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LITERARTE

CELEBRA O NORDESTE
Ficha
Prefácio

De pronto, permitam-me festejar, alegremente, a iniciativa


desta celebração por parte da Literarte. Na realidade da margi-
nalidade experimentada pela população nacional, os que mais
padecem são os pretos, os pobres e os de periferia do nordeste deste
imenso e amado Brasil. Nesta obra tão bem elaborada, nota-se o
caráter relacional da luta do povo nordestino para sobreviver com
a dignidade inerente ao ser humano. É um grande engano celebrar
o Brasil como um todo, sem conhecer a história nordestina, onde
a mãe natureza deu à luz ao nosso país. Bahia, Porto Seguro,
nordeste, foi o lugar onde nasceu o nosso amado e querido Brasil.
Agora, chegou o momento de ouvir o povo nordestino através do
seu próprio povo – seus escritores – e sem intermediações que
nem sempre condizem com a realidade local.

No Nordeste do Brasil, a natureza foi pródiga por excelência


e, por isso, o sol nordestino acorda mais cedo e brilha mais. As
frutas têm um sabor diferenciado, os Juazeiros do Norte e o da
Bahia, limpam nossos olhos e dão um brilho especial. O florescer
do mandacaru em plena seca é digno de um agradecer aos céus. A
cultura popular e a cultura indígena, a dos ciganos e a dos negros,
enfim, a de todos, é invejável mundo afora. Esta região, que enfrenta
todo tipo de discriminação como a adoção tardia de crianças,
rejeição à religiosidade oriunda da mãe África, crítica ao sotaque,
dentre outros, está sempre disposta a acolher todos, independente
de raça ou cor. E isto é sempre contado em verso e prosa por todos
os seus poetas. É no Nordeste onde a lua cheia brilha mais, refle-
tindo sua beleza nas nossas águas doces e salgadas. É também
motivo de orgulho para o nordestino, com sua sabedoria, celebrar
o inverno no seu sertão. Ele, o nativo do alto sertão, doou a sua
sapiência afirmativa "Vai chover", prepara a terra, coloca a semente
e aguarda a fartura que logo vem.

Vale lembrar que o Nordeste brasileiro registrou o nascimento


de vários vultos tais como Lampião, o rei do cangaço, Patativa do
Assaré, Graciliano Ramos, Osvaldo Aranha, Zé Peixe, Rachel de
Queiroz e os brilhantes Jorge Amado e sua esposa Zélia Gattai, com
as bênçãos de Padim Ciço (Padre Cícero) que iluminou todas essas
mentes e as demais que escrevem essa obra.

E não podemos deixar de registrar, na música, o Nordeste ser o


berço do xote, do xaxado e do baião, com um destaque especial para
Luiz Gonzaga, o rei do baião. E tem belas praias, danças, a culinária
local, a arquitetura, a crença na ancestralidade e o respeito a ela, as
benzedeiras, as rezadeiras, as mulheres rendeiras, as parteiras, os
bacamarteiros, as grandes e belas ilhas oceânicas e outras riquezas
mais. Tudo isso tem no nordeste, é o olhar da natureza. Contudo,
falta ao poder público cuidar melhor desse povo, dando-lhe oportu-
nidade de demonstrar o seu potencial dentro do Brasil, porque fora
do nosso país somos conhecidos e aplaudidos com louvor.

Arremato, rogando que os “reis do século XXI” revejam os


seus pensares e respeitem o sangue, o suor e os lamentos do povo
nordestino, aliás, dos seus súditos leais, chamados de eleitores e
contribuintes, que com sua luta cotidiana ainda cuidam bem da
sua terra, do seu cultivo específico, seja o cacau ou o caju, bem como
cuidam da Mata Atlântica, enfim de suas riquezas regionais. Que os
dirigentes deem o verdadeiro valor de cidadãos ao povo nordestino
sem qualquer forma de exclusão ou discriminação, pois com sua
força e garra, mesmo enfrentando dificuldades que lhes são impostas
e com a vida que enfrentam, primam pela manutenção da nossa
língua pátria, e têm sempre uma forma especial de distribuir, pedir e
professar a paz.

Continuo com o desejo e a esperança de que chegaremos, muito


em breve, a um país único e bom para todos os brasileiros.

Nordeste é Brasil. Então, celebremos o nordeste sempre.


PAZ!

Luislinda Dias Valois do Santos*,


brasileira, nordestina, baiana, soteropolitana.

*Desembargadora aposentada do Tribunal de Justiça da Bahia. Foi


ministra dos Direitos Humanos do Brasil. Embaixadora da Paz da Núcleo
de Letras e Artes de Buenos Aires. Patronesse da Academia de Letras
Música e Artes – ALMAS, de Salvador. Membro Efetivo da Associação
Internacional de Escritores e Artistas – Literarte. Ocupa a cadeira
número 6 da Academia de Letras José de Alencar de Curitiba/PR.
Apresentação

É uma grande honra para a Literarte apresentar, não apenas


ao Nordeste, mas, ao Brasil inteiro e, quiçá, a diversos países por
onde os livros passarem, uma obra de tal magnitude e diversidade.

A ideia de publicar um livro com tantos autores e, ao mesmo


tempo, respeitar formas, estilos, expressões culturais e temática diver-
sificada, é dignificante. Temos poemas longos, poemas curtos, poemas
com rima, versos livres, todos eles a demandar horas de dedicação de
cada poeta para oferecer o melhor de sua capacidade expressional.

Nos textos selecionados, observamos, além do amor e do


orgulho pela região Nordeste, o pulsar dos poetas em diferentes
matizes e diapasões, evidenciando a riqueza cultural inerente a cada
Estado, numa diversidade que expressa as diferenças e, ao mesmo
tempo, as identidades culturais, os desafios, as conquistas, as
surpresas e os encantamentos que a boa literatura pode nos revelar.

“Literarte Celebra o Nordeste Brasileiro”, lançada agora neste


mês de junho de 2019, caracteriza-se como uma roda-viva a girar
poesia e a mostrar em linguagem pulsante retratos e flagrantes
do dia a dia de cada autor. É, na verdade, um significativo painel
a valorizar a arte do Nordeste, indo muito além do espírito parna-
siano e trazendo a Arte para o mundo real de cada um de nós que
apreciamos o belo.
Por isso, a Literarte tem o projeto de presentear cada região
brasileira, uma por uma, com obras de calibre semelhante a esse.

É inegável que a escrita é uma das mais potentes formas de


integração entre pessoas e regiões. E temos a certeza de que este
desígnio aqui se realiza, pois a poesia se faz presente e se declara
“culpada” por exercer, em cada página dessa obra, sua função de
capturar e seduzir o leitor.

Aos autores, nossa gratidão pelo trabalho significativo


realizado com tamanho desvelo. E, aos leitores, nosso desejo de que
façam dessa obra o seu livro de cabeceira.

Ser Nordestino é uma arte. Como em uma corda bamba,


precisa-se de equilíbrio, força, coragem, inventividade e persis-
tência para vencer os desafios ao longo da vida.

Para cada um de vocês uma salva de palmas. Em frente, que a


poesia é necessária e urgente.

(Izabelle Valladares, Presidente da Literarte)


Já não me Fazes Companhia

A tua companhia já não me faz companhia,


Acredito que p'ra ti eu não tenho mais valor,
É que agora, me tratas o seja lá quem eu for;
A discordares de mim eu nunca vi tal mestria.

O meu chegar para ti seja de noite ou de dia,


Leva a crer que o caso não terá mais solução,
Não me faz falta o que tu chamas companhia,

A.Vieira
Pois, teus arroubos não me pesam o coração.

E agora eu te procuro p'ra tirar meu prejuízo


E o tirando mais cedo o grande sonho realizo,
Não me dando a esse luxo de te dar satisfação.

É que eu na vida já galguei a muitos postos,


Pr'eu ser bondoso de muitos já fiz os gostos;
Será qu'eu posso sair desta cruel predileção?

Antonio Vieira de Oliveira (A. Vieira).


Maceió/Alagoas – 28. 01.2019 (00:04) 1044°.

maynnarddd@bol.com.br

9
Êxtase em Nós

Quando somos ebulição


E amorosos explodimos
O mundo inteiro silencia
Ao som mudo e ígneo
Da orquestra harmônica em nós
De repente, tudo se transforma
Adelia Costa

Em ciclos, arranjos e notas


Somos um...
Elipse, eclipse, fusão
É a música que toca
Silenciando o mundo
Nos deixando mudos
Simultaneamente, poliglotas
E dos sons que em nós se formam
A linguagem que nos importa
É a ouvida encostada no peito
Enquanto carinhos e beijos
Nos unem sem mácula,
É êxtase em nosso leito
Conjugando em um, o nós..

ams_costa@yahoo.com.

10
Só o Agora é Certeza

Do ontem, restam apenas as Lembranças de passado,


Que incompleto, tácito e inacabado, Foi sepultado pelo tempo.
Do amanhã, eu nunca saberei verdadeiramente se ela virá.
Esperança, o futuro será que ele vem? Talvez!
Incertezas não me completam, a dúvida impede a minha construção.
O presente nasce em mim, brilhante, latente, lascivo, mas não cativo,

Adna Raul
Em dia claro, ou gélida noite chuvosa,
O presente é real, a certeza do agora é concreta!
Mas, o meu hoje morre solitário no
final dessa aventura que é viver.

adnaraul@hotmail.com

11
Singeleza Pede Licença

Não me convidam mais


Meus trajes são outros
Ser terno é feio
Beijo na praça?
Na atualidade,
Afeto clama por liberdade
Adeilza Gomes

A serenidade no horizonte
Diz pra alma acalmar
Brisa que se faz ponte
Olhar navega como onda no mar

arteilza@hotmail.com

12
Trem da Paixão

No vagão dos apaixonados eu embarquei


Aos passageiros presentes – os saudei...
Declamando os meus versos rimados e,
Sobre fortes aplausos, agradeci e sentei.

Adilson Adalberto
Viajei, nas ondas da paixão
Emocionei-me, sentindo forte a emoção...
Que contagiou a todos, dentro do vagão
Ao som do pulsar do coração.

Olhos nos olhos, mãos nas mãos


Corpos ardentes tocando-se timidamente
Tentando não chamar, muito a atenção
Nesse ambiente de pura magia e sedução.

As horas se iam, pressões subiam


Coletivamente fluía, a imaginação
O vento batendo, refrescando as faces
E lá fora, sobre os trilhos, corria o trem da paixão.

adilson.tri@gmail.com

13
Memória Nordestina

Lembro-me, quando pisei no Nordeste pela primeira vez,


olhos marejados de tanta beleza natural! Areias douradas, águas
claras e calmas. O homem da cidade fixa o azulado céu com nuvens
de algodão e raios de sol, que penetram na pele, renovando as
esperanças de um corpo e alma cansados da batalha da vida.
O povo nativo, muito solícito, parece abraçar com sorriso e
Alessandra Polo

presteza o forasteiro, que chega para viver momentos registrados


na memória do viajante. Ainda sinto o gosto dos pratos típicos:
apimentados e exóticos, preparados com tanta sutileza, que o sabor
até hoje é apurado em meu paladar.
Jangadas desenham atraente paisagem, esperando os curiosos
para um passeio na rota das surpresas marítimas. Ah! Os mergulhos
nas piscinas naturais, peixes de todas as formas, uma aquarela que
agrega os mistérios do fundo do mar com criaturas indescritíveis
feitas por Deus.
Somos feituras humanas, que se comunicam com olhar! Lá
no fundo do Oceano, no obscuro mundo a se revelar! O coração
acelera, faz o tempo parar! É isso caro leitor, o prazer de viajar pelo
Nordeste, com coração, sol e mar a desbravar!

alessandrapolo@gmail.com

14
Natal de Sonhos

Brancas dunas.
De mar azul
E verde herbal,
De cascudo,
Navarro,
Dom Nivaldo,

Alfredo Neves
Djalma Maranhão,
Dorgival.
Virna e Titina.
Do seu Forte
E Farol salvador,
Do descanso,
Da Redinha,
És um pássaro azul
Refrigerada pelo vento
Nordeste e sudoeste.
És tão linda Natal
Que se pudesse
Me entrelaçava
Contigo.

15
Andaime

Minha vida passeia no elevador


Como todas as vidas que passam pelo elevador
O elevador passa por cima de mim
E por cima passa o meu desespero
Para desespero do elevador
Eu me desligo do mundo
Aluizio Mathias

E o mundo irônico
Esquece de mim, do elevador
E se desespera vida abaixo...

16
Porque escrevo

Escrevo pra me ausentar


De um mundo perturbador
Que tenta consumir minha alma
Sem me dar chance de me recompor
Escrevo pra me alegrar
Das letras que com amor

Ana Caroline
Organizo em estrofes
Colocando o meu ser interior
Escrevo pra viver
Coisas que talvez a vida ainda não mostrou
Mas o presente poderá mostrar
E no futuro seja agregador
Escrevo pra ser livre
Igual o amor
Que é lúcido e sem pudor.

carol_4010@hotmail.com

17
Verso

Não faço verso de modismo


tampouco para a alta casta
meu verso nasce povo
derrama o azeite do babaçu
e as águas do Apuá.
Ana Elizandra

Meu verso é um cofo


de devaneios
é a cesta da vó Neném
levando beiju e
esperança
É o cabelo branco
debaixo do torço
Que conta histórias de Trancoso
é a calçada de redondilha
cantada na boca
da meninada

Não faço verso de ricas imagens


pouco conheço
da teoria literária
meu verso nasce desajeitado
só que ele
nasce com alma.

ana.elizandra@gmail.com

18
Felina

Tenho hábitos noturnos


Mas não sou coruja
De som assustador

Sou felina manhosa

Ana Lúcia Azevedo


A ronronar aos ouvidos
E exalar meu odor

Vou pra rua… Retina!


Amo as cores que cintilam
Diante de minha íris… Faminta!

Faróis de carros, brilho de neon


Colorido dos Night and days
Vision!

De noite, a gata não é parda


Aquarela, ilumina
Com os olhos acesos.

Carmim, encarnado,
Carmesim, na boca
Batom vermelho...
Desejo.
anadomitila1973@gmail.com

19
Olhar Nordestino

Sou do Nordeste
Não sou “Cabra da Peste”
Nem “mulé da muléstia”
Quer me conhecer
Pergunte quem foi meu mestre
AnaCarol Cruz

De Gonzagão a Suassuna
De Doryval Caymmi a Bráulio Bessa
Não porto arma na mão
Nem bala na cartucheira
Minha arma é adocicada
É a palavra
Doce que nem rapadura
E, como ela, às vezes, dura
Para dissolver
E quebrar a dura visão
Que se tem
Da minha nação nordestina.

karolcruzdesouza@hotmail.com

20
Esperança Nordestina

No compasso dessa dança


Vou vivendo com a esperança
De alegria encher meu coração
Ao ver o verde no meu sertão.

Anderson Albuquerque
Sou nordestino cabra da peste
Ao som do canto do carcará
Adentro no rio quase seco pra me banhar.

Vejo com olhar de esperança


Sobre o rígido chão do sertão
A chuva cair
As flores florescer
A fome acabar
Sem mais judiar
O meu povo calejado
Que usa o roçado
Pra se alimentar.

andersonmorenodealbuquerque@hotmail.com

21
Projeto

Diante dos meus olhos,


O mundo oscila rumos
Que distorcem minha parca razão

Nesse cenário caótico,


André Galvão

Resta a insanidade rara


Que recupera minhas fantasias

E essa loucura sã,


Rodeada de sonhos coloridos,
É tudo que eu quero pra mim.

almgalvao@uol.com.br

22
Alma Guerreira

Perdoem-me a angústia e o medo,


mas , não é nenhum segredo,
que sempre defendi a liberdade

Ângela Rodrigues Gurgel


e lutei pela igualdade...
É público e notória minha opção
pelo respeito as minorias,
meu desejo de viver numa nação
com espaço para sonhos e alegria.
Sempre condenei, veementemente,
a violência, a intolerância, a homofobia,
o preconceito, a injustiça e a misoginia...
Pertenço às minorias e com elas me identifico,
se alguém é, covardemente, ameaçado ou ferido
sinto-me na obrigação de levantar meu grito
em defesa da democracia e da liberdade...
Nunca permiti que o medo me paralisasse
mesmo quando o corpo treme a alma é guerreira.
Em respeito ao passado e pela garantia do futuro,
continuarei combatendo o ódio, a vilania e o desrespeito.

angelargurgel@gmail.com

23
Sílvio Damásio

Dois mil e dezoito era o ano


Nos encontramos mui casualmente
Me prendeste com teus gestos lhanos
Numa grande chama dum amor ardente!

Minh'alma canta! Um belíssimo hino


Angélica Costa

Em busca de um amor que além, viceja!...


Diz ser o homem eleito do meu destino
Em busca do amanhã que além esteja

As nossas noites não serão mais frias


Vamos nos amar todos os dias
Sentindo o arquejar do amor perfeito

Neste instante se esvai a bruma densa


Trazendo a minha vida um mar de crença
Me ensinando outra vez amar a vida!

angelica-flor@hotmail.com

24
São Luís do Quitunde
de Ontem, Hoje e Amanhã

Eis que ela surge entre rios e morros verdes


Cidade pacata, simples e bela
Engenhos antigos e memoriais são estes
Que falam de sua história esbelta.

Anobelino Martins
Cada rua do seu centro foi planejada
Pelo engenheiro alemão Carlos Baltenstern
Dando-lhe a fama de cidade projetada
Lugar em que Joaquim Cavalcante pôs sua fé.

Para crescer, desenvolver, cintilar


Para ser o lugar do quitundense amar
São Luís do Quitunde nasceu.

É o polo! No centro do Norte se estabeleceu


Sua gente é ordeira, empenhada no labutar
E dias melhores, São Luís ainda irá conquistar.

anobelinomartins@gmail.com

25
Encantos de Minha Terra

Oh, que encanto, Oh, que saudade!


O canto dos pássaros
O murmúrio dos rios
A brisa que passa tocando na pele
E o amor zeloso na voz brava do meu bom velhinho!
Antônia Rodrigues

Oh, que encanto!


As tardes calmas e doces companhias
As visitas das "cumades e cumpades"... quantas conversas.
Aquelas histórias de assustar... Como encantava!
Oh, que saudade!
Da ordem do lar
Do canto rouco após o jantar
E aquela reza do círculo familiar... Oh, que doce saudade!
A luz de lamparina a clarear
O som daquele radinho a tocar
E o violeiro a desafinar... Ah, tudo era um encanto.
Esse tempo será que volta a encantar?
Oh, Que saudade! Dos encantos da minha terra,
De um doce lar...
Oh, que saudade, doce encanto que não se vê mais!

antoniaaaf@gmail.com

26
Beija-Flor Mensageiro

Voe, beija-flor mensageiro


A liberdade te faz senhor do destino
Voe e vá buscar teus sonhos
Um mundo imenso te espera

Antônio Evangelista
Enquanto a minha pátria terra
Rego com lágrimas de saudade
Quem dera voar em tuas asas
E voltar no tempo e no espaço
Para dar na Estrela um abraço
E ruflar de volta para casa
Nas areias da virgem dos lábios de mel
Desenho sua imagem no céu
Bailando serena
És a menina dos meus olhos
Em forma de relicário meu coração eu te dei.

27
Pau dos Ferros

Digo que digo, filhos meus,


Que há uma terra sonhada,
Abençoada por Deus,
Por nossos pais colonizada.
Antônio Fernandes do Rêgo

Subiram ao cimo do monte,


E "que porta alegre!" exclamaram,
Quando viram no horizonte
A verde várzea que adoraram.

Quando eles desceram o monte,


Cavalgaram para o Ocidente,
Transpassaram um rio sem ponte,
E lá acamparam alegremente.

Que no tronco duma oiticica


Deixavam marcados seus ferros,
Para quem passa e quem fica
Esta terra é Pau dos Ferros.

No mapa do nosso Brasil,


Fica encravada ao Nordeste,
E se chama a modo gentil,
De Princesinha do Oeste.

aferego@yahoo.com.br

28
Pensei que Tinha Pensado

Pensando no que pensar,


Fiz esta modesta poesia.
Espero que todos gostem,
Eu nada faço em demasia.

Antônio João Silva


Fosse há tempo bom pensador,
Não faria alguma coisa impensada.
Penso bastante em pensar;
Resolvi não pensar em nada.

Pensei que tinha pensado


Em ajudar o meu cunhado;
Quanto pensei que pensava,
Minha irmã tinha engravidado.

Quando produzo bom pensamento,


Estonteio e fico muito tenso.
Que ninguém descubra o que penso,
Senão não darei a dica por extenso.

29
A Arte

Algo mágico!
Sendo mágico é fabuloso!
Fabuloso, Magnífico, Magnífico?
Majestoso!
Antonio Marcos Bandeira

Majestoso?
É o teatro!
Espetacularmente engenhoso,
Engenhosamente, humano!
Humanamente carinhoso
Carinhosamente artístico,
Artisticamente zeloso,
zelosamente ela!
É a arte!
Algo mágico! Em cena !

marcosbandeirashow@gmail.com

30
Menor Abandonado

Minha mãe me abandonou


Ainda no meu tempo de criança
Não tive lar, não conhecido amor
Não aprendi a ter confiança.
Na rua encontrei a droga e fiz dela minha companhia
Meu almoço, meu jantar

Arlete Santos
Meu pão de cada dia
Assim, passo meus dias jogado ao léu
Minha cama uma calçada, meu lençol pedaços de papel
Sou filho da mãe, que não conheço
Sou filho do pai, que nunca tive
Sou filho da rua, que me criou
Sou filho da mãe, que me abandonou.

arletepoetasantos45@hotmail.com

31
As Nuvens no Céu

De cima das nuvens o avião a respirar


Em seu pulmão tosse e a ventania o faz balançar
Balanço com ele para lá e para cá, em um frenesi
Que inquieta meu pensar.
Perto das nuvem limitada por uma minúscula janela
Audelina Macieira

Sinto o frio atravessar minha nobre barriga gelada


Quieta.
Entre pensamentos e sono induzido creio no infinito
Transporto-me ao céu, que está tão perto e não o toco
Pois, havia anjos voando com grandes asas brancas
Só em minha imaginação fértil e no meu coração
um pedido chegar ao chão.
A caixinha que modela o tempo ao redor de meu corpo
Transpira tédio, em caixa estou dobrada como
Um pano de prato na gaveta do armário.
Assim estão todos, alguns com fone de ouvido
E outros com suas caras enterradas em um livro
Que os faça esquecer da viagem.

sodrenilma@hotmail.com

32
Amor, Eu Sei

Que o tempo já se passou


E marcas em mim deixou
Mas, continuo a te amar;

Benedita Silva de Azevedo


Lado a lado envelhecemos
Conseguindo o que queremos
Um no outro se apoiar.

Quando olho teu cabelo


Branquinho, faço um apelo
Pra sempre comigo estás;
Num passo mesmo mais lento
A caminhar contra o vento
Amar-te-ei, tu me amarás.

E quando o inverno chegar


Quero em ti me aconchegar
Ouvindo teu coração;
Tuas mãos em meus cabelos
Sem quaisquer outros apelos
Rir ou chorar de emoção.

benedita_azevedo@yahoo.com.br

33
Raízes da Minha Terra

A história do meu povo vai de Canudos à Marighella, das


praias mais lindas e belas, das pessoas mais singelas
A minha terra tem história, que eu retrato com Muito amor!
Começa em Porto Seguro e continua em Salvador
Tivemos momentos horríveis, pela terra e Pelos mares, retra-
tados nas linhas mais Marcantes do nosso grande Castro Alves
Meu povo é forte, resistente, contente e Desconfiado, porém
Caio Daniel

"arretado",
Como nas melhores histórias de Jorge Amado
Pra muita gente muito axé, longe de todo mal, salve o grande
fundador Marquês de Pombal,
na luta pela liberdade e o fim da miséria vestiu-se de homem
uma mulher para defender sua pátria.
Salve também Maria Quitéria
Com fé, firme e forte vamos seguindo, lembrando o feito de
Manuel Faustino
O Brasil começou aqui e aqui fizemos o Brasil, pátria amada
mãe gentil, terra mais "braba" nunca se viu, as raízes da minha terra
tem muita alegria, estou falando dela, minha querida Bahia.

cdcouros@gmail.com

34
Trajetória de Um Vazio

No abismo desse momento infinito,


Palavras torpes ecoam em silêncio.
Ferem a alma num labiríntico trajeto,
Ao mostrar imagens do nada,
Onde tudo se revela.

Eu, passiva, embriago-me

Carla Alves
Nos ditos e não-ditos
De um palavrear que cega,
Nega, traga e a boca amarga...
Sem licenças, cerimônias ou ritos.

s.alvescarla23@gmail.com

35
Morreu...

O sol dilacerava cabeças, troncos e membros daquela família


nos sertões nordestinos, mulher macho, sim sinhô!
A enxada corria o solo árido fazendo um furacão de ciscos
secos no ar...
Os filhos da terra, ou melhor, da dita cuja sina, eram o sofri-
Carlo Montanari

mento e a fome. Comiam o pão que o diabo amassara, mas nem


sabiam o que era pão.
O padrasto cortava tudo o que ainda restava, assim meio
verdolengo.
E para o gado magérrimo dava, mas comia partes tentando
matar a própria fome.
O filho do meio, nascido perrengue por falta de trato da mãe
(e dele também)
Outro dia fatídico amanheceu, e lhe comeu... MORREU !
Morre mais um infeliz, outra vitima, sem nem ao menos a
RAINHA saber.
– Vixe, arre égua, e se o moleque ia ser Presidente!!!

pousadaparadadoslagos@bol.com.br

36
Mar Nordestino

Se me tens natureza
Me tens mar
Mar de serranias e ventanias
Mar Nordestino

De desertas praias e vento liso

Carlos H. Araújo
De coco e rapadura
De além mar e cordel

De Maracanaú e baião
No mar de sertão
Na espera de virar

De 'mulher macho' e lampião


De frevo e acarajé
Não se mede e arrepia

Ponta Negra até Futuro


Porto Seguro até Rio do Fogo
Morro e daqui não saio
Até saio, só morto!

chenrique.rn2018@gmail.com

37
Quatro Aldravias

Quando
Nobre
O
Humilhado
Ser
Doutora
Catarina Labouré

Nos
Mais
Humanizados
Gestos
Faz-se
Revelar

No
Universo
Ecoam
Os
Melhores
Feitos

Os
Grandiosos
Mas
Veludosamente
Apascentados
Voos

catitalaboure@gmail.com
38
Baixa da Égua

Sou filha de uma terra


Onde o Sol não tem descanso
Até a Lua é ardente
Seu nascer não tem remancho

Eu sou parente de cabra da peste


De quem herdei força e coragem

Célia Melo
Eu sou Sertão! Fibra! Luz!
Eu sou fogo ! Na estiagem.

Floresci nesse pedaço


Com cheiro de roça queimada
Lutei! Lutei e venci.
E do combate eu não desisti

Tristeza não te conheço


Arrependimento também não!
Nasci na Baixa da Égua
Mas vinguei foi nesse Sertão!

celialinsbombom@yahoo.com.br

39
Vida Renascida

O dia nasce
O sol amarela a mata
O sino da matriz ecoa
Rompendo o silêncio
Da cidade desperta
Célia Oliveira

Hora da missa
Os fiéis fervilham a rua
Rumo ao templo
É domingo...
Do rio sopra suave brisa
Debruço-me na janela
Contento-me com o tempo
Com a aspereza
Da lapidação da mente
Tudo é Natureza
Em mutação crescente
Vida minha renascida
Nas cores mágicas
De um arco-íris.

celiaoliveiraescritora@gmail.com

40
Sob Luzes... Sensações

A lua iluminava a sedução


Que pairava entre os olhares.
Tornava ação um inspirado
Compositor de beijos.

César Guimarães
Os olhos eram as mãos
Em um competente abraço.
A força do carinho
Conquistava a liberdade.
Surgia uma melodia dos sussurros.
Criava-se a trilha das sensações.
E o quarto se fez jardim
Com o perfume exalado dos lençóis...
A noite foi tão maravilhosa
Que a lua se redimiu à luz que
Vinha dos seus olhos;
E logo a manhã chegou
Com a singela esperança
De que o sol também iluminasse
O seu caminho
Fazendo brilhar ainda mais
O seu sorriso.

cesarguimasar@hotmail.com

41
A Saudade

Da forma que um moinho


Vai triturando um grão
Machucando e moendo
E jogando sobre o chão
Assim , comparo a saudade
Chagas Gomes

Machucando sem piedade


As fibras do coração.

A saudade é como um barco


Que partiu em alto mar
Deixando somente marcas
E pegadas ao luar
Levando boas lembranças
E deixando a esperança
De um dia regressar.

chagascordel@gmail.com

42
Criaturas Incrédulas

Criaturas incrédulas e sombrias se espalham como lama em


torrenciais tempestades. Mas, delas só se veem o fogo, que vem da
ponta da língua, que queima infortúnios em noites frias. Ah, sujei-
tinhas minúsculas, se soubessem o que todo mundo sabe de vocês

Charles Simões
que, ordinariamente, vão diminuir seus pecados, em um dia de
domingo, em igrejas, onde padres posam suas sungas coloridas,
dentro de batinas largas, para chamar atenção de corpos apertados
de calças esguias, que pulam a fim de dançar em uma noite fria. E
infalível de tempos sombrios ou se lambuzar na lama do vale, que
muito tem, mas nada valem como muitas criaturas deste país, que
agora também não vale um vintém.

Charlessimoes@hotmail.com

43
Segunda Pele Feirense

Quis beijar-te
Os “Olhos”... teimosos,
Olhos de tafetás, fogosos!
Nordeste,
Segunda pele a roçar.
Cintia Portugal

Costuras de pertença
Humildes, densa Quitéria,
Rasta couro, Jenipapo.
Segunda! À flor da pele...
Com o teu perfume do mato.

Matinha, pupila das “Moças”


Tiquaruçu, São Vicente,
Segunda! Aqui, veludo rente
Coração bate com força,
Em cada canto latente.

Ao deitar-me à sombra
Do verso da “Bem nascida
Entre verdes colinas...”,
O reverso, a lona, o chiffon,
Das tuas esquinas..

cintiaportuga@hotmail.com

44
Sábado

Anoitecia. Estranhamente, nesse dia de sábado, o sol não veio,


nem a chuva. Apenas um aglomerado de nuvens acima da Serra da
Fortuna tentando ocultar o brilho dos sonhos em seus últimos raios.

Lá no pé da ladeira, as pedras iam se apagando em seus tons


de cinza, até não serem mais percebidas. Virei para o norte e ainda

Claude Bloc
vi os flamboyants enfeitados em suas vestes de flores.

Época da floração. Flores enchendo o chão de cores e um


verdadeiro tapete tangendo os pensamentos para mais além. Além
desse inverno encruado e indeciso. Além daquele sol se debulhando
por aí.

Final de tarde. Como não misturar em minhas saudades, essas


audácias de viver como cigana, para lá e para cá, acompanhando as
mutações da vida? Por essa razão, tudo me é urgente! Para que meu
sábado não se desbote o tempo.

cbboris@uol.com.br

45
Caminhos do Rio São Francisco
Ao mais penedense Francisco A. Sales.

Em manhãs de setembro, vendo o rio São Francisco como


santo bondoso, beijo e sorvo o ar do seu aroma.

No correr da água a passar, esse rio é o fio do tempo.


De longe vem beijando as ribeiras e as pedras do cais.
Claudemiro Avelino

Fazendo lendas festivas, impondo mistérios das águas,


inspirando poetas maiores, instigando amores à vida.

E vai passando fagueiro, e mesmo assim sem fim ligeiro, beira-


deiros pescadores, visitantes e amigos canoeiros, esbanjam abraços
agradecidos por querência filial.

Em penhor com amistoso aceno, o meu sereno olhar.


E donde estiver continuarei a te ver, sorrindo perpassar.

Num ingente querer com quês de saudades, transbordo e por


empréstimos das minhas veias, faças do meu peito um caminho,
fluindo aqui dentro, sem nunca mais parar.

Nutrindo o majestoso rochedo com seiva de águas boas


conserve sempre nobre, leal e sempre enaltecida
nossa colonial, decantada e bela Penedo das Alagoas!

claudemiroavelino@hotmail.com

46
Onassis

De um lado, uma conta bancária que o tornava o homem mais


rico do mundo.

Do outro, o diagnóstico de uma terrível doença incurável que

Claudete Roseno
o paralisaria, atrofiando, gradativamente, as suas funções motoras.
Entretanto, e cruelmente, não afetaria sua inteligência, emoções,
sua memória nem os sentidos. Ou seja, não perderia a consciência
de si mesmo em todo o desfecho da doença, até o dia final.

Entre eles, um oceano de esperança.

Sua fortuna o levou de jatinho cruzando um oceano azul até o


médico mais bem-conceituado do mundo!

De um lado, um homem desesperado oferecendo metade de


sua fortuna pra ficar curado.

Do outro, uma sentença: "nenhum dinheiro do mundo


reverterá o seu quadro. Retorne e reconcilie-se com quem você
atropelou para acumular sua fortuna.".

Entre eles, um oceano de lágrimas.

clausonhos@hotmail.com

47
Poesia e Eu

Tu deténs toda a magia e encanto


Dona de beleza pura imaculada.
Tens o sonhar de uma namorada
Tens a lira a solfejar um canto.
Claudia Borges

Quando em mim repousas o teu cansaço,


Trazes a meu estro suave acalanto
A paz capaz de enxugar o pranto
Então envolvo-te em febril abraço .

E assim unidas nesse mesmo laço


Nossos corpos se dão num só espaço
Fecundando a sacra inspiração

Eis que mergulho nessa fantasia


Múltiplos orgasmos, eu e poesia
Dois corpos juntos, um só coração.

lilicababysitter@gmail.com

48
O despautério masculino
gerando o feminicídio

O princípio foi assim... Eva desafiou o Criador, oferecendo a


Adão o fruto proibido, uma maçã. Como punição, teve seu espaço
limitado ao âmbito doméstico, parindo, cuidando de suas crias e,
acima de qualquer coisa, obedecendo, e ficando com a responsabi-
lidade do bem-estar do macho e da família. Adão preferiu Eva e sua

Claudia Bulhões
maçã à obediência, ficando com a punição da restrição manifestada
por suas funções dominantes sobre a terra, sendo dono e mante-
nedor da mulher e do lar. Levou a silogismos macabros e dedutivos
de que a mulher é fomentadora ou causadora das agressões.
Filosofar entre ideologias vigentes, leva à reprogramação efetiva da
conservação dos “papéis sexuais” de Matriarcado ou Patriarcado
reinantes no núcleo familiar, constatando-se educação tendenciosa
em modelos masculinos e femininos.

O feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo


homem: o controle da vida e da morte.

cdebulhoes@uol.com.br

49
Calíope

Em inspiração, quero possuir


Rolar nos despenhadeiros
De tua volúpia.

Gozar regozijar
Num transe acoplado
Em ti.
Cláudio Wagner

Mas sei que tua beleza


Que ali está exposta
Não é para o deleite
Dos simples mortais.

Teu nu,
Que serpenteia pelas minhas quimeras
É só tua liberdade que mostras,
Nada mais.

E descobrimos,
Filha de Zeus e Afrodite
Que em tua arte exorcizas,
O desejo machista
Criando no mundo
Amor feito de Paz.
Desejo, deSejo deseJo, dEsejo
desejo, DESEJO, mas não incontroláveis.
Infiel no SER.

claudiow13@gmail.com
50
Água no Pote

Vinha com uma caneca areada


Pro mode sentir o gosto
Da água pesada e salobra
Oriunda de um açude
Ou de algum rio sertanejo.

Clécia Santos
Céu encoberto e abatido
Das nuvens de aluvião.
Já se avistava um menino
Correndo com as sandálias
Nas mãos...É chuva!

Meus beiços beijam


Até hoje esse gosto
Oriundo das lembranças do sertão!

Via as alegres lavadeiras


Cantarolando um forró
De Luiz Gonzaga, eterno mestre,
O xote das meninas...
Ê! Os olhos são lágrimas!

cleciasantos@hotmail.com

51
Eu e o Mar

O mar me salva e me conduz.


Tua força me faz reagir, é luz.
Tua espuma suave destrói pedras,
Avançando corrói um coração em obras.
Cleodísia Fernandes

Tua energia fortalece minha alma.


Na dor, só tu me acalmas.
Mergulho em ti e volto a viver,
Sou tocada pelo amor e teu bem-querer.

Nas tuas ondas, no teu vai e vem,


Minha alma se enche de coragem.
Tudo muda, tudo fica mais bonito.

E neste amor que transborda em mim,


Vou mergulhando num mar sem fim.
Somos um só, desenhando o infinito.

cleodisia@gmail.com

52
Clara

Anjo que tenta e me agrada


Ardente o sol da loucura
Assim é a bela Clara
Querubim de formosura

Esculpida no carrara

Cocota San
Esta luz do sol nascente
Cromo de beleza rara
Brandão de estrela cadente

O que me encanta neste anjo


Vibra batendo a retina
Acordando o Blue no banjo

No cantar desta menina


Nos dedos de sua mão
Caminha o meu coração.

cocotasan1951@gmail.com

53
Codo

Curso natural do amor


Conquistar uma mulher é doce, saboroso – enche o peito do homem,
O faz imaginar-se grande, maior.

É infinitamente...
O gosto dos lábios, as quenturas do corpo e os gemidos à meia-luz...
Tudo volta, sensivelmente, com aroma; cada segundo!
O sorriso de satisfação dela, e tudo mais.
Codo

Perder uma mulher é amargo, dolorido;


desespera o homem, esvazia o peito,
o faz sentir-se pequeno, menor.

É infinitamente...
O gosto dos lábios, as quenturas do corpo e os gemidos à meia-luz.
Tudo volta, sensivelmente, como fel; cada segundo!
O sorriso de satisfação dela, e tudo mais.

clodoaldoturcato@hotmail.com

54
O Amor Renova

O amor é para não desistir


Pensar e deixar fluir
Inventar um novo par
Um outro que possa ouvir.

Conrado Mattos
Um novo amor recria
Escuta sério, e aceita a dor
É um outro no lugar do outro
É compreender e chorar juntos.

Fazer um novo amor


É desabafar e contar histórias
Refazer os lençóis e se agasalhar
É mais que amar e perdoar.

psicanalistaconradomatos@gmail.com

55
Os Princípios do Bem-Viver

Vivemos, hoje, num mundo diferente. Mas somos, ainda,


homens criados à imagem de Deus.

Seres conscientes e dotados de uma inteligência que nos


permite o raciocínio lógico e a viver ao lado da razão. O nosso poder
de discernimento poderá nos levar ao estabelecimento de metas,
objetivos e projetos capazes de nos direcionar às estradas, que
Cremildo Oliveira

nos permitam conviver com a evolução do mundo atual, sem que


percamos a ligação com nossas raízes familiares.

É preciso que tenhamos muito cuidado para que não nos


transformemos em seres robotizados e que não percamos as
noções e os princípios básicos do bem-viver entre amigos, compa-
nheiros e familiares. E não nos afastemos nunca de nossos ideais
e princípios, baseados na sã doutrina dos ensinamentos bíblicos
e que permaneçam sempre ao nosso lado, permitindo que conti-
nuemos amantes do próximo.

As influências de tanta evolução e de tanto desenvolvimento


técnico e científico se acham incorporadas à modernidade.

56
Não Sei

Às vezes encontro dentro de mim uma alegria


Que nem eu reconheço.
Outrora, mudo. Transformo-me em outro,
Triste e a alegria logo esqueço.

Crioulo Anajá
Não sei o que acontece,
Mudo, mudo para uma nova perspectiva.
Não sei se a alegria é verdadeira,
Ou se a alegria é uma mentira.

Não sei, mas o meu coração chora,


Chora muito, triste, despedaçado.
Não sei, se o que sinto é uma mentira,
Mas, às vezes, sou um choro decepcionado.

Vida, por que tu és assim?


Maltrata-me, faz de mim gato e sapato.
Eu choro, choro muito, não sei o que é isso,
Sou um choro triste, forte e desajeitado.

natanaelvieira357@gmail.com

57
Saudade

Saudade que deixa meu coração apertado,


Por que cheguei a pensar?
Porque eu quis me lembrar,
Do que eu vivi no passado.

Foram tantas histórias


Crisley Sharayn

Contadas para nunca esquecer


Para ficar na memória
As lembranças de você!

E todas as lágrimas que escorrem sobre minha face,


São vestígios da nostalgia
Provocado pelos devaneios.

Saudade que o corpo arrepia,


Sintomas de um sentimento
Que outrora não existia.

jessicacarochaf@gmail.com

58
Velhos Novos Dias

Aqui, sentado à porta da minha existência,


Vendo carros que passam velozes,
Ouvindo asneiras e risos,
Lendo consciências adultas e infantes.

Aqui estou como em outras noites,

Clemilson Sena Felipe


Assim, como em outros dias,
Vendo portas e becos que murmuram,
Coisas de um passado antigo,
De um presente recente, que insistem em ser ouvidos.

Aqui estou sem saber porque estou,


Mas permaneço aqui,
Sentindo e ouvindo sons diversos,
De músicas jovens, dançantes,
Num ritmo que sobe e desce.

Aqui estou abundantemente triste,


No mundo da lua, de cabeça pra baixo,
Diante dos meus olhos e ouvidos de menino de rua,
Trazidos das décadas de setenta e oitenta,
De súbito! Ouço sons, vejo a rua, sinto saudade!

clemison.sena@hotmail.com

59
A Cor da Xanana

Meu amor vem ver,


As ruas do RN se enfeitam para você,
Há Xananas por todo lugar,
Suas belezas em sonhos a tranbordar.

Algumas bem graciosas, exuberantes,


Damiana de Lima

Tais quais
jovens elegantes.

Não precisam de muito para florir e encantar


Um pouco de orvalho e em canteiros e
terrenos se espalham em gratidão,
Xananas em emoção.

Quem as semeou?...
Mistérios do Glorioso criador.

Mulheres nordestinas como vos assemelhais às formosas


Xananas, Resistentes, valentes, frágeis, resilientes.
Vestidas em trajes cor de pétalas de Xananas, peregrinas...
A brotar onde a poesia suscitar.
Que poeta não iria se apaixonar
Ao te encontrar?
Amo tua cor Xanana, meu amor!

damianalimadefranca@gmail.com
60
Nordeste

Em meio a tanta solidão, meu Nordeste


Tem coração, em rosto triste, meigo e risonho
Tem gente cheia de sonho, outros tantos
Buscando planos, outros lá longe com seus arcanos
Vidas seguem, ano após ano
Meu Nordeste dá gosto

Damião Silva
Meu Nordeste tem desgosto
Tem lágrima, que cai do rosto
Tem folclore, no mês de agosto
O meu Nordeste tem seus cantares
Festa junina e seus altares
Histórias de alegrar corações
E outras tantas de assombrações
Meu Nordeste é como uma flor
Que ao desabrochar expressa o amor
Em meio a tantos encantos
Meu coração brota um canto
Meu Nordeste eu proclamo
O meu Nordeste que amo.

damiaosilva2018x@gmail.com

61
Meus Desejos

Quero uma casa no campo


Rodeada de meus amigos
À tarde correr na campina
À noite um poema compor

Quero receber as visitas


E um bom aperto de mão
Quero céu sem trovoadas
Daniel Bezerra

Para poder amar na relva

Quero o verde dos campos


Presenciar a pequena garoa
Quero provar os teus beijos
E saborear uma comida boa

Quero me balançar na rede


E a chuva molhando o chão
Quero ter a tua companhia
Quero um amor com razão.

danielbezerra076@gmail.com

62
Nosso Maranhão

Maranhão, um povo que desde seus primórdios tem uma


atmosfera sem igual. Com suas lindas praias, gente lutadora e que,
apesar de seus muitos intempéries, é um povo feliz, que não se
deixa abater pelas dificuldades que a vida impõe. Lugares inimagi-
náveis, como os lençóis maranhenses.

Tive a oportunidade de visitar Santo Amaro, na região de

Daiana Escobar
Barreirinhas, um vilarejo tranquilo e acolhedor que faz com que
você se sinta em uma cena de novela de pescador dos anos 80, um
lugar mágico. O silêncio nos acolhe, ao mesmo tempo em que faz
nossos pensamentos flutuarem bem distante dali. A água, límpida
e fresca, nos faz lembrar que, se não fossem pelas mãos ambiciosas
dos homens, nosso lar seria completamente imaculado. Além das
praias belíssimas, o Maranhão possui uma cultura muito rica, uma
arquitetura portuguesa riquíssima que, por ora, está sendo negli-
genciada. O patrimônio histórico e cultural da humanidade precisa
ser tratado com tal importância, pois ele nos conta um pouco do
passado, nos faz refletir sobre a importância de manter a história
de um povo e quão rica essa história é.

Vamos valorizar os tesouros desse estado, não somente os


maranhenses, mas o povo brasileiro que nos faz ter orgulho de
quem somos.

dmaer20@gmail.com

63
Ser Poeta

Nosso amor é feito rabo


De foguete na noite de São João
Vai tão arto e alumina o céu,
Tem cheiro de milho assado
Na fogueira, a nestura de café
Castanha e eva doce.
Dayvton Almeida

Tem a bênção de meu santinho


Casamenteiro, que em meu modesto
Casebre nunca ficou fora do seu altar,
É cheio de cores feito balão tem
Até música do Gonzagão que
Narra esta paixão.

Tem sabor de água da jarra,


Clareza do Araguaia, sabiá
Faz do seu canto a trilha sonora
Nas horas que nós doi se lasca na
Rede, todo o mundo tira o chapéu
Por onde nós passa, pois dá pra
Enxerga um amor do tamanho do
Nosso Nordeste e tão saboroso
Feito mel do engenho.

dayvtonalmeida@outlook.com

64
O Silêncio de uma Lágrima!

“À Rosa Régis”
Ancoram no instante, mais circunstante
Os ‘Ramos” afastados de um cravo rubro
E no concerto da manhã a passarada
Soluços dobraram a macambúzia alma…

Forrando à tarde lamentosa de brumas

Deth Haak
O fulgir da miséria enlaçado à covardia
E ao varejo do tempo, entrega à ceifa,
Viveres obscuros, que a essência furta…

Vampiros mal amamentados fazedores


De agonia, sugam tragando o azedume;
Da vil expiação, e ao saquearem vidas
No hirto caule da roseira fincam acúleos.

Geme incerto o amanhã sem primavera


A gêmula da Rosa extirpada da floreira
Murcha na terra vedando do submundo
O riso atilado nos lábios da quimera;

Com a veste ornamentada de infortúnio


Sem que fosse de direita ou de esquerda
O cravo rubro ofertado à injustiça
Sangra ao ver o silêncio de uma lágrima.

dethaak@gmail.com

65
A Palavra

Amigo, pouco interessa


De onde vem a palavra
Para mim, o que importa
É o que com ela se lavra.

Não quero saber da origem


Djacyr Branquinho

Da palavra, feia ou bela,


Não gosto de especular
Mas , o que fazer com ela.

Bem comportada nos livros


Ela se mantém calada
E só conversa conosco
Na hora de consultada.

A palavra, meu amigo,


Veja como comparar:
A palavra é professora
Que ensina sem falar.

No Princípio, era a Palavra


assim diz o Evangelho
E sem discriminação
Ensina a jovem e a velho

djacybm@hotmail.com

66
Ilha dos Amores

São Luís – ilha dos muitos mares – também pudera


É a “Ilha dos Amores”!

Amor e mar
Combinação perfeita

Dilercy Adler
Eternizada quando a onda deita
Meus dissabores sobre a areia branca!

São tantas praias imensas, insondáveis


Desertas ou cheias
De pés descalços, pequenos frágeis como os meus sonhos
Que sempre se esvaem pela madrugada
Ou morrem afogados pelas ondas.

dilercy@hotmail.com

67
Abraço

Dentro de um abraço
tudo se pensa
sofre e teme
aquieta-se

O futuro não assusta


Diulinda Garcia

a dor se esquece
a alma se acalma
o frio se aquece

Dentro de um abraço
a palavra cala
o tempo espera
o silêncio fala.

Diulindagarcia@yahoocom.br

68
Quando Cai a Primeira Trovoada

Quando a terra está seca ressecada


Já sem nada, torrada, ressequida
Vem a água trazendo nova vida,
Quando cai a primeira trovoada.

A paisagem total modificada,

Eduardo Libório
Transformando-se, toma nova cor,
Volta o brilho ao olhar do agricultor
E este brilho se estende à plantação,
Quando planta a semente no seu chão
E coloca uma dose de amor.

Quando cai a primeira trovoada


Se escuta dos sapos, cantoria,
Tem mais cor e alegria todo dia,
Pois, tem água em riacho e em açude,
Em cisternas, tonéis e tanques rudes
Sobra água e derrama-se alegria.

E agora, que a chuva já molhou,


Já baixou a poeira dessa terra,
Devolveu a magia e tornou bela,
Está na hora do grande agricultor
Separar uma área a ser plantada,
E se ver vastidão de terra arada,
Um arado e um boi caminhador.
É assim que se vê agricultor
Quando cai a primeira trovoada.

eduardoliboriorocha @bol.com.br

69
O Dia Amanheceu Escuro

O dia amanheceu escuro,


A noite está clara!
A chaleira ferve a angústia,
O silêncio sinaliza a resposta.
Eduardo Schopalim

O tédio compreende a minha dor,


A dor não compreende meu tédio.

A nuvem nua passeia no céu cinza,


A resposta ainda não foi dita,
Apenas o silêncio responde.

A chaleira continua fervendo,


E continuo sem entender a vida,
Vida sem título,
E sem rumo...

eduardoscopalim@gmail.com

70
Nordeste e São Luís do Maranhão.

Ela é charmosa, misteriosa, cheia de superstição, mas, é


apaixonante. Atraente por natureza, acolhedora e cheia de amor,
ela é vida pulsante em cada detalhe, esconde segredos jamais
revelados, palco de amores vividos escondidos.

Ela é secular de espírito jovem, ela é vibrante com ritmos

Eliane Araújo
variados e sensuais, abraça todos com grande fervor, oferece
sabores para todo paladar. Difícil resistir aos prazeres da vida que
ela oferece.

Cheia de charme, todos se rendem a ela com louca paixão.

A lua amiga a faz tão romântica, o sol apaixonado aquece-a


todos os dias, derramando seus raios de amor e ondas de calor, a
brisa se faz presente para acariciar suas curvas. Amo sua mistura
de raça, sem me importar de onde vem, se da França, África ou
Portugal, só sei que eu amo viver na ilha do amor. O nordeste é o
grande amante dela, a Ilha do Amor, São Luís do Maranhão.

71
Saudade do Sertão

Saudade é o sertão de minha infância


Acordava com cheiro do café na cozinha
Sob a mesa alegravam-se sete crianças
Saudade é o sertão da minha infância
No alto da Serra de Santana, no Seridó
Novembro e dezembro tempos de bonanças
Saudade é o sertão da minha infância
Eliete Marry

Em épocas de estiagem aquarelavam matas secas


O mulherio reverenciava manhãs com canto de itinerância
Saudade é o sertão da minha infância
Quando chovia a água cicatrizava o solo rachado
A molecada fazia folia com tal abundância
Saudade é o sertão da minha infância
Coisa mais linda era o mandacaru florindo
Enquanto sol pintava o céu de vermelho com elegância
Saudade é o sertão da minha infância
À noite todos se juntavam na calçada
Histórias contadas viravam brincadeira de criança
Saudade é o sertão da minha infância
Adormecer ao som da viola do repentista
E despertar com Luiz Gonzaga, artista de importância!

prof.elietemarinho@gmail.com

72
Palpitar Das Emoções

Ficou comigo a saudade de você, pessoa amada,


Imponente, majestoso, belo assim, em minha alma,
Essa melancolia, porém, é perfeita sinfonia,
Ecoa em belas notas, preenchendo esse vazio,
E nesses meus dias iguais, lembranças sempre me vêm,

Elinalva Alves
Devaneios, desejos, imaginários, talvez, sempre junto de mim,
Nesse palpitar de emoções, lanço-me a tecer esperanças.
Quero brevemente rever-te, dizer-te dessa saudade,
Contar-te minhas andanças.
Sigo atenta a esperar tão logo cesse essa ausência,
Desejando ardentemente seguir a trilha do amor,
Perfeito como uma flor, sempre a nos acompanhar.
E assim a felicidade nesse novo caminhar,
Teime, para sempre, conosco vir a ficar.

elinalvaalves@yahoo.com.br

73
Decepção

Acabou-se o encanto
A dor calou o canto
E por mais que haja tanto
Amor, carinho e afeto
Prevalece o pranto
Emanuela Almeida

Nas más palavras proferidas


Cascatas em lágrimas convertidas
Decepção que vira ferida
Tudo que era belo, disforme
Não há mais graça, gravidade
Tornou-se em lástima,
a tão sonhada felicidade.

lualmeida2207@yahoo.com.br

74
Parabéns, Nordeste!

O Nordeste impera com nobreza


Sua riqueza em cultura popular,
Seu encanto na arte de rimar,
Que com força e com delicadeza
Traz consigo essência e beleza
Tudo o que é valoroso e verdadeiro.

Emília Carla
Esbanjando seu riso prazenteiro
Faz o povo num coro então cantar.
Todos juntos vamos comemorar
Parabéns ao Nordeste brasileiro.

emiliacarla@hotmail.com

75
Haicai

Debaixo do sol
Verde, pássaros, poeira
Sinfonias do sertão.
Érica Azevedo

erica.azevedo@yahoo.com.br

76
As belezas do Nordeste

As belezas de Nordeste
São sem igual.

Belezas sedutoras
E com calor libertador,
Em nenhum local

Eulália Costa
Zombam sem se arrepender.
As belezas que aqui possuem
São sem igual

Do tempo dos índios


O que ficou não passa

No Nordeste tem beleza,


O sul também tem, mais
Raios de sol
De manhã, a lua à noite
E o mar para completar
Só tem no Nordeste.
Tempo bom para amar
E para respeitar as belezas que aqui tem, não tem como lá.

77
Quero Livros

Ah! Como os livros são belos


E sempre, sempre eu os quero!
Quero livros que circulem livres,
Livros que nos deixem leves!
Quero livros para refletir,
Estudar e interagir,
Eva Graça Brito

Livros que nos façam rir!


Quero livros de todos os gêneros,
Cores , formatos, tamanhos,
Pois com livros não há perdas,
Com livros só temos ganhos!

iddagreyssy@hotmail.com

78
Estações

Não há como escapar do tempo


Somos seus pássaros migratórios
Folhas ao vento de suas estações
Escribas de invernos e verões

Tempo sem horas marcadas vem me chamar...

Eva Potiguar
Almas amofinadas acordem!
Ele traz a poesia crua, sedenta por liberdade e lua!

Não espero mais o amor...


Não espero mais a esperança...
Eles já moram em mim, nas asas do tempo
Que clamam sem fim...

Oh, tempo de vidas sem relógios...


Sem compromissos fechados...
Me faz arte de tuas estações
Nas curvas e trilhos dos corações

evaartern@gmail.com

79
Filho Ausente

Noite de chuva passageira,


Praças vazias,
Lanchonetes fechadas,
Silêncio nas ruas,
Poucos transeuntes.

A chuva cessa de repente.


Eva Salustiano

A noite acorda de mansinho.


Carros transitam nas praças,
No centro, na periferia.
Músicas que atraem os mais distantes
Fazem a noite despertar com mais intensidade.

A madrugada chega
E lá está ele, o filho, na balada.
Em casa, os pais aflitos,
Repousam o corpo cansado,
Mas, a mente voltada para o ausente...
Onde estará?

Pensamentos múltiplos
Fluem na cabeça imaginária daquele
Que, porventura, espera uma notícia.
O Sol aparece, o filho chega.
Ufa! Que alívio!

evasalustiano@hotmail.com

80
O Poeta e a Fotografia

A palavra fez nascer o poeta


Na fotografia nasceu a imagem
Juntos fizeram a arte completa
Anos se foram e se foi a linhagem.

O mundo virou um vislumbre claro

Evaldo Silva
Na claridade da luz e da criação
O verso apareceu não sendo raro
Nada é por acaso, mas uma perfeição.

Hoje se une o poeta e a fotografia


Cores e linhas, letras e contrastes
As mais belas postagens vistas.

Na imaginação imagem e poesia


Deus fez a paz em meio a desastres
O céu virou um cenário de escritas.

evaldopoeta76@gmail.com

81
Meu Cantinho

Oh terra, oh sertão do meu Brasil


És bela, és terra de gente feliz
Tuas cores, tuas luzes escaldantes
Têm o lume do sol, do alvorecer brilhante

Teu solo germina a semente


Ezequias S. da Silva

Cuidada por tua gente decente


Teus filhos muitos espalhados por esse país
Sentem saudades do teu céu cor de anil,

Das fogueiras de São João,


Da labuta desse imenso sertão
Somos filhos do Cariri,
do Nordeste, desse chão, desse país.

Teus rios, ricos são de muito amor


Teu solo, fecundado do nosso labor
Oh, sertão de veredas secas que nos levam
Ao céu
És forte, és belo, és fiel.
Viva! o azul celeste desse céu
As estrelas figuradas no chapéu
Do sertanejo que luta
No sonho de encontrar
O teu mel
Na terra seca
Desse solo fecundado pelo sangue
De nossos ancestrais.
ezequiassilva88@gmail.com

82
Melhor Poema

Entre o cosmos de Carl Sagan


E a filosofia de Nietsche
Espaço versus-solidão
Tu és a asa do amor que me liberta
O voo maior que me desperta

Erilva Leite
No horizonte – a felicidade nos estende a mão
Entre os fios dourados da ternura
E o sorriso angelical desta criatura
Meus versos nos eternizam
Tal e qual anjos dourados
Em cuja tela eterna fomos pintados
Quando o destino nos sorri
O tempo livre nos acena
A vida torna-se poesia
Você, meu melhor poema.

erilvaleite00@gmail.com

83
Tatuagem Natural

Com o passar das primaveras


Brota na pele belas flores
Que se tornam jardim
Jardim de muitas estações e amores!
Fátima Gonçalves

Flores escuras e naturais


Que são verdadeiras tatuagens
De uma beleza real
Jamais são montagens!

Por que não chamá-las de margaridas?


Visto que são flores queridas
Flores muito conhecidas
Por que não desejar em possuí-las?
Pois, são tatuagens naturais vividas!

fatimamare41@yahoo.com.br

84
Antes que o Sol se ponha

Coberto de lilases
O poente
Alaranja -se
Sem alarde
Sem prenúncios

Fátima Mota
Antes que o sol se ponha
Antes que a lua desponte.

A beleza
Ainda me espanta
E desperta todos os sentidos.

Antes que anoiteça


cantam todos os anjos
Em coro
Ave-Maria.

E eu... apenas
Silêncio.

fatimamota.lopes@gmail.com

85
Nordeste/Zando

Sou mulher destemida


Não comungo com fracasso,
Batalho pela vida, sou potiguar.

Em Areia Branca nasci, terra


De salinas, praias belas e outras
Flauzineide Moura

Riquezas naturais,

Foi lá que rolei com as ondas


E com a lua corri,
Namorei as estrelas para elas eu sorri.

Às vezes sou pássaro que canta a voar,


Se me prendem em gaiola, choro.

Nesse Nordeste sofrido


Vivo a caminhar,
Cantando poesia
Saio a recitar...
O meu torrão é seco, ardente, carente,
Mas tem muito
amor pra dar.

86
Meu Maranhão

Meu Maranhão, terra que guardo no coração. Nos 217


municípios, tudo é emoção!

Lago da Pedra, onde nasci, Paulo Ramos ali cresci; Paulino


Neves, ali sobrevivi, nos Lençóis Maranhenses. Estado de terra

Francisco Ribeiro
das Palmeiras, das quebradeiras de coco guerreiras. Do lavrador
do sertão, de homem simples de pé no chão. Terra de professores
valentes, que lutam ensinando nossa gente. Embora não sejam
reconhecidos, mas tentam fazer o seu melhor. Meu Maranhão
é fantástico, digo de coração, mesmo distante de ti. Tu és minha
canção, meu afeto minha paixão. Terra de um passado varonil, és um
pedacinho do meu Brasil. Que se formou no Nordeste, um encanto
do país. Somos uma geração com um dialeto sem igual. Salve meu
Nordeste, terra abençoada, de um povo lutador. Que nunca recua
aos desafios, ainda que haja dor. Meu Nordeste é assim, povo hospi-
taleiro, que carrega consigo o dom de ser vencedor, mesmo em
tempo de crise. O Nordeste é um amor.

87
Meu Nordeste Brasileiro

Meu Nordeste
Sem sorte como
Um arqueiro
Tudo que se plantar dá
E ninguém olha o valor que há
Plante amor no coração do Nordeste
Meu sertão, minha terra tão sofrida
Francinaldo Gonzaga

De laço e fita no cabelo, às vezes em desespero


Gritando por ajuda
Políticos nem ligam não,
Cadê nossas belezas que o chão racham e mostram solidão
Meu peito fala Nordeste
E sou de coração alma e espírito até debaixo do chão
Aqui fizemos e fazemos história
Desde os escravos aos senhores brancos
Que colonizaram
Sem amor e proteção
Sou nordestino desta terra com orgulho
E tenho compaixão dos filhos deste pedaço de chão
Sem nenhuma proteção
Mas, com amor de Deus estão transformando
Muito melhor nossa terra nordestina
Nossa região
Aqui sou eu nordestino
Com muito amor
No coração.

88
O Que Seria do Brasil
Sem o Povo Nordestino

Nascer aqui no Nordeste


Pode crer é uma sorte
E ainda mais quem nasceu
No Rio Grande do Norte
E acredite, é verdade!
O Nordestino é um forte.

Gélson Pessoa
Nossa cultura é diversa
Tem vários nomes na lista
Temos Câmara Cascudo
Que é grande folclorista
Também tem Luiz Gonzaga
Que era cantor detalhista.

Nordeste é um paraíso
Pois, quis assim o destino
Além do mais tem cultura
E artistas de refino.
O que seria do Brasil
Sem o povo Nordestino?

Poetagelsonpessoa@gmail.com

89
Tua Rosa

Minha língua lambe tua rosa


Enquanto ficas rubra,
Em um momento pluriaberto
Minha língua o botão aduba

Entre a minha sequidão...

Na saliva que escorre


Sugando até o céu
Genildo Mateus

Da boca... Vendo estrelas


Entre rugidos de leões

Lambe, Lamberápido, Lambelento...

Entre outros gemidos


A que a rosa aquece,
Com leves ritmos
Em novas variações.

De várias ações...

Minha língua passeia


Nas pétalas da rosa
Pelo olor que exala
Ao sentir orvalhando

Em plena madrugada...

mateusvallent@hotmail.com

90
Meu Nordeste Brasileiro

Do meu Nordeste brasileiro quero ao leitor falar


Sou filho do Limoeiro do sertão do amado Ceará
Esse estado de estrelas do agreste ao mar da capital
Deleito o meu pensar aos amorosos e valorosos escritores
Vibrantes e que fazem das palavras o descrever regional

Gevandyr Muniz
No passado, os nobres sensacionais falavam de seus locais
O nosso Nordeste de autores que foram de reconhecimento
O Maranhão dos Lençóis, o Piauí dos Cocais e até o Delta de Parnaíba
O Ceará da Viçosa, Jijoca, Canoa, Camocim, Aracati,
O Rio Grande do Norte da Ponta Negra, Pirangi, Jacumã
A Paraíba da Tambaba, do Conde e Tabatinga,
O Pernambuco de Porto de Galinhas, a Olinda,
O Alagoas de Maragogi, as dunas de Marapé
O Sergipe do Cânion do Xingó
A Bahia da Ponta da Itaquena, as águas do Curuípe
As citadas praias das belezas naturais encantam
As maravilhas naturais dessa região geográfica
As joias flores dos mandacarus sinalizam as chuvas
Das estradas poéticas e os encantos vislumbrantes...

profgevandir@gmail.com

91
Menina Rio

Eu menina do rio, percurso veloz


Encontro de afluentes, desejos de mar
Pensava ser esse meu destino e, esquecia minhas raízes
De chão batido, poço seco sedento de água
Meu avô lírico, seus olhos choviam
Durante o dia de sol causticante.
Gilvânia Machado

À noite, ele sonhava com estrelas, contava histórias.


Minha avó, mulher dura, da lida, prática...
Batia pilão, colhia algodão
Guardava tantos segredos no velho baú, fechado a sete chaves
Quantos mistérios naqueles olhos azul-céu
Às vezes nublavam, mas nunca choviam...
E eu menina passava rio a rio
Até que um dia outro braço de rio não encontrei
E precisei dos olhos chuva do meu avô
E encontrar as sete chaves do baú.

gilvaniamachado16@gmail.com

92
Meu Nordeste, Meu Torrão

Meu Nordeste tem cenário


Que a todos chamam atenção
Uns ressecados e outros molhados
De um inverno anunciado

Goreth Pereira Maranhão


E eu Nordestina digo:
Oh! Deus muito obrigado

Não me afasto dessa terra


Por onde ando então
Sou ludovicense da alma
Nas baixadas maranhenses
Tem terra seca e molhada
Meu Nordeste é meu torrão
No Nordeste tem de tudo
Risos e cantorias
Tem cordel encantado
Até poesia
E o maior cenário é
O nordestino contente em sua lida

gorethpoetisa@hotmail.com

93
Nordeste em Sol Maior

(Aqui é muito quente)

Hoje acordei com o raiar do sol, seus raios atravessaram a


janela. Meus olhos quase lúcidos receberam a mensagem, que me
fez levantar para mais um dia.
Gutox Whintermoom

“Nordeste, não teste”, ouvi isso em uma canção que não


costumo ouvir, mas é uma mensagem forte.

E forte é o braço que não cansa de lutar para vencer.

Caminhei, senti o cheiro do ar que me cercava, “o céu daqui


é mais bonito”, pensei. “O céu daqui é mais bonito”, afirmei, pois
não há céu como o nosso, os outros céus podem até tentar, mas não
conseguem.

Esta é a cara do Nordeste. Sua identidade ultrapassa meros


conceitos, sara ferida e cura devaneios.

Não há outro lugar igual aqui, talvez muitos neste livro podem
falar, mas não tiro a razão, eu sei que o Nordeste é o melhor lugar.

94
Terra Amada

Quem ama a terra querida


É mesmo que amar alguém.

No Nordeste brasileiro,
Do jeito que nem paixão,

Hélio Gomes
Que incendeia o coração,
Queima o sol, feito braseiro.
Pro sertão não tem dinheiro,
Pra paixão também não tem.
É sofrer por querer bem,
Que damos a própria vida.
Quem ama a terra querida,
É mesmo que amar alguém.

helio.gsoares@gmail.com

95
Boas-Vindas

Saudade não é tristeza


Felicidade não é alegria
Esperança é ter firmeza
De saber que na sutileza
Do futuro que chegaria.
Hebert Ezequiel

Esse sentimento tal


Que acalma meu coração
Pode chegar de nau
Sobrevoando as águas de sal
Ou dentro de um avião.

Penso nesse dia ou noite


Que essa esperança trará
Com meu peito em açoite
As boas-vindas dou-te
Aquele rapaz sobre o mar.

E ao chegar, chega também a calmaria


Vou agradecer ao criador
Vou esquecer a agonia
Vou agradecer a Santa Maria
E de alegria criarei asas como o condor.

hebertfacen@bol.com.br

96
Serafim

Serafim da noite
Serafim da morte
Serafim do amor

Será finda noite?


Será finda morte?

Horácio Paiva
Será findo amor?

Será fim da noite


Será fim da morte
Será fim do amor

horaciodepaivaoliveira@gmail.com

97
Gênese

É da minha terra
Que me alimento
Que me sustento
Terra, às vezes, árida
À espera das trovoadas
Que me abastecerão as raízes
Ilza Carla Reis

Que me nutrirão as razões!

E ainda que os meus galhos


Avancem pra outras terras
Semeando frutos longe daqui,
É o meu chão,
Onde estão fincadas
Minhas raízes,
Que me dá sustentação!

ilzacarla2301@gmail.com

98
Desaguar

– Sério?
– Ora, não! Ele botou com tudo...
– Éguassssss!

– Besta foi Ezequiel. Era ele que devia fazer. Foi o primeiro

Inaldo Lisboa
namorado dela, mas no dia que eles ficaram juntos, estava bêbado
e não acertou a entrada lá.

– Eita, porra!
– Agora tá aí, chorando feito corno manso. Ah, se fosse comigo!
– Mas ele era doidinho por ela.

– É, mas agora tá é de besta. O outro chegou da cidade grande,


metido a coisa e tal, arrastou a asa pro lada dela e ela ficou toda
mexida. Aí foi com ele, ó, ó!

– Foi com tudo. E ela feliz, feliz, feliz. E ele, hum!!!!


– Deronice é linda. O tal do Vilson foi com Tudooo!
– Linda, linda, linda ahhhhhh! Ahhhhhh! Lindaaaa!
– Pequenos sem-vergonhas, o que vocês tão fazendo, hem?!

Os dois se jogaram de cima da árvore dentro do rio. O rio


estava enchendo. Muita gente vai desaguar na correnteza.

inaldo.video@gmail.com

99
Carta ao Povo Alagoano

Ah, povo alagoano! Até quando escolheremos ser tão pequenos?

Um estado com tantas riquezas, com tanto potencial, ser um


dos menores do país!
Irá Rodrigues

Hoje, escrevo em tom de desabafo, buscando converter ao


menos uma alma votante, e se isso ainda não acontecer , que sirva
para aliviar do meu peito essa revolta de estar cercado por pessoas
que preferem ser escravos, vassalos e ignorantes, dominados por
uma pequena casta de senhores imundos.

Pois bem, estimado povo alagoano, é preciso abrir os olhos


para estes politiqueiros sanguessugas do nosso crescimento. Se
não for para honrar o nome deste estado, então não poderão ter
espaço como nossos representantes. Colecionadores de inquéritos,
investigados nas operações que combatem a corrupção, furtadores
de merenda escolar, “embolsadores” de dinheiro público, precisam
ser retirados com urgência do Poder.

isaquerlins@gmail.com

100
Cidade Sorriso

Uma certa cidade, cidade Sorriso,


Muita paz, muita beleza,
Com todos os dentes, inclusive do siso,
Parecia intérprete da realeza,
Suas lindas praias declaravam ao sol,

Israel Pinto
Que parecia não desmerecer,
Com tamanho descaso
Que um dia viesse a esmorecer,
Uma enorme empresa aqui instalada,
Veio com grande fúria se infiltrar
Para tirar dos cidadãos o sonho
Da maravilhosa cidade a desejar
Fiquem sabendo todos que de buracos
Os dentes se transformaram em cáries
Agora essa cidade deixa de ser um arco
E por ora, antes com grande riso
Deixa de ser a sonhada Cidade Sorriso

israel.pinto@gmail.com

101
Fim

Fim demarcado, anestesiado de clamor;


Temor de cobrir apenas com os olhos;
E acalentar de longe o que estava perto,
Teu ser, que foi meu.

Ofuscado de certeza, eu;


Esqueci-me de dar-te presteza;
Realidade fingida na lida;
Italo Sales

Envolto em ação ardilosa de mim.

Enxertado de egoísmo ríspido;


Buscando-te e não encontrando.
E tu findando.

Hoje, penso e repenso;


O lenço que encobria os meus olhos,
E que agora uso para acalmar minha alma.

102
Prognóstico

À beira das voragens inescrupulosas,


Ao lado das ladainhas que fremem canções,
À frente dos bêbados da madrugada sinistra

Ivan de Melo
Surge o vento que sopra o frio de inverno
Sobre o vácuo onde dormitam andorinhas
E dos pés amancebados do sertão nordestino.

Ventania que faz crepitar os corações apaixonados


Das donzelas que bebem do cálice da vergonha...

Amor que palpita emoções,


Devaneios nobres enclausurados nos porões do tédio,
Esperanças malogradas pelas bissetrizes envenenadas
E pelos gritos alucinados das mortalhas rasantes.

Fechem as bocas,
O suor que escorre pelo peito esmagado pela dor
É a gaivota íntima que voa em busca da redenção.
Tudo é sacrifício perante tribunais humanos
E, quando a chave da decência der a volta do parafuso,
Todas as esdrúxulas decepções
Despencarão nos precipícios do homem!

imelo10@gmail.com

103
Carta ao Povo Alagoano

Ah, povo alagoano! Até quando escolheremos ser tão pequenos?


Um estado com tantas riquezas, com tanto potencial, ser um
dos menores do país!

Hoje escrevo em tom de desabafo, buscando converter ao


menos uma alma votante, e se isso ainda não acontecer, que sirva
para aliviar do meu peito essa revolta de estar cercado por pessoas
Isaque Lins

que preferem ser escravos, vassalos e ignorantes, dominados por


uma pequena casta de senhores imundos.

Pois bem, estimado povo alagoano, é preciso abrir os olhos


para estes politiqueiros sanguessugas do nosso crescimento. Se
não for para honrar o nome deste estado, então não poderão ter
espaço como nossos representantes. Colecionadores de inquéritos,
investigados nas operações que combatem a corrupção, furtadores
de merenda escolar, “embolsadores” de dinheiro público, precisam
ser retirados com urgência do poder.

isaquerlins@gmail.com

104
O Tempo da Borboleta

Numa árvore estava um casulo. Um homem chegou e ficou


observando por horas, mas a borboleta não tinha forças para sair
pelo pequeno buraco.
Então, o homem decidiu ajudar. Pegou uma tesoura e cortou

João Bosco do Nordeste


o casulo. A borboleta saiu facilmente, mas com o corpo murcho,
pequeno e asas disformes, ela caiu e ficou parada no chão sem
poder voar.
O gentil homem triste, viu a borboleta rastejando, certo de
que aquela vida seria curta.
Não sabia que o casulo apertado é necessário para que a
borboleta só consiga sair pronta. É a natureza agindo. Foi uma lição.
Às vezes, precisamos da dificuldade para ficarmos fortes e
sabermos superar os obstáculos. Então já velho, aquele homem disse:
– Eu pedi Força... Deus me deu mais dificuldades;
– Eu pedi Sabedoria... Deus mandou estudar;
– Eu pedi Prosperidade... Deus me deu juízo;
– Eu pedi Coragem... Deus mostrou a humildade;
– Eu pedi Amor... Deus me deu uma família;
– Eu pedi respostas... Deus me encheu de perguntas.
Depois refletiu: "O que eu quero mais da vida? As horas são
minhas, mas o tempo é de Deus. Quem tiver as suas borboletas, que
as deixem sair dos seus casulos, quando estiverem prontas para voar".

boscodonordeste@uol.com.br

105
Tempo

Digo ao tempo
Que o tempo dá luz
Está no tempo da fé

Digo ao tempo
Que o tempo é vida
E está na fé
Jan Costa

Digo ao tempo
Que o tempo é divino
E está no infinito

Digo ao tempo
Que o tempo é gente
E está na mente da gente

Digo ao tempo
Que o tempo é honesto
E está correto

Digo ao tempo
Que o tempo chegou no tempo
Tempo bondoso do tempo
Tempo amigo do tempo
E está no tempo do tempo.

janderley.lima@gmail.com

106
Fragmentos Poéticos

Pedaços de mim se foram ao vento


Foram levados pra muito longe
Tão distante com o pensamento
Revidando segredos de um monge.

Palavras caíram despenhadeiro afora

Janaína Leite
Nunca mais haverão de retornar
Quero tirar da alma, poesia agora
Que me faça reviver e aflorar.

Vem sobre mim linda inspiração


Inundando tua preciosa vida
Não terei mais fragmentos,

Ficarão guardados no coração


As estações de toda a lida
Ressurgirão em puros sentimentos.

janainaleite2012@bol.com.br

107
Taça de Palavras Cruas

Degluti a perfídia do anjo mau em mim


E acariciei a áurea do demônio bom
No domínio das minhas necessidades íntimas.

Com fios de estrela nascente, cio


Tracei meu erotismo quente
Jania Souza

Na areia morna do sonho


Colcha em retalho da velha rua.

Os músculos rijos de tua coxa


Cobriram-me nos tentáculos
Sombrios pegajosos de Medusa
E abocanhaste meus sentidos – escusos
De lua cheia em oferta sem qualquer pudor.

Ri com as carícias pérfidas em meu ego sexo


Deidade nua a entregar-se sem subterfúgio
No holocausto servido à taça de palavras cruas.

janiasouza@uol.com.br

108
Luto

Um dia o tempo me acordou


Socando forte meu peito adormecido,
que despertou apertado de dor e logo
percebi que algo de muito ruim havia acontecido.
E nesse momento...
entre realidade e pesadelo

Janyclay Fonseca
Soube do triste acontecimento
Que a minha vida mudaria por inteiro! O tempo sussurrou-me
Lentamente ao ouvido
Palavras duras, sem nenhum rodeio
E eu, estagnada por tão grande dor
Quase entrego-me em desespero e partida ao meio
Acabara de perder aquela
que um dia deu-me a luz,
A vida e tudo de melhor que em mim existe
Deu-me amor, carinho, paz e a fé que tenho em Jesus!

janycley@gmail.com

109
Nordeste Brasileiro

O hino do bem- te -vi


Faz gritar meu coração,
A caatinga do sertão
É nossa fotografia
O baião biografia;
Um povo forte, lutador
Jardia Maia

Clamo por chuva


Por ser nosso refúgio
Maquiagem divina,
Feita pela mãe natureza
Mares, rios e fortalezas
Verdadeiro cartão- postal

Sou das terras Nordestinas,


Carimbada pelo chão rachado
Onde a Jurema é resistente,
Fazendo do verde seu aliado

O valente Carcará,
O poço de água fria
A esperança da chuva
Alegrar dia a dia.

110
Caso Perdido

Era um caso perdido,


Nem Freud explicava:
Lodo, limo, ferrugem,
Tocos de paus
E pedras no caminho
Encantavam-lhe a retina
Para além

JC Vaz
De qualquer outro
Status quo.

vazpoeta@gmail.com

111
Ponto de Equilíbrio

Não sei o que sinto por você


Sou feliz com sua presença
E sofro com sua ausência

Às vezes você some


Não fica, não liga, não tecla, não chama
Eu fico muito mal
Jean Mend

Tento aprender a viver sem você


E quando já estou acostumando a ficar longe de ti
Você volta

E traz consigo a turbulência de uma maré alta


O descontrole de um furacão
E a brisa de um dia calmo

Você me confunde da cabeça aos pés


Tudo que é bom, me lembra você
Mas ao menos tempo, você me desestabiliza e me perturba

Só você sabe como me fazer bem


Basta apenas um oi, um sorriso, um abraço
Tu és meu ponto de equilíbrio, tu és o que eu preciso!

jeanpoetamador@gmail.com

112
Eu mudei

Eu mudei.
Espero que você
Não se incomode.
Eu era flor que não se cheira,
Agora sou Comigo-ninguém-pode.

João Andrade

joaoandrade2312@gmail.com

113
Chuva

Quando o pingo da chuva o chão tocar


Matizando de verde as campinas,
Vai brotar a beleza nordestina
E a alegria vai se perpetuar.

Ouviremos pássaros gorjear


João Moura

Entornando magistrais melodias,


Cantorias que há muito tempo eu ouvia,
No entardecer e após o sol raiar.

Quero ver o colorido brotar


As rosa e flores desabrochando,
Os bandos de pássaros revoando.

Refazendo o Nordeste exuberar,


Batizando a beleza cristalina
Cada uma, fauna e flora campesina.

114
Vestígios de um Adeus

Sabe quando nos vimos pela primeira vez?


Sabe quando eu te dei o meu primeiro "Oi" nervoso?
Sabe quando eu te olhei e sorri?
Sabe quando eu perguntei se você estava bem?
Não, você não sabe...
Eu tive a oportunidade de te falar

Joice Collins
"eu me importo com você" , "eu gosto de você",
Agora você está... Sabe lá Deus, onde?
Só sei que você é um anjo,
Só que sei que agora está longe
E perto, no meu coração.
Eu te venero, eu te clamo, nada adianta.
Eu te amei, não te falei...
Agora descobri o verdadeiro e forte
Significado da expressão:
"Tarde demais".

joicearagao55@gmail.com

115
Versos Venais

VIA (J) ANDO

( ? )

V G
A ANDO
Jonnata Henrique

VOGAIS
E
R
T
I
C
A
I
VERSOS, VELADOS, VEICULADOS

VEM
Ã
O

VÃO V O A N D O, VERSOS VENAIS.

poeta.jonnata.henrik@gmail.com

116
Olhar

Lancemos os olhares
E, num instante, em segundos
Sentimos que somos cúmplices
Combinamos
Aprovamos
Discordamos
Esses olhares

Jorge Luiz
Que nos comprometem
Até um simples olhar
Doces olhares
Mansos olhares
Que caem sobre nós
Como uma luva
Tão cúmplices, que somos
Assim amor eterno
Quero te olhar
Até o último olhar
E carregar comigo
Toda cumplicidade
Que a terra jamais
Terá o direito
De me roubar.

jorgeluizsoaresmelo@bol.com.br

117
Enquanto se Respira

Entre um hausto e outro,


No intervalo dos respiros,
Cabe a noção do universo,
Cabe Deus e a grandeza
Do sonho e da beleza
José de Castro

De tudo o que ainda se futura.

Tudo o que é, um dia já foi


Antes mesmo de ter sido.
E sempre será, pois a vida
Cabe inteira na entre - vida,
Na entrada e na saída,
No entreato do teatro
Que encenamos dia após dia.

Entre dois suspiros,


Nesse mágico instante,
Há um sussurro de ternura
E um sopro de alegria.
Nele cabe a esperança,
Cabe o teu sorriso
E toda a poesia.

josedecastro9@gmail.com

118
Ana Menina Pequena

De malas prontas rumo à capital do estado, fui me despedir do


meu primo querido de nome Manoel Coelho Sobrinho. Esse nome
lhe foi dado em homenagem ao meu saudoso pai Manoel Coelho.
Além de abraçar o primo, pude abraçar também sua esposa Eulália
e seus filhos: Ana, Roberto, Ronaldo, Betânia, Micheline, Suzana e

José Coelho Neto


Angélica. Ana, a mais velha, tinha apenas 8 anos e eu, do alto dos
meus 21 anos. Ana era pequena, bonita, astuta além de muito trelosa.
Mexia comigo, me perturbava, não me deixando estudar, pois, eu
aproveitava sempre algum tempo vago para me concentrar em
algum estudo visando aprovação em concursos. Mesmo enquanto
fazia uma visita de cortesia. O tempo passou e nunca mais a vi,
pois, ela casou-se e foi morar no Sul do país. Tinha apenas notícias
dela. Às vezes uma fala por telefone. Ana cresceu física e intelec-
tualmente. Tornou-se uma empreendedora do ramo da educação,
além de funcionária pública. Eis que hoje, me encontro com Ana
em Maceió e, qual não foi a minha surpresa, a minha alegria em
abraçá-la, que logo me escapou a expressão:

ANA! VOCÊ CRESCEU!

coelho.netoal@gmail.com

119
Príncipe dos Poetas de Maceió
Homenagem a Cláudio Antônio Jucá Santos

A amizade e o contato com ele constituem-se em presente


e em privilégio, pela sua sensibilidade e capacidade de aglutinar
diversas correntes e tendências no contexto cultural, convivendo
harmoniosamente com o côncavo e o convexo, o singular e o plural,
possuindo, ainda, a sensibilidade de separar o joio do trigo e
José Geraldo Dantas

detectar valiosas pepitas em meio ao garimpo da intelectualidade.

JUCÁ SANTOS é um patrimônio do Estado de Alagoas e conhe-


cedor, como poucos, da história e das contribuições de personagens
nativos ou oriundos de outras plagas, que produzem ou produziram
cultura, que marcam ou marcaram os anais da atividade intelectual
em nossa querida “Estrela Radiosa”.

120
Sonhar Ícaro Poema

É poesia que fascina e extasia


em céu do sentir maná e mel.
Doce sabor de luz e ambrosia.

José Ivam Pinheiro


Sonhar versos tal qual paraíso,
presente em sonhos de cordel.
Amor e paz é tudo que preciso.

Sintonia lúdica e bem-quereres


feito Ícaro – liberdade do tema.
Espaço celeste e livre avoares.

Dirigir pensar e saudades leves


que alfenizam doces e cinema.
E útil palavra sã que nos serve.

Amar – o desejo na tez carmim,


e apenas beijo fluindo luz e céu.
O amor são penas de ti em mim.

ivampinheiro@gmail.com

121
Rompimento

Quando eu sair daqui não quero levar nada


Me basta a rotação
Me basta o movimento déspota
Não quero indolor,
Enceno um peito ferido.
Circulo a precariedade,
Josy Santos

Dissemino a dúvida.
Anseio rupturas fátuas e abro profundezas.
Não quero braços, nem pernas.
Me basta a pulsação
Cortarei apenas o cabelo.
Não serei outro
O outro desnuda silêncios.
Serei arrebatamento
Cortarei apenas os pulsos.
Só, não quero nada.
Só, decomponho-me.

josisantosss@hotmail.com

122
O Pescador de Ilusões

Em um vilarejo, havia um pescador que não se contentava


com as toneladas de peixe que pescava, todos os dias. Pescava,
incessantemente, dia e noite. Um dia, após chegar da pescaria com
o barco abarrotado de peixe, ele resolveu voltar para o mar, mesmo
sabendo da tempestade que cairia naquela noite. Deixou a família e
os amigos e se aventurou mar adentro. Desapareceu no mar e dele

Joyce Lima
ninguém deu notícias. Anos mais tarde, ele retornou à cidadezinha
e não encontrou a família e nem os amigos. Dessa vez, ninguém
soube informar o paradeiro deles. O pescador viveu anos e anos
querendo rever as pessoas queridas que se foram para sempre.

123
Padre Cícero Romão Batista
(Padrinho Cícero)

O meu Padrinho, um dia, fundou Juazeiro


E foi seu primeiro Prefeito legal.
Procurou defender aquele povo ordeiro,
Com suas orações, afastando-os do mal.

Sendo um filho do Crato, adotou essa terra,


Jucá Santos

Tornando-se um pastor, até mesmo do incréu


E sem mágoa, sem raiva, sem ódio e sem guerra,
Elevou o inimigo ao Reino do Céu!

Sem ser canonizado é, para nós, um Santo!


Seus milagres se encontram em todo recanto.
Põe em cada um deles a força do amor.

E eu não sei porque em Roma, o Papa e os Cardeais,


Não revogam aquilo que está nos anais,
Colocando esse Santo no Altar do Senhor!...

124
Tributo ao Poeta

Salve meu Maranhão,


Meu lindo torrão
Terra do poeta
O poeta maior
O poeta Gonçalves Dias.
Salve o poeta

Juju Amorim
Que nasceu no Maranhão,
Na terra das palmeiras
Palmeiras do babaçu.
Salve o poeta,
No regresso à terra
A sua terra natal
Na costa do Maranhão
Foste fazer poesia
Num plano superior.
Salve o poeta,
Da terra das palmeiras
Onde canta o sabiá
A poesia retrata o Maranhão
E consolida o romantismo.

ed.jesuss@bol.com.br

125
Severina

A seca chegou, rasgando das ventas aos pulmões.


Sumiu o verde, a água do rio e a criação. Arribaçã bateu asas.
O inferno chegou e os empurrou para o mundo, a fome
empurrou a barriga pra dentro, a sede, os olhos pra fora.
Voinha ficou no quintal, enrolada em um velho lençol debaixo
de palmos de terra.
Junior Dalberto

E com os olhos maiores que seus esqueletos, mirava os céus a


cada passada.
Carcará girava no alto sobre suas cabeças.
Carcaças e desertos marcando a paisagem. Acauã avisa!
Tem cobras pelo caminho.
O menino, picado por cascavel, virou cruz na estrada.
Depois de muitas léguas tiranas, o pai, de fome e sede, retornou
ao pó, sem cruz para marcar a existência.
A mulher, cavou sepulturas com as unhas, misturando terra,
sangue e lágrimas, dilacerando dedos e coração. Severina prossegue,
rasgando-se entre galhos secos, espinhos e pedregulhos, seguindo
rastros de rios vazios, era o que lhe restava, horizonte sem fim.
Não lhe restavam lágrimas.
Devo estar perto de acabar, sonha a retirante.
Mais um rosário girado e sua fé a empurra para frente. Mais
um olhar para os céus.
E essa sede que não passa, nunca. E essa fome que não passa,
nunca.
Junior Dalberto

jrdalberto2010@hotmail.com

126
No Vai e Vem do Barco

No vai e vem do barco


Me embriaguei nos braços dela,
O mar ia lentamente
Nenhum barulho presente
Só o som dos lábios dela,
Lábios envolventes,

Jussiara Soares
Parece inocente,
Mas, é puro encantamento
Contando suas experiências
Vai levando a gente
Para o mundo transigente.
Ela pura sensualidade,
Não sabe o que é capaz
Um pensamento de libertinagem.

jusilva.natal@hotmail.com

127
Tórrida Terra

Tórrida terra! Alto sertão,


brasilidades!
Nordestinos em foco,
Verão assombroso
Noites? Açoites de dias calóricos
Onde são gerados, morticínios e dor.
Josué Ramiro Ramalho

Aqui também já se viu, extermínio


De bichos pequenos e grandes, até o rio seco
Alhures lobisomens! Raquíticos homens...
Nordeste é dor
Esbanja o nosso saber
Aqui pulava Saci-Pererê, numa perna só
A mata está seca com a seca lá fora
Crenças caipora, havia até Boi-bumbá
E Zé-Pereira tocava em nosso “carnavá”
Mas.... Gotas de ácidas chuvas deságuam
Na rala vegetação e no resto de vida que ainda restou
Nesse nosso esquecido sertão
Nesse nosso nordeste sem cor!

josueramiro@yahoo.com.br

128
Flor de Cactus

Meu sertão só tem flores


Quando o céu de compaixão por nós chora
Enche-se de alegria meu coração vendo chuva
Coisa que vi na infância minha mãe cortar a terra
E plantar sementes velhas, “gorgulhentas” e duras

A caatinga toma-se de verde e eu corro

Karol A.
Corro como moleca de idade mais de vinte
Quero sentir o cheiro no terreiro
Os besouros saindo de suas casas avisando
O temporal que se acaba.
Vejo minha casa de taipa encharcada
Não importa, depois com calma
Ajeito o reboco caído, eu prefiro exclamar
Agradecida naquele que pela
Minha fé me sustenta
“Meu Deus eu rezei, chorei pelos meus filhos!”
E aqui está: só água pedi para poder comida cultivar.

karolsoaresalves@gmail.com

129
Dama do Seridó

Bucólica paisagem que me toma,


És para mim como espasmos insanos
De quimeras soberanas.

Bestificantes são os teus arredores insólitos


Que raptam olhares férteis, e
Vacilantes banham-se das lágrimas voláteis
Karolline Araújo

Dos espíritos semiáridos...

Terra arraigada de translúcidos sentimentos,


De arredios pensamentos e lamentos,
Depositai em nós tua força motriz,
E seremos um só...

Guerreira aprendiz
Do místico Sol,
Peço-te que não mais nos vista da secura em nó.
Como és insolente! Oh, dama do Seridó...

karollen.gomes@gmail.com

130
Singeleza está de Licença

Singeleza pede licença


Não me convidam mais
Meus trajes são outros
Ser terno é feio
Beijo na praça?
Na atualidade,
Afeto clama por liberdade
A serenidade no horizonte

Lafrança
Diz pra alma acalmar
Brisa que se faz ponte
Olhar navega como onda no mar

arteilza@hotmail.com

131
Na Caminhada da Vida

Na caminhada da vida aprendi


Que nem sempre irei vencer
Pois, nem tudo é alegria
Às vezes podemos sofrer
Mesmo com altos e baixos
Todos os dias há o que aprender

Pedras e buracos no caminho servem de motivação


E quando você tropeçar
Nunca perca a direção
Leandro Sousa

Nunca perca também


A fé em Deus no coração

Na caminhada da vida
Ame seu próximo em vez de julgar
Se por acaso ele cair
Ajude-o a se levantar
Faça dele um companheiro
E convide-o a caminhar

Se tiver que perdoar alguém


Perdoe sem dificuldade
Se tiver que carregar algo bom
Que seja a humildade
Na caminhada da vida
O mais importante é a felicidade.
leandrosousa4699@gmail.com

132
Nor-Destino

Eu amo meu Nordeste


Aqui tudo começou
Em águas cristalinas
O português logo aportou
No extremo Sul da Bahia
A terra à vista mirou

Lenair Andrade Salles


Região bastante diversificada
Com contrastes naturais
A plantação de cana-de-açúcar
Fez povoar com os canaviais
Terra nas mãos de poucos
Gerou condições desiguais

Nordeste de lindas praias


No litoral urbanização
Rica cultura e culinária
Como no dia de São João
Povo forte e trabalhador
E de bom coração

lenairsalles1@gmail.com

133
Apelo à Poesia

Trajetórias são escritas com o tempo,


Esse que passa rápido,
Esse que se vai como o vento,
Esse que seu passar pras crianças nada importa,
Mas para os adultos, é seu lamento.
E desse tempo agradeço por todas as memórias que plantei,
Que pude regar com recomeços,
E colher com um sorriso no rosto,
Levi Silva

Memórias essas que nem mil livros poderiam conter,


E nem dez mil dicionários poderiam-nas descrever,
Eu sei que quem está hoje comigo,
Nunca irá me abandonar,
Mesmo que existam cem oceanos entre nós,
Cada um terá seu próprio lugar,
Cada um terá algo que eu possa recordar,
E recordando ,me alegrar.
Espero que nessa caminhada,
Os versos estejam sempre comigo,
Que nas estrofes eu encontre abrigo,
E que nessa longa estrada
Eu possa a fronteira da poesia encontrar,
Onde nasce cada rima,
Tendo como chão a grama e teto o céu.
Que essa seja minha sina!
leviglcn2003@gmail.com

134
Meu Caminho

No meu caminho
Tropecei em muitas pedras,
Muitos espinhos encontrei.
Muitos "nãos" escutei
Mesmo assim
Não desisti de caminhar.
Não foi fácil caminhar na escuridão,

Lourdinha
Mais firmei minhas passadas
E com minha bengala
Segui em frente.
Hoje sigo meu caminho sem tropeçar.
E sei que meu caminho
Cada dia vou conquistar.
No meu caminho
Muitas pessoas encontrei
Pessoas que me ajudaram
A transpor os obstáculos,
Que retiraram os espinhos pra eu passar.
Não sei quando vou chegar,
Só sei que não vou parar de caminhar.

lourdinhabandeira@gmail.com

135
Náufrago Coração

Pobre de ti, que bate


Sem saber a hora de parar
E, se parar, sofre o choque e bate
Embebedado do sangue ocre.

Bêbado de sofrimento
Num mar de tormentos
Seria um sonho ou menos?
Lucas Lima

Acorde, coração, o corpo chora


Quem mandou cuidar dos sentimentos?

E no meio de tanta racionalização


Tanto "e se" e pouca ação
O coração se perde, e foge
E nada, nada, nada... Faz.

E daqueles que nadam e morrem na praia


O coração se despedaça
Se separa e naufraga
Numa ilha deserta
Que de tanta maldade
Chama-se: Saudade.

luucas1897@hotmail.com

136
Ah, O Mar ...

O sol chega manso e saboreia


A água salgada do mar
À noite, a lua majestosa
Abraça e acalenta a praia
Tocando de leve na areia
Onde o menino vem brincar

Ah , o mar...

Lúcia Eneida
O mar do pescador paciente
Que joga sua rede
Sem saber o que virá
Às vezes vem repleta
De sonhos e desejo
Da morena fogosa
Que o deixou por lá

Ah, o mar...

O mar do garoto surfista


Que provoca as ondas
Em malabares surreais
Nas águas a bailar

Ah, o mar...

luciaeneida@yahoo.com.br

137
Vida Simples

Delícia é a vida simples,


Comida feita em panela de ferro, de barro,
No fogão de lenha ou carvão,
Que alegra a barriga e o coração.
Da flor do quintal, no jarro de argila, enfeita a alma...
Celebra o perfume do suor do trabalhador,
Lúcia Linhares

Do corpo moldado, que veio do barro, para onde voltará.


Na caneca de alumínio, a água fica geladinha,
E dá vontade de beber até acabar.
Bonito é quem sabe dar valor ao seu interior,
Brejeiro, maneiro, pequeno, grande, famoso ou não.
Pedaço de chão que ele brotou.
Bonito é quem sabe de onde veio;
Parte, volta; tem a sua raiz.
Pois quer passear, ou mesmo ficar, de pouso e sonho...
Ouve o som de um búzio, conversas do mar, ao pé do ouvido,
Que nem melhor amigo saberá.
Bonito é quem não repara se é cedo ou tarde,
E fica a prosear, saborear o momento...
Saboreia e repete o "prato", se lambuza de vida simples.

luaepoesia@outlook.com

138
Os Jangadeiros São Filhos de Jangadeiros

O jangadeiro traz no olhar


Toda luminosidade, Célio, do azul
É filho do filho que nasce à beira-mar

Seu tempo é de sol, navegante, sagrado


Rumo às pesqueiras vai sua nobre agilidade
Sempre destemido à extrema ira dos ventos

Lufague
Camarada que ladeia a nudez da solidão
Mas, sabe bem desfrutar do vasto mar seu murmúrio
Tal seu encantamento, sereno, ao violão ou viola

Extrai sua fortaleza da dura vida


Valente como os troncos em cordoamentos silvestres
Ou sensível, quando solidário à alegria das gaivotas

O desafio da lida o torna sábio marítimo


Governa com maestria seus mastros inclinados
Suas jangadas como essência do cenário nordestino.

miriadefreitas@hotmail.com

139
Não se Despedace

Não se despedace para manter alguém inteiro,


Não faça isso mesmo que o outro rogue,
Não é egoísmo pensar em você primeiro,
Enquanto o outro cresce e você implode.
Luiz Manoel Freitas

E se explodir em diversos pedacinhos,


Não poderá reconstruir um novo ser,
Ficarão muitas marcas no caminho,
Interferindo em um novo alvorecer.

E por isso pense bem, não se despedace,


Porque o outro com certeza vai ligeiro,
Seguindo estrada, sem sequer olhar na face,

Do alguém que fez o bem e foi tão companheiro,


Só por isso, não se despedace,
Para tornar o outro um ser inteiro.

luizmanoelfreitas@gmail.com

140
Enredo de Serra Verde

As ladeiras de pedras me acampavam... nos finais de tarde


E o pôr do sol do outro lado
Era um palco iluminado...
Bem no pé do céu.

Ali, eu sonhava com o dia seguinte:


lá na escola brincar na roda da rima...me lambuzar

Luiza Saraiva
com a tinta das letras, escrever bilhetes...
sonhar de pescar com o jereré...

Escondida de Francisca,
Eu comia gogóia amarelinha
Sujinha de poeira... que eu sempre
Encontrava no caminho estreito
Estrada de gado, no meio da
Macambira ... em tempos de verão.

141
Viva o Presente

Para que viver do passado, se o teu presente te chama?


Ou pensar demais no futuro, se o teu verdadeiro “eu” clama?
O passado é para ser lembrado, o futuro para viver o que há de vir;
Mas o presente, nem sempre, dá-nos motivos para nos fazer sorrir.

A importância que damos à vida


Luzitânia Silva

É o que distingue o nosso ser do não ser;


O que difere a vida do nada,
E o que faz nossa existência deveras acontecer.

Se pensares demais nos teus feitos ou quiçá


No que há de fazer,
Farás menos para pensar amanhã,
E serás menos do que deverias ser.

Se não há motivos para rir no momento,


Busque engenho, arte, ardor,
Não se nasce na vida com tudo pronto, mas
Antes de tudo nasce o amor.

142
O Que Deu na Telha

O que deu na telha


Eu escrevo assim
Sem procurar muito
E quando
Eu procuro
Nunca me encontro
Desde que o justo

Lindete Souza
Seja canto
Eu te juro
Que procuro
Só se achar
O seu encanto
É nele que me inspiro
Em alguns escritos
Garanto
Escrevo seu nome
De canto
Mas, não é
Só nele
Que conto
Tudo que deu na telha
Nesses anos loucos

lindete14@yahoo.com.br

143
Um tal de Zemaria

Existe um Zemaria, no Nordeste , na Bahia, que nasceu de


Dona Rota, comadre de alguma Sofia.
Maria Angélica Rocha Fernandes

Inda me lembro de um retrato que o tinha, sem sapato.

Mas a parte desse caso está em Caculé e conseguiu ter cinco


“mulher”. A primeira ele chama de dia, casaram novos com pouca
rouparia.

A segunda, primeira cria, ele cantava que era uma flor do


campo. A terceira, um cravo vermelho. E a quarta, eu, uma rosa no
jardim bem de vez. Acontece que outra filha ele fez e não cantou
mais a música que só falava de três.

Comprou a Clementina, terra seca da mais nordestina, que


vai ficando uma maçã, com o trabalho de toda manhã. Lá tem uma
casinha branca e o quintal tem mato verde quando a chuva cai.
Ainda falta alguma coisa pra esse pai? Talvez a flor do campo, o
cravo vermelho e a rosa de vez, que com o tempo se desfez....

No Nordeste os castelos são feitos de areia, até pra quem


semeia. Mas a história completa tá em Caculé, anda meio barrigudo
e careca, é pai de uma menina que vem tentando ser poeta: uma tal
de Maria Angélica .

mariaangelica19@ig.com.br - Bahia

144
Olhos Nordestinos

Os meus olhos nordestinos


Já viram de tudo um pouco
Madrugada invernosa
Entardecer de sol rachar
A caatinga florescendo
E ela seca a esperar
A esperar pela água

Maria Silva
Que desce do céu nascente
Que banha e renasce tudo
Inclusive toda gente
Que adora prosear
Que tem causos pra contar
Que faz história pro olhar.

mariadejardim@gmail.com

145
Mistério

Longe de ti nos sonhos da noite


Vago na mágica luz do teu olhar
Doce sensação serena, açoite
Adormece comigo belo olhar

No palco da vida tem espelho


Revelando as sombras negativas
Ma Socorro

Lá fora tu esbanjas teu brilho


Aqui o fremir do frio tu cativas

Ata-me luz que me devora


Sonhava na noite solitário
Enfeitiça saudosa aventura

Em um instante ocultas mistério


Reflete profunda desventura
Cético abandono meu martírio

socorro-sfm@hotmail.com

146
Coisas de Amor

Falo coisas de amor


Penso coisas de amor
Mas será que o amor existe?
Talvez, para você, sim.
Questiono, reflito,
Sinto falta, não acredito.
É, sofrendo as dores do amor.

Maluma Marques
Receio amar, pois
O amor não existe, talvez, não.
Dentro de mim, sim.
Mas de você e com você.
Não percebo que o amor exista.

147
Mediunidade

Um cochilo esperado
Voltando ao passado
Vendo um revoltado
Ou outro desesperado.
Marcelo de Oliveira Souza

Acolho e pergunto indignado


Sobre seu sofrimento represado
O perdão não lhe foi dado,
Alguns mortos também sofrem um bocado!

Vemos também o descanso do crédulo amado


Minutos são horas, dias inacabados.

Acordo feliz e regozijado


Pois, poucos estão preparados
Para essa viagem de ajuda aos rejeitados
Nesse mundo maravilhoso em todos os lados...

marceloosouzasom@hotmail.com

148
São Luis, Cidade Cúmplice

Viste-me aqui chegar


Com sonhos e sonhos
Aos poucos fui te descobrindo
Percorrendo tuas ladeiras,
Escadarias, avenidas
Até chegar em algum lugar

Márcia Luz
Teu céu, tuas estrelas,
Teu mar, tua brisa, teu sol
Teu crepúsculo são testemunhas
Do bem que me proporcionastes
Tua poesia suave também
Contribuiu para que os amores acontecessem
São Luís, cidade cúmplice
Aos poucos vou realizando
Meus projetos e minhas traquinices que
Não vivi na adolescência
Agora com uma cabeça mais
Pensante, vou aos poucos
Concretizando o meu sonho de menina

marcia_luz3@hotmail.com

149
Sem Hora Marcada

O jogo da palafita
A morte vem da maré
Maré do Rio, maré da vida
Maré da sorte, maré da fé

Os sonhos úmidos
Marconi Branco

Balançam bêbados
Ante a festa do tempo

E o vento malcheiroso
Do público poder
Os corrói por dentro

Assim a vida afunda


Na miséria desesperada
Que a alma inunda
Sem hora marcada

E nos laços da fome


Hereditária, eterna
Mais uma vez
Elegem a apatia
Que a cada quatro anos
A vida lhes consome

marconicastelo@gmail.com

150
Meu Pé de Siriguela

Meu querido pé de siriguela


Suas raízes fixas em meus sonhos
Descrevem as emoções que me deram
Livraram-me de momentos enfadonhos
O meu refúgio em todas as esferas
Em teus galhos rústicos e medonhos

Mardenia Maria
Construí minhas casinhas de bonecas

Porém, não me dava com gafanhotos


Desses visitantes tive fobia
Voavam em mim os bichos marotos
Desesperavam-me e davam-me agonia
Contudo, não te trocava por outro
O sabor do teu fruto me supria
Gostinho que adoçava os meus desgostos

Lá em cima sonhei com o futuro


Tive visões mal interpretadas
Contava-te meus problemas obscuros
O meu crescimento tu acompanhavas
Hoje, vivencio momentos bem duros
Retornei a ti para ser consolada
Só um vazio jazia através do muro.

151
Pedra do Bacamarte

Imponente tal qual sentinela,


De minha terra natal baluarte,
Imperiosa pedra do bacamarte,
Brotas da natureza altiva e bela!

Cartão-postal glorioso da terra,


Mardônio Santos

Encantas por tua beleza,


És fruto da mãe natureza,
Paisagem grandiosa da serra!

Quando virei eu desbravar-te?


Para em teu seio degustar tua brisa?
Escultura magistral que inspira a arte!

Pintarei tua face com minha aquarela,


Levarei teu nome onde for linda e bela,
Grandiosíssima Pedra do Bacamarte!

“Poesia a um cartão-postal de minha terra natal Palmácia”

mardoniop.santos@gmail.com

152
O Tempo

A lida do fim me fez congraçar


Uma prece no coração a brotar.
É o fim do casulo da borboleta
Que de beleza escapa e a voar se vai.
Canta na caatinga o sabiá no seu ninho acolá

Maria Medeiros
Sente viva a brisa do início do dia .
Vi a terra ficar quente, o astro acordou
O frio chegou e a farra da cigarra cessou.
Nos florais dos maios, rosas pra Maria
Cavalgava no ponteiro dos minutos um Pensamento
E sentado num tamborete daquela calçada
arrumei o tempo a me lembrar.
Bebi água do pote de barro
A luz era lampião de gás e tudo se fazia.
Espetáculo da noite, escura as estrelas
no Firmamento, admiráveis de se ver.
A alegria já foi tanta que mesmo rico ou pobre
O tempo se acaba.

153
O Amor
(Dedico estas minhas palavras à minha saudosa e
inesquecível mãe, que viveu de amor para o Amor.)

Nascer, viver, morrerão coisas da vida do homem. Como todas


as coisas criadas, há um tempo para o cumprimento da finalidade
a que veio ao mundo. Dotado de inteligência e vontade, o amor é
primordial em todas as fases porque passa uma pessoa.
Maria Nailza de Melo

Durante o tempo que tem, demonstrar esse amor não é fácil;


viver assim, muito menos: a correspondência não importa.

Amor aos progenitores, amor à vida, Eros é o amor neces-


sário. A prole suga todo amor. Amar o inimigo, exigência evangélica.
O trabalho exige amor; com amor mantém amizades; a família se
une pelo amor. Por amor, clama à sociedade o bem-viver.

A paz carece de amor no tempo e no espaço. Para viver o


amor em todos esses momentos, é preciso trazer intrinsecamente
o Amor maior, o Amor criador, o Amor eterno. É mister criar raízes
crescer, frutificar, sofrer podas e ramificar mais, até que chegue a
época determinada para entregar ao Amor sua história de amor.

154
Sonhos do Coração

Descanse em meu peito


Deixe eu ser seu travesseiro,

Marilha Gabriela Batista Clemente


Na noite lhe acariciar
Em seus sonhos mergulhar.

No seu corpo me entregar,


Durma e descanse,
Por minutos, por horas,
Quero escutar seu coração,

Ouvir-lhe com paixão


Na ternura de uma canção,
Ouvindo seu coração
Com amor e paixão.

Descanse em meu peito


Viva sonhos de emoção,
Viva cada momento
Como uma noite de luar.

Sonhos de coração
Com toda emoção,
Como aquela rosa
Que lhe ouve de coração.

marilha_gabi@hotmail.com

155
A Mulher Nordestina

Na adversidade de um momento, da terra árida, em seu


vermelho, surge uma sombra de um ser irresoluto, miragem no
deserto, por entre mandacarus e palmas, união do feminino em luta
contra os infortúnios, pele rachada como o chão e olhos secos sem
lágrimas, como o açude sem água no sertão...
Marilina Baccarat

Assim se arrasta a mulher e o sertão, na espera da água do


céu, para fazer florescer papoulas e enfeitar os cabelos da morena
em dia de ladainha, na casa de pau a pique... Animada para a festa
e valente para a peleja. Assim é a mulher nordestina... Apreciar o
toque da sanfona, então, é o que a mulher nordestina adora.

A parteira, que sempre trabalhou para ajudar a vir, ao mundo,


os bebês, sem receber nadinha em troca... A mulher nordestina cria
seus filhos e ainda ajuda a criar filhos que não têm mãe...

A garra da mulher nordestina é admirável... Ah, se todas


nós tivéssemos um pouco dessa mulher guerreira, batalhadora.
Saberíamos andar pelas alamedas do coração, tal qual elas andavam
e andam no agreste e no sertão. A nordestina tem, com ela, essa
coisa da alegria, da festa, gosta de se divertir e sabe aproveitar o
presente, não pensando no futuro incerto que virá.

156
Malogro

O amor pode mentir?


Fisgou-me com uma rabada de olhos:
Castanhos.
Sorriu.
Beijou.
E com os mesmos olhos castanhos chorou.

Marize Lisbôa
Ninou depois.
Bebeu do leite.
Deleitou-se.
Mas naquele dia,
Enquanto dizia o que não ouvia,
Amarrei-me aos mesmos olhos
Mas que gritavam,
Fugiam dos meus.
Amor mentiu?
Amor pessoa?
Daquela pessoa?
Amor dele.

marizebulhoes@hotmail.com

157
Um Minuto

Se eu pudesse soprar nas mentes de todas as nações


Eu cantaria em assovios de amor
Eu pintaria lágrimas em suas almas
Faria desenhos abstratos
Lindos retratos...
De estrelas nascendo
Marluce Pessil

De pássaros a voar.
Se eu pudesse, por um minuto, soprar
Eu mandaria um barco em alto mar ir buscar
Toda maldade
Toda vaidade
Dos corações.
Só um minuto
Em embriaguez
Bondade
E sensatez.
Um minuto apenas se faria mais que necessário
Para se mudar toda essa triste patifaria
Na qual o mundo tende se afogar.

marlucepersiloficial@gmail.com

158
Poesia Nordestina

Nesta terra nordestina, podemos muito cantar


Os versos livres voando por entre terras
Férteis ou secas a matar
Aqui frondosas frutas: jaca, jambo, manga, araçá
Gente forte que luta, embaixo do sol a raiar...
Rimando histórias sofridas com cada

Marly Ramos
Resistência a elevar
Essa terra tão robusta, onde canta o sabiá...
Por entre desertos e flores murchas, resistem
Flores, rios e mares
Inspirando toda uma existência, valendo à pena sonhar...
Sonhos jorrados de fontes, tesouros anônimos a conquistar
Talentos aqui são tantos! Guerreiras e guerreiros a estrelar
Artistas, trabalhadores... Poetas compondo o amar
Braços fortes plantando na roça para a cidade alimentar
Existem heróis de valores e aqui no Nordeste vamos encontrar
Com carisma sobre as dores, espinhos, cactos a buscar
Em cada força que brota de uma semente deste lugar
Chamada coração nordestino que luta chorando ou sorrindo
Inundando o mundo com seu poetizar.

marlyramos11@gmail.com

159
Numa Noite Tão Fria de Abandono

Numa noite tão fria de abandono


Sentindo uma dor corroendo
Perceber que o amor está morrendo
De alguém que jurou ser o seu dono
De majestade vi seu rei perder o trono
E foi você que destruiu nosso castelo
Que nosso amor parecia tão singelo
Minerva Gomes

De tanto amor, amizade e sentimento


Eu não quero mais você em pensamento
Pois, destruísse a corrente desse elo

Quando o silêncio interrompe uma história


Nesse momento, resta uma interrogação
Sem resposta maltratando o coração
De bons momentos registrados na memória
Dessa cena eu não quero sentir glória
Fica a saudade maltratando infelizmente
Lembrando um filme que passou pausadamente
Do marasmo de amor, o mais sublime
E dessa trama a lembrança me deprime
Pois te esquecer
Será difícil simplesmente.

160
Gotas de Sol

Se vier disposto
A entrar na chuva,
Com a vista turva
De sofreguidão;
E se desejoso,
De alma confusa,

Míriam Monte
Traga-me um Neruda,
Vinho e violão.
Traga-me o risco, agora!
O gozo e o sorriso,
Um frasco de colírio,
Com gotas de sol:
É que estes olhos claros,
Tristes e opacos,
Andam tão fechados
Para o arrebol...
É que este azul que chora,
Meio desbotado,
Como céu nublado,
Só se enxerga só.

161
Nordeste, Mundo Triste
e Cruel de Corrupção

Eita, mundo triste e cruel


Fica aqui no Nordeste
Onde reina injustiça e corrupção
De promessas de cabra da peste

Corrupção que gera riquezas


Moaciene Lima

Àqueles que armam os esquemas


Onde o rico fica mais rico
E o pobre, mais rico de problemas

Faz pena visitar palafitas


Símbolo negro dos sobreviventes
Que apesar da fome maldita
Tentam ser fortes e resistentes

Mas, um dia a casa cai


E todos nós seremos iguais
Diante do Pai poderoso
Que vê o rico prepotente
Implorando ao Senhor presente
Pedindo clemência ao Pai Generoso

preteristareformado@gmail.com

162
A Gratidão

Decerto, quando ouço falar em gratidão, só posso alegrar-me


do espírito de alguém que sabe, etimologicamente, o significado de
“reconhecimento”.
Ora, a gratidão é para mim e acho que deve ser para aqueles
que compreendem, uma virtude conformadora. É, ainda, um

Moezio Vasconcelos
reconhecimento sincero por um benefício recebido; de outra
maneira, venho a expressar, uma amizade que é paga com outra
ainda maior. Ainda quero frisar, que a gratidão, na sua mais íntima
significação, assemelha-se ao “amor”.
Pois bem, a gratidão parece ser o troco de duas almas que se
amam “ocultamente”.
Suponho um pouco difícil, mas todas as pessoas que se prezam
de ser educadas, devem saber ser gratas nos momentos oportunos
da vida e no convívio com seus próprios semelhantes. A razão de
cada um de nós diz-nos ser a “gratidão” quase um reflexo do amor.
Então, só os rudes, só os ignorantes não reconhecem um
benefício recebido.
Pois, ser indiferente a um afeto puro, é dar de troca espinhos a
quem lhe oferece flores e rosas. É uma das coisas mais dolorosas da
vida. Quem não sabe ser grato, não sabe ser humano; não merece
viver em meio às criaturas dotadas de raciocínio.
A gratidão é a companheira da harmonia. Com ela, se unem
mais os elos de uma amizade, bem como crescem mais robustas as
raízes de um amor.

163
Sonhos de Migrante

Sonhos que permeiam meu caminhar


Que me arrastam em turbilhões de fantasias
Cobrindo com um véu diáfano uma crua realidade
Alimentando minh ‘alma como néctar de substância sutil...

Sonho de voar por desconhecidas paragens,


Como um pássaro livre e sem destino,
Nara Pamplona

Pousando em algum lugar escolhido, paradisíaco,


Sem compromissos impostos de permanecer, ficar...

Amar do jeito solto, ardente, abrasador,


Deixar meu corpo ser embalado por fulgente paixão,
A consumir-me inteira, sem reservas, freios...
Com um fogo em ardência incessante!

Colher as flores encantadas de um sentimento intenso,


Com o coração entrelaçado fortemente ao seu,
Batendo em ritmo e compasso musical, uno,
Como um adágio lento, suave, ininterrupto...

Dançar pela estrada da vida, leve, sem apegos,


Tendo, apenas, como companhia, sua presença amorosa,
Seu abraço terno, amigo, cúmplice...
E, tão somente, sem os rumores do mundo,
Ser completa, feliz...!

164
Palavreando-me

Palavras que saem dos meus dedos e


Chegam ao papel
Misturam-se em uma ávida sintonia
Colorindo o pólen, onde permeiam meus
Pensamentos e o lápis
Rabiscos viram versos fora de ordem
Ordenados pelos sentimentos que aqui externo

Natália Lopes
Me faço letras e nelas me derramo
Sou as palavras que dos meus dedos
Transbordam e se diluem em versos melodiosos
Os narro para aqueles que me ouvem
Sou braile para aqueles que me tocam
Sou o sabor do que a vida me reserva
Degustada por aqueles que esperam para me ler
Sou a sensação das sílabas que se unem
Sou a frase que as palavras integram
Sou a caneta que permanece sobre
O esboço da ideia que surge e se transforma em poema
Me faço tinta na ponta de um pincel e dou cor
A uma tela em poesia
Sou o poder da junção de palavras
E nelas me faço livro, me faço livre, te faço sentir.

natalialopesescritora@gmail.com

165
Entre Casas e Territórios

O ato de habitar atualmente, especialmente nas grandes


cidades, tem sido um ato mecânico porque o morador não tem
tempo para parar e pensar o espaço que habita, e quase sempre não
se apercebe de que sua casa reflete sua personalidade. Por outro
Nara Núbia de Melo Sá

lado, o morador também é produzido pelo espaço doméstico. Ele


seria impensável sem a casa que o acolheu e que continua proje-
tando na sua imaginação.

Percebe-se, por outro lado, claramente a influência que a


arquitetura exerce sobre a sociedade nos dias atuais quando se
depara com casas ou apartamentos nos quais os dormitórios são
projetados para que, de maneira individual, exerçam-se as mais
diversas atividades como ler, estudar, jogar, assistir tv, usar o
computador, receber os amigos, etc., constituindo novos e diversos
territórios num mesmo espaço.

A consequência é representada pela individualização das


pessoas, uma vez que as reuniões na sala de estar deixaram de
existir, prejudicando o diálogo doméstico, fragmentando e fragili-
zando a instituição familiar.

naranubia1@hotmail.com

166
Amor Floral

Flores do meu jardim


Ficam com esse encanto
Perto de mim,
Com esse cheiro de jasmim.

Neriane Rodrigues
Flores são lindas de todas as cores,
As vermelhas são do meu coração.
A cada amanhecer sinto-as no meu peito
Como gotas de orvalho que perfumam meu Corpo.

As flores florescem em meu coração,


Nos meus lábios com a cor da ternura.
Unidas, juntas as flores da vida,
Refletem bem o que é o amor.

Quando olho para as flores, vejo a vida florida,


Tento pintar essas flores no meu corpo,
Na Minha alma, onde quer que eu for,
Desenhando, costurando, pintando um amor Sublime.

neriartes123@ig.com.br

167
Recorda é Preciso

Recordar é preciso...
Quando no campo residi
Uma infância admirável vivi
Na roça não existe correria...
Logrei profusas alegrias...
Brincar, labutar e sonhar
Ingredientes esparramadores da infância
Momentos recíprocos de diversão e labor
Recheados de alegria e dissabor.
NicyCosta

Infindáveis eram as opções para vadiar


Algumas ainda posso lembrar
Na chuva gostava de me banhar
E os pés sujos de lama nas poças lavar.
Trabalhei “não por obrigação”
Conquanto, quem residia na roça
O “primeiro lápis era uma enxada”
E o “papel era o chão”.
No reflexo do pôr do sol, eu via
Uma cama com colchão e cobertor
Bordados com fios coloridos de esperança
E eu fingia que nela dormia.
No entretenimento semeei,
Borrifei, adubei e persisti,
Vingou e floresceu...
Momentos de euforia e desalento colhi
E no presente, doces lembranças senti

ivanicecosta@gmail.com

168
Uma Boneca, Porque Encanto

Separei diferentes histórias para contar sobre minha boneca


Maitê, vi depois de escrito que todas elas eram perfeitas. Traziam
em si a mesma reflexão, Gratidão! E nesse mês de Janeiro tenho a
chance de escrever uma nova história: aquela do indivisível Avôhai
entre as prediletas de meu filho, a de Vias Clara de quando estive
no aniversário de minha amada sobrinha; e porque Deus me deu

Nilma Sodré
a chance de conhecer o Rio São Francisco, as bonitas lembranças
trazidas de lá, sobretudo dos Cânion do Xingó e em todas elas, não
hesito em citar minha adorável neta.

Por mim, acrescentando ao poema de Drummond, o para


sempre e eterna; recolho-me nesses poucos dias para quando mais
tarde minha pequena ouvir ou contar sobre mim.

Falara da pessoa linda, amável e carinhosa que foi a vozinha


dela. Como, dito ano passado, os pés do mensageiro anunciam
boas novas que encheram de todos os gostos a pequena boneca!
Sou e permanecerei tecendo "manhãs" com outras mãos, estando
naquela cadeira de balanço, no sofá da sala, na redinha da varanda,
sem nunca esquecer de manter firmes os pés no chão! A mim,
depois de dada essa nova vida com os cuidados com meu pai, com
o amor e cuidado de minha Maitê, terei eu mais uma vez vencido e
como incentivo poder dizer : " esse será o melhor ano da história da
minha vida". O que está escrito já é sentido!

neriartes123@ig.com.br

169
Árida Essência

O âncora do jornal chama


Por informações do tempo
Deixa claro que o sol é o seu desejo
Confesso, a chuva é sempre o que almejo
Desde minha infância sempre foi assim
Nas leituras dos gibis eu era Madame Min
A bruxa que ao ver o escuro céu,
Nico Bezerra

Negras nuvens no horizonte vindo


Bradava, em gozo, aos gritos:- Lindo! Que dia Lindo!
Cheguei a pensar que eu fosse bruxo
Os colegas, de mim, ficavam rindo!
Só mais tarde é que assuntei
Que sou mesmo é Nordestino!
Aridez nunca foi minha essência
Mas árido não é meu coração
Chuva pra mim são gotas literárias
Ao tocar-me, floresce todo o meu chão!

nicodemosbezerra@gmail.com

170
A Vida tem Poesia

É gratificante poetizar
É muito bom declamar
Todos ficam a te escutar
e tu bem forte a ensinar
O teu poetizar.

A vida tem poesia, tem magia!

Núbia Holanda
A criança traz poesia
Carinho, alegria, beleza
Encanta-se com a natureza
Aprende tudo com louvor
Ama com sinceridade.

O sorriso da criança tem poesia, tem magia!

O jovem que estuda e trabalha


Diverte-se com boas amizades
Aprecia o belo, é um sonhador
Um poeta, um admirador.
A juventude traz, alegria.

O jovem tem poesia, tem magia!


O idoso tem experiência
Sabe bem poetizar.
O seu passado o seu presente
Em poema vai contar.
E ao mundo encantar!
O idoso tem poesia tem magia!

brilhantenubia@hotmail.com

171
Laços de Sangue

Quando eu morrer
Não contem aos meus inimigos
Guardem em segredo consigo
A notícia que a muitos alegraria,
Nem flores, nem velas, nem pesares
Ofertem na minha atroz partida
Somente aos meus poucos amigos falem,
Olegário Venceslau

Que me venham ver nesta última despedida.

Só levo uma saudade


É das insanas horas de meus febris delírios
Feito holocausto do próprio martírio,
Perseguido pelo fantasma de um homem cego,
Vou-me embora pras terras ermas
Dos imundos bosques, lançada na lama
É a alma de um pobre que na escuridão clama
Ébrio do próprio ego.

Permitam que eu leve comigo


Para as moradas do além esquecidas
Lembrança de outrora vivida,
Que pra sempre enterrada jaz.
Neste sombrio instante de êxtase
Meus desgostos, soluções e gritos
Ecoem pra mui além do infinito,
Saudades que não voltam mais.

ovs.literatus@hotmail.com

172
Novo Ninho

O coração pulsa ligeiro, mas não descompassa


Tudo que era dor, temor e solidão
Trazidos por esta vil recordação
Joguei pela janela do tempo
Transformando-os em belas asas
Que pairando no ar, ganharam distância
Mostrando-me que tudo passa.

Ozany Gomes
A ânsia alcançou a paz
Negligenciei seu abandono
E encontrei o entusiasmo...
De um novo ninho sou dono.

ozanygomes@gmail.com

173
Bahia

Da luta
Do labor
Da labuta
No dia a dia
Surge em meio ao Nordeste
Um cacto de poesia.
Palmira Heine

Da persistência
Do trabalho
Da alegria
Da inteligência
Surge em meio Brasil
Um cacto de resistência.

pavibheine@gmail.com

174
Inverno

Quando chega o inverno


Desabrocha a alegria
Todo mundo com euforia
Deixa tudo mais fraterno
Agradece ao pai eterno
Fazendo uma oração

Paulo Medeiros
E externa a emoção
De ver tanto relampejo
Se alegra o sertanejo
Quando chove no sertão

Quando chega a chuvada


Tudo fica bem verdinho
E os pássaros cedinho
Fazem festa na alvorada
Anunciando a chegada
Do inverno no torrão
Corre água sobre o chão
Para os rios do lugarejo
Se alegra o sertanejo
Quando chove no sertão

paulosantos.rn.sv@gmail.com

175
Sapos em Cantoria

Quando é inverno no sertão,


os sapos fazem reunião,
tocam tambores,
cantam e celebram a chuva.
E, com suas cantigas antigas,
trazem alegria e vida.
Paula Belmino

É quase uma canção de ninar


ouvir sapo cantar
quando a chuva chega ao sertão
para a esperança plantar.
As sementes adormecidas
na terra ressequida,
logo, como sapos sairão
a saltitar pela terra,
esverdeando o sertão.

belmino.paula@gmail.com

176
Amor verdadeiro

Ah o amor, ele é incondicional


É um sentimento forte, intenso
Ele é divino e também imenso
É inexplicável e sem igual.

Amor verdadeiro é imortal


E é por amar que assim penso

Pedro Poeta
Outra forma de amar eu dispenso
Pois amar é se entregar por total.

O amor é uma luz para a vida


O amor é uma forma de viver
Sem amor sua vida está perdida
Mas, com amor tudo pode renascer
Só o amor pra curar cada ferida
Pois, amando paramos de sofrer.

josenijps69@gmail.com

177
Desejo

Neste lugar de (des)encantos

Onde existe um sol a raiar

Rendem-se aqueles que lutam

Deixando cultura, terra, gente


Patrícia Santana

Exilando-se em outro lugar

Saudade no peito borbulha

Tentivas infindas pra tudo melhorar

Esperando, almejando, o dia de voltar

178
Maranhão

Somos do tempo de roça, do cair das folhas de algodão,


Que prosperou no Maranhão exuberante.
Mas que ainda esconde certos encantos.

Ronnie César Oliveira Silveira


Desde teu rural ao litoral fascinante,
Não resumidos em palavras e sentimentos
Que atravessam o coração deste estado em pontos mil.
Denominados por tantas belezas a se contemplar,
De um marco pequeno ao gigante,
Apresentados além de sua metrópole São Luís,
Que por trás de sua lenda serpente presente,
Fizera povoar toda a sua região maranhense.
Em cachoeiras, lençóis, igrejas e poesias,
Ao bem-querer de sua hegemonia.
Maranhão que amamos, terras de belezas e encantos mil,
Tua glória te faz vivo e enobrece tua alma,
Que diante de um universo armado e operante,
Tuas armas são vegetação, rios e litoral,
Que desarmam, nocauteiam e nos fazem pensar,
Como seria difícil de fato, a vida
Sem a tua beleza que nos traz esse admirar.

ronniesilveira@professor.uema.br

179
A Colina

Passa o vento naquela colina


Silencioso, não incomoda muita gente.

Passam os pássaros trazendo novas sementes


Alegres canções de verde resplandecente.
Raquel Lopes

Passa a neblina, que antes incomodava a vista


Nos montes
E nas campinas.
Cruzando com a vida.

Passa o templo natural e florido


Da terra e do arco-íris, meu querido.

Passa a felicidade nesta quinta.


Na fotografia colorida.

180
Pedacinho do Céu

Deus criou o universo


Fez tudo com muito amor
Olhou lá do céu para o Brasil
E um pedacinho lhe encantou
Era o Nordeste brasileiro

Regina Gonçalves
A grande obra do criador

Um paraíso na terra
De praias lindas, sem igual
De sol quente e veraneio
De encanto natural
De forró, axé, e vaquejadas
E do melhor carnaval

Deus olhou mais um pouquinho


E resolveu harmonizar
Deu um toque de humor
Para o nordestino exalar
Alegria para o resto do mundo
Com Poesia, literatura e cultura popular
Enfim muito feliz, Deus aos anjos revelou:
“O nordeste é o pedacinho do céu, fruto do criador”.

reginagoncalvesfp@bol.com.br

181
Rasuras

Corpo exposto,
Fluido rubro,
Versos rasgados no tempo,
Grito transpassado
na memória.
… Tuas mãos no apalpe,
Rejane Aquino

Gozo,
O giro das horas tortas,
Sangue correndo por dentro,
Pousada sem nexo,
Versos sem documento,
Tempo fértil,
Germinação.
Antes de tudo,
Minhas entranhas expostas
lançadas na (in)certeza do acaso

nannyreas@hotmail.com

182
A Pérola Irregular do Sertão

O sertão é um signo marcante na literatura. Tal signo nasce


da convergência de três vetores que, em muito, condicionarão o(s)
seu(s) sentidos: o das descrições da terra brasílica versus terra
lusitana, o do mundo rural versus mundo urbano, o do tempo
passado versus tempo presente. O sertão é lugar que se afirma e se
nega, é tempo, sobretudo, de outros tempos, é reino do fantástico
e do mítico... Do sertão irrompem manifestações e fatos estranhos

Rejane Souza
sobressaindo ora da força telúrica da terra, ora da ausência da água,
ora do furor dionisíaco do fogo, ora de epifanias estranhas do "ar",
do indeterminado.

Há, pois, a configuração de um sertão de natureza ambivalente


que se desdobra, para gerar o sertão geográfico: região apartada. O
sertão físico: o cacto, o chão... O sertão metafísico: o homem...

O sertão é esta estranha harmonia de homem e terra,


traiçoeiro, inesperado, perigoso e bondoso... Sertão é uma maneira
de viver e de ver o mundo, um lugar onde homens lutam para viver
e vivem para lutar... Um sertão de sim e de não.. Uma instabilidade
que faz o povo viver sob o signo da incerteza; no período da seca, e
da certeza no período das chuvas.

Mestrado em Literatura Comparada – Poeta-Ensaísta .

aminasouza@yahoo.com.br

183
Essa Morena

Essa morena é minha sorte


A quero num passo de xote
A quero num mote de chamego
A quero num safado aconchego
A quero num xodó enxerido
Com sorriso depois dum cochicho
Ricardo Morais

Dando nó de paixão no juízo


Dando sossego no que já foi sofrido
Morena do meu destino querido
Morena do meu abraço atrevido
Morena da minha canção
Tu mais eu riscando salão
Girando em mão e contramão
Pé com pé, cintura, mão com mão
Vamos levantando poeira nesse chão
Num balanço com ligeiro coração
Na mistura de suor com beijo
E de beijo com imenso desejo
No depois que não digo aqui não
Com ela quero tudo, do corpo ao coração...

rstmorais@gmail.com

184
Saudade

Tenho saudade do que não me deste


Das tardes perdidas de abandono
Onde dormi no teu colo,
E chorei no teu ombro
Tenho saudade das tuas mãos.
Estas que me negaram carinho,
Que muitas vezes desejei tocá-las,
E por medo de perder-te me escondi.

Rita Cruz
Me camuflei e sofri.
Hoje estou só...
Sofrendo por tudo que deixei de fazer.
Por medo de te perder,
E mesmo assim te perdi.

ritinhamcruz@gmail.com

185
Sinta

Sinta o mar,
Como se fosse meu beijo
Afagando em desejo,
Sinta o sol,
Como se fosse meu corpo
Rita de Cassia Soares

Queimando o teu,
Sinta a água,
Como se fossem
Minhas lágrimas banhando teu corpo,
Veja as estrelas,
Elas são o brilho, dos meus olhos
Veja o sol,
Sinta o calor,
Veja a lua,
E sinta que ela te ilumina;
Olhe o universo,
E veja quantos seres ele abriga,
Assim como o meu coração,
Que esconde um amor,
Que um dia você verá!

eccultura@gmail.com

186
Sou do Nordeste

Sou do Nordeste
Sou cabra da peste!
Homem esperto e destemido.
Das lágrimas faço sorriso.
Ora sou inferno, ora paraíso.
Sou a fúria do vento
Em noites de tempestades

Rita Guedes
Mas, também sou calmaria,
Sou espelho de bondade!
Sou do campo, sou da roça.
Sou a força da cidade.
Tenho braços fortes, sou vigor
Sou homem trabalhador
Sou vida, sou oceano, sou pétalas de flor.
Sou esteio, sou luz, fonte de amor!
Quem sou?
Sou Nordestino, sim senhor.

187
Chora Sertão

Chora, Sertão, chora,


Que tuas lágrimas molharão a minha terra,
E num sorriso agonizante, florescerão como d'antes
As flores que o sol teima em queimar.
Chora, Sertão... chora,
Chora pela chuva,
Que é saudosa lembrança
Brota esperança
Rita Pinheiro

Da vida quem viverá?


Chora, Sertão, chora,
O solo rachado te espera
Vou avisar a primavera
Que o outono não tardará.
Chora Sertão .chora,
Pelos filhos e filhas,
Que penam e oram Implorando pela chuva
Quem sabe virá?
Chora, Sertão,
Chora, pois a seca castiga
Hoje ninguém mais briga,
Pois, não tem porque brigar !
O gado morre à míngua
Sob o olhar daquele que também padece,
E é só chorar!
Abençoai, Senhor,
O Sol que cavalhereiscamente
Fará da chuva sua companheira
E como, moça, faceira
Embelezará o Sertão.
ritacbpinheiro@gmail.com

188
Tatuagens Ancestrais

Na minha pele, trago tatuadas


As marcas dos açoites
Banhadas com as lágrimas
Dos meus ancestrais.
No meu corpo, gritam as dores
Dos partos na senzala,
Dos defloramentos nas matas,

Rita Queiroz
Das queimaduras das sinhás.
Nos meus olhos, desfilam as cenas
De todos os dias:
De ódio, de intolerância, de negação
Dos séculos de escravidão.

rcrqueiroz@uol.com.br

189
Infernum

Maldita sejas tu, estrela abrasadora!


Desidratadora insaciável, amante do suor
Removes a paz que vem com a brisa
De ti se espera que sempre seja pior!

Esta luz e calor diurnos oprimem


Odiosos ditadores causadores de sofrimento
Roberto Noir

Do céu não surgem os anjos salvadores


E aqui na Terra proliferam-se os lamentos!

Emulando criaturas antes aladas e submissas


Que foram expulsas das alturas
Agora, apodrecem nas profundezas
Proferindo inúmeras blasfêmias e lamúrias!

Dessa forma, sentem-se bilhões de bípedes


Sofrendo com esta inquisição solar
Porém, mesmo assim, alimentam o calor
Incendiando o planeta que chamam de lar!

Neste tormento ígneo tudo se derrete


Vítima de um rei de meia-idade
Que possui súditos muito leais
A(u)tores de uma escaldante realidade!
kuroihitsugi10@gmail.com

190
Águas do Lago

Tuas águas têm as cores das ervas daninhas.


Tuas vielas têm as pedras sem simetria
Teus arredores têm as montanhas montanhosas.
O teu ventre não gera filho sem glória.

São as pedras que não servem de tropeço.

Rogério Batista de Sousa


São elas sem elegância ou nobreza real.
São humildes no alicerce e não têm preço.
Como a pedra deste reino, não há igual.

Deste lago não se pode beber da água.


É exclusiva de répteis e de seres pantanais.
Se dela provar e não for bicho, desfalece.

É água venenosa para os simples mortais.


Oh, nobre lago! Tu tens a água boa.
Dá de beber aos teus: os pobres e marginais.

kenedroger@hotmail.com

191
Vida Árdua , Guerreiro Gentil

Nordestino

És um povo obstinado
Destinado ao cumprimento da missão
De honrar doando até a própria vida
suas raízes, o seu solo, sua Nação
Rogério Coelho

Nordestino, deste solo és filho ímpar


Gentil soldado, resistência é tua insígnia
Tenazes homens que cultivam o chão escasso
Mulheres fortes, indeléveis ao cansaço

Manténs no sangue o amor à Pátria


Nutriente dos heróis
E apesar da vida árdua
Às vezes bem longe de casa
Irás, decerto, à batalha
Neste Brasil que te ama
Que tu honras e constróis

192
Conjugar o Amor

Eu nasci para ser feliz, eternamente conjugar


O verbo do infinito amor, no céu com o brilho
Das estrelas, do luar, do mar, contigo meu amor

Sinto teu cheiro perfumado como uma flor,


Com palavras recheadas, coloridas,
Poetizando nossa história de amor

Rogério Cruz
Volta para mim morena flor, preenche meu
Vazio acaricia meu íntimo, me envolvendo
Nesse teu sorriso, olhar de encanto

Traz tua alegria, paixão ardente e me faz


Sentir novamente esse teu amor que consome
O meu coração

Nesse universo paralelo metafísico, tua


Energia e magia envolvente, vêm com um
Brilho, mistério de reencontro, cósmico da
Vida, na certeza de reencontrar esse infinito Amor

Tudo que reencontrei foi surreal, acordo com


Esse amor em tudo que vejo, ainda sinto todo
Teu cheiro, o suor no lençol, o amor sedutor
Que conquistou meu coração, despertou em
Minha mente momentos de uma noite
Calorosa de amor

Imagino as loucuras de amor, desejo


Incessante de te amar outra vez, tocar
Novamente e sentir o gosto de um sincero Amor.

193
Criança, Luz dos Olhos Meus
Aos meninos da minha rua

Cada criança que me abraça


Deixa um pouco de mundos
Dentro e fora de mim
Um pouco de porquês
Recheados com pranto sem lágrima
Cada criança que me abraça
Rosângela Trajano

Deixa sorrisos na minha vida salgada


Cada criança que me abraça
Constrói castelos neste corpo cansado
Em meio à liquidez do amor
E das amizades frágeis
Cada criança que me abraça
Deixa um pouco de luz na minha escuridão
Eu sorrio infinitos no abraço de uma criança

7rosangelatrajano7@gmail.com

194
Bravo Povo Nordestino

Desta brava gente brasileira,


O mais bravo povo é o nordestino!

Roselena de Fátima Fagundes Nunes


Nascido da batalha verdadeira
Faz valer o viver e o seu destino!

De um povo heróico é a nação


Que fica no nordeste brasileiro!
É o berço da nossa Pátria e chão
A que devemos admiração e respeito!

Ao som do mar com lindas praias,


São as mais perfeitas da natureza!
A luz do céu profundo nas veias
Da terra nordestina de pura beleza!

roselenafagundes@hotmail.com

195
Sossega

Menina! Onde está o teu sonho?


Interpelava pra si, sem noção.
Gritava sua alma em aflição.
De semblante decaído estava o seu coração.
Porquanto procurava uma resposta exterior:
Roseli de Queiroz

Que lhe entregasse uma palavra amiga!


E despedaçasse as algemas da intriga!
Também libertasse o seu sonho de amor!
Estava em meio ao seu conflito interior...
De repente, dentro da garota ecoou:
"As mãos do destino vão bem mais além".
Pertinaz, o seu coração, se manteve em segredo.
Quando os olhos da realização citavam em enredo:
- Acalma a tua alma, que o seu sonho já vem.

196
Imperfeito Eu

Imperfeito eu,
Hoje acordei,
Não disse que AMO,
Não mandei flores,
Sequer digitei – bom dia.

Samuel Nascimento
Imperfeito eu,
Hoje acordei,
Não liguei,
Não ouvi sua voz,
Não cantei e nem sorri.

Imperfeito eu,
Hoje acordei,
Não dei atenção,
Neguei seu saber,
Tentei me enganar,
Mas não consegui.

Imperfeito eu,
Hoje acordei,
Nada fiz por AMOR,
Nada fiz por você.
Nada fiz. Nada fiz.
poetasamuelnascimento@gmail.com

197
A Saga do Assum Preto

Seu moço, de mim tenha dó


Assum Preto reclama a bondade,
Não me queira cantando em um tom só
Na solidão da noite que me invade.
Não me tire, seu moço, da vida
Sandemberg Oliveira

As imagens dos dias que nascem


A me ouvir cantar todo dia
Sem enxergar o amanhã que renasce.
Enquanto achas que canto
Não sabes a melodia da dor.
Meu canto, não é canto, é pranto,
Não enxergo o dia que raiou.
Não me tiraste só a liberdade,
Minh’alma também foi embora.
Só peço, seu moço, sem demora,
Que a morte me leve em viagem!

vanwaider@hotmail.com

198
Perfídia

A minha poética é falsa.


Às vezes ela me ilude com carinhos.
Outras vezes sova minha cara com verdades cortantes!

Ai que dor!!
Ela ama sacolejar meu coração enfermo,
Criança que é.
Eu não vou mais gostar de poesias!!!
Eu não vou mais externar minha poesia!!!

Sandra Moreira
Acordo surpreendida com viagens macias,
Cheias de verdades amorosas.
Aí a noite chega e percebo que não tenho Amores .
Somente dores.
Ai, ai, aaaiiii dores!
Esse abismo de sonhos,
Esta cratera no fundo do oceano cheia de amores inúteis.

Corta minha alma, corta minha face camaleoa.


Molda minhas emoções, desenha meu retrato multifacetado.
Hipócrita!
Como agora.

sandramoreiraray@gmail.com

199
Acróstico

Alma clara e pura


Na face de garota
A conquistar alegria

Chora a inocência
Amante da clemência
Silva Nunes

Resiste às maçãs
Lutando pelas utopias
À procura de um amor

jornalista.wp@gmail.com

200
Ecos do Nordeste

Pergaminho em sépia,
Rosa dos ventos, decifrada
Em bico de pena, pontos cardeais
Caminhos entrelaçados,
Silhueta imperial,
Fidalguia revelada!
O sultão desafia o destino
Na batalha de Alcácer Quibir,

Silvana Delácio
Dom Sebastião abatido
Para o mosteiro dos Jerônimos.

Sol vestido de luz


Irradia estrelas de sonhos
Travessia e clamores
Mães ancoradas em prantos,
Noivas sedentas ao relento.

Vendaval de flores
O pólen abstrai o beijo,
Flerta com o tempo,
Briga com o cravo,
E o girassol, despedaçado
Volta vento, sopra tempestade.

Pedras transmutam
Do litoral ao sertão
Da mata ao agreste
Nos Ecos do nordeste
Asa branca volta
Em voos rasantes
Com a promessa do
Amanhecer silvanadelacio@hotmail.com

201
Sertão de Mim!

Da poeira vermelha
Que se espalhava
Pelos quatro cantos
Encobri-me de repente
Fora tão sorrateiramente
Que nem sei precisar
A direção do soprar do vento
Fazendo meu cabelo encrespar
Silvia Mello

Solo seco, rachado


Morto, morto, morto...
Meu coração ansiava por uma gota
Da chuva que fosse
Para banhar a plantação
Meu viveiro de poesias
Já não brotava do chão
Almas iam e vinham
Rostos imprecisos, vagos, sem vida
Identidade reprimida
Olho cego de vulcão
Boca aberta, garganta seca
Pés atados ao chão
Até quando? Até onde?
Palmo a palmo
Solidão!

silviamellocantora@gmail.com

202
Soneto da Obediência

Senti sua boca me alimentar


Seus braços me deram abrigo
Sua testa esteve em meu umbigo
Seu tórax fez meu pulmão esmagar

Sinto-me dominada com seu olhar


Desejo, todo dia, por emancipação

Silvia Passos
Meu desejo recai na contradição
Ajoelho-me com o teu mandar

Não devemos nos fundir


Preciso que o afeto não me engula
Ainda que sem você eu possa cair

Quebrarei meus ossos no vazio


Sabendo que minha vontade me anula
Minha obediência retorna em um navio

silviapassospsi@gmail.com

203
Tempo

Senhor da história,
O tempo todo
Tudo dominas,
Determinas.
As estações
São microscópicas
Simône Linhares

Em teu passado, em teu futuro.


Tempo menino
Nunca descansa
Corre, brinca
O tempo todo
Nunca se cansa
Tempo novo
Para!...
Quero abraçar-te.

smonelinhares@gmail.com

204
Quem é esse Homem?

Jogado ao chão
Com a suja epiderme
O que restou de um homem
Comparado a um verme
Atraindo a atenção
Não desperta compaixão

Sirlia Lima
Nem se fosse um paquiderme
Como objeto em exposição
Desmaiado no calçadão
Bem em frente ao mar
Ninguém para se compadecer
Só mesmo a ignorar
Vivendo na contramão
Na vida só aspereza
Não se lançou ao mar
Para sua vida liquidar
Ninguém sabe de fato
O que aconteceu
Qual a história desse homem?
Onde foi que ele se perdeu?

sirlialima@hotmail.com

205
Pérola Negra

Vê-me, ó alma minha


Razão que não existe em ti
Esforçar-nos pelo tinido sinistro
Que evoca o ente querido
Pérola de realização
Pura purificação
Socorro Maciel

Transbordante de emoção
Chega sem nenhuma expertise
Fica em quadro de verniz
Desenfreando o adquirido sentimento
És negra em pérola
Matizes iguais e menos belos
Luma de inglória tão sutil
Do ser que me habita

mariaaraujo54@yahoo.com.br

206
Na Lenda do Amor

Lampiro, Pirilampo, Vaga-lume,


Caga-lume, Caga-fogo, Lumeeiro...
Todos brilham luzes o tempo inteiro...
Nenhuma luz é maior que o teu lume!

Sol Figueirredo
Vampiro, Drácula, Lobisomem...
Criatura viva ou ser do imaginário,
Do folclore és como um ser legendário...
Sugaste todo o meu sangue também!

Meu bem, meu mal... És meu único amor...


Eu sou tua, sou tola, sou ciúme...
Respiro só pra mim o teu perfume!

Suspiro doce do amor verdadeiro...


És tão perfeito, ser do cancioneiro!
Personagem real que irei compor...

207
O Amor até o Amanhecer

E a lua
Se insinua
Toda nua
Nesta noite
Insone e escura
Se joga em luz
Symara Tâmara

Sobre o meu corpo


Abandonado nesta rede
Refletindo a também branca
Reluzindo a também nua
Textura da minha pele
E ficamos eu e ela
Eu cá na Terra, ela no céu
E não sei o que acontece
Pois sua luz até parece
Mãos tocando o corpo meu
E até que o sol reapareça
Entre a lua e eu aconteça
O amor até o amanhecer.

symaratamara@hotmail.com

208
Imperiosamente, Quero Casar-me Contigo!

Uma forte brisa marinha que traz


O cheiro do mar e dos peixes...
Belas e diminutas Flores
Enfeitando a areia potiguar...
Oh Deus!... Que flores tão modestas
E amigas!... Pisoteio-as e ainda sorriem...

Teresa Lima Díaz


Caracóis aguardando ansiosos na beira
De uma solitária praia para juntos
Dançarem. Hoje o silêncio tomou
As rendas da minha boca sozinha
O andar é de tartaruga... Apenas
Desejo entrar na tua alma mar
E deixa-me levar pela tua correnteza,
Permita a meu corpo confundir-se
Com tua branca espuma...
Hoje imperiosamente eu preciso
Ser espuma... Apenas quero nadar
No teu rebanho de carneirinhas brancas...
Apenas ser parte do corpo
De um lindo mar, esquecer
Por um instante que vivo na terra.

teresacubanadiaz@gmail.com

209
Caminhos

Mesmo quem segue caminhos tortos


tem oportunidade de mudar,
refazer o caminho,
consertar os desatinos,
acertar as coisas,
Percorrer novos caminhos.
Tereza de Bulhões

A estrada da vida é longa


mas, urge melhorar.
Crescer e engrandecer,
Fazer o despertar...
As flores fenecem
Mas, os frutos aparecem.
A vida é curta...
Caminhos

210
Ela

Sentada em um café nas ruas de Paris. Apreciando a velha e


boa companhia do seu eu (in)dependente. Sobre a mesa repousava
um caderno de anotações e um lápis já gasto pelo tempo. Pensava
em registrar cenas, fatos, ocorridos. Mas poderia? Se o fizesse
deslocar-se-ia do lugar, daria margem a mil e um pensamentos
soltos. Inenarráveis. Aprumou-se na cadeira. Mais um gole de café.

Thayze Bezerra
Sentia-se cansada, triste. Aquele clima romântico abria gatilhos em
sua memória dos quais ela preferia esquecer. Seus pais! Estavam
a milhas de distância. A saudade era cruel, sabia exatamente que
rumo tomar quando achava pertinente. Desviou o olhar quando ele
se aproximou. Estava lindo! Talvez o frio fizesse bem à sua pele. Seu
sorriso largo lembrava o amor que sentira antes... como tinham se
apaixonado. Que paixão arrebatadora, luxuriosa, serena, intensa...
- Vamos, mamãe! – o menino pulava ao seu lado aninhando-se em
seu colo. Ela deixou a gorjeta do garçom junto à conta. Seu filho a
chamara. Não podia não o atender. Aquela voz era idêntica à do seu
pai, o que a tirou de mais um dos seus devaneios.

thayzebezerra@gmail.com

211
Quando Chega o Mês Junino

Quando chega o mês junino, é tempo de festejar ...


É Arraiá de “paimo e paimo”,
Do interior à capitar,
Tem sanfoneiro puxando o fole,
Triângulo e zabumba acompanhando,
Gente de todo canto dançando,
Arrastando o chinelo no velho xote,
Theo Netto

Onde até gringo aprende esse passo,


É só seguir no compasso
Do dois pra lá e dois pra cá

Junho é o sexto mês no calendário,


Mas, é o primeiro no coração de muita gente.
Quem disser que não gosta de junho,
Desperta logo um oxente!
Ou deve tá com algum problema na mente,
Ou porque é cheio de “arrudeio” e fica frescando,
Pois a cada dez pessoas que se pergunte
Qual é o melhor mês?
Onze respondem na lata
Que Junho é o melhor mês do ano.

t.netto7@hotmail.com

212
Louvor ao Rio Itapecuru

Eu venho lá de longe, lá do sul do meu lugar;


Entre serras e montanhas, demorei mas cheguei lá;
Sou filho desta terra, onde reina o babaçu;
Sou forte sou bravio, sou rio Itapecuru;

Tiago Oliveira
Te dou a vida, mato a fome no caminho até o mar;
Estou pedindo sua ajuda para não parar de caminhar;
Minhas matas são mais belas de todo o Maranhão;
Mariana e Gomes de Sousa, são filhos deste torrão;

De Mirador até Rosário sou filho de São José;


No meu leito tem piaba, acari e mandubé;
Do sabiá de Gonçalves Dias, até o raro Urú;
Ainda ouço canto das aves do Itapecuru.

213
Do Nordeste Sim, Senhor!

Falamos com muita satisfação de nossa região querida


Agradecemos a Deus pela localidade por ele escolhida
Para nascermos, produzirmos frutos e também poder viver
E vamos vivendo com muito orgulho, amor e bem-querer.

Nos dias de trovoadas, armazenamos água no sertão


Verônica Correia

No litoral tem praias abundantes para amenizar a situação


Tudo simples ou com requinte no nosso Nordeste é só beleza
Mesmo que a paisagem mostre até sua tristeza

Pois o sofrimento muitas vezes sem dó


Falta água, a terra racha e a plantação vira pó
Mas o calor humano se sobressai maciçamente
Pedimos proteção a Deus e fazemos também repente.

Que na voz de um violeiro ganha alegria e cores


Falamos da luta que travamos e até de nossas dores
Mas é de joelhos no chão que rogamos a divina proteção
Para que sejamos abençoados pelo Padre Cícero Romão.

psiveronica@gmail.com

214
O Mapa de Alagoas

Olhei fixo no mapa


Bem ali na minha frente
Algo atraiu os meus olhos,
Pelo formato diferente.

Verônica Galvão
Eu vi uma botinha!
Uma linda botinha, eu vi!
Como se fosse entrar no mar,
Tão fascinante, que jamais esqueci!

A estampa daquela botinha


Tinha recortes delimitantes .
Contei cento e duas cores
Em tonalidades diferentes.

De repente, aquela botinha,


Numa gaivota se transfigurou,
Bateu asas, saiu voando e
Por dezenove lagoas sobrevoou.

Ao voltar daquela viagem,


Desta vez se transformou
Num coração pulsando forte:
ALAGOAS me conquistou!

215
Doce Mar

Um galeão que navega


Na quimera de outro mar
Velejando invoca a vega
Ou quem possa o céu amar

Porém na sua demanda


Wellington Madeira

Buscando em terra ancorar


Recifes também encontra
Em ondas que os vêm beijar

Faróis que acenam de longe


A ilhas multibelezas
Ninfas presas da lisonja

Do vento sempre a cortejar


Ante poeira de estrelas
Que se banham no luar

padretito@bol.com.br

216
Teus Olhos Cor de Natureza

Teus olhos cor de natureza


Fez nascer em mim o desejo de ser desbravador
Calcei as botas pouco gastas
E iniciei na trilha de teu corpo cobertor. Desconhecido.
Minha boca, com sede de teus lábios e de água
Meu vazio, com medo do anoitecer e do teu silêncio

Wesley Marques
Teus cabelos fios de cachoeira, meu alento
Teu cheiro orvalho da manhã sobre um jardim
De flores que dormem, paz e mais
E assim, no meu temor, contemplando o cume
Do teu sorriso, continuo caminhando cansado
Para me manter ao teu lado
E ser abrigo
Como se toda essa natureza pudesse deitar em meu peito
Quero ouvir cada palavra do teu silêncio
E sentir o movimento de tuas folhas pairando sobre mim
Com seu toque tenro
Renascer junto com o sol. A-cor-dar. Recriar. E se pôr
Dentro do teu abraço
Me faço natureza também

wesleyfelipe777@gmail.com

217
Deixe-me Ser

Quando meu coração


Se fertilizar com amor
E minha mente germinar
As sementes da gratidão
Meu ser primaverará
Entenderá, que a caótica invernada
Weyd Sousa

Faz parte do cultivo da paz


Sem rega, a roseira tomba e a vida jaz
Hão de vir muitos arco-íris
Alguns não verei
Mas, saberei silenciosamente, que estão lá
Colorindo as cicatrizes
Queimadas pelo intenso verão
Não! Não desistirei
Porque cada ciclo traz em si
Uma nova promessa
Por favor, me deixe ir;
Não me impeça
De mais uma vez ser primavera
Neste outono onde caem as folhas
Da nova era

218
Ser Poeta é Ser o quê?

Segundo o sábio professor, poeta e jornalista maranhense,


Alberico Carneiro, se é atualíssima, ainda hoje, a teoria de Aristóteles
sobre a arte da poesia ou da poética, apresentando-a como imitação,
transformação ou mutação da realidade vista por outro ângulo, o
poeta é uma espécie de mago, feiticeiro, bruxo ou encantador.

Wybson Carvalho
Desse ponto de vista, ele, o poeta, pode transfigurar a linguagem
da semântica, isto é: fazer com que as palavras, à maneira dos
camaleões, passem por um processo mimético ou do mimetismo.
E, assim, como camaleão, que, para preservar-se dos predadores
mais perigosos, adapta a coloração da pele à cor do ambiente, para
fingir e confundir-se com a paisagem, também o poeta faz com que
as palavras imitem a cor da realidade, procurando inseri-las no
contexto semântico que corresponda à contemporaneidade.

O poeta português, Fernando Pessoa, traduz esse paradoxo ou


ambiguidade aristotélica sobre o ato da imitação à realidade: – “o
poeta é um fingidor/finge tão completamente/ que chega a fingir
que é dor/ a dor que deveras sente”. Já o poeta ludovicense, Nauro
Machado, outro ser humano incompreendido em seu tempo, se
confessa e, portanto, explica: – “a dor de ser poeta/ do ser fatal/
a dor de ser feroz/ é instante só/ mas que no ser demora e dura
e fere/ para que mais doa”. Já o conterrâneo e poeta-camaleão,
Salgado Maranhão, se faz poetar nas coisas: – “As coisas querem
vazar o poema/em sua crosta de enredos, as coisas querem habitar
o poema/para serem brinquedos. /Chove nas fibras de alguma
essência secreta e o poema rasga a arquitetura do poeta”...!
poetacxcarvalho@gmail.com

219
Lampião – O Confronto

Ao testemunhar sob o belo luar do sertão


Noventa e nove morrerão!
Assim dizia o cangaceiro Lampião
Ao seu fiel capacho Sebastião
Prepara... Prepara-te, negro Tião
E vê se não esquece o meu gibão
Xavier de Barros

Pois, os malditos macacos já estão no mato...


Só dezenove escaparão!
A velha tocaia já está armada
Como insídia... Como uma teia aguçada,
embutida, dentro de um velho porão!
Vou ensinar a esses vermes soldados
Como se dança um autêntico xaxado
Como os pés nas mãos!
Essa volante é um desacato
Feito praga, amaldiçoada que nos solapa...
Que nos devassa dentro de nosso próprio sertão!
A polícia não deveria ter me afrontado
Porque eu sou o rei do cangaço
O Virgulino Ferreira: o destemido Lampião!

xavierpoeta@hotmail.br

220
Sina Nordestina

Eu sou nordestino e no mundo desatino


De grande só tenho a fama de tanto esfaimar
Trabalhar, trabalhar, e o rico enricar.
Vivo como a natureza quer, quando aqui faz chover
Eu sou forte sou riqueza dos homens do poder

Zé Martins
Eu sou nordestino e no mundo desatino
Lutando na insistência, Deus tenha dó de mim
Desse povo tenha clemência
Meu alimento é a reza, pedindo pra chover
Plantar, plantar, ver tudo crescer para ter o comer

Eu sou nordestino e no mundo desatino


Já plantei de tudo vendo a seca acabar
O choro correr no rosto regando a plantação
Trabalho no sol a pino meio desamparado
No colo o choro do menino o soluço continua
Reclamando humilhado em ter na prece a proteção
O sustento e a alimentação

Eu sou nordestino no mundo desatino


Um dia vou me libertar e ninguém vai me enganar

zemartins2zm@gmail.com

221
Nordestina

Mulher disposta
Trabalho grosso braçal.
Quilômetros andados
Em busca do que beber,
Matando sua sede
Vai ao que comer,
Mas risos nos lábios
Zezé Negrão

Fascínio, vamos lá...


Chegando em casa,
O menino a chorar,
Fazendo papa de farinha
Estômago, vamos dar.
No amanhã cedinho
Rumo à estrada voltar,
A sertaneja a disputar.
Isto é o que é!
Uma mulher nordestina
A enfrentar vida difícil!
Mas, o chão ardente
Tem sempre o que ofertar...

222

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