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Resumo
O subsídio desta semana (Lição 02 – 2º Trimestre de 2010 - de 11/04/2010) da Revista
“Lições Bíblicas” de Jovens e Adultos, que está abordando o tema “Jeremias – Esperança em
tempos de crise”, (um estudo no livro do Profeta Jeremias), traz o assunto Desvio Espiritual,
com o título “Os Perigos do Desvio Espiritual”. O texto áureo desta lição está registrado em
Jeremias 2.13, que diz: “Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o
manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas”. O
comentarista deste trimestre, Pr. Claudionor de Andrade extraiu do texto base (Jeremias 2.1-7,
12, 13), a seguinte verdade prática: “Não podemos compactuar com a apostasia. Ela tem de
ser erradicada de entre o povo de Deus, para que não venhamos a perecer em nossos
pecados”. Este subsídio tem como objetivo explorar profunda e exaustivamente este assunto;
não sendo, de forma alguma, a última palavra num assunto tão amplo. Espera-se contribuir,
assim, com os objetivos listados na lição bíblica que é: “explicar o que é apostasia;
compreender em que consistia a apostasia de Israel; e, conscientizar-se de que não podemos
compactuar com a apostasia, para que não venhamos a perecer”.1 Bons estudos!!!
Introdução
1
LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 12 p.
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Os perigos dessa atitude são imensos, e as conseqüências são terríveis. Jeremias tinha
como missão exortar o povo à obediência e alertá-los quanto à desgraça que se avizinhava de
suas fronteiras: os exércitos babilônicos2.
Apostasia
2
LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 05 p.
3
DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO. R. Laird Harris
organizador; tradução Márcio Loureiro Redondo, Luiz Alberto T. Sayão, Carlos Osvaldo C. Pinto – São Paulo:
Vida Nova, 1998 – 1534 p.
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LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 05 p.
5
DICIONÁRIO BÍBLICO WYCLIFF. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 450.
6
Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Apostasia, acessado em 08/0/2010, às 14h41
7
Idem
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“Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém,
dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me, a favor de ti, da devoção da tua mocidade, do amor
dos teus desposórios, de como me seguiste no deserto, numa terra não semeada.
Então Israel era santo para o Senhor, primícias da sua novidade; todos os que o devoravam
eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor. Ouvi a palavra do Senhor, ó
casa de Jacó, e todas as famílias da casa de Israel; assim diz o Senhor: Que injustiça
acharam em mim vossos pais, para se afastarem de mim, indo após a vaidade, e tornando-se
levianos?”
O que faz com que pessoas e estados e nações, favorecidas por Deus, afastarem-se, em
ingratidão, do Senhor dos Exércitos, mesmo depois de ser beneficiado por Ele? Qual a gênese
dessa continua disposição de afastar-se de Deus? Há incompatibilidade humana em relação ao
relacionamento com seu Criador?
Parece que a questão com Israel se dá desde antes de sua fundação como nação. Parece-
me que uma geração levantou-se, durante a estadia e posterior escravidão de Israel no Egito,
que não conhecia ao Senhor. O livro de Gênesis, mostra-nos que Jacó e sua descendência,
8
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Biblia. São Paulo. Editora Vida, 1995, 88 p.
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ajudado por José, seu filho; que, para Jacó, renasceu das cinzas, e adentrou no Egito, em
busca de proteção social: terra fixa, alimento, segurança pública. “Deus operou no coração de
Faraó a fim de que concedesse gratuitamente a Jacó e a sua família a parte do Egito
denominada Gósen” (PAUL HOFF, 1990)9.
Após passar quatro gerações, Israel, nesse período, passou de uma nação livre para um
povo escravizado, “com dureza os obrigará a servir como escravos e desse modo os
diminuirá em número; ao mesmo tempo se valerá deles para realizar a construção de obras
públicas”.11 É provável que o Senhor permitiu tão cruel opressão para despertar nos israelitas
o desejo de sair do Egito. “É provável que os israelitas estivessem tão contentes em Gósen
que se houvessem esquecido do concerto abraâmico pelo qual Deus lhes havia prometido a
terra de Canaã. Além disso, alguns dos israelitas, apesar de viverem em Gósen separados
dos egípcios, começaram a praticar a idolatria”.12 Tão grande foi sua decadência espiritual
que o Egito se converteu em símbolo do mundo e os israelitas chegaram a representar o
homem não regenerado.
O resgate de um povo, confuso acerca de sua religiosidade, mesmo após a guerra que se
travou, entre o Deus verdadeiro e os deuses egípcios, na conquista dos corações israelitas,
ainda, resultou em reconhecimento, pelos egípcios, da grandeza do Deus de Israel.
“... As pragas foram tanto sinais divinos que demonstraram que o Senhor é
o Deus supremo, como atos divinos pelos quais Deus julgou os egípcios e
libertou a seu povo... As pragas foram a resposta de Deus à pergunta de
Faraó: ‘Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei?’ (Ex. 7.17). Cada praga foi,
por outro lado, um desafio aos deuses egípcios e uma censura à idolatria.
Os egípcios prestavam culto as forças da natureza tais como o rio Nilo, o
Sol, a Lua, a Terra, o touro e muitos outros animais. Agora as divindades
egípcias ficaram em evidente demonstração de sua impotência perante o
Senhor, não podendo proteger aos egípcios nem intervir a favor de
ninguém... A água do Nilo converteu-se em sangue (Ex. 7.14-25). Foi um
golpe contra Hapi, o deus das inundações do Nilo. A terra ficou infestada
de rãs (Ex. 8.1-15). Os egípcios relacionavam as rãs com os deuses Hapi e
Ecte. A prega dos piolhos (talvez mosquitos) (Ex. 8.16-19). O pó da terra,
considerado sagrado no Egito, converteu-se em insetos muito
9
HOFF, Paul. El Pentateuco. Tradução de Luiz Aparecido Caruso. São Paulo: EDITORA VIDA. 3ª Ed. 1990.
92 p.
10
HOFF, Paul. El Pentateuco. 92 p.
11
HOFF, Paul. El Pentateuco. 106 p.
12
HOFF, Paul. El Pentateuco. 107 p.
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13
HOFF, Paul. El Pentateuco. 113-115 p.
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eram superiores em número e poder”.14 E, nas palavras de Josué “nenhuma promessa falhou
de todas as boas palavras que o Senhor falara à casa de Israel: tudo se cumpriu” (Js. 21.45).
Entretanto, após a morte de Josué, o povo israelita, agora em Canaã, mesmo depois de
tantas vitórias nos tempos de Josué, apostatou, mais uma vez, do Deus Vivo. Pois, “depois,
toda aquela geração se reuniu a seus pais; após ela surgiu outra geração, mas esta não tinha
conhecido nem ao Senhor, nem à obra que ele realizara em favor de Israel” (Jz. 2.10).
Fazendo o que era mal aos olhos de Deus.
Israel, nesse período, teve doze juízes (excluindo Abimeleque que foi um usurpador).
“A primeira metade do livro de Juízes nos dá um curto resumo de algumas
das apostasias de Israel durante os 450 anos em que governaram os juízes.
Os capítulos 17 a 21 fornecem uma descrição mais clara de um desses
períodos. O último versículo do livro oferece-nos uma explicação das
terríveis condições que prevaleceram nessa época: ‘naquele tempo, não
havia rei em Israel; cada um fazia o que era certo aos seus olhos’ (Jz.
21.25)”.15
Foi então, que, no 1º Livro de Samuel, a nação experimentava, agora, o duro golpe de,
por conta da apostasia de Israel, e, aos o fracasso do sacerdócio de Eli, uma fase
extremamente difícil. Samuel chegou a ser o chefe espiritual do povo e o mediador entre eles
e Deus. É neste contexto que a Arca da Aliança foi tomada de Israel, conforme especifica os
capítulos 4 e 5 deste livro.
“Esta era um símbolo da presença da glória do Senhor (Nm. 14.43, 44; Js.
3.6; 1 Sm. 14.18, 19; Salmos 132.8). Ela ia adiante dos israelitas nas suas
peregrinações pelo deserto e algumas vezes ante o exército em tempo de
guerra (Js. 3.6). Diante da arca os chefes consultavam a vontade do Senhor
(Ex. 25.22; Js 7.6-9; Jz. 20.37). Israel, em sua condição de apostasia, fez
uso supersticioso deste móvel sagrado, pensando que o seu mero uso formal
lhe traria a vitória. Confiaram ‘nela’ em vez de confiar no poder do Senhor
do qual era símbolo (1 Sm. 4.3). Sua grande aclamação no campo foi
apenas o resultado de entusiasmo natural”.16
Vemos, portanto, o desejo de Israel por um rei “O seu filho primogênito chamava-se
Joel, e o segundo Abias; e julgavam em Berseba. Seus filhos, porém, não andaram nos
caminhos dele, mas desviaram-se após o lucro e, recebendo peitas, perverteram a justiça.
Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram ter com Samuel, a Ramá, e lhe
disseram: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam nos teus caminhos. Constitui-nos,
14
PEARLMAN, Myer. Through the Bible Book by Book. Tradução de N. Lawrence Olson. São Paulo:
EDITORA VIDA. 26ª Ed. 2005. 41 p.
15
Idem. 45-47 p.
16
Ibidem. 52-53 p.
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pois, agora um rei para nos julgar, como o têm todas as nações. Mas pareceu mal aos olhos
de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei para nos julgar. Então Samuel orou ao Senhor.
Disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não é a ti que
têm rejeitado, porém a mim, para que eu não reine sobre eles. Conforme todas as obras que
fizeram desde o dia em que os tirei do Egito até o dia de hoje, deixando-me a mim e servindo
a outros deuses, assim também fazem a ti. Agora, pois, ouve a sua voz, contudo lhes
protestarás solenemente, e lhes declararás qual será o modo de agir do rei que houver de
reinar sobre eles”.(1 Sm. 8.1-9).
Mais uma vez, Deus, demonstra a ingratidão de Israel, quando lembra seus feitos em
favor daquele povo desde os tempos da libertação no Egito, culminando, agora, na sua
rejeição.
Algumas questões precisam ser levantadas aqui: Qual era a razão de desejar um rei?
Qual era o plano de Deus para a nação? Qual foi a escusa do povo para exigir um rei? Até que
ponto se identifica Deus com seus servos? Permitiu Deus ao povo fazer sua vontade? Que tipo
de rei disse o Senhor que teriam? Quem tinha previsto que Israel ia querer um rei? Desanimou
ao povo a descrição do Senhor de seu futuro rei? Que fez o Senhor então?
Samuel ora, e, em resposta à sua oração, Deus ordenou a Samuel que concordasse, mas,
ao mesmo tempo, que avisasse ao povo do alto preço nisso envolvido (1 Sm. 8.9ss). O povo,
porém, não se deixou dissuadir; a monarquia fora um fracasso.
(1) O Grupos Abrâmicos, tendo como patriarca Abraão, “o hebreu”, cuja designação
não especifica um povo, mas um adjetivo, que demonstrava sua situação jurídico-social:
viviam nas estepes. Sendo pastores de ovelhas, eram seminômades, obrigados aos processos
migratórios denominados “transumância” anual e à “transmigrações” ocasional. A família era
auto-suficiente e autárquica, sua conduta, religião e ritos eram baseados no Deus (pessoal),
identificado como Javé, que se volta para a valoração da família. Não tinham uma forma de
culto citadina. Entraram no Egito devido à fome, onde permaneceram por longa data.
(2) O Grupo Mosaico, eram os hebreus (oprimidos por faraó), que contribuiu com o
evento libertador na saída do Egito, o que é fundamental na síntese da fé israelita e existência
do povo de Deus. Apesar de haver outros grupos que fugiram da opressão, o grupo mosaico se
destacou devido ao seu enfrentamento do centro do poder egípcio, e haver visto a derrota de
faraó, identificam Deus, como o Deus que age, que é.
(3) Do Grupo Sinaítico, Israel, herda (ou resgata) o culto a Javé, que não era de todo
desconhecido dos moradores da península do Sinai, adorado pelos edomitas, mas
desconhecidos dos “hebreus” que saíram do Egito. Aqui Deus se revela como o Deus, único,
que não admite outros deuses. Onde a forma de culto é determinada de forma não mais
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campesina, mas citadina, tendo a partir de então, aliança, lugar, sacerdócio e formas de culto,
específicos. Javé é adorado como Deus único, Deus de Abraão, Isaque, Jacó, dos hebreus do
Egito, que fala... enfim, tudo que é dito da ação divina é dito de Javé, o Deus do “agir”.
Observamos, por exemplo, que o tribalismo igualitário possui um forte peso ideológico,
o referencial religioso. Nesse referencial havia o advento da guarda do sábado, que foi um
ativador da coesão grupal, mas incapaz de produzir uma poupança interna, refletido em
riqueza. A função das festas religiosas reforçava a narrativa histórica da libertação, reforçando
o sentimento de autonomia dos clãs, pois a religião javista (do Deus dos Exércitos), foi
implementada num contexto pró-tribal, pró-liberdade, pró-partilha, pró-luta libertadora, o que
vislumbrava oposição ao sistema religioso nas cidades-estados. Aí, onde deveria ser o
referencial catalisador, foi, na realidade, frágil e dissipador, pois era uma “formulação de
minorias levíticas e proféticas”. Portanto, em termos de alcance rivalizava com o baalismo, de
maior adesão e de fácil compreensão.
O advento do ferro, este marco, para quem dominava essa “nova” tecnologia, deu-lhe
vantagens sobre os outros. Possibilitou derrubar árvores sem dificuldades, melhorar o solo,
arando-o; dando, assim, mais poder e, conseqüentemente, o início do fim do igualitarismo e,
iniciando a diferenciação social, onde se formaram elites entre os israelitas, e o agravamento
da discrepância entre ricos e pobres. O gado, por exemplo, adentrou na economia tribalista
exigindo, na sua criação, a defesa de território, aprofundando as desigualdades sociais, pois
tirou terras de plantio, transformando-as em pasto. O tribalismo por ser familiar e solidário
sofre com as mudanças ocorridas, fazendo com que haja esfacelamento social, seja pela
pobreza ou pela desintegração dos clãs menos desenvolvidos. Houve aprofundamento da
exclusão social, e entre para as mulheres, houve opressão pois a liderança dos clãs ficaram
majoritariamente machistas.
Com esse desequilíbrio entre as tribos, houve necessidade de um estado, onde uma tribo
exerceria hegemonia sobre as outras. Os novos ricos (latifundiários) promoveram a
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monarquia. Os templos tiveram, também, papel fundamental nessa transição, ainda que
inconsciente, neles eram comercializadas as sobras das ofertas em agradecimento a Deus, que
recebia, por ocasião das festas religiosas. Assim aumentava o comércio, e a riqueza dos
templos. As estradas necessárias ao comércio fragilizavam as tribos, uma vez que o comércio
exigia mobilidade de pessoas e produtos, causando o esfacelamento, através das estradas, do
convívio familiar. Separados pelas estradas, formavam novos núcleos, facilitando o
intercâmbio até mesmo com outras nações. Assim, a monarquia foi sendo necessária para dar
segurança às estradas e ao comércio. Com o exclusivismo às elites, grupos de empobrecidos,
escravos e fugitivos foi aumentando no final do século 11. Aí se vê a decadência do
tribalismo, sem condições de superar seus impasses: acúmulo reunido de riquezas por alguns,
a partir da produção, do gado, dos templos, das estradas. Esse acúmulo vai deixando pelas
estradas os empobrecidos, mulheres escravas, crianças indefesas. Não houve espaço mais ao
tribalismo. Com a monarquia poder-se-ia reintegrar os excluídos: pobres endividados e
amargurados de espírito.
A monarquia foi estabelecida em Israel, primeiramente sob Saul, e depois sob David,
além de ser consolidada com as gerações posteriores. As fontes que sustentam esse estado são
fornecidas através do controle, por parte do estado, do excedente da produção e,
conseqüentemente da riqueza social, através da tributação, que nada mais é que “a troca” dos
serviços do estado pela entrega de parte da colheita. O templo e as festas religiosas continuam
a exercer papel fundamental, mas, desta vez, como órgão arrecadador. A religião javista passa
a ser a religião das pessoas tributadas e do estado tributarista. Até mesmo o trabalho para o
estado era um tipo de tributação (corvéia). O comércio foi tributado. Dessa forma o estado
controlava o excedente dos produtos.
Concluímos que a monarquia não foi uma imitação de outras nações, mas sim, uma
necessidade não suprida pelo tribalismo, da nova ordem social que era estabelecida em vista
do desenvolvimento e das falhas do próprio sistema tribalista. E esse novo estado se constitui
a partir de Jerusalém. Evidentemente, que a falência do sistema tribalista está associada à
constante apostasia de Israel.
“A atuação dos profetas é concreta”, “eles são intérpretes da história”. Sua aparição
deu-se ao instalar da monarquia em Israel. Há um inter-relacionamento entre profetas e reis. A
monarquia de Israel foi divida em duas: Reino do Norte e do Sul. Em 722 a.C., o Reino do
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Agora, com os profetas literários, a partir do 8º século, temos um novo momento desde
Amós, sem nunca deixarem de se assemelharem com os pré-literários no tocante às injustiças
aos pobres e o combate à idolatria. Eles, agora, fazem uma análise do todo, das estruturas
inadequadas, conteúdo e propostas. São eles: Amós (campo) e Oséias (clero do campo), que
atuaram no Norte, enquanto que no Sul, foram Isaías (Jerusalém) e Miquéias (campo). “Por
um lado, dão destaque maior à denúncia da opressão dos fracos e da idolatria”, por outro,
“entendem a opressão e idolatria como males que corroem e deterioram o conjunto da
sociedade”, de forma mais ampla, com maior aprofundamento e radicalização do que os “pré-
literários”, ameaçando o reinado e suas dinastias. Prevêem o fim das estruturas, tais como:
monarquia, dinastia, capital/cidades, templos, exércitos, propondo uma revitalização da
experiência tribal.
Toda essa ênfase deve-se ao fato de os profetas estarem localizados num contexto
social caracterizado pelo conflito entre cidade e campo, ou seja, de uma sociedade tributarista.
De um lado estão as cidades, que não era um centro de produção, mas sua força vem do
exército e na eficiência administrativa, além da coordenação do conjunto social. Do outro
lado estão: as vilas, os camponeses, a maioria da sociedade. Os camponeses não têm como se
defender (exército), já “as cidades são capazes de suprir essa deficiência: suas armas – a
serviço dos camponeses! – podem protegê-los contra os invasores”, em troca de uma parcela
de sua produção. O conflito se dá aí, pois à medida que a cidade cresce, aumenta a
necessidade de mais produtos dos camponeses, aumentando sobremaneira a tributação ao
campesinato, promovendo uma desigualdade acentuada, assim como acorria nos dias de
Salomão, passou a ocorrer no imperialismo do 8º século.
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Com a invasão dos assírios em Judá, Jerusalém foi quase destruído, mas Manasses,
então rei de Judá, paga tributos e torna-se aliado dos assírios, inclusive exterminando muitos
dos profetas (2Rs. 21.16), que denunciavam essa aliança. Em 640, o filho de Manasses foi
deposto com o enfraquecimento da Assíria, e Judá renasceu com vigor nacionalista. Então o
“povo da terra” entronizou Josias, na época com 8 anos de idade.
Os profetas observavam a renovação nacional pela qual Judá passava, pois a reforma
josiânica era conseqüência das teses fundamentais das profecias, apesar de nem tudo
corresponder às visões. Mas, o perigo de novas invasões imperialistas ameaçava Judá: os
egípcios e babilônios. A guerra entre essas duas grandes nações prejudicou Judá, uma vez que
se situava entre os dois. Apoiar-se no Egito para livrar-se da Babilônia foi fatal. Assim os
babilônios arrasaram as cidades, capital e templo em 597 e 587.
Ezequiel e Jeremias profetizaram nessa época, esse último, afirmou: “Metei o vosso
pescoço no jugo do rei da Babilônia” (Jr. 27.12). Naum foi o profeta que iniciou a nova fase
criticando socialmente, com ênfase aos pobres, em torno de 650. Sofonias, em torno de 630,
analisou a situação de Jerusalém: “opressora, rebelde e manchada de sangue” (Sf. 3.1), mas há
esperança no “povo da terra” e no “povo enfraquecido e oprimido” de Jerusalém (Sf. 2.3;
3.12). Jeremias teria sido contemporâneo de Sofonias, em torno de 630. Oriundo da vila de
Anatote, começou a profetizar em Jerusalém até após a sua destruição, quando foi deportado
para o Egito. Denunciou, inicialmente, a idolatria e a centralização dos sacrifícios em
Jerusalém. Estava preso quando Jerusalém foi tomada, os novos conquistadores o libertaram e
deram-lhe a opção de ficar em Jerusalém ou ir deportado para Babilônia. Escolheu
permanecer em Judá. Para Jeremias a história de Deus com seu povo continuaria na terra (Jr.
32). Ezequiel entendeu que a história se desenvolveria na Babilônia com os deportados, junto
ao rio Cobar (Ez. 3.15). Ele mesmo era um exilado. De sacerdote a profeta, Ezequiel atuou até
570. Em suas esperanças, o templo ocupa lugar de especial destaque e leu os sinais dos
tempos à luz da opressão e escravidão. Os dois profetas, apesar de realidades diferentes,
tomam como ponto de partida, os mais fragilizados: um, do campesinato judaíta, e, outro, das
dores dos exilados.
Habacuc, profeta, iniciou seu ministério em torno do ano 600, junto ao templo de
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Jerusalém (Hb. 2.1-3), aprofundou em sua crítica social e em defesa do pobre “que é
devorado” (Hb. 3.14). Obadias é a expressão da dor de quem vivenciou a presença de
edomitas entre as tropas babilônicas, ajudando a destruir o templo.
Jeremias e Ezequiel anunciam o novo Davi (Jr. 23.5,6; Ez. 37.24). Esse novo
davidismo há de ser “crente em Javé e amante da justiça, não idólatras e injustos como a
maioria dos monarcas que Israel e Judá conheceram”.
Os profetas não são “criadores” e nem “donos” do que dizem e vêem. São chamados e
falam em nome de Javé, são até mesmo “seduzidos” por Deus (Jr. 20.7). Sua ferramenta é a
palavra, essa vinda de Deus. A palavra não está solta, mas, vinculada ao contexto em que se
instala. A palavra profeta inclui o risco, que o digam Isaías, Amós e Jeremias (Is. 52.-53).
Apesar disso, a palavra profética é dom de Deus, os profetas não são meros alto-falantes, mas
são mensageiros situados e contextualizados especificamente e com palavras peculiares. São,
em última análise, intérpretes dos projetos de Deus na história. Possuem independência
teológica, fazem leituras diferentes de mesmos fatos, mas é a palavra de Deus que atua na
realidade, portanto, “o verbo se fez carne”.
Eles não formam escola, não tem tradições, não tem sucessão, como os “pré-
literários”. Nos “literários”, um profeta não tem nada com o outro. Não é a tradição que faz o
profeta, e sim, é dom de Deus. (Is. 61.1-3).
O texto que exemplifica bem a sua pregação neste período é Jr 2.1-37. É um texto
escrito em um gênero literário muito usado pelos profetas, o rîbh (= processo). Funciona
assim: parte-se do pressuposto de uma aliança entre as duas partes em questão, Iahweh e
Israel. Iahweh abre, então, através do profeta, um processo contra Israel, motivado por sua
quebra do pacto. Como parte ofendida, Iahweh convoca a natureza como testemunha,
questiona o comportamento de Israel, relembra os benefícios passados e ameaça com uma
punição.
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Neste texto, rico em imagens, à moda de Oséias, Jeremias relembra com nostalgia a
fidelidade dos primeiros tempos e a contrapõe à infidelidade atual, pois Israel trocou Iahweh
pelos ídolos que nada valem e não podem socorrê-lo na hora do aperto.
A proclamação de uma nova aliança, onde o javismo não precisaria de mediações para
ser vivido, é a radicalização utópica de sua pregação. É o sonho de Jeremias.
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hábito ficou tão enraizado, tão fixo, na sua natureza que se tornou tão
incapaz de mudar a sua natureza pecaminosa, como seria para o leopardo
mudar as suas malhas (Jr. 13.223)”e vós sereis17
O sinal profético nos últimos dias é a apostasia, descrita por Paulo nos seguintes
termos: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé,
dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios”.
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CRABTREE, A. R. Teologia do Velho Testamento. 5º Ed. – Rio de Janeiro: JUERP, 1991. 151-152 p.
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Conclusão
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Referências
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo, Sociedade Bíblica do Brasil.
BÍBLIA. Português. Novo Testamento King James – Edição de Estudo. Tradução King James
Atualizada (KJA). São Paulo, Sociedade Ibero-Americana.
HOFF, Paul. El Pentateuco. Tradução de Luiz Aparecido Caruso. São Paulo: EDITORA
VIDA. 3ª Ed. 1990.
LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010.
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Biblia. São Paulo. Editora Vida, 1995.
PEARLMAN, Myer. Through the Bible Book by Book. Tradução de N. Lawrence Olson. São
Paulo: EDITORA VIDA. 26ª Ed. 2005.
18
Evangelista, pastor AD Thelma. E-mail: valtergislene@uol.com.br
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