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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

CURSO DE PSICOLOGIA
SERVIÇO DE PSICOLOGIA APLICADA – SPA CABO FRIO

CURSO DE PSICOLOGIA
ESTÁGIO PROFISSIONAL SUPERVISIONADO II
Prof.ª JULIANA LOPES FERNANDES
RELATÓRIO SEMESTRAL DO ESTÁGIO
SUPERVISIONADO

POR
WELLINGTON SIQUEIRA DE ALMEIDA

Cabo Frio
2016/1
WELLINGTON SIQUEIRA DE ALMEIDA
20122100410

RELATÓRIO SEMESTRAL DO ESTÁGIO


SUPERVISIONADO

Trabalho apresentado
ao curso de Psicologia, do
Instituto de Ciências da Saúde da
Universidade Veiga de Almeida,
em cumprimento as exigências
do estágio supervisionado

Professora: Juliana Lopes Fernandes

Cabo Frio
2016/1
Sumário

Introdução ............................................................................................................... 4

Histórico do SPA ..................................................................................................... 5

Fundamentação teórica ........................................................................................... 7

A neuropsicologia nos dias atuais ......................................................................... 11

Avaliação neuropsicológica .................................................................................. 11

O neuropsicólogo .................................................................................................. 12

Os atendimentos no Sistema de Psicologia Aplicada – SPA ................................ 15

Conclusão ............................................................................................................. 22

Referências Bibliográficas .................................................................................... 23

Anexos .................................................................................................................. 25
Introdução

O presente trabalho pretende mostrar a minha vivência no estágio pela equipe de


neuropsicologia a partir dos atendimentos desenvolvidos no Sistema de Psicologia
Aplicada - SPA da Universidade Veiga de Almeida, abarcando de uma maneira breve o
contexto histórico da neuropsicologia assim como o seu funcionamento nos dias atuais,
mostrando também o papel do neuropsicólogo, os testes usados nas avaliações, a história
do SPA e ainda os relatos a respeito dos atendimentos que fiz, e que por sinal foram todos
bem proveitosos.
A idéia é mostrar a importância da neuropsicologia nos dias de hoje mostrando que
mais do que aplicar testes, a neuropsicologia visa compreender de uma maneira ímpar
aspectos do funcionamento global do cérebro que por sua vez funciona como uma
orquestra, de modo que todas as áreas são independentes, porém inter-relacionadas,
portanto se utiliza técnicas especiais visando correlacionar lesões cerebrais e ou déficits
com o comportamento apresentado pelo indivíduo, técnicas essas que são
complementadas por instrumentos especificamente padronizados e de uso exclusivo da
neuropsicologia.
Os estudos em relação a comportamento e neurociências vem crescendo cada vez
mais, pois não é de hoje que o ser humano busca relações sobre o comportamento e sua
relação com o cérebro, uma vez que todas as tarefas que realizamos necessita da atividade
cerebral, para ler e compreender esse texto, calcular o quanto pode se gastar, lembrar o
caminho de volta de casa, conversar com uma pessoa, são apenas algumas funções de
uma infinidade que o nosso cérebro faz no dia a dia, sendo assim espero que ao terminar
de ler esse relatório tenha sido compensatória a função cerebral feita para essa atividade.
Histórico do SPA

Em 1933, através do sonho de Mário Veiga de Almeida, tem início a história da


UVA. Aos 16 anos, junto com sua irmã, Maria Anunciação de Almeida, começa a
alfabetizar crianças que, com dificuldade de leitura, não conseguiam acompanhar a
catequese junto à igreja de Santo Cristo, onde desenvolvia uma atividade voluntária.
Utilizavam como sala de aula a mesa de jantar da modesta residência onde viviam,
adotados por seus padrinhos, uma vez que perderam seus pais ainda crianças.
Em 1937, a sala de aula improvisada muda de endereço, para uma casa com poucas
salas de aula, surgindo a primeira escola, o Colégio Sagrado Coração de Jesus.
O Ensino Superior tem em 1971 seu início, com a criação da Escola de Engenharia
Veiga de Almeida, com os cursos de Engenharia Civil e Engenharia Elétrica. Em 1992,
as criações de novos cursos levam ao reconhecimento e oficialização, por parte do
Ministério da Educação e Cultura (MEC), da Universidade Veiga de Almeida, que hoje
conta com cinco campi e um centro de excelência em saúde.
O estágio em Psicologia é atividade obrigatória do Curso de Formação de Psicólogo
conforme a Lei de Regulamentação da Profissão de Psicólogo (Lei n° 4.119 de 27/
08/1962 — Lei regulamentada pelo Decreto n° 53.464 de 21/01/1964), devendo o aluno
realizar 840 h, no mínimo, para a obtenção do grau de Psicólogo.
Para tanto, o Serviço de Psicologia Aplicada oferece diversas modalidades de
estágios, com supervisão. O Plano de Estágio dos Setores atende à especificidade do SPA
e às ênfases dadas ao Curso de Psicologia: sócio institucional e clínico-institucional
O Serviço de Psicologia Aplicada – SPA da Universidade Veiga de Almeida - tem
dois objetivos fundamentais bem delineados: contribuir para a prática na Formação de
Psicólogo do aluno do Curso de Psicologia e propiciar atendimento de qualidade à
comunidade.
O SPA para fins funcionais se divide em Setores, que são subestruturas
encarregadas, primordialmente, do planejamento e da supervisão dos estágios, possuindo
a tarefa de adequar a Formação Profissionalizante às ênfases do Curso de Psicologia.
Atuam criticamente, acerca dos conteúdos e das atividades de estágio, buscando garantir
a adequação deste, ao currículo vigente no curso de psicologia.
Cada Setor referenda um campo de inserção da prática da Psicologia, assim como
as linhas teóricas que servem de fundamento para o pensamento psicológico, devendo
estar constituído por um ou mais supervisores que formarão equipes de atendimento
conforme sua orientação teórica e as especificidades de suas práticas.
Desta forma as diversas propostas de atuação da Psicologia estão representadas no
SPA em Setores. Estes, refletem suas especificidades, através de objetivos e planos de
trabalho elaborados e tratados de forma independente.
Os diversos Setores, no entanto, integram um colegiado respaldado por um mesmo
objetivo geral e compartilham um espaço reservado à reflexão e discussão de perspectivas
voltadas para a formação do profissional psicólogo. Os Setores de Estágio são formados,
a partir de propostas aprovadas pelo Corpo Consultivo do SPA. Todos os Supervisores
de Estágio precisam ser registrados no Conselho Regional de Psicologia – CRP como
Psicólogos e cadastrados no SPA como Supervisores.
O Estágio de Formação Profissional visa coerência e integração com as ênfases do
Curso de Psicologia e também a articulação de maneira eficiente entre teoria e prática.
Busca-se coerência e continuidade entre o que se passa em sala de aula e nas atividades
desenvolvidas na prática do aluno.
Desta forma pode-se identificar como as atividades de estágio se inserem no
fluxograma do Curso de Psicologia e a procura de articulação entre as disciplinas
ministradas ao longo da formação teórica que servem de base para as atividades dos
alunos no SPA.
Fundamentação teórica

Breve contexto histórico

O termo neuropsicologia surgiu no século XX, com William Osler (1849-1919),


porém as preocupações em relação ao cérebro e a mente são antigas, uma vez que os
antigos egípcios já se relacionavam com a palavra cérebro e demostravam ter uma certa
noção do processo de relação entre cérebro e funções motoras, já na Grécia Antiga devido
a Hipócrates (460-370 a. C.), conhecido hoje como pai da medicina, enxergar o cérebro
como órgão dos pensamentos e das sensações, o que o levou a descrever o cérebro como
localização da mente. De acordo com Kristensen (2001), Hipócrates chegou a afirmar
que o cérebro era considerado a parte mais importante do corpo e a sede da inteligência.

“Naquela época Hipócrates chegou a afirmar: “Algumas


pessoas dizem que o coração é o órgão com o qual nós pensamos,
e que ele sente dor e ansiedade. Mas não é assim. Os homens de
veriam saber que o cérebro é a origem de nossos prazeres,
alegria, risos e lágrimas. Por meio dele, em especial, nós
pensamos, enxergamos, ouvimos e distinguimos o feio do belo,
o ruim do bom, o agradável do desagradável” (Gazzaniga, 2005,
p. 121).

Então surge Galeno (129-200 a. C.) o maior dos primeiros anatomistas trazendo a
última contribuição para a Idade Antiga, ele acreditava que o cérebro seria a sede da
sensação, do movimento e do intelecto, segundo Kristensen (2001), Galeno dizia que a
sensação é a mudança qualitativa de um órgão sensitivo e a percepção, enquanto ação do
cérebro, era a consciência dessa mudança.
Galeno pensava que a massa cerebral viria a ser a responsável pelas atividades
relacionadas a mente, ou seja, os processos mentais superiores, sendo o conjunto de
movimentos que envolvem as ações dos indivíduos, estariam envolvidos diretamente com
os tecidos cerebral dos ventrículos.
Mais tarde surge René Descartes (1596-1650) um filósofo francês anatomista, com
a idéia de que alma e corpo eram diferentes substâncias acreditando que a alma seria uma
substância consciente do pensamento, e o corpo uma máquina orgânica, ou seja, o cérebro
seria o responsável pelo corpo mecânico, e a alma pelas atividades mentais, apesar de
questionada por cientistas e médicos da época sua teoria assim como suas idéias se
tornaram crença na época, principalmente pelos pensadores europeus.
No começo do século XIX Franz Joseph Gall (1758–1828) vem a ser um precursor
da neuropsicologia ao afirmar que as faculdades mentais estavam localizadas nas
proeminências do crânio em áreas cerebrais, e por acreditar nessa idéia ele criou uma
espécie de protocolo para apalpar o crânio de muitos indivíduos para estabelecer relações
entre as protuberâncias craniais e certas características da personalidade (Lambert e
Kinsley, 2006). Mas outra idéia também se presente naquele momento o cientista Marie
Jean Pierre Flourens (1794-1867) usou técnicas experimentais e a partir dessas
desenvolveu uma teoria a qual viria afirmar que todas as partes do córtex contribuíam
igualmente para todas as capacidades mentais, um conceito o qual ficou conhecido como
equipotencialidade (Gazzaninga, 2005). Porém Gall tinha um defensor de suas idéias
chamado Jean Baptiste Bouilland (1796-1881) que através de estudos anatômicos
mostrou que as funções cerebrais estavam localizadas em diferentes áreas do cérebro.
O marco inicial da neuropsicologia se deu em 1861 quando o jovem anatomista
francês Paul Broca (1824-1880) aluno de Bouilland mostrou a relação entre o lobo frontal
esquerdo e linguagem, segundo Kristensen (2001), suas conclusões foram baseadas em
avaliações clinicas e estudos anatômicos e, em particular, no estudo de dois pacientes e
suas posteriores autópsias, em 1865 Broca associou o hemisfério esquerdo com a
produção da fala, ao afirmar “nós falamos com o hemisfério esquerdo”.
Em 1874 o neurologista e psiquiatra alemão Carl Wernicke (1848-1905), publicou
escritos a respeito de que o giro temporal esquerdo seria o responsável pela compreensão
da linguagem, valorizando a idéia de relação entre fibras neurais e áreas cerebrais, chegou
ainda a dizer que encontrou o “centro de entendimento da fala”.
Já no século XX Osler usa pela primeira vez o termo neuropsicologia em uma
exposição em um hospital, desde então autores como Lashley (1938), Maclean (1952),
Teuber (1955), Weiskrantz (1968) e Shallice (1979) contribuíram muito para o
desenvolvimento da neuropsicologia no século XX, mas Alexander Romanovich Luria
(1902-1977) seria o principal fundador da neuropsicologia contemporânea, eles
acreditavam em um desenvolvimento da psicologia que fosse coerente com a
neurociências mas que de certa forma não dependesse delas integralmente, o que fez
Luria vir a ter um papel importante no desenvolvimento da psicologia histórica cultural,
segundo Mograbi (2014), Luria tinha uma perspectiva privilegiada sobre a relação entre
biologia e cultura pelo fato de acreditar que o desenvolvimento e funcionamento do
cérebro se davam a partir de complexas interações entre fatores biológicos e sociais.
Os estudos de Luria foram se tornando sólidos a partir de um método experimental
com um contexto clínico na Segunda Guerra Mundial ao realizar um trabalho de
reabilitação em pacientes com lesões cerebrais, ampliando assim o seu conhecimento em
relação ao cérebro e aos processos psicológicos, de acordo com Kristensen (2001), Luria
trouxe inovações ao exame clínico com técnicas aparentemente simples as quais seriam
orientadas pela visão das funções corticais superiores, sendo então o modelo teórico
proposto por Luria para dirigir o trabalho neuropsicológico, e foi durante a guerra ou
melhor após a guerra que de fato a neuropsicologia se tornou uma ciência, ciência que
teria como objetivo investigar o papel dos sistemas cerebrais individuais na complexidade
da atividade mental, ou seja, conhecer a relação entre comportamento, cognição, sistema
nervoso sendo essa relação normal ou patológica, sendo assim podemos afirmar que o
desejo de Luria estaria realizado, uma vez que ele mesmo disse: “Eu queria uma
psicologia que se aplicasse ás pessoas de fato, na sua vida real, e não uma abstração
intelectual no laboratório” Luria (1992).

“A neuropsicologia utiliza como método, inicialmente,


uma análise detalhada das alterações que surgem em processos
psicológicos em casos de lesões cerebrais locais e depois faz uma
tentativa para mostrar como os sistemas de processos
psicológicos são perturbados por essa lesão. Sendo assim, os
métodos neuropsicológicos fornecem uma abordagem a análise
da estrutura interna de processos e das conexões que unem os
vários processos psicológicos ”. (LURIA, 1981, p.303).

Uma das ideias as quais foram fundamentais na abordagem de Luria seria o fato de
os vínculos funcionais entre regiões cerebrais são construídos historicamente, além de é
claro o conceito das três unidades funcionais a qual Luria chegou a afirmar que se faz
necessária a participação dessas unidades para qualquer tipo de atividade mental: uma
unidade de sono e vigília, uma de processamento sensorial e armazenamento de
informação e uma de regulação e monitoramento das atividades, as quais abaixo serão
explicadas de maneira mais detalhada.

 A primeira unidade regula o estado do córtex cerebral, alterando seu tono e


mantendo o estado de vigília, inclui o tronco cerebral os gânglios da base e o
sistema límbico. Proporciona um nível de ativação de outras estruturas cerebrais
devido a uma relação reciproca com o córtex influenciando as condições de
atividade e regulando a própria experiência.

 A segunda unidade tem a função de receber, analisar e armazenar as


informações, inclui os lobos temporal, parietal e occipital do córtex.

 A terceira unidade elabora programas de comportamento pela sua realização


além de participar do controle de sua execução, envolvendo assim o controle
das ações humanas, inclui o lobo frontal.

“Toda a atividade mental humana é um sistema funcional


complexo efetuado por meio de uma combinação de estruturas
cerebrais funcionando em concerto, cada uma das quais dá a sua
contribuição particular para o sistema funcional como um todo.
Isto significa na prática, que o sistema funcional como um todo
pode ser perturbado por uma lesão de um número muito grande
de zonas, e que ele também pode ser perturbado diferentemente
em lesões situadas em diferentes locais”. (LURIA, 1981, p.23).

A neuropsicologia foi se solidificando cada vez mais, pelo fato das pesquisas
relacionadas aos conceitos psicológicos serem somadas a ciência, o que vem ocorreu
durante todo o século XX, na década de 80 segundo Gazzaninga (2005), os psicólogos
cognitivos juntaram forças com os neurocientistas, os cientistas da computação e os
filósofos para desenvolver uma visão integrada da mente e cérebro. Já a década 90 o
principal avanço no campo neuropsicológico se deu devido ao fato da evolução dos
exames de imagem como a Tomografia Computadorizada (TC), Ressonância Magnética
(RM), Eletroencefalograma (EEG) as quais contribuíram muito para o diagnóstico mais
preciso das lesões cerebrais fizeram com que a neuropsicologia correlacionasse os
exames de imagem com os estudos de funções corticais, e de acordo com
Gazzaninga(2005), se firma a crença de que o cérebro possibilita a mente e permite
atividades cognitivas como o pensamento, a linguagem e a memória.
A neuropsicologia nos dias atuais

Nos tempos atuais com avanço da tecnologia a neuropsicologia vem a ser uma
área de estudo multidisciplinar com o intuito de investigar as funções cerebrais superiores,
a partir do comportamento cognitivo, sensorial, motor, emocional e social, sendo de
fundamental importância para complementar o diagnóstico diferencial, uma vez que o
objetivo dessa ciência é estudar a correlação entre as disfunções cerebrais e a expressão
comportamental, pois entende o cérebro como um todo no qual as áreas são
interdependentes e inter-relacionadas funcionando como se fosse uma orquestra, a qual
depende da integração de seus componentes para realizar um concerto, seu processo
inicial se dá com a avaliação neuropsicológica, que visa auxiliar o planejamento em
relação ao tratamento e acompanhamento da evolução de quadros que já estão em
tratamento os quais podem ser medicamentosos, cirúrgicos e de reabilitação.

Avaliação neuropsicológica

A avaliação neuropsicológica se dá por meio de testes psicométricos e


neuropsicológicos os quais podem ser aplicados em baterias fixas que geralmente são
aplicadas em pesquisas, ou flexíveis que por sua vez permitem uma investigação clínica
mais precisa, como os testes neuropsicológicos variam em relação ao tempo de aplicação
e indicação, a idéia é que se deve organizar um protocolo básico, o qual vai permitir um
panorama geral em relação ao aspecto cognitivo do paciente, então são levantadas
hipóteses e a partir daí são aplicados testes que avaliem as funções mais comprometidas,
dessa forma fica garantida a eficácia da avaliação neuropsicológica, mas é de grande
importância destacar que o neuropsicólogo deve olhar para além dos escores dos testes,
conhecendo as relações entre o comportamento e funcionamento cerebral, por isso deve
se adequar ao sujeito avaliado de modo que se considere as competências, necessidades
e limitações de cada sujeito, além de é claro estar atento a todo e qualquer fator que possa
vir influenciar o desempenho do sujeito.
A partir desse processo pode se planejar um tratamento de reabilitação e também
pode se avaliar a eficácia do mesmo, atualmente demanda de avaliação neuropsicológica
vem ganhando destaque nos aspectos relacionados as pesquisas voltadas para os estudos
correspondentes ao funcionamento das pessoas, nos planos cognitivos e afetivos.
Mas a avaliação neuropsicológica ainda pode ser solicitada para monitorar déficits
decorrentes de doenças degenerativas, atender propósitos jurídicos, acompanhamento de
resultados clínicos após intervenções cirúrgicas, acompanhar declínio cognitivo assim
como déficits cognitivos secundários a outros transtornos, na avaliação da eficácia de
tratamentos farmacológicos tais como o tratamento terapêutico.

“Como se pode ver, a avaliação neuropsicológica pode


contribuir para o entendimento e o manejo de quadros tão
diversos envolvendo os transtornos do desenvolvimento,
quadros neurológicos, manifestações psiquiátricas e mesmo
doenças que afetem secundariamente o sistema nervoso central”.
(CAMARGO, 2014, p.83).

Isso é possível devido ao instrumental valioso que a neuropsicologia fornece, pois


certamente é a gama de teste que permitem o neuropsicólogo avaliar áreas como
orientação, atenção, memoria, aprendizagem, habilidades acadêmicas, linguagem e
funções verbais, funções executivas, percepção e funções motoras, orientação, humor,
comportamento e personalidade, porém é de extrema importância destacar que avaliação
neuropsicológica não se trata apenas da aplicação de teste e sim da interpretação
cuidadosa dos resultados como já dito aqui anteriormente por parte do neuropsicólogo.

O Neuropsicólogo

O neuropsicólogo vem a ser o profissional que vai atuar no diagnóstico, no


tratamento e na pesquisa, podemos afirmar que esses três campos de atuação do
neuropsicólogo se relacionam entre si, claro que cada um com suas peculiaridades, isso
exige do profissional da neuropsicologia um vasto conhecimento teórico em relação a
neurociências, pois ele deve compreender a complexidade de cada função acerca do
funcionamento cerebral, assim como as diversas patologias do sistema nervoso central,
além de é claro conhecer a ampla gama de testes neuropsicológicos de uma maneira
profunda, sabendo a especificidade, a sensibilidade e validade de cada teste, uma vez que
o neuropsicólogo observe essas particularidades se reduz a probabilidade de resultados
errôneos, por isso como já mencionado aqui deve se interpretar de maneira cuidadosa os
testes, observando a situação atual do paciente além dos aspectos culturais que fazem
parte do contexto que o mesmo vive, em outras palavras é fundamental que o
neuropsicólogo olhe para além dos escores, a partir daí é possível sugerir um diagnóstico
que vem a ser feito através de uma anamnese completa que possa levantar o maior número
de dados possíveis, testes psicológicos e neuropsicológicos padronizados que visam
avaliar o desempenho das funções cognitivas e a partir desses dados o neuropsicólogo
pode avaliar as funções intactas, os prejuízos assim como a natureza, extensão e grau, por
isso a importância de se olhar para além dos escores, pois a partir desse diagnóstico que
o neuropsicólogo vai traçar a estratégia de intervenção para compensar, adaptar,
contornar e até mesmo reduzir os efeitos relacionados ao déficits diagnosticado.
O neuropsicólogo pode ainda atuar no processo de reabilitação que visa utilizar
técnicas que segundo Pontes (2008), permite melhorar a qualidade de vidas dos pacientes
e familiares a partir do ensino de estratégias compensatórias, adaptativas, e até mesmo na
aquisição de novas habilidades, o que vai fazer o neuropsicólogo exigir do paciente uma
participação mais ativa, porém que é claro o neuropsicólogo deve respeitar a velocidade
e o ritmo do paciente, para isso é extremamente necessário saber conduzir o manejo de
sua ansiedade afim de garantir o êxito no processo de reabilitação.
Já no campo das pesquisas o neuropsicólogo vai trabalhar com parâmetros,
parâmetros esses que são feitos a partir dos testes neuropsicológicos, os quais vão permitir
verificar o desempenho esperado para alguma idade, ou determinada situação, além de
formular hipótese, aferir tratamentos e até mesmo mudanças comportamentais
contribuindo assim para o desenvolvimento das pesquisas relacionadas a neurociência,
segundo Camargo (2014), vem sendo uma área que está crescendo cada vez mais.

“Atua no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento


e na pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do
comportamento sob o enfoque da relação entre esses aspectos e
o funcionamento cerebral. Utiliza-se para isso de conhecimentos
teóricos angariados pelas neurociências e pela prática clínica,
com metodologia estabelecida experimental ou clinicamente.
Utiliza instrumentos especificamente padronizados para a
avaliação das funções neuropsicológicas envolvendo
principalmente habilidades de atenção, percepção, linguagem,
raciocínio, abstração, memória, aprendizagem, habilidades
acadêmicas, processamento da informação, visuoconstrução,
afeto, funções motoras e executivas. Estabelece parâmetros para
a emissão de laudos com fins clínicos, jurídicos ou de perícia;
complementa o diagnóstico na área do desenvolvimento e
aprendizagem”. (CFP, Resolução Nº 002/2004, Art. 3º).
A profissão de neuropsicólogo ganhou o reconhecimento da American
Psychological Associacion (APA) como área de atuação do psicólogo em 1980 e foi
reconhecida como especialidade da psicologia em 1996, já no Brasil somente em 2004 o
Conselho Federal de Psicologia (CFP) veio a estabelecer a especialidade da
neuropsicologia e delimitar o campo de formação deste profissional no país para então
conceder o título de especialista, para isso o CFP exige do profissional psicólogo o
registro profissional no conselho por no mínimo dois anos, além da aprovação em
concursos de provas e títulos promovidos pelo próprio conselho ou a realização de curso
de especialização na área, sendo estes os únicos caminhos os quais o psicólogo pode se
especializar em neuropsicologia.
Os atendimentos no Sistema de Psicologia Aplicada (SPA)

A seguir a ilustração clínicas dos atendimentos feitos no SPA e a minha participação


na Oficina da Memória, sendo essa oficina compostas por atividades voltadas para a
reabilitação de pacientes com a memória prejudicada, a partir da perspectiva
neuropsicológica baseada nos estudos desenvolvidos nos encontros de supervisão com a
equipe de neuropsicologia da Universidade Veiga de Almeida/ Campus Cabo Frio sob a
supervisão da professora Juliana Lopes Fernandes, Doutoranda na UFF, Mestre em
Neurociências pelo programa de Neurologia/Neurociências da UFF e Coordenadora do
SPA/UVA Cabo Frio.
Em meu primeiro atendimento tive a oportunidade de conhecer o paciente o qual
vamos chamar de K, preservando sua identidade em respeito à ética, K se inscreveu por
conta própria no SPA para uma avaliação neuropsicológica devido a um fato ocorrido
com ele em julho de 2015 quando sem saber porque sofreu uma perda de memória a qual
durou 12 horas, fato esse que mais tarde vim descobrir na anamnese que a perda de
memória durou até mais de 12 horas, segundo as informações coletadas (sic) na
anamnese, sendo a anamnese o processo inicial de todo atendimento feito pela equipe de
neuropsicologia onde é feito uma entrevista estruturada, mas que de acordo com o
momento se torna aberta, com o objetivo de retirar do paciente o maior número de
informações, onde a partir daí são levantadas hipóteses para que então possa se definir
quais testes deverão ser aplicados.
No dia do episódio K, perdeu a memória quando estava voltando para a casa após
ter ido a dois bancos, mercado e a algumas lojas. Por volta das 15:00 horas, o mesmo
teria sofrido um “branco”, quando ainda estava dirigindo em direção a sua casa, mas que
chegou em casa sozinho, tomou banho, cozinhou, comeu, e dormiu até as 05:30hs da
manhã, quando foi acordado pela sua mãe, assustado perguntou o que ela estava fazendo
ali, e a resposta dada por ela foi o que deixou K, assustado pois a mesma teria dito que K,
a telefonou pedindo ajuda, dizendo estar com fortes dores de cabeça, mas a mãe chega e
o vê dormindo.
Cabe ressaltar que K mora sozinho e que ao ver comida feita, notar a roupa trocada
e o banho tomado, pergunta a mãe e a mesma diz que quando chegou a sua casa a comida
já estava feita, e ele já se encontrava de banho tomado, K se assusta pois não lembrava de
nada, sua última lembrança foi de ter entrado no carro após para retornar a sua casa, então
pude concluir que K, ficou mais de horas executando tarefas domésticas além de dirigir
sem lembra de como o fez, um caso no mínimo curioso, pois K, em sua anamnese contava
detalhes do fato, lembrando que o fato foi em julho do ano passado, ou seja quase 9 meses
depois, K se lembrava de detalhes do fato ocorrido com ele, o que mostra não ter sofrido
mais nenhum indício de perda de memória.
Há cerca de 3 semanas, K estava indo a casa de uma amiga e não reconhecia o
lugar que estava, sendo que desde a infância frequentou o bairro onde mora a amiga, ele
conta ainda que viu os prédios e as casas em volta brilhando, como se estivessem todos
envernizados.
K relata que sempre foi um cara muito tranquilo, não bebe, não fuma, mora sozinho
sendo completamente independente, não tem filhos e nunca foi casado, se encontrando
hoje com 54 anos de idade, não sofre de doença alguma, se alimenta bem, é religioso
sempre viaja com a igreja para passeios, tem uma relação muito boa com sua mãe e seus
irmãos, quem os visita sempre 2 vezes por semana, seu pai faleceu ainda novo e era
alcoólatra, adora animais e tem muitos em sua casa, seu sono sempre foi tranquilo e
sempre trabalhou com a venda de madeiras, sendo essas as informações colhidas na
anamnese de K, em sua primeira sessão.
Não foi identificada demanda neuropsicológica para avaliação. Observou-se
possível quadro de ansiedade, observado pelo fato de falar alto, rápido além de balançar
as pernas o tempo todo. Levantou-se o a hipótese diagnóstica de transtorno dissociativo
de personalidade que segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, DSM 5 (2014), entende-se que seriam lacunas recorrentes na recordação de
eventos cotidianos e informações pessoais importantes e/ou eventos traumáticos que são
incompatíveis com o esquecimento comum, mas claro isso precisaria ser melhor
investigado.
Para compreender melhor o quadro de memória apresentado, alguns testes foram
separados para a próxima sessão, como o Figuras Complexas de Rey que visa avaliar a
atividade perceptiva e a memória visual, o que me permitiria verificar o modo como K,
apreende os dados perceptivos que lhe são apresentados assim como o que foi conservado
espontaneamente pela memória, pelo fato de ser um teste de aplicação rápida separei
também o teste BPA – Bateria Psicológica da Atenção que me permitiria avaliar a
capacidade geral de atenção e se caso restasse tempo ainda na próxima sessão aplicaria a
torre de Hanoí que se trata de um teste mais lúdico, sendo uma espécie de jogo, mas que
tem o objetivo de avaliar a capacidade de memória de trabalho e também a capacidade de
planejamento e solução de problemas.
Mas infelizmente o paciente faltou a próxima sessão, e a mesma foi remarcada para
a próxima semana, e ainda assim K, veio a faltar novamente e o mesmo se mostrou
desinteressado pela avaliação nos contatos em que fiz após essas duas faltas, diante dessa
situação eu decidi interromper o caso com o objetivo de dar limite ao paciente sendo essa
uma decisão conjunta com a supervisora da equipe.
A segunda paciente a chamaremos de M, sendo essa uma paciente que veio
encaminhada pelo neurologista, que solicitou uma avaliação neuropsicológica para
avaliar agnosia, discalculia e hemiparesia, pois o mesmo estaria suspeitando de um
Acidente Vascular Cerebral – AVC. O neurologista teria solicitado o laudo para com
urgência, o que significaria que teria poucas sessões para elaborar o laudo, diante dessa
situação planejei para a primeira sessão fazer a anamnese e aplicar alguns testes uma vez
que o neurologista já teria direcionado o que ele pretendia com a avaliação
neuropsicológica, para a primeira sessão separei a Figura Complexa de Rey a qual já disse
no caso anteriormente o que esse teste avalia e também separei o FDT, que em sua versão
brasileira é conhecido como o teste dos cincos dígitos e tem o objetivo de avaliar a
velocidade de processamento, a atenção e as funções executivas assim como os
subcomponentes controle inibitório e flexibilidade cognitiva.
Em uma sessão que durou 2 horas consegui aplicar a anamnese e os dois testes que
me propus aplicar, em sua anamnese consegui levantar informações importantes para a
avaliação como o fato de M, fazer uso de medicações como Rivotril, Hamato e Proximax,
e que por M, usaria Rivotril todos os dias se devido ao fato de se sentir muito bem quando
usa o medicamento, M tem 72 anos é casada, tem 2 filhas e 1 neto, mora somente com
seu marido e suas filhas moram na casa da frente junto com o neto, que passa a maior
parte do tempo na casa de M, diz ter uma boa relação com as filhas e com o marido, mas
alega que seu marido tem o gênio muito difícil, é ciumento e possessivo, e quase sempre
a trata de maneira rude, o que foi repetido durante a anamnese umas 3 vezes, sempre foi
do lar e sempre se dedicou ao Centro Espírita o qual participa de palestras e de reuniões
semanalmente, mas que ultimamente tem se sentido sem vontade de ir pelo fato de estar
se esquecendo dos cantos e das leituras que sempre fez nos encontros, e que sempre soube
décor, sofre ainda de uma hérnia de disco e de muita artrose no joelho o que trata com
fisioterapia desde que começaram as dores, nunca bebeu, hoje não fuma mas quando era
jovem fumava bastante, faz todas as atividades da casa, e faz compras sempre sozinha
sendo independente em todas as atividades instrumentais da vida diária, gosta de estar
sempre bem vestida, sua alimentação é restrita a açucares pois tem tendência a diabete,
não faz uso de transporte público pelo fato de não precisar, mas que se por acaso for
preciso faz, sempre dirigiu, andou um tempo sem dirigir mas agora retornou e
praticamente todos os dias dirigi, diz que tem uma vida tranquila o que a incomoda no
momento são episódios de esquecimentos que sempre sofreu, mas que ultimamente vem
aumentando, hoje em dia se ela vê um filme, minutos depois a mesma já esqueceu das
cenas e até mesmo do contexto do filme, em sua família a sua tia sofreu do mal de
Parkinson durante muitos anos, no passado o que a incomodava bastante era a sua relação
com seu marido, mas que procurou ajuda psicoterápica, a qual faz até hoje e que a ajudou
bastante na sua relação com o marido, e a mesma ainda diz que gosta muito de ir ao
psicólogo. Depois dessa anamnese rica de informações, apliquei os 2 testes o qual
preparei para aplicar, e por fim propus a M, que viesse a participar da Oficina da Memória,
e a mesma topou, expliquei que na próxima sessão faria a avaliação e o funcionamento
da oficina, que é toda segunda feira ás 08:30hs com duração de 1 hora, podendo se
estender um pouco.
Na segunda sessão a paciente faltou, mas consegui marcar outra sessão para a
mesma semana devido ao fato do curto prazo de tempo que teria para elaborar o laudo.
Então na sessão seguinte me propus a aplicar 2 testes e os testes que são necessários
para a avaliação da oficina, que são as escalas Beck de depressão (BDI) que visa avaliar
o índice de depressão, a escala Beck de ansiedade (BAI) que visa avaliar o índice de
ansiedade e o Neupsilim, que tem o objetivo de fornecer o perfil neuropsicológico breve,
quantitativo e qualitativo, mediante a identificação de preservação ou prejuízo das
habilidades neuropsicológicas, vale ressaltar que ao aplicar esses testes eu estaria não só
fazendo a avaliação para que M participasse da oficina, mas também dando continuidade
ao que o neurologista solicitou para avaliar em M, mas que devido a paciente ter o ritmo
lento e eu enquanto neuropsicólogo devo respeitar esse tempo não consegui aplicar o
Neupsilim, pois percebi que não daria tempo, e esse teste não pode ser aplicado pela
metade, então apliquei outros 2 testes que também estariam na programação e daria pra
ser aplicado no tempo restante da sessão, apliquei o Teste de Aprendizagem Auditivo -
Verbal de Rey - RAVLT, que tem o objetivo de avaliar de forma geral a memória verbal
e especificamente a memória recente, a aprendizagem verbal e a capacidade de retenção
da informação após certo tempo, e em seguida apliquei o teste de Fluência Verbal
Semântica e Fonética que objetiva avaliar a linguagem, a memória semântica e as funções
executivas.
A paciente segue no seu processo de avaliação e também está participando da
oficina da memória, até o momento não foi corrigido nenhum teste aplicado a mesma, o
que me impede de relatar aqui qualquer informação a respeito disso.
Em paralelo aos atendimentos da paciente M, venho atendendo também o paciente
Z, que se inscreveu no SPA por conta própria, ou melhor sua esposa o escreveu, pelo fato
do mesmo ter sofrido dois AVC ´s e se encontrar com dificuldade motora, e com uma
dificuldade na fala, o que se agrava quando o mesmo se encontra emocionalmente
abalado.
Diante desses dados que estão disponíveis em sua ficha de inscrição a princípio não
separei nenhum teste, afim de a partir da anamnese ver de fato o que é preciso avaliar
nesse paciente. Em sua anamnese Z, relatou que sofreu o primeiro AVC em 2006 sendo
esse o que deixou as sequelas que as convivem com ele até hoje, mas que segundo o
mesmo está cada vez lidando melhor com essa situação, sequelas essa que dificultam o
seu andar, e que segundo ele também faz com que mesmo pronuncie palavras erradas, seu
segundo AVC foi em 2010, sendo que nesse sua recuperação foi mais rápida e não deixou
nenhuma sequelas a não ser as deixadas pelo anterior, importante salientar que Z, hoje
tem 54 anos e que sofreu o primeiro AVC com 44 anos de idade, Z se diz uma pessoa
tranquila, está aposentado, sendo que em seu primeiro AVC continuou trabalhando, veio
a se aposentar 2 anos após o segundo o que mostra a determinação de Z, trabalhou durante
muito tempo como encarregado e como motorista, hoje em dia ajuda sua esposa em todas
as tarefas domésticas, e faz obras de ampliação e reparo em sua residência, a qual mora
com sua esposa e 2 filhas sendo uma casada e outra não, sempre faz passeios com a
família, nunca bebeu e nunca fumou, sempre teve uma alimentação sem exageros, faz uso
dos medicamentos Lorzatana e Aspirina Prevent, ultimamente tem frequentado a
academia a qual decidiu por conta própria passar a ter esse hábito, faz tratamento com
fisioterapeuta desde que sofreu seu primeiro AVC, e que segundo o mesmo tem sido
fundamental para a sua recuperação, no início deste ano fraturou o braço não precisou
passar por cirurgia e já se recuperou, diz que sente falta do trabalho dos amigos, e que
para não ficar entediado está sempre fazendo algo em casa, como cuidar das plantas, dos
animais, que são 4 cães e em relação as atividades instrumentais de vida diária sempre
foram totalmente independente, principalmente após os AVC´s, no final da anamnese me
confessa que tem se sentindo muito triste com a perda da sua mãe dois anos atrás e com
a perda de sua irmã no ano passado, o qual o mesmo evitou ir nos 2 velórios pois
acreditava que não conseguiria suportar e vir a ter mais problemas de saúde por conta de
seu quadro clínico, o que o deixa arrependido nos dias de hoje, e ainda diz de maneira
triste que sempre foi um cara calmo no trabalho e em casa sempre foi um ambiente
tranquilo, confessa não entender o porquê desses AVC´s com tão pouca idade, embora
pelo fato de seu irmão mais velho ter sofrido um AVC no início do ano acredita que possa
ser genético, diante dessas informações encerro a sessão e marco a próxima.
Confesso que não sabia o que de fato avaliar nesse paciente uma vez que o mesmo
durante a extensa anamnese em momento algum apresentou o tal problema da linguagem,
que o faz dizer palavras erradas, e também não me apresentou problemas algum em
relação a memória, uma vez que contou com detalhes diversos acontecimentos do passado
que não as coloquei no relatório pelo fato de não julgar necessário, então pelos seu relatos
no final da anamnese e pela informação apresentada na sua ficha de inscrição, optei por
aplicar as escalas Beck de depressão e ansiedade as quais já citei aqui antes o que visam
avaliar.
Na segunda sessão o mesmo chegou bem tranquilo e disse que se sentiu bem melhor
depois da primeira sessão, então apliquei as escalas e procurei fazer uma entrevista aberta
para se levantar hipóteses as quais poderiam ser avaliadas em um processo de avaliação
neuropsicológica, comecei perguntando sobre seu passado, sua vida familiar e
profissional o mesmo relatou detalhes precisos falando até os anos e a sua idade em que
os mesmos aconteceram e que correspondiam, o que mostrava que Z não apresentava
nenhum déficit de memória, e mais uma vez curiosamente o mesmo não apresentou o
problema de linguagem o qual ele diz ter, então perguntei sobre isso e também perguntei
se em algum momento foi diagnosticado por alguém, o mesmo disse que não, nunca
ninguém deu esse diagnóstico e falou ainda que uma vez foi a fonoaudióloga e a mesma
disse que ele não teria problema algum, quando questionei sobre isso o mesmo disse que
só evoca palavras erradas quando está nervoso, perguntei então o que deixava ele nervoso
a ponto de falar errado, o mesmo disse que se sente envergonhado de ser novo e ter um
andar deficiente, diz que se sente incomodado com a as pessoas olhando o andar dele e
que quando está em um ambiente com muitas pessoas observando seu andar ele começa
a falar palavras erradas, então expliquei para ele que se trata de um problema de
ansiedade, e não de linguagem, o mesmo ainda disse que o acontecido com sua mãe a
deixou muito mal, pois ela sempre foi muito amiga, cuidando dele até mesmo depois de
casado, esse cuidar seria marcar médicos, exames e preparar alimentos de seu agrado,
papel esse que hoje vejo claramente sua esposa fazer, quando vejo que ela veio fazer a
inscrição no SPA para Z, e que na anamnese o mesmo disse que nem sabia que ela teria
inscrito ele aqui, o que o deixa incomodado, pois o mesmo diz ser independente sendo
essa a única situação que o incomodava em relação a sua mãe e hoje o incomoda em
relação a sua esposa.
Diante de todas essas informações vejo que neste caso o meu trabalho seria de
terapia, o que não poderia ser feito ali, uma vez que estava na equipe de neuropsicologia,
então decidi com a supervisora encaminhar esse paciente para a terapia, e na próxima
sessão ao apresentar os resultados obtidos na aplicação das escalas Beck, iria explicar o
caso e então propor a terapia para o mesmo, então teria agora a missão não de pensar em
um teste para aplicar, mais sim em um terapeuta para indicar. Até o momento não corrigi
as escalas e ainda não foi decidido para quem encaminhar.
Vale ressaltar que visando o sigilo só descrevi acima as informações as quais julgo
necessária, e que os nomes estão abreviados por letras afim de preservar a identidade de
todos os pacientes atendidos de acordo com a ética profissional.
Conclusão

O que pude vivenciar no estágio desenvolvido dentro da equipe de neuropsicologia


veio a enriquecer e muito a minha formação acadêmica, trazendo muitos conhecimentos
acerca dos aspectos relacionados a neurociências os quais tenho um grande apreço, e que
certamente fizeram com que eu me colocasse a disposição para essa equipe por mais um
período pois tenho a certeza de que acrescentará muito a meus conhecimentos uma vez
que é avaliação neuropsicológica é de extrema importância para o diagnóstico diferencial
e que certamente garante o êxito em todo processo de avaliação que vise investigar a
natureza, o grau e a extensão dos mais diversos quadros neurológicos e psiquiátricos,
além de permitir que a partir da avalição neuropsicológica se possa planejar um
tratamento que de fato vise reabilitar o déficit levantado a partir do processo de avaliação,
processo esse que não consiste apenas na aplicação de testes mas sim de se adequar as
especificidades do sujeito avaliado considerando todos os fatores que possam vir a
influenciar o desempenho do paciente na avaliação, assim como acompanhar a eficácia
do tratamento em que o paciente se encontra.
Nos atendimentos que fiz pude perceber de maneira clara a importância da
neuropsicologia para os pacientes em que estão com déficits neurológicos e até mesmo a
importância para aqueles que não estão e acreditam que estão, quando na verdade a
psicoterapia pode muito bem ajudar esses pacientes, ou seja até para encaminhar um
paciente para a psicoterapia a avaliação neuropsicológica se faz importante, pois muitos
pacientes encontram dificuldades em lidar com suas questões e então optam por mascarar
essas questões com supostos déficits neurológicos e que ao se avaliar com exames e testes
se constata que não há déficit algum.
Sendo assim aguardo o próximo período onde vou procurar conhecer cada vez mais
a respeito das neurociências, da neuroanatomia e dos testes neuropsicológicos para que
seja na avaliação ou na reabilitação possa fazer um trabalho que vise mostrar as
capacidades de cada paciente ensinando-os estratégias compensatórias além da aquisição
de novas habilidades, fazendo com que o paciente a partir de um processo adaptativo
tenha uma qualidade de vida melhor, assim como seus familiares que por sua vez também
sofrem, vale lembrar que o trabalho do neuropsicólogo deve ser um trabalho
multidisciplinar e que todos envolvidos devem respeitar o ritmo e a velocidade do
paciente, priorizando sempre o mesmo.
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Anexos

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