Sunteți pe pagina 1din 16

DIÁLOGO E INTERAÇÃO

Volume 9, n.1 (2015) - ISSN 2175-3687


http://www.faccrei.edu.br/revistas

AS DISTINTAS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO DO SECRETÁRIO


EXECUTIVO JUNTO AO PROFISSIONAL DA ÁREA JURÍDICA

THE DISTINCT PERFORMANCE POSSIBILITIES FOR THE EXECUTIVE


SECRETARY ALONGSIDE THE LEGAL PROFESSIONAL

Carla Mariana Rocha1


Sttela Maris Nerone Lacerda2
Marlete Beatriz Maçaneiro3

RESUMO: Este estudo tem como objetivo compreender as habilidades e aptidões do


secretário executivo que podem ser aplicadas à área jurídica, de modo que esse
profissional possa atuar como um agente facilitador na assessoria junto aos advogados.
A metodologia segue a abordagem quantitativa e utiliza-se da pesquisa
descritiva/exploratória, com coleta de dados por meio de questionários. Como
resultados, foram realizados mapeamentos da interdisciplinaridade entre o Direito e o
Secretariado Executivo, desvelando a sua interface na assessoria jurídica, possibilitando
a verificação de quais atividades na área jurídica podem ser exercíveis pelo secretário
executivo.

PALAVRAS-CHAVE: Direito. Secretariado Executivo. Assessoria Jurídica.


Interdisciplinaridade nas Ciências Sociais Aplicadas.

ABSTRACT: This study aims to understand the skills and abilities of the executive
secretary that can be applied to the legal area, so that these professionals can act as a
facilitator in assessorial with the lawyers. The methodology follows the approach a
quantitative and uses of descriptive/exploratory research, with data collected through
questionnaires, which were interpreted and analyzed statistically based. As results were
achieved mappings of interdisciplinarity between Law and the Executive Secretariat,
unveiling its interface on legal advice, enabling the verification of legal activities in the
area which may be exercisable by the executive secretary.

KEYWORDS: Law. Executive Secretariat. Legal advice. Interdisciplinarity in Applied


Social Sciences.

1. INTRODUÇÃO

1
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Administração- Mestrado Profissional da Universidade
Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO. Professora do Departamento de Secretariado Executivo da
UNICENTRO.
2
Mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná - UFPR. Professora do Departamento de
Ciências Contábeis da UNICENTRO.
3
Doutora em Administração pela UFPR (2012). Pós-doutoranda na Universidade Positivo pelo Programa
Nacional de Pós-Doutorado PNPD da CAPES. Professora com dedicação exclusiva na Universidade
Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO - Guarapuava-PR e do Programa de Pós-Graduação em
Administração - Mestrado Profissional da UNICENTRO. Dados para correspondência: Rua Augusto
Gomes de Oliveira, 277, sobrado 15, Bairro Alto da XV, CEP 85065-130 - Guarapuava – Paraná – Brasil,
tel. (042) 3036-1477. Email: marlete.beatriz@yahoo.com.br.
2

As mudanças organizacionais em curso evidenciadas pelo trabalho em equipe,


pela descentralização da tomada de decisão, pelo conhecimento compartilhado e pela
polivalência, normalmente acompanhadas de inovações organizacionais, fomentaram a
interação entre profissionais especializados em diversas áreas do conhecimento. Diante
desse processo, o profissional de Secretariado Executivo tem desempenhado um papel
importante nas transformações sociais, políticas e econômicas que se observam nas
organizações.
Nota-se a presença e contribuição desse profissional em diferentes atividades
exercidas na sociedade ao longo dos tempos (FIGUEIREDO, 1987). Desta forma, este
estudo busca focar, em particular, a assessoria na área jurídica, prevista pelas ‘Teorias
Interdisciplinares’, conforme categorização das áreas da ‘Teoria Geral do Secretariado’,
apresentadas por Nonato Júnior (2009). Procura-se investigar as possibilidades de
atuação do Secretário Executivo como assessor do profissional da área jurídica, haja
vista que o secretário possui aptidões e competências multidisciplinares que o habilitam
para assessor nas mais diversas áreas. Ressalta-se que não se pretende violar as
competências profissionais, deseja-se apenas elucidar as atividades que podem ser
desenvolvidas pelo secretariado junto aos advogados, sem invasão de competências.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em
Secretariado Executivo, instituídas pela Resolução CES/CNE 3/2005 (BRASIL, 2005),
salientam que o Bacharel em Secretariado deve apresentar sólida formação geral e
humanística, com capacidade de análise, interpretação e articulação de conceitos e
realidades, desenvolvendo postura reflexiva e crítica. A formação acadêmica do
secretário executivo implica no conhecimento em várias áreas do saber; trata-se de um
profissional alicerçado na multidisciplinaridade. O art. 5, inciso II, da Resolução
CES/CNE 3/2005 declara que:
Os cursos de graduação em Secretariado Executivo deverão contemplar, em seus
projetos pedagógicos e em sua organização curricular, os seguintes campos interligados
de formação: conteúdos básicos: estudos relacionados com as ciências sociais, com as
ciências jurídicas, com as ciências econômicas e com as ciências da comunicação e da
informação. (BRASIL, 2005:3)
Neste ínterim, os conhecimentos secretariais não se restringem apenas a uma
área, o que possibilita a atuação em diversos campos por meio da interdisciplinaridade.
O trabalho prático do profissional secretário é marcado pelo ato de assessorar, seja no
âmbito técnico-tático (assessoria operacional), executivo (assessoria executiva),
intelectual (assessoria ao trabalho intelectual) e interdisciplinar (assessoria aberta)
(NONATO JÚNIOR, 2009). No entendimento de Dale e Urwick (1971), a assessoria
envolve a formulação e a orientação de planejamento de programas e revisão. Para
Deleuze e Guattari (1992), a assessoria é um gerenciamento na forma de rizoma, que
ocorre em situações de rede, em ocasiões de interligação de realidades, pessoas e
conceitos. Sendo assim, depreende-se que a assessoria secretarial se desvela pela
capacidade de planejamento, organização e controle de redes, pessoas e informações,
visando alcançar objetivos em comum com o assessorado.
O curso de Secretariado, em nível de graduação, constitui tanto um lócus de
formação de gestores organizacionais (assessor executivo, gestor de eventos, de
documentação e de equipes, etc.) como também um lugar de formação de bacharéis que
investigam cientificamente esta profissão (ROCHA, 2010). A concomitância desses
dois perfis focaliza a presente pesquisa, ou seja, este trabalho concentra-se na
3

investigação das aptidões inerentes à Assessoria Operacional (Assessoramento), que


pode ser desenvolvida no âmbito jurídico, com o objetivo de desnudar a eventual
possibilidade do secretário executivo de se inserir como agente facilitador do advogado.
Portanto, procura-se apresentar a relação interdisciplinar do Secretariado com o
Direito na área da Assessoria Jurídica, cabendo a seguinte indagação: é possível a
atuação do profissional de secretariado na área jurídica? Quais habilidades e aptidões
são necessárias para que isso se torne possível?
A interface do secretariado com o direito se revela por meio da Assessoria
Interdisciplinar, que, nas palavras de Nonato Júnior (2009:161), “[...] ocorre quando
disciplinas ou conteúdos de diferenciados tipos de assessoria realizam intercambio de
conceitos, métodos e metodologias”. Logo, cada ciência ou área trabalha focada em
seus objetivos, buscando em outras ciências a égide para um produto unificado, a fim de
suscitar um novo paradigma. Pois, entende-se que, embora as áreas recorram umas as
outras, elas não perdem suas identidades, visto que a demarcação teórica sempre existirá
por meio da delimitação do objeto de estudo de cada ciência (NONATO JÚNIOR,
2009; ROCHA, 2010; OLIVEIRA, 2011).
A interdisciplinaridade possibilita a investigação do objeto de estudo em uma
determinada área por diferentes vieses, com a oportunidade de criar um novo conceito
ou abordagem, provenientes da fusão de metodologias e conceitos distintos entre a
assessoria e outras áreas. Neste sentido, o objetivo geral desta pesquisa é compreender
as habilidades e aptidões do secretário executivo que podem ser aplicadas à área
jurídica, analisando a atuação desse profissional nesse campo de assessoria. Para tanto,
os objetivos específicos são: analisar a Ciências da Assessoria e sua relação
interdisciplinar com a Ciência Jurídica; mapear as atribuições do Secretariado Executivo
exercíveis na Assessoria Jurídica, bem como realizar uma pesquisa com a utilização de
questionários para identificar as atividades atribuídas ao secretário executivo no espaço
de Assessoria Jurídica.
A hipótese básica está em considerar que o secretário executivo, enquanto
profissional polivalente e multifocal, pode atuar, em específico, de acordo com o
propósito desse trabalho, no Assessoramento (Assessoria Operacional - Técnica e
Tática), que emana do contato direto com as técnicas secretariais. Admiti-se também
que o Assessoramento se justapõe à Assessorab (Assessoria Aberta, em particular, no
que concerne a Assessoria Interdisciplinar), pela qual se permite que os conhecimentos
técnicos e organizacionais sejam aplicados em outras áreas do conhecimento
(NONATO JÚNIOR, 2009), como, por exemplo, a assessoria jurídica. Tal profissional
contempla, em sua formação acadêmica, os fundamentos relacionados às Ciências
Sociais, Econômicas, da Informação, da Comunicação e Jurídicas.
Diante dessa interdisciplinaridade que o secretário executivo abarca, cabe
explorar o segmento do direito, pois ainda existe uma lacuna prática quanto à
possibilidade de inserção do secretariado no âmbito jurídico. Portanto, a relevância do
tema justifica-se pela incipiente discussão sobre a atuação do secretariado na assessoria
jurídica e ainda pela necessidade que há, na área de Secretariado Executivo, em debater
temas contemporâneos ligados às relações científicas e culturais da profissão.
Este artigo segue com o referencial teórico, no segundo capítulo, composto pela
discussão interdisciplinar nas Ciências da Assessoria, acerca da assessoria jurídica de
competência dos advogados e a assessoria jurídica exercida pelos secretários
executivos, como agentes facilitadores na área jurídica. No terceiro capítulo, apresenta-
4

se a metodologia adotada neste estudo, seguida da apresentação e análise dos dados


coletados. Por fim, apresentam-se as considerações finais.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Na medida em que cada área do conhecimento se desenvolve, ela tende a


instaurar sua própria maneira de conceber a realidade (BLANCHÉ, 1972). Embora
ocorra em áreas diferentes a verificação de um mesmo fato, conceito, hipótese ou
método, a forma como cada profissional irá interpretar e manusear tais fatores será
diferente. Nesse sentido, entende-se que cada profissional é dotado de competências e
habilidades inerentes a sua formação intelectual, que permitem trabalhar em
determinados contextos ou ambientes nos quais estão inseridos. No contexto de
conflitos organizacionais, em que o administrador se incumbe em tomar decisões, o
secretário executivo irá disponibilizar informações e ações que auxiliam as tomadas de
decisões (DURANTE; LASTA, 2008).
No caso da inter-relação entre o advogado e o secretariado, a Lei 8906/94, que
dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (BRASIL,
1994), institui, em seu Artigo 1º, inciso II, que as atividades preventivas de consultoria,
assessoria e direção jurídicas são de exercício privativo dos advogados. Com base no
Artigo 4º da Resolução CES/CNE 3/2005 (BRASIL, 2005), entende-se que o secretário
executivo possui as funções de assessor, gestor, empreendedor e consultor, nas mais
diversas áreas, como, por exemplo, assessor administrativo, consultor de eventos, gestor
em setores públicos, bem como, realizar assessoria no âmbito jurídico (ROCHA, 2010).
Diante disso, cabe comparar, por definição, as atividades de assessoria e
consultoria exercidas pelos advogados e por secretários executivos, para que se possa
delinear a possibilidade de suas atuações, conforme sintetizado no Quadro 1.

Quadro 1 – Conceituação das atividades de assessoria e consultoria


Advogados Secretários Executivos
Assessor: atividade relacionada ao desenvolvimento Assessor: agente executor mais próximo do
de um projeto jurídico, dentro do plano material. centro de deliberação do processo decisório,
Ocorre quando um advogado elabora um contrato, disponibiliza informações e ações que
acompanha o cliente a um cartório para efetuar viabilizam as atividades centrais
alguma prática de registro público, elabora um termo (FENASSEC, 2009).
de transação extrajudicial entre partes em conflito, e
assim por diante (ARAÚJO, 2006).
Consultor: consiste na avaliação do que é e não é Consultor: consiste em análises de sistemas e
jurídico, do que é permitido ou proibido, apontando sub-sistemas organizacionais, compreensão
soluções às dúvidas do consulente. Ocorre quando o de inter-relações internas e externas com base
advogado responde a questionamentos formulados em dados, fatos e informações obtidas.
por outrem e aponta o caminho jurídico a ser trilhado Sugestões acerca de alterações necessárias
como sendo o mais adequado, dentro de várias para o alcance dos objetivos da organização e
hipóteses (ARAÚJO, 2006). dos executivos (FENASSEC, 2009).
Fonte: Elaborado pela autora.

A Constituição Federal, de 1988, em seu art. 5º, inciso VIII (BRASIL, 1988),
salvaguarda o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que
atendidas às qualificações profissionais estabelecidas em lei. O Estatuto da Ordem dos
Advogados elenca como sendo atividade privativa dos advogados a assessoria jurídica.
Contudo, deve-se ponderar que tal assessoria, referida na Lei 8906/94, diz respeito ao
plano material das relações jurídicas (BRASIL, 1994). Diferentemente, a assessoria
5

exercida pelo secretariado consiste na viabilização de atividades, articulação de redes e


pessoas, numa perspectiva de suporte (NONATO JÚNIOR, 2009; ROCHA, 2010;
OLIVEIRA, 2011).
Neste contexto, sabe-se que a assessoria jurídica exercida com exclusividade
pelo advogado requer formação em direito e inscrição na OAB. Por outro lado, a
assessoria desenvolvida pelo profissional do secretariado executivo requer
conhecimento, como técnicas secretariais, redação técnica, gestão secretarial e noções
de direito, por exemplo. Logo, tanto o direito como o secretariado utilizam-se da
assessoria, salvaguardadas as suas devidas especificidades (ROCHA, 2012).
Santos e Conti (2011) discorrem que o secretário executivo possui uma
formação pluralista, pautada em várias áreas do conhecimento; ele tem aptidão para a
compreensão das questões sólidas de domínios científicos, acadêmicos, tecnológicos e
estratégicos, além de estar apto a desempenhar suas atividades ao exercer múltiplas
funções. Dessa forma, tal profissional encontra-se capacitado a desempenhar suas
funções em diversos segmentos, dentre eles: educação, saúde, jurídico e comunicação.
(DURANTE; LASTA, 2008)
Sendo assim, faz-se necessário explicitar as atribuições do Secretariado
Executivo dispostas pelas a Lei nº 7.377/85, em seu art. 4º, com alterações da Lei nº
9.261/96:
I. planejamento, organização e direção de serviços de secretaria;
II. assistência e assessoramento direto a executivos;
III. coleta de informações para a consecução de objetivos e metas de empresas;
IV. redação de textos profissionais especializados, inclusive em idioma estrangeiro
V. interpretação e sintetização de textos e documentos;
VI. taquigrafia de ditados, discursos, conferências, palestras de explanações, inclusive
em idioma estrangeiro;
VII. versão e tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de
comunicação da empresa;
VIII. registro e distribuição de expediente e outras tarefas correlatas;
IX. orientação da avaliação e seleção da correspondência para fins de encaminhamento
a chefia;
X. conhecimentos protocolares. (BRASIL, 1985, 1996, p. 2)
Santos e Conti (2011) entendem que o secretário executivo pode contribuir no
âmbito jurídico com tarefas de consultas processuais, pesquisas jurisprudenciais,
protocolos e digitalização de documentos probatórios e de petições, controle de prazos
processuais, além de atividades rotineiras secretariais. Na concepção de Morueco (2006.
p.76, tradução nossa), o profissional de secretariado poderá exercer, na área jurídica, as
funções de: “Atendimento ao cliente, planejamento da agenda de trabalho, elaboração
de documentos e seu posterior controle, manutenção, confidencialidade e segurança na
classificação dos mesmos, manutenção e atualização das bases de dados, planejamento
de reuniões, etc.”
Pode-se dizer que a coexistência, dentro do âmbito jurídico laboral, do
advogado e do secretariado emerge no sentido de que o profissional do direito irá
exercer atividades centrais inerentes às relações jurídicas, enquanto que o secretariado
buscará viabilizar as tarefas dos advogados, enquanto instância de staff. Rocha (2012)
reconhece a assessoria jurídica como um universo que abarca tanto os advogados como
também os secretários executivos, pois entende que cada um desenvolve atividades de
acordo com suas especificidades. Nessas circunstâncias, o secretariado executivo pode
6

se manifestar sobre orientação de pareceres e relatórios, sem adentrar no mérito de


conclusão de tais documentos.
Para Nonato Júnior (2009), a Ciências da Assessoria pode ser mapeada como
aquela que estuda as relações, teorias e práticas que envolvem o conhecimento
produzido em situações de assessoria, sendo a assessoria jurídica uma dessas situações.
Neste contexto, entende-se que a demarcação teórica do secretariado tem como alicerce
as Ciências da Assessoria, as quais se organizam em um foco central, sendo que a
própria Assessoria se desmembra em outros quatro eixos, conforme elenca Nonato
Júnior (2009:156):
a) Assessoramento (assessoria operacional – técnica e tática): conhecimento
produzido no contato direto com as técnicas secretariais;
b) Assessorexe (assessoria executiva ou assessoria de gestão): conhecimento
ligado à assessoria executiva empresarial, abrangência dos conceitos que
envolvam o fazer saber do secretariado executivo em suas atividades de
cunho gerencial;
c) Assessorística (assessoria ao trabalho intelectual): congrega o papel das
assessorias na elaboração, estratégica e execução de atividades intelectuais; é
a produção de conhecimento em atividades secretariais;
d) Assessorab (assessoria aberta – interdisciplinar, multidisciplinar,
pluridisciplinar e transdisciplinar): transcendência dos ambientes
organizacionais para estabelecer relações entre as assessorias e outras áreas
do conhecimento.
Nonato Júnior (2009) ainda discorre que os quatro eixos das Ciências da
Assessoria, o Assessoramento, a Assessorexe, a Assessorística e a Assessorab, possuem
relações diretas, respectivamente, com as quatro áreas teóricas que compõem os estudos
secretariais: área profissional, área organizacional, área conceitual e área
interdisciplinar. Logo, evidencia-se que a conexão entre o secretariado e a assessoria na
área jurídica encontra-se respaldada na Teoria Interdisciplinar, bem como na
Assessorab, que envolve a Assessoria Interdisciplinar. Essa assessoria tem por
finalidade analisar um mesmo fenômeno em diferentes áreas, com o objetivo de suscitar
uma nova abordagem ou um novo paradigma, ou seja, a assessoria em outras áreas. Na
concepção de Rocha (2010), a assessoria interdisciplinar se desvela quando disciplinas
ou conteúdos de diferentes tipos de assessoria realizam intercâmbio de conceitos,
métodos e metodologia, com foco em seus objetos de estudo.
Portanto, embora a assessoria seja objeto de estudo do secretariado, ela não se
constitui como um campo fechado que se isola das outras áreas do conhecimento. Tanto
o Direito quanto o Secretariado Executivo se inserem dentro das Ciências Sociais
Aplicadas e, consequentemente, estabelecem relações interdisciplinares.

3. METODOLOGIA

No que se refere ao tipo de pesquisa quanto aos objetivos, trata-se de um estudo


exploratório/descritivo, pois se busca explorar e descrever as distintas possibilidades de
atuação do secretariado executivo, como agente facilitador aos profissionais do direito.
Para tanto, fez-se uso da abordagem quantitativa, com o intuito de se investigar as
atividades operacionais na área jurídica que podem ser de competência do secretariado
executivo, bem como realizar balizamento destes dados (GIL, 2009).
7

Como estratégia de pesquisa, utilizou-se da estratégia de levantamento (survey)


com vistas à obtenção e descrição de tendências de atitudes ou opiniões acerca das
competências secretariais exercíveis no âmbito jurídico. Adotou-se como instrumento
de coleta de dados o questionário, sendo aplicado em quatro instituições de ensino
superior, duas da cidade de Maringá e duas da cidade de Guarapuava no Paraná. A
amostra para a coleta de dados foi definida não aleatoriamente entre 50 profissionais do
Direito, docentes do ensino superior e que exercem atividades jurídicas. A coleta de
dados ocorreu no período de 02 de setembro a 09 de outubro de 2012. Pontua-se que, no
momento de aplicação dos questionários, houve a participação da pesquisadora, no
sentido de prestar esclarecimentos pessoais e técnicos acerca das atribuições do
profissional de Secretariado Executivo. O questionário foi constituído por perguntas
referentes às atividades inseridas na área jurídica que podem ser exercidas por
profissionais do secretariado, buscando conhecer as atividades desenvolvidas no âmbito
jurídico que são de competência do secretariado, a fim de se delinear a
interdisciplinaridade entre o direito e o secretariado. Os dados foram interpretados por
meio da análise estatística, de porcentagem e frequência, à luz da base teórica utilizada,
conforme a seguir apresentada.

4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Este estudo tem a intenção de compreender melhor as habilidades e aptidões do


secretário executivo que podem ser aplicadas na área jurídica, enquanto agentes
facilitadores desta área. Tanto o Direito como o Secretariado Executivo são partes
integrantes das Ciências Sociais Aplicadas, sendo salvaguardadas suas especificidades,
em determinado momento as duas áreas se interagem, conforme mostra a Figura 1.

Figura 1 – Assessoria Jurídica

Direito Secretariado
Executivo

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Diante disto, depreende-se que cada profissional possui conhecimentos inerentes


a sua área, exercendo atividades exclusivas com competências e atribuições privativas,
delimitadas por seus objetos. Todavia, a parte hachurada na Figura 1 desvela a conexão
entre o direito e o secretariado, considerando que a assessoria jurídica faz parte das
Ciências da Assessoria, com ênfase a Teoria das Áreas de Assessoria Interdisciplinar
(ROCHA, 2012).
Torna-se oportuno ressaltar que não se pretende sobrepor atribuições específicas,
uma vez que os resultados aqui apresentados visam elucidar as atividades operacionais
que o secretário executivo pode exercer em conjunto com os advogados, contribuindo,
desta maneira, para uma melhoria nas práticas jurídicas. Esta interação se justifica pela
8

competência inerente ao profissional de secretariado executivo, devidamente


reconhecida pela Lei 7.377/1985.
De acordo com os dados da Tabela 1, observou-se que, dos 50 respondentes,
68% possuem faixa etária entre 31 e 45 anos. Do total, 48% são homens e 52%
mulheres. Nota-se ainda que 78% dos pesquisados possuem titulação maior que
especialização, dos quais 60% dos respondentes possuem mestrado, 16% são doutores e
2% possuem pós-doutorado.

Tabela 1 - Perfil dos profissionais de Direito pesquisados


Faixa etária: Sexo:
Até 25 anos 1 Masculino 24
De 26 a 30 anos 5 Feminino 26
De 31 a 35 anos 15
De 36 a 40 anos 11 Titulação:
De 41 a 45 anos 8 Graduação 0
De 46 a 50 anos 4 Especialização 11
De 51 a 55 anos 3 Mestrado 30
De 56 a 60 anos 2 Doutorado 8
Acima de 61 anos 1 Pós-Doutorado 1
Total de respondentes 50
Fonte: Elaborado pelas autoras, com dados coletados na pesquisa de campo.

Tais profissionais do Direito pesquisados, quando foram indagados acerca do


conhecimento do curso de graduação em Secretariado Executivo, a maioria (60%)
declararam conhecer, principalmente pelo fato de ambos os cursos coexistirem na
mesma instituição de ensino ou na mesma cidade e também por possuirem amigos e/ou
parentes com formação em Secretariado Executivo. Entretanto, quando indagados
acerca das atribuições do secretário executivo, apenas 38% deles afirmaram conhecê-
las. Significa dizer que, embora eles saibam da oferta do curso, não o conhecem em
termos de formação profissional. O desconhecimento sobre a formação profissional e,
consequentemente, as atribuições do secretariado executivo, por parte de outras áreas,
deve-se a alguns fatores, como, por exemplo, a incipiente pesquisa científica, a não
classificação do secretariado nas áreas do conhecimento do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a consolidação de teorias que
delimitam o conhecimento em secretariado. (DURANTE, 2012)
Neste contexto, apesar de 62% dos profissionais pesquisados desconhecerem as
principais atribuições dos secretários executivos, quando foram esclarecidos, no
momento de aplicação do questionário, sobre as funções de Assessoria, reconheceram a
importância do secretariado diante da gama de atividades executadas pelo profissional
do Direito, que são passíveis de delegação no contexto da prática jurídica, conforme
mostra a Tabela 2.

Tabela 2 – Atividades atribuídas ao profissional de secretariado


Itens Respostas
Atendimento preliminar de clientes (triagem) e agendamento de consultas 35
Arquivo e manejo de documentos 39
Redação técnica de documentos 42
Organizações de reuniões 46
Controle de prazos processuais 31
Consultas públicas nos processos físicos e eletrônicos 11
Consultas e levantamentos de certidões junto às varas dos diferentes cartórios (cíveis, 19
criminais, títulos e documentos, registro civil)
9

Protocolos de diferentes documentos 22


Preenchimento de guias de custas 25
Controle de pagamento de honorários advocatícios com base nos contratos de 34
prestação de serviço pré-existentes.
Atualizações de andamento dos processos e manutenção da base de dados 30
Pesquisas jurisprudenciais, doutrinárias e de legislações com base em palavras-chave 7
Fonte: Elaborado pelas autoras, com dados coletados na pesquisa de campo.

Cumpre destacar as principais atividades consideradas relevantes, verificadas na


Tabela 2, enquanto atribuições inerentes ao secretário executivo reconhecidas pela Lei
nº 7.377/85: organização de reuniões (92%); redação técnica de documentos (84%);
arquivo e manejo de documentos (78%); e atendimento preliminar de clientes (triagem)
e agendamento de consultas (70%). Outras tarefas destacadas pelos entrevistados, que
estão atreladas à habilidade de organização e planejamento de serviços de secretarias,
dizem respeito ao controle de pagamento de honorários advocatícios com base nos
contratos de prestação de serviço pré-existes (68%), controle de prazos processuais
(62%), atualizações de andamento dos processos e manutenção da base de dados (60%),
preenchimento de guias de custas (50%), protocolo de diferentes documentos (44%),
bem como consultas e levantamentos de certidões junto às varas dos diferentes cartórios
- cíveis, criminais, títulos e documentos, registro civil - (38%).
Tais resultados da pesquisa comprovam a assertiva preconizada por Nonato
Júnior (2009), de que o secretário executivo pode exercer atividades de assessoria em
outras áreas. Isso se deve ao fato de que tal profissional possui conhecimentos basilares
da assessoria, que ao serem compartilhados com os de outras áreas, permitem a criação
de uma nova abordagem, através do intercâmbio de experiências desveladas em um
contexto particular, neste caso, a assessoria jurídica.
As principais atividades ressaltadas anteriormente pelos profissionais da área do
Direito estão associadas a dois campos de estudo do secretariado, quais sejam: Técnicas
Secretariais e Redação Técnica e Comunicação Secretarial. As Técnicas Secretariais
contemplam ferramentas secretariais básicas, como, por exemplo, organização de
agenda, reuniões, administração do tempo, organização e padronização de arquivos
físicos e digitais, gerenciamento de arquivos digitais. Essas técnicas, quando aplicadas
em escritórios de advocacia ou setores jurídicos empresariais, propiciam organização e
controle das atividades em geral, auxiliam na gestão de prazos processuais e na
organização e manuseio de documentos com base em conceitos de tabelas de
temporalidade. (MORUECO, 2006). Por sua vez, a Redação Técnica e Comunicação
Secretarial propiciam o domínio na produção e interpretação de textos técnicos em
organizações privadas (correspondência empresarial, documentos de rotina em
escritórios e carta comercial, etc.) e públicas (produção e interpretação de textos
técnicos de natureza oficial, correspondência oficial, ofício e documentos de rotina em
escritórios institucionais, entre outros). (NATALENSE, 1998)
As atribuições destacadas, na concepção de Nonato Júnior (2009), são atividades
de ordem operacional pertencentes ao eixo do Assessoramento, as quais emanam do
contato imediato com as técnicas, da interrelação de realidades e da articulação de
informações embasadas por interesses nucleares. Entende-se ainda que tais
conhecimentos, quando otimizados, possibilitam um desenvolvimento do processo
operacional de forma estratégica, com resultados que maximizam e dinamizam as
atividades de rotina das assessorias.
10

Em relação às redações de documentos pertinentes à rotina advocatícia,


conforme Gráfico 1, verificou-se que a citação dos principais documentos que poderiam
ser redigidos pelo secretário executivo são: procurações (34); contratos diversos (29); e
notificações extrajudiciais (28).

Gráfico 1 - Documentos delegáveis ao profissional de secretariado executivo

30% Procurações
68%
Alvarás
56%
Contratos diversos
20%
Petições em geral

32% Pareceres
12% 58%
Notificações extrajudiciais

Outros

Fonte: Elaborado pelas autoras, com dados coletados na pesquisa de campo.

Os outros documentos, elencados por 15 pesquisados, reduzem-se


categoricamente à redação de memorandos, ofícios, relatórios e correspondências a
clientes para informá-los sobre episódios processuais.
Os documentos que foram apontados com menor delegabilidade foram: alvarás
(10); pareceres (16); e petições em gerais (6). Tais restrições podem ser entendidas pelo
fato de que a redação desses documentos requerer conhecimentos e competências
específicos da advocacia. Por sua vez, o Curso de Secretariado Executivo, embora
possua a disciplina de Fundamentos de Direito, não habilita o profissional de
secretariado realizar tarefas acima mencionadas.
As petições em geral exigem conhecimentos aprofundados de direito material e
processual e, ainda, perante juízo, exige-se capacidade postulatória, podendo isso ter
motivado a indelegabilidade por parte dos profissionais respondentes. Os pareceres
elaborados pelos advogados consistem em orientações sobre algumas questões jurídicas
postas à apreciação sobre a legalidade ou ilegalidade de algum ato administrativo.
Contudo, no tocante a responsabilidade dos advogados pela emissão de pareceres
jurídicos administrativos há controvérsias.
Para Di Pietro (2001), o assessor jurídico que realiza parecer, mediante
interpretação da lei, não deverá ser responsabilizado judicialmente se os danos causados
aos clientes ou a terceiros não resultem de erro grave, inescusável ou de ato ou omissão
decorrentes de culpa ou dolo. Diferentemente, Justen Filho (2004) sustenta a posição de
que o advogado possui responsabilidade pessoal e solidária acerca do parecer jurídico
emitido. Dessa maneira, a divergência doutrinária pode estar refletida na opinião dos 34
respondentes que não delegarem a redação dos pareceres ao secretário executivo,
mesmo que tenha sido destacada, nos questionários, a salvaguarda da conclusão e do
mérito privativa ao advogado.
A competência do secretário executivo, no que tange a redação técnica de textos
e documentos, além de estar disposto no inciso IV da Lei nº 7.377/85, é uma aptidão
inerente ao perfil do profissional de secretariado executivo. Para Medeiros e Hernandes
(2009), tal profissional possui capacidade de redações claras, objetivas, coerentes e
11

harmônicas, bem como uma correta utilidade dos pronomes de tratamento, forma dos
fechos e identificação do signatário.
Com base no Gráfico 2, pode-se auferir que os profissionais pesquisados
possuem um ou mais assessores (estagiários ou graduados) para auxiliá-los nas diversas
atividades cotidianas (20 deles empregam estudantes do curso de Direito e 15 contratam
advogados).

Gráfico 2 - Atuais assessores em atividades operacionais pertinentes à área jurídica

Estudante do curso de direito 40%

Estudante do curso de secretariado executivo 0%

Profissional graduado em direito


30%

Profissional graduado em secretariado executivo 2%

Não possui um assessor 26%

Outros 12%

Fonte: Elaborado pelas autoras, com dados coletados na pesquisa de campo.

Verificou-se, também, que 13 deles não possuem assessores e 6 possuem outros


assessores, com destaque para pessoas com grau de escolaridade ensino médio
completo. No entanto, somente 1 dos entrevistados possui 1 profissional graduado em
secretariado executivo, contratado em seu escritório.
Esta realidade se deve, em grande parte, ao fato daqueles desconhecerem as
atribuições desse profissional (34%) e entenderem que as atividades desenvolvidas na
área jurídica devem ser exercidas exclusivamente por profissionais do Direito (20%),
conforme Tabela 3.

Tabela 3 – Motivos pelos quais não possui um secretário executivo como assessor
Itens Respostas
Desconhecimento quanto à existência do Curso de Bacharelado em Secretariado 2
Executivo
Desconhecimento das atribuições profissionais 17
Por entender que as atividades desenvolvidas na área jurídica são exclusivas do 10
profissional do direito
Por conhecer a profissão, mas ignorar as atribuições de assessoramento 13
Fonte: Elaborado pela autora com dados coletados na pesquisa de campo.

O único respondente que declarou ter como assessor um profissional com


formação em Secretariado Executivo comentou que sua escolha foi influenciada pela
oportunidade que teve em conhecer as aptidões do secretário executivo. Desde que o
secretário ingressou em seu escritório, as atividades foram otimizadas, melhor
organizadas e agilizadas.
Neste ínterim, os resultados apontam para uma necessidade de se divulgar as
competências secretarias e também as áreas de atuação. Tal difusão deve ocorrer por
12

meio de pesquisas científicas que focalizem o saber secretarial nos mais diversos
contextos e, principalmente, a relação com outras áreas do conhecimento. Dessa
maneira, deve-se promover uma discussão teórica e prática que envolva propostas de
relações interdisciplinares e contribua para a edificação de um espaço para o
secretariado (BÍSCOLI, 2012).
Apesar dos dados terem verificado a atual preferência pela formação acadêmica
na própria área jurídica, depois de reconhecida a importância da atuação do
secretariado, constatou-se que 86% dos profissionais de Direito entrevistados
contratariam um secretário executivo para assessorá-lo, segundo as atribuições
mencionadas anteriormente. Isso implica aceitação e, consequentemente, abertura para a
troca de ideias entre campos distintos, reconhecendo-se a compatibilidade entre as
áreas.
Por fim, conforme mostra o Gráfico 3, procurou-se verificar a concepção dos
pesquisados a respeito do leque de atuação do profissional de secretariado executivo em
diferentes áreas, como um agente multidisciplinar. Os resultados revelaram que todos os
entrevistados concordaram que o Secretário Executivo possui aptidão para assessorar
administradores e executivos. Em segundo lugar, 36 deles acreditam que esse mesmo
profissional tem condições de prestar assessoria na esfera política, tanto no âmbito de
órgãos públicos (executivo e judiciário) quanto no legislativo. Além disso, eles
destacaram a assessoria à economistas (31), à contadores (25), à engenheiros e
arquitetos (21), ambiental (18) e à moda (14).

Gráfico 3 - Secretário executivo como assessor em outras áreas.

Assessoria à administradores e
28% executivos
36% 100% Assessoria à engenheiros e
arquitetos
50% Assessoria à políticos

42% Assessoria à economistas

62% Assessoria à contadores


72%
Assessoria ambiental

Assessoria à moda

Fonte: Elaborado pelas autoras, com dados coletados na pesquisa de campo.

Diante disso, entende-se que as assessorias pertinentes ao secretariado mais


reconhecidas são à executiva e à operacional (NONATO JÚNIOR, 2009). Isso se deve
ao incipiente reconhecimento da assessoria em outras áreas, denominada Assessoria
Interdisciplinar. Sendo assim observa-se uma dificuldade de extrair o secretário
executivo do contexto empresarial e elencá-lo como um facilitador em outras áreas não-
administrativas (SANTOS; CAIMI, 2009; ROCHA, 2010; OLIVEIRA, 2011). Logo, há
uma deficiência no transporte dos conhecimentos da assessoria executiva para outros
ambientes profissionais.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
13

Esta pesquisa tratou de algumas reflexões sobre a assessoria jurídica, delineada


pelas relações interdisciplinares entre o direito e o secretariado, pois tanto as Ciências
da Assessoria como as Ciências Jurídicas abarcam assessoria jurídica, cada qual dotada
de suas especificidades e delimitada por seus objetos de estudo.
A interdisciplinaridade possibilita a investigação do objeto de estudo em uma
determinada área por diferentes vieses, com a oportunidade de se criar um novo
conceito ou abordagem, provenientes da fusão de metodologias e conceitos distintos
entre a assessoria e outras áreas, como, por exemplo, a Assessoria Jurídica, fruto das
Ciências da Assessoria e da Ciência Jurídica.
Buscou-se, aqui, fomentar um novo paradigma no campo do Secretariado
Executivo, no sentido de romper com a miopia cognitiva e ampliar a atuação do
profissional de Secretariado Executivo. Para tanto, objetivou-se compreender quais
habilidades e atribuições do secretário executivo, que podem ser aplicadas à área
jurídica.
Pode-se dizer que, no plano teórico, o estudo da interface do Secretariado
Executivo com o Direito encontra-se emergido na Assessoria Aberta com ênfase na
Assessoria Interdisciplinar. Ao passo que, em termos práticos, as diversas atividades
aqui evidenciadas revelam que o secretário executivo possui aptidões de cunho técnico-
tática passíveis de serem desenvolvidas na área jurídica, isto é, atribuições categorizadas
no eixo do Assessoramento.
Os resultados da pesquisa, no sentido de responder à problemática deste estudo,
desvelaram que o profissional de secretariado executivo, investido de assessor jurídico,
está apto a desenvolver as seguintes atividades:
a) atendimento preliminar de clientes (triagem) e agendamento;
b) arquivo e manejo de documentos;
c) organização de reuniões;
d) controle de prazos processuais;
e) protocolos de diferentes documentos;
f) preenchimento de guias de custas;
g) controle e pagamento de honorários advocatícios com base nos contratos de
prestação de serviço pré-existentes; e
h) atualização de andamento dos processos e manutenção da base de dados.
No tocante à redação de documentos, verificou-se que o secretário executivo
possui habilidade para redigir procurações, alvarás, contratos diversos, notificações
extrajudiciais, relatórios, memorandos, ofícios e correspondência a clientes para
informá-los sobre episódios processuais. Acerca dos pareceres e petições em geral,
entende-se que tais redações também podem ser ligadas, desde que o secretário
executivo fique adstrito a algumas fases peculiares, como, por exemplo, estruturação,
levantamento bibliográfico e documental. Isso porque a análise fática e a conclusão
serão de competência exclusiva dos advogados, devido aos conhecimentos jurídicos
específicos destes profissionais.
Logo, numa perspectiva interdisciplinar, ensejando um produto unificado, o
secretário executivo se insere na assessoria jurídica como um agente facilitador de
qualidade, apto a desenvolver uma assessoria estratégica operacional e a trazer, como
benesse, a maximização e a dinamização das atividades precípuas na área jurídica. Ele
torna-se, assim, um elemento vital, principalmente, em grandes escritórios que possuem
atividades com maior grau de complexidade.
14

Os resultados de pesquisa demonstram, ainda, a necessidade de se divulgar as


atribuições de assessoria do profissional de secretariado executivo e suas relações
interdisciplinares com outras áreas. No caso em tela, com o objetivo de promover uma
efetiva inserção do secretariado na área jurídica, aponta-se, como meio de divulgação, a
importância de se levar ao conhecimento da Ordem dos Advogados do Brasil as
habilidades secretarias, bem como de se fomentar o Estágio Supervisionado em
Secretariado Executivo, através da intervenção profissional no campo jurídico. Isso
porque, depois de elucidadas as atribuições secretariais, houve uma aceitação e
disposição por parte dos profissionais investigados em interligar realidades práticas.
Ressalta-se que tais resultados foram alcançados porque a aplicação dos
questionários foi precedida de esclarecimentos pessoais e técnicos sobre a profissão de
Secretariado Executivo. Ou seja, a participação da pesquisadora foi fundamental para o
acolhimento da possibilidade do secretário executivo como assessor jurídico. A
ausência dessa explanação implicaria resultados diversos, bem como maiores índices de
desconhecimento geral sobre tais atribuições.
Portanto, as possibilidades de atuação do secretário executivo junto a área
jurídica se desdobram em benefícios para ambas as área, sendo que o secretário
executivo pode cumprir uma ampliação do seu campo de atuação e os profissionais da
área jurídica, uma gestão operacional otimizada qualitativa e quantitativamente.
Como sugestão para pesquisas futuras, torna-se relevante ampliar a analise
interdisciplinar do Direito e do Secretariado Executivo, para tanto, propõem-se
investigar a assessoria jurídica, em grandes escritórios de advocacia, a fim de melhor
verificar a importância do secretário executivo em um contexto envolto por atividades
de maiores complexidade.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, T. C. D. Privatividade das atividades de consultoria, assessoria e direção


jurídicas. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1044, 11 maio 2006. Disponível
em: <http://jus.com.br/revista/texto/8369>. Acesso em: 11 mai. 2012.
BÍSCOLI, F. R. V. A evolução do secretariado executivo: caminhos prováveis a partir
dos avanços da pesquisa científica e dos embates teóricos e conceituais na área. In:
Daniela Giareta Durante (Org.) Pesquisa em secretariado: cenários, perspectivas e
desafios. Passo Fundo. Ed. Universidade de Passo Fundo, 2012, p. 37-74.
BLANCHÉ, R. L’éstémologie. Paris: PUF, 1972.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução CES/CNE N°003, de 23 de
junho de 2005. Aprova as diretrizes curriculares nacionais do curso de Secretariado
Executivo.
______. Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 6 out. 1998.
______. Lei Federal Nº 8.906, de 4 de julho de 1994. Dispõe sobre o Estatuto da
Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 jul. 1994.
15

______. Lei Federal Nº 7.377, de 30 de setembro de 1985. Dispõe sobre o exercício da


profissão de secretário e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 01 out. 1985
______. Lei Nº 9.261, de 10 de janeiro de 1996. Altera a redação dos incisos I e II do
Art. 2º, o caput do Art. 3º, o inciso VI do Art. 4º e o parágrafo único do Art. 6º da Lei
Nº 7.377 de 30 de setembro de 1985. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 11 jan. 1996.
DALE, E.; URWICK, F. L. Organização e assessoria. São Paulo: Atlas, 1971.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é filosofia. Rio de Janeiro: Editora 34, 1992.
DI PIETRO, M. S. Z. Temas polêmicos sobre licitações e contratos. 5. ed. São Paulo:
Malheiros, 2001.
DURANTE, D. G. A evolução da profissão secretarial por meio da pesquisa. In:
Daniela Giareta Durante (Org.) Pesquisa em secretariado: cenários, perspectivas e
desafios. Passo Fundo. Ed. Universidade de Passo Fundo, 2012, p. 7-11.
DURANTE, D. G; LASTA, A. A gestão secretarial no cenário organizacional
contemporâneo. Secretariado em revista. Passo Fundo. n. 4, p. 49-65, 2008.
Disponível em: <http://www.upf.br/secretariado/download/revista-n4.pdf> . Acesso: 06
de jun. 2012.

FENASSEC. Secretariado x Administração – editorial. Revista Excelência. Ano 7, n.


24, 2º trimestre de 2009.
FIGUEIREDO, V. Secretariado: dicas e dogmas. Brasília: Thesaurus. 1987.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
JUSTEN FILHO, M. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos.
10. ed. São Paulo: Dialética, 2004.
MEDEIROS, J. B; HERNANDES, S. Manual da secretárioa: técnicas de trabalho. 11.
ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MORUECO, R. Manual práctico de secretariado. Madrid: RA-MA, 2006.
NATALENSE, M. L. C. Secretária executiva: manual prático. São Paulo: Informações
Objetivas – IOB, 1998.
NONATO JÚNIOR, R. Epistemologia e teoria do conhecimento em secretariado
executivo: a fundação das ciências da assessoria. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2009.
OLIVEIRA, S.A. Brevíssimo tratado conceitual da assessoria: para entender o
secretariado. Guarapuava: Gráfica Ideal, 2011.
ROCHA, C. M. Teoria Geral do Secretariado (TGS) e Teoria Geral da Administração
(TGA): relações interdisciplinares nas Ciências Sociais Aplicadas. In: ENCONTRO
ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (EAIX), 19., 2010, Guarapuava. Anais
eletrônicos...Guarapuava: UNICENTRO, 2010. Disponível em:
<http://anais.unicentro.br/xixeaic/pdf/2096.pdf>
ROCHA, C. M. Lições preliminares de assessoria jurídica: a atuação do profissional de
secretariado executivo. In: SEMINÁRIO DE ESTUDOS EM SECRETARIADO
16

EXECUTIVO, 2012, Guarapuava. Anais...Guarapuava: UNICENTRO, 2012. 1 CD-


ROM.
SANTOS, C. V.; CAIMI F. E. Secretário executivo: formação, atribuições e desafios
profissionais. In: DURANTE, D. G.; FÁVERO, A. A. (Orgs.) Gestão secretarial:
formação e atuação profissional. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, 2009,
p. 30-31.
SANTOS, F. M.; CONTI, M. G. Assessoria executiva no âmbito jurídico. 2011.
Monografia (Curso de Secretariado Executivo), Universidade Estadual de Londrina,
Londrina.
Artigo convidado.
Recebido em: 18.03.2015
Avaliado em: 25.04.2015

S-ar putea să vă placă și