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1º de abril de 1964 e 1º de abril de 2019 (Conferência) – Paulo Arantes

Junho de 2019

 Clima de expectativas (pois não temos capacidades de decifrar o que pode acontecer,
então vem a especulação);
 Os governantes não tem interesse na ideia de quanto menos pior, melhor. Eles creem
que é necessário governar: há recursos suficientes para negociar, por exemplo, com os
governadores uma reforma da previdência. Eles precisam enfrentar coisas como greve,
de polícia militar, então, seria terrível. Há negociação e entendimento, pois precisa
parar o conflito, ainda que outras barbaridades permaneçam ocorrendo;
 Outro ponto: as condições de 64 e agora estão melhores: no 1ª de abril de 64 não
estaríamos em conferência sobre isso. Não teria jornal falando que o presidente que 3
meses depois Castelo Branco foi um asno fazendo besteira em Israel, sendo chacota
mundial;
 Estamos próximos, inclusive, de um maior disparate, que é desejar que os militares
tomem o poder. Sociedade organizada com pautas específicas progressistas não existia;
 É tal a vontade de querer a normalidade das coisas, que acabamos em simbiose com
quem é menos insano, inclusive, aliando-se à militares menos radicais e antigos
políticos marcadamente liberais, mas que dialogam com uma ideia democrática;
 No MEC, por exemplo, seria mais oportuno um militar técnico no lugar de um fanático
tresloucado que só comete barbaridades, caso do já demitido Vélez e do atual,
Weintraub;
 Outra exempl: o tucanato e o lulismo tinham em mente uma ideia de política
educacional planejada e patrocinada por fundações privadas até, mas que tinham um
consenso sobre um progresso do ensino básico. Nós esquecemos disso, pois aparece
certos bárbaros que querem destruir uma ideia de progresso educacional existente por
motivos muito específicos. No entanto, a senhora do ministro atual controla o sistema
de regularização do sistema privados do sistema educacional de educacional. Ele é
próximo da PROTON. É um fogo de barragem, pois, no fim, é negócios envolvendo a
educação;
 Ou seja, no fim, estamos torcendo pela ordem.

 Adorno dizia, depois da segunda guerra mundial e das consequências dela, que “só o
exagero tem condições de manifestar a verdade. Quem não exagerar não conseguirá
discernir nada no panorama da Alemanha dos anos 50. A Alemanha estava enterrada
até o pescoço com o Terceiro Reich. Nesse caso, a analogia serve no sentido de analisar
uma tendência como se ela estivesse já de fato realizada e consumada.
 Após uma série de falhas, desastres, catástrofes, crimes, a vida tem que seguir, mas ela
segue fendida, marcada, e é isso que tem que ser mostrado. Como? Exagerando. Por
exemplo, eu vou dizer que o capitalismo regularizado pelo estado é uma prisão social.
Os direitos sociais etc não entram nisso? Claro, existe, mas isso foi feito depois de muita
calamidade, inclusive, foi feita por causa dessas calamidades. Como pode se repetir, é
necessário alavancar isso no plano do exagero. O nazismo, por exemplo, foi uma
derrota militar, mas ele segue culturalmente etc, por isso deve-se adiar o seu retorno,
por isso eu vou exagerar, estilizar com tintas pesadas essa sensação de bem-estar que
está assentada nos discursos;
 Nós estamos pensando que essa é um novo formato histórico é uma ilusão. Como se,
antes, o nazismo tivesse caído do nada. O exagero de Adorno, portanto, funcionava. Ou
seja, não pode mais ser deixado para depois o exagero, para as próximas eleições, por
exemplo, e então negociamos com o delinquente que está lá em Brasília, como se a
vida continuasse normal. Perdemos? Perdemos, mas não é a normalidade que está em
jogo.

 Quais são as novidades do novo período histórico? Precisa especular, pois tudo é muito
novo;
 2013: crise, que parecia um passado distante. A pancada foi forte, que esquecemos e
de lá pra cá, voltaram as figuras militares, rememorando ditadura, inclusive, para
controlar um dos lados de 2013;
 Afinal, o que querem os militares? Difícil saber, mas há algo que persiste: a ideia de que
algo da época da ditadura não foi realizado plenamente. Até o fim da civilização
brasileira essa ideia vai firme com eles. No entanto, é possível pensar que nem eles
sabem o que querem.
 Após um sono letárgico, em que os militares não tinham mais grandes funções, a não
ser cumprir atividades protocolares ou policiamento internos, como nas favelas,
salvaguardando a memória do golpe sobre o guarda-chuva da anistia. Quem os chamou
primeiramente, retirando-os desse sono? O governo Lula, que os enviou à maior
expedição pós-segunda guerra ao Haiti, num projeto de pacificação. Lá a maioria dos
militares que estão hoje no poder, ganharam reconhecimento e experiência nos novos
processos de internacionais envolvidos nos conflitos contemporâneos de pacificação e
contra-insurgência. O governo brigava por uma vaga permanente no conselho de
segurança da ONU e precisava mostrar serviço;
 Portanto, os militares deixam de acreditar que são uma polícia provinciana e passam a
acreditar que tem função internacional. No caso do Heleno, chegou no Haiti com a
experiência de controle militar das favelas, embarcando para mostrar serviço: como
controlar populações problemáticas marginalizadas ou controladas por organizações
criminosas em situação de pobreza. Portanto, a pacificação é à maneira militar
brasileira. Uma comissão de direitos humanas norte-americana havia feito a denúncia
e financiou uma ação na maior favela haitiana, Porto Príncipe, em busca de um
comandante criminoso e subversivo. As tropas brasileiras lideradas por Heleno
entraram e cometeram um massacre (cerca de mais de 100 pessoas morreram, entre
elas, mulheres e crianças). Um dos generais suicidou-se devido à pressão da expedição,
Urano Bacellar. No segundo mandato de Lula, portanto, os militares saem das cavernas
e reascendem a ideia de um estado potência da era Geisel que o lulismo havia
ressuscitado. Havia uma lua de mel entre o governo e os militares: as experiências nas
favelas sendo mostrada fora do país;
 Qual motivo os militares tiveram, portanto, para mudarem de lado? A política de Lula
era reequipar o exército, restaurar o que estava sucateado, reprojetá-los
internacionalmente etc. Tirando a ideia do comunismo, havia convergência, que, no fim
das contas, percebemos que era ilusão;
 A crise do impeachment de Dilma foi observada pelos militares à distância. No entanto,
percebem que o jogo havia virado: estavam sendo consultados. Respondem querendo
manter as instituições, já que é possível depor governos dentro da própria legalidade,
se é que podemos chamar assim: algo como, não temos nada contra, mas também não
estamos alimentando a fogueira.
 A ideia era devolver o governo aos tucanos, que entenderam que não voltariam mais
pelo voto ao poder, algo inadmissível, pois estariam fora do jogo político e dos
privilégios concentrados neles (não porque se tratava de um governo de esquerda, pois
isso não existe; governo governa; de esquerda é antes de entrar no governo, depois tu
faz parte do jogo) tornando-se cada vez mais fortes e invencíveis;
 Os militares seguem olhando a distância o governo Temer, mas às vésperas do
julgamento do habeas corpus do Lula, Villas Boas vai ao Twitter e ameaça tomar
providências caso o limite fosse ultrapassado, a saber, uma nova convulsão no país
mesmo após o impeachment, visto que Lula ganharia a eleição, com duas condenações
e mais processos pela frente, e a oposição seria enorme novamente. Todo general teme
em suas fantasias os tresloucados, palavra usada pelo próprio general, como um
coronel, um comandante, que coloque uma coluna de tanques na rua (aí por motivos
vários e específicos, incluindo os clichês de corrupção e comunismo). A ideia de
intervenção começava a se desenhar em anomias: duas greves de polícias militares
(Salvador e Espírito Santo) e a greve dos caminhoneiros. Na percepção dos militares, a
greve dos caminhoneiros era a desordem total: grupos de extrema direita e esquerda
unidos, o desabastecimento crescendo, o exército sem combustível para qualquer ação,
criando um pânico policial. Especulando, nesse momento, os militares resolvem aderir
à campanha de Bolsonaro, tendo Mourão, um general, para garantir em eventualidade
de impeachment, selando um pacto entre o novo governo e o exército, ainda que
detalhes desse pacto não seja conhecido;
 Surge a possibilidade um militar do baixo-clero, grosseiro, considerado insubordinado
e ligado às milícias, decolar, tendo alguma chance de tomar o poder. Nesse voo, os
militares do alto-clero aderem a candidatura, associados à extrema-direita, para voltar
ao poder. Aproveitando assim para restaurar sua imagem prejudicada: há trinta anos
escutam sobre uma ditadura que era sanguinária e retrógrada. O sonho de suas vidas
era voltar ao poder para se consagrar, se possível pelo voto, reconhecidos como
benfeitores da pátria. Seguramente, essa seria uma das razões para assumir o lado de
um delinquente ligado às milícias e à corrupção de baixo-clero de periferia brasileira,
ou seja, submundo da corrupção brasileira, não o da política. Tentando sua reabilitação,
os militares parecem ter planejado essa limpeza de suas imagens com a subida ao poder
pela legalidade e vontade do povo. Seria o retorno dos recalcados, dos chutados, dos
pintados como tacanhos. No fundo, o grande problema dos militares é a burguesia
brasileira, grande parte presa nessas operações de corrupção, pois foi o exército que
fez o papel sujo de limpeza de terreno a partir de 1964, matou, escondeu corpos,
torturou etc para livrar o país do comunismo, no entanto, a mesma burguesia, após o
fim do período, iniciou discursos de democracia, transição democrática etc. Portanto, é
possível afirmar que os militares sentiram-se traídos de certa forma pela burguesia
brasileira e também pela grande imprensa, que pediu o golpe. O retorno, enfim, seria
para provarem que são aclamados sim, aparelhando o estado de militares de uma
forma inédita: nem mesmo no regime de 64 tantos membros do exército estiveram no
governo.

 Os militares, supostamente, passaram a acreditar que chegamos a um fim de linha.


Heleno diz: “se esse troço der errado, a única coisa que direi que vi durante a minha
vida foi Pelé jogar”. Ou seja, os militares, do alto-comando militar, que montamos a
estratégia, somos a última carta. Em 64 não era a última carta, mas, agora é. A lava-
jato, os procuradores de Curitiba, o Supremo, todos eles ficaram visto como um balcão
de negócios, como Moro, um juiz de província prenhe de interesses, deixam de ser
vistos como os diligentes, quem tem esse último respeito são os militares pela opinião
pública, pois não entraram nos processos de corrupção, por exemplo, sendo a única
classe organizada do país: formações meritocráticas, interesse em tecnologia,
engenharia de ponta e o país sustenta o militarismo, ou seja, seriam a última
possibilidade de um país que está se tornando inviável;

 Outra suposição está na ausência de projeto dos militares, daí o processo errático de
governo até aqui. A 3ª Revolução Industrial não chegou no Brasil nem chegará. Os
militares sabem que a indústria brasileira vem fechando as portas e um país sem
indústria não tem como preservar a hegemonia militar, ou seja, nessa perspectiva os
militares estariam liquidados. No entanto, ainda há uma missão histórica em um país
que desmorona. Isso tudo sintetiza o grande dilema militar, talvez, por isso, esse
alinhamento automático com os EUA. Na verdade, trata-se de um engano absoluto,
pois Trump usa o Brasil sem reciprocidade tecnológica, algo que Geisel já sabia, pois
rompeu os acordos militares com os EUA e fechou um acordo nuclear com a Alemanha.
Trata-se de um cálculo desesperado de atualização tecnológica para nos equiparmos
minimamente para manter a hegemonia regional na América Latina, que já havia sendo
feita pelo Lula, mas que foi cortado. Ou ainda, para uma ordem interna. O Rio de
Janeiro, por exemplo, trata-se de um estado de anomia completa. Ou seja, não se trata
de um nacionalismo estratégico, mas da ordem, policial, interno. Os militares estão se
preparando para uma gestão armada, pois chegou ao seu limite.
 Um caso interessante está na ameaça de intervenção militar na Venezuela, mas que
ficou apenas no plano da ameaça. Os militares sabem que não tem condições materiais
de enfrentar uma mínima organização militar venezuelana patrocinada pela Rússia.
Mais, sabem que se entrarem, os EUA os abandonarão. Ou seja, isso explica, pós-
ameaças, o tom conciliatório e pacífico dos militares em não intervir;
 Como não há projeto e a população quer uma resposta, os militares respondem da
forma mais imediata que tem à mão: repressão, encarceramento em massa, chacina
etc;
 Com ou sem reforma da previdência, com privatizações ou não, nós teremos daqui um
ano, ou dois, os desempregos podem não voltar. As asneiras de Moro de
endurecimento penal, a desmoralização do congresso na batalha pela previdência, ou
seja, se “esse troço não der certo”, o último ato, seria uma intervenção, pois está
garantido na constituição. Não essa atual, por vias democráticas, mas uma coercitiva e
legal, ainda que pegue mal, por isso o último ato seria esse;
 A partir de decretos como o fim da transparência, da investigação etc, pode-se fazer,
desde já, um governo legal, mas com concentração de poder: um governo de contra-
insurgência sem insurgência. As políticas daqui pro Haiti eram essas, da mesma forma
das UPP’s, ou seja, única estratégia possível dentro do militarismo. Não há ilegalidade,
portanto não há insurgência no âmbito legal. O que há são motins e motins podem ser
reprimidos: uma greve dos caminhoneiros não será mais greve, mas sim motim. Os
militares estão se preparando para abafar motins e iniciaram seus treinos em junho de
2013 e, num certo sentido, controlaram. O controle da população, no modo
estadunidense, de perfis que passam a ser os alvos hierárquicos do governo. Ou seja,
trata-se da individualização da guerra. Uma sociedade sobre vigilância, é possível
erradicar os inimigos e ganhar o apreço da massa passiva que assiste tudo de dentro de
casa, assim como EUA faz há tempos;
 A sociedade brasileira, desde 80, 90, quando o capitalismo bateu no teto e não
conseguiu mais se desenvolver, ficando fora da 3ª revolução industrial, não gerando
mais empregos, ainda que ele seja necessário para disciplinar a sociedade, a política
fez-se nesses moldes de repressão de motins e desordens. Ou seja, o Brasil não
importou essa política, mas é o criador, a matriz: encarceramentos, processos etc. O
Brasil é uma sociedade cadastrada, agora, administrada pelos militares.

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