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Subsídios para Escola Bíblica Dominical

Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Ministério de SBCampo

OS PERIGOS DO DESVIO ESPIRITUAL

Resumo
O subsídio desta semana (Lição 02 – 2º Trimestre de 2010 - de 11/04/2010) da Revista
“Lições Bíblicas” de Jovens e Adultos, que está abordando o tema “Jeremias – Esperança em
tempos de crise”, (um estudo no livro do Profeta Jeremias), traz o assunto Desvio Espiritual,
com o título “Os Perigos do Desvio Espiritual”. O texto áureo desta lição está registrado em
Jeremias 2.13, que diz: “Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o
manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas”. O
comentarista deste trimestre, Pr. Claudionor de Andrade extraiu do texto base (Jeremias 2.1-7,
12, 13), a seguinte verdade prática: “Não podemos compactuar com a apostasia. Ela tem de
ser erradicada de entre o povo de Deus, para que não venhamos a perecer em nossos
pecados”. Este subsídio tem como objetivo explorar profunda e exaustivamente este assunto;
não sendo, de forma alguma, a última palavra num assunto tão amplo. Espera-se contribuir,
assim, com os objetivos listados na lição bíblica que é: “explicar o que é apostasia;
compreender em que consistia a apostasia de Israel; e, conscientizar-se de que não podemos
compactuar com a apostasia, para que não venhamos a perecer”.1 Bons estudos!!!

Palavras-Chaves: Apostasia; Santidade divina; Vontade de Deus.

Introdução

É impressionante a capacidade humana de deixar os caminhos do Senhor!! Não é uma


característica própria de Israel, mas de toda a humanidade, que em Israel encontra sua
reverberação. A discussão entre vontade de Deus e vontade humana está envolto da
resistência da humanidade em conviver com o Deus Todo-Poderoso, sem contudo
compreender a questão dualística e incompatível entre “Santidade divina x Impiedade
humana”. O resultado do afastamento de Deus permitiu o domínio do pecado em toda a esfera
da humanidade, trazendo morte, dor, sofrimento, ilusão, engano, falsidade, crueldade. Mas,
principalmente, a decisão voluntária do homem de afastar-se do Senhor.

1
LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 12 p.

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Os perigos dessa atitude são imensos, e as conseqüências são terríveis. Jeremias tinha
como missão exortar o povo à obediência e alertá-los quanto à desgraça que se avizinhava de
suas fronteiras: os exércitos babilônicos2.

Procuraremos, portanto, definir o significado de apostasia, para em seguida demonstrar


os fatos históricos e religiosos que proporcionaram o afastamento de Israel, para em seguida
concluir com a atualização da mensagem para a contemporaneidade.

Apostasia

Apostasia (hebraico, m’shûbâ) tem como sinônimos os termos “deslealdade” e


“descrença”. Esse substantivo aparece 12 vezes, nove delas em Jeremias (Jr. 3.6, 8, 11, etc.).
Duas vezes em Oséias: 11.7 (aqui a apostasia [ARA, “desviar-se”] se tornou um estilo de
vida) e 14.5 (que ensina que Israel ainda pode ser curado de tão lamentável situação).
Somente em Provérbios 1.32 , m’shûbâ é aplicado ao individuo: “os néscios são mortos por
seu ‘desvio’”.3 “Jeremias tem como missão exortar o povo à obediência e alertá-los quanto à
desgraça que se avizinhava de suas fronteiras: os exércitos babilônicos”.4

“A apostasia deve ser diferenciada da ignorância ou da falta de conhecimento, bem


como da heresia, que é um conhecimento errado (2 Tm. 2.25, 26). Os homens podem ser
salvos da ignorância, mas não da apostasia. Ela é caracterizada por uma rejeição deliberada da
divindade de Cristo (1 Jo. 2.22, 23; Judas 4) e sua morte expiatória” (Fp. 3.18).5
Apostasia (em grego antigo απόστασις [apóstasis], "estar longe de"), não se refere a
um mero desvio ou um afastamento em relação à sua fé e à prática religiosa. Tem o sentido de
um afastamento definitivo e deliberado de alguma coisa, uma renúncia de sua anterior fé
ou doutrinação. Pode manifestar-se abertamente ou de modo oculto.6
As igrejas cristãs trinitarianas, consideram apostasia o afastamento do fiel do seio da
igreja invisível, universal, para abraçar ensinos contrários aos fundamentos bíblicos, o que é
denominado heresia. Para os trinitarianos, após conhecer o evangelho e estar envolvido com a
Palavra Sagrada, para depois negar que a salvação vem de Jesus como único e suficiente
salvador é apostatar do ensino mais básico do cristianismo. Este tipo de apostasia é
considerado extrema ingratidão e ponto central entre todas as igrejas trinitarianas.7

Temos de ter cuidado para não, deliberadamente, afastar (apostatar) da fé em Cristo


Jesus, nosso Senhor e Salvador.

2
LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 05 p.
3
DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO. R. Laird Harris
organizador; tradução Márcio Loureiro Redondo, Luiz Alberto T. Sayão, Carlos Osvaldo C. Pinto – São Paulo:
Vida Nova, 1998 – 1534 p.
4
LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010. 05 p.
5
DICIONÁRIO BÍBLICO WYCLIFF. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 450.
6
Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Apostasia, acessado em 08/0/2010, às 14h41
7
Idem

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Israel: Uma História de Apostasia

“Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém,
dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me, a favor de ti, da devoção da tua mocidade, do amor
dos teus desposórios, de como me seguiste no deserto, numa terra não semeada.
Então Israel era santo para o Senhor, primícias da sua novidade; todos os que o devoravam
eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor. Ouvi a palavra do Senhor, ó
casa de Jacó, e todas as famílias da casa de Israel; assim diz o Senhor: Que injustiça
acharam em mim vossos pais, para se afastarem de mim, indo após a vaidade, e tornando-se
levianos?”

O ministério profético de Jeremias começa anunciando à Jerusalém os feitos benéficos


de Deus em seu favor, e, a conseqüente reação inesperada da ingratidão desproporcional e
decepcionante dos israelitas.

O que faz com que pessoas e estados e nações, favorecidas por Deus, afastarem-se, em
ingratidão, do Senhor dos Exércitos, mesmo depois de ser beneficiado por Ele? Qual a gênese
dessa continua disposição de afastar-se de Deus? Há incompatibilidade humana em relação ao
relacionamento com seu Criador?

“Pecado e Culpa. Notemos as evidências de uma consciência culpada. ‘Então


foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus’. Expressão
usada para indicar esclarecimento milagroso ou repentino (Gn. 21.19; 2 Rs.
6.17). As palavras da serpente (versículo 5) cumpriram-se; porém, o
conhecimento adquirido foi diferente do que eles esperavam. Em vez de fazê-
los semelhantes a Deus, experimentaram um miserável sentimento de culpa
que os fez ter medo de Deus. Notemos que a nudez física é um quadro de
uma consciência nua ou culpada. Os distúrbios emocionais refletem-se
muitas vezes em nossas feições. Alguns comentadores sustentam que antes da
queda, Adão e Eva estavam vestidos de uma auréola ou traje de luz, que era
um sinal da comunhão com Deus e do domínio do espírito sobre o corpo.
Quando pecaram, essa comunhão foi interrompida; o corpo venceu o espírito,
e ali começou esse conflito entre a carne e o espírito (Rm. 7.14-24), que tem
sido a causa de tanta miséria. ‘E coseram folas de figueira, e fizeram para si
aventais’. Assim como a nudez física é sinal de uma consciência culpada, da
mesma maneira, o procurar cobrir a nudez física é um quadro que representa
o homem a procurar cobrir sua culpa com a indumentária do esquecimento ou
o traje das desculpas. Mas, somente uma veste feita por Deus pode cobrir o
pecado (verso 21). ‘E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim
pela viração do dia: e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor
Deus entre as árvores do jardim’. O instinto do homem culpado é fugir de
Deus. E assim como Adão e Eva procuraram esconder-se entre as árvores, da
mesma forma as pessoas hoje em dia procuram esconder-se nos prazeres e
em outras atividades”.8

Parece que a questão com Israel se dá desde antes de sua fundação como nação. Parece-
me que uma geração levantou-se, durante a estadia e posterior escravidão de Israel no Egito,
que não conhecia ao Senhor. O livro de Gênesis, mostra-nos que Jacó e sua descendência,

8
PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Biblia. São Paulo. Editora Vida, 1995, 88 p.

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ajudado por José, seu filho; que, para Jacó, renasceu das cinzas, e adentrou no Egito, em
busca de proteção social: terra fixa, alimento, segurança pública. “Deus operou no coração de
Faraó a fim de que concedesse gratuitamente a Jacó e a sua família a parte do Egito
denominada Gósen” (PAUL HOFF, 1990)9.

“Gósen era a região nordeste do delta do Nilo, separada geograficamente do


restante do Egito, mas a vinte quilômetros da sede central de José, Tânis.
Era um lugar rico e ideal para que os israelitas levassem uma vida separada
dos egípcios. Podiam ali viver juntos, multiplicar-se, conservar seus
costumes e falar seu próprio idioma. Também seu trabalho como ‘pastores’
ficava protegido da influência egípcia, pois os egípcios menosprezavam os
pastores (Gn. 46.34). Muito tempo antes, Deus havia revelado que seu povo
viveria em terra estranha (Gn. 15.13-16). Agora estava por cumprir-se. José
foi o instrumento escolhido para transferir os israelitas para o Egito.”
(PAUL HOFF, 1990).10

Após passar quatro gerações, Israel, nesse período, passou de uma nação livre para um
povo escravizado, “com dureza os obrigará a servir como escravos e desse modo os
diminuirá em número; ao mesmo tempo se valerá deles para realizar a construção de obras
públicas”.11 É provável que o Senhor permitiu tão cruel opressão para despertar nos israelitas
o desejo de sair do Egito. “É provável que os israelitas estivessem tão contentes em Gósen
que se houvessem esquecido do concerto abraâmico pelo qual Deus lhes havia prometido a
terra de Canaã. Além disso, alguns dos israelitas, apesar de viverem em Gósen separados
dos egípcios, começaram a praticar a idolatria”.12 Tão grande foi sua decadência espiritual
que o Egito se converteu em símbolo do mundo e os israelitas chegaram a representar o
homem não regenerado.

O resgate de um povo, confuso acerca de sua religiosidade, mesmo após a guerra que se
travou, entre o Deus verdadeiro e os deuses egípcios, na conquista dos corações israelitas,
ainda, resultou em reconhecimento, pelos egípcios, da grandeza do Deus de Israel.

“... As pragas foram tanto sinais divinos que demonstraram que o Senhor é
o Deus supremo, como atos divinos pelos quais Deus julgou os egípcios e
libertou a seu povo... As pragas foram a resposta de Deus à pergunta de
Faraó: ‘Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei?’ (Ex. 7.17). Cada praga foi,
por outro lado, um desafio aos deuses egípcios e uma censura à idolatria.
Os egípcios prestavam culto as forças da natureza tais como o rio Nilo, o
Sol, a Lua, a Terra, o touro e muitos outros animais. Agora as divindades
egípcias ficaram em evidente demonstração de sua impotência perante o
Senhor, não podendo proteger aos egípcios nem intervir a favor de
ninguém... A água do Nilo converteu-se em sangue (Ex. 7.14-25). Foi um
golpe contra Hapi, o deus das inundações do Nilo. A terra ficou infestada
de rãs (Ex. 8.1-15). Os egípcios relacionavam as rãs com os deuses Hapi e
Ecte. A prega dos piolhos (talvez mosquitos) (Ex. 8.16-19). O pó da terra,
considerado sagrado no Egito, converteu-se em insetos muito

9
HOFF, Paul. El Pentateuco. Tradução de Luiz Aparecido Caruso. São Paulo: EDITORA VIDA. 3ª Ed. 1990.
92 p.
10
HOFF, Paul. El Pentateuco. 92 p.
11
HOFF, Paul. El Pentateuco. 106 p.
12
HOFF, Paul. El Pentateuco. 107 p.

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importunadores. Enormes enxames de moscas encheram o Egito (Ex. 8.20-


32). Deve ter sido um tormento para os egípcios. Morreu o gado (Ex. 9.17).
Amom, o deus adorado em todo o Egito, era um carneiro, animal sagrado.
As cinzas que os sacerdotes egípcios espalhavam como sinal de bênção
causaram úlceras dolorosas (Ex. 9.8-12). A tempestade de trovões, raios e
saraiva devastou a vegetação, destruiu as colheitas de cevada e de linho e
matou os animais do Egito (Ex. 9.13-35). A praga dos gafanhotos trazida
por um vento oriental consumiu a vegetação que havia sobrado da
tempestade de saraiva (Ex. 10.1-20). Os deuses Ísis e Seráfis foram
impotentes, eles que supostamente protegiam o Egito dos gafanhotos. As
trevas que caíram sobre o país foram o grande golpe contra todos os deuses,
especialmente contra Rá, o deus solar (Ex. 10.21-29). Os luminares
celestes, objetos de culto, eram incapazes de penetrar a densa escuridão. Foi
um golpe direto contra o próprio Faraó, suposto filho do Sol. A morte dos
primogênitos (Ex. 11 e 12.29-36). O Egito havia oprimido o primogênito do
Senhor e agora eles próprios sofriam a perda de todos os seus primogênitos.
As pragas cumpriram os seguintes propósitos: (a) demonstraram que o
Senhor é o Deus supremo e soberano (tanto israelitas como os egípcios
souberam quem era o Senhor); (b) derrocaram as divindades do Egito; (c)
castigaram os egípcios por haverem oprimido aos israelitas e por lhes
haverem amargado tanto a vida; e, (d) efetuaram o livramento de Israel e o
prepararam para conduzir-se em obediência e fé”.13

A lembrança passada de pai para filho do livramento de Israel, quando ao atravessar o


Mar Vermelho em terra seca, com direito a paredes de água, dos ambos os lado, perpetuou na
nação. No verso 6 e 7 do capítulo 2 do livro de Jeremias há, nas palavras do profeta, uma
indignação e, também, orientação da lembrança desses tempos: “E não disseram: onde está o
Senhor, que nos fez subir da terra do Egito? Que nos guiou através do deserto, por uma terra
de ermos e de covas, por uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra em que
ninguém transitava, e na qual não morava homem algum. E eu vos introduzi numa terra
fértil, par comerdes o seu fruto e o seu bem; mas, quando nela entrastes, contaminastes a
minha terra e da minha herança fizestes uma abominação”. Jeremias, em suas palavras,
demonstra a insatisfação de Deus com seu povo ingrato. Mas, a ingratidão do povo já fora
revelada naquela época, quando, ao ver que, Moisés, já no deserto, no Sinai, demorara a
voltar, logo se convenceram que o deus a quem deviam adorar não era o Deus que Moisés
pregara, mas os deuses a qual eles estavam acostumados no Egito. Assim, mesmo libertos,
preferiam apostatar-se do Deus verdadeiro e se voltaram para os deuses egípcios, curvando-se
ao Bezerro de Ouro, feito pelas suas próprias mãos. Esse povo, obstinado, tinha dificuldades
em assimilar o fato de que o Deus Verdadeiro é o seu Deus.

A contaminação da terra de Canaã

A contaminação da terra de Canaã, pelos israelitas, foi o resultado da apostasia desde


sua entrada. Depois das vitórias descritas no livro de Josué, vemos Israel, “outrora rebelde,
agora transformado num exército disciplinado de guerreiros, subjugando nações, que lhe

13
HOFF, Paul. El Pentateuco. 113-115 p.

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eram superiores em número e poder”.14 E, nas palavras de Josué “nenhuma promessa falhou
de todas as boas palavras que o Senhor falara à casa de Israel: tudo se cumpriu” (Js. 21.45).

Entretanto, após a morte de Josué, o povo israelita, agora em Canaã, mesmo depois de
tantas vitórias nos tempos de Josué, apostatou, mais uma vez, do Deus Vivo. Pois, “depois,
toda aquela geração se reuniu a seus pais; após ela surgiu outra geração, mas esta não tinha
conhecido nem ao Senhor, nem à obra que ele realizara em favor de Israel” (Jz. 2.10).
Fazendo o que era mal aos olhos de Deus.

Israel, nesse período, teve doze juízes (excluindo Abimeleque que foi um usurpador).
“A primeira metade do livro de Juízes nos dá um curto resumo de algumas
das apostasias de Israel durante os 450 anos em que governaram os juízes.
Os capítulos 17 a 21 fornecem uma descrição mais clara de um desses
períodos. O último versículo do livro oferece-nos uma explicação das
terríveis condições que prevaleceram nessa época: ‘naquele tempo, não
havia rei em Israel; cada um fazia o que era certo aos seus olhos’ (Jz.
21.25)”.15

Assim, observa-se a anarquia na vida religiosa, moral e nacional de Israel. Era


necessária uma ação de Deus, a fim de fazer a nação retornar aos princípios de ética e moral
em todas as esferas: pessoal e nacional. A apostasia ganha corpo e se intensifica na nação
israelita.

Foi então, que, no 1º Livro de Samuel, a nação experimentava, agora, o duro golpe de,
por conta da apostasia de Israel, e, aos o fracasso do sacerdócio de Eli, uma fase
extremamente difícil. Samuel chegou a ser o chefe espiritual do povo e o mediador entre eles
e Deus. É neste contexto que a Arca da Aliança foi tomada de Israel, conforme especifica os
capítulos 4 e 5 deste livro.

“Esta era um símbolo da presença da glória do Senhor (Nm. 14.43, 44; Js.
3.6; 1 Sm. 14.18, 19; Salmos 132.8). Ela ia adiante dos israelitas nas suas
peregrinações pelo deserto e algumas vezes ante o exército em tempo de
guerra (Js. 3.6). Diante da arca os chefes consultavam a vontade do Senhor
(Ex. 25.22; Js 7.6-9; Jz. 20.37). Israel, em sua condição de apostasia, fez
uso supersticioso deste móvel sagrado, pensando que o seu mero uso formal
lhe traria a vitória. Confiaram ‘nela’ em vez de confiar no poder do Senhor
do qual era símbolo (1 Sm. 4.3). Sua grande aclamação no campo foi
apenas o resultado de entusiasmo natural”.16

Vemos, portanto, o desejo de Israel por um rei “O seu filho primogênito chamava-se
Joel, e o segundo Abias; e julgavam em Berseba. Seus filhos, porém, não andaram nos
caminhos dele, mas desviaram-se após o lucro e, recebendo peitas, perverteram a justiça.
Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram ter com Samuel, a Ramá, e lhe
disseram: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam nos teus caminhos. Constitui-nos,

14
PEARLMAN, Myer. Through the Bible Book by Book. Tradução de N. Lawrence Olson. São Paulo:
EDITORA VIDA. 26ª Ed. 2005. 41 p.
15
Idem. 45-47 p.
16
Ibidem. 52-53 p.

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pois, agora um rei para nos julgar, como o têm todas as nações. Mas pareceu mal aos olhos
de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei para nos julgar. Então Samuel orou ao Senhor.
Disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não é a ti que
têm rejeitado, porém a mim, para que eu não reine sobre eles. Conforme todas as obras que
fizeram desde o dia em que os tirei do Egito até o dia de hoje, deixando-me a mim e servindo
a outros deuses, assim também fazem a ti. Agora, pois, ouve a sua voz, contudo lhes
protestarás solenemente, e lhes declararás qual será o modo de agir do rei que houver de
reinar sobre eles”.(1 Sm. 8.1-9).
Mais uma vez, Deus, demonstra a ingratidão de Israel, quando lembra seus feitos em
favor daquele povo desde os tempos da libertação no Egito, culminando, agora, na sua
rejeição.
Algumas questões precisam ser levantadas aqui: Qual era a razão de desejar um rei?
Qual era o plano de Deus para a nação? Qual foi a escusa do povo para exigir um rei? Até que
ponto se identifica Deus com seus servos? Permitiu Deus ao povo fazer sua vontade? Que tipo
de rei disse o Senhor que teriam? Quem tinha previsto que Israel ia querer um rei? Desanimou
ao povo a descrição do Senhor de seu futuro rei? Que fez o Senhor então?
Samuel ora, e, em resposta à sua oração, Deus ordenou a Samuel que concordasse, mas,
ao mesmo tempo, que avisasse ao povo do alto preço nisso envolvido (1 Sm. 8.9ss). O povo,
porém, não se deixou dissuadir; a monarquia fora um fracasso.

A formação de Israel e a Monarquia

A formação de Israel principia de agrupamentos de camponeses independentes, libertos


e autônomos. Dentre os grupos que formaram a nação de Israel destacamos os grupos
abraâmicos, mosaico e javista:

(1) O Grupos Abrâmicos, tendo como patriarca Abraão, “o hebreu”, cuja designação
não especifica um povo, mas um adjetivo, que demonstrava sua situação jurídico-social:
viviam nas estepes. Sendo pastores de ovelhas, eram seminômades, obrigados aos processos
migratórios denominados “transumância” anual e à “transmigrações” ocasional. A família era
auto-suficiente e autárquica, sua conduta, religião e ritos eram baseados no Deus (pessoal),
identificado como Javé, que se volta para a valoração da família. Não tinham uma forma de
culto citadina. Entraram no Egito devido à fome, onde permaneceram por longa data.

(2) O Grupo Mosaico, eram os hebreus (oprimidos por faraó), que contribuiu com o
evento libertador na saída do Egito, o que é fundamental na síntese da fé israelita e existência
do povo de Deus. Apesar de haver outros grupos que fugiram da opressão, o grupo mosaico se
destacou devido ao seu enfrentamento do centro do poder egípcio, e haver visto a derrota de
faraó, identificam Deus, como o Deus que age, que é.

(3) Do Grupo Sinaítico, Israel, herda (ou resgata) o culto a Javé, que não era de todo
desconhecido dos moradores da península do Sinai, adorado pelos edomitas, mas
desconhecidos dos “hebreus” que saíram do Egito. Aqui Deus se revela como o Deus, único,
que não admite outros deuses. Onde a forma de culto é determinada de forma não mais

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campesina, mas citadina, tendo a partir de então, aliança, lugar, sacerdócio e formas de culto,
específicos. Javé é adorado como Deus único, Deus de Abraão, Isaque, Jacó, dos hebreus do
Egito, que fala... enfim, tudo que é dito da ação divina é dito de Javé, o Deus do “agir”.

Desenvolvimento interno em direção à monarquia

Houve, em Israel, um desenvolvimento interno em direção à monarquia. Vale ressaltar


que esse desenvolvimento não foi uma influência decisiva de outras nações, mas, ao contrário,
foi conseqüência das condições sociais nas montanhas, principalmente pela sua estruturação
tribal, vigente no século 13 a.C., na época do ferro. Aliás, o ferro influenciou sobremaneira
essa época possibilitando o surgimento de vilas nas montanhas, com vários assentamentos,
que, com suas experiências próprias, tornou-se o embrião do estabelecimento da monarquia:
era o tribalismo igualitário. Inicialmente, o tribalismo foi implantado como alternativa
definitiva, uma sociedade ideal à época. Mas havia vulnerabilidade; e isso exigiu a
necessidade de repensar à resistência ao estabelecimento da monarquia.

Observamos, por exemplo, que o tribalismo igualitário possui um forte peso ideológico,
o referencial religioso. Nesse referencial havia o advento da guarda do sábado, que foi um
ativador da coesão grupal, mas incapaz de produzir uma poupança interna, refletido em
riqueza. A função das festas religiosas reforçava a narrativa histórica da libertação, reforçando
o sentimento de autonomia dos clãs, pois a religião javista (do Deus dos Exércitos), foi
implementada num contexto pró-tribal, pró-liberdade, pró-partilha, pró-luta libertadora, o que
vislumbrava oposição ao sistema religioso nas cidades-estados. Aí, onde deveria ser o
referencial catalisador, foi, na realidade, frágil e dissipador, pois era uma “formulação de
minorias levíticas e proféticas”. Portanto, em termos de alcance rivalizava com o baalismo, de
maior adesão e de fácil compreensão.

Quanto à produção agrícola, o tribalismo produzia, em excesso, além das necessidades


das tribos, o que fazia pensar: se existe sobra de produção, então haveria espaço para o
estabelecimento de estruturas monárquicas.

O advento do ferro, este marco, para quem dominava essa “nova” tecnologia, deu-lhe
vantagens sobre os outros. Possibilitou derrubar árvores sem dificuldades, melhorar o solo,
arando-o; dando, assim, mais poder e, conseqüentemente, o início do fim do igualitarismo e,
iniciando a diferenciação social, onde se formaram elites entre os israelitas, e o agravamento
da discrepância entre ricos e pobres. O gado, por exemplo, adentrou na economia tribalista
exigindo, na sua criação, a defesa de território, aprofundando as desigualdades sociais, pois
tirou terras de plantio, transformando-as em pasto. O tribalismo por ser familiar e solidário
sofre com as mudanças ocorridas, fazendo com que haja esfacelamento social, seja pela
pobreza ou pela desintegração dos clãs menos desenvolvidos. Houve aprofundamento da
exclusão social, e entre para as mulheres, houve opressão pois a liderança dos clãs ficaram
majoritariamente machistas.

Com esse desequilíbrio entre as tribos, houve necessidade de um estado, onde uma tribo
exerceria hegemonia sobre as outras. Os novos ricos (latifundiários) promoveram a

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monarquia. Os templos tiveram, também, papel fundamental nessa transição, ainda que
inconsciente, neles eram comercializadas as sobras das ofertas em agradecimento a Deus, que
recebia, por ocasião das festas religiosas. Assim aumentava o comércio, e a riqueza dos
templos. As estradas necessárias ao comércio fragilizavam as tribos, uma vez que o comércio
exigia mobilidade de pessoas e produtos, causando o esfacelamento, através das estradas, do
convívio familiar. Separados pelas estradas, formavam novos núcleos, facilitando o
intercâmbio até mesmo com outras nações. Assim, a monarquia foi sendo necessária para dar
segurança às estradas e ao comércio. Com o exclusivismo às elites, grupos de empobrecidos,
escravos e fugitivos foi aumentando no final do século 11. Aí se vê a decadência do
tribalismo, sem condições de superar seus impasses: acúmulo reunido de riquezas por alguns,
a partir da produção, do gado, dos templos, das estradas. Esse acúmulo vai deixando pelas
estradas os empobrecidos, mulheres escravas, crianças indefesas. Não houve espaço mais ao
tribalismo. Com a monarquia poder-se-ia reintegrar os excluídos: pobres endividados e
amargurados de espírito.

A monarquia, portanto, foi necessária para a sobrevivência de Israel frente ao sistema


falido das tribos decorrente do acentuamento da crise desses clãs. As cidades-estados tentaram
ser re-erguidas, por meio dos filisteus, mas não tiveram sucesso; pois a necessidade era muito
mais ampla: um grande território. As cidades deveriam abrigar administrações e defesa,
organização e planejamento para os moradores/produtores nas aldeias. Assim, cada cidade
teria sua especialização, não precisariam ser auto-suficientes, pois as muitas cidades poderiam
se inter-relacionar comercialmente e interligar militar e administrativamente, colaborando
entre si, sendo fortes no conjunto.

A monarquia foi estabelecida em Israel, primeiramente sob Saul, e depois sob David,
além de ser consolidada com as gerações posteriores. As fontes que sustentam esse estado são
fornecidas através do controle, por parte do estado, do excedente da produção e,
conseqüentemente da riqueza social, através da tributação, que nada mais é que “a troca” dos
serviços do estado pela entrega de parte da colheita. O templo e as festas religiosas continuam
a exercer papel fundamental, mas, desta vez, como órgão arrecadador. A religião javista passa
a ser a religião das pessoas tributadas e do estado tributarista. Até mesmo o trabalho para o
estado era um tipo de tributação (corvéia). O comércio foi tributado. Dessa forma o estado
controlava o excedente dos produtos.

Concluímos que a monarquia não foi uma imitação de outras nações, mas sim, uma
necessidade não suprida pelo tribalismo, da nova ordem social que era estabelecida em vista
do desenvolvimento e das falhas do próprio sistema tribalista. E esse novo estado se constitui
a partir de Jerusalém. Evidentemente, que a falência do sistema tribalista está associada à
constante apostasia de Israel.

A Profecia durante a Monarquia

“A atuação dos profetas é concreta”, “eles são intérpretes da história”. Sua aparição
deu-se ao instalar da monarquia em Israel. Há um inter-relacionamento entre profetas e reis. A
monarquia de Israel foi divida em duas: Reino do Norte e do Sul. Em 722 a.C., o Reino do

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Norte foi arrasado pelo expansionismo do imperialismo mesopotâmico; acontecendo,


semelhantemente, com Judá (Sul), ao ser arrasado pelos babilônicos, em 587 a.C. O período
da monarquia foi, também, o período dos profetas, do 11º o 6º século. “Os profetas exigem ser
lidos e interpretados em uma ótica político-religiosa”.

Profecia e apocalíptica, são distinguidos pelo ponto de partida. “O ponto de partida


dos profetas é Israel ou Judá (nacional). O dos apocalípticos é a terra, o mundo”
(internacional). A linguagem apocalíptica está intimamente relacionada ao contexto do
imperialismo grego, o que entende ser a sucessora da profecia, pois já existem sinais
apocalípticos nas profecias exílicas e pós-exílicas. Daí a diferenciação de profecia e
apocalipse torna-se clara: o primeiro é simultâneo às monarquias de Israel e Judá, o segundo,
relaciona-se com o imperialismo grego.

Assim, podemos fazer uma segunda distinção: “profetas pré-literários” e “profetas


literários”. Os pré-literários atuaram antes de Amós (meados 8º século), dos quais
destacamos: Gade, Natã, Aias, “um homem de Deus” (1Rs. 13.12-14), Jeú, Micaías, e tendo o
ponto alto em Elias e Eliseu, dos quais parece ter havido um grupo, uma comunidade
profética. A maioria dos pré-literários é do Norte e uns poucos de Judá. “Os profetas parecem
ser herdeiros dos juízes libertadores”. Sua motivação é a defesa da justiça dos pobres (2 Rs.
12,1-4; 1 Rs. 21), e, também, “põem a descoberto a idolatria patrocinada pelo próprio
Estado”, apelam à adoração exclusiva do Javé Libertador. Vê-se claramente, agora, o Estado,
através da monarquia, apostatar da fé e levar consigo seus súditos.

Agora, com os profetas literários, a partir do 8º século, temos um novo momento desde
Amós, sem nunca deixarem de se assemelharem com os pré-literários no tocante às injustiças
aos pobres e o combate à idolatria. Eles, agora, fazem uma análise do todo, das estruturas
inadequadas, conteúdo e propostas. São eles: Amós (campo) e Oséias (clero do campo), que
atuaram no Norte, enquanto que no Sul, foram Isaías (Jerusalém) e Miquéias (campo). “Por
um lado, dão destaque maior à denúncia da opressão dos fracos e da idolatria”, por outro,
“entendem a opressão e idolatria como males que corroem e deterioram o conjunto da
sociedade”, de forma mais ampla, com maior aprofundamento e radicalização do que os “pré-
literários”, ameaçando o reinado e suas dinastias. Prevêem o fim das estruturas, tais como:
monarquia, dinastia, capital/cidades, templos, exércitos, propondo uma revitalização da
experiência tribal.

Toda essa ênfase deve-se ao fato de os profetas estarem localizados num contexto
social caracterizado pelo conflito entre cidade e campo, ou seja, de uma sociedade tributarista.
De um lado estão as cidades, que não era um centro de produção, mas sua força vem do
exército e na eficiência administrativa, além da coordenação do conjunto social. Do outro
lado estão: as vilas, os camponeses, a maioria da sociedade. Os camponeses não têm como se
defender (exército), já “as cidades são capazes de suprir essa deficiência: suas armas – a
serviço dos camponeses! – podem protegê-los contra os invasores”, em troca de uma parcela
de sua produção. O conflito se dá aí, pois à medida que a cidade cresce, aumenta a
necessidade de mais produtos dos camponeses, aumentando sobremaneira a tributação ao
campesinato, promovendo uma desigualdade acentuada, assim como acorria nos dias de
Salomão, passou a ocorrer no imperialismo do 8º século.

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A profecia é uma palavra em meio a esse conflito que contrapõe as cidades e o


campesinato, em torno do tributo. A análise é feita tendo como ponto de partida o campo, de
quem paga o tributo. “Portanto, a profecia articula a resistência camponesa contra a
exploração citadina”.

Os profetas literários do 7º e 6º século continuam com os mesmos propósitos dos do


século 8º, entretanto estão num novo contexto. A realidade agora é (a) Israel já não existe; (b)
as tradições religiosas e a população migram para o Sul; (c) Judá assume a memória histórica
das tribos do norte.

Com a invasão dos assírios em Judá, Jerusalém foi quase destruído, mas Manasses,
então rei de Judá, paga tributos e torna-se aliado dos assírios, inclusive exterminando muitos
dos profetas (2Rs. 21.16), que denunciavam essa aliança. Em 640, o filho de Manasses foi
deposto com o enfraquecimento da Assíria, e Judá renasceu com vigor nacionalista. Então o
“povo da terra” entronizou Josias, na época com 8 anos de idade.

A independência tornar-se-ia realidade por alguns decênios, Judá anexou os territórios


antigamente pertencentes a Israel. O revigoramento teve seu clímax em 622, com a reforma
josiânica que teve ênfase: (1) na defesa dos mais fracos (Jr. 22.13-16), e (b) na centralização
do culto sacrificial em Jerusalém (2Rs. 22-23).

Os profetas observavam a renovação nacional pela qual Judá passava, pois a reforma
josiânica era conseqüência das teses fundamentais das profecias, apesar de nem tudo
corresponder às visões. Mas, o perigo de novas invasões imperialistas ameaçava Judá: os
egípcios e babilônios. A guerra entre essas duas grandes nações prejudicou Judá, uma vez que
se situava entre os dois. Apoiar-se no Egito para livrar-se da Babilônia foi fatal. Assim os
babilônios arrasaram as cidades, capital e templo em 597 e 587.

Ezequiel e Jeremias profetizaram nessa época, esse último, afirmou: “Metei o vosso
pescoço no jugo do rei da Babilônia” (Jr. 27.12). Naum foi o profeta que iniciou a nova fase
criticando socialmente, com ênfase aos pobres, em torno de 650. Sofonias, em torno de 630,
analisou a situação de Jerusalém: “opressora, rebelde e manchada de sangue” (Sf. 3.1), mas há
esperança no “povo da terra” e no “povo enfraquecido e oprimido” de Jerusalém (Sf. 2.3;
3.12). Jeremias teria sido contemporâneo de Sofonias, em torno de 630. Oriundo da vila de
Anatote, começou a profetizar em Jerusalém até após a sua destruição, quando foi deportado
para o Egito. Denunciou, inicialmente, a idolatria e a centralização dos sacrifícios em
Jerusalém. Estava preso quando Jerusalém foi tomada, os novos conquistadores o libertaram e
deram-lhe a opção de ficar em Jerusalém ou ir deportado para Babilônia. Escolheu
permanecer em Judá. Para Jeremias a história de Deus com seu povo continuaria na terra (Jr.
32). Ezequiel entendeu que a história se desenvolveria na Babilônia com os deportados, junto
ao rio Cobar (Ez. 3.15). Ele mesmo era um exilado. De sacerdote a profeta, Ezequiel atuou até
570. Em suas esperanças, o templo ocupa lugar de especial destaque e leu os sinais dos
tempos à luz da opressão e escravidão. Os dois profetas, apesar de realidades diferentes,
tomam como ponto de partida, os mais fragilizados: um, do campesinato judaíta, e, outro, das
dores dos exilados.

Habacuc, profeta, iniciou seu ministério em torno do ano 600, junto ao templo de

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Jerusalém (Hb. 2.1-3), aprofundou em sua crítica social e em defesa do pobre “que é
devorado” (Hb. 3.14). Obadias é a expressão da dor de quem vivenciou a presença de
edomitas entre as tropas babilônicas, ajudando a destruir o templo.

Apesar das diferenças, há convergência nas visões proféticas que caracterizaram os


profetas do século 7º e 6º: (1) insistiram na crítica ao Sião, que, apesar de ser símbolo
nacional, confirmavam que era vontade de Javé destruí-lo, descentralizando a adoração a fim
de que sobrevivessem ao exílio; (2) Jeremias interpreta a função dos babilônios, dando a
Nabucodonosor, o desígnio de “servo de Javé” (Jr.27.6); (3) Deslocaram o eixo, pois para
captar os sinais de Deus, não basta olhar “para dentro” (de Judá, nacional), faz mister olhar
“para fora” (para outras nações, internacional).

Esses profetas, esmeraram-se em projetar o futuro, em organizá-lo, em sonhá-lo. Esses


profetas “discípulos” dos “mestres” do século 8º deram novo projeto profético, identificaram
“os pobres da terra”; “um povo oprimido e enfraquecido”; “escravizados e exilados”, e
semearam um novo projeto: a terra. Jeremias investe sua vida em resgate da herança sagrada
(a terra), que foi escravizada pela monarquia.

Jeremias e Ezequiel anunciam o novo Davi (Jr. 23.5,6; Ez. 37.24). Esse novo
davidismo há de ser “crente em Javé e amante da justiça, não idólatras e injustos como a
maioria dos monarcas que Israel e Judá conheceram”.

Os profetas não são “criadores” e nem “donos” do que dizem e vêem. São chamados e
falam em nome de Javé, são até mesmo “seduzidos” por Deus (Jr. 20.7). Sua ferramenta é a
palavra, essa vinda de Deus. A palavra não está solta, mas, vinculada ao contexto em que se
instala. A palavra profeta inclui o risco, que o digam Isaías, Amós e Jeremias (Is. 52.-53).
Apesar disso, a palavra profética é dom de Deus, os profetas não são meros alto-falantes, mas
são mensageiros situados e contextualizados especificamente e com palavras peculiares. São,
em última análise, intérpretes dos projetos de Deus na história. Possuem independência
teológica, fazem leituras diferentes de mesmos fatos, mas é a palavra de Deus que atua na
realidade, portanto, “o verbo se fez carne”.

Eles não formam escola, não tem tradições, não tem sucessão, como os “pré-
literários”. Nos “literários”, um profeta não tem nada com o outro. Não é a tradição que faz o
profeta, e sim, é dom de Deus. (Is. 61.1-3).

Um Brado contra a Apostasia

O texto que exemplifica bem a sua pregação neste período é Jr 2.1-37. É um texto
escrito em um gênero literário muito usado pelos profetas, o rîbh (= processo). Funciona
assim: parte-se do pressuposto de uma aliança entre as duas partes em questão, Iahweh e
Israel. Iahweh abre, então, através do profeta, um processo contra Israel, motivado por sua
quebra do pacto. Como parte ofendida, Iahweh convoca a natureza como testemunha,
questiona o comportamento de Israel, relembra os benefícios passados e ameaça com uma
punição.

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Neste texto, rico em imagens, à moda de Oséias, Jeremias relembra com nostalgia a
fidelidade dos primeiros tempos e a contrapõe à infidelidade atual, pois Israel trocou Iahweh
pelos ídolos que nada valem e não podem socorrê-lo na hora do aperto.

Jeremias responsabiliza quatro tipos de autoridades pela idolatria e pela desgraça em


que caiu o país: são os reis, os príncipes, os sacerdotes e os profetas. A volta ao javismo é
possível se Israel resolver praticar a verdade ('emeth), o direito (mishpât) e a justiça
(sedhâqâh), segundo Jr 4.2.

Jeremias chegou mais perto do que ninguém da compreensão do verdadeiro problema


de Israel de sua época, que era a estrutura tributária do Estado. Sua rejeição de instituições
como o Templo e seu aparelho cultual ou a corte e sua administração é, na verdade, a
denúncia dos aparelhos do Estado tributário como antijavistas e perniciosos para o povo.

A proclamação de uma nova aliança, onde o javismo não precisaria de mediações para
ser vivido, é a radicalização utópica de sua pregação. É o sonho de Jeremias.

“Com o entendimento cada vez mais claro da justiça absoluta de Deus, o


povo compreendia mais perfeitamente que o Senhor, como o Juiz supremo,
exigia a justiça do homem nas relações com o seu próximo. Na lei civil, os
juízes representavam a justiça divina, e se sentiam responsáveis perante
Deus na administração da justiça (Dt. 1.17). Nota-se também que no código
de Êxodo 21 a 22, as relações legais e morais entre os homens são
divinamente protegidas. Quando chegamos aos profetas literários,
encontramos a moralização completa do conceito do pecado. Os profetas
deixavam de lado os ritos e as cerimônias religiosas, ou os tratava como de
menos importância. Proclamavam que Deus não exigia sacrifícios e
holocaustos, mas obediência à lei moral (Os. 6.6). O sacrifício oferecido
como substituto da justiça era abominação perante o Senhor (Am. 5.21-24;
Is. 1.10-17). Tais sacrifícios, com a multiplicação de altares, não somente
não agradavam ao Senhor, mas eram ‘altares para pecar’ (Os. 8.11). os
profetas ensinavam com clareza e com ênfase que qualquer injustiça
praticada contra o próximo é pecado contra Deus. Condenaram
severamente todas as formas do pecado social, o adultério, a opressão do
pobre e do operário, o suborno, a fraude e todos os atos perversos. Os
profetas deram mais ênfase à natureza pecaminosa do homem que comete o
pecado. Atos de pecado são condenados, mas era a natureza corrupta do
pecador que perturbava os profetas. Era o próprio pecador que, no seu
egoísmo, na sua arrogância e no seu espírito revoltoso contra o Senhor,
trazia a ruína sobre a nação. O profeta Oséias representou o pecado como
hábito (Os. 5.4), tão arraigado no espírito do pecador, que era difícil
removê-lo (Os. 10.12). Isaías condenou as ofertas e os holocaustos, as
cerimônias e orações que não representavam o verdadeiro espírito de culto
de adoração (Is. 1.10-17; 29.13). Mas Jeremias, como nenhum outro
profeta, deu ênfase ao elemento subjetivo na vida moral e religiosa. O
Senhor prova os rins e o coração (Jr. 11.20; 17.10; 20.12) e julga retamente.
Os rins e coração representavam as emoções e os pensamentos do homem,
a sua natureza moral, a sede ou fonte do bem e do mal. Deus se apresenta
aos homens de Israel, dizendo: ‘Escutai a minha voz, e eu serei o vosso
Deus, e vós sereis o meu povo; andai por todo caminho eu vos ordeno, para
que vos vá bem’ (Jr. 7.23), mas na dureza do coração, a raiz do pecado (Jr.
9.14), eles não escutaram. Afastaram-se ainda mais de Deus (Jr. 7.24). A
obstinação do homem não He era inerente ou natural, mas pela prática o

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hábito ficou tão enraizado, tão fixo, na sua natureza que se tornou tão
incapaz de mudar a sua natureza pecaminosa, como seria para o leopardo
mudar as suas malhas (Jr. 13.223)”e vós sereis17

Apostasia nos últimos dias

O sinal profético nos últimos dias é a apostasia, descrita por Paulo nos seguintes
termos: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé,
dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios”.

“É necessário observar que últimos tempos (hysterois kairois) nesse


contexto, se refere a uma palavra profética persuasiva comunicada pelo
Espírito Santo. O vocábulo grego traduzido por ‘expressamente diz’ é
rhētōs. Este, por sua vez, procede do termo rhētōr, isto é, ‘orador’,
‘advogado’, ‘oratória’. (At 24.1). Dois conceitos são identificados nestas
palavras: clareza e persuasão. O Espírito fala de modo claro e convincente,
assim como um orador ou advogado eficaz. Uma característica especial
desse texto é a mudança de estilo: admonitório (3.1-16); doxologia (3.16) e
profecia (4.1). O texto não é uma declaração paulina, mas trata-se de uma
afirmação do próprio Espírito de Deus. O uso de kairois no lugar de
chronos, indica um tempo do qual não podemos administrar ou evitar; ele é
certo, determinado ou fixado por Deus e infalivelmente ocorrerá. É um
tempo que somente Deus tem o controle. Neste caso específico, a apostasia
antecederia os últimos dias (eschatais hēmerais), ou seja, é um sinal que
precede e demarca o final dos tempos dos gentios (kairoi ethnōn), segundo
Lucas 21.24: ‘E cairão a fio de espada e para todas as nações serão
levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos
dos gentios se completem.’ Sejamos, pois, atentos aos sinais que Deus
estabeleceu como sinalização da aproximação de sua vinda. O vocábulo
apostēsontai (apostatarão), usado como verbo indicativo futuro, aponta para
o termo aphistēmi (aoristo ativo), literalmente ‘fazer revoltar’, ‘enganar’,
‘afastar’, ‘desertar’, ‘apostatar’. O apóstata é o ‘desertor’ (Tg 2.11), ‘aquele
que se rebela ou provoca rebelião’ (At 21.21; 2 Ts 2.3), enquanto a
apostasia, é a ‘rebelião, o abandono ou divórcio com uma antiga crença ou
credo’. O apóstata abandona e rebela-se contra a sua antiga crença. O
genitivo objetivo “da fé” (tēs pisteōs) quer dizer ‘da doutrina cristã’. Em
sentido estrito, é aquele que uma vez tendo crido em Deus, abandona-o e se
volta contra Ele. A apostasia é uma conseqüência da ação diabólica sobre o
crente a fim de que o mesmo atenda e obedeça os ‘enganos dos espíritos
enganadores’ e a ‘doutrina dos demônios’. O adjetivo ‘enganadores’, do
grego planois, quer dizer ipsis litteris, ‘sedutor’, ‘impostor’, ‘ilusão’.
Descreve o ato pelo qual o indivíduo é seduzido ou iludido pelo engano
doutrinário. O crente, portanto, é seduzido pelas doutrinas espetaculares e
falsas hermenêuticas. A expressão ‘espíritos enganadores’ (pneumasin
planois), ao que parece, trata-se de uma categoria de seres espirituais da
maldade que se ocupam da difusão de falsos ensinos a fim de que o crente
se desvie da fé em Cristo. Observe no versículo 3, que o alvo dos seres
malignos são os crentes ‘fiéis e que conhecem bem a verdade’. A história
da igreja cristã e da teologia está repleta de exemplos. Esses espíritos

17
CRABTREE, A. R. Teologia do Velho Testamento. 5º Ed. – Rio de Janeiro: JUERP, 1991. 151-152 p.

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malignos manifestam-se mediante a ação de homens hipócritas e


mentirosos, que pervertem a fé dos fiéis por meio de seus falsos ensinos.
Estas heresias, segundo o versículo 2 e 3, incluem a proibição do casamento
e a abstinência de alimentos. Porém, não se restringe apenas a estas;
incluem muitas outras heresias expostas por todo o Novo Testamento
(Confira 2 Pe 2; 1 Jo 2. 18-29; 4.1-6; Jd vv. 3-19). Champlin, conta que na
cidade de ‘Nova Iorque, na New York Bucher’s Dressed Meat Company,
havia certo animal a que chamavam de “Bode Judas”. Seu trabalho
consistia em escoltar as ovelhas, desde a beira do rio, onde eram
desembarcadas, até ao matadouro. Esse bode começava a agir cedo pela
manhã, no que continuava até o fim do dia. Seu pêlo era branco, e
facilmente conduzia as ovelhas à destruição, pois não eram sábias bastante
para perceber que o bode era de uma espécie animal diferente. É fato bem
conhecido que, prossegue Champlin, diferentemente do gado e dos porcos,
que precisam ser tangidos, as ovelhas seguem a um líder. E era isso que
possibilitava o trabalho daquele bode. Aquele bode era bonito, brilhante e
de aparência atrativa, servindo de líder que as ovelhas seguiam facilmente.
Calcula-se que durante sua carreira ele conduziu cerca de quatro milhões
e meio de ovelhas para o matadouro.’ (O Novo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo, vl. 5, p.319). De modo semelhante têm feito os
atuais heresiarcas, os falsos mestres.” (Disponível em
http://eclesianet.blogspot.com/2010/04/apostasia-sinal-profetico-dos-
ultimos.html, acessado em 08/04/2010, às 14h18).

Conclusão

Os homens ficam ofuscados e escravizados às formas religiosas externas, cerimônias e


instituições. Porém, a fé religiosa genuína é, essencialmente, uma condição moral e espiritual,
na qual a alma é unida a Deus (Jr. 31.31-34). Esse foi um dos temas fundamentais da prédica
do Senhor Jesus, conforme fica demonstrado pelo Sermão da Montanha (Mt. 5-7), um tema
que teve continuidade nos escritos de Paulo, do qual o segundo capítulo de Romanos é um
bom exemplo.

Precisamos, nós, responsáveis pela atual geração, comprometer-nos com Deus de


maneira que, anunciemos a vontade de Deus, denunciemos os caminhos tortuosos dos
apóstatas, para que não se apartem do Deus Vivo, único que pode perdoar pecados,
transformar realidades, e introduzir no céu de luz, junto com o Senhor Jesus.

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Referências

BÍBLIA. Português. Bíblia de Referência Thompson. São Paulo. Editora Vida.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo, Sociedade Bíblica do Brasil.

BÍBLIA. Português. Novo Testamento King James – Edição de Estudo. Tradução King James
Atualizada (KJA). São Paulo, Sociedade Ibero-Americana.

CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo –


volume 5. R. N. Champlin, Ph. D. 1ª Edição – São Paulo: CANDEIA, 2000.

CRABTREE, A. R. Teologia do Velho Testamento. 5º Ed. – Rio de Janeiro: JUERP, 1991.


DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO. R. Laird
Harris organizador; tradução Márcio Loureiro Redondo, Luiz Alberto T. Sayão, Carlos
Osvaldo C. Pinto – São Paulo: Vida Nova, 1998.

DICIONÁRIO BÍBLICO WYCLIFF. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

HARRISON, R.K. Jeremias and Lamentations, an Introduction and Commentary. Tradução


de Hans Udo Fuchs. SOCIEDADE RELIGIOSA EDIÇÕES VIDA NOVA e ASSOCIAÇÃO
RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTÃO, 1989. (Série Cultura Bíblica).

HOFF, Paul. El Pentateuco. Tradução de Luiz Aparecido Caruso. São Paulo: EDITORA
VIDA. 3ª Ed. 1990.
LIÇÕES BÍBLICAS. Jovens e Adultos. 2º Trimestre de 2010. CPAD, 2010.

PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Biblia. São Paulo. Editora Vida, 1995.
PEARLMAN, Myer. Through the Bible Book by Book. Tradução de N. Lawrence Olson. São
Paulo: EDITORA VIDA. 26ª Ed. 2005.

São Bernardo do Campo, 08 de abril de 2010.

Valter Borges dos Santos18

18
Evangelista, pastor AD Thelma. E-mail: valtergislene@uol.com.br

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