Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
MÚSICA VIVA:
NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A PRÁTICA DA IMPROVISAÇÃO MUSICAL
LUÍS LEITE
por
LUÍS LEITE
REITOR
Luiz Pedro San Gil Jutuca
VICE-REITOR
José da Costa Filho
Leite, Luís.
viii, 159 f. ; 30 cm
Autorizo a cópia da minha tese “Música Viva: Novas perspectivas sobre a prática da
improvisação musical” para fins didáticos.
AGRADECIMENTOS
À minha esposa Erika Ribeiro, meu grande amor e parceira de todas as horas.
Aos amigos e parceiros musicais Sérgio Krakowski, Ivo Senra e Lúcio Vieira
pelas contribuições essenciais a esse trabalho e por compartilhar do ideal de
perseguir um eterno amadurecimento enquanto artista.
Aos meus pais Marisa Palacios e José Leite, pelo apoio incondicional, assim
como Sérgio Rego e Suzete Leite, pelo incentivo de sempre. À Thereza Palacios,
Zito e Otilia Leite, minha gratidão por seus ensinamentos e estímulos à minha
carreira de músico.
Aos meus mestres formais no violão: Alvaro Pierri, Nicolas de Souza Barros e
Carlos Alberto de Carvalho, e aos informais também: Nelson Veras, Antal Pusztai e
Guinga.
Aos professores André Pires (UFJF), Humberto Amorim (UFRJ), Luis Carlos
Justi (UNIRIO) e Thaís Nicodemo (UNICAMP) pela leitura dedicada e compromisso
acadêmico; e Nicolas de Souza Barros, Clayton Vetromilla e Marco Túlio Pinto pelas
considerações pertinentes por ocasião das bancas que compuseram ao longo do
curso.
À UFJF pela bolsa Proquali durante o tempo de meus estudos. Ao Sr. Aristides
e aos demais funcionários do PPGM, assim como seus coordenadores.
RESUMO
ABSTRACT
The main objective of this thesis is to discuss intrinsic issues related to the creative
process of musical improvisation, as well as the multiple aspects that define its
practice. Historical elements that demonstrate its presence throughout music history
are brought to light, as well as its importance to the development of musical styles
that are part of today’s Western art music repertoire. Based on the study of the laws
that apply to the fundamental principles of improvisation, a development proposition
was elaborated taking into consideration didactic and theoretical references of our
time and knowledge from popular music practice. New trends of improvisation are
also analyzed with the help of modern theoretical components such as Olivier
Messiaen’s modes of limited transposition, solos over ostinatos and odd measures,
considering the way musicians set new paradigms by building and developing
original improvisation languages. In order to show how the new generation is in
contact with both tradition and new approaches of musical improvisation, an interview
was conducted with Nelson Veras, one of the leading exponents in contemporary
improvisation. Transcriptions of his improvised solos were analyzed as well. The final
product is presented in the form of a CD, which is the result of the immersion and
artistic experimentation with the material studied during this research.
ZUSAMMENFASSUNG
Diese Dissertation zielt darauf ab, Probleme bezüglich des kreativen Prozesses der
musikalischen Improvisation und ihrer Mechanismen in der Praxis zu diskutieren. Es
werden historische Aspekte und ihre Präsenz in der Musikgeschichte sowie ihre
Bedeutung bei der Konstruktion von musikalischen Stilen und Sprachen des
klassischen Musikrepertoires vorgestellt. Aus dem Studium der Gesetze, die die
Grundlagen der Improvisation regeln, wurde ein Vorschlag für die Entwicklung in
diesem Bereich aus didaktischen und theoretischen Referenzen unserer Zeit und
unserer Kenntnisse verarbeitet. Neue Trends der Improvisation werden durch das
Studium der neuen ästhetischen Tendenzen wie Olivier Messiaens Modi mit
begrenzten Transpositionsmöglichkeiten, Ostinati, und ungerade Takten analisiert,
unter Berücksichtigung der Art und Weise, wie Musiker neue Paradigmen durch die
Entwicklung originaler Improvisationssprachen behandeln. Um zu zeigen, wie die
neue Musikergeneration gleichzeitig mit der Tradition sowie mit aktuellen Aspekten
der Improvisation in Kontakt ist, wurde ein Interview und eine Analyse von
Transkriptionen der improvisierten Soli des Gitarristen Nelson Veras – einer der
Vertreter der zeitgenössischen Improvisation – durchgeführt. Am Ende wird ein
phonographisches Produkt vorgestellt, das durch die Beschäftigung mit dem Thema
und dem Durchführen künstlerischer Experimente elaboriert wurde.
Através do uso dessa nova tecnologia, torna-se então possível não apenas ler
a tese, mas ouví-la.
www.soundcloud.com/doutoradoluisleite/sets/exemplosmusicais
1
Sigla para Quick-Response Code, ou ‘código de resposta rápida’ em português.
Sumário
Introdução.................................................................................................................... 1
2.2 Vocabulário.............................................................................................. 61
2.3 Flexibilidade............................................................................................. 73
Conclusão................................................................................................................ 131
Embora o gesto de criar melodias em tempo real possa parecer algo mágico
ou incompreensível para o leigo, os processos cognitivos que compreendem tal
habilidade são regidos por parâmetros próprios. Não é de forma randômica nem ‘por
acaso’ que o músico toca uma nota ou outra durante sua execução. Suas escolhas
se baseiam em conhecimentos teóricos específicos, necessários, por exemplo, para
determinar o uso das notas e do material musical empregado.
2
I used to think: How could jazz musicians pick notes out of thin air? I had no idea of the
knowledge it took. It was like magic to me – Calvin Hill.
2
Esta tese visa justamente à articulação entre o rigor formal que rege a
academia e os saberes que constituem o universo popular, sem perder de vista a
colaboração de ambas as vertentes para os estudos musicais. Contribuições ao
campo de produção dessa área sem dúvida fomentam intercâmbios de ideias e
promovem dinâmicas de interação com quem compõe e desenvolve linguagens de
improvisação hoje em dia.
3
Por música instrumental entenda-se a vertente que normalmente se associa à expressão
musical influenciada pelo jazz e que se utiliza de elementos organizados através de
conceitos relacionados à prática da improvisação.
4
4
Nemesis aqui se refere ao sentido de antagonista, a outra face, o outro lado da moeda. Foi
o título escolhido por ser um projeto todo realizado com guitarra elétrica, a perfeita nemesis
do violão, instrumento original do autor.
5
Em Musical Improvisation: Art, Education and Society, Bruno Nettl5 afirma que
o termo improvisação na verdade nunca deveria ter sido adotado para a expressão
5
Bruno Nettl é um reconhecido estudioso da improvisação. Foi o pesquisador responsável
por escrever o verbete ‘Improvisação’ no Dicionário Grove de Música.
7
de tal prática musical (NETTL, 2009, p. ix). É verdade que um ouvinte desavisado
poderia pensar que a improvisação musical aconteceria no momento em que um
músico esquece a partitura em casa e, já no palco, se vê obrigado a improvisar
notas como alguém improvisa um jantar em cinco minutos com as sobras do dia
anterior.
6
Um músico que toca dentro de um estilo específico e domina a expressão desse ‘idioma’.
7
Improvisation implies a relative freedom to choose elements within stylistic norms or rules
proper to a given culture.
8
No decorrer desta tese se entenderá por linguagem musical o conjunto de elementos
musicais que, compreendidos dentro de uma coerência estética, caracterizam um estilo
específico. Embora seja também possível o uso desta expressão para localizar toda a
música como uma linguagem de expressão do ser humano, no recorte desta tese linguagem
musical será compreendida como o conjunto de elementos musicais que, organizados de
maneira específica, representam um estilo reconhecível por seus pares (COOKE, 1990).
8
Mas nem sempre a improvisação teve esse esse nome ao longo da história
da música. Ao analisar sua nomenclatura no decorrer dos séculos, é possível
observar que diversos exemplos de gestos musicais atualmente classificados como
improvisação eram conhecidos por outras expressões em suas respectivas épocas:
Divisão, Diminuição, Ornamentação, Grace, Agréments, Florere, Passagi, Redobles,
Diferencia, Fantasia.
9
The creation of a musical work, or the final form of a musical work, as it is being performed.
It may involve the work’s immediate composition by its performers, or the elaboration or
adjustment of an existing framework, or anything in between.
10
To improvise is to compose, or simultaneously compose and perform, on the spur of the
moment and without any preparation.
9
11
There is scarcely a single field in music that has remained unaffected by improvisation,
scarcely a musical technique or form of composition that did not originate in improvisatory
performance or was not essentially influenced by it. The whole history of the development of
music is accompanied by manifestations of the drive to improvise.
10
12
It is difficult to imagine that, in its origins, music was anything else than a wholly
improvised art. The earliest primitive musicians were their own composers, their own
performers, and often, doubtless their own audiences.
13
Les Grecs possédaient un système plus ou moins developpé de notation musicale et
l’utilisaient principalement comme un aide-mémoire. Le compositeur et l’interprète étaient
généralement une seule et même personne. De ce fait, les mélodies, qui se transmettaient
de génération en génération, sans écriture préalable, subissaient diverses transformations
selon le gré de l’interprète. Les variantes étaient liées à divers processus d’ornamentation.
11
14
Desenvolvido na idade média, se refere a uma melodia cantada com ao menos uma outra
voz adicionada a ela, normalmente em quartas ou quintas perfeitas.
15
l'improvisation et la composition vont désormais coexister tout en s'enrichissant de leurs
techniques réciproques. Une improvisation à quatre voix sur une mélodie de plainchant, avec
quintes et octaves, est décrite par le clerc français Elias Salomon en 1274. En 1351, le
moine franciscain anglais Simon Tunstede décrit une combination d’organum paralléle
improvisé en quintes et octaves, avec ornamentation mélodique s’appelait frangere ou
florere.
12
Vihuela:16
Flauta doce:
Órgão:
Ornamentação vocal:
Teoria Musical:
16
Instrumento de corda dedilhada de 5 ou 6 ordens de cordas duplas pertencente à prática
musical dos séculos XV e XVI. Seu uso ocorreu predominentemente na Espanha, mas
houveram expressões relevantes em Portugal e na Itália.
13
O maior nome da música barroca, J.S. Bach (1685-1750), por exemplo, foi
muito mais reconhecido em vida por suas habilidades como virtuoso do teclado e
improvisador do que como compositor (WOLFF, 2015). Em 1737, suas
improvisações foram duramente criticadas na imprensa da época por Johann
Scheibe, um antigo aluno, por seu “estilo rígido e confuso”, no qual ele “obscurece a
beleza por um excesso de arte”, sendo sua ornamentação tão eloquente que “não
apenas retira de suas peças a beleza da harmonia, como cobre completamente a
melodia o tempo todo”. Scheibe afirma ainda que sua dificuldade, artificialidade,
caráter sombrio, labor oneroso e esforço são “empregados em vão, já que conflitam
com a natureza”. (WOLFF, 1999. p. 338).
17
Hardly a single form of vocal or instrumental music of that time is conceivable without
some degree of ornamentation, sometimes written down but much more usually added in
performance: the passagi of the italians, the agréments of the french, the graces of the
English and the glosas of the Spaniards.
14
18
The art of improvisation – in those days inseparably bound up with practice on the
instrument – would at the very least prepare the ground for his work as a composer. This
reciprocity between performing and composing is reflected in the unruly virtuoso and
improvisatory elements in Bach’s early works.
19
Eine Fantasie nennet man Frey, wenn sie keine abgemessene Tacteinheitung enthält [...],
oder aus dem Stegreif erfunden werden. [...] Eine freye Fantasie bestehet aus
abwechselnden harmonischen Sätzen, welche in allerhand Figuren und Zergliederungen
ausgeführet werden können. Man muß hierbey eine Tonart festsetzen, mit welcher man
anfänget und endiget.
15
20
Aqui observa-se principalmente a utilização do verbo ‘Preluder’ (francês), ou
‘Extemporize’ (inglês) para denotar improvisação. Interessante notar como o uso dessa
expressão, originada do latim praeludere (prae, “pré”; “anterior” + ludere, “tocar”) já havia
assumido o sentido de criação espontânea de material musical, estando associada não
necessariamente a um tipo de peça introdutória (como normalmente se pensa hoje em dia)
mas à improvisação.
16
Em outro registro, dez anos depois, em uma série de cartas que chamou de
‘Cartas sobre o ensino do Pianoforte, dos rudimentos até a formação’ [Briefe über
den Unterricht auf dem Pianoforte vom Anfange bis zur Ausbildung], Czerny escreve
novamente preciosas informações (que surpreendem por sua atualidade – poderiam
ter sido escritas por um improvisador de jazz do século XXI), que definem com
precisão a mentalidade do ambiente musical deste período e sua relação com a
improvisação:
21
Demnach besteht das Talent und die Kunst des Fantasierens darin, aus dem Stegreif,
ohne besondere unmittelbare Vorbereitung, jede eigene oder auch fremde Idee, während
dem Spielen selbst, zu einer Art von musikalischer Composition auszuspinnen, welche,
obschon in viel freyeren Formen, als eine geschriebene, doch in soweit ein geordnetes
Ganzes bilden muss, als nöthig ist, um verständlich und Interessant zu bleiben
22
Sie wissen, dass die Musik gewissermassen eine Art Sprache ist, durch welche die
Empfindungen und Gefühle ausgedrückt werden können, welche das Gemüth erfüllen oder
bewegen. Eben so ist Ihnen bekannt, dass man auf einem musikalischen Instrumente, und
vorzüglich auf dem Fortepiano, Vieles ausführen kann, was weder vorher aufgeschrieben,
noch einstudiert und vorbereitet worden, sondern was blos die Frucht einer augenblicklichen
und zufälligen Eingebung ist. Man nennt dieses: Fantasieren, oder Improvisieren.
17
23
Kalbrenner impôs a Chopin que permanecesse como seu pupilo por 3 anos ininterruptos,
o que Chopin não aceitou, por julgar ser tempo demais (JASINSKÁ, 2011).
24
Il existe un vice dans la manière d’enseigner la composition, qui fait que l’élève tout en
apprenant à connaître les accords et leurs renversements, ne sait souvent comment les
employer. C’est cette lacune que nous avons cherché à combler, en appuyant le plus
possible nos exemples, sur des règles de chiffres.
25
Em inglês, Western Art Music.
18
26
[...] the effect of technological development and industrialization on the aesthetics of
academic art since the late 18th century. [...] the effect of notation and literacy on the
development of all Western music. [...] the disappearance of original social contexts for art
music; the lack of exposure in daily life to classical music on the part of modern performers;
the experimentalist nature of much contemporary composition; interest in historically
accurate performance practice; and reverence for art music; all seem to be significant factors
contributing to the decline of improvisation.
19
27
I wonder whether the decline of improvisation in classical music shares some things in
common with the rise of the museum as a middle class pastime? Both demand reverential
20
Surgia o conceito de relíquia em música e nas demais artes. Em seu livro ‘The
Age of Revolution: 1789 – 1848’, Eric Hobsbawm afirma:
attitudes toward artifacts of the past. Just as a moustache is not to be drawn on the Mona
Lisa, so Mozart is not to be embellished.
28
The museums and art galleries which were founded or opened to the public in this period
(e.g. the Louvre and the British National Gallery, founded in 1826) displayed the art of the
past rather than the present.
21
Moore, ao afirmar que “ninguém nega que a música de concerto é tocada hoje
de forma diferente do que quando foi composta” 29 , se refere a algo além da
impossibilidade de se construir uma imagem sonora perfeita a respeito da intenção
de compositores como Mozart ou Beethoven (pela ausência de gravações originais
ou distância temporal). Grande parte das obras compostas entre os séculos XVI e
XIX, no momento de sua concepção, pertenciam a uma linguagem musical que
permitia um alto grau de flexibilidade, e consequentemente, de improvisação.
Instrumentistas foram perdendo essa relação durante a execução dessas peças, em
função das mudanças que se instauraram na Europa a partir da metade do século
XIX.
29
No one denies that art music is played today differently than when it was first composed.
22
30
Essa tradição hierárquica permanece até os dias de hoje. Ser capaz de compreender
uma harmonia rapidamente é praticamente uma condição para a inserção do músico na
cena musical do choro.
23
31
In 1808 alone, as many as six thousand refugees fleeing the Haitian revolution arrived in
the city, after being forced to leave Cuba. The resulting amalgam – an unprecedent mixture
of European, Caribbean, African and American elements – made Louisiana into perhaps the
most seething ethnic melting pot that the nineteenth-century world could produce.
32
Aqui vale notar que tanto o jazz como o choro tem em sua origem a busca pelo
incremento da paixão, da vivacidade e sensualidade de seu ritmo. A grosso modo, os dois
24
33
Many musicians— mostly black, but also Creole and white— were experimenting with the
syncopations of ragtime and the blues tonality and applying these rhythmic and melodic
devices to a wide range of compositions. At first, improvisational techniques were probably
used merely to ornament composed melodies, but at some point these elaborations must
have evolved into more free- form solos. What began as experimentation eventually led to
formalized practice. Reconstructing these events with any precision is all but impossible— a
terminology for describing this music would not exist for quite some time, and the first
recordings of this new style would not be made for at least twenty years. Whether Bolden
was the decisive figure or merely one among many to spur this transformation remains a
matter for speculation. In any event, all our research indicates that sometime around the end
of the nineteenth century, a growing body of musicians in New Orleans were playing a type
of music that, with benefit of hindsight, can only be described as jazz.
25
34
In December of 1915 the Victor Talking Machine Company offered to record Keppard and
his band. Jazz was yet to be recorded and no one knew if it would sell. It was Keppard’s big
chance. But unexpectedly, he turned them down. He was said to have been frightened that
other musicians would buy his records just to steal his stuff. Freddie Keppard passed up the
opportunity to be the first jazz musician to make a record.
26
Uma rápida passagem pela sua vida e sua obra seria suficiente para
verificar que ele é responsável por façanhas surpreendentes, como a
de estrear no disco aos 13 anos de idade revolucionando a
interpretação do choro. É que naquela época (1911) a gravação de
disco ainda estava em sua primeira fase no Brasil e os instrumentistas,
mesmo alguns ases do choro, pareciam intimidados com a novidade e
tocavam como se estivessem pisando em ovos, com medo de errar.
Pixinguinha começou com segurança total e improvisou na flauta com
a mesma tranqüilidade com que tocava nas rodas de choro ao lado do
pai e dos irmãos, também músicos, e dos muitos instrumentistas que
formavam a elite musical do início do século XX (CABRAL, 2015).
35
The New Orleans Style of Jazz – Part 1: 1914 to 1935:
www.youtube.com/watch?v=GE7k9D5I5a0.
27
Esse movimento ao mesmo tempo que virou referência, permanece vivo até
hoje, como afirma o pianista Cliff Korman (2011):
36
Uma improvisação, especialmente na atualidade, pode conter diversas referências de
linguagem provenientes de estilos diferentes. Vale portanto o reconhecimento de que um
improvisador pode lançar mão de diversos recursos expressivos conforme lhe convier para
alcançar certo objetivo estético.
30
“Jazz não é só: ‘Nossa, cara, isso é o que eu tô sentindo que eu devo
tocar’… Na verdade é algo muito estruturado, que vem de toda uma
tradição e demanda muita reflexão e estudo.” – Winton Marsalis
38
(BERLINER, 1994, Kindle Edition pos. 1600).
37
Obwohl hiezu, wie zur Musik überhaupt, natürliches Talent gehört, so kann das
Fantasieren doch auch nach gewissen Grundsätzen studiert, angewöhnt, und geübt werden,
und ich bin überzeugt, dass Jedermann, der im Spielen eine mehr als mittelmässige Stufe
erreicht hat, auch der Kunst des Improvisierens, wenigstens bis zu einem gewissen Grade,
nicht unfähig ist.
38
“Jazz is not just, ‘Well, man, this is what I feel like playing’. It’s a very structured thing that
comes down from a tradition and requires a lot of thought and study” – Winton Marsalis.
31
vasta, mas com algum tempo de convivência com o material, o instrumentista passa
a se familiarizar com a diversidade de estruturas que compõe esse sistema.
39
Improvisation? Anyone who plays anything worth hearing knows what he’s going to play,
no matter whether he prepares a day ahead or a beat ahead. It has to be with intent.
40
“Play along“, ou “toque junto“ é um tipo de produção didático-musical que se baseia em
oferecer gravações originais de acompanhamentos em formato de audio (CD, Cassete, etc.)
com o objetivo de permitir que o instrumentista possa treinar sua parte de solista sendo
acompanhado por uma faixa gravada e preparada com esta finalidade. Aebersold produziu
uma série CDs (inicialmente cassetes) com inúmeros acompanhamentos de conhecidos
temas de jazz que chamou de “Play-A-Long“, sempre usando um trio com piano: piano,
baixo e bateria. Para fins didáticos, às vezes poderiam haver versões de diferentes
velocidades da mesma música. Outra característica é que, gravado em stereo, com o
acompanhamento de piano em um canal e o baixo no outro, o ouvinte pode escolher em
ouvir apenas bateria e baixo ou bateria e piano, ou, com o panorama estereofônico no
centro, os três instrumentos: bateria, piano e baixo.
32
41
Improvisors’ ultimate goal is to be able to reproduce instantly on their instrument the
sounds they hear mini-seconds ago in their mind. To people who only read music, this may
seem impossible. Nothing is impossible. This way of thinking has only led to the mysticism
which at times clouds the horizon for those wishing to improvise.
42
Expressão em inglês que é usada para representar a noção de tempo de um músico.
43
O sabor rítmico de um determinado estilo.
33
44
Berklee College of Music
45
One can observe that ‘free’ improvisation – or improvising without musical restrictions
such as intonation, chord changes, tempo, song form, etc. – is valid, worthwhile, fun to do,
and important to experience and try to do well. (...) However, improvising creatively and
musically within the framework of certain musical restrictions is a more demanding challenge
because it requires discipline and accuracy, and, because of this, develops ability in the
areas associated with the restrictions.
34
46
The category When To Play deals with controlling the quantity of playing and resting done
in an improvised solo. This is called ’pacing’. The category What to Play is comprised of
numerous sources used to derive melody in an improvised solo, such as: guide-tones, chord
tones, tensions, chod scales, song melody, melodic embelishments […] The category How to
Play involves those topics relating to solo structure, content and execution. Examples
included in the book are: motific playing, motif development, time-feel, stretching the time,
articulation, phrasing, rhythmic density […]
35
Os 3 Pilares da Improvisação
I. Fundamentos
II. Vocabulário
III. Flexibilidade
Vale ressaltar que os três aspectos explicados a seguir são formatados para
serem trabalhados simultaneamente, uma vez que os aprofundamentos de seus
desenvolvimentos específicos irão colaborar para maior proficiência coletiva.
2.1 Fundamentos
47
Onde foi o criador de uma proposta de formação híbrida, na qual todos alunos são
levados a desenvolver habilidades de improvisação durante o curso e a abordar tanto o
repertório de música de concerto quanto o de música popular.
36
Ø O Tema
48
Algumas das informações vinculadas ao conhecimento básico de escalas, assim como
temas correlatos, fazem parte de um conhecimento comum e difundido sobre teoria musical
e improvisação. Podem portanto ser encontradas, ainda que por vezes abordadas de outras
maneiras, em diversos métodos de teoria musical.
49
Sem dúvida é um assunto bastante amplo que envolve múltiplas interações com conceitos
de harmonia e teoria musical. Seria impossível cobrir todos os aspectos pertinentes a este
tema, portanto serão valorizadas as propostas originais de abordagem do assunto.
37
Ø Harmonia:
50
Learners must also master the chord progression of each piece as a fundamental
guideline because of its roles in suggesting tonal material for the melody’s treatment and in
shaping invention to its harmonic-rhythmic scheme.
51
Algumas formas de cifragem de jazz são ligeiramente diferentes das usadas no Brasil.
Normalmente no jazz se abrevia um acorde menor com um sinal de ”menos“, e de 7a maior
”maj7“: major 7th. E♭- significa: Mi bemol menor, e C♭maj7 significa: Dó bemol maior com
sétima maior.
39
uma página, e embora a melodia escrita seja apresentada uma ou duas vezes, a
execução pode durar vários minutos através de criações que usam como pano de
fundo a harmonia descrita, onde cada acorde representa um verdadeiro universo de
sons. Uma página é, portanto, suficiente para dar corpo a uma obra inteira pois suas
informações servem somente como guia, descrevendo a forma e a harmonia da
peça. A partir dessa estrutura, o intérprete pode criar uma gama de variações, que
vai desde a composição de novas melodias em cima da harmonia proposta, até a
variação da mesma em múltiplas versões e até diferentes instrumentações.
***
Ø Campo harmônico
52
As outras escalas menores: a escala menor natural é o VI modo do campo harmônico da
escala maior, o modo eólio. A escala menor harmônica, embora também gere seus próprios
modos e produza sonoridades muito ricas, tem derivações raramente vistas no contexto da
música instrumental brasileira e do jazz [com exceção de suas vertentes mais modernas].
©
44
53
‘X’ representa qualquer letra de cifra de acorde.
54
Também podem ser usadas esporadicamente, com o objetivo de dar coloridos especiais,
a escala de tons inteiros e a escala blues
47
Escalas Secundárias
Menor Harmônica X7(b9, b13)
Diminuta X°, X7(b9, 13)
Ø Extensões do acorde
Ø Escalas e arpejos:
Por exemplo, sobre o acorde de Dm7 (Ré menor com sétima) se aplica
frequentemente durante a improvisação o modo Ré dórico (Fig. 2 e 3), o qual, do
ponto de vista digital e instrumental, possui as mesmas notas disponíveis da
escala de Dó maior. Pontanto, para improvisar sobre C7M, Dm7, Em7, F7M, G7,
Am7 ou Bm7(♭5), convém priorizar o aprendizado das digitações dos desenhos de Dó
maior, não sendo necessário criar digitações específicas para todos esses modos
(Jônio, Dórico, Frígio, Lídio, Mixolídio, Eólio e Lócrio).
terá as mesmas notas de Sol Dórico, Lá Frígio, Si♭ Lídio, Dó Mixolídio, etc. Dessa
maneira, todos os seguintes acordes de seu campo harmônico: F7M, Gm7, Am7,
Conhecer bem os arpejos das tétrades básicas dentro dos desenhos também
faz com que o solista possa garantir uma boa coerência entre solo e harmonia,
ampliando o leque de possibilidades expressivas. Ser capaz de localizar com
precisão as notas dos acordes sobre os quais se está solando também contribui
significativamente para a melhor adaptação do desenho escalar à harmonia em
questão, já que representam importantes pontos de apoio e consonância,
indispensáveis para orientar a direção do fraseado.
A nota-alvo é a nota que conclui uma frase, ou que é articulada no tempo forte
de um compasso, produzindo um efeito particular sobre a harmonia. Ao criar uma
estrutura musical, o solista conduz o discurso de forma a concluí-lo (ou produzir
pontos de apoio) em notas que produzam um efeito específico e desejado sobre
uma determinada harmonia. Ao pensar no conceito de nota-alvo, o solista imprime
inflexão à improvisação.
Estes são conceitos que irão também nortear a abertura para a liberdade
expressiva da improvisação: através do uso de pontos de apoio o solista se vê livre
para tocar praticamente qualquer nota entre eles, desde que amparado pelos pontos
pivô. É possível dessa maneira improvisar dentro de um contexto tonal utilizando até
mesmo frases atonais, que quando amarradas por esses pontos tem a sua unidade
de discurso garantida.
57
***
55
When improvising with harmonic priority, the improviser creates a melodic line by thinking
primarily about the underlying chord progression and specifically shapes melodic material
accordingly, identifying important chord “target notes” and creating melodic passages that
place these targets on the strong beats of the measure
56
The chord and melodic structures within a chorus that provide the context for tonal jazz
improvisation contain predetermined phrase structures. At times the phrases of the
improvised solo align with the phrases of the underlying chord structure, yet expressive
tension may be created by deliberately adjusting the phrase structure of the solo so that the
structure does not align with the phrases suggested by the harmony.
59
Essa ideia de um baixo que percorre todo o desenho harmônico e lhe confere
sentido, mesmo que não audível, está constantemente presente no cotidiano da
improvisação. Um exercício comum e muito eficaz é o de, ao improvisar, cantar a
fundamental do acorde de maneira a conseguir entender claramente o
encadeamento e incorporar organicamente os caminhos e ritmos harmônicos
presentes na música.
2.2 Vocabulário
57
Just as children learn to speak their native language by imitating older competent
speakers, so young musicians learn to speak jazz by imitating seasoned improvisers. In part,
this involves acquiring a complex vocabulary of conventional phrases and phrase
components, which improvisers draw upon in formulating the melody of a jazz solo.
Complete recorded improvisations also provide models.
62
Figura 22: J.S: Bach – Fuga BWV 998 para alaúde solo
58
J. S. Bach and his students possessed a vocabulary of flourishes and other ornamental
gestures [...] notated fantasies are probably merely the visible survivors of an improvising
tradition.
64
Figura 23: J. S. Bach – Preludio BWV 881 (Cravo bem temperado Vol. II)
Figura 24: J.S. Bach – Matthäus-Passion; Aria ‘Blute nur du liebes Herz’
Exemplo Musical 9: J.S. Bach – Matthäus-Passion; Aria ‘Blute nur du liebes Herz’
65
Figura 25: . W. A. Mozart – Concerto para Piano n. 17 K453 em Sol M (1° Mov.)
o
Figura 26: W. A. Mozart – Sonata para violino e piano K454 em Sib Maior (1 Mov.)
59
For better or worse, the bebop vocabulary refined by Parker and his contemporaries
remained either an explicit source of inspiration or, at a minimum, a reference point for
virtually all postbop jazz styles during the next half-century.
60
Lick é uma expressão em inglês frequentemente usada no ambiente de jazz para designar
uma frase ou motivo melódico marcante. Normalmente está associado a ideia de ser
repetido e aplicado em diferentes situações.
68
61
I decided the best I could do would be to write the solos down, note for note, and line them
up with the harmony of the song, analyzing the notes according to the chords that were being
played. Then I would learn, ‘Well, you can do this at this time. You can do that at that time.’ It
was like getting your vocabulary straight.
69
Neste contexto, uma outra pergunta que se apresenta é: uma vez que é
imperativo que essas estruturas sejam acionadas em tempo real durante o solo, qual
seria o fator primordial de identificação associativa necessário para acioná-las
rapidamente?
62
Because the way my mind works, I noticed patterns. I’d play a phrase, write it down, and
think, ‘wait a minute – he just used those same notes in another phrase earlier in the song’. I
didn’t know how jazz was constructed, so I had to figure out as I went along. To me,
improvisation sounded like a stream of consciousness. But at the same time I knew it
couldn’t be, because it was so organized.
70
***
63
O choro é um exemplo de estilo que por um século sobreviveu apenas com o sistema de
aprendizagem da tradição oral. Aprende-se frequentando as rodas, experimentando,
errando e fazendo de novo. É uma relação individualizada, onde inclusive, o ambiente
haveria de acolhê-lo. Ou seja, não era nem uma escolha do próprio interessado, havia a
necessidade de aprovação dos mais antigos para que pudesse participar das rodas,
perguntar questões musicais. A quantidade de informação compartilhada era diretamente
proporcional ao afeto ou simpatia sentida para com o novato.
71
elementos idiomáticos, já que, por meio da imitação intuitiva de seu sotaque original,
o músico consequentemente o absorve de forma natural.
Esse aprender ‘de ouvido’, diretamente pelo som e sem passar pela partitura,
resulta na construção de um ambiente onde a linguagem estilística passa a ser o
elemento primário de comunicação.64
64
Em casos onde esse processo não vem acompanhado de um ensino teórico, o músico
pode eventualmente nem saber o nome de um acorde, e muito menos a teoria por trás dele,
mas sabe exatamente o lugar que ele ocupa lugar dentro forma, as possibilidades de frases
que se encaixam e como fazê-lo soar idiomaticamente, como seus mestres predecessores.
65
I kept working to find the phrases I liked, and then I’d transcribe them onto music paper. I
didn’t know it at the time, but I was also doing ear training – I was sharpening my relative
pitch at the same time I was learning the phrases. I did this for hours each day, branching
beyond George Shearing into other piano players, like Errol Garner and Oscar Peterson. The
more I learned, the more I wanted to learn.
66
Termo criado em 1957 por Gunther Schuller, se propõe a descrever um gênero musical
que sintetiza a união entre a música clássica e o jazz, e trata a improvisação como aspecto
vital.
72
Qualquer improvisador poderia afirmar que não adianta ler uma frase na
partitura sem vivenciar a experiência estética do estilo. Isso se deve ao fato de
existirem muitos outros elementos que trabalham junto com a frase na criação da
expressão musical, como por exemplo, a relação dela com o acompanhamento, seu
comportamento quando aplicada sobre outros instrumentos de base, etc.
Charlie Parker, por exemplo, usa em seus solos uma inflexão que lembra
muito a fala. Assim, se um estudante de jazz começa a aprender apenas pela
partitura sem reconhecer o acontecimento sonoro no tempo e espaço, estará
totalmente desconectado do estilo. Especialmente na improvisação, embora se
67
Solfeggio is taught through the eye. Of course, it is desirable to be able to sight-sing a
score. But it is only a shell. Musical information can be transmitted, but the process does not
really alter or extend the scope of what a person hears - IT DOES NOT DEFINE THE
MUSICAL PERSONALITY. We contend, however, that hearing what one plays and notating
this (even though this is an extremely important professional tool) will not by itself expand
one’s aural imagination. Now some teachers of concert music performance may contend that
their students would be corrupted by learning by ear, for example, a Pablo Casals recording
of a Bach cello suite before reading the score. This raises the question: What possible harm
is there in a student scrutinizing and aurally internalizing the interpretive style of the great
classical performers, past and present, as a step towards developing his or her own
interpretive style? In the African-American tradition this is the norm rather than the exception.
Billie Holiday became the most original singer of her era by studying the recordings of her
mentors Louis Armstrong and Bessie Smith rather than studying the written notation of their
music.
73
possa pensar semelhantemente para todo tipo de musica, a partitura é nada mais
que uma guia, e o resultado sonoro o fator determinante a ser perseguido
2.3 Flexibilidade
68
Natürlicherweise muss man diese und ähnliche Beyspiele in alle Tonarten übersetzen, die
Passagen mit anderen schicklichen abzuwechseln, und alles mit solcher Leichtigkeit und
Ungezwungenheit vorzutragen wissen, dass die Vorspiele den Charakter des
Augenblicklichen Einfalls erhalten. Den nichts stört mehr deren Wirkung, als wenn man ihnen
das Eingelernte ansieht.
74
69
Analogous to the use of transposition to different keys in tonal systems such as jazz and
Western classical music, Hindustani musicians thus apply a similar principle, practicing
realizations of underlying formulaic musical materials in various modes and rhythmic
frameworks.
70
Learning formulas in all keys to the point at which they can be performed instantly and
without preplanning is an essential component of learning to improvise in a style.
Fundamental formulas must become automatic. [...] Automatization occurs through repeated
rehearsal, and can be described as a shift from controlled processes relying on short-term
memory to automatic sequences in long-term memory.
75
Além disso, a busca para ser capaz de tornar um motivo acessível a qualquer
tom, em qualquer oitava, permitirá adquirir maior maleabilidade de combinação,
permitindo que essas estruturas possam ser mais facilmente arranjadas e
conectadas de forma a construir projetos fraseológicos maiores.
71
Do inglês, Storyteller. É uma expressão frequentemente usada no ambiente de jazz para
designar um bom improvisador, alguém que tenha bastante ‘assunto’ e sempre ‘diga alguma
coisa’ em seus solos.
76
72
To develop the skills of expert storytellers, artists find it essential to devote some practice
time to improvising under conditions that simulate formal music events, thereby imposing
maximum constraints upon performances.
77
73
"One way in which the limits of short-term memory can be stretched considerably is
through "chunking". Note that the number of different elements that can persist as Short-
Term Memory simultaneously is on average seven. An element may, however, consist of
more than one item. For instance, in order to remember the numbers 1776149220011984 we
do not really have to remember sixteen numbers once we realize that these digits can be
remembered as four dates. These groups of four numbers have been associated with each
other so many times that these sixteen digits have actually become four elements. These
elements are called "chunks". Chunking is the consolidation of small groups of associated
memory elements. […] A coherent musical unit such as a phrase is an example of a chunk."
78
74
Specific training has been shown to produce some remarkable effects, circumventing well-
established “universal” memory limitations, notably the short-term memory capacity of 7± 2
“chunks” (Miller, 1956). For example Chase and Ericsson’s (1981) subject ‘SF’, starting with
normal short-term memory capacity of about seven numbers, learned over the course of
about 250 hours of practice to memorize random eighty-digit strings of numbers (presented
one per second) after only one hearing. This memory skill was confined to numbers; his
ability to retain syllables or other small items remained at normal level.
79
a seguir algumas ideias básicas de exercícios, a partir dos quais os músicos podem
ampliar sua flexibilidade de manipulação do material musical. Por trás desses
exercícios transita a ideia de construir um banco de dados na memória, para que o
material armazenado possa ficar a serviço da criatividade com maior
desprendimento.
• Praticar escalas com diferentes intervalos: por terças, quartas, quintas, sextas
e sétimas.
• Tocar sempre uma nota ou tensão específica a cada mudança de acorde. Por
exemplo: sempre tocar a terça do acorde em questão na cabeça de cada
compasso. Depois a quarta, a quinta, a sexta, a sétima e a nona.
• Trocar de desenhos em lugares não usuais, ou fazer solos usando apenas
uma corda do instrumento.
• Compor ou transcrever motivos e repetí-los sobre diferentes situações,
alterando andamento, caráter e ritmo. Por exemplo: Tocar uma frase
originalmente binária em 3/4, adequando a inflexão ao novo compasso (e
vice-versa).
• Transpor ideias e fragmentos melódicos para todos os tons.
• Executar estruturas melódicas com agrupamentos rítmicos diferentes (5, 7,
11).
• Estabelecer diferentes combinações paramétricas sempre que possível.
• Quebrar a previsibilidade sempre.
80
75
La créativité ne se fonde pas sur la mémoire, mais fait usage d’elle à partir des
caracteristiques singulières et specifiques à des automatismes préexistants. Pour cette
raison, nos comportements et nos actions résultent d’une réalité biologique du
fonctionnement et de la capacité “productive” de la mémoire.
81
76
Improvisation – truly being in the moment – means exploring what you don’t know.It
means going into that dark room where you don’t recognize things. It means operating on the
recall part of the brain, a sort of muscle memory, and allowing your gut to take precedence
over your brain. This is something I still work on everyday: learning to get out of my own way.
77
A expressão música instrumental da atualidade se refere à música ’popular’ improvisada
feita hoje em dia. Embora trate-se aqui de uma prática musical do século XXI, essa maneira
de pensar a experimentação sonora no jazz é vista em diversos movimentos e artistas a
partir da década de 1950, como Miles Davis, Wayne Shorter, e no Brasil com Hermeto
Pascoal e Egberto Gismonti.
82
Nunca foi tão fácil reproduzir uma música. Em nenhum outro momento
da história, as pessoas tiveram tamanho acesso às gravações
sonoras. A distribuição da música nas redes digitais permitiu que
artistas desconsiderados pela indústria fonográfica pudessem expor
sua produção para milhares de pessoas, ultrapassando os limites
impostos pelos controladores do mercado de bens artístico-culturais e
pela indústria do entretenimento. Um dos fenômenos mais
impressionantes da digitalização foi a ampliação da oferta de bens
musicais na internet, resultante da crescente facilidade de gravar,
editar e divulgar um álbum a custos baixíssimos (SILVEIRA, 2009, p.
27).
78
They sought nothing less than a broadening of improvisational techniques to include the
full vocabulary of composed music. Instead of the conventional mainstream jazz sounds –
syncopations, blues notes, II-V substitutions – one found a panoply of other devices: drones,
ostinatos, vamps, impressionist harmonies, Schubertian melodies, shimmering arpeggios,
undulating rhythms, rhapsodic interludes, pristine polyphonic exercises, and jarring
expressionist explosions.
84
De forma a conferir uma perspectiva prática do que foi mostrado até aqui,
representando uma confluência dos aspectos tratados durante o capítulo 2, será
tomada como referência a obra do violonista Nelson Veras – um dos mais influentes
instrumentistas de sua geração e da música instrumental improvisada.
I. Fundamentos:
79
Uma das razões pelas quais a grande maioria dos instrumentistas opta por fazer linhas
improvisadas usando a palheta é a de economizar o movimento da mão direita. Para se
tocar com palheta usa-se apenas golpes para cima e para baixo e requer um gasto menor
de motricidade do que usando os quatro dedos. Essa adaptação, entretanto, permitiu a
Veras desenvolver frases não usuais e criar melodias arpejadas que não são normalmente
ouvidas nas improvisações de guitarristas de jazz.
Score
St John 87
3 3 3
3 3 3
3
4
3 3 3
Figura 29: Estrutura triádica sob o desenho vertical (VERAS)
5
7
13
forma como ele o aplica, despista qualquer reconhecimento de tradicionalismo.
5
No trecho abaixo de seu solo em ‘Wave’, Veras faz uso da escala menor
16 melódica através de uma maneira que, auditivamente, simula ilhas politonais. São
usadas tensões melódicas as quais, mesmo estando dentro da menor melódica,
constituem pequenos sabores 3de uma tonalidade justaposta à harmonia original.
19
Como visto na seção Fundamentos do capítulo 2 desta tese, uma das possibilidades
de escala para um acorde dominante é a aplicação da escala menor melódica meio
22 tom acima (fig. 6). Na Figura abaixo, a harmonia está em B7 e o improviso ataca as
notas presentes na escala de Dó menor melódica: ré♮, dó♮ e sol♮. Ao agrupar as
notas dessa maneira, o uso dessas alterações faz com que tenhamos a percepção
25
de um outro universo sonoro em paralelo à harmonia, como a sonoridade de
Gsus4/B7:
28
re
St John
3 3
Score
5
St John
Figura 32: compasso 11 do solo de St John (VERAS)
Outro exemplo vem logo a seguir no mesmo solo. Aqui entra também
3 a ideia
vista no capítulo 2, da dominante ser um lugar de maior liberdade da dissonância.
3 3 3
3 3 3
Em virtude do solo
3 3 ser sobre um vamp do acorde Em, não existe nesse contexto a
4
3 3 3
dominante na harmonia (que permanece em um acorde, e de tônica). Essa
‘impressão’ ou ‘tempero’ de dominante quem produz é 5o solista. Portanto, ao tocar
como
7
notas de apoio si♭ou fá ♮,(notas fora da escala) Veras pontua esse trecho
como tensão que resolverá na nona (fá ♯) no compasso seguinte, simulando as
relações
10 de tensão e relaxamento harmônicas presentes numa progressão de
acordes:
3 3
13 5
16
3
19
©
89
80
Outside: A tradução literal do inglês seria ’do lado de fora’. No Jazz se refere ao gesto de
tocar notas fora da escala, sem relação de consonância com sua teoria harmônica. É um
recurso usado com o intuito de criar dissonância e tensão.
90
“Foi Coleman que me falou sobre isso, tudo bem lento, tinha uns
temas dele que me passou e que eram super difíceis e eu estudei bem
devagar, aí de uma hora para outra eu consegui tocar rápido, de uma
hora pra outra assim dois dias depois. Eu nem precisei fazer tipo
agora vai um pouquinho mais rápido, mas o fato de eu saber bem
onde é (...) você conhece tão bem o movimento que depois para tocar
rápido não é tão difícil”.
No que diz respeito ao discurso rítmico, com frequência Veras produz frases
com características acéfalas ou anacrústicas para dar movimento ao solo, e
raramente resolve a tensão melódica na cabeça do compasso. Outro recurso
utilizado é a alternância da subdivisão rítmica utilizando fórmulas não convencionais
(p. ex. 5, 7, 9). Isso implica em, mantendo o pulso, alternar as subdivisões entre
valores não convencionais para criar variedade e riqueza de articulação. Por
exemplo, com o pulso constante, o tempo pode ser dividido em 5, depois em 7, em
4, em 11 etc. construindo não apenas frases que venham a preencher a unidade de
subdivisão (p. ex. tocar 10 semicolcheias em um compasso de 2/4, dividindo a
semínima em quiálteras de 5), mas lançar mão de valores com diferentes durações
(p.ex. 1 colcheia, 2 semicolcheias, 1 colcheia pontuada, 3 semicolcheias, no mesmo
compasso de 2/4).
II. Vocabulário
“O solo não precisa ser uma explosão de fogos de artifício. Você pode
fazer um solo sem fazer um solo, você pode se expressar de diversas
formas. Você pode tirar um pouco as funções, mudar a percepção
também, fazer música só baseada no timbre... Pode ser só a
expressão de uma coisa linear, você pode querer que ela seja linear,
pode querer que ela não tenha clímax. É porque é som, a gente lida
com som, então a gente tem a tendência de organizar tudo. A gente
quer dar muito sentido, o sentido que a gente acha na vida para a
música e, às vezes, a expressão já está lá, não precisa colocar muita
funcionalidade, tipo, você faz um solo e se expressa, aquela coisa
grandiloquente assim. Tudo o que você imaginar pode ser usado, na
verdade, na improvisação ou na expressão. Não tem mais “tem que
soar desse jeito”.
“Tem muita frase que soava bem em função do fraseado. Mas o lance
da unha: às vezes eu podia tentar tocar meses com a unha curta, e
ainda assim soava muito mal. Tem umas frases que vão funcionar
com determinado tamanho ou fôrma de unha, e não com outros”.
Eu toco em duo com uma trompetista, ela tem ouvido absoluto, e ela
tem muita tendência a usar o ouvido absoluto quando a gente toca, eu
toco uma coisa, ela vai pegar e continuar. E a gente é só duo, eu
sempre falo pra ela, tente não me ouvir de vez em quando [risos]
senão o som vai ficar muito pequenininho, aí é interessante eu tocar
em um caminho e ela em outro, dá um resultado muito maior, eu
contando uma história aqui e ela outra ali. De qualquer maneira, a
gente está se ouvindo, mesmo que não queira, a gente sempre vai
estar se ouvindo. Às vezes mostrar demais que você está ouvindo não
é sempre benéfico, eu acho. É uma possibilidade, não é a única: ter
que ouvir e ter que responder”.
81
A unha da mão direita para um violonista representa um fator primordial de produção de
sonoridade, uma vez que são elas que pinçam as cordas e produzem o som.
95
III. Flexibilidade
“E, principalmente, evitando toda vez que eu vou tocar tal coisa, eu
mudo. Eu acho que isso cria um certo som, o fato de você estar meio
que sempre desviando, isso cria um certo som global. Não é nem o
fato daquela frase sair bonita, mas é a atmosfera global fica meio
assim. Eu me concentro melhor assim também, quando eu estou
experimentando. Quanto eu estou sabendo tudo o que está
acontecendo, eu me desconcentro”.
82
Liderado pelo saxofonista belga Bo van der Werf, o grupo Octurn explora diversos
materiais contemporâneos como o uso extensivo de modos de Messiaen.
97
Tabela 3: Quadro de transposições possíveis em cada modo de Messiaen (org. Marc van der
Looverbosch).
Tabela 4: Quadro de transposições possíveis em cada modo de Messiaen (org. Marc van der
Looverbosch)
101
83
All the modes of limited transpositions can be used melodically, and especially
harmonically, melody and harmonies never leaving the notes of the mode. […] Their
impossibility of transposition makes their strong charm. They are at once in the atmosphere
of several tonalities, without polytonality, the composer being free to give predominance to
one of the tonalities or to leave the tonal impression unsettled.
102
Um dos pioneiros a trabalhar com essa estética no jazz foi o saxofonista belga
Bo van der Werf. Como líder do grupo Octurn, Bo registrou diversas músicas onde
usava essencialmente material de Messiaen. Ele utiliza não apenas os modos, como
também aplica em seus improvisos diversas abordagens rítmicas e harmônicas
(clusters e voicings) derivadas das teorias do compositor francês. No exemplo
musical abaixo, é possível ouvir uma das composições de Bo, Calcutta, gravada por
seu grupo Octurn no disco ’21 emanations’,:
Improvisar em tempo real usando esse material como base requer uma
adaptação dos mecanismos de composição de frases à uma nova realidade. Em
Calcutta, Bo improvisa o seguinte solo a partir de [3:43]:
104
105
Figura 45: Solo de Bo van der Werf na peça Calcutta utilizando modos de Messiaen – Transcrição de
Marc van der Looverbosch (2011).
106
Nomad
Ø Berçário de Nuvens:
84
A Rudolph Wurlitzer Company foi uma empresa criada em 1853 baseada no Mississipi,
EUA. Entre 1955 e 1984 fabricou uma série de pianos elétricos com som característico.
Junto com o então concorrente Fender Rhodes, marcou a sonoridade de gerações de
músicos de jazz. Ao referir-se a esses instrumentos, usa-se normalmente o nome ‘Wurlitzer’.
107
O que vem a seguir [2:50| é uma ponte de transição com mais uma
modulação métrica, dessa vez entre o 9/8 e o 7/8. A modulação também dura todo o
interlúdio, e irá se assentar em 7/8 apenas em [3:10], quando começa o solo de
wurlitzer.
O solo dura até [4:15], com a saída do solo de wurlitzer indicada pela
repetição de rápidos arpejos polirrítmicos:
[0:00] Ad libitum
[0:40] 6/8
[1:05] 4/4
[2.16] 9/8
[3:08] 7/8
Exemplo Musical 16: Berçário de Nuvens – Ao vivo no Festival Vinil Brasil, Viçosa (MG), outubro de 2012.
111
Ø Partida:
85
Música que ganhou esse título em função da mudança do pandeirista Sérgio Krakowski
para Nova York.
112
apenas 4 acordes, mas que compõe uma progressão não usual. Também o uso das
tensões se apresenta particular através desse modo, pois já no primeiro acorde se
vê um acorde de sétima maior com duas quartas: natural e aumentada: F7M(#11, add4)
Luis Leite: Nemesis foi gravado nos dias 7 e 8 de Agosto de 2014 em Nova
York. Todas as composições e arranjos foram feitas pelo autor. Gravadas ao vivo,
cada faixa acabou sendo o último take86 inteiro de cada música, sem edições ou
cortes.
86
Em uma gravação, cada vez que se toca a música, esse material registrado representa
um take. Em um processo de edição digital, existe a opção de recortar pedaços de diversos
takes para se montar uma versão final, com os melhores pedaços de cada tentativa. No
caso da gravação de Nemesis, foram feitos alguns takes de cada música, mas apenas os
últimos takes inteiros foram usados. A razão de se optar por esse sistema é buscar a
naturalidade do discurso, onde a gravação possa, ao menos nesse quesito, refletir uma
execução ao vivo.
87
Palavra italiana cuja tradução literal significa: obstinado.
115
88
Clave é um padrão rítmico repetido ao longo de um certo período. Pode ser mantida por
toda a música ou compor seções menores. Importante para definir uma clave é a
permanência de sua acentuação, que se torna responsável por sua percepção como
estrutura.
116
www.soundcloud.com/doutoradoluisleite/sets/exemplosmusicais
Ø Metrópole
89
As indicações de tempo entre colchetes [ ] sempre irão se referir à minutagem onde o
trecho mencionado é encontrado na faixa do exemplo musical.
118
90
Aqui a indicação é rítmica, podendo a melodia realizar qualquer orientação ascendente ou
descendente, assim como qualquer intervalo)
119
91
Pedais de efeito são circuitos eletrônicos acionados normalmente com o pé. Sua função é alterar o
sinal de áudio que passa por ele, produzindo transformações variadas no som do instrumento.
120
O solo de piano leva à coda, que possui ritmo previamente definido pelos
instrumentistas. Na quarta repetição do motivo rítmico final, todos terminam
acentuando as duas últimas colcheias.
Ø Mirante
92
Nesse último take aconteceram alguns lugares de especial sintonia na interação da
improvisação, como, por exemplo em [4:08], onde a polirritmia entre bateria e piano criou um
resultado particularmente interessante.
121
93
Pedal de expressão é um mecanismo capaz de ser assignado para controlar diversos
parâmetros de um determinado equipamento com o pé. Ele em si não produz alteração
sonora, pois não possui circuito de processamento de áudio.
123
O solo de guitarra, realizado aqui com um pedal oitavador que transpõe uma
oitava acima as notas tocadas, desenhou dois momentos em seu improviso:
Começa usando uma linguagem que busca uma direção melódica de linhas mais
longas [1:57], e a partir da metade do solo constrói acentuações rítmicas que
valorizam o compasso de 7/4 [2:30]. Seu material escalar apresenta confluência com
a harmonia, desenhando as progressões através de arpejos e notas de tensão dos
acordes.
Ø Minguante
A primeira parte termina com acentos súbitos que convertem para um solo
jazzístico sobre a harmonia do A [1:33]. O efeito que se buscou aqui foi o de simular
uma mudança de canal repentina que mostrasse outra paisagem após haver ficado
algum tempo na atmosfera mais lenta e melancólica da parte A. O baixo feito pelo
sintetizador e a bateria simulam o sotaque de swing.
O solo sobre swing termina em [2:06], dando início a uma parte de transição.
inicia-se um ostinato [2:18] sobre o qual o piano fará um solo:
Após o solo de piano, a guitarra apresenta seu solo sobre a forma e harmonia
do A [3:45]. O solo começa rarefeito, e vai pouco a pouco aumentando seu
movimento. Usa linguagens aproximações e cromatismos típicas do jazz. Ao final
explora alguns elementos rítmicos [5:15] e a frase que indica a saída é uma
cromática descendente.
Ø Olho de Boi
Olho de Boi mistura em toda sua estrutura tanto ostinato como melodias
cantabiles94. Possui muito espaço para improviso, o demonstrando já a partir da
seção inicial. É prevista a interferência improvisos no próprio tema, intercalados com
o motivo rítmico inicial da guitarra [0:15]. Situações semelhantes ocorrem em [0:36],
[0:41] e [0:47].
94
Expressão musical que, traduzida do italiano, significa literalmente “cantável“.
127
A saída do solo de guitarra é indicada pela seguinte frase abaixo, que leva a
um ostinato coletivo:
Esse ostinato coletivo se converterá em solo de bateria, que mais uma vez irá
explorar elementos de polirritmia. [3:00]
Ø Fênix
95
Termo em inglês que no contexto musical sugere que a música seja tocada na metade do
andamento.
130
CONCLUSÃO
Essa forma flexível de lidar com seu próprio repertório estava inserida, por
sua vez, dentro de um contexto de linguagem onde as frases representavam
estruturas maleáveis, passíveis de serem metamorfoseadas sem dificuldade pelo
compositor–intérprete. Ainda que algumas peças fossem escritas e compostas no
papel, elas eram inspiradas por uma atmosfera de improvisação.
Essa era portanto uma música viva. Uma música que fluia com a mesma
naturalidade da linguagem falada. Hierarquicamente, esse sempre foi um objetivo
comum entre os grandes: aperfeiçoar a comunicação entre inspiração e realização
digital. Se o compositor executasse a mesma peça no dia seguinte ao que a
compôs, possivelmente a tocaria de maneira diferente. O músico tinha o controle do
cenário, do pano de fundo das notas, e dominava o conjunto de possibilidades
musicais podendo combinar motivos e estruturas dentro da moldura de um limite
estabelecido pela linguagem daquele tempo.
132
96
Esses conceitos tem sido aplicados no curso de música da UFJF durante os últimos anos
e se comprovado extremamente eficazes.
133
Praticar para ser livre; para não se deixar limitar a fazer apenas o que o dedo
permite, mas para dominar tantas combinações paramétricas quanto possíveis, de
forma que a criação em tempo real possa conter cada vez mais inspiração e menos
repetição.
97
Ambos materiais encontram-se na íntegra na seção ‘apêndices’ desta tese.
134
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AEBERSOLD, Jamey. How to play Jazz and Improvise. New Albany: Jamey
Aebersold Jazz, INC., 1992.
BACH, Carl Philipp Emanuel. Versuch über die Wahre Art das Clavier zu spielen.
Berlim: George Ludwig Winter, 1762.
BERKOWITZ, Aaron. The improvising mind: Cognition and creativity in the musical
moment. Nova York: Oxford University Press, 2014.
BLAKE, Ran. Third Stream and the Importance of the Ear. Journal of the College
Music Society, Boston, vol. 21 # 2, 1981.
COKER, Jerry. Jerry Coker’s complete method for improvisation. Van Nuys: Alfred
Music Publishing, 1997.
COOKE, Deryck. The Language of Music. Nova York: Oxford University Press,
1990.
CZERNY, Carl. Systematische Anleitung zum Fantasieren auf dem Pianoforte op.
200. Viena: Diabelli & Cappi, 1829.
CZERNY, Carl. Briefe über den Unterricht auf dem Pianoforte. Vienna: Diabelli &
137
Cappi, 1839.
GIOIA, Ted. The History of Jazz. Nova York: Oxford University Press, 2011.
HOBSBAWM, Eric. The Age of Revolution 1789 – 1848. Londres: Weidenfeld &
Nicholson, 1962.
KEYS, Ivor. Mozart: His music in his life. Nova York: Holmes and Meier Publishers,
1980.
LEVIN, Robert. Improvising Mozart. In: NETTL, B.; RUSSELL, M. (Orgs.) In the
Course of Performance: Studies in the world of musical improvisation. Chicago: The
University of Chicago Press, 1998.
MEYER, Leonard. Style and Music: Theory, History, and Ideology. Filadélfia:
University of Pensylvania Press, 1989.
NETTL, Bruno; SOLIS, Gabriel. Musical Improvisation: Art, Education and Society.
Illinois: The University of Illinois Press, 2009.
SNYDER, Robert. Music and Memory: an introduction. Massachusetts: MIT Press, 2000.
139
WEBSTER. Webster’s New World Dictionary, 3rd college ed. Nova York: Simon
and Schuster, 1995.
WEGMAN, Rob. In: Improvisation, §II: Western art music. Grove Music
Online. Oxford Music Online. Oxford University Press. Disponível em
<http://www.oxfordmusiconline.com/subscriber/article/grove/music/13738pg2#S137
38.2> Acesso em 18 jan. 2015.
WOLFF, Christoph. The New Bach Reader. Nova York: W. W. Norton & Company,
1999.
.–––––– In: Johann Sebastian Bach. Grove Music Online. Oxford Music Online.
Oxford University Press. Disponível em
http://www.oxfordmusiconline.com/subscriber/article/grove/music/40023pg10
Acesso em 18 jan. 2015.