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CÁCERES - MT
2017
BIANCA DOS ANJOS DE OLIVEIRA
CÁCERES - MT
2017
BIANCA DOS ANJOS DE OLIVEIRA
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Orientador :Prof. Me. Jefferson Antonione Rodrigues.
_______________________________________________
Membro: Prof. Felipe Teles Tourounoglou
________________________________________________
Membro: Prof. Linnet Mendes Dantas
INTRODUÇÃO...............................................................................................................8
CONCLUSÃO................................................................................................................40
REFERÊNCIAS.............................................................................................................42
8
INTRODUÇÃO
Nesse contexto, é que surgem duas teorias que funcionam como limitadoras do
alcance da conditio sine qua non, são elas, a teoria da Causalidade Adequada, aplicada
como exceção no artigo 13, § 1º do Código Penal e a teoria da Imputação Objetiva, que
apesar de não ter previsão legal no ordenamento jurídico pátrio, é permitida sua
aplicação.
Portanto, abordagem deste tema se justifica exatamente em saber se a
atribuição de um resultado ao agente com base na teoria da conditio sine qua non é
realizada de forma justa e proporcional, se esta teoria ainda se mostra adequada e
suficiente a resolver os problemas dos fatos delituosos da sociedade atual.
Dessa forma, o objetivo deste estudo é compreender se a teoria ora em análise
tem realmente uma aplicabilidade efetiva e justa, se está ou não, de fato, defasada e não
mais cumprindo o seu papel. Além disso, busca também, analisar quais são os seus prós
e contras na aplicação penal aos casos concretos e quais as interpretações doutrinárias a
respeito disso.
Assim, no primeiro capítulo é realizada uma breve abordagem acerca da teoria
do crime e seus elementos, e com isso, a análise do fato típico e seus requisitos, quais
sejam, conduta, resultado e nexo de causalidade, com maior enfoque, claro, neste
último. Em seguida, é conceituada a teoria da equivalência dos antecedentes causais e
demonstrado seus requisitos gerais de aplicabilidade, tanto nos crimes comissivos,
como nos omissivos, bem como sua fórmula de eliminação hipotética, bastante criticada
pela doutrina.
O segundo capítulo traz os conceitos e exemplos de aplicação das diversas
espécies de causas e as concausas formuladas por esta teoria para a delimitação da
relação de causalidade e a demonstração de sua forma de aplicabilidade penal, conforme
determina a doutrina, com a abordagem e análise, da hipótese da causa superveniente
relativamente independente envolvendo a infecção hospitalar ou o erro médico, que,
pelas suas peculiaridades, causa muitas interpretações divergentes entre os juristas.
Já no terceiro capítulo, examina-se as teorias que funcionam como limitação à
aplicabilidade da conditio sine qua non, quais sejam, a teoria da Causalidade Adequada
e a teoria da Imputação Objetiva, com a apresentação de seus conceitos, formas de
aplicabilidade e críticas existentes. Também é retratada neste capítulo, a forma como se
dá a aplicabilidade da conditio sine qua non no âmbito dos entendimentos
jurisprudências do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso. Encerrando o estudo,
10
1
LAMY. Marcelo. Metodologia de Pesquisa Jurídica – Técnicas de investigação, argumentação e
redação. Rio de Janeiro : Elsevier. 2011, p. 69.
11
Sob o enfoque formal, infração penal é aquilo que assim está rotulado em
uma norma penal incriminadora, sob a ameaça de pena. Num conceito
material, a infração penal é comportamento humano causador de relevante e
intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de
2
NUCCI, Guilherme de Sousa. Código Penal Comentado – 15ed – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 21.
3
MIRABETE, Júlio Fabrini; FABRINI, Renato N. Manual de Direito Penal – Parte Geral, 26ª ed, São
Paulo, 2010, p. 02.
12
4
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal – Parte Geral, 4ª ed. Salvador: Juspodvm,
2016, p. 150.
5
ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado – Parte
Geral. São Paulo: Saraiva, 2012, p.213/214.
6
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal – Parte Geral, 4ª ed. Salvador: Juspodvm,
2016, p. 177.
7
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado - Parte Geral – vol. 1 - 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 463.
8
Ibid, p. 539.
13
ilicitude, na qual figura como a possibilidade de, no caso concreto, o agente conhecer o
caráter ilícito do fato praticado; e a exigibilidade de conduta diversa, uma vez que só é
culpável o agente que pratica o fato em uma situação de normalidade, ou seja, quando
lhe era exigível uma conduta diversa.
9
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado - Parte Geral – vol. 1 - 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 288.
10
NUCCI, Guilherme de Sousa. Código Penal Comentado – 15ed – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 119
11
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1, 17 ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 658.
12
ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado – Parte
Geral. São Paulo: Saraiva, 2012, p.238.
14
tem o dever e poder de agir para evitar o resultado, baseado nos requisitos previstos no
art. 13, § 2º, do CP, quais sejam, pela imposição legal, pela posição de garante ou
quando criou o risco da ocorrência do resultado13.
A conduta também deve ser consciente e voluntária, pois não são punidos pelo
Código Penal Brasileiro, os crimes praticados em estado de inconsciência, coação física
irresistível e movimentos reflexos, uma vez que nesses casos, a conduta é considerada
ausente por não existir no agente, consciência e voluntariedade dirigida a um fim14.
A finalidade da ação se pauta na análise da vontade do agente, a qual “implica
sempre uma finalidade, porque não se concebe que haja vontade de nada ou vontade
para nada; a vontade sempre é vontade de algo, isto é, a vontade sempre tem um
conteúdo, que é uma finalidade15”. Dessa forma, conforme aponta Capez, “dependendo
do elemento subjetivo do agente, ou seja, de sua finalidade, a qualificação jurídica do
crime muda completamente (crime doloso, crime culposo ou crime preterdoloso)16”.
13
Ibid, p.238
14
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado - Parte Geral – vol. 1 - 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 295.
15
ZAFFARONI, Eugênio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: vol
1 – Parte Geral, 9 ed. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 362.
16
CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Geral. 19 ed. São Paulo : Saraiva, 2015, p.141.
17
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral – 17 ed, Rio de Janeiro: Impetus, 2015, p.
205.
18
ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado – Parte
Geral. São Paulo: Saraiva, 2012, p.242.
15
19
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado - Parte Geral – vol. 1 - 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 295.
20
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Geral. 19 ed. São Paulo:Saraiva, 2015, p. 174.
21
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal – parte geral, 4ª ed; Rio de Janeiro-RJ, Editora Lumen Juris, 2008. p.
169.
22
PIERANGELI, José Henrique. Nexo de causalidade e imputação objectiva. Instituto de Derecho
Penal Europeo e Internacional, Praia – Cabo Verde, 2002, p. 23-24.
16
23
LIMA, André Estefan Araújo Lima. Nexo de causalidade: O art. 13 do CP e a teoria da imputação
objetiva – Mestrado em Direito, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, São Paulo
2008, p. 50,51.
24
Ibid, p. 51.
17
consagra a adoção da teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua
non)25.
É a teoria mais aceita e, portanto, ainda dominante no direito penal pátrio e
internacional26 por adotar um critério lógico-científico à imputação penal de um
determinado resultado a um agente. O critério adotado se baseia na busca das causas
antecedentes que contribuíram, de qualquer modo, para a produção do resultado. E o
resultado, nesse caso, só poderá ser atribuído ao agente que lhe deu causa.
Assim, a causa, para esta teoria, segundo a clara definição de Masson, em
consonância com o entendimento majoritário da doutrina, é:
Nas palavras de Fragoso, causa é “todo antecedente que não pode ser
suprimido in mente, sem afetar o resultado28”, já na definição de Bitencourt, causa é
“todo fator – seja ou não atividade humana – que contribui, de alguma forma, para a
ocorrência do evento29”.
Importante frisar que, como o próprio nome da teoria já diz, as causas são
equivalentes entre si, ou seja, na formação de uma relação de causalidade é dispensado
qualquer tipo de valoração do grau de influência das causas30. Para uma conduta ser
considerada causa, basta tão somente ter contribuído, de qualquer forma, para a
produção do resultado.
Para Nucci, esta teoria é considerada a forma mais simples e segura de
apuração da relação de causalidade entre a conduta e o resultado, pois não se examina a
responsabilidade penal, que depende de dolo ou culpa, mas apenas o nexo causal31.
Neste momento, portanto, não há preocupação com a aplicação da responsabilização
25
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1, 17 ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 678.
26
PIERANGELI, José Henrique. Nexo de causalidade e imputação objectiva. Instituto de Derecho
Penal Europeo e Internacional, Praia – Cabo Verde, 2002, p. 26.
27
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado: Parte Geral – vol. 1 - 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 303.
28
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal – parte geral, 16 ed. Atualizada por Fernando
Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 165.
29
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1, 17 ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 678
30
Ibid, p. 678.
31
NUCCI, Guilherme de Sousa. Código Penal Comentado – 15ed – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p.
147.
18
penal ao agente, mas apenas em determinar, com clareza e precisão, se a conduta deste
deu causa ou não ao resultado. A análise da vontade subjetiva (dolo ou culpa) na
conduta do agente deve ser realizada em momento subsequente.
Para constatar se uma causa, ou seja, uma conduta humana, foi responsável
pela produção do resultado, é adotado o método da eliminação hipotética, que foi
desenvolvida pelo professor sueco Thyren, em 1894, e consiste basicamente em fazer
um juízo hipotético de eliminação, suprimindo mentalmente determinada ação ou
omissão da cadeia de condutas presentes no contexto do crime.
Todavia, este método de eliminação hipotética recebe críticas por ser
considerado cego e, portanto, gerador de um regresso ao infinito. Exemplificando a
referida crítica, Cezar Roberto Bitencourt aduz:
Tais críticas, no entanto, são infundadas, uma vez que é sabido que a
equivalência dos antecedentes não é aplicada ao caso concreto em sua forma pura e
simplista. São levados em conta também, outros critérios que de fato limitam seu
alcance.
O primeiro critério, defendido por Welzel, criador do finalismo, sustenta que
qualquer excesso na busca das causas será filtrado pela análise do dolo ou da culpa na
conduta do agente que, por qualquer circunstância, deu causa ao resultado, haja vista
que no direito penal não é admita a responsabilização objetiva ao agente.
A segunda maneira de limitação do regresso ao infinito no método de
eliminação hipotética se dá pela análise da presença das concausas que, por si só,
produzem o resultado, pois nesse caso, adota-se a teoria da causalidade adequada.
A terceira é a aplicação da teoria da imputação objetiva, que embora não seja
adotada pelo Código Penal, vem ganhando cada vez mais relevância na doutrina.
Com relação à aplicação da teoria da equivalência dos antecedentes causais nos
crime omissivos, Damásio de Jesus ressalta que:
32
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1, 17 ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 679, 680.
19
Art. 13.
(...)
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
33
JESUS, Damásio de. Direito Penal, volume 1 – Parte Geral. 34 ed. São Paulo:Saraiva, 2013, p.291.
34
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado: Parte Geral – vol. 1 - 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 309.
35
DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado. 8ª ed. São Paulo : Saraiva, 2010, p. 131.
20
36
ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado – Parte
Geral. São Paulo: Saraiva, 2012, p.243.
37
MIRABETE, Julio Fabrini; FABRINI, Renato N. Manual de Direito Penal – Parte Geral, 26ª ed, São
Paulo: Atlas S.A, 2010, p. 97.
21
responsabilizado apenas pelos atos praticados e não pelo resultado mais gravoso38. Para
isso, deve-se perguntar se o resultado ocorreria como ocorreu se não fosse a ocorrência
desta segunda causa.
Ilustrando o exposto, Greco aponta o seguinte exemplo:
38
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral – 17 ed, Rio de Janeiro: Impetus, 2015, p.
205
39
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal – Parte Geral, 4ª ed. Salvador: Juspodvm,
2016, p. 235.
22
40
JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Diniz. Direito Penal. 12º ed. São Paulo: revista dos Tribunais, 2012,
p. 66.
41
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado: Parte Geral – vol. 1 - 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 304.
42
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral – 17 ed, Rio de Janeiro : Impetus, 2015, p.
235.
23
43
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal – Parte Geral, 4ª ed. Salvador: Juspodvm,
2016, p. 235.
24
44
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1, 17 ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 685.
45
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado: Parte Geral – vol. 1 - 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 306.
25
Ainda segundo o autor, “a expressão ‘por si só’ não quer dizer que a segunda
causa seja independente da primeira (no mundo fático é decorrente daquela), mas que o
evento ocorreu de maneira independente do fato do primeiro agente48”.
Se a teoria da conditio sine qua non fosse aplicada, mesmo que de forma
relativa, o nexo causal se mostraria presente e, portanto, o agente seria responsável por
dar causa ao resultado. Todavia, o legislador optou por romper este nexo de causalidade,
aplicando-se a teoria da causalidade adequada, a fim de não permitir que o agente
responda nestas circunstâncias, pelo resultado, mas tão somente pelos atos praticados.
Desse modo, o agente somente poderá ser imputado pelos resultados que forem
considerados desdobramento natural de sua ação, ou seja, estiverem na chamada linha
de desdobramento físico.
46
Ibid, p. 306.
47
MIRABETE, Julio Fabrini; FABRINI, Renato N. Manual de Direito Penal – Parte Geral, 26ª ed, São
Paulo: Atlas S.A, 2010, p. 99.
48
Ibid, p. 99.
49
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1, 17 ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 689,690.
26
A aplicabilidade penal da teoria da conditio sine qua non “tem mais relevância
para excluir quem não praticou conduta típica do que para incluir quem a cometeu52”.
Relembrando que, de acordo com o artigo 13 do Código Penal, no qual dispõe
que o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe
deu causa, esta teoria só terá aplicação em crimes materiais, ou seja, de resultado
naturalístico.
Consiste basicamente na análise de duas etapas:
A primeira se pauta em delimitar o nexo causal, ou seja, estabelecer, pelo
critério de eliminação hipotética, a cadeia de causas/condições sem as quais o resultado
não teria ocorrido como ocorreu. Se com a exclusão de determinada conduta, o
resultado naturalístico desaparecer, pode-se afirmar que aquela conduta é causa. Por
outro lado, se com a exclusão da conduta, o resultado naturalístico permanecer
50
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado: Parte Geral – vol. 1 - 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 315.
51
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1, 17 ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 693, 694.
52
MIRABETE, Julio Fabrini; FABRINI, Renato N. Manual de Direito Penal – Parte Geral, 26ª ed, São
Paulo: Atlas S.A, 2010, p. 98.
27
53
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral – 17 ed, Rio de Janeiro: Impetus, 2015, p.
280.
54
CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Geral. 19 ed. São Paulo : Saraiva, 2015, p.186.
55
CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Geral. 19 ed. São Paulo : Saraiva, 2015, p.177.
28
É inegável o nexo causal na morte: por hemorragia de uma lesão leve por ser
a vítima hemofílica; por complicações surgidas no tratamento da vítima de
atropelamento em virtude de apresentar condição diabética; por insuficiência
cardíaca decorrente de violenta emoção seguida de lesões corporais; por ser
hipertensa e estar a vítima em adiantado estado de gravidez por ocasião da
agressão etc. A questão ligada ao conhecimento ou não do agente a respeito
das condições particulares da vítima é resolvida quando da apreciação do
elemento subjetivo do crime57.
Deve-se ter o cuidado, porém, quando tais ocorrências não forem previsíveis,
de acordo com as peculiaridades do caso concreto, entre as lesões e a morte, pois levará
ao rompimento do nexo causal. Nesta mesma linha de raciocínio, o autor Rogério
Greco, citando Alberto Silva Franco expõe o seguinte:
56
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado - Parte Geral – vol. 1 - 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015, p. 306.
57
MIRABETE, Julio Fabrini; FABRINI, Renato N. Manual de Direito Penal – Parte Geral, 26ª ed, São
Paulo: Atlas S.A, 2010, p. 98.
58
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral – 17 ed, Rio de Janeiro: Impetus, 2015, p.
317
29
Assim, para ilustrar o exposto, o autor exemplifica que, se uma pessoa, que
sofre lesão corporal por ter sido esfaqueada por “A”, for socorrida, medicada e
orientada quantos aos cuidados a tomar, mas não obedece à prescrição médica e em
virtude dessa falta de cuidado, o ferimento infecciona, gangrena e a leva a óbito. Apesar
de haver uma relação de causalidade entre a conduta de desferir a facada e o evento
morte por conta do ferimento, “A” deverá responder apenas por lesão corporal leve, sob
o fundamento de que a displicência da vítima criou um novo fluxo causal, inusitado,
inesperado, causando, por si só, o resultado morte60.
Dessa forma, segundo o entendimento do autor, deve haver o rompimento do
nexo causal e com isso, a aplicação do § 1º do art. 13 do CP.
Até porque, conforme enfatiza Queiroz, na análise das causas supervenientes
relativamente independentes “é irrelevante saber o momento da causa. Se é relativa ou
absolutamente independente, mas se produziu, por si só, o resultado.61” uma vez que a
depender do caso concreto, o resultado produzido poderá ser bastante incompatível com
a conduta praticada.
59
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1, 17 ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 690, 691.
60
Ibid, p. 691,692.
61
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal – parte geral, 4ª ed; Rio de Janeiro-RJ, Editora Lumen Juris, 2008, p.
174,
30
62
Art. 13, § 1º, do CP: A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando,
por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.
63
NUCCI, Guilherme de Sousa. Código Penal Comentado – 15ed – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p.
147.
64
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1, 17 ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 694, 695.
31
do resultado, conforme preceitua a conditio sine qua non, é necessário também, que sua
conduta tenha sido de fato, eficiente e idônea à causação do evento delituoso.
Conforme lições de Bitencourt, “essa teoria permitiria excluir do âmbito da
responsabilidade penal os cursos causais irregulares e aqueles resultados valorativos
insatisfatórios”.
Assim, não aparecerá adequado para produzir a morte de B que A lhe desfira
alguns golpes leves ou que o lesione com ânimo de mata-lo se, no entanto, B
acaba morrendo por uma via tão distinta como a de um acidente com a
ambulância que o transportava para o hospital65.
65
MIR PUIG. Santiago. Direito Penal – Fundamentos e Teoria do Delito – 7ª ed. São Paulo : Revista
dos Tribunais, 2007, p.200.
66
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Nexo causal. 3ª ed. São Paulo: Siciliano Jurídico, 2004, p. 115.
67
NUCCI, Guilherme de Sousa. Código Penal Comentado – 15ed – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p.
147.
68
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1, 17 ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 696.
32
72
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado - Parte Geral – vol. 1 - 3 ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2015, p.315,316.
73
CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Geral. 19 ed. São Paulo : Saraiva, 2015, p.196.
74
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal – Parte Geral, 4ª ed. Salvador: Juspodvm,
2016, p.241.
34
Outro exemplo apresentado nesta hipótese é o caso de “A”, que está tendo um
infarto e “B” faz a massagem cardíaca como deve ser feita, mas quebra uma costela e
“A” morre, sendo que teria sobrevivido sem a massagem. Nesse caso, “B” não responde
pela morte de “A”, porque sua conduta diminuía e não aumentava o risco ao bem
jurídico.
Esta hipótese de diminuição do risco é recorrente principalmente na questão da
intervenção médica e do erro médico.
c. Se o resultado não deriva do risco criado, o que se comprova com o
instrumento do “comportamento alternativo”, conforme o direito. Ex. O ciclista ébrio
estava na pista e o caminhão foi ultrapassar, mas o caminhão não guardou a distância
mínima exigida e matou o ciclista atropelado, que por estar bêbado, perdeu o controle
da bicicleta.
No entanto, se comprovar que mesmo que o caminhão tivesse guardado a
distância exigida, o ciclista estaria no meio da pista e teria sido atropelado do mesmo
jeito. Assim, pode-se verificar que a morte do ciclista não foi resultado do risco criado
pela desobediência da distância regulamentar, a morte foi responsabilidade do próprio
ciclista.
Roxin ressalta que só deve ser eliminada a imputação objetiva se tem certeza
que o comportamento alternativo conforme o direito, não muda o resultado. Se tiver
dúvidas, o desfecho não pode ser absolutório, deve haver a imputação, pois apenas a
certeza do comportamento alternativo conforme o direito não mudaria o resultado
poderia afastar a imputação e no exemplo acima, há dúvidas. No entanto, a doutrina
majoritária sustenta o princípio do in dubio pro reo, que na presença de uma dúvida
razoável de sua responsabilidade no fato delituoso, o réu deve ser absolvido75.
Se o resultado está fora do âmbito de proteção da norma, ou seja, não é o que a
norma de cuidado ou de proibição quer evitar. Conforme preleciona Greco, “somente
haverá responsabilidade quando a conduta afrontar a finalidade protetiva da norma76”.
Dessa forma, no caso de um crime de injúria, por exemplo, a norma quer proteger a
honra, não a vida, portanto, o autor do crime não poderá responder pela morte da vítima
que morreu em decorrência de uma depressão em virtude da injúria sofrida.
75
JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Diniz. Direito Penal. 12º ed. São Paulo: revista dos Tribunais, 2012,
p.98.
76
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral – 17 ed, Rio de Janeiro: Impetus, 2015, p.
300.
35
77
JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Diniz. Direito Penal. 12º ed. São Paulo: revista dos Tribunais, 2012,
p.98.
78
QUEIROZ, Paulo. Direito Penal – parte geral, 4ª ed; Rio de Janeiro-RJ, Editora Lumen Juris, 2008, p.
186.
36
As vantagens são que a conditio sine qua non é formada por critério mais
simples, claro e objetivo de se imputar um fato ao agente, pois se fundamenta na
garantia de que a sua aplicação se dará por um critério pautado na busca das causas sem
realizar qualquer juízo de valor. Nesse sentido, Junqueira ressaltar que “outras teorias
39
teriam problemas ainda maiores e não resolveriam tão grande número de casos de
maneira satisfatória79”.
Do mesmo modo, Zafaroni e Pierangeli defendem que:
Evita, portanto, decisões com interpretações muito discrepantes por parte dos
julgadores e se mostra justa, uma vez após analisar se a conduta do agente realmente
deu causa ao resultado é verificado se este agiu de forma dolosa ou culposa. Se não agiu
com nenhum dos dois, o fato será atípico.
Já a desvantagem mais evidente é que a teoria da conditio sine qua non não é
suficiente para resolver todos os problemas da relação de causalidade. Em determinadas
situações, como por exemplo, na ocorrência causa superveniente relativamente
independente que, por si só, produz o resultado, é necessário a aplicação da teoria da
causalidade adequada, pois a conditio sine qua non, por ser extremamente objetiva e
mecanicista, excederia a responsabilização criminal do agente de forma desproporcional
à sua conduta.
Não entendemos como desvantagem na aplicabilidade desta teoria, todavia, o
método de eliminação hipotética, uma vez que seu regresso excessivo pode ser
facilmente limitado pela análise da conduta do agente causador, se agiu com dolo ou
com culpa.
79
JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Diniz. Direito Penal. 12º ed. São Paulo: revista dos Tribunais, 2012,
p. 66.
80
ZAFFARONI, Eugênio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro: vol
1 – Parte Geral, 9 ed. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011. p. 472.
40
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
6. JESUS, Damásio de. Direito Penal, volume 1 – Parte Geral. 34 ed. São
Paulo:Saraiva, 2013.
10. CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Geral. 19 ed. São Paulo :
Saraiva, 2015.
11. QUEIROZ, Paulo. Direito Penal – parte geral, 4ª ed; Rio de Janeiro-RJ,
Editora Lumen Juris, 2008.
14. FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal – parte geral, 16 ed.
Atualizada por Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 2003.
15. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral – 17 ed, Rio de
Janeiro: Impetus, 2015.
16. DELMANTO, Celso. Código Penal Comentado. 8ª ed. São Paulo : Saraiva,
2010.
17. JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Diniz. Direito Penal. 12º ed. São Paulo:
revista dos Tribunais, 2012.
19. COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Nexo causal. 3ª ed. São Paulo: Siciliano
Jurídico, 2004.