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2019 é o ano de celebração de 70 anos da publicação de um dos livros mais

emblemáticos da centralidade feminina: “O segundo sexo”, de Simone de Beauvoir.


Publicado em 1949, o livro trouxe consigo pautas extremamente fortes que abriram
debates, polêmicas e resistência por parte da polaridade política esquerda e direita. E é
por este motivo que a Nova Fronteira lançou uma edição comemorativa da obra de
Beauvoir, para nos lembrar das intermináveis indagações propostas pela autora.

Para se compreender a totalidade dos pensamentos de Beauvoir faz-se necessário a


compreensão do movimento ao qual constituem os pensamentos da autora, o
existencialismo. No existencialismo, a existência tem prioridade sobre a essência
humana, portanto o homem existe independente de qualquer definição pré-
estabelecida sobre seu ser. No existencialismo há a pressuposição de que a vida seja
uma jornada de aquisição gradual de conhecimento e essência do ser, por esta razão ela
seria mais importante que a substância humana. Nesta corrente filosófica, não crê-se
assim que, o homem tenha um propósito pré-determinado como definido pela religião,
mas que seu propósito se construa na caminhada de vida. O ideal de essência torna-
se cada vez mais complicado de se ser alcançado, afinal, já não existe mais a
ideia advinda do cristianismo de que toda essência criada pelo criador é
imutável, afina, segundo Darwin, não existe uma essência para nada, pois todas
as coisas estão em um constante devir (transformação). É a partir deste ponto
que poderemos compreender o pensamento de Jean Paul Sartre: A existência
precede a essência. Ou seja, segundo Sartre, as coisas estão, elas não são. Tudo o
que há agora passa por uma transformação contínua e sua essência é passageira,
cabendo a nós dar sentido a ela.

Beauvoir dialoga entre dois movimentos característicos da época: sufrágio e operário.


Se analisarmos através desta ótica, notaremos que, a autora adotou uma “abordagem
de época”, para reforçar seus pressupostos acerca da subalternidade da figura feminina.
É dentro deste exercício de reflexão que Beauvoir trabalha suas ideias acerca da
opressão sofrida pela figura da mulher.

Por que repensar a obra por está ótica é tão importante? Simplesmente pelo fato de
podermos enxergar com clareza que Beauvoir não se desprende da realidade, mas pelo
contrário, é completamente a frente de seu tempo, principalmente nos aspectos
históricos.

Esta edição comemorativa separa os dois eixos centrais da narrativa em livros distintos,
sendo: Fatos e Mitos; Experiência vivida, e um pequeno livro intitulado “70 anos
depois”.

FATOS E MITOS

Reconhecer um ser humano na mulher não é empobrecer a experiência do


homem: esta nada perderia de sua diversidade, de sua riqueza, de sua
intensidade, se se assumisse em sua intersubjetividade; recusar os mitos não é
destruir toda relação dramática entre os sexos, não é negar as significações que
se revelam autenticamente ao homem através da realidade feminina; não é
suprimir a poesia, o amor, a aventura, a felicidade, o sonho: é somente pedir que
as condutas, os sentimentos, as paixões assentem na verdade”

Fatos e mitos é a primeira parte do manuscrito de Simone de Beauvoir. Aqui, a


autora trabalhará arduamente em cima da desmistificação dos pressupostos que
dizem respeito a vivência da mulher. Aqui, Beauvoir trabalhará na explicação
do porquê as “essências existentes” da mulher na sociedade não explicam como
se dá a subordinação da mulher em relação aos homens.

A EXPERIÊNCIA VIVIDA

“Uma ética verdadeiramente socialista, ou seja, buscar a justiça sem suprimir a


liberdade, que impõe ônus aos indivíduos, mas sem abolir a individualidade,
ficará muito embaraçada com os problemas impostos pela condição das
mulheres.”

Segunda parte do segundo sexo. Se na primeira parte, Beauvoir busca


desmistificar a vivência da mulher no social, na segunda parte, ela coloca em
prática como realmente essa existência e essência funcionam. Como que a
mulher constrói a sua existência? Citando diversos exemplos de outras
mulheres e suas construções e caracterizações, Beuvoir compreende de forma
abrangente a real explicação do por que estas mulheres foram se construindo da
forma como se construíram e não de outra forma.

“Há um princípio bom que criou a ordem, a luz e o


homem, e há um princípio mau que criou o caos, as
trevas e a mulher.” (Aristóteles)

“Tudo o que os homens escreveram até hoje sobre as


mulheres deve ser suspeito, pois eles sao, a um só
tempo, juiz e parte.” (Fançois Poullain de La Barre)

A partir dos pensamentos acima, a autor inicia uma investigação através de uma
série de outros pensamentos, buscando a compreensão por meio de questões.
Aqui, Beuvoir critica a Biologia, o ponto de vista psicanalítico e o ponto de vista
materialista. Ao questionar a biologia, a autora não nega que exista uma
natureza feminina que se difere da natureza masculina, porém, ela também não
acredita que essa diferença seja o suficiente para explicar os motivos pelos quais
a mulher é sempre colocada em ponto de subordinação com relação ao homem.
Já o ponto de vista psicanalítico de Freud e Adler é confrontado, afinal, são
pensamentos masculinos acerca da essência da mulher que dependeram de um
contexto histórico para se solidificarem. Em outras palavras, se existe, de fato,
um complexo de inferioridade feminino em relação aos homens, é porque a
mulher está inserida dentro de um contexto social que valoriza muito mais a
virilidade masculina, do que a virilidade feminina. Nesta parte, a autora
também busca compreender o que dá à mulher o status de feminina levantando
diversas questões. Afinal, o que dá a uma mulher o status de mulher? Seriam
suas vestes, unhas pintadas ou uma essência pré-existente platônica da essência
feminina? Ou esta essência estaria presa à um conceito biológico de que a
feminilidade está ligada diretamente as questões biológicas? Será que basta
pintar o cabelo, unhas e usar saia para ser mulher? E partindo de questões como
estas que Beauvoir sintetiza toda a sua ideia em uma única frase, sendo ela:
Não se nasce mulher, torna-se.
Enfim, o livro é incrivelmente rico e merece ser lido, estudado e folheado
dezenas de vezes, até que suas palavras tornem-se efetivas em nosso eu. Como
estudante de Ciências Sociais, é interessante ler Beauvoir. A teoria da autora
acerca da formação da figura feminina no campo social, a construção da
identidade feminina, o lugar da mulher na sociedade segunda a concepção e
visão histórica, a mulher como objeto e não somo sujeito, dentre outros diversos
temas abordados pela autora, tornam a experiência de leitura extremamente
densa e rica. É necessário uma capacidade intelectual que exceda as linhas desta
obra. Em outras palavras, para que se compreenda de fato as ideias de Beauvoir,
faz-se necessário ler as diversas contribuições citadas pela autora ao longo de
sua narrativa. A compreensão das correntes filosóficas e das inúmeras
contribuições de outras correntes para a compreensão da teoria e formação da
mulher como ser no campo social é indispensável. Este é um livro que merece
destaque na prateleira, não por ser um livro que estuda àquilo o que buscamos
compreender, mas por ser um livro que excede as expectativas do leitor com
relação as teorias estudadas e apontadas por Simone de Beauvoir. Uma leitura
realmente intrigante.

SETENTA ANOS DEPOIS…

Há um notável afastamento (em partes) de “o segundo sexo” com a realidade


contemporânea. Afastamentos teóricos enfraquecidas pelas contribuições marxista, e
claro, do movimento feminista, o que claro, constituí parte da celebração desta obra —
a conquista do empoderamento social, político, pessoal e partidário das mulheres.
Porém, ainda assim, “o segundo sexo”, segue incomodando muita gente, não somente
por seus pressupostos inquietantes, como também por sua capacidade descritiva da
realidade feminina, que por um lado, permanece a mesma. A maior conquista deste
livro, talvez, tenha sido o impacto que a escrita de Beauvoir causou durante os anos
que se sucederam nestes setenta anos, podemos dizer que sua missão foi cumprida: a
sociedade, de certa forma, leu, analisou, debateu e discutiu o espaço da mulher em
sociedade. Sigamos em frente rumo a luta, pois as conquistas não podem parar.
ALGUMAS CITAÇÕES PRESENTES NESTA OBRA:

“Mas, de qualquer maneira, criar, cuidar não são atividades, são funções
naturais; nenhum projeto está envolvido; é por isso que a mulher não encontra
aí a razão de uma afirmação arrogante de sua existência; ela passa seu destino
biológico passivamente.”

“A ideologia cristã não contribuiu muito para a opressão das mulheres.”

“A razão subjacente às mulheres história dedicada em trabalho doméstico e


proibidos de tomar parte na construção do mundo é a sua subserviência à
função geradora.”

“Mas, na verdade, as vozes femininas silenciam onde a ação concreta


começa; eles foram capazes de provocar guerras, não sugerir as táticas de uma
batalha; eles têm orientado a política apenas na medida em que a política é
reduzida à intriga: os comandos reais do mundo nunca estiveram nas mãos das
mulheres; eles não agiram nas técnicas ou na economia, não fizeram ou
derrotaram estados, não descobriram mundos. É através deles que certos
eventos foram desencadeados: mas eram pretextos muito mais que agentes.”

“O privilégio econômico mantido pelos homens, seu valor social, o prestígio do


casamento, a utilidade do apoio masculino, todos comprometem as mulheres a
desejarem agradar aos homens. Eles ainda estão em uma situação geral de
vassalagem. Segue-se que a mulher conhece e escolhe a si mesma não como ela
existe para si mesma, mas como o homem a define.”

“O homem conseguiu escravizar a mulher: mas a esse ponto ele a despojou do


que a tornava desejável.”

“Ninguém é mais arrogante em relação às mulheres, agressivo ou desdenhoso, do


que um homem preocupado com sua virilidade.”

A AUTORA
Simone de Beauvoir foi uma autora e filósofa francesa. Ela escreveu romances,
monografias sobre filosofia, questões políticas e sociais, ensaios, biografias e
uma autobiografia. Ela é agora mais conhecida por seus romances metafísicos,
incluindo Ela veio a ficar e os mandarins, e por seu tratado de 1949 sobre o
segundo sexo , uma análise detalhada da opressão das mulheres e um trato
fundamental do feminismo contemporâneo.

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