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POLÍTICA EXTERNA

BRASILEIRA
AULA 3

Profª Thaíse Kemer


CONVERSA INICIAL

Da Era Vargas à Política Externa Independente (1930 – 1964)

A presente aula trabalha cinco temas centrais para a compreensão da


política externa brasileira (PEB) no período compreendido entre 1930 e 1964. O
primeiro tema trata do primeiro governo de Getúlio Vargas, que vai de 1930 a
1945, no qual a industrialização assumiu um papel central para a economia
brasileira e teve reflexos decisivos na forma pela qual o Brasil conduziu suas
relações internacionais. O segundo tema, por sua vez, trata do governo de Eurico
Gaspar Dutra, que governou o país de 1945 a 1950 e que, em grande medida,
pautou a PEB por um alinhamento à política externa dos EUA. O terceiro tema
explora o retorno de Getúlio Vargas à presidência do Brasil, de 1950 a 1954, por
meio da análise das relações do Brasil tanto com os EUA quanto com países
latino-americanos. O quarto tema trata dos governos de Café Filho e de
Juscelino Kubitschek (JK), que avançaram na pauta do desenvolvimento, ainda
que tenham, também, enfrentado dificuldades no plano internacional. Por fim, o
quinto tema avança a compreensão da política externa independente, a qual
ocorreu de 1961 a 1964 e apresentou novas possibilidades, mais autônomas e
plurais, para a condução da PEB.

TEMA 1 – GOVERNO VARGAS (1930 - 1945)

De acordo com Vidigal e Doratioto (2014, p. 58), a política exterior do


primeiro governo de Getúlio Vargas refletiu, em larga medida, as profundas
transformações experimentadas pelo Brasil no período. De fato, com a quebra
da bolsa de Nova Iorque, em 1929, houve uma crise nas exportações brasileiras
de café (Furtado, 2013, Cap. XXX). Com a política de valorização do café de
Getúlio Vargas, o contexto de crise generalizada fez que os capitais internos que
eram usados na produção de café passassem a ser investidos no mercado
doméstico.

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A política de valorização do café promoveu a queima da produção


excedente desse produto, como uma tentativa de controlar seus preços
internacionais.
Esse processo promoveu a industrialização do país e, segundo Furtado
(2013), possibilitou um deslocamento do centro dinâmico da economia do setor
exportador para o mercado doméstico. Consequentemente, durante a era
Vargas, ocorreu um aumento expressivo da produção industrial do Brasil, que
cresceu 50% no período entre 1929 e 1937 (Furtado, 2013). Esse contexto teve
reflexos nas relações internacionais do Brasil, que buscou diversificar seus
parceiros comerciais.
O Brasil fortaleceu suas relações comerciais com a Alemanha por meio
de um esquema conhecido por “comércio compensado”. Segundo Vidigal e
Doratioto (2014, p. 60), o comércio compensado consistiu na troca de produtos
entre Brasil e Alemanha, de forma que as transações ocorressem sem a
utilização de moedas. Esse sistema de comércio era vantajoso porque, após a
crise de 1929, havia um quadro internacional de escassez de moedas. Assim, o
comércio entre o Brasil e Alemanha, que utilizava trocas diretas de produtos,
cresceu de forma expressiva no período.
Nesse contexto, o Brasil passou a ter importantes relações comerciais
tanto com os EUA quanto com a Alemanha, o que, segundo Moura (1990), gerou,
para a diplomacia brasileira, um quadro de “equidistância pragmática”: o Brasil
utilizava seu posicionamento comercial com os dois países para obter vantagens
em outros setores, sobretudo no setor industrial (Vidigal; Doratioto, 2014, p. 64).
De fato, Vargas desejava construir uma siderúrgica no Brasil e, com sua política
de barganhas, buscou, junto aos dois países, obter tecnologias e recursos para
a construção dessa usina (idem, p. 65). Em discurso a bordo do navio Minas
Gerais, Vargas insinuou a possibilidade de aproximação com regimes
totalitaristas. Assim, com o início da Segunda Guerra, os EUA apoiaram a
construção da Companhia Siderúrgica Nacional, e o Brasil ingressou na
Segunda Guerra Mundial ao lado dos EUA.
Como consequência da participação do Brasil na Segunda Guerra, a partir
de 1944, houve:

a. a modernização das Forças Armadas do Brasil e;


b. o aumento do prestígio internacional do Brasil, que ficou ao lado dos
vitoriosos e esteve presente na fundação das Nações Unidas, em 1945.

Nesse contexto, o governo de Franklin D. Roosevelt, então presidente dos


EUA, cogitou a hipótese de o Brasil receber um assento permanente no contexto
do Conselho de Segurança, contudo a ideia foi abandonada por ter sido negada
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pelo Reino Unido e pela União Soviética e também em razão do falecimento do
presidente Roosevelt.

TEMA 2 – GOVERNO DUTRA (1946 - 1951)

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o Brasil nutria esperanças de


manter relações privilegiadas com os EUA. No entanto, naquele contexto, as
prioridades dos EUA passaram a ser a contenção do comunismo e a
reconstrução da Europa, de forma que os países da América Latina passaram a
ocupar um plano inferior no contexto das preocupações internacionais dos EUA.
Ainda assim, o governo Dutra manteve uma política externa fortemente
alinhada aos EUA e, como não havia reciprocidade desse país, Moura (1990)
denominou as relações entre os dois países de “alinhamento sem recompensas”.
Uma das evidências desse alinhamento brasileiro aos EUA foi a adesão do Brasil
ao Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), que estabeleceu
um mecanismo de assistência regional. Vale destacar que o mundo enfrentava,
em 1947, o contexto de Guerra Fria, no qual havia uma polarização entre países
alinhados aos EUA e entre países alinhados à União Soviética. Assim, o TIAR
evidencia que o Brasil do governo Dutra buscou um alinhamento de sua política
externa às posições dos EUA. A despeito desse fato, a capacidade de barganha
do Brasil já não era mais a mesma do governo de Vargas, haja vista que as
forças do cenário internacional do pós-Segunda Guerra haviam se modificado, e
as atenções dos EUA se voltaram para novas prioridades.

TEMA 3 – O SEGUNDO GOVERNO VARGAS (1951-1954)

O segundo governo de Getúlio Vargas enfrentou um cenário internacional


marcado pela Guerra Fria, de forma que o Brasil buscava apoio dos EUA, que
estavam mais preocupados com outras questões internacionais, em especial
com o combate ao comunismo. De fato, Vidigal e Doratioto (2014, p. 71) afirmam
que: “Objetivamente, não é descabido afirmar que a política externa do segundo
governo Vargas, em matéria de política internacional, foi pautada pelos valores
da ideologia norte-americana da guerra fria”. Nesse contexto, ainda que Vargas
tenha buscado um alinhamento aos EUA em temas de política externa, o Brasil
enfrentou dificuldades em ver suas demandas atendidas. Uma primeira
dificuldade enfrentada pelo governo de Vargas foi a posição do Brasil no contexto

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da Guerra da Coreia, que teve início em 1950. De acordo com Vidigal e Doratioto
(2014, p. 70), a ONU aprovou uma intervenção nesse conflito, e o Brasil apoiou
os EUA no contexto da Assembleia Geral. Contudo, em 1951, quando os EUA
solicitaram que o Brasil enviasse tropas para a guerra, Vargas não pôde atender
ao pedido americano. De fato, o Brasil enfrentava uma complexa situação tanto
em termos econômicos quanto em razão da grande oposição política ao governo
de Vargas (idem). Assim, embora Vargas tenha buscado seguir a estratégia de
seu primeiro governo, de buscar barganhar o desenvolvimento industrial do país,
o complexo contexto internacional da Guerra Fria tornou-se um obstáculo aos
desígnios de Vargas (idem).
Um exemplo dessas dificuldades foi a criação da Comissão Mista Brasil-
EUA, em 1950, com o objetivo de formular projetos nacionais que seriam
apreciados pelo Banco Interamericano de Reconstrução e de Desenvolvimento
(BIRD) e pelo Eximbank. Como resultados dessa Comissão, foram aprovados
quarenta e um projetos visando ao desenvolvimento nacional, sobretudo no setor
de transportes e de energia. Ainda assim, em 1953, a Comissão Mista foi
desativada de forma unilateral pelos EUA, após a eleição do presidente
americano Dwight Eisenhower.
Embora o Brasil tenha buscado, continuamente, o apoio dos EUA, os
esforços de Vargas foram objetos de inúmeras críticas internas (Vidigal;
Doratioto, 2014, p. 70). Esse foi o caso do Acordo Militar entre Brasil e EUA,
segundo o qual os EUA receberiam recursos estratégicos do Brasil, como areias
monazíticas, urânio e manganês, e, em troca, ofereceriam ao Brasil assistência
militar dos EUA e vantagens na compra de armamentos usados (idem).
No que se refere ao contexto regional da América Latina, o governo
Vargas expressou, também, alinhamento aos EUA. Um dos exemplos desse
alinhamento foi a intervenção dos EUA na Guatemala, em 1954. Naquele
período, a Guatemala era governada por Jacob Arbenz, cujas políticas
nacionalistas e de orientação comunista levaram a expropriações de terras da
empresa dos EUA United Fruit Company, que estava presente na Guatemala
(Doratioto e Vidigal, 2014, p. 73). Naquele contexto, o Brasil apoiou a proposta
americana de intervenção na Guatemala (idem).
No âmbito das relações entre o Brasil e a Argentina, Vidigal e Doratioto
(2014, p. 73) afirmam que havia:

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1. uma preocupação de ambos os países com a possibilidade de perda de
espaço em âmbito regional;
2. uma descrença, naquele momento, com relação à integração regional.

Por esses motivos, os autores explicam que houve o fracasso da proposta


do presidente argentino, Juan Perón, de uma nova tentativa de formação do
“Pacto ABC” (idem). De fato, a despeito de Vargas e de Perón serem
frequentemente comparados em razão de suas lideranças domésticas, as
posições internacionais desses presidentes eram bastante distintas, e o país
argentino via com desconfiança as pretensões do Brasil de aproximação aos
EUA. Por fim, vale destacar que o governo de Getúlio Vargas terminou em
agosto de 1954, ocasião na qual houve o suicídio do presidente. Com isso, tem
início o governo de Café Filho.

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O Pacto ABC foi a ideia de um pacto de concertação político-diplomática


entre Argentina, Brasil e Chile, o que deu origem ao acrônimo “ABC”. Essa ideia,
que havia sido proposta pela primeira vez em 1909, foi novamente aventada em
1914 e em 1954, e não teve êxito em nenhum desses momentos.

TEMA 4 – CAFÉ FILHO E O GOVERNO JK

Com a morte de Getúlio Vargas, Café Filho, então vice-presidente de


Vargas, assumiu a presidência da República. Segundo Vidigal e Doratioto (2014,
p. 74), o governo de Café Filho deu continuidade à busca do desenvolvimento
econômico e à política externa de aproximação dos EUA, como no contexto de
fóruns internacionais e em questões comerciais. Um dos temas relevantes do
governo de Café Filho foi o estabelecimento, entre Brasil e EUA, do Acordo para
a Cooperação para Usos Civis de Energia Atômica, em 1955. Esse acordo
estabelecia condições favoráveis para a cooperação na área de projetos e de
financiamento de reatores nucleares (idem, p. 75) e motivou o acirramento de
um debate que já estava em curso no Brasil desde a década de 1940 e que
opunha nacionalistas e associacionistas (idem). Segundo Vidigal e Doratioto
(2014, p. 75), no caso do acordo em energia atômica, os nacionalistas julgavam
que a aproximação com os EUA era nociva aos interesses do Brasil, pois, para
eles, o Brasil não teria vantagens com esse acordo. Ao contrário, os

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associacionistas, por sua vez, defendiam que o modelo de desenvolvimento
nacional deveria utilizar capitais estrangeiros.

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A partir da década de 1940, houve um grande debate no Brasil sobre a


forma pela qual deveria ocorrer o desenvolvimento econômico e industrial no
Brasil. Esse debate opôs os nacionalistas, segundo os quais o desenvolvimento
deveria ocorrer por meio da utilização de capital nacional, e os associacionistas,
conhecido pejorativamente por entreguistas, para os quais o desenvolvimento
do Brasil deveria utilizar o capital estrangeiro para viabilizar sua industrialização
(Entreguismo..., 2009).

Finalmente, durante o governo de Café Filho, ocorreu a Conferência de


Bandung, também conhecida como Conferências de Solidariedade Afro-
Asiáticas (Silva, 2017). Essa conferência foi um encontro entre países africanos
e asiáticos que haviam conquistado sua independência com relação a suas
colônias, no contexto do processo de descolonização (idem). Naquele contexto,
embora o Brasil tenha enviado observadores diplomáticos à Conferência, os
fortes laços entre o Brasil e Portugal fizeram que o Brasil não se engajasse, de
forma mais enfática, à causa da descolonização (idem).
No que se refere ao governo de JK, Vidigal e Doratioto (2014, p. 76)
dividem a política externa desse governo em duas fases principais, sendo que o
divisor de águas entre essas fases foi o lançamento, por JK, da Operação Pan-
Americana, em 1958. Enquanto a primeira fase foi marcada pelo alinhamento
entre o Brasil e os EUA, a OPA representou uma mudança da atuação externa
do Brasil (idem, p. 71). A OPA foi apresentada em uma carta de JK endereçada
ao presidente americano Eisenhower e trazia o argumento segundo o qual o
desenvolvimento e o combate à pobreza seriam as formas mais eficazes de
evitar a penetração de ideologias antidemocráticas na região.
Segundo Vidigal e Doratioto (2014, p. 78), a proposta foi recebida pelo
governo americano com cautela e, nos anos seguintes, os EUA buscaram
esvaziar, no âmbito da Organização dos Estados Americanos, a proposta
brasileira. Com isso, após a OPA, o Brasil iniciou um aumento de sua
aproximação com seus vizinhos latinos (idem). Em 1961, já no governo de João
Goulart e no contexto da Revolução Cubana, os EUA propuseram a Aliança para

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o Progresso, que, segundo Doratioto e Vidigal (2014, p. 78), buscava auxiliar o
desenvolvimento dos países latinos por uma via de caráter assistencialista, como
forma de afastar o comunismo da região.

TEMA 5 – POLÍTICA EXTERNA INDEPENDENTE (1961 – 1964)

Em 1961, Jânio Quadros assumiu a presidência do Brasil e implementou


a Política Externa Independente. Segundo Vidigal e Doratioto (2014, p. 82), essa
política tinha três objetivos principais:

a. promover o desenvolvimento nacional;


b. ampliar as parcerias internacionais do Brasil e;
c. contribuir para a paz mundial.

De acordo com Mansur (2014, p. 183), três temas assumiam centralidade


na PEI:

a. independência na atuação internacional – o Brasil deveria ser livre para


manter contatos com outros países, independentemente de ideologias;
b. o universalismo – o Brasil deveria ampliar suas parcerias;
c. a ênfase na promoção do desenvolvimento – a promoção do
desenvolvimento deveria ser uma prioridade da política externa brasileira.

Ainda segundo Mansur (2014, p. 184), o Brasil deveria pautar sua atuação
externa na defesa da autodeterminação dos povos, da não intervenção e no
apoio à descolonização. De acordo com Vidigal e Doratioto (2014, p. 83), a PEI
trouxe inovações para a política externa brasileira, ao sugerir:

a. o aprofundamento das relações do Brasil com países latinos;


b. a extensão das relações do Brasil a países socialistas e;
c. a ênfase no relacionamento com países africanos e asiáticos.

Ainda assim, os autores trazem duas características negativas da PEI:

1. os princípios da PEI não puderam ser plenamente aplicados no contexto


em que ela foi lançada, em razão do cenário de crise econômica e política
presente no governo de Jânio Quadros, que renunciou menos de um ano
após ter sido eleito;
2. o fato de a autonomia proposta pela PEI ter encontrado limites práticos,
dado o contexto econômico de dependência de capitais internacionais
(idem, p. 84).
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Ainda durante o governo de Jânio Quadros, ocorreu o Encontro de
Uruguaiana, realizado em 1961 entre Jânio Quadros e o governo argentino de
Arturo Frondizi. Segundo Spektor (2002, 140), esse encontro gerou um conjunto
de acordos de amizade e consulta, econômicos e culturais, entre outros, que se
tornaram conhecidos como Espírito de Uruguaiana. Assim, de acordo com
Pinheiro (2013, p. 170), os acordos de Uruguaiana constituíram um importante
passo para o fortalecimento das relações entre Brasil e Argentina.
A despeito de sua política externa assertiva, Jânio Quadros teve um
governo curto, pois renunciou em agosto de 1961 e, em seu lugar, assumiu o
vice-presidente, João Goulart, o qual encontrava-se em visita oficial à República
Popular da China, cujo governo era socialista. Com isso, houve disputas internas
no Brasil. A solução de compromisso foi implantação, no Brasil, do regime
parlamentarista, no qual o Poder Executivo seria exercido pelo presidente, por
um primeiro ministro e por um conselho de ministros.

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O regime parlamentarista vigorou no Brasil de 1961 a 1963. Em janeiro de


1963, houve um plebiscito no Brasil, e a população decidiu, naquele contexto,
pelo retorno ao presidencialismo.

O governo de João Goulart enfrentou questões complexas em matéria de


política externa. Uma dessas questões deu-se no contexto da VIII Reunião de
Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas, ocasião na qual
os EUA defenderam a expulsão de Cuba da Organização dos Estados
Americanos (OEA). Porém, o Brasil, defendendo o princípio da não intervenção,
absteve-se na votação, o que revelou a busca de autonomia decisória do país.
(Pinheiro, 2013, p. 170; Vidigal; Doratioto, 2014, p. 85).
Em 1963, Araújo Castro, Ministro das Relações Exteriores, discursou na
abertura da XVIII Assembleia Geral das Nações Unidas. Naquele contexto, ele
reafirmou os princípios da PEI por meio do discurso dos “3 Ds”, no qual defendeu
o desarmamento, o desenvolvimento e a descolonização como temáticas
fundamentais a serem defendidas no cenário internacional.

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NA PRÁTICA

A despeito do curto período em que ocorreu no Brasil, a política externa


independente trouxe diversos princípios e ideias que são relevantes nas relações
internacionais do Brasil contemporâneo. De fato, a Constituição de 1988 traz, em
seu artigo quarto, princípios das relações internacionais do Brasil que estiveram
presentes no contexto da formulação da PEI, por exemplo, a independência
nacional, a autodeterminação dos povos, a defesa da paz e a não intervenção.
Além disso, a ampliação das parcerias internacionais do Brasil, princípio que foi
defendido na PEI, também pode ser observado no parágrafo único do artigo
quarto, segundo o qual: “A República Federativa do Brasil buscará a integração
econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à
formação de uma comunidade latino-americana de nações” (Brasil, 1988).

FINALIZANDO

No primeiro governo de Vargas, de 1930 a 1945, o Brasil adotou uma


política de barganha com seus principais parceiros comerciais, EUA e Alemanha,
com vistas a apoiar seu processo de industrialização. Um fruto dessa política de
barganha de Vargas foi o apoio dos EUA para a construção da CSN, em 1942.
Além disso, o Brasil alinhou-se aos EUA no contexto da Segunda Guerra
Mundial, alinhando-se aos vitoriosos da Guerra. Ainda assim, o poder de
barganha de Vargas teve curta duração, pois Dutra não conseguiu obter dos
EUA as vantagens econômicas desejadas. O segundo governo de Vargas
tampouco conseguiu levar adiante o poder de barganha que teve em seu
primeiro governo, uma vez que tanto em Dutra quanto em Vargas, houve uma
mudança das prioridades externas dos EUA, que se voltaram ao combate ao
comunismo e à reconstrução da Europa. Com os governos de Café Filho e de
JK, há, também, limites na capacidade negociadora do Brasil com os EUA.
Nesse contexto, a PEI representa uma mudança importante na orientação da
política externa. Ao defender a não intervenção, a autodeterminação dos povos,
a defesa da paz e o universalismo, a PEI apresentou-se de forma inovadora e
contribuiu para sugerir ao Brasil caminhos mais autônomos na condução de sua
política externa.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial


da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988.

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Nacional, 2003.

MANSUR, T. M. P. G. A Política externa independente (PEI): antecedentes,


apogeu e declínio. Lua Nova, São Paulo, v. 93, p. 169-199, 2014.

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Dutra. Rio de Janeiro: FGV, 1990. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/6613>. Acesso em: 18 nov.
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PINHEIRO, L. História do Brasil Nação: 1808-2010. Olhando para dentro. São


Paulo: Mapfre/Objetiva, 2013, v. 4.

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<https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/PoliticaExterna/Descolonizac
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VIDIGAL, C. E.; DORATIOTO, F. F. M. História das relações internacionais


do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2014.

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