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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

ESPECIALIZAÇÃO lato sensu

CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE ANIMAIS SELVAGENS E EXÓTICOS

EUTANÁSIA EM ANIMAIS NÃO-DOMÉSTICOS

Ana Carolina Luz Braz da Cunha

Arraial d’Ajuda, Set 2008


ANA CAROLINA LUZ BRAZ DA CUNHA

Aluna do Curso de Especialização lato sensu em Clínica Médica e Cirúrgica de Animais

Selvagens e Exóticos - UCB

EUTANÁSIA EM ANIMAIS NÃO-DOMÉSTICOS

Trabalho monográfico de conclusão de

curso de especialização em CMCASE,

apresentado à UCB como requisito

parcial para a obtenção do Título de

Especialização - lato sensu em Clínica

Médica e Cirúrgica de Animais Selva-

gens e Exóticos, sob orientação do Pro-

fessor Doutor José Ricardo Pachaly.

Arraial d’Ajuda, Set 2008


EUTANÁSIA EM ANIMAIS NÃO-DOMÉSTICOS

Elaborado por Ana Carolina Luz Braz da Cunha

Aluna do curso de CMCASE II da UCB

Foi analisado e aprovado com

grau:........................................

São Paulo,____de______________de______ .

______________________________
Membro

______________________________
Membro

Professor Doutor José Ricardo Pachaly


Professor Orientador

Arraial d’Ajuda, Set 2008

ii
Dedico este trabalho ao meu filho,
João Francisco.

iii
Agradecimentos

À minha mãe que, sem seu apoio seria

difícil tornar meus sonhos em realida-

de. Meu reconhecimento, mesmo com

seus exageros, pela sua dedicação em

todas as horas, principalmente as difí-

ceis, ao longo de minha trajetória; E a

Nossa Senhora d’Ajuda, por colaborar

com o trabalho de minha mãe.

iv
Sonhar o sonho impossível;
Lutar o inimigo insuperável;
Ser paciente com a tristeza insuportá-
vel;
Correr para onde não ouse ir;
Corrigir erros incorrigíveis;
Amar, puro e ingênuo,
de longe;
Tentar, quando seus braços estiverem
muito cansados,
alcançar a estrela inalcançável.”
Don Quijote de La Mancha
Miguel de Cervantes

v
Resumo

A eutanásia é a morte humanitária de um animal executado por meio de um método que

produza inconsciência rápida e subseqüente morte sem evidência de dor ou agonia, ou

um método que utilize drogas anestésicas em doses suficientes para produzir a perda

indolor da consciência, seguida de parada cárdio-respiratória.

A eutanásia deve ser segura e irreversível. O método escolhido deve minimizar o medo

e a tensão psicológica, ser confiável, reprodutível, simples de administrar, seguro para o

operador e, na medida do possível, ser eticamente aceitável para o executor e o observa-

dor. Pode ser realizada por métodos físicos e químicos. O metabolismo das drogas é

basicamente o mesmo nas diferentes espécies, porém, os efeitos podem ser completa-

mente distintos para cada organismo, em função das doses, da fisiologia, do porte e do

temperamento animal.

Deve-se protocolar os métodos de eutanásia para assegurar adequação a padrões aceitá-

veis para uso em animal e cuidado humanitário.

vi
Abstract

Euthanasia is the human death of an animal executed by the means or a method that

produce rapid unconsciousness or subsequently death without any evidence of pain or

agony; a method that makes the use of anesthetic drugs in doses highly sufficient to

induce the painless loss of conscious followed by cardio-respiratory arrest.

The methods to be used must adapt the following criteria: ability to induce loss of con-

scious and death without causing pain, agony, anxiety or distress; time required to in-

duce unconsciousness; confidence; personal safety; irreversibility; compatibility with

species, age and health state. It can be realized by chemical and/or physical methods.

The metabolism of the drugs is basically the same on different species, but its effects on

the animal’s body can completely distinct from one another, because of the different

dosages, the animal’s physiology, size and behavior, amongst other reasons.

It is recommended that the registry of the euthanasia’ methods are correctly done, to

ensure the compatibility with the acceptable guidelines of use on animals and humanita-

rian concerns on this kind of procedure.

vii
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................12
2. FISIOLOGIA DA EUTANÁSIA .................................................................................................14
3. CRITÉRIOS PARA EUTANÁSIA HUMANITÁRIA .................................................................16
4. CONSIDERAÇÕES GERAIS ......................................................................................................17
4.1 CFMV - RESOLUÇÕES ....................................................................................................18
4.2 EUTANÁSIA: NOVAS DIRETRIZES ..............................................................................18
4.3 O QUE DIZ A ATUAL RESOLUÇÃO DO CFMV ...........................................................19
4.4 CONSIDERAÇÕES ANIMAIS .........................................................................................19
4.5 O SOFRIMENTO ANIMAL ..............................................................................................21
5. AS CINCO LIBERDADES ..........................................................................................................22
6. MINIMIZANDO A DOR E A ANGÚSTIA ................................................................................22
7. COMPORTAMENTO ANIMAL .................................................................................................23
8. COMPORTAMENTO HUMANO ...............................................................................................23
9. MÉTODOS DE EUTANÁSIA .....................................................................................................25
9.1 MÉTODOS FÍSICOS .........................................................................................................25
9.2 CONCUSSÃO CEREBRAL ..............................................................................................26
9.3 DECAPITAÇÃO ...............................................................................................................26
9.4 TIRO ..................................................................................................................................27
9.5 MÉTODOS QUÍMICOS ....................................................................................................28
9.6 ANESTESIA GERAL ........................................................................................................29
9.7 BARBITÚRICOS ..............................................................................................................30
9.8 CLORETO DE POTÁSSIO ...............................................................................................30
9.9 T-61 ....................................................................................................................................30
9 . 10 HIDRATO DE CLORAL ...................................................................................................31
9 . 11 CO2 ....................................................................................................................................32
9 . 12 ÉTER E O CLOROFÓRMIO .............................................................................................32
9 . 13 CCH ...................................................................................................................................33
9 . 14 MONÓXIDO DE CARBONO (CO) ..................................................................................33
10 . ATENÇÃO REDOBRADA .........................................................................................................34
11 . ESCOLHA DO MÉTODO ...........................................................................................................34
12 . FAUNA E REGULAMENTOS....................................................................................................38
13 . ANIMAIS DE VIDA LIVRE .......................................................................................................41
14 . AVALIAÇÃO DOS MÉTODOS DE EUTANÁSIA ...................................................................42
15 . REFLEXÕES SOBRE ANESTESIA E EUTANÁSIA ................................................................42
16 . PEIXES.........................................................................................................................................43
16 . 1 PROTOCOLOS E ORIENTAÇÕES ..................................................................................43
16 . 2 MÉTODOS PRIMÁRIOS DE EUTANÁSIA EM PEIXES ...............................................44
Tricaino-metano-sulfonato (MS-222, TMS, Finquei®, Tricaine-S®) ..........................................44
Benzocaína (etil-p-aminobenzoal) ................................................................................................46
viii
Etomidato e Metomidato ..............................................................................................................46
Antibióticos ..................................................................................................................................47
Dióxido de Carbono (gás).............................................................................................................47
16 . 3 MÉTODOS SECUNDÁRIOS DE EUTANÁSIA PARA PEIXES ....................................48
Pentobarbital Sódico .....................................................................................................................48
Etanol ...........................................................................................................................................49
Formalina......................................................................................................................................50
Anestesia Química e Congelamento Profundo .............................................................................50
Anestesia Química e Atordoamento .............................................................................................50
Inalação (Gás) ...............................................................................................................................51
16 . 4 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANASIA ...........................................................................51
Decapitação e Transfixação da medula espinhal na região occipital ............................................51
Atordoamento (Concussão Craniana) e Decapitação ...................................................................52
Atordoamento (Eletrocussão) e Decapitação ................................................................................52
Deslocamento Cervical .................................................................................................................53
Decapitação e Congelamento Rápido ...........................................................................................53
Sangria ..........................................................................................................................................54
16 . 5 MÉTODOS ACEITÁVEIS PARA EUTANASIAR PEIXES ............................................54
Congelamento (Morte Gelada) .....................................................................................................54
Asfixia ..........................................................................................................................................54
17 . ANFÍBIOS ....................................................................................................................................55
17 . 1 AGENTES INALATÓRIOS E DIÓXIDO DE CARBONO ...............................................55
17 . 2 AGENTES INJETÁVEIS ..................................................................................................55
17 . 3 MÉTODOS TÓPICOS .......................................................................................................56
17 . 4 MÉTODOS FÍSICOS .........................................................................................................57
Esfriamento ..................................................................................................................................57
18 . RÉPTEIS ......................................................................................................................................58
18 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS ....................................................................................................58
Agentes Inalatórios e Dióxido de Carbono ...................................................................................58
Agentes Injetáveis ........................................................................................................................58
Procedimentos de Eutanásia com dois Estágios ...........................................................................60
18 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA ...........................................................................61
Resfriamento e Congelamento......................................................................................................62
19 . AVES ............................................................................................................................................63
19 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA ......................................................................63
Barbitúricos ..................................................................................................................................63
19 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA ...........................................................................64
Deslocamento Cervical .................................................................................................................64
20 . MARSUPIAIS ..............................................................................................................................65
20 . 1 DIPROTODONTIA ...........................................................................................................65
20.1.1 COALAS ..............................................................................................................65
20.1.2 POSSUMS ...........................................................................................................66
21 . ROEDORES, LAGOMORFOS E OUTROS PEQUENOS MAMÍFEROS .................................67
21 . 1 AGENTES ADMINISTRADOS POR VIA PARENTERAL .............................................68
22 . PARA PEQUENOS MAMÍFEROS .............................................................................................70
CO2 e Eutanásia ...........................................................................................................................70
ix
Eutanásia por Isoflurano ...............................................................................................................72
22 . 1 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA ...........................................................................72
22 . 2 MÉTODOS FÍSICOS PARA COELHOS ..........................................................................73
22 . 3 CASOS ESPECIAIS ..........................................................................................................74
22 . 4 MÉTODOS INACEITÁVEIS DE EUTANÁSIA ..............................................................74
23 . PRIMATAS NÃO-HUMANOS ...................................................................................................75
23 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA ......................................................................75
23 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA ...........................................................................76
24 . CARNÍVOROS ............................................................................................................................76
24 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA ......................................................................76
24 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA ...........................................................................78
24 . 3 OUTRAS CONSIDERAÇÕES ..........................................................................................80
25 . MEGA-VERTEBRADOS ............................................................................................................81
25 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA ......................................................................82
Barbitúricos ..................................................................................................................................82
KCl (Cloreto de Potássio) .............................................................................................................83
25 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA ...........................................................................83
Tiro ...............................................................................................................................................83
Sangria ..........................................................................................................................................84
25 . 3 MÉTODOS ADJUNTIVOS PARA EUTANÁSIA ............................................................84
26 . UNGULADOS .............................................................................................................................85
26 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA ......................................................................86
KCl (Cloreto de Potássio) .............................................................................................................88
Cloreto de Succinilcolina..............................................................................................................88
26 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA ...........................................................................89
Arma de Penetração Cranial .........................................................................................................90
Tiro ...............................................................................................................................................91
26 . 3 OUTROS MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA ..........................................................93
27 . ELEFANTES ................................................................................................................................93
27.1.1 MÉTODOS QUÍMICOS PARA EUTANÁSIA ......................................................93
27.1.2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA ...............................................................94
28 . RINOCERONTE ..........................................................................................................................95
28.1.1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA ..........................................................95
28.1.2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA ...............................................................95
29 . HIPOPÓTAMO ............................................................................................................................96
29.1.1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA ..........................................................97
29.1.2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA ...............................................................98
30 . CONCLUSÃO ..............................................................................................................................99
31 . BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................100
32 . ANEXO I ....................................................................................................................................102
33 . ANEXO II ..................................................................................................................................103

x
LISTA DE FIGURAS E QUADROS

CO2 para a eutanásia de pequenos animais de laboratório .......................................................... 32

WCS Wildlife Euthanasia Chamber - Método autorizado e regulamentado pela AVMA. ......... 38

xi
1. INTRODUÇÃO

Origem - O termo eutanásia1 etimologicamente significa morte sem sofrimento, termo

derivado do grego: eu (bom) e thanatos (morte); “boa morte” ou “morte apropriada”. Enten-

de-se por eutanásia o ato de uma pessoa causar deliberadamente a morte de outra que está

em sofrimento. Neste último caso, a eutanásia seria justificada como forma de evitar o so-

frimento prolongado de uma doença (ROCHA, 2007). Sendo este ato uma associação de

processos e ações. O termo não se adéqua ao processo de abate de animais com a finalidade

de atender ao consumo humano.

A eutanásia de animais de vida livre freqüentemente apresenta desafios especiais que

devem ser considerados pelo veterinário ou pessoa responsável antes da escolha do método.

Em um número significante de casos, eutanásia não é verdadeiramente possível. Determina-

das espécies apresentam peculiaridades que podem requerer rapidez e eficiência na morte

para prevenir tensão, trauma auto-induzido, dano para outros animais ou o público, e outros

resultados indesejáveis.

Na Medicina Veterinária, a eutanásia significa a morte humanitária de um animal e-

xecutado por meio de um método que produza inconsciência rápida e subseqüente morte

sem evidência de dor ou agonia, ou um método que utilize drogas anestésicas em doses sufi-

cientes para produzir a perda indolor da consciência seguida de parada cárdio-respiratória

(INSTITUTIONAL..., 2002).

1
Antônimo = Distanásia – Morte lenta, ansiosa e com muito sofrimento (Ver Dic. Aurélio).
12
Outros critérios usados para avaliar um determinado método, de conformidade com os

padrões morais e éticos da sociedade, incluem: compatibilidade com a necessidade da pes-

quisa, confiança ou segurança, irreversibilidade, minimização do sofrimento para o animal e

para as pessoas que executam a eutanásia e segurança para estas últimas (INSTITUTIO-

NAL..., 2002).

Nas últimas décadas, a utilização de animais em experimentos e no ensino de técnicas

anestésicas e cirúrgicas tem suscitado vários questionamentos. Em situações especiais,

mormente as motivadas por razões humanitárias, a morte do animal não é contestada, assim

como nos casos em que isso represente a obtenção de alimentos de origem animal. Em am-

bos os casos, os procedimentos a serem seguidos devem obedecer a critérios que suprimam

o sofrimento animal.

Médicos veterinários, biólogos e profissionais afins lidam com situações que reque-

rem a eutanásia de animais trazidos por terceiros ou de animais sob a sua guarda e responsa-

bilidade. Incluem-se as doenças incuráveis e terminais e os traumatismos não tratáveis por

meios clínico-cirúrgicos ou que, por outro lado, representam gastos injustificáveis, diante do

tipo de exploração econômica em questão.

O Journal of the American Veterinary Medical Association foi um dos primeiros pe-

riódicos científicos a publicar de forma abrangente os métodos de eutanásia comumente

usados em pesquisas, inclusive apresentando critérios para julgar os métodos de eutanásia,

precauções referentes a animais destinados ao consumo humano, etc. As publicações subse-

qüentes incluíram atualizações dos assuntos abordados e acrescentaram novos conceitos

sobre os procedimentos a serem adotados com relação ao bem-estar animal; que servem
13
como referência às universidades, países e continentes de modelo sobre os procedimentos a

serem adotados com relação à eutanásia (REPORT...., 2001 apud OLIVEIRA, ALVES e

REZENDE, 2008).

2 . FISIOLOGIA DA EUTANÁSIA

A dor é definida como o resultado em forma de sensação quando os impulsos nervo-

sos dos nociceptores periféricos alcançam um córtex cerebral funcional associado a estrutu-

ras subcorticais cerebrais. Além de estimulação mecânica ou térmica, muitas substâncias

endógenas podem gerar impulsos nociceptivos, incluindo as prostaglandinas, íons de hidro-

gênio, íons de potássio, purinas, histamina, bradicinina, e os leucotrienos, assim como cor-

rentes elétricas.

Impulsos nociceptivos gerados por estimulação nociva são conduzidos por fibras pri-

márias de nociceptores referentes tanto à medula espinhal quanto ao sistema cerebral, e duas

redes neurais generalizadas. Perda de reflexos e flexibilidade em resposta a conectores noci-

ceptivos são medidos em nível medular, enquanto vias nociceptivos ascendentes transportam

impulsos à formação reticular, hipotálamo, tálamo e córtex cerebral (córtex somato-sensorial

e sistema límbico) para processamento sensorial e localização espacial. Assim, movimentos

observados em resposta a nocicepção podem se dever a reflexos de atividades mediadas pela

medula. Por exemplo, é de conhecimento clinicamente geral que nocicepções reflexivas me-

diadas pela medula podem se manter intactas devido a lesão espinhal compressiva ou com-

pleta transecção medular que bloqueia caminhos nociceptivos ascendentes.

14
Em todos os casos, estimulações nocivas não são tidas como dor em animais ou hu-

manos conscientes, porque a atividade nesses caminhos ascendentes dando acesso a centros

corticais mais elevados é suprimida ou bloqueada. É, por isso, incorreto substituir o termo

‘dor’ por estimulação nociva, receptores, reflexos, ou caminhos, porque o termo inclui pro-

cessos sensoriais mais intensos associados com percepção consciente. A dor é subjetiva no

sentido de que indivíduos podem diferenciar suas percepções de intensidade de dor assim

como suas reações físicas e comportamentais a isso.

Dor pode ser amplamente categorizada como sensorialmente discriminativa, onde sua

origem e estímulo causadores são determinados como motivacionais e afetivos e que a seve-

ridade do estímulo é buscada e a reação a isso determinada. O processo nociceptivo sensori-

almente discriminativo ocorre dentro de estruturas corticais e subcorticais usando mecanis-

mos similares aos usados para processar outras conexões sensorialmente discriminativas e

fornece informações sobre intensidade do estímulo, duração, localização e qualidade.

O processo motivacional-afetivo envolve formação reticular ascendente para o des-

pertar comportamental, e cortical, assim como conexão talâmica para o cérebro frontal e

sistema límbico, para a percepção de desconforto, medo, ansiedade e depressão. Redes neu-

rais motivacionais afetivas também lideram conexões fortes com o sistema límbico, hipotá-

lamo e sistema nervoso autônomo para a ativação reflexiva dos sistemas cardiovascular,

respiratório e pituitário-adrenal. No caso de peixes, anfíbios, répteis e invertebrados, não é

claro se as estruturas anatômicas necessárias estão presentes para que essas criaturas sintam

a dor como nós, mamíferos. Cérebros de peixes são dominados por componentes cerebrais e

características muito primitivas, e hemisférios cerebrais ausentes de neo-córtex, conseqüen-


15
temente, existe desacordo se o peixe é capaz de sentir dor; contudo, não há duvidas de que o

peixe tem respostas físicas e psicológicas a estimulações nocivas, e em muitos casos possui

neuropeptídeos associados à dor e analgesia mamíferas. Nocicepção é apenas um compo-

nente da percepção da dor e neuropeptídeos podem ter apenas funções não-analgésicas. Indi-

ferentemente da incerteza científica da capacidade desse animal de sentir dor, a ética racio-

nal dita que é melhor errar para o lado da precaução e assume que esses animais sentem dor,

fazendo esforços para controlá-la como parte dos procedimentos de eutanásia.

Assim, da perspectiva de uma eutanásia, os mesmos conceitos de supressão de cone-

xões nociceptivas ascendentes e bloqueio de processo cerebral cortical devem ser aplicados a

membros deste grupo de vertebrados como são para mamíferos.

3. CRITÉRIOS PARA EUTANÁSIA HUMANITÁRIA

Em termos de bem-estar animal, os critérios a serem seguidos para a eutanásia têm

por fundamento a utilização de métodos indolores, que conduzam rapidamente à inconsciên-

cia e morte, que requeiram o mínimo de contenção, que evitem a excitação dos animais e

que sejam apropriados para a idade, espécie e estado de saúde do animal.

O MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e o CFMV (Conse-

lho Federal de Medicina Veterinária), estabelecem critérios para a prática da Eutanásia Hu-

manitária que também se aplicam a Animais Selvagens.

A eutanásia é admissível também no controle populacional de animais selvagens ou

que sofreram graves injúrias e em animais de zoológico. A eutanásia para fins de controle

16
populacional sofre pressões da opinião pública, no sentido de salvar ao invés de destruir os

animais. Uma vez que a eutanásia de animais de zoológicos pode chamar a atenção pública,

as atitudes e as respostas devem ser consideradas em qualquer tempo que seja realizada

(REPORT..., 2001 apud OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

4. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Avaliando métodos de eutanásia, foram determinados os seguintes critérios:

(1) habilidade para induzir perda de consciência e morte sem causar dor,

angústia, ansiedade, ou apreensão;

(2) tempo exigido para induzir perda de consciência;

(3) confiança;

(4) segurança de pessoal;

(5) irreversibilidade;

(6) compatibilidade com exigência e propósito;

(7) efeito emocional em observadores ou operadores;

(8) compatibilidade com avaliação subseqüente, exame, ou uso de tecido;

(9) disponibilidade de droga e potencial de abuso humano;

(10) compatibilidade com espécies, idade, e estado de saúde;

(11) segurança para predadores/oportunistas que venham a consumir a

carcaça.

17
4.1 CFMV - RESOLUÇÕES

A Resolução nº 876/2008 (ANEXO I), do Conselho Federal de Medicina Veterinária

é resultado de modificações feitas em dispositivos da Resolução 714/2002 (ANEXO II), que

dispõe sobre os procedimentos e métodos de eutanásia em animais. O contexto no qual se

apóia a mudança está descrito nas considerações da própria norma, que considera a “cres-

cente preocupação da sociedade quanto à eutanásia dos animais e a necessidade de uniformi-

zação de metodologias junto à classe médico-veterinária”. Em outras palavras, a preocupa-

ção com o bem-estar animal (CFMV, 2008).

É obrigatória a participação do médico veterinário como responsável técnico pela eu-

tanásia em todas as pesquisas que envolvam animais. No que tange ao abate de animais para

o consumo, a regulamentação no Brasil é normatizada pelo Ministério da Agricultura, Pecu-

ária e Abastecimento, por meio da Instrução Normativa nº 03, de 17 de janeiro de 2000

(SIMON e SILVA, 2008).

4.2 EUTANÁSIA: NOVAS DIRETRIZES

O Conselho Federal de Medicina Veterinária alterou, recentemente, significativamen-

te as metodologias preconizadas para a eutanásia animal, por meio da Resolução 876/2008

(ANEXO I), publicada no DOU em 25/02/2008 (verificar tabela no ANEXO III), que cons-

tam os métodos recomendados e os aceitos sob restrição para procedimentos de eutanásia

em várias espécies animais. Esta resolução acabou por modificar a já conhecida Resolução

CFMV 714/2002 (ANEXO II), que dispunha sobre os procedimentos de eutanásia em ani-

18
mais. A alteração é louvável, pois demonstra a constante preocupação e sensibilidade do

CFMV em questões inerentes à ciência do bem-estar animal (CFMV, 2008).

4.3 O QUE DIZ A ATUAL RESOLUÇÃO DO CFMV

1. Art. 1 - Os animais deverão ser submetidos à eutanásia em ambiente tranqüilo e

adequado, longe de outros animais e do alojamento dos mesmos.

2. Art. 7 - Os procedimentos de eutanásia, se mal empregados, estão sujeitos à le-

gislação federal de crimes ambientais.

3. Art. 9 - Em situações onde se fizer necessária a indicação de eutanásia de um

número significativo de animais, como, por exemplo, rebanhos,

nos Centros de Controle de Zoonoses, seja por questões de saúde

pública ou por questões adversas aqui não contempladas, a prática

da eutanásia deverá adaptar-se a esta condição, seguindo sempre os

métodos indicados para a espécie em questão.

4. O Art. 14 - Classifica os métodos inaceitáveis para eutanásia. Entre eles está a

utilização de Gás Cianídrico ou Cianuretos. Pela norma, a utiliza-

ção dos métodos deste artigo constitui-se em infração ética.

4.4 CONSIDERAÇÕES ANIMAIS

A prioridade deve ser em executar uma morte indolor e, se possível, livre de angústia.

As Técnicas de eutanásia devem resultar em perda rápida de consciência seguida por apreen-

19
são cardíaca e respiratória. A técnica deve minimizar angústia e ansiedade do animal antes

da perda de consciência e deve ser segura e irreversível (AAZV, 2006).

Em adição, o método escolhido deve minimizar o medo e a tensão psicológica (estres-

se), ser confiável, reprodutível, simples de administrar, seguro para o operador e, na medida

do possível, ser eticamente aceitável para o executor e o observador (OLIVEIRA, ALVES e

REZENDE, 2008).

Conforme Oliveira, Alves e Rezende (2008), a eutanásia pode ser vista sob várias

perspectivas:

• Para o animal deve ser indolor, produzir inconsciência instantânea

e morte rápida;

• Para o executante o método deve ser seguro e não provocar cho-

ques emocionais;

• Para a pesquisa o método escolhido não deve resultar em modifi-

cações biológicas e ou histológicas incompatíveis com os dados

esperados do ensaio;

• Para a gestão a eutanásia deve ser praticada nas melhores condi-

ções econômicas, tanto no que concerne ao equipamento e locais,

bem como os meios utilizados;

• Para a saúde pública o método não deve deixar resíduos dos produ-

tos utilizados nos diferentes tecidos próprios para o consumo.

O Conselho Federal de Medicina Veterinária em publicação concernente à matéria

(CFMV, 2008), enfocou basicamente os mesmos critérios e conceitos aqui referidos. Acres-
20
centou que, a eutanásia é uma das práticas mais delicadas e difíceis com a qual se depara o

médico veterinário e que não é dada a relevância que merece, delegando-se a responsabili-

dade a auxiliares não preparados. Há divergência de opinião no meio científico e fora dele

sobre quais seriam os métodos verdadeiramente humanitários. Mesmo os métodos assim

considerados podem causar sofrimento quando são praticados por indivíduos nervosos e não

habilitados (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

4.5 O SOFRIMENTO ANIMAL

"Veneramos, mimamos e admiramos alguns

animais, enquanto a outros torturamos e destruí-

mos. Talvez uma das razões por que os seres

humanos abusam dos animais seja porque não

podemos sentir o que eles são, o que é ser um ani-

mal." (JAMES, 1996 apud MALDONADO,

2008).

Por meio da neurobiologia e da fisiologia animal, podem-se entender os mecanismos

que estão por trás da dor animal – dor esta que varia em sua percepção e expressão de espé-

cie para espécie – porém ela é uma realidade biológica. Por sua vez, o sofrimento constitui

um conceito de grande peso, porém de difícil quantificação em um animal. Ainda que o a-

nimal possa comunicar-se (vocalizações, atitudes posturais e faciais, sinais químicos) se pe-

de algo mais objetivo, como uma experiência do tipo emocional. Frente a este dilema prático

surge a proposta ética de Bem Estar Animal, em que os profissionais das ciências veteriná-

21
rias, em conjunto com governos e ONG's, tem concordado desde a década de sessenta com a

implantação de protocolos de medição e controle para obter o dito ‘bem estar’ nas áreas de

produção e manutenção de animais (MALDONADO, 2008).

5 . AS CINCO LIBERDADES

As cinco liberdades entendidas como necessidades, são: alimentação, refúgio, saúde,

comportamento e bem estar. O manejo ecológico – entendido como a melhor maneira de

aproximar-se, sujeitar e imobilizar um animal – é o enriquecimento ambiental nas espécies

que serão confinadas, permitindo, mediante o desenho arquitetônico das instalações, o equi-

pamento e o manejo que suas necessidades biológicas, teológicas e psicológicas possam ser

atendidas (MALDONADO, 2008).

6 . MINIMIZANDO A DOR E A ANGÚSTIA

Deve-se dar atenção especial aos modos para minimizar fontes de angústia, que inclu-

em: redução da exposição à presença humana e a outros animais que poderiam ser percebi-

dos como predadores; vocalizações de tensão; odores de sangue e ferormônios e outras se-

creções corporais que podem servir como fontes de ansiedade e apreensão a animais que

serão submetidos a eutanásia (O GREER, 1999).

22
7 . COMPORTAMENTO ANIMAL

A expressão facial e a postura corporal que sinalizam vários estados emocionais dos

animais são indicadores importantes do comportamento. Assim, as respostas comportamen-

tais e fisiológicas a estímulos nocivos incluem os seguintes sinais: vocalização que denota

angústia, tentativa de fuga, agressão defensiva, salivação, emissão de urina, de fezes e esva-

ziamento das glândulas anais, midríase, taquicardia, sudorese e contrações da musculatura

esquelética traduzidas por tremores, calafrios e espasmos musculares. Algumas dessas rea-

ções podem ocorrer em animais conscientes e inconscientes. O medo pode causar imobilida-

de em algumas espécies, particularmente coelhos e galinhas, o que não deve ser interpretado

como inconsciência, quando o animal está de fato consciente. Sempre que possível, outros

animais da mesma espécie não devem estar presentes durante a eutanásia, uma vez que a

vocalização e a emissão de feromônios podem ocorrer durante a indução e inconsciência

(OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

8 . COMPORTAMENTO HUMANO

As imposições morais e éticas que se relacionam com a eutanásia individual ou cole-

tiva de animais, devem ser consoantes com a prática aceitável. Segundo Thurmon et al.

(1996), três circunstancias devem ser consideradas:

a primeira, relacionada com o cenário clínico, em que o proprietário do animal

deve decidir pela eutanásia e a ocasião em que deve ser realizada;

23
a segunda, as pessoas envolvidas na eutanásia coletiva, como por exemplo para

o controle de animais errantes;

a terceira, que diz respeito às pessoas que lidam com a eutanásia de animais de

laboratório.

Os autores salientam que, no primeiro caso, os proprietários contam com o julgamen-

to do veterinário e, quando em dúvida, podem contar com um serviço de aconselhamento

existente em algumas comunidades e escolas de Veterinária. No caso de eutanásia coletiva,

pode se desenvolver um estado de aflição ou desconforto nas pessoas diretamente envolvi-

das quando o processo é repetitivo. Assim, a exposição ou participação constante de pessoas

no processo de eutanásia pode determinar um estado psicológico caracterizado por alienação

ou forte insatisfação em trabalhar, que podem ser expressas por habitual falta ao trabalho,

agressividade ou descuido e tratamento rude dos animais (OLIVEIRA, ALVES e REZEN-

DE, 2008).

Não são raros os casos em que pesquisadores, técnicos e estudantes, desenvolvem afe-

tividade por um determinado animal ou grupo de animais que haverão de ser submetidos à

eutanásia ao final do experimento, para a avaliação precisa dos resultados. O rodízio das

pessoas envolvidas diretamente com a alimentação e colheita de material pode minimizar o

problema (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

24
9 . MÉTODOS DE EUTANÁSIA

Pode ser realizada por métodos físicos e químicos. As técnicas devem ser seguidas da

confirmação da parada cardíaca como um dos principais indicadores da morte, associada à

avaliação de outros parâmetros vitais. A simples monitoração da respiração não é suficiente,

pelo menos nos primeiros momentos, uma vez que algumas drogas podem provocar apnéia

antes da parada cardíaca. Em geral, este fato ocorre nas anestesias profundas, principalmen-

te, com barbitúricos ou na administração de agentes curarizantes (UNIVERSITY OF MIN-

NESOTA, 2008).

9.1 MÉTODOS FÍSICOS

Métodos físicos nas mãos de um operador qualificado são rápidos e assim uma opção

humanitária (AVMA, 2001). O benefício principal para uso deste método de eutanásia é que

a carcaça está segura para consumo.

 Demandam

 Contenção

 Precisao na execução

 Ambiente adequado à espécie

 Tipos Usuais

 Concussão

 Deslocamento Cervical

 Decaptação

25
 Eletrocussão

 Armas de fogo

9.2 CONCUSSÃO CEREBRAL

A concussão cerebral produz inconsciência resultante de um golpe produzido com ob-

jeto contundente na região frontal da cabeça. Tem sido praticada na eutanásia de ruminantes,

como bovinos, caprinos e ovinos, e de suínos e coelhos. Quando executada com eficiência,

por pessoas treinadas, produz a inconsciência imediata, minimizando o sofrimento dos ani-

mais. Pode ser seguida de secção medular na região atlanto-occipital, antes da sangria. É um

método que exige ambiente adequado, sem a presença de pessoas simplesmente motivadas

pela curiosidade. Geralmente a concussão é praticada quando os métodos químicos interfe-

rem nos resultados a serem obtidos (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

9.3 DECAPITAÇÃO

A decapitação, a eletrocussão e, em menor grau, a concussão constituem os métodos

considerados mais agressivos e violentos do ponto de vista humanitário. O treinamento do

pessoal é crítico, não somente por esses aspectos, mas porque demanda adequada contenção

dos animais.

A decapitação, deve ser sempre substituída por outros procedimentos, por se tratar de

um recurso condenável por muitas pessoas. O deslocamento cervical é utilizado para as aves

passeriformes e camundongos e produz efeito imediato, sem aparente sofrimento dos ani-

26
mais. A eletrocussão produz depressão direta do cérebro e morte por parada respiratória e

cardíaca. A inconsciência é imediata, mas é acompanhada de contrações musculares inten-

sas. Pode ser aceitável, se realizada sob sedação profunda ou mesmo anestesia geral. É um

método perigoso para quem o executa (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

9.4 TIRO

O uso de armas de fogo, em algumas situações emergenciais em que não se dispõe de

outros meios, é justificável, principalmente, na eutanásia de animais de grande porte, quando

se apresentam politraumatizados (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

Tiro é um dos meios aceitáveis de eutanásia para animais selvagens. Isto requer que o

operador seja especialista em tiro, utilizando arma de fogo e munição apropriadas para de-

terminada espécie. O projétil deve necessariamente atingir o cérebro para que a morte ocorra

de imediato. Um animal pode ser fatalmente atingido depois de ser física ou quimicamente

capturado. Na captura de animal selvagem livre, são utilizados dardos para longas distâncias

com auxílio de Zarabatana ou Rifle (UNIVERSITY OF MINNESOTA, 2008).

O procedimento deve ser conduzido por pessoal adequadamente treinado, que siga um

método indicado para cada espécie. Em procedimentos sucessivos, quando se tratar de gru-

pos de animais a serem submetidos a eutanásia ao mesmo tempo, torna-se difícil minimizar

as reações desencadeadas por alguns ou todos os animais do grupo, em conseqüência do

estresse generalizado e crescente, com danos para cada um deles, inclusive podendo afetar

emocionalmente as pessoas envolvidas (UNIVERSITY OF MINNESOTA, 2008).

27
A arma de fogo é o método mais provável para causa de acidentes. Atiradores devem

sempre assegurar-se da presença de humanos ou outros animais na proximidade do animal

mirado, em respeito ao protocolo de segurança. Os locais indicados para atingir o animal são

o pulmão e a região de coração, já que poucas pessoas têm capacidade de atingir um animal

na cabeça a uma distância maior que 25 metros, enquanto que, apontando para o coração ou

pulmão a probabilidade de êxito é maior. É melhor atirar de dorsal para ventral, do que de

uma posição lateral, e identificar as vértebras por meio de palpação. A meta é cortar a coluna

vertebral e espinha dorsal tão perto do crânio quanto possível para causar decapitação. A

arma pode ser encostada ou colocada nas vértebras do pescoço para assegurar a precisão do

tiro. Evite mirar a traquéia ou vasos sanguíneos principais, pois só resultaria em sufocamen-

to sem inconsciência (UNIVERSITY OF MINNESOTA, 2008).

9.5 MÉTODOS QUÍMICOS

As drogas injetáveis podem resultar em injeção acidental por agulhas desprotegidas

como conseqüência da manipulação descuidada ou movimento imprevisível do animal. Para

evitar, as agulhas devem permanecer encapsuladas até o momento da sua aplicação. Além da

necessidade de antecipar movimento súbito do animal que fica mais propenso a reação ines-

perada quando está sob efeito de drogas (PETRINI et al, 1993).

Quando KCl (Cloreto de Potássio) for administrado para eutanásia de animais selva-

gens livres, deve se preocupar em retirar as carcaças contaminadas, pois há risco de toxici-

dade secundária dos agentes, imobilizando prováveis consumidores destas carcaças.

28
 Demandam

 Contenção

 Equipamentos especiais

 Conhecimentos específicos

 Basicamente são utilizadas as drogas para a anestesia geral em doses elevadas.

9.6 ANESTESIA GERAL

Uma anestesia geral inadequada e sem o pleno conhecimento dos efeitos no animal

pode se tornar uma eutanásia em potencial, independente de quem a pratique. A sobredosa-

gem anestésica constitui um dos métodos mais aceitos para a eutanásia de animais, indepen-

dente da espécie e do porte, quando realizadas por pessoas treinadas e conscientes do ato a

ser praticado (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

Muitas pesquisas foram realizadas com drogas anestésicas em animais de interesse

econômico e em espécies exóticas e selvagens. Foram utilizadas as mais variadas drogas

isoladamente ou associadas com outras para a anestesia geral, inclusive experimentais, e

para a eutanásia. A pesquisa que exigir procedimentos anestésicos para a sua execução, sem

comprometer os resultados, quase sempre contará com informações suficientes para orientar

o pesquisador na escolha da droga mais recomendável para cada caso. É praticamente im-

possível se estabelecer um protocolo anestésico ou analgésico que se aplique indistintamente

a todos os animais (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

29
9.7 BARBITÚRICOS

Em animais pré-medicados com acepromazina ou com xilazina, os barbitúricos têm

sido utilizados em nosso meio para a eutanásia de eqüinos e de caninos. O tiopental é a dro-

ga de escolha para induzir ou para complementar a eutanásia, por sua rápida ação e por não

provocar excitação. Uma vez alcançado o estado de inconsciência, o processo pode ser fina-

lizado também pela administração intravenosa de solução saturada de sulfato de magnésio.

Na espécie eqüina a pré-medicação pode ser substituída pela administração intravenosa rápi-

da de éter-gliceril-guaiacol (EGG) a 10%. Nesse procedimento, o animal fica em decúbito

quando a dose alcança cerca de 100mg/kg de peso vivo. O tiopental é administrado até a

cessação dos batimentos cardíacos. A apnéia, geralmente, antecede a parada cardíaca e não

deve ser o parâmetro único a ser considerado (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

9.8 CLORETO DE POTÁSSIO

Cloreto de potássio (KC1) é uma substância de eutanásia que só é aceitável quando

administrada após o animal estar em anestesia profunda. Administração de cloreto de potás-

sio é extremamente dolorosa.

9.9 T-61

O T-61 constitui a associação de três drogas: embutamida, mebezônio e tetracaína. A

embutamida é um agente narcótico potente que promove rápida inconsciência pela depres-

são geral do Sistema Nervoso Central; o mebezônio bloqueia a placa motora dos músculos
30
esqueléticos, provocando o relaxamento dos mesmos e paralisia do diafragma, suprimindo

os movimentos respiratórios; a tetracaína minimiza a dor no local da administração, princi-

palmente quando o composto é injetado pela via torácica. Nas doses recomendadas, provoca

a morte do animal em poucos minutos. Quando a dose é insuficiente, os animais ficam para-

lisados, mas completamente conscientes e transmitem ao expectador a impressão errônea de

que a morte foi instantânea e sem sofrimento (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

Atualmente o uso de T-61 é considerado desumano. Devem ser mantida vigilância e

fiscalização que quem detém esse tipo de droga, pela sua potência e perigos que oferece.

A administração intravenosa é de:

- 0,3ml/kg, em caninos e felinos (pequenos), e

- 0,08 a 0,16ml/kg, em ruminantes e eqüídeos (REPORT..., 1978).

Agentes anestésicos halogenados.

Não é recomendada a utilização de tais agentes para os animais de médio e de grande

porte, pois requer aparelhagem específica e mão de obra muito especializada, além de ser

um procedimento caro e demorado.

9 . 10 HIDRATO DE CLORAL

O hidrato de cloral pode substituir parcialmente os barbitúricos, seus efeitos são os

mesmos; deve ser administrado em solução intravenosa. Não é facilmente encontrado no

mercado (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

31
9 . 11 CO2

A utilização de CO2 para a eutanásia de pequenos animais de laboratório é admitida

sob condições especiais, quando se dispõe de uma câmara dimensionada e ambiente condi-

zente para evitar a inalação pelas pessoas.

CO2 para a eutanásia de pequenos animais de laboratório


Fonte: UNIVERSITY OF MINNESOTA, 2008.

Quando se trata de animais maiores, como o coelho, a indução é mais difícil e a ad-

ministração prévia de um derivado fenotiazínico ou de xilazina seria melhor. Trata-se de um

método de baixo custo, relativamente eficaz e dispensa mão de obra especializada (OLI-

VEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

9 . 12 ÉTER E O CLOROFÓRMIO

O éter e o clorofórmio não são adequados para a eutanásia de animais de grande porte,

pelo mesmo motivo dos agentes halogenados. Poderiam até mesmo, ser utilizados para a

eutanásia de pequenos animais de laboratório, em ambientes controlados, porém não são

drogas que agem rápido além de produzirem desconforto e agitação nos animais. Nas condi-

ções em que geralmente são usadas, como em campânulas ou caixas, são prejudiciais para a
32
saúde humana, por serem, principalmente, hepatotóxicas e cardiotóxicas e, no caso do cloro-

fórmio, carcinogênico. São drogas muito irritantes e, com referência ao éter, facilmente in-

flamável e explosivo, além do que as carcaças dos animais devem ser deixadas ao ar livre

para liberar os vapores, antes de serem cremadas (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

9 . 13 CCH

A administração de CCh demanda os seguintes passos: a câmara deve receber uma

pré-carga do gás, abrindo-se um pouco a válvula do cilindro por cerca de 30 segundos e evi-

tando-se o escape excessivo de CCh; coloca-se o animal no interior câmara, fechando-a em

seguida; quando o animal evidenciar desequilíbrio e sonolência, reabrir a válvula do cilindro,

por cerca de 60 segundos; esperar de 3-5 minutos, para o animal parar de se mover e de res-

pirar. As pupilas devem estar dilatadas e o globo ocular fixo. A morte ocorre devido à parada

respiratória, entre dois e cinco minutos, dependendo da espécie e da concentração do gás na

câmara. Na eutanásia de aves, a pré-carga é difícil de ser mantida. Dependendo de quantas

aves serão submetidas à eutanásia, pode ser necessário um sistema de circulação para evitar

a estratificação do gás (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

9 . 14 MONÓXIDO DE CARBONO (CO)

O monóxido de carbono (CO), apesar de ser relativamente rápido e eficaz para a euta-

násia de aves, por se combinar com a hemoglobina, altas concentrações de CO podem ser

fatais para o homem. Deve ser usado na forma pura e comprimido em cilindros. O uso de

33
CO obtido da exaustão de veículos é inadmissível, inclusive pelo fato de ter temperatura

elevada e conter outros agentes contaminantes (UNIVERSITY OF MINNESOTA, 2008).

10 . ATENÇÃO REDOBRADA

Em todos os casos, é inaceitável a eutanásia de animais conscientes mediante a admi-

nistração de cloreto de potássio, sulfato de magnésio e bloqueadores neuromusculares, ad-

ministração intravenosa de ar, éter, clorofórmio, formol e substâncias afins. Do mesmo mo-

do, é condenável a sangria de animais conscientes ou semi-conscientes, como ainda se prati-

ca, principalmente em suínos e aves (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

No caso de animais de laboratório, é importante certificar sucesso do procedimento. O

animal não está morto se:

 Seu coração estiver batendo – para conferir deve-se palpar o tó-

rax entre os dedos polegar e indicador.

 Piscar ao se tocar seu globo ocular.

Se o animal não estiver morto, deve-se recarregar a câmara e aguardar outros 5 minu-

tos, ou abrir a cavidade torácica para provocar um pneumotórax, tendo certeza de que o a-

nimal não está acordado durante este procedimento.

11 . ESCOLHA DO MÉTODO

Cada um dos parâmetros é avaliado quantitativamente em valores positivos ou negati-

vos, em função dos objetivos pretendidos com a eutanásia. Estes parâmetros podem ser de-

34
pois conjugados para a valorização global, onde os diferentes métodos são classificados or-

denadamente na escala de zero a cinco, segundo a qual a não utilização do método é repre-

sentada pelo valor zero. Os demais valores indicam níveis de aceitação para determinados

métodos, que variam de pouco a altamente recomendável (OLIVEIRA, ALVES e REZEN-

DE, 2008).

A seguir, estão representados os valores para cada um deles, segundo as recomenda-

ções da DG XI, da Comissão das Comunidades Européias, de acordo com Close et al.,

(1993) apud (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008):

Rapidez: velocidade com que se obtém a Eficácia: percentagem de obtenção de


morte dos anIMais. resultados após a aplicação da técnica.
+2 Muito rápido +2 Muito Eficaz
+ 1 Rápido + 1 Eficaz
-1 Lento -1 Ineficaz

Valorização estética: aceitabilidade para o Segurança para o operador: segurança


operador e para terceiros. durante a execução.
+2 Esteticamente bom +2 Sem perigo
+ 1 Aceitável para a maioria + 1 Perigo reduzido
-1 Inaceitável para a maioria -1 Perigoso

Nível de experiência: exigência de


conhecIMentos técnicos e científicos.
-3 Alta especialização
-2 Muita especialização
-1 Alguma especialização
0 Pouca especialização

Os valores expressos nas tabelas acima indicam que um método que exija pessoal al-

tamente qualificado tende a não ser o ideal, por comprometer o valor final. Assim, um méto-

do rápido (+1), eficaz (+1), aceitável para a maioria das pessoas (+1) e sem perigo para o

operador (+2) seria ideal se pudesse ser praticado por pessoas com pouca ou nenhuma espe-

35
cialização, para ser altamente recomendado. Isso é, talvez, o que se procura na eutanásia dos

animais, mormente os de laboratórios de pesquisa, respeitadas as exigências de manejo (O-

LIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

Os métodos utilizados para a eutanásia de animais de médio e de grande porte reque-

rem, no mínimo, alguma especialização por parte de quem os executa, uma vez que deman-

da algum conhecimento dos efeitos das possíveis drogas utilizadas e contenção mais com-

plexa, com maior risco para o operador, além de exigir ambientes especialmente destinados

à eutanásia (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

As pontuações dadas para cada parâmetro, não necessariamente indicam o melhor

método de eutanásia a ser adotado, uma vez que as periculosidades e a não aceitação pela

maioria das pessoas podem gerar discussões, mesmo quando o método é rápido, eficaz e

sempre praticado por pessoas devidamente treinadas (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE,

2008).

Torna-se difícil, mesmo nas Universidades, o estabelecimento de normas inflexíveis

para se proceder a eutanásia de animais de pesquisa ou porventura utilizados na prática de

técnicas cirúrgicas e anestésicas. Faz-se necessário, entretanto, o assentamento de normas

gerais de conduta e de procedimentos básicos a serem seguidos, com vistas a suprimir ao

máximo o sofrimento dos animais, dando-se conhecimento da metodologia corrente e acei-

tável para a eutanásia, com base em princípios morais e éticos (OLIVEIRA, ALVES e RE-

ZENDE, 2008).

As tabelas a seguir foram adaptadas e resumem as características de métodos de euta-

násia para peixes, anfíbios, aves e coelhos, segundo a revisão feita por. Outras espécies ani-
36
mais também foram contempladas e aqui deixam de ser mencionadas (OLIVEIRA, ALVES

e REZENDE, 2008).

Peixes Anfíbios
AGENTE RAP ESP EFI SEG EST VG AGENTE RAP ESP EFI SEG EST VG
Benzocaina +2 -1 4-2 4-2 4-2 5 Benzocaína +2 -1 +2 +2 +2 5
Etomidato 4-2 -1 4-2 4-2 4-2 5 Concussão +2 -1 +2 +2 -1 5
Metomidato +2 -1 4-2 4-2 4-2 5 Pentobarbital Sódico +1 -3 +2 +1 +1 4
Concussão 4-2 -2 4-1 4-2 -1 4 Destruição Medular +2 -3 +2 +2 -1 3
Quinaldina +2 -1 +2 4-1 4-2 4 T-61 +1 -3 +2 +1 +1 1
Pentobarbital Sódico +2 4-2 4-2 4-1 4-2 4 Co 2 +1 -1 +\ +2 +1 \
Destruição Medular +2 -3 4-2 4-2 -1 3 Decapitação -1 -1 -1 +2 -1 0
Halotano +1 -1 4-1 4-2 4-2 2 Hipotermia -1 -1 -1 +2 +1 0
Decapitação -2 4-2 -1 1 Hipertermia -1 +2 +1 0
Retirar a -1 0 4-1 4-2 -1 0 Exanguinação -1 -2 -1 +2 -1 0
Agua
Hipotermia -1 0 -1 4-2 4-1 0
Hipertermia -1 0 -1 4-2 -1 0
Dióxido -1 -1 -1 4-2 -1 0
Aves Coelhos
AGENTE RAP ESP EFI SEG EST VG AGENTE RAP ESP EFI SEG EST VG
Pentobarbital Sódico +2 -2 4-2 4-1 4-2 5 Anestésicos. Halogenados +2 -1 4-2 4-1 4-1 5
Deslocação Cervical +2 -3 +2 4-2 -1 4 Pentobarbital Sódico +2 -2 42 4-1 4-2 5
Dióxido Carbono +2 -1 4-2 4-2 4-1 4 Concussão +2 -3 4-2 4-2 -1 4
Anestésicos. Halogenados +2 -1 4-2 4-1 +2 4 Deslocam. Cervical +2 -3 4-2 4-2 -1 4
T-61 4-2 -3 4-2 4-1 +2 4 T-61 Estilete Cativo 4-2 42 -3 -3 4-2 4-1 4-2 4- 43
Concussão 4-2 -3 4-2 4-2 -1 3 Decapitação 4-1 -2 +2
+1 4-1
4-2 1
-1 3
Óxido Nitroso 4-1 -1 4-1 4-1 4-1 2 Choque Eléctrico Microondas +2 4-2 -1 -3 4-1 -1 -1 + 1 3
Monóxido Carbono 4-1 -1 4-1 -1 4-1 2 Dióxido Carbono 4-1 -1 4-2
4-1 4-2
42 4-1 2
Choque Eléctrico +1 -2 4-1 -1 -1 2 Monóxido de Carbono 4-1 4- -1 -1 4-1 4- -1 -1 4-2 -1 22
Cloreto Potássio 4-1 -1 4-1 -1 -1 2 Cloreto de Potássio
Congelação Rápida 1
4-1 -1 1
4-1 4-2 4-1 1
Esmagamento Nuca -2 4-2 -1 0 Azoto -1 -1 4-1 4-2 -1 0
Decapitação -2 4-2 -1 0 Oxido Nitroso -1 -1 4| 4-1 4-1 0

Os parâmetros são os adotados pela DG XI, da Comissão das Comunidades Européi-

as: Rapidez - RAP, Especialização - ESP, Eficácia - EFI, Segurança - SEG, Estética - EST e

Valorização Global - VG (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

37
12 . FAUNA E REGULAMENTOS

WCS Wildlife Euthanasia Chamber - Método autorizado e regulamentado pela AVMA.


Fonte: http://www.wildlifecontrolsupplies.com/Merchant2

A execução de Eutanásia em animais selvagens só deve ocorrer com acompanhamen-

to profissional e dentro das normas. Dependendo de treinamento especifico para que ocor-

ram apenas em situações especificas cumprindo as normas. É vital o entendimento dos inte-

resses da eutanásia em casos de animais órfãos, doentes ou gravemente feridos.

A proteção ao bem estar animal, incluindo aí a fauna selvagem segundo a Constitui-

ção Federal cabe ao poder público, mas também a coletividade. A Constituição Federal, de 5

de Outubro de 1988 em seu Título VIII da Ordem Social, Capítulo VI do Meio Ambiente,

Artigo 225 determina que "Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibra-

do, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder

público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gera-

ções. Esta mesma Constituição em seu § 1.º diz que para assegurar a efetividade desse direi-

to, “incumbe ao poder público proteger o Meio Ambiente adotando iniciativas como: prote-

38
ger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função

ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade."

Devido a esta incumbência legal, é que o poder público possui órgãos específicos para

proteção do meio ambiente como o IBAMA e o ICMBio a nível federal, órgãos diretamente

envolvidos na formulação de políticas de fiscalização e os órgãos estaduais de proteção que

são supletivos no caso de fauna.

Para deixar claro, a necessidade de proteção e a criminalização de atitudes lesivas a

fauna, a lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 dispõe sobre as sanções penais e administra-

tivas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. A seção I do Capitulo V

fala sobre dos crimes contra a fauna, mencionando que matar, perseguir, a fauna sem a devi-

da autorização pode levar a prisão entre seis meses a um ano. O Art. 32 desta lei fala que

praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais selvagens leva a detenção de três

meses a um ano mais multa. Este artigo, provavelmente, é o mais diretamente relacionado

com a Eutanásia em animais selvagens, caso não seja realizada adequadamente.

Outras leis e normas existem para garantir o bem-estar animal e para proteger a fauna

de maus-tratos, entre elas:

DECRETO Nº 24.645, DE 10 DE JULHO DE 1934

Estabelece medidas de proteção aos animais. Seu art. 3º define quais os atos e situa-

ções que são considerados como maus-tratos. É um decreto com força de lei devido à sua

publicação ter sido feito na época em que o Poder Executivo tomou para si as premissas do

Poder Legislativo.
39
DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941

Lei das Contravenções Penais, que aplica as regras gerais do Código Penal.

"Art 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo; Pena – pri-

são simples, de 10 (dez) dias a 1 (um) mês, ou multa.

§ 1.º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins didáticos ou científicos, re-

aliza, em lugar público ou exposto ao público, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo.

§ 2.º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é submetido a trabalho

excessivo ou tratado com crueldade, em exibição ou espetáculo público." Considerado taci-

tamente revogado pela Lei dos Crimes Ambientais.

LEI Nº 569, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1948

Estabelece medidas de defesa sanitária animal. Prevê as situações nas quais um ani-

mal deve ser sacrificado para salvaguardar a saúde pública ou por interesse da defesa sanitá-

ria animal.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DOS ANIMAIS – UNESCO, 27 DE


JANEIRO DE 1978

Declara, entre outras coisas que, todos os animais têm o direito: à proteção do homem

e de não ser explorado por ele; de não ser submetido a maus tratos e crueldades; de viver em

liberdade no seu ambiente natural (animais selvagens); ao repouso e a alimentação adequada

(animais que trabalham para o homem); de não ser usado para o divertimento do homem, o

que é incompatível com a dignidade do animal.


40
Em relação à Eutanásia existe uma norma do Conselho Federal de Veterinária. Todos

os procedimentos são ali descritos. É a RESOLUÇÃO CFMV Nº 714, DE 20 DE JUNHO

DE 2002 que dispõe sobre procedimentos e métodos de eutanásia em animais. Uma RESO-

LUÇÃO 876, DE 15 DE 02 DE 2008 Altera a redação do Anexo I da Resolução 714/2002.

Outras normas interferem em procedimentos de veterinários como a RESOLUÇÃO

877, DE 15 DE 02 DE 2008 que dispõe sobre procedimentos cirúrgicos em animais de pro-

dução e selvagens e sobre cirurgias mutilantes em pequenos animais.

Diversos estados também possuem normas e regras próprias para proteção da fauna

como GO, PR, RS, SC, ES e SP além do DF. Ou seja, os estados da federação também po-

dem normatizar porem sobre anuência dos órgãos estaduais.

Existe o DECRETO Nº 97.633, DE 10 DE ABRIL DE 1989, para monitorar e acom-

panhar a política nacional sobre a fauna, que dispõe sobre o Conselho Nacional de Proteção

a Fauna - CNPF.

13 . ANIMAIS DE VIDA LIVRE

São necessárias considerações especiais direcionadas à eutanásia de animais de vida

livre e espécies exóticas para atividades de pesquisa com animais doentes, feridos ou mori-

bundos. Uma preocupação particular é a falta de controle ou confinamento de animais de

vida livre em condições de campo. Sob tais condições, armas de fogo podem ser os meios

41
mais apropriados para matar mamíferos de grande porte, e algumas espécies de aves, de

forma rápida, eficaz e humana.

14 . AVALIAÇÃO DOS MÉTODOS DE EUTANÁSIA

Eutanásia deve ser considerada para animais individuais que não possam ser reinte-

grados à natureza para que não causem mal a si mesmo e à saúde de qualquer outro ser; ou

se não existir nenhuma alternativa de cura. Eletrocussão é o método apropriado para animais

previamente anestesiados. A administração de CO2 (dióxido de carbono) pode ser utilizada

para aves e pequenos mamíferos, porém a viabilidade de usar tais técnicas sob condição de

campo é difícil.

Métodos químicos para eutanásia podem incluir super-dose de agentes anestésicos

primários, barbitúricos, T61, cloreto de potássio, ou CO2. A maioria desses agentes são subs-

tâncias controladas que são reguladas de perto e a disponibilidade delas pode ser limitada.

Tais substâncias podem não ser uma boa opção para executar eutanásia em animais de vida

livre. Cloreto de potássio é aceitável apenas se o animal estiver anestesiado profundamente.

15 . REFLEXÕES SOBRE ANESTESIA E EUTANÁSIA

O conhecimento da ação das drogas em diferentes espécies animais é importante para

a escolha da metodologia a ser adotada para a anestesia geral de uma espécie animal, para a

eutanásia individual ou de um grupo de animais. O metabolismo das drogas é basicamente o

mesmo nas diferentes espécies, mas os efeitos no organismo podem ser completamente dis-

42
tintos, em função das doses, da fisiologia, do porte e do temperamento animal, dentre outros

fatores.

Alguns exemplos podem ser citados: a morfina promove profunda depressão em ratos

e coelhos, mas causa tremores e convulsão em camundongos e gatos; a dose de xilazina para

a sedação de um cão é praticamente igual a do eqüino e dez vezes a dose necessária para

sedar um bovino; a ocorrência de excitação extrapiramidal por derivados fenotiazínicos pa-

rece ser mais freqüente em eqüinos (OLIVEIRA, ALVES e REZENDE, 2008).

16 . PEIXES

16 . 1 PROTOCOLOS E ORIENTAÇÕES

Protocolos recomendados para eutanásia podem ser divididos em método primário

(um passo) e secundário (dois passos).

Métodos primários são protocolos que usam apenas um composto ou procedimento

para alcançar morte humanizada. Métodos secundários utilizam uma combinação de com-

postos ou técnicas para alcançar morte humanizada, como concussão cranial resultante em

decapitação.

Métodos de dois passos são considerados, em alguns casos, condicionalmente aceitá-

veis. Isso não implica que um método seja superior a outro. De fato, os desafios para deter-

minar quando um peixe alcançou paradas respiratória e cardíaca irreversíveis, devem sugerir

que mais de um método de eutanásia deve ser utilizado em qualquer situação prática para

assegurar a morte.

43
Independente se o peixe é capaz de sentir dor, os métodos usados para assegurar mor-

te em peixes devem minimizar estresse e tempo até que a morte seja confirmada. A perspec-

tiva humanizada na atividade de finalizar deliberadamente a vida de um peixe é refletida na

terminologia usada para descrever o método. Por exemplo, o termo eutanásia – significando

morte boa ou fácil – é tipicamente usado por veterinários finalizando a vida de peixes do-

mésticos, de pesquisa ou outro valorizado (financeira ou sentimentalmente), como um peixe

de aquário. Alternativamente, o termo abatedor é usado para profissionais de campo ou pes-

soas leigas matando peixes para consumo humano ou recreação, e o termo matador de pei-

xes é usado para descrever pessoal de campo matando peixes usando peixicida, por exem-

plo: a rotetona, para eliminar peixes indesejados em um reservatório de água.

16 . 2 MÉTODOS PRIMÁRIOS DE EUTANÁSIA EM PEIXES

EUTANÁSIA POR INALAÇÃO OU IMERSÃO – GASOSO OU QUÍMICO

Tricaino-metano-sulfonato (MS-222, TMS, Finquei®, Tricaine-S®)

MS-222 tem ação rápida e efetiva quando o peixe é imerso na solução, porém, va-

ria conforme espécie, temperatura da água, salinidade e densidade. Em temperaturas mais

aquecidas, a potência e toxidade do MS-222 pode aumentar, devido a redução de oxige-

nação da água. Em águas com salinidade ou densidade mais altas, a eficiência do MS-222

deve diminuir, sendo assim, a dosagem deve ser aumentada. O MS-222 é uma droga tipo

benzocaína, que age depreciando o sistema nervoso central. O uso deste composto é con-

siderado a forma humanizada mais efetiva para matar peixes. MS-222 é solúvel em água
44
tanto salgada quanto doce, mas requer neutralização com agentes de diluição (por exem-

plo saturação de bicarbonato de sódio), tipicamente em divisão de 2:1 de bicarbonato de

sódio para MS-222 em água fresca para reduzir irritação e dano causado pela acidez de

soluções de MS-222. Em algumas espécies, a eutanásia pode ser alcançada com níveis tão

baixos quanto 100mg/L de MS-222. Em enguias e algumas outras espécies, os níveis de

MS-222 precisam ser >250mg/L para a eutanásia. Peixes devem ser deixados na solução

por pelo menos 10 minutos, mas isso depende da espécie. Para peixes maiores (>6cm),

um concentrado de solução em MS-222 diluído pode ser jorrado com ajuda de seringa

dentro das guelras em concentrações maiores que usuais em soluções para imersão. Inje-

ções de MS-222 devem ser evitadas em peixes, pois é refletivo e rapidamente excretado

pelas guelras. Este produto é caro e pode causar proibição para maiores populações de

peixes. Peixes submetidos a eutanásia por MS-222 não são apropriados para consumo

humano.

Para a eutanásia de tubarões, arraias e enguias, a super-dose química de MS-222 é

o método mais fácil e confiável. Esses animais podem ser difíceis e perigosos para lidar e

requerem níveis maiores de MS-222 do que outras espécies mesmo assim, anestésicos

injetáveis devem ser usados para imobilizar o animal antes do uso de MS-222 para a eu-

tanásia.

Aconselha-se deixar o peixe imerso na solução de MS-222 até que a parada respira-

tória ocorra, seguida por deslocamento cervical, sangria, decapitação ou outros métodos

que certifiquem a morte.

45
Benzocaína (etil-p-aminobenzoal)

Benzocaína tem ação rápida, efetiva, e tem atividade e estrutura química similares

as do MS-222; Entretanto, benzocaína é muito menos solúvel em água do que o MS-222.

A solubilidade da benzocaína pode ser reforçada se dissolvida em acetona ou etanol antes

de adicionar à água. Benzocaína em solução é neutra e não requer diluição. Em constras-

te, hidroclorido de benzocaína é mais solúvel em água, mas pode reduzir o pH; nesse ca-

so, diluição pode ser requerida com essa formulação. A dose recomendada de benzocaína

para eutanásia é >250mg/L para que o peixe seja mantido pelo menos 10 minutos no a-

quário. Doses mais altas com duração mais longa de exposição podem ser requeridas para

águas de temperatura mais baixas e para peixes maiores. Peixes mortos por benzocaína

não são apropriados para consumo humano, pois esse medicamento não é aprovado pela

FDA em peixes para fins de consumo.

Etomidato e Metomidato

Esses agentes hipnóticos não barbitúricos agem depreciando o sistema nervoso cen-

tral. Eles são altamente solúveis em água e agem rapidamente para realizar eutanásia em

peixes de forma humanizada. Doses recomendadas desses compostos variam entre

0.4mg/L e 10mg/L para anestesiar peixes. O uso mais recomendado é de 10mg/L e o pei-

xe deve ser mantido na solução por, no mínimo, 10 minutos constantes observados a par-

tir do último movimento opercular. Peixes submetidos a eutanásia com ambos compostos

químicos não são apropriados para consumo humano.

46
Antibióticos

Antimycin (Fintrol ®) é um antibiótico produzido por Streptomyces spp que inter-

fere na respiração celular. É considerado mais letal, porém menos acessível, economica-

mente, do que o rotenone. A dose varia entre 1 e 120 ppb (ug/L) dependendo da espécie-

alvo. O uso mais comum de antimicina é para erradicar peixes de escama de tanques de

criação de bagres do tipo cat-fish; entretanto doses mais altas de antimicina também ma-

tam os peixes sem escamas. A toxidade da antimicina pode variar dependendo da alcali-

nidade e da turbidez da água. A antimicina é registrada pela Environmental Protection

Agency (EPA) como pesticida para erradicar peixes, não podendo ser adquirido ou usado

sem uma licença específica. Comumente utilizada para realizar eutanásia em grandes popu-

lações de peixes, particularmente em lagos e reservatórios onde há necessidade da erradica-

ção total de peixes.

Dióxido de Carbono (gás)

Funciona suprimindo diretamente no sistema nervoso central resultando em hipóxia.

Para a eutanásia de vertebrados terrestres é recomendada uma saturação de 70% de CO2;

concentrações maiores de CO2 podem causar estresse severo. Não é recomendado o uso de

CO2 para a eutanásia de peixes, pois isso incita atividades intensas (por exemplo, nado errático)

sugestão de irritação ou estresse antes da perda de consciência e é de ação lenta. A única fonte

aceitável de CO2 é cilindro de gás comprimido, pois outros métodos de geração de CO2 não são

confiáveis e a dosagem não pode ser controlada precisamente.

47
O uso de cilindro de CO2 comprimido é prático para situações de cativeiro; biólogos

empregam métodos químicos de geração de CO2 (por exemplo – bicarbonato de sódio,


®
30mg/L ou Alka-Seltzer Gold 1 tablete/20L) em campo, algumas vezes. Apenas Alka-

Seltzer Gold ® ou produtos genéricos similares (exceto aspirina), que agem como irritante bran-

quial, são apropriados para realizar eutanásia em peixes. Vantagens de métodos químicos de

geração de CO2 incluem a facilidade de transporte de locais remotos, segurança do pessoal e

ausência de resíduos tóxicos ambientais, porém com respeito a outros métodos.

Gelo seco é outro método alternativo de geração de CO2 para a eutanásia de peixes,

apesar de que a dosagem a temperatura da água onde o peixe se encontra são difíceis de con-

trolar. Como este método é primariamente utilizado em cenários de pesquisa, métodos alter-

nativos são preferíveis. Onde o uso de CO2 é requerido, o uso de suprimento cilíndrico é

recomendado. Peixes devem permanecer na solução por 10 minutos a partir do último mo-

vimento opercular observado. Peixes submetidos a eutanásia por CO2 são seguros para con-

sumo humano e não é requerido recesso entre morte e consumo.

16 . 3 MÉTODOS SECUNDÁRIOS DE EUTANÁSIA PARA PEIXES

Administração de Droga Parenteral

Pentobarbital Sódico

Pentobarbital sódico é um barbitúrico de ação curta que deprecia o sistema nervoso

central não seletivo. Para a eutanásia de peixes a dose recomendada varia entre 60-

100mg/Kg de massa corporal, administrada vias intra-colêmica (ICo), intra-cardíaca (IC) ou


48
intravenosa (IV). É preferível a administração intra-venosa, pois a alcalinidade do pentobar-

bital sódico pode ser irritante para tecidos e fonte de desconforto para animais; o tempo pode

variar para obter o efeito desejado. Injeções intravenosa e intra-cardíaca de pentobarbital

sódico têm sido usadas, também, em aquários de peixes cartilaginosos, porém com resulta-

dos variados.

Deve-se anestesiar usando tanto imersão quanto injeção de sedativos para reduzir es-

tresse relacionado a manuseio, e para certificar segurança do pessoal. Como a administração

parenteral das soluções pentobarbital e fenobarbital são alcalinas e, por isso, irritantes ao

tecido, anestesiar o animal antes da aplicação do barbitúrico pode ajudar a diminuir o des-

conforto. Peixes submetidos a eutanásia por pentobarbital sódico não são apropriados para

consumo humano.

Procedimentos de eutanásia de dois estágios são melhores para elasmobrânquios onde

o pentobarbital sódico é usado para a eutanásia. A sedação inicial é feita com droga injetá-

vel, a qual deve-se imobilizar elasmobrânquios para uma profundidade onde o estresse é

minimizado antes da injeção de pentobarbital sódico.

Etanol

Etanol não é considerado um anestésico aprovado e pode ser irritante aos tecidos. Si-

tuações onde o etanol pode ser apropriado como segundo passo de um procedimento de eu-

tanásia inclui peixes que são primeiro acalmados e depois eletrocutados em casos de campo.

49
Formalina

Imersão de peixes vivos e conscientes em soluções formalínicas não é um método de

eutanásia apropriado. Em circunstâncias onde regras de pesquisas pedem que peixes vivos

sejam colocados em formalina, o peixe deve ser anestesiado profundamente com MS-222 ou

outro método aceitado, antes de colocado na solução. Exposição à formalina causa um risco

de saúde para o pessoal que deve ser minimizado ou elminiado de forma prática.

INALAÇÃO (QUÍMICA E GÁS)

Anestesia Química e Congelamento Profundo

O congelamento rápido de peixes anestesiados para propósito eutanásico é aceitável.

O animal deve ser induzido a um plano antestésico profundo induzido por imersão em agen-

tes anestésicos. Congelamento rápido consiste na imersão do animal inteiro e profundamente

anestesiado em nitrogênio líquido. Pessoal deve ser treinado e os procedimentos e equipa-

mentos devem estar dentro dos parâmetros requeridos para este método.

Anestesia Química e Atordoamento

Peixes devem estar em plano profundo de anestesia antes da aplicação de qualquer

método de atordoamento.

50
Inalação (Gás)

Halotano e isoflurano são agentes hidrocarbono fluorados que agem no sistema ner-

voso central.Tipicamente eles tem uma forma líquida pura e requerem um aparato especial

para vaporizar o líquido na hora do uso. O efeito desses compostos inalatórios e a dose se

relacionam ao ataque rápido quando as doses adequadas são alcançadas; contudo, os gases

são relativamente insolúveis em água e, sendo assim, a técnica é dificilmente regulada. A

dose de 4ml/L é recomendada quando usada em água, ou o gás deve ser borbulhado na água

até 10 minutos depois que o animal tenha sua morte detectada.

Em adição a morte deve ser certificada por meios secundários (por exemplo: decapi-

tação, congelamento ou outra alternativa apropriada). Peixes submetidos à eutanásia por

meio do uso destes compostos não são apropriados para consumo humano.

16 . 4 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANASIA

Decapitação e Transfixação da medula espinhal na região occipital

Decapitação é obtida com guilhotina ou outro equipamento apropriado com lâmina a-

fiada que seja adequada ao tamanho do animal.

Transfixação da medula espinhal na região occipital é a técnica que consiste em inser-

ção de objeto como agulha, por exemplo, no cérebro do animal de baixo para cima por meio

da pancada realizada para atordoamento mantendo o animal vivo, porém completamente

imobilizado e inconsciente, eliminando qualquer chance de sofrimento do animal. Transfi-

xação da medula espinhal na região occipital deve ser realizado imediatamente após o ator-
51
doamento para decapitação, pois o sistema nervoso central do peixe é tolerante a condições

hipóxicas e hipotensivas. Transfixação da medula espinhal na região occipital não pode ser

usado quando avaliação histológica do sistema nervoso central é desejado. Pessoal deve ser

treinado para utilizar este tipo de técnica apropriadamente de forma humanizada, o que pode

ser difícil para em peixes grandes, em função da dificuldade de penetrar o crânio.

Atordoamento (Concussão Craniana) e Decapitação

Concussão craniana de forma humanizada envolve uma pancada única, direta e certei-

ra à parte de trás da cabeça. A morte deve ser certificada por decapitação, transfixação da

medula espinhal na região occipital ou outro método indicado. Este método deve ser realiza-

do por pessoal treinado e não é apropriado para todos os tamanhos de peixes.

Atordoamento (Eletrocussão) e Decapitação

Pessoal treinado e qualificado deve usar corrente elétrica como um meio não letal de

atordoamento momentâneo e captura de peixe de água fresca sob condições de campo. Para

a eutanásia seguindo captura do animal por meio de eletrocussão, enquanto o peixe está pro-

fundamente anestesiado, um método secundário de eutanásia, como decapitação, transfixa-

ção da medula espinhal na região occipital, eletrocussão posterior ou outro método apropria-

do pode ser usado.

O método de eletrocussão de peixes deve usar Corrente de Pulso Direto (DC) porque

minimiza os danos ao peixe. Corrente Alternada (AC) estimula contração dos músculos e

52
induz tétano, ao invés de anestesiar o animal, e deve ser evitada. Cuidados devem ser toma-

dos para evitar corrente elétrica excessiva que possa ferir ou colocar em risco tanto os opera-

dores quanto o animal. Em particular, a mortalidade de anfíbios e peixes pequenos que não

sejam alvos deve ser minimizada. Maiores discussões garantiram o estabelecimento de re-

gras levando em consideração a quantidade de mortes de animais aquáticos não-alvos que

são toleráveis para atividades de eletrocussão de peixes. A condutividade da água do mar

minimiza a efetividade do choque elétrico em peixes marinhos. Corrente elétrica não é ge-

ralmente considerada apropriada sob condições de laboratório ou outro tipo de cativeiro.

Deslocamento Cervical

Deslocamento cervical requer quebradura de osso da espinha dorsal – vértebra – pró-

ximo à cabeça do peixe. A morte deve ser certificada por decapitação e transfixação da me-

dula espinhal na região occipital ou algum outro método. Este método deve ser realizado por

pessoal treinado e não é apropriado ou humanizado em peixes maiores, onde o procedimento

não pode ser completado de forma rápida e eficiente.

Decapitação e Congelamento Rápido

A eutanásia por decapitação seguida imediatamente por submersão da cabeça e corpo

em nitrogênio líquido é aceitável. Pessoal deve ser treinado com procedimentos, cuidados de

segurança e equipamento requerido para este tipo de eutanásia.

53
Sangria

A sangria é a remoção de todo o sangue do animal por meio de punção severa ao co-

ração ou artéria como o pedúnculo caudal em peixes pequenos, ou maiores com um ou mais

arcos de guelras. Sangria é aceitável apenas quando usado como método secundário e reali-

zado em conjunção com outros meios (por exemplo, anestesia profunda ou atordoamento).

Esta técnica de combinação pode ser usada em peixes de qualquer tamanho. Peixes que so-

freram este tipo de eutanásia são apropriados para consumo humano se CO2 ou outro método

não químico foi usado como passo inicial.

16 . 5 MÉTODOS ACEITÁVEIS PARA EUTANASIAR PEIXES

Congelamento (Morte Gelada)

Colocando um peixe consciente em um freezer ou gelo moído não é considerado um

método apropriado de eutanásia. Apesar de que a percepção da dor em peixes é controversa,

é acreditado que o congelamento lento não diminui a habilidade do peixe de sentir dor e isso

prolonga o período de consciência. Sendo assim, errando para o lado de diminuição do des-

conforto e estresse, exclui o congelamento lento como um método humanizado de eutanásia.

Asfixia

Remoção de gilídeos vertebrados da água não é uma forma aceitável de eutanásia. O

tempo de morte é prolongado, sendo assim, considerada in-humana.

54
17 . ANFÍBIOS

17 . 1 AGENTES INALATÓRIOS E DIÓXIDO DE CARBONO

Agentes inalatórios não são recomendados para uso em anfíbios terrestres, devido à

sua habilidade de prender a respiração. Métodos padrões de administração de anestésicos

inalatórios podem aumentar a quantidade de oxigênio inspirada a um ponto em que os níveis

de gases anestésicos absorvidos são insuficientes para induzir anestesia ou morte. Exposição

a dióxido de carbono pode resultar em inconsciência em anfíbios terrestres, mas o tempo de

exposição requerido para a eutanásia é prolongado. Dióxido de carbono pode irritar tecidos

de anfíbios aquáticos e terrestres, a indução é prolongada, e não é considerado um modo

aceitável de eutanásia para anfíbios sob condições controladas.

17 . 2 AGENTES INJETÁVEIS

Injeção de barbitúricos é considerado um método eficaz e humano de eutanásia para

anfíbios. Babitúricos podem ser administrados via intra-cardíaca ou via intravenosa, causan-

do morte rápida. Injeção de pentobarbital (100mg/Kg) dentro da cavidade celomática pode

causar a morte dentro de 30 minutos. Barbitúricos podem irritar tecidos, causar desconforto

ao animal, e afetar negativamente resultados de exames post-mortem devido a alcalinidade

de compostos disponíveis comercialmente para administração parenteral. Portanto, se há

prática, a administração intravenosa é a recomendada.

55
Administração de pentobarbital dentro do espaço linfático subcutâneo pode demorar

até 30 minutos para causar a morte. A taxa de distribuição por essa via pode ser afetada pela

função do coração, e pode não ser aconselhável no caso de falha ou mal funcionamento des-

ses órgãos ou onde apresente acumulação de fluidos subcutâneos. Barbitúricos não devem

ser usados onde carcaças podem ser consumidas por outros animais ou humanos subseqüen-

cialmente.

Tricaino-metano-sulfonato (MS-222) amortecido pode ser administrado pela via intra-

celomática (>200mg/Kg) ou por imersão. Soluções tricainas são ácidas e devem ser neutrali-

zadas com bicarbonato de sódio para prevenir irritação cutânea. Administração intra-

celomática de MSS-222 alegadamente não afeta nos resultados de histopatologia post-

mortem. Seguida por parada respiratória, a remoção do coração é recomendada para confir-

mar a morte quando é feito o uso de MS-222. Esse método pode ser prático em condições de

campo, assim como em cativeiro, se as oportunidades de toxicidade secundária devido car-

caças contaminadas forem eliminadas.

17 . 3 MÉTODOS TÓPICOS

Imersão prolongada em MS-222 amortecida é um método recomendado de realizar

eutanásia em anfíbios. Imersão em banhos de água de benzocaína produz anestesia rápida

seguida por morte em girinos e tritões. Hidrocloreto de benzocaína (>250mg/L) é solúvel em

água, enquanto benzocaína deve ser dissolvida em acetona ou etanol (100mg/L). Benzocaína

é cara, pode não ser fácil de encontrar, e não é usada comumente. Imersão em etanol tem

56
sido documentada como um tipo de eutanásia para anfíbios. Aplicação ventral de gel com

20% de benzocaína (Oragel, Del Pharmaceuticals, Uniondale, New York) é um meio aceitá-

vel de eutanásia. Como etanol não é considerado um anestésico aprovado e pode ser irritante

para tecidos, anfíbios devem ser submetidos a eutanásia por meios alternativos a menos que

o animal esteja anestesiado. O descarte apropriado de soluções utilizadas para a eutanásia de

anfíbios é necessário para eliminar o potencial de toxidade secundária para outros animais.

17 . 4 MÉTODOS FÍSICOS

Métodos físicos incluindo um golpe forte na cabeça, arremesso, eletrocussão, hiper-

termia, hipotermia, sangria e decapitação, não são recomendados em animais conscientes e

só devem ser usados após agentes anestésicos apropriados. Atordoamento feito por pessoal

bem treinado e com habilidades, é seguido por decapitação ou arremesso, tem sido conside-

rado aceitável com exceções, e é um método prático quando outras opções estão indisponí-

veis.

Esfriamento

Congelamento lento de anfíbios pode resultar em formações cristalizadas dentro de

tecidos que podem ser dolorosos e é também conhecido por diminuir a dor inicial desses

animais. Conseqüentemente, hipotermia não é um meio aceitável de realizar eutanásia em

anfíbios. Congelar pequenos (<40g) espécimes conscientes de maneira bem rápida, como

completa imersão em nitrogênio líquido, tem sido sugerido como método aceitável de reali-

57
zar eutanásia em anfíbios. Como esse método deve resultar em morte instantânea ou quase

instantânea, maior consideração deste método é garantida sob algumas circunstâncias.

18 . RÉPTEIS

18 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS

Agentes Inalatórios e Dióxido de Carbono

O uso de anestésicos voláteis, dióxido de carbono ou óxido de nitrogênio não são re-

comendados para a eutanásia de répteis, pois essa classe de animais possui taxas respirató-

rias relativamente baixas. A presença de substâncias diferentes no gás inspirado pode levar o

animal a prender a respiração ou redução voluntária da taxa respiratória , e pode reduzir a

um ponto em que a inspiração do gás anestésico não seja adequada para induzir estado anes-

tésico, fazendo com que este método de eutanásia seja ainda mais difícil de se completar. O

uso de substância inalatória não é recomendado particularmente como método de eutanásia

para quelônios devido à habilidade deste grupo de prender a respiração e resistência genérica

aos efeitos da hipóxia.

Agentes Injetáveis

Pentobarbitúrico sódico (60-100mg/Kg) é considerado um método efetivo e humani-

zado de eutanásia para répteis. Seu uso tem sido registrado para tartaruga gopher (Gopherus

polyphemus), jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), cobra do milho (Elaphe guttata)

58
e Lampropeltís zonata multifasciata. O método de administração e a espécie afetarão o tem-

po e, provavelmente, a dose requerida para alcançar a eutanásia. Administrações intravenosa

e intra-cardíaca fornecerão distribuição mais rápida, mas o local da injeção intravenosa pode

causar efeito na rapidez da distribuição. Injeções no aspecto caudal do corpo não distribuirão

tão rápido quanto à injeção feita usando as veias de aspecto cranial do corpo, a via intra-

cardíaca ou seno occipital venoso. Rapidez de distribuição também pode ser afetada pelo

estado físico do paciente e a distribuição será atrasada no paciente moribundo. Destruição do

sistema nervoso central ou remoção do coração podem ser necessárias para prevenir possível

recuperação do metabolismo quando barbitúricos são usados como método primário para

eutanásia. Administrações intra-colêmica e intra-muscular de pentobarbitúrico tem sido ava-

liadas. Estes métodos devem ser considerados apenas se o acesso vascular for imprático,

pois a alcalinidade de barbitúricos injetáveis podem irritar tecidos e causar desconforto. Em

adição, essas vias de administração atrasarão o período de tempo até que a eutanásia seja

alcançada. A absorção de pentobarbitúrico pelo método intra-colêmico pode ser desacelera-

do no paciente moribundo, por efeito do processo de circulação da doença ou por processo

de doença como colemite. Resultados de exames post-mortem podem ser afetados por admi-

nistração intracolêmica ou intra-cardíaca em função da cristalização da solução utilizada

para a eutanásia no corpo por precipitação no ou dentro de tecidos.

Barbitúricos não devem ser usados onde carcaças possam ser consumidas subseqüen-

cialmente por humanos ou animais, e são substâncias controladas que não estão universal-

mente disponíveis. Esses dois fatores podem limitar o uso de barbitúricos para realizar euta-

násia em répteis em condições de campo.


59
Procedimentos de Eutanásia com dois Estágios

Sedativo, tranqüilizante, anestesia ou o uso de bloqueador neuromuscular têm sido re-

comendados antes do uso de métodos injetável ou físico para eutanásia. A administração

desses agentes é particularmente apropriada onde a redução do estresse do animal é necessá-

ria para certificar a segurança do pessoal (por exemplo quando trabalhando com animais

perigosos ou venenosos). Propofol tem sido recomendado para a indução da anestesia antes

da eutanásia. Sob muitas circunstâncias a anestesia é recomendada antes da administração da

maioria dos métodos físicos de eutanásia. Resíduos de tecidos que poderiam servir como

fonte secundária de toxicidade e a disponibilidades limitada destas drogas para algum pesso-

al servem como restrições que devem ser levadas em consideração quando empregando es-

sas técnicas em condições de campo.

O uso de bloqueador neuromuscular como succinila, colina ou galamina não é consi-

derado aceitável como método único de eutanásia; porém, tais agentes podem ser usados

como compostos seguros para restrição de algumas espécies, como crocodilos, para proce-

dimentos médicos de rotina. Onde a segurança humana ou outros fatores ditam o uso de blo-

queador neuromuscular para a restrição de répteis, o estresse psicológico deve ser minimiza-

do o máximo possível, e o método de eutanásia deve ser administrado imediatamente após o

controle do animal e antes da parada respiratória. Bloqueador neuromuscular apresenta um

risco de saúde ao pessoal, deve ser utilizado apenas se ocorrer risco de acidente e só deve ser

usado com procedimentos de segurança apropriados, assim como equipamento e pessoal

treinado para emergência deve estar disponível.

60
O uso de uma dose alta de agente cardioplégico como a lignocaína – ou lidocaína –

hidroclorídica, e sais K+, ou Mg+ têm sido recomendados seguindo o uso de barbitúricos em

quelônios. Pode ser necessário para prevenir a recuperação do metabolismo do agente, pois a

apnéia sozinha não é suficiente para causar morte. Utilização desta combinação tem sido

registrada em Tartarugas de Kemp (Lepidochelys kempii).

18 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA

Métodos físicos para realizar eutanásia em répteis, como atordoamento elétrico, des-

truição do sistema nervoso central, pancada na cabeça, deslocamento cervical e armas de

fogo, e devem geralmente ser usados como parte de eutanásia de dois estágios e são melho-

res reservados para situações emergenciais, ou o uso em animais que serão utilizados para

consumo humano posterior. Tiro é aceitável em algumas situações de aplicação em campo.

Métodos físicos também requerem equipamento que seja totalmente operacional e pessoal

treinado e habilitado para realizar o procedimento garantindo segurança e bem-estar do ani-

mal.

Decapitação tem sido condenada inaceitável como método único de eutanásia para

quelônios e só é aceitável quando os répteis são rendidos inconscientes por outros métodos

seguidos pela destruição do cérebro. O cérebro de um quelônio parece permanecer viável

por até uma hora após a decapitação. Similarmente, o cérebro de crocodilos podem funcio-

nar com níveis de oxigênio baixos e foi provado que se mantém funcional após sangrias por

61
mais de uma hora. Como conseqüência, armas de fogo ou penetração de armas pontudas

podem ser mais efetivas para realizar eutanásia em crocodilos.

Métodos físicos de eutanásia podem ter efeitos remanescentes em animais usados para

consumo humano. Quando usado de forma imprópria ou em alguns casos quando usado de

forma correta, estes métodos podem levar a estresse, resultando em contagem bactericida

alta na carne, mesmo com altos padrões de higiene pós-abate. Se munição guiada for utiliza-

da, medidas devem ser tomadas para assegurar que toxidade secundária causada por consu-

mo de fragmentos seja prevenida.

Atordoamento de grande de lagartos com seguido por decapitação e destruição do cé-

rebro, assim como tiro de arma de fogo ou uso de pistola pneumática de abate para crocodi-

los, é considerado método aceitável, com exceções. Essas exceções são baseadas na segu-

rança do operador e das preocupações de bem-estar do animal. Referências anatômicas de

alvos devem ser consultadas quando esses métodos forem usados em répteis. Estes métodos

devem oferecer os melhores meios de realizar eutanásia em répteis sob condições de campo,

porém é necessário mais trabalho nessa área.

Resfriamento e Congelamento

O resfriamento de répteis irá desacelerar o metabolismo e pode ajudar no manuseio

dos espécimes, mas não tem mostrado nenhuma redução de dor. Congelamento é considera-

do doloroso devido à formação de cristais de gelos na pele e nos tecidos. Existem também

evidências de que o congelamento pode induzir dano ocular e cerebral dolorosos. Conse-

62
qüentemente, hipotermia não é considerada um meio aceitável de realizar eutanásia em rép-

teis.

19 . AVES

19 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA

Muitos protocolos podem ser usados, mesmo quando o proprietário de uma ave doen-

te quiser acompanhar o procedimento. O butorfanol injetável é recomendado para reduzir

dor e angústia, tanto em situações clínicos quanto de pesquisa.

Agentes inalatórios podem ser usados como pré-medicações para. Anestesia inalatória

permite imobilização e um plano suave de anestesi, pois o uso de barbitúricos como agente

único para eutanásia pode resultar em bater de asas, outros movimentos desfavoráveis ou

vocalizações. Anestésicos inalatórios aceitáveis incluem isoflurano e sevoflurano.

Barbitúricos

Uma gama de barbitúricos está disponível para realizar eutanásia. Doses de barbitúri-

cos variam para espécies, idade, e estado de saúde da ave. Barbitúricos podem precipitar

tecidos e a administração de barbitúricos em doses significantemente mais altas do que ne-

cessário para causar morte podem causar efeitos adversos em patologia post-mortem.

A super-dose de barbitúrico pode ser administrada por via intravenosa, intra-óssea ou

intra-cardíaca, e também por injeção no fígado ou músculo. Barbitúricos comumente utiliza-

dos para administração parenteral estão disponíveis como sais de sódio que são alcalinos e

63
podem irritar tecidos, sendo assim, causando dor. Administração de barbitúricos via intrave-

nosa é preferível, quando possível. A injeção intracardíaca de barbitúrico é difícil se o clíni-

co não for experiente na prática, e pode ser ofensiva a um dono que assista o procedimento,

sendo que as aves devem ser profundamente anestesiadas antes da injeção intracardíaca ou

intraóssea. Administração intra-celomática não é recomendada, pois a absorção do barbitúri-

co por essa rota é atrasado devido a presença de sacos de aéreos.

Contenção delicada e manuseio cuidadoso devem ser utilizados durante a eutanásia. A

escolha irá variar dependendo da ave (exemplo, canário ou avestruz), mas a contenção deve

ser realizada por uma pessoa informada para evitar angústia ou ferimentos tanto à ave quan-

to ao pessoal. A ave deve ser monitorizada durante a eutanásia para controlar o processo e

certificar sua administração correta. É também essencial que a morte seja verificada depois

da eutanásia para evitar descarte inadvertido de uma ave vivo que esteja em narcose profun-

da.

19 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA

Deslocamento Cervical

Para pequenas aves não-domesticadas (<100g), deslocamento cervical pode ser usado

como um método de eutanásia. Pessoal deve ser treinado e eficiente com a técnica.

64
20 . MARSUPIAIS

20 . 1 DIPROTODONTIA

20.1.1 COALAS

Coalas de espécies selvagens requerem manuseio e cuidado restritos, pois eles têm

garras muito afiadas e mordida traiçoeira que pode facilmente atravessar a palma de uma

mão humana. Coalas podem ser incentivados a descer de uma árvore balançando uma ban-

deira com uma longa vara bem acima da cabeça deles. Se estiver em uma altura alcançável,

as patas de trás ficam cravadas na vara. O coala é removido da árvore e baixado até o chão,

onde as pernas são desgarradas da vara. O Coala agora é amarrado pelos pulsos e tornoze-

los, tomando o cuidado de manter a mão de quem estiver realizando o procedimento fora do

alcance da boca do animal. A maioria dos coalas de cativeiro fica tranquilamente nesta po-

sição sem relutar, e o acesso intravenoso é viável pela veia cefálica. Coalas selvagens po-

dem requerer uma forma alternativa de contenção, devido a sua natureza hostil. Agarrar o

coala pela nuca com uma mão e dorsalmente próximo à pélvis com a outra, permite a re-

moção do mesmo de uma árvore sem riscos de lesão causada nem pelas garras e nem pelos

dentes. O animal pode ser então colocado em um saco de estopa onde a administração in-

tramuscular (IM) de um sedativo pode ser realizada. Em coalas de cativeiro, diazepam

(0.25 mg/Kg intra venoso ou 0.5 mg/Kg IM) pode ser usado para reduzir estresse e relutân-

cia. Outra alternativa é tiletamina + zolazepam (5-10mg/Kg) ou xilazina (5mg/Kg) combi-

nada com cetamina (10-15mg/Kg) IM. Pode ser usado tanto em coalas cativos quanto nos

65
selvagens. Para a eutanásia, podem ser usadas as veias cefálica, safena lateral ou jugular

para super-dose de barbitúrico.

20.1.2 POSSUMS

Eutanásia para animais pequenos como Cercartetur lepidus e Tarsipes rostratus, en-

tre outros, pode ser realizada de maneira similar à de ratos e camundongos domésticos. Ina-

lação de CO2 ou injeção intra-peritoneal de barbitúricos podem ser usados, contanto que

administração de agente analgésico antes da aplicação de barbitúrico seja recomendada para

evitar dor associada à irritação do peritônio pela alta alcalinidade do barbitúrico concentra-

do.

Animais de tamanho médio como Petaurus breviceps (95-160 g) e Petaurus norfol-

censis (190-300gr) podem morder e o deve-se tomar cuidado restringindo o animal pren-

dendo sua cabeça entre o polegar e o anular, com o indicador no topo da cabeça. O corpo

do animal deve estar então espalmado. Sedação é mais facilmente alcançada usando aneste-

sia inalatória e uma máscara fácil de tamanho médio como câmara de indução. cetamina

(20mg/Kg) ou tiletamina + zolazepam (10mg/Kg) IM têm sido usados para induzir aneste-

sia antes de aplicação intravenosa ou intra-peritoneal de barbitúrico nessas espécies. Essa

técnica é recomendada para evitar dor associada a irritação do peritônio causada pela alta

alcalinidade do barbitúrico concentrado.

Animais maiores como Pseudocheirus peregrinus (900 g); Trichosurus vulpeca (3

Kg) e outros, podem ser muito agressivos, principalmente os selvagens. Eles são melhor

capturados com o saco de estopa e uso de luvas grossas. Administração de tiletamina + zo-

66
lazepam (10mg/Kg) ou xilazina (5-6mg/Kg) em conjunto com cetamina (15-30mg/Kg) IM

por meio do saco de estopa, fornecerá boa sedação. Também tem sido recomendada a ad-

ministração de cianeto de potássio via oral por meio de iscas de pasta de glicose e canela ou

em comprimido, porém medidas devem ser tomadas para evitar a ingestão acidental por

humanos ou outros animais.

21 . ROEDORES, LAGOMORFOS E OUTROS PEQUENOS


MAMÍFEROS

Este capítulo considera espécies nas seguintes ordens: Roedores, ratos e camundon-

gos; Lagomorfos, coelhos e lebres; e outros mamíferos de tamanho corporal similar. Quando

um animal está inconsciente quaisquer dos métodos seguintes são humanizados:

• Administração de soluções parenterais para eutanásia (barbitúricos);

o Administração intravenosa é preferida;

o Intra-peritoneal, intra-cardíaca ou intra-cranial são aceitas;

• Super-dose de anestésico inalatório;

• Injeção intravenosa ou intra-cardíaca de solução de potássio clorídrico saturado;

• Administração de CO2;

• Sangria;

• Métodos físicos como deslocamento cervical, decapitação, perfuração do cérebro

ou eletrocução (coelho, raposa, marta);

• Atordoamento ou concussão seguidos por sangria, transtorno cerebral físico ou ha-

67
bilidade respiratória física.

21 . 1 AGENTES ADMINISTRADOS POR VIA PARENTERAL

Administração intra-vascular de sucesso de agentes para eutanásia como barbitúricos,

pode ser difícil de alcançar para animais conscientes, e a restrição física requerida pode ser

estressante. Administração extravascular dos agentes têm limitações similares às menciona-

das anteriormente neste documento; porém existe uma necessidade maior de discussão para

administrações intravasculares alternativas de eutanásia em mamíferos pequenos. Em uma

experiência, a administração de solução diluída com base em barbitúrico 1:1 sem água para

mamíferos pequenos <500g, usando uma 25-gauge ou agulha menor inserida por meio do

plexo solar diretamente dentro do fígado, causando inconsciência dentre 15 segundos e 3

minutos. Uma única inserção da agulha usando este método resulta em angústia, relutância

ou vocalização menos aparentes do que injeções de anestésicos intra-musculares.

SUGESTÕES PARA A INDUÇÃO DE INCONSCIÊNCIA EM MAMÍFEROS PEQUENOS


COM ESTRESSE MÍNIMO
Devido seu pequeno tamanho, muitos pequenos mamíferos podem ser atraídos ou

manualmente capturados e colocados em pequenos recipientes onde um anestésico volátil

como halotano ou isoflurano possa ser usado para induzir anestesia. Este procedimento re-

duz o estresse pois a restrição do animal é eliminada ou minimizada. Se o animal estiver

preso em um recipiente sem pressões como armadilha ou amarras, oxigênio pode ser forne-

cido por meio de uma máquina anestésica e o recipiente colocado dentro de um saco plástico

para manter o ar preso. Um anestésico gasoso pode então ser introduzido em alta concentra-
68
ção e taxas de fluxo de oxigênio resultando em rápida perda de consciência do animal. Mi-

nimizando o tempo até a morte diminui o tempo de indução. O processo de câmara de indu-

ção produz grandes quantidades de vapor anestésico e é melhor realizado em áreas de exce-

lente ventilação como ao ar livre ou sob capa de fumaça.

Se um pequeno mamífero é capturado em local remoto onde não há acesso à vapori-

zador anestésico e transporte para tal equipamento, resultaria em estresse aumentado para o

animal, o método open drop – colocação do animal em um receptáculo fechado com materi-

al absorvente embebido com anestésico – pode ser utilizado para administrar o vapor anesté-

sico. Em ordem de reduzir a exposição do operador ao vapor anestésico, esta técnica deve

ser realizada ao ar livre, sob teto, ou em áreas com excelente ventilação. Com o método open

drop, um recipiente transparente – para permitir observação do animal –, sólido com apro-

ximadamente 2-4 vezes o volume do animal é necessário. O volume deve ser grande o sufi-

ciente para providenciar concentrações adequadas de oxigênio para que o animal não sofra

hipóxia antes da perda de consciência, é melhor que o volume extra seja vertical do que ho-

rizontal, para diminuir a exposição do operador ao vapor anestésico e para assegurar que o

animal recobre consciência antes de consumir uma porção significante de oxigênio no reci-

piente, o máximo de massa corporal recomendada para esta técnica é de 1,0 Kg.

Para mamíferos pequenos que possam ser manuseados ou restringidos brevemente

sem angústia prolongada ou indevida, injeção anestésica apropriada para a espécie pode ser

administrada por via parenteral e o animal solto em um recipiente de segurança até que fique

inconsciente.

69
22 . PARA PEQUENOS MAMÍFEROS

QUE SERÃO USADOS COMO ALIMENTO - Se um mamífero pequena for con-

sumido, a anestesia pré-eutanásia não é possível sem adulterar o alimento. Existem duas

categorias básicas para eutanásia que são usadas para animais que serão mortos para fins

alimentícios: CO2 e método físico.

A maioria dos animais de zoológico e selvagens ficam extremamente angustiados

com contato humano, assim apenas procedimentos que causem mínima perda de consciência

são aceitáveis.

CO2 e Eutanásia

Eutanásia por uso de CO2 só é aceitável com equipamento apropriado e se o operador

tiver prática em executar este procedimento. Em geral, a administração de CO2 nas mãos de

um operados qualificado é tido como uma opção humanizada. Ainda existe controvérsia

sobre o uso de CO2 como agente único para eutanásia, pois existem evidências sobre roedo-

res pequenos que apresentaram aversão à entrada em ambientes com CO2 elevado, sendo

assim, são mais prováveis de sofrer estresse quando submetidos a eutanásia usando este mé-

todo.

O uso de argônio resulta em menos aversão, porém existe um receio de que animais

possam sofrer estresse, pois a perda de consciência é precedida por hipoxemia e estimulação

ventilatória. Quando for usado CO2 como método de eutanásia, a carcaça é segura para con-

sumo. Quando realizado de forma correta, o método é considerado um meio aceitável e efe-

70
tivo para realizar eutanásia em um grande número de mamíferos pequenos para serem usa-

dos como alimento.

Os detalhes a seguir devem ser considerados quando CO2 for usado para realizar euta-

násia:

• Quando CO2 é administrado para alcançar alta concentração, deve produzir perda

de consciência antes da hipóxia. Apenas CO2 comprimido em cilindros administra-

do em câmara anestésica consistente fornece uma fonte confiável e estável de CO2.

Não é aceito o uso de gelo seco.

• Em alguns animais a concentrações de CO2 próximas a 100% em membranas mu-

cosas podem ser associadas à dor. Para perda rápida de consciência sem hipóxia,

recomenda-se uma concentração de 70% de CO2. Para que o operador possa obser-

var se o animal perde consciência antes de sofrer hipóxia ou estresse deve-se preen-

cher uma câmara.

• Locais cheios causam ansiedade e estresse, e local superlotado é inaceitável. Ani-

mais mergulhadores e animais anêmicos ou que tenham funções cardiopulmonares

comprometidas são comumente resistentes ao CO2, e outras formas de eutanásia

devem ser utilizadas.

• O operador deve confirmar que todos os animais submetidos a eutanásia estejam

mortos. Isso pode ser alcançado documentando paradas respiratória e cardíaca por

vários minutos, criação de toracotomia, sangria, decapitação, evisceração ou extra-

ção do coração, ou congelamento profundo imediato por imersão.

71
• Recuperação indesejada da eutanásia do animal é informada ao Office of Labora-

tory Animal Welfare (OLAW) para laboratórios de pesquisas custeados pelo go-

verno e requerem um relatório com explicação completa das circunstâncias e a-

ções tomadas.

As considerações acima para a realização de eutanásia com CO2 podem ser difíceis de

endereçar adequadamente. Sendo assim, métodos alternativos são preferíveis, se possível.

Eutanásia por Isoflurano

Algumas instituições zoológicas têm usado isoflurano para induzir anestesia profunda

em mamíferos pequenos que serão usados como alimento, seguido pela administração de

cloreto de potássio administrado por via intravenosa ou intra-cardíaca como segunda fase da

eutanásia. Estes animais são congelados subseqüentemente por pelo menos um mês antes do

consumo. Este processo é utilizado para matar parasitas encasulados e assim prevenir trans-

missão para espécies em cativeiro quando consumidos. Este período de tempo também apa-

renta permitir que o isoflurano se dissipe, baseado na ausência de sinais clínicos de toxidade

de animais alimentados com essas carcaças. Mesmo assim, pesquisas sobre a dissipação e

ausência de seus efeitos em longo prazo nos animais alimentados devem ser realizadas.

22 . 1 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA

Métodos físicos são aceitáveis apenas se o operador for habilitado em realização pro-

fissional do método a ser usado, e equipamento empregado deve estar limpo e em excelente

72
estado. Sendo assim, métodos físicos são consideráveis humanizados e swift. O maior bene-

fício deste método é que a carcaça é segura para consumo. Em adição, o método quando

realizado corretamente é uma forma humanizada e de custo efetivo para realizar eutanásia

em grandes números de pequenos mamíferos para serem usados como comida. O método

específico é determinado pela espécie, idade e condição do assunto. O estresse do animal é

minimizado eliminando a platéia, pistas visuais ou olfativas fazem o animal saber que outros

animais foram submetidos a eutanásia naquele local. A melhor forma é manter os animais

em uma área separada e familiar antes da eutanásia. Limpar muito bem a área da eutanásia e

do equipamento entre um animal e outro é essencial para remover odores e sangue que po-

dem ser estressantes.

Métodos físicos para roedores ou pequenos mamíferos <1Kg, incluem o seguinte:

• Deslocamento cervical (<150g) – decapitação;

• Concussão ou atordoamento (<1Kg) seguido um método de eutanásia que confirme

a morte;

• Congelamento rápido em nitrogênio líquido (neonatais sem pêlos <4g);

• Armadilhas mortais. Isso talvez não se encaixe nas definições específicas de euta-

násia ou termos alternativos para morte humanizada, mas pode ser aplicável.

22 . 2 MÉTODOS FÍSICOS PARA COELHOS

Requer operador altamente habilitado:

73
• Deslocamento cervical ou decapitação

• Perfurador da cabeça (equipamento especialmente fabricado para coelhos)

• Atordoamento elétrico (pinças elétricas especialmente desenvolvidas). Deve-se to-

mar cuidado para posicionar a pinça corretamente assegurando o nível da corrente

elétrica e que ela passe diretamente por meio do cérebro. O operador deve ser alta-

mente treinado para que esta técnica seja humanizada e segura para o operador. Este

método deve ser rapidamente seguido de um método secundário de eutanásia en-

quanto o animal ainda está atordoado.

22 . 3 CASOS ESPECIAIS

Existem casos onde mamíferos selvagens podem ficar presos em locais que não seja

acessível para resgate humano. Se estes animais estiverem sofrendo e não houver esperança

para resgate ou fuga, a opção mais humanizada será que um profissional especializado atire

no animal na cabeça ou outro local que resulte em morte rápida. Risco de lesão ao operador

no caso do tiro deve ser considerado (AAZV, 2006).

22 . 4 MÉTODOS INACEITÁVEIS DE EUTANÁSIA

Alguns métodos aceitáveis de eutanásia, para pequenos mamíferos principalmente, os

que são considerados pestes, têm sido debatidos. Entre esses métodos que não encontram

definição em eutanásia, estão: hipotermina/congelamento; compressão torácica; estrangula-

74
mento; afogamento; ou outros meios mecânicos de asfixia; e embolia pulmonar (AAZV,

2006).

23 . PRIMATAS NÃO-HUMANOS

23 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA

O método preferível e mais comum é a sedação com anestésico dissociativo (cetami-

na, 10mg/Kg ou tiletamina + zolazepam , 5-8mg/Kg) aplicada via intra-muscular, seguida de

administração intravenosa ou intra-cardíaca de um barbitúrico (pentobarbital-sódico,

60mg/Kg). Barbitúricos comumente utilizados para administração parenteral estão disponí-

veis como sais sódicos que são alcalinos e podem irritar tecidos perivasculares, resultando

em dor. Sendo assim, administração intravenosa é preferível, quando possível. Se a via intra-

cardíaca for escolhida, o animal deve ser anestesiado profundamente ou estar inconsciente.

Administração intravenosa de barbitúrico em primatas conscientes é aceita se o animal esti-

ver adequadamente contido fisicamente ou treinado para aceitar injeção intravenosa para que

a aplicação perivascular seja evitada.

Administração intra-cardíaca ou intravenosa de KCl pode ser usada se o animal esti-

ver anestesiado profundamente previamente. Para assegurar sedação adequada, a adminis-

tração de um alfa2-agonista (xilazina 0.5-2mg/Kg, medetomidina 30-50 mg/Kg) ou acepro-

mazina (0,1mg/Kg) combinada a cetamina. Em adição aos efeitos cardiotóxicos, a aplicação

de KCl supersaturado causa alteração eletrolítica e contrações musculares dolorosas. Uma

dose apropriada de KCl é 1-2mg/Kg.

75
Com equipamento apropriado, uma super-dose de agentes inalatórios é um método

aceitável. A eutanásia é alcançada mais facilmente com halotano, enflurano, isoflurano e

sevoflurano (em ordem de preferência). Óxido nitroso pode ser usado combinado a agentes

de indução rápida, porém não produz efeito anestésico quando usado sozinho. O custo e a

dificuldade para administração de gases inalatórios aumentam com o tamanho do animal.

23 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA

Anestesia profunda anterior à eutanásia é de importância extrema quando empregando

um método físico. Imobilização química por meio do uso de cetamina ou combinação alfa2-

agonista, cetamina ou acepromazina, barbitúrico intra-venoso ou gás anestésico inalatório

são métodos anestésicos aceitáveis para a realização da eutanásia. Com níveis profundos de

sedação, eutanásia humana pode ser alcançada com o uso de pneumotórax ou sangria bilate-

ral.

24 . CARNÍVOROS

24 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA

Métodos químicos ou farmacológicos são os meios preferidos e humanizados para re-

alizar eutanásia na maioria dos carnívoros sob quase todas as circunstâncias. Individuais

menores podem ser presos em redes ou armadilhas e transferidos para uma câmara onde

uma super-dose de anestésicos inalatórios como halotano e isuflorano ou gases de eutanásia

engarrafados como CO2 (dióxido de carbono) ou CO (monóxido de carbono). A maioria dos


76
métodos inalatórios de eutanásia são perigosos para os humanos, sendo necessário um bom

entendimento da farmacologia dos agentes e do sistema empregado para o uso de tais com-

postos.

Animais que não podem ser presos em jaulas com um estresse mínimo, sem risco para

o animal ou pessoas envolvidas com a captura, devem ser tranqüilizados por meio de dardos

ou captura anestésica, contenção e eutanásia eventual. Existem formalidades que citam re-

gimes de imobilização física para uma grande variedade de espécies. Quando o uso dessas

formalidades for realizado, é necessária a referência de embasamento da dose recomendada

para a droga que for utilizada, pois doses eficazes podem variar entre diferentes situações de

imobilização (por exemplo, em cativeiro contra vida livre, diferenças de temperatura ou tipo

de terreno). Uma super-dose de anestésico injetável pode resultar em eutanásia humanizada,

mas resulta também um processo desnecessariamente longo e caro. O método mais comum é

um processo de dois estágios para sedar o animal com dardo intra-muscular seguido de solu-

ção para eutanásia apropriada e aprovada, normalmente usada em domésticos. As dosagens

recomendadas no rótulo devem ser seguidas pela quantidade mínima por peso, e a hora da

morte determinada por auscultação ou monitorização dos sinais vitais deve ser confirmada e

registrada. Operadores devem também evitar a super-dose do primeiro composto sedativo

em um procedimento de dois estágios. Em adição ao estresse psicológico do animal, uma

super-dose pode causar a administração do agente eutanástico extremamente difícil por co-

lapso das veias com um tranqüilizante alfa2-agonista. Algumas vezes, o estado debilitado do

animal, assim como os efeitos de drogas tranqüilizantes necessárias para a captura do ani-

mal, tornam difícil ou impossível a aplicação intravenosa de outras drogas. Enquanto houver
77
anestesia, sedação profunda ou inconsciência, a eutanásia pode ser alcançada por injeção

intra-cardíaca, intra-peritoneal ou intra-hepática em doses apropriadas; ou meios físicos de

eutanásia podem ser usados para completar o processo. Angústia e desconforto ao animal

põem dificultar o controle com métodos aprovados sob condições de campo. Sendo assim,

drogas que normalmente não seriam aprovadas para uso como succilcolina intramuscular,

podem ser consideradas para uso onde o bem estar do animal pode ser melhorado. Experts

em veterinária e drogas agendadas podem não estar prontamente disponíveis ao pessoal li-

dando com a eutanásia em locais remotos de vida livre. É essencial que o pessoal esteja trei-

nado e conheça a diferença entre tranqüilizante e anestésico, para ter conhecimento das dro-

gas que induzem cada estado e para reconhecer os diferentes níveis de profundidade relacio-

nados à anestesia. Este fator é crítico se agentes químicos ou físicos secundários adjuntivos

forem empregados, e que não sejam considerados um método primário aceitável de eutaná-

sia.

24 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA

Métodos físicos ou mecânicos de eutanásia são normalmente usados em processos de

dois estágios após agentes químicos que tenham sido administrados para captura e retenção,

como arma de perfuração do crânio e tiro, deslocamento cervical, decapitação e eletrocução

de animais anestesiados; todos aprovados para animais domésticos e aceitáveis quando feitos

em individuais de tamanho apropriado e corretamente contidos, para fins de pesquisa. Des-

locamento cervical não deve ser feito em animais de peso >200g – 1Kg, dependendo da es-

78
pécie. Estes métodos e outros, incluindo sangria, são considerados métodos adjuntos quando

feitos seguindo anestesia química. Armadilhas mortais de tamanho apropriado são métodos

eficazes de captura e morte de carnívoros de vida livre, mas não estão incluídos na definição

literal de eutanásia, pois não há controle direto do animal no processo de morte. Métodos

físicos, ou uma combinação de químico e físico, são usados para realizar eutanásia em ani-

mais presos em armadilhas que prendem o pé. Tamanho inapropriado ou equipamento mal

localizado podem levar a uma morte estressante e prolongada; sendo assim, armadilhas não-

letais seguidas de outros métodos de eutanásia podem ser preferíveis. Algumas situações

apresentam o uso de armadilhas não-letais mais estressantes para o animal e menos seguras

para o operador, fazendo com que o método apropriado possa variar. Armadilhas devem ser

armadas por operador com conhecimento da biologia do alvo e do comportamento, e a loca-

lização da armadilha deve ser feita de forma estratégica para minimizar o impacto em outras

espécies e conseguir a maior quantidade de informação científica em benefício do ser huma-

no e de outros animais em risco.

Tiro é um método requerido em algumas vezes sob condição de campo, ou situação

em que um carnívoro perigoso tenha escapado de cativeiro. Se possível, este carnívoro deve

ser sedado por meio de dardo e ser posteriormente submetido a eutanásia por meio de méto-

do químico ou físico adicional. Quando o tempo é um fator importante, o tiro pode ser a

única opção prática. Tais esforços devem ser feitos por pessoal habilitado, treinado e experi-

ente, e com a coragem de se colocar à frente do animal com a arma de tamanho e munição

apropriadas para aquela espécie, com rapidez e eficiência. Para tiros de curta distância, como

ursos e leões atacando, uma arma de repetição calibre 12 com uma carga magnum de cartu-
79
cho ou carga .00 é preferível. Um rifle de grande calibre também é aceitável, mas é usado

com mais freqüência em situações de campo para tiros de longa distância e podem ser bas-

tante precisos se realizado pela pessoa certa. Pistola de calibre grande pode ser útil, porém

para precisão e tiro que impeça ataque, rifles ou armas de mão são preferíveis; arma de barril

pequeno pode ser mais facilmente manuseada em uma situação onde o animal possa atacar.

Regulamentações locais de posse e uso de armas de fogo devem ser aderidas a todos os pro-

tocolos, e devem também tentar maximizar o bem estar do animal. Dito isto, a segurança

humana deve ser sempre uma prioridade. Bom planejamento e treinamento com profissio-

nais e a cooperação de agências local, estadual e federal devem ajudar a eliminar problemas

sérios antecipando-os e tendo protocolos apropriados de fácil acesso. Protocolos aprovados

para espécies domésticas podem ser usados para desenvolver protocolos que sejam apropri-

ados para ambas as situações – tanto animais em cativeiro quando os de vida livre.

24 . 3 OUTRAS CONSIDERAÇÕES

Um conhecimento atual da biologia, anatomia, fisiologia e comportamento social do

carnívoro a ser submetido a eutanásia é obrigatório. Carnívoros sociais, particularmente os

canídeos (lobos) e alguns viverrídeos (suricatas) mantêm relacionamentos sociais altamente

desenvolvidos entre membros de uma unidade, tanto os de cativeiro quando os de vida livre.

A estrutura social do grupo pode ser afetada pela remoção de um indivíduo e isso deve ser

relevado em decisões para eutanásia relacionada ao membro de um grupo. A eutanásia de

80
carnívoros lactantes de vida livre deve ser conduzida apenas após consideração da sobrevi-

vência do filhote.

Carnívoros em cativeiro, especialmente grandes felinos, podem ser carismáticos ao

público e seus tratadores. Todos os esforços devem ser feitos para que os planos de eutanásia

sejam abertos, comunicativos e inclusivos quando se tratando destes animais

25 . MEGA-VERTEBRADOS

O termo mega-vertebrados é usados para limitar a cobertura ampla de classificação de

animais em massa corporal, e inclui mamíferos herbívoros terrestres que tipicamente atin-

gem massa corporal acima de um megagrama (1.000Kg). Este critério de marcação geral-

mente inclui elefantes (Elephas maximus, Loxodonta africana, Loxodonta cyclotis), rinoce-

rontes (Ceratotherium simum, Diceros bicornix, Rhinoceros unicornis, Dicerorhinus suma-

trensis, Rhinoceros sondiacus) e hipopótamos (Hippopotamus amphibius). Apesar da girafa

(Giraffa camelopardis) não se classificar de tal forma por pouco, a eutanásia neste animal

não difere muito dos outros ungulados.

Técnicas eficientes para a realização da eutanásia que resultam em perda de consciên-

cia rápida, paradas respiratória e cardíaca e perda de função cerebral subseqüente podem ser

difíceis de alcançar neste grupo de mamíferos por fatores como o tamanho excessivo, natu-

reza intratável e características anatômicas únicas. A combinação de técnicas selecionadas

será determinada pela espécie, exposição pública potencial e riscos à segurança humana, o

método de contenção escolhido anterior à eutanásia, a habilidade do operador dentre outras

81
considerações. Métodos aceitáveis incluem físicos, químicos e adjuntivos ou uma combina-

ção entre esses três.

25 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA

Barbitúricos

Barbitúricos podem ser administrados via intravenosa por meio de cateter. Em algu-

mas espécies, principalmente os hipopótamos, veias superficiais podem ser de difícil acesso.

Em adição, como resultado de volumes extremamente grandes onde seja necessário realizar

eutanásia em um mega-vertebrado com sucesso, é importante que o animal esteja anestesia-

do ou imobilizado anteriormente com injeção. Agonistas opióides freqüentemente usados

utilizados em conjunto com um alfa2-agonista ou outro tranqüilizante e administrado por

meio de dardo ou seringa com longo cabo facilitam contenção induzindo, geralmente, rápida

imobilização do animal. Alguns operadores advogam o uso de super-doses enormes com

opióides potentes para assegurar a sedação profunda antes da realização da eutanásia. Deve

ser mencionado que vários profissionais têm tentado esta técnica, porém apenas alguns obti-

veram o sucesso desejado. Doses recomendadas em livros são geralmente adequadas para

imobilizar o animal antes da eutanásia, por isso a super-dose não é necessária. Este procedi-

mento requer que exista um estoque do volume suficiente de drogas.

82
KCl (Cloreto de Potássio)

KCl pode ter injetado via intravenoso apenas em animais que já estejam sob anestesia

geral. Em um zoológico, recomenda-se o uso de KCl ao invés de barbitúrico por ter efeitos

menos nocivos em necropsias e influenciar menos os eventuais exames post-mortem, além

de terem custo mais baixo e maior facilidade de obtenção. Após administração intravenosa

rápida de 44-66mg KCl/Kg pode acontecer parada cardíaca. É necessário mais pesquisas

para determinar a dosagem específica de algumas espécies. A menos que seja administrado

no animal sob anestesia geral combinada à um barbitúrico o KCl pode causar espasmos

musculares e movimentos violentos do animal.

25 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA

Tiro

Esta é a única forma física apropriada de realizar eutanásia em mega-vertebrados ter-

restres. Para alcançar perda instantânea de consciência por meio de tiro, é essencial que a

arma esteja posicionada de forma que o projétil perfure o cérebro. Para conseguir isso, deve-

se levar em consideração que existem diferenças anatômicas entre as espécies, como formato

do crânio e localização do cérebro no crânio. Assim como, a força que o tiro tem que ter para

que a bala perfure o osso do crânio e ocorra uma perfuração sinuosa. Alvos precisos são

descritos para diferentes espécies. Deve-se saber que em animais que estejam plenamente

conscientes esta técnica só se aplica em caso de risco iminente à vida humana e o animal

83
deve ser morto. Esta técnica requer habilidade e experiência significantes (principalmente a

habilidade de atirar em linha reta).

A vantagem da eutanásia por tiro de arma de fogo é a perda de consciência instantâ-

nea (isso se a maior parte do cérebro for destruída). Este deve ser o único método prático

disponível em situações de emergência. As desvantagens deste método incluem perigo para

o operador e observadores, dificuldade técnica, esteticamente é desagradável e a destruição

do tecido cerebral.

A arma mais apropriada para mega-vertebrados é a bala maciça de 500 g do Winches-

ter .458 magnum ou o calibre .416 Rigby. Armas de calibre menor podem usadas para matar

um animal inconsciente com o tiro no cérebro; porém, em situações de emergência onde o

poder de parada imediata for necessário, os calibres menores não são apropriados para tal

uso.

Sangria

Para assegurar a morte, a Sangria pode ser usada como técnica secundária e só deve

ser feita em animais inconscientes.

25 . 3 MÉTODOS ADJUNTIVOS PARA EUTANÁSIA

Em muitos casos o uso de armas letais não é uma opção viável e pode ser difícil con-

ter um animal perigoso ou relutante para injeção intravenosa. Por causa de seu tamanho,

mega-vertebrados podem causar lesões sérias a pessoas à sua volta antes do efeito do sedati-

84
vo do agente paralisante. Em certos casos onde métodos físicos não podem ser empregados,

um bloqueador neuromuscular como suxametônio (cloreto de succinilcolina) pode ser admi-

nistrado tendo em vista que o animal será submetido à eutanásia assim que o controle for

tomado. Suxametônio tem demonstrado um resultado lento em elefantes, causando apnéia

em 5 minutos e a morte ocorrendo apenas depois de 30 minutos. A administração de uma

segunda técnica que resulte em inconsciência imediata e morte rápida deve ser administrada

assim que possível, para fazer da eutanásia um método o mais humano possível. O veteriná-

rio que fizer a aplicação dessas drogas deve estar consciente do perigo potencial envolvido,

pois não existe antídoto para o suxametônio, e a auto-aplicação incidental resultará em mor-

te.

26 . UNGULADOS

Este capítulo considera todos os membros das ordens Artiodactila e Perissodactila,

exceto por sub-ordens Suiformes (Suidae, Tayassuidae, Hippopotamidae) e a família

Rhinocerotidae. Os Rhinocerotidae e os Hippopotamodae são considerados no capítulo de

megavertebrados, e os Suidae e Tayassuidae são considerados nos capítulo de suínos. As

espécies restantes variam de tamanho entre trágulo malaio (Tragulus javaniculus) de 1Kg

até girafas (Gíraffa camelopardus) de mais de 1000Kg.

Métodos de eutanásia para ungulados não domésticos são, geralmente, baseados nos

mesmo métodos usados nos domesticados, principalmente para animais em cativeiro. Con-

sideração especial é necessária para minimizar medo e estresse visual, auditivo e tátil em

85
ungulados não domésticos, assim como deve=se reconhecer as circunstâncias situacionais.

As vantagens e desvantagens de cada método de eutanásia podem variar baseando-se na

idade e espécie do animal. Deve-se considerar os seguintes fatores: segurança do operador e

outros humanos e animais nas redondezas; bem estar do animal; praticidade; habilidade e

treinamento do realizador do método; estética (fator dependente dos que estão assistindo ao

procedimento); necessidade de diagnóstico (por exemplo, tiro em certas áreas que possam

danificar diagnósticos por destruição de algum tipo de tecido); descarte da carcaça em acor-

do com todos os regulamentos, incluindo federal, estadual e local, principalmente com pre-

venindo o consumo ou risco de contaminação tóxica a humanos e outros animais por meio

de método secundário com drogas residuais. O tamanho de muitas espécies pode apresentar

dificuldade para muitas das considerações mencionadas. Sendo assim, alguns métodos não

discutidos neste documento que resultem em eutanásia de ungulados não domésticos da ma-

neira mais rápida e humanizada possíveis são aceitáveis sob um conjunto de circunstâncias.

Em cenários controlados, uma combinação de dois ou mais métodos são freqüente-

mente preferidos, porém opções podem ser limitadas devido a restrições físicas ou legais.

Meios aceitáveis da realização de eutanásia nestes animais incluem as seguintes categorias:

métodos químicos, métodos físicos e uma combinação das duas categorias anteriores.

26 . 1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA

Precauções apropriadas devem ser usadas para a contenção dos animais não domésti-

cos, assim como as preocupações de segurança para o operador. Para ungulados de vida livre

86
ou cativeiro, ambos não domésticos, sedativos e analgésicos devem ser administrados prima-

riamente para minimizar relutância, dor ou ansiedade. Esse processo é seguido por outro

método, químico ou físico – eutanásia de dois estágios. Os modos mais práticos para a ad-

ministração da primeira dose do agente sedativo ou analgésico é freqüentemente com uma

injeção intra-muscular aplicada manualmente ou dia zarabatana. Administração intravenosa

de agentes químicos é considerada aceitável. Injeção intra-peritoneal pede doses maiores e

tempo de morte prolongado freqüentemente e pode ser inaceitável em algumas circunstân-

cias. Se uma medicação não irritante for administrada, a aplicação intra-peritoneal pode ser

aceitada. A via intra-cardíaca é apropriada apenas se o animal estiver anestesiado ou em

coma. O tamanho da maioria dos artiodátilos e perissodátilos pode tornar o uso de medica-

mentos inalatórios um meio prático de eutanásia, pois o custo desses agentes ou do transpor-

te apropriado dos equipamentos necessários para o local onde será realizado o processo.

Agentes químicos para imobilização ou sedação de animais não domésticos incluem

opióides, alfa2-agonistas, anestésicos dissociativos e outros agentes puros ou em combina-

ções para o primeiro estágio de um procedimento. Barbitúricos de ação rápida, como pento-

barbital sódico (geralmente 60-80mg/Kg), ou pentobarbital sódico em combinação com fen-

toína, são freqüentemente administrados via intravenosa para o segundo estágio do procedi-

mento. O uso de dois ou mais agentes geralmente minimiza convulsões ou atividade exces-

siva do animal durante ou após a eutanásia. Infelizmente, a maioria das drogas usadas para

reter este tipo de animal (como opióides, alfa2-agonistas, cilohexaminas e outros) podem

produzir toxidade para outros humanos ou predadores. O uso desses agentes não é apropria-

87
do quando a carcaça for reaproveitada para consumo humano. A falha ao descartar a carcaça

da forma correta pode resultar em processo legal das partes responsáveis.

KCl (Cloreto de Potássio)

KCl é um agente de eutanásia não controlado e pode ser administrado sem que fiquem

resíduos tóxicos na carcaça, sendo um método prático em circunstâncias onde o consumo da

carcaça por outros animais seja uma preocupação. Este agente só deve ser administrado se o

animal estiver me nível cirurgico de anestesia, sem resposta à estimulação nociva e sem

reflexos. É notável que planos anestésicos a nível sirúrgico requerem doses de drogas

imobilizantes altas que acabam se tornando tóxicas para o caso de consumo da carcaça. KCl

deve ser administrado rapidamente vias intravenosa ou intra-cardíaca para ser efetivo. Uma

dosagem de 1-2ml/Kg de KCl é recomendada para causar parada cardíaca em animais

domésticos. KCl também pode ser usado em combinação com pentobarbitúrico ou fenitoína

para reduzir a quantidade de barbitúrico necessária para a eutanásia de ungulados muito

grandes. Espasmos musculares podem ocorrer durante a administração de KCl.

Cloreto de Succinilcolina

Cloreto de succinilcolina e outros bloqueadores neuromusculares causam paralisia

muscular geral sem perda de consciência. Animais que tomam essas substâncias não têm

perda de sensação, podem passar por estresse psicogênico devido a inabilidade de reagir à

estimulação, e morrer de asfixia por paralisa dos músculos respiratórios. Por isso esses agen-

88
tes usados sozinhos não são normalmente considerados como método aceitável, por isso

métodos alternativos devem ser empregados sempre que possível.

Quando o uso de tais agentes é requerido, o operador deve administrar um método a-

provado de eutanásia o mais rápido possível depois que a paralisia ocorrer e antes que a pa-

ralisia respiratória ocorra para que este método seja aceitável. Se método físico for usado

assim que o animal for imobilizado, o procedimento pode, em alguns casos, ser terminado

de forma mais rápida e com estresse menos aparente do que com a administração das drogas

de imobilização convencionais. Sendo assim, em circunstâncias onde espécies grandes são

eliminadas para controle de vida selvagem, uma super-dose de cloreto de succinilcolina pode

ser administrada se for imediatamente seguida de meio físico para finalizar o processo de

eutanásia, como tiro ou arma de perfuração cerebral. Isso pode ser prático quando existem

preocupações de intoxicação para humanos ou predadores. Os prós e contras de tal método

devem ser considerados como parte do bem estar geral do animal, e devem ser discutidos e

documentados por veterinários e controladores de vida animal. Segurança do pessoal deve

ser sempre a prioridade, e existe a possibilidade de morte acidental por exposição às drogas

imobilizadoras.

26 . 2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA

Métodos físicos para eutanásia ungulados de vida livre podem ser usados quando

qualquer meio químico for impróprio. Tais circunstâncias incluem erradicação de doenças

ou atividades de supervisão, onde a intoxicação de oportunistas seja uma preocupação;

89
quando existirem preocupações com o bem estar do animal como quando animais de vida

livre devem ser aliviados imediatamente de dor e sofrimento por lesão séria. Métodos físicos

de eutanásia são particularmente indicados para uso em campo.

Arma de Penetração Cranial

Este tipo de arma causa morte pela destruição direta do tecido cerebral, e deve ser u-

sado para a eutanásia de ungulados não domésticos apenas se existir contenção apropriada

do animal para assegurar a precisão do golpe e a segurança do operador. É considerada mais

segura que o uso de arma de fogo. Em adição à contenção apropriada, o operador deve ser

propriamente treinado e habilitado, e a munição necessária deve ser usada para o tamanho e

força do animal. É importante que haja energia suficiente da do ar comprimido ou pólvora

para penetrar o crânio do indivíduo sendo eliminado. Isso é especialmente importante para

machos grandes com crânios grossos nas famílias Bovidae e Cervidae. A penetração deve

colocar o projétil firmemente no crânio levemente caudal em um ponto de interseção de duas

linhas imaginárias entre as duas orelhas e os olhos laterais. Mesmo sendo potencialmente

menos efetivo, um local alternativo para a perfuração do crânio em pequenos ruminantes

com chifres, é na linha caudal no osso entre os dois chifres, direcionado para a parte de trás

do queixo. Sangria deve ser seguida deste método. O equipamento deve ter manutenção fre-

qüente e se não for capaz de penetrar o crânio, não é aceitável para a eutanásia de animais

não domésticos por não destruir o tecido cerebral.

90
Tiro

O tiro que é atinge o cérebro de forma anatomicamente precisa pode resultar em mor-

te imediata, e pode ser também um método prático de realizar eutanásia em ungulados não

domésticos de forma humanizada. É particularmente indicado quando houver preocupação

de resíduos tóxicos na carcaça que deve ser deixada em campo, porém toxidade secundária

pelo consumo do projétil também deve ser uma consideração em potencial. Este método de

eutanásia é limitado para pessoal habilitado com treinamento adequado e reconhecimento de

provável ricochete da bala, estados onde o uso de armas de fogo seja legal, e o cumprimento

de todas as leis federais e locais de seu uso. É geralmente apropriado apenas para animais de

vida livre ou eutanásia de emergência em animais de propriedade privada. Os perigos ine-

rentes ao uso de armas de fogo geralmente fazem desta técnica inapropriada para a maioria

dos cenários de cativeiro. Nesse caso, os animais e pessoas em volta podem criar um ambi-

ente seguro e tranqüilo para o uso de outro método de eutanásia, evitando o uso de arma de

fogo. É crucial que referências sejam consultadas para a seleção da munição e tipo de arma

que será usada levando em consideração o tamanho e a distância do animal; também se deve

avaliar a existência de outras circunstâncias e situações específicas para garantir a segurança

do operador e as considerações de bem estar do animal.

O tiro pode ser mirado na cabeça, coração e pulmões, ou coluna cervical de ungulados

não domésticos. Tiros na cabeça com o objetivo de penetração do crânio e destruição do

tecido cerebral sem emergência subseqüente são os métodos preferíveis quando a arma de

fogo for considerada a melhor opção. Onde há contenção adequada do animal e um tiro a

91
curta distância é possível, aplicam-se as instruções usadas para animais domesticados: deve-

se mirar no centro do crânio, entre os dois olhos, assim como no uso de arma de perfuração

de crânio; a arma deve ser colocada entre 10 e 25 cm do ponto de entrada no crânio; o ângu-

lo de entrada deve ser perpendicular para minimizar probabilidade de ricochete e a cabeça

deve ser posicionada para que a bala viaje por meio do cérebro por meio da região cervical

sem reação do corpo. Sob condições de campo, mirar o cérebro de ângulo lateral ao animal

pode ser mais apropriado para a destruição do tecido cerebral e assegurando uma morte mais

rápida.

No controle de algumas doenças ou vigilância de esforços conduzida em campo, pode

ser difícil mirar a cabeça com precisão, e em outras circunstâncias, a destruição do tecido

cerebral impede a coleta de material encefálico para necessária para diagnóstico. Sob tais

circunstâncias, tiro torácico ou cervical precisos são métodos mais justificáveis. Tiro cervical

é aceitável apenas se dano severo à coluna vertebral for feito, deve ser mirado o mais perto

do crânio possível para ter efeito similar ao da decapitação. É realizado a curta distância com

contenção adequada e, se possível, é direcionado do dorsal para o ventral (ao invés de late-

ral). Se for possível, é recomendado apalpar a vértebra para determinar a localização, para

que o tiro seja mais preciso. Como o tiro cervical ou torácico podem não ser métodos de

morte instantânea, deve ser considerado o bem estar do animal, e esse tipo de situação deve

ser devidamente registrada e discutida com outros profissionais da veterinária ou outras par-

tes interessadas.

92
26 . 3 OUTROS MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA

Sangria é aceitável em animais que já estejam inconscientes por método primário,

sendo ele químico ou físico. Laceração bilateral das artérias carótida e jugular é o método

mais comum das sangrias. Eletrocução requer equipamento especializado e operadores habi-

litados, tem perigo inerente e é visualmente desagradável. Sendo assim, havendo disponibi-

lidade de melhor alternativa, a eletrocução não pode ser justificável para realizar eutanásia

em ungulados selvagens (AAZV, 2006).

27 . ELEFANTES

Elefantes são os maiores mamíferos terrestres vivos. O elefante africano pode chegar

a uma altura de 4,0m e peso de 7.000Kg, e o asiático pode chegar a 3,5m de altura e

5.000Kg.

27.1.1 MÉTODOS QUÍMICOS PARA EUTANÁSIA

Etorfina é a droga escolhida para a imobilização de elefantes para a aplicação de anes-

tesia geral assim como o uso de carfentanil ou agentes de efeito sedativo e hipnótico como

xilazina. Em um ambiente controlado, um método efetivo e humano de realizar a eutanásia

envolve a administração de xilazina seguida por 44-60mg/Kg de KCl intravenoso. Outras

alternativas para a realização da eutanásia são o uso de barbitúricos ou tiro. As veias superfi-

ciais utilizadas para aplicação intravenosa são a auricular, cefálica (parte interna da coxa) ou

93
safena. Como existe grande dificuldade para auscultar a pulsação do coração de um elefante,

a monitorização cardíaca e a determinação da morte podem ser realizados por meio de pal-

pação ou ultra-som da artéria. Durante uma fuga ou em outra situação onde o existem risco

para humanos, a contenção do animal pode ser feito por tiro de dardos com opióides (etorfi-

na ou carfetanina).

27.1.2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA

Em zoológicos, santuários e circos, existe um grande risco de que o animal escape,

apresentando riscos a vidas humanas. Nesse tipo de situação arriscada, o animal deve ser

parado imediatamente e o uso de arma de fogo deve ser feito para imobilizar o animal. O

cérebro fica em uma linha desenhada entre os dois meatos auditivos externos e é difícil acer-

tá-lo com precisão em um animal em movimento. A estrutura óssea do crânio é similar a

favos de mel, e em um adulto pode ter até 300-400 mm de espessura na região frontal. A

cavidade cerebral é pequena e situada na parte baixa detrás do crânio. Apenas um tiro frontal

que destrua o cérebro é suficiente para matar um elefante agitado. Para aumentar as chances

de sucesso, o animal deve estar a, no máximo, 25m de distância do atirador e um tiro direto

no cérebro depois que o animal está caído é essencial. A precisão do local pode ser determi-

nada pela reação do animal seguida do tiro: um tiro bem sucedido é caracterizado pela parte

traseira do corpo caindo primeiro, seguido pela cabeça. No caso de a cabeça cair primeiro, o

resto do corpo cai ao mesmo tempo, e isso pode significar que a bala não atingiu o cérebro,

fazendo com que seja necessário um segundo tiro. Um tiro grande que atinja a cabeça de um

94
elefante que não mate atingindo o cérebro, garante 20-30 minutos de paralisação; tempo

suficiente para que o tiro fatal no cérebro seja realizado.

28 . RINOCERONTE

A variação de peso entre espécies diferentes de rinocerontes é grande – o rinoceronte

Sumatra pesa aproximadamente 600Kg e alguns macho maiores de rinoceronte de um chifre

pode ser >3.000Kg. Eles têm membros curtos e fortes para suportar seu peso massivo e são

caracterizados por um par de chifres localizados na região dorsal nasal superior.

28.1.1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA

Etorfina ou carfentanil são drogas de escolha para a imobilização de rinocerontes para

tranqüilizante total pré-eutanásia, apesar de que alguns livros indicam a combinação de ou-

tras drogas. Em um ambiente controlado, um método humanizado e efetivo envolve a admi-

nistração de indução de tranqüilizante por etorfina seguida de uma injeção de 44-60mg/Kg

de KCl intravenoso. Alternativamente, a eutanásia pode ser alcançada com o uso de super-

dose de barbitúrico ou tiro. As veias superficiais utilizadas incluem auricular ou cefálica. Em

um animal em movimento, durante uma fuga ou outro tipo de situação ameaçadora, a imobi-

lização pode ser alcançada por meio de dardo com etorfina.

28.1.2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA

Em algumas situações específicas – onde a segurança de observadores deve ser asse-

gurada – o tiro pode ser a melhor opção para derrubar o animal. O cérebro do rinoceronte é
95
pequeno e, quando o animal é visto frontalmente, é geralmente protegido pelo chifre. Um

animal enraivecido é praticamente impossível de ser morto por tiro no cérebro, e o tiro no

ombro é uma das únicas chances de derrubar o animal. O tiro fatal pode então ser realizado

com mais precisão. Se o animal não apresentar risco imediato à observadores, o uso de um

opióide agonista potente deve ser realizado antes da administração de KCl ou barbitúrico

intravenoso.

Se o animal tem que ser destruído durante o transporte em uma jaula, ele deve levar

um tiro de arma apropriada. A localização do cérebro do rinoceronte pode ser visualizada

fazendo uma linha imaginária de cada orelha ao olho oposto. A interseção dessas linhas é o

local exato do cérebro. Se o tiro não for possível, for indesejável ou perigoso, 1 g de suxa-

metônio pode ser administrado por injeção intra-muscular à mão ou com dardo, antes da

realização da eutanásia.

29 . HIPOPÓTAMO

O hipopótamo comum tem um corpo grande em forma de barril e suportado por

membros relativamente curtos e leves. O animal adulto pode chegar até 1,4m de altura e

variar entre 1.000 e 3.200Kg. Eles são de difícil contenção por conta de seu tamanho e força,

e se for emboscado, pode morder, pisotear ou esmagar o inimigo. A pele grossa e com se-

creções escorregadias e o formato de seu corpo tornam o manuseio ou transporte deste ani-

mal imobilizado extremamente difícil. O crânio tem formato de pêra e as órbitas são altas na

96
parte posterior do crânio. A mandíbula é desproporcionalmente grande e possui dentes cani-

nos grandes e fortes.

29.1.1 MÉTODOS QUÍMICOS DE EUTANÁSIA

Opióides potentes, etorfina e carfentanila são as principais drogas de escolha para a

imobilização de um hipopótamo, para a anestesia pré-eutanásia, além de outras combinações

de drogas citadas em livros relacionados ao assunto. Hipopótamos tendem a entrar na água

quando se sentem ameaçados de alguma forma, por isso a aplicação da anestesia deve ser

feita de tal forma que o afogamento acidental seja evitado. Em um ambiente controlado, um

método humanizado e eficaz de realizar a eutanásia envolve a administração de etorfina

tranqüilizante seguida da aplicação intravenosa de 44-60mg/Kg de KCl. Hipopótamos são

bastante sensíveis aos efeitos de opióides potentes, e complicações fatais relacionadas à su-

per dosagem de etorfina (até 12mg) são freqüentes. Alguns profissionais preferem o uso de

doses bem altas de etorfina (>20mg) para assegurar a rapidez da tranquilização e sedação

profunda do animal permitindo doses reduzidas de KCl na realização da eutanásia.

A eutanásia pode também ser alcançada por meio da super-dose de barbitúricos. Veias

superficiais para acesso incluem a auricular ou cefálica (parte interna da coxa). Ultrassom

pode ser utilizado para a localização dessas veias, porém a cateterização pode ser problemá-

tica devido a artérias de parede naturalmente fina e a probabilidade de colapso dessas veias.

Para o tamanho exagerado do crânio, a cavidade cerebral é surpreendentemente pequena.

97
29.1.2 MÉTODOS FÍSICOS DE EUTANÁSIA

Um tiro de emergência na cabeça deve ser realizado apenas se for feito baixo entre os

olhos direcionado pela cavidade nasal ou base da orelha. Como a auscultação de batimentos

cardíacos de um hipopótamo é freqüentemente impossível, a monitorização pode ser feito

por meio de palpação ou ultra-som das artérias superficiais.

98
30 . CONCLUSÃO

A escolha do método é baseada no acesso aos materiais e o treinamento necessário

para a realização de diferentes técnicas, assim como o custo. Soluções parenterais para a

eutanásia são drogas controladas, por isso devem ser utilizadas apenas sob supervisão se um

veterinário com uma licença DEA atual. Existem custos adicionais associados ao veterinário,

segurança de armazenamento de solução para eutanásia e manutenção dos registros associa-

dos (AAZV, 2006).

A escolha do método de eutanásia deve também levar em consideração a segurança

física e emocional do operador e dos observadores. Enquanto questões de segurança humana

não são a prioridade quando trabalhando com pequenos mamíferos, a anestesia pré-eutanásia

pode ser preferível para diminuir a angústia animal e o estresse emocional para criadores,

operadores e observadores (AAZV, 2006).

99
31 . BIBLIOGRAFIA

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http://www.faunabrasil.com.br/>. Acesso em 24/04/2008.

SIMON, R. A. F.; SILVA, V. C. B. Eutanásia: Novas Diretrizes. In:

CRMV-PR./ Disponível em: <http://www.crmv-pr.org.br>. Acesso em

24/04/2008.

UNIVERSITY OF MINNESOTA. Academic Health Center. Euthanasia

Guidelines - Resfarch Animal Resource./ Disponível em: <

http://www.ahc.umn.edu/rar/euthanasia.html >. Acesso em 24/04/2008.

101
32 . ANEXO I

RESOLUÇÃO Nº 876, DE 15 DE FEVEREIRO DE 2008

Altera dispositivos das Resoluções que especifica e dá outras providências.

O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA - CFMV, no uso da atri-


buição que lhe confere a alínea "f" do art. 16 da Lei nº 5.517/68, Resolve:

Art. 6º Alterar a redação do Anexo 1 da Resolução CFMV nº 714, de 20 de junho de


2002, que passa a vigorar com a redação do Anexo desta Resolução.

102
33 . ANEXO II

RESOLUÇÃO Nº 714, DE 20 DE JUNHO DE 2002

Dispõe sobre procedimentos e métodos de eu-


tanásia em animais, e dá outras providências.

O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA VETERINÁRIA - CFMV, no uso


da atribuição que lhe são conferidas pelo art. 16, alínea “f” da Lei nº 5.517, de 23 de
outubro de 1968 e,
considerando a crescente preocupação da sociedade quanto à eutanásia dos ani-
mais e a necessidade de uniformização de metodologias junto à classe médico-
veterinária;
considerando a diversidade de espécies envolvidas e a multiplicidade de métodos
aplicados;
considerando que a eutanásia é um procedimento amplamente utilizado e neces-
sário, e que sua aplicação pressupõe a observância de parâmetros éticos específicos,

R E S O L V E:
Art. 1º Instituir normas reguladoras de procedimentos relativos à eutanásia em
animais.

CAPÍTULO I

DAS NORMAS GERAIS

Art. 2º A eutanásia deve ser indicada quando o bem-estar do animal estiver ame-
açado, sendo um meio de eliminar a dor, o distresse ou o sofrimento dos animais, os
quais não podem ser aliviados por meio de analgésicos, de sedativos ou de outros trata-
mentos, ou, ainda, quando o animal constituir ameaça à saúde pública ou animal, ou for
objeto de ensino ou pesquisa.
Parágrafo único. É obrigatória a participação do médico veterinário como res-
ponsável pela eutanásia em todas as pesquisas que envolvam animais.
Art. 3º O médico veterinário responsável pela eutanásia deverá:
103
I – possuir prontuário com o(s) métodos(s) e técnica(s) empregados, mantendo
estas informações disponíveis para utilização dos CRMVs;
II – atentar para os riscos inerentes ao método escolhido para a eutanásia;
III – pressupor a necessidade de um rodízio profissional, quando houver rotina de
procedimentos de eutanásia, com a finalidade de evitar o desgaste emocional decorrente
destes procedimentos;
IV – permitir que o proprietário do animal assista à eutanásia, sempre que este
assim o desejar.
Art. 4º Os animais deverão ser submetidos à eutanásia em ambiente tranqüilo e
adequado, longe de outros animais e do alojamento dos mesmos.
Art. 5º A eutanásia deverá ser realizada segundo legislação municipal, estadual e
federal, no que se refere à compra e armazenamento de drogas, saúde ocupacional e a
eliminação de cadáveres e carcaças.
Art. 6º Quando forem utilizadas substâncias químicas que deixem ou possam
deixar resíduos é terminantemente proibida a utilização da carcaça para alimentação.
Art. 7º Os procedimentos de eutanásia, se mal empregados, estão sujeitos à legis-
lação federal de crimes ambientais.

CAPÍTULO II

DOS PROCEDIMENTOS

Art. 8º A escolha do método dependerá da espécie animal envolvida, dos meios


disponíveis para a contenção dos animais, da habilidade técnica do executor, do número
de animais e, no caso de experimentação animal, do protocolo de estudo, devendo ainda
o método ser:
I – compatível com os fins desejados;
II – seguro para quem o executa, causando o mínimo de estresse no operador, no
observador e no animal;
III – realizado com o maior grau de confiabilidade possível, comprovando-se
sempre a morte do animal, com a declaração do óbito pelo médico veterinário.
Art. 9º Em situações onde se fizer necessária a indicação da eutanásia de um nú-
mero significativo de animais, como por exemplo, rebanhos, Centros de Controle de
Zoonoses, seja por questões de saúde pública ou por questões adversas aqui não contem-
pladas, a prática da eutanásia deverá adaptar-se a esta condição, seguindo sempre os
métodos indicados para a espécie em questão.

104
Art. 10. Os procedimentos de eutanásia são de exclusiva responsabilidade do
médico veterinário.
Art. 11. Nas situações em que o objeto da eutanásia for o ovo embrionado, a
morte do embrião deverá ser comprovada antes da manipulação ou eliminação do mes-
mo.

CAPÍTULO III

DOS MÉTODOS RECOMENDADOS

Art. 12. Os agentes e métodos de eutanásia, recomendados e aceitos sob restri-


ção, seguem as recomendações propostas e atualizadas de diversas linhas de trabalho
consultadas, entre elas a Associação Americana de Medicina Veterinária (AVMA), es-
tando adequados à realidade nacional, e encontram-se listados, por espécie, no anexo I
desta Resolução.
§ 1º Métodos recomendados são aqueles que produzem consistentemente uma
morte humanitária, quando usados como métodos únicos de eutanásia.
§ 2º Métodos aceitos sob restrição são aqueles que, por sua natureza técnica ou
por possuírem um maior potencial de erro por parte do executor ou por apresentarem
problemas de segurança, podem não produzir consistentemente uma morte humanitária,
ou ainda por se constituírem em métodos não bem documentados na literatura científica.
Tais métodos devem ser empregados somente diante da total impossibilidade do uso dos
métodos recomendados constantes do anexo I desta Resolução.
Art. 13. Outros métodos de eutanásia não contemplados no ANEXO I poderão
ser permitidos, desde que realizados sob autorização do CRMV ou CFMV.
Art. 14. São considerados métodos inaceitáveis:
I - Embolia Gasosa;
II - Traumatismo Craniano;
III - Incineração in vivo;
IV - Hidrato de Cloral (para pequenos animais);
V - Clorofórmio;
VI - Gás Cianídrico e Cianuretos;
VII - Descompressão;
VIII - Afogamento;
IX - Exsanguinação (sem sedação prévia);
X - Imersão em Formol;
105
XI - Bloqueadores Neuromusculares (uso isolado de nicotina, sulfato de magné-
sio, cloreto de potássio e todos os curarizantes);
XII - Estricnina.
Parágrafo único. A utilização dos métodos deste artigo constitui-se em infração
ética.
Art. 15. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.

Méd.Vet. Benedito Fortes de Méd.Vet. José Euclides Vieira


Arruda Severo
Presidente Secretário-Geral
CRMV/GO nº 0272 CRMV/RS nº 1622

Publicada no DOU de 21-06-2002, Seção 1, pág. 201.

106
1. ANEXO III2

Espécie Recomendados Aceitos sob restrição


Anfíbios Barbitúricos ou outros a- Pistola de ar comprimido,
(de acordo com a espécie) nestésicos gerais injetá- pistola, atordoamento e
veis*, halotano, isofluora- decapitação
no, sulfonato de tricaína
(tms, ms222), hidrocloreto
de benzocaína
Animais selvagens de vida Barbitúricos ou outros a- CO², pistola de ar compri-
livre nestésicos gerais injetá- mido, pistola, armadilhas
(de acordo com a espécie) veis*, halotano, isofluora- (testadas cientificamente)
no, sevofluorano
Animais de zoológicos Barbitúricos ou outros a- CO², pistola de ar compri-
(de acordo com a espécie) nestésicos gerais injetá- mido, pistola
veis*, halotano, isofluora-
no, sevofluorano
Aves Barbitúricos ou outros a- CO², N², argônio, desloca-
(de acordo com a espécie) nestésicos gerais injetá- mento cervical, decapita-
veis*, anestésicos inalató- ção, percursão
rios, pistola de ar compri-
mido
Cães Barbitúricos ou outros a- Pistola, pistola de ar com-
nestésicos gerais injetá- primido, halotano, isofluo-
veis* rano, sevofluorano, barbitú-
ricos ou outros anestésicos
gerais injetáveis seguido de
anestésico local na cisterna
magna
Eqüídeos Barbitúricos* associados ou Pistola, pistola de ar com-
não ao éter gliceril guaiacol primido, barbitúricos se-
e/ou sulfato de magnésio guidos de anestésico local
na cisterna magna
Coelhos Barbitúricos ou outros a- deslocamento cervical
nestésicos gerais injetá- (<1kg), decapitação
veis*, halotano, isofluora-

2
O ANEXO III está com a redação dada pelo art. 6º da Resolução nº 876, de 15-02-2008, publicada no
DOU de 25-02-2008, Seção 1, pág. 100.

107
no, sevofluorano

Gatos Barbitúricos ou outros a- Halotano, isofluorano, se-


nestésicos gerais injetá- vofluorano
veis*
Mamíferos marinhos Barbitúricos, hidrocloreto Pistola (cetáceos <4m de
de etorfina comprimento)
Peixes Barbitúricos ou outros a- Decapitação, secção da
(de acordo com a espécie) nestésicos gerais injetá- medula espinhal, desloca-
veis*, halotano, isofluora- mento cervical, percursão
no, sevofluorano, tricaína,
hidrocloreto de benzocaína
Primatas não-humanos Barbitúricos ou outros a- Halotano, isofluorano, se-
nestésicos gerais injetá- vofluorano
veis*
Répteis Barbitúricos ou outros a- Pistola de ar comprimido,
(de acordo com a espécie) nestésicos gerais injetáveis pistola, decapitação e sec-
ção da medula espinhal,
percursão
Roedores e outros Barbitúricos ou outros a- Deslocamento cervical (ra-
pequenos mamíferos nestésicos gerais injetá- tos <200g), percursão, de-
veis*, halotano, isofluora- capitação, CO²
no, sevofluorano
Ruminantes Barbitúricos* associados ou Pistola, pistola de ar com-
não à éter gliceril guaiacol primido, barbitúricos se-
e/ou sulfato de magnésio* guidos de anestésico local
na cisterna magna
Suínos Barbitúricos ou outros a- Pistola, pistola de ar com-
nestésicos gerais injetá- primido
veis*
Visões, raposas, e outros Barbitúricos ou outros a- Halotano, isofluorano, se-
mamíferos criados para nestésicos gerais injetá- vofluorano
extração de pele e anexos veis*

2. Em todos os casos, para todas as espécies, os barbitúricos ou anestésicos gerais de-


vem ser administrados por via intravenosa e apenas na impossibilidade desta, por via
intraperitoneal, em dose suficiente para produzir a ausência do reflexo corneal. Após
a ausência do reflexo corneal, pode-se complementar com o cloreto de potássio asso-
ciado ou não ao bloqueador neuromuscular, ambos por via intravenosa.

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