Sunteți pe pagina 1din 7

ARTIGO DE REVISÃO

Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo
2009; 54(3):127-33

Alterações neuropsicológicas nas dependências químicas:


foco em córtex pré-frontal e na adolescência como período
crítico de maturação cerebral
Neuropsychological impairments in addiction: focus on prefrontal cortex and on
adolescence as a critical period for brain maturation
Paulo Jannuzzi Cunha1

Resumo ropsychological effects of psychoactive substances, including


its impact on executive functions and decision-making,
O presente artigo tem como objetivo revisar a literatura leading to negative consequences on treatment retention
sobre os efeitos neuropsicológicos das substâncias psicoati- and abstinence maintenance. Some premorbid factors, such
vas, incluindo o impacto nas funções executivas e tomada as the ADHD, seem to increase the vulnerability to addic-
de decisões, levando a repercussões negativas na adesão ao tion. Also, the present article will discuss the behavioral
tratamento e manutenção da abstinência. Alguns fatores and emotional changes which occur in the adolescence, a
antecedentes, como o TDAH, parecem aumentar a vulnera- critical period characterized by a complex process of brain
bilidade à dependência química. Ademais, o presente artigo maturation and reorganization, predominantly in areas
vai discutir as mudanças comportamentais e emocionais que of the prefrontal cortex of the brain, which may increase
ocorrem na adolescência, um período crítico caracterizado the susceptibility of youths to risky-taking behaviors and
por um processo complexo de maturação e reorganização ce- substance abuse.
rebral, predominantemente em áreas do córtex pré-frontal do
cérebro, que parece tornar o jovem mais propenso ao envolvi- Keywords: Neuropsychology, Alcohol-related disorders,
mento em comportamentos de risco e abuso de substâncias. Substance-related disorders,  Substance withdrawal syn-
drome, Cognition/drug effects, Prefrontal cortex
Descritores: Neuropsicologia, Transtornos relacionados
ao uso de álcool , Transtornos relacionados ao uso de subs- Jovens, dependência química e
tâncias, Síndrome de abstinência a substâncias, Cognição/ funcionamento cognitivo
efeitos das drogas, Córtex pré-frontal
A adolescência é um período crucial para o desen-
Abstract volvimento emocional, neuropsicológico e maturação
do cérebro (Paus, 2005). É uma fase em que ocorrem
The present paper aims to review the literature on the neu- mudanças significativas nas conexões neuronais do
sistema nervoso central (SNC) (Giedd et al, 1999). Nes-
te processo, após o aumento da quantidade de sinap-
1. Neuropsicólogo. Pesquisador no Hospital das Clínicas da Fa- ses, que se dá praticamente até a adolescência, ocorre
culdade de Medicina da USP - Programa Equilíbrio e Grupo In- perda de massa cinzenta, até os 30 anos de idade,
terdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (GREA-IPq-HC-
concomitante a um aumento progressivo de substância
FMUSP). Coordenador do Grupo de Ações e Projetos Associação
Parceria Contra Drogas. Formado em Psicologia pela UNESP/ branca cerebral (Giedd et al, 1999). Acredita-se que as
Bauru e Especialista em Dependências Químicas e Neuropsicologia modificações neuronais, especialmente no córtex pré-
pelo Hospital das Clínicas da FM/USP. Doutor em Ciências pela frontal (CPF), levam a mudanças de comportamento,
Faculdade de Medicina da USP emoções e pensamentos do adolescente (Paus, 2005;
Trabalho realizado: Trabalho apresentado na III Jornada de Psi- Greydanus, Patel, 2005).
cologia: Neurociências e Comportamento, realizada em junho de É neste contexto de modificações cerebrais que o
2008, pelo Setor de Psicologia do Centro de Atenção Integrada à jovem, particularmente dotado de curiosidade e ne-
Saúde Mental (CAISM) da Irmandade da Santa Casa de Miseri- cessidade de oposição, busca a sua própria identidade.
córdia de São Paulo (ISCMSP)
Ele tende a apresentar alterações na modulação afetiva
Endereço para correspondência: Grupo Interdisciplinar de
Estudos de Álcool e Drogas - IPq-HC-FMUSP. Paulo Jannuzzi (oscilações do humor) e no controle da impulsividade,
Cunha. Rua Capote Valente, 439 – conj. 64 – 6º andar – Edifício que podem influenciar em algumas das característi-
Pinheiros Center - 05409-001 - Jardim América – São Paulo – SP cas de sua personalidade e no modo como enfrenta
– Brasil. Tel/Fax: + 55(11)3081-5050 / e@mail: pjcunha@usp.br as situações com as quais se depara. Este conjunto

127
Cunha PJ. Alterações neuropsicológicas nas dependências químicas: foco em córtex pré-frontal e na adolescência como período crítico de maturação cerebral.
Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2009; 54(3): 127-33.

de sinais e sintomas de comportamento foi cunhado muitas vezes, tais afirmações, em geral, carecem de
por psicanalistas como “síndrome da adolescência uma explicação ou comprovação científica confiável,
normal” (Aberastury, Knobel, 1981). ou são apresentadas de uma forma exagerada. Os estu-
A busca da identidade e a impulsividade, caracte- dos sobre o funcionamento cognitivo dos dependentes
rísticas marcantes desta fase do desenvolvimento do químicos, realizados através de avaliações neuropsi-
cérebro, muitas vezes impelem o jovem a experimen- cológicas, têm contribuído em grande parte para a
tar novos hábitos, típicos de sua turma ou do grupo elucidação destas questões, de forma séria e científica.
em que pretende inserir-se (Greydanus, Patel, 2005). A neuropsicologia é a área encarregada de estudar
O adolescente parece querer experimentar emoções a relação entre cérebro e comportamento cognitivo,
mais fortes, mas ainda não tem noção real e completa sensorial, motor, emocional e social do indivíduo
das consequências futuras de suas ações. Não é a toa (Howieson, Lezak, 1997; Lezak et al, 2004). O com-
que, nesta fase, geralmente, ocorre o surgimento de portamento é avaliado através de entrevistas, obser-
transtornos mentais (Paus et al, 2008), o envolvimento vações e testes neuropsicológicos, que investigam
com atividades de risco e o abuso de drogas (Greyda- os processos de atenção, memória, funcionamento
nus, Patel, 2005), sejam elas lícitas (álcool e tabaco), executivo, coordenação motora, linguagem, funções
ou ilícitas (ex: maconha, cocaína, ecstasy, LSD, etc.). visuais, espaciais e tomada de decisões. Estudos com
De acordo com o National Institute on Drug Abuse técnicas de neuroimagem funcional, como a tomo-
(NIDA), o abuso de substâncias começa cedo, geral- grafia por emissão de pósitrons (positron emission
mente na adolescência, e tende a atingir o ápice em tomography – PET) mostram que, por exemplo, estar
cerca de 10 anos. A droga que os jovens experimentam exposto a uma imagem, composta por padrões visu-
mais cedo é o álcool, seguida pelos solventes, maconha ais e espaciais complexos, ativa o córtex occipital do
e cocaína/crack (Galduroz et al, 2004). cérebro (Phelps, Mazziotta, 1985). Já uma exposição
As drogas acionam o sistema de recompensa ce- à situação de um teste neuropsicológico, utilizado
rebral (brain reward system), através da recaptação de para avaliação das funções executivas, como o Teste
neurotransmissores tais como a noradrenalina, seroto- de Associação de Cartas de Wisconsin (Wisconsin Card
nina e dopamina. Embora outros neurotransmissores Sorting Test - WCST), por exemplo, ativa não apenas
também estejam envolvidos no processo, acredita-se as áreas occipitais, necessárias para o processamento
que o bloqueio da recaptação da dopamina leve a um dos padrões visuais das cores e formas das cartas, mas
aumento da concentração deste neurotransmissor na também o CPF, responsável pela atenção, organização
fenda sináptica (espaço entre os neurônios), fenôme- mental, planejamento, estabelecimento de hipóteses
no responsável pelas sensações de euforia e prazer e tomada de decisões (idem). Em suma, a avaliação
associadas ao uso das drogas. Isto parece ocorrer neuropsicológica tem como objetivo investigar qualita-
especialmente em áreas do CPF (Goldstein, Volkow, tivamente, através de entrevistas e observação clínica,
2002). Em longo-prazo, os usuários de álcool ou ou- e quantitativamente, pelos testes neuropsicológicos,
tras drogas passam a apresentar menor quantidade e as funções cognitivas do indivíduo, inferindo, a partir
disponibilidade de dopamina nas sinapses, o que os do desempenho, qual o possível grau e localização do
levam a repetir o uso da substância, em uma tentativa comprometimento cerebral (Howieson, Lezak, 1997).
de recuperar os níveis de neurotransmissores presen- As pesquisas com avaliação neuropsicológica na
tes anteriormente (Volkow et al, 2007; Little et al, 2009). dependência química têm detectado vários déficits
A compulsão pelo uso e a tendência às recaídas, apesar cognitivos, dependendo da substância utilizada, da
das consequências negativas na vida dos usuários, são intensidade e frequência de uso, forma de adminis-
características marcantes da dependência química, tração, etc. Na tabela 1 estão resumidos alguns dos
considerada, hoje em dia, uma doença do cérebro estudos sobre o tema.
(Leshner, 1997). Como se pode observar, muitos são os déficits
associados às dependências químicas. Entretanto,
Dependência química e efeitos pode-se notar um consenso na literatura a respeito
neuropsicológicos de déficits nas funções executivas dos dependentes
químicos, independente da substância. De acordo com
Álcool, maconha, cocaína, ecstasy e outras drogas, Verdejo-Garcia et al (2006), a disfunção executiva e os
tanto lícitas como ilícitas, são substâncias que alteram problemas na tomada de decisões estariam na base do
o funcionamento mental das pessoas, em curto prazo, comprometimento cognitivo e emocional encontrado
e que podem produzir alterações cerebrais mais dura- nos pacientes dependentes químicos. Desta forma, é
douras também. É muito comum ouvir que as drogas muito importante que no tratamento da dependên-
e o álcool danificam as células que formam o sistema cia química haja uma atenção adequada ao paciente
nervoso (neurônios), desta ou daquela forma. Porém, que se queixa de alterações cognitivas e disfunções

128
Cunha PJ. Alterações neuropsicológicas nas dependências químicas: foco em córtex pré-frontal e na adolescência como período crítico de maturação cerebral.
Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2009; 54(3): 127-33.

Tabela 1
Drogas e principais áreas do funcionamento mental prejudicadas.
DROGA DÉFICITS OU PREJUÍZOS COGNITIVOS*
Álcool Atenção, memória, aprendizagem, flexibilidade mental, funções executivas, organização viso-
espacial, problemas psicomotores, impulsividade e tomada de decisões (Beatty et al, 1995; Lezak
et al, 2004; Bechara et al, 2001; Cunha et al, 2004b, Scaife, Duka, 2009)
Maconha Atenção, memória, funções executivas, velocidade psicomotora e destreza manual, aprendizagem
e tomada de decisões (Solowij et al, 2002; Bolla et al, 2002; Bolla et al, 2005, Schweinsburg et al,
2008, Jacobus et al, 2009)
Cocaína Atenção, concentração, memória visual, verbal, aprendizagem, fluência verbal, integração
visomotora, funções executivas e tomada de decisões (Strickland et al, 1993; Bechara et al, 2001;
Cunha et al, 2001b; Cunha et al, 2004a; Cunha et al, 2006; Ruiz Sánchez de Léon et al, 2009, Woicik
et al, 2009)
Solventes Atenção/concentração, memória, lentificação psicomotora, funções viso-espaciais, aquisição
de novas informações, funções executivas, planejamento e destreza manual (Lezak et al, 2004,
Greydanus, Patel, 2005)
LSD Atenção, abstração, flexibilidade mental, memória, aprendizagem, funções executivas e orientação
viso-espacial (Carlin, O´Malley, 1996, Greydanus, Patel, 2005)
Ecstasy (MDMA) Atenção complexa, resolução de problemas, memória verbal, visual, memória operacional e
funções executivas (Morgan, 2000; Cunha et al, 2001a; Gouzoulis-Mayfrank, Daumann, 2006;
Schilt et al 2007)
Obs: * Na maioria dos casos, até o momento não é possível assegurar informações quanto à recuperação dos déficits
encontrados na abstinência. Em geral, o grau de recuperação vai depender de vários fatores, como gravidade dos déficits,
gênero, idade, tempo de abstinência, nível cognitivo anterior (pré-mórbido), estimulação cognitiva, entre outros.

executivas. Quando não detectadas e tratadas, tais a avaliar o comportamento de dependentes de álcool
prejuízos podem levar o paciente a um quadro mais e drogas em um teste inovador, denominado Iowa
sério e progressivo de deterioração mental, com perdas Gambling Task (IGT), que simula situações de ganhos
cognitivas significativas, conhecido como demência. e perdas na vida real, com o objetivo de avaliar como
A síndrome demencial, caracterizada por um declínio o indivíduo processa o recebimento de recompensas e
cognitivo progressivo e funcional do indivíduo, é um punições, tanto a longo como a curto prazo (Figura 1).
transtorno mental que tende a afetar pessoas idosas, O IGT foi inicialmente elaborado com o intuito
mas atinge os jovens também, tendo como causa de examinar o processo de tomada de decisões em
principal o abuso de álcool e drogas (Bertolucci, 2000). pacientes com lesões cerebrais em CPF (Bechara et al,
Além disso, os déficits cognitivos podem aumentar a 1994, Buelow, Suhr, 2009). Após lesão em CPF, espe-
probabilidade de recaída do dependente, bem como cialmente em áreas órbito-frontais, indivíduos com
interferir em sua capacidade de assimilar e participar personalidade normal tendem a apresentar conduta
de programas de tratamento e recuperação (Strickland social desajustada, bem como problemas sérios na
et al, 1993; Rogers, Robbins, 2001). Neste caso, há tomada de decisões e na execução de ações, que repe-
recomendações específicas para se trabalhar com as tidamente levam a consequências negativas (Damasio
dificuldades (Cleaveland, Denier, 1998). et al, 1990; Rogers et al, 1999). Um dos exemplos mais
conhecidos deste tipo de infortúnio é Phineas Gage
Alterações na tomada de decisões em (Damasio, 1996). Tal como Gage e outros pacientes
dependentes químicos com lesões em CPF, sabe-se que, na maioria das vezes,
dependentes de álcool e drogas apresentam alterações
De acordo com a American Psychiatric Associa- de comportamento e personalidade semelhantes. Ade-
tion (APA), a principal característica do dependente mais, estudos de neuroimagem estrutural e funcional
químico é a repetição do comportamento de uso da têm apontado disfunções em CPF em dependentes
droga, a despeito de suas consequências negativas, químicos, no período de abstinência, que podem estar
sejam na área social, psicológica ou legal (APA, 1994). na base das alterações comportamentais vivenciadas
O indivíduo apresenta uma série de comportamentos pelos usuários (Volkow et al, 1988; Fein et al, 2002;
de risco, que tendem a levá-lo a vários prejuízos. De Matochik et al, 2003; Bolla et al, 2004; Goldstein et
posse deste conhecimento, pesquisadores passaram al, 2004).

129
Cunha PJ. Alterações neuropsicológicas nas dependências químicas: foco em córtex pré-frontal e na adolescência como período crítico de maturação cerebral.
Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2009; 54(3): 127-33.

avaliados dependentes de cocaína e os resultados fo-


ram similares aos dos estudos internacionais. Ao longo
das 100 tentativas, enquanto os indivíduos do grupo
controle tendiam a escolher cada vez mais cartas dos
grupos “vantajosos” (C+D), os dependentes de cocaína
falharam em aprender efetivamente as consequências
futuras de suas ações, mantendo-se presos aos efeitos
imediatos (A+B), o que os levou inevitavelmente a per-
das maiores de longo-prazo, algo semelhante ao que
ocorria na vida pessoal (Cunha et al, 2006). Entretanto,
de acordo com Bartzokis et al (2000), é provável que
a avaliação dos riscos melhore, na medida em que o
Figura 1. Iowa Gambling Task (IGT) tempo de abstinência à droga aumenta.
Nota: o paciente posiciona-se na frente da tela de um com-
putador, que contêm quatro conjuntos de cartas (A’, B’, C’ e Déficits cognitivos e tratamento
D’), iguais quanto à aparência e tamanho. O sujeito recebe
hipoteticamente a quantia de R$2.000,00 (dois mil reais) em-
prestados, conforme demonstra a barra inferior, na figura A maioria dos tratamentos atualmente reconhe-
acima. O indivíduo deve selecionar as cartas, uma por vez, cidos como eficazes para as dependências químicas
de qualquer um dos conjuntos, até que o jogo termine auto- baseia-se no emprego de estratégias cognitivo-com-
maticamente, após 100 escolhas de cartas. Depois de virar portamentais, em que o processamento cognitivo
cada carta, o sujeito recebe uma quantia em dinheiro, fato (mental) é um mediador decisivo para a mudança de
anunciado imediatamente na tela. A quantia varia de acordo comportamentos e emoções. Os dependentes quími-
com o conjunto escolhido. Os sujeitos recebem a informação cos que não estão em condições de compreender as
de que 1) o objetivo do jogo é ganhar o máximo possível de intervenções (ex: análise funcional do comportamento,
dinheiro; 2) eles estão livres para escolher entre os 4 con-
treinamento de habilidades) tendem a obter pouco
juntos de cartas. Enquanto nos conjuntos A’ e B’ os ganhos
imediatos são maiores, as perdas em longo prazo são mais sucesso ou abandonar o tratamento precocemente.
expressivas ainda. Já as escolhas das cartas provenientes dos Aharonovich et al (2003) acompanharam 18 depen-
grupos C’ e D’ levam a ganhos imediatos baixos, porém estão dentes de cocaína, não-deprimidos, durante trata-
associadas a perdas menores em longo-prazo. O cálculo da mento baseado em terapia cognitivo-comportamental
pontuação final é feito através do Netscore, que representa a (TCC), após terem respondido a uma bateria de testes
soma de escolhas dos grupos de cartas “vantajosas”, menos cognitivos por computador. Os sujeitos que apresen-
a soma das escolhas das cartas “desvantajosas” [(C’+D’)- taram nível cognitivo alto na linha de base (início do
(A’+B’)]. No total, há um saldo positivo quando o indivíduo tratamento) aderiram melhor ao tratamento (gráfico
escolhe mais cartas nos blocos C’ e D’, ao passo em que o
1). É interessante notar que os resultados não foram
saldo se torna negativo se o indivíduo escolher mais cartas
oriundas dos blocos A’ e B’. afetados por outros fatores tais como depressão, dados
sócio-demográficos ou intensidade do uso de droga
O IGT foi inicialmente traduzido e adaptado para (Aharonovich et al, 2006).
uso no Brasil por Cunha e Nicastri (2002). Malloy-Di- Os dados fornecem subsídios para a compreen-
niz et al (2008) realizaram a validação do instrumento. são de que determinados déficits cognitivos podem
Vários pesquisadores já utilizaram o IGT na avaliação afetar a aderência ao tratamento. De fato, é razoável
de dependentes químicos, tendo encontrado resul- e faz sentido pensar que os usuários de substâncias
tados interessantes e promissores. Grant et al (2000) que não conseguem compreender as intervenções da
estudaram um grupo de 30 abusadores de múltiplas TCC estão mais propensos ao abandono do tratamento
drogas, que tiveram o seu desempenho comparado (Aharonovich et al, 2003).
com 24 sujeitos-controle. Após os devidos ajustes es- Aharonovich et al (2003; 2006) defendem a ela-
tatísticos, o grupo encontrou um desempenho signifi- boração de estratégias específicas para os pacientes
cativamente pior dos abusadores de drogas em relação portadores de dependências químicas, no sentido de
aos controles no IGT. Bechara et al (2001) estudaram melhorar a aderência ao tratamento. De fato, parece que
o desempenho de 41 dependentes de estimulantes isso pode dar certo. Maude-Griffin et al (1998) avalia-
e álcool nesta tarefa, comparando-os a 40 sujeitos ram 128 usuários de cocaína (crack), oriundos de pro-
normais e cinco pacientes com lesão conhecida em gramas ambulatoriais e de internação para tratamento
CPF. Foi encontrado prejuízo significativo nos abusa- de dependência de cocaína e perceberam, no geral,
dores em relação aos controles, sendo que 61% deles superioridade da TCC quando comparada ao método
situaram-se dentro da faixa de desempenho esperada de 12 passos, utilizado em grupos como os Narcóticos
para os pacientes lesionados. Em nosso meio, foram Anônimos (NA). Entretanto, quando os pesquisadores

130
Cunha PJ. Alterações neuropsicológicas nas dependências químicas: foco em córtex pré-frontal e na adolescência como período crítico de maturação cerebral.
Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2009; 54(3): 127-33.

Gráfico 1. Análise do funcionamento cognitivo e aderência ao tratamento em dependentes químicos.


Nota: os dependentes químicos com nível cognitivo Alto apresentaram taxas maiores de retenção no tratamento (55%) em
comparação àqueles com nível cognitivo Baixo (23%), ao longo de 15 semanas de tratamento (Aharonovich et al, 2003).

analisaram sub-grupos da amostra, perceberam que cológicas. Para saber se a droga alterou o desempenho
o sucesso do tratamento parecia depender do funcio- cognitivo do sujeito ou se os prejuízos encontrados
namento cognitivo e características individuais dos já acompanhavam a pessoa desde sua infância, é ne-
pacientes. Os dependentes de cocaína que possuíam cessário saber como era o funcionamento cognitivo
melhor nível de abstração, por exemplo, tendiam a obter do indivíduo antes da instalação da dependência da
melhores taxas de sucesso na TCC, quando compara- droga. Uma história clínica bem formulada, com de-
dos àqueles com pior nível de abstração. Estes, por sua talhamento do desenvolvimento cognitivo, é crucial
vez, tendiam a obter mais sucesso quando submetidos para a estimativa de uma linha de base confiável, que
a tratamento baseado em estratégias de NA, quando possa servir de parâmetro de comparação com o de-
comparados aos indivíduos com alto nível cognitivo. sempenho obtido na avaliação neuropsicológica. Além
Tais resultados estão em consonância com os Princípios da história, o neuropsicólogo dispõe de instrumentos
Gerais de Tratamento das Dependências Químicas do que são capazes de estimar o nível cognitivo anterior
National Institute on Drug Abuse (NIDA, 1999), que (pré-mórbido), para chegar a uma análise detalhada
defende a utilização de estratégias direcionadas às das habilidades e conhecimentos prévios da pessoa.
características individuais de cada paciente. Os testes mais utilizados para isto são aqueles em
cujo resultado se observa um determinado padrão de
Avaliação de déficits pré-mórbidos e de desempenho, que se mantém preservado ao longo de
fatores de risco para a dependência química praticamente toda a vida, mesmo após lesões cerebrais
(Howieson, Lezak, 1997).
Se, por um lado, a droga pode prejudicar o fun-
cionamento mental do indivíduo, por outro, há de- Conclusões
terminados déficits cognitivos que podem aumentar
as chances de o indivíduo tornar-se um abusador de A adolescência é caracterizada por mudanças de
determinada substância. Sabe-se que jovens portado- comportamentos e emoções, associadas a um processo
res do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade complexo de reorganização e maturação cerebral. Des-
(TDAH), por exemplo, são mais suscetíveis ao abuso ta forma, é o período de maior vulnerabilidade para o
e dependência de cocaína ou outras drogas (Szobot envolvimento com o uso de substâncias químicas. As
et al, 2007 Blum et al, 2008). Em casos como estes, a drogas, por sua vez, provocam alterações em várias
avaliação neuropsicológica é muito importante, pois regiões cerebrais, predominantemente em córtex pré-
auxilia na detecção de uma co-morbidade, que deve frontal. As modificações cerebrais prejudicam diversas
ser tratada em conjunto com a dependência de dro- capacidades cognitivas, tais como a atenção, memória,
gas, aumentando assim a efetividade do tratamento funções executivas e tomada de decisões. Há fortes
empregado (NIDA; NIH), 1999). indícios de que os déficits cognitivos persistam por
Embora nem sempre seja possível ter certeza do algum tempo, mesmo após a retirada das drogas. Os
que vem antes, se o déficit cognitivo ou a dependência déficits cognitivos podem influenciar negativamente
de drogas, há indícios que podem sugerir de forma a aderência ao tratamento, por isso devem ser ava-
bastante confiável a origem de tais alterações neuropsi- liados, em cada paciente, com vistas à elaboração de

131
Cunha PJ. Alterações neuropsicológicas nas dependências químicas: foco em córtex pré-frontal e na adolescência como período crítico de maturação cerebral.
Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2009; 54(3): 127-33.

estratégias terapêuticas individualizadas, que tendem indivíduo. 1º Congresso de Psicologia Clínica; São Paulo. Anais. São
a aumentar as chances de sucesso no tratamento. Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie; 2001a. v.2, p.194-6.
Cunha PJ, Camargo CHP, Nicastri S. Déficits neuropsicológicos e
cocaína: um estudo-piloto. J Bras Dep Quím. 2001b; 2:31-7.
Agradecimentos Cunha PJ, Nicastri S. Tomada de decisões em dependentes de subs-
tâncias: tradução e instruções para utilização do Gambling Task no
Ao National Institute on Drug Abuse (NIDA), Brasil. International Conference on Alcohol and Addictions (ICAA)
2002. São Paulo: ICCA, 2002.
College on Problems of Drug Dependence (CPDD) e
Cunha PJ, Nicastri S, Gomes LP, Moino RM, Peluso MA. Alterações
World Health Organization (WHO), pelo Internatio- neuropsicológicas em dependentes de cocaína/crack internados:
nal Fellowship concedido (Paulo J. Cunha); FAPESP; dados preliminares. Rev Bras Psiquiatr. 2004a; 26:103-6.
Fundação Faculdade de Medicina (FFM) da USP (Bolsa Cunha PJ, Novaes MA. Avaliacão neurocognitiva no abuso e depen-
Pesquisa). dência do álcool: implicações para o tratamento. Rev Bras Psiquiatr.
2004b; 26(supl.1):23-7.
Cunha PJ, Nicastri S, Andrade AG. Decision-making deficits and
Referências Bibliográficas social adjustment impairments in Brazilian crack cocaine users. In:
68th Annual Scientific Meeting of the College of Problems of Drug
Aberastury A, Knobel M. Adolescência normal: um enfoque psica- Dependence (CPDD) and NIDA International Forum, Meeting.
nalítico. Porto Alegre: Artmed; 1981. 96p. Scottsdale (AZ), USA: NIDA; 2006.
Aharonovich E, Hasin DS, Brooks AC, Liu X, Bisaga A, Nunes E. Damasio AR, Tranel D, Damasio H. Individuals with sociopatic
Cognitive deficits predict low treatment retention in cocaine depen- behavior caused by frontal damage fail to respond autonomically
dent patients. Drug Alcohol Depend. 2006; 81:313-22. to social stimuli. Behav Brain Res. 1990; 41:81-94.
Aharonovich E, Nunes E, Hasin D. Cognitive impairment, retention Damasio, AR. O Erro de Descartes: emoção, razão e cérebro humano.
and abstinence among cocaine abusers in cognitive-behavioral São Paulo: Cia das Letras; 1996. 330p.
treatment. Drug Alcohol Depend. 2003; 71:207-11. Fein G, Di Sclafani V, Meyerhoff DJ. Prefrontal cortical volume
American Psychiatric Association (APA). Diagnostic and Statistical reduction associated with frontal cortex function deficit in 6-week
manual of mental disorders DSM –IV Fourth Edition. Washington, abstinent crack-cocaine dependent men. Drug Alcohol Depend.
DC: APA; 1994. 2002; 68:87-93.
Bartzokis G, Lu PH, Beckson M, Rapoport R, Grant S, Wiseman Galduróz JCF, Noto AR, Carlini EA. V levantamento Nacional Sobre
EJ, et al. Abstinence from cocaine reduces high-risk responses on a o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes de Ensino
gambling task. Neuropsychopharmacology; 2000; 22:102-3. Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais
Beatty WW, Katzung VM, Moreland VJ, Nixon SJ. Neuropsychologi- Brasileiras (2004). São Paulo: CEBRID - Centro Brasileiro de Infor-
cal performance of recently abstinent alcoholics and cocaine abusers. mações sobre Drogas Psicotrópicas, Departamento de Psicobiologia,
Drug and Alcohol Depend. 1995; 37:247-53. Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal Paulista; 2004.
Bechara A, Damasio AR, Damasio H, Anderson S. Insensitivity to Giedd JN, Blumenthal J, Jeffries NO, Castellanos FX, Liu H, Zijden-
future consequences following damage to human prefrontal cortex. bos A, et al. Brain development during childhood and adolescence:
Cognition. 1994; 50:7-15. a longitudinal MRI study. Nat Neurosc. 1999; 2:861-3.
Bechara A, Dolan S, Denburg N, Hindes A, Anderson SW, Nathan Goldstein RZ, Leskovjan AC, Hoff AL, Hitzemann R, Bashan F,
PE. Decision-making deficits, linked to a dysfunctional ventrome- Khalsa SS, et al. Severity of neuropsychological impairment in
dial prefrontal cortex, revealed in alcohol and stimulant abusers. cocaine and alcohol addiction: association with metabolism in the
Neuropsychologia. 2001; 39:376-89. prefrontal cortex. Neuropsychologia. 2004; 42:1447-58.
Bertolucci PHF. Demência em jovens: exame inicial e causas mais Goldstein RZ, Volkow ND. Drug addiction and its underlying
comuns. Psicol Teor Prat. 2000; 2:31-42. neurobiological basis: neuroimaging evidence for the involvement
Blum K, Chen AL, Braverman ER, Comings DE, Chen TJ, Arcuri V, of the frontal cortex. Am J Psychiatry. 2002; 159:1642-52.
et al. Attention-deficit-hyperactivity disorder and reward deficiency Gouzoulis-Mayfrank E, Daumann J. Neurotoxicity of methylenedio-
syndrome. Neuropsychiatr Dis Treat. 2008; 4:893-918. xyamphetamines (MDMA; ecstasy) in humans: how strong is the
Bolla KI, Brown K, Eldreth K, Tate K, Cadet JL. Dose-related neu- evidence for persistent brain damage? Addiction. 2006; 101: 348–61.
rocognitive effects of marijuana use. Neurology. 2002; 59:1337-43. Grant S, Contoreggi C, London ED. Drug abusers show impaired
Bolla KI, Ernst M, Kiehl K, Mouratidis M, Eldreth D, Cantoreggi C, performance in a laboratory test of decision making. Neuropsycho-
et al. Prefrontal cortical dysfunction in abstinent cocaine abusers. J logia. 2000; 38:1180-7.
Neuropsychiatry Clin Neurosci. 2004; 16:456-64. Greydanus DE, Patel DR. The adolescent and substance abu-
Bolla, KI; Eldreth, DA; Matochik, JA; Cadet, JL. Neural substrates se: current concepts. Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care.
of faulty decision-making in abstinent marijuana users. Neuroim- 2005;35:78-98.
age. 2005; 26:480-92. Howieson DB, Lezak MD. The neuropsychological evaluation.
Buelow MT, Suhr JA. Construct validity of the Iowa Gambling Task. In: Yudofsky SC, Hales RE, editors. Textbook of neuropsychiatry.
Neuropsychol Rev. 2009; 19:102-14. Washington, D.C.: American Psychiatry Press; 1997.
Carlin AS, O’Malley S. Neuropsychological consequences of drug Jacobus J, Bava S, Cohen-Zion M, Mahmood O, Tapert SF. Functional
abuse. In: Grant I, Adams KM, editors. Neuropsychological assess- consequences of marijuana use in adolescents. Pharmacol Biochem
ment of neuropsychiatric disorders. New York: Oxford University Behav. 2009; 92:559-65.
Press; 1996. p.486-503. Leshner AI. Addiction is a brain disease, and it matters. Science.
Cleaveland BL, Denier CA. Recommendations for health care pro- 1997; 278:45-7.
fessionals to improve compliance and treatment outcome among Lezak MD, Howieson DB, Loring DW. Neuropsychological as-
patients with cognitive deficits. Issues Ment Health Nurs. 1998; sessment. 4rd ed. New York: Oxford University Press; 2004.1016p.
19:113-24. Little KY, Ramssen E, Welchko R, Volberg V, Roland CJ, Cassin B.
Cunha PJ, Camargo CHP, Nicastri S. Uso e abuso do ecstasy Decreased brain dopamine cell numbers in human cocaine users.
(MDMA) no cenário Rave: uma revisão sobre o impacto desta Psychiatry Res. 2009; 168: 173-80.
droga no sistema nervoso central e sobre as funções cognitivas do Malloy-Diniz LF, Leite WB, Moraes PH, Correa H, Bechara A,

132
Cunha PJ. Alterações neuropsicológicas nas dependências químicas: foco em córtex pré-frontal e na adolescência como período crítico de maturação cerebral.
Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo. 2009; 54(3): 127-33.

Fuentes D. Brazilian Portuguese version of the Iowa Gambling a population of young social drinkers with binge drinking pattern.
Task: transcultural adaptation and discriminant validity. Rev Bras Pharmacol Biochem Behav. 2009; 93:354-62.
Psiquiatr. 2008;30:144-8. Schilt T, de Win ML, Koeter M, Jager G, Korf DJ, van den Brink W,
Matochik JA, London ED, Eldreth DA, Cadet JL, Bolla KI. Frontal Schmand B. Cognition in novice ecstasy users with minimal expo-
cortical tissue composition in abstinent cocaine abusers: a magnetic sure to other drugs. Arch Gen Psychiatry. 2007;64:728-36.
resonance imaging study. Neuroimage. 2003; 19:1095-102. Schweinsburg AD, Brown SA, Tapert SF. The influence of marijuana
Maude-Griffin PM, Hohenstein JM, Humfleet GL, Reilly PM, Tusel use on neurocognitive functioning in adolescents. Curr Drug Abuse
DJ, Hall SM. Superior efficacy of cognitive-behavioral therapy for Rev. 2008; 1:99-111.
urban crack cocaine abusers: main and matching effects. J Consult Solowij N, Stephens RS, Roffman RA, Babor T, Kadden R, Miller M,
Clin Psychol. 1998; 66:832-7. et al. Cognitive functioning of long heavy cannabis users seeking
Morgan MJ. Ecstasy (MDMA): a review of its possible persistent treatment. JAMA. 2002; 287:1123-31.
psychological effects. Psychopharmacology. 2000; 152:230-48. Strickland TL, Mena I, Villanueva-Meyer J, Miller BL, Cummings
NIDA (National Institute on Drug Abuse), NIH (National Institute J, Mehringer CM, et al. Cerebral perfusion and neuropsychological
of Health) 1999. Principles of drug addiction treatment – A research- consequences of chronic cocaine use. J Neuropsychiatry Clin Neu-
based guide (on-line). PublIC. N. 99-4180. Available from: http:// rosci. 1993; 5:419-27.
www.nida.nih.gov/PODAT/PODATindex.html. [2009 September Szobot CM, Rohde LA, Bukstein O, Molina BS, Martins C, Ruaro
22]. P, Pechansky F. Is attention-deficit/hyperactivity disorder asso-
Paus T. Mapping brain maturation and cognitive development ciated with illicit substance use disorders in male adolescents? A
during adolescence. Trends Cogn Sci. 2005; 9: 60-8. community-based case-control study. Addiction. 2007; 102:1122-30.
Paus T, Keshavan M, Giedd JN. Why do many psychiatric disorders Verdejo-García A, Bechara A, Recknor EC, Perez-Garcia M. Executive
emerge during adolescence? Nat Rev Neurosci. 2008; 9:947-57. dysfunction in substance dependent individuals during drug use
Phelps ME, Mazziotta JC. Positron emission tomography: human and abstinence: an examination of the behavioral cognitive and
brain function and biochemistry. Science. 1985; 228:799-809. emotional correlates of addiction. J Int Neuropsychol Soc. 2006;
Rogers RD, Everitt BJ, Baldachino A, Blackshaw AJ, Swainson R, 12:405-15.
Wynne K, et al. Dissociable deficits in the decision-making cogni- Volkow ND, Mullani N, Gould KL, Adler S, Krajewski K. Cerebral
tion of chronic amphetamine abusers, opiate abusers, patients with blood flow in chronic cocaine users: a study with positron emission
focal damage to prefrontal cortex, and tryptophan-depleted normal tomography. Br J Psychiatry. 1988; 152:641-8.
volunteers: evidence for monoaminergic mechanisms. Neuropsy- Volkow ND, Wang GJ, Telang F, Fowler JS, Logan J, Jayne M, et al.
chopharmacology. 1999; 20:322-39. Profound decreases in dopamine release in striatum in detoxified
Rogers RD, Robbins TW. Investigating the neurocognitive deficits alcoholics: possible orbitofrontal involvement. J Neurosci. 2007;
associated with chronic drug misuse. Curr Opin Neurobiol. 2001; 27:12700-6.
11:250-7. Woicik PA, Moeller SJ, Alia-Klein N, Maloney T, Lukasik TM,
Ruiz Sánchez de León JM, Pedrero Pérez E, Llanero Luque M, Rojo Yeliosof O, et al. The neuropsychology of cocaine addiction: recent
Mota G, Olivar Arroyo A, Bouso Saiz JC, et al. Perfil neuropsicoló- cocaine use masks impairment. Neuropsychopharmacology. 2009;
gico en la adicción a la cocaína: consideraciones sobre el ambiente 34:1112-22.
social próximo de los adictos y el valor predictivo del estado cog-
nitivo en el éxito terapéutico. Adicciones. 2009;21:119-32. Trabalho recebido: 10/11/2008
Scaife JC, Duka T. Behavioural measures of frontal lobe function in Trabalho aprovado: 24/09/2009

133

S-ar putea să vă placă și