto dos órgãos das nações unidas. Contudo é
perfeitamente válida entre as partes. Artigo 102º da
Carta das Nações unidas. Artigo 80º/1 Convenção de Viena mas não poderá ser
invocado perante os órgãos daquela organização, em particular, perante o Tribunal
internacional de Justiça.
Todas as convenções internacionais ratificadas ou aprovadas, para originarem
intervenientes, têm de ser publicados (art. 8º C.R.P.) no Diário da República. Esta é
necessária mas não é suficiente. Os tratados e acordos só vigoram na ordem interna
desde que vigorem na ordem internacional

j) Das ratificações “imperfeitas” - A ratificação é o ato solene pelo qual o órgão


competente à face do direito constitucional declara a vontade do Estado se obrigar
perante as disposições de um tratado, comprometendo-se a executá-lo daí por diante.
Pode acontecer que o Presidente da República ratifique um tratado sem que, em
momento anterior, hajam sido cumpridas, ou tenham-no sido defeituosamente,
determinadas formalidades constitucionalmente previstas. Se for esse o caso, estaremos
perante ratificações imperfeitas. As ratificações imperfeitas não contendem, em
princípio, com a validade internacional das convenções. Quer dizer, na maior parte das
vezes, não se permite a um Estado invocar uma ratificação imperfeita. Só em
circunstâncias excecionais, que serão duas: a violação da norma de direito interno
relativa à conclusão dos tratados ter sido manifesta, e aquela norma ser considerada de
importância fundamental. Aí sim, a ratificação imperfeita convolar-se-á num vício
relevante e dará origem à invalidade (nulidade relativa) da convenção.
Assinatura- Aprovação e a autenticação do texto separadamente: o que bilateralmente
não faz sentido separar, o fim das negociações e a sua autentificação, passa a ser viável
no plano multilateral, individualizando-se dois momentos:
1. Aprovação do texto: feita por votação, requerendo que mais de dois terços dos
representantes
dos sujeitos negociadores votem favoravelmente
2. Autentificação do texto: feita por assinatura ou outro acto equivalente, a realizar no
momento
seguinte, por cada um daqueles representantes.

Desenvolvimento- O ius cogens


O direito imperativo, cogente, vinculativo. Corresponde ao ius strictum do Direito
Romano, que se contrapunha ao ius dispositivum isto é, o Direito que nascia da vontade
das partes. O que se pretende é que são princípios que estão para alem da vontade ou de
acordo de vontades dos sujeitos de Direito Internacional. É só na época actual (desde
1945) que princípios com essa característica e esse valor são proclamados em
textos solenes, internacionais e nacionais, são tomados como critérios de decisão para
efeito de solução de conflitos e se lhes procura conferir consistência. E esse
desenvolvimento tem como pano de fundo alguns factores como a consciência do
primado dos direitos fundamentais, após as atrocidades provocadas pelos
regimes totalitários da Segunda Guerra Mundial; as novas exigências de paz e de
segurança coletiva e a crise de soberania; a ideia de autodeterminação dos povos e o
aparecimento de novos Estados empenhados em refazer a ordem internacional. Os
grandes passos para o reconhecimento do ius cogens foram:
1. A Carta das Nações Unidas: ao estabelecer que a Organização “fará que os Estados
que não são membros ajam de acordo com os princípios da Carta em tudo quanto for
necessário à manutenção da paz e segurança internacional” art. 2º, nº 6, e ao estatuir
que “em caso de conflito entre as obrigações dos membros das Nações Unidas em
virtude da Carta e as obrigações decorrentes de qualquer outra convenção
internacional prevalecerão as primeiras” (art. 103ºnº1)
2. O acórdão do Tribunal de Nuremberga
3. Convenção de Genebra: prescrevendo que a sua eventual denuncia não teria eficácia
sobre as obrigações a que as partes num conflito estariam adstritas em virtude dos
princípios do Direito das Gentes, tal como resultariam de “usos entre naçõescivilizadas,
leis de humanidade, e exigência da consciência pública”
4. Tratados dos direitos do Homem: declarando alguns dos direitos fundamentais
inderrogáveis
5. Pareceres e acórdãos do Tribunal Internacional de Justiça: casos de reserva à
convenção sobre Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio
6. Convenções de Viena sobre o Direito dos Tratados
7. Resolução nº 2625 da Assembleia das Nações Unidas, proclamando a proibição do
recurso à força nas resoluções internacionais, da solução pacífica de conflitos, da não-
ingerência nos assuntos internos, da cooperação, da igualdade dos Estados
Os preceitos básicos do jus congens na Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados são os arts.53º, 64º e 71º:
É nulo todo o tratado que, no momento da sua conclusão é incompatível com uma
norma imperativa de Direito Internacional (art. 53º 1ª parte)
Uma norma imperativa do Direito Internacional é a que seja aceite e reconhecida pela
comunidade internacional no seu conjunto como norma à qual nenhuma derrogação é
permitida e que só pode ser modificada por uma nova norma de Direito Internacional
geral com a mesma natureza (art. 53º 2ª parte)
Se sobreviver uma norma imperativa do Direito Internacional geral, todo o tratado
existente que for incompatível com esta norma, tornar-se-á nulo (art. 64º)
O ius cogens faz parte do Direito Internacional Geral. Pressupõe a aceitação e
reconhecimento. Tem de ser aceite e reconhecido pela comunidade internacional no seu
conjunto, o que significa que tem de ser universal, não podendo haver ius cogens
regional. Possui força jurídica superior a qualquer outro princípio ou preceito de Direito
Internacional. Opera erga omnes. A sua violação envolve invalidade de norma contrária
e não simplesmente responsabilidade internacional.
O ius cogens não se assimila ao Direito natural internacional. O Direito natural
Internacional é mais amplo visto que os arts. 53º e 64º das Convenções de Viena sobre o
Direito dos Tratados requerem a aceitação e o reconhecimento pela Comunidade
Internacional; e pode haver portanto Direito Internacional positivado.
Interprete o Artigo 8º, nº 4, da Constituição da República- O Direito Internacional
na ordem interna da Constituição de 1976
A Constituição vigente confere vigência ao Direito Internacional na ordem interna
portuguesa. Depois de no artigo 7º definir os princípios que devem presidir às relações
internacionais de Portugal, reza a Constituição no seu artigo 8º:
“As normas e os princípios de Direito Internacional geral ou comum fazem parte
integrante do Direito Português
As normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas ou
aprovadas vigoram na ordem interna após a sua publicação oficial e enquanto
vincularem internacionalmente o Estado Português
As normas emanadas dos órgãos competentes das organizações internacionais de que
Portugal seja parte vigoram directamente na ordem interna, desde que tal se encontre
estabelecido nos respectivos tratados constitutivos”.
Assim, no seu nº1 esse artigo 8º recebe “as normas e os princípios de Direito
Internacional geral ou comum” através de uma clausula geral de receção plena. Cabe aí
tudo o que se engloba no conceito de “Direito Constitucional Internacional”, de
aceitação generalizada da Comunidade Internacional, abrangendo os princípios gerais
do Direito e do Direito Internacional, os tratados internacionais universais e para-
universais, como a Carta das Nações Unidas, normas que para alguns fazem parte do
chamado ius cogens internacional, logo direito imperativo para os Estados.
O artigo 8º nº2, por sua vez, confere vigência ao Direito Internacional convencional que
não ficou abrangido pelo nº1 desse artigo. Também aqui a Constituição se serve de uma
cláusula geral de receção plena, ainda que não seja absoluta, mas sim condicionada, por
exemplo à “publicação oficial” das convenções. Na previsão cabem tanto os tratados
solenes como os acordos em forma simplificada. Isto quer dizer que a eficácia de
convenção que não a sua validade, está dependente da verificação de duas condições: a
sua publicação no jornal oficial e a regularidade do processo da sua conclusão por
Portugal (“regularmente ratificadas ou aprovadas”). Estes requisitos são:
Em primeiro lugar impõe-se que sejam regularmente ratificados ou aprovados,
sendo aqui padrão aferidor dessa regularidade simultaneamente internacional, maxime
pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, e interno, à luz das disposições
constitucionais aplicáveis
Em segundo lugar, é necessário que se dê a sua antecipada publicação no jornal
oficial de Portugal
Em terceiro lugar, exige-se que as normas constantes dessas convenções já
vinculem internacional o Estado Português, sendo certo que os momentos de vigência
internacional e interna não têm de coincidir sempre O artigo 8º nº 3 CRP
Este artigo foi acrescentado na revisão constitucional de 1982 para adaptar a CRP à
futura adesão de Portugal às comunidades Europeias e a um Direito com características
supranacionais. Pela leitura do nº 3 do artigo 8º da CRP, facilmente se conclui que não é
exigida nenhuma formalidade para que os actos de Direito Comunitário vigorem na
Ordem jurídica interna. Esses actos gozam ainda de aplicabilidade directa. Porem,
este número impõe duas condições:
a) Que as normas emanem ou provenham de órgãos competentes dessas organizações;
contudo, esta condição não encontra paralelo no Direito Comunitário originário, nem na
jurisprudência comunitária, nem na prática internacional na matéria.
b) Que se encontre estabelecido nos respectivos tratados constitutivos menciona do
regime de aplicabilidade directa; mas, o único acto que o Tratado de Roma previu
aplicabilidade directa é o Regulamento. Por isso, na revisão constitucional de 1989
suprimiu-se o advérbio expressamente o que terá significado uma implícita
aquiescência ao efeito direito de outros actos de Direito comunitário derivado para além
dos regulamentos. Afigura-se que os interesses gerais da União Europeia nos levem a ter
que fazer uma interpretação extensiva da expressão normas de sorte a permitir englobar
também os actos.

Evolução do Direito Internacional

O Direito Internacional não é um ramo do direito, mas um ordenamento jurídico,


contrapondo-se aos
restantes direitos e não se acrescentado a nenhum deles.
Formação e evolução
O direito internacional está divido em dois períodos:
Direito Internacional Clássico: dominado pelas relações entre os Estados e a Santa Sé.
Havia quase exclusivamente tratados de comércio e navegação, de aliança e de paz.
Nasce nos séc. XV, XVI, XVII, mas é nos séc. XVIII e XIX que se desenvolve.
Sucedem-se três fases:
1. Tempos anteriores à paz de Vestefália (1648) - Nesta primeira fase ocorrem vários
acontecimentos, como o Renascimento, e os Descobrimentos. Os Descobrimentos são o
acontecimento mais marcante pois surge um regime jurídico do mar e da liberdade de
navegação. Os tratados de Vestefália trazem o equilíbrio que se gera é produto da força
militar, o que vai originar um fluxo comercial e consequente aumento de tratados
bilaterais entre os Estados, surgindo assim as normas consuetudinárias em áreas tão
vitais como os poderes dos Estados, sobre os limites dos seus territórios, as
representações diplomáticas e a própria guerra. O recurso à força era um direito dos
Estados. Contudo, este direito não protegia, como é óbvio, os mais fracos. Desde a paz
de Westfália até ao século XIX, os Estados tinham plena liberdade de fazer a guerra, de
acordo com os fins, dos quais, aliás, eram únicos juízes, que com ela visassem alcançar.
Daqui resulta que os princípios jurídicos internacionais não ofereciam aos sujeitos uma
protecção consistente. O direito Internacional permitia apenas assegurar a coexistência e
justa posição entre os Estados. Era um direito axiologicamente neutro, não havia valores
superiores nem a intenção de corrigir desigualdades. A normatividade internacional era
horizontal. Todas as normas tinham o mesmo valor.
2. Segunda decorre até à Revolução Francesa, nos fins do séc. XVIII - mas é a
Revolução Francesa, que transitará o poder do monarca para o povo, que é o
acontecimento mais determinante, pelo que o Direito Internacional deixa de ser as
relações entre os soberanos, e passa a ser as relações entre os povos, povo de indivíduos
iguais, livres e autodeterminados.
3. Terceira termina na Primeira Guerra Mundial
Direito Internacional Contemporâneo: inicia-se em 1919, e nele já concorrem
sujeitos para além dos Estados, adquirindo-se uma subjectividade internacional e
multiplicando-se as organizações internacionais e os tratados multilaterais, sobre
variados temas. Com o desmantelamento dos Impérios Centrais, surgem novos Estados
autodeterminados na Europa Central, desenhando-se com isso movimentos
anticolonialistas na Europa. Evolui, em duas fases:
1. A primeira fase até 1939, a tentativa de institucionalização da Sociedade das
Nações. Em anexo ao Tratado de Versalhes de 1919, criou-se a Sociedade das Nações, a
primeira organização política internacional, dominada pelos Estados europeus, com
exclusão dos Estados Unidos da América, e cujo assunto dominante era a segurança.
Registou-se também a criação do Tribunal Internacional de Justiça, que solucionava
litígios internacionais em harmonia com critérios estritamente jurídicos. Porém acontece
nos anos 20 e anos 30, o declínio da Sociedade das Nações e os seus vários pactos
(como o de renúncia geral de guerra), que se viu incapaz de enfrentar as agressões
japonesas na China e italiana na Etiópia, o rearmamento alemão e a guerra civil
espanhola.
2. Segunda fase, foi após 1945, depois da II guerra mundial, com a Carta das Nações
Unidas, até hoje. A Organização das Nações Unidas, foi o organismo já mais completo
que as nações vencedoras da Segunda Guerra Mundial quiseram criar. Os traços mais
distintivos são:
A elevação da cooperação económica e social, com promoção dos direitos do
homem e vontade de manutenção da paz e segurança
Empenho político no sentido da independência de territórios tutelados e não
autónomos
Proibição da guerra e atribuição de coercibilidade à Organização, para que a paz
fosse objectivo mais concretizável
Sistema de órgãos – Assembleia-geral, Conselho de Segurança, Conselho
Económico e Social, Conselho de Tutela, Tribunal Internacional de Justiça e Secretário-
Geral. Após 1945, o mundo seria atravessado por um confronto político e ideológico
entre o capitalismo ocidental e o oriente soviético, nascendo assim dois blocos militares
e potencialmente hegemónicos. Tal bipolarização foi mãe do aparecimento das armas de
destruição maciça, mas foi esse mesmo perigo que ambos blocos detinham que os
equilibrou e sustentou. Nesta época houve um aumento de Estados devido à
descolonização; verifica-se um alargamento do elenco de sujeitos de Direito
Internacional, que deixam de ser apenas Estados; Proliferação de Organizações
Internacionais que são verdadeiros centros de imputação de direitos e deveres; tornou-se
frequente o surgimento de grupos organizados, que luta em nome de um povo contra
determinadas estruturas de opressão; também o indivíduo integra hoje o leque de
sujeitos de direito internacional; A partir desta altura começam a proteger-se alguns
direitos das minorias; mas é com o Pacto internacional sobre os Direitos Civis
e. Políticos que as minorias vêm os seus direitos reconhecidos, embora a sua
personalidade jurídica ainda continue titubeante.
As convenções internacionais cessam de ser bilaterais. Existe cada vez mais recurso aos
tratados multilaterais. Muitos destes tratados são abertos, ou seja, autorizam que
qualquer estado possa juntar-se a ele, “através de um acto unilateral, sem que tenha
estado na sua formação e sem que as outras nações o possam impedir
A institucionalização da comunidade internacional vem assumindo manifestações
importantes:
Criação de organizações de vários tipos
Imposição das Nações Unidas dos seus princípios aos países não membros
Codificação das normas consuetudinárias, pela Comissão de Direito Internacional
Reconhecimento da imperatividade do ius cogens, pela Convenção de Viena sobre
os Tratados
Entendimento geral de que as normas da Carta das Nações Unidas prevalecem
sobre quaisquer outras obrigações internacionais
Pratica de tratados multilaterais e abertos a Estados não participantes na sua
formação
Predisposição de espaços geográficos sob uma Autoridade Internacional, como a
Antárctica e os fundos marinhos.
Os princípios de ius cogens, as normas da Carta das Nações Unidas e do Estatuto do
Tribunal Internacional de Justiça, ou as normas constantes das Convenções de Viena,
sobre conclusão, interpretação, validade, aplicação e cessação da vigência de tratados
são normas que estruturam as relações internacionais, definindo a posição jurídica dos
sujeitos de tais relações e do quadro em que se desenvolvem; que obviamente, por
serem nucleares são de importância superior às demais.
O fundamento do Direito Internacional
Nos séc. XVII e XVIII, carácter jurídico do Direito Internacional foi negado e até
mesmo depois da Revolução Francesa, era visto como um direito secundário sem muita
relevância. O positivismo, doutrina do séc. XIX, definindo o direito pela coercibilidade,
tende a definir o Direito das Gentes como Direito estatal externo. As teorias
voluntaristas, surgidas já no séc. XX conexas com os regimes totalitários, punham em
causa o Direito Internacional. Porém, nesse mesmo século, o que prevalece
são as teorias não voluntaristas, as que explicam a obrigatoriedade jurídica ou a
necessidade do cumprimento das normas de Direito Internacional à margem ou para
além da vontade estatal. Entre elas:
Teses normativistas de Kelsen: reconduzem o sistema do Direito Internacional não
à vontade, mas a uma norma – fundamental.
Teses solidaristas de Duguit, Scelle e Politis : baseadas pelo positivismo
sociológico e que fundamentam o Direito Internacional como o Direito Interno, na
solidariedade entre indivíduos, sendo portanto, factores sociológicos que explicam as
normas jurídicas
Teses institucionalistas de Santi Romano: consideram o Direito Internacional
como o ordenamento da comunidade internacional tomada esta como instituição
Teses Jusnaturalistas de Afonso Queiró: o direito internacional assenta em valores
suprapositivos, em critérios éticos de obrigatoriedade, em princípios jurídicos
transcendentes
O Direito Internacional possui o mesmo fundamento e razão do restante direito, uma
vez que também contém uma estrutura normativa necessária de uma sociedade ou de
certo tipo de convivência entre as pessoas humanas, individuais ou colectivas. Existindo
uma multiplicidade de ordenamentos jurídicos, existe uma tensão dialética entre eles e
entre valores universais de justiça e segurança, como uma constante comunicação.
Também porque é o sentido racional e ético, muito mais do que o medo das sanções ou
a reciprocidade de interesses que nos faz obedecer a normas, o destinatário da norma é
livre de a cumprir ou não, mas a norma que se lhe dirige não tem por base essa sua
vontade, funda-se sim em princípios objectivos de ordem que o transcendem ou num
sentido de bem comum, coisa que vale tanto para o Direito Interno como para o Direito
Internacional.

A integração de lacunas
A determinação de lacunas envolve, uma prévia interpretação: só existe lacuna quando
se conclua que certa matéria está sujeita a regulamentação jurídica internacional. Uma
vez apurada a lacuna, o seu preenchimento far-se-á através dos meios usuais: a analogia
e os princípios gerais do Direito. De maneira sistemática e na fala de indicações
particulares, não se vê razão para o afastamento dos esquemas que são válidos no
âmbito da Teoria Geral do Direito, no qual se pontificam:
A analogia legis, em que se apela à aplicação de normas que regulam casos dotados
de analogia com o caso que carece de tratamento
A analogia iuris, hipótese em que directamente se recorre a princípios gerais, de
acordo com as diversas possibilidades que se organizam.
Princípios acerca da aplicação dos tratados
A Convenção de Viena formula alguns grandes princípios acerca da aplicação dos
tratados:
O princípio da boa fé (art. 26º)
O princípio da não-invocabilidade de disposições de Direito interno para justificar a não
execução (art. 27º) - A razão é que se assim não fosse, dada a heterogeneidade dos
sistemas constitucionais estaduais, nunca se alcançaria qualquer uniformidade na
contratação internacional. Se esta orientação não existisse, também nunca existiria uma
vinculação comum e por isso há mecanismos para libertar os \ Estados de certos
constrangimentos internos, assim como há mecanismos para que os Estados reflitam
bem aquando da vinculação a determinado tratado internacional. Mas esta aplicação da
irrelevância do Direito Interno não é absoluta, sendo limitada: “a circunstancia de o
consentimento em ficar vinculado por um tratado ter sido manifesto com violação de
uma disposição do seu Direito Interno relativa à competência para concluir tratados não
pode ser invocada para esse Estado como tendo viciado o seu consentimento, salvo se
essa violação tiver sido manifesta e disser respeito a uma norma de importância
fundamental do seu Direito Interno”. Sendo assim apenas duas situações são relevantes:
Violação manifesta - do preceito do Direito Interno relativo à competência para a
conclusão de tratados internacionais. Violação de importância fundamental - de regra do
Direito Interno atinente à competência para a conclusão de tratados internacionais
Princípio da não retroactividade, salvo disposição em contrário (art. 28º)
O princípio da aplicação das normas internacionais à totalidade do território dos Estados
seus destinatários (art. 29º)
O princípio da prevalência da norma nova sobre a anterior a respeito da mesma
matéria (arts.59º e 30º)

Costume: uma fonte não convencional de Direito Internacional-Abordagem acerca


do costume como uma fonte não convencional de Direito Internacional, tratando dos
elementos, características, natureza jurídica e reconhecimento por parte dos Estados de
Direito Internacional.

jurídicas dá-se o nome de fontes não convencionais, algumas delas são tão importantes
que podem, dependendo do caso concreto, revogar tratados, o que não é algo incomum
visto que, a Corte Internacional de Justiça já revogou tratados em virtude da fonte não
convencional que será tratada no presente artigo.

2. Natureza Jurídica

O costume – pratica reiterada, tida como direito – é algo que já é visto no mundo
jurídico muito antes da formação da Corte Internacional de Justiça, na Escola Histórica
Alemã por exemplo, onde para eles o costume era uma pratica reiterada e dotada de
convicção, mesmo que não fosse democrático no historicismo alemão o costume já era
considerado de suma importância. Hoje, no Direito Internacional ele é mais considerado
como uma fonte jurídica do que era no século XIX no Historicismo Alemão, e está
previsto no Estatuto da Corte Internacional de Justiça no Artigo 38 onde determina “3.
O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito”.

É reconhecido, não só pela CIJ mas, universalmente pelos Estados e sujeitos de Direito
Internacional. E algumas correntes se formaram sobre a natureza jurídica do costume no
Direito Internacional, uma delas considera a opinio juris sive necessitatis que é formada
a partir do consentimento dos Estados, que consideram o costume representa o direito.
Há uma corrente que diz que o costume não é fonte de direito internacional, é fonte de
direito autônomo, no entanto essa é uma corrente minoritária. A corrente adotada pela
CIJ, é aquela que considera a opinio juris.

O costume pode vir a se tornar um tratado, se o mesmo for reconhecido pelos Estados, e
é importante destacar que não há uma hierarquia entra tratado e costume como salienta
Resek:

Não há desnível hierárquico entre normas costumeiras e normas convencionais. Um


tratado é idôneo para derrogar, entre as partes celebrantes, certa norma costumeira. 3.
Elementos do Costume- Para que o costume possa ser considerado como tal, é preciso
que seja identificado nele alguns elementos e esses elementos são objetivo ou material,
subjetivo ou espacial.

De acordo com a doutrina, o elemento objetivo é aquele do qual os Estados tenham


determinado como uma prática corriqueira, ou habitual, durante um determinado tempo.
Essa prática regular não necessariamente precisa ser algo que é feito como, por
exemplo, pedir o passaporte para a entrada do turista no entre dois Estados vizinhos,
pode ser também um ato de omissão como não pedir o passaporte para a entrada do
turista entre esses Estados vizinhos. O tempo, pelo qual essas práticas são realizadas
para que possam ser consideradas como um costume não são determinadas pelo Direito
Internacional, uma vez que a configuração de um costume pode ocorrer tanto em espaço
curto de tempo como em um período longo ou até mesmo histórico de tem, basta que
aconteça á tempo suficiente para que os Estados tenham o considerado um direito.

O elemento subjetivo é caracterizado pela aceitação dos Estados àquela prática, uma vez
que não há costume se o ato ou ação é pouco relevante ou se a prática for imposta por
meio de força. A ausência da aceitação dos Estados perante determinado ato, não
permite que o mesmo seja considerado ou aceito como costume. Porém, não há uma
maneira fixada pelo Direito Internacional que determine ou não se os Estados aceitam
àquela ação, a continuidade da prática por partes do Estados, por exemplo, podem
configurar um tipo de aceitação. O costume segundo o elemento subjetivo pode surgir
tanto de uma prática repetida a partir de ações simples, ou podem partir de uma solução
para uma certa necessidade. Alguns doutrinadores veem o elemento subjetivo – parte da
aceitação dos Estados - mais importante, ou usado, no Direito Internacional do que o
elemento objetivo – mais caracterizado pela repetição.

O último, e não menos importante elemento, é o espacial, que determina que o costume
pode ser regional ou universal, sendo ele regional quando apenas um grupo de Estados o
reconhece, e universal quando for reconhecido pela comunidade internacional. No
entanto, não precisa ser aceito por toda a comunidade internacional para ser considerado
um costume geral, baste que uma boa parte dos Estados o reconheçam para que ele seja
determinado como um costume universal. Há algumas práticas entre os Estados
europeus que são exemplo de costume regional pois, são reconhecidos apenas por
alguns Estados Europa e não são reconhecidos entre outros Estados.

4. Atos estatais e a prova do costume no plano internacional


A prova de que alguma ação entre Estados é um costume, pode ser por meio de atos
estatais, não só por aqueles que compões a prática diplomática, mas também nos textos
legais em decisões judiciarias que discorram sobre temas de interesse de direito.

Há a busca pela prova do costume no plano internacional na jurisprudência


internacional, como por exemplo, decisões já proferidas em outros casos da CIJ, podem
servir como auxílio para identificar em outros casos se tratasse de uma norma
costumeira ou não.

5. Críticas ao costume

O costume é criticado por ser considerado uma forma de manutenção do status quo
contra a vontade dos Estados minoritários. Os Estados desejosos de mudar o direito
internacional ficam – de fato – paralisados pelos costumes tradicionais. Devem manter
relações internacionais com moldes de regras antigas, consolidadas pelos costumes, que
se manterão inalteráveis, enquanto os demais Estados negam a realização de tratados
contrários aos costumes consolidados. Até mesmo os novos Estados acabam sendo
submetidos aos costumes antigos pois, é imposto á eles pelo Direito Internacional a
aceitação desses costumes. Com isso, novos Estados têm que seguir costumes antigos e
isso faz com que haja um freio no movimento de renovação do Direito Internacional.
Isso faz com que o interesse em mudar o direito aplicável para que ele possa evoluir
diminuem. Essa é a grande crítica sobre a norma costumeira.

6. Extinção do costume

Deixar de ser praticado pelos sujeitos de Direito Internacional, durante um razoável


tempo, é uma das formas pelas quais o costume pode ser extinguido, quando a pratica
não acontece mais corriqueiramente ou quando é substituída por oura prática que pode
chegar a se tornar um novo costume.

Outra maneira de se extinguir um costume é quando o Estado decide revogá-lo, por


meio de um tratado.

7. Considerações finais

O costume, é uma fonte não convencional que fortalece as relações entre os Estado de
Direito Internacional e em alguns casos aproximam os Estados politicamente, por isso a
importância do reconhecimento dessa prática, e da utilização da mesma.

Direito Privado: Santa Sé: Expressão jurídica internacional da Igreja Católica,


membro fundador da comunidade internacional. A sua capacidade traduz-se no ius
legationis e no ius tractuum, bem como na participação em certas organizações
internacionais e na resolução de conflitos.

Tratado: (Art.º 2 nº1 alínea A CV) Entende-se como um acordo de vontades entre
sujeitos de Dto Internacional constituído de direitos e deveres. Designa um acordo
internacional concluído por escrito entre estados e redigido pelo direito internacional,
quer esteja consignado num instrumento único, quer em dois ou mais instrumentos conexos,
e qualquer que seja a sua denominação particular.

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