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Desejamos a você uma ótima leitura!

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Lógica no Cotidiano
Ampliando o seu alcance

Rômulo Nunes de Oliveira


Universidade Federal de Alagoas

Elthon Allex da Silva Oliveira


Universidade Federal de Alagoas

Bookess

Licenciado para João Marocs


Universidade Federal de Alagoas - UFAL
Biblioteca Campus Arapiraca - BCA
Divisão de Tratamento Técnico

Bibliotecário Responsável: Nestor Antônio Alves Junior


CBR - 4 / 1557

O48l Oliveira, Rômulo Nunes de


Lógica no cotidiano: ampliando o seu alcance / Rômulo Nunes de Oliveira,
Elthon Allex da Silva Oliveira. – Florianópolis : Bookess, 2012.
181 p. : il. ; 21cm.

Bibliografia.
ISBN 978-85-8045-444-4
e-ISBN 978-85-8045-453-6

1. Lógica. 2. Lógica formal e informal. I. Oliveira, Elthon Allex da Silva.


II. Título.

CDU 16:510.6

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A Deus, pelo nosso conhecimento e por chegarmos até aqui.
As nossas famílias, pelo amor que nos tem dispensado todos os dias.
Aos nossos alunos, que nos fazem professores melhores a cada aula.

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Prefácio

O presente livro, Lógica no Cotidiano, de Rômulo Nunes de Oli-


veira e Elthon Allex da Silva Oliveira, busca proporcionar aos seus
leitores uma abordagem interessante e diferenciada na denominada ci-
ência da argumentação e do raciocínio. Trata-se de uma obra voltada
para atender a um público bem diversificado, não requerendo do seu lei-
tor conhecimento prévio no assunto. Assim, destina-se a um espectro
amplo de leitores com interesses que vão das Ciências Exatas e Natu-
rais às Ciências Sociais, voltando-se principalmente para um público
de estudantes e professores.
Apesar de haver um grande número de obras sobre Lógica, há ainda
uma lacuna significativa na literatura existente em língua portuguesa
sobre o assunto, principalmente quando se considera o que se pode-
ria chamar de uma introdução suave, didática e útil a esta disciplina,
olhada numa perspectiva genuína e primária de preocupar-se com a na-
tureza dos argumentos e a sistematização do raciocínio. O tema, por-
tanto, é tratado de maneira simples e direta, focalizando a noção de
argumento dedutivo e indutivo, prosseguindo-se com alguns aspectos
informais da lógica e com uma apresentação da lógica clássica propo-
sicional e de primeira ordem, buscando-se um compromisso didático
V

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VI

em aliar os conceitos e resultados a exercícios resolvidos e propostos.


Baseado em um curso introdutório que vem sendo ministrado pelos
autores na Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiraca, o qual
é oferecido já no primeiro semestre aos mais diversos cursos de gradu-
ação, este livro vem preencher uma importante lacuna editorial para
atender tanto a cursos de graduação contendo disciplina de Lógica em
nível básico, quanto ao leitor independente, com interesse em iniciar-se
no tema.
É com muita satisfação que apresento este livro, o qual pretendo
recomendar para apoiar um primeiro curso de lógica.

Maceió, dezembro de 2012


Evandro de Barros Costa

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Sumário

1 Introdução 1
1.1 Da pré-história ao raciocínio coerente . . . . . . . . . 1
1.2 O que é lógica? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Por que aprender lógica? . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.4 Por que este livro? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.5 Como ler este livro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

2 Argumentos 7
2.1 Composição de um argumento . . . . . . . . . . . . . 8
2.2 Validade e invalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Argumentos e o estudo da Lógica . . . . . . . . . . . 12
2.4 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3 Dedução e Indução 15
3.1 Argumentos Dedutivos . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.2 Argumentos Indutivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.3 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
VII

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VIII SUMÁRIO

4 Lógica Informal 23
4.1 Como identificar proposições . . . . . . . . . . . . . . 24
4.2 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.3 Diagramação de argumentos . . . . . . . . . . . . . . 32
4.4 Exercícios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
4.5 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.6 Outros Argumentos Informais . . . . . . . . . . . . . 42
4.6.1 Argumento da autoridade . . . . . . . . . . . . 42
4.6.2 Argumento por analogia . . . . . . . . . . . . 44
4.6.3 Argumento da relação causa-efeito . . . . . . . 48
4.6.4 Argumento pela ignorância . . . . . . . . . . . 50
4.7 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.8 Questões de Concursos . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

5 Lógica Formal Proposicional 57


5.1 Formas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.2 Lógica Proposicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.2.1 Símbolos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.2.2 Precedência entre os operadores . . . . . . . . 66
5.2.3 Fórmulas bem formadas . . . . . . . . . . . . 67
5.2.4 Formalização de argumentos . . . . . . . . . . 68
5.2.5 Regras de inferência . . . . . . . . . . . . . . 69
5.2.6 Regras Hipotéticas . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.2.7 Tabela Verdade . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.2.8 Equivalências entre Fórmulas . . . . . . . . . 103
5.3 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
5.4 Questões de Concursos . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

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SUMÁRIO IX

6 Lógica Formal de Primeira Ordem 129


6.1 Predicados monádicos . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
6.2 Relações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
6.3 Representação da língua portuguesa . . . . . . . . . . 134
6.4 Equivalências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
6.5 Negação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
6.6 Diagramas de VENN . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
6.7 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
6.8 Questões de Concursos . . . . . . . . . . . . . . . . . 146

7 Respostas dos Exercícios 159

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Capítulo 1

Introdução

1.1 Da pré-história ao raciocínio coerente


Não é difícil encontrar nos registros da pré-história e da história
dos povos antigos a preocupação de se propagar conhecimento. Facil-
mente pode-se perceber a comunicação estabelecida através de pintu-
ras nas conhecidas artes rupestres, pinturas rupestres ou ainda gravuras
rupestres. As mais antigas representações pictóricas são datadas do pe-
ríodo Paleolítico Superior (40.000 A.C.), gravadas nos tetos e paredes
de abrigos ou cavernas.
Com o desenvolvimento humano surgiu a linguagem, que também
produziu muitos registros históricos, a exemplo dos hieróglifos1 produ-
zidos principalmente pelos Egípcios, Maias e Hititas.
Linguagem é qualquer e todo sistema de sinais que serve como ins-
trumento de comunicação de idéias ou sentimentos através de símbolos
ou sinais convencionais, sonoros, gráficos, gestuais, etc.
É justamente por meio da linguagem que é possível a troca de in-
formações. Então, “descobrimos” aqui o principal propósito da lingua-
1
Hieróglifo é cada um dos sinais da escrita de antigas civilizações.

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2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

gem: a troca de informações. Por exemplo, uma receita de bolo é uma


informação escrita através de uma linguagem, onde são detalhados to-
dos os passos para se fazer um bolo. Um outro exemplo é o manual do
usuário de aparelhos domésticos, onde o fabricante descreve todas as
informações necessárias para utilização do equipamento.
As informações também são necessárias para produção de novos
conhecimentos. Quando produzimos novos conhecimentos ou infor-
mações a partir de outros, usamos então não somente a linguagem, mas
usamos também o raciocínio lógico.
Raciocinar coerentemente é usar o raciocínio lógico corretamente,
que é o propósito do estudo da Lógica. Estamos portanto interessados
em estudar os diversas formas de raciocínio para entendê-los e usá-los
de maneira adequada.

1.2 O que é lógica?


No dia-a-dia é comum encontrarmos expressões como “atitude ló-
gica”, “é lógico que” ou mesmo ouvir uma “explicação lógica”. Isso
porque as palavras “lógico” e “lógica” são usadas popularmente signi-
ficando “coerente”,“razoável” ou “plausível”. Mas o uso popular está
distante do estudo da lógica como ciência. Uma das definições mais
comuns para lógica é a de que trata-se “da análise de métodos de raci-
ocínio” [5].
Aurélio [3] define melhor a lógica. Define-a como um “conjunto de
regras e princípios que orientam, implícita ou explicitamente, o desen-
volvimento de uma argumentação ou de um raciocínio, a resolução de
um problema, etc”. Em outras palavras, diz que trata-se de ferramentas

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1.3. POR QUE APRENDER LÓGICA? 3

para o raciocínio coerente na derivação de novos juízos.


Acrescentando à definição de Aurélio, devemos também compre-
ender que ao indivíduo que estuda a lógica só interessa o raciocínio
correto, onde a conclusão obtida é fruto de idéias anteriores ou pres-
supostas. Inving [1] diz que uma definição rudimentar para o estudo
da lógica “é o estudo dos métodos e princípios usados para distinguir o
raciocínio correto do incorreto”. De fato, o conteúdo apresentado nesta
obra está voltado para o uso correto e justificado do raciocínio lógico
em argumentos formais e informais. Estaremos discutindo sobre os
argumentos aceitos e não aceitos, sobre os problemas da má argumen-
tação e sobre as diversas formas de argumento.

1.3 Por que aprender lógica?


Muitas pessoas fazem essa pergunta quando submetidas ao estudo
da lógica nos cursos de graduação. Afinal, é comum encontrar pes-
soas que raciocinam coerentemente sem nunca ter estudado lógica. Da
mesma forma, um comerciante que nunca frequentou aulas de mate-
mática dificilmente se deixa enganar com algum cálculo matemático
referente ao seu contexto de negócio. Porém, um engenheiro que estu-
dou cálculo consegue realizar cálculos de grandes dimensões, além de
saber avaliar qual estratégia tomar para um determinado problema.
O mesmo acontece com a lógica. O estudo da lógica nos dá um
amplo poder para avaliar argumentos lógicos, além da maturidade su-
ficiente para elaborar argumentos bons e válidos. O conhecimento
adquirido com o uso da lógica pode ser usado no discurso e na es-
crita, principalmente no meio acadêmico, onde existe a necessidade de

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4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

se produzir trabalhos científicos como artigos, relatórios, monografias,


dissertações, teses, etc.
Ao estudar lógica, o indivíduo também desenvolve seu raciocínio
lógico para resolução de problemas, que é um item essencial e caracte-
rístico da formação acadêmica. No mercado de trabalho há a demanda
por profissionais com um bom desenvolvimento de raciocínio lógico,
capazes de abstrair e resolver problemas. Isto é evidenciado pela pre-
sença constante de questões de lógica em concursos, tanto no setor
público quanto no privado.

1.4 Por que este livro?


O raciocínio lógico tradicionalmente é apresentado na literatura,
ou segundo um ponto de vista filosófico, ou de maneira formal. Este
livro pretende (e tenta) apresentar a união dessas Escolas, que é o que
acontece diariamente na prática. Assim, o raciocínio formal e informal
são apresentados aqui para uso prático e objetivo, não sendo o foco
deste livro o aprofundamento nas ciências da Filosofia e Lógica.
Faz parte da formação acadêmica em qualquer área ou curso, a ca-
pacidade do graduado em produzir bons textos (claros, objetivos, co-
municativos, coerentes, etc). Para isso, além do conhecimento especí-
fico da área de estudo, é necessário atentar para a coerência e correção
dos argumentos inseridos no texto.
Desta forma, espera-se que, após a leitura do livro, o leitor seja
capaz de:
• escolher o tipo de argumento apropriado para cada situação, co-
nhecendo as características e limitações de cada um;

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1.5. COMO LER ESTE LIVRO 5

• usar o raciocínio lógico de forma correta para validar e produzir


bons argumentos;
• utilizar adequadamente os quantificadores, conectivos e suas com-
binações: nenhum, existe, todo, se, então, se e somente se, em-
bora, entretanto, mas, também, portanto, assim, etc;
• identificar as falácias de raciocínio lógico.

1.5 Como ler este livro


Este livro foi elaborado para permitir um crescimento contínuo na
aprendizagem ao longo de seus capítulos, de forma que os capítulos
mais avançados são aprofundamentos dos anteriores. Na Figura 1.1
é ilustrado como os capítulos estão organizados segundo a ordem de
conhecimentos necessários para a leitura. Para aqueles interessados
nos capítulos mais específicos — aqueles que já cursaram alguma gra-
duação e provavelmente já conhecem um pouco sobre argumentos —
podem prosseguir diretamente para os capítulos 4, 5 e 6.

Figura 1.1: Diagrama de pré-requisitos entre os capítulos do livro.

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6 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

Para obter êxito no aprendizado é necessário treinar, ou melhor,


condicionar o raciocínio para o que foi lido no texto. Ao longo do livro
são encontrados dois tipos de exercícios: Os exercícios propostos, que
são didaticamente elaborados para o treino dos conhecimentos obtidos
na leitura do livro; As questões de concursos, que ajudam o leitor em
seu treino com relação a aplicação cotidiana do raciocínio lógico. Em
ambos os casos, as respostas das questões podem ser encontradas no
final do livro.

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Capítulo 2

Argumentos

O estudo da Lógica e dos argumentos surgiu na Grécia Antiga, por


volta do ano 340 A.C., quando o filósofo Aristóteles reuniu e codificou
o conhecimento existente sobre o tema em sua obra chamada Orga-
num ou Organon (“ferramenta para o correto pensar”). Desde então a
Lógica foi tratada como Ciência. Em Organon, Aristóteles estabeleceu
princípios lógicos tão gerais e tão sólidos que até hoje são considerados
válidos.

Aristóteles estudou as formas de raciocínio que, a partir de conhe-


cimentos verdadeiros a priori, asseguravam novos conhecimentos tam-
bém verdadeiros. Dessa forma, algumas “regras” foram desenvolvidas
para a obtenção de novas verdades. Tais regras são comumente co-
nhecidas como regras de derivação. A derivação de idéias a partir de
conhecimentos anteriores, formulada de forma coerente e encadeada é
chamada, em Lógica, de argumento (Figura 2.1).

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8 CAPÍTULO 2. ARGUMENTOS

Figura 2.1: Abstração de argumento

2.1 Composição de um argumento

O emprego da Lógica em conhecimentos adquiridos a priori nos


permite obter novos conhecimentos. Os conhecimentos adquiridos a
priori e o novo conhecimento produzido são chamados de proposi-
ções. Uma proposição é uma sentença declarativa ou afirmativa que
pode ser verdadeira ou falsa. Um argumento é composto por proposi-
ções, sendo que geralmente uma delas é a conclusão e as demais são
as premissas. O estudo da Lógica nos permite determinar se um argu-
mento é coerente ou não, ou seja, se a conclusão é ou não uma con-
sequência lógica das premissas. A expressão “consequência lógica”
será utilizada exaustivamente ao longo desta seção para que se possa
fixar melhor o seu conceito.
Para eliminar quaisquer dúvidas sobre as nomenclaturas escritas no
parágrafo anterior, observe atentamente a Figura 2.2. Nesta figura é
apresentado um modelo genérico de argumento, onde as expressões
“SE” e “ENTÃO” precedem, respectivamente, as proposições que são
premissas e a proposição conclusão. Por meio do estudo da Lógica
poderemos avaliar se as premissas sustentam a conclusão, em outras
palavras, se a conclusão é uma consequência lógica das premissas.

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2.2. VALIDADE E INVALIDADE 9

Figura 2.2: Composição de um argumento

No caso do formato genérico apresentado, deve-se assumir as pre-


missas verdadeiras. A partir disto, é verificado se é possível inferir a
conclusão posta.

2.2 Validade e invalidade


Dizemos que um argumento é válido quando as premissas são con-
sideradas provas evidentes da verdade da conclusão. Caso contrário, o
argumento não é válido (inválido). Quando é válido, podemos dizer
que a conclusão é uma consequência lógica das premissas, ou ainda
que a conclusão é uma inferência decorrente das premissas.
A palavra “inferência” é normalmente utilizada no sentido de “de-
duzir algo das entrelinhas” ou até mesmo é usada erroneamete como
sinônimo da palavra “especular”. Entretanto, o seu real significado é
bem mais abrangente. A palavra “inferência” vem do latim, inferre, e
significa “conduzir para”. Segundo Aurélio [3], inferir é o mesmo que
“Deduzir por meio de raciocínio, tirar por conclusão ou consequên-
cia”. Sintetizando, “inferir” significa realizar um raciocínio com base
em informações já conhecidas, a fim de se chegar a novas informações.
Exatamente o significado de “consequência lógica”.

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10 CAPÍTULO 2. ARGUMENTOS

A lógica formal se preocupa com a inferência, com a estrutura e


a forma do raciocínio. Porém, a verdade sobre conteúdo de cada pro-
posição foge do domínio da Lógica. O conceito de validade de um
argumento está ligado diretamente à forma pela qual ele se apresenta.

Exemplos sobre a validade de um argumento


No Capítulo 5 falaremos sobre as regras lógicas de inferência. Por
enquanto, é suficiente sabermos que existe uma regra na lógica, cremos
que a mais utilizadas dentre todas, que pode ser enunciada da seguinte
forma:

Todas as vezes que tivermos as premissas “Se A então B” e


“A” como verdadeiras, podemos concluir que “B” também
é verdade.

Conhecendo essa regra, observe que a forma dos argumentos abaixo


é exatamente a mesma da regra. Assim, os argumento são válidos.

Premissas:
Se eu ganhar na Loteria, serei rico.
Eu ganhei na Loteria.
Conclusão:
Logo, sou rico. (válido)

Premissas:
Se chove então a rua fica molhada.
Está chovendo.
Conclusão:
A rua ficou molhada. (válido)

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2.2. VALIDADE E INVALIDADE 11

Ainda com relação a regra enunciada nesta subseção, um argu-


mento que não a respeite não é um argumento válido. Observe que
o argumento abaixo não é válido pois não respeita a forma da regra
enunciada e não existe uma outra regra que o justifique.
Premissas:
Se chove então a rua fica molhada.
A rua ficou molhada.
Conclusão:
Choveu. (inválido)

A regra com o formato abaixo não existe. Assim, o uso desse for-
mato produz argumentos não válidos.
Premissas:
Se A então B.
B.
Conclusão:
A. (inválido)

Nosso dia-a-dia está repleto de argumentos inválidos, e por não ob-


servarmos, os aceitamos como se fossem válidos. Vejamos estes:
Todas as vezes que uso um vestido verde, ele diz que estou linda.
Eu não estou com um vestido verde.
Portanto, ele não dirá que estou bonita. (inválido)

Se amanhã não fizer sol, Joana disse que não vai à praia.
[No outro dia] Está fazendo sol.
Então Joana foi à praia. (inválido)

Por que os argumentos apresentados não são válidos? Lembre-se


que não interessa a beleza do vestido verde, nem o brilho do sol, e sim
a forma do argumento. As formas dos dois últimos argumentos não

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12 CAPÍTULO 2. ARGUMENTOS

são válidas. Observe as anotações abaixo referentes a esses últimos


argumentos.

Premissas:
Se "Vestido Verde"então "Elogio".
"Não Vestido Verde".
Conclusão:
"Não Elogio". (inválido)

Premissas:
Se "não Sol"então "não Praia".
Fez sol.
Conclusão:
Praia. (inválido)

Vale lembrar que todas essas formas inválidas são apenas “desrespei-
tos” à forma válida descrita no início desta subseção:

Premissas:
Se X então Y.
X é verdade.
Conclusão:
Y é verdade. (válido)

2.3 Argumentos e o estudo da Lógica


Como ilustrado na Figura 2.3, existem dois pontos de vista para
o estudo da Lógica. Observando a figura da esquerda para direita, a
Lógica pode ser dividida em dedutiva e não dedutiva. Por outro lado,
observando a mesma figura da direita para esquerda, existem duas clas-
sificações: formal e informal.

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2.3. ARGUMENTOS E O ESTUDO DA LÓGICA 13

Figura 2.3: Organização do estudo da lógica

Independente do ponto de vista, entenda que a lógica informal ori-


gina-se da Lógica Clássica, iniciada por Aristóteles, que é dependente
da estrutura gramatical da linguagem natural. Apesar da identificação
de formas válidas, a Lógica Clássica é dependente da linguagem natu-
ral.
Já a Lógica Formal (Lógica Simbólica ou Lógica Matemática) uti-
liza símbolos de origem matemática para formular os argumentos. A
Lógica Formal também possui raízes no trabalho de Aristóteles, mas
foi George Boole quem iniciou a sua formalização matemática.
Alguns argumentos podem ser “julgados” apenas pelo estudo de sua
forma. Os exemplos na seção anterior ilustram bem isso. Argumentos
desse tipo são estudados pela lógica formal. Tal lógica faz uso de al-
guns símbolos matemáticos em sua representação formal. Estudaremos
a lógica formal em capítulos posteriores.
Por outro lado, existem outros tipos de argumentos que não podem
ser classificados como válidos ou inválidos apenas pelo estudo da sua
forma. Estes são alvo do estudo da lógica informal. Apesar de não pos-
suirem prova formal, argumentos informais são utilizados diariamente.

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14 CAPÍTULO 2. ARGUMENTOS

Entretanto, deve-se atentar para outros aspectos além de sua forma.


Também estudaremos a lógica informal em capítulos posteriores.
No próximo capítulo estudaremos dois tipos básicos de argumen-
tos. Esse estudo servirá de base para o posterior aprofundamento nas
lógicas formal e informal.

2.4 Exercícios Propostos


1 – Fale sobre a composição de um argumento e relacione com o termo
consequência lógica.
2 – Fale sobre o conceito de validade de um argumento.
3 – Observe os exemplos da Seção 2.2 e elabore três exemplos de argu-
mentos válidos e mais três exemplos de argumentos inválidos.
4 – Todos os argumentos podem ser julgados apenas pela sua forma?
Explique.

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Capítulo 3

Dedução e Indução

Sem dúvida alguma, os argumentos indutivos e dedutivos fazem


parte do dia-a-dia de todos. Mas, nunca paramos para percebê-los,
muito menos para estudar suas formas. Entender a diferença entre in-
dução e dedução é ponto de partida para o estudo da lógica e da boa
argumentação. Isto é motivo pelo qual esse assunto normalmente é
abordado em títulos sobre Metodologia Científica.
Para uma melhor compreensão das seções seguintes, que tratam
respectivamente sobre argumentos dedutivos e indutivos, compreenda
uma diferença básica entre eles: enquanto o raciocínio dedutivo exige
uma prova formal sobre a validade de um argumento, o raciocínio in-
dutivo obtém conclusões baseadas em observações/experiências.

3.1 Argumentos Dedutivos


São argumentos cujas premissas fornecem uma prova conclusiva
da veracidade da conclusão. Nos argumentos dedutivos utilizamos os
conceitos das regras lógicas de inferência, por isso sempre fornecem
conclusões 100% confiáveis. A Lógica Formal estuda argumentos de-

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16 CAPÍTULO 3. DEDUÇÃO E INDUÇÃO

dutivos, verificando se são válidos ou inválidos.


Um argumento dedutivo é dito válido quando suas premissas, se
verdadeiras, fornecem provas convincentes para a conclusão. Isso é,
em um argumento dedutivo válido, se as premissas forem verdadeiras,
é impossível que a conclusão seja falsa. Quando isso não acontece,
trata-se de um argumento dedutivo inválido. O conceito de validade
ou invalidade está associado ao raciocínio lógico ser correto ou não.
Já os termos “verdadeiro” e “falso” são propriedades das proposi-
ções. Os conceitos de argumento válido ou inválido são independentes
da verdade ou falsidade de suas premissas e conclusão. Assim, por
exemplo, uma premissa pode ser verdadeira ou falsa, independente do
conceito válido ou inválido do argumento em que está inserida.
Observe que o argumento abaixo é válido, porém com proposições
falsas. Em outras palavras, a forma lógica está correta, mas o conteúdo
das proposições é falso.
Todo mamífero tem duas pernas (Falso)
Todo ser de duas pernas tem penas (Falso)
Logo, todo mamífero tem penas (Falso)

Qualquer combinação de valores verdade (verdadeiro ou falso) en-


tre as premissas e a conclusão é possível. A única restrição é que não
existe um argumento dedutivo válido com premissas verdadeiras
e com conclusão falsa. O argumento abaixo é inválido, pois possui
premissas verdadeiras e conclusão falsa.
Hoje é um final de semana se for sábado ou domingo (Verdadeiro)
Hoje não é sábado (Verdadeiro)
Logo, hoje é um final de semana (Falso)

Um argumento dedutivo no qual todas as premissas são verdadei-


ras é dito Argumento Correto, evidentemente sua conclusão também

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3.1. ARGUMENTOS DEDUTIVOS 17

é verdadeira (para que seja válido). O exemplo abaixo é de um argu-


mento correto.
Toda baleia é um mamífero (Verdadeiro)
Todo mamífero tem pulmões (Verdadeiro)
Logo, toda baleia tem pulmões (Verdadeiro)

Exemplos
Os argumentos que obedecem à regra de inferência apresentada no
Capítulo 2 são todos válidos. Suas premissas são provas convincentes
para a conclusão. Veja:

Regra: Todas as vezes que premissas nos formatos “Se A


então B” e “A” forem apresentadas, podemos inferir a pro-
posição “B”.

Todo homem é mortal.


Sócrates é um homem.
Logo, Sócrates é mortal.
(argumento válido)

Sempre que chove, a rua fica molhada.


Está chovendo.
Logo, a rua está molhada.
(argumento válido)

Como também vimos no Capítulo 2, o desrespeito a uma regra ló-


gica torna o argumento inválido.
Sempre que chove, a rua fica molhada.
A rua está molhada.

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18 CAPÍTULO 3. DEDUÇÃO E INDUÇÃO

Logo, está chovendo.


(argumento inválido)

Quando o conjunto de premissas não é suficiente para a prova da


conclusão, o argumento também é inválido.

Vou ao teatro ou à igreja.


Logo, vou à igreja.
(argumento inválido)

Os conceitos verdadeiro e falso nas proposições não interferem na


classificação do argumento como válido ou inválido. Entretanto, todos
argumentos com premissas verdadeiras e conclusão falsa são obrigato-
riamente inválidos. Os exemplos abaixo ilustram essas características.

Todo mamífero tem duas pernas (Falso)


Todo ser de duas pernas tem penas (Falso)
Logo, todo mamífero tem penas (Falso)
(Argumento Válido)

Todo mamífero tem duas pernas (Falso)


Todo ser de duas pernas tem olhos (Falso)
Logo, todo mamífero tem olhos (Verdadeiro)
(Argumento Válido)

Todo mamífero respira (Verdadeiro)


Todo ser que respira precisa de muito oxigênio (Verdadeiro)
No ar encontramos muito oxigênio (verdadeiro)
Logo, todo mamífero vive na terra ou no ar (Falso)
(Argumento Inválido)

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3.2. ARGUMENTOS INDUTIVOS 19

3.2 Argumentos Indutivos


A formação dos argumentos indutivos não permite que suas pre-
missas forneçam provas cabais da veracidade da conclusão, mas ape-
nas indicações dessa veracidade. Portanto, um bom argumento indutivo
possui premissas que indicam alta probabilidade de uma conclusão ver-
dadeira.
Os termos “válido” e “inválido” não se aplicam nos argumentos
indutivos, que são avaliados de acordo com a maior ou menor pro-
babilidade das premissas apontarem à conclusão. Nesse caso o lei-
tor/ouvinte terá que avaliá-los considerando outros fatores além da forma
do argumento, e é o que discutiremos ainda nesta seção.
Os argumentos indutivos são classificados como fortes ou fracos.
Quando a qualidade das premissas é boa em relação à conclusão (maior
probabilidade de apontar para a conclusão) dizemos que o argumento
é forte. Caso contrário, é fraco. A classificação como forte ou fraco é
subjetiva e depende muitas vezes do contexto do argumento. Por esse
motivo a Lógica Formal não estuda os argumentos indutivos. O filósofo
Karl Popper [7] vai além e diz que nem mesmo os argumentos induti-
vos fortes devem ser aceitos como justificativas universais. Entretanto,
os argumentos indutivos podem e são aceitos pela ciência, mas deve-
se atentar para a qualidade do argumento indutivo. Algumas questões
podem ajudar nessa avaliação de qualidade:

• Qualidade da amostragem é boa (diversificada, recolhida em mo-


mentos distintos, não viciada e tendenciosa)?
• Os dados observados são relevantes para a conclusão?
• A quantidade dos dados na amostra é suficiente para a conclusão?

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20 CAPÍTULO 3. DEDUÇÃO E INDUÇÃO

Exemplos
É comum encontrarmos argumentos indutivos baseados em obser-
vações.
Joguei uma pedra no lago e ela afundou;
Joguei outra pedra no lago e ela também afundou;
Joguei mais uma pedra no lago e também afundou;
Logo, se eu jogar uma outra pedra no lago, ela vai afundar.

Também quando não se tem domínio absoluto do meio observado.


Fiz o teste da vacina com ratos, funcionou;
Fiz o teste da vacina com macacos, funcionou;
Fiz o teste da vacina com outros mamíferos, funcionou;
Logo, a vacina também funcionará nos seres humanos.

Porém, deve-se tomar cuidado com os argumentos indutivos fracos.


Observe os exemplos a seguir:
Ontem fui pescar no rio e peguei uma sardinha;
Hoje fui novamente e pequei mais sardinhas;
Logo, nesse rio só tem sardinhas.

(Observando o contexto, sabemos que existem muitos fatores que


influenciam numa pescaria (isca, tamanho do anzol, tipo de apetrecho
de pesca etc). Além disso um argumento com observações de dois dias,
nesse caso, é inapropriado. As premissas não são boas o bastante para
apontar a conclusão, por isso o argumento é fraco.)
Namorei Hermenegilda e fui traído;
Namorei Crezilândia e me decepcionei;
Namorei Jerusclécia e também me dei mal;
Logo, nenhuma mulher presta.

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3.3. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 21

(Idem. Brincadeiras à parte, os três exemplos particulares não sus-


tentam a conclusão. O universo de bilhões de mulheres no mundo não
pode ser classificado com amostragem tão pequena. Argumento fraco!)

3.3 Exercícios Propostos


1- Explique a diferença entre argumentos dedutivos e indutivos. Ilus-
tre com exemplos.

2- Qual a única combinação de valores verdade que pode indicar a


invalidade de um argumento dedutivo qualquer?

3- Usando a proposição “SE consigo falar ENTÃO posso chegar em


Roma” e o Raciocínio Lógico Dedutivo, responda:
a) Utilizando a proposição acima posso afirmar com toda certeza que
se tenho uma outra premissa “João consegue falar” posso con-
cluir que “João pode chegar em Roma?” Porquê?
b) Como eu poderia classificar o argumento se tivesse a premissa
“João pode falar”, mas a conclusão “João não pode chegar em
Roma”?
c) Com a premissa “eu não consigo falar” é possível obter a conclusão
que “não posso chegar em Roma”? Porquê?

4- Classifique os argumentos abaixo como “dedutivo válido”, “dedu-


tivo inválido”, “indutivo forte” ou “indutivo fraco”.
a) Um avião comercial normalmente está no céu, ou em um aeroporto,
ou então caiu. Ele não está em nenhum aeroporto e também não
foi encontrado no céu. Então o avião caiu.

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22 CAPÍTULO 3. DEDUÇÃO E INDUÇÃO

b) Não sei se já aconteceu com você, mas todas as vezes que eu lavo
o carro, chove! Então, quer que chova? É só me pedir pra lavar
meu carro.
c) Hoje é quarta-feira ou terça-feira. Mas não pode ser terça-feira
porque hoje houve aula de Lógica. E nas terças não tenho aula
de lógica. Então hoje é quarta-feira. Houve até miniteste com o
assunto de lógica!
d) Os defensores do aborto são hipócritas. Eles, continuamente, con-
testam em altos brados a execução de criminosos ou a destruição
de nossos inimigos. Mas eles nada vêem de errado com o assas-
sinato de crianças inocentes.
e) Ao longo da vida observei que um peixe sempre morre quando
está fora da água. Ontem tirei um peixe da água e ele morreu.
Portanto, se amanhã um peixe ficar fora da água, vai morrer.
f) Hoje cheguei no trabalho e algumas pessoas comentaram que gos-
taram da minha roupa. Isso significa que ontem eu estava com-
pletamente feio e fora de moda.
g) Todos os cães observados têm um coração. Logo, todo cão tem
coração.
h) Todos os animais têm coração. Um cão é um animal. Logo, um
cão tem coração.

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Capítulo 4

Lógica Informal

Como discutimos em capítulos anteriores, a Lógica é o estudo dos


argumentos. Por sua vez, um argumento é uma sequência de enuncia-
dos na qual um dos enunciados é a conclusão e os demais são premis-
sas. O estudo dos argumentos na Lógica informal se dá com proposi-
ções na linguagem natural. Uma sentença na linguagem natural pode
ser ambígua, que é característica da própria lingua falada ou escrita.
A classificação “informal” vem justamente dessa, geralmente presente,
impossibilidade de formalização matemática, consequência da ambi-
guidade da linguagem natural.
Na Lógica Informal temos que:

• As premissas servem para provar, ou fornecer evidências para a


conclusão.
• Uma proposição (ou enunciado) é uma idéia (ou significado) ex-
pressa por uma sentença declarativa (afirmativa).
• Uma sentença declarativa é uma sequência de palavras que ex-
pressa um enunciado.
• Uma sentença pode ser ambígua, podendo expressar um ou mais
enunciados.

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24 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

Exemplos de sentenças:

• O triângulo ABC é equilátero.


• Sócrates é mortal.

As proposições são idéias, expressas por sentenças declarativas,


que podem ser verdadeiras ou falsas. Na Lógica Informal temos que
identificar e entender a semântica de cada proposição no argumento.

4.1 Como identificar proposições


Temos que ler e entender o objetivo do argumento. Essa tarefa en-
volve o raciocínio lógico para a crítica de leitura. Aqui está uma grande
dificuldade para os jovens de hoje. A maioria não tem o hábito de ler,
e muito menos o senso crítico de leitura. Resultado: Forneço apenas
duas frases, sendo uma conclusão da outra, e o indivíduo não consegue
dizer qual frase é premissa de qual. O primeiro passo na “dissecação”
do argumento é procurar a conclusão do mesmo. Associado a isso,
procurar as premissas que apontam a conclusão.
Procure nos argumentos abaixo por suas conclusões e premissas. A
pergunta que você deve responder é “Quem é a conclusão de quem?”.

• Ele é Leão, pois nasceu na 1a semana de agosto.


• A economia não pode ser melhorada desde que o déficit comer-
cial está crescendo todo dia.
• Como o filme ainda não acabou eu não quero ir para cama.

Considerando as marcas () para conclusão e [] para as premissas, a


resposta para pergunta acima é:

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4.1. COMO IDENTIFICAR PROPOSIÇÕES 25

• (Ele é Leão), pois [nasceu na 1a semana de agosto].


Observe que a expressão “pois” sugere que o texto seguinte é
uma justificativa, portanto, uma premissa.
• (A economia não pode ser melhorada) desde que [o déficit co-
mercial está crescendo todo dia].
Observe que a expressão “desde que” também sugere que o texto
seguinte é uma premissa.
• Como [o filme ainda não acabou], (eu não quero ir para cama).
Nesse caso a palavra “como” significa “visto que” ou “porquanto”,
portanto, sugere que o texto seguinte é uma premissa.
Existem ainda os argumentos que se originam por etapas, onde
existe uma conclusão intermediária que serve de premissa para uma
conclusão geral. São argumentos que necessitam de “sub-argumentos”
para fornecer uma evidência que será usada no argumento. As con-
clusões intermediárias, que são premissas para a conclusão geral, são
chamadas de premissas não-básicas. As premissas, que no argumento
não são conclusões intermediárias, chamam-se premissas básicas. Ar-
gumento com essas características são chamados de argumentos com-
plexos, não por serem incompreensíveis, mas apenas pela conclusão
intermediária presente na sua formação. O exemplo a seguir ilustra um
argumento complexo.

O atum é um animal que nada e vive ambientes aquáticos.


Contudo, na água doce não encontramos atum. Portanto,
mesmo sendo aquático, o atum não vive em água doce.
Evidentemente, o atum é um peixe. Assim, existe pelo
menos um peixe que não vive em água doce.

Para facilitar o entendimento, observe o mesmo argumento com suas

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26 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

proposições identificadas.

Premissa 1: Um atum é um animal que nada e vive ambientes aquá-


ticos.
Premissa 2: Contudo, na água doce não encontramos atum.
Conclusão 1: Portanto, mesmo sendo aquático, o atum não vive em
água doce.
Premissa 3: Evidentemente, o atum é um peixe.
Conclusão 2: Assim, existe pelo menos um peixe que não vive em
água doce.

Observe que as premissas 1 e 2 são suficientes para sustentar a Con-


clusão 1. Por sua vez, a Conclusão 1 (premissa não-básica) em con-
junto com a Premissa 3 dão origem à Conclusão 2, que é a idéia geral
que o autor do argumento queria provar.
Em tempo, vale lembrar que um discurso qualquer (seja narrado ou
escrito) só deve ser considerado um argumento quando existe o objetivo
de se provar uma conclusão a partir de um conjunto de premissas. A
lingua portuguesa é rica em expressões que indicam esse objetivo e
facilitam a identificação de premissas e conclusões.
Os indicadores de inferência são expressões que apontam premis-
sas e conclusões, e são sub-conjunto dos conectivos usados para coesão
textual (conjunções, preposições, pronomes e até mesmo advérbios).
Os indicadores de inferência podem ser classificados em dois grupos e
os mais comuns são:
Indicadores de conclusão portanto, logo, dessa maneira, por isso, as-
sim, neste caso, daí, de modo que, então, assim sendo, podemos
deduzir que, por consequência, por conseguinte.

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4.1. COMO IDENTIFICAR PROPOSIÇÕES 27

Indicadores de premissa pois, desde que, como (=porque), porque,


assumindo que, visto que, admitindo que, em vista de, dado que,
supondo que, porquanto, já que, uma vez que.
Indicadores de conclusão ou premissa, quando no início de uma
frase ou sentença, indicam que trata-se de uma conclusão ou premissa,
respectivamente.
Ex.: Estou de férias e o dia está ensolarado. Portanto, vou à praia.

Um indicador de conclusão entre duas sentenças anuncia que a pri-


meira sentença é premissa e a segunda conclusão. Já um indicador de
premissa entre duas sentenças aponta a primeira sentença como con-
clusão da segunda, que é a premissa.
Ex.: João não estudou, logo, se deu mal.
Ex.: Não podemos sair, pois a chuva não parou.

Em alguns casos, para reconhecer se uma expressão é indicador de


inferência, é necessário analisar o contexto.
Ex.: Passaram-se 25 anos desde que casamos.
(Está associado à duração. Não indica inferência.)
Ex.: A cidade estava quente e ficou assim durante todo o verão.
(Neste caso, o termo “assim” significa “nessa condição” e não “por-
tanto”.)
Ex.: Fanikita é linda como uma pérola.
(A expressão “como” indica um exemplo/comparação e não tem o sig-
nificado de “porque”.)

Muitas vezes os indicadores de inferência estão ausentes ou im-


plícitos. Neste caso, temos que analisar melhor o texto em busca do
entendimento do autor.

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28 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

Ex.: Nada de TV por hoje. Está faltando energia elétrica.


(A primeira frase é conclusão da segunda, que é premissa.)
Ex.: Os alicerces são fortes, a casa não vai cair.
(A primeira sentença é premissa para a segunda.)

Algumas locuções não podem ser separadas. Desta forma, a pro-


posição é a frase inteira. Atenção aqui porque algumas delas são facil-
mente confundidas com indicadores de inferência.
Fazem parte da mesma proposição: ou....ou, se.....então...., somente
se, contanto que, se e somente se, nem...nem, a menos que, até, quando,
antes que. Também as expressões “desde que” e “porque” quando não
utilizados como indicadores de premissas.

4.2 Exercícios Resolvidos


1 - Utilize parênteses e chaves para identificar conclusões e premis-
sas nos argumentos abaixo. Considere () para marcar as conclusões e
[] para as premissas:

a) O cão labrador é ótimo tanto quando usado como guia para deficien-
tes visuais como quando usado para farejar entorpecentes, desde
que tem o temperamento dócil e porque aprende com facilidade.
1 passo: Destacar os identificadores de inferência.
O cão labrador é ótimo tanto quando usado como guia para de-
ficientes visuais como quando usado para farejar entorpecentes,
desde que tem o temperamento dócil e porque aprende com fa-
cilidade.

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4.2. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 29

2 passo: Ler novamente o argumento observando o efeito dos


identificadores de inferência destacados.
Já sabemos que as expressões “desde que” e “porque” anunciam
premissas.
3 passo: Marcar a conclusão e suas premissas.
(O cão labrador é ótimo tanto quando usado como guia para de-
ficientes visuais como quando usado para farejar entorpecentes),
desde que [tem o temperamento dócil] e porque[ aprende com
facilidade].

b) A bebida alcoólica altera o temperamento e o raciocínio. Daí o


número alarmante de incidentes e acidentes causados pelo ál-
cool, porque todos os bêbados acreditam ser capazes de dirigir
ou mesmo de dialogar racionalmente.
1 passo: Destacar os identificadores de inferência.
A bebida alcoólica altera o temperamento e o raciocínio. Daí o
número alarmante de incidentes e acidentes causados pelo álcool,
visto que todos os bêbados acreditam ser capazes de dirigir ou
mesmo de dialogar racionalmente.
2 passo: Ler novamente o argumento observando o efeito dos
identificadores de inferência destacados.
A expressão “daí” indica uma conclusão de algo dito anterior-
mente (premissa), e a expressão “visto que” indica uma outra
premissa.
3 passo: Marcar a conclusão e suas premissas.

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30 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

[A bebida alcoólica altera o temperamento e o raciocínio.] Daí


(o número alarmante de incidentes e acidentes causados pelo ál-
cool), visto que [todos os bêbados acreditam ser capazes de diri-
gir ou mesmo de dialogar racionalmente].

c) A distribuição de renda no Brasil isola cada vez mais as classes


mais altas. Portanto, o rico está cada vez mais rico e o pobre
cada vez mais pobre, desde que os salários das classes baixas
estão desatualizados. Desatualizados porque a inflação, mesmo
estando baixa, ainda existe.

1 passo: Destacar os identificadores de inferência.

A distribuição de renda no Brasil isola cada vez mais as classes


mais altas. Portanto, o rico está cada vez mais rico e o pobre
cada vez mais pobre, desde que os salários das classes baixas
estão desatualizados. Desatualizados porque a inflação, mesmo
estando baixa, ainda existe.

2 passo: Ler novamente o argumento observando o efeito dos


identificadores de inferência destacados.

A expressão “portanto” indica uma conclusão de algo dito an-


tes. Já a expressão “desde que” aponta uma segunda premissa.
O “porque” está justificando a desatualização do salário, assim,
trata-se de uma premissa para conclusão“os salários das clas-
ses baixas estão desatualizados”. Como a frase “os salários das
classes baixas estão desatualizados” é uma premissa não-básica
( conclusão intermediária), temos neste exemplo um argumento
complexo.

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4.2. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 31

3 passo: Marcar a conclusão e suas premissas.


[A distribuição de renda no Brasil isola cada vez mais as classes
mais altas.] Portanto,( o rico está cada vez mais rico e o pobre
cada vez mais pobre), desde que [(os salários das classes bai-
xas estão desatualizados)]. Desatualizados porque [a inflação,
mesmo estando baixa, ainda existe].
Organizando as proposições do argumento temos:

premissa 1: a inflação, mesmo estando baixa, ainda existe


conclusão 1(premissa não-basica): os salários das classes bai-
xas estão desatualizados
premissa 2: a distribuição de renda no Brasil isola cada vez mais
as classes mais altas.
conclusão 2: o rico está cada vez mais rico e o pobre cada vez
mais pobre
Explicando: A premissa 1 aponta para conclusão 1. Por sua vez,
a conclusão 1 (que é premissa não-básica) com a premissa
2 apontam para conclusão 2.

d) O Brasil é um país rico. A economia brasileira é a de um país


do terceiro mundo. Mas, seu território é extenso e repleto de
recursos naturais. Seu povo reúne as mais diversas culturas e
tradições.
1 passo: Destacar os identificadores de inferência.
Qual? Estão todos ocultos(ausentes).

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32 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

2 passo: Ler novamente o argumento observando o efeito dos


identificadores de inferência destacados.

Sem a ajuda dos indicadores de inferência temos que redobrar


a atenção na leitura para entender a idéia do autor. Procurar a
conclusão geral do argumento ajuda a entendê-lo.

3 passo: Marcar a conclusão e suas premissas.

(O Brasil é um país rico.) [A economia brasileira é a de um país


do terceiro mundo.] [Mas, seu território é extenso e repleto de
recursos naturais.] [Seu povo reúne as mais diversas culturas e
tradições.]

Observe que tudo que o autor fala após a primeira frase são jus-
tificativas para defender sua idéia inicial.

4.3 Diagramação de argumentos


Uma forma usada para facilitar o bom entendimento das ligações
lógicas entre os enunciados de um argumento é a de diagramação de
argumentos. Esta é a forma gráfica para representar a organização das
proposições em um argumento, onde cada proposição recebe um nú-
mero de ordem que é usado na diagramação.
Após a identificação das proposições e o entendimento de seus “pa-
péis” no argumento, é vez de expressá-lo em um diagrama que, na ver-
dade, é só um resumo desse entendimento anterior.
Considere o argumento abaixo e observe os passos para elaboração
de um diagrama de argumento.

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4.3. DIAGRAMAÇÃO DE ARGUMENTOS 33

A previsão do tempo informou que vai chover hoje à noite.


Assumindo que o serviço de previsão do tempo não falha,
então, vai chover hoje à noite. Além disso, não vejo estre-
las no céu e o vento está forte.

passo 1: Identificar e destacar os indicadores de inferência;


A previsão do tempo informou que vai chover hoje à
noite. Assumindo que o serviço de previsão do tempo
não falha, então, vai chover hoje à noite. Além disso,
não vejo estrelas no céu e o vento está forte.
passo 2: Identificar cada proposição e colocá-las entre parênteses ou
colchetes numerando-as;
1
[A previsão do tempo informou que vai chover hoje
à noite.] Assumindo que 2 [ o serviço de previsão do
tempo não falha], então, 3 [vai chover hoje à noite.]
Além disso, 4 [ não vejo estrelas no céu e o vento está
forte.]
passo 3: Ler novamente o argumento atentando para os indicadores de
inferência destacados. Refletir sobre o propósito do argumento,
sua conclusão, “o que é premissa de quem” etc;
Como vimos na Seção 4.1, a expressão “assumindo que” in-
dica uma premissa e a expressão “então” aponta uma conclusão.
Lendo o texto, também percebemos que as proposições 1, 2 e 4
são premissas para conclusão.
passo 4: Desenhar o diagrama do argumento seguindo os critérios
abaixo.
• Se a prova de uma conclusão (conclusão do argumento ou
premissa não-básica) se der com mais de uma premissa,
deve-se escrever os números das premissas na horizontal,
unidos pelo símbolo “+” e sublinhar tudo;

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34 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

• Se a prova de uma conclusão se der com uma premissa,


deve-se apenas escrever seu número;
• Para informar a conclusão, desenhe uma seta com origem
nas premissas e apontando para baixo. Faça a seta apontar
para o número correspondente à conclusão.
• Caso existam premissas não-básicas (conclusões interme-
diárias) será necessário repetir o procedimento para a pró-
xima etapa do argumento.
No nosso exemplo, o diagrama do argumento fica:
1+2+4

3
Alguns argumentos são construídos com premissas (ou conjunto de
premissas) que sozinhas (independentes) sustentam a mesma conclu-
são. Um argumento formado assim é chamado argumento conver-
gente. Neste caso, mais de uma seta aponta para a mesma conclusão.

1
[João está respirando.] 2 [Todos que respiram estão vivos.]
3
[O coração de João bate normalmente.] 4 [Sem dúvida al-
guma, todos aqueles cujos corações batem, também estão
vivos.] Portanto, 5 [João está vivo.]

1+2 3+4
ց ւ
5

Uma atenção especial deve ser empregada em argumentos expres-


sos de modo incompleto. Neste caso, o autor espera que uma proposi-
ção não explícita (ausente) possa ser compreendida mentalmente.

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4.4. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 35

1
[O chefe não gosta de quem falta ao trabalho.] Entretanto,
2
[Roberta vive faltando às quintas e sextas.]

Implicitamente temos a conclusão 3 [O chefe não gosta de Roberta.]


e o diagrama apresenta-se da seguinte forma:

1+2

3

Uma dica para se encontrar proposições em um mesmo nível


(que devem ser unidas pelo símbolo “+”) é atentar para as expressões
usadas nas ligações das frases. Normalmente essas mesmas expressões,
que são usadas para o encadeamento do texto, nos ajudam a identificar
idéias que colaboram para uma conclusão. Algumas dessas expressões
são: além disso, (a)demais, outrossim, ainda mais, ainda por cima, por
outro lado, também, e, nem, mas, não só ... mas também, não apenas
... como também, não só ... bem como.

4.4 Exercícios Resolvidos


1 - Esboce o diagrama de argumento para os argumentos abaixo:

a) “Hoje é quarta-feira ou sexta-feira. Mas não pode ser quarta-feira,


pois o consultório do médico estava aberto esta manhã, e aquele
consultório está sempre fechado às quartas. Portanto, hoje deve
ser sexta-feira.”
Solução:

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36 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

Das etapas propostas na Seção 4.3, após os passos 1 e 2, temos1 :

“1 [Hoje é quarta-feira ou sexta-feira.] 2 [Mas não pode


ser quarta-feira], pois 3 [o consultório do médico es-
tava aberto esta manhã], e 4 [aquele consultório está
sempre fechado às quartas.] Portanto, 5 [hoje deve ser
sexta-feira.]”

O passo 3 recomenda ler e analisar detalhadamente a formação


do argumento:
Observe que o indicador de inferência “pois” está aqui indicando
que antes dele existe uma conclusão e depois dele está a justifi-
cativa (a explicação) dessa conclusão. Então a frase de número 2
é consequência das outras que vêm após o “pois” (3 e 4). Lem-
brando de nossa dica antes deste exemplo, observe a expressão
de ligação “e” entre as premissas. Já o “portanto” aponta uma
outra conclusão, cujas premissas foram discutidas antes (1 e 2).
passo 4 – Elaborar o diagrama:

3+4

1+2

5
1
Estamos tratando os passos 1 e 2 juntos porque já foram exaustivamente discu-
tidos desde a Seção 4.1. Caso tenha alguma dúvida, recomendamos revisar a seção
citada, pág 24.

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4.4. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 37

b) “O Cheque perderá a validade a menos que ele seja descontado


dentro de 30 dias. O cheque está datado de 3 de janeiro e hoje
é 8 de fevereiro. Portanto, o cheque não vale mais. Você não
pode descontar um cheque que não vale. Assim, você não pode
descontar este cheque.”
Solução:
Passos 1 e 2 – Marcar o argumento:

“1 [O Cheque perderá a validade a menos que ele seja


descontado dentro de 30 dias.] 2 [O cheque está datado
de 3 de janeiro] e 3 [hoje é 8 de fevereiro.] Portanto,
4
[o cheque não vale mais.] 5 [Você não pode descontar
um cheque que não vale.] Assim, 6 [você não pode
descontar este cheque.]”

Passo 3 – Ler e refletir:


Tanto a palavra “portanto” como a palavra “assim” indicam con-
clusões. Dessa forma, existe uma conclusão intermediária no
argumento. Observe que a proposição de número 6 é a conclusão
do pensamento geral do autor. Temos portanto que a conclusão
de número 4 é uma premissa não-básica.
passo 4 – Elaborar o diagrama:
1+2+3

4+5

6

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38 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

c) “A família Gonçalves deve estar em casa. A porta da frente está


aberta, o carro está na entrada da garagem e a televisão está li-
gada, pois eu posso ver a sua luminosidade através da janela.”
Solução:
Passos 1 e 2 – Marcar o argumento:

“1 [A família Gonçalves deve estar em casa.] 2 [A porta


da frente está aberta], 3 [o carro está na entrada da ga-
ragem] e 4 [a televisão está ligada], pois 5 [posso ver a
sua luminosidade através da janela.]”

Passo 3 – Ler e refletir:


Analisando o argumento vemos que indicador de inferência “pois”
aponta para a justificativa (premissa) da “TV está ligada”(conclusão
intermediária). Percebe-se também que todo o texto é uma argu-
mentação para justificar a primeira frase (conclusão).
passo 4 – Elaborar o diagrama:

5

2 3 4
ց↓ւ
1

d) “Se você fosse meu amigo, não falaria por trás de mim.”
Solução:
Passos 1 e 2 – Marcar o argumento:

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4.5. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 39

“1 [Se você fosse meu amigo, não falaria por trás de


mim.]”

Passo 3 – Ler e refletir:

Algumas proposições podem estar implícitas, e isso exige um


pouco mais de atenção para entender o argumento. No argu-
mento acima estão ocultas as seguintes proposições “2 [você fala
por trás de mim]” e “3 [você não é meu amigo]”. Esta última é a
conclusão do argumento.

passo 4 – Elaborar o diagrama:

1+2

3

4.5 Exercícios Propostos


1 – Por que a linguagem natural não faz parte da lógica formal?
2 – Fale sobre argumentos complexos.
3 – Nos argumentos abaixo, marque com parênteses “()” a conclusão
final e com colchetes “[]” as premissas. Se houver alguma premissa
não-básica, sublinhe-a.
a) Os defensores do aborto são hipócritas. Eles, continuamente, con-
testam em altos brados a execução de criminosos ou a destruição
de nossos inimigos. Mas eles nada vêem de errado com o assas-
sinato de crianças inocentes.

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40 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

b) O lixo jogado em locais indevidos traz prejuízos à comunidade. Ele


ajuda na proliferação de doenças, polui visualmente a cidade,
além de destruir o ecossistema. O lixo também é o maior res-
ponsável pelo entupimento de galerias pluviais, quando não, a
consequente poluição nos rios.
c) Estou cursando na Universidade Federal, uma das melhores insti-
tuições brasileiras. Portanto, estou no Brasil. Posso andar livre-
mente, pois no território brasileiro as pessoas têm o direito de ir
e vir livremente.
d) Todos os argumentos são ou indutivos ou dedutivos. O que você
está lendo agora é um argumento. Este argumento não é indutivo.
Por isso te digo que este argumento é dedutivo
e) Hoje o dólar subiu e as minhas ações na bolsa de valores também
subiram. Desde quando era estudante, há mais de 10 anos, sem-
pre observei que quando o dólar sobe, as ações sobrem. Assim,
se o dólar subir amanhã, certamente minhas ações subirão.
f) O mecânico falou que o problema no meu carro pode estar no motor
ou na qualidade do combustível. O motor está bom, porque faço
revisões preventivas e uso óleo de boa qualidade. Dessa forma, o
problema está no combustível. Lembro que o posto onde abasteci
pela última vez não tem nem nome. Postos sem nome certamente
vendem combustível sem marca e com baixa qualidade.
g) O preço do pão vai subir. Houve aumento de preço dos combustí-
veis em todos os postos do Estado. O aumento no combustível
faz o preço do frete subir. Por sua vez, o preço do frete influencia
o valor final da farinha de trigo e outros ingredientes do pão.
h) Ele é um idiota. Se não fosse idiota não teria trocado um jantar
preparado especialmente por sua fiel esposa por uma noite de
galanteios e farras com os amigos.
i) Cláudia vai sair com Ricardo ou vai ficar em casa e ver novela.

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4.5. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 41

Ela não quer sair com Ricardo, porque ele quer ir ao show de
rock. Cláudia odeia rock. Dessa forma, Cláudia deve ficar em
casa vendo novela. Além disso, o capítulo de hoje é imperdível
porque o “menino lobo vai virar onça”.
j) O governo é o responsável pela queda do viaduto. Há mais de 15
anos não fazem manutenção preventiva. Além disso, no ano pas-
sado, engenheiros apontaram a necessidade de reforço na estru-
tura que suporta as 30ton de concreto.
k) Se o sanduíche daquela lanchonete fosse bom eu não teria encon-
trado uma perninha de barata no meio da salada.
l) A terra realiza movimentos de translação e rotação ao redor do sol,
por isso temos o dia e a noite, assim como as estações do ano,
o vento, o frio e o calor. A natureza necessita dessas variações
de temperatura e luminosidade para sobreviver. Dessa forma, a
natureza sempre está viva.
m) Preciso trocar os pneus do carro, já que tenho que viajar no sá-
bado e os pneus estão carecas. Todas as vezes que compramos
pneus para o carro, também precisamos de balanceamento e ali-
nhamento. Assim, vou gastar com pneus e serviços.
n) A programação da TV não é adequada para meus filhos. Não é
adequada porque a classificação recomendada é para maiores de
14 anos e meus filhos têm 10 e 12 anos. Assim, meus filhos
vão assistir uma programação musical em DVD, porque todas as
vezes que a programação não é adequada, digo-lhes para fazer
isso.
o) Abasteci o carro com 50 litros de combustível. Dirigi mais de
500Km sem abastecer e meu carro faz 10Km com um litro de
combustível, então preciso abastecer. Além disso, um carro só
para de funcionar por motivo técnico ou por falta de combustí-
vel. Ele não tem problema técnico e parou de funcionar. Então,

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42 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

realmente eu preciso abastecer.


4 – Elabore diagramas para todos os argumentos do exercício anterior.
5 – Use sua criatividade e escreva argumentos para as seguintes situ-
ações abaixo. Lembre-se que o nosso propósito é aprender, portanto,
tente elaborar argumentos complexos.
tema 1: Você gostaria ir à uma festa organizada por seus amigos. Mas,
para isso, terá que lançar um bom argumento para seu pai.
tema 2: Você trabalha vendendo livros. Descreva o seu argumento
para convencer um pai de filhos adolescentes.
tema 3: Seu companheiro ou companheira te deu duas opções para
um passeio: praia ou campo. Argumente sobre sua decisão.
tema 4: Você gostaria de ter um animal de estimação. Sua mãe prefere
gatos e você prefere um cachorros. Ter um gato ou cachorro
depende agora da sua boa argumentação.

4.6 Outros Argumentos Informais


Além dos argumentos indutivos (Seção 3.2) e dos argumentos in-
formais (Dedutivos semânticos) estudados neste capítulo, existem for-
matos de argumentos informais muito conhecidos e usados no nosso
cotidiano. Antes porém, devemos lembrar que a identificação da forma
de um argumento informal não é suficiente para classificá-lo como bom
ou mau.

4.6.1 Argumento da autoridade


O argumento da autoridade (ad auctoritatem) é usado quando não
se tem o domínio sobre um determinado assunto. Neste caso, cita-se

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4.6. OUTROS ARGUMENTOS INFORMAIS 43

no argumento uma declaração/afirmação de uma autoridade no assunto.


Sua forma costuma ser:

Autoridade afirma que X é verdade. Logo, X é verdade.

Observe os exemplos abaixo e perceba que a forma do argumento


da autoridade não garante que o mesmo seja um bom argumento.
Exemplo 1:

Se Albert Einstein disse que “ imaginação é mais impor-


tante que o conhecimento” e Leonardo da Vinci disse que
“quem pensa pouco, erra muito”, então a imaginação e o
raciocínio são os segredos do sucesso. (argumento bom ou
forte)

Exemplo 2:

João da Silva disse que a qualidade de vida de um indi-


víduo é proporcional à sua distância dos centros urbanos.
Logo, viver no campo é bom. (argumento ruim ou fraco)

Einstein e da Vinci foram gênios de suas épocas, ambos com com-


petência e experiência suficientes para suas afirmações. Enquanto isso,
apesar de intuitivamente concordarmos com a afirmação de João, não
sabemos quem ele é e muito menos sobre sua área de estudo/trabalho.
Portanto, a verificação da qualidade dos argumentos não é baseada na
forma e depende de alguns pontos:
1. A autoridade realmente é autoridade? Tem a formação adequada?
2. A autoridade invocada é reconhecida como tal pelos seus pares?
3. Os especialistas no assunto divergem entre si?

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44 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

Exemplo 3:

Carl Sagan diz que há mais estrelas do que grãos de areia


em todas as praias da Terra. Logo, há mais estrelas do que
grãos de areia em todas as praias da Terra.

Carl Sagan, doutor pela Universidade de Chicago, foi o maior di-


vulgador da ciência em astronomia que o mundo já conheceu. Na ciên-
cia ele é reconhecido em todo o mundo por suas descobertas. Ora, se
Carl Sagan falou algo sobre astronomia, é verdade. É importante frisar
que, numa situação real de avaliação, deve-se buscar informações sobre
quem está sendo citado como autoridade no assunto.

Exemplo 4:

Badan Palhares disse que houve crime em vez de suicídio.


Então houve um crime.

O Dr. Fortunato Badan Palhares é um renomado médico legista co-


nhecido em todo o Brasil. Se ele disse que houve crime, então houve
crime.

4.6.2 Argumento por analogia


Os argumentos por analogia partem da idéia de que se diferentes
coisas são semelhantes em determinados pontos, também o serão em
outros. Trata-se portanto do estabelecimento de uma relação de seme-
lhança entre as partes para depois inferir que um outro aspecto presente
em um também estará presente no outro. De forma geral, os argumen-
tos por analogia costumam apresentar a seguinte forma:

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4.6. OUTROS ARGUMENTOS INFORMAIS 45

A personagem x tem as propriedades A, B, C e D.


A personagem y, tal como o x, tem as propriedades A, B,
C e D. A personagem x tem ainda a propriedade E.
Logo, y tem também a propriedade E.

A forma do argumento por analogia é simples. Partem da idéia de


que se diferentes coisas são semelhantes em determinados aspectos,
também o serão em outros. Entretanto, mais uma vez devemos lembrar
que a identificação da forma do argumento informal não garante que o
mesmo seja bom. Observe os exemplos abaixo:

Um pai é aquele que aconselha, admoesta, é mais experi-


ente, se alegra com as alegrias do filho assim como se en-
tristece com suas tristezas. Na igreja, o reverendo é como
um pai. Um pai também repreende e disciplina seus filhos.
Logo, o reverendo também repreende e disciplina os fieis
na igreja. (argumento bom ou forte)

Os estudantes numa escola visam o crescimento intelec-


tual, a experiência social, sempre buscando um futuro me-
lhor. Os trabalhadores são como estudantes. Se os tra-
balhadores têm salário, então os estudantes também têm
salário. (argumento ruim ou fraco)

Os dois exemplos acima possuem o mesmo formato. Entretanto,


um é bom e o outro não. Isso se dá porque a avaliação de um argumento
que usa a analogia depende de outros fatores:
1. As semelhanças apontadas nos casos que estão a ser comparados
são relevantes para a conclusão que se quer inferir?

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46 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

2. A comparação tem por base um número razoável de semelhan-


ças?
3. Apesar das semelhanças apontadas, não haverá diferenças funda-
mentais entre os casos que estão a ser comparados?

Exemplos

Exemplo 1:

Os soldados de um batalhão têm de obedecer às decisões


de um comandante para atingir os seus objetivos, têm sede
própria e trabalham em equipe. Uma equipe de futebol é
como um batalhão. Os soldados de um batalhão andam
armados quando treinam. Logo, os jogadores de futebol
andam armados quando treinam.

Este exemplo faltou em duas das três questões descritas anterior-


mente. As semelhanças apontadas não se relacionam com armas ou
força armada. Observe também que existem diferenças fundamentais
grandes entre um time de futebol (esporte, entretenimento) e um bata-
lhão (segurança, ordem).

Exemplo 2:

Os soldados de um batalhão têm de obedecer às decisões


de um comandante para atingir os seus objetivos. Uma
equipe de futebol é como um batalhão. Logo, os jogadores
de uma equipe de futebol têm que obedecer as decisões de
um comandante (técnico) para atingir os seus objetivos.

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4.6. OUTROS ARGUMENTOS INFORMAIS 47

Este é um bom argumento, que atende às três questões descritas.


Apesar de soldados e jogadores pertencerem a grupos distintos, para a
conclusão que se deseja chegar, interessa apenas o conceito de “grupo
organizado” (característica dos dois grupos).

Exemplo 3:

Os bombeiros dividem-se em batalhões, obedecem a uma


hierarquia, têm um quartel e usam farda, tal como os po-
lícias. Os polícias usam arma. Logo, os bombeiros usam
arma.

Outro exemplo de argumento ruim. Observe que, ao contrário do


Exemplo 2, não é suficiente o conceito de “grupo organizado”. As
diferenças aqui são mais específicas, um é “grupo organizado de paz”
e outro é um ”grupo organizado de ordem”. Equipes de ordem usam
armas.

Exemplo 4:

Um animal de estimação quando filhote precisa de atenção,


carinho, uma boa alimentação e cuidados especiais com a
higiene. Um bebê é como um filhote. Assim, se o filhote
vai ao veterinário o bebê também deve ir.

Argumento ruim. Apesar ambos serem “filhotes”, pertencem a gru-


pos distintos quando em relação a cuidados médicos.

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48 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

4.6.3 Argumento da relação causa-efeito


Este tipo de argumento tenta estabelecer uma relação de causa entre
fenômenos, acontecimentos ou fatos. O formato desse tipo de raciocí-
nio poder ser entendido como:

Foi observado que B acontece sempre que A acontece;


Logo, A é causador de B.

Este tipo de argumento normalmente produz a falácia da falsa causa


(post hoc), que acontece quando se atribui como causa de um fato algo
que na realidade não é sua causa. Entretanto, o argumento da causa-
efeito é bastante usado na ciência, que em seus experimentos eliminam
fatores externos que possam influenciar os resultados.

Alguns ratos foram submetidos a uma dieta especial ba-


seada na substância X. Foi observado que todos os ratos
no experimento ganharam peso. Logo, a substância X faz
com que ratos ganhem peso. (argumento bom ou forte)

A qualidade da observação ou experimento, que está associada di-


retamente ao grau de probabilidade/certeza da conclusão, está direta-
mente relacionada ao fato de este tipo de argumento ser forte ou fraco.
Dessa forma, as perguntas que devem ser feitas são:
1. A observação/experimento está livre de fatores externos, que pos-
sam influenciar o resultado?
2. Atentando para os aspectos físicos, é possível a relação de causa-
efeito proposta?
3. O número de observações foi suficiente para se estabelecer tal
relação?

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4.6. OUTROS ARGUMENTOS INFORMAIS 49

Exemplos

Exemplo 1:

O trovão vem sempre depois do relâmpago. Logo, o re-


lâmpago é a causa do trovão.

Este argumento foi tido como verdadeiro por muitos anos quando
não se tinha o conhecimento sobre os fenômenos físicos e naturais. Mas
hoje sabemos que mesmo sendo verdade que o relâmpago antecede o
trovão, é falso que este seja causado por aquele. Sabe-se que, tanto o
relâmpago como o trovão são causados pelo mesmo fenômeno: uma
descarga elétrica.

Exemplo 2:

Todas as vezes que corto o cabelo na lua crescente, meus


cabelos ficam mais cheios ou com maior volume. Então a
lua é a causadora do volume do cabelo.

Esperamos não decepcioná-lo se você acredita nisto, mas o argu-


mento é muito ruim. Atentando para as perguntas sugeridas para ava-
liação do argumento, podemos dizer que: Seu shampoo, modo de la-
var, temperatura da água são exemplos de fatores externos. Cientifi-
camente, a gravidade, órbita ou sombra da terra projetada na lua não
influenciam no crescimento do cabelo. Lembrando que o corte acon-
tece nas pontas dos fios e o cabelo cresce pela raiz.

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50 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

Exemplo 3:

Algumas tribos acreditavam que o toque dos tambores du-


rante um eclipse do sol era a causa do reaparecimento do
sol. Isso porque, todas as vezes que os tambores eram to-
cados, o sol reaparecia.

O eclipse do sol é resultado apenas da presença da lua entre a terra


e o sol. Como estão em órbitas distintas, sempre o sol vai reaparecer.
Quanto aos tambores... Sem comentários.

Exemplo 4:

Foi observado que todas as vezes que chove o nível do rio


sobe. Assim, o chuva causa o aumento do nível do rio.

Neste exemplo temos uma relação física grande, afinal a água da


chuva tem que escoar para algum lugar. Trata-se portanto de um bom
argumento.

4.6.4 Argumento pela ignorância


O argumento pela ignorância (ad ignorantiam) consiste na tentativa
de se provar que algo é verdade porque não se consegue provar que é
falso, e vice-versa. Este tipo de argumento sempre produz falácias. Sua
forma geral pode ser vista como:

Como não se pode dizer que X é falso. Então X é verdade.


ou
Como não se pode dizer que X é verdade. Então X é falso.

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4.7. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 51

Exemplos

Exemplo 1:

Fantasmas existem, visto que não se pode provar que não


existem.

Assim como os fantasmas do exemplo acima, os fenômenos psí-


quicos, telepatia, “bons fluidos mentais” são coisas que não podemos
provar que não existem. Mas isso não quer dizer que existem.

Exemplo 2:

Não se consegue provar a culpa de Joaquim. Então Joa-


quim é inocente.

Esta é a única situação onde esse tipo de argumento não é falacio-


so: quando usado na justiça ou em um tribunal. A justiça diz que um
acusado é inocente até que se prove o contrário.

4.7 Exercícios Propostos


1 – Crie dois exemplos para cada um dos argumentos vistos na Se-
ção 4.6.
2 – Classifique os argumentos abaixo como “da autoridade” , “por ana-
logia”, “relação causa-efeito”, “pela ignorância” ou como “indutivo”
(Visto na Seção 3.2). Logo após, avalie-os como fracos (maus) ou for-
tes (bons).
a) Todas as vezes que o sol se põe a lua aparece. Assim, a lua aparece
por causa do pôr-do-sol.

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52 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

b) Se o Beethoven disse que a música deve ser tocada em si bemol,


então a música deve ser tocada em si bemol.
c) Semana passada choveu todos os dias. Ontem e hoje também cho-
veu. Logo, amanhã também vai chover.
d) O ministério de saúde diz que “fumar é prejudicial a saúde”. Dessa
forma, o fumo prejudica a saúde.
e) A cozinha de uma casa deve ser um ambiente limpo, organizado,
livre de focos de doenças. Um laboratório químico é como uma
cozinha. Assim, se o laboratório tem chuveiro, a cozinha também
tem.
f) Todas as vezes que coloco uma panela com água sobre o fogo, em
poucos minutos, a água ferve. Então o fogo é a causa da fervura.
g) Observei que todas as vezes que acionei o interruptor da sala, a luz
da varanda acendeu. Então se amanhã eu acionar o interruptor, a
luz acenderá.
h) Observei que todas as vezes que acionei o interruptor da sala, a luz
da varanda acendeu. Então a luz acende porque o interruptor é
acionado.
i) Historicamente, associado a um rebanho de ovelhas, existe a figura
do pastor, que responsável pela segurança, translado, saúde e até
pelo resgate de alguma que venha a se perder das demais. Os
membros de uma Igreja são como ovelhas de um rebanho. As
ovelhas de um rebanho ainda têm a característica de vivem tran-
quilas em seu grupo. Logo, os membros de uma igreja também
devem viver em paz entre si.
j) Os peritos em acidentes automobilísticos afirmam que muitos dos
sinistros em curvas acontecem porque o motorista em vez de a-
cionar os freios antes da curva, o faz durante a curva. Dessa
forma, acionar os freios no momento errado é a causa de muitos
acidentes em curvas.

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4.7. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 53

k) Andei descalço e machuquei o pé. Desde pequeno, todas as vezes


que ando descalço, sempre machuco o pé. Assim, se amanhã eu
andar descalço, machucarei o pé.
l) Hoje vesti uma camisa verde e o meu time de futebol venceu o jogo.
Assim, a camisa verde foi a causa da vitória do time.
m) Não se pode provar que o universo tem fim. Portanto, o universo é
infinito.
n) Todas as vezes que o sol aparece, a chuva vai embora. Dessa forma,
a chegada do sol é a causa da ida da chuva.
o) Todas as vezes que a chuva vai embora, o sol aparece. Dessa forma,
a ida da chuva causa o aparecimento do sol.
p) Roberto disse que “as plantas devem ser regadas todos os dias”.
Portanto, as plantas devem ser regadas todos os dias.

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54 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

4.8 Questões de Concursos


1 - (ESAF) Considere a sentença: “Paulo passará no exame, pois é
aluno estudioso, e alunos estudiosos passam no exame.”. A conclusão
do argumento expresso por esta sentença é:
a) Paulo é estudioso.
b) Existem alunos estudiosos.
c) Paulo passará no exame.
d) Alunos estudiosos passam no exame.
e) Paulo é estudioso ou existem alunos estudiosos.
2 - (CESGRANRIO) Uma das formas mais simples de argumentar con-
siste em duas frases, uma das quais é conclusão da outra, que é cha-
mada premissa. Dentre as opções a seguir, assinale aquela em que a
associação está correta.
a) Premissa: Os exames finais devem ser extintos. Conclusão: Os
exames finais dão muito trabalho a alunos e a professores.
b) Premissa: Os índios brasileiros eram culturalmente primitivos. Con-
clusão: Os índios brasileiros cultuavam vários deuses.
c) Premissa: N é um número inteiro múltiplo de 6. Conclusão: N não
é um número ímpar.
d) Premissa: É possível que um candidato ganhe as eleições presi-
denciais. Conclusão: O tal candidato tem muitos eleitores no
interior do país.
e) Premissa: É muito difícil aprender a escrita japonesa. Conclusão:
O alfabeto japonês tem mais de dois mil anos.
3 - (ESAF) Considere a seguinte sentença:
“A nenhum homem é consentido ser juiz em causa própria, porque
seu interesse certamente influirá em seu julgamento, e, não improva-
velmente, corromperá a sua integridade.”

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4.8. QUESTÕES DE CONCURSOS 55

A conclusão do argumento expresso por esta sentença é:


a) os interesses corrompem a integridade.
b) os interesses influenciam nos julgamentos.
c) os interesses influenciam nos julgamentos e provavelmente corrom-
pem a integridade.
d) a nenhum homem é consentido ser juiz em causa própria.
e) julgar em causa própria provavelmente corrompe a integridade de
quem julga.
4 - (FGV) O argumento que se segue foi extraído do livro “As aventuras
de Huckleberry Finn”, de Mark Twain. Nele, o personagem Huck Finn
afirma — Jim disse que as abelhas não picariam idiotas; mas eu não
acreditei nisso, porque eu mesmo já tentei muitas vezes e elas não me
picaram.
Analisando o argumento, podemos dizer que:
a) Uma premissa implícita é que Huck Finn é idiota.
b) Uma premissa implícita é que Huck Finn não é idiota.
c) A conclusão do argumento é que Jim é idiota.
d) A conclusão do argumento é que Huck Finn é inteligente.
5 - (FGV) Em seu livro Principles of Political Economy and Taxation,
David Ricardo expressa o seguinte argumento:

Quando o elevado preço do trigo for o resultado de uma


procura crescente, será sempre precedido de um aumento
de salários, pois a procura não poderá crescer sem um cor-
respondente aumento dos meios de pagamento, entre o povo,
para pagar por aquilo que deseja.

A conclusão do argumento é que:

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56 CAPÍTULO 4. LÓGICA INFORMAL

a) Um aumento na procura por trigo produz um aumento em seu


preço;
b) O preço do trigo é elevado.
c) O aumento do preço do trigo, em razão de uma procura crescente é
sempre precedido de um aumento dos salários;
d) NDA.
6 - (COPEVE) Considere a seguinte sentença: “Mônica viajará à Eu-
ropa, pois ela é rica e pessoas ricas viajam à Europa”. Podemos con-
cluir pelo argumento expresso por esta sentença que:
a) Mônica é rica ou existem pessoas ricas.
b) Mônica é rica.
c) Existem pessoas ricas.
d) Mônica viajará à Europa.
e) Pessoas ricas viajam à Europa.
7 - (ESAF) Considere a seguinte sentença: “A nenhum homem é con-
sentido ser juiz em cauda própria, porque seu interesse certamente in-
fluirá em seu julgamento, e, não improvavelmente, corromperá a sua
integridade.” A conclusão do argumento expresso por esta sentença
é:

a) os interesses corrompem a integridade.


b) os interesses influenciam nos julgamentos.
c) os interesses influenciam nos julgamentos e provavelmente corrom-
pem a integridade.
d) a nenhum homem é consentido ser juiz em causa própria.
e) julgar em causa própria provavelmente corrompe a integridade de
quem julga.

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Capítulo 5

Lógica Formal Proposicional

5.1 Formas
A Lógica Formal ou Lógica Simbólica é o estudo das formas de
argumento. Argumentos provenientes de contextos completamente di-
ferentes podem possuir a mesma forma. Observe os seguintes argu-
mentos:

Se eu ganhar na loteria, serei rico.


Eu ganhei na loteria.
Logo, sou rico.

Se fizer sol, eu irei à praia.


Está fazendo sol.
Logo, eu vou à praia.

Se eu comer bastante, passarei mal.


Comi bastante.
Logo, passo mal.

Todos estes três argumentos, apesar de pertencerem a contextos dis-


tintos, possuem a mesma forma. A forma deles é:

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58 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

Se <alguma coisa>, então <outra coisa>.


<alguma coisa>.
Logo, <outra coisa>.

Como pôde ser notado, a forma de raciocínio para os três argu-


mentos é exatamente a mesma. A Lógica Formal possui um conjunto
de regras abstratas de raciocínio que são comuns em vários argumentos.
A partir de agora, iremos representar as sentenças declarativas por
meio de letras maiúsculas do nosso alfabeto (símbolos sentenciais): de
A até Z. Assim, refazendo a forma dos argumentos apresentados, te-
mos:
Se A, B.
A.
Logo, B.

Podemos então dizer que os três argumentos possuem a forma apre-


sentada acima, ou ainda que os três argumentos são variações grama-
ticais (ou instâncias) desta forma. A esta forma de argumento damos
o nome de Modus Ponens, e será explicada na Seção 5.2, referente à
Lógica Proposicional.
Existem outras formas de argumento que podem ser expressas com
o uso das seguintes expressões:
• Negação: Não é o caso que ...
• Conjunção: ... e ...
• Disjunção: ... ou ...
• Implicação (ou condicional): Se ... então ...
• Bi-implicação (ou bi-condicional): ... se e somente se ...
Estas expressões são conhecidas como conectivos (ou operadores)
lógicos.

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5.1. FORMAS 59

Conectivo não é o caso que..


Este conectivo prefixa uma sentença para formar uma nova sentença
a qual é denominada de negação. Abaixo podemos ver um exemplo de
negação:
Não é o caso que ele é patinador.

A negação de uma sentença pode não aparecer com o uso do prefixo


não é o caso que. Em outras palavras, há variações gramaticais na
negação. Exemplos:
Ele não é patinador.
Ele não patina.
Ele é não-patinador.

Todas as três variações possuem o mesmo valor semântico do exem-


plo apresentado com o prefixo não é o caso que, apesar de todas as
quatro sentenças serem sintaticamente diferentes. Se fôssemos abstrair
a forma dessas sentenças, ela seria Não é o caso que P, com P signifi-
cando Ele é patinador.

Conectivo ..e..
Esse conectivo é usado para unir duas sentenças quaisquer for-
mando uma composição a qual é denominada de conjunção. Abaixo
podemos ver um exemplo de conjunção:
Os brasileiros são trabalhadores e gostam de praia.

A forma desse argumento é T e P, com T significando Os brasilei-


ros são trabalhadores e P, Os brasileiros gostam de praia.

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60 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

Composições feitas com a conjunção também podem ser expres-


sas por palavras1 como: contudo, todavia, mas, embora, entre outras.
Alguns exemplos seriam:
Os brasileiros são trabalhadores,
mas não gostam das segundas-feiras.

João assiste a todos os jogos


embora não pratique esporte.

Os dois últimos exemplos mencionados possuem a mesma forma:


A e não é o caso que B. Com A significando Os brasileiros são traba-
lhadores (ou João assiste a todos os jogos) e B, Os brasileiros gostam
das segundas-feiras (ou João pratica esporte).

Conectivo ..ou..
Analogamente ao conectivo e, esse conectivo é usado para unir duas
sentenças quaisquer formando uma composição a qual é denominada
de disjunção. Abaixo podemos ver um exemplo de disjunção:
Emerson vai ao jogo ou enlouquecerá.

A forma desse argumento é J ou E, com J significando Emerson vai


ao jogo, e E expressando Emerson enlouquecerá.
É importante destacar aqui que, na Lógica Formal, este ou não deve
passar a idéia de escolha única, apesar de aparentar. Com o uso deste
conectivo, na disjunção J ou E, J pode acontecer ou E pode acontecer,
ou até mesmo ambos podem acontecer.
1
Na gramática da língua portuguesa são conhecidas como Conjunções Adversati-
vas e Conjunções Concessivas.

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5.1. FORMAS 61

Quando usualmente usamos a disjunção, falando ou mesmo escre-


vendo, no dia-a-dia, damos ao receptor a escolha única entre duas ou
mais opções. A este ou específico damos o nome de ou exclusivo e não
será tratado neste livro.

Conectivo se...então...
O uso deste conectivo resulta em enunciados chamados de impli-
cações, ou condicionais. Pois este tipo de enunciado expressa uma
condição.
Diferentemente dos enunciados resultantes dos conectivos anterio-
res, enunciados condicionais não permitem a inversão na ordem das
proposições. A proposição subsequente ao se é chamada de ante-
cedente, e a proposição subsequente ao então é chamada de conse-
quente.
A forma de um enunciado condicional é Se A então C. Onde A é
o antecedente e C é o consequente. Um exemplo de condicional pode
ser:
Se a porta ficar aberta então o cachorro sairá de casa.

Muitos argumentariam, usando este enunciado, que se o cachorro


saiu de casa foi porque a porta estava aberta. Todavia, tal argumento
é uma falácia2 ! O antecedente é condição suficiente para a ocorrência
do consequente. Mas, o consequente é condição necessária para a
ocorrência do antecedente, e não suficiente.
Um bom exemplo para entendermos enunciados condicionais é o
seguinte:
2
Esta falácia é conhecida como falácia da afirmação do consequente.

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62 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

Se é juiz então é advogado.

Neste exemplo, o fato de ser juiz é suficiente para ser advogado. E,


para ser juiz, é necessário ser advogado, mas não suficiente. Em outras
palavras, todo mundo que é juiz, também é advogado. Mas, nem todo
mundo que é advogado, também é juiz. A Figura 5.1 transmite a idéia
geral para auxiliar o entendimento dos conceitos “condição suficiente”
e “condição necessária”.

Figura 5.1: Ilustração abstrata dos conceitos condição necessária e


condição suficiente.

Veja agora um exemplo, semelhante ao anterior:


Se chover então molha a rua.

É suficiente chover para alguém deduzir que a rua fica molhada.


Todavia, o fato da rua ficar molhada não garante necessariamente que
choveu.
Um exemplo mais complexo, que os apresentados até então, pode-
ria ser:
Se ele for à praia e não usar protetor solar,
então ele ficará queimado ou terá que usar chapéu.

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5.1. FORMAS 63

Neste último exemplo, o enunciado condicional é composto por uma


conjunção sendo o antecedente, e por uma disjunção sendo o conse-
quente. Além disso, a conjunção é composta por uma proposição atô-
mica e uma negação de proposição atômica.
A forma para o exemplo seria Se P e não é o caso que S então Q
ou C. Sendo os significados de P, S, Q e C respectivamente, Ele vai à
praia, Ele usa protetor solar, Ele ficará queimado e Ele terá que usar
chapéu.
Seguindo o raciocínio empregado nos exemplos anteriores, temos o se-
guinte:
• Ele ir à praia e não usar protetor solar é condição suficiente
para inferir que ele ficará queimado ou terá que usar chapéu.
• Em outras palavras, dizer que ele ficar queimado ou ter que usar
chapéu é condição necessária para Ele ir à praia e não usar
protetor solar
Os enunciados condicionais também podem ser expressos na ordem
inversa: Como se sentir fome. Este enunciado condicional mantém a
mesma semântica dos enunciados: Se sentir fome, como e Se sentir
fome então como.
Há diversas variações gramaticais para o conectivo condicional.
Por exemplo, para o enunciado Se faz sol então faz calor, podemos
ter:

• Fazer sol implica em fazer calor.


• Faz sol somente se faz calor.
• Se faz sol, logo faz calor.
• Faz calor se faz sol.
• Fazer sol é condição suficiente para fazer calor.

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64 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

• Fazer calor é condição necessária para fazer sol.

Conectivo ...se e somente se...


O uso deste conectivo resulta em enunciados chamados de bi-impli-
cações, ou bicondicionais. Pois este tipo de enunciado expressa uma
condição dupla. E, diferentemente do enunciado condicional, num
enunciado bicondicional é permitida a inversão na ordem das propo-
sições.
Um enunciado bicondicional pode ser considerado como uma con-
junção de dois condicionais. Por exemplo, o enunciado abaixo:

É um polígono de três lados se e somente se é um triângulo.

pode ser decomposto em uma conjunção composta por duas condições.


As condições para o referido exemplo são:

Se é um polígono de três lados então é um triângulo. (1a)


Se é um triângulo então é um polígono de três lados. (2a)

Note que o antecedente de (1a) é o consequente de (2a) e vice-versa.


Para ficar mais claro, observe as variações gramaticais dos enunciados
(1a) e (2a):

É um polígono de três lados somente se é um triângulo.(1b)


É um polígono de três lados se é um triângulo. (2b)

Como já foi visto na Seção correspondente ao conectivo se..então..,


os enunciados (1a) e (1b) são variações gramaticais um do outro. As-
sim, possuem a mesma semântica. Desta mesma forma também são os
enunciados (2a) e (2b).

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 65

Fazendo é um polígono de três lados ser representado por A e é um


triângulo ser representado por B, teremos:
A somente se B. (1c)
A se B. (2c)

Os enunciados (1c) e (2c) representam a forma dos enunciados (1b)


e (2b) e, por isso, são mais concisos. Fica assim, mais claro para iden-
tificar que a conjunção A se B e A somente se B equivale ao enunciado
A se e somente se B.
É importante destacar aqui que os conectivos apresentados podem
ser combinados formando enunciados mais complexos, como por exem-
plo: A ou não é o caso que B se e somente se não é o caso que A e
B.

5.2 Lógica Proposicional


A Lógica Proposicional (ou Cálculo Proposicional) é um sistema
formal no qual as fórmulas representam proposições que podem ser
formadas pela combinação de proposições atômicas usando os conec-
tivos lógicos já apresentados. Além disso, tal sistema formal apresenta
um conjunto de regras de derivação que permite a prova da validade ou
invalidade dos argumentos dedutivos.

5.2.1 Símbolos
Para facilitar a manipulação e leitura dos enunciados e argumentos,
a Lógica Proposicional adota símbolos especiais para representar os
operadores (conectivos) lógicos. São eles:

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66 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

• Não é o caso que..: ˜ ou ¬


• ..e..: ∧ ou &
• ..ou..: ∨
• Se..então..: →
• ..se e somente se..: ↔

Re-escrevendo o último enunciado da Seção anterior, teremos:

A ∨ ¬B ↔ ¬A ∧ B

Podemos notar que, ao se usar os símbolos especiais, a fórmula


(chamada até então de enunciado) se torna muito mais concisa do que
escrita na linguagem natural. Contudo, dependendo do nível de com-
plexidade da fórmula, muitas vezes faz-se necessário o uso de parênte-
ses para torná-la mais compreensível.

5.2.2 Precedência entre os operadores


O uso de parênteses é feito tanto para tornar a fórmula mais fa-
cilmente lida, quanto para “impor” uma certa precedência na leitura
da mesma. Mas, para o primeiro caso, este uso não pode ser feito de
forma arbitrária. O significado lógico (ou semântica da fórmula) deve
continuar o mesmo.
Assim como nas operações básicas da Matemática (soma, subtra-
ção, multiplicação e divisão), os conectivos lógicos possuem priorida-
des diferentes entre si. Alguns autores adotam precedência diferente
de outros autores. Neste livro, adotaremos a seguinte precedência (da
maior para a menor): ¬, ∧, ∨, → e ↔.

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 67

Obedecendo esta precedência, se quiséssemos incluir parênteses na


fórmula A∨¬B↔ ¬A∧B para torná-la mais facilmente lida, obtería-
mos a fórmula (A∨¬B)↔(¬A∧B). Apesar da inclusão dos parênteses,
a semântica das duas fórmulas permanece exatamente a mesma.
Deve-se sempre tomar cuidado com a inclusão dos parênteses. Pois,
um simples deslocamento na aplicação deles pode comprometer o sig-
nificado da fórmula, produzindo uma fórmula completamente diferente,
como por exemplo: A∨(¬B↔ ¬A)∧B.
Deve-se também tomar cuidado com a negação (¬). As fórmulas
¬A∧B e ¬(A∧B) são semanticamente diferentes. Na primeira, a ne-
gação está sendo aplicada apenas à proposição A. Enquanto que na
segunda fórmula, a negação está sendo aplicada à conjunção A∧B.
Lembre-se que a negação sempre é aplicada à fórmula adjacente. Os
parênteses podem ser usados, portanto, para delimitar o escopo de apli-
cação da negação.

5.2.3 Fórmulas bem formadas


Se uma determinada fórmula, da Lógica Proposicional, estiver sin-
taticamente correta, dizemos que aquela fórmula é uma fórmula bem
formada, ou simplesmente dizemos que é uma fbf.
Há algumas regras que determinam a forma das fbf’s.
• Qualquer letra do do nosso alfabeto (letra sentencial) é uma fbf.
Exemplos: A, b, w, X
• Se Φ é uma fbf, ¬Φ também é uma fbf.
Exemplos:
– Como A é fbf, ¬A também é.
– Assim como B↔ ¬A, ¬(B↔ ¬A) também é fbf.

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68 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

• Se Φ e Ψ são fbf’s, então Φ ∧ Ψ, Φ ∨ Ψ, Φ → Ψ, e Φ ↔ Ψ


também são.

Exemplo 1:
Como A e B são fbf’s,
então (A ∧ B), (A ∨ B), (A → B), e (A ↔ B) também
são.
Exemplo 2:
Como B ↔ ¬A e A ∧ C são fbf’s,
então (B ↔ ¬A) ∧ (A ∧ C), (B ↔ ¬A) ∨ (A ∧ C),
(B ↔ ¬A) → (A ∧ C), e (B ↔ ¬A) ↔ (A ∧ C)
também são.
As fórmulas que não se encontrarem de acordo com as regras acima
não são fbf’s, como por exemplo: ∧C, A∨ → B, A ↔ , A¬B.

5.2.4 Formalização de argumentos


Observemos o seguinte exemplo:
A proposta de auxílio está no correio.
Se os árbitros a receberem até sexta, eles a analisarão.
Portanto, eles a analisarão porque se a proposta estiver no
correio, eles a receberão até sexta.

Para formalizarmos qualquer argumento, faz-se necessário primeiro


identificar quais são as proposições atômicas presentes no argumento.
No argumento acima temos:
A: a proposta de auxílio está no correio.
B: os árbitros recebem a proposta até sexta.
C: eles analisarão a proposta.

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 69

De posse das proposições atômicas, podemos montar as fórmulas


referentes aos enunciados. Dando mais um passo à formalização do
argumento, temos:

A. B → C. Portanto, C porque A → B.

A expressão portanto é usada, neste contexto, como um indicador


de conclusão. Assim, fica evidente que C é a conclusão final do ar-
gumento. O próximo, e último, passo na formalização do argumento
é agrupar as premissas, separadas por vírgula e delimitadas entre cha-
ves. Além disso, deve-se ligá-las à conclusão utilizando o símbolo de
asserção (⊢). Desta forma, obtemos:

{A, B → C, A → B} ⊢ C

O argumento nesta forma significa que, a partir das premissas deli-


mitadas entre chaves, podemos inferir a conclusão indicada.

5.2.5 Regras de inferência


Alguém poderia se perguntar “Por que formalizar os argumentos?”.
Ou ainda “Que vantagens eu tenho formalizando os argumentos?”. A
resposta é simples. A Lógica Proposicional possui um conjunto de
regras abstratas que são utilizadas para provar formas de argumentos
numa série de etapas simples e precisas de raciocínio chamada prova
ou derivação.
Uma derivação de uma forma de argumento é uma sequência de
enunciados <e1 ,e2 ,...,en >, onde:

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70 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

• en é a conclusão,
• e cada ei , para 1≤i<n, pode ser:
– uma premissa;
– ou o resultado da aplicação de uma regra aos enunciados
anteriores.
De posse de um argumento formalizado e usando as regras de infe-
rência da Lógica Proposicional, podemos determinar a prova do argu-
mento caso este seja um argumento dedutivo válido. Desta forma, basta
formalizar o argumento e aplicar corretamente as regras de inferência
para provar a validade do referido argumento, dispensando assim, a ne-
cessidade de ler o argumento (descrito em linguagem natural) inúmeras
vezes.
Para argumentos pequenos, uma única leitura muitas vezes é o sufi-
ciente para resolver o problema. Mas, para argumentos grandes e com-
plexos, faz-se necessária uma quantidade de leituras e reflexão maiores.
Observe o seguinte exemplo:
Se a porta ficar aberta então o cachorro sairá de casa.
A porta ficou aberta.
Logo, o cachorro saiu de casa.

É claro e evidente que o argumento acima é valido. Todavia, esta


clareza e evidência se dá pelo fato de o argumento ser pequeno e de
fácil leitura.
Mas, se fôssemos verificar a validade do exemplo supracitado, so-
bre a proposta de auxílio, levaríamos um tempo um pouco maior para
raciocinar.
Observemos a forma do argumento: {A→C,A} ⊢ C. Tendo como
significados de A e C A porta fica aberta e O cachorro sai de casa,

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 71

respectivamente. A prova da validade do argumento se dá da seguinte


forma:

1. A→C
2. A
3. C [1 e 2 MP]

A prova, como já citada, possui uma sequência de enunciados.


Cada um deles é enumerado para que se possa fazer referências du-
rante o processo de derivação. O enunciado 3, por exemplo, é gerado a
partir dos enunciados 1 e 2 do argumento3, usando a regra de inferência
chamada MP, ou Modus Ponens.

Modus Ponens - MP

Ou simplesmente modo afirmativo, é a regra de inferência com a


qual a partir de um enunciado condicional e de um fato que satisfaz
essa condição, ou seja, de um fato que é igual ao antecedente desta
condição, podemos inferir o seu consequente. Exemplos:

Se eu não for estudar, eu vou jogar bola.


Eu não vou estudar.
Logo, vou jogar bola.

Se sua mãe fizer o almoço, eu fico.


Sua mãe fez o almoço.
Portanto, eu fico.

3
Os primeiros enunciados enumerados correspondem às premissas do argumento.
Alguns autores preferem indicar as premissas do argumento na derivação colocando
a letra maiúscula P à sua direita.

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72 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

Formalmente temos que:

α→β α
β

Usemos como exemplo, desta vez, o argumento da proposta de au-


xílio: {A, B→C, A→B} ⊢ C. Para derivar, basta usar a regra MP sempre
que necessária.
1. A
2. B→C
3. A→B
4. B [1 e 3 MP]
5. C [2 e 4 MP]
Neste exemplo nós temos os enunciados 1, 2 e 3 como premissas.
A partir dos enunciados 1 e 3 foi possível inferir o enunciado 4. Por sua
vez, a partir do enunciado 4, juntamente com o 2, foi possível inferir
o 5. Como conseguimos chegar até a conclusão a partir das premissas,
podemos dizer que o argumento é válido.
Para o argumento {¬¬A→(B→C), ¬¬A, B} ⊢ C, temos a seguinte
prova:
1. ¬¬A→(B→C)
2. ¬¬A
3. B
4. B→C [1 e 2 MP]
5. C [3 e 4 MP]
A diferença deste último exemplo para os demais, onde MP é usada,
é que um dos antecedentes usados para se aplicar MP não é uma pro-
posição atômica: ¬¬A. Vale a pena ressaltar que as duas negações em

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 73

¬¬A→(B→C) estão negando apenas a fbf A. Para que as negações


fossem aplicadas a toda a fórmula, seria necessário o uso de parênte-
ses da seguinte forma: ¬¬(A→(B→C)). E, neste último caso, não seria
possível aplicar a regra MP.

Eliminação da negação - ¬E

É a regra de inferência na qual a partir de uma fbf negada duas


vezes, podemos inferir a própria fbf. Ou ainda, se temos um fato qual-
quer, que é a negação da negação de algo, podemos inferir este algo.
Exemplos:
Não é o caso que ele não é não fumante.
Logo, ele não é fumante.

Não é o caso que eu não vou à praia.


Assim sendo, vou à praia.

Não é o caso que não aconteceu de eu não estar mentindo.


Dessa forma, não estou mentindo.

Formalmente temos que:


¬¬α
α
Modificando o exemplo anterior, temos: {A→(B→C), ¬¬A, B} ⊢ C. A
prova para este argumento se dá da seguinte forma:
1. A→(B→C)
2. ¬¬A
3. B

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74 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

4. A [2 ¬E]
5. B→C [1 e 4 MP]
6. C [3 e 5 MP]

Podemos dizer, em outras palavras, que a partir de qualquer fór-


mula bem formada negada n vezes, com n sendo par, podemos inferir
a própria fórmula. Exemplo: a partir de ¬¬¬¬A, podemos inferir A.
E, a partir de qualquer fórmula bem formada negada n vezes, com n
sendo ímpar, podemos inferir a negação da fórmula. Exemplo: a partir
de ¬¬¬A, podemos inferir ¬A.
Seria o mesmo que, em linguagem natural, termos Não é o caso
que ele não fuma. Este enunciado é negado duas vezes. Um enunciado
equivalente seria Ele fuma.

Introdução da negação - ¬I

Esta regra é análoga à eliminação da negação. Com esta regra, a


partir de uma fbf, podemos inferir a própria fbf negada duas vezes. Ou
seja, se temos um fato qualquer, podemos inferir a negação da negação
deste fato. Exemplos:

Ele fuma.
Assim, ele não é não fumante.
Vou à praia.
Logo, não é o caso que eu não vou à praia.

Formalmente temos que:


α
¬¬α

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 75

Para o argumento {¬¬A→(B→C), A, B} ⊢ C, temos a seguinte


derivação:
1. ¬¬A→(B→C)
2. A
3. B
4. ¬¬A [2 ¬I]
5. B→C [1 e 4 MP]
6. C [3 e 5 MP]
O que há de diferente nesta derivação em relação às demais deriva-
ções já apresentadas é que o enunciado 4 foi obtido a partir da introdu-
ção da negação no enunciado 2.
Com isso, podemos dizer, em outras palavras, que a partir de qual-
quer fórmula bem formada, podemos inferir a fórmula negada n vezes,
sendo n um número par. Exemplos: a partir de A, podemos inferir
¬¬A; e a partir de ¬B∨A, podemos inferir ¬¬(¬B∨A).
Analogamente à exclusão da negação, seria o mesmo que, em lin-
guagem natural, termos Ele está doente. Um enunciado equivalente
seria Não é o caso que ele não está doente.

Introdução da conjunção - ∧I

É a regra de inferência na qual a partir de quaisquer duas fórmu-


las bem formadas podemos inferir uma fórmula que é a conjunção da-
quelas duas. Ou seja, se temos dois ou mais fatos, podemos inferir a
conjunção entre estes fatos. Olhemos o seguinte exemplo:

João e Maria estão em casa agora. João vai à praia.


Contudo, Maria comerá biscoito quando sua mãe chegar.

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76 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

A partir destas informações, podemos inferir que:

• João vai à praia e Maria comerá biscoito quando sua mãe chegar.

• João vai à praia e João e Maria estão em casa agora.

• Maria comerá biscoito quando sua mãe chegar e João e Maria


estão em casa agora.

• João e Maria estão em casa agora, João vai à praia e Maria co-
merá biscoito quando sua mãe chegar.

Formalmente temos que:

α β
α∧β

Imaginemos que alguém, enquanto argumenta sobre algo, profere


que ele gosta de comer biscoito. Em outro momento, no mesmo ar-
gumento, a pessoa condiciona que se jogar baralho, perderá horas de
estudo. De posse destas afirmações, podemos inferir que ele gosta de
comer biscoito e se jogar baralho, perderá horas de estudo.
Formalmente, se temos B (gosta de comer biscoitos) e temos J (jo-
gar baralho) → H (horas de estudo), podemos inferir B ∧ (J → H).
Observe que neste caso se faz necessário o uso dos parênteses para que
a precedência do operador ∧ sobre o operador → não altere a semântica
original.
Ainda sobre o uso dos parênteses no exemplo anterior, a fórmula
resultante é uma conjunção de uma proposição atômica com um enun-
ciado condicional. Caso os parênteses não tivessem sido usados, te-

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 77

ríamos como fórmula resultante B ∧ J → H, que é o mesmo4 que


(B ∧ J) → H.
Tomemos agora o argumento {C, A ∧ C → B, A} ⊢ B. A prova para
este argumento é:
1. C
2. A∧C→B
3. A
4. C∧A [1 e 3 ∧I]
5. B [2 e 4 MP]
Como já foi visto, para que MP seja aplicado, é necessário que se
tenha um enunciado condicional e o seu antecedente para se inferir
o consequente. É exatamente o que acontece neste último exemplo.
Numa conjunção, a ordem das partes é irrelevante. Desta forma, C∧A
e A∧C possuem o mesmo significado.

Eliminação da conjunção - ∧E

É a regra de inferência na qual a partir de uma conjunção podemos


inferir qualquer uma de suas partes. Ou seja, se temos uma conjunção
(composta de duas ou mais partes), podemos inferir qualquer uma das
partes, mesmo que essa parte seja uma conjunção. Exemplo:

João e Maria estão em casa agora, João vai à praia e


Maria comerá biscoito quando sua mãe chegar.

A partir desta informação, podemos inferir, dentres outras informa-


ções, que
4
Veja em “precedência entre os operadores” na página 66.

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78 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

• João e Maria estão em casa agora.

• João está em casa agora.

• Maria está em casa agora.

• João vai à praia.

• Maria comerá biscoito quando sua mãe chegar.

• João e Maria estão em casa agora e João vai à praia.

• João vai à praia e Maria comerá biscoito quando sua mãe chegar.

Formalmente temos que:

α∧β α∧β
ou
α β

Tomemos o argumento {(A ∧ B) → (C ∧ D), ¬¬A, B} ⊢ D. A prova


para este argumento é:
1. (A∧B)→(C∧D)
2. ¬¬A
3. B
4. A [2 ¬E]
5. A∧B [3 e 4 ∧I]
6. C∧D [1 e 5 MP]
7. D [6 ∧E]

Nesta derivação estão presentes as regras de eliminação da negação,


inclusão e eliminação da conjunção e modus ponens.

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 79

Imaginemos agora que alguém, enquanto argumenta sobre algo,


profere que ele gosta de comer biscoito e se jogar baralho, perderá
horas de estudo. A partir desta conjunção, podemos inferir qualquer
uma de suas partes: se jogar baralho, perderá horas de estudo ou ele
gosta de comer biscoito. Esta regra é exatamente o oposto da inclusão
da conjunção.
É importante frisar que a inferência de uma das partes não impos-
sibilita a inferência posterior das demais partes do enunciado original.

Silogismo Disjuntivo - SD

É a regra de inferência na qual a partir de qualquer disjunção e a


negação de uma das partes, podemos inferir a outra parte. Exemplos:
Faço natação ou jogo bola.
Não jogo bola.
Logo, faço natação.

Hoje é sábado, domingo ou segunda.


Mas hoje não é sábado.
Assim sendo, hoje é domingo ou segunda.

Formalmente temos que:

α ∨ β ¬β
α
Para o argumento {(A ∨ B) ∧ (A ∨ C), ¬A} ⊢ B ∧ C, temos a seguinte
prova:
1. (A∨B)∧(A∨C)
2. ¬A

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80 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

3. A∨B [1 ∧E]
4. A∨C [1 ∧E]
5. B [2 e 3 SD]
6. C [2 e 4 SD]
7. B∧C [5 e 6 ∧I]
Notemos que a prova de uma argumento exige o conhecimento de
todas as regras de inferência. Neste exemplo, fizemos uso da exclusão
(ou eliminação) e da inclusão (ou introdução) da conjunção. O que há
de novo aqui é a regra SD aplicada em 2 e 3 e 2 e 4 que resultou em 5
e 6, respectivamente.
Informalmente, o Silogismo Disjuntivo diz que, de posse da infor-
mação que se tem algumas opções, e da informação que não se tem
uma delas, tem-se uma das restantes (ou a restante). Para ficar mais
evidente, raciocinemos da seguinte forma:

Joãozinho vai à praia ou está doente.


Joãozinho não está doente.
Logo, Joãozinho vai à praia.

Assim, é evidente que como Joãozinho não está doente (¬D) e


Joãozinho vai à praia ou está doente (P∨D), logo Joãozinho vai à praia
(P). Ou, formalmente, {¬D,P∨D} ⊢ P.
É possível haver mais de uma “opção”. Observe o argumento abaixo
e sua prova formal:

Joãozinho vai à praia, ao circo ou está doente.


Joãozinho não está doente.
Logo, Joãozinho vai ao circo ou ao dentista.

1. (P∨C) ∨D

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 81

2. ¬D
3. P∨C [1 e 2 SD]
Este argumento é valido. A vírgula usada na primeira premissa
expressa disjunção devido à presença do ou. A forma da primeira pre-
missa deste argumento é P∨C∨D. Um argumento semelhante mas se-
manticamente diferente é:
Joãozinho vai à praia e ao circo ou está doente.
Joãozinho não está doente.
Logo, Joãozinho vai à praia e ao circo.

Neste último argumento, a forma da primeira premissa é P∧C∨D.


Vale a pena lembrar que a conjunção possui precedência em relação à
disjunção. Assim, a mesma fórmula escrita com parênteses, para dar
mais legibilidade, seria (P∧C)∨D.
Antes de prosseguir, recomendamos treinar as regras de inferência
apresentadas até agora. Para isso, resolva todos os problemas da pri-
meira questão dos Exercícios Propostos da página 106.

Introdução da disjunção - ∨I

Esta é regra de inferência na qual a partir de qualquer fórmula po-


demos inferir uma disjunção qualquer onde uma das partes é a fórmula
original. Ou seja, a partir de um fato qualquer, podemos inferir uma
disjunção deste fato com qualquer outra informação, mesmo que esta
última seja absurda. Exemplos:
Ele fuma.
Deste modo, Ele fuma ou sua mãe assiste TV.

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82 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

Vou à praia.
Portanto, vou à praia ou o circo está na cidade.

Formalmente temos que:


α
α∨β

Se temos, por exemplo, a fórmula B→C, podemos inferir qualquer


uma das fórmulas: (B→C)∨A, (B→C)∨(¬B∧C), ou (B→C)∨(C→ ¬A).
Um dito informal que ajuda a compreender esta regra é “Se a fórmula
X é verdadeira, ‘X ∨ qualquer coisa’ também é verdade”. Entenda a
expressão qualquer coisa como uma fbf qualquer.
Para o argumento {A} ⊢ (A∨B)∧(A∨C), temos a seguinte prova:
1. A
2. A∨B [1 ∨I]
3. A∨C [1 ∨I]
4. (A∨B)∧(A∨C) [2 e 3 ∧I]
As duas disjunções 2 e 3 foram inferidas a partir da afirmação A.
Daí, no enunciado 4, temos a conjunção dessas duas disjunções criadas.
Em linguagem natural, podemos dizer que ao afirmar que “Jogo
bola”, alguém poderia inferir que Jogo bola ou tomo sorvete, e jogo
bola ou vou ao clube.

Eliminação da disjunção - ∨E

É a regra de inferência na qual a partir de uma disjunção e de enun-


ciados condicionais, onde cada antecedente é uma das partes da disjun-
ção e, com consequente em comum, podemos inferir este consequente.
Para tornar esta definição mais clara, tomemos o seguinte exemplo:

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 83

Mamãe compra chá, papai compra cerveja, Dênis pega um doce ou


eu vou ao cinema.
Se mamãe comprar chá então gastaremos dinheiro.
Se papai comprar cerveja então gastaremos dinheiro.
Se Dênis pegar um doce então gastaremos dinheiro.
Se eu for ao cinema então gastaremos dinheiro.
Logo, gastaremos dinheiro.

Formalmente, se temos uma disjunção α1 ∨ α2 ∨ ... ∨ αn e


temos também n enunciados condicionais do tipo αi → β, para 1≤i≤n,
podemos inferir β. Assim sendo,

α∨β α→λ β→λ


λ
Em linguagem natural, um outro argumento que exemplifica muito
bem esse caso é o que se segue.

Hoje é sábado ou domingo.


Se hoje é sábado então é um fim de semana.
Se hoje é domingo então é um fim de semana.
Portanto, hoje é um fim de semana.

Para S, D e F significando hoje é sábado, hoje é domingo e hoje é


um fim de semana, respectivamente, temos a seguinte formalização do
argumento: {S∨D,S→F,D→F} ⊢ F. A prova para este argumento é a
seguinte:
1. S∨D
2. S→F
3. D→F
4. F [1, 2 e 3 ∨E]

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84 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

Introdução do bicondicional - ↔I

Esta é a regra de inferência na qual a partir de dois enunciados


condicionais onde o antecedente de um é o consequente do outro, e
o antecedente do outro é o consequente do primeiro, podemos inferir
uma bicondição envolvendo as duas partes diferentes. Exemplo:

Se João for ao shopping, sua mãe e sua irmã não vão.


Se sua irmã e mãe não forem ao shopping, então João não vai.
Assim sendo, João vai ao shopping se e somente se sua mãe
e sua irmã não forem.

Formalmente temos que

α→β β→α
α↔β

Utilizando o exemplo anterior, podemos afirmar que se é sábado ou


domingo, então é um fim de semana ((S ∨ D) → F) e se é um fim de
semana, então é sábado ou é domingo (F → (S ∨ D)). De posse destas
duas afirmações, utilizando a introdução do bicondicional, podemos
inferir que é sábado ou domingo se e somente se é um fim de semana
((S ∨ D) ↔ F).
Para o argumento {A→B, (A→B)→(B→A)} ⊢ A↔B, temos a se-
guinte prova:

1. A→B
2. (A→B)→(B→A)
3. B→A [1 e 2 MP]
4. A↔B [1 e 3 ↔I]

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 85

Eliminação do bicondicional - ↔E

A eliminação do bicondicional é a regra de inferência na qual a


partir de um enunciado bicondicional podemos inferir duas condições.
Uma condição com antecedente e consequente sendo a primeira e a se-
gunda partes do bicondicional, respectivamente. E outra condição com
antecedente e consequente trocados, em relação à primeira condição.
Exemplo:

João vai ao shopping se e somente se sua mãe e sua irmã não forem.

A partir do bicondicional acima podemos inferir que se João for


ao shopping, sua mãe e sua irmã não vão e/ou se sua irmã e mãe não
forem ao shopping, então João não vai.
Em termos formais, temos que

α↔β α↔β
ou
α→β β→α

De forma oposta ao exemplo anterior, dada a afirmação que é sá-


bado ou domingo se e somente se é um fim de semana ((S ∨ D) ↔ F),
podemos inferir os enunciados condicionais se é sábado ou domingo,
então é um fim de semana ((S ∨ D) → F) e se é um fim de semana,
então é sábado ou é domingo (F → (S ∨ D)).
Para o argumento {F↔(S∧D),S∧D} ⊢ F, temos a seguinte prova:

1. F↔(S∧D)
2. S∧D
3. (S∧D)→F [1 ↔E]
4. F [2 e 3 MP]

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86 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

5.2.6 Regras Hipotéticas


Tomemos o argumento {(A∧B)→C,C→D,A} ⊢ B→D. Como prová-
lo? Tente prová-lo usando as regras apresentadas anteriormente.
Se observarmos bem o argumento, perceberemos que com os co-
nhecimentos adquiridos até este momento não podemos derivá-lo a
ponto de inferirmos sua conclusão. Para inferir D, precisamos de C.
Por sua vez, para inferir C, precisamos de A∧B. Nas premissas nós
encontramos A, contudo, não possuímos e nem temos como conseguir
B.
Se supormos B, conseguiremos provar a validade do argumento
apresentado. Mas, para tornar o exemplo mais próximo da realidade,
tomemos os seguintes significados para cada uma das proposições atô-
micas:

• A: prestar atenção na aula.


• B: fazer os exercícios em casa.
• C: passar de ano.
• D: viajar durante as férias.

Assim, temos o seguinte argumento: Se prestar atenção na aula


e fizer os exercícios em casa, então passará de ano. E, se passar de
ano, então irá viajar durante as férias. Você realmente tem prestado
atenção na aula. Desta forma, se fizer os exercícios em casa, então
viajará durante as férias.
Para provar a validade deste argumento, faz-se necessário, como já
foi dito, supor que B é verdade. Assim, passamos a nos aventurar no
mundo das suposições, ou mundo das hipóteses. A prova formal para
este argumento é como se segue:

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 87

1. (A∧B)→C
2. C→D
3. A
4. |B [Hipótese p/ Prova do Condicional]
5. |A∧B [3 e 4 ∧I]
6. |C [1 e 5 MP]
7. |D [2 e 6 MP]
8. B→D [4-7 Prova do Condicional]
O que queremos provar é que se fizer os exercícios em casa, então
viajará durante as férias, ou simplesmente B→D. Em outras palavras,
queremos provar um condicional. Daí é que vem o nome Prova do
Condicional.
Como não temos a afirmação B, temos que supô-la. Desta forma,
temos que lançar a hipótese de que temos B, ou de que B acontece.
Como pode ser notado na prova formal, há uma barra “|” logo antes
do B, no enunciado 4. Essa barra significa que estamos numa linha
de raciocínio hipotético. Para determinados argumentos nos quais não
teremos todas as informações necessárias, teremos que fazer uso das
hipóteses. Nos argumentos, as hipóteses não são consideradas como
verdadeiras. Elas são “artifícios lógicos” usados como estratégia de
prova.
Voltando ao argumento em questão, no enunciado 5, A∧B, também
temos a barra indicando um raciocínio hipotético. Devido ao fato de B
ser uma hipótese, tudo que for inferido a partir de B também deverá ser
considerado como hipótese.
Contudo, em algum momento deveremos sair do mundo das hipó-
teses para provar nosso argumento do mundo real. Há uma regra de

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88 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

inferência que trata justamente disso.

Prova do Condicional - PC

É uma técnica de prova na qual dada a derivação (ou prova) de um


determinado enunciado β a partir de uma hipótese inicial α, podemos
abandonar a linha de raciocínio hipotética vigente e inferir um enunci-
ado condicional do tipo: α → β. Ou seja:

{α} ⊢ β
α→β

Tomemos mais um exemplo: Um atleta machucou o tornozelo uma


semana antes de um campeonato de corrida e seu técnico procura
convencê-lo a parar alguns dias para que seu tornozelo sare total-
mente. O técnico argumenta: “Se você continuar a correr, você não
estará apto para disputar o campeonato”. O atleta, apesar de confiar
bastante no técnico, não se convence e diz: “Prove isso”.
A maneira mais comum de provar um condicional é colocar o seu
antecedente como hipótese (admiti-lo como verdadeiro) e provar que,
a partir dele, seu consequente se verifica. Para esse exemplo, equivale
a raciocinar da forma como se segue.
Suponhamos que o atleta continue correndo. É fato que o seu tor-
nozelo está muito inchado. Se o tornozelo está muito inchado e o atleta
continuar correndo, o tornozelo não sarará em uma semana. Se o tor-
nozelo não sarar em uma semana, então o atleta não estará apto para
disputar o campeonato. Deste modo, o atleta não estará apto para
disputar o campeonato.
O argumento hipotético demonstra que se a hipótese você continuar

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 89

correndo é verdadeira, então a conclusão do argumento, você não es-


tará apto para disputar o campeonato, se verifica. Desta forma, fica
provada a verdade do condicional: se você continuar correndo, você
não estará apto a disputar o campeonato.
Para se provar a validade formal deste argumento precisamos for-
malizá-lo. Este exemplo possui praticamente a mesma forma do exem-
plo anterior. As proposições atômicas seriam:

• I: tornozelo inchado.
• C: continuar correndo.
• S: sarar.
• A: estar apto a disputar o campeonato.

Temos então a seguinte forma de argumento: {I, (I ∧ C) → ¬S , ¬S →


¬A} ⊢ C → ¬A. A prova formal se dá como se segue:

1. I
2. (I∧C)→ ¬S
3. ¬S→ ¬A
4. |C [Hip. p/ PC]
5. |I∧C [1 e 4 ∧I]
6. |¬S [2 e 5 MP]
7. |¬A [3 e 6 MP]
8. C→ ¬A [4-7 PC]

Um exemplo menor seria provar o conceito de transitividade. Se A


então B, Se B então C. Logo, se A então C. Na Figura 5.2 são apresen-
tados três conjuntos que demonstram bem a validade este argumento.

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90 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

C
B
A

Figura 5.2: Representação gráfica de transitividade.

Prova por Redução ao Absurdo - RAA

A técnica de prova por redução ao absurdo tem como objetivo con-


duzir a derivação de um argumento, a partir de uma hipótese, para uma
contradição da forma α ∧ ¬α.
Esta técnica é similar a prova do condicional, uma hipótese é feita.
Porém, ao detectar uma contradição, deve-se sair do raciocínio hipoté-
tico vigente e inferir a negação da fórmula lançada como hipótese. Ou
seja, formalmente:
{α} ⊢ β ∧ ¬β
¬α
A prova por redução ao absurdo muitas vezes é utilizada em provas
matemáticas. Basta supor que o objetivo da prova não pode acontecer.
Em outras palavras, deve-se supor a negação da conclusão. Ao encon-
trar uma contradição, pode-se inferir que a negação da conclusão não
pode acontecer de forma alguma. Ou seja, infere-se a conclusão.
Tomemos o argumento: Rodolfo estudará hoje ou fará as tarefas
domésticas, e ele estudará hoje ou assistirá ao show na TV. Assim
sendo, Rodolfo fará as tarefas domésticas desde que não estudará hoje.
É possível provar este argumento pela técnica de redução ao absurdo
usando a linguagem natural. Basta partir da suposição que Rodolfo

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 91

não fará as tarefas domésticas. Mas, vamos provar usando a Lógica


Formal.
As proposições atômicas para este argumento poderiam ser:
• A: Rodolfo estudará hoje.
• B: Rodolfo fará as tarefas domésticas.
• C: Rodolfo assistirá ao show na TV.
Para a formalização do argumento, {(A∨B)∧(A∨C),¬A} ⊢ B, te-
mos a seguinte prova:
1. (A∨B)∧(A∨C)
2. ¬A
3. |¬B
4. |A∨B [1 ∧E]
5. |A [3 e 4 SD]
6. |A∧¬A [2 e 5 ∧I]
7. B [3-6 Redução ao Absurdo]
Observemos que em 3 foi feita uma suposição: a negação da con-
clusão que se quer provar. Como em 6 foi demonstrada uma contradi-
ção (A∧¬A), a suposição (¬B) não pode ser feita. Desta forma, con-
cluimos a negação da suposição, que é a própria conclusão (B).
Se fôssemos usar a linguagem natural, a partir da suposição Ro-
dolfo não fará as tarefas domésticas chegaríamos ao fato contraditório
Rodolfo estudará e não estudará hoje, provando assim que a suposição
feita não pode ocorrer.

Modus Tollens - MT

Ou simplesmente modo negativo, é a regra de inferência na qual a


partir de um enunciado condicional e da negação de seu consequente,

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92 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

podemos inferir a negação do antecedente. Exemplo


Se Carlos comprar a raquete, ele ficará feliz.
Carlos não está feliz.
Logo, Carlos não comprou a raquete.

Formalmente temos que:

α → β ¬β
¬α
Tomemos o exemplo:
Se é juiz, então é advogado.
Não é advogado.
Portanto, não pode ser juiz.

É evidente que para que uma determinada condição ser satisfeita,


faz-se necessário o antecedente. E, necessariamente, o fato de se ter o
antecedente nos leva a obter o consequente. Esta forma de raciocínio,
como visto anteriormente, é chamada de Modus Ponens.
De forma inversa, se conseguimos obter a negação do consequente,
é por que o antecedente não pode ser obtido de forma alguma. Em ou-
tras palavras, e seguindo o último exemplo, o fato de não ser advogado
implica em não ser juiz.
Vale lembrar que o consequente também é chamado de condição
necessária do antecedente. Como não se tem esta condição, podemos
inferir que não temos o antecedente, ou, podemos inferir que temos a
negação deste último.
O Modus Tollens pode ser visto como uma simplificação de uma si-
tuação comum na Prova por Redução ao Absurdo. Observe as seguintes
situações:

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 93

a) {P → Q, ¬Q} ⊢ ¬P 1. A → B
1. ¬Q 2. ¬B ∧ C
2. P → Q 3. C [2 ∧E]
3. |P [Hip p/ PC] 4. ¬B [2 ∧E]
4. |Q [2 e 3 MP] 5. |A [Hip p/ RAA]
5. |Q ∧ ¬Q [1 e 4 ∧I] 6. |B [1 e 5 MP]
6. ¬P [3 - 5 RAA] 7. |B ∧ ¬B [4 e 6 ∧I]
8. ¬A [5 - 7 RAA]
9. C ∧ ¬A [3 e 8 ∧I]
b) {A → B, ¬B ∧ C} ⊢ C ∧ ¬A

Em ambos os casos a Redução ao Absurdo foi usada para resolver


a situação em que se tem as proposições “α → β” e “¬β” para se obter
“¬α”. Entretanto, a regra Modus Tollens se propõe a resolver o mesmo
problema. Veja a solução das questões anteriores, agora com Modus
Tollens:

a) {P → Q, ¬Q} ⊢ ¬P b) {A → B, ¬B ∧ C} ⊢ C ∧ ¬A
1. ¬Q 1. A → B
2. P → Q 2. ¬B ∧ C
3. ¬P [1 e 2 MT] 3. ¬B [2 ∧E]
4. ¬A [1 e 3 MT]
5. C ∧ ¬A [3 e 8 ∧I]

Apesar de ser uma regra simples, é comum encontrarmos erros de


raciocínio pela falta da sua observação. Veja um exemplo prático:
Se Lúcia for à praia, Fanny não vai.
Lúcia não vai à praia.

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94 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

Então, Fanny vai à praia.

Para identificar o problema do argumento acima é importante for-


malizá-lo antes. Assim, considere os símbolos L e F para representar
as frases “Lúcia vai à praia” e “Fanny vai à praia”, respectivamente.
Observe que não é possível derivar a fórmula conclusiva “F” das fór-
mulas antecedentes “L → ¬F” e “¬L”. O argumento é inválido.
1. L → ¬F
2. ¬L
3. F [ Não existe regra pra isso]

5.2.7 Tabela Verdade


A tabela verdade, ou tabela da verdade, é uma tabela matemática
usada na Lógica Formal para mostrar as valorações para uma determi-
nada fórmula ou conjunto de fórmulas a partir de todas as combinações
possíveis dos valores verdade dos átomos destas fórmulas. A tabela
verdade abaixo mostra as valorações possíveis para um certo átomo p.

p
V
F

Cada uma das linhas da tabela representa uma possível interpreta-


ção para a fórmula. Como a fórmula da tabela anterior é composta de
apenas um átomo, há apenas duas interpretações possíveis: verdadeiro
ou falso, representados pelas letras V e F, respectivamente.
Alguns autores usam as letras T e F, do inglês True e False, respec-
tivamente. Em outros trabalhos é possível encontrar os valores verdade

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 95

como 1 (verdadeiro) e 0 (falso). O uso destes números faz referên-


cia direta à linguagem utilizada pelos computadores para representar
internamente todos os tipos de dados.
Como dito anteriormente, a tabela verdade pode ser usada para
comparar as valorações de um conjunto de fórmulas. Para tal, basta
que as fórmulas possuam os mesmos átomos. A tabela verdade abaixo
mostra as interpretações de cada uma das fórmulas compostas pelos
átomos a e b, juntamente com a aplicação de cada um dos operadores
lógicos previamente apresentados.

a b ¬a ¬b a∧b a∨b a→b b→a a↔b


V V F F V V V V V
V F F V F V F V F
F V V F F V V F F
F F V V F F V V V

Observemos que o número de linhas (ou interpretações) para esta


última tabela foi de quatro, enquanto que a primeira tabela teve apenas
duas linhas. Isso se dá por que nesta última temos fórmulas com dois
átomos distintos. Se tivéssemos três átomos, nossa tabela passaria a
ter oito linhas. Isso por que, como já mencionado, a tabela mostra as
valorações das fórmulas para todas as combinações possíveis dos valo-
res verdade entre os átomos. Incluindo um átomo c, por exemplo, nós
teríamos o número de linhas desta última tabela multiplicado por dois:
as quatro linhas combinadas com o valor de c como F, e as mesmas
quatro linhas combinadas com o valor de c como V. O número total de
interpretações de uma tabela é dado pela fórmula 2n , onde n é o número
de proposições atômicas distintas presentes na fórmula.

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96 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

Tabela-verdade na interpretação de fórmulas

A elaboração de uma tabela-verdade mostra todas as interpretações


de uma fórmula, ou seja, em quais situações essa fórmula é verdadeira
ou falsa. A criação da tabela-verdade é uma tarefa bastante simples e
pode ser entendida e realizada através dos seguintes passos:

1. Identificar as proposições atômicas e calcular o número de in-


terpretações. As proposições atômicas devem ser postas nas pri-
meiras colunas da tabela. O número de interpretações representa
justamente o número total de linhas que a tabela terá.
Ex.: A fórmula A ∧ ¬B ∨ C possui três proposições atômicas
distintas: A, B e C. Portanto teremos uma tabela-verdade com 8
interpretações (2n , para n = 3)
2. Identificar as proposições atômicas precedidas do operador de
negação, que também são colunas da tabela. Ex.: ¬A, ¬P
3. Identificar as fórmulas com apenas um operador binário, que são
também colunas da tabela.
Ex.: (A → B), (P ∨ Q), (A ∧ C) e (J ↔ C).
4. Identificar as fórmulas com mais de um operador binário. As
fómulas com mais de um operador binário são subdivididas se-
guindo a ordem de precedência entre os operadores. Escrevemos
na tabela sempre da menor fórmula para a maior (o tamanho em
número de operadores ou proposições atômicas).
Ex.: Para a fórmula A → C ∧ B, escrevemos primeiro a coluna
com a fórmula C ∧ B e depois a fórmula A → (C ∧ B).
5. Preencher todas as colunas da tabela, sempre da esquerda para
direita. As proposições atômicas recebem todas as possíveis in-
terpretações da tabela (cada linha uma combinação única de va-
lores falso/verdade).

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 97

Para exemplificar, vamos construir passo-a-passo uma tabela ver-


dade para a fórmula A ∧ (B ∨ ¬A).
Passo 1 - Temos duas proposições atômicas diferentes: A e B. Portanto
a fórmula tem 4 possíveis intepretações (2n , para n = 2).

A B
1
2
3
4

Passo 2 - Escrevemos as proposições atômicas precedidas do operador


de negação. Temos apenas a fórmula ¬A.

A B ¬A
1
2
3
4

Passos 3 e 4 - Escrevemos ordenadamente as fórmulas com 1, 2 ou mais


operadores binários. Temos a fórmula (B ∨ ¬A) e a própria fórmula
objetivo A ∧ (B ∨ ¬A)

A B ¬A (B ∨ ¬A) A ∧ (B ∨ ¬A)
1
2
3
4

Passo 5 - Para preencher a tabela-verdade temos que inicialmente com-


binar todos os possíveis valores para as proposições atômicas.

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98 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

A B ¬A (B ∨ ¬A) A ∧ (B ∨ ¬A)
1 V V
2 V F
3 F V
4 F F

Com base nisso, preenchemos as colunas da tabela sempre da esquerda


para a direita. Observe que os valores das colunas anteriores ajudam no
preenchimento das colunas seguintes. Ex.: Para a coluna A ∧ (B ∨ ¬A)
basta observar as colunas A e (B ∨ ¬A) , introduzindo o operador da
conjunção.

A B ¬A (B ∨ ¬A) A ∧ (B ∨ ¬A)
1 V V F V V
2 V F F F F
3 F V V V F
4 F F V V F

Classificações de fórmulas

As fórmulas da Lógica Proposicional podem ser classificadas de


acordo com seus valores verdade. E uma certa fórmula pode possuir
diferentes interpretações.
Uma fórmula é chamada de satisfatível ou consistente se possui
pelo menos uma interpretação em que é verdade. Por exemplo, a fór-
mula A ∧ B é satisfatível porque na interpretação 1 a fórmula é verda-
deira.

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 99

A B A∧B
1 V V V
2 V F F
3 F V F
4 F F F

Por outro lado, uma fórmula é chamada de falsificável se possui


pelo menos uma interpretação em que é falsa. A mesma fórmula A ∧ B
é também falsificável, porque nas interpretações 2, 3 e 4 a fórmula é
falsa. Se uma fórmula for satisfatível e falsificável ao mesmo tempo, é
chamada de contingência.
Uma fórmula é insatisfatível , inconsistente, contradição ou anti-
logia se nenhuma interpretação satisfaz a fórmula. Em outras palavras,
todas as interpretações são falsas. Por exemplo, a fórmula A ↔ ¬A é
insatisfatível.
A ¬A A ↔ ¬A
1 V F F
2 F V F

A fórmula é válida ou uma tautologia se todas as interpretações da


tabela-verdade satisfazem a fórmula (é sempre verdadeira), ou seja, se é
uma fórmula incondicionalmente verdadeira. Por exemplo, as fórmulas
(¬¬A → A) e ((A ∧ B) ∨ (¬A ∨ ¬B)) são tautologias.
A ¬A ¬(¬A) ¬¬A → A
1 V F V V
2 F V F V

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100 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

A B ¬A ¬B A∧B ¬A ∨ ¬B (A ∧ B) ∨ (¬A ∨ ¬B)


1 V V F F V F V
2 V F F V F V V
3 F V V F F V V
4 F F V V F V V

Vale destacar que existem relações entre essas classificações. Por


exemplo, toda tautologia é também uma fórmula satisfatível e ainda
toda fórmula insatisfatível é também falsificável, mas as recíprocas
nem sempre se verificam. Na Figura 5.3 é ilustrado como todas essas
classificações estão relacionadas.

Figura 5.3: Relações entre as classificações de fórmulas.

Tabela-verdade para prova de argumentos

É possível construir tabelas-verdade para argumentos. Neste caso,


todas as fórmulas (premissas e conclusão) devem estar representadas

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 101

na mesma tabela para que seja possível provar a validade do argu-


mento. Entretanto, a elaboração de uma tabela-verdade para um ar-
gumento qualquer obedece uma sequência de passos. Tomaremos a
tabela-verdade do argumento {P → Q, ¬Q} ⊢ ¬P como exemplo para
explicação de todos esses passos.
Passo 1 - Identificar as proposições atômicas de todas as fórmulas do
argumento e calcular o número de interpretações da tabela. No argu-
mento proposto temos apenas duas proposições atômicas, o que nos dá
quatro interpretações possíveis.
Passo 2 - Escrever as fórmulas negativas. Se existir alguma proposição
atômica precedida de negação, deve ser escrita.
Passo 3 - Escrever em ordem as fórmulas que usam um, dois ou mais
conectivos binários (∧, ∨, → e ↔).
Passo 4 - Escrever a fórmula da conclusão no final da tabela. No nosso
caso vamos reescrevê-la. Isto não é obrigatório. É apenas uma estraté-
gia que facilita a identificação da fórmula conclusiva).
Ao término do Passo 4 temos a seguinte estrutura.

P Q ¬P ¬Q P→Q ¬P
1 V V
2 V F
3 F V
4 F F

Passo 5 - Vamos preencher a tabela com os valores falso e verdade,


escrevendo sempre na ordem da esquerda para direita.

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102 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

P Q ¬P ¬Q P→Q ¬P
1 V V F F V F
2 V F F V F F
3 F V V F V V
4 F F V V V V

A prova da validade de um argumento se dá pela observação da


seguinte regra (já discutida do Capítulo 3): é impossível ter um argu-
mento válido com premissas verdadeiras e conclusão falsa.
Voltando ao nosso exemplo, basta observar as colunas das premis-
sas (P → Q, ¬Q) e da conclusão (¬P) do argumento. Na última in-
terpretação temos premissas verdadeiras e conclusão verdadeira. Além
disso, não há o caso que torna o argumento inválido: premissas ver-
dadeiras e conclusão falsa. Portanto, o argumento é válido, ou seja, a
fórmula ¬P é uma consequência lógica das fórmulas (P → Q) e (¬Q).
Como segundo exemplo, tomaremos o argumento {P ∧ Q → R} ⊢
(P → R). Seguindo os passos para a construção de sua tabela-verdade,
obtemos a seguinte tabela:

P Q R P∧Q (P ∧ Q) → R P→R
1 F F F F V V
2 F F V F V V
3 F V F F V V
4 F V V F V V
5 V F F F V F
6 V F V F V V
7 V V F V F F
8 V V V V V V

Observe as colunas que representam a premissa e a conclusão. Note


que, apesar das interpretações 1, 2, 3, 4, 6 e 8 produzirem resultados

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 103

verdadeiros, na interpretação 5 a premissa é verdadeira e a conclusão


é falsa. Assim sendo, o argumento é inválido. Ou seja, a fórmula
(P → R) não é consequência lógica de (P ∧ Q → R).

5.2.8 Equivalências entre Fórmulas


É bastante comum acreditar/confundir que certa propriedade x da
aritmética também possa ser aplicada nas fórmulas lógicas da Lógica
Proposicional. Enquanto que −(3 − 5) é o mesmo que −3 − (−5) =
−3 + 5 = 2, na lógica não acontece exatamente da mesma forma. Ou
seja, ¬(P ∧ Q) não é o mesmo que e também não deriva a fórmula ¬P ∧
¬Q. Se você criar uma tabela-verdade para comparar as interpretações
dessas duas fórmulas, vai perceber que realmente são diferentes.
Observe as interpretações de ¬(P ∧ Q) e (¬P ∧ ¬Q) na tabela-
verdade abaixo. São diferentes!

P Q ¬P ¬Q P∧Q ¬(P ∧ Q) ¬P ∧ ¬Q
1 V V F F V F F
2 V F F V F V F
3 F V V F F V F
4 F F V V F V V

Apesar da decepção na tentativa de comparação das fórmulas do


exemplo anterior, existem relações de equivalência entre as fórmulas
lógicas. Algumas dessas equivalências entre fórmulas são as conheci-
das como Leis de De Morgan, elaboradas pelo matemático inglês Au-
gustus De Morgan (1806–1871).

Lei de De Morgan I (DM): ¬(A ∨ B) ⊢ (¬A ∧ ¬B)

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104 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

Podemos entender o enunciado como que da negação de uma dis-


junção sempre obteremos a conjunção de duas negações. Para provar
essa derivação de fórmula, podemos elaborar uma tabela-verdade para
comparar as interpretações das fórmulas ¬(A∨B) e (¬A∧¬B). Observe
na tabela-verdade abaixo que essas interpretações são iguais.

P Q ¬P ¬Q P∨Q ¬(P ∨ Q) ¬P ∧ ¬Q
1 V V F F V F F
2 V F F V V F F
3 F V V F V F F
4 F F V V F V V

Lei de De Morgan II (DM): ¬(A ∧ B) ⊢ (¬A ∨ ¬B)


Na segunda lei, o enunciado pode ser entendido como que da ne-
gação de uma conjunção sempre obteremos a disjunção de duas nega-
ções. Para provar essa derivação de fórmula, podemos elaborar uma
tabela-verdade para comparar as interpretações das fórmulas ¬(A ∧ B)
e (¬A ∨ ¬B). Da mesma forma que ocorre na primeira, observe na
tabela-verdade abaixo que essas interpretações são iguais.
As provas formais das leis de De Morgan não são mostradas no
contexto deste livro, uma vez que foge do foco prático de estudo da
Lógica.

P Q ¬P ¬Q P∧Q ¬(P ∧ Q) ¬P ∨ ¬Q
1 V V F F V F F
2 V F F V F V V
3 F V V F F V V
4 F F V V F V V

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5.2. LÓGICA PROPOSICIONAL 105

Lei da Distributividade da Conjunção sobre a Disjunção:

P ∧ (Q ∨ R) ⇔ (P ∧ Q) ∨ (P ∧ R)

Para entender essa lei, vamos lembrar do nosso tempo de estudante


no ensino fundamental (antes conhecido como 1o grau). Lembre-se da
propriedade distributiva da multiplicação sobre a adição na aritmética,
que, apesar de um enunciado um tanto complexo para aquela época, é
o mesmo que dizer que 3 · (2 + 5) é igual a (3 · 2) + (3 · 5).
De forma análoga, a Lei da Distributividade da Conjunção sobre
a Disjunção trata a ordem de prioridade dos conectivos. Escrever P ∧
(Q ∨ R) é o mesmo que escrever (P ∧ Q) ∨ (P ∧ R), mas observe que
enquanto na primeira fórmula a prioridade é a disjunção, na segunda a
prioridade passa a ser a conjunção.

Lei da Distributividade da Disjunção sobre a Conjunção:

P ∨ (Q ∧ R) ⇔ (P ∨ Q) ∧ (P ∨ R)

Semelhante a anterior, esta lei trata da ordem de prioridade da dis-


junção sobre a conjunção. Neste caso, escrever P ∨ (Q ∧ R) é o mesmo
que escrever (P ∨ Q) ∧ (P ∨ R).

Convertendo uma implicação para uma conjunção ou disjunção:


Uma implicação pode ser convertida para uma conjunção, segundo a
sequinte equivalência lógica: (P → Q) ⇔ (¬P ∨ Q)
Semelhantemente, a negação de uma implicação também pode ser
reescrita: ¬(P → Q) ⇔ (P ∧ ¬Q)

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106 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

5.3 Exercícios Propostos


1- Classifique as fórmulas abaixo como “É FBF” (Fórmula bem for-
mada) ou como “Não é FBF”:
a) A → B¬C b) (P → Q) ∧ ¬¬W c) K¬(B ∨ C)
d) Q ↔ P → ∧R e) ∨X ∨ Y f) ¬A(B ∧ C)
g) H ∧ (P → ¬G) h) R → (T ∧ ¬S ) i) B ∨ C ∨ A ← D

2- Usando os símbolos proposicionais da tabela abaixo, crie fórmulas


para representar as frases:
R = Ricardo vai ao shopping. A = Ana vai à praia.
T = Tatiana vai ao shopping. C = Carlos vai à praia.
S = Silvia toma sorvete F = Fernanda toma sorvete.
a) Se Ana for à praia e Carlos não for, Silvia tomará sorvete.
b) Ricardo ou Tatiana vai ao shopping se Carlos for à praia.
c) Quando Fernanda toma sorvete, Silvia toma também.
d) Carlos vai à praia se e somente se Silvia não tomar sorvete e Ana
for à praia.
e) Ana e Carlos vão à praia, entretanto, Tatiana vai ao shopping.
f) Ou Fernanda não toma sorvete, ou Ricardo e Tatiana vão ao shop-
ping.
g) Tatiana vai ao shopping, se Fernanda tomar sorvete ou Carlos não
ir à praia.
h) Ricardo vai ao shopping, mas Carlos e Ana vão à praia.

3- Agora, usando a mesma tabela da questão anterior, escreva frases


que representem a as seguintes formulas:
a) R → T ∧ F
b) A ∧ C ↔ S ∨ F

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5.3. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 107

c) ¬C ∧ S → T
d) C ∧ A ∧ R → ¬F
e) F → S → T
f) (R → T ) ∧ ¬C
g) S ∨ (F ↔ A)
h) ¬R → (T ∧ S )

4- Utilizando apenas as regras de inferência Silogismo Disjuntivo (S D)


e Modus Ponens (MP), mostre se as fórmulas abaixo podem inferir a
fórmula X ou ¬X.
a) {¬D → R, D ∨ R, S , A ∨ ¬D, S → D, A → X} ⊢ X
b) {¬P ∨ ¬T, T → X, ¬T, X → T, X ∨ T } ⊢ X
c) {W → ¬X, X → ¬Y, Y, W ∨ T, ¬T ∨ ¬Y} ⊢ ¬X
d) {¬T, ¬H ∨ ¬X, ¬H → X, ¬T → H} ⊢ ¬X
e) {H ∨ ¬E, ¬E → H, G → ¬R, G, ¬R → E, H → X} ⊢ X
f) {H ∨ T, ¬H ∨ T, H ∨ ¬T, A → H, T → ¬X, A} ⊢ ¬X

5- Para cada item, formalize as frases e responda as perguntas que


seguem (utilize as regras de inferência Silogismo Disjuntivo (S D) e
Modus Ponens (MP) para responder).
a) Rose ou Wesley gosta de esportes. Wesley não gosta de esportes
se Gustavo gostar. Porém, se Darla gosta de esportes, Gustavo
também gosta. Disso tudo, sabe-se que Darla gosta de esportes.
Qual a frase verdadeira?
i) Gustavo e Wesley não gostam de esportes
ii) Rose gosta de esportes e Wesley não gosta
iii) Wesley gosta de esportes, mas Rose não.

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108 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

b) Um grupo de amigos combinou pra ir ao cinema. Entretanto... Se


Rafaela for ao cinema, Vinicius também vai. Aline só vai ao
cinema se Danilo também for. Ou Vinicius vai, ou Rafaela não
vai. Rafaela ou Danilo vai ao cinema. Sabe-se que Vinicius não
vai.
Pergunta: Aline vai ao cinema?
c) Deyse organizou uma festa, mas, na hora de chamar os convida-
dos... Se convidar Poliana, não vai convidar Bráulio. Se convi-
dar Thayse, vai convidar Elton. Convidará Juliana, se convidar
Gustavo. Vai convidar Gustavo se não convidar Bráulio. Dayse
já informou que convidou Marlus, Dalha, Poliana e Thayse.
Pergunta: No geral, quem Deyse convidou?

6- Os argumentos abaixo são válidos. Utilize as regras de inferência


Silogismo Disjuntivo (S D), Modus Ponens (MP), inclusão e eliminação
da negação (¬) e conjunção (∧) para provar cada um deles.
a) {A → B, A ∧ B, ¬B ∨ C} ⊢ A ∧ C
b) {A ∨ B ∨ C, ¬C ∧ ¬A} ⊢ (B ∨ C) ∧ (A ∨ B)
c) {A ∧ B ∨ C, D ∧ ¬C, D → E} ⊢ E ∧ B
d) {B ∨ C ∨ A, ¬A ∧ ¬B, ¬B → (¬¬E)} ⊢ E ∧ C
e) {B → A, A → ¬¬C, ¬C ∨ D, B} ⊢ C ∧ A
f) {¬N ∨ ¬K, L → K, ¬N → X ∧ B, L} ⊢ B
g) {H ∧ G → J ∧ S , H ∧ A, A → G ∧ S } ⊢ J ∧ G
h) {A ∧ ¬B ∧ C ∧ D, C ∧ D → F ∨ B, F → T } ⊢ T ∧ A
i) {G ∨ H ∨ K, M → ¬K ∧ ¬H, M} ⊢ G
j) {R → F → W, R ∧ F, ¬R ∨ W} ⊢ W
k) {(H ∨ G) ∧ M, M → ¬G} ⊢ H ∧ ¬G
l) {¬Z → W ∧ C, ¬Z ∨ ¬R, E ∧ Q ∧ R} ⊢ C ∧ Q ∧ W
m) {K ∧ L ∨ S ∧ G, L → R, ¬¬¬(S ∧ G)} ⊢ R ∧ K

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5.3. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 109

n) {(A ∧ B) ∧ (B → C), ¬C ∨ D} ⊢ D ∧ A
o) {A → ¬¬¬B ∧ C, B ∨ ¬D, (¬D → E) ∧ A} ⊢ E
p) {X ∧ Y ∨ Z, ¬Z ∧ ¬Y, X → W ∧ Y} ⊢ W ∧ X

7- Semelhante ao exercício anterior, prove a validade dos argumen-


tos. Porém, além das regras de inferência usadas anteriormente( MP,
S D, ∧I, ∧E, ¬I, ¬E ), considere também as regras inclusão e elimina-
ção da disjunção(∨) e bicondicional(↔).
a) {S ∨ (P ∧ R), ¬S } ⊢ P ∨ R
b) {A → (B ∨ C), A ∧ ¬B} ⊢ C ∨ (A ∧ B)
c) {A ↔ B, B ∧ C} ⊢ A ∧ C
d) {A ∨ B → C ∧ A, C, A → ¬B} ⊢ A ∨ C
e) {X ∨ Y, (X → W) ∧ ¬Y, Y ↔ W} ⊢ (W ∧ X) ∨ (Y ∧ W)
f) {(D ↔ C, C ∨ B, (D → ¬¬A) ∧ (B → D)} ⊢ (A ∧ D) ∨ B
g) {S → G, R ∧ (G → S ), S ∧ (T → Q)} ⊢ ((G ∧ R) ∧ (S ↔ G)) ∨ Q
h) {(A ∨ B) ∧ C, B → T, T → A, ¬A} ⊢ B ∨ T
i) {(S → T, R ↔ T, ¬R ∨ (S ∧ Q), T ∧ (T → S )} ⊢ Q ∨ (T ↔ S )
j) {A → (C ∨ B), A ∨ B, ¬¬¬B ∧ C} ⊢ C ∨ B
k) {A → (B ∨ C), A ∧ ¬B} ⊢ C ∨ (A → B)
l) {A → (B ∨ C), A ∧ ¬B} ⊢ C ∧ (A ∨ B)
m) {(Q ∨ P) → (Q → R), Q ∧ S , ¬S ∨ (P → R)} ⊢ R ∨ (S ∧ P)

8- Formalize e prove os seguintes argumentos:


a) Ou Marileide vai ao teatro, ou Denise vai. Mas Aryane vai e De-
nise não vai, se Luana for ao teatro. Acontece que Luana vai.
Portanto, Marileide vai ao teatro.
b) Mara ou Lucimara comem chocolate. Mas Ricardo só come se
Mara comer chocolate. Se Lucimara comer chocolate, Ricardo

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110 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

também come. Se Ricardo come chocolate, Gustavo não come.


Dessa forma, posso dizer que Ricardo ou Gustavo comem cho-
colate.
c) Crislâine ou Gabriela vão à festa. Mas Thiago só vai à festa se
e somente se Crislâine também for. Gabriela não vai à festa e
Franscolândio vai. Assim, Franscolândio e Thiago vão à festa.

9- Considerando todas as regras de inferência estudadas e também


que todos argumentos abaixo são válidos, dê uma prova formal para
cada um deles.
a) {A → B, (A ∧ B)} ⊢ B ∨ C
b) {P ∧ Q, ¬S → ¬P} ⊢ S
c) {P → Q, ¬S → P, ¬Q} ⊢ S
d) {P → Q, ¬S → P} ⊢ ¬Q → S
e) {Q → P, S → ¬P, Q ∧ R} ⊢ ¬S
f) {(R ∨ Q) → ¬P, S → P, R} ⊢ ¬S
g) {(R ∨ Q) → ¬P, S → P} ⊢ R → ¬S
h) {(R ∧ Q) → ¬S , (Q ∧ ¬S ) → P} ⊢ (R ∧ Q) → (P ∨ R)
i) {A → B} ⊢ A → (B ∨ C)
j) {A → B, (C ∧ ¬B), ¬A → D} ⊢ C ∧ D
k) {B ∨ A, (C ∨ ¬B), C → A} ⊢ A ∨ D
l) {A → (B → C), C → ¬D, ¬E → D} ⊢ B → (A → E)
m) {A → B, C → ¬A, B → D, C → ¬D} ⊢ ¬C
n) {(A → B) → (A ∧ ¬C), A, C → ¬B, ¬C → B} ⊢ ¬C
o) {(A → B) ∧ (C → ¬D), (E → ¬B) ∧ (¬F → D), ¬E → G, ¬B →
D, A → C} ⊢ B → G

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5.4. QUESTÕES DE CONCURSOS 111

5.4 Questões de Concursos


(UNB - Prova da Polícia Federal) Texto para os itens de 1 a 8
Considere que as letras P, Q, R e T representem proposições e que os
símbolos ¬, ∧ , ∨ e → sejam operadores lógicos que constroem novas
proposições e significam não, e, ou e então, respectivamente. Na lógica
proposicional, cada proposição assume um único valor (valor-verdade),
que pode ser verdadeiro (V) ou falso (F), mas nunca ambos.
Com base nas informações apresentadas no texto acima, julgue os itens
a seguir.

1- Se as proposições P e Q são ambas verdadeiras, então a proposição


(¬P) ∨ (¬Q) também é verdadeira.

2- Se a proposição T é verdadeira e a proposição R é falsa, então a


proposição R → (¬T ) é falsa.

3- Se as proposições P e Q são verdadeiras e a proposição R é falsa,


então a proposição (P ∧ R) → (¬Q) é verdadeira.
Considere as sentenças abaixo.
I Fumar deve ser proibido, mas muitos europeus fumam.
II Fumar não deve ser proibido e fumar faz bem à saúde.
III Se fumar não faz bem à saúde, deve ser proibido.
IV Se fumar não faz bem à saúde e não é verdade que muitos europeus
fumam, então fumar deve ser proibido.

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112 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

V Tanto é falso que fumar não faz bem à saúde como é falso que fumar
deve ser proibido; consequentemente, muitos europeus fumam.

P Fumar deve ser proibido


Q Fumar deve ser encorajado
R Fumar não faz bem à saúde
T Muitos europeus fumam
Com base nas informações acima e considerando a notação intro-
duzida no texto, julgue os itens seguintes.

4- A sentença I pode ser corretamente representada por P ∧ (¬T ).

5- A sentença II pode ser corretamente representada por (¬P) ∧ (¬R).

6- A sentença III pode ser corretamente representada por R → P.

7- A sentença IV pode ser corretamente representada por (R∧(¬T )) →


P.

8- A sentença V pode ser corretamente representada por T → ((¬R)∧


(¬P)).

9- (FCC) Um economista deu a seguinte declaração em uma entre-


vista: “Se os juros bancários são altos, então a inflação é baixa”.
Uma proposição logicamente equivale à do economista é:
a) se a inflação não é baixa, então os juros bancários não são altos.
b) se a inflação é alta, então os juros bancários são altos.

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5.4. QUESTÕES DE CONCURSOS 113

c) se os juros bancários não são altos, então a inflação não é baixa.


d) os juros bancários são baixos e a inflação é baixa.
e) ou os juros bancários, ou a inflação é baixa.

10- (FCC) Aquele policial cometeu homicídio. Mas centenas de


outros policiais cometeram homicídios, se aquele policial cometeu.
Logo,

a) centenas de outros policiais não cometeram homicídios.


b) aquele policial não cometeu homicídio.
c) aquele policial cometeu homicídio.
d) nenhum policial cometeu homicídio.
e) centenas de outros policiais cometeram homicídios.

11- (FCC) Se Rasputin não tivesse existido, Lenin também não exis-
tiria. Lenin existiu. Logo:

a) Lenin e Rasputin não existiram


b) Lenin não existiu
c) Rasputin existiu
d) Rasputin não existiu
e) Lenin existiu

12- (AFTN) José quer ir ao cinema assistir ao filme “Fogo contra


Fogo”, mas não tem certeza se o mesmo está sendo exibido. Seus ami-
gos, Maria, Luís e Júlio têm opiniões discordantes sobre se o filme está
ou não em cartaz. Se Maria estiver certa, então Júlio está enganado.
Se Júlio estiver enganado, então Luís está enganado. Se Luís estiver

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114 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

enganado, então o filme não está sendo exibido; Ora, ou o filme “Fogo
contra Fogo” está sendo exibido, ou José não irá ao cinema. Verificou-
se que Maria está certa. Logo:
a) o filme “Fogo contra Fogo” está sendo exibido.
b) Luís e Júlio não estão enganados.
c) Júlio está enganado, mas não Luís.
d) Luís está enganado, mas não Júlio.
e) José não irá ao cinema.

13- (AFTN) Se Nestor disse a verdade, Júlia e Raul mentiram. Se


Raul mentiu, Lauro falou a verdade. Se Lauro falou a verdade, há um
leão feroz nesta sala. Ora, não há um leão feroz nesta sala. Logo:
a) Nestor e Júlia disseram a verdade
b) Nestor e Lauro mentiram
c) Raul e Lauro mentiram
d) Raul mentiu ou Lauro disse a verdade
e) Raul e Júlia mentiram.

14- (AFC) Se Beto briga com Glória, então Glória vai ao cinema. Se
Glória vai ao cinema, então Carla fica em casa. Se Carla fica em casa,
então Raul briga com Carla. Ora, Raul não briga com Carla. Logo,
a) Carla não fica em casa e Beto não briga com Glória
b) Carla fica em casa e Glória vai ao cinema
c) Carla não fica em casa e Glória vai ao cinema
d) Glória vai ao cinema e Beto briga com Glória
e) Glória não vai ao cinema e Beto briga com Glória

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5.4. QUESTÕES DE CONCURSOS 115

15- Sejam as declarações:


Se o governo é bom então não há desemprego.
Se não há desemprego então não há inflação.
Ora, se há inflação podemos concluir que:
a) A inflação não afeta o desemprego
b) Pode haver inflação independe do governo
c) O governo é bom e há desemprego
d) O governo é bom e não há desemprego
e) O governo não é bom e há desemprego

16- (ESAF) Uma sentença lógica equivalente a “Se Pedro é econo-


mista, então Luisa é solteira.” e:
a) Pedro é economista ou Luisa é solteira.
b) Pedro é economista ou Luisa não é solteira.
c) Se Luisa é solteira, Pedro é economista.
d) Se Pedro não é economista, então Luisa não é solteira.
e) Se Luisa não é solteira, então Pedro não é economista.

17- (ESAF) Se Ana não é advogada, então Sandra é secretária. Se


Ana é advogada, então Paula não é professora. Ora, Paula é professora.
Portanto:
a) Ana é advogada.
b) Sandra é secretária.
c) Ana é advogada, ou Paula não é professora.
d) Ana é advogada e Paula é Professora.
e) Ana não é advogada e Sandra é secretária.

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116 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

(CESPE/INSS) Proposições são sentenças que podem ser julgadas


como verdadeiras ou falsas, mas não admitem ambos os julgamentos.
A esse respeito, considere que A represente a proposição simples “É
dever do servidor apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequa-
das ao exercício da função”, e que B represente a proposição simples
“É permitido ao servidor que presta atendimento ao público solicitar
dos que procuram ajuda financeira para realizar o cumprimento de sua
missão”.
Considerando as proposições A e B acima, julgue os itens subse-
quentes, com respeito ao Código de Ética Profissional do Servidor Pú-
blico Civil do Poder Executivo Federal e às regras inerentes ao raciocí-
nio lógico.

18- Sabe-se que uma proposição na forma “Ou A ou B” tem valor


lógico falso quando A e B são ambos falsos; nos demais casos, a pro-
posição é verdadeira. Portanto, a proposição composta “Ou A ou B”,
em que A e B são as proposições referidas acima é verdadeira.

19- A proposição composta “Se A então B” é necessariamente ver-


dadeira.

20- Represente-se por ¬A a proposição composta que é a negação da


proposição A, isto é, ¬A é falso quando A é verdadeiro e ¬A é verda-
deiro quando A é falso. Desse modo, as proposições “Se ¬A então ¬B”
e “Se A então B” têm valores lógicos iguais.

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5.4. QUESTÕES DE CONCURSOS 117

21- (FCC) Considere a proposição “Paula estuda, mas não passa no


concurso”. Nessa proposição, o conectivo lógico é:
a) disjunção inclusiva
b) conjunção
c) disjunção exclusiva
d) condicional
e) bicondicional

22- (FCC) Na tabela-verdade abaixo, p e q são proposições.

p q ?
V V F
V F V
F V F
F F F
A proposição composta que substitui corretamente o ponto de in-
terrogação é:
a) p ∧ q
b) p → q
c) ¬(p → q)
d) p ↔ q
e) ¬(p ∨ q)

23- (FCC) Considere as afirmações abaixo.


I. O número de linhas de uma tabela-verdade é sempre um número
par.

II. A proposição “ (10 < 10) ↔ (8 − 3 = 6) ” é falsa.

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118 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

III. Se p e q são proposições, então a proposição “(p → q) ∨ (¬q)” é


uma tautologia.

É verdade o que se afirma APENAS em:


a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I e III.

24- (FCC) Se p e q são proposições, então a proposição p ∧ (¬q) é


equivalente a:
a) ¬(p → ¬q)
b) ¬(p → q)
c) ¬q → ¬p
d) ¬(q → ¬p)
e) ¬(p ∨ q)

25- (FCC) No argumento: “Se estudo, passo no concurso. Se não


estudo, trabalho. Logo, se não passo no concurso, trabalho”, considere
as proposições:
p: “estudo”,
q: “passo no concurso”, e
r: “trabalho”.
É verdade que:
a) p, q, ¬p e r são premissas e ¬q → r é a conclusão.
b) a forma simbólica do argumento é (p → q) → (¬q → r) ⊢ (¬q →
r).

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5.4. QUESTÕES DE CONCURSOS 119

c) a validade do argumento é verificada por uma tabela-verdade com


16 linhas.
d) a validade do argumento depende dos valores lógicos e do conteúdo
das proposições usadas no argumento.
e) o argumento é válido, porque a proposição [(p → q)∧(¬q → r)] →
(¬q → r) é uma tautologia.

26- (FCC) Das proposições abaixo, a única que é logicamente equi-


valente a p → q é:

a) ¬q → ¬p
b) ¬q → p
c) ¬p → ¬q
d) q → ¬p
e) ¬(q → p)

27- (FCC) Dentre as alternativas abaixo, assinale a correta.

a) As proposições ¬(p ∧ q) e (¬p ∨ ¬q) não são logicamente equiva-


lentes.
b) A negação da proposição “Ele faz caminhada se, e somente se, o
tempo está bom”, é a proposição “Ele não faz caminhada se, e
somente se, o tempo não está bom”.
c) A proposição ¬[p ∨ ¬(p ∧ q)] é logicamente falsa.
d) A proposição “Se está quente, ele usa comiseta”, é logicamente
equivalente à proposição ”Não está quente e ele usa camiseta”.
e) A proposição “Se a Terra é quadrada, então a Lua é triangular” é
falsa.

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120 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

28- (FCC) Seja a sentença {[(p → q) ∨ r] ↔ [q → (¬p ∨ r)]}. Se


considerarmos que p é falsa, então é verdade que:
a) essa sentença é uma tautologia.
b) o valor lógico dessa sentença é sempre F.
c) nas linhas da Tabela-Verdade em que p é F, a sentença é V.
d) nas linhas da Tabela-Verdade em que p é F, a sentença é F.
e) faltou informar o valor lógico de q e de r.

29- (FCC) Numa proposição composta s, aparecem as proposições


simples p, q e r. Sua Tabela-Verdade é:
p q r s
V V V V
V V F V
V F V F
V F F V
F V V V
F V F V
F F V F
F F F V
Usando a conjunção (∧), a disjunção (∨) e a negação (¬), pode-se cons-
truir sentenças equivalentes a s. Uma dessas sentenças é:
a) (¬p ∨ q ∨ ¬r) ∧ (p ∨ q ∨ ¬r)
b) (p ∨ q ∨ r) ∧ (¬p ∨ ¬q ∨ r)
c) (p ∧ q ∧ ¬r) ∨ (p ∧ ¬q ∧ ¬r)
d) (p ∧ q ∧ r) ∨ (¬p ∧ ¬q ∧ r)
e) (p ∧ ¬q ∧ r) ∨ (¬p ∧ ¬q ∧ r)

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5.4. QUESTÕES DE CONCURSOS 121

30- (FCC) Dada a sentença  → ¬(¬p ∧ q ∧ r), complete o espaço 


com uma e somente uma das sentenças simples p, q, r ou a sua negação
¬p, ¬q ou ¬r para que a sentença dada seja uma tautologia. Assinale a
opção que responde a essa condição.

a) Somente q.
b) Somente p.
c) Somente uma das duas: q ou r.
d) Somente uma das três: ¬p, q ou ¬r.
e) Somente uma das três: p, ¬q ou ¬r.

31- (FCC) Seja a sentença aberta A: (¬p ∨ p) ↔  e a sentença


B: “Se o espaço  for ocupado por uma (I) , a sentença A será uma
(II) ”.
A sentença B se tornará verdadeira se I e II forem substituídos, respec-
tivamente, por:

a) tautologia e contingência.
b) contingência e contingência.
c) contradição e tautologia.
d) contingência e contradição.
e) tautologia e contradição.

32- (FCC) Considere os argumentos abaixo:

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122 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

Argumento Premissas Conclusão


I a, a → b b
II ¬a, a → b ¬b
III ¬b, a → b ¬a
IV b, a → b a

Indicando-se os argumento legítimos por L e os ilegítimos por I, obtém-


se, na ordem dada,
a) L, I, L, I.
b) I, L, I, L.
c) I, I, I, I.
d) L, L, I, L.
e) L, L, L, L.

33- (FCC/BC) No Japão, muitas empresas dispõem de lugares para


que seus funcionários se exercitem durante os intervalos de sua jornada
de trabalho. No Brasil, poucas empresas têm esse tipo de programa.
Estudos têm revelado que os trabalhadores japoneses são mais produ-
tivos que os brasileiros. Logo, deve-se concluir que a produtividade
dos empregados brasileiros será menor que a dos japoneses enquanto
as empresas brasileiras não aderirem a programas que obriguem seus
funcionários à prática de exercícios.
A conclusão dos argumentos é válida se assumirmos que:

a) a produtividade de todos os trabalhadores pode ser aumentada com


exercícios.
b) a prática de exercícios é um fator essencial na maior produtividade
dos trabalhadores japoneses.

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5.4. QUESTÕES DE CONCURSOS 123

c) as empresas brasileiras não dispõem de recursos para a construção


de ginásios de esporte para seus funcionários.
d) ainda que os programas de exercícios não aumentem a produtivi-
dade dos trabalhadores brasileiros, estes programas melhorarão
a saúde deles.
e) os trabalhadores brasileiros têm uma jornada de trabalho maior que
a dos japoneses.

34- (FCC) Relativamente a uma mesma prova de um concurso a que


se submeteram, três amigos fizeram as seguintes declarações:

Ariovaldo: Benício foi reprovado no concurso e Corifeu foi aprovado.


Benício: Se Ariovaldo foi reprovado no concurso, então Corifeu tam-
bém foi.
Corifeu: Eu fui aprovado no concurso, mas pelo menos um dos outros
dois não o foi.

Admitindo-se que as três declarações são verdadeiras, então:

a) Ariovaldo foi o único dos três que foi aprovado no concurso.


b) Benício foi o único dos três que foi aprovado no concurso.
c) Corifeu foi o único dos três que foi aprovado no concurso.
d) Benício foi o único dos três que foi reprovado no concurso.
e) Ariovaldo foi o único dos três que foi reprovado no concurso.

35- (VUNESP) Se João toca piano, então Lucas acorda cedo e Cris-
tina não consegue estudar. Mas Cristina consegue estudar. Segue-se
logicamente que:

a) Lucas acorda cedo.

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124 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

b) Lucas não acorda cedo.


c) João toca piano.
d) João não toca piano.
e) João toca piano se Lucas acorda cedo.

36- (VUNESP) Quem tem coragem é virtuoso e quem não é justo


não é virtuoso. Logo,
a) quem tem coragem é justo.
b) quem é justo tem coragem.
c) quem é justo é virtuoso.
d) quem é virtuoso tem coragem.
e) quem é virtuoso não tem coragem.

37- (VUNESP) O carro não pega, a menos que Vicente o empurre.


Segue-se logicamente que:
a) o carro pega e Vicente o empurra.
b) o carro não pega e Vicente não o empurra.
c) o carro não pega ou Vicente o empurra.
d) o carro pega ou Vicente o empurra.
e) o carro pega, se Vicente não o empurra.

38- (UFRJ) Sabendo-se que o símbolo ¬ denota negação e que o


símbolo ∨ denota o conector lógico ou, a fórmula A → B, que é lida
“se A então B”, pode ser reescrita como:
a) A ∨ B
b) ¬A ∨ B

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5.4. QUESTÕES DE CONCURSOS 125

c) A ∨ ¬B
d) ¬A ∨ ¬B
e) ¬(A ∨ B)

39- (ESAF) Ou A = B, ou C = D, ou E = F. Se G = H, então


E = F. Se C = D, então G = H. Ora, E , F, então:
a) C = D ou G , H
b) A , B e C , D
c) C , D e G = H
d) A = B e C , D
e) C = D ou A , B

40- (ESAF) Sabe-se que Beto beber é condição necessária para Car-
mem cantar e condição suficiente para Denise dançar. Sabe-se, tam-
bém, que Denise dançar é condição necessária e suficiente para Ana
chorar. Assim, quando Carmem canta,
a) Beto não bebe ou Ana não chora.
b) Denise dança e Beto não bebe.
c) Denise não dança ou Ana não chora.
d) nem Beto bebe nem Denise dança.
e) Beto bebe e Ana chora.

41- (ESAF) Carlos não ir ao Canadá é condição necessária para Ale-


xandre ir à Alemanha. Helena não ir à Holanda é condição suficiente
para Carlos ir ao Canadá. Alexandre não ir à Alemanha é condição ne-
cessária para Carlos não ir ao Canadá. Helena ir à Holanda é condição
suficiente para Alexandre ir à Alemanha. Portanto:

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126 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

a) Helena não vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá, Alexandre


não vai à Alemanha.
b) Helena vai à Holanda, Carlos vai ao Canadá, Alexandre não vai à
Alemanha.
c) Helena não vai à Holanda, Carlos vai ao Canadá, Alexandre não vai
à Alemanha.
d) Helena vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá, Alexandre vai à
Alemanha.
e) Helena vai à Holanda, Carlos não vai ao Canadá, Alexandre não vai
à Alemanha.

42 - (ESAF) O sultão prendeu Aladim em uma sala. Na sala há três


portas. Delas, uma e apenas uma conduz à liberdade; as duas outras
escondem terríveis dragões. Uma porta é vermelha, outra é azul e a
outra branca. Em cada porta há uma inscrição. Na porta vermelha está
escrito: “esta porta conduz à liberdade”. Na porta azul está escrito:
“esta porta não conduz à liberdade”. Finalmente, na porta branca está
escrito: “a porta azul não conduz à liberdade”. Ora, a princesa — que
sempre diz a verdade e que sabe o que há detrás de cada porta — disse a
Aladim que pelo menos uma das inscrições é verdadeira, mas não disse
nem quantas, nem quais. E disse mais a princesa: que pelo menos uma
das inscrições é falsa, mas não disse nem quantas nem quais. Com tais
informações, Aladim concluiu corretamente que:

a) a inscrição na porta branca é verdadeira e a porta vermelha conduz


à liberdade.
b) a inscrição na porta vermelha é falsa e a porta azul conduz à liber-
dade.

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5.4. QUESTÕES DE CONCURSOS 127

c) a inscrição na porta azul é verdadeira e a porta vermelha conduz à


liberdade.
d) a inscrição na porta branca é falsa e a porta azul conduz à liberdade.
e) a inscrição na porta vermelha é falsa e a porta branca conduz à
liberdade.

43 - (POSCOMP/SBC) A sentença lógica A∧(B∨¬C) é equivalente


a:

a) A ∧ (¬B ∧ C)
b) ¬A ∨ ¬(B ∨ ¬C)
c) ¬A ∨ (¬B ∧ C)
d) Todas as respostas anteriores.
e) Nenhuma das respostas anteriores.

44 - (POSCOMP/SBC) Se é verdade que as três sentenças a seguir


são verdade: p → q, r → s e (p ∧ t) ↔ r. Então é verdade que:

a) ¬s → (t ∨ p)
b) ¬r → ¬s
c)¬q → ¬r
d) Todas as respostas anteriores.
e) Nenhuma das respostas anteriores.

45 - (POSCOMP/SBC) Existem três suspeitos de invadir uma rede


de computadores: André, Bruna e Carlos. Sabe-se que a invasão foi
efetivamente cometida por um ou por mais de um deles, já que podem
ter agido individualmente ou não. Sabe-se, ainda, que:

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128 CAPÍTULO 5. LÓGICA FORMAL PROPOSICIONAL

I. Se André é inocente, então Bruna é culpada.


II. Ou Carlos é culpado ou Bruna é culpada, mas não os dois.
III. Carlos não é inocente.
Com base nestas considerações, conclui-se que:

a) Somente André é inocente.


b) Somente Bruna é culpada.
c) Somente Carlos é culpado.
d) São culpados apenas Bruna e Carlos.
e) São culpados apenas André e Carlos.

46 - (COPEVE) Três amigos, Leonardo, Marcos e Pedro, estão sen-


tados lado a lado em um Campo de Futebol. Leonardo sempre fala a
verdade; Marcos às vezes fala a verdade; Pedro nunca fala a verdade.
O que está sentado a esquerda diz: “Leonardo é quem está sentado no
meio.” O que está sentada no meio diz: “Eu sou Marcos.” Finalmente,
o que está sentado a direita diz: “Pedro é quem está sentado no meio.”
Então, o que está sentado à esquerda, o que está sentado no meio e o
que está sentado à direita são, respectivamente,

a) Marcos, Leonardo e Pedro.


b) Pedro, Marcos e Leonardo.
c) Pedro, Leonardo e Marcos.
d) Leonardo, Pedro e Marcos.
e) Marcos, Pedro e Leonardo.

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Capítulo 6

Lógica Formal de
Primeira Ordem

A Lógica de Primeira Ordem, também conhecida como Lógica (ou


Cálculo) de Predicados, é um sistema lógico formal que estende a Ló-
gica Proposicional para lidar com objetos e as relações existentes entre
estes.
A linguagem da Lógica Proposicional não é adequada para repre-
sentar relações entre objetos. Se quiséssemos, por exemplo, usá-la para
representar “Carlos ama Ana” e “Sebastião ama Natália” usaríamos
duas proposições atômicas diferentes, uma proposição P para repre-
sentar “Carlos ama Ana” e outra proposição Q para representar “Se-
bastião ama Natália”. Contudo, tal formalização não capta o fato de
que as duas afirmações dizem respeito ao mesmo tipo de relação entre
os objetos.
Vejamos o clássico exemplo:

Todo homem é mortal.


Sócrates é um homem.
Logo, Sócrates é mortal.

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130 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

Formalizando este argumento usando a Lógica Proposicional, po-


demos ter as seguintes representações: ser homem (H), ser mortal (M)
e Sócrates (S). Desta forma, teríamos a seguinte formalização do argu-
mento: { H→M, S→H } ⊢ S→M
Usando este argumento, caso quiséssemos representar que João é
mortal, teríamos que ter mais duas proposições J→H e J→M. Toda-
via, tais respresentações formais não exprimem de forma satisfatória
os predicados. Para isso, tem-se a Lógica de Primeira Ordem.
Na linguagem da Lógica de Primeira Ordem temos o conceito de
quantificação. São dois os quantificadores: o universal (∀ - para todo)
e o existencial (∃ - existe pelo menos um). Fórmulas do tipo ∀xφ dizem
que φ é verdadeiro para todos os objetos no universo de discurso. E
fórmulas do tipo ∃xφ dizem que φ é verdadeiro para pelo menos um
dos objetos no universo de discurso.

6.1 Predicados monádicos


A propriedade mencionada anteriormente trata do predicado em
questão. Daí o nome Cálculo de Predicados. Poderíamos ter C(x)
representando o predicado cansado. Assim, para esta semântica es-
tabelecida, se temos C(Beto), queremos dizer Beto está cansado.
Todos os operadores lógicos da Lógica Proposicional podem ser
combinados aqui. Se Beto estiver cansado, Ana estará pode ser forma-
lizado como sendo C(Beto)→C(Ana).
Caso não queiramos lidar com individuos diretamente, podemos
tratar com certos conjuntos. Para o enunciado Todo mundo está can-
sado, podemos representar o enunciado formal como sendo ∀xC(x). Já

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6.1. PREDICADOS MONÁDICOS 131

para o enunciado Se Beto ou Ana estiverem cansados, todo mundo es-


tará, temos a formalização C(Beto)∨C(Ana)→∀xC(x). Observe que
neste último há a combinação de elementos do universo de discurso e
de quantificação.
No Cálculo de Predicados, os predicados que lidam com apenas
um parâmetro são ditos terem aridade 1. Em outras palavras, tais pre-
dicados podem relacionar (neste caso, adjetivar) apenas um objeto do
universo de discurso.
Como outro exemplo, tomemos o predicado P(x) significando x é
prisioneiro. Para a fórmula quantificada universalmente ∀x P(x), lemos
para todo x, x é prisioneiro ou ainda todo mundo é prisioneiro. Já
para a fórmula quantificada existencialmente ∃x P(x), lemos existe pelo
menos um x tal que x é prisioneiro.
Voltando ao clássico exemplo, podemos representar a propriedade
de ser homem e ser mortal como respectivamente H(x) (x é homem)
e M(x) (x é mortal). É evidente que, neste caso, Sócrates não é um
predicado, mas sim uma pessoa. Ou seja, Sócrates é um objeto do
universo de discurso e pode ser representado por ele mesmo.
Assim, Sócrates é um homem e Sócrates é mortal são formalizados
respectivamente como H(Sócrates) e M(Sócrates). Mas como ficaria
todo homem é mortal?
Se fizermos ∀x H(x)→M(x), teremos “se todo mundo é homem en-
tão x é mortal”. Esta fórmula possui esta semântica por causa da pre-
cedência do quantificador (neste caso quantificador universal) que tem
prioridade sobre os conectivos lógicos, e por consequência, tem priori-
dade sobre a implicação. A fórmula correta é ∀x (H(x)→M(x)), que é
lida como “para todo mundo, se é homem então é mortal”.

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132 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

6.2 Relações
Quando os predicados possuem aridade maior ou igual a dois, ou
seja, possuem mais de dois argumentos, estes predicados são chamados
de relações e estabelecem relacionamentos entre objetos.
Voltando às duas afirmações “Carlos ama Ana” e “Sebastião ama
Natália”, podemos identificar a mesma relação existente em ambas, a
relação de amor. Formalizando, poderíamos definir a seguinte rela-
ção de aridade dois: Ama(x,y) significando x ama y. Desta forma, as
duas afirmações iniciais poderiam ser escritas como Ama(Carlos,Ana)
e Ama(Sebastião,Natália).
Assim como nos predicados monádicos, nas relações também po-
demos combinar elementos com o uso de quantidicadores. Exemplos:

• Todo mundo ama Rose. (∀x Ama(x,Rose))

• Gil ama alguém. (∃x Ama(Gil,x))

• Rose ama todo mundo. (∀x Ama(Rose,x))

• Alguém ama Gil. (∃x Ama(x,Gil))

• Nem todos amam Rose. (∃x Ama(x,Rose))

Podemos ainda trabalhar apenas com quantificadores. Todo mundo


ama alguém pode ser representado pela fórmula ∀x∃y Ama(x,y). Como
o enunciado relaciona duas partes, devemos quantificá-las: todo mundo
(∀x) e alguém (∃).
No enunciado Todo mundo ama todo mundo, a formalização tam-
bem contém duas quantificações: ∀x∀y Ama(x,y). Caso fizéssemos ∀x
Ama(x,x), teríamos a semântica Todo mundo ama a si mesmo.

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6.2. RELAÇÕES 133

Exemplo:
Zé e João são irmãos que trabalham numa mesma empresa. En-
quanto Zé é um empregado e trabalha com ferramentas, João é chefe e
administra o dinheiro da empresa. A Figura 6.1 ilustra o exemplo.

Z J

Figura 6.1: Ilustração do exemplo sobre os irmãos Zé e João.

Temos portanto as seguintes identificações para objetos e predicados:


• Objetos: João, Zé, picareta e dinheiro.
• Predicados com aridade 1 (monádicos):
F(x) = “x é uma ferramenta.”
C(x) = “x é chefe da empresa.”
E(x) = “x é empregado da empresa.”
• Predicados com aridade 2 (relações):
I(x, y) = “x é irmão de y.”
T (x, y) = “x trabalha com y.”
Frases atômicas do exemplo:
F(Picareta) = Picareta é uma ferramenta.
C(João) = João é chefe da empresa.

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134 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

E(Z é) = Zé é empregado da empresa.


I(Z é, João) = Zé é irmão de João.
T (Z é, picareta) = Zé trabalha com uma picareta.
T (João, dinheiro) = João trabalha com dinheiro.
Frases complexas do exemplo:
T (Z é, picareta) ∧ F(picareta) = Zé trabalha com uma picareta, que é uma ferra-
menta.
I(Z é, João) → I(João, Z é) = Se Zé é irmão de João, então João é irmão de Zé.
∃x I(Z é, x) ∧ T (x, dinheiro) = Zé tem um irmão que trabalha com dinheiro.
∃x I(Z é, x) ∧ T (x, dinheiro) ∧ C(x) = Zé tem um irmão que é chefe e trabalha com
dinheiro.
∃x I(João, x) ∧ T (x, picareta) = João tem um irmão que trabalha com picareta.
∀y T (Z é, y) ∧ F(y) = Zé trabalha com ferramentas.
∃x∀y I(João, x)∧T (x, y)∧F(y) = João tem um irmão que trabalha com ferramentas.

6.3 Representação da língua portuguesa


Dependendo de como inseridos nas fórmulas, os quantificadores
podem representar os pronomes indefinidos nenhum, algum, alguém,
vários, todos, tudo e expressões derivadas nem todo, existe alguém, não
existe alguém. A representação de alguns desses pronomes é bastante
intuitiva, como por exemplo.
Algumas mulheres amam Roberto. (∃x A(x, Roberto))
Deus ama a todos. (∀x A(Deus, x))

Outras expressões merecem uma atenção especial, pois quando “tra-


duzidas” diretamente não representam a mesma semântica do texto.

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6.4. EQUIVALÊNCIAS 135

Por exemplo, na representação da frase Ninguém ama Roberto é co-


mum pensar no símbolo universal precedido do sinal da negação (¬∀).
Entretanto, em vez de nem todo, o significado de ninguém é não existe
nenhum (¬∃). Assim, a representação da frase Nenhuma mulher ama
Roberto é ¬∃x A(x, Roberto). Observe outras situações nos exemplos
seguintes:

Nem todos amam a si mesmos. (¬∀x A(x, x))

Ninguém ama a morte. (¬∃x A(x, morte))

Várias pessoas amam a praia. (∃x A(x, praia))


Lembre-se que ∃x significa “existe pelo menos um”.

Não existe alguém que ame Judas. (¬∃x A(x, Judas))

6.4 Equivalências
Cada quantificador pode ser expresso usando o outro quantifica-
dor. O valor ou significado de uma fórmula com o quantificador uni-
versal (∀x φ) pode ser também expresso pelo quantificador existencial
(¬∃x ¬φ). Da mesma forma, o significado de uma fórmula com o quan-
tificador existencial (∃x φ) por ser representado pelo quantificador uni-
versal (¬∀x ¬φ).
Para os exemplos seguintes, admita que G(x,y) significa “x gosta de y”:

• ∀x G(x, chocolate) (Todos gostam de chocolate) é o mesmo que


¬∃x ¬G(x, chocolate) (Não existe alguém que não goste de chocolate).

• ∃x G(x, pimenta) (Alguém gosta de pimenta) é o mesmo que


¬∀x ¬G(x, pimenta) (Nem todos não gostam de pimenta).

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136 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

• ¬∃x G(x, acidentes) (Ninguém gosta de acidentes) é o mesmo que


¬¬∀x ¬G(x, acidentes), ou ainda ∀x ¬G(x, acidentes) (Todos não gostam de
acidentes).
• ¬∀xG(x, f rango) (Nem todos gostam de frango) é o mesmo que
¬¬∃x ¬G(x, f rango), ou ainda ∃x ¬G(x, f rango) (Alguém não gosta de fran-
go).

Quando no agrupamento de quantificadores, devemos atentar para


alguns detalhes importantes:
∀x ∀y é o mesmo que ∀y ∀x
∃x ∃y é o mesmo que ∃y ∃x
entretanto...
∀x ∃y NÃO é o mesmo que ∃y ∀x
Exemplos:
• ∃x ∀y G(x, y) = “Existe alguém que gosta de todas as pessoas.”
• ∀y ∃x G(x, y) = “Todas as pessoas têm alguém que gosta delas.”

6.5 Negação
Ao contrário do que pode parecer o óbvio, os enunciados que pos-
suam expressões como todo e nenhum não são negação um do outro.
Tomando um exemplo simples: Todo mundo está cansado. Alguém
diria que a negação deste enunciado seria Ninguém está cansado, mas
isto está errado. Uma correta1 negação da frase seria Alguém não está
cansado. Em termos formais, podemos raciocinar da seguinte forma:
A negação de (∀x φ) é (∃x ¬φ).
1
Não há somente uma resposta correta. Há variações gramaticais para um mesmo
enunciado, mas todos possuindo a mesma semântica.

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6.6. DIAGRAMAS DE VENN 137

A negação de (∃x φ) é (∀x ¬φ).

Exemplos:
• ∀x G(x, ler) (Todos gostam de ler) é a negação de ∃x ¬G(x, ler) (Alguém não
gosta de ler).
• ∃x G(x, legumes) (Alguém gosta de legumes) é a negação de ∀x ¬G(x, legumes)
(Todos não gostam de legumes).
• ¬∀x G(x, computadores) (Nem todos gostam de computadores) é a negação
de ¬∃x ¬G(x, computadores) (Ninguém não gosta de computadores).
• ¬∃x G(x, sopa) (Ninguém gosta de sopa) é a negação de ¬∀x ¬G(x, sopa)
(Nem todos não gostam de sopa).

6.6 Diagramas de VENN


No português, muitas vezes o raciocínio se torna confuso com o uso
das expressões da Lógica de Primeira Ordem (nenhum, algum, existe,
todo etc). São essas relações, na forma sujeito-predicado, presentes
nas proposições que dificultam a compreensão dos argumentos. Tais
relações, conhecidas como proposições categóricas2 , são sempre pre-
cedidas de um quantificador (∃ ou ∀) e são em número de quatro:

• Proposição ‘A’, a afirmação universal, cuja forma é “todo S é P”.

• Proposição ‘E’, a negação universal, cuja forma é “nenhum S é


P”.
2
As proposições categóricas foram introduzidas por Aristóteles, que viveu de 384
à 322 a.C.

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138 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

• Proposição ‘I’, a afirmação particular, cuja forma é “algum S é


P”.

• Proposição ‘O’, a negação particular, cuja forma é “algum S não


é P” ou “nem todo S é P”.

Utilizando a representação gráfica conjuntos, o matemático e fi-


lósofo John Venn criou em 1881 uma forma de representar as formas
categóricas, os chamados diagramas de Venn. Basicamente, temos a re-
presentação de dois conjuntos P e S com uma interseção entre eles. O
preenchimento escuro ou hachurado significa que aquela é uma região
vazia (sem nenhum elemento). O “X” significa que na região existe
pelo menos um elemento. O preenchimento branco significa, sem o
“X“, significa que não há informações sobre aquela região. Assim, as
formas categóricas são representadas como ilustam as Figuras 6.2, 6.3,
6.4 e 6.5.

Figura 6.2: Todo S é P Figura 6.3: Nenhum S é P

Figura 6.4: Algum S é P Figura 6.5: Algum S não é P

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6.6. DIAGRAMAS DE VENN 139

Além de ajudar a compreender o significado das proposições ca-


tegóricas, tais diagramas também ajudam a interpretar argumentos da
Lógica de Primeira Ordem. Nesse caso, é possível usar até três con-
juntos (“S”, “P” e “Q”) com suas respectivas interseções. O resultado
dessa associação de conjuntos está representado na Figura 6.6, que é
a forma geral de um diagrama de Venn. As áreas representadas por
números são:

1: elementos que pertencem exclusivamente a S;


2: elementos que pertencem exclusivamente a P;
3: elementos que pertencem exclusivamente a Q;
4: elementos que pertencem a S e Q simultaneamente;
5: elementos que pertencem a S e P simultaneamente;
6: elementos que pertencem a P e Q simultaneamente;
7: elementos que pertencem a P, Q e S, simultaneamente;
8: elementos que não pertencem a P, nem a Q, nem a S.

Figura 6.6: Forma geral do diagrama de Venn.

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140 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

Exemplo 1
Para validar o argumento abaixo, seguimos as etapas:

Todo homem é mortal.


Todo brasileiro é homem.
Então todo brasileiro é mortal.

Passo 1 - Usando o diagrama de Venn, representamos a primeira pre-


missa:

Figura 6.7: Representação da premissa “Todo homem é mortal”.

Passo 2 - No mesmo diagrama, incluimos agora a representação da


segunda premissa (Todo brasileiro é homem):

Figura 6.8: Inclusão da segunda premissa: “Todo brasileiro é homem”

Passo 3 - Observamos que o único espaço não elimidado sobre “brasi-


leiro” também pertence ao conjunto dos “mortais”. Logo, o argumento
é válido.

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6.6. DIAGRAMAS DE VENN 141

Exemplo 2

Existe pelo menos um A que é B.


Sabe-se também que todo B é C.
Logo, algum A é C.

Passo 1 - Usando o diagrama de Venn, representamos a primeira pre-


missa:

Figura 6.9: Representação da premissa “Pelo menos um A é B”.

Passo 2 - No mesmo diagrama, incluimos agora a representação da


segunda premissa:

Figura 6.10: Inclusão da segunda premissa: “Todo B é C”

Passo 3 - Observamos que existe um elemento que pertence aos três


conjuntos. Logo, o argumento é válido.

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142 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

Exemplo 3

Nenhum A é B.
Algum C é B.
Portanto, algum B é A.

Passo 1 - Usando o diagrama de Venn, representamos a primeira pre-


missa:

Figura 6.11: Representação da premissa “Nenhum A é B”.

Passo 2 - No mesmo diagrama, incluimos agora a representação da


segunda premissa:

Figura 6.12: Inclusão da segunda premissa: “Algum C é B”

Passo 3 - Observamos que não há uma declaração explícita entre A e B.


Logo, não é possível afirmar que “algum B é A”. Assim, o argumento
é inválido.

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6.7. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 143

6.7 Exercícios Propostos


1 - Considerando apenas os predicados fornecidos abaixo, formalize as
seguintes frases:

B(x) = “x é bonito.” “A(x, y) = x ama y.”


S(x) = “x é sábio.” “F(x, y) = x fala com y.”
H(x) = “x é homem.” “P(x, y) = x é pai de y.”
M(x) = “x é mulher.” “I(x, y) = x é irmão de y.”
U(x) = “x é músico.” “C(x, y) = x é casado com y.”

a) Márcio é Músico.
b) Érika é uma mulher sábia.
c) Ítalo tem uma irmã bonita.
d) O irmão de Márcio é músico.
e) João ama Maria, mas não fala com ela.
f) Francisco ama alguém que ama Lucas.
g) Todo músico homem é feio.
h) Nem todas as mulheres são bonitas e sábias.
i) Alguns homens falam exclusivamente com mulheres.
j) Algumas mulheres bonitas também são sábias.
k) O primo de Shirley é músico.
l) O tio de Mariana é um homem sábio.
m) A avó de Thiago é uma mulher bonita.
n) Todos os tios do mundo são músicos.
o) Ninguém é pai de si mesmo.
p) Quem se ama, também ama a Deus.
q) Se duas pessoas se amam, não ficam sem se falar.
r) Márcia tem um irmão e uma irmã.

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144 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

2 - Crie seus próprios predicados e formalize as frases abaixo:

a) Fanny gosta de brincar.


b) Mingau é o gato de Magali.
c) Os vizinhos são barulhentos.
d) O vizinho de Raul também é vizinho de Carla.
e) Quando chove faz frio.
f) As vezes quando chove faz frio.
g) Nunca faz frio quando chove.
h) Poliana tem dois bichos de estimação.
i) Alguém comeu o bolo e não fechou o recipiente.
j) Alguns políticos são honestos, outros não.
k) Há três tipos de homens: os inteligentes, os feios e os ricos.
l) João tem alguns livros que Maria também tem.
m) Todos os livros da biblioteca são públicos, mas alguns não podem
ser emprestados.

3 - Escreva o significado das fórmulas. Em seguida escreva a fórmula


equivalente com o outro quantificador:

a) ∃x Gosta(x, doces)
b) ∀y Gosta(y, chocolate) → Gosta(y, brigadeiro)
c) ∃x Ama(x, dinheiro) ∧ Ama(x, trabalho)
d) ∀z ¬Ama(z, dinheiro)
e) ∃w ¬Ama(w, dinheiro)
f) ∀x ∃y ¬Ama(x, y)
g) ∀a Vivo(a) → Respira(a)
h) ∃x Rico(x) ∧ Generoso(x)

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6.7. EXERCÍCIOS PROPOSTOS 145

4 - Escreva a negação para cada fórmula nos itens da Questão 3:

5 - Escreva frases negativas para os itens abaixo:

a) Ninguém saiu de casa hoje.


b) Todos não gostam de sopa.
c) Alguns gostam de pimenta.
d) Ninguém comeu o churrasco.
e) Algumas pessoas não gostam de praia.
f) Todos estão em greve.
g) Alguém disse que todos são bonitos.
h) Nem todos são honestos, mas todos prestam contas de suas despe-
sas.
i) Alguém disse que não, porém ninguém apresentou outra alternativa.
j) Todos não concordam porque alguém discorda.

6 - Os argumentos abaixo são válidos? Mostre isso usando diagramas


de Venn.

a) Nenhum amigo é ruim. Todo problema é ruim. Portanto, nenhum


amigo é problema.
b) Todo soldado é valente. Alguns valentes recebem homenagens.
Nem todo soldado recebe homenagens.
c) Todo A é B. Nenhum B é C. Então, nenhum A é C.
d) Nenhum A é B. Algum B é C. Portanto, algum C é A.
e) Alguns cães são amigos. Alguns homens possuem cães. Assim,
nem todo homem possue um cão amigo.
f) Nem todo rico vive bem. Quem tem saúde, vive bem. Assim, alguns
ricos têm saúde.

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146 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

6.8 Questões de Concursos


1 - (VUNESP) Se Francisco desviou o dinheiro da campanha assisten-
cial, então ele cometeu um grave delito. Mas Francisco não desviou
dinheiro da campanha assistencial. Logo,
a) alguém não desviou dinheiro da campanha assistencial.
b) Francisco não cometeu um grave delito.
c) Francisco cometeu um grave delito.
d) alguém desviou dinheiro da campanha assistencial.
e) Francisco desviou dinheiro da campanha assistencial.
2 - (FCC) Sobre as consultas feitas a três livros X, Y e Z, um bibliotecá-
rio constatou que: todas as pessoas que haviam consultado Y também
consultaram X; algumas pessoas que consultaram Z também consulta-
ram X. De acordo com suas constatações, é correto afirmar que, com
certeza,
a) pelo menos uma pessoa que consultou Z também consultou Y.
b) se alguma pessoa consultou Z e Y, então ela também consultou X.
c) toda pessoa que consultou X também consultou Y.
d) existem pessoas que consultaram Y e Z.
e) existem pessoas que consultaram Y e não consultaram X.
3 - (FCC) Em uma cidade em que existem somente os jornais A, B e C,
tem-se as seguintes informações:
I. Todos os leitores do jornal B lêem também o jornal A.
II. Alguns leitores do jornal C lêem o jornal A.
Então:
a) se existir algum leitor do jornal C que também lê o jornal B, ele
também lê o jornal A.
b) alguns leitores do jornal B lêem também o jornal C.

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6.8. QUESTÕES DE CONCURSOS 147

c) alguns leitores do jornal A não lêem o jornal B.


d) todos os leitores do jornal A lêem também o jornal B.
e) pelo menos um leitor do jornal C lê também o jornal B.

4 - (FCC) Observe a construção de um argumento:


Premissas: Todos os cachorros têm asas; Todos os animais de asas são
aquáticos; Existem gatos que são cachorros.
Conclusão: Existem gatos que são aquáticos.
Sobre o argumento A, as premissas P e a conclusão C, é correto
dizer que:
a) A não é válido, P é falso e C é verdadeiro.
b) A não é válido, P e C são falsos.
c) A é válido, P e C são falsos.
d) A é válido, P ou C são verdadeiros.
e) A é válido se P é verdadeiro e C é falso.
5 - (FCC) Em uma declaração ao tribunal, o acusado de um crime diz:

“No dia do crime, não fui a lugar nenhum. Quando ouvi a


campainha e percebi que era o vendedor, eu disse a ele:
— Hoje não compro nada.
Isso posto, não tenho nada a declarar sobre o crime.”

Embora a dupla negação seja utilizada com certa freqüência na lín-


gua portuguesa como um reforço da negação, do ponto de vista pura-
mente lógico, ela equivale a uma afirmação. Então, do ponto de vista
lógico, o acusado afirmou, em relação ao dia do crime, que:
a) não foi a lugar algum, não comprou coisa alguma do vendedor e
não tem coisas a declarar sobre o crime.

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148 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

b) não foi a lugar algum, comprou alguma coisa do vendedor e tem


coisas a declarar sobre o crime.
c) foi a algum lugar, comprou alguma coisa do vendedor e tem coisas
a declarar sobre o crime.
d) foi a algum lugar, não comprou coisa alguma do vendedor e não
tem coisas a declarar sobre o crime.
e) foi a algum lugar, comprou alguma coisa do vendedor e não tem
coisas a declarar sobre o crime.
6 - (FCC) Sabe-se que existem pessoas desonestas e que existem cor-
ruptos. Admitindo-se verdadeira a frase “Todos os corruptos são deso-
nestos”, é correto concluir que:
a) quem não é corrupto é honesto.
b) existem corruptos honestos.
c) alguns honestos podem ser corruptos.
d) existem mais corruptos do que desonestos.
e) existem desonestos que são corruptos.
7 - (FCC) A correta negação da proposição “todos os cargos deste con-
curso são de analista judiciário” é:
a) alguns cargos deste concurso são de analista judiciário.
b) existem cargos deste concurso que não são de analista judiciário.
c) existem cargos deste concurso que são de analista judiciário.
d) nenhum dos cargos deste concurso não é de analista judiciário.
e) os cargos deste concurso são ou de analista, ou no judiciário.
8 - Das premissas “Nenhum A é B” e “Alguns C são B”, é verdade
concluir que:
a)Nenhum C é A
b)Alguns C são A
c)Alguns A são C

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6.8. QUESTÕES DE CONCURSOS 149

d)Nenhum A é C
e)Alguns C não são A

9 - (FCC) Todas as estrelas são dotadas de luz própria. Nenhum planeta


brilha com luz própria. Logo:
a) todos os planetas são estrelas.
b) nenhum planeta é estrela.
c) todas as estrelas são planetas.
d) todos os planetas são planetas
e) todas as estrelas são estrelas.
10 - (ESAF) Das premissas:
A: “Nenhum herói é covarde.”
B: “Alguns soldados são covardes.”
Pode-se corretamente concluir que:
a) alguns heróis são soldados.
b) alguns soldados não são heróis.
c) nenhum herói é soldado.
d) alguns soldados são heróis.
e) nenhum soldado é herói.
11 - (ESAF) Seja O o conjunto de objetos e P, Q, R, S propriedades
sobre esses objetos. Sabendo-se que para todo objeto X em O:
1 – P(X) se verifica
2 – Q(X) se verifica
3 – Se P(X), Q(X) e R(X) se verificam então S(X) se verifica.
Pode-se concluir, para todo X em O, que:
a) Se S(X) se verifica, então R(X) se verifica.
b) S(X) e R(X) se verificam.
c) Se R(X) se verifica então S(X) se verifica.

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150 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

d) Se P(X) e Q(X) se verificam, então R(X) se verifica.


e) Se S(X) e Q(X) se verificam, então P(X) e R(X) se verificam.

12 - (ESAF) Se não é verdade que “Alguma professora universitária


não dá aulas interessantes”, então é verdade que:

a) todas as professoras universitárias dão aulas interessantes.


b) nenhuma professora universitária dá aulas interessantes.
c) nenhuma aula interessante é dada por alguma professora universi-
tária.
d) nem todas as professoras universitárias dão aulas interessantes.
e) todas as aulas interessantes são dadas por professoras universitárias.

(CESPE/PETROBRAS) Considere as seguintes frases.


I - Todos os empregados da PETROBRAS são ricos.
II - Os cariocas são alegres.
III - Marcelo é empregado da PETROBRAS.
IV - Nenhum indivíduo alegre é rico.
Admitindo que as quatro frases acima sejam verdadeiras e conside-
rando suas implicações, julgue os itens que se seguem (Correto / Er-
rado).
13 - Nenhum indivíduo rico é alegre, mas os cariocas, apesar de não
serem ricos, são alegres.
14 - Marcelo não é carioca, mas é um indivíduo rico.
15 - Existe pelo menos um empregado da PETROBRAS que é carioca.
16 - Alguns cariocas são ricos, são empregados da PETROBRAS e são
alegres.
17 - (FCC) No universo U, sejam P, Q, R, S e T propriedades sobre
os elementos de U. ( K(x) quer dizer que o elemento x de U satisfaz a

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6.8. QUESTÕES DE CONCURSOS 151

propriedade K e isso pode ser válido ou não).


Para todo x de U considere válidas as premissas seguintes:
• P(x)
• Q(x)
• [R(x) → S (x)] → T (x)
• [P(x) ∧ Q(x) ∧ R(x)] → S (x)
É verdade que:
a) R(x) é válida.
b) S (x) é válida.
c) T (x) é válida.
d) nada se pode concluir sem saber se R(x) é ou não válida.
e) não há conclusão possível sobre R(x), S (x) e T (x).
18 - (VUNESP) Assinale a alternativa que apresenta contradição ló-
gica.
a) Todo homem é mortal e algum mortal não é homem.
b) Algum homem é mortal e algum homem é imortal.
c) Quem é imortal é homem e algum homem é mortal.
d) Nenhum imortal é homem e algum mortal não é homem.
e) Quem não é homem é imortal e algum mortal não é homem.
19 - (CESGRANRIO) Se todo A é B e nenhum B é C, é possível con-
cluir, corretamente, que:

a) nenhum B é A.
b) nenhum A é C.
c) todo A é C.
d) todo C é B.
e) todo B é A.

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152 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

20 - (UFRJ) Seja O um conjunto de objetos e P, Q, R, S propriedades


sobre esses objetos. Sabendo-se que para todo objeto x em O:

1. P(x) se verifica;

2. Q(x) se verifica;

3. Se P(x), Q(x) e R(x) se verificam então S (x) se verifica.

pode-se concluir, para todo x em O, que:

a) se R(x) se verifica então S (x) se verifica.


b) S (x) e R(x) se verificam.
c) se S (x) se verifica então R(x) se verifica.
d) se P(x) e Q(x) se verificam então R(x) se verifica.
e) se S (x) e Q(x) se verificam então P(x) e R(x) se verificam.

21 - (ESAF) Das premissas: Nenhum A é B. Alguns C são B, segue,


necessariamente, que:
a) nenhum A é C.
b) alguns A são C.
c) alguns C são A.
d) alguns C não são A.
e) nenhum C é A.
22 - (ESAF) Todo amigo de Luiza é filho de Marcos. Todo primo de
Carlos, se não for irmão de Ernesto, ou é amigo de Luiza ou é neto de
Tânia. Ora, não há irmão de Ernesto ou neto de Tânia que não seja
filho de Marcos. Portanto, tem-se, necessariamente, que:
a) todo filho de Marcos é irmão de Ernesto ou neto de Tânia.
b) todo filho de Marcos é primo de Carlos.

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6.8. QUESTÕES DE CONCURSOS 153

c) todo primo de Carlos é filho de Marcos.


d) algum irmão de Ernesto é neto de Tânia.
e) algum amigo de Luiza é irmão de Ernesto.
23 - (ESAF) Em determinada universidade, foi realizado um estudo
para avaliar o grau de satisfação de seus professores e alunos. O estudo
mostrou que, naquela universidade, nenhum aluno é completamente fe-
liz e alguns professores são completamente felizes. Uma conclusão lo-
gicamente necessária destas informações é que, naquela universidade,
objeto da pesquisa,
a) nenhum aluno é professor.
b) alguns professores são alunos.
c) alguns alunos são professores.
d) nenhum professor é aluno.
e) alguns professores não são alunos.
(CESPE) Julgue os itens que seguem (verdadeiro / falso).
24 - Considere que x ∈ {1, 2, 3, 4, 5} e que P(x) seja interpretado como
“(x + 3) < 8”. Então, nessa interpretação, a fórmula (∀x)P(x) é V.
25 - Uma fórmula do tipo (∀x)P(x) ∧ (∀x)R(x) é V se e somente se a
fórmula (∀x)(P(x) ∧ R(x)) for V.
26 - A sentença “Nem todo professor é rigoroso” pode ser corretamente
simbolizada por ¬(∀x)(P(x) ∧ R(x)), onde P(x) representa “x é profes-
sor” e R(x) representa “x é rigoroso”.
27 - Considerando que (∃x)¬P(x) é equivalente a ¬(∀x)P(x), é correto
dizer que a negação de “Existem pessoas que não gostam de lógica” é
equivalente a “Todas as pessoas não gostam de lógica”.
28 - (FCC) Se todos os nossos atos têm causa, então não há atos livres.
Se não há atos livres, então todos os nossos atos têm causa.
a) alguns atos não têm causa se não há atos livres.

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154 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

b) todos os nossos atos têm causa se e somente se há atos livres.


c) todos os nossos atos têm causa se e somente se não há atos livres.
d) todos os nossos atos não têm causa se e somente se não há atos
livres.
e) alguns atos são livres se e somente se todos os nossos atos têm
causa.
29 - (FCC) Algum X é Y. Todo X é Z. Logo,
a) algum Z é Y
b) algum X é Z
c) todo Z é X
d) todo Z é Y
e) algum X é Y
30 - (FCC) Todos os macerontes são torminodoros. Alguns macerontes
são momorrengos. Logo,
a) todos os momorrengos são torminodoros.
b) alguns torminodoros são momorrengos.
c) todos os torminodoros são macerontes.
d) alguns momorrengos são pássaros.
e) todos os momorrengos são macerontes.

31 - (FCC) Partindo das premissas:


(1) Todo advogado é sagaz.
(2) Todo advogado é formado em Direito.
(3) Roberval é sagaz.
(4) Sulamita é juíza.
Pode-se concluir que
a) há pessoas formadas em Direito que são sagazes.
b) Roberval é advogado.

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6.8. QUESTÕES DE CONCURSOS 155

c) Sulamita é sagaz.
d) Roberval é promotor.
e) Sulamita e Roberval são casados.
(CESPE) Para as questões 32 e 33, considere a seguinte argumentação
lógica:
Todo psiquiatra é médico.
Nenhum engenheiro de software é médico.
Portanto, nenhum psiquiatra é engenheiro de software.
Denote por x um indivíduo qualquer e simbolize por P(x) o fato de o
indivíduo ser psiquiatra, por M(x) o fato de ele ser médico, e por E(x)
o fato de ser engenheiro de software. Nesse contexto e com base na
argumentação lógica, julgue as questões seguintes (verdadeiro / falso):
32 - A argumentação lógica pode ser simbolizada por:
∀x (P(x) → M(x))
¬(∃x) (E(x) ∧ M(x))
¬(∃x) (P(x) ∧ E(x))
33 - A forma simbólica ¬(∃x) (E(x) ∧ M(x)) é logicamente equivalente
a (∀x) (¬E(x) ∧ ¬M(x))
(CESPE) Para as questões 34 e 35, considere as proposições:
I. Ninguém será considerado culpado ou condenado sem julgamento.
II. Todos os cidadãos brasileiros têm garantido o direito de herança.
34 - Assinale a opção correspondente à proposição logicamente equi-
valente à negação da proposição I do texto.

a) Existe alguém que será considerado culpado ou condenado sem


julgamento.
b) Todos serão considerados culpados e condenados sem julgamento.

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156 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

c) Existe alguém que não será considerado culpado nem condenado


sem julgamento.
d) Todos serão considerados não-culpados enquanto não forem julga-
dos.
e) Não existe alguém que não será considerado culpado ou não será
julgado.

35 - Suponha que sejam verdadeiras as seguintes proposições:


III. Joaquina não tem garantido o direito de herança.
IV. Todos aqueles que têm direito de herança são cidadãos de muita
sorte.
Se III e IV acima, e II do texto, são premissas de um argumento, assi-
nale a opção correspondente à “conclusão”, que forma com essas pre-
missas um argumento válido.
a) Joaquina não é cidadã de muita sorte.
b) Todos os que têm direito de herança são cidadãos brasileiros.
c) Joaquina não é cidadã brasileira.
d) Ou todos não têm direito de herança ou todos não são cidadãos
brasileiros.
e) Se Joaquina não é cidadã brasileira, então Joaquina não é de muita
sorte.

36 - (FGV) Certo dia, o jornal ECO publicou a seguinte manchete:


“50% DOS DEPUTADOS SÃO DESONESTOS”. Após uma interpe-
lação judicial, o referido jornal foi obrigado a retratar-se, devendo pu-
blicar a NEGAÇÃO que afirma, com o mesmo destaque. Foi então
publicada a Segunda manchete: “50% DOS DEPUTADOS SÃO HO-
NESTOS”. Podemos assim afirmar que:
a) A Segunda manchete é a negação da primeira.

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6.8. QUESTÕES DE CONCURSOS 157

b) A negação da primeira manchete é: Existem deputados honestos.


c) A negação da primeira manchete é: Todos os deputados são hones-
tos.
d) NDA
37 - (COPEVE) Dizer que a afirmação “todos os flamenguistas são ca-
riocas” é falsa, do ponto de vista lógico, equivale a dizer que a seguinte
afirmação é verdadeira.
a) Nenhum carioca é flamenguista.
b) Pelo menos um carioca não é flamenguista.
c) Pelo menos um flamenguista não é Carioca.
d) Todos os não cariocas são não flamenguistas.
e) Nenhum flamenguista é carioca.

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158 CAPÍTULO 6. LÓGICA FORMAL DE PRIMEIRA ORDEM

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Capítulo 7

Respostas dos Exercícios

Capítulo 3
Exercícios Propostos (Pág. 21)
2 Questão: Um argumento é inválido quando suas premissas são verdadeiras e sua conclusão é falsa.
3 Questão:
a) Sim. Até aqui aprendemos uma regra de inferência lógica: “Todas as vezes que as premissas ‘Se A
então B’ e ‘A’ forem verdadeiras, podemos concluir que ‘B’ também é verdade.”. A premissa considerada
em questão é a segunda metade que faltava para que a conclusão fosse verdadeira.
b) Inválido. Um argumento não é válido se suas premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa.
c) Não. Deve-se observar o formato da regra que é: com as premissas “Se A então B” e “A”, conclui-
se “B”. O formato com premissas “Se A então B” e “não acontece A” não existe.
4 Questão:
a) Dedutivo válido e) Indutivo forte
b) Indutivo fraco f) Dedutivo inválido
c) Dedutivo válido g) Indutivo forte
d) Dedutivo válido h) Dedutivo válido
Capítulo 4
Exercícios Propostos (Pág. 39)
3 Questão:

a) 1 (Os defensores do aborto são hipócritas.) 2 [Eles, continuamente, contestam em altos brados a execu-
ção de criminosos ou a destruição de nossos inimigos.] 3 [Mas eles nada vêem de errado com o
assassinato de crianças inocentes.]

b) 1 (O lixo jogado em locais indevidos traz prejuízos à comunidade.) 2 [Ele ajuda na proliferação de
doenças, polui visualmente a cidade, além de destruir o ecossistema.] 3 [O lixo também é o maior
responsável pelo entupimento de galerias pluviais, quando não, a conseqüente poluição nos rios.]

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160 CAPÍTULO 7. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

c) 1 [Estou cursando na Universidade Federal, uma das melhores instituições brasileiras.] Portanto,
2 [estou no Brasil]. 3 (Posso andar livremente), pois 4 [no território brasileiro as pessoas têm o

direito de ir e vir livremente.]

d) 1 [Todos os argumentos são ou indutivos ou dedutivos.] 2 [O que você está lendo agora é um argu-
mento.] 3 [Este argumento não é indutivo.] Por isso 4 (te digo que este argumento é dedutivo)

e) 1 [Hoje o dólar subiu e as minhas ações na bolsa de valores também subiram.] 2 [Desde quando era
estudante, há mais de 10 anos, sempre observei que quando o dólar sobe, as ações sobrem.]
Assim, 3 (se o dólar subir amanhã, certamente minhas ações subirão.)

f) 1 [O mecânico falou que o problema no meu carro pode estar no motor ou na qualidade do combustível.]
2
[O motor está bom], porque 3 [faço revisões preventivas e uso óleo de boa qualidade.] Dessa
forma, 4 (o problema está no combustível.) 5 [Lembro que posto onde abasteci pela última vez não
tem nem nome.] 6 [Postos sem nome certamente vendem combustível sem marca e com baixa
qualidade.]

g) 1 (O preço do pão vai subir.) 2 [Houve aumento de preço dos combustíveis em todos os postos do
Estado.] 3 [O aumento no combustível faz o preço do frete subir.] 4 [Por sua vez, o preço do frete
influencia o valor final da farinha de trigo e outros ingredientes do pão.]

h) 1 (Ele é um idiota.) 2 [Se não fosse idiota não teria trocado um jantar preparado especialmente por sua
fiel esposa por uma noite de galanteios e farras com os amigos.]
3
Implícito: [Ele trocou o jantar pela noite de galanteios e farras com os amigos.]

i) 1 [Cláudia vai sair com Ricardo ou vai ficar em casa e ver novela.] 2 [Ela não quer sair com Ricardo ],
porque 3 [ele quer ir ao show de rock.] 4 [Cláudia odeia rock.] Dessa forma, 5 (Cláudia deve ficar
em casa vendo novela.) Além disso, 6 [o capítulo de hoje é imperdível ] porque 7 [o “menino lobo
vai virar onça”].

j) 1 (O governo é o responsável pela queda do viaduto.) 2 [Há mais de 15 anos não fazem manutenção
preventiva.] Além disso, 3 [no ano passado, engenheiros apontaram a necessidade de reforço na
estrutura que suporta as 30ton de concreto.]

k) 1 [Se o sanduíche daquela lanchonete fosse bom eu não teria encontrado uma perninha de barata no
meio da salada.]

Implícitos: 2 [Uma perninha de barata foi encontrada na salada.] 3 (O sanduíche da lanchonete não
é bom.)

l) 1 [A terra realiza movimentos de translação e rotação ao redor do sol], por isso 2 [temos o dia e a noite,
assim como as estações do ano, o vento, o frio e o calor. ] 3 [A natureza necessita dessas variações
de temperatura e luminosidade para sobreviver.] Dessa forma, 4 (a natureza sempre está viva.)

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161

m) 1 [Preciso trocar os pneus do carro,] já que 2 [tenho que viajar no sábado] e 3 [os pneus estão carecas.]
4 [Todas as vezes que compramos pneus para o carro, também precisamos de balanceamento e

alinhamento.] 5 (Assim, vou gastar com pneus e serviços.)

n) 1 [A programação da TV não é adequada para meus filhos.] 2 [Não é adequada porque a classificação
recomendada é para maiores de 14 anos] e 3 [meus filhos têm 10 e 12 anos.] Assim, 4 (meus filhos
vão assistir uma programação musical em DVD,) porque 5 [todas as vezes que a programação não
é adequada, digo-lhes para fazer isso.]

o) 1 [Abasteci o carro com 50 litros de combustível.] 2 [Dirigi mais de 500Km sem abastecer] e 3 [meu
carro faz 10Km com um litro de combustível,] então 4 (preciso abastecer.) Além disso, 5 [um carro
só para de funcionar por motivo técnico ou por falta de combustível.] 6 [Ele não tem problema
técnico e parou de funcionar.] Então, realmente eu preciso abastecer. (a última frase é apenas
uma repetição da proposição de número 4)

4 Questão:

a) e)
2+3 1+2
↓ ↓
1 3

b) f)
2 3 3
ցւ ↓
1 1+2 5+6

c) ցւ

1 4

↓ g)
2+4 2+3+4
↓ ↓
3 1

d) h)
1+2+3 2+3
↓ ↓
4 1

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162 CAPÍTULO 7. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

i) m)
3+4 7 2+3
↓ ↓ ↓
1+2 6 1+4
ցւ ↓
5 5

j) n)
2+3 2+3
↓ ↓
1 1+5

k) ↓

1+2 4

↓ o)
3 1+2+3 5+6

l) ցւ

1 4


2+3

4

Exercícios Propostos (Pág. 51)


2 Questão:

a) causa-efeito (mau) i) analogia (bom)

b) autoridade (bom) j) autoridade (bom)

c) indutivo (bom) k) indutivo (bom)

d) autoridade (bom) l) causa-efeito (mau)

e) analogia (mau) m) ignorância (bom)

f) causa-efeito (bom) n) causa-efeito (mau)

g) indutivo (bom) o) causa-efeito (bom)

h) causa-efeito (bom)

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163

Questões de Concursos (Pág. 54)


1 Questão: letra c).
2 Questão: letra c).
3 Questão: letra d).
4 Questão: letra b).
5 Questão: letra c). Premissa: A procura do trigo não pode crescer sem um correspondente aumento dos
meios de pagamento. Conclusão: O aumento do preço do trigo, em razão de uma procura crescente é
sempre precedido de um aumento dos salários.
6 Questão: letra d).
7 Questão: letra d).

Capítulo 5
Exercícios Propostos (Pág. 106)
1 Questão:
a) Não é FBF b) É FBF c) Não é FBF
d) Não é FBF e) Não é FBF f) Não é FBF
g) É FBF h) É FBF i) Não é FBF
2 Questão:
a) A ∧ ¬C → S b) C → R ∨ T
c) F → S d) C ↔ ¬S ∧ A
e) A ∧ C ∧ T f) ¬F ∨ R ∧ T
g) F ∨ ¬C → T f) R ∧ C ∧ A
3 Questão:
a) Se Ricardo vai ao shopping, Tatiana vai ao shopping e Fernanda toma sorvete.

b) Ana e Carlos vão à praia se e somente se Silvia ou Fernanda toma sorvete.

c) Se Carlos não for à praia e Silvia tomar sorvete, então Tatiana vai ao shopping.

d) Se Carlos e Ana forem à praia e Ricardo for ao shopping, então Fernanda não toma sorvete.

e) Se Fernanda tomar sorvete, Tatiana vai ao shopping se Silvia tomar sorvete.

f) Se Ricardo vai ao shopping, então Tatiana também vai. Entretanto, Carlos não vai à praia.

g) Ou Silvia toma sorvete, ou Fermanda toma se e somente se Ana for à praia.

h) Tatiana vai ao shopping e Silvia toma sorvete se Ricardo não vai ao shopping.
4 Questão:
a)

1. ¬D → R
2. D∨R
3. S
4. A ∨ ¬D

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164 CAPÍTULO 7. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

5. S →D
6. A→X
7. D [2 e 5 MP]
8. A [4 e 7 SD]
9. X [6 e 8 MP]

b) e)

1. ¬P ∨ ¬T 1. H ∨ ¬E
2. T→X 2. ¬E → H
3. ¬T 3. G → ¬R
4. X→T 4. G
5. X∨T 5. ¬R → E
6. X [3 e 5 SD] 6. H→X
7. ¬R [3 e 4 MP]
c) 8. E [5 e 7 MP]
1. W → ¬X 9. H [1 e 8 SD]
2. X → ¬Y 10. X [6 e 9 MP]
3. Y
4. W ∨T f)
5. ¬T ∨ ¬Y
1. H∨T
6. ¬T [3 e 5 SD]
2. ¬H ∨ T
7. W [4 e 6 SD]
3. H ∨ ¬T
8. ¬X [1 e 7 MP]
4. A→H
d) 5. T → ¬X
6. A
1. ¬T 7. H [6 e 4 MP]
2. ¬H ∨ ¬X 8. T [2 e 7 SD]
3. ¬→X 9. ¬X [5 e 8 MP]
4. ¬T → H
5. H [1 e 4 MP]
6. ¬X [2 e 5 SD]

5 Questão:
a) Opção “ii”.

1. R∨W
2. G → ¬W
3. D→G
4. D
5. G [3 e 4 MP]
6. ¬W [2 e 5 MP]
7. R [1 e 6 SD]

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165

b) Ela vai.

1. R→V
2. D→A
3. V ∨ ¬R
4. R∨D
5. ¬V
6. ¬R [3 e 5 SD]
7. D [4 e 6 SD]
8. A [2 e 7 MP]

c) Todos vão, menos Bráulio.

1. P → ¬B
2. T →E
3. G→J
4. ¬B → G
5. M
6. D
7. P
8. T
9. ¬B [1 e 7 MP]
10. G [4 e 9 MP]
11. J [3 e 10 MP]
12. E [2 e 8 MP]

6 Questão:

a) 6. B [4 e 5 SD]
7. A ∨ B [6 ∨I]
1. A→B
8. (B ∨ C) ∧ (A ∨ B) [4 e 7 ∧I]
2. A∧B c)
3. ¬B ∨ C 1. (A ∧ B) ∨ C
4. A [2 ∧E] 2. D ∧ ¬C
5. B [1 e 4 MP] 3. D→E
6. C [3 e 5 SD] 4. D [2 ∧E]
7. A∧C [4 e 6 ∧I] 5. E [3 e 4 MP]
6. ¬C [2 ∧E]
b) 7. A∧B [1 e 6 SD]
1. A ∨ (B ∨ C) 8. B [7 ∧E]
2. ¬C ∧ ¬A 9. E∧B [5 e 8 ∧I]
d)
3. ¬A [2 ∧E] 1. B ∨ (C ∨ A)
4. B∨C [1 e 3 SD] 2. ¬A ∧ ¬B
5. ¬C [2 ∧E] 3. ¬B → (¬¬E)

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166 CAPÍTULO 7. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

4. ¬B [2 ∧E] 2. C∧D→F∨B
5. ¬A [2 ∧E] 3. F→T
6. C∨A [1 e 4 SD] 4. ¬B ∧ (C ∧ D) [1 ∧E]
7. C [5 e 6 SD] 5. ¬B [4 ∧E]
8. ¬¬E [3 e 4 MP] 6. C∧D [4 ∧E]
9. E [8¬E] 7. F∧B [2 e 6 MP]
10. E ∧C [7 e 9 ∧I] 8. F [5 e 7 SD]
e) 9. T [3 e 8 MP]
1. B→A 10. A [1 ∧E]
2. A → ¬¬C 11. T ∧A [9 e 10 ∧I]
i)
3. ¬C ∨ D
4. B 1. (G ∨ H) ∨ K
5. A [1 e 4 MP] 2. M → ¬K ∧ ¬H
6. ¬¬C [2 e 5 MP] 3. M
7. C [6 ¬E] 4. ¬K ∧ ¬H [2 e 3 MP]
8. C∧A [5 e 7 ∧I] 5. ¬K [4 ∧E]
6. ¬H [4 ∧E]
7. G∨H [1 e 5 SD]
8. G [6 e 7 SD]
f) j)
1. ¬N ∨ ¬K 1. R→F→W
2. L→K 2. R∧F
3. ¬N → (X ∧ B) 3. ¬R ∨ W
4. L 4. R [2 ∧E]
5. K [2 e 4 MP] 5. W [3 e 4 SD]
k)
6. ¬N [1 e 5 SD]
7. X∧B [3 e 6 MP] 1. (H ∨ G) ∧ M
8. B [7∧E] 2. M → ¬G
g) 3. M [1 ∧E]
4. ¬G [2 e 3 MP]
1. (H ∧ G) → (J ∧ S ) 5. H∨G [1 ∧E]
2. H∧A 6. H [4 e 5 SD]
3. A → (G ∧ S ) 7. H ∧ ¬G [4 e 6 ∧I]
4. H [2 ∧E] l)
5. A [2 ∧E] 1. ¬Z → (W ∧ C)
6. G∧S [3 e 5 MP] 2. ¬Z ∨ ¬R
7. G [6 ∧E] 3. (E ∧ Q) ∧ R
8. H∧G [4 e 7 ∧I] 4. R [3 ∧E]
9. J∧S [1 e 8 MP] 5. E∧Q [1 ∧E]
10. J [9 ∧E] 6. Q [5 ∧E]
11. J ∧G [7 e 10 ∧I] 7. ¬Z [2 e 4 SD]
h) 8. W ∧C [1 e 7 MP]
1. A ∧ ¬B ∧ C ∧ D 9. C ∧Q∧W [6 e 8 ∧I]

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167

m) 3. (¬D → E) ∧ A
1. (K ∧ L) ∨ (S ∧ G) 4. A [3 ∧E]
2. L→R 5. ¬D → E [3 ∧E]
3. ¬¬¬(S ∧ G) 6. ¬¬¬B ∧ C [1 e 4 MP]
4. ¬(S ∧ G) [3 ¬E] 7. ¬¬¬B [6 ¬E]
5. K∧L [1 e 4 SD] 8. ¬B [7 ¬E]
6. L [5 ¬E] 9. ¬D [2 e 8 SD]
7. K [5 ¬E] 10. E [5 e 9 MP]
8. R [2 e 6 MP] p)
9. R∧K [7 e 8 ∧I]
1. (X ∧ Y) ∨ Z
n)
2. ¬Z ∧ ¬Y
1. (A ∧ B) ∧ (B → C) 3. X → (W ∧ Y)
2. ¬C ∨ D 4. ¬Z [2 ∧E]
3. A ∧ B [1 ∧E] 5. ¬Y [2 ∧E]
4. B → C [1 ∧E] 6. X∧Y [1 e 4 SD]
5. A [3 ∧E] 7. X [6 ∧E]
6. B [3 ∧E] 8. W ∧Y [3 e 7 MP]
7. C [4 e 6 MP] 9. W [8 ∧E]
8. D [2 e 7 SD] 10. W∧X [7 e 9 ∧I]
9. D∧A [5 e 8 ∧I]
o)
1. A → ((¬¬¬B) ∧ C)
2. B ∨ ¬D

6 Questão:

a) c)

1. S ∨ (P ∧ R) 1. A↔B
2. ¬S 2. B∧C
3. P ∧ R [1 e 2 SD] 3. B [2∧E]
4. P [3 ∧E] 4. C [2∧E]
5. P ∨ R [4 ∨I] 5. B → A [1↔E]
6. A [3 e 5 MP]
b) 7. A∧C [4 e 6 ∧I]
d)
1. A → (B ∨ C)
1. (A ∨ B) → (C ∧ A)
2. A ∧ ¬B
2. C
3. A [2∧E]
3. A → ¬B
4. ¬B [2∧E]
4. A∨C [2 ∨I]
5. B∨C [1 e 3 MP]
6. C [4 e 5 SD] e)
7. C ∨ (A ∧ B) [6∨I] 1. X ∨ Y

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168 CAPÍTULO 7. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

2. (X → W) ∧ ¬Y 2. R↔T
3. Y ↔W 3. ¬R ∨ (S ∧ Q)
4. Y →W [3 ↔E] 4. T ∧ (T → S )
5. X→W [2 ∧E] 5. T →S [4 ∧E]
6. W [1, 4 e 5 ∨E] 6. S ↔T [ 1 e 5 ↔I]
7. ¬Y [2 ∧E] 7. Q ∨ (T ↔ S ) [6 ∨I]
8. X [1 e 7 SD] j)
9. W∧X [6 e 8 ∧I] 1. A → (C ∨ B)
10. (W ∧ X) ∨ (Y ∧ W) [9 ∨I] 2. A∨B
f) 3. ¬¬¬B ∧ C
1. D↔C 4. C [3 ∧E]
2. C∨B 5. C ∨ B [4 ∨I]
3. (D → ¬¬A) ∧ (B → D) k)
4. B → D [3 ∧E] 1. A → (B ∨ C)
5. C → D [1 ↔E] 2. A ∧ ¬B
6. D [2, 4 e 5 ∨E] 3. A [2 ∧E]
7. D → ¬¬A [3 ∧E] 4. ¬B [2 ∧E]
8. ¬¬A [6 e 7 MP] 5. B∨C [1 e 3 MP]
9. A [8 ¬ E] 6. C [4 e 5 SD]
10. A∧D [6 e 9 ∧I] 7. C ∨ (A → B) [6 ∨I]
11. (A ∧ D) ∨ B [10 ∨I] l)
g)
1. A → (B ∨ C)
1. S →G 2. A ∧ ¬B
2. R ∧ (G → S ) 3. A [2 ∧E]
3. S ∧ (T → Q) 4. ¬B [2 ∧E]
4. R [2 ∧E] 5. B∨C [1 e 3 MP]
5. G→S [2 ∧E] 6. C [4 e 5 SD]
6. S [3 ∧E] 7. A∨B [3 ∨I]
7. G [1 e 6 MP] 8. C ∧ (A ∨ B) [6 e 7 ∧I]
8. G∧R [4 e 7 ∧I]
9. S ↔G [1 e 5 ↔I]
m)
10. (G ∧ R) ∧ (S ↔ G) [8 e 9 ∧I]
1. (Q ∨ P) → (Q → R)
11. ((G ∧ R) ∧ (S ↔ G)) ∨ Q [10 ∨I]
h) 2. Q∧S
3. ¬S ∨ (P → R)
1. (A ∨ B) ∧ C
4. Q [2 ∧E]
2. B→T
5. S [2 ∧E]
3. T→A
6. Q ∨ P [4 ∨I]
4. ¬A
7. Q → R [1 e 6 MP]
5. A ∨ B [1 ∧E ]
8. R [4 e 7 MP]
6. B [4 e 5 SD]
9. R ∨ (S ∧ P) [8 ∨I]
7. B∨T [6 ∨I]
i)
1. S → T

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169

8 Questão:

a) 5. R [1, 2 e 3 ∨E]
1. M∨D 6. R ∨ G [5 ∨I]
2. L → (A ∧ ¬D) c)
3. L 1. C ∨G
4. A ∧ ¬D [2 e 3 MP] 2. T ↔C
5. ¬D [4 ∧E] 3. ¬G ∧ F
6. M [1 e 5 SD] 4. ¬G [3 ∧E]
b) 5. F [3 ∧E]
1. M∨L 6. C [1 e 4 SD]
2. M→R 7. C→T [2 ↔E]
3. L→R 8. T [6 e 7 MP]
4. R → ¬G 9. F∧T [5 e 8 ∧I]

9 Questão:

a) e)
1. Q→P
1. A→B
2. S → ¬P
2. A∧B
3. Q∧R
3. B [2 ∧E]
4. Q [3 ∧E]
4. B∨C [3 ∨I]
5. P [1 e 4 MP]
b)
6. ¬S [2 e 5 MT]
1. P∧Q f)
2. ¬S ¬P 1. R ∨ Q → ¬P
3. P [1 ∧E] 2. S →P
4. S [2 e 3 MT] 3. R
4. R∨Q [3 ∨I]
c)
5. ¬P [1 e 4 MP]
1. P→Q 6. ¬S [2 e 5 MT]
2. ¬S → P g)
3. ¬Q 1. R ∨ Q → ¬P
4. ¬P [1 e 3 MT] 2. S →P
5. S [2 e 4 MT] 3. |R [Hip p/ PC]
d) 4. |R ∨ Q [3 ∨I]
5. |¬P [1 e 4 MP]
1. P→Q 6. |¬S [2 e 5 MT]
2. ¬S → P 7. R → ¬S [3–6 PC]
3. |¬Q [Hip p/ PC] h)
4. |¬P [1 e 3 MT] 1. (R ∧ Q) → ¬S
5. |S [2 e 4 MT] 2. (Q ∧ ¬S ) → P
6. ¬Q → S [3 - 5 PC] 3. |R ∧ Q [Hip p/ PC]

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170 CAPÍTULO 7. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

4. |¬S [1 e 3 MP] 3. B→D


5. |Q [3 ∧E] 4. C → ¬D
6. |Q ∧ ¬S [4 e 5 ∧I] 5. |B [H p/ PC]
7. |P [2 e 6 MP] 6. |D [3 E 5 MP]
8. |P ∨ R [7 ∨I] 7. |¬C [4 E 6 MT ]
9. (R ∧ Q) → (P ∨ R) [3 - 8 PC] 8. B → ¬C [5 - 7 PC]
i) 9. |A [H p/ PC]
1. A→B
10. |¬C [2 e 9 MT]
2. |A [Hip p/ PC]
11. A → ¬C [9 - 10 PC]
3. |B [1 e 2 MP]
12. ¬C [ 1, 8 e 11 ∨ E]
4. |B ∨ C [3 ∨I] n)
5. A → (B ∨ C) [2 - 5 PC] 1. (A → B) ∨ (A ∧ ¬C)
j) 2. A
1. A→B 3. C → ¬B
2. C ∧ ¬B 4. ¬C → B
3. ¬A → D 5. |A ∧ ¬C [H p/ PC]
4. C [2 ∧E] 6. |¬C [ 5 ∧ E]
5. ¬B [2 ∧E] 7. (A ∧ ¬C) → ¬C [5 - 6 PC]
6. ¬A [1 e 5 MT] 8. |A → B [H p/ PC]
7. D [3 e 6 MP] 9. |B [2 e 8 MP]
8. C ∧ D [4 e 7 ∧I] 10. |¬C [3 e 9 MT]
k)
11. (A → B) → C [8 - 10 PC]
1. B∨A
12. ¬C [7, 11 e 1 ∨ E]
2. C ∨ ¬B o)
3. C→A 1. (A → B) ∧ (C → ¬D)
4. |¬B [Hip p/ PC] 2. (E → ¬B) ∧ (¬F → D)
5. |A [1 e 4 SD] 3. ¬E ∨ F → G
6. ¬B → A [4 - 5 PC] 4. ¬B → D
7. A [2, 3 e 6 ∨E] 5. A∨C
8. A∨D [7 ∨I] 6. A→B [1 ∧E]
l) 7. C → ¬D [1 ∧ E]
1. A → (B → C) 8. |C [H p/ PC]
2. C→ D 9. |¬D [7 e 8 MP]
3. E→D 10. |B [4 e 9 MT]
4. |B [H p/ PC] 11. C→B [8 - 10 PC]
5. ||A [H p/ PC] 12. B [5, 6 e 11 vE]
6. ||B → C [ 1 e 5 MP] 13. E → ¬B [2 ∧ E]
7. ||C [4 e 6 MP] 14. F→D [2 ∧ E]
8. || D [2 e 7 MP] 15. ¬E [12 e 13 MT]
9. ||E [3 e 8 MT] 16. ¬E ∨ F [15 ∨ I]
10. |A → E [5 - 9 PC] 17. G [3 e 16 MP]
11. B → (A → E) [4 - 10 PC] 18. B∧G [10 e 17 ∧ I]
m)
1. A ∨ B
2. C → ¬A

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171

Questões de Concursos (Pág. 111)


1 Questão:
Errado! Observe que usando as regras de inferência é impossível obter a fórmula “¬P ∨ ¬Q”, assu-
mindo que as fórmulas “P” e “Q” são verdadeiras. O esboço da tabela-verdade abaixo mostra a interpreta-
ção que prova que a derivação sugerida não está correta.
P Q ¬P ¬Q ¬P ∨ ¬Q
V V F F F
2 Questão:
Errado! Veja o esboço da tabela-verdade que mostra que a interpretação sugerida não está correta.
T R ¬T R → ¬T
V F F V
3 Questão:
Correto! Veja o esboço da tabela-verdade que mostra que a interpretação sugerida está correta.
P Q R ¬Q P∧R (P ∧ R) → ¬Q
V V F F F V
4 Questão: Errado! A sentença I é corretamente representada pela fórmula P ∧ T
5 Questão: Correto!
6 Questão: Correto!
7 Questão: Correto!
8 Questão: Errado! A sentença V é corretamente representada pela fórmula (¬R ∧ ¬P) → T
9 Questão: letra a). Trata-se de uma a aplicação da regra Modus Tollens.
10 Questão: letra e). Trata-se de uma a aplicação da regra Modus Ponens.
11 Questão: letra c). Trata-se de uma a aplicação da regra Modus Tollens.
12 Questão: letra e). Basta usar as regras de inferência Modus Ponens e Silogismo Disjuntivo:
1. M → ¬J
2. ¬J → ¬L
3. ¬L → ¬E
4. E ∨ ¬C
5. M
6. ¬J [1 e 5 MP]
7. ¬L [2 e 6 MP]
8. ¬E [3 e 7 MP]
9. ¬C [4 e 8 SD]
13 Questão: letra b).
1. N → (¬J ∧ ¬R)
2. ¬R → L
3. L → ¬F
4. ¬F
5. ¬L [3 e 4 MT]
6. R [2 e 5 MT]
7. |N [Hip p/ PC]
8. |¬J ∧ ¬R [1 e 7 MP]

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172 CAPÍTULO 7. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

9. |¬R [8 ∧ E]
10. N → ¬R [7 - 9 PC]
11. ¬N [6 e 10 MT]
12. ¬N ∧ ¬L [5 e 11 ∧I]
14 Questão: letra a).
Assumindo que as fórmulas atômicas significam:
B = Beto briga com Glória
G = Glória vai ao cinema
C = Carla fica em casa
R = Raul briga com Carla
1. B → G
2. G → C
3. C → R
4. ¬R
5. ¬C [3 e 4 MT]
6. ¬G [2 e 5 MT]
7. ¬B [1 e 6 MT]
8. ¬C ∧ ¬B [5 e 7 ∧I]
15 Questão: letra e).
1. G → ¬D
2. ¬D → ¬I
3. I
4. D [2 e 3 MT]
5. ¬G [1 e 4 MT]
6. ¬G ∧ D [4 e 5 ∧I]
16 Questão: letra e). Aplicação da regra Modus Tollens.
17 Questão: As alternativas “b” e “e” estão corretas. Neste caso, questão deveria ser anulada no concurso.
Observe:
1. ¬A → S
2. A → ¬P
3. P
4. ¬A [2 e 3 MT]
5. S [1 e 4 MP] (opção “b”)
6. ¬A ∧ S [4 e 5 ∧I] (opção “e”)
18 Questão: certo. A é verdade e B é falso. Logo, a fórmula A ∨ B é verdadeira.
19 Questão: errado. A é verdade e B é falso. Logo, a fórmula A → B é falsa.
20 Questão: errado. Observe que os valores lógicos de “A → B” e “¬A → ¬B” são diferentes.
A B ¬A ¬B A→B ¬A → ¬B
V V F F V V
V F F V F V
F V V F V F
F F V V V V

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173

21 Questão: b).
22 Questão: c).
23 Questão: e).
24 Questão: b).
25 Questão: e).
26 Questão: a).
27 Questão: c).
28 Questão: d).
29 Questão: a).
30 Questão: e).
31 Questão: b).
32 Questão: a).
33 Questão: b).
34 Questão: d).

1. ¬B ∧ C
2. ¬A → ¬C
3. C ∧ (¬A ∨ ¬B)
4. C [1 ∧E] (Corifeu foi aprovado)
5. ¬B [1 ∧E] (Benício foi reprovado)
6. A [2 e 4 MT] (Ariovaldo foi aprovado)
35 Questão: d).
36 Questão: a).
37 Questão: c).
38 Questão: b).
39 Questão: d).
40 Questão: e).
41 Questão: c). Considerando:
c : Carlos ir ao Canadá.
a : Alexandre ir à Alemanha.
h : Helena ir à Holanda.

O texto pode ser representado pela fórmula (a → ¬c) ∧ (¬h → c) ∧ (¬c → ¬a) ∧ (h → a). Deve-se
então procurar um valor verdade para “c”, “a” e “h” que torne a fórmula verdadeira.
42 Questão: e).
43 Questão: e).
44 Questão: c).
45 Questão: e).
46 Questão e). Basta procurar por uma disposição dos personagens considerando as particularidades de
“mentir” de Pedro e de “falar a verdade” de Leonardo.

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174 CAPÍTULO 7. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

Capítulo 6
Exercícios Propostos (Pág. 143)

1 Questão:
a) U(Márcio)
b) M(Érika) ∧ S(Érika)
c) ∃x I(Ítalo, x) ∧ B(x)
d) ∃x I(Márcio, x) ∧ U(x)
e) A(João, Maria) ∧¬ F(João, Maria)
f) ∃x A(Francisco, x) ∧ A(x, Lucas)
g) ∀x U(x) ∧ H(x) → ¬ B(x)
h) ¬∀x M(x) → B(x) ∧ S(x)
i) ∃x ∃y ∃z H(x) ∧ M(y) ∧ F(x,y) ∧¬ F(x,z)
j) ∃x M(x) ∧ B(x) ∧ S(x)
k) ∃x ∃y ∃z P(y, Shirley) ∧ I(y, z) ∧ P(z, x) ∧ U(x)
l) ∃x ∃y P(y, Mariana) ∧ I(y, x) ∧ S(x)
m) ∃x ∃y ∃a P(x,y) ∧ P(y, Thiago) ∧ C(x, a) ∧ M(a) ∧ B(a)
n) ∀x ∃y ∃s I(x, y) ∧ P(y, s) → U(x)
o) ¬∃x P(x, x)
p) ∀x A(x, x) → A(x, Deus)
q) ∀x ∀y A(x, y) ∧ A(y, x) → F(x, y) ∧ F(y, x)
r) ∃x∃y I(Márcia, x) ∧ I(Márcia, y) ∧ H(x) ∧ M(y)

2 Questão:
Admitindo os predicados e suas respectivas semânticas sejam:
G(x,y) = x gosta de y. S(x) = x está chuvoso.
P(x,y) = x pertence a y. O(x) = x está frio.
V(x,y) = x é vizinho de y. M(x) = x é um bicho de estimação.
C(x,y) = x comeu y. L(x) = x é político.
F(x,y) = x fechou y. H(x) = x é honesto.
W(x,y) = x possui y. I(x) = x é inteligente.
E(x) = x pode ser emprestado. B(x) = x é bonito.
U(x) = x é público. R(x) = x é rico.
T(x) = x é gato. Z(x) = x é barulhento.
Y(x) = x é homem. K(x) = x é um título de livro.
a) G(Fanny, brincar)
b) T(Migau) ∧ P(Mingau, Magali)
c) ∀x ∃y V(x,y) ∧ Z(y)
d) ∃x V(x, Raul) ∧ V(x, Carla)
e) ∀t S(t) → O(t)
f) ∃t S(t) ∧ O(t)
g) ∀t S(t) → ¬ O(t)

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175

h) ∃x ∃y P(x,Poliana) ∧ P(y,Poliana) ∧ M(x) ∧ M(y)


i) ∃x C(x,bolo) ∧¬ F(x,recipiente)
j) ∃x ∃y L(x) ∧ L(y) ∧ H(x) ∧¬ H(y)
k) ∃x ∃y ∃z Y(x) ∧ Y(y) ∧ Y(z) ∧ I(x) ∧ H(y) ∧ B(z)
l) ∃x K(x) ∧ W(João,x) ∧ W(Maria,x)
m) K(x) ∧ K(y) ∧ P(x, biblioteca) ∧ P(y, biblioteca) → U(x) ∧ U(y) ∧ E(x) ∧ ¬ E(y)

3 Questão:

a) Alguns gostam de doces. ( ¬∀x ¬Gosta(x, doces) )


b) Quem gosta chocolate também gosta de brigadeiro. ( ¬∃y Gosta(y, chocolate) ∧ ¬Gosta(y, brigadeiro))
c) Alguns amam o dinheiro e o trabalho. ( ¬∀ Ama(x, dinheiro) → ¬Ama(x, trabalho))
d) Ninguém ama o dinheiro. (¬∃z Ama(z, dinheiro))
e) Alguns não amam o dinheiro. (¬∀w Ama(w, dinheiro))
f) Alguns não são amados por ninguém. (¬∃x ∃y Ama(x, y))
g) Todos que estão vivos, também respiram. (¬∃a Vivo(a) ∧ ¬Respira(a))
h) Algumas pessoas ricas também são generosas. (¬∀x Rico(x) → ¬Generoso(x))

4 Questão:

a) ∀x ¬Gosta(x, doces)
b) ∃y Gosta(y, chocolate) ∧ ¬Gosta(y, brigadeiro)
c) ∀ Ama(x, dinheiro) → ¬Ama(x, trabalho)
d) ∃z Ama(z, dinheiro)
e) ∀w Ama(w, dinheiro)
f) ∃x ∃y Ama(x, y)
g) ∃a Vivo(a) ∧ ¬Respira(a)
h) ∀x Rico(x) → ¬Generoso(x)

5 Questão:

a) Nem todos não sairam de casa.


b) Existe alguém que gosta de sopa.
c) Todos não gostam de pimenta.
d) Nem todos não comeram o churrasco.
e) Todos gostam de praia.
f) Alguns não estão de greve.
g) Todos disseram que não existe alguem não é bonito.
h) Não existe ninguém que não seja honesto, mas alguns não prestam contas de suas despesas.
i) Todos não disseram que não, porém nem todos não apresentaram outra alternativa.
j) Alguém concorda porque todos não discordam.

6 Questão:

a) Argumento Válido.

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176 CAPÍTULO 7. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

b) Argumento Válido.

c) Argumento Válido.

d) Argumento Inválido. Observe que uma parte da interseção entre A e C está em branco, o que significa
que as premissas não foram suficientes para afirmar que não existe nenhum elemento ocupando o espaço.

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177

e) Argumento Válido.

f) Argumento Inválido. Observe que a interseção entre rico e saúde está em branco, o que significa que as
premissas não foram suficientes para afirmar que existe algum elemento ocupando o espaço.

Questões de Concursos (Pág. 146)


1 Questão: letra a). Observe que a questão sugere a utilização do Modus Ponens ou Modus Tollens.
Entretanto, nenhuma das regras podem ser usadas, pois não existe derivação das proposições F → D e
¬F. A resposta então é uma reafirmação de uma das proposições: “alguém” significa que “pelo menos
um” ( o próprio Francisco ).
2 Questão: letra b). Se ∀aY(a) → X(a), todo aquele que consulta Y, independente de consultar Z, também
consulta X.
3 Questão: letra a). Se ∀xB(x) → A(x), então se alguém lê C e B, vai também lê A.
4 Questão: letra c). A verdade ou falsidade de cada proposição (premissas e conclusão) é independente
da validade do argumento, que está relacionada a forma coerente de raciocínio. Observe que o raciocínio
lógico está correto, entretanto os elementos (proposições) usados no raciocínio são falsos.
5 Questão: letra c). Basta saber que a negação da negação de X, na lógica, é igual a afirmação de X
(¬¬X ⊢ X ).
6 Questão: letra e)
7 Questão: letra b). Observe que ¬∀xC(x) → A(x) é equivalente a ∃xC(x) ∧ ¬A(x).
8 Questão: letra e)

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178 CAPÍTULO 7. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

9 Questão: letra b)
10 Questão: letra b)
11 Questão: letra c)
12 Questão: letra a). ¬∃xP(x) ∧ ¬A(x) equivale à ∀xP(x) → A(x)
13 Questão: Correto.
1. ∀E(x) → R(x)
2. ∀C(x) → A(x)
3. ¬∃A(x) ∧ R(x)
4. E(marcelo)
5. ∀A(x) → ¬R(x) [3 equiv]
Observando a fórmula, temos que qualquer R(x) implica ¬A(x) (Modus Tollens). Na fórmula 2 vemos
que para qualquer x carioca, sempre x será alegre (Modus Ponens). E, novamente, quem é alegre, não é
rico (Modus Tollens).
14 Questão: Correto.
1. ∀E(x) → R(x)
2. ∀C(x) → A(x)
3. ¬∃A(x) ∧ R(x)
4. E(marcelo)
5. ∀A(x) → ¬R(x) [3 equiv]
6. R(marcelo) [1 e 4 MP]
7. ¬A(marcelo) [5 e 6 MT]
8. ¬C(marcelo) [2 e 7 MT]
9. ¬C(marcelo) ∧ R(marcelo) [6 e 8 ∧I]
15 Questão: Errado. Basta observar a solução da questão anterior: Marcelo não é carioca, assim como
nenhum outro funcionário poderia ser. As derivações foram feitas usando as fórmulas com o símbolo da
universalidade (∀ = “paratodo′′ ).
16 Questão: Errado. Todos os cariocas são alegres e não são ricos.
17 Questão: c).
18 Questão: e).
19 Questão: b).
20 Questão: a).
21 Questão: d)

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22 Questão: e) Substituindo “irmão de Ernesto ou neto de Tânia” por “filho de Marcos”, a segunda frase
pode ser reescrita para “Todo primo de Carlos é amigo de Luiza ou filho de Marcos”, temos:

23 Questão: e)

24 Questão: falso
25 Questão: verdadeiro
26 Questão: falso
27 Questão: falso. A forma negativa correta é “Todas as pessoas gostam de lógica”
28 Questão: c)
29 Questão: a)

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180 CAPÍTULO 7. RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

30 Questão: b)

31 Questão: a)

32 Questão: verdadeiro
33 Questão: falso (o correto é (∀x) (E(x) → ¬M(x)))
34 Questão: d).
35 Questão: c).
36 Questão: c).
37 Questão: c)

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Referências Bibliográficas

[1] Irving Marmer Copi. Introdução à Lógica. Editora Mestre Jou, São Paulo, 3 edition, 1981.

[2] Irving Marmer Copi, Carl Cohen, and Kenneth McMahon. Introduction to Logic. Pearson, Harlow,
14 edition, 2010.

[3] Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Positivo,
Curitiba, 3 edition, 2004.

[4] Vicente Keller and Cleverson Leite Bastos. Aprendendo Lógica. Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 18
edition, 2009.

[5] Elliott Mendelson. Introduction to Mathematical Logic. D. Van Nostrand, 1987.

[6] Cezar A. Mortari. Introdução à Lógica. Editora UNESP, São Paulo, 2001.

[7] Karl Raimund Popper. A Lógica da Pesquisa Científica. Editora Cultrix, São Paulo, 8 edition, 2003.

[8] Wesley C. Salmon. Lógica. Editora LTC, Rio de Janeiro, 3 edition, 2010.

[9] João Nunes Souza. Lógica para Ciência da Computação: fundamentos de linguagem, semântica e
sistemas de dedução. Elsevier, Rio de Janeiro, 2002.

[10] St George William Joseph Stock. Logic. State Univ of New York Pr, 1988.

[11] Douglas N. Walton. Lógica Informal: manual de argumentação crítica. Editora Martins Fontes, São
Paulo, 2006.

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