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Número 0

Dezembro 2016

Revista da Ordem dos


Bardos, Ovates e Druidas - OBOD
em Língua Portuguesa
Índice Editorial

O desenrolar da
serpente pág. 5
Ficha Técnica

Propriedade: © 2016, Zéfiro


Começar do zero(?)
T
Editor: Fábio Barbosa
Concepção gráfica e paginação: enho-me lembrado de- até Glastonbury, a descobrir os
Fábio Barbosa les. Dos nossos primeiros meandros do herbalismo, por entre
A tradição do Imagem de capa: Joel Marteleira
Colaboram neste número:
antepassados, do tempo em os bosques sagrados dos Druidas em
bosque sagrado Alexandre Gabriel, Ana Simões, que se inventaram as saudades. Os busca do humanismo dos antigos ce-
na espiritualidade Cláudio Quintino Crow,
Francisco Canelas de Melo,
primeiros com consciência suficien- ltas até um encontro face a face com
te para sentirem falta do Sol. Para Endovélico. Ou pelo menos com
druídica pág. 6 Gilberto de Lascariz, Isa Baptista,
desesperarem na ausência do Sol. uma das suas duas faces. Isto além
Joel Marteleira,
Em busca da aura da José Alexandre Frazão Matos, Para se regozijarem no seu regresso. dos inspirados momentos de poesia
Dos nossos primeiros antepassados mais à frente, no Eisteddfod.
alma celta pág. 9 Morgana da Lusitânia, Ollem.
ISSN: 2183-9255 capazes de observar que havia um Começamos do zero como a pri-
Depósito Legal: 419 013/16
padrão: apesar de numa dada esta- meira luz que renasce no solstício de
Envie-nos as suas contribuições, sugestões ção os dias se tornarem mais curtos Inverno, mas também como sonho
ou perguntas através de: e frios, o Sol acabava por se revelar concretizado em pleno como o Sol
Silêncio no Tor de ophiusa@obod.com.pt invencível, e voltava sempre a aque- a pique do solstício de Verão que os
Glastonbury pág. 14 Esta obra não pode ser reproduzida ou
transmitida por qualquer processo à excepção
cer os seus corpos e a garantir a sua nossos irmãos no hemisfério Sul ce-
de excertos para divulgação. sobrevivência. Graças à tribo, passa- lebram por estes dias. E é esta não-
Reservados todos os direitos, de acordo com a
legislação em vigor. ram o conhecimento desse padrão às -dualidade, este falar para membros
gerações vindouras. e não-membros, druidas e simpati-
A colheita ao luar E assim, além das saudades, do zantes, académicos e leigos, lusófo-
— o mistério do medo e da alegria, se inventou a
confiança. Um laço que só se co-
nos de todos os países, que tem sido
desde já um desafio apaixonante, e
orvalho virgem pág. 15 nhece quando o mito é construído e igualmente um sinal da própria Luz
Ordem dos Bardos, partilhado por todos, sob pena de os que procuramos. Porque na diversi-
Ovates e Druidas dias parecerem ainda mais curtos e dade de todas as coisas, não há outra
Endovélico: o iniciado de se maldizer os Deuses até estes se mestra que não a Natureza.
e a divindade tópica Responsável pelo curso de desvanecerem na memória. Sejam bem-vindos a esta que é
pág. 17 Druidismo em língua
portuguesa: Alexandre Gabriel
Também a nossa comunidade a vossa revista, de todos para todos
atendeu à chamada quando o sols- na comunidade druídica. Começa-
Eisteddfod pág. 24 Morada: Zéfiro, OBOD, tício se aproximou para a revista mos dentro de instantes, que é como
Apartado 21, Ophiusa. Não teria sido possível quem diz, ao virar da página. ■
Eventos & 2711-953 Sintra, Portugal cumpri-la sem o empenho de várias
Blogues pág. 35 Telefone: (+351) 91 48 48 900
pessoas que colaboraram neste nú-
E-mail: obod@obod.com.pt
mero, e que nos vão levar em viagem
Última pág. 36 Website: www.obod.com.pt

2 OPHIUSA de ze m bro 2016 de ze m bro 2016 OPHIUSA 3


TRÍ
O desenrolar da
serpente
DE
Três velas que iluminam por Alexandre Gabriel
qualquer escuridão:

D
esde que em 2011 surgiu o ramo de língua portuguesa do curso de
a verdade; druidismo da OBOD, estava prevista a criação de um boletim ou re-

a Natureza; vista para os membros. Contudo, só agora no Solstício de Inverno de


2016 (no Hemisfério Norte), 5 anos mais tarde, é que este projecto se torna
o conhecimento. uma realidade, graças à colaboração de vários membros e amigos e, em parti-
cular, do Fábio Barbosa, que assume assim a sua função de editor da Ophiusa.
Este número zero representa assim, na sua forma de Ouroboros, a ser-
pente que morde a sua própria cauda, simbolizando o infinito e o va-
zio-pleno. Representa também a semente, lançada em terra fértil neste
período solsticial, em que, partindo do ponto de maior escuridão, os dias
começarão gradualmente a crescer.
Porquê Ophiusa? Ophiusa era o nome atribuído pelos antigos gregos
ao território hoje português (ou do extremo-ocidente ibérico) e signifi-
ca Terra das Serpentes. É também um anagrama de Sophia, que significa
Sabedoria em grego antigo. A tradição primordial sempre associou os
druidas (e os sábios em geral) às serpentes e é sobejamente conhecida
a ligação entre a serpente e a gnose. No coração desta revista-serpente
está assim a divulgação de temáticas ligadas – directa ou indirectamente
– ao druidismo em língua portuguesa. Pretende-se assim não apenas a
publicação de textos, artigos e outras expressões artísticas lusitanas, mas
também lusófonas, não restringindo o druidismo a um qualquer confi-
namento geográfico, o que não faria qualquer sentido no séc. XXI. Desta
forma contamos e pedimos a colaboração não só a Portugal, mas também
ao Brasil, e a todos aqueles que se expressem na língua de Camões. A
língua portuguesa é rica na sua literatura, na sua expressão poética em
particular. E a poesia é uma das ferramentas dos Bardos que, imbuídos
pela inspiração divina, utilizam para, eles próprios, “ser[em] poema e
não poeta” (pegando na ideia de Agostinho da Silva), percorrendo deste
modo a Via da Periferia para o Centro.
Por fim, esta revista-serpente é também uma revista-clareira. Assim,
está aberta à participação e leitura de todos aqueles que se interessem
pela temática e não apenas aos membros da OBOD. Bem-vindos! ■

4 OPHIUSA de ze m bro 2016 de ze m bro 2016 OPHIUSA 5


A tradição do O termo druida é
originário das palavras

bosque sagrado de raiz céltica dru


(“carvalho”) e wid

na espiritualidade
(“conhecimento”),
tornando o druida
“aquele que possui
o conhecimento

druídica por Francisco Canelas de Melo


do carvalho”.

D
«Acredita em mim, aprenderás mais esde os tempos imemo- sorveira, salgueiro, freixo, ma- semelhante, em termos de finalida-
lições nos bosques do que em livros. riais que o homem dedi- cieira, pinheiro e carvalho eram de, às runas nórdicas.”4
cou um culto à Natureza, facilmente encontradas nestes Como símbolo de especial ve-
As árvores e as pedras ensinar-te- fonte de toda a sua vida. templos sagrados. É hoje comum neração, o carvalho era a raiz de
-ão aquilo que não poderás apren- Um dos locais de especial ve- a relação entre estas árvores3 e o todo o druidismo. O termo druida
der dos mestres.»1 neração entre os povos celtas era o alfabeto Ogham, também conhe- é originário das palavras de raiz
Bosque e as suas Clareiras. Conhe- cido como “o Alfabeto das Ár- céltica dru (“carvalho”) e wid (“co-
— São Bernardo de Claraval cido como Nemeton, o Bosque é vores”. Trata-se de um alfabeto nhecimento”)5, tornando o druida
o “centro de toda a sua religião. É “composto por vinte e cinco traços “aquele que possui o conhecimento
considerado como berço da raça e traços simples, centrados numa li- do carvalho”. Esta árvore era por
o lugar onde habita o Deus supre- nha vertical ou dispostos como se vezes personificada como o Rei-
mo ao qual todas as coisas estão su- fossem ramificações da mesma, e -Carvalho, sendo-lhe associado um
jeitas e obedecem.”2
Tradicionalmente estes bos- 3
Para além das árvores citadas, o Ogham é composto por: amieiro, espinheiro-alvar,
ques possuíam uma flora bastante azevinho, aveleira, videira, hera, giesta/feto, espinheiro-negro, sabugeiro, tojo, urze,
particular; espécies como bétula, choupo, teixo, faia, evónio, madressilva, groselheira e faia (CARR-GOMM, Philip,
1
“Experto crede: aliquid amplius invenies in silvis, quam in Os Mistérios dos Druidas, Zéfiro, Sintra, 2008, p. 176).
libris. Ligna et lapides docebunt te, quod a magistris audire 2
TÁCITO, A Germânia, trad. Adolfo Ca- 4
CARR-GOMM, Philip, Os Mistérios dos Druidas, Zéfiro, Sintra, 2008, p. 172.
non possis.” São Bernardo de Clavaral, séc. XII. sais Monteiro, Editorial Inquérito, Lisboa. 5
CARR-GOMM, Philip, Os Mistérios dos Druidas, Zéfiro, Sintra, 2008, pp. 180 e 181.

6 OPHIUSA de ze m bro 2016 de ze m bro 2016 OPHIUSA 7


Nas imagens:

Em busca da
Sintra, Portugal.

aura da alma celta por Cláudio Quintino Crow


autor e investigador na área das mitologias,
cultura irlandesa e espiritualidade celta
carácter perpetuador de toda a tra- locais com características especiais
dição druídica. onde pudessem construir os seus
Encontramos ainda noutros lo- Desertos7, lugares onde poderiam
cais algumas demonstrações da im- comungar com o divino num re-
portância desta colhimento total, procurando uma
Gerês, Sintra e árvore. Na Gré- total fusão entre o homem a sua
Bussaco, assim como o cia Antiga havia Mãe, a Natureza.
Carvalho de Calvos, em um Carvalho Actualmente encontramos no
Póvoa de Lanhoso, são perto da cidade nosso País alguns lugares de espe-

P
verdadeiros templos de Tomaros, em cial semelhança com as descrições
que herdámos dos Dodona, onde acima referidas. Gerês, Sintra e or definição, uma religião uma espiritualidade que deveria
nossos antepassados funcionava um Bussaco8, assim como o Carvalho é uma forma de reconexão - ser melhor definida mesmo como
de origem celta. oráculo dedicado de Calvos9, em Póvoa de Lanhoso, ‘religio’, do latim ‘religare’, uma ‘filosofia’, visto que propõe,
ao culto da Deu- são verdadeiros templos que her- reconectar, que permite que reen- fomenta e mesmo exige uma forma
sa-Mãe, Gaia, e dámos dos nossos antepassados de contremos algo em nós ausente ou diferente de ver, pensar e sentir a
posteriormente ao de Zeus. Este origem celta. ■ perdido. Como tal, em momento vida. Isso só se torna verdadeira-
oráculo era interpretado pelos sa- nenhum o termo implica na hierar- mente possível quando compreen-
cerdotes e pelas sacerdotisas tendo Artigo originalmente publicado quização, na dogmatização e na es- demos os processos históricos que
em conta o som provocado pelo em Mandrágora – O Almanaque truturação que a maioria das pessoas dão ao druidismo contemporâneo
vento nas suas folhas. Pagão – 2011: No Bosque Sagrado associa à palavra: afinal, se essas são sua essência e sua identidade.
Nos séculos XVI e XVII, algu- dos Druidas (© Zéfiro, 2010. Todos marcas do pensamento religioso do- Durante muito tempo, o ter-
mas ordens religiosas6 procuraram os direitos reservados). minante no ocidente, em outras cul- mo ‘druidismo’, surgido na lín-
turas o conceito de religião nem de gua inglesa no século XVIII e em
6
Ordem Franciscana e Ordem dos Carmelitas Descalços. longe evoca tais elementos. seguida difundido a outros idio-
7
Os casos dos Conventos de Santa Cruz, vulgo Convento dos Capuchos em Sintra e No caso da religião celta – ou mas, foi utilizado para definir as
do igualmente Convento de Santa Cruz, no Bussaco. druidismo, como muitos a cha- ordens da Grã-Bretanha Victoria-
8
O nome Bussaco presume-se que seja originário da designação latina de Boscum mam – é fundamental que não na que floresceriam nas décadas
Sacrum, ou seja Bosque Sagrado (SANTOS, Álvaro, Caracterização da Mata Nacional apliquemos o conceito dominan- seguintes – ordens que, coerentes
do Buçaco, 1993).
te de ‘religião’ – institucionaliza- com sua natureza semi-maçônica,
9
Carvalho mais antigo de Portugal com aproximadamente 500 anos. (LASCARIZ,
Gilberto, Mandrágora 2009, Zéfiro, Sintra, 2008). da, dogmática e hierarquizada – a eram hierarquizadas, herméticas,

8 OPHIUSA de ze m bro 2016 de ze m bro 2016 OPHIUSA 9


exclusivamente masculinas e valores e costumes – é sempre um
dogmáticas. Como o grande escri- grande desafio. No caso dos cel-
tor e filólogo JRR Tolkien sabia- tas, a ausência de registros escritos
mente escreveu, “O termo ‘celta’ próprios anteriores à chegada do
é uma bolsa mágica, onde tudo cristianismo torna tal desafio ain-
pode ser inserido e da qual quase da maior. Durante muito tempo,
tudo pode sair... tudo é possível a principal fonte de pesquisa so-
no fabuloso crepúsculo celta.” Não bre os celtas e sua cultura eram as
causa estranheza, portanto, que tal chamadas “Fontes Clássicas” – os
termo tenha sido usado também textos de escritores gregos e ro-
para descrever a suposta “herança manos que descreviam os celtas.
espiritual celta” Muito da imagem estereotipada
No caso do druidismo, revelada na Fran- que o grande público faz dos celtas
é fundamental que não ça do século XIX como sendo “bárbaros sanguiná-
apliquemos o conceito a Hippolyte Léon rios e incivilizados obcecados por
dominante de ‘religião’ Denizard Rivail sacrifícios” tem origem nos exa-
– institucionalizada, pelo espírito de geros e distorções desses autores de lendas, contos e fábulas que a mais arquetípi- O celtismo traz outra
dogmática e um druida que clássicos. O avanço das pesquisas a descrevem os feitos de muitas per- ca nação celta de forma de humanismo,
hierarquizada – a uma se identifica pelo partir do século XX vem reduzindo sonagens importantes da Tradição nossos tempos: a outra forma de encarar
espiritualidade que nome de Allan drasticamente a importância das Literária sem, contudo, a rigidez Irlanda. Desde a as coisas, de sentir, de
deveria ser melhor Kardec e que, fontes clássicas à medida que algu- do texto escrito – provando, assim, chegada das pri- absorver a realidade,
definida mesmo como atualmente, é mas crenças são desmentidas pelos que de fato a Alma Celta mantém- meiras tribos ce- de conceituar a
uma ‘filosofia’, visto conhecida como achados em sítios arqueológicos – -se viva através da palavra falada, ltas àquela ilha, deidade. É uma outra
que propõe, fomenta Doutrina Espí- as chamadas “Evidências Físicas”. nas bocas dos seanachaí (contadores por volta – e uso forma de viver, outro
e mesmo exige uma rita. Em nome Anualmente, novos achados são li- de histórias) e poetas da Irlanda e dados conserva- método de raciocinar.
forma diferente de ver, da economia de teralmente descobertos em escava- seus equivalentes em outras re- dores – do séc.
pensar e sentir a vida. tempo e espaço, ções, fornecendo elementos impor- giões celtas. IX a.E.C., a cultu-
não vou estender tantes acerca da vida cotidiana dos Assim, temos que as muitas – e ra que ali se desenvolveu atravessou
a lista a outras celtas e ajudando também a lançar dramáticas – diferenças do que se ao longo dos séculos um período
correntes filosófico-espirituais luz sobre os aspectos imateriais de tenta definir como uma ‘religião de transformações e evoluções na-
que, de uma forma ou de outra, se sua cultura, como suas crenças, va- celta’, ao longo de tantos séculos turais a ela intrínsecas, assim como
associam ao termo ‘celta’ – e perce- lores sociais e culturais. Somam-se e oriundas de áreas tão diferen- também foi submetida a diversas
ba o amigo leitor que falo especifi- a estes as referências feitas aos cel- tes quanto a Irlanda, a Croácia e influências – notadamente, a cris-
camente do termo ‘celta’ e não a o tas em textos posteriores à chegada Portugal, só para citar algumas – tianização e as invasões vikings,
que quer que seja que possa ser des- do cristianismo às terras celtas - a dificulta qualquer tentativa de se normandas e britânicas. O conta-
crito como ‘religião celta’ – e aqui “Evidência Vernacular” – e os có- planificar, estruturar e consolidar to com cada uma dessas culturas
chegamos, então, ao escopo central dices e manuscritos medievais – a um sistema filosófico-espiritual trouxe incontáveis alterações, en-
deste ensaio. “Tradição Literária.” Mas talvez o celta nos moldes do que compreen- riquecimentos naturais, ao modo
Sabemos que o estudo de um mais enriquecedor componente demos como ‘religião’ em nossos de se ver e se trabalhar o sagrado
povo da Antigüidade - sua his- dos estudos sobre os celtas seja mes- tempos. Tomemos como exemplo na Irlanda celta. E se hoje a Irlanda
tória, sua espiritualidade, seus mo a “Tradição Oral”: o conjunto

10 OPHIUSA de ze m bro 2016 de ze m bro 2016 OPHIUSA 11


é de fato a mais importante fonte valores ou enfoques de nossos tem- valores e princípios dos celtas da que, como sempre no pensamen-
para quem se dispõe a compreen- pos. E para que isso tenha alguma Antigüidade – e do Medievo ir- to celta, se entrelaça e possibilita
der as origens de uma religião ce- chance de ocorrer, é fundamental landês, e por que não do chamado uma compreensão mais profunda
lta, é inegável que tal só é possível que haja um embasamento histo- “Renascimento Druídico” dos sé- dessa Alma Celta e de sua evolução
graças à disposição dos monges ricamente consistente não só de culos XIX e XX do que propria- ao longo das eras. É esse ‘circuito’
copistas nos primeiros mosteiros quem eram e no que criam os ce- mente através de ritos e estruturas que ativa e vivifica a experiência da
cristãos irlandeses em registrar as ltas, mas também, fundamental- iniciáticas cujas raízes estão na Eu- cultura celta, tanto nos rituais dos
narrativas outrora transmitidas mente, do porquê de serem quem ropa pós-renascentista. E mesmo modernos movimentos druídicos
oralmente, mas também, e a meu foram e de crerem no que criam: as correntes neo-pagãs do druidis- quanto na Literatura, na Música e
ver, graças ao próprio vigor dessas é preciso, nas palavras do celtista mo, por vezes puerilmente avessas noutras expressões da Alma Celta
narrativas, dos fascinantes perso- francês Jean Markale, “abandonar à contribuição cristã à essa Alma que nos cativam e nos equilibram.
nagens que as povoam e, acima de o sistema aristotélico que forma a Celta, sobretudo na Irlanda, teriam Esse ‘circuito’, contudo, é a base,
tudo, graças à relevância dos en- civilização humanista ocidental. muito a ganhar se, ao invés de rene- a essência, a própria alma celta –
sinamentos e lições transmitidos O celtismo traz outra forma de gar os elementos cristãos natural- sem ela, todo o resto corre o risco
mente absorvidos por essa forma de ser mera prática sem conteúdo.
de ver o mundo celta, percebessem Busca-se, pelo restabelecimento
o quanto eles a enriqueceram e a desse ‘circuito’, a manifestação da
trouxeram a nossos tempos. As ‘aura’ da Alma Celta, como defini-
bênçãos e preces produzidos pe- da pelo filósofo e crítico cultural
los monges irlandeses no Medievo alemão Walter
preservam em sua essência a lírica Benjamin: aquele
ligação que nos une à Natureza e diferencial aní- Esse 'circuito' [de
seus ciclos sagrados, e são ecos di- mico que evoca a valores e conceitos
retos das celebrações sazonais dos real presença. originalmente celtas]
pelos mitos e lendas – relevância humanismo, outra forma de enca- celtas da Antigüidade. A nós, busca- é a base, a essência,
que garante sua sobrevivência e rar as coisas, de sentir, de absorver Assim, essa visão da sacrali- dores da Alma a própria alma celta
adaptação às influências externas a realidade, de conceituar a deida- dade da natureza, a compreensão Celta, fica o con- — sem ela, todo o
que possam receber. de. É uma outra forma de viver, ou- dos ciclos e ritmos do tempo, o vite para que resto corre o risco
Assim, há algo a que podemos tro método de raciocinar.” Ignorar sentimento de proximidade com e n c o n t r e m o s de ser mera prática
chamar de “Alma Celta” – uma este fato – voluntária ou involunta- o Outro Mundo, a busca de rela- essa “aura ben- sem conteúdo.
essência, uma natureza, a ser vis- riamente – pode turvar o resultado ções inspiradas em nossas vidas e jaminesca” da
lumbrada através do estudo dos da busca, travar a transmissão dos a compreensão de nossa ancestrali- Espiritualida-
mitos e lendas preservados ao lon- saberes, embotar a vivência do re- dade e dos processos históricos que de Celta que está “entranhada na
go dos séculos, tanto pelas Fontes generador legado espiritual celta. fazem de nós quem somos, aliada malha de sua tradição”, para que
Clássicas quanto pelas Tradições Esse legado, pelo quanto vis- à importância atribuída à Honra e sejamos capazes de “emancipá-la
Literária e Oral acima menciona- to acima, consegue falar à nossas aos processos transformadores da de sua dependência parasítica do
das. E eis aqui outro ponto crucial almas contemporâneas muito vida – alguns dos muitos valores ritual.” Então, teremos devolvido à
no desenvolvimento de uma ver- mais pela adoção de um enfoque e conceitos originalmente celtas Religião Celta sua real natureza de
são atual da espiritualidade celta: a quase nativista, que procure res- que, quando resgatados, podem filosofia: não mais um objeto a ser
necessidade de se compreender as gatar, com honestidade e cons- nos trazer benefícios – acabam por encontrado, mas sim os próprios
narrativas pelo que elas são, livre de ciência, a percepção de vida, os formar um verdadeiro circuito olhos que procuram. ■

12 OPHIUSA de ze m bro 2016 de ze m bro 2016 OPHIUSA 13


silêncio.
por Morgana da Lusitânia

A colheita
N
oite profunda, o manto debaixo de nós, à nossa volta. Sen-
ao luar A
— o mistério do
da escuridão cobre a terra. timo-lo tornar-se no sangue que
No sopé do Tor de nos corre pelas veias, enquanto a
Glastonbury aguardamos em si- grande Linha do Dragão pulsa em

orvalho virgem
lêncio reverente; o frio enregela- sintonia connosco.
-nos e pequenas nuvens flutuam Por detrás do Monte Sagrado
no ar parado a cada expiração. À surge Artémis em todo o Seu es- por Isa Baptista
nossa volta, pequenos animais co- plendor, envolta no manto pratea-
meçam a sua busca nocturna por do de uma fabulosa Lua Plena.
alimento, e uma leve brisa agita a A uma só voz entoámos o Awen!
folhagem. Somos envolvidos pela As lágrimas corriam pelos ros-

F
força poderosa dos grandes Car- tos de todos aqueles que viviam
valhos Ancestrais que, quais sen- esses momentos de Magia absolu- “Não há outro mistério para chegar a oram várias as civiliza-
tinelas atentas, protegem e guar- ta, enquanto uma chuva da mais esta iniciação, senão mergulharmos ções que atribuíram valor à
dam a entrada. pura energia nos envolvia. mais e mais até às profundezas do hora ou momento do dia em
Suavemente, o Tambor co- E crescemos, crescemos, em nosso ser e não esmorecer até que que eram colhidas as plantas para
meça a tocar em sintonia com o direcção ao Infinito; éramos tenhamos alcançado a raiz viva e preparações medicinais. Fases da
Coração da Terra. Odores de fo- mais sete grandes Carvalhos que vivificante, e a partir de então todos lua, constelações ou marcos solsti-
lhagem em decomposição, em guardávamos o sopé do Tor. Ple- os frutos que gerarmos segundo a ciais e equinociais eram frequen-
conjunto com o odor da terra nos de energia, reverenciámos os nossa espécie produzir-se-ão em nós temente tidos em conta na época
húmida que pisamos, preenchem- Quadrantes e saímos em silêncio, e fora de nós, como acontece com as das sementeiras ou das colheitas
-nos a cada inspiração, unifican- renascidos, fortalecidos e com a nossas árvores terrestres que estão e, por vezes, crenças ainda mais
do-nos com aquela Força imensa Alma em êxtase. vinculadas à sua raiz primordial e específicas e detalhadas eram apli-
que nos rodeia. No dia seguinte era tempo de constantemente lhe extraem os sucos” cadas à recolha de elementos para
Crescem-nos raízes, os nossos voltar a Portugal, mas a Alma, elixires medicinais. A ideia de que
corações batem ao ritmo do Tam- essa, continua a entoar o Awen, — Louis-Claude de Saint-Martin a mandrágora só poderia ser apa-
bor, ao ritmo do Coração da Terra; algures na Velha Albion. nhada na lua nova ou de a colheita
sentimo-nos crescer enquanto o Awen! ■ das azeitonas ser ideal quando feita
Awen corre à solta acima de nós, ao luar e as temperaturas são mais

14 OPHIUSA de ze m bro 2016 de ze m bro 2016 OPHIUSA 15


EN
Fases da lua,
constelações ou
marcos solsticiais

DO
e equinociais eram
frequentemente tidos baixas (o que fa- as ervas e árvores deveria ser de
em conta na época vorece a presen- linho branco e a recolha propria-


das sementeiras ou ça de todos os mente dita ficava em muitos casos
das colheitas e, por aromas e sabores a cargo de mulheres virgens, que
vezes, crenças ainda destes frutos) poderiam encontrar-se descalças,

LI
mais específicas e pertence a um le- em nudez parcial ou total. Esta prá-
detalhadas eram que de tradições tica estava intimamente associada
aplicadas à recolha que se foram per- à pureza necessária para manter

CO
de elementos para dendo a partir de a qualidade do orvalho e deveria
elixires medicinais. meados do século ser levada a cabo antes da aurora,
XIX, altura em pois o sol alteraria as propriedades
que estas abor- desta condensação atmosférica.
dagens começaram a ser encaradas Consta que os elixires feitos com a
como meras superstições. Contudo, utilização da orvalhada detinham
todas estas referências são conteú- intrigantes propriedades que se-
dos preponderantes preservados riam posteriormente potenciadas
na misteriosa arte da espagíria ou pela exposição a determinadas fa-
alquimia vegetal e em algumas vias
já pouco praticadas de herbalismo
ses lunares ou pela colocação junto
de plantas, pedras ou gemas com
O iniciado e a divindade tópica
medicinal, as quais contam com al- atributos únicos. Algumas poções por Gilberto de Lascariz
manaques e calendários que podem medicinais poderiam ser também

E
seguir várias tradições distintas, tal enterradas em ânforas junto às raí-
como outrora. zes de árvores sagradas, menires ndovélico tem sido a di- rupestres de Poio Grande e de
Um dos costumes mais ou nascentes associadas a seres ele- vindade tópica lusitana que Rocha da Mina até ao Santuário
interessantes e antigos passa pela mentais específicos. mais tem atraído o interesse de S. Miguel da Mota, este de gé-
recolha de orvalho para ser utiliza- Poucas reminiscências restam da comunidade pagã em Portu- nese romana e posterior utilização
do em poções medicinais. Era um desta tradição. Contudo, a mística gal. Não só pelo carácter especial cristã. Trata-se de lugares em que
ritual tradicionalmente praticado associada ao herbalismo tradicio- da paisagem envolvente de seus a própria toponímia apela para a
por várias tribos celtas do norte nal tem em conta aspectos mui- santuários, que se poderia definir presença da Luz, dos quais a ribei-
e centro da Europa e obedecia a to semelhantes que têm vindo a como um verdadeiro espaço geosó- ra de Lucefecit é, provavelmente,
determinadas especificidades, no- ressurgir localmente um pouco por fico, como pela persistente escolha a mais interessante. A toponímia
meadamente o baptismo lunar que todo o mundo, invocando eras dis- destes lugares para ocupação de como nomeação de pertença a um
deveria ser feito por uma lua cres- tantes enquanto celebram o misté- carácter religioso e funerário, des- Númen residente do lugar, como
cente ou preferencialmente cheia: o rio da redescoberta... Uma viagem de os grupos de antas de estrutura o sufixo supõe, é muitas vezes im-
lençol que era estendido por sobre à alma da Natureza vivente... ■ cistóide de Lucas aos santuários pregnada pela presença e memória

16 OPHIUSA de ze m bro 2016 de ze m bro 2016 OPHIUSA 17


do Anima Loci. É pelas palavras para sepultar os mortos e elevar as devoção. Há uma outra perspecti- é a Gnose, que se

Andevélico que nomeiam o lugar, quando elas


advêm das raízes ônticas e memo-
riais do povo e não de uma funcio-
suas necrópoles em solos xistosos.
Segundo a Tradição o xisto é da na-
tureza do elemento terra, contendo
va de abordagem a esta questão: a
mistérica e iniciática. É aqui, como
em todos os Mistérios, que predo-
coloca na minha As tentativas de criar
opinião o inte- um culto religioso à
resse do fenó- volta de Endovélico só
nal deliberação política e adminis- propriedades especiais de conduto- mina a dimensão ctónica e infernal meno esotérico têm sentido quando
trativa, que se manifesta muitas res com o mundo ctónico tanto em de Endovélico. A preocupação des- de Endovélico. É este é compreendido
vezes essa entidade tópica e supra- trabalhos psíquicos como mágicos1 , te Neo-Paganismo tem sido a de preciso lembrar, à luz de Endovélico
-sensível conhecida por Númen sendo usados ainda hoje como luga- estabelecer um Culto religioso e a contudo, que como Divindade dos
Tópico ou Anima Loci. res preferenciais de trabalho necro- médio prazo uma Religião Pagã. A as tentativas de Mortos, isto é, como
Trata-se de uma vasta área san- mântico em covinas britânicas. minha é a de explorar as virtua- criar um culto um Culto aos Mortos e
tificada pela forte presença fune- No meu livro Deuses e Rituais lidades iniciáticas deste mitema religioso à vol- Ancestrais e não como
rária e as propriedades mágicas de Iniciáticos da Antiga Lusitânia2 pro- Endovélico através de processos ta de Endovélico Divindade da Natureza,
seu solo xistoso que propiciam a pus uma nova ideia de Endovélico gnósicos inspirados na Bruxaria só têm sentido como se tem feito.
vocação desta paisagem geosófica como sendo uma divindade de na- Tradicional Britânica. quando este é
para a comunicação com o supra- tureza dupla, jânica, sob a duplici- No primeiro caso trata-se de compreendido à
sensível, em especial a sua dimen- dade teonímica de Andevélico, o descer à fonte da devoção colectiva luz de Endovélico
são avernal. Isso deve-se, segundo Senhor do Florescer e o Endoueli- passada praticada no lugar, muitas como Divindade dos Mortos, isto

Endouélico
os praticantes de magia ctónica, co, o Muito Bom ou Onobolicus, o vezes reinterpretada à luz da esta- é, como um Culto aos Mortos e
às propriedades dos componen- Negro, outra sua designação, con- tuária e das suas analogias formais Ancestrais e não como Divindade da
tes cristalinos de quartzo presen- tendo simultaneamente uma face- com outros cultos dos quais te- Natureza, como se tem feito.
te nos xistos. Entre praticantes ta diurna e nocturna representadas mos informações mais detalhadas, Na verdade, a faceta de Endo-
de Bruxaria Tradicional Britâni- através da Palma e do Javali. Se bem como o dos celtas e dos tartessos. vélico como Divindade redentora
ca, que mantêm vivas desde o séc. que muitas das eclosões fortuitas Contudo, no segundo caso opta- pela Primavera, associada ao termo
XVII, pelo menos, práticas rituais de Neo-Paganismo Étnico surgi- -se sempre por entrar visionaria- Andevélico, deve ter-se referido
consistentes de interacção com os das em Portugal tenham usado a mente no núcleo transpessoal de provavelmente não à fertilidade
Deuses pré-cristãos, tem-se cons- área rupestre de fundo inspirató- poder sapiencial subjacente à fi- ressuscitadora dos solos, aqui im-
tatado a importância das paisagens rio Endovélico do Alandroal como gura Endovélico através de técni- próprios para a agricultura, mas à
xistosas para a núcleo geosófico de sua referência cas mágicas e gnósicas. Foi nesta redenção eleusínica post-mortem.
A mesma Divindade comunicação es- espiritual e se tenham esforçado, última perspectiva e operatividade Porém, poderá perguntar-se como
expressa-se, muitas piritual com as também, por interpretar e limitar que o presente autor abordou no será possível conciliar ou mesmo
vezes, através de divindades ctó- essa experiência a um conjunto contexto de um grupo pequeno e compreender esta relação de Endo-
múltiplas e diferentes nicas e avernais. restrito de elementos canónicos no fechado o fenómeno mistérico de vélico aos Mortos face à perspecti-
faces e epifanias Compreende-se, seu trabalho litúrgico, inspirados Endovélico. Foi com perplexida- va esculapiana defendida por Leite
aeónicas e é necessário assim, a razão a maior parte das vezes nas espe- de, também, que descobri práticas de Vasconcelos e que se revê na
perguntarmo-nos da preferência culações arqueológicas, ela tem de abordagem semelhante feitas natureza xamânica e visionária da
hoje qual será a dos povos mega- sido feita com uma preocupação anteriormente por membros do incubatio defendida posteriormen-
epifania de Endovélico líticos britânicos tipicamente religiosa e de mera extinto Movimento Nova Era, do te pelo arqueólogo Manuel Calado.
no tempo histórico 1
DRACO, Melusine, “Spirits and Deific Forms”, in Hands of
qual emergiu uma prodigiosa do- Isso só se pode compreender diante
em que vivemos. Apostasy. Oakland: Three Hands Press, 2014, p. 118.
cumentação de carácter revelatório do facto mitológico conhecido so-
2
LASCARIZ, Gilberto, Deuses e Rituais Iniciáticos da Antiga Lusi- e místico. É, assim, na perspectiva bre Esculápio: o facto de ele ter o
tânia. Sintra: Ed. Zéfiro, 2009, pp. 93-131. dos Mistérios, cuja quintessência poder de trazer os mortos de volta à

18 OPHIUSA de ze m bro 2016 de ze m bro 2016 OPHIUSA 19


vida. Entenda-se os mortos não pelo
uso comum da palavra, mas como
referência ao Iniciado. Mas, tam-
bém, como referência ao sonho, a
essência gnósica da incubação es-
culapiana, que na Antiguidade era
considerado como sendo o equiva-
lente da experiência da Morte.
A Verdade depende da pers-
pectiva do tempo histórico em que
vivemos. Mais do que nunca é ne-
cessário, por isso, pensar a Tradi-
ção Esotérica como uma transmis-
são ahistórica, interior e vertical, o Destino. A mesma Divindade período de espaço-tempo de sua ses Princípios ou Deuses interiores, © Joel Marteleira

em vez de uma transmissão linear, expressa-se, muitas vezes, através vida ela desaparece debaixo do solo isto é, infernais. É necessário, tam-
horizontal e superficial. Símbolos, de múltiplas e diferentes faces e condenando-o à aridez e à morte bém, que esses ritos nasçam não a
ritos e doutrinas epifanias aeónicas e é necessário permanente, regressando ao mundo partir de criações racionais feitas
A mesma Divindade são apenas guias perguntarmo-nos hoje qual será a ancestral e subterrâneo, deixando através de sucessivas colagens de
expressa-se, muitas provisórios e a epifania de Endovélico no tempo apenas resquícios de sua presença outras práticas
vezes, através de parte exterior histórico em que vivemos. à superfície, mas outras vezes er- religiosas antigas,
múltiplas e diferentes das Tradições. Não vivemos no Passado, na gue-se abundantemente de sua pro- uma espécie de É necessário para o
faces e epifanias Enquanto trans- época em que viviam os lusitanos, fundeza abissal alimentando as suas bricabraque para Novo Paganismo [...]
aeónicas e é necessário missão vertical mas no Presente. Cada Presente é margens. Este fluxo e refluxo per- entretenimento criar novos ritos. Não
perguntarmo-nos vivificada pela um estado fracionado de tempo pétuo do rio lucefecitiano espelha a mental, como te- já de mera reverência
hoje qual será a experiência in- num continuum infinito. O Pre- figura do próprio Endovélico na sua nho encontrado e vassalagem aos
epifania de Endovélico terior, a Tradi- sente é uma coagulação ilusória duplicidade de Deus Negro e Bom e no folclore re- Deuses [...] mas de
no tempo histórico ção exige perma- no estreito e comprimido estado de Deus do Luminoso Florescer. ligioso criado à comunhão gnósica
em que vivemos. nentemente um consciencial do espaço-tempo. É necessário para o Novo Paga- volta de Endové- com esses Princípios
encontro cons- Cada Momento está condenado a nismo que renasce historicamente lico, muitas vezes ou Deuses interiores,
ciente de natu- repetir o fluxo histórico dos impul- no centro do presente momento patrocinado por isto é, infernais. É
reza supra-sensível e gnósica com a sos eternos presos na contingência histórico, caracterizado tanto pelo agentes políticos necessário, também,
fonte transpessoal de onde emana linear de tempo. Contudo, cada frio cepticismo científico como locais como fer- que esses ritos nasçam
essa mesma Tradição. Ela exige a Momento, quando vivido como pela mais abjecta vassalagem à su- mento recreati- [....] de uma prospecção
todos os Iniciados ousados que a Eterno Agora, tem a propriedade perstição religiosa, criar novos ri- vo que leveda a interna e um encontro
desejem que tenham a capacidade de nos fazer sair do tempo histó- tos. Não já de mera reverência e estupidificação supra-sensível
anamnésica de penetrar no Mundo rico e entrar no Centro Essencial e vassalagem aos Deuses, que devem e a superstição, transpessoal que gere
Imaginal e na Memória do Lugar, Primordial, fonte eterna de todas ser entendidos como facetas pri- mas através de uma nova corrente
isto é, uma capacidade de sair de si as faces e máscaras deíficas. Assim, mordiais inconscientes de nossa uma prospecção de Iluminação no
mesmo, de suas limitações e con- a verdadeira Tradição é como a natureza eterna expressa na mul- interna e um en- presente séc. XXI.
tingências históricas e beber da água que corre permanentemen- tiplicidade polissémica do mundo, contro supra-sen-
fonte eterna onde os Deuses tecem te na ribeira de Lucefecit. Num mas de comunhão gnósica com es- sível transpessoal

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que gere uma nova corrente de possível aceder, quando o corpo e ciclicamente o mundo da obscuri- identificando-o
Iluminação no presente séc. XXI. a mente são colocados na posição dade e da claridade, significa que com o Arcanjo
É necessário que a criatividade e atitude própria da receptividade ele rege a função mercurial e her- Miguel e S. Jorge. Endovélico, na sua
ritual nasça de dentro para fora, hipnagógica, a níveis não conscien- mética de unir as duas naturezas A única comu- dupla acepção
das profundezas da alma de cada tes da memória ancestral do lugar. inconciliáveis presentes na maioria nidade esotérica de Divindade ou
Iniciado capaz de sonhar e sentir Nas minhas experiências em vários dos seres cegos e profanos. Ele liga que fez uma pro- Princípio Espiritual
através de recolhimentos visioná- pontos da Europa, tanto aqueles e une a dimensão humana, racional funda incursão viajando e abraçando
rios típicos da incubatio tradicio- que são conhecidos pelos historia- e empírica, com a dimensão espiri- espiritual nas ciclicamente o mundo
nal, como parece estar indiciado, dores como lugares onde a tradi- tual, gerando a experiência de co- forças arcaicas da obscuridade e da
segundo Manuel Calado, na mor- ção coloca fenómenos visionários nhecimento sapiencial e imaginal. deste Lugar foi, claridade, significa
fologia arquitetónica do Santuário típicos dos mitemas sabáticos ou Ele é, num outro sentido, o exemplo na minha opi- que ele rege a
de Rocha da Mina. A função dos outros lugares menos conhecidos do verdadeiro Iniciado, aquele que nião, o Movi- função mercurial e
Santuários não é a mesma dos e comunicados apenas entre Ini- tem um pé na Terra e outro no Céu mento Nova Era. hermética de unir
Templos, onde se oficiam os ritos ciados, constatei que estes pontos e que a ribeira Lucefecit, verdadeira Esse Movimento, as duas naturezas
colectivos de apelo à Divindade, fortes da paisagem sagrada se de- serpente ondulando por entre fragas note-se a natu- inconciliáveis
mas de um lugar íntimo de vivência finiam pela propriedade de induzir e vales, também representa ao abra- reza de fluxo e presentes na maioria
osmótica com a Divindade. A a parahipnagogia e a hipnagogia çar, tal como Endovélico, todas as corrente da pala- dos seres cegos e
Divindade deixa expressa a sua Po- visionária, onde é possível passar polaridades sem a nenhuma delas se vra que rejeita a profanos. [...] Ele é,
testas na geotipologia sagrada de do nível lúcido e racional para os entregar e a todas transcender. fixação ideológi- num outro sentido, o
seu Santuário. Ela marca esse lugar níveis supra-sensíveis de realidade A Luz que Endovélico anuncia ca tão típica do exemplo do verdadeiro
com a sua Face. Se há uma face da perceptiva caracterizados como não é, assim, a das religiões dua- Velho Aéon, de- Iniciado, aquele que
Divindade característica dos anti- extra-sensoriais. O Santuário da listas do velho ciclo aeónico. A luz senvolveu dentro tem um pé na Terra
gos santuários rupestres é a de ser Rocha da Mina é um desses luga- do velho ciclo aeónico não é a Luz de uma comuni- e outro no Céu.
sempre caracterizada pelo isola- res. Ele promove a experiência de Hermética pois afirma-se cons- dade fechada e
mento no espaço selvagem e não hipnagogia visionária e alucinató- tantemente à custa da ruptura e secreta uma nova
domesticado. Enquanto o Templo é ria, aquilo que o esoterista Andrew separação das forças atávicas e oni- Visão do Processo Espiritual atra-
dirigido ao ofício religioso público Chumbley chamava a “Quarta Es- rosóficas, da carne espiritualizada, vés de uma Teurgia experimental
e implorativo, o Santuário é dirigi- trada”, em quem tem as qualifica- representadas pelas Trevas, mas onde imperavam símbolos como
do ao indivíduo isolado ou ao pe- ções onirosóficas para as receber. essa Luz trazida por Endovélico, a o Galo, o Dragão e o Mensageiro
queno grupo. A apropriação destes O que que venho propor aqui é, Luz Negra do Antigo Paganismo Verde, desencadeando uma nova
lugares por formas nefastas de também, a necessidade de começar prometeico e sapiencial que nasce força de transformação espiritual
celebrações caricatas com carácter a ver e conhecer Endovélico a da união da Luz e das Trevas. Tra- associada aos lugares sagrados de
de mero espectáculo recreativo partir de um encontro íntimo e so- ta-se de uma outra Luz, a da Gno- Endovélico. Terá sido, sem dúvida
serve apenas as forças da inércia e litário com a sua Potestas e despren- se Ofídica, que todo o lugar refe- alguma, a única organização, na mi-
da entropia espiritual, drenando a der-nos, até mesmo ignorar, todo o rencia sob a forma de expressões nha opinião, que terá tocado mais
força telúrica e epifânica destes lu- folclore teatral que vem sendo se- daimónicas como Lucefecit e Aze- profundamente as forças arcaicas do
gares sagrados. dimentado endemicamente à volta vel. Endovélico não é, por isso, assi- espaço geosófico do Alandroal e de-
As zonas dos Santuários do dos dois santuários dedicados a En- milável ideologicamente ao corpus las bebido novos impulsos mágico-
Alandroal são os pontos fortes, isto dovélico. Endovélico, na sua dupla litúrgico cristão, como tem sido -espirituais neste oceano de grupos
é, os marmas de toda esta área geo- acepção de Divindade ou Princípio feito através de apropriações teóri- pagãos onde se privilegia apenas o
sófica, mas não os únicos, onde é Espiritual viajando e abraçando cas delirantes de fundo nacionalista superficial e o teatral. ■

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© Joel Marteleira
EIST
EDD
FOD

Eisteddfod — palavra da língua


galesa que significa literalmente "estar
sentado", isto é, um momento dos encontros
dos Druidas em que se escuta o canto ou
a declamação dos Bardos, para despertar
a nossa alma e o nosso coração.

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Eisteddfod

A CANÇÃO DE AMERGIN A MINHA CANÇÃO

Eu sou um veado de sete pontas, Eu sou filha da floresta,


Eu sou uma corrente ampla na planície, Eu sou filha do mar,
Eu sou um vento nas águas profundas, Eu sou uma carícia alegre do vento,
Eu sou uma lágrima brilhante do sol, Eu sou um carvalho com mil anos,
Eu sou um falcão no rochedo, Eu sou o calor do sol,
Eu sou belo entre as flores, Eu sou um dos mistérios da lua,
Eu sou um deus que incendeia a cabeça com fumo, Eu sou uma coruja profética na noite,
Eu sou uma lança guerreira, Eu sou a visão perspicaz de um corvo feroz,
Eu sou um salmão no lago, Eu sou um veado sábio,
Eu sou uma colina de poesia, Eu sou um javali selvagem protector,
Eu sou um javali destemido, Eu sou um lobo pelo meu clã,
Eu sou um ruído ameaçador do mar, Eu sou um rio que corre livremente,
Eu sou uma onda do mar, Eu sou música e poesia,
Quem senão eu conhece os segredos do dólmen em bruto? Quem conhece os segredos da alma humana?
Quem lê a verdade nas cartas e nas pessoas?
Quem protege as causas mais dignas?
Segundo a História Mítica da Irlanda, o “Povo de Mil” (ou os Mile- Quem faz amigos entre animais e plantas?
sianos), originário da extremidade ocidental da Península Ibéri-
ca, invadiram a Ilha Verde em 1.268 AEC, derrotando os Tuatha Dé Quem se esforça para trazer a iluminação aos outros?
Danann (o “Povo da Deusa Dana”). Diz-se que o seu grande bardo Quem é uma onda no Mar?
Amergin, ao tocar no solo após as inúmeras tribulações marítimas que
Eu sou, na Floresta, uma árvore.
lhes foram impostas pelos Tuatha Dé Danann, cantou este poema épico.

O autor Robert Graves viu na Canção de Amergin uma codificação do calen- Ana Simões
dário celta, atribuindo cada linha a um período determinado do ano. (Tra-
dução e Nota: Alexandre Gabriel)

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Eisteddfod

CONTRA-LUZ

Por agora tens que descansar. Do grito da tua alma discernirás um chamamento capaz de trazer de vol-
ta o próprio Sol como os rebanhos aos campos. Na câmara escura terás a
Por agora tens que vergar a tua vontade e descer à câmara escura onde se visita de um pequeno raio de luz que aos poucos banhará a tua fronte, o
suspendem todos os sentidos e permanece apenas aquela saudade lenta e teu rosto, depois o resto do teu corpo, depois a sala inteira. Não reconhe-
incómoda do movimento. Pois agora é o momento de descansares o cor- cerás o teu ambiente à primeira vista, e depois verás que tu mesmo mu-
po para libertares a mente, e como nos céus, os teus movimentos são cada daste de forma. És outra pessoa, de sobrolho radiante e lábios proféticos.
vez mais estacionários. Mínimos. Primários. Fetais.
A promessa cumprir-se-á. Tudo porque te fizeste Inverno.
Faz conforme te foi instruído. Abraça o Inverno. Faz-te Inverno.
À saída, encontrarás um mundo muito diferente do que deixaste no fim
Por agora tens que te entregar a esse silêncio perturbador da câmara de do Verão. Poderás sentir uma certa confusão. Poderás não perceber o que
onde a luz parece esvair-se a cada dia que passa. Irreversivelmente, di- foi feito dos montes que agora são vales, sentir que o firmamento se fez
rias. Sentes medo. A escuridão é imensamente maior que tu, que os teus oceano e o mar foi sugado pelo céu. E o ar irrespirável, parco combustí-
planos, que as tuas rotinas. Ela determina o teu tempo e termina os teus vel para a chama que trazes em ti. Mas persiste. Nem o mar nem a terra
tempos. Ela revela todas as tuas sombras. Dolorosas. Julgas ouvir vozes, nem o ar passarão sem que a roda gire uma e outra vez, até que cada ser
alucinações várias que chegam através de ti mas não te pertencem. Re- encontre a sua nota na Grande Canção de todas as coisas. Então saberás
voltas-te. Recusas fazer o luto. Como seria de esperar, a negação é sempre a que nada foi por acaso na tua caminhada: o primeiro convite, os sinais, a
primeira fase do processo. câmara escura, a manhã seguinte.

Mas faz conforme te foi instruído. Aceita o Inverno. Faz-te Inverno. Então terás que continuar a fazer-te Inverno até que a luz se cumpra por
inteiro. Pois que ela nunca tarda em chegar, e enquanto houver sombra no
Por agora precisas de parar por inteiro e conservar energias. O pior do mundo, chegará sempre.
frio está ainda por chegar, e vais precisar de todas as tuas forças para
enfrentar os rigores do tempo de todos os silêncios. Do silêncio em que A luz invicta. O Sol que em ti habita e irradia para toda a Humanidade.
estás semeado para um dia renasceres em carne viva e espírito desperto.
Vais precisar de enfrentar os gritos que te chegarão da tua própria alma, Fábio Barbosa
mais claros que nunca, e estar a postos para a aparição de onde poucos
conseguiram sair vivos e sãos.

Faz conforme te foi instruído. Escuta o Inverno. Faz-te Inverno.

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Eisteddfod
CÂNTICO DE ALBAN ARTHAN

Que haja sempre fogo nas vossas lareiras


E alimento na vossa mesa.
Quando a escuridão cobrir a terra,
Que a luz dos vossos corações seja candeia acesa.

ALBAN ARTHAN Que a vossa vida renasça


Das cinzas do tempo escuro.
O momento ansiado que há tanto aguardava Que arda a Tora de Yule, tornando o Caminho seguro.
Acabou por chegar neste Alban Arthan
Foram tempos em que a vida me moldava Que o Ancestral Carvalho durma em paz,
Em que me destruir tentavam O sono profundo que regenera.
Guardando em seus braços o Dourado Visco
Nesta nova roda do ano que agora se inicia Enquanto aguarda a Primavera.
Nesta nova era que agora tem o seu preâmbulo
Vejo o caminho em frente que tanto me auspicia Que o Nobre Druida erga então a sua Foice
Mas ainda não é mais que um vestíbulo E no silêncio profundo do bosque adormecido,
Colha a Erva Sagrada com sábio recato
Abrindo a porta que os Deuses me oferecem Reverente, respeitoso, agradecido.
Em paz e segurança atravesso a sua ombreira
Uma imensidão de luz em mim se projeta Que o Bardo erga a sua voz na noite escura,
Para que não haja sombras na minha ladeira Contando histórias de nevões e temporais.
Contando lendas e entoando canções
José Alexandre Frazão Matos De tempos idos e de Deuses Imortais.

Da sua Harpa afinada com desvelo,


As notas puras dedilhadas com destreza
Voam no vento, gentis, harmoniosas,
Eco mágico da Harpa da Natureza.

E quando a Deusa der à Luz a Criança da Promessa


Na noite mágica que um ciclo encerra.
Que o solo emprenhe de gado e semente,
Espalhando abundância por toda a terra.

Feliz Alban Arthan.

Morgana da Lusitânia

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Eisteddfod

O S Q UAT R O EL EM EN T O S

Eu sou a Terra por onde os vossos pés caminham,


Sou o solo que vos sustenta,
Sou guardiã do passado longínquo,
Do mundo áugure e pétrea profeta
S AU DA Ç Ã O A O S Q UAT R O
Quem senão eu vos poderá suportar?
Quem senão eu vos dará abrigo e aconchego? A Grande Ursa
Quem senão eu vos impedirá de cair no abismo sem fim? É o Útero da Terra
A viagem à escuridão profunda,
Eu sou a Água que vos sacia a sede,
Sou mar, fonte, e sou nascente, O Salmão voa
A vós vos purifico, Com Sabedoria p´las águas
A vós me entrego de coração aberto Rumo à morte
Quem senão eu fará fluir o rio do sentimento? Predestinada,
Quem senão eu vos dará força e tranquilidade?
Quem senão eu será um espelho do Céu? O Falcão paira,
Flutua
Eu sou o Ar cujo infinito horizonte a vossa vista contempla, No imenso Mar
Canto aos homens e neles insuflo a sua Alma, Suspenso,
Para que possam cantar o Verbo, como eu.
O Sopro das alturas é nuvem, é mar, é Céu E aquele Ser nocturno,
De focinho pontiagudo
Quem senão eu fará falar as árvores? Ergue as presas
Quem senão eu assoprará nas montanhas? Ao luar,
Quem senão eu vos abre o pensamento? Nele corre o Fogo
Como lava escorrendo
Eu sou o Fogo que aquece todo o vivente, Na ebulição
Enquanto ardo, sou fogueira que vos acalenta e afasta o breu, Do (Re)nascimento.
Vela que ilumina as vossas meditações silenciosas,
Espada de Luz que vos revela a Verdade! Ollem

Quem senão eu queima o que deve ser queimado?


Quem senão eu vos liberta do que é desnecessário?
Quem senão eu vos acalenta e aquece a Alma?

Alexandre Gabriel

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Eventos
TRÍ
Fevereiro
DE Dia 4 | 19h30 | Casa do Fauno, Sintra
Palestra A Roda do Ano Celta - Imbolc com José Alexandre Frazão Matos.

Dia 18 | 14-18h | The Hamblin Trust, Bosham, Reino Unido


Tertúlia Are you Spiritual or Religious? com Philip Carr-Gomm.
Abril
29 Abril - 6 Maio | Borgonha, França
Assembleia de Beltane organizada pela OBOD França por ocasião do tri-
centenário do renascimento druídico, com a presença de Philip e Ste-
phanie Carr-Gomm. Contactos: saille.tuteur@yahoo.fr

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a verdade. Pensamentos sobre a espiritualidade e a chamada "vida mítica".

Philip Carr-Gomm
www.philipcarr-gomm.com/blog

O blogue oficial do Chefe Escolhido da OBOD.

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Última

Estamos já a preparar o
próximo número da Ophiusa, e
contamos com a vossa colaboração!
Como é o vosso druidismo? O que faz
a diferença na vossa prática no dia-a-dia?
Sobre que tema gostariam de falar?

O próximo número sai em Fevereiro — Imbolc


no hemisfério Norte, Lughnasadh abaixo do
Equador. Como vivem estas estações? Por
que novos começos estão a passar nas
vossas vidas? Quais as colheitas
com que este último ano vos
presenteou? Participem.
Esta revista é vossa.

Os textos para publicação têm um limite máximo


de 1000 palavras. Pedimos que quaisquer
fotografias ou ilustrações sejam fornecidas em
máxima resolução. As propostas para publicação
devem ser enviadas para o endereço de e-mail
ophiusa@obod.com.pt

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