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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

DISCIPLINA: HISTÓRICA CONTEMPORÂNEA I

DOCENTE: HELDER DO NASCIMENTO VIANA

DISCENTE

FELIPE DA SILVA NUNES

FICHAMENTO

Natal, RN

2017
Fichamento do texto: “Figuras e papéis” de Michelle Perrot

A França foi palco da maior revolução antes vista na história da humanidade.


Castelos foram queimados, reis depostos e decapitados, e uma imensa massa de
trabalhadores inundaram as ruas francesas entusiasmados com os acontecimentos. Os
fatos que desenrolar a partir da Revolução Francesa vai influenciar todo o mundo e
gerações por gerações. O advento da Revolução em termos culturais, não significou
uma ruptura de imediata com o passado. Neste sentido, o artigo escrito pela historiadora
Michelle Perrot “Figuras e papéis”, escrito para o quarto volume da edição A História
da Vida Privada pretende esmiuçar os hábitos e costumes da família, homens e
mulheres do final do século XIX e início do século XX. A historiadora francesa é uma
autora conhecida pela dedicação que tem dado aos estudos dos setores “marginalizados”
e oprimidos da sociedades, em busca de colocá-los como sujeitos ativos da história.
Através de uma pesquisa minuciosa de diversas fontes, Perrot constrói com autoridade
uma panorama histórico de cada um desses sujeitos. Michelle Perrot tem 89 anos, é
responsável por uma extensa produção, e é autora de livros como, “Operários em Greve,
Mouton, 1974”; “Imagens das mulheres, com Georges Duby, Plon, 1992”, Excluídos da
História, Paz e Terra, 1988”, dentre outros.

No artigo, “Figuras e Papeis” do quarto volume da edição A História da Vida


Privada, Perrot deixa claro desde o início do texto a predominância da figura masculina
sobre toda a vida social oitocentista.

“Figura de proa da família e da sociedade civil, o pai domina com toda a sua
estatura a história da vida privada oitocentista. O direito, a filosofia, a
política, tudo contribui para assentar e justificar sua autoridade.” (PERROT,
121, 1991)

Todo esse imaginário construído procura consolidar as esferas do espaço público


e privado. A sociedade dos fins do século XIX e do início do século XX cria diversas
instituições, costumes e hábitos que tentam estabelecer a absoluta superioridade
masculina em detrimento à inferioridade feminina. Neste sentido, a ideia de família
ganha um destaque cada vez mais importante dentro da sociedade, como destaca Perrot
“Se abandona o domicilio conjugal, pode ser reconduzida ao lar pela força pública e
obrigada ‘a cumprir seus deveres e a gozar dos seus direitos em plena liberdade”, isto
é, existe uma série de mecanismos que buscam garantir, inclusive de forma autoritária,
se preciso, a manutenção da mulher no seio familiar, considerado até como crime o
abandono. Em seu livro, “A dominação masculina”, o sociólogo francês Pierre Bordieu
(1999), o papel social das mulheres é tratado como objetos, representadas feito
mercadorias de bens simbólicos. Como destaca Perrot:

“O pai tem duplos poderei. Ele domina totalmente o espaço público. Apenas
ele goza de direitos políticos. A política no século XIX é definida como
domínio exclusivo do homem, a ponto de Guizot recomendar que ela fosse
retirada dos salões, femininos e mundanos.” (PERROT, 128, 1991)

Em seu celebre livro, “A Origem da Família, da propriedade privada e do


Estado”, Friedrich Engels (2006) explica que o surgimento da propriedade trouxe
consigo a opressão de classe e a opressão feminina com a subordinação da mulher a
figura paterna para garantir a transmissão da linhagem (herança) e a propriedade. Indo
neste sentido, Perrot irá destacar o surgimento da figura do filho e de que forma irá
modificar a ação da figura paterna. O filho assume o papel de herdeiro, futuro da
família, imagem projetada do pai. A figura do filho irá transcender os espectros e
familiares e será colocado ao posto de futuro da nação. A infância passaria a ser,
segunda a autora, uma zona limítrofe onde o público e o privado se tocam e se
defrontam.

“Quando surge o filho, o círculo familiar. O filho, no século XIX ocupa mais
do que nunca o centro da família. E objeto de todos os tipos de investimentos
afetivos, mas também econômicos”. (PERROT, 146, 1991)

No entanto, seria um erro pensar que o texto de Michelle Perrrot é apenas uma
afirmação da dominação masculina sobre o feminino. Apesar do domínio da figura
paterna, a virada do século XIX para o século XX traz consigo fatos que demonstram
uma afirmação das mulheres enquanto sujeitos históricos. Segundo Perrot (1991. P.138)
“Elas também dispõem de possibilidades de ação não desprezíveis, tanto mais que a
esfera privada e os papéis femininos conhecem uma constante revalorização no século
XIX”. E mais, “O feminismo, bem como o discurso da "maternidade social"
apresentado pela Igreja e pelo Estado, se introduziram nessa fenda do direito e dos
princípios”.
As ações desenvolvidas, apesar de não reverterem o curso da dominação
masculina, vão alterando minoritariamente a correlação de forças. Ao referir-se a
sociedade rural francesa Perrot destaca que os documentos analisados revelam uma
impressão geral de um relativo equilíbrio harmonioso entre os dois sexos, onde a
mulher exerce um contra poder eficaz. A historiadora revela através do estudo da
sociedade francesa, o desenvolvimento e a complexidade existente no que se refere os
papeis sociais ocupados por homens e mulheres. Apesar da existência de uma violenta e
opressora dominação masculina, as mulheres foram cavando e buscando seu espaço e
construindo ativamente sua história.

Outra ênfase importante no trabalho de Perrot diz respeito às relações que a


mulher vai construindo dentro do ambiente privado. As “tarefas” domésticas atribuídas
as mulheres evidenciam outras relações de poder.

“As mulheres, agora, administram a casa, o grande número de empregados e


a família igualmente numerosa, fruto de suas crenças católicas e, ainda mais,
das estratégias matrimoniais do setor têxtil do Norte”. (PERROT, 176, 1991)

A mulher vai conquistando um espaço importante, tendo em vista que a anos anteriores,
tinha sua locomoção completamente controlada pela família e marido. O ato de
administrar o orçamento doméstico, circular pelos espaços públicos na ida ao mercado,
determinam ações importantes da mulher, sem a figura do marido, em diferentes
espaços públicos, rompendo a barreira das quatro paredes da casa.

A análise de Michelle Perrot demonstra outro espectro do papel feminino. A


autora busca destacar a visibilidade conferida pelas ações das mulheres em busca de
desiquilibrar, mesmo que minoritariamente, a noção de poder da figura masculina. Em
outro texto, Perrot enumera diversos espaços e ações ocupado por mulheres, inseridos
no contexto social.

“os homens do século XIX europeu tentaram, efectivamente, conter o poder


crescente das mulheres – tão fortemente sentido na época do Iluminismo e
nas Revoluções, cujas infelicidades se lhes atribuíram facilmente – não só
fechando-as em casa e excluindo-as de certos domínios de actividade – a
criação literária e artística, a produção industrial e as trocas, a política e a
história – mas, mais ainda, canalizando-lhe as energias para o doméstico
revalorizado ou, mesmo, para o social domesticado”. (PERROT, 1991,
p.503).

Referências Bibliográficas

ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do Estado.


Tradução de Ruth M. Klaus: 3ª. Centauro Editora, São Paulo, 2006.

PERROT, Michelle. Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 2001 a.

________. Sair. In: DUBY, George; PERROT, Michelle. (Orgs.). História das
mulheres: o século XIX. Lisboa: Afrontamento, 1991. p. 503-540.

________. Figuras e papéis. In Perrot, M., História da vida privada: da Revolução


Francesa à Primeira Guerra, vol. 4, São Paulo: Ed. Schwarcz, 1991, p. 121-185.

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