Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
- A personalidade jurídica
do Estado não surge com o reconhecimento, mas antes quando se reúnem todos os
elementos constitutivos. O reconhecimento apenas consigna um facto preexistente.
O reconhecimento de um Estado pode ser expresso ou tácito. No primeiro caso, há uma
declaração explícita numa nota ou num Tratado. O reconhecimento tácito é aquele que
resulta de um acto que, implicitamente, mostra a intenção de tratar o novo Estado como
membro da comunidade internacional.
O facto de um Estado ser membro de uma Organização Internacional não implica que
tenha reconhecido todos os Estados da mesma.
Costuma-se falar ainda em reconhecimento de iure e de facto, considerando-se o
segundo como um reconhecimento provisório, ou apenas referente a certo número de
relações, enquanto o primeiro é definitivo e completo.
b) O Reconhecimento constitutivo dos Beligerantes e dos Insurretos
O reconhecimento como Estado pode ser precedido do reconhecimento como grupo
beligerante ou insurreto.
Um grupo é Beligerante quando uma parte da população se subleva, dando origem a
uma guerra civil, pretendendo desmembrar-se do Estado de que faz parte ou ocupar
definitivamente o poder. Neste caso, quando o grupo sublevado constitui um Governo
estável, mantém um exército organizado com o qual domina uma parte considerável do
Território nacional e se mostra disposto a respeitar os deveres de neutralidade de
qualquer Estado atingido pela luta ou que não possa ficar indiferente perante ela pode
reconhecer-lhe o carácter de beligerante. Reconhecidos, os beligerantes adquirem, de
facto, os direitos e deveres de um Estado.
Por vezes, tem sucedido que uma esquadra se amotina contra o Governo legal,
exercendo sobre o mesmo uma grande pressão política.
Nestes casos, se os Estados estrangeiros ou o Governo legal reconhecerem os
amotinados como Insurretos, obrigam-se a não os tratar como piratas ou malfeitores,
desonerando-se ainda o Governo legal da responsabilidade dos seus actos.
Todavia, tais insurretos, mesmo quando reconhecidos, não podem exercer direitos de
visita, de captura de contrabando de guerra, etc.
O Direito Internacional não se impõe às legislações internacionais quanto aos efeitos do
reconhecimento, porque não regula as consequências na ordem jurídica estadual da
atitude do poder executivo perante uma entidade que possui todas as características dum
Estado.
b)Da definição de Tratado. - Conforme artigo 2º da Convenção de Viena sobre Direito
dos Tratados de 1969, significa acordo internacional concluído por escrito entre Estados
e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois
ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. O
conceito, portanto, envolve um acordo de vontades, a necessidade de as partes serem
todas sujeitos de Direito Internacional e agirem nessa qualidade, regulamentação pelo
Direito Internacional, produção de efeitos com relevância nas relações internacionais
(sejam estritos efeitos nessas relações, sejam efeitos nas ordens internas das partes).
Assume também as seguintes denominações: tratados, acordos, convenções, ajustes,
pactos, ligas, estatuto, protocolo, ou outras formas. A Constituição Federal de 1988
utiliza as expressões: “tratados internacionais”, “tratados”, “acordos firmados pela
União”, “atos internacionais”. Fundamentação: Artigos 5º, § 2º, 49, inciso I, 84, inciso
VIII, 102, inciso III, alínea “b”, 105, inciso III, alínea “a” e 178 da Constituição Federal
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969
Carta, constituição ou estatuto: tratado constitutivo de uma organização internacional
ou regulador
de um órgão internacional (Carta das Nações Unidas)
Pacto: tratado de aliança militar ou de grande importância política (Pacto de
Varsóvia)
Concordata: tratado entre a Santa Sé e um Estado acerca da situação da Igreja
Católica perante este
Acta geral ou Final: tratado conclusivo de uma conferencia ou congresso
internacional de Estados
Convenção técnica: tratado sobre matérias especializadas de conceitos técnicos,
complementar
Protocolo adicional: tratado complementar ou modificativo de outro sobre matérias
políticas
Modus vivendi: acordo provisório
Compromisso: acordo tendente à solução arbitral de conflitos
Classificações
c) Do indivíduo como sujeito de Direito Internacional- O SER HUMANO COMO
SUJEITO NO DIREITO INTERNACIONAL. A própria origem do Direito Internacional como
o conhecemos hoje, produto de uma sociedade politicamente organizada, transpõe os
pensamentos atrás descritos. A escola Espanhola do Direito das Gentes, contemporânea
dos descobrimentos marítimos, tinha conteúdo naturalista e já admitia a existência de
uma comunidade internacional. Francisco de Vitória, um dos primeiros a idealizar o
Direito internacional, não gostava dos ideais nacionalistas e defendia o relacionamento
entre as nações, ideias que encontram novo defensor em Hugo Grocio, tendo este último
enfatizado o aparecimento de regras por comum acordo entre os Estados.
São todas as pessoas que estão nos países, não havendo distinção entre naturais ou
naturalizados, ou seja, o “abinitio” para que exista um estado. De tão complexo
expressar em palavras o que significa ser humano, espera-se que este simples conceito
possa esclarecer o que seja ser humano.
Os indivíduos também são sujeitos de Direito Internacional Público, sabendo-se que
certas normas lhes atribuem direitos e deveres.
Há que se considerar que o homem é hoje munícipe, nacional e cidadão do mundo; tem
direitos e deveres internacionais.
d) Das reservas- A reserva é uma declaração unilateral feita por um sujeito de direito
internacional ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado ou a ele aderir com o
objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições em sua aplicação
no Estado optante pela reserva. Se a reserva for formulada antes da ratificação, como no
momento da assinatura, elas deverão ser reafirmadas no momento do compromisso
definitivo dos Estados, sob pena de se considerar que não se tem mais interesse de
manter a reserva apontada anteriormente.
Caso, entretanto, a reserva seja feita após a ratificação, acarretará denúncia parcial do
tratado.
O poder legislativo poderá fazer reservas, hipótese na qual se diz que o tratado foi
aprovado com restrições. Por seu turno, caso as reservas tenham sido feitas pelo Poder
Executivo - antes do envio para aprovação do Congresso - e assim o este o aprove, diz-
se que o tratado foi aprovado sem restrições.
Mas, se o Congresso não concordar com as reservas feitas pelo Poder Executivo, poderá
rejeitá-las, aprovando o tratado com restrições.
Note-se que as reservas serão sempre feitas por escrito e anexadas ao tratado.
Antes da Convenção de Viena o tratado silente sobre o tema da denúncia, mas que se
deva reputar denunciável por sua natureza, dá ensejo a que o Estado retirante se entenda
desobrigado tão logo dá notícia formal da denúncia aos co pactuantes.
Na Convenção de Viena de 1969, entende-se por denúncia o ato unilateral pelo qual um
partícipe em dado tratado internacional exprime firmemente a sua vontade de deixar de
ser parte no acordo anteriormente firmado. A mesma difere da ab-rogação justamente
pelo fato de ser levada a efeito unilateralmente por uma determinada parte do tratado, e
não pela totalidade delas.
A denúncia por uma das partes no tratado bilateral extingue o acordo, ao passo que, nos
tratados multilaterais os termos do pactuado deixar de surtir efeito tão-somente para o
Estado que o denuncia, continuando a vigorar para as outras partes não sendo o tratado
não-mutalizável.
Há que se distinguir duas hipóteses, no que diz respeito à possibilidade de denúncia dos
tratados internacionais: aquela em que o tratado de forma expressa disciplina a
possibilidade da denúncia em seu texto; e aquela hipótese em que o texto do tratado
nada diz a respeito do assunto. No primeiro caso, a denúncia não apresentaria maiores
dificuldades, porque a matéria já é prevista no tratado. Já no segundo caso, o tratado
nada prevê sobre a possibilidade da sua denúncia.
Maria de Assis Calsing(O tratado internacional e sua aplicação no Brasil) ensina que
três correntes surgiram: a) a corrente que só permite a denúncia quando prevista no
tratado; b) a corrente que afirma poder o tratado ser sempre denunciado, mesmo na
ausência da estipulação expressa a respeito; c), a corrente intermediária entre as duas
precedentes, que reconhece o direito à denúncia quando prevista no tratado e, quando
não prevista, d3esde que as partes tenham assim tacitamente acordado.
Ensinou J.F. Rezek (obra citada, pág. 111) que quando um tratado admite e disciplina
sua própria denúncia, o problema da possibilidade jurídica da retirada unilateral
simplesmente não se coloca. Já o silencio do texto convencional obriga a investigar sua
denunciabilidade à luz de sua natureza.
Como ainda lecionou Rezek (obra citada) a denúncia se exprime por escrito numa
notificação, carta ou instrumento; sua transmissão a quem de direito configura o ato
internacional significativo da vontade de romper o compromisso. Trata-se de uma
mensagem de governo, cujo destinatário nos pactos bilaterais, é o governo da parte
copactuante. Se coletivo o compromisso, a carta de denúncia dirige-se ao depositário,
que dela fará saber às demais partes.
Alguns protocolos têm vindo a tornar-se mais famosos que o próprio tratado deu origem
a elas, tais como o Protocolo de Quioto, que é parte da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre a Mudança do Clima.
Vejam-se que três informações prévias já foram lançadas, que são de suma importância
para o desenrolar, quiçá exitoso, do presente estudo: primeiro que iremos analisar dois
entes distintos, a Santa Sé e o Vaticano; segundo que as discussões sobre suas
personalidades é fenômeno sui generis no Direito Internacional; e terceiro, já se tem a
informação, conforme supra, de que eles têm personalidade, caberá, a posteriori,
decifrar se é personalidade internacional.
Santa Sé ou Sé Apostólica deriva do latim Sancta Sedes. É ela quem personifica a Igreja
Católica, por isso que é tida como de natureza religiosa. Trata-se da representação
máxima da Igreja Católica Apostólica Romana, dela emanando todas as decisões sobre a
religião cristã católica.
Dentre tantas atividades desempenhadas pelo Sumo Pontífice, duas merecem destaque:
ele exerce duas funções, uma como Chefe da Igreja Católica, ou seja, da Santa Sé, e
outra como Chefe de Estado[16]. Quanto a esta última cabe um questionamento cuja
resposta já foi indicada acima: mas Chefe de qual Estado? Do “Estado da Cidade do
Vaticano”, eis sua denominação completa e formal. Além da criação da cidade-estado
em 1929, os Tratados de Latrão também foram responsáveis pelo reconhecimento, em
definitivo, ao Sumo Pontífice das duas chefias ora referidas.
g) Destacam-se duas funções do Papa: uma como Chefe da Igreja Católica, ou seja, da
Santa Sé, e outra como Chefe de Estado, do “Estado da Cidade do Vaticano”.
- Promessa – faz surgir novos direitos em benefício de terceiros. Ao contrário dos atos
unilaterais precedentes, que referiam fatos e atos já existentes, a promessa vincula-se à
atitude futura do Estado. Por esta razão, ela é pouco utilizada. Todavia, quando o é, ela
compromete o sujeito de direito, como se ele tivesse se envolvido pelo acordo. Deve ser
executada de boa-fé e pode ocasionar sanções em caso de violação.
A integração de lacunas
A determinação de lacunas envolve, uma prévia interpretação: só existe lacuna quando
se conclua que certa matéria está sujeita a regulamentação jurídica internacional. Uma
vez apurada a lacuna, o seu preenchimento far-se-á através dos meios usuais: a analogia
e os princípios gerais do Direito. De maneira sistemática e na fala de indicações
particulares, não se vê razão para o afastamento dos esquemas que são válidos no
âmbito da Teoria Geral do Direito, no qual se pontificam:
A analogia legis, em que se apela à aplicação de normas que regulam casos dotados
de analogia com o caso que carece de tratamento
A analogia iuris, hipótese em que directamente se recorre a princípios gerais, de
acordo com as diversas possibilidades que se organizam.
Princípios acerca da aplicação dos tratados
A Convenção de Viena formula alguns grandes princípios acerca da aplicação dos
tratados:
O princípio da boa fé (art. 26º)
O princípio da não-invocabilidade de disposições de Direito interno para justificar a não
execução (art. 27º) - A razão é que se assim não fosse, dada a heterogeneidade dos
sistemas constitucionais estaduais, nunca se alcançaria qualquer uniformidade na
contratação internacional. Se esta orientação não existisse, também nunca existiria uma
vinculação comum e por isso há mecanismos para libertar os \ Estados de certos
constrangimentos internos, assim como há mecanismos para que os Estados reflitam
bem aquando da vinculação a determinado tratado internacional. Mas esta aplicação da
irrelevância do Direito Interno não é absoluta, sendo limitada: “a circunstancia de o
consentimento em ficar vinculado por um tratado ter sido manifesto com violação de
uma disposição do seu Direito Interno relativa à competência para concluir tratados não
pode ser invocada para esse Estado como tendo viciado o seu consentimento, salvo se
essa violação tiver sido manifesta e disser respeito a uma norma de importância
fundamental do seu Direito Interno”. Sendo assim apenas duas situações são relevantes:
Violação manifesta - do preceito do Direito Interno relativo à competência para a
conclusão de tratados internacionais. Violação de importância fundamental - de regra do
Direito Interno atinente à competência para a conclusão de tratados internacionais
Princípio da não retroactividade, salvo disposição em contrário (art. 28º)
O princípio da aplicação das normas internacionais à totalidade do território dos Estados
seus destinatários (art. 29º)
O princípio da prevalência da norma nova sobre a anterior a respeito da mesma
matéria (arts.59º e 30º)
jurídicas dá-se o nome de fontes não convencionais, algumas delas são tão importantes
que podem, dependendo do caso concreto, revogar tratados, o que não é algo incomum
visto que, a Corte Internacional de Justiça já revogou tratados em virtude da fonte não
convencional que será tratada no presente artigo.
2. Natureza Jurídica
O costume – pratica reiterada, tida como direito – é algo que já é visto no mundo
jurídico muito antes da formação da Corte Internacional de Justiça, na Escola Histórica
Alemã por exemplo, onde para eles o costume era uma pratica reiterada e dotada de
convicção, mesmo que não fosse democrático no historicismo alemão o costume já era
considerado de suma importância. Hoje, no Direito Internacional ele é mais considerado
como uma fonte jurídica do que era no século XIX no Historicismo Alemão, e está
previsto no Estatuto da Corte Internacional de Justiça no Artigo 38 onde determina “3.
O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita como direito”.
É reconhecido, não só pela CIJ mas, universalmente pelos Estados e sujeitos de Direito
Internacional. E algumas correntes se formaram sobre a natureza jurídica do costume no
Direito Internacional, uma delas considera a opinio juris sive necessitatis que é formada
a partir do consentimento dos Estados, que consideram o costume representa o direito.
Há uma corrente que diz que o costume não é fonte de direito internacional, é fonte de
direito autônomo, no entanto essa é uma corrente minoritária. A corrente adotada pela
CIJ, é aquela que considera a opinio juris.
O costume pode vir a se tornar um tratado, se o mesmo for reconhecido pelos Estados, e
é importante destacar que não há uma hierarquia entra tratado e costume como salienta
Resek:
O elemento subjetivo é caracterizado pela aceitação dos Estados àquela prática, uma vez
que não há costume se o ato ou ação é pouco relevante ou se a prática for imposta por
meio de força. A ausência da aceitação dos Estados perante determinado ato, não
permite que o mesmo seja considerado ou aceito como costume. Porém, não há uma
maneira fixada pelo Direito Internacional que determine ou não se os Estados aceitam
àquela ação, a continuidade da prática por partes do Estados, por exemplo, podem
configurar um tipo de aceitação. O costume segundo o elemento subjetivo pode surgir
tanto de uma prática repetida a partir de ações simples, ou podem partir de uma solução
para uma certa necessidade. Alguns doutrinadores veem o elemento subjetivo – parte da
aceitação dos Estados - mais importante, ou usado, no Direito Internacional do que o
elemento objetivo – mais caracterizado pela repetição.
O último, e não menos importante elemento, é o espacial, que determina que o costume
pode ser regional ou universal, sendo ele regional quando apenas um grupo de Estados o
reconhece, e universal quando for reconhecido pela comunidade internacional. No
entanto, não precisa ser aceito por toda a comunidade internacional para ser considerado
um costume geral, baste que uma boa parte dos Estados o reconheçam para que ele seja
determinado como um costume universal. Há algumas práticas entre os Estados
europeus que são exemplo de costume regional pois, são reconhecidos apenas por
alguns Estados Europa e não são reconhecidos entre outros Estados.
5. Críticas ao costume
O costume é criticado por ser considerado uma forma de manutenção do status quo
contra a vontade dos Estados minoritários. Os Estados desejosos de mudar o direito
internacional ficam – de fato – paralisados pelos costumes tradicionais. Devem manter
relações internacionais com moldes de regras antigas, consolidadas pelos costumes, que
se manterão inalteráveis, enquanto os demais Estados negam a realização de tratados
contrários aos costumes consolidados. Até mesmo os novos Estados acabam sendo
submetidos aos costumes antigos pois, é imposto á eles pelo Direito Internacional a
aceitação desses costumes. Com isso, novos Estados têm que seguir costumes antigos e
isso faz com que haja um freio no movimento de renovação do Direito Internacional.
Isso faz com que o interesse em mudar o direito aplicável para que ele possa evoluir
diminuem. Essa é a grande crítica sobre a norma costumeira.
6. Extinção do costume
7. Considerações finais
O costume, é uma fonte não convencional que fortalece as relações entre os Estado de
Direito Internacional e em alguns casos aproximam os Estados politicamente, por isso a
importância do reconhecimento dessa prática, e da utilização da mesma.
Tratado: (Art.º 2 nº1 alínea A CV) Entende-se como um acordo de vontades entre
sujeitos de Dto Internacional constituído de direitos e deveres. Designa um acordo
internacional concluído por escrito entre estados e redigido pelo direito internacional,
quer esteja consignado num instrumento único, quer em dois ou mais instrumentos conexos,
e qualquer que seja a sua denominação particular.