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Nota da Federação Nacional de Estudantes de Direito em resposta à

declaração dada no dia 20 de julho de 2019 pela líder do governo na Câmara

Na última sexta-feira, em suas redes sociais, a líder da base de


governo na Câmara dos Deputados ironizou a intervenção dos estudantes de
direito durante o 40º Encontro Nacional dos Estudantes de Direito, na Vigília
Lula Livre, na qual estudantes de todo o país se solidarizaram em relação ao
caso da prisão do ex-presidente Lula, o que levou a deputada a colocar em
questão os "valores dos futuros advogados".

Pontuamos, em nome da Federação Nacional dos Estudantes de


Direito, que defendemos sim o devido processo legal e as garantias
democráticas que resguardam o indivíduo do árbitro do poder punitivo Estatal.
Há, no caso em questão, sérios indícios de que tais garantias não foram de fato
respeitadas, e, por isso, nos posicionamos em favor da liberdade do ex-
presidente. Defendemos tais valores não só neste caso em específico, como em
todos os processos de todos os cidadãos brasileiros, tendo inclusive a
consciência de que os setores que mais sofrem com o desrespeito à dignidade
da pessoa humana e ao devido processo legal são os dos brasileiros mais pobres
e marginalizados, encarcerados em massa por um sistema penal pouco
permeável às garantias fundamentais e expostos ao árbitro do poder judiciário.

A Constituição Federal é clara em seu art. 5º LVII, bem como o art.


283 do CPP, quando abordam o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória, instituindo o princípio da presunção da inocência. No julgamento
do HC nº 84.078/MG, o Plenário do STF havia firmado o entendimento no
sentido de que a antecipação da execução penal, ademais de incompatível com
o texto da Constituição, apenas poderia ser justificada em nome da
conveniência dos magistrados — não do processo penal. A prestigiar-se o
princípio constitucional, dizem, os tribunais [leia-se STJ e STF] serão inundados
por recursos especiais e extraordinários e subsequentes agravos e embargos,
além do que “ninguém mais será preso”. Eis o que poderia ser apontado como
incitação à jurisprudência defensiva, que, no extremo, reduz a amplitude ou
mesmo amputa garantias constitucionais. A comodidade, a melhor
operacionalidade de funcionamento do STF não pode ser lograda a esse preço.1

Inicia-se a partir daí um processo de mudança hermenêutica acerca


do tema, que se concretiza em 2016,justamente no HC nº 126.292/SP2, no qual

1BRASIL. Habeas Corpus 84.078-7 Minas Gerais. Publicada dia 5 de fev de 2009. Disponível em:
http:// http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ementa84078.pdf. Acessado em 21 jul 2019.
os julgadores se abstiveram da discussão sobre a constitucionalidade do art. 283
do CPP. Tais mudanças hoje se mostram alinhadas à intenção de conduzir
juízes e outros atores do judiciário às esferas políticas, afetando a tripartição dos
poderes e, por conseguinte, a fragilidade democrática brasileira.

É da nossa preocupação a instabilidade jurídica que advém de


decisões questionáveis neste caso, tais como prisões coercitivas desnecessárias,
restrições da ampla defesa, condenações por tipo penal indeterminado,
celeridade recorde de processos seguindo o calendário eleitoral, indícios graves
de relação entre o juiz e a acusação, entre outros fatos que nos chegam a cada
dia e que minam a legalidade de tal restrição de liberdade, bem como indicam
uma natureza política na condução do processo, algo intolerável em um
contexto jurídico democrático.

Consideramos dever da FENED a defesa das garantias


constitucionais e das instituições democráticas. Nós, enquanto estudantes de
direito, não poderíamos nos furtar dessa tarefa e consideramos preocupante os
parlamentares ironizarem tais princípios, uma vez que eles são bases
fundamentais do sistema político que os elegem. Por isso, viemos reiterar nossa
defesa do devido processo legal e das garantias fundamentais — institutos que
vem sendo desrespeitados por juízes, procuradores, delegados e políticos,
atitudes essas que colocam nossa democracia em risco. A FENED reitera à
população brasileira que os futuros advogados estarão atentos e vigilantes pela
manutenção do Estado Democrático de Direito. Não nos acovardarão tentativas
de questionar os valores que guiam os futuros juristas do país, que são os mais
democráticos e justos, possuindo intrínseco alinhamento com a dignidade da
pessoa humana.

23 de julho de 2019

Federação Nacional de Estudantes de Direito

218 BRASIL. Habeas Corpus 126.292 São Paulo. Publicada dia 17 de fev de 2016. Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=10964246. Acesso em: 21 jul 2019.

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