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O BRINCAR E A PSICOCINÉTICA: CONSTRUÇÃO DO VOCABULÁRIO

LINGÜÍSTICO, ESCRITO E PSICOMOTOR DA CRIANÇA

GAMES AND PSYCHOKINETICS: THE CONSTRUCTION OF CHILD’S


LINGUISTIC, WRITTEN AND PSYCHOMOTOR VOCABULARY

Liana Cristina Pinto Tubelo*

Resumo
O objetivo do presente estudo de caso é, com base fenomenológica, o de investigar o modo como a Psicocinética
e as brincadeiras criativas contribuem para o processo de percepção das crianças sobre suas relações com o
mundo da lecto-escrita e das operações lógicas. Participaram da pesquisa 23 crianças de primeira série do Ensino
Fundamental público, que vivenciaram atividades lúdicas durante sessões de Psicocinética, com método adaptado
e denominado currículo em movimento. Os dados foram coletados mediante entrevistas, observações e
documentos elaborados pelas crianças, e analisados pelo método psicológico-fenomenológico. Dos resultados
emergiram onze essências que destacam a importância do brincar e da educação pelo movimento na construção
dos vocabulários lingüístico, escrito e psicomotor da criança. Concluindo, este estudo mostrou a importância de
integrar diversas formas de expressão da linguagem e do movimento no currículo escolar, percebendo a criança
na unidade de seu ser.
Palavras-chave: brincar, psicocinética, fenomenologia, currículo em movimento.

Abstract
Current essay investigates the manner psychokinetics and creative games contribute towards children’s
perception on their relationships with reading and writing and with logical reasoning. Twenty-three children from
the first grade of a public elementary school participated in the study. The children were engaged in play
activities during sessions of psychokinetics through a method called curriculum in action. Data were collected by
interviews, observations and documents created by children and submitted to phenomenological and
psychological analysis (GIORGI, 2001). Eleven factors enhanced the importance of playing and of education by
movement in the context of children’s acquisition of written, reading and psychomotor abilities. Current research
indicates the importance of integrating language and movement into the school curriculum and the urgent need to
take children at their own value.
Key words: games, psychokinetics, phenomenology, curriculum in action.

Jean Le Boulch em escolas públicas, a presente


pesquisadora elaborou adaptações do método
INTRODUÇÃO francês para a realidade escolar brasileira, e que
denominou Currículo em Movimento. Trata-se da
A linguagem corporal, expressiva e gestual, educação psicomotora aplicada ao currículo escolar,
desde o nascimento da criança, é sua primeira forma uma educação pelo movimento, que utiliza
de comunicação com o mundo exterior e com as múltiplas formas de expressão, inserindo o
pessoas com quem passa a se relacionar, como conteúdo no programa curricular de maneira jogada
defende Lev S. Vygotsky. e brincada. São atividades lúdicas desenvolvidas
Mediante esse pensamento e com base no por meio de situações-problema e mediações não-
conhecimento adquirido ao longo de cinco anos de diretivas do professor. O método adaptado divide-se
estudo e trabalho com o método psicocinético de em quatro momentos: momento exploratório,

*
Mestre em Educação pela PUC-RS. Especialista em Ciências do Movimento Humano pela FEEVALE-RS. Professora de
Educação Física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS/RS.

Rev. Teoria e Prática da Educação, v.9, n.1, p.31-43, jan./abr. 2006.


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atividades preparadas pelo professor conforme o que ela adquire no meio social, interagindo com os
objetivo do encontro, e no qual as crianças são objetos, consigo mesma e com seus iguais.
observadas durante o movimento livre; momento de
atividades propostas mediante situações-problema,
atividades que, apesar de orientadas, proporcionam METODOLOGIA
aos alunos a liberdade de atuar da forma como
percebem as informações recebidas; momento de A pesquisa foi desenvolvida na forma de um
integração, período de interiorização do significado estudo de caso, de cunho qualitativo e
percebido pela criança sobre as vivências mediadas fenomenológico. Propôs-se compreender as
pelo professor, representando um novo espaço para percepções de crianças iniciantes no mundo da
exploração do ambiente criado e; finalmente, o lecto-escrita, na realidade de uma escola pública,
momento reflexivo, atividades de expressão mediante atividades lúdicas e psicocinéticas. Trata-
pictórica (desenhos e pinturas), corporal, escrita, se de uma pesquisa de situação específica não
gestual ou falada. É o momento em que as crianças generalizável cujo fim, de acordo com Lüdke e
proporcionam o feedback e a sua percepção pessoal André (1986), é o de apresentar fenômenos
sobre o vivido, e em que, ao mesmo tempo, o naturalmente simples e específicos ou complexos e
professor avalia os resultados da sessão e obtém abstratos não mensuráveis, como é o caso da
subsídios para planejar as próximas vivências. percepção subjetiva das crianças investigadas.
Durante um ano acompanhou-se a evolução de A corrente fenomenológica percebe a relação
crianças em formação escolar na primeira série do entre sujeito e objeto como interdependente e
Ensino Fundamental em Escolas Públicas de Capão produto de sujeitos possuidores de consciência
da Canoa/RS, no ano letivo de 2003. Observou-se a intencional. Para Merleau-Ponty (1999, p.01),
necessidade que as crianças possuem de brincar e defensor do pensamento fenomenológico, constitui-
trabalhar com suas habilidades psicomotoras se “um estudo das essências, e todos os problemas”
(resultantes da propriocepção mediante o ato motor) que “tornam a definir as essências: a essência da
e gnósicas (habilidades sensoriais-sensitivas ligadas percepção, a essência da consciência, por exemplo”.
às sensações corporais). A pesquisa teve como A Fenomenologia busca a descrição e a reflexão
objetivos: compreender o significado que as sobre o fenômeno no mundo vivido.
crianças atribuem às suas aquisições, sua visão Paviani (1998) destaca que a ciência
sobre o universo simbólico que o signo escrito e a fenomenológica investiga o comportamento, a
leitura promovem entre o mundo infantil e o adulto, percepção, o corpo, a sexualidade, a linguagem, os
bem como as “lacunas abertas” no processo de sentidos, a temporalidade, as relações entre
percepção das crianças que apresentam dificuldades natureza, o mundo e o ser. Investiga também
de interpretação e entendimento dos signos escritos problemas da Psicologia, da Sociologia, da História,
e da leitura. da Política, e da Lingüística, entre outros. Para que
Dessa forma, o problema que norteou a os sentidos ou aspectos de um fenômeno possam se
investigação foi: Como as crianças percebem suas manifestar no ato descritivo é necessário que o
aquisições instrumentais através de brincadeiras fenômeno apareça em sua totalidade, o que inclui
e de jogos em Psicocinética? todas as formas de estar consciente, como os
Le Boulch (2001) emprega o termo “aquisições sentimentos, os pensamentos, desejos e vontades.
instrumentais” para referir-se ao aprendizado da O método da pesquisa, inicialmente formulado
lecto-escrita e das operações lógico-matemáticas. por Giorgi (2001), é um dos mais utilizados e
Seu domínio é necessário no âmbito da prática conhecidos nas investigações da área da Psicologia
social cotidiana e para ascender ao nível da Fenomenológica. Compreende quatro passos, cujo
reflexão. Entretanto, defendeu-se neste estudo que objetivo é chegar às essências contidas nas
as aquisições instrumentais são bem mais amplas: descrições psicológicas: leitura e re-leitura para
sendo, então: um conjunto de competências obtenção do sentido do todo; leitura discriminativa
motoras, comunicativas, perceptivas, assim como das unidades de significado (tendo sempre como
de memória e pensamento, sócio-relacionais e de referência o fenômeno investigado); transformação
ajustamento que permitem à criança a apreensão da linguagem ingênua do sujeito em linguagem
significativa de determinadas informações para a científica (apoiando-se no objetivo da pesquisa e
construção do seu conhecimento. Informações essas mediante um processo reflexivo imaginativo);
síntese das unidades de significado transformadas

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(condensar, integrar os insights que emergem das brincando, a aprendizagem acontece de forma
unidades de significado) – descrição específica e prazerosa e duradoura. As atividades brincadas e
geral. jogadas durante as sessões de Psicocinética,
Participaram do estudo 23 crianças de uma aplicadas ao conteúdo curricular, durante o processo
turma de primeira série de escola de Ensino de alfabetização, promovem nas crianças: prazer,
Fundamental Público Municipal de Capão da compreensão de informações iniciada em sala de
Canoa, com idade entre seis e oito anos. Os sujeitos aula, novos conhecimentos, novas brincadeiras e
da pesquisa foram escolhidos de forma intencional. formas de aprender os signos da língua escrita
A pesquisadora manteve contato com a turma através do corpo e do movimento humano.
durante um encontro semanal com duração de uma Negrine (2002) acredita que o vocabulário
hora e vinte minutos, como professora de Educação psicomotor, lingüístico e escrito se constrói no
Física por um período de oito meses do ano letivo contexto social, estando permanentemente em
de 2003. As crianças, que na pesquisa recebem desenvolvimento por meio de experiências vividas.
nomes de anjos no intuito de preservar suas Um fragmento de entrevista com Reyel (6 anos),
identidades, participaram de treze sessões de um dos sujeitos do estudo, ilustra esse pensamento
psicocinética adaptada para o currículo escolar. As quando lembra palavras que escreveu pulando nas
atividades foram realizadas com autorização dos sílabas desenhadas no chão durante uma das
pais1 . As atividades apresentaram caráter lúdico e brincadeiras com os colegas:
envolveram jogos de cooperação, brincadeiras e
contato exploratório com objetos psicomotores (...) uva, ovo, vaca. Quero que a gente
construídos com material reciclável, que as crianças continue brincando assim. No recreio...
manipulavam livremente. Nessas atividades assim, quando a gente sair da aula, antes
de ir, a gente podia brincar!
descobriam diversas possibilidades de interação
com os objetos, consigo mesma, com as outras
Em outro recorte de entrevista, Miteiel (7 anos)
crianças e com o meio2.
revela suas impressões sobre as atividades lúdicas:
Os dados da investigação foram coletados por
“me ajuda a ler e escrever. O meu nome. Oh! Eu
intermédio de oito entrevistas semi-estruturadas,
não sabia o T e o E. Agora eu sei.” Para a criança,
três observações prévias, treze observações
parece que tudo se torna mais claro quando utiliza
participantes (MOREIRA, 2002; SEIDMAN,1991),
seu corpo como base para a compreensão que busca
anotações de diário de campo (WAGNER, 1998), e
sobre as coisas.
documentos produzidos pelas crianças, como
Faz-se essa reflexão buscando em Fonseca
desenhos e textos escritos. Para a análise dos dados
(1981, p.97) que “atrofiar a imaginação da criança,
utilizou-se o método compreensivo-psicológico de
impondo uma orientação é bloquear toda a
base fenomenológica (BERNARDES, 1991;
plasticidade adaptativa que se pretende adquirir”; o
GIORGI, 2001; MERLEAU-PONTY, 1999).
ser humano deve ser visto em sua totalidade,
permitindo que se abra para o mundo. É necessário
oferecer ao aluno oportunidades que lhe permitam,
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ao mesmo tempo, conhecer e fazer despertar suas
Após a análise fenomenológica dos dados inúmeras formas de linguagem, de comunicação, de
coletados emergiram onze essências: construção do seu relacionamento com o meio, com
1. Construção do vocabulário lingüístico, objetos e pessoas.
escrito e psicomotor no brincar – revela-se como 2. Independência e senso de sentir-se útil
um fator importante para o desenvolvimento da mediante a evolução de aquisições instrumentais
criança como pessoa, pois demonstra que, – representa uma preocupação positiva dos sujeitos
da pesquisa, que buscam afirmação e segurança
1 perante o mundo dos adultos, objeto de referência
Os pais assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido fornecido pela pesquisadora. para seu crescimento e desenvolvimento global. As
2
A descrição dos jogos e brincadeiras se encontram em
aquisições da linguagem escrita e da leitura são
TUBELO, Liana Cristina Pinto. Psicocinética e brincar: necessárias para que possam identificar as coisas e
construção do vocabulário lingüístico, escrito e psicomotor os lugares que fazem parte do universo
da criança. Porto Alegre, 2004. 218f. Dissertação (Mestrado sociocultural, pois é uma maneira de sentirem-se
em Educação) – Faculdade de Educação, Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
inseridos e pertencentes ao meio social. As crianças,

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em suas verbalizações, demonstram saber que a próprias descobertas, percebe a existência de


linguagem escrita é um instrumento para o objetivos comuns no grupo de convívio escolar.
desenvolvimento pleno da pessoa, com o qual se Dessa percepção surge o interesse em auxiliar seus
capacitam para cumprir suas futuras funções iguais, descobrindo juntos os significados das coisas
profissionais e sociais quando chegarem à fase e do vivido. Essa vinheta pretende exemplificar o
adulta. que se descreve, relatando o fenômeno vivido
Reyel (6 anos) e Nanael (8 anos) mostram durante a observação da quarta sessão de
perceber a linguagem escrita e a leitura como uma Psicocinética:
forma de poder identificar as coisas e os lugares por
onde andam: No pula – minas de sílabas3, Immaiah (7
anos), Asaliah (7 anos), Reyel (6 anos),
Daí a gente pode ir nos lugares e a gente Achaiah (7 anos), Miteiel (7 anos) pulam
pode ver se é um restaurante, sim ou não. de uma sílaba para a outra formando
Pode ver se está aberto ou fechado. Uma palavras pequenas, como: boca, chá, bola,
vez o pai tava sem óculos, daí ele não vela, macaca, macaco, bobo, coca. Cada
enxergava direito, porque a letra era um pula os quadros contendo sílabas,
miudinha e a mãe não tava junto, né. A observando que palavras podem formar.
gente tava num restaurante, aí ele: ‘Reyel, Os colegas dão sugestões, olhando de fora
lê aqui pra mim.’ Daí era ABERTO que do jogo. [...] Miteiel olha ao seu redor,
tava escrito (Reyel). após ter pulado no quadro que contém o
VE. Logo ele enxerga o LA que está bem
Nanael acredita que saber ler e escrever é longe do quadro em que se encontra e pula
importante: com os dois pés. [...] Enquanto outro
colega pulava, Miteiel diz: “Miguel, ali, ó!
Porque depois a gente vai pra faculdade. Pula PI-CO-LÉ.
Quero estudar pra andar de moto”.
Pergunto a ele por que tem de estudar pra Colello (1990, p.87) assinala que o sistema de
andar de moto. “Porque tem que tirar alfabetização escolar possui “uma linguagem
carteira! própria que, do ponto de vista da criança, falha
enquanto meio de expressão e comunicação”. A
Os relatos são ricos e surpreendem pela escola precisa permitir ao aluno aventurar-se no
responsabilidade implícita em seus anseios pelo imenso universo da comunicação. Precisa-se
domínio dessas aquisições instrumentais. Le Boulch considerar que a linguagem, falada, escrita, gestual
(2001) lembra que a insegurança e a ansiedade e gráfica representa a expressão do percebido,
perturbam a função normal de equilíbrio da pessoa e conforme Merleau-Ponty (1990). Segundo Furlan e
que crianças com função de equilíbrio normal, Bocchi (2003), é no comportamento que o indivíduo
muitas vezes, experimentam dificuldades ou encontra sentido e atribui significação em acordo
situações bastante difíceis para a sua capacidade, com seus atos intencionais.
com o simples intuito de superar e provar que são Luria (1986, p.28) afirma que existe sentido
capazes de cumprir uma tarefa de grande para a palavra, os sons, as cores, ou qualquer
dificuldade. Montessori (1949, p.249) defende que a conceito que o adulto queira transmitir à criança,
criança expressa o desejo e a busca de desde que ela atribua referência objetal ao que se
independência durante a aprendizagem e seus atos quer que ela escreva ou diga. Ou seja, a criança
exploratórios. Elas respeitam a necessidade precisa fundamentar e encontrar sentido para a
essencial “de não ser ajudada(s) inutilmente” pelos construção de uma palavra ou a combinação de
outros, quando o desafio e a diversão estão em determinadas letras, através da associação com o
vencer os obstáculos e descobrir-se capaz. seu mundo vivido, o seu universo pessoal, os seus
Ao mesmo tempo, observa-se a projeção que as gestos, a sua forma de ver e sentir as coisas. “A
crianças constroem entre as ações que executam palavra, célula da linguagem, não possui”, porém,
hoje e as que farão em sua vida adulta, exclusivamente raízes afetivas, “[...] a palavra,
demonstrando que fazem relação de causa e efeito,
e do futuro, como conseqüência do presente vivido. 3
Pula-minas de sílabas é um jogo de amarelinhas adaptado,
3. Compreensão dos signos e valor da ajuda desenhado com giz no chão, no qual as crianças criam
mútua na busca do significado – demonstra o regras e pulam as sílabas que se encontram nos quadrados
contexto solidário da criança que, em busca de suas (TUBELO, 2004).

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como signo que designa objeto, surge do trabalho, brigar com os colegas, não subir no muro para que
das ações com objetos”. A palavra tem caráter não se machuquem. Assim se manifesta sobre o
simpráxico, ou seja, se constrói na situação vivida. tema:
4. Movimento simbólico sem limites – revela (...) brinco bem direitinho. Quando a gente
o desejo infantil de vivenciar suas experiências sem quiser brincar de esconde-esconde a gente
limitações, sem repressões, porquanto as crianças brinca, mas não pode brigar. Se subir em
desejam manipular suas experiências ao seu modo. cima do muro e cair, não brinca mais.
Elas demonstram interesse pessoal em melhorar
seus conhecimentos matemáticos, de escrita e As regras sociais são necessárias para que o
leitura, desenvolvendo atividades lúdicas fora do convívio entre os iguais seja pacífico e para que o
ambiente escolar. Em seus lares trocam respeito pelo outro seja cultivado. Entretanto, as
experiências com familiares e apreciam a leitura de crianças demonstraram se sentirem “presas” às
livros infantis porque estimulam seu imaginário regras pelo contrato de coerção e punição.
simbólico, contudo, os adultos lhes impõem regras Ao ser perguntado sobre as atividades que
sociais para brincar: a professora, os pais e demais realizou e sua opinião a respeito da idéia de realizar
familiares. Brougère (1995, p.78) acredita que, uma gincana competitiva com brincadeiras e jogos
através da brincadeira, a criança encontra uma durante a Semana da Criança, Nanael (8 anos)
maneira de escapar à vida limitada e regulada que o respondeu: tá, sora! Mas depois nós vamos brincar,
mundo lhe impõe, uma forma de “se projetar num né?” A pesquisadora explicou-lhe: “mas vamos
universo alternativo excitante”, no qual conduz suas estar brincando também!” O menino então suspirou
ações e se autoriza a experimentar sensações, “onde e disse: “tá bom!!”
a ação escapa das obrigações do cotidiano”. A fala de Nanael vai ao encontro do
Leontiev (2001) ressalta que não é a imaginação a mencionado em estudos anteriores por Brougère
impulsionadora da ação durante uma brincadeira, (1995) e Leontiev (2001): brincadeira orientada, no
mas, sim, a situação e as condições em que ocorre olhar da criança não é brincadeira. Neste tipo de
essa ação, tornando-a necessária e dando origem à atividade ela não possui controle nem autoria, não
imaginação. A criança usa o imaginário simbólico possui liberdade para sentir e fazer o que seu
para configurar a situação vivida dentro dos moldes imaginário deseja. De acordo com os autores,
em que ela deseja viver a experiência, não cerceada permitindo que sejam despertadas as imagens
pelos adultos. interiores da criança, se permite também que a
Aladiah (6 anos) demonstra gostar de realizar criatividade se desenvolva.
atividades motoras no pátio da escola e deseja muito 5. Desconstrução e reconstrução do
brincar em um carretel gigante de madeira que se aprendido através do brincar – representam os
encontra no pátio, com o qual os meninos significados reconstruídos nas ações lúdicas, das
costumam brincar. No entanto, a professora titular quais as estruturas significantes resultam e se
não lhe permite brincar, porque receia que se constituem nas informações contidas na história
machuque; além disso, sua mãe insiste para que não prévia da criança, somando-se ao vivido e
suje suas roupas na escola. São esses os motivos transformando-se em aprendizagem significativa.
pelos quais não podia participar de algumas As experiências das crianças em busca do
atividades das sessões de Psicocinética, como conhecimento se misturam às experiências vividas
ilustra o fragmento de sua entrevista: em seus lares, onde gostam de brincar de escolinha.
Gostam de socializar suas aprendizagens com
(...) eu não queria me arrastar no chão outrem, amigos e familiares e percebem sua
porque eu tô com a roupa limpa e não satisfação com a brincadeira como um motivo para
posso me arrastar no chão.” [...] “Gosto aprender mais na escola, descobrindo outras formas
de vir pro pátio. Queria brincar naqueles de utilizar o aprendido.
negócio redondo (carretel gigante de Luria (2001, p.101-102) ressalta que, ao entrar
madeira que tem no pátio da escola). Esses na escola, a criança “já possui suas próprias
dias eu vi os guris subindo lá. habilidades culturais” e é de posse dessas
habilidades que “ela modela sua própria cultura
Miteiel (7 anos) lembra que sua professora primitiva” e, “embora não possua a arte da escrita,
titular impõe regras de convívio social para que o ainda assim escreve; e ainda que não possa contar,
menino e seus colegas possam brincar, como: não ela conta, todavia”. Posteriormente, com o apoio

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das novas experiências, calcadas na formalidade do fenômenos constantemente percebidos entre e nas
currículo escolar, a criança passa a codificar e crianças, assim como as representações simbólicas.
decodificar os símbolos do mundo social, códigos Os jogos psicomotores desenvolvem percepções
esses que o adulto insiste em lhe transmitir. Sobre conscientes quanto ao espaço e aos ajustamentos
isso, Aladiah (6 anos) afirma: necessários para a melhoria de performance durante
a brincadeira.
Já sei todo o abecedário, eu sempre fazia As crianças observam seus colegas e
isso em casa. [...] Brinco de escolinha, reproduzem as atividades que os atraíram ou
também, de noite. A Solange me ensina a
despertaram interesses particulares, revelando
fazer as coisas da folhinha. Depois a gente
brinca de escolinha. Depois ela tá me representações simbólicas, como a tábua de
ensinando a lê agora. Só que eu não sei ler equilíbrio, que se transforma em skate, e a esteira de
ainda, eu sei lê algumas palavrinhas. puxar, que imaginam ser uma prancha de surf. Em
outra situação, ao perceberem que seus espaços
É pertinente observar que o tema de casa, para a estão limitados, as crianças procuram outros locais
menina, constitui-se uma tarefa formal ou trabalho a no pátio para brincar com liberdade.
cumprir, por isso, depois de cumprida, é que, Merleau-Ponty (1999) destaca que o corpo
finalmente, “brinca de escolinha”. Brincadeira que oferece um meio de sentir o mundo e ser o próprio
acontece a seu modo, sem orientação de outrem e é, mundo no espaço e no tempo, representando o que o
neste momento, que a aprendizagem torna-se próprio corpo sente no espetáculo do instante vivido
consciente, reconstruindo os conhecimentos no espaço-tempo. Duas vinhetas de observação da
anteriormente apreendidos e construindo elos com segunda sessão de Psicocinética ilustram a
novas informações. Dessa maneira, a criança vai afirmação do filósofo:
desenvolvendo e transformando os processos
mentais elementares em superiores, como afirma Aliadiah (6 anos) tenta girar a tábua de
Vygotsky (1988). equilíbrio, mas não tem muito êxito,
Geist (2001) sustenta que cada experiência é perdendo o equilíbrio. Ela tenta imitar o
um renascer, desconstruindo o vivido e feito de Daniel, que antes de ela pegar o
brinquedo, estava brincando de girar a
reconstruindo novos saberes. Por outro lado, é
tábua executando 180º com o aparelho [...].
impossível dizer, segundo Mier (1989), que uma Após a tentativa de Aladiah, ela e Achaiah
experiência baseada em outra, reconhecendo que a (7 anos) resolvem brincar de gangorra em
vivência atual carrega impressões de vivências cima da tábua de equilíbrio, quando uma
anteriores, desconstrua efetivamente estruturas desce a outra sobe, e vice-versa. As duas
significantes. Desse modo, crê-se aqui, que a dão muitas risadas, elas percebem que
representação simbólica, presente no mecanismo precisam dar um impulso para que o peso
infantil de assimilação e acomodação do vivido, de uma supere o peso da outra a fim de
preserva a estrutura significante do que é deslocar o aparelho de cima para baixo.
verdadeiramente significativo para ela, Grande parte do grupo se concentra na
transformando os demais elementos da experiência esteira de puxar. Algumas duplas estão
(sentido, sentimentos e ações), conforme seu constituídas por casais, outras por duplas
interesse, imaginação e criatividade, em percepção de meninos. Observo que normalmente não
do real no seu mundo vivido. O jogo, o brinquedo e se formam duplas de meninas, talvez por
a experiência vivida, então, terão um novo olhar, esta atividade requerer uma força maior
um novo enfoque e um novo contexto social, para deslocar o colega que está sentado no
relacional e afetivo para a criança, pois ela re- pano. Quando há meninas puxando, elas
significa a aprendizagem a cada novo momento puxam em duas, exercitando a atividade
vivenciado, sob seus próprios moldes e controle. em trio. Nos casais, observo que os
meninos puxam as meninas. [...] Elemiah
6. Psicomotricidade e brincar no (7 anos), que está sendo puxada por Ariel
desenvolvimento da percepção consciente – (7 anos), fica de pé na esteira e simula uma
mostra a tomada de consciência da criança sobre postura corporal de surfista em cima de
suas ações, revelando-se na atividade lúdica em uma prancha, dobra os joelhos e se percebe
meio ao universo exploratório, na qual testa suas mais segura na evolução do movimento de
possibilidades, ajustando-se e desenvolvendo suas deslocamento da esteira no chão. Ela pede
habilidades. A observação e a imitação são

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para seu parceiro: “Não corre!!!” Sorri, Mebahiah (7 anos) é canhota, um


feliz com seu feito. componente que traz inúmeras situações
diferentes a sua compreensão do mundo da
Le Boulch (2001) explica que por meio do linguagem, pois a lateralidade é importante
diálogo tônico existente entre os participantes da para a sua orientação. A menina desenha
experiência, diálogo que se prolonga por conta da (na massagem alfabética) a letra,
dimensão afetiva de imagem de corpo, a criança começando no sentido contrário (da direita
identifica e interioriza aspectos do outro, integrando para a esquerda), o que a professora titular
somente descobriu através dessa
posturas, o que a levará a sentir o outro no seu
brincadeira. A forma como ela desenhou a
corpo, graças ao seu próprio jogo tônico. A esse letra N em letra cursiva com o dedo nas
estágio de assimilação sucederá um estágio de costas da colega, perturbou a percepção
acomodação no qual, de modo simbólico, a criança sensorial da mesma que recebeu o toque,
vai adquirindo uma consciência global de seu corpo, então o grupo errou na interpretação da
representando personagens, situações e re- informação. Mas a professora titular se
interpretando o vivido. Por conta disso, segundo preocupou em explicar para o grupo por
Coelho (2000, 181), é preciso dar tempo aos que havia ocorrido este fenômeno.
educandos para que interajam, para que se ajustem Mebahiah é a única canhota da turma e não
às suas próprias experiências, aos objetos e aos conseguiu compreender os signos
alfabéticos ainda.
colegas de vivência. Dar tempo para que percebam
seus corpos em movimento e consigam “ler” o que Nessa brincadeira, as crianças desenham as
sua matéria sente, pois “o brincar e a letras nas costas dos colegas, que devem decifrar o
psicomotricidade amalgamam-se num mesmo signo pela percepção tátil. A forma de brincar segue
espaço, o espaço-corpo, e que esse corpo pede outro como a brincadeira do telefone sem fio.
espaço, o espaço-tempo”. Merleau-Ponty (1990) lembra que entre eu e o
7. Subjetividades e diferenças de ritmo na outro não existem percepções análogas de uma
sala de aula – possibilidade de sintonia através mesma situação vivida, pois nunca se sabe como o
do lúdico e do diálogo corporal – demonstra o outro vê o objeto, nem mesmo ele saberá como é
ajustamento e a tomada de consciência do grupo de visto pelo primeiro, mesmo que as mensagens
convívio escolar durante as interações entre iguais e verbais sugiram com clareza o seu modo de
com a professora, as quais resultam em perceber. Contudo,
aprendizagem coletiva, construindo saberes no
vivido. As experiências que utilizam a expressão de [...] essa separação das consciências só é
gestos corporais, realizadas em sala de aula para o reconhecida depois do fracasso da
aprendizado dos signos da escrita, promovem comunicação, e nosso primeiro momento é
ajustamentos perceptivos nos alunos e na professora de acreditar num ser indiviso entre nós [...],
quando observam as diferenças de ritmo de [mas isso significaria suprimir a
compreensão entre as crianças e formas irrecusável pluralidade das consciências”
diferenciadas de interpretação da situação-problema (MERLEAU-PONTY, 1990, p.50).
proposta. As atividades que envolvem a expressão
corporal e a ludicidade evocam o espírito de O pensamento do filósofo reforça a crença de
cooperação e busca de compreensão coletiva sobre que é pela experiência dos desajustes e dos erros
um tema que seja estimulante, como, por exemplo, que se aprende a visualizar o que é “visto” pelo
brincar de construir letras com o corpo. Assim, a outro. E é pela comunicação do vivido e do sentido
professora deve observar a experiência realizada por que os ajustamentos e a compreensão acontecem.
seus alunos, a fim de perceber a subjetividade de 8. Condicionamento como fator limitante da
cada um, as diferenças e dentro destas diferenças as criatividade e segurança calcada nas vivências
sintonias existentes nas interações e diálogos prévias – revela que são oferecidas às crianças
corporais, procurando compreender a forma como poucas oportunidades de liberdade e de descoberta
as crianças desenvolvem seu pensamento e realizam do mundo pelas próprias mãos durante sua
sua ação. caminhada evolutiva; e que a diversidade de
O próximo fragmento de observação narra uma estímulos é pouco observada no meio escolar,
situação vivenciada: porquanto as crianças buscam segurança e apoio em
situações que já dominam, receando, inicialmente,

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novas sensações. Contra fatores condicionantes, associam o C ao movimento do bambolê,


Montessori (1949, p.203) defende a importância de pois começam a executar o movimento de
se permitir à criança explorar o ambiente utilizando vai-e-volta com o quadril. Alguns percebem
todos os seus sentidos, abrindo, assim, caminho a alegria das meninas do bambolê e copiam
o movimento delas.
para o conhecimento. Concomitante a essa abertura,
os sentidos estimulam as forças criativas, Apenas três ou quatro crianças optaram por
aumentando o desejo da criança pelo movimento desenhar no plano vertical, mas utilizando como
exploratório. Para a autora, a criança que referência as letras desenhadas em um quadro-negro
desenvolve habilidades por meio do uso de seus (que se encontra na parede externa à sala de aula, no
sentidos está preparada para aprender a ler no espaço coberto do pátio da escola), e mantendo
ambiente e na natureza todas as coisas, é o “alfabeto maior amplitude. As letras mais escolhidas foram as
da exploração”. conhecidas e exercitadas pelos sujeitos em sala de
É importante mostrar ao educando que há aula. Os segmentos corporais mais utilizados foram
possibilidade de ver o erro como um fator de as extremidades dos segmentos superiores e
construção do conhecimento. A criança aprende inferiores. A partir do exemplo oferecido, as
testando probabilidades, criando hipóteses, e se crianças demonstraram perfeita compreensão sobre
ajustando às situações ou condições para chegar à o que foi proposto e, assim, realizaram associações
melhor solução para um determinado problema. com o mundo simbólico de suas vivências prévias,
Entretanto, a sociedade está acostumada a impor tais como desenhar a letra C e O utilizando o
certas normas ou condições para que sua movimento circulatório do quadril, como se
aprendizagem ocorra. Freqüentemente, os adultos estivessem rodando um bambolê. Esse tipo de
utilizam expressões como: “Isto não é assim, é desta comportamento deixou evidente o caráter lúdico
forma”, “não, deixa que eu te ensine”. O adulto que as crianças imprimiram à atividade. Emitiram
tende a ensinar a criança antes de permitir que ela sons de avião ao desenhar e verbalizar o fonema
descubra sozinha e teste seus próprios limites. correspondente à letra, e desenharam as letras
A vinheta seguinte mostra a importância da pulando e se agachando.
atitude aberta e tolerante do adulto em relação às 9. Sala de aula como espaço lúdico, criativo e
construções das crianças. Trata-se da atividade promotor de aprendizagem significativa –
“ginástica do alfabeto” na qual desenham as letras expressa o desejo, a possibilidade e, sobretudo, a
no ar utilizando partes do corpo como referência necessidade de tornar o ambiente escolar um local
simbólica do lápis: para aprender brincando, quando pode sentir o
Alguns desenham no plano vertical e com prazer de descobrir o conhecimento por meio do
pequena amplitude, outros desenham no universo simbólico do jogo, da imaginação e da
plano horizontal no chão também com fantasia inerentes ao mundo infantil, muitas vezes
pequena amplitude. Somente dois ou três esquecido pelo adulto. Os sujeitos experimentam a
mantêm em seus desenhos amplitudes sala de aula como espaço lúdico, no qual interagem
maiores. As letras escolhidas são as vogais com os colegas criando movimentos, gestos e
e as consoantes mais conhecidas como o C, mímicas para interpretar o conteúdo das cartas de
S, T, L. Os segmentos corporais mais jogo de memória, ou seja, os alunos assumem o
utilizados são dedo indicador, pé usando a papel de cartas do baralho de memória. A
ponta, mão toda. Agora intervenho
brincadeira permite que eles atuem como
solicitando que desenhem no ar o M
maiúsculo com o umbigo, eles então me competidores cúmplices e cooperadores ou
olham surpresos e emitem risadas. Resolvo parceiros de seus colegas em inúmeras situações
demonstrar como é possível. Coloco-me à que se criam ao longo do jogo. Com isso, as
frente deles e desenvolvo o movimento de crianças têm a oportunidade de sentir o jogo em
meu corpo com grande amplitude e em suas diversas dimensões: a competitiva, a
espelho para que eles consigam perceber a cooperativa, a individual, a simbólica.
letra do lado certo. [...] A partir deste O jogo, como descreve Huizinga (2001, p.7), é
exemplo, parece que se tornou mais fácil o
para eles entender que todo movimento é [...] primeiro e supremo instrumento que o
permitido. E que a criatividade é mola homem forjou a fim de poder comunicar,
mestra nesta atividade exploratória do ensinar e comandar. É a linguagem que lhe
próprio corpo. Três meninas provavelmente

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permite distinguir as coisas, defini-las e associadas aos jogos que desenvolvem habilidades
constatá-las. motoras proporcionam às crianças um novo olhar
sobre a língua escrita e a leitura. A aprendizagem
Cada indivíduo elabora sua própria forma de se acontece de forma solta, natural, os participantes
expressar. No jogo são construídos significados interagem, trocam idéias, se ajudam mutuamente na
para coisas reais e irreais, pois permite representar busca de soluções com um objetivo comum ao
ludicamente situações do vivido ou transformá-las grupo: brincar. O ser humano se desenvolve com
simbolicamente para que possam ser aceitas ou plenitude, no seu contexto social, relacional,
entendidas. O jogo possui função social, uma vez intelectual, afetivo, cognitivo e psicomotor.
que reproduz o mundo real visto pelo paradigma da Montessori (1949, p.252) contribuiu, com seu
ludicidade e do faz-de-conta. método sensório-motor, para a formação de uma
Nas atividades em que as crianças são os atores nova Pedagogia, com base na interação e na
do jogo, ou seja, em que fazem o papel de peças construção do conhecimento pelo próprio sujeito.
móveis e interativas (jogo da velha gigante, por Para a autora, “existe entre as crianças uma forma
exemplo), o componente simbólico é vivido com clara de fraternidade, calcada sobre um sentimento
bastante intensidade, sugerindo que elas preferem mais elevado que cria a unidade de grupo”. Nessas
ser parte do jogo, influenciar e agir diretamente no situações elas se encontram normalizadas e
andamento imaginário da brincadeira. Preferem não integradas umas às outras mediante experiências
ser meros espectadores, como em um jogo de livres, nas quais lhes são permitidos a autonomia
tabuleiro, no qual somente mexem as peças para corporal, o diálogo verbal e demais formas de
jogar e não as vivenciam. Como revela Reyel (6 expressão, sentindo e agindo como grupo.
anos) nesse recorte de entrevista: Exemplificando o que foi dito, é descrita uma
situação vivida em sessão de Psicocinética, na qual
[o jogo] é de pessoas. [...] daí eu fiquei as crianças exploram as situações elaboradas pela
bom, fiquei melhor. Não fiquei fraco que
mediadora: três jogos desenhados no chão com o
nem todos os dias. Assim, de vez em
quando eu ganhava, sabe. Daí eu me senti uso do giz de quadro-negro. Elas se agrupam nas
bem. brincadeiras, executando formas que criam para
jogar, enquanto algumas observam e depois imitam
Para Starepravo (2003, p. 22), o jogo precisa ser ou desenvolvem diferentes alternativas para brincar
“interessante”, deve representar desafios para as com os jogos. Os jogos desenhados estão
crianças. Lembra que durante os jogos ou relacionados ao conhecimento de sílabas e
brincadeiras podem ocorrer conflitos e estes podem numerais. Cada grupo demonstra organização de
ser geradores de aprendizagens variadas, “além do pensamento no processo de criação de regras sociais
desenvolvimento de estratégias e atitudes para e na produção do conhecimento, utilizando, como
solucioná-los”. A autora ressalta essas atividades referência, o que está contido nos jogos e os
cumprem seu potencial didático somente se forem próprios conhecimentos prévios de cada
utilizados para problematizar e não para “fixar” participante.
conteúdos curriculares.
No pula-minas de números, as crianças se
O uso de conteúdos curriculares nos jogos deve organizaram em coluna para pular uma a
ser tácito, de forma que esses não se constituam o cada vez. A maioria dos meninos se
tema principal da atividade. As crianças podem encontra no pula-minas de números que
brincar com os objetos de interesse curricular, que escolheram como regra do jogo firmada
poderão ser aprendidos espontaneamente e entre eles, pular em ordem crescente.
intencionalmente e não induzidos arbitrariamente Daniel pula no um e em um pé só,
pelo professor. sustentando o outro no ar, procura localizar
10. Aprendizagem cooperativa: o jogo com o número dois, e os restantes. [...] Os
um sabor diferente – remete às diversas facetas do outros observam tranqüilamente seu
desempenho. Na vez de Gabriel, ele pula
jogo e do brincar que se revelam construtores do
mais rápido, pois já teve tempo de observar
desenvolvimento global do indivíduo, em sua a localização dos números, mas pula com
dimensão cognitiva, sociocultural, afetiva, os dois pés juntos e, ao chegar no número
intelectual, e cooperativa. Atividades que 20, começa a voltar. Os outros colegas
contemplam o conteúdo do programa curricular, reclamam e ele pede permissão: “Ah!

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Deixaa!!” Os colegas consentem: “Mas o sujeito se expõe e se propõe ao encontro


vem rápido!!!” [...] No pula – minas de do outro (PERUZZOLO, 2002, p.220).
sílabas, Asaliah, Immaiah, Reyel, Elemiah,
Rafael pulam de uma sílaba para a outra Segundo Junqueira Filho (2003, 76), para a
formando palavras pequenas como: boca, concepção semiótica de Charles Pierce, a linguagem
chá, bola, vela, macaca, macaco, bobo, é “toda e qualquer realização e produção humana e
coca.
da natureza”, suas propriedades e funcionamento,
Os sujeitos trocam de jogo quando cessam seus verbal e não-verbal. Todas as atividades são
interesses exploratórios pela atividade que realizam. consideradas linguagem: os registros das crianças e
Contudo, quando um novo estímulo é fornecido dos professores; a forma como se olham; “os
pelo professor-mediador, na intenção de criar novas cruzamentos de movimentos, cores, formas,
situações-problema, é criado um novo clima humores, valores, culturas”; os processos de
energético na brincadeira, principalmente quando há produção de vida dos atores envolvidos nas relações
um componente competitivo implícito. pessoa/pessoa e pessoa/mundo; marcadas nos
Segundo Amaral (2004), nos jogos de gestos, nos desenhos, nas pinturas, nas danças, nas
cooperação promove-se o compromisso, a canções, nas histórias, no brincar, no jogo, nas falas,
confiança, a auto-estima, a cumplicidade, a nas perguntas e nas respostas, na escrita, nos medos,
solidariedade e o respeito mútuo. Neste tipo de na resistência, e nos silêncios.
atividade a sensibilidade ao outro é aumentada, e a Durante o momento final da sétima sessão,
agressividade é reduzida. Isso porque todos os espontaneamente, as crianças realizaram gestos e
participantes são convidados a acolher as diferenças mímicas ao invés de falar o que sentiram ao
e limitações de seus parceiros de jogo. vivenciar as atividades propostas para o encontro.
O jogo apresenta-se como base para a mudança Uma menina manifestou essa forma de expressão
das necessidades e da consciência do ser humano. A em primeiro lugar e os outros a seguiram:
criança tem a possibilidade de operar com o Elemiah faz gestos de abraçar e jogar
significado de suas ações. Isso resulta em vontade beijos, depois pula para frente e para trás.
de se tornar consciente de suas escolhas e decisões, Nanael também pula para frente e para
e também de socializar esta vontade, o que resulta trás. Reyel desenha no ar as figuras
em ajustamentos necessários dentro do grupo que geométricas que formamos lá fora e diz:
joga, para que os limites de todos sejam respeitados “Sora, com esse e esse dá pra desenhar
e para que a atividade realmente aconteça. uma casa” (referindo-se ao quadrado e ao
11. Diferentes linguagens na semiótica do triângulo). Gabriel pula para frente e para
pensamento infantil – evidencia as múltiplas trás. Immaiah pula de lado, como se
estivesse pulando o elástico no jogo
formas de se exprimir que a criança possui e o
tradicional. Aladiah dá uma corridinha e
prazer dessa expressão. As crianças se expressam pula para frente.
principalmente pelo corpo, pois, quando querem
compartilhar seus pensamentos com outrem, As crianças perguntam-me se podem
utilizam recursos mímicos, gestuais, olhares desenhar o que fizeram hoje, como em
expressivos e atividades corporais ricas em outras sessões. Eu digo que sim e, após o
simbolismo, para que suas palavras ou mensagens recreio, eles desenham e me entregam.
sejam compreendidas e decodificadas. Elas
apreciam a expressão gráfica e pictórica, bem como Quando há um clima de liberdade e prazer, as
todo o movimento de livre expressão corporal. crianças agem por pulsão criativa, ou seja,
Por meio de sua expressão, seja qual for o tipo manifestam uma vitalidade criadora que é motivada
de linguagem de comunicação, a criança se produz pelo desejo de expressar suas emoções, como
e por ela é produzida. Sua forma de expressão explica Jódar e Gómez (2002). O momento descrito
contém sentimentos, ansiedade e desejo, pois acaba se transformando em mais uma vivência
lúdica, por meio da qual os alunos revelam seus
a linguagem não é apenas um meio de sentimentos e os modos como percebem a
comunicação, enquanto constrói as experiência. Realizam novas associações e
realidades Semióticas, é também um constroem novos momentos de aprendizagem, num
mecanismo de expressão pessoal pelo qual plano puramente relacional. A situação descrita vai
ao encontro do que Le Boulch (2001) denomina

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como função energética da ação, acionada pelo Pode-se concluir que as “lacunas abertas” das
estímulo do sistema límbico. Esse sistema, crianças que apresentam dificuldades na
localizado no sistema nervoso central, coordena e interpretação e construção de suas aquisições
organiza as emoções e os comportamentos instrumentais, se encontram na pouca valorização
motivados dos indivíduos. das diversas linguagens que utilizam para se
A criança é “sujeito da palavra em processo”, é expressar e nas oportunidades insuficientes do meio
sujeito em movimento, afirmam Jódar e Gómez escolar para que elas se expressem.
(2002, p.41). E, de acordo com Deleuze e Guattari Quanto à visão das crianças sobre o universo
(1997, p. 129) simbólico que o signo escrito promove entre seu
mundo infantil e o adulto, foi possível perceber
[...] esse movimento que arrasta a língua e sentimentos de angústia durante sua busca pela
traça sempre um limite diferido da compreensão da linguagem escrita que lhes permite
linguagem não se deixa escrever na escrita sentirem-se pertencentes ao meio social,
formalizada e está sempre por ler,
disciplinado e regrado pelo adulto. Regras e normas
emergindo de modo inesperado em outras
linguagens que não a falada, mas que nela que devem adotar e se adaptar. Nesse processo, as
se baseia ou se completa. crianças utilizam o seu universo lúdico e rico em
simbolismos para converter as informações e regras
Conforme Junqueira Filho (2003), a criança é transmitidas pelos adultos ao seu mundo imaginário
falada por suas ações, por suas histórias reais ou sob seu controle e autoria. O mundo do faz-de-
imaginárias, pelo que gosta e pelo que não gosta de conta, do brincar de escolinha, dos jogos de
realizar, pelas situações que vive e às quais reage, imitação e jogos de regras sociais, onde elas
resiste, evita ou se entrega. Os indivíduos são mesmas instituem os limites. Essas reflexões foram
falados a todo o momento pelas múltiplas observadas nas descrições do movimento
linguagens das quais fazem uso para expressar sua simbólico sem limites e da desconstrução e
existência no mundo e sua percepção sobre ele. Esta reconstrução do aprendido através do brincar.
percepção, a leitura que o indivíduo faz do Durante a pesquisa observou-se que, na medida
percebido é baseada nas vivências e conhecimentos em que as crianças manipulavam os brinquedos
que possui. psicomotores, jogavam e brincavam e lhes era
permitida a utilização de diferentes formas de
expressão corporal na qual os signos escritos
CONCLUSÃO estavam constantemente presentes, elas produziram
significados e aprimoraram o movimento
Os resultados do presente estudo demonstraram psicomotor necessário ao desenho da letra.
a imprescindível necessidade de se propiciar aos Os signos escritos se internalizaram com maior
educandos diversos tipos e formas de vivências facilidade quando foram envolvidos em atividades
corporais, visuais, auditivas, ou seja, estimular a lúdicas, nas quais se misturaram à subjetividade de
criança através do exercício de seus sentidos para cada criança. Nessa atividade, lançada aos
que sejam desenvolvidas as habilidades ajustamentos corporais necessários para o
psicomotoras que se constituem requisitos para o desenvolvimento do seu brincar, a criança descobre-
aprendizado formal da linguagem escrita, da leitura se sujeito de ação intencional. Sobre o tema, Colello
e das operações lógico-matemáticas. Observou-se, (1995, p.22) considera que
inclusive, que mediante brincadeiras e jogos
pertencentes ao universo lúdico e simbólico infantil, [...] a relação entre educação corporal e a
conquista da escrita não se explica pelo
a criança consegue uma melhor compreensão e propósito específico de habilitar a mão que
construção de significados para o que é apreendido. desenha as letras.
Isso foi percebido na essência que focalizou a
construção do vocabulário lingüístico, escrito e A relação entre educação corporal e escrita se
psicomotor; bem como naquela que tratou de explica pela promoção do esforço de cada um em
reflexões sobre a psicomotricidade e o brincar no expressar suas idéias de diversas e múltiplas formas
desenvolvimento da percepção consciente e, em manifestações que podem, inclusive, ser
ainda, na que descreveu as diferentes linguagens escritas.
na semiótica do pensamento infantil.

Rev. Teoria e Prática da Educação, v.9, n.1, p.31-43, jan./abr. 2006.


O Brincar e a Psicocinética: Construção do Vocabulário Lingüístico, Escrito e Psicomotor da Criança 42

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Boulch4, seja possível em um futuro não muito BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez,
1995.
distante, modificarem-se as políticas educacionais
COELHO, Maximila T. Ludoteca: o espaço-tempo psicomotor
públicas do país. Acredita-se que a educação pelo assegurado. In: SANTOS, Santa M. P. (Org.). Brinquedoteca:
movimento e pela expressão em todas as suas a criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis: Vozes, 2000. 179-
formas deva se fazer presente na formação escolar 190.
desde a Educação Infantil até o Ensino Superior. COLELLO, Sílvia Mattos Gasparian. Linguagem escrita e
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escolares continuam ainda neste início do século confronto de teorias. 1990. 149f. Dissertação (Mestrado em
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XXI, exclusivamente de orientação intelectual, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1990. 149 p.
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dominam conteúdos e os demais os suportam. Faz- DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia?
se imperativo que o sistema educacional se abra Rio de Janeiro: Ed. 34, 1997.
para a importância de oferecer oportunidades de FONSECA, Vítor da. Contributo para o estudo da gênese
construção do conhecimento, mediante as inúmeras psicomotricidade. Lisboa: Notícias, 1981.
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são capazes de criar, usando o estímulo de seus expressão e linguagem em Merleau-Ponty. Estudos de
sentidos, sensibilidade e função energética, Psicologia, Natal, v.8, n.3, p.445-450, set./dez. 2003.
motivadas pela afetividade e pelo prazer de sentir-se GEIST, Ingrid. Juego, estado del sentir y experiência em el
ritual. Significação: Revista Brasileira de Semiótica do Centro
bem, produzindo sua própria história e cultura. de Pesquisa em Poética da Imagem, São Paulo, n.15, p.29-67,
Cabe lembrar, como Le Boulch (2001), que a ação e jun. 2001.
o movimento humano presentes em toda forma de GIORGI, Amedeo. Método psicológico fenomenológico:
aprendizagem e que devem servir de fio condutor alguns tópicos teóricos e práticos. Educação: Revista da
para o desenvolvimento da pessoa como unidade, Faculdade de Educação da PUCRS, Porto Alegre, v.24, n.43,
envolvendo o corporal, o mental, o afetivo e o p.133-150, 2001.
intelectual, não esquecendo a função simbólica HUIZINGA, Johan. O jogo e a competição como funções
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imanente à representação mental. São Paulo: Perspectiva, 2001. p.52-87.
A pesquisadora descobre-se, ao final deste
JÓDAR, Francisco; GÓMEZ, Lúcia. Devir-criança:
estudo, ensinante-aprendiz e aprendiz-ensinante, experimentar e explorar outra educação. Educação &
posição na qual o mundo é nossa escola e o Realidade: Revista da Faculdade de Educação da UFRGS,
movimento, nosso livro didático. Em nosso corpo, Porto Alegre, v.27, n.2, p.31-45, jul./dez. 2002.
escreve-se e se pode ler nosso passado, presente e JUNQUEIRA FILHO, Gabriel de A. Educação infantil e as
futuro, legado que deixaremos aos nossos múltiplas linguagens: o quebra-cabeça que é jogo de trilha. In:
MELO, Marcos M; RIBEIRO, Luciana A. Temas em
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Quando conseguiu a instauração do Terceiro Tempo infantil. In: VIGOTSKII, Lev S.; LURIA, Alexander R.;
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Endereço para correspondência: R: dos Narcísios, 3677 – Núcleo São José – CEP: 95555-000 – Capão Novo-RS. E-mail:
lianatubelo@terra.com.br

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