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CARTA PARA MIM MESMO

Por Marcos Granconato


Prezado Pr. Marcos Granconato:
Eu não sou a melhor pessoa do mundo para lhe escrever uma carta.
Primeiro porque sou muito suspeito, já que, pelo que sei, sou o cara
que mais gosta de você. Isso pode fazer com que eu deixe de
perceber alguns dos seus defeitos.

Segundo porque sei coisas sobre você que ninguém sabe e talvez eu
deixe vazar aqui algumas informações que deveriam permanecer em
segredo. Seja como for, como você não tem lá muitas pessoas que
lhe digam a verdade na cara, acho que vale a pena arriscar lhe
passar algumas percepções pessoais a seu respeito.

Bom, basicamente estou escrevendo para dizer que está na hora de


você aceitar que perdeu a briga. Esse desejo velho que você tem de
tirar essa geração de crentes da sono para que busquem o Reino em
primeiro lugar... Cara, quem está dormindo é você! E sonhando! Essa
história de querer ser um "homem de fogo com língua de fogo" para
derreter os corações de gelo é conversa de quem não tem a
compreensão certa da realidade. Esse anseio de "ter uma voz de
trovão" para despertar todos os crentes apáticos parece mais uma
frase tirada das Crônicas de Nárnia (hehehe).

Que voz de trovão que nada! Sua voz é esganiçada, talvez por causa
daquele problema de formação na garganta. Boa parcela de seus
ouvintes somente suporta você, sendo que há até quem durma
durante seus sermões. Voz de trovão... Quanta ingenuidade! Como
você pode achar que nesta geração as pessoas vão deixar de lado a
apatia espiritual por causa de um sermão ou de um artigo seu? O que
você diz pra essa gente, meu amigo, tem o mesmo impacto de um
peixinho que esbarra num submarino nuclear! Ninguém nem sente!
Quer que eu prove? Então vamos lá...

Você fala e escreve sobre as pessoas irem mais à igreja. Resultado:


as pessoas vão menos à igreja. É só olhar para os cultos de quarta-
feira. Antes a frequência chegava a sessenta pessoas. Hoje só quinze
ou vinte participam. Pergunte para a irmã Dinah. Ela tem um
caderninho onde estão anotados os números dos participantes. Peça
depois para o Leandro Boer fazer um gráfico com os dados
fornecidos. Você vai cair de costas com o declínio geral da frequência
ao longo dos seus anos de trabalho.
Pense agora nos cultos da manhã. Eu sei que esse assunto mexe um
pouco mais com você porque lhe traz recordações da infância. As
manhãs ensolaradas de domingo, o disco evangélico tocando na
vitrola enquanto a família toda se preparava pra ir à EBD, o encontro
dos irmãos e dos coleguinhas ao longo do caminho da igreja...
Tempos que não voltam mais. Bom, veja como é agora. Você tem
que pedir para as pessoas virem pra frente ocupar os bancos vazios!
Depois de tanto tempo nessa igreja... Vinte anos pregando e
ensinando! E os membros ainda deixam os bancos vazios!
E quanto aos "crentes do mensalão", aqueles que vêm a igreja uma
vez por mês? Ah, agora eu contei o apelido que você dá a eles
secretamente: o pessoal do mensalão! Você não desistiu deles ainda?
Espera mesmo que se tornem intensos cooperadores? Ora, por
favor...

Acorde, meu querido pastor. O tempo está passando. Você já está na


casa dos cinquenta. Trinta anos de ministério já se foram. Talvez
você só tenha mais duas décadas de trabalho. E isso na melhor das
hipóteses! Porque não relaxa e aceita as coisas como são? Você
perdeu, meu amigo, você perdeu!

Lembra de Paulo, quando escreveu a segunda carta a Timóteo na


Prisão Mamertina? Lembra da realidade da igreja em volta dele?
Abandono, indiferença, apostasia e um horizonte cinzento pela frente.
Pastor, vivemos de novo tempos assim. Você já fez a conta de
quantas ovelhas suas apostataram, "amando o presente século" (2Tm
4.9)? Já notou quanta gente era intensamente assídua e agora não é
mais? Desculpe, eu sei que agora essa doeu!

Sim, estamos na Era Mamertina! Não adianta nutrir ilusões. Os


crentes de hoje são de gelo. Foi-se o tempo de dar a vida para o
serviço do Mestre, de empregar o máximo de tempo possível no seu
trabalho, no seu culto, na comunhão com seu povo. A Era Mamertina
veio para ficar. Sim, você perdeu!

Mas acredite: não tenho pena nenhuma de você. Acho até que seus
desejos e esforços surtiram (e têm surtido) resultado em alguma
medida, graças unicamente à ação do Espírito Santo. Além disso, eu
acredito mesmo naquilo que você diz sobre o despenseiro — que o
que se espera dele é que seja fiel, e não bem sucedido (1Co 4.2).
Também acredito que seu trabalho tem atingido o alvo supremo de
glorificar a Cristo. Nesse aspecto, penso sinceramente que seu
ministério até tem sucesso. Se isso serve para lhe animar, então aí
está.
Contudo, você precisa baixar suas expectativas em relação a um
grande número de membros da sua igreja. Eles pertencem a esse
novo tempo secularizado e indiferente para com as coisas de Deus.
Nunca conheceram aquele clima feliz das manhãs de domingo que
você viveu ao som da velha vitrola. Para eles, ir passear no domingo
ou ficar dormindo em casa, deixando a igreja de lado, é a coisa mais
comum do mundo. Fazem isso com o coração tranquilo, sem que sua
consciência sequer lhes dê uma leve espetadinha.

Por isso, meu conselho é que você faça em relação aos crentes de
hoje o que Paulo fez nos seus "tempos mamertinos". Ore dizendo:
"Que isto não lhes seja posto em conta!" (2Tm 4.16). Depois, peça
para alguém lhe trazer uma capa para se proteger do frio e os
pergaminhos para poder estudar (2Tm 4.13). Então, dê seguimento
ao seu ministério ao longo dos poucos anos que ainda lhe restam.

Lembra quando você disse que quer ser um soldado que "morre
atirando" (Como você é dramático, às vezes! Chega a ser
engraçado!). Pois bem, então morra! Prossiga falando, pregando,
debatendo, aconselhando, corrigindo, exortando... Enfim, continue
"atirando". Tão somente pare de se iludir e lembre-se de treinar bem
sua pontaria. Isso mesmo: treine bastante. Você deve estar ciente de
que os alvos vão ficar cada vez mais longe!

Deixo aqui o abraço humilde de quem lhe admira muito e acha você
um cara fantástico!
Pr. Marcos Granconato
Soli deo gloria

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