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PORTUGUEZA»

DESDE O AMN9 D» MIL B QUINHENTOS


da tewbMÉéM ÉMMÜl e fincam
cvjMfeqwm.
Diretor e redator: MUCIO LEÃO.
N." 10
orrteXBC-iPá-vyp-
Ano 3X Gerente: LEONARDO MARQUES.
julho fle 1949
Secretário: SÉRGIO R. VELLOZO. Vol. X K MAGESTADE AUGUSTA
P R E C O: — CrS 3,00 DELREV

NOTICIA SOBRE ROCHA PUTA D. JOAÕ V.


Nasceu Sebastião da Ro- nhagen, tomo 3-°, appendi- boa, sob o mesmo título aci- NOSSO SENHOR»
cha Pitanacidade da Bahia, ce, pags. 15 a 20. ma. Foi revista e anotadft COeMTOSTJ
em 3 dc maio de 1860, e era Oração do acadêmico por J. G. Góes que supôs
lilho de João Velho Condim vàgò Sebastião da Rochu tratar-se da 2.a edição. Terti
XXVIII — 404 páginas é
POR SEBASTIÃO DA ROCHA PITTA
e D. Brites da Rocha Pita. Pitta, presidindo à Acade-
nOMXX) OA CMA K SUA MACEStADCCAVALUIUO
Jahimrio da Cunha Barbosa mia Brasílica, na conferen- ornada, de seis gravuras u
o supõe filho' do de3em- cia de 7 de Maio de 1724 um mapa e tem uma notí- ta*SaMOstmétOa*e. Coma Aalepsemm èM»
Vem no * 1 ü tomo das çun- cia biográfica, provável- mia AIMMM èAOtattoataisa. tlmPMstja.
bargador João da Rocha .«* oUKseèt- '
Pita. Mas é o próprio es- feréncias da mesma Acade- mente do mesmo Góes. Foi *•¦
mia — Ms em 18 pags. impressa em Lisboa — edi- ¦hlWaiMMlriataavn. r-"
quem, no Livro 8° de
criior"America
sua Portuguesa", Historia da America tor Francisco Arthur ria
deciaia a sua qualidade de Silva, em 1880.
sobrinho desse magistrado
Portuguesa, desde o ano d&
1500 de seu descobrimento A quarta edição, com ti LISBOA OCCIDENTAL.
¦perrambucano. sté o de 1724 — Lisboa, o£f mesmo titulo dos anterior ti.. Ni Officiiu de JOSEPH ANTOWO DA SVLVA,
de Joseph Antônio da Syl- foi publicada por H, Gar- Re*j-
Estudou no Colégio dos
va, 1730, 746 pags. in-fol, nier, Livre iro-Editor, rm Imprcffor <h Academia
Jesuítas da Bahia, graduan- Rio de Janeiro (S. D.) — M. DOCXW.
do-se mestre em Artes. A Figura r.a Bib. Nac. bem
seguir partiu para Coimbra como as edições que se sc- in »i.0, 474 pags. Can tala, " Utsalâ. rnufmss.
e ali, na Umver.iid.ade. se nuem. Estante clássica — voJ
bacharelou em cânones. Re- A 2.a edição foi publicadíi XV — Rocha Pitta — Ein
rie Janeiro, Rev. da Lin-
gressando à Bahia, casou-se na Bahia, Imprensa Eco-
gua Portuguesa — 1925 —
com D. Brites de Almeida. nomica. em 1878, com 2íi- '.57 pags. Páfina de rosto da "História da América Portuguesa",
e reürourse para uma Eazen- 513 pags. in 4." (Io tomo de Rocha Pitta -¦ (edição de 1730)
ria que possuía nas margens da "Coleção de obras rela- Sumário da vida e
do Pfiraguassú, próximo da Uvas à história da capua- morte da Exma, Sra I). Leo
vila de Cachoeira. Dedicou- ma, depois província díi nor Josepha de Viihena c*
se então aos trabalhos di».
lavoura. Foi Coronel du
Regimento Privilegiado ria*
Bahia, e sua geografia, mau-
dadas veimprimir ou publi-
car pelo Barão Homem do
das exéquias que se ceie-
braram à sua memória nn
cidade da Bahia. — Lis-
SUMÁRIO
Ordenanças da Bahia, fidal- Melo". E' seguida de um boa 1721 — in 4.°. Seguem- PÃOINA 109: meha Série — Antologia d»
apêndice com ligeira notí/ se, também do mesmo au- Poesia — XXXVII — Olivei-
go, da Casa Real. Cavaleiro *or, um romance, três sonu- Noticia sobre Rocha Pita. ra e Silva.
professo da Ordem di Cris- cia sobre o autor e a nar-
tos c duas décimas. Curso Joaquim Nabuco. ,-
to. Poi acadêmico supranu- rativa da expedição dos ho-
PAGINAS 116 E 117:
merério da Academia Real landeses à Bahia, em 1638, Tratado Político — ms.
da História Portuguesa e «traída da obra "História c!e 53 pags. — in 8.°. ofe- PÁGINAS 110 E lll!
História do Jornalismo uo
membro da Academia Brasi- rios fatos recenteftiente ocor- recido a D, Pedro de Noro Poesias de Rocha Pitta e ai- Brasil
lies flos Esquecidos. Pi-esi* ridos no Brasil e em outros nh-n., Conde de Vila-Verde
diti a muitas^ das sessões lugares", durante oito anos, P Marquês de Angeia. O guns de seus eontemporâ-
neos- PAGINAS 113, 118 E 119:
desta instituição. Coube- sob o governo do condo orefácio assinado pelo au-
lhe, como acadêmica, escre- João Maurício de Nassau, tor tem a data de 7-9-1715. Documentário de Casimiro
ver a "Oração" escrita em latim por Gaspar PAOINA 112:
pronuncia.- Figura na biblioteca de Sal- de Abreu.
da na conferência de 7 de Barloeus".
maio de 1724. A terceira ed ição foi vador de Mendonça, segun- Rocha Pita prosador.
do afirma Oliveira Lima. As Alemórias de Antônio Ipi- PAGINA 120:
Como homem de letras, publicada em Lis- rança, de Mucio Leão.
tentou a poesia e a ficção, A Vida dos Livros
escrevendo, neste últimu Nós dois, soneto de Silvestre
gênero, um romance em llr-
aua castelhana, imitação do
"Pal-neirim
Rocha Pitta Como Escritor PAGINAS 114 E 115: Péricles.
O Espirito Univelsal de loa-
de Inglaterra", — Antologia da Literatura Bra- quim Nabuco.
de Francisco de Moraes Encerrando um estudo sobre nele era estrutural) para a pro- silelra Contemporânea — Pri- Dois artistas esquecidos.
Não obteve êxito, nem como Frei Vicente do Salvador, Ca- sa. Sem dispor de recursos '
poeta nem como amor d<- pistrano de Abreu fazia este maiores para a reconstituiçâo *.
í icçãü. reparo: da história do Brasil, éle Jun-
"Frei Vicente retomou a his- tou a essa inopia de informa- NOTA AO PRE- CURSO JOAQUIM
Já na idade madura deli- ções o seu excessivo verbalismo.
berou dedicar-se à História. tória do Brasil em 1627: só um
.século mais tarde saiu Setas- Dai resultou a história que SENTE FASCÍCULO NABUCO
Para isso aprendeu várias compôs — esse tecido estranho e
línguas, o francês, o inglês. tlão da Rocha Pita com uma O nosso fascículo de hoje sai, O Instituto Histórico e
incongruente de afirmações er-
o italiano e o holar.deí, c* História... da América Portu- ròneas, de conceitos que não no que se refere ao autor prin- Geográfico Brasileiro, dan-
¦.-mpreendeu uma viajem a auesa". Dizia isso depois de se cipal, levemente diferente dos "Cur-
têm nem sequei um pálido vis- do prosseguimento ao
Portugal, afim de estudar o referir & monotonia pedestre
lumbre de razão de ser... Sua outros fasciculos. E' que, dedi-
tm solene com que os Rochas cado o presente número de so Joaquim Nabuco", que
arquivo da Torre dx> Tom-
Pitas, os Berredos. os Jaboatõesdescrição do Brasi!, — Em ne- '•Autores Ss Livros" a Rocha vem' realúando, em come-
bo. Foi em Lisboa, em 183(1 Mínima ouíía região :e mostra
que, com o resultado de tão apontaram à publicidade . . . a céu mais sereno, nei.i madru- Pita, náo fizemos objeto de nos- moração do I centenário de
laboriosos estudos, publicou Fica ai resumida a opinião de oa mais bela a aurora..., etc sa antologia histórica apenas o nascimento do notável bra-
mestre Caplstrano acerca (Io etc. — enganou e perverteu autor da História da América
a sua'"História da America
autor da Historia da América sileiro, promoveu, a 20 de
Portuguesa". E' então que gerações. Deu ao Brasileiro <se Juntamente com
se vê admitido como sócio Portuguesa. é que o brasileiro alguma vez . apresentamos trabalhas e
ruguesa. julho, uma sessão, na qual
supranumerârio da Acade- Rocha Pita é um caso curioso se deixou orientar pelas suas noticias biográficas de alguns o sr- Múcio Leão pronun-
mia Real de História Portu- em nossas letras, e é difícil opiniões) a idéia de que esta dos seus contemporânéps, todos ciou uma conferência sobre
sueíi Voltou para a Bahia, imaginar modelo mais acabado região da América era o paral- eles representantes do mesmo "As atividades jornalísticas
e- ali faleceu em 2 de no- da incontinència de estilo e da so renascido. Tudo aqui era momento literário em que vi- de Joaquim Nabuco".
vemforo de 1738. Incontinêncla de ideais do que melhor, mais belo. mais fecun- veu o gongórico escritor. E' as-
Rocha Pita é ura dos po- tle. Devia ter, desde moço. do. mais puro do que nas ou- sim que, ao lado de Eocha.Plta. Faz esta parte de uma se-
trotios da Academia Bahia- fama de pouca inteligência, se trás terras que Deus criou I vai o leitor deste jornal encon-
conferências,
aceitarmos como verdadeira Morílnlsavam-se com tais tlu- trar noticias e trabalhos de rie de sete
na de Letras.
Escreveu: ' aquela passagem que se conta soes os pobres brazis, e nin- Joio de Brito Lima. Lula Cané- que Múcio Leão fará, a
— Breve compêndio e como tendo ocorrido entre éle guém viu a pobre e triste rea- lo de Noronha, Gonçalo Soares convite de várias institui-
e Gregorio de Matos. Encontra- lidade. E chamava-se a Isso pa- da Franca e Antônio ^e OH-
narraram do fúnebre es- -rom-se os dois e Rocha Pita dl- trlotismo! veira. ÇÕes de cultura do País e do
pectaculo que na itisigne ci- Os erros de Rocha Pila, en- goyèrno do Estado de Per-
dade da Bahia, cabeça da rigiu-se ao Boca do Inferno: fazer de
— Gregorio, quer-me dar uma. tretanto, iam mais longe: nâo E' nosso propósito nambuco, para comemorar >
America Portugueza s3 vio vez em quando um ou outro
na morte dél-réi D. Pedro rima para mm. se limitavam a uma declama- a grande efeméride na-
ção vanmente patriótica. Ele fascículo desta mesma Índole,
II — Lisboa, Valentim do Respondeu o satírico: pois achamos que em uma his- cional.
Costa Deslandes, 1709» — *.— ponha capim, tinha Idéias . singdlarlsslmas
acerca das ciências exatas, tótia Uterüria da ordem desta O próximo conferencista do
in 4." — 13 fis. não nume- Isso di a medida da constai- que elaboramos, basta dai* dos;
radas; 32 dag». •--' - taça que por ele'tinha Ore- mesmo acerca das que ]i se "•'Curso Joaquim Nabuco" será,
— qu» de resto achavam -esclarecidas, no seu. escritores menores uma infor-
Depois ida narrafrSo gorio de Matos tempo, como* a geografia. NSo macio perfunctórla. o sufipien- o Snr. Aníbal Freire, que, no
acham-se um i romã:'.?? em nlo tinha consideração por nm- te para levar ao estudioso mé- dia 27 jtodouro, falará sobre"*
' -*;' » é extraordinário, por exemplo,
castelhano e tres sonetos do guém.
Poeta gongorlco, de um gon- que êle diga que o Bruü se 11- dio o -que * essencial na his- Vfa» e a Obra de Jnqtdm Na-
autor, os quais estão repnw com os reinos de .Congo tória da vida e da obra de ca-
duzidos no "ílorllegio» da gortsmo arrepiado, Bocha PU»- mita
e Angola? da um de tais autores. .
poesia brasileira",*¦ mVâ Va-r-, levou essa maneiié-Me «er (que
Página 110 AUTORES E LIVROS Julho de 1949 — Vol X, n°. ÍQ

POESIAS Dl ROCHA PITTA E ALGUNS DE SEUS CONTEMPORÂNEOS


Como enbueltas con Ias glorias Que são cinco as vogaes ninguém duvida;
Sebastião da Rocha . Puedes juntar Ias pasiones? Cinco as zonas também do ceo eterno.
Cinco vezes reis cinco, esclarecida
Pitto Di: que mysterios son estos. Lysia teve, com pasmo do hemisfério,
En que publicas, y escondes Com cinco comas lorma os seus accentos
ÜONITOS
Mucho para los discursos, O numeroso rei dos instrumentos.
Tanto para los dolores? '
Quinto foi Pio, e pio muitas vezes.
No hagas dei silencio alarde: Festeja-se a Ascenção ao quinto dia,
Que arder, y callar se ojSonen: Também é quinto o príncipe dos mezes,
Ao túmulo do rei Pedro II na Bahia No se callan los gemidos, Que fragrancia exhalando as flores cria.
Quando los pechos se rompeu. Cinco reis houve invictos portuguezes,
Este horroroso Alcacer da saudade Que exaltaram a lusa monarchia,
Da magoa soberbissimo aposento, Si eres Volumen de Amor Do vosso nome, que a memória acclama.
Onde mora a lembrança por tormento. Con Estrellas por renglones: Para assumpto feliz da immortal fama.
Onde vive por culto a Magestade; En ti Ias quexas se escrivan.
O' Ias memórias se borren.
Altar ao melhor Rei da nossa idade,
Que logra em firme _¦ duplicado assento,
Como humano na terra, monumento,
Si eres carcel, donde estan
Nuestros afectos conformes:
Sobre o nada das vaidades humanas
E cadeira no Ceo, como deidade: O' nos suelta los suspiros,
Louco é quem da vaidade faz apreço,
O' nos quita Ias prisiones.
E memória, que ao seu segundo Marte Sendo a honra mundana um doce engano;
Pedro eterniza em magoas a Bahia, Si eres Sepulcro de un Rey Adular a fortuna, indigno excesso,
Que competem dor, grandeza e arte: Mayor, Traz do caduco tempo o desengano:
que ha tenido ei Orbe:
No solo en incêndios pagues. Que é discreto e cathollco coicesso
Mostrando nesta grande fantasia, Quanto en Magestad recojes. Quem pondera no frágil ser humano
Que lhe tocou do amor a maior parte. Que qual sombra no ar desvanecida
Como parte maior da Monarquia. Publica en tu voz tu empeno: Passa a glória, a fortuna, a honra, a vida,
Y harán luego tus clamores
(Pues la grandeza te ensalça > Que subsistência póde haver na vida
Se é por caduca, frágil e por breve
Que los ecos te coronen. Exhalação que passa despedida,
À imagem da Morte, sobre o Túmulo, Lisonja que adular o mal se atreve?
Pero harto en brillar lo dizes;
coroada, e tendo numa das mãos a iama Todo en arder lo propones; Sombra á vista da luz desvanecida,
Dos gostos temporaes engano leve;
e noutra a eternidade Porque en Ias lenguas dei fueso,
Finalmente é da vida o ser humano
Los movimientos son vozes.
Exhalação, lisonja. sombra, engano.
Oh tu, que do poder, fazes vaidade,
Quando ao sceptro de Pedro nào perdoai, Palabras son tus centellas,
E mostras que no frágil das Coroas Tus incêndios son razones,
De ser mortal não livra o ser deidade. Que con Ias luzes se han hechc.
Quanto màs claras, màs nobles. Ao ouvidor Madeira
Se chegas a prostar-lhe a Magestade;
Como tanto as virtudes lhe apregoas, Arde pues, y a Pedro ofrece Se um sábio no concurso de uma pra-ça.,
Que dellas o clamor na Fama entoas,
Apurada en tus crisoles Buscando um homem, seu cuidado apura-*
E a memória lhe poens na Eternidade? En ese Templo de Amor Sem que algum dos que via o satisfaça,
Toda la fé de los hombles. Porque um homem perfeito achar procura*
Se sempre dos teus golpes foi effeito O que elle achar não poude, por desgraça,.
Pôr ao applauso fim, como a esperança; A encontrar vim eu hoje, por ventura.
Que amor é este agora? Que respeito? Por seres vós, qual Fenix, sem defeito
Consummado varão, homem perfeito.
Mas é, que o ser de Pedro tanto alcança;
Dando as Damas
Que, se chega a acabar quanto ao preceito
Não se póde extinguir quanto à lembrança. de Catthago
3." os seus cabelos para enxarcia da Ao Doutor Francisco Custodio, conego
armada cartagineza da Bahia, que ao A. mandou imprimi'
À morte do mencionado rei um livro
Oh Rei, por cujo amparo o Luso clama A pompa mais gentil da natureza.
Com pranto, com horror, e com tristeza Das damas preclarissimo thesouro, Só tão discreto Doutor
Morto por pena. vivo por fineza: Que augmenta a galhardia em porções d'out': Dar ao prelo intentaria
t.;,»';-'
) Cinza iria, mas sempre ardente chama. Solto em ondas nos mares da beleza, Os obséquios, que a Bahia
Fez ao preclaro ouvidor.
Para enxarcia à naval carthaglneza De ambos a fama melhor
Se contra tanto resplandor se' inflamma
A morte: só vos tira. nesta empreza; Dão as damas com gloria e "osem desdoura, So eterniza nesta história.
Em logar dd cabelio pondo " ""' '" ''
A vida, que vos deu a Natureza: louro,' Que no templo da' memória"
Mas não a vida, que vos deu a Fama. Que lhes deu o valor pela fineza. Ergue io que tudo ccnsomei
Uma estátua ao vosso nome,
Sahe a armada n"aquella conjunctura' Um padrão à sua glória.
A Morte pertendeu nesta victoria
Estrellas competindo em parallelos.
Triunfar de Vós; porém com dor interna
E levando nas prendas a ventura. Magnânimo nesta empreza
Ella despojo foi da vossa gloria.
Mostrais, com gentis primores,
Porque-o grande Motor, que nos governa, Seg-ura vai na enxarcia dos cabelloí. Deste ministro os louvores.
Que os cabos com que prende a formos ura Do vosso affecto a fineza.
Porque fosses Trofeo só" da memória.
Tanto mais fortes são, tanto mai; be.los. Se pródiga a natureza
Vos deu vida mortal, mas fama eterna,
Ao Macieira enriqueceu
No mérito, que lhe deu,
Acredito por verdade
'
ROMANCE João de Brito Lima Mais deve á vossa amizade,
Que deve ao mérito seu.
iEm Castelhano) 1671-1747
Porque vós. falando claro,
Sobre o numero cinco — ao rei D. João V Sois (sem mais outro episódio) '
Ao mkusoleo Do seu mérito Custodio, ,
Tem lettras cinco o nome de Mai-ia. Apesar do tempo avaro.
Compêndio de luz y sombra; Também com cinco o de Jesus se escreve: E se ao mérito mais raio
Cielo de Estrellas y horrores: Cinco mil golpes deu a tyrannia Deixa o tempo preterido,
Para Ias Esferas gala, No cordeiro mais cândido que a neve. Com razão tenho entendido,
luto para lcs.Orbes. Sacramentou-se o pão no quinto dia: Que o seu mérito elevado,
Cinco extremos a cruz de Christo teve: A não ser por vós lembrado,
á luto para los Orbes. Cinco sentidos tem somente o homem: Faria o tempo esquecido.
En ei resplandor, que vistes. Com cinco pães cinco mil almas comem.
De que nube te compones Faltando o meio da história,
Con multitud de timeblas Por rubis cinco o mundo foi comprado: Com evidente perigo,
En tanta copia de Soles? Com cinco pedras Goliát vencido: Dos heroes do tempo antigo
Quinto foi Carlos de valor sobrado; Claudicaria a memória.
El traje, de que te aliíias, Quinto Sertorio nunca foi rendido.
'7 Es todo contradicíones: Ter póde o Madeira a glória
No ceo quinto está Marte collocado De que o seu merecimento
no ccnoces tu mlsmo. Foi Quinto Curcio em letras conhecido: Passa com raro portento,
Sie eres dia, ò si eres noche. E porque de mais glória participe Por um Serafim guiado,
Quinto é também de Hespanha o grão Filippe. Por um Custodio guardado
.;'. Que Planeta en ti se ostenta
Con deliquios y candores. As águas do esquecimento.
Cinco palavras trazem Deus á terra:
En ei Oriente ufano, Cinco o ladrão da terra ao Ceo levaram: Se Serafim por Francisco,
triste en ei Orizcnte? Cinco em si folhas a açúcena encerra: Sois e Custodio também,
Cinco ao Tabor a Christo acompanharam: Já os méritos não tem
Que Astro pues en ti se mueve Cinco preceitos guarda o que não erra; Do Madeira o menor risco.
Sin curso, pero con orden; Cinco virgens o óleo só guardaram:
parece ai mismo tiempo A fama um novo obelisco
Com cinco escarchas a romã se enfeita: Ao vosso nome levante,
Cinco dedos a mão tem, que é perfeita. E com voz altisonante,
Para que o tempo se affronte,
Si eres Emisferio en rayos. Em cinco idades se reparte a vida; Do ouvidor as acções conte
Nublada Esfera en colores; Com cinco quinas se arma o vosso império: E de vós as glórias cante. ' *
i;ftfl)ti^íK^(rti«|

Tdho de 1949 — Vol. X, n°. 10 AUTORES E LIVROS Pâeinalll

POESIAS DE ROCHA PITTA E ALGUNS DE SEUS CONTEMPORÂNEOS


SONETOS Mas para ilefensivo d«s Lusitanos, SONETO
Deixou quem o levou quem governasse,
(Idem) E aumentasse a terra mais que de antes,
Incljia geração, altos Infantes.
Epitaíio em versos dos. Luziadas
No cargo, que o Madeira ha merecido,
De ouvidor, nos obséquios se ha mostrado Depois que a Monartsuia Lusitana Ouvi o nome engrandecido
Do jiisto, e duro Pedro nace d tendo,
O projecto real desempenhado, Às rédeas applicou Pedro o Segundo;
O americano povo agradecido. Abatida na guerra a fúria hispana, De nações differentes triunfando,
Na paz o Reino foi assombro ao Mundo: Com, vulto alegre, qual do Ceo ííubido.
Mas vós tendes, Custodio, conseguido, Inveja porém, cega, e tiranns,
Pois contra o Castelhano tãc temido
Quando ao prelo os obséquios haveis dado, Deste de Portugal bem tam fecundo,
Os fortes portuguezes incitando;
Ser do ouvidor o nome eternizado, Que lograsses tal bem, sem ver taes damnos, Contra vontade sua, e não rogando,
Ser vosso nome mais engrandecido. Nüt> coiuentio a morte tantes annos.
Pazes cometer manda arrependido.
Acção tão generosa não conquista Doze lustros, ainda não compridos,
O veloz coxo, que as acções consome, (Esfera curta a Sol tam luminoso) . Mas entre tantas palmas, salteado
Da temerosa morte; fica herdeiro
Para que na memória sempre exista. Tinha do Luso o Sol; quando vencidos Vm filho seu, de todos estimado:
Vio seus raios de eclipse tenebroso.
E e bem que á sua conta a fama tome Decretos são do Ceo nao comprehendidos.
Que nenhum dizer pôde que é primeiro
Oo nome do ouvidor ser a Chronista, Que dando a Portugal Rei tam famoso. De um Rei, que temos, alto e sublimado,
Sendo vós o Custodio do seu nome. Nüo quiz mais, porque mais triste o chorasse, Outro Jcanne, invicto Cavalleiro,
Que de Horoe tam dilos* &e lograsse.
Ou foi de nossas culpas digna pena,
Quando deste ouvidor fazeis notória Ou de méritos seus foi prêmio digno;
A fama, dando ao prelo seus louvores,
. Lograls, sábio doutor, com taes primores
Que a mesma dor que a magoa nos condena,
A Pedro sobe ao solic cristalino.
Luiz Canelo de Noronha
Na sua exaltação a vossa glória. Oh como justamente o Céo ordena 1689
A sua gloria, o nosso desatino!
Sendo tão.digno objecto desta história N&o mereciam, não dons mais- que humanos Perca pedra Moysés Ca sua -/«ia,
Um ministro maior ente os maiores, rortugal; mas ee Cores soberanos. E brotar logo faz água abundante;
Sentiria do Letbe os desfavores, Toca--Apollo essa Rocha de íiia.inai>*e .(*)
Se o não eternizáreis na memória. Foram deste Monarca relevante E sahir logo .faz fonte mais clara.
Tantas as prendas, tal a virtude era;
Mais que ao mérito seu agradecido Que inda a menor virtude. Astro brilhante, a da pedra foi pura e fonte rara,
Deve estar á fortuna, que lhe ha dado Da terra a esfera pouca transcendera. Que um impulso a fez ter i-c/erberante;
Quem no mundo o fizesse conhecido. Novo Alexandre pois, seu peito ovante, A da Rocha um.só toque a iez rannante
Porque mais Mundo o Mundo lhe não dera; E ser veia mais pura se declara.
Que ainda que seja o mérito elevado, O Reino, que era bem só suspirasse,
Padece o sentimento do esquecido, Do Ceo suprema quiz que povoasse. Se a da pedra por doce e cryslatüm
Se a fortuna nâo tem de ser lembrado. Se bebeu quando estava na torrente,
Justo foi, que assim viva sublimado; A da Rocha embebeu a cabalina.
Mas não que o Reino assim íique abatido:
Porque ser entre os Anjos collocado; Mas, emquanto se bebem na vfrsente,
Tanto Agrippina ao bravo Nero adora, O não livra entre os hctür.ens de esquecido. Aquella soube bem por doce e fina,
Que, por que a toga vista, não repara Não foste, 6 grande Rei, Rei só creado Esta sabe melhor por mais corrente.
Na morte que o tyrano lhe prepara, Para o Ceo; para nós também nacido:
Que já vaticinado não ignora. Não só para troncar vicies profanos. ») Refere-se a Sebastião da Rocha Pitta, um da.
Mas para defensivo dos Lusitanos. fundadores da Academia Brazfliea (tos isquecidos,
Poi prêmio uma maldade a mais traidora installada em março de 1724.
Da fineza da mãi, única e rara; Consente a nossa queixa; st consente
Mas se tão fino amor lhe não obstara, Attenção esse Trono, onde subiste;
Menos tyrano este tyrano fora. Que quando a queixa é justa, a dor vehemenle,
Rompe o foro ao respeito am peito triste.
A fineza da mãi que o mal despreza Mas já vejo, que íallc cegamente;
Pois bem que Portugal sem Pedro existe,
Antônio de Oliveira
E do filho cruel a antlpathia
Deram ambos assombro á natureza. Portugal (quando Pedro se apartasse) SONETO
Deixou quem o levou quim governasse.
Por extremo um e outro se avalia: Deixa em Eptieso o templo portento».
Em Agrippina, da maior frieza. Não podia a suprema Providencia
A' palavra faltar sempre observada, e em Macedonia íaz Lucinia assento,
Em Nero, da mais Ímpia tyrania. para feliz fazer ao nascimento
Que nunca ao scetro nosso descendência
Na prole ha de faltar attemiada. do Alexandre até alli mais poderoso.
Não temo a successão, temo a potência;
nada: Herostrato, que quer morrei- íaroeso,
Que a tanto Heroe é pouco o Mundo, é
Gonçalo Soares da Franca Só, se estendesse termos mais distantes,
E aumentasse a terra mais qu- de antes
sem ter no mundo algum merecimento,
para eterno ficar em monumento
1676-1724 c. vai o templo queimar maravilhoso.
Se somente ao primeiro, que hoje é Quinto,
(Herdeiro digo) vem o Oibe inteiro Mas com justa razão se sepultava
Na morte do rei Pedro Segundo Estreito Mappa, Epílogo suecinto;
na cinza a maravilha já esquecida
4, Oit. 5C.
Texto de Camoens. Cant.
Que Mundo ha de bastei ao derradeiro? quando esfoutra melhor se levantava:
Não consnatio a morte tantes anos. Eterno a Portugal de agora sinto:
Porque a mesma Lucinia presumida,
Faltam Reinos, nâo falta ao Reino Herdeiro;
Que de Heroe tam ditou se lograsse . Pois hoje nos seguram relevantes mais com o Magno Alexandre se exaltava
Portugal; mas es Coroe soberanos
lnclyt a geração, altos Infantes. do que com a maravilha mais subida.
Do Céo supmr.o quis qoe povoasse.

NOTICIAS SOBRE ALGUNS POETAS DO SÉCULO XVII patrono da Academia Esplrito-Santtnsf de I«tras.
LUIZ CANELO DE NORONHA
João de Brito Lima Nasceu na Bahia em 1689, e exercitou-se na poesia
Escreveu:
GMza á oitava 50.° dos Luziadas <'< Camões.
c na filosofia. Em sua terra natal serviu como CapitSo Cinco «meios, sendo um deles só dt versos dos Lu-
Nasceu na Bahia, a. 22 de outubro de 1671. e era de estudantes e Vereador do Senado da Câmara. In- ziadas.
limo do alcalde-mór, Tenente General de Artilharia forma Blake que ele deixou uma colecáo de poesias A Gloza e o soneto em versas ac Camões vera
"Horllegie
StbastiSo de Araújo Uma e D. Ana Maria da Silva. inéditas e mais as seguintes: reproduzidos no apêndice ao 3.c toiro do
Foi Capitão de Infantaria da Bahia, Vereador do Se- Oitenta e seis loas «os anos das Magestades Per- da poesia brasileira", de VamhagcB, ot pág. 21 a 24.
nado da Câmara. Foi um dos fundadores da Academia . tugiMos, despesMos dos Príncipes do Brasil e Astu- Quatorze emblosas com seus cpigrammm porta*
BrasMcaV, dos Esquecidos. Faleceu a 25 de novembro rias e entres «Mantos heróicos e Brioss. . gueses. .
tle 17«, Pompas funerárias que a cidade 4* Mu» e leu Estfto no "Bwve oenapendío ou it*sa»«çao t» Itt,
Deixou .numerosas produções poéticas, conforme se Recôncavo dedkanm ás ««idosas Bemérlsa de D. Mav nebre espetáculo que na inslgne ciúit.<& ila Ba»la,cabe-
vê ida rtl&ção levantada por Sacramento Blake <voJ. riam de Lencastre, mie *> Exmo Conde de Sabugos», ça da América Portuguesa, se viu na r-iortecj-el-rei
D.
- IJsMs, 170»;
3.° pãg. 3J8K Vasco Fernandes César de M«kms, vice-Ret da Estado Pedro", por Sebastião de Rocha Pitta
Barbuda, Júlio —Literatura Brasileira, pág. 128. Brasília ou a descoberta do Brasi] — poema épico
Pág'. 164. Várias poesias manuscritas (apud Bento Farinha. com 1800 oitavas — inédito. O primeiro canto fca
Bento, Murila — Antologia Baiana. "Renascença era seu Sumário d» Biblioteca Pertugiiesa.. lido na Academia Brasilica dos Esquecidos.
(Bahia) 3 de Janeiro de 1895. Disstrtaçie da. história, eclesiástica ** Brasil, que
Machado, Barbosa — Biblioteca Lusitana, 2.° vol. ALGUMAS FONTES SOBRE recitou na Acad. Bras. dos Esquecidos, em 172*.
>Mota, Artur — Histeria da Literatura Brasileira. O manuscrito foi oferecido por D- Pedro TL ao ms-
2." tol. pág. 132. LUIZ CANELO DE NORONHA tituto Histórico, a 22 de maio de 1CBE.
Varnhagen — Florilegio, vol. 1.°; Oito dissertações — flue constem Uc códice n.
Varnhagen — Biografia de .. .in "Revista do Ins- 3arbuda, Júlio — Literatura Brasileira, pág. 203. CCCXVin, existente na Bib. Nac. de Lisboa.
Tra-
«itutò Histórico". Blake, Sacramento — Dicionário,.vol. V. tam elas de assuntos exclusivaraeníe brasileiros.
Wolf, P. — Litterature BrésUlenne, pág. 24. Mota, Artur — História to Literatura, 2.° vol.
Garcia. Rodolfo — Nota na reedição do Flonleçic pág. 141. ALGUMAS FONTES SOBRE
tie VarAhaeen, t. 1.» pág. 244 (1946).
GONÇALO SOARES DA FRANCA GONÇALO SOARES DA FRANCA
3.».
BLAKE. SACRAMENTO — DleiMário, vol.
ANTONIO DE OLIVEIRA MOTA, ARTUR - História da ISunin» Brasílei-
Nasceu na Bahia, ou talvez no" Espírito Santo, em
1632 Pertenceu à Academia Brasilica dos Esquecidos
e ra ' vol 2 °
tomo
Deste poeta sabe-se apenas que pertenceu ft Acü-
à Academia Real da História Portuguesa. Vestiu o ha- VARNHAGEN — Florilesio, apêndice ro 3.»
tania dos Esquecidos. Joáo Ribeiro dedicou-lhe um fios E (pág. 265 da edição Rodolfo Garcia>.
capítulos de suas interessantíssimas Cartas devolvidas. Mto de S. Pedro. Faleceu, parece, depois de 1724.
Página 112 AUTORES E LIVROS Julho de 1949 — Vol X, n". 10

Rocha Pitta Prosador AS MEMÓRIAS DE ANTÔNIO IPIRANGA


Nem todos saberão que a mais tarde seu trabalho. toi> mente diferente do'rumo que
No Novo-Mundo, tantos Brasil uo hemisfério antártico, Academia Brasileira de Letras nando sen» efeito a publicação; lhe dera Dantas. Levou também
séculos escondido e de tantos debaixo da zona torrida, cor- é também çomancista. Piei Medeiros e Albuquerque toma- o personagem a partir para o
sábios caluniado, onde não rendo do meio dela (em que co- àquele sábio preceito, que diz rá a si esse período, que cor- teatro cia guerra do Paraguai;
chegaram Hannon com as suas meça) para a parte austral ao não ser conveniente nos apres- responde ao qüinqüênio 1857- mas q fez desembarcar, por
navegações. Hercules Lybico trópico de Capricórnio, donde sarmos nas coisas eternas, vai -862. O nono capitulo coube a enfermo, no Desterro, Ali co-
com as suas colunas, nem Her- entra na zona temperada me- ela tecendo o enredo do seu Dantas Barreto, que, como Gou- nheceu Ipiranga o grande Frltz
cules Thebano com as suas em- ridional grandíssimo espaço. E' romance com lentidão e pa- iart de Andrade, tornou depois Muller. Leva-o, depoúr, para o
presas, é a melhor porção o de fôrma triangular; principia chorra. Mas o vai tecendo, e sem efeito sua publicação (Be- Rio Grande do Sul e 4 ali que
Brasil: vastíssima região. íeli- pela banda do norte no imenso isso é o principal. vista da Academia n. 90); pas- Ipiranga, ouve as confidencias
císsimo terreno, em cuja super- rio das Amazonas, e termina O título desse romance é sou para as mãos de Roquette melancólicas de -""Uír. ijrãude
ficie tudo são frutos, em cujo pela do sul, no dilatadíssimo "Memórias de Antônio Iphan- Pinto Udem, n. 138). O décimo amigo que teve a'felicidade de
centro tudo sao tesouros, em rio da Prata; para o Levante o capítulo coube a Afonso Celso; fazer — Caxias. Enfim, o autor
ga", e, segundo informação de de "Rondônia" presenteia o
cujas montanhas e costas banham as águas do oceano Afranio Peixoto, a iniciativa e o décimo primeiro, a Medeiros
tudo são aromas, tributando os Atlântico; para o ocidente lhe o plano de tal obra foram de- e Albuquerque. personagem com unia toata na
seus campos o mais útil ali- ficam os reinos de Congo e vidos a Medeiros e Albuquer- E' curioso observar como, na coxa esquerda. Uma das obser-
'Pinto
mento, as suas minas o mais Angola, e tem por antípodas os pena de cada um desses vários vações de Roquette em
que. Em conformidade com esse seu capitulo pode aqui ser
fino ouro. os seus troncos o habitadores di Áurea Oherso- plano, o romance encerraria as autores, vai Antônio Ipiranga
mais suave balsamo e os seus neso. onde está o reino de Ma- reminiscêhcias da vida de um adquirindo um traço novo, uma transcrita. Refere-se file % quês-
mares o âmbar mais seleto; laça. certo sujeito de nome Antônio nova característica, que cor- tão Chriflie e diz: "Seja como
admirável pais, a todas as luzes Na sua longitude grandíssima Ipiranga, nascido a 7 de setem- responde à individualidade do for *> Imperador «hgullu a
rico, onde prodigamente profu- contam os cosmógrafos mil e oro de 1823 e falecido exata- escritor.,. Constâncio Alves, fl- afronta e mandou pagar as três
; mil'é diizèntas libras'que o In-
sa a natureza, se desentranha cinqüenta léguas de costa, as mente aos cem anos de sua íosófico e céptico. o envia para
idade. Chegando a determinada as montanhas de Minas, como glcs exigia. O povo, porém, no
«Uma da existência, êle Ia um estudantezinho obscuro, sem seu íntimo, nfto se conformou
narrar tudo o que vira, tudo o nenhum valor. Fernando Maga- com tal pusilanimldade. Talvez;
lhães, altanado e ardente, o esteja enganado. Mas acredito
que sentira. A obra ficaria di-
vidida em vinte períodos de traz do colégio mineiro, leva-o que foi em 1663 que o declínio
para a Faculdade de Direito de da Monarquia começou...".

COMPENDK)
cinco anos cada um. E a cada
acadêmico que desejasse cola- São Paulo, como um estudante Em seguida ao ' republicano
borar caberia um destes perio- de excelentes qualidades espl- Roquette Pinto vem o monar-
dos. As "Memórias de Antônio rituais (o que aliás motivará quista Afonso Celso. E fas a de-
Ipiranga" constituem, assim, uma carta graciosa de Cons- fesa do Imperador: "Os diri-
um romance ¦•steeple-chase", a tncio Alves); Alfredo Pujol gentes brasileiros ¦ portaram-se,
feição do famoso "A Casa da continuará a história dos estu- ] no caso, com dignidade e ener-
NARRAÇAM Caneleira", escrito, há quase
um século, pelos literatos ma-
dos em São Paulo e aproveita-
rá a ocasião para evocar figu- .
ras de mestres e de alunos da
J gia. Romperam relações com a
.'
" Inglaterra e submetida a quês-
tão ao Rei dos Belgas, resol-
ranhenses, e de outras do mes-
pO V V NíBR r E S F£CT \ cai. o. mo gênero, como "O Embro-
"Os Mistérios da Prai-
época em que Antônio Ipiran-
ga cursava a Faculdade paulls-
veu-a é.e a nosso favor...".
Uma circunstância digna de
glio",
ouí naínfigf.í Ciâiit Az Bahia , eãtwça áa Ami* nha', "O Mistério", árduos ta; terá margem, assim, para nota: Goulart de Andrade dei-
' xará o personagem casado —
.rica P''i'ti'.i,v.v i.ic *k> as martçòe lilKcy l). testes, em que se têm exercita- ressuscitar figuras que ficaram
casado com a prima Inezinha. a
do grupos de plumltivos de boa na tradição da grande cidade,
jPedro ií. âs gloriou memória, S.'¦ IS. vontade. figuras cujo esplendor Pujol viuva do militar, e já pai de
ainda foi encontrar por assim dois filhos. Os colaboradores do
OFFSRMÇIDA Das "Memórias de Antônio dizer vivo, quando ali fez o seu romance, mie se seguiram ao
Ipiranga" acham-se até hoje tirocínio jurídico. Continuando autor de "Assunção". er:quece-
a narração de Alfredo Pujol, ram uma dessas duas crianças.
publicados 11 capítulos. E não

DOM^JOAM V me parece destituído dR inte- Rodrigo Otávio transporta o ra- Só tomaram conhecimento de
rêsse o conhecimento deies. paz. já; bacharel, para o Rio. uma dela?, um menino para o
Coube a Xavier Marques ini- Advogado e jornalista nos ini- qual Roquette Pinto arranjou
ciar o complexo romance. Apa- cios de sua vida pública, Ro- o nome de Epaminondas. Mais
á EY DF POR TV CAL nhou êle o primfeiro período drigo Otávio fará de Antônio tarde, Afonso Celso enriquecerá
da vida do personagem — o Ipiranga um advogado e um o lar de Antônio Ipiranga com
. .CB.U-VQ$'Z jornalista; leva-o de dia a tra- uma nova filhinha, a pequena
qüinqüênio 1822-1826. (Revista
da Academia, n. 74). O escri- balhar no escritório de Monte- Bénvinda, que apenaa viveu seis
Por SEBASTIAM DA tor baiano fez o menino Ipi- zuma. de noite a ser redator do meses... Veja-se, ai também, o
F«J»'êt>J»Cíf»,2e3«iríii»r«i!' , C ranga nascer no Rio ae Janei- "Correio do Brasil"', de Justi- süb-conscféhte trabalhando: o
"Anjo Enfermo'' ex-
r isit.iliiílo,&CoH,<icl a„Ka . m ro, em 7 de setembro de 1822 niano José da Rocha. O rapaz poeta de
Gí'ÍS.k-,rri — conforme o esquema Medei- ama então a vida dos teatros, perimentou o coração do perso-
ros e Albuquerque. Deu-lhe, po- reparte-se entre três ou quatro nagem, dando-lhe aquilo que
rém, um lar modesto, um pai noivas — uma real, deixada sempre íòra uma preocupação
que a princípio era alfaiate e em São Paulo, as outras hipo- para o seu pobre coração de
passou depois a soldado da mi- tética», palpites de sua mâe, pai amargurado, o horror de ver

J !>i.p.t8i-íi!c!'
A.";» I"
ltcia da terra (será ainda, no
futuro, empregado de faeznda).
Esse menino é semelhante aos
demais garotos de sua idade,
com o único característico de
do sré grande amigo, o gene-
ral Peixoto, ou então a doce
Inezinha, já agora viuva de um
militar que fôra morrer nas
sofrer uma criança, horror de
perder uma filhinha...
Ai está, em síntese, o que jé.
a Academia tem publicado do
lutas da Cisplatlna...
gostar extremamente de ma- * seu romance. Será bom? Sírá,
No capítulo tíe Goulart de mau? E' difícil, em uma obra
mar; isso será, provavelmente, Andrade (que foi o seguinte),
a explicação da longevidade que dessa natureza, sair alguma coi-
Página de titulo do "Breve Compêndio", de Rocha vemos pela primeira vez entrar sa perfeita, Que saía alguma.:
êle conseguiu. E tem também no romance, até então casto
Pitta — (edição de 1709) uma priminha, delícia de crian- coisa razoável, pelo menos apta
e mesmo virginal, uma figura a ser lida, é uma bei» recom-
nas férteis produções, que em mais formosas que cursam os ça meiga, a loura e doce Ine- de mulher, não direi impúdlca,
opulência da monarquia e bene- navegantes; pois em toda ela. zinha. pensa.. Mesmo que Antônio
mas adormecida e semt-nua... Ipiranga nao esteja «amihhan-
ffeio do mundo, apura a arte, e em qualquer tempo estão as O segundo capítulo (Revista
O capítulo de Dantas Barreto do para tornar-se um» obra
brotando as suas canas exprl- suas elevadas montanhas e ai- da Academia n. 75) coube a
merece atenção especial. Sem
mldo netar, e dando a suas tos arvoredos cobertos, e vesti- Gustavo Barroso; o terceiro, nos dizei! porque, o personagem prima, não hi razão ijara dei-
(idem, n. 76); coube a Augus- xar interrompida em meio a sua
frutas sazonada ambrozia. de dos de roupas, e tapeçarias ver- do romance delibera ir, certo
to de Lima: o quarto a Cons- iealização. Faltam-lhe, no mo-
que foram mentida sombra o des. por onde correm inúmera- dia, à Escola Militar da Praia mento c;;.e passa, apenas nove
licor e a vlanda, que a seus veis caudalosos rios, que em tancio Alves; o quinto a Fer-
nando Magalhães; o sexto, a Vermelha, ver diversos amigos. capítulos. Acredito que a Aca-
falsos deuses atribuiu a culta copiosas e diàfanas correntes Que amigos? Onde os tinha
Alfredo Pujol; o sétimo, a Ro- demiti deveria retomar o traba-
gentilidade. precipitam cristais nas suas ri- drigo Otávio; o oitavo a Gou-
feito? Quando? Nada nos expli- lho, e levar por diante o plano
Em nenhuma outra região se beiras ou levam tributo aos ca o general. Conta, porém, que
mostra o céu mais sereno, nem seus mares, em qué" hã grandes Iart de Andrade, que retirou de Medeiros o Albuquerque, o
Ipiranga, em sua visita a Praia
madruga mais bela a aurora; o enseadas, muitos e continuados Vermelha, vira José de Alen- qual dá maigcrr. a um eurio-
síssímo exercício Ca Agilidade
sol em nenhum outro hemisfe- portos capacíssimos dos maiores fertil&simo. algumas Inúteis: car. "Passando pela praia da mental, de fantasia, cie .icder de
rio tem os raios mais dourados, baixeis, e das mais numerosas umas de arvoredos nuas. expôs Saudade, dei com o José de criação literária. Pelo menos
nem os reflexos noturnos mais armadas. às luzes do sol, outras cobertas Alencar, assentado num bloco
brilhantes; as estrelas são as A '¦ua latitude pelo interior isso...
de espessas matas, ocultou aos de pedreira, pensando certa-
mais benignas e se mostram da terra é largulssima: mais de seus |alos; umas creou com Mucio ledo
mente no desenvolvimento do
sempre alegres; os horizontes, quatrocentas léguas se acham disposições, em que as influên- novo romance" — eis o qué nos
ou nasça o sol, ou se sepulte, já cultivadas com as nossas cias dos astros acham qualida- diz o autor da "Condessa Her- EDIÇÕES
estão sempre claros; as águas provações, sendo muitas as que des proporcionadas à composi- minia". Era natural que Dan- MELHORAMENTOS
ou se tomem nas fontes pelos estão por descobrir. Este famoso ção dos mixtos, outras deixou tas Barreto — soldado do Pa-
campos, ou flentro das povoa- continente é tão digno das sus- menos capazes dos benefícios raguai — levasse o herói até ao Em homenagem ao centena-
ções nos aquedutos. são as mais pensões humanas, pelas distân- das estrelas. Formou dilatadls- teatro da luta. Foi o que êle rio do nascimento do^ Goethe.
puras; é enfim o Brasil terreal cias qúe compreende, pelas ri- simos campos: uns partidos fez, Arranjou para Ipiranga um que transcorrerá a 23 de Agôs-
Paraíso descoberto, onde tèm quezas que contém, como pelas brandamente por arroios pe- lugar de auditor de guerra, e o to próximo, as "Edições Melho-
nascimento e curso os maiores perspectivas que mostra; porque quenos, outros utllmente tlranl- fez partir para o Sul. Mas de- ramentos", em colaboração cons
rios; domina salutífero clima; até em algumas partes, em que sados por caudalosos rios. pois tirou-o de sua auditoria, o Instituto Hans Stadcn, de S.
influem benignos astros, e res- por áspero parece impenetrá- Fez portentosas lagoas, umas arraniou-lhe uma secretaria de Paulo, publicarão duas das
piram auras suavíssimas, que o vel, aquela mesma rudeza, que doces e outras salgadas, nave- Iegação... e mandou-o para o mais celebradas tragédias do
fazem fértil, e povoado de inu- o representa horrível, o faz gáveis de embarcações e abun- Império do Sol Nascente. Em grande noetà alemão; Clavigo
meráveis habitadores, posto que admirável, dantes de peixe-s: estupendas Tóquio deu-lhe uma aventura e Stelia, *
por ficar debaixo da torrida A formosa variedade de suas grutas, ásperos domicílios de de amor com uma dama que Ainda H\e ano, as "Edições
zona o desacreditassem e des- fôrmas na desconcertada pro- feras; densos bosques, confusas tinha o estranhíssimo nome de Melhoramentos" lançarão en-
sem por inhabitável Aristóteles, porção dos montes, na confor- congregações de caças, sendo Amaltea. Escreveu um livro sô- tre muitas outras obras famo*
Cícero e Plínio, e com gentios me desunião das praias, com- também deste gênero abun- bre o Japão, livro que resolveu sas da literatura .universal, as
os padres da igreja Santo Agos- põem uma tão igual harmo- dantíssimo este terreno; no dedicar a Rio Branco... Foi, por seguintes:
tinho e Beda, que a terem es- nia de objetos, que não sabem qual a natureza por várias par- essa mesma época, eleito depu- Oliver Twlst. e Conto de
periência deste feliz orbe. seria os olhos onde melhor possam tes depositou os seus maiores tado federal... Natal, de Charles Dickehs. •
famoso assunto das suas eleva- empregar a vista. — Com in- tesouros de finos metais e pe- Tendo ficado revogado, por César e Cleópafa», de Ber-
das penas, onde a minha receia ventos notáveis saiu a. natureza dras preciosas, e deixou em todo qualquer motivo, o capitulo de nard Shaw.
voar. posto que o amor da pa- na composição do Brasil; jã em êle o retrato mais vivo e o mais Dantas Barreto, recebeu Ro- Mistérios do Fiimament»>
trta mé dé as asas, e a sua altas continuadas serranias. Jft constante testemunho daquela quette Pinto a Incumbência da- de Domingos Marchetli.
grandeza me dilate a esfera. em sucessivos dilatados vales: estupenda e agradável varieda- quelè qüinqüênio. He conduziu Eça. de Queiroz, !i)è Mar-
Vaz o opulento império ao as maiores proporções dele íez de, que a faz mais bela. a história de maneira inteira- quês da •Cnà.
¦y'

Tuiho de 4949 — Vol. X, n". 10 ÂÚfOftES fe LIVROS >áRÍüfla 113

DOCUMENTÁRIO DE CASIMIRO DE ABREU


Espreitando em teus lábios um desejo; Bem sei que sofres e te perdes, louca
GOIVOS Prazeres no sorrir, na voz queixumes. Nas longas cismas em que o pranto nasce;
(Continuação do número anterior) Tens n'alma a dor, a palldez na face,
No lábio rubros as orações do amoi.
Que importa ao mundo que o mendigo chore * *
Esfomeado e nú, pedindo esmola?
Folgam os ticos nos saráos e lestas, NSo é tédio da vida, se a certeza ..
Da vOIUpia nos gozos se embriagam, Doteu amor me faz amar a vida,
Dormem, felizes, cm dourados leitos, Não é tédio da vida o que me mata Compridas'horas com a mfto na fronte,
IS sobre a enxerga reelmado o pobre, _S uma dôr lenta, vaga, funda. Indefinivel. Olhos chorosos, mas atento o ouvido,
Morto de fome, vai dormir na campa! Tremes, — palpites — ao menor ruido
«le Importa ao mundo que a mulher perdida Não é tédio da vida; sim, saudades Que a brisa faz ao prepassar na flor.
Se recorde, chorando, d'esses tempos. Não sei de que lugar e de que climas
Em qüe, virgem formosa, se embalava, Que algum dia, dormindo, eu vi em sonhos.
Entre as delicias d'um primário afeto, E, talvez, sem saber, esteja perto *
cjuai se balança rosa da campina E apaga-se.
Pelas auras da tarde bafejada? Nas horas mortas da noite
—% mundo que a perdeu, passa, sorrindo, Não é tédio da vida. é um quebranto Nos ermos da solidão
A turba desvairada, em seu delirio, De forças e vontade — barca solta Engana o Rei o Ministro,
Sn Tez de compaixão, dá-lhe motejos, Sem governo, boiando à tona d'agua... Sonha ser Conde o Barão,
6-fc fite pendida, a rosa desmaiada, E a fadiga espedaçou-me o corpo Gasta a vida o libertino,
Att vento das paixões desprende ás folhas, E o espírito. Dorme no berço o menino, I
Que importa ao mundo que o Poeta gema? .zxzn Vela a mie pelo seu filho,
E. cedo altivo pela dôr ferido, Não é tédio da vida — uma tristeza Canta alegre o gondoleiro,
Novo David se lamente em carmes? Sem motivo, um olhar mas sem ver nada, A estrela perde o seu brilho,
— O mundo escuta e nâo entende o choro lim querer sem querer — luz vacilante A cantora das orgias !
que, transabordando, se desata em
cantos; Crepita sólida e sobe e desce Dá um beijo por dinheiro,
Et» pobre Poeta, como a flor do vale, E apaga-se. Dorme o morto no jazigo, 1
A mingua de calor, de luz, dc seiva. Morre de fome o mendigo,
Pálido lirio pende a fronte e murcha! Não é tédio da vida, é veneno Espalha o rico o seu ouro,
<^ue bebi e que agora me consome, Engana a esposa o marido,
Um desconsolo infinito da existência, Sonha o avaro um tesouro, j
* * Uma dormencia, um mal estar na vida, Sonha a coquette uma fita.
Um fechar d'olhos. A namorada um capricho,
Não; aquele que sofrer, fuja das turbas, Só o Poeta medita!
(Dezembro, 4-1858)
Venha só, embrenhar-se nas florestas, E amanhã tú virás, formosa e pura,
Sentar-se á sombra dos ipês gigantes, 5 perguntarás por mim; pobre amiga, *
Oü trepado na crista das montanhas, O dedo indiferente do estrangeiro * *
Javali acossado das matllhas, Há de apontar-te o lugar onde florescem NACIOJÍAi.
BO ARQUIVO
Solitária araponga do deserto, Os ciprestes! CARTAS
Venha nas horas em que morre o dia (Julho, 30-60)
Rio de Janeiro, 11 de setembro de 1857^
Aos longos ecos d'essas matos virgens,
Soltar os gritos d'alma.
Presado Pai.
Amo-te. virgem, como á praia — o naufrago, felizmente
\ ílõr — o orvalho, e a saudade -^ a cruz, *quí chegamos sem novidade e tendo
hoje dura
O amante — a amada, como a noiva
— o tálamo, escapado à grande chuva que ainda o Joaquim lera
— a luz! As cartas todas estão entregues e
Quantas vezes, O enfermo — a vida, como o cego Jose e os 1«!C0,
Monge fugido ás tentações do mundo, i peça de riscado da loja do primo
lampeao que ma
Não fui, saudoso, meditar nos ermos! Amo a tristeza de teus olhos languidos, como também uma lamparina ou

Nos languidos momentos em que a terra E os longo!; cilios — da pureza o véo »%JF> "
Se corre o pranto pela face pálida, queira recomendar-me ao g»
Ao clarão do luar, meiga, adormece; su abenção sdbre
Do crepúsculo nas horas duvidosas. Se tens saudade do viver do Céo! Manoel e ao Sr. Veludo e lançar a
Em que a fonte suspira e geme o bronze, Seu filho
D» quebrada da serra, olhando as ondas, Sigo-te os passos, vou colher-te o hálito, amante
Como o defunto na mortalha branca, Vivo contigo, velo o teu dormir,
BB longos devaneios, longos, longos, Aspiro o aroma, do teu sopro tépido, Casimiro José Marques de Abreu
Enfermo o pensamento, quantas vezes, do sonho as'falas, do sonhar o rir!
Figueiredo e do Sr.
Por entre a névóa não creou fantasmas, F.S. -Recomendações do Sr.
E do passado nio sentiu as sombras Se a voz te escuto... a tua voz é bálsamo. Campos. ,
Surgirem abelas, ante mim, dc novo Nectar divino que adormece a dõr.
Se em mim te íltas, a mihh'alma eleva-se
Rio de Janeiro, 2 de outubro de 1857
N'um hino imenso d'lnfinito amor!
Presado Pai. ,-,-m-,
Êu sei que és vezes pelas horas tácitas

Solidão! solidão! bendita sejas Se corre a Hia pelo azul dòs céos Sem ter tido até agora o prazer de receberletras
Teu pensamento como reza mística «uas, em companhia do primo Manoel, a quem far»
* Vôa da terra p'ra se unir a Deus. o faior de récomendaMne muito. Continuo
cta saúdo
* * tuas azas nítidas. esem novidade alguma. O Sr. José
Vltorfoo reco-
Se tú, baixando as lhe,»
menda-se-lhe muito e desejava que meu Pai dúzia ®
— Oh! virgem, doce virgem de minha alma No olhar à fogo — a palldez na tez, — mela
teus olhos liihpidos dasse quando tivesse Ocasião, uma
P'r» que me foges quando o orvalho desce Deixasse: anjo. de cocos' de indaia-assú, para remédio para
uma preta.
P1» 4üe deixas sozinho ao desamparo Um raio 06 verme «ue te beija os tes; Baldo de assunto, rogo-lhè queira dar
lembrais-
O pobre lírio que sem ti fenece? a todos e lançar a benção sobre
ças minhas
Se doce e meigo, de teus lábios humldos
Eu não queria mais de que um sorriso, Caísse um riso quando o lábio ri, Seu filho
ü_* doce olhar, osopro d'um suspiro, ü_u dera a Vida p'ra beber-te a lagrima, amante
Un» rosa esquecida em teus cabelos, Morteira alegre a me sorrir pTà ti! '
retiro Casimiro José Marques de Abreu
Que eu beljtúu ue noite em meu Fevereiro, 27-60)
*
Eu nio queria mais que vér-te ao longe, * *
Sentir-te as roupas a roçar nas flores, Rio de Janeiro, IS de outubro de 1857
OBvir-te a fala, pressentir teus passos, Enxuga o pranto; — dlvlnal orvalho —
Amar-te em ânsias e morrer de amores! Que d'esses olhos se desata em gotas Presado Pai.
Pérolas finas de cadeias retas
Eu vivia por ti; — tronco despido Brilhante aljofar de gentil reból;
vergado aò vento, Recebi ontem sua presada carta de 1 do corrente,
Doe üéhòvos gentis Pérolas finas de cadeias rotas. e procurarei cohfórmar-me com o que
nela me diz,
Eu queria amparar a pobre planta Brilhante algofar de gentil reból; e espero poder com aplicação vencer a espécietido ao
de re-
Que tirava de mim o seu sustento. Enxuga o pranto; quanto o orvalho brilha até hoje tenho
pugnancia instintiva què
O sol nascente venturoeo o aspira, """Lembro
Oh! rosa-bránca, rosa da m!hh'alma, E dos teus olhos onde o amor delira de novo a meu Pai o pedido do Sr. los»
nírque eu amava - a mais gentil das flores. Ah! tu bem sabes, — devo ser o sol. Vitorino, de que falei nà mlhhà última.
Pr'a que tão cedo te pendeste murcha Manoel
Morreu na Paraíba do Sul o Sr. Joio
Da grinalda infantil dos meus amores?! Venha a esperança com as azas verdes MV% ""'wtecedo
Apaguem risos o sinal do pranto, recbmenda-se-lhe e eú igualmente
* Na virgem face te renasça o encanto, rogo-lhe queira dar lembranças mmhas a
todos e *
* * Abra tua alma as emoções da fé; benção „ «,___.
Seu filho
Deus sabe se te amei! Quanta vigília. _ Passadas Juras, velo a dér sangrá-las, amante
Quanta noite passada á luz dos c&ios, O amor Jurado no sofrer se apura,
A vir na longa Insonla a tua imagem, E curvo embora para a sepultura,— Casimira José Marquts de Abreu
Pomba inocente do candor dos lmos. amante em luto — como entio Inda i:
O
Deus sabe se te amei! Quando cu rezava Melhores dias raiarão sem nuvens
As vezes a chorar, sé — 4 noitinha, Ha de a desgraça suspender o açoite Rio de Janeiro, 24 de outubro de 1857
Naquelas vozes d'alma, aos lábios quentes, Assim depois de tormentosa noite
Em vee de minha mãe — teú home vinha. O céu se azula e se adormece o ínar; ^ Presado Pai. _ - - ¦
'kecebí e
Deus sabe se te amei! Oh! quantas vezes, Não chores, anjo; n'essa fronte santa a siã presada carta ae 17 *> corrente
'Melhor Vm
Nas horas tio saudosas do sòl poste, te ficam do noivado as palmas, com^M cocos fa» o Sr. José Vitorino m
A lembrar-me de ti, sentfe, louco, E Deus nos há de entrelaçar as atoas agradece e se «comenda. ^^
Lagrima ardente a requeimar-me o rosto! Eu a teus pés e nós aos pés do altar. O Joaquim nio P«de seguir naterça-fHra p»-
recebe» »^Wa.e deu
Ci te A. que sé nessedia é «ue o Corrêa
Deos sab» se te amei! Horas compridas, (junho, l.°-*0>
Fitei-te, embevecido, tm mil perfumes,

7.-L-.,^.t.;.i->r5&.-i.íU
Páfin. 114 AUTORES E LIVROS JuMlo de 1949 — Vt* X, ri* 10

ANTOLOGIA DA LITERATURA BRASILEIRA GOÜTEMPORAíitA


Primeira Série - Antologia da Poesia - XXXVII - Oliveira e Silva
dada pelo escritor Coelho Netto, e lançou "Vida Par- Curso de Processo Civil — 1949.
lamentar". Colaborou no "Jornal do Comércio", lnclu- Curso de Processo Penal — 15í9. .
sive na edição vespertina,: a convite de Felix Pacheco,
c em várias revistas. Em 1921, transferiu-se para o
Estado de Santa Catarina, onde exerceu cargos públi-
ALGUMAS FONTES SOBRE
cos. Fixou-se em Blumenau, onde se consagrou à advo- OLIVEIRA E SILVA
cacia militante, pelo espaço de dez anos.
Em 1931, alcançou, na Academia Brasileira de Le- ABREU, MODESTO DE — "Cm signo de Poesia»
iras, o primeiro prêmio de poesia histórica, relativa ao "Gazeta de Notícias" — 1S46.
século do Descobrimento, com a sua "A Primeira Missa ALVARES, MARTINS D' — As vésperas do uioder-
IlilIfliil^B r,o Brasil", prêmio instituiu, por indicação de Medeiros nismo —- "D. Casmurro" — 4-10-1941.
e, Albuquerque. ARAO, MANOEL — Vlsáo Estética, Recife, 1917.
Em 1938, regressou, definitivamente, ao Rio, onde ARINOS, PAULO — "Correio do Povo", outubro
iniciou grande atividade juridica abraçando livros de de 1923.
direito comercial e penal. BORBA, OSÓRIO — Emoçãc — "Jornal do Red-
Dirigiu a Consultoria Juridica do Brasil e foi Pro- ie", 1916.
curador da Caixa de Serviços Públicos do Estado do Rio. C. C. — Vida Literária — "O Pais", 8-10-1930.
Em 1945, depois de um concurso que prestou, foi CARVALHO, BENI — "A Noite" — agosto de 1941
nomeado juiz substituto na Capital Federal, sendo pro- CAVALCANTI, POVINA - Acsíiu*» da Poesia -
movido a Juiz de Direito em 1946. 1S43.
Escreveu: DELGADO, LUIZ — A alma. clc-s livros — "O Es-
Cardos, poemas, 1914. tado", 1925,
Emoção, idem, 1915. ESTEADA, OSÓRIO DUQUE — Emoção — "O Im-
Horizonte, idem, 1922. sarcial", 12-3-917.
O Poema da Humildade — São Paulo, 1924. -EUCKEN, RUDOLP — "O Jornal", 11 de abril tle
Gota dágua (aforismos e imagens) — Of. Gráf. 1935.
Alba — Rio, 1932. FIGUEIRA, OASTÓN — De te nueva lírica.'brasi-
A máquina da felicidade, contos, 1935. lena, Antióquia, Colômbia, »..° 43. — janeiro de 1941;
Meditações, (ensaios) — Rio de Janeiro, 1942 — e Poesia Brasilena Contemporânea — Montevidéu,
167 págs, 3947, pág. 112.

¦ Sagitário, poemas, 1913.


O Vôo Interrompido (Poemas) — A. Coelho Bran-
co (Editor) — Rio, 1930 — 183 págs.
FONTES, HERMES — "O Imparcial", janeiro ds
1923 e "Fon-Fon", agosto 1S30. .
LEMOS, FLORIANO — -Correic da Manhã", janei-
O sonho e o esplendor de Castro Alves — Livraria ro de 1943.
Moderna — Florianópolis. 1922. LIMA, C. DA VEIGA — "O Globo", 6 de setembro
É a conferência que o autor pronunciou na B. de 1926.
OLIVEIRA E SILVA N. em 7 de julho de 1921 em comemoração ao pri- LIMA, JORGE DE — Sagitário — "A Manhã"
f. '
meiro cinqüentenário da morte de Castro Alves. 3-2-1944.
Francisco dc Oliveira e Silva nasceu no Recife, em Guia de Teresópolis (em comemoração ao 1.° cin- . LINHARES, MARIO — Semeaieiej — Rio, s. d.,
S de novembro de 1897, e é filho do Coronel Francisco
Antonio de Oliveira e Silva, e D. Carolina Breves de quentenário da criação do Município de Teresópolis, págs. 170-172.
a 6 de julho de 1941, e sob o patrocínio da Prefei- LISBOA, HENRIQUETI — "Brasil Feminino", mar-
Oliveira e Silva, descendendo pelo ladomatemo dosBre< tura Municipal e da Associação Comercial) — Ul
ves — numerosa fanúlia de fazendeiros fluminenses ço de 1923.
págs. — Borsoi — Rio, 1941. LOPES, ELCIAS — "Fon-Fon", 30 de outubro de
Fez os estudos primários no Colégio dos Irmãos Maris. Das Sociedades por ações — 1941.
tas, em Maceió, contlnuando-os no Recife e em San- 1943.
Sociedades por quotas — 1". ed. 1941; 2»., 1944; 3C, LEÃO, MUCIO — Horizonte — "Correio da Manhã",
tos, para ultimá-los no Recife, no Instituto Aires Oa.
ma. O curso secundário, no Instituto Pernambucano, 1947. | dezembro de 1922.
MAGALHÃES, ERICO — "Mundo Literário" -
dirigido pelo Dr. Cândido Duarte. Matriculou-se, em Desquite e Divórcio. Doutrina, legislação e
juríspru- 5-2-923.
1914, na Faculdade de Direito do Recife. Aos quinze dencia — 269 págs. ene. Editora "A Noite" — Rio, OITICICA. JOSÉ — Critica Literária — "A Rua"
anos, inicia colaboração semanal no "Jornal do Re- 1946. Rio, 28-2-1916.
clfe". com um artigo sobre Stoessel, general russo. Esta obra era vendida a Cr* 45,00 o volume. . TAVARES, ADELMAR — Sagitário — "Rov. da
Colaborou também, no "Diário de Pernambuco", "A Da Calunia e Injuria .Impressas e Verbais) .- 1".
Provincia", "Jornal de Alagoas", e "A União", da Pa- Academia, vol. 66, pág. 417.
edição 1941; 2". edição. Coleção Jacinto — Editora RIBEIRO, ARAUJO — Alma fétida — "O Pais" -
raiba do Norte. "A Noite", 1947 — 307
págs. 23-5-1926.
Terminado o curso jurídico, fixou residência, em A Perturbação dos Sentidos e da Inteligência — 1940. Projeto n." 346; de 1947 — "Diário do Congresso Na-
ISIO, no Rio, e secretariou a revista "A Politica", fun- Inovações do non. Código Penal — 1940, cional", de 24-6-947, pág, 2.949.

Arvore Novo Felizes todos os que se embeberam


Nesse sorriso cheio de alvorada* -..-..
E possuirels o fruto prodigioso
Que a árvore das estrelas tez brotar.
E. na boca, onde humanos perceberam
A terra abriu-se, germinal, surpresa: Premir uma volúpia ir revelada. ~
Delfins! a noite é laoguida e laacla.
- Nasceste sob unanimes louvores. No corpo níveo, onde olhos se embeberam, Constelações de tremulo lampejo,
Plena de graça, rica de beleza, Numa carteia longa, deslumbrada. Bordam, no azul, maravilhe», tear.
Para encanto dos nom-ens sonhadores!
ô deusa, sou um bárbaro que chora, Vinde, agora, apreender a sinfonia
Oh! ¦•«• bemdita em toda a naturesa, Numa tristeza funda, dolorida, Mágica do universo benfaaejo,
Pela orquestra dos. pássaros cantores! O breve desmaiar da grande aurora ¦ Percebe-la, senti-la, sèm-fal»r.
Pela alta fronde que te dá grandeza! Que foste, cedo desaparecida.
Pelos teus frutos, pelas tuas flores! Sim, deusa, sou um bárbaro que chora,
Inconsolável, tanta luz perdida. Como as coisas refulgein silescious!
Inda mais: pelo sol que te circunda! T&ovlrginal é a noite dciramiàidoi
•Essenclasboase frescura» • '
Pds, tua bondade peregrina Em vão olhamos a serena e clara no ar»
B pela terra que ficou fecundai Onda do mar, sem crispaçües nenhumas
Que a outros olhos, um dia, te anunciará. Estão, no ambiente, brançuejando rosas
Inda mais: pela sombra que buscamos! Não viras, nem airosa, o torso aprumes, Invisíveis e xarás, destelhando
Pela benção de Deus que te iluminai Revelando-te ao sol, rutila e clara, Pétalas brancas no jeitoso mai.
Pelos ninhos ocultos em teus ramos! Da brancura fervente das espumas.
(Horizonte. Sinto no éter,: um roseira! desfeito.--
ó imagem paga, já não existes, Nas nuvens e nos astros, desprendendo
Nem nos trazes encantamento e susto. Toda; a cintUação plentlurar.
Nunca mais, deusa, os nossos olhos tristes
Afrodite Conhecerão o teu «divino busto.
Sim! nunoa mais, porque já não existes, Rosas brancas afloram nc rjiea perto,
Com teu perfil resplandescente e augusto. Perfumando-me,- abrlndcn.se, tecendo ¦
DeUsa clara, serena, imperecivel, Sonhos de nevoa. na ilusão po3ar,
Que acendeste, nos homens, o desejo Deusa, não te veremos: apagou-se
Perturbado, a emoção irreprimível, De uma vez, tua perfeição marmórea. Ondas de efluvlos, socecadas, mansas;
Trazendo'às coisas, lúcido lampejo; Já não pompeia esse sorriso doce, Premi! é lindo o plenilúnio de ouro! .
Onde pairas, 6 forma imperecivel?
Onde fulguras, que te Já não vejo?
Clareando-nos a vida merencorea.
Deusa, teu esplendor cedo apagou-se.
STâo lindo, que vos pode enfeitiça».
-. n
Nunca mais nós teremos tua glória. Aragem fugitiva
que descascas,
ó deusa, a perfeição morreu contigo. (Horizonte) Tornas a noite bela, miradouro
Hoje é a desoladora decadência. De estrelas semelhantes a um cotai'.
Estonteado, acolheu-te o mundo antigo,
Culminante, radiou nossa existência. Velas adormecidas, tênues
Mas, nobre deusa, se evolou contigo gazas,
A tua rara, misteriosa essência. Êxtase Pelas ondas brilhantes, ide o esquivo
Horizonte marinho desvendar.
Surgiste: e a terra, ei-la triunfal, vibrando — Na pérola do céu, a lua de «mro O plenilúnio é lindo! abri as azas
Brilhou o Armamento, de surpresa Brilha, em ralos dormentes se diluindo, Preguiçosas, num voo pensativo
As ondas entreabriram-se, cantando, Para todas as coisas encantar. Que a noite acaricia, modelar.'
Iluminou-se a equorea profundeza.
Deste aos mortais, que ainda estão vibrando ó silíides e naiadts, em coro, Nalades e tristòes, deuses velozes,
Um sonho incomparavel de beleza. Aparecei: o plenilúnio é lindo! Felizes, sem endeixas de infortúnio,
De reverberos se cobriu o mar. Quero, com emoção, vos escutar.
Tua pele de mármore cheiroso,
E maciez transparente que enfeitiça, ó tritôes! escalai o imenso espaço, Na magia da noite, fremem veres.
Fez muito lábio .estremecer «de gozo_ Para colher o fruto luminoso São vozes que te cantam — plenilúnio! —
Sôfrega, chamejar muita cobiça, De uma desaparecido, amplo pomar. Vindas do seio murmuro d:> mar"!
Corpo lácteo de mármore cheiroso,
Que, como extranha flor, perfuma e viça. Subi! erguei, ousadamente, o braço.
(Horizonte)
•'^r-v-r^-.v-.w,,;
;...,¦¦..,;

Juthodel949 — Vol.Xi.MO AUTORES E LIVROS KginallS

ANTQtOGIA DA LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA


Primeira Série - Antologia da Poesia - XXXVII - Oliveira e Silva
Bolada Medieval De mais puro, mais alto e mais profundo:
A angustia quando condeno os jovens;
Palpitar e seguir, procurando o remoto...
Perdendo-se no azul infinito do mar...
O amargo silêncio diante dos velhos de honra perdida, (Horizonte)
Sonho-me cavaleiro decidido, Uma piedade infinita pelos desgraçados;
Rutilante nos préllos medievais, Esta imensa -ternura pelas crianças
Pelo meu Rei, batendo-me atrevido, Que encontro, sufocando o ímpeto de beijá-las. Sossego
Por meu Deus, minha Dama e tudo mais. Enquanto o coração bate. violento, .
Vitorioso, vencido, combatido, Pelo que vão sofrer nos caminhos do mundo! Lembro um crespusculo a cair no oceano.
Ávido de cumprir nobi», mister, (Inédito) Na intensidade deste meu destino, :
E ser, num duelo de honra e amor ' ferido Abrangendo, com um sentimento humano,
Por um nome adorado de mulher. O arfar do pélago e o esplendor divino.

Onde existir maldade, dor, gemido,


Tinir de espadas, choques de punhais,
SERTÃO Imagens multiplicam-se no
Da hora, ao encantamento
engano
vespertino.
üm orfâo, um enfermo, um oprimido. A esta hora, quando, no firmamento. Das águas, sinto o ondeio soberano,
Ódios, vinganças cruas e fatais, Acendeu a lanterna a primeira estrelinha. Do páramo, a certeza em que culmino.
O escarneo rindo, impunemente erguido, Não penso nes crepúsculos radiosos
Estou na luta, sem temor qualquer, Das cidades grandes, de jardins suntuosos, Góso, na minha intensidade bôa,
Para dar o meu sangue destemido Atrás de arranha-céus, ou nas baías, Dos marulhos undlvagos, o afago,
Por meu Deus, por meu Rei e uma mulher. Porém no anoitecer na zona pobre Do éter, a paz. sublime que) perdoa.
Do sertão do nordeste, onde, ainda, presente,
Que importa venha a ser desiludido Invisível, um fogaréu devasta e cobre E lentamente me diluo, apago.
Do Bem, entre homens ímpios e brutais, ^ terra sem água, cheia dy íendas. ferida de sol. Dentro do anoitecer que me abençoa,
Si pela Fé e pelo Amor nutrido, A inquietude da glória e o sonho vago.
Virão a mim os louros imortais? O bananal que não se mexe. Longe, o abolo (Horizonte)
Melancólico. Lenta, fatigada,
Que importa? cavaleiro como hei sido,
Consolarei todo o pezar que houver, Num turbilhão de poeira asfixiante, a boiada...
Enquanto ofega, doce, compungido, Uma. cigarra ainda é luz na tarde imóvel. Triunfo
A suspirar, um seio de mulher. pia um lagarto da triste mina do bangüê.
A ultima onda de poeira apagou-se na estrada... O seu amor extraordinário vela
O rsboclo regressa ao rancho de sapê. Ao longe e de carinho me embalsama.
Mas o herói que ha em mim. cede, abatido Nutre-se, a íulgurar, da própria chama,
Sem a uma injuria responder sequer. Numa certeza vitoriosa e bela.
Será covarde, tremerá, vencido Uma lua, vermelha, enorme, estranha,
Aumenta o assombra mento da montanha.
A uma lágrima linda de mulher. na face, Ardente, silencioso, não reclama
(Horizonte) ' Cí.misa rota. suor porejando
Não maldiz o caboclo aqueles que o esqueceram Ou chora, não desvaira ou se rebela.
Nas cidades grandes, tie Jardins suntuosos. Fundo como a amplidão, que se constela,
Merempsicose Amanhã, partirá, sem saber com que rumo,
Que lhe secou a ultima gota da cacimba...
Feliz na claridade que derrama...

A desgraça, qup imnorta? é caminhar, sofrer. O seu amor, às vezes, cego e aflito,
Há em mính'alma sombras, claridades Mas, o violão consola, e os dedo.[ maltratados Tremulo, tímido, um gemido espalha,
De outras almas que estão a renascer; Ferem-lhe as cordas gemedoras. Olhando a rua. Mas
"
se contém, sereno no seu rito.
ti -
Reminiscéncias lúcidas, saudades Improviza versos, canta a tristeza que o trespassa,
De países que vi, talvez sem ver. Em trovas de gênio, os mais belos soluços da raça, Um dia, sob o triunfo que o amortalha,
Que nenhum poeta doutor saberia escrever... Bolará, em revolta, como um grito,
Desenrolam-se, nela, imensidades, Como um incêndio, como uma batalha.
Panoramas de roseo alvoricer; (••Sagitário") (Horizonte)
Cóleras flamejantes e piedades
De quem quer pobrezinhos acolher.
Luar
Em mlnha'alma ha um rumor de primavera;
Outras -vezes, um sol que crepuscula;
A BELA VISÃO O luar nunca fez bem
Aos que tem u'a mãe
as almas. Entristece,
para sempre perdida,
\
(
Nostalgias de um céu, de um grande mar. Quem pincelou, de tanto verde, esta manhã? A saudade compunge e a palpebra humedect. i
Quero molhar as mãos em todo o orvalho. E uma saudade, quem nunca teve na vida? i
Sim! e um gigante que se dilacera. Encostar a cabeça as grandes árvores.
Hlim rugido revolto, impreca, ulula, Sentir que sobe, nos meus pensamentos, Ao teu efluvio, — luar — toda a terra adormece, j
B chora, chora nâo poder amar. Uma aurora paga. Branca, de uma fluidez luminosa vestida,
IHorizontc) Sem um murmúrio, sem um som, sem uma prece, '
Lembrar, ante uma luz que, assim, toma os espaços, Como si em teu» clarão sonhasse ser diluída.
Tive teu corpo nos meus braços.
Entre vagas e espumas, desusando
A um Poeta morto A vida ardente do mar cheirando,
Plenilúnio sereno, esfinge dolorosa,
Relembras ilusões... revolvia cicatrizes... .,.
Com as primaveras do arrebol, Juramentos de amor numa noite ditosa...
Tu, que cantaste a vida, o amor, a natureza, Enquanto esses lábios, úmidos tremiam,
• Conhecendo, de perto, o irrisório, o mesquinho, E os teus olhos grandes, pestanudos, riam, Quando fulges no céu, — ó luar que me bcimUzr^
A quem, torva a maldade, um dia. de surpresa, Claros, claros, A terra fica mais silente, mais piedosa,
Quis deter no sagrado e rutilo caminho; De tanto sol. r8Htt*rlO E aa almas sem amor ficam mais infelizes.....-; |
. . (Mori-jalat ¦ ¦' !
Tu, *postolo d'alma, ermit&o da beleza,
Santo, mártir, herói, a refletir, soslnho,
Sem^balsamlc* flor, sorrindo-te ft tristeza.
A quem multa mulher recusou um carinho:
MAR, LUZ, MULHER... Ufa
Dormes,-após sonhar tudo o que nío existe. Na manhã clara, que faísca, ardente.
Par» que ardeste tanto — a vlsío merencorea — No mar, no céu. qual uma grande Jóia,
Pelo Ideal que te fez imensamente triste? O teu corpo dourado, mansamente,
Braços abertos, sobre as ondas bola...
lí««« Ueitsl. p»VJ» n«~ l*.Jk"SM-,^Os\
. Déikaeté o coração, em pedaços, vibrando,
M«,teU sonho de dor, de desejo, de gloria. A noite, quando minha btTca, ansiosa,
•Pica»»-— terra -e céu, palpitando, sangrando! Morder a tua como um' fruto fresco.
(HorHonte> Passará nos meus olhos, pitoresco, UX. .CHrf- .waCt»» a^e^MG»»,
O painel da manhã maravilhosa: ¦¦Aitfysl-djç;
\^L&ÍÍ, jefatTtMiS* <&i.
A alegria da luz límpida e alada,
JUSTIÇA Gaivotas lentas, em continuas rondas,
"õát
1 y^.j%^%\j*e&. H^ÁtÇS, jfAtulum,
Véus a se desfazer, de espumarada,
Si quiserem dizer que sou Intolerante, E esse corpo moreno sôbre as ondas...
Um modelo de ingratidão com os meus amigos,
Embora parecendo homem-íidelidade. E, no teu colo ariante. nos cabelos y^lC» -««,«1* **«-1 «X^ÔwMfi.tííwtii
Alardeiem sem demora! tímidos, onde os dedos tremerão.
Sentirei sem poder quasi contê-los, «) \jíu^t<SefC,eV^eç</e\l(*M^v....
Si entendem que desvio o olhar das chagas A vaga,' o céu azul. todo o verão!
("Sagitário")
Dos mendigos, da baba do epUetteo,
E fui sempre Incapaz de aceitar a pobreza,
Nâo me poupem nem um minuto!
• As Velos \f {W^*'»?É^».~<.aic **t.*e~6 i
Si acham, sombrio ou intratável, meu orgulho, I
Porque fico, fechado e triste, ante as criaturas Ao mar que amanheceu, belo e claro, sem bruma.
Humanas e sorrio, as vezes, cétlco, fará a Cólchlda. para as solidoes de Ofír!
Gritem-no! E-nlunadas ao vento, oscilando, uma a uma.
A frescura aurorai, as velas vão partir.
Que nao tenho a menor coerência com minhalma,
Pela minha suprema e terrível fraqueza
à praia is ondas vêm, torvelinhando espuma
Be nao lhe obedecer, para. sozinho,
Avançar em estradas e montanhas. Uma vela menor que as outras, a fremlr.
Sendo bordão de cego. alegria ou consolo Segue... é um'asa, depois, uma nevoa... se esfuma...
De humildes, preferindo a inércia comodista. Depois, é um ponto branco, ao longe, a se sumir.
Acusem-me!
Á hora do entardecer, quando a violeta aberta
Que, na terra, nao deixarei uma lembrança, Do crepúsculo faz mais triste o oceano lmoto,
Porque nada construi de nobre e eterno,
E que meus poemas sâo, apenas, poeira leve. Começam no horizonte as velas a apontar.
Proclamem-no aos quatro ventos! AUTÓGRAFO DE OLIVEIRA E SIM A
Mas, por favor, nâo neguem o que guardo Sonho de velos... vaga aspiração incerta:

" ~"' ~"':";


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Página 116 AUTORES E LIVROS Julho de 1949 —Vol X, n". 10

HISTORIA DO JORNALISMO NO BRASIL


Incluímos hoje na História do daquele curso, uma galeria de Cunha Earbosa, Joaquim éle dado guarida no perio- tinha medo de sair sozinho,
Jornalismo no Brasil três tra- dez ensaios acerca de jornalis- José da Kocha e outros pa- tíico que diriga a artigos de- principalmente à noite, indo
balhos assinados por alunos do -tas brasileiros. A publicação triotas da época. tendendo "doutrinas aristo- sempre acompanhado às
1.° ano do Curso de Jornalis- de hoje é o prosseguimento da Historiadores como Eu- eróticas" e que não se coa- reuniões da loja maçónica
mo da Faculdade Nacional dc iniciativa começada o ano pas- clides da Cunha, Salomão dunavam com a orientação a que pertencia.
Filosofia. Trata-se de três pro- sado. e com a qual o diretor de Vasconcelos e Moreira de da loja maçónica a que Frei No entretanto, tinha a co-
vas de estágio, selecionadas co- "Autores & Livros", que é pro- Azevedo dão como sendo re- Sampaio pertencia, essen- rasem dos. grandes atitudes.
mo as que melhor estudaram fessor da cadeira de Ética, His-digido por Frei Sampaio o cialmente pela libertação do Como exemplo disso trans-
os autores que foram incluidos tória e Legislação Jornalística célebre manifesto de 8.000 jugo português. Chamado crevemos aqui um trecho de
comoi pontos para aquela prova' daquela Faculdade, visa a esti- assinaturas, impondo a per- a depor na assembléia do jum sermão que pronunciou
Jà o ano passado tivemos oca- mular o espirito de pesquisa e manência de D. Pedro I no Grande Oriente do Brasil, na capela real em 7-3-1822.
sião de publicar, com provas de de creaçâo literária de seus Brasil, que lhe provocou o êle recebeu a acusação de "Oh Deus! tu
que conheces
estágio dos alunos do 1.° ano alunos. histórico "Fico" de 9-1-1828 estar traindo os sagrados que o meu interesse sobre a
Segundo os dois últimos interesses de sua pátria. De- glória do Brasil nio nasce
historiadores citados, os ba- fendeu-Se êle declarando de pretensões nem de vistas
FREI SAMPAIO talhadores da Independência que "aqueles artigos não particulares) e por isso é
S AH A11 BEHAR se reuniram algumas vezes eram seus, proviam de pes- merecedor de tua aprovação,
na cela de Frei Sampaio no soa a quem devia "respeito dirige portanto as minhas
Ao lado dos jornalistas gio em 1808 pelo príncipe- Convento dè Santo Antônio, e consideração" e que cha- idéias! Que elas, saindo dos
que deram o brilho de seu regente D. João VI. Rece- havendo sido redigida numa mava em testemunho do pórticos do templo, se es-
talento à jornada da Inde- beu no Convento de Santo dessas ocasiões a represen* palhem por todas as provin-
que dizia as doutrinas libe-
pendência, encontra-se Frei Antônio o diploma de lente taçSo do "Fico". rafs que sempre tinha pru- cias deste continente e que
francisco de Santa Terei:* de teologia e de mestre em Fazendo-se jornalista nesse irão ao longe mostrar os
de Jesus Sampaio, figura sin- eloqüência sagrada. Fez , palado. até no púlpito, em
guiar de sacerdote e pa- parte de associações literá- giu,periodo, Frei Sampaio diri- seus discursos, apesar das sentimentos do Brasil na
secundado por José da promessas e ameaças con- época atual, em que se fa-
triota. rias e científicas, como a Silva Loureiro o Regulador tra a sua existência". Reco- zem esforços para que ele
Chamoirse no século Academia das Belas Artes Brasilico-Luso, que foi fun- nheceu que havia caído em retroceda da mocidade ao
Francisco José de Sampaio de Munich. Entregou - se dado em 28-5-1822, a fim de estado de infância!..."
e era filho de Manuel-José também a profundos estu- grave erro e que sob hipó-
defender os interesses vitais tese alguma o fato serio re- Os setls artigos no Regu-
de Sampaio e D. Helena da dos filosóficos. da emancipação nacional.
Conceição Sampaio. Nasceu ¦Basilio de Magalhães em petido. Joaquim Gonçal- lador Brasileiro obedeciam
"Os Jornalistas da Indepen- Esse jornal mais tarde mu- ves Ledo. que presidia à ses- tambiVm ao estilo acima
em 1778 no Rio de Janeiro dou de título, passando a se "de
e tomou o hábito aos 15 anos dência" considera-o, ao lado são, aceitou a defesa, como apresentado- influindo
de MonfAlverne. o maior chamar Regulador Brasilei- satisfação e não como justi- maneira cabal no ânimo dos
de idade. Contam que essa ro. Alguns historiadores
resolução adveio da grande orador sacro dos últimos ficativa* atendendo a afir- brasileiros da época. Seu
como Basilio de Magalhães. mação de que o fato não
dor sofrida com a perda de tempos do Brasil colonial. dão como tendo favorecido jornal teve vida um tanto
sua mãe- mas dado o seu Era um prodígio no púlpito, mais se repetiria. efêmera- pois terminou no
o aparecimento desse jornal O ocorrido pode servir nno seguinte à proclama-
sucesso na carreira eclesiás- e consta que muitos dos seus a !oja maçónica a que Frei
tica, há de se presumir que discursos, de quem fez her- Sampaio pertencia; outros para desmerecer a figura de cão da independência. Frei
essa vocação já está insta- deiro um seu confrade, pas patriota de Frei Sampaio. Sampaio dirigiu de 1823 a
apresentam José Bonifácio mas é preciso não esquecer 1825 o Diário do Governo
lada. saram depois para a mão de manobrando o jornal a fim
Tomou o hábito no Con- diversos padres, que neles de servir a política do go- que ficou esclarecido na que depois passou a intitu-
vento da Ilha de Bom Jesus ainda hoje vão buscar ins- reunião do Grande Oriente lar-sc "Diário Fluminense".
verno. os artigos de idéias Logo a seguir retirou-se,
no dia 14 de outubro de pi ração. E' posta em dúvida, mui- que
"aristocráticas" eram da au-
1793.; daí foi transferido para Filiado à loja tas vezes a sinceridade pa- desgostos, da vida política,
o Convento de São Paulo e "Comércio e Artes" maçónica
de ativi- triótica de Frei Sampaio. toria de D . Pedro I, e segun- falecendo êle poucos anos
depois para o de Santo An- dade essencialmente política Apresentam-no como "de- do afirma Silvia Romero, depois- em 1830, no Con-
e que depois se desdobrou Frei Sampaio era um "iludi- vento de Santo Antônio.
tonio no Rio de Janeiro. pasmosa tibieza moral"', ca- rio sobre os méritos políticos Notas extraídas de:
onde permaneceu até a sua no Grande Oriente do Bra- paz de riausar prejuizo à sua de D . Pedro I".
morte. sil. êle tomou parte ativa pátria, levado por um estra- Sacramento Blake — Dl-
Galgou os mais elevados na campanha de nossa liber: nho medo. Apresentam Foi considerado também cionário Bibliográfico Era-
postos de sua ordem, tendo tação, junto a Joaquim Gon- como prova mais objetiva um covarde, pois apesar de sileiro, vol. 3.
sido nomeado pregador ré- çaíves Ledo. Januário da dessa asserçào, o fato de ter ser de compleição hercúlea. Kuclides da Cunha — A

COOPERATIVA DOS USINEIROS DE PERNAMBUCO LIMITADA


Telegrama: COPER -- Caixa Postal: 487
ÚNICA RECEBEDORA E DISTRIBUIDORA DO AÇÚCAR DE PRODUÇÃO DAS USINAS DO ESTADO
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Capital subscrito Cr$ 4.966.100,00


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Em São Paulo: — Rua Alvares Penteado, N.° 180 — s/509

O ano passado registrou a Cooperativa dos Usineirosde Pernambuco uma produção total de quasi 8 milhões de
sacas de açúcar, a maior saíra ainda verificada em qualquer zona açucareira do país.
A nova Diretoria da Cooperativa dos Usineiros de P.ornambuco está assim constituída:
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO: — José Pessoa de Queiroz, Presidente; Armando de Queiroz Monteiro,
Secretário; Luis Inácio Pessoa de Melo, Tesoureiro; Manuel Caetano de Brito, Diretor; Manuel Maroja, Diretor.
CONSELHO FISCAL — Membros efetivos; Júlio Queiroz, Leõncio Araújo e Romero Cabral da Costa; Suplen.
tes; José Lopes de Siqueira Santos, Afonso Freire e Enock Maranhão.
de 1949 — Vol. X, n°. 10 AUTORES E LIVROS Pégma 117
julho

HISTORIA DO JORNALISMO NO BRASIL


margem da história, pg. nado pela trabalheira de te para evitá-la, pingara os Andradas, Silva Lisboa e dos que eram mcftoc e esquar-
239. fundar um Império. O Im- Gonçalves Ledo no copo muitos outros. tejados. —
Silvio Romero — Histõ- pério estava alí, fundado, cheio de discórdias a gota Político, poeta e orador dei- Depois de scítti 'Ktífrores for
ria da Literatura Braailei- vivo e de cara feia. A cara fatal do juramento prévio xou-nos cartas, poesias, artigos condenado à faca, ficado antes
ra — vol. I. nova do Imperador, desilu- nos termos municipais da políticos, polêmicas, sermões e submetido à éSÉ&ütoítvgílo. As- -
Inocêncio da Silva — dido da sinceridade e do des- aclamação. um interessante "Itinerário ao sim, o pftram.entp.icm com nu
Dicionário. prendimento dos homens Gonçalves Ledo não nas- Ceará", quando fez o seu êxodo vestes sacerdetajü e df.pois fo-
Basilio de Magalhães -— Enganarase muito no apre- cera para mártir. Faltava- revolucionário até os altos ser- ram-lhe tirando as pesos, uma
Os jornalistas da Indepen- ciá-los. F. muito o enga- lhe abnegação e persistên- toes daquela província, depois a uma, até ficar apenas com
ciência. miram êles: "Basta que cia. Desempenhou um gran- da tomada de Recife, em 1824. uma camisa e ceroulEtt:, Nestes
O "Fico", de Salomão de sabafou üm dia — para que de papel, é certo, mas por* Havendo tomado parte na re- trajes o levaram pare o páteo
Vasconcelos. logo me comecem a dizer quo não dependeu daquelas volução de 1817, foi preso, posto das Cinco Fontea, ondo o fize-
cjiie é um cabeça esquenta- duas qualidades; valeram- a ferros, metido no porão de um ram subir ao p&tíbtdo.
da, um jacobino, um car- lhe as suas: audácia e pei" navio e enviado para a Bahia, O Carrasco que o devia exc-
Um jornalista btinário, etc". Posítivamen-
te, não fora justo com seu
suação. A sua ação política,
entretanto, durou pouco --
onde permaneceu preso muitos cutar se negou a íno, e tam-
bem. todos os cutre* carrascos
anos. A sórdida prisão onde
da Indepen ''caro Ledo". Sê-lo-ia ago-
ra com o velho José Bom-
20 meses — desde os pri-
mórdios da luta pela Inde-
esteve Frei Caneca merecia
pertencer ao patrimônio histó-
chamados e feitos "os presos da
cadeia de Pernambuco, porque
dencia facio?
E agora ninguém lhe dis-
pendência para bruxolear
durante 20 anos. Eleito
rico, pois, além de ter abriga-
do heróis, que haviam escapa-
acharam um áto íniiigMo, ma-
tar um brasileiro ijiiti tmtaüha?
OSCAR MARTINS LOBATO tiitla a justiça dos atos. O deputado em 1826 e 1930, do da forca, se transformou nobre iuew.
ra por tão "cOWBfittfai»
Joaquim Gonçalves Ledo poder crescera-lhe nas mãos- agraciado com a dignatarla em uma sociedade de estudos, Entáo, com o
nasceu no Rio de Janeiro a Mas de 1823 a 1626, não se do Cruzeiro, Comendador da onde cada um dos presos dava governador da Província, fuzt-
11 de dezembro de 1781. proclamou senhor absoluto Ordem de Cristo, foi entns- aulas de sua especialidade, ad- lá-Io.
"üm
Não tendo completado o porque não quis. Os depu- tecendo num canto da Câ- quirindo no estrangeiro os me- homem 'Ba ttopera de
curso dc Medicina em Coim- tados de 1826, incertos do mara. Já de nada lhe va- lhores livros. Frei Caneca r>£v poW?. cmtl-
"não ousa- liam seus dons de oratória. A tenebrosa cadeia tornou-se
bra, já como eseriturário du çpoio público,
"ram nuar a viver entre Viàsaía que,
eontadoria dos Arsenais entrar em lida com a Poucos grandes caíram tan- a miniatura de uma universi- não possuindo o _&tt'4arâter,
Reais do Exército meteu-se autoridade suprema e pro< to no conceito dos contem- dade. Z pouco antes haviam .abandona-
nas lutas políticas em 1821. cediam com receios". Nada porãneos. Perdeu a cadeira Entre as alunas de Frei Ca- do sua Pátria, correndo de
Escritor e orador impe- mais fácil que uma segunda da Câmara e contentou-se neca, figuravam as monjas de ' medo da pequena ticpa ile Ju-
tuoso, no Reverbero, no Cor- dissolução. com um lugar na Assem- um convento baiano, que divi- not.
reio do Rio de Janeiro, em Joaquim Gonçalves Ledo bléia Fluminense em 1835. diam com os presos seu parco Um homem, nue oiswava es-
folhetos, sob a abobada também mudara. Em me" Aíudou a redigir o 7 de alimento, pois que, nem a. ra- crever contra- sua majestade o
maçonica, em conventículos nos de um ano a reação dos Abril, por isso rompeu com ção, a que qualquer preso tem Imperador e grjt&r contra os
e nas ruas — contribuiu, Andradas expungira o libe- seu amigo Januário Barbo- direito, lhes era ministrada. erros da época; um Isomem,
mais do que ninguém, para ralismo, trancara as lojas, sa. Concorreu, ainda, duas Frei Caneca compoz para rjiie queria a liberdade '.'os es-
o advento da Independência dispersara os irmãos e su- vezes para senador não ten- suas alunas uma gramática cravos, a liberdade de uia Pá-
do Brasil e para que ela primira a liberdade de im- do sido eleito. Vencido aos portuguesa. iria, tinha que morrer.
prensa. f>0 anos. recolheu-se à sua O preso n.° 205, Frei Caneca,
correspondesse às aspirações Seu julgamento M uma for-
"Seus artigos Sob o revestimento cte Fazenda Semidouro, em. Ma- seria o chefe da revolução. ça, como o ãt totloü os outros
populares. uma monarquia representa- cacu, a reler documentos e
— escreveu Rio Branco — Proclamada a Independência seus companheiro!.', po.w; já es-
ini!r.mavam o entusiasmo tiva o Brasil regredira ao compor memórias, Quei* do Brasil, os liberais de Per- tavam condena tle* antes de
vice-reinado do Conde de mou ludo, sentindo-se mor- nambhco não se deixaram ilu-
de iodas as classes sociais e rer. julgados.
tiveram imenso éco em todo Rezende Rolavam por ter- dir pelo verniz passado sobre as Condenaram o ícxp?i7:% an-
o Brasil. Foi Ledo quem ra os melhores ideais do Acabou, desanimado e maselas da colônia e " queriar.i tes de condenarem o chefe da
grupo democrático, o par* vencido, a 14 de abril de uma independência brasilei- revolução de 1824.
inspirou todas as grandes
manifestações populares da- lamento soberano e a Cons- 1846 o espadachim da Inde- ra". sem fidalgos nem "fideli- Até hoje ninguém lhe ita Jus-
tituicão promulgada. Não pendência, cujo orgulho le-
quêles dois anos na nossa Unhamos congresso ítigum vou-o a ponto de "jactar-se
dade à coroa". tiça. Nem ac 'menos se ensina
capital". de não saber de que cor era Eles queriam a república. nas escolas primárias bua. bio-
e iamos engulir uma carta Na constituição efêmera que
EsLreando, com Januário
outorgada. Frecisamen- o chão". grafia, para que cs Brasileiros
e Clemente, na malsinada publicavam para a Confedera- saibam cultua:/ tm, memória.
reunião de 20 de abril, dos ção do Equador, foi abolida a Aliás, essa injustiça «'feita a
escravatura, proclamada a outros brasilete cc que trabalha-
eleitores paroquiais, na Pra-
ça do Comércio, convocado A Imprensa na época da Indepen- igualdade dos cidadãos e dada iam por sua Páüta. Item no
inteira liberdade de culto. ;£U nome se fala àsçnahças.
dencia do Brasil - Frei Caneca
pplo governo e dissolvido
por D. Pedro, a mosquete e Fracassaram ainda uma ves M. revoluções fle 1017 o 1324,
baioneta, manteve-se pala- os patriotas brasileiros. tão importantes, tito quase
dino até a aclamação, quan- MARIA DAS DOKES SILVA BERLINCK A República Pernambucana ignoradas pelos'WfüfielMffl.
do, concluída a tarefa co- caiu rapidamente. Aos Jornalistas eompfate tra-
mum da Independência, ;re- A criatura humana, que tem um sábio, cujos trabalhos O conde dos'Arcos e Luiz do
aguardam ainda pub icaçâo, talhar para qtie seja conheci-
solveram os conservadores inato o amor da liberdade in- Rego Barreto perseguiram de- da a vida de tun ccJcga, "Ty- que
ajustar contas com os libe- dividual, tem também em alto nos arquivos da Biblioteca Na- sapiedadamente esses grandes
cional; um grande patriota so- lhes legou um jornal, o
cais r privá-los da glória. grau o prazer de escravizar heróis. phis Pernambucano" (jue deve
das honras e dos cargos. seus semelhantes. bretudo. O 1.° brasileiro que
escreveu pela primeira vez, só- Frei Caneca fugiu, mas, per- sér lido como vm repositório de
Desencadeada a reação, Daí a luta constante entre os idéias e Juizcn cobre efl acbn-
bre a necessidade de cuidar da seguido por toda parte, acabou
ocultou-se das mãos de José governantes e governados. sendo preso e levado para tecimentos e cs homens ile 18{!4,
Bonifácio em São Gonçalo, e Portugal, descobrindo o Bra- evolução do negro e da sua in-
tegração na sociedade brasi- Pernambuco, onde na pris&o, o dando-lhes o exemplo de firme-
firmando-se na lei c nas sil e dele tomando posse, pen- encerraram numa cela, onde ia de carüter ? tle espirito de
suas imunidades parlamenta- sou por meio da opressto, exer- leira.
ficavam depositadas as cabeças
res, requereu ao Impera- cida da maneira mais vigilante Os anos que viveu na sua ei-
dor fosse processado em Iu- e tirânica, ter essa posse ga- dade natal, de regresso ao Bra-
Sar de perseguido. Desen- rantida para sempre. sil, passou-os exercendo a me-
ganado ganhou o Prato, Enganou-se e muito. Jamais dicina, estudando a natureza e
com a ajuda do cônsul da alguém dominou ou dominará pregando as doutrinas da inde-
Itália. pela fêrça, senio precariamen- pendência, conseguindo criar
De Buenos Aires pr. 'ici- te e, quanto maior a opressão uma geração de liberais, neles
pou Ledo à Constituinte os exercida maior a resistência dos incutindo o indefectível ardor
motivo-: que o traziam d jS- oprimidos. de justiça, o desprendimento de
terrade. Reconhecido fleyu- Descoberto o Brasil no inicio interesses, a elevagão de cara-
tado e i -nvidado a tomar do século XVI, Jé no século se- ter, a grandeza d'alma, senti-
'^ mentos de que era possuidor em
posse de que se mostras- guinte começam os brasileiros
se sem (..__.c que o impe- a pensar na sua Independência. grande escala.
disse, excusou-se por falta A luta contra o domínio holan- Do meio de seus discípulos
de garantias: "Parece que dés niio é mais que o vislum- surgiram "os heróis de dezes-
a opinião pública e o tempo bre disse desejo de liberdade. sete" que em Pernambuco le-
já tiveram a valentia de Êles não lutam para auxiliar os vantaram o brado contra a
elucidar o negrume da ea- portugueses, e sim para que n&o opressão da "Corte", então cs-
lúnia no silêncio de todas as se estabeleça na sua pátria tabelecida no Brasil.
leis e na postergação de to- mais um opressor, com quem 'Dentre
eles destaca-se Joa-
dos os direitos e de todas as terão de lutar mais tarde.
Em vão, procurou Portugal quim do Amor Divino Rabello,
garantias sociais, que me filho de um latoeiro, a quem,
afugentou da pátria. Mas trazer os brasileiros Ignorantes,
nem esta fama pública, que proibindo a entrada dos livros por efeito do oficio que exercia,
os pernambucanos apelidaram
já preveniu a minha justi- no Brasil. — "Caneca". Mais tarde Joa-
íicação, nem o grito de mi- Os mais abastados transpu- quim passou a assinar-se Joa-
nha conciência, que lhe é nham as fronteiras da pátria e
muito anterior, justificam- iam procurar, na Europa, sua quim do Amor Divino Caneca,
nie todavia perante a lei; instrução. passando á história com o no-
me de Frei Caneca.
sem esta derradeira apura- Dentre êles destaca-se Ma-
Ção r" • -> conto seguro e noel de Arruda Câmara, que Dotado de grande inteligên-
?r "\ não devo havendo seguido para estudar cia, ingressou na carreira sa-
v para onj- escapei de em Coimbra, foi depois para cerdotal. Tomou parte na re-
volução de 1817 c na de 1824.
r vitimado à malevolência Montpellier, na França, onde
policial'". terminou seus estudos, douto-
Rcpt-í -ii ao ~ 1 a 21 dn -rando-se em medicina. Viajou
'¦'•'"ta -' J23. Não pela Europa em companhia de
Era erudito, conhecedor de
matemática, estilista, e jorna-
lista.
UNIVERSAL
or?.o; : -_ j a Assem- José Bonifácio, regressando em Fundou em Pernambuco o
'"'" Typhis Pernambucano, do qual REIOSIOS E CRONOVCTROS DE PRECISÃO
I r-i-as.iviúa ,e nem os 1796 ao Brasil, passando o res-
An. :-• deportados na to de sua vida em Goiana, pt- foram publicados vinte e uove A VENDA NAS BOAS CASAS
véspera. Também não en- quena cidade de Pernambuco, números e onde Julgava, em
controu o mesmo D. Pedro, seu torrão natal. Esse homem linguagem desapiedada, porém
insinuo c impetuoso, doido era um vario simples e reto
"Carmelita; com um espirito de Justiça ad-
por vivas e discursos, aluei- flue estudara pa>a mlravel, homens, como Pedro I,
Página 118 AUTORES E LIVROS Julho de 1949 — Vol X, n°. 10

DOCUMENTÁRIO DE CASIMIRO DE ABREU


(Continuação da página 113) Rio de Janeiro, 24 de novembro de 1857 Rio de Janeiro, 27 de dezembro cl« 1857
a ftsposta depois da Barca ter saldo. Parece decidi-
damente que o preto não quer trocar as delicias da Presado Pai, Presado Pai. "" " «Tl'i*
COrte pelos prazeres caippestres.
Estimarei a continuação de sua saúde e rogo-lhe Pelo primo Antônio, com quem estive ontem, soube Estimarei que tivesse felizes festas ho $»üo de mais
queira recomendar-me a todos como também lançar eme gosava saúde e desejo a continuação. Segundo me perfeita saúde, a qual desejo nunca Interrompida.
a benção disse o Sr. Cabral ante-ontem. devo lembrar-lhe do Pelo incluso anuncio da diretoria do Instituto Co-
Sobre (tia 10 a 15 do futuro mês para matricular-me no Ins- .-lerclal, meu Pai verá que para se poder matricular
tituto Comercial. exigem álgebra, geometria, e trigonometria, matérias
Seu filho
Rogo-lhe queira recomendar-me ao Tio Manoel que eu nunca estudei. O Sr. Cabral, a quem fiz ver
amante Joaquim e famíla, primo Manoel e a todos e lançar a isso, disse-me que irá qualquer d'estes dias falar com
Casimiro José Marques de .tbreu benção sobre o Diretor a este respeito.
Seu filho Suponho que o curso da Aula de Comírcio nfio é
amante essencialmente preciso a quem se dedica a ama, carrei-
ra, e que algumas de suas matéria» de ensino cio bas-
Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1857 Casimiro José Marques de Abreu tante alheias ao mesmo objeto; demais exige um estudo
muito aturado. i
Presado Pai, Rio de Janeiro, t de dezembro de 1857 No entanto, as inscrições para a matricula estão
abertas até o fim de janeiro, e meu Pai «aolveri o
Recebi a sua carta de 26 do corrente e muito cs- Presado Pai. que lhe aprouver.
timei saber que gosava saúde, cuja continuação since- Rogo-lhe queira recomendar-me a todos e lançar
ramente desejo. Pelo primo Manoel chegado há dias recebi a sua ci benção sobre
estimada carta de 24 p. nassado e a certeza de sina
Como nio fui eu o encarregado de levar as cartas bôa saúde, cuja continuação sinceramente desejo. Êle Seu filho
que mandou, não sei se a resposta virá antes do Joa- ainda aqui se acha e recomenda-se-lhe muito.
quim sair; suponho porém que o Sr. Macedo tem Sentindo bastante não poder passar o Natal em
amante
estado fora do Rio estes dias. sua companhia, desejo-lhe felizes festas. Estive com Casimiro José Marques (e Abreu
. Sem assunto para mais p-eço queira recomendar- o Dr. Vilela e «le disse-me que irá fazer-lhe uma visita
me a todos e lançar á benção sôbrc nesse tempo, da mesma maneira o Macedo.
Rogo-lhe queira recomendar-me ao Tio Manoel
Seu filho Joaquim c mais família e lançar a benção sobre Rio de Janeiro. 6 dc janeiro de 1859
amante
Casimiro José Marques de Abreu Seu filho Presado Pai. • -
, ¦-»
amante f_

Casimiro José Marques de Abreu Folguei saber que gosava boa saúde e sinceramen.
te desejo a sua continuação; eu Igualmente, vou bem.
Rogo-lhe queira recomendar-me a meus Tios e
Rio de Janeiro, 2 de novembro de 1857 primos c lançar a benção sobre
Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1857 Seu filho
Presado Pai. amante
Presado Pai.
Desejo que ao receber (Testa continue a gosar Casimiro José Marque!) de Abreu
.túde. a qual estimo seja sempre inalterável. Estimarei que ao receber d'esta continue a gosar
perfeita saúde. O primo Antonio remeteu-me do Brejo ¦
A carta do Tio Joaquim. Que a casa lhe remete, 2ÜÍ
nâo pôde ir pelo correio passado em razão de ser en- a carta inclusa para enviá-la com brevidade. Rogo-lhe
Rio de Janeiro, 22 de maio de 1859 .
tregue um pouco depois dele sair. queira recomendar-me a todos e lançar a benção sobre ¦•rc
Conforme me recomenda, escrevo agora para os Seu filho Presado Pai.
Tios e mLisbôa e o farei sempre todos os meses. Con-
amante
tinuo..com saúde, e a respeito (^escritório (sem ser Estimarei saber que se acha no goso de perfeita
vaidoso) parece-me que tenho aproveitado mais nestes Casimiro José Marques de Abreu saúde, cuja continua-ção sinceramente ambiciono. Eu
2 meses do que nos 2 anos que estive em Lisboa. A
rasão é simples; lá nada mais fazia do que copiar
cartas.. Espero que chegue o mês de Janeiro para en-
trar no Instituto Comercial c julgo que em breve hei
de adquirir os conhecimentos precisos.
Sem nunca perder a minha paixão pelo estudo,
assinei agora o Gabinete de leitura portugês, e nas
horas vagas (que poucas são) entrego-me aos livros.
Um nome tradicional
Rogo-lhe queira recomendar.-me ao pr,imo Manoel,

)
Tio Manoel Joaquim e primos, Sebastião, Justino &
Cia. e lançar a benção sobre
irgTy Seu
filho
amante
em todos os lares
Casimiro José Marques de Abreu

ALBERT CAMUS
do Brasil!
Albert Camus, o famoso ra, e fará uma conferência
"Ro-
escritor francês contempo- subordinada ao titulo:
raneo ora no Rio, iniciou n man et Revolte". Nas grandes capitais como nas pequenas cidades de todos os
20 de julho, no Ministério
aa Educação, uma sene ose CURSO RUI BARBOSA Estados do Brasil, a marca PEIXE representa, em todos os lares —
conferências que pronun-
ciará no Brasil-
O Instituto Histórico e Geo-
grafico Brasileiro, após o en*
há 50 anos —a máxima garantia de alta qualidade, pureza e sabor
O autor de "La Peste" cerramento do "Curso Joaquim
está também sendo aguar- Nabuco, fará realizar, em co- em doces, compotas, conservas, cxttato de tomate, etc. Utilizando
dado em Recife, onde seri memoração do I centenário de
recebido por Hermllio Bor-
nascimento de outro grande
brasileiro, o "Curso Ruy Bar-
os mais modernos e aperfeiçoadas métodos de fabrico, dispondo
ba Filho e Newton Sucupi- .bosa". ., íl de plantações próprias onde são cientificamente cultivados e rígo-
rosamente selecionados os fjatos que empregam nos seus proáu-
tos, as fabricas PEIXE esfoEçanwe continuamente por retribuir à
"SÂO PAULO"
pre%ência dos seusconsumldoreSiOferecendo-lhes «tmpr» a*«wis
; COMPANHIA NACIONAL saborosas sobremesas e os alimentos do mais alto valor nutritivo!
• DE SEGUROS DE VIDA

Sucursal no Rio de Janeiro — AV. RIO BRANCO, 173, >*.*


DIRETORES
JggpW
..INDÚSTRIAS ALIMENTÍCIAS

Dr. José Maria WMtaker


Dr. Erasmo Teixeira de Assusta*
Dr. *. C. de Macedo Soares
Carlos de* Britto S.A
•«£- lAMICAS "PIIXI"
J§&
NGS%«RIO OE JANEIRO -SÃO PAULO - DELFIM MOREIRA (Mio* Çerai.)
H^^y^M¥^^MWMWW^WWIrW^^-^ifyy-j^j^i-B—¦—.—r*w—r- ^—i^-Y-^^,-r—^*i—i*ir
.¦"¦¦¦¦-¦- '.'

Talho de 1949 — Vol. X, n°. 10 AUTORES E LIVROS Página 119

DE CASIMIRO DE ABREU
recomendar-me a meus
asonttouo sempre bom. Queira Júnior; veio com alguns erros tipográficos que vão neira um homem estar se matando a estudar par»
tj06 o primos bem como lançar a benção sobre emendados com pena". (81 de maio de 1868). , acontecer-lhe destas". (24 de maio de 1858).
Seu filho "Finalmente meu amigo saiu o meu livro de
*
amante poesias e Ja dei ao Tomas 2 volumes: um pana tle ./ * *
Casimiro José Marques de Abreu outro para o editor e peço-lhe que aceitem pois a oferta
c sincera". (7 de setembro de 18591.
W*ís usp
11 novembro 58.
"Náo sei se te zangarás por eu ter metido no
livro aquela poesia — Clara — que tu me pediste uma Caro amigo:
vez para ti e que talvez já a tivesse, mostrado como
tua á Sinhazinha. Se assim for perdoa-me meu amigo De certo has de pensar que eu sou doido; iludida
Trechos de cartas publica- c crê que bem longe estava do meu pensamento ma-
goar-te". (7 de setembro de 1859).
por mim o Tomaz anunciou-te a minha.ida aí e agora
talvez me estejas esperando! Eu te explico o negocio.
dias por Sousa da Silveira "No paquete inglês entrado ontem k noite pa-
Zangado cá com a minha vida estive ha dias resol-
vido ou a matar-me ou a Ir a fazenda, dizer - decidi-
rece-me que veio o nosso primeiro poeta Gonçalves damente a meu Pai que não queria mais escritório!
_. "Vivo muito triste e padeço mesmo um pouco Dias. Talvez que eu lhe peça um — Juízo Crítico — Depois veio a reflexa oe não fui; o melhor é levar
do tísico; a minha saúde vai-se estragando e eu des- para o meu volume de poesias, com a publicação do esta cruz ao calvário, e esperar até fins de dezembro
confio que o canastro não dura muito tempo. Adeus; qual julgo poder principiar em fins de agosto ou se- que é quando meu Pai ficou de mandar-me buscar.
estima-me sempre e lamenta o teu velho amigo Casi-, tembro". (7 de julho de 1858).
— Lê o Mercantil de hoje, lá verás um reflexo dás idOU
miro". (17 de maio de: 1859). g; 11 y j ¦» | *¦ sinistras que me andam cá na cabeça. Nada me .acalma
"Não me fales mais em Primaveras, maldita a esta mágoa, esta dôr que me mate. Certamente, há
— "Talvez julgues caçoada, mas olha que é ver- hora em que eu comecei a fazer versos! Parece que por ti e os outros que vivem perfeitamente, felizes ou con-
ciada Eu desejo uma doença grave, perigosa, longa uma fatalidade todos og que tem essa mania hão-de tentes não sabem que coragem nio é preciso para me
mesmo, pois que já me cansa esta monotonia de bôa sofer constantemente! Bem sabes o desgosto que me conservar ainda tanta ilusão necessária e Dão «fcscrer
.saúde. ¦;..*..¦ acompanha e que me tem mudado o genio para uma de tudo e de todos. Ora eu estou te massando sempre
Mas queria a tísica com todas as suas peripécias, tristeza que nada consola; bem sabes a luta constante com as minhas lamúrias; não faças caso. Estou a es-
queria ir definhando liricamente, soltando sempre os em que tenho vivido, porque Infelizmente n&o tenho pera duma carta do Tomaz para ti, para eu mandaria
últimos cantos de vida e depois expirar no meio de um Pai, como os outros que auxiliam e protegem a junto com este. O portador é onmeu prima Antônio.
¦perfumes "debaixo de céu azulado da Itália, ou no meio vocação de seus filhos. Tenho sido sempre contrariado Adeus, sou como sempre teu do coração Casemiro.
dessa natureza sublime de vegetação que rodeia o em tudo. Hoje tenho o meu futuro perdido e a minha
Queimado". (Rio,.4.de outubro de 1858). mocidade gasta moralmente. Amarram-me a uma es- *
crlvaninha, querem que eu siga á força uma carreira * _...¦'
'O meu livro, nada de novo ainda! Diz o Paula para a qual não posso ter inclinação, e querem que eu
Brito ajaie em junho está pronto e eu suponho que nem viva satisfeito! Rio, 13 de novembro de 1858
no íim do ano; o homem manga comigo á grande e Há pouco tive uma decepção que tirou as minhas
eu wu aturando tudo com a minha negligencia ha- últimas esperanças e fez-me quasi descrer de tudo e A carta acima, por esquecimento do meu primo
bitufü". de todos. Digo isto confidencialmente como de amigo ficou em cima da minha carteira ;e eu abria-a para
a amigo e espero que não digas a ninguém. acrescentar mais este P.S.
"É escusado dizer-te que o excomungado do meu Faz hoje exatamente um mês que escrevi a meu Chegou há adias o Pedro Souza de São Paulo, te,
volume ainda náo saiu". (2 de agosto de 1859). Pai pedindo licença para a publicação do meu volume, seus exames e entrou agora no 4.' ano, Recebi ontem
e também dinheiro para isso — (que é o principal e uma carta do Castilh oredator do Almaoaclc-de lem-
-• "Finalmente, meu amigo, saiu o meu livro de único motivo porque ainda não tem saído). Ainda não brancas, o diado do homem embirra em dizer que e»
poeaaiaaii". (7 de setembro de 1859). recebi resposta e creio mesmo que não me ha-de res- sou o primeiro poeta brasileiro, e.trás no almamaclt
"Querido amigo. Recebi com verdadeiro prazer
ponder. Outro dia fiquei tão zangado que mandei uma do ano futuro uma porção de poesias minhas- Eu sou
a lua carta e se te não respondi logo foi porque tenho poesia levada de 600 diabos para o Mercantil mas o como sanes teu do coração.
estado -estes dias bastante ocupado aquí no escritório Octaviano não a quis publicar. Tudo Isto me entris-
Casemiro.
com a saída dos paquetes para a Europa e para o Sul. tece e me desgosta ainda mais, e depois eu tenho feito
¦Ccmo sabes estive em Portugal 3 anos e meio e voltei tanta asneira e gasto tanto dinheiro á toa que tenho
em julho passado; passei por ai jã 21.vezes e lembrei- anédo de ir em dezembro à- Fazenda ajustar contas
me ale visitar-te, mas não tinha tempo e provável- com o meu velho.
mente não te encontraria". (18 de dezembro de 18571.
Parece-me que se as cousas não mudarem eu FONTES
-¦ "Mão me respondas antes de eu escrever-te mato-me ou fujo e vou ser marinheiro... Tu não podes
fazer uma idéia ria dô> oup sin*" p^r ter perdido a minha
outra vez, porque parece-me que vou mandar o comer- MUCIO LEÃO — Autores e Livros e seu Inédito
carreira e da vida triste que eu levo, com desgostos de
cio á tábua, e que raspo-mo desta casa. Dicionário Bio-Bibliográfico Brasileiro.
família, com aporrinhação de todos os lados e sem
O Carnaval está brilhante. Ontem estive no São
redro até 3 horas da manhã; houve dança e pulos alegria ou distração alguma. SOUZA DA SILVEIRA — Obras de Casimiro de
Também dizes que estás triste e eu vou logo per- Abreu.
bravios. Desculpa a pressa com que te escrevo; bem
vês que são momentos furtados". (15 de fevereiro guntar ao Tomás qual a razão. Faço idéia que ha-de HENRIQUE DE CAMPOS PERÇEIRA LIMA —
ser volta de namoro. Ao menos és feliz porque tens Casimiro de Abreu em Portugal.
de 1858).
namorada e tens a certeza que ela te ama. Eu nem SILVIO ROMERO — Historia da Literatura
"Quero ir arranjando e retocando todas as isso! Vivo como um monge, e com o meu genio exque-
sito não acho pequena que goste de mim (talvez por- Brasileira.
minhas asneiras, pois preparo-me Para em janeiro, nos ALVES CEKQUEIRA — Casimiro de Abreu.
meus anos, dar á luz um volume de poesias e depois.,, que não procure).
Gostam dos meus versos mas da pessoa nada sabeava. AIRES DE CASAL — CororraHa Br&silica.
quem sabe?". (1 de abril do 1858). , 'e
- í S r . ¦ :¦ 'dás. eu estou tão aborrecido que nem me importa com
"'frase MONSENHOR PIZARRO —. Memórias Históri-
., 5 (Aqui entra uma altamente pornográfica
~ "O volume há-de ser pequeno pçis que ivp cas do Rio de Janeiro.
não pode ser publicada^, D. Pj* KIDDER e J. C. FLSTCIjEít-í- (» Brasil
ci.;:; ta nele todos os meus versos* que eu reservo""para"" qae fazer um anúncio dizendo que
ouuo volume, visto estarem muitas poesias ainda por Qualquer dia vou e os Brasileiros.
acãbíu' e retocar". (17 de julho de 1858). o meia coração está devoluto e quem quiser que toma: CASIMIRO DE ABREU — Primaveras, ed. Gar-
conta dele. "'a31' J
"Caríssimo. Antes principiar uma carta por um Feliz quem ama e é amado! Não se pode sca- moço CASIMIRO DE ABREU — Primaveras, ed. ae
ag:'fi.ílecimento do quo por uma descompostura: por sem amar, e é por isso que eu sou moco em anos e Lisboa, 1883.
isso agradeço-te a remessa da — Virgem loura — em- velho caduco na alma. CASIMIRO DE ABREU — Primaveras, ed. Ins-
Agora vou perguntar ao Tomás qual o profundo tituto cio Livro.
brulbada em papel branco, ou antes, transformada em
te faz andar triste. Se não somos irmãos ARQUIVO NACIONAL — (Onde nunca é demais
letrEiii. Pico á espera da — Moreninha — mas, palavra. 7 desgosto que
"que pelo. sangue sejamos ao menos pelas dores coanca sem- que sn saliente** a solicitude do seu diretor
Vilhe-
tThonra, não desejo ela venha com tantos erros Casi-
como a dita .Virgem (isto entre nós)'1. (10 de-abril pre temos sitio pela amizade. Teu do coração na de Morais''.
cia 7KB). "* miro". 127 de outubro de 1858>. JORNAL DO COMÉRCIO.
DIÁRIO POPULOR.
—¦ "Acabo de receber uma carta de meu Pai. em CORREIO MERCANTIL.
-¦ "Meu caro. Incluso te remeto a poesia que fiz
ao Macedo Júnior: veio com alguns erros tipográficos resposta ao meu pedido. Êle escreveu á casa elos meus BIBLIOTECA NACIONAL.
amos. dizendo que se achavam que eu assim cumprirei CARTÓRIOS DE CAPIVARÍ (hoje Silva Jardimi.
que vão emendados com pena. P.S. Os erros são — .íaielhor as minhas obrigações podem fornecei':iüe a _ CARTÓRIOS DE NITERÓI.
lavfrel e não" lourel, raiar e rair — e müdez e não
'Hiato*'. quantia necessária! ARQUIVO PÚBLICO FLUMINENSE.
(21 de maio cie 1S581. Náo gosto disto; eu queria uma autorização tranca, SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO RIO.
*— "¦Aumentei sem restrições, porque meu Pai deve Interessar-se pelo CEMITÉRIO SAO JOÃO BATISTA.
o meu nome com o de; fica mais não:
aristocrático,' o que no entanto não priva da pessoa publicação do naell volume. Não sei se aceita; ou CORTINES LAXE — Noticias da Província Flu-
li; > plebéia, como sempre. (2 de setembro de 1858'. ainda hei-de refletir sobre isso. (27 de outubro de minense.
ítjótia. —
CARTÓRIO DE PAZ DA ALDEIA VELHA
"Querido amigo. Neste grande dia todas as fal- "_™ "Conheço (Capivarí).
os teus tormentos; a ausência è um
'á. alevem sor desculpadas e riscadas da imaginação
martírio - a saudade um bichinco que rói o coração. _ CARTÓRIOS DO DISTRITO FEDERAL.
todos os motivos de queixa ou de rancor. Fiado nisto
dirijo-me a ti que deves estar admirado do meu silen- Tem paciêaicia, meu caro; nem tudo pode correr ctan- PREFEITURA DO DISTRITO FEDERAL.
"7 íorme os nossos desejos. Aconselho-te que rezes, e com CÚRIA DIOCESANA DE NITERÓI.
n de setembro de 1858). especialidade a Santa Clara. Se unr abraço do amigo
dou .Casi- CARTÓRIOS DE CASIMIRO DE ABREU (an-
"... pede abrandar esses sofrimentos, aqui to tigo Indaiá-açu).
palavra d'honra que nunca na minha vida miro". 127 de outubro de 1858;.
vj poesia cio Silvio ou doutro qualquer que se parecesse ARQUIVOS PARTICULARES de Sérvulo de Melo
roa aijnela. pois nunca tive o mau costume de roubai* -Escrevo-te hoje debaixo ciuma impressão bom e Columbano Santos, em Rio Bonito.
em literatura e o único roubo que me podem imputai
'-de um ou outro beijo dc vez em quanto. Mas isso mes- dolorosa. Não sei se te lembras do nosso colega do ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS — Ar-
mo nito é crime, porque as roubadas nunca me levam Freese, Messeder? Achava-se aquí e Já no 2." amo da quivos.
aas tribunais". (5 de março de 1851). Escola Militar; era um belo moço e gozava baia saúde, PRÍNCIPE MAXIMILIANO DE WIED — Via-
ainda no sábado pela manhã esteve na aula e à noite gens no Brasil.
"Hoje vi e falei na Escola Militar onde estuda) morreu. O que é triste e que não foi por moléstia SAINT-HILAIRE — Viagens no Brasil.
matemática, com uma criança de 14 anos (!) que é aalajuma terrível, mas sim de repente: congestão fere-
baal ou cousa que o valha, parece que dendo a grande ACAJA — Jornal dos comerciários.
um genio..., ser mais que A. d'Azevedo. Tão moço e
já tanto estudo e literatura! Principiei hoje uma poe- esforço de inteligência, porque dizem que estudava ROCHA POMBO — História do Brasil.
sia dedicada a êle que eu te avisarei quando fôr pu- muito e até muito tarde. Hoje mesmo na aula depois NILO BRUZZI — Literatura Histórica.
fiz
MicaTacla. Chama-se... Macedo Júnior, e é filho cio de saber da noticia, tão impressionado fiquei que FERDINAND DENIS - Brasil.
Rio Grande do Sul". (13 de maio de 1858). uma poesia, mas não sei se será publicada. Se-fôr,
JOSÉ VERÍSSIMO — Literatura Brasileira.
dir-to-ei. -jo próximo numa»»)
"Incluso te remeto a poesia que fiz ao Macedo A vida não vale 2 caracóis meu caro, e i iraa os- (Continua

uús. -
'
I
Página 120 AUTORES E LIVROS Julho de 1949 — Vol X, n°. 10

A VIDA DOS LIVROS


Dada a circunstância de pu- creiariado Nacional de In- MINISTÉRIO DAS RELA- Tempo das Rimas. Prefáci» Vera Cruz na era de QuU
Clicarmos hoje o vasto e impor- formações. 25 pgs. ÇOES EXTERIORES — Ju- do acadêmico Menottl dei nitratos — Coleção AUânti-
tsuitíssimo documentário retati- Foi composto na Editorial risdlção Consular — Abril de Picchia. A Coelho Branco co, n. 4 — Secção de Inter-
vo a Casimiro de Abreu, do- Império, Ltda. — Lisboa. 1949 — 16 ps. F-° Editor. Rua da Qultan- câmbio Luso-Brasileiro do S
cumentário esse que serviu ao Santos, Moreira — (Da So- JUDAS ISOOROGOTA — da, 9, Rio de Janeiro. 1947. N. I. — Lisboa, 194» — 162
escritor Nilo Bruzzi para a sua ciedade Nacional de Agri- Recompensa — 4.a Edição 111 ps. págs.
interessantíssima biografia do cultura) — O momento eco- 1949 — Edição Saraiva, Cuadernos Dominicanos de Itamarati. Boletim do Servi-
6viuide poeta, vemo-nos força- nômico da Amazônia, espe- São Paulo — Ilustrações de Cultura, ns. 656 e 66. Edito- ço de Informações para o
dofíi por uma questão de espa- elalmente do Pará — Confe- Rosasco — 150 ps. rial Stella. Ciudad Trujillo. Exterior. N. 33. 31 de Março-
ço, a deixar para o próxima rencia na Sociedade Nacio- O Ensino da Língua Portu- República Dominicana. 1949. de 1949. Ministério das Re.
iiúmeto a secção intitulada — nal de Agricultura do Rto de guesa nas Escolas Mineiras 60 e 48 pags. respectiva- laçóes Exteriores. Rio de Ja-
A. VMa dos Livros. Aqui apre- Janeiro, a 6 de janeiro de Publicação da Secretaria mente. neiro — Brasil — págs. 16t
ncatamos apenas a coluna re- 1921. Pará, Tipografia do da Educação — Imprensa Costa. De Araújo — Páginas a 192. E' tirado na Tip. do
"Jornal do Comércio".
fcseate aos livros que nos fo- Instituto Lauro Sodré. 1922. Oficial — Belo Horizonte, Avulsas (Crônicas.. Impren-
iam enviados no decursa do? 1949 - 76 ps. sa Oficiai. Maceió. Alagoas. Rodrigues, Wilson W. _
16 ps.
últimos trinta dias. Santos, F. Moreira dos — Brasil Açucareiro — Órgão 1949. 215 págs. Bahia Flor. Poemas — Pu-
Prontuário do Selo Federal Faculdade de Direito do Re- blicitan Editora — Rio, 194S.
LIVROS RECEBIDOS: Oficial do Instituto do Açu-
149 ps. Capa de Santa Rosa.
Jucá (filho), Cândido —
Aplicação da nova Lei do car e do Álcool — Ano XVII cife — Revista Acadêmica. Brasil Constroe — n. 2 —
selo c»m as alterações pos- Vol. XXXIII — Janeiro Ano LV. Pernambuco. Bra-
Unu obra clássica brasileirx 1949. Diretor J. Ayres de Ca-
Iracema de José de Al-9.1v
ttriores Pi-efácio de Xisto de 1949 — n. 1 — Diretor: sil, 1947. 270 páss.
Vieiro Filho — Edição do margo. 90 ps.
Joaquim de Melo — 166 ps. -Clã—Edição de aniversário, n.
car. Vocabulário. Morfoiogia Autor — 1947, 394 pgs. Gõis, Antonio — Sangue — E' uma revista ampla s
7. Contendo uma pequena
Taxeonomia. Sintaxe. Fra- Saiu na Gráfica,Editora esplendidamente ilustrada,
(Subsídios para a História antologia. Empresa Editora
/teologia. — Rio, fevereiro. Aurora Ltda. — Rio. Politica de Alagoas) — Lite- Instituto do Ceará, Fortale-
órgão da Secção da Publica-
de 1949, 100 ps. ¦ Fouquet, Carlos — O prUio-
grafia Esperança — Maceió. za. Ceará. 1949. 148 págs. ções do Serviço de Documen-
E' a sua tese de concurso neire de Ubatuba — Narra- tação do Ministério de Via-
Alagoas — 1941. 130 páginas. Barreto. Lima. Recordações
a uma cadeira de português ção baseada no livro de via- Pericles, Silvestre — No do escrivão [saias Caminha ção e Obras Públidas,
no Colégio Pedro II. Revista da Academia Pau-
gens de Hans Staden. Ilus- (Romance).
Leão, Mucio — Poesias Au- tração de Setll. Tradução lista de Letras, Ano XII ti
Prefácio de Francisco de
tores e Livros Editora. — Rio de Guiomar de Carvalho DOIS ARTISTAS 45 — 12 de Março de 1949.
Assis Barbosa. Edição Meri-
de Janeiro, 1949* 280 páginas. Franco. Edições Melhora- Brasil. Baptista — Música
ESQUECIDOS to. Rio do Jaiwiro. 1949. 282
Encerra a produção poética mentos, 174 ps. Interior (1906-1912) — Mo-
do autor, de 1915 a 1949. dt=- Hoffmann, E. T. A- — Con- págs. vimento Editorial Panora-
O Brasil é, sem dúvida, um Holanda. Guerra de: O ros-
tribuida nos seguintes livros; tos Fantásticos — (2.a edi- pais paradoxal: poucas expres- io. Poesia. Capa de Edson ma — Belo Horizonte, 1943
Atearia de amar, Angústia ção^ — Edições Melhora- soes verdadeiramente altas e 118 páginas.
Regis. Editora Região. Reci-
Universal, Amplitude, A Fò- mentos — 116 ps. nobres possui de sua arte, e das Du Gard. Roger Martin —
(e 1948. 78 págs,
fjia do Arbusto. Fovoaçãr- Encerra: — A porta entai- poucas que possui não trata Lima So-britiho. Barbosa — O drama de Jean Barois —
vi.>rmwida, Países inexis- pada e O Doutor Trabacchio, com o devido carinho. Muita Coleção Nobel — Editor?.
tentes, Sonetos. Questões de Direito Eleito-
Hoffmann. E. T. A. — O vez as ignora da maneira mais ral. imprensa Oficial. Reci- Globo — Volume Gigante n.
Carneiro. Levi — Academia — (2.a injusta, a mais ostensiva. Re-
Famoso Zacarias! fe. 1949. 275 págs. 31 — Tradução de Vidal de
das Ciências de Lisboa — edição^ — Edições Melhora- ferimo-nos, é claro, a esse; Dias. Eduardo — A Terra de Oliveira — 403 páginas.
•Sessão plenária extraor fhentos. 105 ps. grandes valores que existiram
áunária para recepção <£* Kchnen, O. F. M.. Frei ou existem na província. qt!=
-i?idèmico brasileiro Dr. Levi não quiseram ou não pudera::*,
Carneiro, em 15 de novem-
Mansueto (Prof. rie Li:era-
tura Germânica da tlniver- chegar até ao Rio de Janeiro, Nós Dois
bnt de 1948. Lisboa. 1943 - sídade Pontifícia dc- Rio de até ao único lugar do noss:
27 ps. Janeiro. — Síntese Hisióri- país em que se fazem as fama?
Morei, Edmar — Dragão do Sei que um rtia mo vou, além da vida,
co-Literária das Letras Ger- e se cimentam as celebridades.
Mar. O Jangadeiro ria Aluo Lembremos, para exemplo, deixando-te a chorar as nossas dores.
mà nicas. Ediçõe> Melhora- Ou partirás primeiro, adormecida,
lição. — Rio. 1949. 222 ps mentos. 1948 — 113 ps. dois nomes: o de Rosaívo Ri-
Ttaz o prefácio do ÁimiraiL- Maurício. Augusto — O so- beiro e o de Teles Júnior. Sã: e em pranto ficarei, quando te fores.
ie Gago Coutinho. lar d"El-Rei. Capa de Rafael dois artistas do maior mérito
)•¦ E.N. Clube do Brasil (Bo- como o sabem todos aquèíeí Rocordarás, nn desditosa lido,
Lcguílo, ilustrações rie Ary
letim). Ano III, n. 17 — Rio a grata vibração dos meus fervores.
Duarte. 1949. 103 ps. que estudam a arte no Brasil
de Janeiro, Março de 1949. Rosalvo Ribeiro é alagoano e Ou lembrarei de súbito perdida,
Saiu no Departamento de
E' redação de Cláudio ds Imprensa Nacional. Rio de estudou em Paris. Sua obra a delicada unção dos teus amores.
Souza, fundador e presidenta Janeiro. ficou impregnada do belo gênio
perpétuo da associação tio Said Ali — Versificação francês. Está representada, Quando o dia chegar, pesado e lento,
Brasil. Portuguesa por M- Saici Ali" hoje, por algumas dezenas de a triste despedida de nós dois
Folhas Avulsas — Publica- mãos gravará, polo inundo, o desalento.
"Edições Melhor,)- Prefácio de Manuel Baldei- quadros, muitos deles em
Ção das ra. Ministério da Educação e de colecionadores particulares.
mentos" — Ano IV, setem- Mas a esperança como que persuade:

J Saúde. Instituto Nacional do Muitos outros, porém, encon-


bro de 1948 — n. 5 — 32 p;*. Livro. Imprensa Nac io nal. tram-se ornando as paredes do e aquele que chorou, irá depois,
- )3ocumentos dos Arquivos Palácio Floriano Peixoto, pa- para o outro consolar na eternidade.
Rio de Janeiro, 1943. 31 ps.
Portugueses que importam Soares, Macedo (José Carlos lácio que é, como se sabe, a sede
ao Brasil. Ns. 28 e 29. Nc- de» —* Cervantes en ei Bra- do governo das Alagoas. Mercê SILVESTRE PEP.ICI.ES
vembro de 1948 e janeiro «ie sil. Estúdio inserto en ei dessa circunstância — a de se
1949. — Secção do Intercâiu- Boletin de Ia Academia Ar- acharem alguns dos seus qua- J.Iareió, B-12-47.
hio Luso-Brasileiro do S- N, gentina de Letras. Tomo dros reunidos num só local —
£¦ — Composto e impresso XVI, n. 61. "Homenagem a não é difícil às pessoas que têm
na Oficina Gráfica Ltda. —
Lisboa.
Cervantes", Sáo Paulo, 1949.
27 ps.
tal curiosidade tomar um con-
tacto mais direto com a sua O ESPIRITO UNIVERSAL
Encerram: -Frei Gabriel Tellez. Conte- arte.
• Eivara — Coisas do Pará, e
Maranhão. E' o famoso '"Ca-
rência pronunciada pelo Quanto a Teles Júnior, é êle DE JOAQU! M NABUCO
Embaixador José Carlos de pernambucano, e toda a sua
tâlogo", de Cunha Rivara. Macedo Soares na Academia obra está imbuída da poesia Na tarde de 15 do mez pas- Ihães. José Maciel, Padre Me-
que nesses números vem de Letras, aos 2 de Dezem- quente e melancólica de sua sado. iniciou a Academia Bra- deiros Neto, Carlos Luz, Aure-
transcrito, a exemplo do que bro de 1948. Tipografia Eda- terra. Não existe lugar nenhum, sileira de Letras as comemora- liano Leite. João Mangabeira
já ocorreu nos ns. 18-20 e nee Ltda. São Paulo. 1949, ao que nos conste, em que es- ções do centenário do nasci- senhores conde Pereira- Carnei-
22, 39 ps. teja reunida, a exemplo do mento ds Joaquim Nabuco. Fa- ro, José Pires do Rio João Mac-
• - Chateaubriand — Coleção Esfera, n. 20 — Janeiro- Lou então Mucio Leão, que pro-
que ocorre com Rosalvo Ribei- Dovrell, Augusto Frederico Sch-
fac-similar de Obras Céle- Março de 1943 — Diretor ro, uma ampla e significativa nunciou a sua anunciada con- midt, Onestaldo de Pennafort,
bres. Atola. René, Por... — Responsável: Silvia de Leon amostra de sua arte. feréncia. submetida ao titulo Josué Montelo, Austregesüo de
Introdução de Alceu Amaro- Chalreo — Capa de Ivan São ambos, como dissemos de "O Espírito Universal de Ataide e senhora, Raul Macha-
>y Lima e nota final de Au- Serpa. acima, representantes ilustres e Joaquim Nabuco". do, José Lins do Rego, Orige-
Custo Meyer. Editora Auro- Viana Filho. Luiz — A Vida glorificadores do gênio e da A sessão foi presidida pelo nes Lessa, Carlos Chagas Filho,
ra — Rio — 1949, 331 ps. de de Rui Barbosa (Edição do nacional. A cada um sr. Gustavo Barroso, presiden- Francisco Sousa Brasil, Dimi-
pintura
texto, 32 de introdução, 11 Centenário! — Companhia deles, individualmente — a Ro- te em exercício da Academia tri Smailovtch, Arnaldo Leão
de nota final. Editora Nacional — São salvo os alagoanos, a Teles Ju- Brasileira de Letras, que tinha Marques, Laurindo Marques,
Foi feita a edição sob o Paulo, 1949 — 438 ps. nior os pernambucanos — os a sua direita o sr Nereu Ra- Leonardo Marques, Sérgio Vel-
patrocínio* do Instituto do Viana, Oliveira (Da Acade- seus compatricios prestam as mos, vice-presidente da Repú- lozo, José Leal Guimarães.
Livro. mia Brasileira) — Institui- homenagens da admiração, do blica, e a sua esquerda os mi-
Pontifícia Universidade Ca- Embaixador Nobre de Melo.
ções Políticas Brasileiras — . carinho e do amor. nistros Clcemente Mariani e Celso Kelly, comendador Ar-
tólica do Rio de Janeiro 1.° volume — Fundamentos Mas o sonho de um artista Daniel de Carvalho. Também mando Vieira, senhorinha Te-
(Publicações da) — Rui Bar- Sociais do Estado (Direito não é limitar-se, não é cenfi- fizeram parte da mesa o em-
tosa, Joaquim Nabuco e os resa de Barros Moreira, se-
Público e Cultural): 2.° vo- nar-se ao apreço ou à conside- baixador da Espanha, conde de niiorinha Maria de Lourdes
Jesuilas. Tríplice centenário. lume — Metodologia do Di- ração das elites de um Estado. Casa-Rojas: o embaixador de Baldaque Guimarães, d. Con-
Pontifícia universidade Ca- reito Público (Os problemas O sonho de um artista é tor* Portugal, senhor Joáo Antonio ceição Soto • Mayor, Mme ¦
tólica do Rio de Janeiro, Brasileiros da Ciência Poli- nar-se nacional, é ser amado de Bianchi; o ministro da
1949. 56 pgs. Afránio Peixoto, Faustino do
ttcat — Livraria José Oüm- por todo o seu povo, é pene- Suiça, senhor Charles Redar: Nascimento, Oliveira e Silva,
. Encerra: Nota preliminar Dio Editora — 1949 — 391 e trar e fulgir na alma e no co- os representantes dos ministros Miguel Costa Filho, Sousa da
Discurso de Joaquim Na- 252 páginas. ração de sua nacionalidade. da Justiça, era Marinha, da Silveira, Dante Milano, Euge-
>iueo no Centenárij de An- Cardim, Eimano — Na mi- Isso não ocorre nem com Ro- Guerra e do Exterior, o repre-, nio Gomes, Ciro dos Anjos.
cJlieta em 1897 — Discursa uha seara — Rio de Janeiro. salvo Ribeiro nem com Teles .sentante do embaixador dos Afránio Coutinho, Eurialo Ca-
do Rui Barbosa no Colégio 1949 — 274 páginas. Júnior, embora sejam ambos Estados Unidos, varies çu*ros mirava. Ana Air.elia Carnei-
AncM-ta em 1903. ITAMARATa* — Boletim do dignos de um refulgente reno- diplomatas, o deputado Prado • ro de Mendonça, professor
Silazar Oliveira — O Pen- Serviço de Informações para me nacional. Kelly, o general Cândido Ron- Przewodowskl, ministro Mendes
iimentó de Salarar. O mn o Exterior — n. 34 — 15 de Tarda, pois, para um e para don e o sr. José Tomaz Nabu- Gonçalves, Aírton Dinil, Júlio
depoimento. Discurso de S. Abril de 1949 — págs. de 185 o outro, a justiça dos brasilei- co, representante da familia Coelho, Mario Altlno. Barros
fitei». • Presidente do Can - a 228. ros. Que esta náo custe a se Nabuco. Entre as pessoas que Carvalho, Dilermando Cox, Ser-
iilho, na sessão iaaaiaral MINISTÉRIO DAS RELA- pronunciar, .através do estudo estiveram presentes destaca- ra Martins, Raul Bittencourt.
da li Canferèneia d» União. ÇOES EXTERIORES — th- dos biógrafos e dos historiado- ranirse as seguintes: senadores Mme. Caetano Manuel. Chtr-
Nacional, na Parto, em 7 de t» de Endereços — Abril de res, através: do louvor dos cri- . EteH-ino Lins e Augusto Meira. mont de Brito, João de tou-
faaeb* d» IN*. Edlçto do 1949 — 38 ps. ticos e da exaltação dos.poetas. deputados Agamemnon Maga- renço, etc. ¦,

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