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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO

UNIVERSIDADE FEDERAL dos VALES do JEQUITINHONHA e MUCURI

FACULDADES de CIÊNCIAS BIOLÓGICAS e da SAÚDE

Departamento de Odontologia

Disciplina de Escultura Dental

Manual do aluno

14ª edição

Ricardo Lopes Rocha

Professor responsável pelas disciplinas de Escultura Dental e Oclusão

DIAMANTINA

2011
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SUMÁRIO

1 - APRESENTAÇÃO
Objetivos Gerais da Escultura Dental ...........................................................................................................3
Conteúdo programático teórico......................................................................................................................4

2 – FUNCIONAMENTO da DISCIPLINA e CRITÉRIOS de AVALIAÇÃO...........................................5


Critérios de avaliação de trabalhos práticos...................................................................................................5
Cronograma....................................................................................................................................................8

PRIMEIRA PARTE: CONTEÚDO PRÁTICO


3 – MATERIAL e INSTRUMENTAL............................................................................................................9
4 - NORMAS de SEGURANÇA em LABORATÓRIO..............................................................................12
5 – EXERCÍCIOS de ADESTRAMENTO MANUAL................................................................................14
6 – EXERCÍCIOS de RECONHECIMENTO da ANATOMIA DENTÁRIA..........................................15
7 – ESCULTURA em MODELOS de GESSO de DENTES em CERA em TAMANHO NATURAL...18
9 - INTRODUÇÃO ao ESTUDO da OCLUSÃO.........................................................................................25
13 - TÉCNICA DE ENCERAMENTO NEGATIVO..................................................................................51
14 – ESCULTURA EM AMÁLGAMA........................................................................................................57

SEGUNDA PARTE: ROTEIROS DE AULAS TEÓRICAS

15 – SISTEMA ESTOMATOGNÁTICO ....................................................................................................64


16 – POSIÇÕES E MOVIMENTOS MANDIBULARES...........................................................................66
17 - ARTICULADORES ...............................................................................................................................67
22 – GLOSSÁRIO DE TERMOS..................................................................................................................76

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1 - APRESENTAÇÃO
Objetivos gerais da disciplina
Além de fixar conhecimentos básicos de anatomia e de oclusão, é nossa função e objetivo, treinar e
aprimorar a destreza manual do aluno, fazê-lo conhecer e usar os instrumentais e materiais de laboratório,
conhecer a rotina e regras básicas de trabalho em laboratório, para que, além de cumprir o seu estágio de
escultura, tenha também melhorada a sua capacidade de desenvolver os trabalhos laboratoriais e clínicos em
outras disciplinas, já que na escultura ele mantém os primeiros contatos com este tipo de trabalho.
Objetivos específicos da disciplina
Fixar conhecimentos adquiridos na Disciplina de Anatomia odontológica, mediante sua aplicação prática e
relacionar tais conhecimentos com outras disciplinas afins;
Desenvolver a destreza manual, como pré-requisito para outras disciplinas;
Obter noções de contatos dentais e oclusão através de demonstrações e trabalhos práticos;
Exercitar conhecimentos adquiridos em Materiais Dentários;
Desenvolver o senso crítico e estético, fazendo-o abrir os olhos para o belo, para que assim, consiga também
proporcioná-lo aos seus pacientes.

Relações com outras disciplinas


A escultura, devido à sua abrangência na odontologia, se relaciona com diversas outras disciplinas:
Anatomia – essencialmente, a escultura é a prática da anatomia dental, é o desenho anatômico dos dentes
reproduzido em três dimensões.
Periodontia – Os tecidos ao redor do dente precisam ser e continuar saudáveis; por isso, uma correta
escultura, com contornos corretos é imprescindível para que o trabalho restaurador seja compatível com a saúde
periodontal.
Oclusão – Intimamente ligadas, esta disciplina para ser completamente entendida, deve-se ter o domínio da
escultura, principalmente da face oclusal dos dentes. A escultura quando corretamente executada e bem
dimensionada, é coadjuvante de uma boa oclusão, mesmo porque, a oclusão dos dentes ditará normas que
deverão ser obedecidas na escultura.
Dentística – Uma cavidade bem feita nos elementos dentais, com correta forma de contorno, de retenção e
de resistência, é imprescindível para que possamos realizar uma restauração com sucesso. Além disso, uma
correta escultura nas restaurações plásticas concorre para a sua durabilidade e correta fisiologia.
Prótese – A escultura é um dos princípios básicos para se fazer uma boa prótese. Quando bem realizada,
traz ao resultado final a sua parcela de sucesso, assim como as outras disciplinas, posto que a prótese, para ser
bem realizada, deve ter suas várias fases respeitadas e a escultura é uma importante fase.
Materiais dentários – Devemos conhecer os materiais que vamos manipular, para que sejam usados
corretamente e usar os de boa qualidade, para que isso seja também um coadjuvante para o sucesso dos nossos
trabalhos.
Parâmetros a serem seguidos
Intimamente ligados entre si – cada parâmetro depende um do outro para que o nosso trabalho funcione a
contento, ao final de todo o processo.
Anatomia – É imprescindível ter uma correta anatomia esculpida nos padrões de cera, pois a forma certa
leva a uma correta função; forma deficiente, função deficiente também.
Fisiologia – Sem uma função ideal das restaurações na boca, as outras funções do dente ficam prejudicadas
e ele vai ser levado a uma condição patológica por iatrogenia.
Estética – Para alcançar uma estética satisfatória, a forma e a função devem estar corretas e assim o paciente
alcança o que almejou ao nos procurar – uma satisfação fisiológica na sua boca (que nada mais é que poder

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mastigar direito), e também a satisfação social de se relacionar com os seus pares sem ser constrangido pela
desarmonia do sorriso.
Decorrente disso, a sua saúde psicológica também vai ganhar.
A observação destes três parâmetros ao fazermos qualquer trabalho que seja para o nosso paciente, no ensejo
de fazê-lo alcançar a saúde dos dentes, o fará alcançar também uma satisfação em relação ao sistema
estomatognático e também ao seu corpo, e é claro que estes fatos repercutirão positivamente em relação ao
profissional que se mostrou capaz de lhe atender aos anseios.
Escultura dental - a que se refere?
Esculpir é tirar de um todo, mudando as feições de um bloco de material qualquer, de modo a se ter no final,
um objeto tridimensional, assim como numa frase atribuída a Michelângelo, ao se referir à “Pietá” – “Ela já
estava dentro de bloco de mármore, tirei apenas as aparas”. Assim, ao levarmos a termo a palavra “escultura”,
podemos estar induzindo leigos a um erro, porque na verdade o que se faz na prática, em laboratórios de prótese
e em consultórios dentários, é um enceramento, corte e modelamento de um padrão de cera com o objetivo de
se confeccionar uma restauração fundida. O que se faz nos dentes ao se confeccionar uma restauração em resina
ou amálgama é modelamento e corte também.
Contudo, comumente refere-se àquilo que é bonito, harmônico, bem feito, algo que faz bem à vista e ao
espírito, como um objeto ou algo “escultural”. Ao nos referirmos ao nosso padrão de cera como uma
“escultura” no sentido acima, o sentido será mais bem empregado, pois na verdade, o padrão de cera é o
protótipo da restauração final que deverá se harmonizar com o sistema estomatognático. O nosso padrão de
cera, apesar de ser uma modelagem, deverá contudo, ser como um objeto “escultural” para que sua função na
boca também saia a contento e se harmonize com o conjunto.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO TEÓRICO

- Apresentação da disciplina, relação com as outras disciplinas, objetivos do curso;


- Reconhecimento da anatomia oclusal – revisão acompanhada dos acidentes anatômicos;
- Sistema estomatognático – revisão anatômica e fisiologia da ATM.
- Articuladores – histórico, evolução, partes componentes, modo de uso e indicações
- Enceramento negativo;
- Escultura em amálgama – em parceria com as disciplinas de Materiais Dentários e Dentística;

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO PRÁTICO


Enceramento dos dentes 25, 27, 16, 14 em tamanho 1,2 vezes o tamanho natural em modelos de gesso
troquelizados sem articulação e dos dentes 45, 47, 34 e 36 em modelos em tamanho 1,2 vezes o tamanho
natural sem articulação com cera colorida com o objetivo de reproduzir em três dimensões os conhecimentos de
anatomia dental.
Montagem de modelos parciais de gesso em articulados semi-ajustável com o auxílio do arco facial;
Enceramento negativo dos dentes 16 e 15 ou dos dentes 46 e 47 em tamanho 1,2 vezes o natural em modelos
totais de gesso articulados em articulador semi-ajustável, com o objetivo de se estudar a oclusão dental em suas
minúcias, e por isso mesmo o modelo é aumentado para possibilitar uma melhor percepção do fenômeno
oclusão.

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2 - FUNCIONAMENTO DA DISCIPLINA
e CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
A disciplina de Escultura Dental funciona basicamente de forma a colocar em prática um conteúdo teórico
baseado no que o cirurgião-dentista deveria dominar em relação à anatomia dental e a avaliação se dá
justamente nestes dois âmbitos, logicamente. Assim, o aluno deve tanto participar das aulas teóricas e estudos
dirigidos como das práticas, fazendo um acompanhamento contínuo do que lhe é solicitado.
O conteúdo teórico lhe será cobrado em provas teóricas, com questões abertas e fechadas.

Sistema de monitoração PCOM:


Durante as aulas práticas, para haver um monitoramento de desenvolvimento, do aproveitamento e mesmo
do comportamento frente às atividades propostas, adotamos um sistema que nos permite acompanhar
continuamente cada aluno.
A todos os alunos será concedido uma pontuação prévia equivalente a 10% do total de pontos que serão
sujeitos, durante todo o período letivo, a um acompanhamento contínuo, de acordo com quatro critérios:
Pontualidade – P
Cumprimento (das atividades propostas) – C
Organização – O
Material – M
Funciona da seguinte maneira:

P: em cada aula, em frente do nome daquele que chegar atrasado, será anotado um P; isso porque, devido
ao atraso dos que não pontuais, o professor espera para começar a aula com prejuízo para todos; sendo assim,
os que chegarem além de uma tolerância de cinco minutos, terão um P marcado neste dia na lista de chamada.

C: ao aluno que não cumprir a atividade que foi marcada para estar pronta naquele dia, terá um C marcado.
NÃO ACEITAREMOS A DESCULPA DE QUE “NÃO SABIA” - de antemão avisamos que, caso falte
alguma aula prática, procure saber que atividade deverá esta pronta na próxima aula.

O: ao aluno que não organizar sua bancada e deixá-la suja ou desarrumada ao final da aula prática;
A caixa dos instrumentais e outros objetos que não os de uso em aula prática deverão ficar fora do
local de trabalho por questão de segurança;
Bolsas e outros cadernos também;
Após a aula, a bancada deverá estar como recebeu;

M: ao aluno que não trouxer todo o material pedido para a aula prática
A apostila deverá estar sempre presente para que o aluno se oriente
Cada marcação PCOM vale -0,25 ponto;
Nosso objetivo não é baixar a nota, é manter em ordem o andamento do estágio e dos trabalhos práticos.
Na grande maioria das vezes, não há nenhuma marcação para os alunos; estas marcações, desde que as
institui como sistema de monitoração, há três anos, são exceções e não a regra. Ao aluno que não tiver nenhuma
marcação, terá como compensação, seus 10% da nota total garantidos para somar aos outros pontos de
avaliações teóricas e práticas.
Ao aluno que receber alguma marcação, lhe será facultado retirá-la, desde que se proponha a realizar
um trabalho extra, proposto pelo professor.
O trabalho prático será um estágio desenvolvido ao longo do curso que será entregue em data pré-fixada para
avaliação. É desejável que o aproveitamento nestes dois tipos de avaliação sejam equivalentes, sem grandes
desníveis, pois nosso objetivo é que o aluno deva tanto aprender a teoria quanto dominar a técnica.
As provas principais estarão agendadas e não as aplicaremos antes do prazo, combinado porém poderá
acontecer depois deste prazo.

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De antemão já avisamos que não é do nosso agrado repetir provas, devido a diversos problemas e
artimanhas que presenciamos, porém, havendo um motivo justo, A LIVRE CRITÉRIO DO PROFESSOR,
e se for solicitada em tempo hábil, de acordo com o manual do estudante a que todos têm acesso, fica a
critério do professor fazer uma compensação ou repetição da avaliação nestes casos para compensar a que foi
perdida; repetindo: A LIVRE CRITÉRIO DO PROFESSOR e mesmo assim, se for solicitada a tempo, de
acordo com o guia do estudante.
Nestes casos, exijo que esta solicitação seja feita por escrito para comprovar a data em que foi feita.
Para não ficar muito arbitrário na decisão em relação a compensação de avaliações perdidas, já adianto os
QUESITOS OBJETIVOS que vou levar em consideração para concedê-las:

Não ter nenhuma marcação PCOM nas aulas práticas;


Ter freqüência 100% nas aulas prática e teóricas;
Ter o estágio prático em dia;

Sendo assim, percebe-se que para ter uma compensação por uma avaliação perdida, o aluno deverá ser
EXEMPLAR e para evitar quaisquer reclamações, estes critérios estão sendo expostos neste momento, para
todos tomarem conhecimento;

Outra forma de compensar a perda de alguma avaliação por alguém é adiar a data da prova para
TODOS, com assinatura desta aquiescência por todos também, no momento em que for verificada a
ausência de algum colega.

Explicando melhor: chegada a hora da prova, caso falte alguém, será perguntado se TODOS
CONCORDAM em adiar a prova. Havendo esta concordância, todos assinam, na lista de presença um termo
no qual estará escrito o motivo do adiamento e aprova será aplicada noutro dia e horário a ser combinado,
SEM NENHUM PROBLEMA.

Critérios usados para avaliação dos trabalhos práticos (estágio):


Para avaliar os trabalhos práticos serão usados quatro parâmetros, mas variarão de acordo com o tipo de
trabalho: Para o primeiro estágio, quando os modelos não estarão montados em articulador, os parâmetros
serão: Anatomia de face oclusal, anatomia de faces livres e proximais, respeito ao periodonto e acabamento.
Para o estágio com modelos montados em articulador, os critérios serão: oclusão, anatomia e cuidados com o
articulador.
Para avaliar estes itens, levamos em consideração estes critérios citados abaixo:

Apenas cumprido: 40% da nota (avaliado com nota 4 num total de 10) esperamos que não aconteça com
ninguém, como nunca aconteceu; seria aquela pessoa que viria raramente às aulas e entregasse “qualquer
coisa” só para dizer que fez.

Estágio cumprido normalmente, mas com problemas estruturais (erros grosseiros) relacionados abaixo:
notas de 4,5 a 5,5 (abaixo da média).

Faltando ou sobrando muita cera


Divisão errada das cúspides
Localização errada de acidentes anatômicos
Distorção na forma
Falta de convergência de faces ou convergências invertidas (sentidos MD, VL, CO)
Ausência de ponto de contato proximal
Ponto de contato muito largo ou muito estreito
Face oclusal “tímida”
Direção errada dos sulcos principais
Direção errada das cristas triturantes
Sulco principal e cúspides não alinhados com os vizinhos
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Desnivelamento do dente em relação aos vizinhos; mais baixo ou mais alto

Havendo problemas de acabamento: notas de 6 a 8.


Falta de sulcos secundários
Sulcos profundos ou muito rasos
Sulcossecundários com forma distorcida – retos ou muito curvos
Sulcos secundários com direção errada
Ameias mal esculpidas, ou sujas de cera
Crista marginal muito grande no sentido MD ou VL,
Desalinhamentos do sulco principal e de cúspides, porém em escala menor
Trabalho borrado de cera ao redor do dente, sujo
Articulador sujo ou descuidado
Escultura com superfície rugosa, tremida, sem alisamento
Uma escultura com lisura, brilho e limpeza esmerados, contam a favor nos casos que tenham outros
detalhes de acabamento sem corrigir.

Detalhes menores que não comprometem a forma, mas sobretudo denotam mais acabamento e capricho:
notas de 8,5 a 10
Tipo de curva dada às cristas triturantes
Sulcos secundários mais ou menos abundantes que o normal
Curvatura maior ou menor em sulcos secundários, porém nos lugares corretos
Cristas triturantes convexas, em lugares corretos, porém além do normal
Visão geral do trabalho, denotando esmero e capricho com na execução do estágio

Para o estágio com modelos montados em articulador:


Para o item Oclusão: cada cúspide na sua devida contenção, cada uma com ideais dois contatos no
perímetro e mais um na crista triturante, ponta de cúspide apontando para sua contenção, porém, sem contato,
sendo este na lateral das pontas; cúspides de corte também com contatos nas triturantes e nos movimentos de
lateralidade, não deverão existir interferências. Nenhuma cúspide pode estar em contato prematuro ou sem
contato; a penalização é a mesma.
Item Anatomia: cada cúspide individualizada, sulcos secundários presentes, sulcos principais presentes e
nos lugares certos, curvaturas corretas dos perfis cuspídicos, localização correta das cúspides, separação entre
elas, ângulos externos corretos, região de cristas marginais corretamente feitas, separadas com espaço correto,
ponto de contato proximal do tamanho certo, ameias vestibulares e linguais corretas, etc.
Item Respeito ao periodonto: correto limite cervical sem invadir o espaço da gengiva, ameias sem estar
preenchida de cera, faces livres com convexidade correta.
Item Acabamento: capricho no trato com o articulador e com o trabalho de modo geral
Distribuição dos pontos e pesos:
Duas avaliações teóricas com peso 25 cada uma
Duas avaliações práticas com peso 20 cada uma
Acompanhamento individual, participação nas aulas, assiduidade, organização, cumprimento das etapas do
estágio, segundo critérios do PCOM, com peso 10: quem não ganhou nenhuma marcação, já terá estes 10%
garantidos.

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PRIMEIRA PARTE: CONTEÚDO PRÁTICO
3 - MATERIAL e INSTRUMENTAL
Antes de descrever as técnicas propriamente ditas, vamos primeiro apresentar o material necessário e
instrumental a ser usado, visto ser este o primeiro contato dos alunos com este tipo de prática laboratorial. Serão
descritos também cuidados essenciais com os instrumentos e adaptações necessárias para uma boa produção
nos trabalhos, assim como normas de segurança. Outros instrumentais pedidos na lista e que não estarão
especificados neste capítulo são os instrumentais para amálgama que serão exaustivamente estudados na
Dentística. A seguir, falaremos dos instrumentais mais importantes para nós, de algumas adaptações que
introduzimos em alguns, e de cuidados que devemos ter com outros.
Para procedermos ao enceramento das superfícies oclusais, além de outras providências, devemos ter
primeiramente o dente preparado, moldado, modelos feitos e com o troquel desnudado, ou seja, pronto para o
seu manuseio. Mas na disciplina de Escultura Dental, desconsideraremos estas fases que serão ensinadas na
disciplina de Prótese Fixa e vamos considerar o modelo já pronto e troquelizado, ou seja, os dentes para serem
esculpidos estarão separados do modelo. Para os que quiserem satisfazer a curiosidade de como fazer um
troquel, poderão se reportar à bibliografia recomendada para tal esclarecimento (Shillingburg).
 Modelos de gesso preparados - São fornecidos pela disciplina já prontos para o uso, confeccionados em
gesso especial nas oclusais e gesso pedra na base. Nestes modelos foram feitos preparos tipo para coroa total,
nos quais o acadêmico irá esculpir as faces do dente (fig3.1).

Fig. 3.1 – Modelo de gesso preparado para ser encerado


 Tigela de borracha para manipulação do gesso
 Espátula para gesso rígida - a de nylon é bastante rígida, e boa de se usar. Nas de metal, deve-se atentar
para a espessura da lâmina, pois se for fina, a espátula será demasiadamente flexível, dificultando a
manipulação do gesso. Atentar para a adaptação da lâmina no interior da tigela – isso é conseguido adaptando a
espátula como recomenda o autor (Rocha, R.L.) esmerilhando aos poucos a lâmina, fazendo com que o seu
contorno externo coincida com a concavidade interna da tigela (fig. 3.2).

Fig. 3.2 – Providencie para que a sua espátula se adapte no interior de sua tigela (Rocha, R.L.)

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 Fig. 3.3 - Articulador semi-ajustável com arco facial - existe uma certa resistência do aluno em adquirir
o estojo, mas advertimos que o estojo é importante para se acondicionar e organizar todo o instrumental e os
modelos de trabalho. Os mesmos não estando bem acondicionados, podem ser danificados no transporte de casa
para a escola. Contudo, admitimos que o estojo que acompanha o articulador não tem um fecho de boa
qualidade e assim, o aluno poderá adquiri-lo separadamente em casas de material de construção, atentando para
que caiba o articulador e os outros objetos de uso constante nas práticas. A-guia condilar, b-guia de Bennett, c-
parafuso de ajuste da cêntrica, d-similar do côndilo, e-ramo superior, f-ramo inferior, g-placa de montagem, h-
arco facial, i- pino incisal.

Fig. 3.4- Articulador com modelos montados e mesa incisal regulável


Mesa incisal regulável – serve para regular as guias do articulador todas as vezes que mudarmos os modelos
montados com guisa diferentes do anterior. É um acessório, porém de muita utilidade na clínica diária.

 Cera colorida – verde claro, amarelo claro, bege, carmim, azul claro, cinza, rosa. Todas devem ser
opacas. Observação: a cera que geralmente pedíamos era exclusivamente para escultura e não servia para outras
finalidades; mas atendendo a professores de outras disciplinas afins, concluímos que devemos pedir a cera para
incrustração mesmo, a de alta fusão, pois é com ela que o aluno continuará fazendo os seus trabalhos na clínica
e na vida profissional.
 Pincel grosso ou de barbear – Não substitua este item por escova dental usada, pois mesmo sendo
macia, não servirá para o nosso propósito que é limpar as aparas de cera durante a escultura. A escova dental a
danifica, colocando estrias e retirando cera em excesso. O pincel deve ser macio. Pincel de creme de barbear
serve também.
 Lâmpada a álcool. Observe que este é um item que vai durar bastante e ser levado à presença do
paciente no consultório. Deve, portanto, ter uma boa apresentação e estar sempre limpa.
 Pingótomo ou gotejador - tem a função de adicionar cera em pequenas quantidades de acordo com a sua
espessura. É da coleção do Peter Thomas (do instrumental idealizado por Peter Thomas, vamos utilizar somente
o pingótomo que tem duas pontas, porque os outros instrumentais, podem ser substituídos, sem nenhum
prejuízo, pelos esculpidores de Hollembach) - usaremos no texto, a abreviatura – pgt (fig. 3-4).
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 Esculpidores de Hollembach 3s e 3ss (o 3ss é o menor deles – “ss” significando short short ) – Devem
ser amolados, delicados e com a lâmina delgada para facilitar a escultura em qualquer espaço. Para isso, estes
instrumentos devem ser levados ao protético para serem amolados e terem a sua lâmina adelgaçada -
imprescindível estarem nesta condição – são como pequenas facas para cortar a cera; e devem fazer isso com
eficiência. Usados para esculpir retirando cera com uma ação de corte. No texto, usaremos hbc (fig. 3-4).
 Espátula 7 (adaptada por Rocha, R. L.) – Servirá para adicionar cera em quantidades maiores – Os
ângulos introduzidos pela adaptação, são para facilitar o manuseio e a captação de cera, pois a angulação
facilita o contato da superfície da espátula com a cera e com o trabalho, melhorando o ângulo para a colocação
da cera no trabalho que esteja realizando, melhorando inclusive a pré-escultura nesta cera adicionada. A
superfície é adelgaçada para que possa se aquecer mais rápido e resfriar mais rápido também.

Pingótomo – para adicionar cera em pequenas quantidades

Espátula 7 modificada - * ângulos introduzidos para facilitar seu manuseio – vide texto

Esculpidores de Hollembach – instrumentais de corte


Fig. 3.5 – instrumentais usados em escultura dental e adaptações propostas pelo autor *

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4 - NORMAS DE SEGURANÇA EM LABORATÓRIO
Estas medidas de segurança devem ser observadas pelos alunos ao trabalharem no laboratório de
escultura.
 Com o instrumental de corte - Como os hollembachs devem estar muito bem amolados, o cuidado
para não se ferir é uma medida que o aluno deve tomar ao manuseá-lo, pois o fio bem feito é inerente à
condição do instrumental e ele sempre lidará com este tipo de instrumento. Faz parte também do treinamento da
destreza manual. É preciso que se peça a um protético que faça o adelgaçamento da lâmina do seu hollemback
para que corte com precisão e em espaços estreitos. De fábrica vem amolado, porém com a lâmina grossa.
Verifique a figura abaixo para poder explicar ao protético o que você deseja que ele faça para você. Mesmo
após ter feito esse adelgaçamento, o hollemback deverá ser amolado imediatamente, com lixas. Mesmo depois,
às vezes quando não estiver cortando bem, você deverá tornar a amolá-lo, mas desta vez com pedaços de lixa
d’água, começando com a nº 120 e depois passando na nº 220 ou 320 para ficar sem estrias e bem lisinho.

Fig. 4.1 - Adelgaçamento das lâminas do hollembach, imprescindíveis para que funcione bem.
 Com a lâmpada a álcool – Um objeto que pode provocar acidentes às vezes grave, é a lâmpada a
álcool, posto que muitos alunos nunca tiveram contato antes com este tipo de equipamento. Deve-se então ter o
cuidado de observar como o professor faz pela primeira vez ao encher, ao acender, etc e nunca acender uma
lamparina na chama de outra.

Fig. 4.2 – Atenção! Nunca acender sua lamparina na chama de outra – isso pode causar acidentes
graves no laboratório.
 Para encher – Nunca enchê-la acesa, pois dentro da garrafa de álcool, existe o gás da evaporação do
mesmo e ao chegar perto de uma chama, este gás explode. Nos corredores da FAFEID existem extintores de
incêndio, mas nem por isso deve-se facilitar.
 Se acontecer e uma lamparina pegar fogo por fora, ou coisa semelhante, a primeira providência é sair de
perto do local imediatamente. Logo em seguida, embeber um pano com bastante água e jogar por cima para
abafar o fogo.
 Ao encher, não exceder um limite para o uso do dia – não se deve encher até a boca, pois ao fechar a
lamparina, o pavio ocupa o seu espaço e faz o álcool transbordar e ele poderá se inflamar ao acender a

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lamparina – e mesmo se não transbordar, ao encher muito, a “respiração” do interior da lamparina fica
dificultada e começa a transbordar logo após e o álcool que sair vai se inflamar.
 Com o pavio: Pavios de algodão são os melhores – convém até ao comprar a lamparina, substituir logo o
pavio por um de algodão, pois os que vêm acompanhando-a não têm a capilaridade igual ao do algodão, e não
queimam muito bem.
 Não colocar muito pavio para fora – Vai criar uma chama grande, vai queimar o álcool mais rápido, vai
aquecer em demasia a lamparina, vai aquecer demais o instrumento e, além disso, tem o perigo iminente de
chamuscar os cabelos. Além do inconveniente de exacerbar o efeito da “respiração” da lamparina, e fazendo-a
transbordar. Como último inconveniente das chamas grandes, elas fazem aumentar o calor nos dias de verão,
tornando a sala quente.
 Pavio não muito grosso – Se passar pelo orifício da lamparina muito apertado, a capilaridade fica
prejudicada, o álcool não sobe o suficiente e o fogo fica insatisfatório.
 Com Isqueiros - quem quiser usá-los deve evitar a proximidade com a lamparina, pois podem se
incendiar se forem expostos ao calor da lamparina. O bom mesmo é usar palitos de fósforo para acender.
 Com o trabalho – ao guardá-lo observar se o articulador está bem fechado e travado para que o trabalho
não quebre no transporte (lembra do que falei sobre os fechos ruins das caixas?) além de ter o cuidado de não
levar a lamparina carregada de álcool neste trajeto.
 Com os instrumentais em geral – cuidar para levá-los sempre acondicionados em uma caixinha tipo
caixa de retrós, que ganhamos em casas de armarinho, pois assim eles não entortam, não perdem o fio, não
ficam batendo nas outras coisas na caixa do articulador. O hollemback principalmente,deve ser guardado com
cuidado para não perder o fio.
 Modelos montados: o melhor é levá-los montados no articulador. Os novos modelos de articulador têm
uma trava que impede que abram. É uma trava eficiente. Mas é sempre bom ter um pedaço de espuma para
acomodar o articulador bem apertadinho na sua caixa.
 Cortador de gesso: ao cortar modelos, devemos em primeiro lugar, observar como o professor faz, para
depois tentar cortar um modelo que já não se vai usar para experimentar como é o corte; não esquecer de
sempre usar óculos de proteção e de abrir a água, pois senão, o disco de corte vai ficar embotado de gesso e não
corta. O modelo deve ser seguro com as duas mãos bem firmes para não pular e causar acidentes. Não devemos
apertar muito contra o disco de corte sob pena de o disco quebrar e causar acidentes graves.
 Disco de lixa no mandril para peça de mão: ao usarmos a peça de mão para fresar alguma coisa, que seja
resina, ou mesmo para amolar algum instrumental, devemos sempre usar proteção para os olhos, pois faíscas
sempre se soltam do material trabalhado.
 Gesso: o gesso, para muitas pessoas, principalmente as que têm pele fina e sensível, provoca
ressecamento: usar logo após a manipulação um creme hidratante ou usar luvas.
 Pia: nunca lavar restos de gesso na pia, pois o gesso como toma presa mesmo dentro d’água, vai
endurecer no encanamento e causar entupimento e mau cheiro. Os restos devem sempre ser retirados com uma
toalha de papel e jogados no lixo; só o restinho é que poderá ser lavado.
 Posição de trabalho: como iremos ficar longo tempo em uma mesma posição, esta deve ser tal que não
sobrecarregue a coluna vertebral e a altura da cadeira deve ser tal que as coxas formem um ângulo de 90º com
as pernas, estando os pés apoiados no chão, além de outras normas que não caberiam neste espaço, mas que são
do conhecimento de todos.

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5 - EXERCÍCIOS DE ADESTRAMENTO MANUAL COM O INSTRUMENTAL, CERA E
LAMPARINA.
Após estes cuidados de adaptação, passa-se então para os exercícios de treinamento com o instrumental,
antes de iniciar o enceramento nos modelos de gesso porque o aluno deverá ser treinado com exercícios de
aquecimento do instrumental, com o método de retirar a cera de seu recipiente, com o método de plastificá-la,
treinar também o controle da temperatura da cera, treinar o uso da lamparina, além de se familiarizar com as
normas de segurança.
A destreza manual começa a ser cobrada na leveza do toque. Terão de aprender por exemplo, através do
treino, que grau de aquecimento do instrumento que corresponderá ao grau ideal de plastificação da cera, o
modo de encostar a cera no trabalho, a que momento encostar, saber quando a cera passou da temperatura, ou
quando o instrumento não a esquentou o suficiente.
Outra destreza que deve ser treinada neste instante é a capacidade do aluno “soldar” uma porção de cera à
que já esteja previamente no seu trabalho, posto que se for adicionada sem ser soldada, o trabalho soltará ou
trincará.

Fig. 5.1 - Como usar os instrumentos que são aquecidos para se retirar cera do recipiente e como pingar a
cera colocando-a no local desejado.
1 Aquecer a ponta do instrumental toda, por volta de um segundo, pouco mais ou pouco menos, dependendo
da espessura da ponta (mais fina esquenta rápido), do tamanho da chama. Isso se aprende com treino.
2 “Pescar” a cera. Para pegar a cera no pote, é só encostar o instrumento quente; não ficar tentando “pegar”
com se fosse uma colher; ao encostar quente, ele pesca o suficiente. Para pegar mais ou menos cera, conforme a
delicadeza do que estiver sendo esculpido, é só colocar mais ou menos comprimento do instrumento em
contato.
3 Aquecer da base para a ponta do instrumento, pois assim a cera desce para a ponta. Se aquecermos a
ponta, a cera “corre” do fogo, e subirá para a base do instrumento, deixando-o todo sujo. O correto é aquecer
atrás da parte que pescou a cera, para a cera correr para a ponta, formando a gota. Dura também um segundo ou
menos. Se sair uma fumacinha, é porque passou da temperatura e só com o treino é que saberemos.
4 Pingar no local desejado – O pingótomo é um “pincel” de cera: onde formos com a ponta dele, a cera irá.
A temperatura é que vai definir se vai pingar rápido (tudo de uma vez se estiver muito quente) ou lentamente
(se estiver menos quente) A gota deverá ser pingada onde quisermos, ou poderemos esperar esfriar um pouco,
um segundo ou um pouco mais, até que chegue a uma temperatura mais baixa. Ao colocarmos cera em cima de
cera, a ponta do pgt deverá entrar um pouco na cera já dura, para que a outra porção se solde nela.

13
6 - EXERCÍCIOS DE RECONHECIMENTO DA ANATOMIA DENTÁRIA
Juntamente com os exercícios de treinamento com o instrumental, faz-se um reconhecimento das diversas
estruturas anatômicas da coroa dentária, das peculiaridades de cada dente que se vai esculpir, com um tipo de
exercício que se faz com os próprios modelos de gesso nos quais se vai trabalhar.
Neste reconhecimento, à medida o professor vai ditando e localizando as estruturas, faz-se o
acompanhamento e logo após, o aluno vai pintando com o pincel número 0 e guache as estruturas no modelo de
gesso.
 área de ameias: diferenciar as ameias vestibulares da linguais, estas últimas são sempre mais abertas e
profundas que as vestibulares (Fig. 6.1 a e Fig. 6.2);
 local do contato proximal Localizado mais vestibular, visto que todas as faces proximais convergem para
lingual Isso implica que o diâmetro mésio-distal das coroas na lingual será sempre menor e isso vai gerar o
deslocamento do contato e também a área de ameias diferentes. (Fig. 6.1 b e Fig. 6.2);
 localizar e riscar com a lapiseira o equador do dente, para que fique visualizada a sua sinuosidade e a sua
localização. O equador é o maior diâmetro do dente em todos os sentidos e passa pelas bossas vestibulares e
linguais e também pelo ponto de contato nas proximais. (Fig. 6.1 c );
 localizar e pintar de azul o perímetro oclusal, que é justamente o limite da face oclusal propriamente dita,
composto pelas arestas longitudinais das cúspides e pelas cristas marginais. No perímetro oclusal vão ser
localizados muitos dos pontos de contato oclusais. O reconhecimento do perímetro é muito importante e não
deve haver dúvidas nisso (Fig. 6.1 d );
 A papila gengival ocupa um espaço abaixo do ponto de contato entre dentes vizinhos. Numa visão por
vestibular e também por lingual, verificar o espaço preenchido por ela. Perceber como a convergência de faces
proximais para cervical possibilita a presença desta gengiva neste local sem a traumatizar. É ressaltado neste
momento, a importância do respeito que se deve ter às estruturas periodontais, não invadindo os espaços
destinados à gengiva (Fig. 6.1 e);
 Bossas: colocando o modelo na altura dos olhos e observar de anterior para posterior, as faces vestibular e
lingual. Nelas existe uma região de maior convexidade, localizado mais cervicalmente nas vestibulares e à
meia altura nas linguais. Dizemos que uma escultura está com subcontorno quando essa bossa está menos
bojuda que os outros dentes e com sobrecontorno quando ultrapassa o contorno dos demais. Tanto um caso
como outro são prejudiciais à saúde da gengiva (Fig. 6.1 f );

Fig. 6.1 Verifique todas estas estruturas em seu modelo, pois cada uma tem sua importância na escultura do
elemento dentário. Vide texto.

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Fig. 6.2 - Convergências de faces e a conseqüência na forma das ameias e importância do contato proximal
na proteção da papila interdental.
 Cristas triturantes: Considerando cada cúspide como uma pirâmide de base quadrangular, as vertentes
triturantes são as duas faces desta pirâmide na face oclusal. Cristas triturantes são o encontro das duas
vertentes triturantes. Localizá-las e pintar de vermelho. (Fig. 6.3 a);
 Vertentes externas das cúspides: As outras duas faces da pirâmide ficam ou na vestibular ou na
lingual; o encontro destas duas facetas gera as vertentes externas e cada vertente fica sendo denominada
de vertente lisa mesial ou distal (Fig. 6.3 b);
 O ápice das cúspides é nada mais nada menos que o encontro destas quatro vertentes; o topo da
pirâmide. É este ápice que se dirige para o fundo das fossas antagonistas ou para o encontro de duas
cristas marginais, conforme o esquema oclusal. Pintá-las de amarelo (Fig. 6.3 c);
 Contatos oclusais: verifique que este ápice nunca toca o fundo de fossa pois não é agudo, e sim um
pouco arredondado. Perceba também que logo ao lado dele e bem próximo, existem contatos com o
dente antagonista – isto é verificado colocando um papel carbono fino entre os modelos e ocluindo-os.
Vamos vê-los marcados (Fig. 6.3 d);
 Fossas: localizar e riscar de preto mesmo. As fossas são os pontos de encontro dos sulcos principais ou
do sulco principal mésio-distal com as cristas marginais. Nelas é que os ápices de cúspides serão
contidos. Ao lado delas, próximo ao fundo, ficam os pontos de contato das cúspides antagonistas (Fig.
6.3 e);
 Cúspides de contenção cêntrica: verificar quais cúspides se dirigem para o fundo de fossa ou para as
cristas marginais: dos dentes inferiores são as vestibulares e dos superiores são as linguais. Elas é que
fazem a contenção da oclusão;
 Sulcos principais mésio-distais: localizar e pintar de preto (Fig. 6.3 f). Verificar nos molares inferiores
uma sinuosidade neste sulco, conseqüente do imbrincamento das cristas triturantes umas com as outras.
Nos molares superiores, a interrupção deste sulco pela ponte de esmalte. Nos pré-molares, um sulco
curto, tendo de cada lado, um “Y” característico das margens mesial e distal dos mesmos, que delimitam
as cristas marginais e que constituem as fossas mesiais e distais (Fig. 6.3 g);
 Sulcos principais vestíbulo-linguais: localizar e pintar de laranja. Verificar que nos seus encontros com
os mésio-distais estão localizadas as fossas centrais (Fig. 6.3 h);
 Sulcos secundários e cristas secundárias: localizar e pintar de marrom ao lado de cada crista triturante
das cúspides, limitando-as, os sulcos secundários (Fig. 6.3 i); São os limites mesial e distal das mesmas
Verifique que são sempre curvos. Se existirem mais outros sulcos fora destes limites, teremos então as
cristas secundárias (Fig. 6.3 j ).

15
Fig. 6.3 - A face oclusal e suas estruturas – vide texto

Avenida Francisco Sá e ao fundo prédio da antiga estação Ferroviária da EFCB

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7 - ESCULTURA de DENTES em CERA em TAMANHO NATURAL
em MODELOS de GESSO
Um dos maiores objetivos da disciplina é justamente, exercitar conhecimentos de anatomia dental que se
aprendeu em períodos anteriores. Ao fazer um dente em cera num modelo de gesso, o aluno despenderá mais
tempo observando e copiando os detalhes, que se fossem apenas estudados e vistos não ficariam tão
memorizados.
Os acidentes anatômicos de cada face devem ser esmeradamente copiados, as convergências, as
convexidades, as concavidades, a linha do colo, as proporções e as inclinações da coroa, enfim, todos os
detalhes anatômicos que, mesmo se formos ficar falando e repetindo em aulas, os alunos não estariam
aproveitando nem a metade do que se poderia aproveitar se os fizerem em três dimensões, no tamanho natural e
“in loco” nos modelos de gesso.
Neste primeiro trabalho, os dentes serão encerados e esculpidos sem a preocupação de colocá-los em
oclusão, tendo porém o cuidado de alinhá-los, colocá-los do mesmo tamanho que o seu homólogo (sempre
haverá um dente equivalente para comparação em modelos iguais porém sem preparo justamente para olhar e
copiar os detalhes).

Esta escultura seguirá o seguinte roteiro:


1 – Escolha da cor de cera a usar
2 – Enceramento do dente em questão com espátula 7 – isso dará rapidez ao trabalho e o aluno aprenderá a
ter controle sobre a temperatura do instrumental / cera, aprenderá a modelar a cera com o instrumental quente /
morno, evitando trocar em demasia de instrumental e aprenderá também que cada instrumental serve para
outros fins além daquele para que foi projetado.
3 – Corte da cera, procurando em primeiro lugar, retirar os excessos que foram deixados pelo enceramento,
visto que o instrumental de corte é mais delicado e preciso; depois deverá se lembrar dos conhecimentos de
anatomia para dar a forma do dente que almeja fazer no bloco de cera que encerou;
Em primeiro lugar, deverá ir definindo as convergências de faces, depois os ângulos entre as faces livres e
proximais, depois as inclinações, convexidades das faces livres. Cada passo desses deverá ser acompanhado de
uma cuidadosa observação do modelo de gesso fornecido.
Isso fará com que o aluno, ao copiar as formas do modelo de gesso, vá se lembrando, e ao se lembrar, vá
memorizando, e ao memorizar, vá se acostumando com as formas dentais para que, ao construir um dente em
oclusão, estas formas já estejam incutidas em sua memória, para aí sim, se ocupar mais com os aspectos
oclusais, que já serão mais complexos.
Para os dentes anteriores, temos condições especiais a serem seguidas que serão esclarecidas nas aulas sobre
estética. Cada dente deve ter sua inclinação, tamanho relativo, posição, contato proximal, etc. Ângulos e bordas
influenciam e muito na estética e devem ser acuradamente observados; a altura do colo, a altura da borda
incisal, a linha do sorriso, o corredor bucal, cada detalhe destes altera o arranjo estético final. Até mesmo os
diâmetros mésio-distais dos dentes anteriores guardam entre si um estreita relação de proprocionalidade que, se
não seguida, prejudicará a estética; o ponto de contato, de acordo com a altura inciso-cervical em que se
localizar, poderá denotar até envelhecimento ou jovialidade para a pessoa.
E por fim, ângulos mais marcados ou mais arredondados, forma mais quadrada ou mais oval, e até mesmo a
inclinação vestíbulo-lingual do colo ou da borda incisal denotarão um caráter mais masculino ou feminino para
o paciente.
Dito isso, fica claro que a observação é um fator preponderante para o aprendizado da escultura. Que o
aluno, além de aprender certas regras para fazer a escultura de dentes, deverá ter em mente no mínimo, o
conhecimento de anatomia, pois depois de ler isto fica bem claro que somente isso não bastará para um trabalho
satisfatório.

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Acerca da anatomia dos dentes posteriores, será falado no início de cada aula algo como uma revisão, uma
lembrança, mas imagina-se que todos já conheçam os detalhes anatômicos com algum domínio. Repetindo o
que foi dito logo acima, o conhecimento da anatomia é o mínimo necessário para se realizar a escultura. Nos
dentes anteriores, a estética é um fator super volúvel e qualquer mudança, mesmo ínfima, alterará a estética.
Nos posteriores não é diferente: O conhecimento da anatomia dará somente uma idéia do que se irá fazer. É
verificado que existem inúmeras variações entre dentes de mesmo grupo, por exemplo: um primeiro molar
superior tem tais e tais características gerais, mas numa pessoa ele tem um aspecto e noutra tem outro, tem
cúspides mais marcadas, ou sulcos mais curvos, ou mais cristas secundárias, ou mais convergências de faces e
assim, devemos observar também, os dentes remanescentes para podermos fazer para aquela pessoa o melhor
que pudermos, com a ressalva de que com o mero conhecimento da anatomia, teremos um trunfo, mas somente
um. Os outros virão como treino e a dedicação aliada ao senso de observação de detalhes cada vez menores.
4 - Como passo seguinte, temos o corte da face oclusal, para o qual temos uns passos que facilitarão o
enceramento e a escultura:
A – Localização e alinhamento do sulco mésio-distal – para que o dente em questão não fique fora do
alinhamento dos seus vizinhos. Um corte em “v” mésio-distal deverá ser feito na cera no lugar deste sulco.
B – Individualização das cúspides – Fazendo cortes agora transversais, conformando cada cúspide em
uma pirâmide, com duas faces livres e duas oclusais.
C – Confecção das cristas marginais, uma de cada lado, cuidando para que não fique extensa demais (a
crista marginal deve ter a largura de um terço do diâmetro vestíbulo-lingual).
D – Verificação das ameias, tanto no sentido ocluso-cervical como no sentido vestíbulo-lingual.
E – Arredondamento dos ângulos externos e internos, retirar um pouco das pontas das pirâmides, etc.
F – Conformação dos sulcos secundários que nada mais são do que a delimitação das cristas triturantes
em cada cúspide, sendo que estes sulcos deverão ser amenizados, para que sejam ondulações e não como regos.
Imagine como se fosse aquelas erosões nas montanhas verdes, aquelas linhas suaves e arredondadas.
5 – Arremate das faces externas, revisão dos ângulos, etc.
6 – Como modo de proceder, faço uma sugestão: Que se faça as faces externas, como um esboço; depois,
passe para a face oclusal, depois para as externas, depois para a oclusal, para que não se acabe em demasia um
trecho sendo que outro esteja no início; desta maneira sugerida, o dente ficará pronto como um todo, mas aos
poucos, no que tange ao acabamento; vai-se criando toda a anatomia e à medida que se completa um ciclo de
faces livres / face oclusal, o acabamento vai se refinando até que chegue no ponto ideal.

Conjunto arquitetônico da Rua do Amparo.

Bibliografia recomendadada
SHILINGBURG et al: Guia de Enceramento Oclusal, 2 edição, Chicago, Rio de Janeiro, Quintessence
Editora, 1988

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8 - MONTAGEM de MODELOS em ARTICULADOR SEMI-AJUSTÁVEL
Após o preparo dos modelos, precisamos montá-los em articulador, para que possamos fazer com eles os
movimentos mandibulares para que a escultura seja submetida a eles. Quero dizer: a escultura que se faz nos
modelos a fim de construir uma RMF, deverá obedecer aos padrões de movimento e de oclusão do paciente.
Para esta operação, há toda uma preparação, seja dos modelos, seja do articulador, seja do material a ser
usado. Vamos falar de cada um em separado.
Do articulador:
Para começar uma montagem, o articulador deve ter registrado em suas guias, os ângulos da guia condilar e
da guia de Bennett. Eles podem ser arbitrados, usando-se 30º para a guia condilar e 15º para a guia de Bennett
ou reproduzidos através de registros obtidos na boca do paciente. No caso deste exercício, vamos registrar
medidas arbitrárias, já que os modelos não são de paciente, não se tem ainda contato direto com pacientes, nem
subsídios para isso. Vamos então regular:
 Guia condílica 30º
 Ângulo de Bennett 15º
No caso de ser em paciente, os registros em cera nos fornece estes dados, mas no nosso caso, isso não se faz
ainda necessário.

Fig. 8.1 Verificando as guias condilar e de Bennett no articulador antes de cada montagem.

 Ainda a verificar, temos o pino incisal, que deverá estar na posição "zero" para que os ramos inferior e
superior estejam paralelos.

Fig. 8.2 - Verificando se o seu pino incisal se encontra no ponto “zero”.

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 Em qualquer dos casos, devemos também verificar se o articulador está com os seus côndilos apoiados
em três pontos na fossa ou seja, na parede posterior, na medial e na superior, pois senão, haverá uma falha de
apoio, resultando em báscula dos mesmos. E qualquer movimento dos côndilos, por mínimo que seja,
comprometerá todo o trabalho. Se côndilos estiverem perfeitamente apoiados simultaneamente nas suas fossas,
o articulador fechará sempre na mesma posição, dando fidelidade aos trabalhos.

Fig. 8.3 – Cuidar para que os côndilos fiquem sempre nos fundos de suas respectivas fossas. Os “côndilos”
do articulador devem estar apoiados em três pontos na “fossa mandibular”. Atente para isso: se não estiverem
apoiados, isso requer ajuste imediato, caso contrário, comprometerá todo o trabalho. O fato de não estar
apoiado não tem nada a ver com a angulação e sim com a distância intercondilar. Esta deve ser
milimetricamente a mesma entre os fundos das fossas e entre os dois côndilos – qualquer folga, por mínima que
seja, acarretará imprecisão e conseqüente insucesso no trabalho.
 Para que todos os alunos tenham os modelos superiores montados na mesma posição, cada um vai usar o
seu arco facial e tomar a posição espacial do modelo do professor, já que o arco facial se presta justamente a
isso. Além disso, essa operação servirá para tomar um pouco de costume com o arco facial. A seguir, cada um
leva o seu próprio arco facial para sua banca, coloca-o em posição em seu articulador, coloca o modelo em
posição no garfo para verificar se o modelo está com o tamanho certo, se vai estar tudo pronto para montar.
 Após estas providências, teremos de fazer retenções nas bases dos modelos. As retenções são para reter
o modelo ao gesso da montagem.
 Logo após ter provado a posição do modelo superior no articulador e verificado se existe retenção, é
necessário hidratar o modelo para o gesso da montagem que vamos colocar em cima dele não resseque ao
contato. Se isto vier a ocorrer, a água necessária para a reação de cristalização do gesso de montagem vai ser
absorvida pelo modelo, tornando o gesso de montagem sem resistência, impedindo sua total cristalização. Fica
quebradiço, parecendo farofa.
 O modelo então é colocado no garfo do arco facial, manipula-se o gesso, colocando-o em cima do
modelo e também nas retenções da placa do ramo superior do articulador e o fechamos delicadamente, para não
forçar o arco facial e não mudar o modelo de lugar. Em seguida, retira-se as sobras de gesso que transbordam,
dando um bom acabamento e contribuindo para uma boa aparência (lembrar que muitas vezes, mostramos estes
modelos aos pacientes e devem ser bem arrematados para causar uma boa impressão nossa).
 O arremate deve ser iniciado com o gesso ainda na presa inicial, quando está numa consistência cremosa
grossa, e devem ser lavadas também as sobras de gesso que sujam o articulador.
 Ao se perceber que esse gesso já tomou a presa final pelo seu aquecimento, vamos relacionar este
modelo superior já montado, com o modelo inferior. Devemos fazer isso bem firmemente para não saírem de
posição durante a montagem do modelo inferior. Unimos os dois com gomas para dinheiro. Este passo é muito
importante e deve ser feito com especial atenção.

20
Fig. 8.4 - Fixação do modelo superior – vide passos no texto

 Temos diversos métodos para relacionar os modelos. Quando estes são montados em MIH, o melhor’
registro é não interpor nada entre eles, como foi dito acima, fixando-os somente com gomas. Quando temos um
registro de cera que é delicado, este registro não poderá ser apertado e por isso, os modelos serão fixados com
palitos de fósforo nas laterais (aos interessados, podem se reportar ao shillingburg, pois não me estenderei aqui
neste assunto). Mas um método que não recomendo é a fixação de um modelo ao outro através de cera
derretida. Eles nunca ficarão intimamente ligados e sim com uma camada da cera. E além do mais, tem o
agravante de ter de limpar esta cera posteriormente.
 Após este relacionamento, vamos colocar o pino incisal, que esteve fora durante a montagem do
superior e regulá-lo na posição “zero”(esta posição de “zero” é o risco contínuo existente no pino).
 Invertemos o articulador, colocando-o de “cabeça para baixo”, colocamos o ramo inferior para testar se
vai fechar normalmente com os dois modelos em posição, para que na hora de fazer o gesso esteja tudo
preparado. Não esquecer de hidratar o modelo inferior.
 Manipula-se o gesso e monta-se como fizemos com o superior. O pino incisal deve encostar na mesa
incisal sem interferências.

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Fig. 8.5 - Montagem do modelo inferior – vide texto
 Não se deve guardar o articulador na caixa neste dia, pois experiências anteriores nos mostraram que o
gesso permanece úmido e amolece, fazendo os próprios dentes se desgastarem ao roçarem uns nos outros.
 Um espaço de tempo deve ser aguardado até que o gesso adquira a resistência seca. Assim, poderemos
abrir o articulador, cortar as gomas, testar abrir e fechá-lo, verificando a existência ou não de interferências
entre os modelos. Caso haja, provavelmente nesta primeira montagem, ocorreu um erro pela falta de prática e o
aluno deve remontar o modelo inferior. Para tanto, ele deve dar umas pancadas na placa até que se solte do
modelo, levar o mesmo ao cortador de gesso, cortar uma espessura suficiente para que possa montar
novamente, relacionar de novo os modelos, repetindo todo o processo de montagem do modelo inferior, não se
esquecendo que desta vez terá que fazer retenções na base, pois ela estará lisa, vinda do cortador de gesso.
 Se as interferências ocorrerem em modelos de paciente, podemos ter a certeza de que erramos. Uma
montagem em MIH não pode nunca mancar. Já uma montagem em RC poderá mancar e não ser erro de
montagem. Isso não é assunto nosso por enquanto, mas até lá, ao fazermos um registro em RC, já teremos a
confiança suficiente e treino para não errar na montagem.
 Ao manipular o articulador, devemos observar sempre se os côndilos estão apoiados nos fundos de suas
respectivas fossas, fato que é mais importante que a própria edentação dos modelos, pois estes podem estar
errados por vários motivos, mas os côndilos devem sempre estar nas posições ideais e devem ser encostados
sempre antes de encostar os dentes. Esta prática é de primordial importância e deve ser observada sempre. Do
contrário, se deixamos de lado esta posição dos côndilos no fundo de fossa e fechamos de qualquer jeito,
podemos estar deixando perpetuar erros na montagem e por tabela, na escultura.
 Repetindo: os côndilos têm a prioridade de se encaixarem e temos de verificar sempre se os dois estão
no fundo de suas fossas, encostando em três pontos simultaneamente, o que deve equivaler ao ponto de maior
equilíbrio dos ramos do articulador. Só depois os dentes são ocluídos. Os côndilos e as fossas são a imitação da
ATM, e esta não cede em importância aos dentes; ao contrário, sempre vão prevalecer. Se houver interferência
entre os modelos, o modelo inferior deverá ser remontado.

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Fig. 8.6 – Três momentos na rotina da lida com o articulador, da esquerda para a direita: Segurar o
articulador com firmeza, mão direita no ramo superior e esquerda no ramo inferior; no meio: os côndilos
tocarão em suas fossas primeiro; à direita: côndilos, modelos e pino encostando juntos e sem bascular é sinal de
acerto na montagem. Essa operação deve ser feita com firmeza, porém, sem exageros. Não se deve ter medo de
desgastar os modelos. Lembre-se de que o pino incisal sempre encosta junto com os modelos e que eles nunca
serão forçados mais do que a perfeita oclusão – nem mais nem menos.
 Uma observação pode ser feita neste momento: após a montagem dos modelos, o gesso da montagem
pode levantar o pino incisal de uma fração de milímetro de sua posição inicial (zero), mas não devemos levar
isso em consideração, posto que neste local, uma diferença desta ordem não é significativa e deve-se apenas à
expansão do gesso da montagem. Vamos baixar o pino até ele voltar a encostar na mesa junto com os modelos.
 O acabamento é uma exigência que se faz para melhorar a aparência do trabalho: após a presa final e de
preferência em outro dia, deveremos lixar com lixa d’água número 80, os excessos de gesso entre a placa e o
modelo, deixando uma superfície regular. Para que fique lisa, outras granulações de lixa poderão ser usadas.
Além disso, podemos recobrir as áreas negativas com um pouquinho de gesso. Fazemos isso com os modelos
retirados do articulador, trabalhando com eles na mão mesmo, debaixo de água corrente.

Fig. 8.7 - Faça o acabamento dos seus modelos já fixados, lixando-os debaixo d’água com lixas próprias
para isso.
Bibliografia recomendada
SHILLINGBURG/ HOBO/ WHITSET - fundamentos de prótese fixa - L Ed. Santos - Quintessence books
- 1a edição - 1986
HENRIQUES, Sérgio Eduardo Feitosa , Reabilitação Oral – Filosofia, Planejamento e Oclusão 1 ed, São
Paulo, Livraria Editora Santos, 2003
DAWSON, Peter E.: Oclusão Funcional – Da ATM ao Desenho do Sorriso – 1 ed, São Paulo, Livraria
editora Santos, 2008

23
9 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA OCLUSÃO
Esquemas oclusais
Para realizarmos a escultura, precisamos primeiro definir como vamos esculpir, a que normas obedecer,
quais pontos de contato procurar, onde colocar as cúspides de contenção cêntrica.
Para isso, existem os esquemas de reconstrução da oclusão que serão usados conforme o caso.
O primeiro esquema de oclusão é o chamado de cúspide-fossa-crista-marginal, no qual cada cúspide de
contenção cêntrica (cúspide funcional), contata a superfície oclusal antagônica em duas cristas marginais
vizinhas ou numa fossa. Também chamada de “oclusão 1 dente versus 2 dentes.”
É o esquema encontrado, nas dentições naturais e como tal, funciona muito bem, apesar de que em alguns
casos onde haja desorganização da oclusão ou problemas periodontais, a dissipação de forças pelo dente e
periodonto de sustentação neste esquema fica um pouco prejudicado, pois neste esquema existe um componente
lateral de forças, justamente quando as cúspides de contenção cêntrica se dirigem para a região das cristas
marginais. Numa oclusão onde haja presença de todos os dentes, e haja contato proximal, estas forças laterais
são recebidas pelos dentes pelos dois lados, equilibrando assim um possível resultante de forças de direção não-
axial, não trazendo prejuízos ao periodonto. Numa outra situação, temos aquela dentição com o periodonto
debilitado, já sem contatos proximais, que já não suporta a carga que lhe é imposta, e devido a esta mobilidade,
há mudança de posição de dentes, tornando-os susceptíveis a receber forças laterais, fato que irá agravar ainda
mais o problema periodontal. A isso chamamos de periodontite secundária, mais grave, que faz aparecer bolsas
mais rapidamente e o ciclo vai seguindo desta maneira, de uma forma destrutiva. Este ciclo destrutivo é um dos
motivos mais comuns que provocam disfunções oclusais nos pacientes. A evolução será grandes perdas de
dentes, grandes espaços edêntulos, desorganização do esquema oclusal, e às vezes, também uma perda de
dimensão vertical. Nestes casos, é aconselhável reconstruir a oclusão do paciente num novo esquema; o
esquema artificial, que facilita mais a dissipação de forças para os elementos remanescentes, que é o esquema
descrito a seguir.

Fig. 9.1 - Esquema oclusal dente versus dois dentes. Fig. 9.2 - Esquema oclusal dente a dente ou
cúspide-fossa

O esquema oclusal de eleição para grandes reconstruções é chamado de relação cúspide-fossa, no qual cada
cúspide de contenção cêntrica (cúspide funcional) se aloja numa fossa oclusal do dente oposto.
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Também chamada de “oclusão 1 dente versus 1 dente,” neste esquema, é preconizado o tripodismo, ou seja,
cada cúspide de contenção é contida em uma fossa do antagonista em três pontos, localizados logo acima da
parte mais profunda da fossa, nas cristas triturantes e nas arestas longitudinais.
O esquema cúspide-fossa permite que a direção das forças seja dirigida no sentido dos longos eixos dos
dentes, evitando sobrecarga no sentido lateral. A relação cúspide-fossa permite o travamento vestíbulo-lingual e
mésio-distal, que dá estabilidade à oclusão nas direções e que justifica o seu uso em casos extensos de
reabilitação da dentição. Lembrar que sempre que se usa este esquema, alguma coisa de grave já ocorreu, e tudo
que se faça para aliviar a carga sobre os remanescentes, concorre para o sucesso da reconstrução.

CLASSIFICAÇÃO DOS ESQUEMAS OCLUSAIS

Esquema Oclusal Cúspide – fossa Cúspide – fossa – crista


marginal
Localização do contato oclusal Somente nas fossas Nas cristas marginais e nas fossas
Relação com os antagonistas Relação dente a dente Relação dente a dois dentes
Vantagens As forças oclusais são dirigidas È o tipo de oclusão mais natural e
ao longo eixo do dente. encontrado em 95% dos casos.
Desvantagens Como raramente é encontrado Se não houver um contato
este esquema em dentição natural, proximal satisfatório entre dentes
só se usa para grandes vizinhos, as cúspides de
reconstruções contenção poderão provocar
impacção alimentar nas
embrasuras
Aplicações Em casos de reabilitação Na maior parte das restaurações
completa ou extensa na prática diária

CONTATOS OCLUSAIS DAS CÚSPIDES NO ESQUEMA OCLUSAL CÚSPIDE -FOSSA

Cúspides vestibulares inferiores Local de oclusão contenção nos dentes superiores


Primeiro pré-molar Fossa mesial do primeiro pré-molar
Segundo pré-molar Fossa mesial do segundo pré-molar
Cúspide mésio-vestibular 1o molar Fossa mesial do primeiro molar
Cúspide mediana 1o molar Fossa central do primeiro molar
Cúspide disto-vestibular 1o molar Fossa distal do primeiro molar
Cúspide mésio-vestibular 2o molar Fossa mesial do segundo molar
Cúspide mediana 2o molar Fossa central do segundo molar
Cúspide disto-vestibular 2o molar Habitualmente não funciona

Cúspides linguais superiores Local de contenção nos dentes inferiores


Primeiro pré-molar Fossa distal do primeiro pré-molar
Segundo pré-molar Fossa distal do segundo pré-molar
Cúspide mésio-lingual do1o molar Fossa central do primeiro molar
Cúspide disto-lingual do1o molar Fossa distal do primeiro molar
Cúspide mésio-lingual do2o molar Fossa central do segundo molar
Cúspide disto-lingual do2o molar Fossa distal do segundo molar

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,Contatos oclusais das cúspides no esquema oclusal cúspide-fossa-crista marginal

Cúspides vestibulares inferiores Local de oclusão contenção nos dentes superiores


Primeiro pré-molar Crista marginal mesial do primeiro pré-molar
Segundo pré-molar Crista marginal distal do primeiro pré-molar e crista marginal
mesial do segundo pré-molar
Cúspide mésio-vestibular 1o molar Crista marginal distal do segundo pré-molar e crista marginal
mesial do primeiro molar
Cúspide mediana 1o molar Fossa central do primeiro molar
Cúspide disto-vestibular 1o molar Habitualmente não funciona
Cúspide mésio-vestibular 2o molar Crista marginal distal do primeiro molar e crista marginal
mesial do segundo molar
Cúspide disto-vestibular 2o molar Fossa central do segundo molar

Cúspides linguais superiores Local de contenção nos dentes inferiores


Primeiro pré-molar Fossa distal do primeiro pré-molar
Segundo pré-molar Fossa distal do segundo pré-molar
Cúspide mésio-lingual do1o molar Fossa central do primeiro molar
Cúspide disto-lingual do1o molar Crista marginal distal do 1o molar e crista marginal mesial
do 2o molar
Cúspide mésio-lingual do2o molar Fossa central do segundo molar
Cúspide disto-lingual do2o molar Crista marginal distal do 2o molar

Fig. 9.2 - Confira os locais de contenção cêntrica das cúspides no esquema oclusal dente a dois dentes.

Fig. 9.3 - Locais de contenção das cúspides no esquema oclusal dente a dente.
Bibliografia recomendadada
SHILINGBURG et al: Guia de Enceramento Oclusal, 2 edição, Chicago, Rio de Janeiro, Quintessence
Editora, 1988

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Preocupado em passar aos alunos desde os primeiros contatos, uma noção de que o
cirurgião-dentista deve ter em sua formação uma boa dose de bom senso, criatividade além de,
é claro, habilidade manual, tento abrir-lhes os olhos para o belo, para o estético, algo que nem
sempre o leigo sabe distinguir, apenas apreciar.
O profissional certamente deve apreciar e acima de tudo, distinguir o estético do
desarmônico, não apenas pelo instinto, mas pelo conhecimento profundo de regras, manobras e
soluções para que possa explicar e oferecer ao seu paciente que o procura na expectativa de um
sorriso mais bonito.
A Escultura Dental é das primeiras disciplinas que enfocam este aspecto com o
acadêmico de Odontologia. E para dar um pouco de ênfase também à criatividade, procuro em
cada ano, criar uma capa nova para o Manual do Aluno, a apostila que o aluno acompanha
durante o curso, contendo os roteiros dos estágios que fará.
Na capa da primeira apostila, em 1999, enfoquei em primeiro plano, o símbolo da
FAFEOD e sua ligação com Diamantina, fixado entre pedras e arbustos próprios do cerrado. À
esquerda, fragmentos de pedras vão aos poucos se transformando em pirâmides e estas em
cúspides. Estes mesmos fragmentos se transformam também num dos arcos do Mercado,
significando assim, que o aluno que vem estudar na FAFEOD deve captar o espírito do
Diamantinense: alegre, trabalhador, festivo e integrado em sua história, representado no
desenho pelas pedras e pela cena do Mercado. Abaixo, numa mesa, vemos um bloco sendo
transformado em dente e ainda vários instrumentais usados em Escultura.
Completando este jogo de cenas, vemos na mesa uma apostila como esta, com o desenho
descrito, sendo usada na orientação passo a passo nos estágios do aluno. Vemos ainda, a
dedicatória à profª Madalena que na época atuava juntamente comigo na disciplina à qual
presenteei com um exemplar.

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13- TÉCNICA DE ENCERAMENTO NEGATIVO
Definição
É uma técnica de enceramento na qual, a partir de um troquel cujas faces livres e proximais foram
previamente esculpidas, se coloca cera em excesso em todo o plateau oclusal, para em seguida se obter uma
impressão dos dentes antagonistas, através da compressão desta cera pelos mesmos.
A partir dos detalhes estampados, que serão justamente, um “negativo” dos detalhes oclusais dos dentes
antagonistas (daí a denominação da técnica), esculpe-se, retirando excessos e remodelando a cera remanescente,
para que se obtenha os contornos e formas anatômicas oclusais do dente em questão.
A princípio, é certo dizer que é uma técnica que possibilita fazer uma escultura rápida, e também que para se
usar esta técnica, os conhecimentos de anatomia devem estar bem apurados.
Para se obter sucesso no resultado final, certos passos devem ser obedecidos:
1 - Após a montagem dos modelos e preparo dos troquéis (desnudamento), prática que se faz para qualquer
técnica (como já foi dito antes, no enceramento progressivo), faz-se a escultura dos dois terços cervicais. Já
nesse início, é preciso que o aluno tenha conhecimentos acurados da anatomia desta região, a saber: cuidados
com as áreas de maior convexidade: neste terço cervical, na face vestibular, que não deve ficar nem muito
proeminente nem pouco. Um excesso de contorno nesta área resulta na falta do massageamento natural feito
pelos alimentos, causando um inchaço no periodonto de proteção; um subcontorno causa retração da gengiva.

Fig. 13-1 Desnudamento do troquel e escultura do terço cervical da coroa, já com todas as convexidades
próprias de cada face; cuidar para não imprimir sub nem sorecontorno às faces livres. Nas faces proximais,
esculpe-se até onde for possível, já que não troquelizaremos os dentes para esculpir. O desenho do troquel é só
elucidativo do que seja um.
Na face lingual, observar o contorno igualmente convexo por lingual; mais suave que na vestibular.
Nas proximais (quando for feito troquel), observar que na mesial existe sempre uma tendência a haver uma
certa concavidade, ou senão uma superfície quase plana no terço cervical, que vai diminuindo em direção ao
ponto de contato, onde já se torna convexa. Este, por sua vez, também tem uma característica que deve ser
observada que é o seu tamanho: o contato proximal não deve ser exagerado, mas também não deve ser pontual
para cumprir sua missão de proteger o col e também a papila gengival por inteiro, que se localiza abaixo dele.
Já a concavidade da qual se falava anteriormente, tem a função de fornecer o espaço necessário para a
acomodar a papila interdental.
Na face distal, a convexidade predomina, quase não se observa concavidade mesmo no terço cervical e na
proximidade do contato, esta convexidade se exacerba.
Numa visão oclusal, as ameias vestibular e lingual são separadas pelo contato e são diferentes, sendo que a
ameia lingual sempre mais comprida V-L que a vestibular, exceto entre o primeiro molar superior e seus
vizinhos, por causa da inversão da convergência de suas faces proximais.

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Fig. 13-2 Na esquerda, uma vista por oclusal: observe como o ponto de contato é vestibularizado; na direita,
uma vista por vestibular para observarmos o espaço da papila que é proporcionado pelas ameias cervicais e
como o contato proximal fica no terço oclusal.
Importante: no enceramento negativo, enfatiza-se muito a observação do dente contralateral para registro das
características para aplicar no dente que se esculpe.
Porém deve-se observar que toda característica em exagero é prejudicial ao resultado final ou seja:
observamos, porém, o que não nos for conveniente não é feito. Um exemplo bom seria o tubérculo de Carabelli:
que função teria este tubérculo numa restauração fundida? Seria o caso de o omitirmos então.
Outra coisa que se deve ter em mente, é que em trabalhos que exigem dos operadores muita atenção aos
detalhes, é conveniente em certa etapa, que o deixe de lado um pouco para se espairecer, para que, logo que o
veja e se concentre novamente, se observe detalhes que antes passaram despercebidos. Este procedimento
exercita no operador o senso crítico e o cérebro atentará a cada vez, a mais e mais detalhes, levando-o ao
aperfeiçoamento.

2 - Estando as faces livres esculpidas, passa-se à escultura da face oclusal. Antes, é conveniente isolar com
vaselina os dentes antagonistas ao que se está esculpindo. Enche-se de cera em excesso todo o platô que
resultou da escultura das faces livres por oclusal para que, ao fechar o articulador, os antagonistas façam uma
impressão nesta cera. É nesta impressão que vamos nos basear para fazer a escultura da face oclusal. Observe
que o fechamento do articulador em cima desta cera deve ser feito com ela ainda plástica, ou melhor, bastante
plástica, quase líquida, apenas esperando somente que perca o brilho. O amolecimento desta grande quantidade
de cera deve ser feito com a espátula sete. As primeiras porções colocamos com cuidado para não escorrer para
fora do plateau. Como a quantidade deve ser maior, colocamos com a espátula sete. E para que estas porções
fiquem bem soldadas no plateau, esquentamos mais um pouco a espátula, desta vez sem cera e atravessamos a
cera, chegando na cera do plateau, para soldar nela. Novas porções podem ser mais generosas até que
percebamos que vai para derramar; ultrapassado o limite oclusal dos vizinhos, podemos esperar perder o brilho
para imprimir. Um erro comum de acontecer na primeira vez é o aluno ter medo de colocar muita cera e ir
colocando devagar. Assim, ao imprimir, a cera de baixo já estará dura. Deveria portanto, esquentar a espátula
sete bastante e penetrar na cera muitas vezes até que volte a plastificá-la pr inteiro antes de imprimir.

Fig. 13-3 Impressão das estruturas oclusais antagonistas no platô. Detalhe: no desenho não está estampado o
articulador; mas os modelos estarão montados.

Esta impressão vai ser a base da nossa escultura e a ela se deve também o nome que a técnica leva, pois
depois desta impressão, o que teremos é justamente um negativo da face oclusal dos antagonistas. Para que
possamos interpretar esta impressão, precisaremos neste momento, de lembrar de todos os detalhes antômicos
do dente que iremos fazer, da qual a impressão nos dará dicas: onde houver um sulco nos antagonistas,

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aparecerá uma crista na impressão (futura vertente), onde houver uma cúspide, aparecerá uma depressão (futura
fossa), onde houver uma fossa, aparecerá um ápice (futura cúspide).
No esquema oclusal dente versus dois dentes, vai aparecer também a impressão de duas cristas marginais
que deveremos interpretar como lugar de futura cúspide. Há que se educar a vista para poder identificar onde
vai localizar cada acidente anatômico de sua futura face oclusal, e isso vai demandar do operador, um
conhecimento bem mais acurado de anatomia, pois do mau planejamento nesta fase vai resultar uma escultura
defeituosa no final.

Fig. 13-4 Retirada dos excessos grosseiros e decisão de onde serão localizados cada acidente anatômico
3 - A partir dessa impressão, retira-se com uma espátula 7 ligeiramente aquecida, os excessos mais
grosseiros por vestibular e por lingual.
4 - Ato contínuo, com a espátula nesta mesma temperatura, (deve-se testá-la nas costas da mão até se
acostumar com a temperatura ideal de se fazer isso), delimita-se o sulco principal mésio-distal, e o vestíbulo-
lingual, meio caminho andado já para a divisão das cúspides e de sua conformação geométrica. Este sulco MD,
deve ser uma continuação dos vizinhos, para se obter o que se costuma designar como o "corredor oclusal". Na
divisão das cúspides, observar então, onde ocorreram “picos” na impressão, para planejá-las nestes locais que,
como dito anteriormente, são os negativos das fossas dos antagonistas.

Fig. 13-5 Início da conformação dos acidentes anatômicos, planejamento da futura face oclusal.
5 - Cada cúspide então é conformada com sua característica principal, que é a forma de pirâmide de base
quadrangular. Têm-se o cuidado de não deslocar cera de outros locais para as futuras vertentes, pois assim
criaríamos locais com excesso de cera, provocando pontos prematuros. Atentar também para não retirar demais
em áreas de cristas, o que acarretaria uma sub-oclusão no local. Para não acontecer nada disso, deve-se sempre
fechar o articulador. Esculpindo com a espátula aquecida, perceba que a cera na qual mexemos deverá estar
sempre um pouco plástica e então, o fechar o articulador deve ser uma manobra automática ao mexer em

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qualquer porção de cera. As cúspides devem ter o seu ápice localizado onde houver um ápice impresso, ou seja,
em área de fossa no antagonista, ou então em área de cristas marginais no antagonista.

Fig 13.6 - Após concluir este primeiro esboço grosseiro da face oclusal, teremos o que se costuma chamar de
fase geométrica. Nesse passo, têm-se as cúspides marcadas, os sulcos delimitados, faltando fazer ainda as
cristas marginais, o que não se tem ainda, posto que se passou a espátula de fora a fora, na delimitação do sulco
mésio-distal. Deve-se observar ainda, a correspondência dos acidentes anatômicos, se estão em perfeita
harmonia com os antagonistas. Faz-se então, movimentos de lateralidade com o articulador, para verificar se
existe alguma interferência. Há que se dizer: as cúspides podem não estar na posição dita ideal anatomicamente
falando, mas o que vale mais na reabilitação de um dente é a funcionalidade. Além disso, pode-se observar
também, uma cúspide a mais ou a menos, mas prevalece a função à anatomia.
7 - Procede-se então ao acabamento de cúspide por cúspide, tomando o cuidado de adotar uma sistemática
para se fazer isso, como por exemplo, começar sempre pela mais mesial e vestibular, indo para distal e lingual.
Deve-se arredondar, deve-se deixar os contatos oclusais o mais pontuais possível, retirar áreas que possam estar
ainda côncavas. Devemos evitar áreas de concavidade, pois essa forma gera pontos de contato oclusais pouco
funcionais. Além de não apoiar as cúspides antagonistas, pode gerar deslizes, faltarão áreas de escape de
alimentos e além do mais, diminuirá a eficiência mastigatória pela diminuição da pressão (lembrar que pressão
= força sobre área). Ao conseguir os contatos, vamos nos esmerar para três em cada cúspide (tripodismo), como
já foi dito exaustivamente na descrição da técnica progressiva. Eles são sempre: dois nas arestas longitudinais
logo abaixo da ponta da cúspide e o terceiro na crista ou vertente triturante.

Rua do Rosário com a Igreja de N.Srª do Rosário dos Pretos ao fundo

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Fig. 13.7 Fase geométrica e arredondamento das vertentes.
Lembretes importantes:
 Cada cúspide deve ser contida no antagonista por três pontos, ou dois, se esta for em cristas marginais;
 Cada par de cristas marginais ou fossa apoiar uma cúspide de contenção antagonista em dois ou três
pontos de contato, respectivamente;
 As arestas devem ser arredondadas para não ficarem muito marcadas como linhas retas e cada local tem
sua curvatura característica, conforme o conhecimento anatômico da área;
 Nas faces livres pode-se alisar passando uma meia fina de senhora, em lugares onde não houverem
detalhes e evitando os pontos de contato já nas arestas longitudinais.
 Não esquecer de fazer sempre, movimentos de lateralidade com o articulador.
 Na oclusal, após tudo esculpido e tendo revisado a oclusão, passar um algodão embebido em álcool e
detergente.
 Esculpir os sulcos secundários – um de cada lado das cristas triturantes.
 Verificar neste momento, o término cervical, adaptando a cera ao término do preparo, para que na
fundição, não falte metal nesta região (só em casos de ter feito troquel).

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 Dar um alisamento geral em todo o padrão de cera. Sempre que estiver entediado e achar que não é um
passo necessário, lembre que alguns segundos de alisamento na cera serão alguns minutos a menos no
acabamento do metal.
8 - Havendo disponibilidade de tempo, é sempre bom, passar pela fase de "esquecimento" (ROCHA, R.L.)
Última das fases, é sempre de bom alvitre se fazer isso, posto que o nosso cérebro às vezes nos engana,
passamos a achar que o nosso trabalho está perfeito ou que pouco poderia ser feito para melhorar, mas para
nosso espanto, ao sairmos e espairecermos algum tempo, ou até mesmo de um dia para o outro, os defeitos se
tornam evidentes e o nosso senso crítico passa a acusar mais e mais, o que sem dúvida, vai contribuir para nos
aperfeiçoarmos aos poucos para que nos próximos trabalhos tais erros não venham a ocorrer, e que vejamos
outros defeitos cada vez mais sutis.
Fase de recuperação de contatos e Fase de esquecimento
Fase de recuperação de contatos
Esta fase não foi descrita por Everitt Payne e nem por Thomas, mas achamos necessário mencioná-la,
pois do contrário, estaríamos ignorando o que realmente acontece na prática com alunos e também com
protéticos experientes, posto que é praticamente impossível fazer uma escultura bonita, correta, executar
os sulcos principais, secundários, dar um alisamento geral nas faces, sem que percamos alguns, senão
muitos pontos de contato conseguidos ao longo de todo este processo.
Por este motivo, incluímos esta fase com a finalidade de recuperar os contatos que foram perdidos,
ou melhor, “aliviados”, em algum momento do enceramento e escultura.
Faz-se então uma conferência, colocando pingos minúsculos de cera com a pontinha do pingótomo
nos locais que deveriam haver contatos.
Estes pingos são da mesma cor da estrutura à qual estão incorporados e com a qual foram
inicialmente conseguidos, ou que seja verde, azul ou vermelho.
A cada pingo adicionado, fecha-se o articulador e vai-se conferindo ponto a ponto, de preferência
com a ajuda do professor que tirará um dia só para isso e seguindo o processo na página composta
justamente para esta finalidade.
Em seguida, há um desenho com todos os pontos de contato com setas indicativas, e com a
numeração com a qual é descrita no texto. Desta maneira torna-se fácil ir localizando os pontos e
aproveitando para ir memorizando novamente todos eles.
Chamo a tenção neste momento para o fato de que esta pequena quantidade de cera adicionada deve
estar bem fundida à escultura já existente. Para isso, deve-se aquecer um pouco mais o pingótomo e
neste momento uma nova destreza o aluno deve ter: a de aquecer mais, mas não a ponto de destruir o
que foi feito: grande concentração é preciso. Há o perigo de a cera ficar trincada ao se fechar o
articulador se não estiver soldada a contento.
Esta cera de recuperação na maioria das vezes, restará muito fina, necessitando portanto de muito
cuidado também no seu arremate para não arrancá-la .
Verifica-se após a conclusão desta fase, que muitos pontos foram reavivados, ou melhor, estavam
perdidos, aliviados, e não seriam pontos de efetivo apoio oclusal depois que a restauração fosse
fundida.
Melhor dizendo: se negligenciarmos esta fase, teremos no final, após tantos cuidados, uma
restauração aquém de nossas expectativas, com menor número de pontos de contato e pouco equilíbrio
oclusal.
Esta fase é particularmente simples de ser feita, porque a escultura já está completada e
qualquer desvio ou borrão que houver, qualquer porção maior de cera que for adicionada, poderá
ser imediatamente arrematada e passa-se para o próximo ponto da conferência.
Porém, se o aluno não seguir esta recomendação, e ir recuperando a esmo todos os pontos para
arrematá-los todos de uma vez, o trabalho virará uma balbúrdia e mais difícil de ser arrematado.
Precisa-se ter em mente do maior objetivo da fase que é a memorização dos contatos oclusais e
deve-se ter paciência para esta conferência.

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Outro ponto positivo para fazermos a descrição desta fase, é que nela, têm-se a oportunidade única de
conferir ponto a ponto de contato, sem se preocupar muito com a anatomia, que já está definida e assim,
o aluno pode aproveitar melhor para memorizá-los ainda mais, compreendendo melhor a dinâmica da
oclusão.
Verifique logo abaixo, depois da fase de esquecimento, um desenho com todos os pontos de contato
possíveis de se conseguir neste enceramento, juntamente com sua numeração à qual foi referido no texto
e aonde cada ponto vai se encontrar no antagonista, para lhe ajudar na sua recuperação de contatos.

Fase de esquecimento
Fase de espairecimento seria uma descrição mais correta, se pensarmos no aspecto semântico, mas
conservo o termo esquecimento com o intuito para chamar a atenção para este importante aspecto.
Esta fase, a última da nossa descrição, tem uma função um tanto subjetiva, mas que demonstrou
funcionar: ao ficarmos concentrados em uma tarefa, principalmente se a mesma for uma coisa nova que
estamos realizando e não temos um costume maior com ela, passamos a achar que o nosso trabalho está
perfeito, ou que pouco poderia ser feito para melhorar.
Isso acontece porque a nossa consciência crítica ainda está sendo aprimorada em relação a esta nova
atividade.
Mas, acredite: ao nos afastarmos desta tarefa e espairecermos um pouco, ou melhor, deixarmos para
voltar ao trabalho somente no dia seguinte ou alguns dias após, ao nos depararmos com ele novamente
iremos perceber os defeitos que estavam disfarçados à nossa percepção da última vez em que estávamos
concentrados realizando-o.
Este efeito de disfarce se deve, é claro, a uma armadilha da nossa mente, que no intuito de ver a
tarefa terminada, “disfarça” ao olhar cansado, defeitos que da próxima vez não passarão desapercebidos.
Outra maneira de aprimorar nossa capacidade crítica é olhar os trabalhos dos colegas, pois com
certeza vamos nos deparar com trabalhos melhores e piores que o nosso. Isso tem dupla função: além de
percebermos os nossos erros vendo trabalhos que não têm os mesmos erros, poderemos ajudar o colega,
sugerindo com corrigir algo naquilo em que fizemos melhor que ele.
Assim, após algum tempo, os defeitos se tornam evidentes, e o nosso senso crítico passa a acusar
sempre mais e mais, o que sem dúvida, vai contribuir para nos aperfeiçoarmos aos poucos, para que nos
próximos trabalhos, os erros percebidos não voltem a ocorrer e também para que vejamos outros cada
vez mais sutis.
É a sutileza que nos torna diferenciados, é um pequeno detalhe que nem achamos nos livros e que
passamos a perceber, é que nos diferencia da maioria e nos faz crescer e tomar gosto pelo que fazemos.
Portanto, havendo disponibilidade de tempo, é sempre bom passar pela fase de esquecimento, que
seria de uma outra maneira de ver as coisas, uma fase de “conferência” de resultados.

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Este desenho facilitará a compreensão espacial dos pontos de contato oclusais.

Fig 12.13 - Desenho espacial dos contatos oclusais no esquema dente a dois dentes.

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Capa da apostila 2001: Em primeiro plano, vislumbrando a transformação da FAFEOD em FAFEID,
coloquei o símbolo FAFEID como que despontando do Itambé. Perceba que não havia ainda a oficialização
da FAFEID, mas nunca tivemos dúvidas.O sorriso representa o bem que a FAFEOD, desde a sua criação,
representou para o povo do Vale do Jequitinhonha, por sua vez representado pelo ícone Pico do Itambé. O
sorriso que se vê ao sopé do Itambé representa a fonte da qual flui o “rio de conhecimentos” que se espalham
e irrigam o Vale, dando vários frutos (árvores) e como nossa disciplina faz parte deste “rio de
conhecimentos”, criei então uma canaleta que capta da cachoeira uma pequena porção deste fluido, para que
se transforme aos poucos na Escultura Dental. Esta canaleta se apóia em três pilares que são as bases da
Escultura Dental: a Forma que é emparelhada pela Anatomia, a Fisiologia com a Oclusão e a Estética com a
Harmonia das estruturas.

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14 - ESCULTURA EM AMÁLGAMA
Considerações iniciais
Para que se obtenha sucesso numa restauração de amálgama, em primeiro lugar, além da indicação adequada
do material, devemos atentar para os cuidados com o preparo cavitário; este deve ser confeccionado de acordo
com as normas que dita a Dentística Restauradora, para obtermos sucesso e durabilidade na restauração.
A escultura é um dos passos finais, ou melhor, depois da escultura, existem mais dois passos somente: a
brunidura, que podemos considerar como uma adequação da superfície esculpida à cavidade bucal, tornando-a
lisa e também como uma preparação para o passo final, que é o acabamento e polimento.
De uma boa escultura vai resultar uma restauração que não retenha alimentos; que desempenhe a função
massageadora gengival corretamente; uma restauração que desempenhe a função mastigatória satisfatoriamente
sem interferências oclusais; e que restaure, na medida do aconselhável, a anatomia original do dente, do que
dependerá para desempenhar todas estas funções acima (justifico meu grifo: a anatomia original do dente não é
a ideal para se obter no amálgama: sulcos profundos não devem ser o nosso objetivo: a superfície de amálgama
deve ter um relevo suave).
Para uma boa escultura concorrem vários fatores:
 Treinamento do operador - para que possa fazer uma escultura rápida, precisa e na oclusão
correta sem pontos prematuros;
 Conhecimentos de anatomia devem estar bastante acurados para que o operador não precise
ficar pensando muito para se lembrar de detalhes, em meio à escultura (que é rápida);
 Segurança - muito treino e habilidade deve ter o operador para que o corte seja parcimonioso,
porém preciso, suficiente e feito sem titubeios, antes que a massa de amálgama comece a se
cristalizar sem ter acabado a escultura.
 Conhecimentos de oclusão - de vital importância é a conscientização de que o amálgama não é
uma liga que suporta as forças oclusais tanto quanto as ligas para restaurações fundidas e assim,
ao esculpir, devemos evitar que ocorram bordas finas e sulcos profundos, o que acarretaria
pouca espessura de material no cavo superficial ou no fundo, respectivamente.
Um fato que facilita a nossa vida nesse ponto é que todo preparo com indicação para amálgama deve ser
estreito e restrito à largura da lesão cariosa, pois hoje em dia aceita-se melhor as preparações
ultraconservadoras, o que confina a cavidade quase que ao fundo de sulco, facilitando também assim, a
escultura que seria apenas a escultura de sulcos, em se tratando de face oclusal.

Quanto à anatomia, temos uma ressalva: o amálgama não aceita uma escultura como se faz num padrão de
cera para fundição, com detalhes menores - no amálgama faz-se basicamente a fase geométrica da face oclusal,
tendo o cuidado de arredondar arestas e sulcos vivos após a escultura, quando então, vamos fazer a brunidura
com instrumentos rombos, nas formas adequadas.
Uma restauração de amálgama pode falhar por causa da escultura, se fizermos por exemplo:
 Bordas finas no ângulo cavo-superficial - vai induzir a fraturas das bordas, facilitando o
acúmulo de alimentos e placas, e consequentemente uma recidiva de cárie;
 Corpo da restauração fino causado por uma escultura profunda, acentuando muito os sulcos, o
que poderia levar também a fraturas;
 É considerado erro grave uma má adaptação da matriz em cavidades de classe II. Isto implica
em excessos ou falta de material nas proximais, advindo disto conseqüências diversas
principalmente em relação ao periodonto;
 Sub ou sobrecontorno nas faces livres, com conseqüências indesejáveis ao periodonto e
posteriormente recidiva de cáries;
 Falta de conhecimento de oclusão, deixando pontos prematuros na restauração, com suas
previsíveis conseqüências ao periodonto de sustentação e também à própria ATM;

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 Existem muitos outros fatores que podem levar ao insucesso de uma restauração de amálgama,
mas a maioria tem uma estreita relação com o preparo cavitário e com os outros passos
anteriores à escultura que não seria próprio tratar neste texto e sim na Dentística.
Instrumental para escultura em amálgama
Diversidade é a palavra para definir o instrumental usado para esculpir amálgama. Diversos autores
idealizaram seus próprios instrumentos com variadas finalidades, como aumentar a rapidez, facilitar os
contornos, diminuir o número de instrumentos, etc. Vamos citar alguns exemplos:
Esculpidor de Hollembach: sem dúvida, no nosso meio, o mais famoso, porém existe o perigo da fama: se
formos atrás do que dizem todos, como se realmente a voz do povo fosse a voz de Deus, poderemos ter algumas
decepções. Na nossa opinião, o esculpidor de Hollembach é ótimo para esculpir cera, pois permite esculpir
detalhes e com a sua forma de lança, nos permite obter formas planas, curvas, côncavas e convexas. Mas para
escultura em amálgama, não é o ideal, pois a ponta do hollembach fica arranhando o fundo além de temos de
flexionar e rotacionar o pulso para direcionar o corte e além disso, esculpe-se um lado de cada vez, ou seja, uma
vertente triturante de cada vez.

Fig. 14-1 Esculpidor de Hollembach: figura de cima é o 3ss, menor; o de baixo, o 3s, com formas iguais.

Fig 14.2 - Esculpidores de Frahm: este autor idealizou um conjunto de três instrumentos que permitem
esculpir os sulcos dos dois lados simultaneamente e nas mais variadas direções, que seja: de trás para frente ou
de frente para trás, da esquerda para a direita e vice versa. Dificuldade principal: ficar procurando entre eles
qual seria o que se deseja no momento, perdendo valiosos segundos na fase de escultura.

Fig 14.3 - Instrumental para escultura de terço cervical – foi idealizado para melhor conformar uma
convexidade, melhor dizendo, a convexidade cervical – bom instrumento, mas de uso limitado a estes casos.

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Fig. 14.4 - Instrumental “POLISCULP”: versátil, ergonômico e polivalente.

O instrumental “POLISCULP” (Rocha, R.L.) foi idealizado por nós para que se possa calcar, esculpir, e
brunir sem trocar de instrumental Isso poupa tempo, que é crítico em se tratando de escultura em amálgama.
O POLISCULP é um instrumental que permite fazer todos os tipos de movimento e cortes em todas as
direções nas mais variadas posições na face oclusal sem necessitar maiores movimentos de pulso do operador.
Além da escultura, as duas pontas adaptadas para calcar, permitem a condensação do amálgama em grandes
e em pequenas porções e também nos mais diversos locais da cavidade como nas áreas proximais, no encontro
do ângulo cavo-superficial com a matriz e nas caixas proximais e oclusais.
Com as mesmas pontas ativas que permitiram a condensação, pode-se fazer a brunidura da massa do
amálgama simplesmente mudando o tipo de movimento; de condensação para arrasto, alisamento, pois estas
pontas têm as pontas rombas, próprias também para brunir.
Na outra extremidade, ficam as duas pontas usadas para esculpir, que são de extremidade retangular,
cortante, permitindo a escultura dos sulcos. Apoiando cada uma das faces do instrumento num das bordas da
cavidade, pode-se assim, fazer a escultura das duas vertentes e do sulco num só movimento, como acontece
com o instrumental de Frahm, com a diferença de que o POLISCULP corta para trás e para frente, e uma
lâmina, tem uma disposição transversal à outra, o que vai permitir que se faça cortes para frente, para trás, para
um lado e para o outro, além de cortar as duas vertentes oclusais ao mesmo tempo. Isto facilita e acelera
sobremaneira a escultura do amálgama para o operador. O autor ainda está em fase de descrição deste
instrumental, que já foi apresentado em 2002 na Semana tecnológico-científica da FAFEID.

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Fig 14.5 – Técnica de escultura em amálgama com o POLISCULP
Técnica de escultura em amálgama
Em cavidades de classe V, as faces livres do amálgama são esculpidos seguindo-se a curvatura das bordas da
cavidade e dispensa maiores comentários. O instrumental ideal é aquele descrito anteriormente, próprio para
esta região, e faz-se depois uma brunidura muito bem feita, quanto mais se a cavidade for subgengival.
As faces proximais não são esculpidas, e sim preparadas anteriormente com a tira-matriz para que, ao retirá-
la, a superfície se encontre ideal para a região. Veja a figura a seguir:

Fig 14.6 – Colocação da matriz em cavidades de classe I I


Observe na figura acima que a cunha é de vital importância para a correta acomodação da tira-matriz nas
proximais e que por tabela, o amálgama toma a forma da matriz, que deve ser sempre nova, lisa e muito bem
adaptada.
40
Vale dizer também que a condensação do amálgama deve ser iniciada nas regiões mais estreitas da cavidade,
como as proximais, já que no início, a massa está com a plasticidade ideal, mais macia e além disso, usaremos
instrumentos com pontas mais finas com o objetivo de fazermos mais pressão com uma mesma força, deixando
estes locais com uma massa de amálgama bem calcados, sem nenhuma porosidade. Nunca esquecer: regiões
proximais são regiões de difícil higienização; se fizermos uma condensação pobre nas caixas proximais,
deixando porosidades nas bordas, é certo a recidiva de cárie. E o mais grave: o paciente não verá isso pois
estará escondido; a cárie se alastrará por baixo da caixa proximal e só seremos alertado quando o amálgama se
quebrar por falta de apoio e aí o dente já era.
Conclusão: a escultura das faces proximais se faz na fixação correta da matriz com cunha e numa ótima
condensação. Isso dificilmente será corrigido posteriormente, se houver um erro. Um exame minucioso deverá
ser feito então, na retirada da matriz para se verificar como ficou a parede proximal: havendo falha, devemos
retirar imediatamente toda a massa de amálgama que ainda estará macia, com o auxílio do hollembach mesmo.
Colocar matriz de novo e calcar novamente.
Na face oclusal, a técnica de escultura é nada mais nada menos é do que um corte preciso, porém
parcimonioso da massa de amálgama após a brunidura até que fique conformada a anatomia do dente.
O instrumental deve ficar o tempo todo apoiado em dente, ou seja, no ângulo cavo-superficial, para evitar a
chamada superescultura, que é deixar dentina descoberta pela retirada do material além da borda da cavidade.
A subescultura pode também acontecer, e muito comum nas primeiras vezes, que é justamente não retirar
amálgama que estiver por fora da borda da cavidade. Por isso repito que o instrumental deve ficar o tempo todo
apoiada no ângulo cavo-superfical e com firmeza.
Vale lembrar entretanto, que a escultura já começa bem antes, ainda na condensação, quando se coloca os
últimos incrementos e se vai calcando de encontro às vertentes cuspídicas, num movimento feito do centro para
as bordas, fazendo com que a massa se adapte bem a elas e já começando a definir cada vertente, já dando
forma na restauração.
Este movimento de encontro às bordas é um misto de condensação e de brunimento, pois ao mesmo tempo
está se apertando a massa de amálgama e também fazendo a sua adaptação ás bordas tomando o formato de
cada vertente. Quando não se faz a manipulação mecânica, fato pouco comum nos dias atuais, esta brunidura
pré escultura tem outra função importante, pois nestes casos, temos uma massa de amálgama rica em mercúrio
e esta brunidura o fará aflorar para ser retirado nos primeiros cortes da escultura.
É bom lembrar que o tempo de escultura é curto e crítico, após o qual o amálgama começa a se cristalizar.
Uma escultura após o “grito” do amálgama não é indicada porque acarretaria então, falhas e trincas superficiais
na massa. O “grito” acontece quando, ao passar o instrumental, ouve-se um rangido sui generis da lãmina na
massa. Neste momento, deve-se parar de esculpir e deixar algum detalhe para o acabamento.
Após a escultura, fazemos o brunimento final que nada mais é que repassar cada detalhe do que foi esculpido
com um instrumental rombo para alisar a superfície do amálgama, permitindo-nos dispensar o paciente com
uma restauração relativamente lisa. Para cada tipo de detalhe, como facetas ou sulcos, temos pontas de
brunidores próprios para passar e dar a forma correta. Atentar para a qualidade dos brunidores, pois atualmente,
fabricantes incautos lançam no mercado pontas não devidamente polidas que arranhariam a massa ao invés de
alisar. Na próxima sessão, sete dias após, faz-se o acabamento e polimento de acordo com as normas e critérios
da Dentística.

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Fig. 14.6 - Numa cavidade para amálgama de classe II, podemos iniciar a escultura passando a sonda número
5 rente à matriz para que já fique conformada a ameia e já fique esculpida a parede externa da crista marginal;

Fig. 14.7 - Num segundo momento, apoia-se o instrumento eleito no remanescente dentário, e vai-se criando
novas vertentes, as que foram englobadas na cavidade, tendo o cuidado de sempre apoiar o instrumento em
dente, pois senão, a massa de amálgama poderá ser escavada, fazendo então o que se chama de superescultura.
Há também a hipoescultura, que acontece quando se deixa amálgama nas margens sem raspar. Futuramente,
esbas bordas irão fraturar e se tornar áreas de acúmulo de alimentos.

Fig. 14-8 Observar a diferença e a facilidade técnica que o POLISCULP nos oferece, em relação ao
hollembach.

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Repito neste ponto o que disse no início deste capítulo: a escultura de amálgama é tanto mais fácil quanto
mais estreita for a cavidade.
Em cavidade de classe II, ao retirarmos a matriz, vamos verificar se as faces proximais estão bem
conformadas, sem porosidades e podemos fazer inclusive um brunimento das faces proximais em direção às
face V e L, na região de ameias, com o intuito de alisá-las e adaptá-las mais ainda
O teste da oclusão é feito delicadamente, fazendo com que o paciente oclua sob o controle de suas mãos, não
o deixando fechar pela ação da musculatura, e sim sob o seu controle. Fazemos então com que a mandíbula dê
leves batidas em oclusão. Havendo pontos prematuros, ele irá aparecer em destaque na massa de amálgama que
ainda está fosca. As marcas ficam lisas e devemos ir aliviando com parcimônia. Geralmente o paciente nos
informa se está “alto”. Mas se pedirmos para ele mesmo verificar, é preciso que ele entenda que a força deve
ser a mínima. Em crianças, deve-se retirar ligeiramente em excesso. Uma ligeira suboclusão não será
prejudicial posto que retornará à oclusão, mas deixar ponto “alto” provavelmente causará fratura. Estando a
anatomia verificada e tudo o.k., faz-se novamente outra brunidura onde foi ajustado.

Pout-pourri com várias cenas de Diamantina, envolvendo o Fórum, Catedral, Escola Normal e
Prefeitura

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SEGUNDA PARTE – Roteiros de assuntos teóricos

17 – Articuladores
1 - Definição:
É um aparelho que nos permite transportar para o laboratório, os modelos dos nossos pacientes articulados e
na mesma posição espacial em que encontram na pessoa, em relação à ATM, para que possamos realizar os
nossos trabalhos sem a presença do paciente. Esse transporte pode se dar com vários níveis de precisão, em
relação às guias, ângulos, distâncias, etc, conforme os recursos que os diversos tipos de articuladores nos
fornecem.
Em outras palavras, articulador é um aparelho mecânico com a função de nos fornecer a reprodução dos
movimentos mandibulares, a posição dos dentes em relação ao crânio, e consequentemente em relação à ATM,
suas angulações e trajetos para que, ao montarmos os nossos modelos nos seus ramos, possamos reproduzir em
laboratório, todos aqueles movimentos que aconteceriam na boca sem a presença física do paciente.

2 – Funções:
- Montar modelos de estudos;
- Fazer enceramentos diagnósticos;
- Para demonstrar ao paciente o tratamento planejado;
- Fazer análise oclusal e/ou ajuste oclusal;
- Encerar nossos troquéis dos trabalhos protéticos;
- Remontar nossos trabalhos protéticos para ajuste;
- Montar nossas próteses totais;
- E para tudo aquilo em que necessitamos de um modelo articulado, para uma fase em laboratório e que não
desejamos o paciente, ou que iria demandar muito tempo, o articulador nos serve.

3 – Histórico / Evolução dos articuladores através do tempo:


1756 - Phillip Pfaff (Berlim) - Primeiros modelos de gesso e descrição de como tomar relações de mordida.
1805 - Gariot ( França) Descreve um método para articular modelos, com o próprio gesso e outro atribuído a
ele, o oclusor em eixo de bisagra simples, simples dobradiça.
1840 - Daniel T. Evans e Cameron ( Philadelphia) Primeiro articulador com mov. laterais.
1889 W. G. A. Bonwill Inventou o primeiro articulador anatômico e verificou que a distância intercondilar e
entre côndilos e incisivos formam um triângulo equilátero.
1889 - Richmond S. Hayes - Construiu um articulador que reproduzia o mov. para baixo e para diante do
côndilo.
1894 - C. E. Bikby – inventou um dispositivo para relacionar os modelos em relação às fossas articulares,
precursor do arco facial.
1895 - W. E. Walker – Estudou as guias condilares e construiu um articulador apropriado a este registro.
1899 - A. D. Gritman (Pensilvânia) Melhorou a forma do articulador e colocou guias condilares fixas em
15’.
1899 - George B. Snow - Introduziu o arco facial a ser acoplado ao articulador de Gritman, o que hoje
conhecemos como o arco facial cinemático.
1900 - Paul Schwarse (Leipzig) Construiu um articulador similar ao de Bonwwill com guias ajustáveis.
1901 - Thomas & Delamares (Inglaterra) Registraram a trajetória sagital dos côndilos – precursores do
tomógrafo.
1902 – Carl Christensen (Copenhague) Introduziu o registro da protrusão para fazer o ajuste do articulador e
outras técnicas de reproduzir curvas de compensação.
1906 – George B. Snow – Aprimorou o articulador de Gritman, tornando as guias condilares ajustáveis.
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1910 - Alfred Gysi – Inventou um articulador e nele colocou um mecanismo precursor do que hoje é a mesa
incisal regulável
1910 - Alfred Gysi Inventou um articulador de valores fixos
1910 - Alfred Gysi Inventou o articulador de três pontos, tipo um atual que usa a TGF e não tem regulagem
1918 – George S Monson cria a teoria esférica, na qual a curva de Spee teria 10 cm de raio cujo centro seria
a glabela.
1921 - Rudolph Hanau Criou o articulador Hanau modelo “H” e depois o modelo “H2” .
1922 - Rudolph Hanau Criou mais uma série de aparelhos, com cada vez mais recursos e se baseava no
plano de Camper.
1921 – Mc Collum Estuda em profundidade o eixo terminal de rotação e sua importância.
1924 – Norman G. Bennett descreve o movimento de lateralidade da MD e o ângulo que mais tarde recebeu
o seu nome.
1924 – Wadsworth inventou um articulador no qual era possível determinar a curva de compensação através
de compassos.
1926 – Sociedade Gnatológica da Califórnia – fundada por Mc Collum, Stuart e Stallard, se propunha a
estudar a fisiologia da ATM, e acreditavam ser ela que determinava os mov. mandibulares.
1926 – Alfred Gysi introduz o articulador Trubyte e nele a mesa incisal regulável.
1932 – Stansbery introduz um articulador com três pés, totalmente ajustáveis aos modelos.
1932 – Schroder – Trebitsh – Criaram um articulador ajustável aos registros obtidos na boca.
1936 – Bradrup – Wongnsen introduziram um articulador com características de vários outros anteriores,
com vantagens, e bastante ajustável.
1939 – McCollum – lança o seu gnatoscópio, com arco facial cinemático e ainda um pantógrafo.
1944 – Beyron – Lança o articulador Dentatus, baseado no H2 de Hanau.
1950 – Bergstron – introduz o conceito de articulador ARCON – ARticulador CONdilar, com guias
condilares curvas
1950 – Gerber inventou o Condylator.
1951 – Transógrafo – espécie de arco facial cinemático, capaz de ser transformado em articulador. Vários
adeptos criaram a teoria TRANSOGRÁFICA.
1953 – Miller modifica o articulador de Hanau.
1955 – Granger cria o Gnatholator, com guias curvas
1955 – Stuart – cria o seu articulador totalmente ajustável com arco facial cinemático e pantógrafo, capaz de
reproduzir todos os movimentos do paciente.
1955 – Stuart em seguida cria o Wip Mix, que é o que usamos hoje, bastante prático e bem mais simples.
1956 – Niles Guichet – cria o articulador Denar, totalmente ajustável, ainda mais avançado que o de Stuart.
1965 - Articuladores TJM as guias eram individualizadas por estojos de moldagem em resina
1978 - Introduzido o sistema de articulador Panadent, de fossa curvilínea regulável
1983 - Novos modelos Panadent

4 - Classificação:
Podemos classificar os articuladores em quatro categorias segundo Weinberg:
- Oclusores são as charneiras, nas quais fixamos os modelos para apenas abrir e fechar, e ainda num eixo
irreal. São também chamados articuladores em Bisagra, pois usam somente este eixo. Não nos dão outros
atributos. Às vezes servem para esculpir restaurações unitárias, mas que deverão passar por um ajuste na boca
após a escultura e mesmo assim, em pacientes que não tenham problemas oclusais Ex.: oclusores de Kile e de
Irish

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- Articuladores fixos ou arbitrários - nestes, alguns ângulos vêm fixos, como os da guia condilar e do ângulo
de Bennett, que nos dão mov de lateralidade e de protrusiva mas não os podemos regular. Fixa também é a
distância intercondilar. Também não possuem arco facial. Geralmente, o ramo superior vem preso ao inferior,
não nos permitindo separá-los para trabalhar em separado. São muito usados para montagens de próteses totais,
porque são leves e de fácil manuseio. Ex.: Articulador de Monson, New simplex, DCL.
- Semi ajustáveis ou parcialmente ajustáveis - são os que iremos usar para as nossas práticas de escultura e
de Oclusão - Permitem que se ajuste os ângulos de Bennett, o ângulo da guia condilar e ainda que se transporte
os modelos para o articulador, em posição tal que é similar à posição que ocupam no paciente em relação ao seu
crânio, através do arco facial.
No rol dos semi-ajustáveis, podemos encontrar também articuladores com guias curvas, que imitam mais um
pouco as curvas das cavidades articulares, porém, apenas em parte. Ressalto neste momento, que a maioria dos
articuladores semi ajustáveis de comum uso nosso, possuem guias retas, e isso é uma fator que nos acarreta
aumento no tempo de ajuste adicional na boca do paciente de nossas esculturas. Mas existem outros que têm
mais recursos. Ex.: Bio-art, Wip-Mix, 8500 (Wip Mix 2000 tem guias curvilíneas). O Denan Mark II tem guias
retas, mas possui ajuste para o deslocamento lateral imediato, o que já é uma vantagem.

Os articuladores podem ter também uma classificação em paralelo:


Tipo arcon - são aqueles que possuem a similar da fossa mandibular no ramo superior e o
similar do côndilo no ramo inferior; O bio-art, dent-flex, wip-mix, gnatus são exemplos deste tipo. Os: os
arbitrários e a maioria dos outros também são tipo arcon. Um estudo prova que os tipo não arcon dão uma
diferença de 8o na montagem dos nossos modelos entre o ângulo da guia condilar e o ângulo do plano oclusal
Tipo não arcon – São aqueles que possuem a similar da fossa mandibular no ramo inferior. Às
vezes confundem aqueles que estão ainda aprendendo por estarem trocadas as posições, mas funcionam da
mesma maneira. O Dentatus é exemplo. O Hanau também.
Totalmente ajustáveis - Indevidamente chamados assim, posto que nunca vamos duplicar exatamente os
movimentos da ATM, são semi-ajustáveis com mais ajustes que nos permitem transportar todos os trajetos dos
côndilos do paciente em registros tridimensionais para os modelos. Através do pantógrafo, um tipo sofisticado
de arco facial, registramos todos os movimentos mandibulares em sua integridade; a partir disso, esses registros
nos permitem registrar os e reproduzir os movimentos neste articulador. Existem ainda aqueles fabricados sob
medida para cada paciente, computadorizados. Dos TTA, temos vários modelos:
Os com ajustes mecânicos: eles já vêm com os parafusos e ajustamos, podem ter guias retilíneas ou curvas.
Os de fossa pré-formada o local da fossa já vem no articulador, mas colocamos dispositivos que nos darão
fossas mais ou menos curvas e/ou anguladas.
Computadorizado: O computador gnatológico de Stuart seleciona, conforme os registros, as guias adequadas
para cada paciente, cada curva, etc.

Vale ressaltar, que, o articulador não nos dá mais precisão do que aquela para a qual foi projetado e
ainda assim, para que usufruamos desta precisão, deveremos ter um total controle de seu manuseio; por
isto, não se justifica o uso de articuladores totalmente ajustáveis a não ser em pesquisas e para
profissionais altamente treinados para tirarem o máximo proveito deles e concluo que, fazendo um bom
uso dos semi ajustáveis, a margem de erro será pequena. Após a escultura, será feito um ajuste final na
boca e um refinamento de novo em laboratório, o que nos proporcionará restaurações satisfatórias.

Baseado neste principio, estão os VERTICULADORES, que são na verdade, prensas. Pois o objetivo destes
é apenas transportar os registros obtidos em cera na boca onde se fazem todos os movimentos possíveis, ( TGV
- trajetória gerada funcionalmente ) molda-se este registro com gesso e esculpe-se o troquel articulado com este
registro no verticulador. É um tipo diferente de conduta, que muitos profissionais estão empregando
atualmente. Também está se usando os verticuladores como simples oclusores, quando então se monta os dois
modelos, o preparado e o antagonista, numa conduta que não tem nenhuma vantagem sobre as demais, aliás, só
tem a perder para os articuladores.
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Repito porém; a técnica dominada é o que vai nos dar margem maior de sucesso. E para os nossos trabalhos,
o articulador semi-ajustável do tipo Wip mix (o Bio art e o Dent-flex são similares nacionais), é o que nos
basta.
5 - Partes componentes de um articulador semi-ajustável:
Ramo superior É a parte móvel do articulador, uma base de alumínio, na qual se prendem parafusos com as
guias condilar e de Bennett que representam a cavidade articular. Estas guias são reguláveis em ângulos. Estas
“cavidades articulares” mecânicas se afastam ou se aproximam, conforme a distância intercondilar seja maior
ou menor, conforme o registrado no paciente.
Pino incisal – se localiza num orifício na parte anterior do ramo superior, que o apoia na mesa incisal. Este
pino tem uma borda arredondada e outra pontiaguda. A arredondada serve para para imprimir os movimentos
de um dado modelo numa personalização da mesa incisal; a borda pontiaguda serve para movimentar o pino na
mesa incisal de metal regulável. Este pino tem uma graduação que nos permite que façamos alterações na
dimensão vertical de oclusão dos modelos montados e tem também uma marca contínua que chamamos de
“ponto zero” e que nos indica que o ramo superior está paralelo ao ramo inferior. Nas montagens de modelos,
devemos obedecer a esta marcação para que os ângulos marcados na guia condilar sejam efetivos, pois do
contrário, resultarão maiores ou menores do que o que realmente marcamos.
Parafusos de ajuste das guias condilar e de Bennett – servem para ajustar estas guias em certos ângulos que
queiramos.
Placa de montagem com seu parafuso fixador – localizada no centro da base, serve para reter o modelo
quando da sua montagem.
Anéis metálicos para ajuste da distância intercondilar – em certos modelos, a D.I. é regulada através destes
anéis afastadores, em outros modelos, existe uma rosca-sem-fim inserida no ramo superior que faz esta função.

Ramo inferior – É a parte fixa do articulador. Composto de uma base e de duas hastes que sustentam os
“côndilos”, pinos com pequenas bolas nas pontas que vão ser articulados nas “fossas articulares” do ramo
superior. Na parte posterior da base tem também dois pés que formarão com o parafuso fixador da mesa incisal,
um tripé, para que o articulador fique estável numa superfície.
Mesa incisal – situada na parte anterior da base inferior, na qual existe uma fenda para encaixar esta mesa
incisal. È feita de acrílico, justamente para que possamos colar a personalização nela. Existe a mesa incisal
metálica regulável, que se ajusta no mesmo lugar que esta de acrílico e que dispensa o procedimento de
personalização, pois permite que seja regulada conforme cada modelo montado. É um recurso muito útil
quando se pratica ativamente a prótese ou oclusão.

Placa de montagem – também é fixada no centro da base inferior, com a mesma função da placa superior.
Arco facial
Arco facial é um acessório dos articuladores semi-ajustáveis que vai nos permitir transportar para o nosso
articulador os nossos modelos superiores na mesma posição em relação à fossa mandibular, que aquela que
ocupam no paciente, com as mesmas distâncias e mesmas assimetrias peculiares de cada um. Este correto
posicionamento dos modelos em relação à ATM é muito importante na determinação de uma boa escultura e de
muitos outros procedimentos. O arco facial registra em 3 tamanhos médios, a distância intercondilar,
importante na localização dos sulcos na anatomia oclusal. Também registra a posição espacial do plano oclusal
em relação à ATM para ser transportado ao articulador. Eenfim, o arco facial aprimora a nossa montagem de
modelos. Usando o arco facial estaremos minimizando os erros que porventura iríamos cometer numa
montagem arbitrária.
Tipos de arco facial:
Existe o arco facial de transferência que por sinal é o que nos é fornecido com estes modelos de articulador
comumente usados por nós; o Bio-art, Gnatus e Dent-flex. O arco facial de transferência transfere para o
articulador a D.I. em três magnitudes: pequena, média ou larga, não nos permitindo varias além destas três.
Além disso, o eixo de rotação não é determinado; e sim, coloca-se as olivas do arco nos meatos acústicos
externos e este eixo fica assim arbitrado.
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Quando o arco facial é o cinemático, ele nos permite registrar variações individuais da D.I. e do eixo de
rotação, porém é um pouco mais demorado para ser usado.
Existe ainda o arco facial pantográfico, que é conhecido como pantógrafo, que nos permite registrar e
transportar para um articulador apropriado, o registro total do movimento mandibular em seus três eixos
ortogonais, para que possamos reproduzir com a máxima exatidão os movimentos mandibulares em laboratório.
Descrevendo o arco facial de transferência que vem acompanhando o nosso ASA:
Partes componentes:
Arco propriamente dito - nele se registra a medida da distância intercondilar, para transportar para o
articulador. Tem 3 parafusos que nos permitem estabilizá-lo no rosto. As olivas são extremidades arredondadas
que se adaptam nos meatos acústicos externos, com a ajuda do próprio paciente. Na parte anterior do arco fica
preso um suporte horizontal que sustenta o mecanismo de registro da posição da maxila e também o relator
násion.
Relator násion é um dispositivo que é aparafusado neste suporte anterior no arco, que serve para estabilizar o
conjunto do arco, apoiando-o em mais um ponto: o násion. Assim, o arco facial fica apoiado em três pontos:
Nos dois meatos acústicos externos e no násion e fica assim estabilizado para podermos registrar a posição da
maxila com o garfo.
Dispositivo localizador para registro da posição da maxila: Fixado também neste suporte anterior do arco,
este dispositivo tem dois parafusos que sustentam o garfo que, por sua vez, serve para ser suporte das
endentações e vai dentro da boca do paciente, registrar a posição da maxila. O garfo é fixado pelos parafusos do
dispositivo localizador e mantém a posição em que foi fixado mesmo após retirado da boca. O garfo servirá
como suporte do modelo superior para este ser montado no ramo superior do articulador.

Limitações dos ASA e como podemos agir para minimizar tais fatos.
Guias Bennett e condílica retas ao invés de curvas como nas pessoas
Movimento de Bennett sempre progressivo – não nos permite registrar um mov de Bennett imediato, se
houver no paciente.
Dist. Intercondilares médias – só pequena, média ou larga
Eixo terminal arbitrado – ao colocar as olivas no ouvido, não quer dizer que os côndilos estejam naquela
mesma direção, e além do mais, o arco pode mudar ligeiramente de posição na transferência, já que apertar
muito o relator násion para estabilizá-lo melhor, gera muito desconforto ao paciente.

Compensações que podemos usar para minimizar as limitações dos ASA.


Usar sempre o arco facial para evitar montagens arbitrárias
Personalizar a mesa incisal, reembasando com Duralay logo após, o que vai nos permitir registrar as guias
dentárias do paciente, dando maior precisão à guia anterior na nossa montagem já que a guia condilar é
limitada;
Esculpir sempre cúspides um pouco menos anguladas que o permitido vai nos possibilitar obter restaurações
com menor poder de interferência na oclusão e consequentemente na ATM.

Bibliografia recomendada:
SHILLINGBURG/ HOBO/ WHITSET - fundamentos de prótese fixa - L Ed. Santos - Quintessence books
- 1a edição - 1986
TAMAKI, T.. A.T. M. - Noções de interesse protético. 1ª ed. São Paulo, Editora Sarvier, 1971.
HENRIQUES, Sérgio Eduardo Feitosa , Reabilitação Oral – Filosofia, Planejamento e Oclusão 1 ed, São
Paulo, Livraria Editora Santos, 2003
DAWSON, Peter E.: Oclusão Funcional – Da ATM ao Desenho do Sorriso – 1 ed, São Paulo, Livraria
editora Santos, 2008

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21 - GLOSSÁRIO DE TERMOS
Com o objetivo de nos fazermos entender, concluímos este manual com este pequeno glossário, no qual
incluímos os termos usados constantemente em aulas teóricas e práticas.
 ÂNGULO DE BENNETT: É o ângulo formado pelo registro dos percursos do côndilo de balanceio nos
movimentos de protrusão e lateralidade, no plano horizontal.
 ARCO FACIAL: Dispositivo semelhante a um compasso, empregado para registrar a posição espacial da
maxila em relação com o crânio e transferir para o articulador esta relação.
 ÁREA DE “COL”: Depressão gengival, vestíbulo-lingual, em forma de sela, situada no espaço
interproximal, logo abaixo da superfície de contato de dois dentes contíguos.
 ARTICULAÇÃO DENTÁRIA: Relação de contato dos dentes superiores com os inferiores.
 ARTICULADOR: Aparelho mecânico que representa as articulações temporomandibulares, a maxila e a
mandíbula, provido de dois ramos, superior e inferior, onde podem ser adaptados modelos das arcadas dentárias
dos pacientes.
 ARTICULADOR SEMI-AJUSTÁVEl - A.S.A.: Aquele cujos ajustes são graduados de acordo com os
registros individuais de cada paciente, sendo capaz de reproduzir parcialmente os movimentos mandibulares.
 AUTÓCLISE: É a auto-limpeza que os alimentos duros e fibrosos fazem, ao mastigarmos. O contorno do
dente influencia e muito para que esta ação seja ou não eficiente, e ao mesmo tempo, seja ou não benéfica aos
dentes e ao periodonto.
 BOSSA: É a denominação da maior convexidade que existe na face vestibular dos dentes, geralmente fica
localizada mais para cervical, donde ser também chamada de “bossa cervical”. Da correta escultura dessa
“bossa”, de uma correta convexidade, vai resultar numa correta função de autóclise por parte deste elemento
dental no seu periodonto.
 CURVA DE SPEE: Curvatura anatômica do alinhamento oclusal dos dentes partindo do ângulo incisal do
canino inferior, passando pelas cúspides vestibulares dos pré-molares e molares naturais, continuando em
direção da mandíbula como foi descrita por Von Spee
 CURVA DE WILSON: Curvatura no plano frontal, de sentido vestíbulo lingual, passando pelas cúspides
V e L dos dentes posteriores de ambos os lados.
 CÚSPIDE DE CONTEÇÃO CÊNTRICA: São as cúspides que ocluem em fossas ou embrasuras:
vestibulares inferiores e linguais superiores.
 CÚSPIDES DE NÃO CONTENÇÃO OU DE CORTE: São as cúspides que não ocluem com os dentes
antagonistas: linguais inferiores e vestibulares superiores.
 DESOCLUSÃO DOS DENTES POSTERIORES: Pelo canino - separação dos dentes posteriores no
movimento lateral ou látero-protusivo da mandíbula. Pelos anteriores: separação dos dentes posteriores no
movimento látero-protusivo e protusivo da mandíbula.
 DIMENSÃO VERTICAL: Medida vertical da face entre dois pontos quaisquer, selecionados
arbitrariamente e convenientemente localizados, um acima e outro abaixo da boca, usualmente, na linha
mediana – pode ser em repouso ou em oclusão – DVR ou DVO.
 EMBRASURA: Espaço com forma de “V” entre as faces proximais de dois dentes adjacentes em contato,
localizado acima do ponto de contato; o mesmo que nicho ou ameia.
 ESPAÇO INTERDENTAL, INTERSTÍCIO OU ESPAÇO DA PAPILA - Espaço compreendido entre
dois dentes adjacentes em contato, que abriga a papila interdental.
 ESQUEMA OCLUSAL CÚSPIDE-FOSSA; (relações dente a dente): Relação oclusal em que as cúspides
de contenção cêntrica se localizam sempre nas fossas dos dentes antagonistas de mesmo nome. Desenvolvida
por Peter K. Thomas e usada em grandes reconstruções oclusais.
 ESQUEMA OCLUSAL CÚSPIDE-FOSSA-EMBRASURA: (relações de 1 dente contra 2 dentes) –
Relação oclusal em as cúspides de contenção cêntrica se localizam em fossas e embrasuras dos dentes
antagonistas. É o esquema oclusal natural e usado na maioria das restaurações.

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 GUIA CONDILAR: Condílica ou condiliana - É um dispositivo mecânico do articulador que tem a
finalidade de reproduzir no instrumento as trajetórias dos côndilos nas cavidades articulares.
 LADO DE BALANCEIO: É o lado oposto ao de trabalho, em que as cúspides e nomes diferentes adotam
uma relação de alinhamento.
 LADO DE TRABALHO: É o lado para o qual a mandíbula se desloca, em que as cúspides de mesmo
nome adotam uma relação de alinhamento
 MÁXIMA INTERCUSPIDAÇÃO HABITUAL: (MIH) posição maxilo-mandibular em que existe o
maior número de contatos entre os dentes, mas não é coincidente com a RC.
 MESA OCLUSAL OU SUPERFÍCIE OCLUSAL PROPRIAMENTE DITA: Nos dentes posteriores, a
superfície compreendida entre as arestas longitudinais das cúspides vestibulares e linguais, de direção mésio-
distal, e as cristas marginais mesiais e distais, de direção vestíbulo-lingual.
 MODELO: É o positivo, ou melhor, uma cópia do original, que no nosso caso, seria dos dentes, das
arcadas dentárias, em um material que nos permite trabalhar em laboratório, e nesse caso, usamos o gesso, que
é o ideal para os trabalhos
 MOLDE: É o negativo, é feito com uma material elástico, com o qual se faz uma cópia do original, e no
interior do qual se coloca (o termo usado é “vazar”) o gesso fluido, para que ao tomar presa, tome a forma do
interior do molde, ou seja, o positivo do original.
 MOVIMENTO DE BENNETT: É o movimento de translação lateral dos côndilos, de balanceio nas
excursões laterais da mandíbula.
 MOVIMENTOS LATERAIS: Movimentos da mandíbula para um e/ou para outro lado, direito ou
esquerdo.
 MOVIMENTOS LATERO-PROTUSIVOS: Movimentos da mandíbula em direção póstero-látero-
anterior.
 MOVIMENTOS PROTUSIVOS: Movimentos de mandíbula em direção póstero-anterior.
 OCLUSÃO: Relação entre as superfícies oclusais dos dentes superiores com os inferiores, quando em
máximo contato MID – máxima intercuspidação dentária.
 OCLUSÃO CÊNTRICA: (OC): posição maxilo-mandibular em que a relação cêntrica é coincidente com
a máxima intercuspidação dentária (MID).
 OCLUSÃO ÓTIMA-IDEAL OU FUNCIONAL NORMAL: tipo de oclusão que apresenta, dentre outras,
estas características:
1- Distribuição adequada das forças nas diferentes posições mandibulares
2- Axialidade das forças
3- Presença de todos os dentes
4- Contatos proximais entre dentes adjacentes (ausência de diastemas)
5- Fáceis movimentos de excursão sem bloqueio
6- Espaço livre inter-oclusal adequado, de 2 a 5mm, mantendo a dimensão vertical
7- Cúspides de cortes afilados
8- Sulcos de escape adequados
9- Alinhamento dental satisfatório
10- Ótima função e ausência de doença é a principal característica de uma boa oclusão.
 REGISTRO: Registro das relações maxilo-mandibulares desejadas a fim de que sejam transferidas para
um articulador.
 RELAÇÃO CÊNTRICA: É a relação da mandíbula com a maxila, quando o conjunto côndilo disco
adequadamente alinhado está na posição mais superior, anterior e mediana contra a eminência articular. (Peter
Dawson). Posição fisiológica do côndilo com seu disco bicôncavo apoiado contra a eminência articular em uma
direção ântero superior. (Frank Celenza).

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 TÉRMINO CERVICAL: Ou limite cervical ou linha de término. É a linha que delimita o “preparo” que
se fez no dente. É o contorno do prepara que se fez no dente, e que no nosso “troquel” fica evidenciado, para
que possamos fazer a nossa escultura seguindo-o.
 TRIPODISMO: Relação que se estabelece entre uma cúspide e uma fossa, em que apenas suas vertentes
se tocam em 3 pontos, sem que a ponta de cúspide alcance o fundo da fossa.
 TROQUEL: É uma porção do modelo, ou melhor, cada dente preparado que separamos do modelo, para
trabalharmos nele em separado, para atentarmos melhor a cada detalhe dele, e termos melhor acesso ao
“término cervical” .

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