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A Dialética da Demanda e do Desejo....

O desejo para o obsessivo se apresenta de forma evanescente, diz Lacan no


Seminário V. Essa evanescência do desejo é efeito da dificuldade, do sujeito
obsessivo, na relação com o Outro; na medida em que o campo do Outro é o
lugar onde se ordena o desejo.
Se, conforme Lacan, o desejo se ordena pelo significante. É no interior do campo
Simbólico que o sujeito é obrigado a se exprimir e produzir um efeito de
significante, isto é, um significado. Esse é o pacto da constituição do sujeito da
linguagem, fora de qualquer imanência. É no interior da experiência que o sujeito
tem com a linguagem que vem se formular sua relação com o desejo.

A relação do sujeito com o Outro, e com a vida, é simbolizada por um engodo, uma
isca, cujo ponto de referência é o significante do falo. O falo como simbólico tem
por tarefa orientar o ser humano com relação a um significado, assim sendo orienta
o desejo, e por esta razão se encontra numa posição privilegiada.

Para a teoria lacaniana, a inserção do sujeito no desejo é sempre


problemática, pois o desejo se insere através da dialética da demanda, e a
demanda sempre pede algo a mais que a satisfação a que ela apela. “Daí o
caráter problemático e ambíguo do lugar onde se situa o desejo.” Esse lugar está
para além da demanda, na medida em que esta visa à satisfação: o desejo busca
algo a mais, algo para além. Mas, por outro lado, o desejo está aquém da demanda
considerando que ela, por ser articulada em significantes “vai além de todas as
satisfações para as quais apela, é demanda de amor que visa ao ser do Outro, que
almeja obter do Outro uma presentificação essencial – que o Outro dê o que está
além de qualquer satisfação possível, seu próprio ser, que é justamente o que é
visado no amor”. Assim, o desejo visa este aquém da presentificação do
significante, aquém da presentificação do ser.

Ou seja, enquanto a demanda de amor visa o ser o desejo visa à falta a ser, isto
que estaria aquém da presentificação do significante, aquém da presentificação do
ser. “É no espaço virtual entre o apelo da satisfação e a demanda de amor que o
desejo ocupa seu lugar e se organiza”.

Desse modo, só podemos situar o desejo a partir de sua dupla relação à demanda.
Aquém ou além, dependendo do aspecto que considerarmos a demanda. Além da
demanda em relação a uma necessidade, ou aquém da demanda estruturada em
termos significantes. Ou seja: além da necessidade, aquém das palavras.

Como tal, o desejo não se reduz a satisfação da demanda e ao mesmo tempo


necessita da articulação desta. “O outro como lugar da fala, como aquele a
quem se dirige a demanda, passa a ser também o lugar onde deve ser
descoberto o desejo, onde deve ser descoberta sua formulação possível. É aí que
se exerce a todo instante a contradição, porque esse Outro é possuído por um
desejo – um desejo que, inaugural e fundamentalmente, é estranho ao sujeito.”

Daí a dificuldade da formulação do desejo nas estruturas neuróticas. O sujeito


histérico fica preso no desejo enquanto insatisfação da demanda. Não é isto o que
deseja, o que deseja é sempre outra coisa. Este algo a mais, que está para além de
toda satisfação da demanda, caracteriza seu desejo como desejo de insatisfação. O
sujeito histérico se identifica com o outro insatisfeito, e a identificação histérica
aponta para o além da demanda.
Por sua vez, o sujeito obsessivo fica na dependência do Outro para obter acesso ao
seu desejo, precisa que o Outro diga o que ele quer para que ele possa ser.
Lembramos que esse aquém do desejo aponta para a falta a ser: o desejo do Outro
aponta para esta falta que ele não consegue interpretar.

Assim, se por um lado, o sujeito obsessivo fica preso na demanda do Outro,


tentando ser o que ele demanda; por outro, busca com afinco desvencilhar-se
dessa identificação dada pelo Outro para poder desejar. “Poderíamos dizer que o
obsessivo está sempre pedindo alguma permissão. ... Pedir permissão é,
justamente, ter como sujeito uma certa relação com a própria demanda. Pedir
permissão, na medida mesma em que a dialética com o Outro – o Outro falante – é
posta em causa, posta em questão, ou até posta em perigo, é dedicar-se, afinal de
contas, a restaurar esse Outro, é colocar-se na mais extrema dependência dele.
Isso já nos indica a que ponto esse lugar é de manutenção essencial para o
obsessivo. É exatamente aí que vemos a pertinência do que Freud sempre chama
de Versagung, a recusa. Recusa e permissão implicam uma na outra. O pacto é
recusado sobre o fundo da promessa, o que é melhor do que falar em frustração”.

O impasse do desejo no sujeito obsessivo se demonstra com o fato que para ele
desejar, isto é, ter acesso a falta a ser que o desejo exige, é necessário se
desvencilhar do ser do Outro do significante que é lhe imposto com a demanda.
Para isso, procura destruir o Outro: o desejo do obsessivo implica na destruição do
Outro. Quando ele detém o objeto do seu desejo nada mais existe, e na destruição
do Outro, quando ocorre, o próprio desejo vem a desaparecer. No entanto, se essa
destruição não ocorre torna-se servo da demanda. Preso na demanda de amor
tenta ser para o Outro, e, simultaneamente, preserva o Outro na sua toda potência.

Numa análise, o analista deve sustentar esse impasse entre a falta e a potência do
Outro, abstendo-se do furor terapêutico. Único modo de construir um espaço onde
o sujeito obsessivo poderá colocar em questão, por um lado, suas identificações, o
seu ser, para deixar aparecer o sujeito dividido; e, por outro lado, reencontrar-se
na ex-sistência, na sua falta a ser, lá onde é apesar de não ser. O que provoca uma
nova inserção do sujeito no mundo com o trabalho que nunca acaba e com respeito
ao amor, não mais visto como uma solução, uma possibilidade de se livrar da falta,
mas como resultado da impossibilidade da queda do Outro.

• LACAN, Jacques, O Seminário – livro 5 – as formações do inconsciente.


(Parte 4 – A Dialética do desejo e da demanda
na clínica e no tratamento das neuroses.)

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