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ALUBRAT – CAMPINAS

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA TRANSPESSOAL


TURMA VIII

MÓDULO 5

As Sete Etapas da Abordagem Integrativa Transpessoal

MARIA CLARA NOGUEIRA DE SÁ CALDEIRA

Campinas/SP
Agosto / 2018

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PROTOCOLO DE ENTREGA DE TRABALHO


TURMA VIII – 2018

Trabalho do Módulo 5 – As Sete Etapas da AIT

Aluno: Maria Clara Nogueira de Sá Caldeira

Recebido por __________________________ em_________________


TRABALHO DO MÓDULO 5

As Sete Etapas da Abordagem Integrativa Transpessoal

1) Refletir e escrever:

a) Conceitue Complexo de Jonas. Descreva o que é com suas palavras


e em sua vida. Na vida das pessoas em geral e algum aspecto
percebido ao longo das experiências realizadas no módulo.

Segundo Jean-Yves Leloup, os personagens bíblicos são expressões de


arquétipos do inconsciente. O estudo de seus temperamentos, comportamentos,
anseios, dúvidas, convicções, jornadas, vitórias e derrotas constitui vasto campo
de reflexão sobre os conteúdos da psique humana.
Maslow e a psicologia humanista fazem de Jonas o arquétipo do homem
que tem medo da realização. O homem que foge da sua vocação, da sua palavra
exterior ou dos acontecimentos numinosos. Alguns de nós encontramos esta
outra dimensão em determinadas circunstâncias, não somente por uma palavra,
mas na natureza, durante uma doença, após um acidente, através de uma
experiência amorosa, meditando ou admirando uma obra de arte. Cada um sabe
em que momento numinoso o tocou, o questionou, o inquietou, para convidá-lo
a se tornar um ser mais autêntico.
Antes de falar deste medo do numinoso e desta recusa provocada pelo
convite à profundidade, a esta realização do Self por meio da superação do Eu,
é preciso observar os diferentes medos que precedem este medo da
transcendência. O medo do sucesso, o medo de sentir-se diferente, o medo da
mudança, o medo de ser rejeitado, fazendo assim, que o sujeito prefira renunciar
à originalidade e viver “isolado”, conformando seu destino a um estado menor,
permitindo que as coisas fiquem apenas como já estão, para não ter que
enfrentar o desconhecido e se aventurar no risco do Se conhecer.
Leloup aponta para o arquétipo de Jonas e a sua fuga de si mesmo como
uma força de inércia que caracteriza a normose, uma fobia do despertar, temor
da própria grandeza, medo de Ser.
b) Dê exemplos de Complexo de Jonas: pode ser em sua vida, caso
conhecido ou até mesmo ficção.

Muitas vezes não ouvimos a voz do self, a voz maior. Buscamos manter
a consciência adormecida sem cumprirmos com nossa missão. Algo vem nos
despertar, um chamamento, uma forte intuição.
Mas mentimos para nós mesmos. Vivendo nossas tempestades
exteriores, que nada mais são do que reflexos de nossas tempestades interiores.
A recusa do desejo do SER gera tempestade, pois ele grita por socorro. A
tempestade da não aceitação do inconsciente.
Jonas tem que ser responsável pelos seus próprios atos; sua consciência
tem que acordar e nós, temos que ir em direção ao desconhecido, enfrentar
nossos medos para nos tornarmos nós mesmos, sairmos de nossas zonas de
conforto e ampliarmos nossa consciência, enfrentando as sombras, descer
conscientemente para a morte, para nosso Ser mortal.
Entrar com consciência na profundeza no infortúnio, no fundo do mar da
alma. Neste momento, Jonas é engolido pela baleia, fica sem saída para
enfrentar o medo, e é obrigado a encontrar uma saída, renascer em si mesmo.
Tomando consciência de seu processo, entrando em contato com o medo de ser
diferente e vivenciando cada um de seus medos.
Surge ali um recurso aliado de ampliação da consciência, a prece. A
conexão com o divino traz a transformação. “Em teu Ser que passa, lembra-te
do Ser que é”. No momento do desespero, recorda-se de quem você é. O Ser
que habita nele, é forte, vence barreiras e escuta a voz interior. Ali se dá a
conexão e a profunda gratidão, pois Jonas se reconecta com sua essência e
dimensão do self. Essencial é saber quem somos, o que podemos fazer por nós
e pelo outro. É a bussola do coração que fala mais alto. E a indagação principal
da alma é: O que pulsa em meu Ser?
Para mim, a grande experiência com o este arquétipo é o pensar sobre o
amor ao inimigo, como aprender sobre este amor? Ter essa bondade maior,
aprender a amar essa parte em mim que ainda não consigo aceitar. Aprender a
olhar para nossa própria sombra, enfrentando a Ninevi interior. A sombra é algo
que pesa, que nos incomoda na verdade. A sombra é o amor que não podemos
dar. Quando há sombra, é sinal de que não permitimos que a luz entre naquele
local. Se sou LUZ, por que não permitir que ela domine tudo que há em mim?
Por que não iluminar tudo que ainda habita em mim de escuridão?
Complexo de Jonas é a revisão de todos os medos que existe em nossa
natureza. Medo do sucesso, da grandeza, do amor, de ir além do ego, medo da
bondade que tudo pode compreender. E tudo isso aprisiona nossa luz e nos
impede de nos reconectar com a dimensão superior sagrada.
Me fez lembrar muito do filme “A Cabana”, que reflete brilhantemente
sobre a importância que a fé pode ter na vida de um ser humano. Conta a história
de um homem envolto numa tenebrosa confusão e tristeza interna após sua filha
mais nova ser assassinada em uma cabana nas montanhas e seu corpo nunca
ter sido encontrado.
Depressão, tristeza profunda e a dor da culpa são problemas que o
acompanham depois da morte de sua filha. Até então pai e marido amoroso, ele
passa a sofrer demais, fica traumatizado, incrédulo em Deus e perde a fé nos
relacionamentos. Complexo de Jonas fortemente enraizado nesse pai, que se
torna atormentado e paralisado pelos seus medos e temores.
Com o desenrolar da história, o pai recebe uma carta de Deus, lhe
convidando para um encontro na cabana, juntamente com Jesus e o espírito
santo. E a partir desse relacionamento, o homem depressivo passa a perceber
como Deus age em sua vida, sem evitar o mal inevitável, mas amando-o em
todos os momentos. A tristeza, a mágoa e a dor podem não ser nunca apagadas,
porém podem gerar novos e inesperados frutos no tempo certo. A Cabana
mostra o quanto os julgamentos alheios nos aprisionam, quando ele convive de
perto com a personagem da Sabedoria, que lhe ensina a superar-se e curar-se
emocionalmente. Cura essa que possibilita à esse pai, abrir os olhos para a
relevância do perdão, de olhar para sua sombra interna e resignar-se com seus
erros trazendo alívio, libertação da alma e compreensão da vida maior.
Ter fé, ser grato por tudo o que temos, não julgar o próximo, entender que
o amor move qualquer relacionamento e que devemos valorizar pessoas que
nos amam são grandes lições de vida que mostram o enfrentamento do
complexo de Jonas. Além de mostrar que problemas, tristezas e decepções
fazem parte da caminhada, mas não podem ser mais importantes que o todo que
habita em nós.
c) Escolha uma das técnicas realizadas no módulo e relate como
compreende a dinâmica das sete etapas integrativas ocorridas na
experiência escolhida nesse relato.

Escolhi o exercício da Experiência de Morrer porque ele foi de uma


profunda reflexão para mim. Trouxe uma vivência de sentimentos fortes, que me
reconectou com o que tenho de mais belo. Me proporcionou reviver a minha força
interna, meus sentimentos nobres de compaixão e reativar em mim, a tomada
de atitude que eu já sabia que seria necessária.

As Sete Etapas:

1ª) Reconhecimento: Surge um questionamento e o indivíduo se mobiliza para


acolher o novo. Início da estimulação do REIS. Orientada a me conectar com
minha própria morte. Simbolicamente imaginar que estou morrendo no dia de
hoje, com minha vida atual (razão). Entre em um estado de relaxamento
profundo (sensação).

2ª) Identificação: Acontece quando há ressonância com a necessidade básica


na qual o indivíduo se encontra. Podem ocorrer sensações físicas, sentimentos,
pensamentos vivenciados. Imagine-se próximo a sua morte, pois alguém te
informa que você logo irá morrer. Experimente as sensações e pensamentos que
você está tendo (S.R.E.). Onde você quer ir? Com quem deseja falar? Sinta as
pessoas em seu leito de morte. O que elas falam? O que sentem sobre você?

3ª) Desidentificação: O discernimento critico, a análise, a reflexão articulada em


diferentes aspectos em relação à aplicabilidade. Estimula-se a diversificação de
ponto de vista, promovendo a expansão do potencial do conhecimento adquirido.
Assista seu próprio funeral, veja seu corpo físico. O que acontece com sua
consciência? Deixe-a ir para onde você acha que deveria ir após a morte.

4ª) Transmutação: O conhecimento adquire um significado pessoal. Aspectos


positivos, negativos, fácil, difícil, desafio; há luta entre aprofundar e abandonar.
Nesta etapa o julgamento de certo e errado ou do bem e do mal não é suficiente.
Nada e nem inteiramente certo nem inteiramente errado ou inteiramente bom ou
inteiramente mal. Surge uma multiplicidade de paradigmas que catapulta o
indivíduo para a etapa seguinte. Agora deixe sua consciência se deslocar no
universo até encontrar a presença que você acha que é a fonte do universo,
como você está se sentindo neste instante? Fique consciente. Observe o que
você fez na vida que gostou (intuição). O que teria feito de diferente? Responda
para si mesmo se você aprendeu a amar e se adquiriu conhecimento em relação
à essência que está por trás do Universo.

5ª) Transformação: Em um novo conhecimento estabelecido. Pode-se sugerir


que houve uma passagem, uma mudança de nível, uma sabedoria adquirida,
experenciada e interiorizada. É uma resultante de síntese do questionamento
havido na etapa anterior. Agora você tem uma nova oportunidade de voltar a
Terra. Qual é o seu plano de vida? O que é importante agora para você? O que
gostaria de fazer? Com quem gostaria de se encontrar? Observe que o processo
de nascimento e morte é contínuo em nossas vidas. Acontece cada vez que
mudamos nossas crenças, nossa visão, nossas atitudes e nossos sentimentos
(intuição).

6ª) Elaboração: áa compreensão (no sentido de abranger, encerrar, conter) total


das possibilidades e o indivíduo pode articular “velhos vícios” e criar novas
possibilidades. É a ampliação do saber. Qual a mensagem que esta vivência traz
para você? O que você tem a aprender com ela? Qual a relação com seu
momento atual?

7ª) Integração: Aplicação do conhecimento na manifestação, na vida pessoal,


profissional, cotidiana. É a manifestação integral do Ser no ser. Aquele indivíduo
se torna parte íntima do processo revelador e transformador da vida humana, um
instrumento vivo cuja existência pessoal só tem sentido porque contribui no nível
social, está integrado ao cosmos. Faça agora os movimentos que seu corpo
estiver pedindo. Quando estiver perfeitamente bem, abra os olhos abraçando-
se. Abraçando a sua própria vida (S.R.). Sinta gratidão, o corpo, a presença.
2) Assistir o filme “Um Amor Para Recordar” e escrever um texto que integre
os conceitos do texto Normose, Dessacralização e Ensaio Sobre o
Sofrimento. Neste texto exercite a criatividade, explorando suas próprias
idéias, indagações, propostas a luz da trama vista no filme.

Segundo Camila Saldanha, o significado atribuído por nós ao


acontecimento resulta em maior fonte de sofrimento que o fato em si. Diferentes
pessoas reagem de diferentes maneiras ao mesmo fato por significá-lo de
maneiras diferentes.

Quando nos identificamos com o sofrimento, passamos a vivê-lo como


realidade última. Nesse ponto, somos o sofrimento, isto nos impede o contato
com o nosso próprio ser, nos afasta de nós mesmos. Ele se torna uma barreira
que impede o movimento, impede o crescimento, paramos de produzir, de
conviver, de desempenhar os papeis a nós atribuídos e por nós conquistados e
assim, adoecemos. Na ânsia de não sofrer, sofremos mais e causamos
sofrimentos a todos ao redor. Entretanto, há um outro caminho para este
sofrimento, que é tido como o normal. Porém, mais uma vez ele é negado, todos
os sinais que ele traz são negligenciados e nos afastamos deste sofrimento. O
sofrimento (apesar de toda dor e desconforto) é uma oportunidade de maior
conhecimento de nossa verdade, de nossas capacidades e valores.

O “Ensaio sobre o Sofrimento” dá especial atenção a fuga do sofrer e


como consequência a não realização do potencial daquele que foge. A fuga
motivada pelo medo de ser diferente, pelo medo de ser rejeitado por não ser
“normal” (semelhante a maioria), mesmo que não ser “normal” e ser diferente,
signifique ser melhor.

“A normose pode ser considerada como o conjunto de normas, conceitos,


valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir aprovados por um consenso
ou pela maioria de pessoas de uma determinada sociedade, que levam a
sofrimentos, doenças e mortes. Em outras palavras: que são patogênicas ou
letais, executadas sem que os seus autores e atores tenham consciência da
natureza patológica.” Pierre Weil.
A característica comum a todas as formas de normoses é seu caráter
automático e inconsciente. Podemos falar, no caso, do espírito de rebanho. A
maior parte dos seres humanos, talvez por preguiça e comodidade, segue o
exemplo da maioria. Pertencer à minoria é tornar-se vulnerável, expor-se à
crítica. Por comodismo, as pessoas seguem ou repetem o que dizem os jornais;
já que está impresso, deve estar certo! Quantas pessoas aderem a uma
ideologia, religião ou partido político só porque está na moda ou para serem bem
vistas pelos demais?

O conceito de Normose, segundo Maslow, sugere que a dita normalidade


pode ser colocada como uma classe de enfermidade, um impedimento ou atrofia
que todos passam a compartilhar e sendo assim, o não sofrer demonstra um
embotamento afetivo, social e psicológico. Ele afasta o ser humano do contato
real com o mundo e de um convívio verdadeiro e construtivo, vive-se assim em
um estado dormente, foge de si mesmo para evitar sofrer, não realiza seu
potencial por medo, medo de ser diferente, de não ser o normal.

No filme “Um amor para Recordar”, para se pertencer ao grupo de jovens


populares, era “normal” ter que se submeter a situações de sofrimento, não
desejo, constrangedoras, apenas para sentir-se aceito. Porém, um acidente
acontece, mas para que as culpas, medos e sofrimentos não viessem à tona na
consciência e sendo assim, nas mudanças de atitudes que seriam necessárias,
o “normal” subentendido pelo grupo de jovens, foi acobertar toda a situação
errada, foi o silêncio compactuado diante do sofrimento e da culpa.

O grupo continua a agir como se nada tivesse ocorrido, praticando as


mesmas ações perversas e agressivas que já praticavam antes do acidente.
Para pertencer ao grupo tem que ser igual, agindo de maneira automatizada para
ser aceito, se for diferente será rejeitado. Por medo da rejeição banaliza-se todos
os valores, mesmo que “ser diferente” signifique ser melhor.

Esta interpretação sincroniza-se com a definição que Maslow dá ao


“Complexo de Jonas: “Adere a normose aquele que teme a própria grandeza e
as exigências decorrentes dela”.

O “complexo de Jonas” refere -se a uma recusa em tentar realizar suas


plenas capacidades. Da mesma forma como Jonas tentou evitar as
responsabilidades de se tornar um profeta, assim também muitas pessoas
têm, na realidade, medo de usar ao máximo suas capacidades. Preferem
a segurança do comum e as realizações não-exigentes em contraposição
às metas verdadeiramente ambiciosas que lhes exigiriam plena expansão.

Sob a ótica de Maslow, a dessacralização é uma das defesas patológicas


que caracterizam a normose, refere-se ao empobrecimento de uma vida pela
recusa em tratar qualquer coisa com interesse profundo e seriedade, tudo
sendo vivido de maneira tão fútil, medíocre e superficial. Em um mundo de
pessoas rasas, aprofundar-se é uma insanidade.

O Homem age segundo impulsos e necessidades, não se questiona


acerca de coisas que não compreende. Vivi assim também... Quantas vezes
indaguei a mim mesma sobre qual era meu papel, minha missão nesta vida?
Qual a finalidade da minha existência? A quem eu serviria? Qual energia eu
despenderia para realizar minhas ambições pessoais e profissionais? Todas
essas reflexões foram me conduzindo ao enfrentamento da dessacralização, de
forma gradativa e sem muita razão envolvida, mas extremamente conectada
com a emoção, sensação e intuição. Estes caminhos sempre me conduziram ao
Sagrado em mim, uma recuperação no sentido do sagrado na minha vida
cotidiana. A esta presença forte, que me dá uma base sólida de sustentação
espiritual, que me conecta, que me norteia nos momentos de aflição e que me
ilumina nas tomadas de decisões. Não existe vida plena, para mim,
desconectada do meu campo espiritual. Eu estou aqui e também estou lá, as
vivências se entrelaçam como uma fita leve de cetim, que amarra, mas não
aperta, que une, mas não ata.

Com o decorrer da história, o personagem do filme vai vivenciando


também situações que o colocam diante de novas possibilidades de expandir
sua consciência, de ampliar sua visão de mundo e principalmente, sua visão
sobre si mesmo. Proporcionando a ele, uma grande transformação, de garoto
egoísta, orgulhoso, intransigente, aos poucos, valores como solidariedade,
compaixão e amizade vão brotando em seu Ser.

É interessante notar como o processo de elaboração não é meramente


cognitivo, pois aprendemos muito por meio de experiências vividas, as grandes
dores e as desilusões, são extremamente significativas e levam a um
crescimento profundo. É um processo onde há uma integração de REIS e tudo
passa a fazer mais sentido. É o homem, no espaço-tempo, que pode abrir-se à
transcendência, ampliando suas asas para alcançar novos vôos.

Ter as asas aparadas simbolicamente implica em impedir o vôo, impedir


a alma de alçar novas e renovadas experiências, ao ponto máximo dessas
experiências que vistas de cima ganham novo colorido e significado para o
crescimento individual e coletivo.

Alçar vôos maiores significa metaforicamente ampliar a visão sobre a vida,


sobre si mesmo, sobre os relacionamentos humanos, sobre os seus valores e
como aplicá-los de forma prática em nome do progresso pessoal e coletivo.

Enfim, significa ser diferente dos outros. O medo de Jonas é o medo de


ser diferente para melhor, o medo de crescer, o medo do sucesso... tenhamos
coragem de usar nossas asas em sua capacidade máxima, enfrentando todos
os desafios e obstáculos, tornando-nos sujeitos únicos, dotados de um
semblante particular e capazes de contar nossas histórias, assumindo nossos
papéis de autores e atores de nossas próprias existências.
Na minha abordagem[4] há três fundamentos da normose. O primeiro é o
sistêmico: esta anomalia da normalidade surge quando o sistema no qual
vivemos encontra-se, dominantemente, desequilibrado, doente e corrompido,
quando o que predomina são as contradições ou sintomas como a falta de
escuta, de respeito, de cuidado e de fraternidade, com uma violência alarmante
e crescente contra o indivíduo, a sociedade e a natureza. Neste contexto, uma
pessoa normal, ou melhor, normótica, é a bem ajustada ao sistema mórbido,
assim contribuindo para a manutenção do status quo. Sabemos bem, pela
própria carta constitutiva da Organização Mundial de Saúde (1946), que a saúde
não é ausência de sintomas, mas a presença de um processo completo de bem-
estar nos planos somático, psíquico e social. O fator ambiental e o espiritual
foram considerados e incluídos neste conceito, mais tarde (1998). Em outras
palavras, quando um sistema se encontra num estado patológico em larga
medida, a pessoa realmente em boa saúde é aquela capaz de manifestar um
estado de desajustamento consciente, de uma indignação justa, de um
desespero sóbrio.

O segundo fundamento é o evolutivo, que indica a necessidade de um


investimento sistemático no potencial de autodesenvolvimento, de maturidade e
de uma plenitude possível ao humano, através da ousadia imperativa de
transcender os trilhos normóticos rumo às trilhas iniciáticas: tornar-se humano.
Em outras palavras, o ser humano introduziu outra ordem de complexidade e de
qualidade intencional, consciente e voluntária no processo evolucionário. Além
dos acasos e das necessidades, das mutações genéticas aleatórias e dos
combates entre os mais aptos, segundo a seleção natural darwiniana, a evolução
humana consiste no desenvolvimento da consciência, que solicita um trabalho
sobre si mesmo nas trilhas labirínticas evolutivas do processo de individuação.

Esta nova qualidade de uma evolução cultural, muito além da biológica, através
de um intento consciente e responsável, característica ímpar do ser humano, é
sustentada por significativas cartografias da consciência contemporâneas, em
ressonância com as tradições iniciáticas milenares. É o que encontramos nas
pesquisas de Abraham Maslow[5], de Carl Rogers[6], de Stanislav Grof[7] e de
Ken Wilber[8], citando apenas alguns poucos marcantes representantes do
movimento humanista e transpessoal da ciência psíquica. Também são muito
significativas as pesquisas de Teilhard de Chardin sobre a evolução do
Fenômeno Humano, juntamente com as obras do Sri Aurobindo, de Gurdjieff e
de Graf-Dürckheim, criador da terapia iniciática.
O terceiro fundamento é o paradigmático, tal como concebido num sentido mais
vasto, por Thomas Kuhn[14]. Neste caso, a normose surge quando o paradigma
que ainda prevalece encontra-se esgotado no seu potencial criativo e, até certo
ponto, esclerosado, sendo que o paradigma emergente é postulado por um
grupo minoritário. Como afirmava Max Planck, segundo Kuhn, uma nova
verdade científica não triunfa pelo convencimento dos seus oponentes,
facilitando que vejam as novas luzes, mas porque, simplesmente, eles morrem.
Assim, de enterro a enterro e de nascimento a nascimento uma nova geração se
desenvolve, aberta e receptiva ao novo aprender a aprender. Encontra-se aqui
em jogo a nobreza indicada por esta paradoxal e feliz expressão de Henry
Thoreau[15], a maioria de um.

O Complexo de Jonas
A dimensão emancipadora decorre, naturalmente, do processo da
autoconstrução rumo a uma diferenciação e a consciência de alteridade.
Entretanto, o desafio da pessoa vir-a-ser artesã da própria existência é uma
verdadeira tarefa maior, que implica em superar certo número de obstáculos,
como o medo de caminhar rumo ao desconhecido, com a perda dos referenciais
habituais. Tornar-se pleno implica sempre a necessidade de lutar contra as
resistências do mundo intrapsíquico, a autoridade interior que zela pelo status
quo em cumplicidade com o universo relacional, construído segundo os padrões
introjetados.

Em outras palavras, ao lado de uma estagnação do desejo evolutivo, um aspecto


muito importante da normose é o medo da individualidade ou da individuação,
ou seja, o temor da pessoa tornar-se um sujeito único, dotada de um semblante
particular e capaz de contar a sua história, assumindo-se como o autor e ator da
própria existência. Abraham Maslow[18] denominou de complexo de Jonas a um
tipo de resistência que impede o processo de desenvolvimento e de
autorrealização individual. Trata-se de uma compulsiva recusa de crescer e de
explorar os próprios talentos, um tipo de temor da altitude, da amplidão e da
realeza do potencial humano.

O arquétipo de Jonas, personagem do Antigo Testamento, fala de um homem


que recusa escutar e seguir a voz da sua própria consciência profunda, que lhe
convoca a abandonar o conforto da sua existência tranquila, para realizar uma
missão numa grande cidade. Jonas – nome hebraico que significa pomba das
asas cortadas – é um homem totalmente ordinário, que prefere seguir na sua
pequena e rotineira existência, quando uma tempestade surge no seu caminho
de fuga, o que o conduzirá a um mergulho até o ventre de um grande peixe. Em
síntese, Jonas simboliza o medo do ser humano de se tornar inteiro, autêntico e
verdadeiro, que o conduz à fuga da própria missão ou destinação. Este complexo
se traduz no arraigado medo da diferenciação, do assumir o próprio semblante
original, ou seja, o temor da autorrealização. A tempestade que atravessa o seu
caminho pode significar os sintomas, as doenças e os infortúnios que a pessoa
atrai, quando foge de si mesma. É, também, uma oportunidade de despertar para
colocar-se num caminho criativo de transformação, rumo à plenitude.
Jean-Yves Leloup[19] na sua extraordinária obra, Caminhos da Realização,
realiza uma interpretação impecável e vasta do tema do complexo de Jonas,
como um caminho em direção ao despertar transpessoal, a partir de um amplo
mapa dos medos do ego de nosso psiquismo pessoal. Leloup afirma que Jonas
se encontra no interior de cada ser humano, como o próprio arquétipo da
normose, uma força de impedimento que atua quando recebemos o convite para
despertarmos do sono banal de uma existência sem sentido. A sua profunda
leitura simbólica da trajetória de Jonas é uma indicação e inspiração para a
aventura heroica da realização missionária ou vocacional, longo processo de
florescimento de nossos talentos naturais e singulares.

Por outro lado, falando do problema de Jonas com relação à tensão entre o
trágico e o trivial, Arthur Koestler[20] afirma que o simples mortal passa
praticamente toda a sua existência no plano banal, exceto em algumas ocasiões
excepcionais, como durante as turbulências da puberdade ou numa aventura
passional ou no confronto com a morte, quando acontece a súbita queda no
abismo do trágico. Para Koestler, a força dos hábitos e das convenções nos
aprisiona nas correntes quase imperceptíveis do fator trivial, esta dinâmica
transcorrendo no nível subconsciente. “São as normas coletivas, os códigos de
conduta, as matrizes axiomáticas que determinam as regras do jogo e nos fazem
avançar quase todos, quase sempre, nos traços do hábito, reduzindo-nos ao
estado de autômatos bem vestidos, que os behavioristas apresentam como a
verdadeira condição do ser humano”, sustenta o autor, esboçando um resumo
muito perspicaz da normose.

O que nos evoca os heróis da mitologia universal é o percurso iniciático


indispensável em direção a uma plena realização do potencial humano. Lúcida
coragem de transgredir a enfermidade do trivial e da mediocridade, ou seja, a
normose. Confrontar-se e ousar um voo além da normose é imprescindível e
representa o desafio árduo da aventura evolutiva, no processo iniciático do
indivíduo assumir a condição de autoria, como sujeito da própria existência.

[1] Le Blanc G., Les maladies de l’homme normal, VRIN Matière Étrangère, Paris,
Librairie

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