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Materiais de Construção

Tintas, Vernizes e Ceras

série MATERIAIS

joão guerra martins


adelma silva
2.ª edição / 2005
Apresentação

Este texto resulta inicialmente do trabalho de aplicação realizado pelos alunos da disciplina de Materiais de Construção
I do curso de Engenharia Civil, sendo baseado no esforço daqueles que frequentaram a disciplina no ano lectivo de
1999/2000, vindo a ser anualmente melhorado e actualizado pelos cursos seguintes.

No final do processo de pesquisa e compilação, o presente documento acaba por ser, genericamente, o repositório da
Monografia do Eng.º Adelma Silva que, partindo do trabalho acima identificado, o reviu totalmente, reorganizando,
contraindo e aumentando em função dos muitos acertos que o mesmo carecia.

Pretende, contudo, o seu teor evoluir permanentemente, no sentido de responder quer à especificidade dos cursos da
UFP, como contrair-se ainda mais ao que se julga pertinente e alargar-se ao que se pensa omitido.

Esta sebenta insere-se num conjunto que perfaz o total do programa da disciplina, existindo uma por cada um dos temas
base do mesmo, ou seja:

I. Metais
II. Pedras naturais
III. Ligantes
IV. Argamassas
V. Betões
VI. Aglomerados
VII. Produtos cerâmicos
VIII. Madeiras
IX. Derivados de Madeira
X. Vidros
XI. Plásticos
XII. Tintas, Vernizes e Ceras
XIII. Colas e mastiques

Embora o texto tenha sido revisto, esta versão não é considerada definitiva, sendo de supor a existência de erros e
imprecisões. Conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos os contributos técnicos que possam ser
endereçados. Ambos se aceitam e agradecem.

João Guerra Martins


SUMÁRIO

Aborda-se o tema, Tintas e Vernizes, o qual assume um papel importante, e marca em geral, o
fim de uma obra, que por vezes é executada rapidamente em detrimento da sua qualidade.

A qualidade e durabilidade de um revestimento por pintura condicionam por um lado o


aspecto decorativo da obra e por outro lado a protecção dos materiais de base utilizados.

Neste trabalho, apresentam-se algumas considerações relativas a tintas e vernizes e sua


aplicação. Inicialmente, são abordadas definições, natureza dos principais constituintes e
classificação.

Focam-se ainda, sua aplicação em superfícies de madeira, estuque, reboco ou betão e metais,
bem como respectivos esquemas de pintura.

Seguidamente, são abordados os principais problemas de pintura de superfícies. Inspecção e


Controlo, será outro ponto a destacar, devido ao seu grau de importância.

Finalmente, dão-se a conhecer os materiais indispensáveis à execução de uma pintura.

É este o resultado final, embora sempre incompleto de uma extensa pesquisa bibliográfica e de
uma enorme curiosidade temática.
Tintas, Vernizes e Ceras

ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS .............................................................................................................. 7

ÍNDICE DE QUADROS ............................................................................................................ 8

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................... 1

CAPÍTULO I - Tintas e Vernizes


I. 2 – Matérias-primas e constituintes ................................................................................................................. 5
I. 2. 1 – Introdução ........................................................................................................................................ 5
I. 2. 2 – Pigmentos.......................................................................................................................................... 6
I. 2. 3 – Cargas ............................................................................................................................................... 9
I. 2. 4 – Veículo fixo ....................................................................................................................................... 9
I. 2. 4. 1 – Óleos........................................................................................................................................ 10
I. 2. 4. 2 – Resinas .................................................................................................................................... 10
I. 2. 5 - Veículo Volátil................................................................................................................................. 14
I. 2. 6 - Aditivos............................................................................................................................................ 16
I. 3 - Processo de Fabrico das Tintas ................................................................................................................. 17
I. 4 - Propriedades dos Produtos de Pintura e dos Filmes de Tinta................................................................ 19

CAPÍTULO II - Classificação das Tintas


II. 1 - Generalidades............................................................................................................................................ 25
II. 2 - Classificação quanto à natureza do veículo volátil ................................................................................ 25
II. 3 - Classificação quanto à natureza do veículo fixo..................................................................................... 25
II. 4 - Classificação quanto ao fim a que se destinam....................................................................................... 27
II. 5 - Conclusão................................................................................................................................................... 28

CAPÍTULO III - Tintas


III. 5 - Condições de Aplicação........................................................................................................................... 42
III. 6 - Pintura de Madeiras................................................................................................................................ 43
III. 6. 1 - Generalidades .............................................................................................................................. 43
III. 6. 2. - Sequência das Operações de Pintura ........................................................................................ 44
III. 6. 3 - Sequência das Operações de Envernizamento .......................................................................... 47
III. 6. 4 - Pinturas de Manutenção ou Repinturas.................................................................................... 49
III. 6. 5 - Esquemas (genéricos) de Pinturas ............................................................................................. 51
III. 6. 5. 1 – Madeiras – Envernizamento - (Interiores/Exteriores) .................................................... 52
III. 6. 5. 2 - Madeiras - Esmaltagem - ( Interiores / Exteriores).......................................................... 53
III. 7 - Pintura de Estuque, Reboco ou Betão ................................................................................................... 54
III. 7. 1 – Generalidades.............................................................................................................................. 54
III. 7. 2 - Pinturas em Estuque ................................................................................................................... 55
III. 7. 2. 1 - Preparação da Superfície.................................................................................................... 56
III. 7. 2. 2 - Repinturas em Estuques ..................................................................................................... 57
III. 7. 3 - Pinturas em Rebocos ................................................................................................................... 59
III. 7. 3. 1 - Preparação da Superfície.................................................................................................... 60
III. 7. 3. 2 - Repinturas em Rebocos....................................................................................................... 61
III. 7. 4 - Esquema (genérico) de Pintura .................................................................................................. 63
III. 8 - Pintura de Superfícies Metálicas............................................................................................................ 64
III. 8. 1 - Generalidades .............................................................................................................................. 64
III. 8. 2 - Preparação da Superfície............................................................................................................ 64
III. 8. 3 - Sistemas de Pintura ..................................................................................................................... 67
III. 8. 4 - Método de Protecção contra a Corrosão ................................................................................... 70
Tintas, Vernizes e Ceras

III. 8. 5 - Pinturas de Manutenção ou Repinturas.................................................................................... 74


III. 8. 6 - Materiais para Pintura de Estruturas Metalizadas.................................................................. 76
III. 8. 7 - Esquema (genérico) de Pintura .................................................................................................. 78

CAPÍTULO IV - Problemas Gerais da pintura de superfícies


IV. 1 - Generalidades .......................................................................................................................................... 79
IV. 2 - Perda de Adesão ...................................................................................................................................... 84
IV. 3 - Esbranquiçamento................................................................................................................................... 86
IV. 4 - Deliquescência.......................................................................................................................................... 86
IV. 5 - Saponificação ........................................................................................................................................... 87
IV. 6 - Eflorescência ............................................................................................................................................ 87
IV. 7 - Eflorescência Calcária............................................................................................................................. 89
IV. 8 - Defeitos dos Estuques .............................................................................................................................. 91
IV. 8. 1 - Pederneira .................................................................................................................................... 91
IV. 8. 2 - Apodrecimento............................................................................................................................. 92
IV. 8. 3 - Expansão Retardada - Pulverização .......................................................................................... 92
IV. 8. 4 - Diferenças de Absorção............................................................................................................... 93
IV. 9 - Fungos e Bolores ...................................................................................................................................... 95
IV. 10 - Defeitos dos Rebocos ............................................................................................................................. 96
IV. 11 - Conclusão ............................................................................................................................................... 97
IV. 12 – Exemplos de Problemas mais Frequentes na Construção................................................................. 98

CAPÍTULO V - Inspecção e Controlo


V. 1 - Generalidades .......................................................................................................................................... 101
V. 2 - Controlo em Laboratório ....................................................................................................................... 102
V. 2. 1 - Cor e Opacidade.......................................................................................................................... 102
V. 2. 2 - Viscosidade .................................................................................................................................. 102
V. 2. 3 - Grau de Dispersão....................................................................................................................... 103
V. 2. 4 - Rendimento Teórico.................................................................................................................... 103
V. 2. 5 - Peso Específico............................................................................................................................. 104
V. 2. 6 - Determinação da Relação Espessura em húmido/ espessura em seco .................................... 104
V. 2. 7 - Tempo de Secagem...................................................................................................................... 104
V. 3 - Controlo em Estaleiro ............................................................................................................................. 105
V. 3. 1 - Preparação da Superfície ........................................................................................................... 105
V. 3. 2 - Condições Ambientais................................................................................................................. 105
V. 3. 3 - Inspecção da Tinta na Lata ........................................................................................................ 105
V. 3. 4 - Técnica de Aplicação................................................................................................................... 106
V. 3. 4. 1 - Preparação da Tinta para Aplicação................................................................................. 106
V. 3. 4. 2 - Tempo de Repintura ........................................................................................................... 106
V. 3. 5 - Espessura ..................................................................................................................................... 106

CAPÍTULO VI - Os Materiais
VI. 1 – Acessórios e Utensílios de Pintura ....................................................................................................... 107
VI. 1. 1 - O que vai necessitar necessitar ................................................................................................. 108
VI. 1. 2- Limpeza dos acessórios de pintura............................................................................................ 109
VI. 2 - Tintas e Produtos Afins......................................................................................................................... 110
VI. 2. 1 - Cálculo do Volume das Tintas a Adquirir............................................................................... 110
VI. 2. 2 - Tipos de Tintas e Produtos Afins ............................................................................................. 111
VI. 2. 3 - Como Agitar e Guardar as Tintas............................................................................................ 115

CAPÍTULO VII - Ceras


VII. 1 - Generalidades ....................................................................................................................................... 116
VII. 2 - Tratamento de base.............................................................................................................................. 116
VII. 2. 1 - Líquidos de base ....................................................................................................................... 116
VII. 2. 2 - Líquido base de protecção em solução aquosa ...................................................................... 117
Tintas, Vernizes e Ceras

VII. 2. 3 - Protector de ceras contra substâncias oleosas ....................................................................... 117


VII. 2. 4 - Protector ceroso........................................................................................................................ 117
VII. 3 - Tipo de Ceras........................................................................................................................................ 118
VII. 3. 1 - Cera sólida para madeira ........................................................................................................ 118
VII. 3. 2 - Cera impregnante a quente ..................................................................................................... 118
VII. 3. 3 - Cera líquida para pavimentos de madeira envernizada....................................................... 119
VII. 3. 4 - Cera líquida para barro .......................................................................................................... 119
VII. 3. 5 - Cera para barro ....................................................................................................................... 120
VII. 3. 6 - Cera de efeito mate .................................................................................................................. 120
VII. 3. 7 - Cera autobrilhante................................................................................................................... 121
VII. 3. 8 - Cera líquida para klinker e barro cozido............................................................................... 121
VII. 4 - Decapantes ............................................................................................................................................ 122
VII. 4. 1 - Decapagem de ceras líquidas................................................................................................... 122
VII. 4. 2 - Decapagem de ceras em pasta................................................................................................. 123
VII. 5 - Problemas que ocorrem nas ceras ...................................................................................................... 123
VII. 5. 1 - Quando a cera estiver a ficar esbranquiçada ........................................................................ 123
VII. 5. 2 - Se o pavimento estiver a perder a sua beleza original .......................................................... 124
VII. 5. 3 - Se o pavimento estiver opaco apesar de uma boa manutenção............................................ 124

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 125

ÍNDICE DE FIGURAS
Tintas, Vernizes e Ceras

INTRODUÇÃO
Figuras 1 - Arte Rupestre ou Arte Parietal......................................................................................................... 1

CAPÍTULO I
Figura I. 2 - Esquema de composição de uma tinta............................................................................................ 7
Figura I. 3 - Esquema de fabrico de uma tinta. ................................................................................................ 19

CAPÍTULO III
Figura III. 4 - Esquema (genérico) de Pintura - Madeiras - Envernizamento............................................... 54
Figura III. 5 - Esquema (genérico) de Pintura - Madeiras - Esmaltagem...................................................... 55
Figura III. 6 - Esquema (genérico) de Pintura - Alvenarias............................................................................ 65
Figura III. 7 - Esquema (genérico) de Pintura - Metais................................................................................... 79

CAPÍTULO IV
Figura IV. 8 - Exemplos de problemas mais frequentes na construção ....................................................... 101

CAPÍTULO VI
Figura VI. 9 - Acessórios e utensílios de pintura ............................................................................................ 110

ÍNDICE DE QUADROS
Tintas, Vernizes e Ceras

CAPÍTULO I
Quadro I. 1 - Características dos veículos fixos................................................................................................ 14
Quadro I. 2 - Aditivos (Exemplos) ..................................................................................................................... 17

CAPÍTULO VI
Quadro VI. 3 - Tipos de tintas plásticas e esmaltes mais utilizados na construção..................................... 112
Quadro VI. 3 - Tipos de esmaltes e tintas mais utilizados na construção .................................................... 113
Quadro VI. 4 - Tipos de impermeabilizantes e primários mais utilizados na construção .......................... 114
Quadro VI. 5 - Tipos de vernizes mais utilizados na construção .................................................................. 115
Tintas, Vernizes e Ceras

INTRODUÇÃO

Já na idade da pedra o Homem utilizava tintas para representar as figuras que se encontravam
nas suas cavernas, ou pinturas rupestres.

Para o efeito serviu-se inicialmente do carvão e do giz e só mais tarde de mistura de terras
coloridas amassadas com água. No entanto, como essa mistura se decompunha com facilidade,
devido à humidade, o Homem começou a empregar outros produtos naturais, como gorduras
de animais, resinas, cera de abelhas, etc. Com estes produtos a massa conseguida poderia
fixar-se melhor às superfícies onde fosse aplicada.

Figuras I.1 – Arte Rupestre ou Arte Parietal

Os óleos vegetais aparecem na sequência da evolução no fabrico de tintas e vernizes, para


satisfazer as exigências artísticas do Homem. Os óleos vegetais secativos aparecem com a
Renovação Científica Literária e Artística dos séculos XV e XVI, bem como os vernizes
preparados com resinas e às quais se juntavam essências de terebentina para regular a
viscosidade durante a aplicação.

Nos finais do século XVIII e princípios do século XIX surgem na Europa as primeiras fábricas
de tintas que se mostravam muito rudimentares, naturalmente.

O grande desenvolvimento da indústria de tintas e vernizes dá-se no século XX, ao sentir-se


necessidade de as utilizar não só para fins artísticos como também para proteger os materiais.

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Tintas, Vernizes e Ceras

O desenvolvimento da química e tecnologia de polímeros e pigmentos contribuiu muito para a


expansão da indústria de tintas e vernizes.

Até à 2ª Guerra Mundial usava-se ainda os óleos fervidos, que por vezes já estavam
combinados com resinas naturais. As tintas com estes tipos de ligantes designavam-se por
tintas óleoresinosas.

Com o desenvolvimento das resinas surgem, sobretudo a partir de 1930, novas formulações de
tintas com base nestas resinas (Fenólicas, Alquídicas, etc.), simples ou modificadas, com óleos
de longa e média cadeia. São estas formulações que permitem obter tintas brilhantes e
duráveis designadas por tintas de esmalte, utilizadas em pinturas de interiores e exteriores de
edifícios, bem como em veículos de transporte e diversos equipamentos. A aplicação destes
produtos foi consideravelmente ampliada com o desenvolvimento de novas resinas sintéticas,
e outras, permitindo ao mesmo tempo uma maior variedade de tipos de tintas e vernizes
produzidos.

As tintas designadas por plásticas surgem a partir da década de 50.

As resinas sintéticas, que até aí eram dissolvidas em solventes orgânicos, são agora dispersas
ou emulsionadas em água. O aparecimento das tintas plásticas teve vários motivos de
interesse, nomeadamente de economia, toxicidade, segurança e de limpeza após a sua
aplicação, de material usado.

Presentemente procura-se:
• substituir os solventes orgânicos pela água;
• produzir as chamadas tintas em pó, a fim de proteger quem as aplica dos efeitos
tóxicos;
• produzir tintas com elevado teor de sólidos a fim de reduzir a utilização de produtos
tóxicos.

Com o desenvolvimento do fabrico de tintas e vernizes os métodos de aplicação também


evoluem, desde a aplicação a pincel, trincha ou a rolo, até à aplicação por imersão, por electro-
deposição, por centrifugação ou por pistola.

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Tintas, Vernizes e Ceras

Nesta síntese da evolução histórica das tintas podemos concluir que a preparação moderna
destes produtos está relacionada com aspectos científicos, técnicos e de utilização muito
diversificados:
• Produção de cargas e pigmentos artificiais;
• Preparação de resinas sintéticas;
• Proteção/decoração de materiais metálicos e não metálicos contra a corrosão e
desagregação;
• Caracterização química e física e de comportamento das tintas e sistemas de pintura.
(Marques e Rodrigues, 1998, p. 2/3/4)

Actualmente é já um conceito adquirido que o papel da tinta, ou se quisermos da pintura não


se pode limitar a aspectos meramente decorativos, existindo sempre uma finalidade simultânea
de protecção.

CAPÍTULO I - Tintas e Vernizes

I. 1 – Generalidades

Quando falamos nas tintas e vernizes num sentido mais abrangente, compreende-se qualquer
material de revestimento, de consistência líquida ou pastosa, apto a cobrir, proteger e colorir
uma superfície. (Petrucci, 1993, p. 370)

Segundo o seu uso podem ser brilhantes ou “mate”, transparentes ou não, coloridas ou
incolores, bem como apresentar resistência a determinados tipos de agentes agressivos.

Duas são, portanto, as funções que normalmente deve preencher uma tinta, quais sejam a de
proteger e a de embelezar.

Nesta acepção, tinta é uma composição pigmentada líquida, pastosa ou sólida que, quando
aplicada em camada fina sobre uma superfície apropriada, no estado em que é fornecida ou
após diluição ou dispersão em produtos voláteis, ou fusão, é convertível, ao fim de certo
tempo, numa película sólida, contínua, corada e opaca. (NP-41, 1982, p. 7)

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Tintas, Vernizes e Ceras

A qualidade pretendida, o fim a que se destina a tinta, o factor económico, entre outros, são
elementos que podem condicionar a proporção dos constituintes.

Na protecção e decoração de superfícies não só se utilizam tintas como também se aplicam


vernizes.

Há diferenças a salientar que destinguem um verniz de uma tinta, principalmente pelo facto do
verniz não ser pigmentado e depois de aplicado forma-se numa película seca transparente, não
opaca e que poderá ser corado com corantes solúveis.

Podemos por isso definir que verniz é uma composição não pigmentada líquida, pastosa ou
sólida que, quando aplicada em camada fina sobre uma superfície apropriada, no estado em
que é fornecida ou após diluição, é convertível, ao fim de certo tempo, numa película sólida,
contínua, transparente ou translúcida e mais ou menos dura. (NP-41, 1985, p. 7)

Poderemos, ao escolher as matérias primas, obter tintas com as características desejadas, como
por exemplo:
- Facilidade na aplicação;
- Rápida secagem;
- Boa aderência;
- Resistência e durabilidade depois de seca.

- Facilidade na aplicação
Ao utilizarmos o método de aplicação, seja ele qual for, a tinta deverá estar na consistência
correcta para facilitar a aplicação.

- Rápida secagem
As grandes áreas de aplicação são em regra geral de difícil secagem, principalmente nas
secagens muito rápidas. Uma tinta brilhante, para aplicação à trincha em madeira, não deverá
secar muito depressa. No entanto, qualquer pintura deverá estar pronta a ser repintada no dia
seguinte, se necessário.

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Tintas, Vernizes e Ceras

- Boa aderência
Para termos sucesso numa pintura é sempre necessário haver boa aderência às superfícies,
qualquer que seja o tipo de tinta e método de aplicação. Para uma boa aderência devemos
preparar bem as superfícies e escolher o sistema de pintura mais adequado.

- Resistência e durabilidade depois de seca


A película deverá ser dura e ao mesmo tempo flexível, para poder suportar certas expansões e
contracções. As películas muito duras são normalmente mais quebradiças.

As mudanças de temperatura são as causas normais de aparecimento de fissuras, expansões e


descasque total da tinta.

Geralmente nota-se a falta de durabilidade da tinta pela perda do brilho, esfarelamento e


alteração de cor.

A acção da luz, água, ar e alguns agentes químicos originam ataques às películas, provocando
a mudança de cor e fissuras. A resistência da cor depende da qualidade dos pigmentos usados
na formulação da tinta.
(I. S. T., 1999/2000, p. 8/9)

I. 2 – Matérias-primas e constituintes

I. 2. 1 – Introdução

O conhecimento da natureza dos componentes de uma tinta, da função específica de cada um


deles, enfim, da maneira como é preparada e composta, é importante para compreender melhor
os problemas relacionados com a sua aplicação e comportamento.
É em função do objectivo de aplicação, como também das condições ambientais, que se faz a
formulação de uma tinta.

Assim sendo, terá que se atender a vários factores, os quais vão depender do comportamento
desta, como por exemplo:

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Tintas, Vernizes e Ceras

- o suporte em que se aplica;


- o modo de aplicação;
- as condições de secagem;
- as condições de exposição da tinta.
(I.S.T., 1999/2000, p. 11)

Quanto à constituição das tintas, são fundamentalmente constituídas por:


⇒ Pigmento e cargas [constituintes pigmentários];
⇒ Veículo fixo [constituintes formadores da película];
⇒ Veículo volátil [constituintes líquidos] – solventes e diluentes;
⇒ Aditivos [adjuvantes diversos] – secantes, plastificantes, etc.

Para melhor compreensão, de seguida apresenta-se um esquema de composição de uma tinta

Pigmento?

TINTA
Veículo?

Aditivos?

PIGMENTO VEÍCULO ADITIVOS

FIXO VOLÁTIL
RESINA SOLVENTE
(LIGANTE) (OU DILUENTE)

Figura I. 2 – Esquema de composição de uma tinta


I. 2. 2 – Pigmentos

Entende-se por pigmento substância sólida, em geral finamente dividida, praticamente


insolúvel no veículo, usada na preparação das tintas com o fim de lhes conferir cor e
opacidade ou certas características especiais. (NP-41, 1982, p. 5)

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Tintas, Vernizes e Ceras

Sendo a cor caracterizada pela absorção e reflexão das radiações luminosas, a opacidade é
mais uma das qualidades da tinta, com o objectivo em torna-la opaca depois de seca, de forma
a cobrir a base ou suporte de aplicação. (Petrucci, 1993, p. 378)

As principais propriedades que um pigmentos deve possuir, em largo limite, são:


- opacidade;
- poder corante;
- finura e propriedade de suspensão;
- estabilidade à luz;
- estabilidade ao calor;
- estabilidade aos agentes de corrosão ou propriedades anti-corrosivas;
- poder de absorção de óleo.

O pigmento, além destas propriedades, também é responsável, mas em menor grau, pelas
propriedades mecânicas, de brilho, de resistência aos produtos químicos e ao envelhecimento
do revestimento por pintura.

Mas, geralmente, um pigmento não apresenta todas estas características com o mesmo grau de
intensidade. Por isso deverá o formulador da tinta fazer um judicioso equilíbrio entre o teor
[teor de pigmento varia entre 5% a 80%] e o teor dos outros constituintes [veículo, cargas e
aditivos], para que o produto final [tinta] corresponda aos requisitos pretendidos como o de
protecção e decoração.

Será ainda importante referenciar a relação pigmento/veículo [concentração volumétrica de


pigmento] considerado óptimo, para o qual em princípio a película deverá apresentar as
melhores propriedades e mais adequadas ao fim a que se destina. (Marques, 1985, p. 14)

Disto conclui-se que o formulador da tinta, ao seleccionar e preparar esta, deverá se preocupar
não só com a cor desejada, como também estar alerta para não prejudicar o comportamento em
geral.

Num breve esquema de classificação, os pigmentos dividem-se em:

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Tintas, Vernizes e Ceras

- Pigmentos orgânicos [produtos vegetais e animais];


- Pigmentos inorgânicos [terras coloridas].

Quanto à natureza química temos:


• Pigmentos metálicos: constituídos por pós metálicos [alumínio, cobre, zinco,
ligas de cobre e zinco e bronze].

• Pigmentos inorgânicos: geralmente incombustíveis e insensíveis ao calor


[dióxido de titânico e óxido de zinco].
• Pigmentos orgânicos: possuem tomos de C e H, sensíveis à temperatura e
combustíveis [vermelho de totuídina e amarelo de benzidina].

Quanto ao processo de obtenção os pigmentos classificam-se em:


• Pigmentos Naturais: obtidos a partir de produtos naturais por processos de
moagem e peneiração [terras, metais, dióxido metálico];
• Pigmentos sintéticos: preparação por reacção química a partir de compostos
orgânicos e inorgânicos [ftalocianina de cobre].

Os pigmentos mais comuns, oriundos dos diferentes produtores, distinguem-se quanto às cores
por:
• Pigmentos brancos [dióxido de titânico, litopone, branco de zinco, branco de
antimónio, branco de chumbo e branco fixo];
• Pigmentos amarelos [amarelos de crómio, amarelo de óxido de ferro, amarelos de
zinco, amarelo de cádmio e pigmentos orgânicos];
• Pigmentos azuis [azul da Prússia ou azul de Paris, azul de cobalto, azul de
ultramira e azul de ftalocianina];
• Pigmentos verdes [inorgânicos e orgânicos];
• Pigmentos vermelhos [óxidos vermelhos de ferro, óxidos vermelhos de chumbo e
vermelho de cádmio];
• Pigmentos castanhos [terras coloridas];
• Pigmentos pretos.
(I. S. T., 1999/2000, p. 20/21)

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Tintas, Vernizes e Ceras

I. 2. 3 – Cargas

Carga é uma substância inorgânica sob a forma de partículas mais ou menos finas, de fraco
poder de cobertura, insolúvel nos veículos, empregada como constituinte de tintas com o fim
de lhes modificar determinadas propriedades. (NP-41, 1982, p. 1)

É em função da sua granulometria, da superfície específica e das características a ela


inerentes, que facilitam o fabrico e aplicação, melhoram a qualidade e durabilidade, aumentam
a impermeabilidade e elasticidade, conferem determinadas propriedades como isolantes
[acústico e térmico, resistência ao fogo, antiderrapantes] e, ainda, possibilitam a conservação
das tintas.

No entanto, as cargas têm fraco poder corante, praticamente não conferem opacidade às tintas,
mas por razões de ordem técnica e económica, são utilizadas na sua composição.

Conforme a sua origem as cargas classificam-se em:


• Cargas naturais [ barita, calcite, dolomite, caulino, limonite, mica, amianto, talco,
diatomite,sílica];
• Cargas artificiais [ sílicas artificias, sulfato de bário precipitado, etc.].
(Marques e Rodrigues, 1998)

I. 2. 4 – Veículo fixo

Ligante, aglutinante ou veículo fixo é um conjunto de componentes das tintas, vernizes ou


produtos similares que permitem a formação da película sólida. (NP-41, 1982, p. 7)

Além de fixar e manter ligadas as partículas de pigmento no filme de tinta seca, é responsável
em elevado grau, pela adesão e secagem, durabilidade e resistência química e mecânica da
pintura. (Santos, 1998, p. 6)

Muitos veículos fixos são constituídos basicamente por:


• óleos sicativos [por vezes modificados por resinas];
• resinas naturais, artificiais e sintéticas;

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Tintas, Vernizes e Ceras

• silicatos inorgânicos;
• produtos betuminosos [podem ser ou não modificadas com resinas];
• resinas de silicone [tipo especial de resina sintética].
(Marques, 1995, p. 16)

Os veículos fixos mais utilizados são os óleos e as resinas. Pelo facto, de seguida fazem-se
algumas considerações gerais sobre a sua natureza e os tipos principais.

I. 2. 4. 1 – Óleos

Define-se óleo como uma substância líquida e de aspecto viscoso à temperatura ordinária, de
origem vegetal, animal ou mineral, podendo apresentar estruturas químicas muito diversas.
(NP-41, 1982, p. 3)

Nos óleos [tintas oleosas] o aglutinante é constituído por óleos orgânicos designados por óleos
secativos. Este tem normalmente origem vegetal, possuindo a propriedade de se solidificar,
transformando-se numa película mais ou menos dura e elástica quando é exposta ao ar, em
camada fina. (Santos, 1998, p.5)

Os óleos secativos de maior importância são o óleo de linhaça, o de madeira da China ou


“Tung”, o de ricíno desidratado, o de soja e o de “óleo de Tall”.

O óleo de linhaça, sendo o de maior importância, é dotado de boas propriedades de secagem e


durabilidade exterior. Contudo os filmes, por envelhecimento, tendem a amarelecer e a
endurecer, perdendo as suas propriedades elásticas originais.
As propriedades a considerar num óleo são: a cor, o aspecto, a fluidez, o odor, a massa
específica, o índice de refracção, índice de saponificação, índice de iodo, índice de ácido e
absorção de óleo. (Marques, 1995, p. 17)

I. 2. 4. 2 – Resinas

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Tintas, Vernizes e Ceras

Entende-se por resina a substância orgânica sólida, semi-sólida ou líquida, amorfa, termo-
plástica ou termo-endurecível, má condutora de electricidade, em geral insolúvel em água,
mas solúvel em certos solventes orgânicos. (NP-41, 1982, p. 5)

As resinas mais usadas, como veículo fixo são, quanto à sua origem:
• Naturais;
• Artificiais;
• Sintéticas.

a) Resinas Naturais

Resina termo-plástica de origem vegetal ou animal. (NP-41, 1982, p. 5)

São materiais resinosos, exsudados por plantas, solúveis em solventes orgânicos e óleos, mas
não solúveis na água. Com aquecimento, fundem-se e decompõem-se. A composição varia
conforme a sua origem, necessitando de tratamento geral.

Estas são de pouca importância, tendo sido progressivamente abandonadas por razões de
ordem técnica e económica.

O tipo de família de resinas mais relevantes são:


• Colofónia;
• Copais de Congo;
• Laca da China;
• Resina de Damar.
( Marques e Rodrigues, 1998, p.17)
b) Resinas Artificiais

Chamam-se resinas artificiais às provenientes de uma modificação química, quer de óleos


gordos, quer de resinas naturais, quer de mistura destes produtos, quer ainda de resinas
sintéticas. (NP-41, 1985, p. 5)

São constituídas por:

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Tintas, Vernizes e Ceras

• oleoresinosas;
• celulósicas;
• borracha clorada;
• resinas alquídicas modificadas.
(Marques, 1985, p.22)

c) Resinas Sintéticas

Resina resultante de reacções químicas controladas a partir de substâncias perfeitamente


definidas que não possuem carácter de resinas. (NP-41, 1985, p. 5)

O consumo de resinas sintéticas tem aumentado significativamente, uma vez que têm
permitido melhorar, progressivamente, os materiais de pintura sob vários aspectos:
durabilidade, tenacidade, resistência química, etc. (Robbialac, 1958, p. 22)

Estas são de elevada massa molecular [polímeros], de fabrico sintético, no qual não fazem
parte constituintes naturais.

As resinas sintéticas utilizadas na indústria são: as Vinículas, as Acrílicas, Estireno -


Butadieno, Poliestireno, Amínicas, Epoxidicas, Alquídicas, Fenólicas, Poliester, Poliuretano
e de Silicone. ( Marques, 1985, p. 23)

É evidentemente impossível dentro dos limites e objecto de trabalho dar sequer indicação das
características, propriedades e aplicação dos diversos materiais citados, mas vale talvez a pena
considerar, com certo pormenor, as resinas alquídicas, em virtude da sua excepcional
importância.

As resinas alquídicas são, de facto, óleo-resinas, ou seja, combinações de óleos gordos e


resinas artificiais obtidos por condensação química. Foi com a sua introdução, em 1930, que
surgem os esmaltes sintéticos, os quais são notórios pela sua inultrapassável durabilidade.
(Robbialac, 1958, p. 23)

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Tintas, Vernizes e Ceras

São materiais extremamente versáteis, os quais se podem preparar numa grande variedade de
tipos adaptáveis à formulação de tintas de natureza, características e funções muito diversas.
Os veículos alquídicos, distinguem-se pelas sua propriedades de durabilidade, estabilidade,
adesão e secagem.

Actualmente têm-se desenvolvido novas resinas. Utilizam-se constantemente combinações de


diferentes monómeros para se obterem novos polímeros [resinas], mas também a inclinação
para a utilização de tintas sem solventes [pós], os quais têm favorecido o uso de outras resinas
como polietileno, polipropileno, nylon, poliéteres, clorados e poliésteres.
(Marques, 1985, p. 23)

Em laboratório, as características que se controlam numa resina, para utilização na formulação


de uma tinta, são a massa volúmica, a cor, o índice de ácido, a viscosidade e o teor de sólidos.

Para uma melhor compreensão é compensatório resumir as principais características dos


diferentes veículos indicando o seu modo de secagem, os principais solventes, a resistência
aos produtos químicos e à intempérie.

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Tintas, Vernizes e Ceras

Quadro I. 1 – Características dos Veículos Fixos

I. 2. 5 - Veículo Volátil

Veículo volátil é a parte do veículo das tintas, vernizes ou produtos similares, que evapora
durante o processo de secagem. (NP-41, 1985, p. 7)

Sendo incluída na composição das tintas com o objectivo principal de reduzir a viscosidade e
facilitar a aplicação, é também responsável em conferir homogeneidade à película, facilitar a
lacagem, melhorar a adesão à base e actuar sobre a secagem. (Robbialac, 1958, p. 23)

A parte volátil é constituída por solventes e diluentes. Ambos se destinam a cooperar para
permitir a secagem da tinta ou do verniz, contudo existem diferenças.
(Petrucci, 1993, p. 382)

Os solventes são constituintes líquidos, simples ou mistos, mas voláteis nas condições normais
de secagem e que, não sendo filmogéneos, devem ser usados para que a porção volátil do

14
Tintas, Vernizes e Ceras

veículo seja capaz de dissolver o ligante das tintas e vernizes. As propriedades mais
importantes de um solvente são a “solvência” e a volatilidade. (Bauer, 1994, p. 661)

Como os solventes são de custo elevado, geralmente inclui-se na composição mas em menor
grau, promovendo-se assim a sua substituição pelos diluentes.

Os diluentes são líquidos leves, voláteis à temperatura ambiente, adicionados aos solventes
com o objectivo de melhorar as características de aplicação, inclusivé assegurar uma certa
viscosidade durante a aplicação da tinta. (Petrucci, 1993, p. 282)

Os diluentes devem ser cuidadosamente seleccionados e compostos para o produto em que são
utilizados. Pois a formulação defeituosa destes materiais pode afectar o comportamento da
pintura, como a consistência, a lacagem, secagem, adesão e durabilidade dos produtos da
pintura. (Santos, 1998, p. 7)

Os solventes e diluentes mais usados na indústria são:


• Água;
• Trepenos [terebentina, agarrás, dipenteno];
• Hidrocarbenetos [alifáticos, aromáticos, naftalénicos];
• Solventes oxigenados [álcoóis, cetonas éter, esteres];
• Solventes clorados [cloreto de metileno, tetracloreto, etc.].

A escolha dos solventes e diluentes é feita com base nas seguintes características:
• Poder obliterante;
• Poder solvente;
• Ponto de ebulição;
• Ponto de inflamação;
• Velocidade de evaporação;
• Estabilidade química;
• Odor;
• Toxidade.
(Marques, 1985, p. 35/36)

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Tintas, Vernizes e Ceras

I. 2. 6 - Aditivos

Substâncias eventualmente incorporadas, em pequena percentagem, nas tintas e vernizes e


produtos similares, com o fim de lhes alterar acentuadamente determinadas características.
(NP-41, 1982, p. 1)

Ou seja, são produtos líquidos, viscosos ou sólidos pulverulentos, solúveis nos veículos com o
objectivo de melhorar e desenvolver as condições de aplicação de tintas e as propriedades da
película seca. (Marques e Rodrigues, 1998, p. 36).

O quadro que se segue exemplifica alguns aditivos, bem como suas funções e produtos afins.

Quadro I. 2 - Aditivos (Exemplos)

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Tintas, Vernizes e Ceras

Dos vários aditivos existentes na indústria, os secantes e os plastificantes são os mais


importantes, uma vez que conferem às tintas propriedades fundamentais na sua composição
final.

Os secantes são substâncias catalizadoras de absorção química de oxigénio e, portanto, com o


objectivo de reduzir o tempo de secagem de uma pintura.

Contudo, quantidades excessivas de secantes ocasionam películas duras e quebradiças.

O termo plastificantes induz na palavra plástico, maleável, deformação contínua e permanente,


sem ruptura do material. Por esta razão têm a função de produzirem películas suficientemente
flexíveis, conferindo flexibilidade e elasticidade às películas de tintas e vernizes.

I. 3 - Processo de Fabrico das Tintas


O fabrico das tintas processa-se em várias fases, nomeadamente, pesagem das matérias-
primas, dispersão dos pigmentos, diluição, afinação da cor e, por fim, ajuste da viscosidade e
outras características.

1ª FASE - Fase de Dispersão


Para serem transformados em tinta os pigmentos e cargas em pó são dispersados na solução de
resina. A dispersão dos pigmentos é um processo físico que consiste na separação das
partículas dos pigmentos, os quais se encontram agrupados em aglomerados e cuja superfície é
revestida pela resina.

A resina para além de estabilizar a dispersão do pigmento, evita a re-agregação das partículas
constituintes do pigmento e cargas.

Para levar a cabo esta operação é necessário energia mecânica, a qual poderá ser feita por
equipamentos de dispersão, como: os Moínhos de bolas, Moínhos de rolos, Moínhos contínuos
ou Agitadores a alta velocidade, consoante o tipo de tintas a fabricar.

17
Tintas, Vernizes e Ceras

A função destes equipamentos é obter uma mistura extremamente concentrada de pigmento,


resina e solvente. O grau de moagem assim obtido é função do tipo de tinta a fabricar. Por
exemplo, um esmalte exige uma moagem mais fina que uma tinta plástica.

2ª FASE - Diluição
Após a fase de dispersão dos pigmentos a moagem obtida é misturada com mais quantidade de
resina, solventes e aditivos para dar origem à tinta.

3ª FASE - Acerto da Viscosidade


À tinta é adicionado um diluente, o qual lhe vai conferir uma adequada viscosidade de
aplicação com o objectivo de obter o produto acabado.

PIGMENTO RESINA SOLVENTE VEÍCULO ADITIVOS DILUENTE

FASE
DISPERSÃO

BASE
MOAGEM
DILUIÇÃO

TINTA
ACERTO
VISCOSIDADE

PRODUTO
ACABADO

CONTROLO
DE
QUALIDADE

Figura I. 3 - Esquema de fabrico de uma tinta.

O controle da qualidade é fundamental no processamento das tintas, pelo o que deverá ser
testada em todas as fases do processo de fabrico, para prevenir eventuais erros. Infelizmente

18
Tintas, Vernizes e Ceras

esta prática é esta oposta à normalmente seguida, na qual se detectam os erros e só depois é
que estes são corrigidos.(I.S.T, 1999/2000, p. 41/42)

Para melhor compreensão, de seguida apresenta-se um esquema de fabrico de uma tinta.

I. 4 - Propriedades dos Produtos de Pintura e dos Filmes de Tinta

a) Opacidade

O poder de dissipar o aspecto e a cor de uma superfície quando sobre ela é aplicada em
condições determinadas, define a opacidade de uma tinta. As tintas escuras têm maior poder
de dissipação que as claras.

O poder de dissipação é extremamente importante, prático e económico. Quando aplicamos


uma tinta com bastante opacidade, torna-se mais económica uma vez que permite reduzir o
número de camadas a aplicar e reduzir a mão-de-obra.

b) Poder de Cobertura

Em condições normais quando aplicamos uma tinta em determinada superfície, o poder de


cobertura é definido principalmente pelo peso e pela área que a tinta pode cobrir.

Esta característica tem um carácter prático pois não se pode medir ou determinar com precisão
devido a alguns factores, tais como: tipo de superfícies [lisas, irregulares, absorventes],
temperaturas, viscosidade de aplicação, bem como o modo de aplicação.

c) Acabamento - Lacagem, Brilho, Uniformidade e Limpeza

A impressão visual que uma pintura provoca, conjuntamente com algumas propriedades
ópticas, determina o acabamento. Essa impressão pode decompor-se em várias características
que contêm outras propriedades, como: a lacagem, o brilho, a uniformidade e a limpeza.

19
Tintas, Vernizes e Ceras

A lacagem é a capacidade de uma tinta recém-aplicada de eliminar as deformações das


superfícies. Uma superfície lacada é, portanto, uma superfície externa inteiramente lisa, onde
não se pode distinguir algum defeito resultante da maneira como foi aplicada.

Brilho - é a capacidade que possui uma pintura de reflectir os raios luminosos que sobre ela
incidem.

Uniformidade - é a regularidade existente sob o ponto de vista da cor, lisura e brilho das
superfícies.

Limpeza - Quando nos referimos à limpeza devemos ter em conta a ausência de partículas ou
elementos estranhos, que podem ser desagradáveis a qualquer observador. Assim, a
característica de um acabamento está sempre ligada ao valor decorativo e à beleza de uma
pintura.
d) Cor

Em qualquer objecto, a cor é um fenómeno luminoso.

Sob ponto de vista físico, a cor é caracterizada por:


• O tom que determina a posição da cor em relação ao espectro solar;
• A pureza que indica ou não a presença de radiações complementares da cor
principal;
• A claridade que se refere à quantidade de luz branca emitida conjuntamente com
radiações coradas [cores claras/cores carregadas].

Sob o ponto de vista técnico, a cor de um acabamento deve manter-se inalterada.

A cor de uma pintura pode alterar-se por acção da luz solar, por acção química de elementos
espalhados na atmosfera, por acção química de elementos existentes nas superfícies pintadas,
etc.
A experiência, em conjunto com um estudo e conhecimento pormenorizado, podem permitir a
selecção adequada de uma composição capaz de reproduzir uma cor pré-determinada e com
boas características de estabilidade e permanência.

20
Tintas, Vernizes e Ceras

e) Estabilidade

As tintas são muito instáveis. Existem vários factores de que podem resultar na alteração de
cor, perda de propriedades de secagem, engrossamento, solificação, etc.

Nas tintas de água a estabilidade é ainda mais delicada existindo o perigo de coagulação.
Assim, deve-se retirar cuidadosamente a pele que poderá existir, mexer se necessário e corrigir
a viscosidade com um diluente apropriado.

f) Adesão

A capacidade de depois de seca a pintura se manter ligada à superfície onde foi aplicada é uma
das propriedades essenciais das tintas.

A adesão tem muito a haver com a natureza química da tinta e da superfície onde é aplicada,
bem como com a irregularidade da superfície [que por vezes se costuma lixar]. Sob ponto de
vista prático temos ainda que considerar como problema de adesão, as bases de pintura, como
por exemplo a madeira, o ferro, o estuque, etc.

Para além destes factores existem outros que podem afectar a adesão à base como a presença
de gorduras ou sujidades, humidade, aplicação incorrecta da tinta, etc.

g) Espessura

Consoante as condições de serviço, é necessário que as pinturas tenham determinada espessura


mínima para que se possa garantir a protecção necessária e resistir à acção do ambiente.

Uma pintura ao ser aplicada e da qual se evaporam os solventes, é constituída por uma toalha
líquida da qual só uma das faces está exposta ao ar. É nessa face que começa o processo de
secagem e endurecimento. Além disso, por oxidação resultam expansões derivadas de
aumento de volume.

21
Tintas, Vernizes e Ceras

Uma espessura em demasia pode por isso engelhar e, mesmo que isso não aconteça, nunca
funcionará normalmente uma vez que será mais mole nas camadas inferiores do que na face
externa.

h) Aplicabilidade e Consistência

Quanto menor for a consistência melhor será a aplicabilidade. A aplicabilidade de uma tinta é
definida pelo maior ou menor esforço físico que é preciso executar para a aplicar em
condições correctas.

i) Secagem e Repintura

A secagem de uma pintura é a capacidade de, quando aplicada em camada fina, se transformar
ao fim de um certo tempo numa película mais ou menos sólida.

A secagem pode surgir por simples evaporação de solventes e diluentes [como tintas com
bases em resinas, etc.], por condensação química [como nos esmaltes baseados em resinas de
epoxilina], ou por oxidação e polimerização, isto é, através de reacções químicas em que
intervem a acção do ar.

A secagem de uma pintura torna-se muito importante ao condicionar os rendimentos dos


trabalhos, bem como a sua qualidade. As tintas a aplicar em várias demãos não possuem boas
qualidades de secagem, os períodos de espera são mais prolongados, podendo interferir no
bom andamento da pintura e tornando-a mais dispendiosa.

Por outro lado, principalmente nos esmaltes de acabamento, se a pintura não secar com
rapidez à superfície poderá acumular poeiras em grandes quantidades, prejudicando a sua
qualidade decorativa.

No entanto, no período inicial de secagem é usual distinguir três fases:


- Secagem ao tacto - momento em eu se inicia a solidificação - ao tocarmos ligeiramente
com o dedo a face exterior, esta ainda se deixa marcar mas não suja;

22
Tintas, Vernizes e Ceras

- Secagem superficial - que corresponde à fase em que a superfície se solidificou, não


contendo poeiras e que suporta a fricção moderada dos dedos;
- Secagem em profundidade - quando a pintura se solidifica a tal ponto que a pressão do
dedo não produz qualquer efeito na pintura.

A secagem das tintas pode ser afectada pelas condições ambientais. A contaminação da
atmosfera, a temperatura, a humidade, a luz, etc, afectam profundamente o processo de
secagem. A secagem realiza-se melhor a altas temperaturas, em atmosferas secas e limpas.

j) Elasticidade e Dureza

A elasticidade de uma pintura está ligada directamente ao seu comportamento e à sua


durabilidade. Se a elasticidade diminuir, a película pode rachar, por vezes, a base onde foi
aplicada a tinta e sujeita a deformações que aumentam os esforços de tensão. Para que o filme
possa absorver essas tensões é necessário, portanto, ser dotada de elasticidade suficiente. Para
que o acabamento de uma pintura possa suportar a fixação de poeiras e resistir a lavagens,
deve ser dotada de alguma dureza, que poderá variar conforme o tipo e função.

k) Penetração e Resistência à Penetração

A porosidade de uma superfície e a composição da tinta, influencia a penetração numa


superfície. Se existe um certo grau de penetração nos poros da superfície, isso pode auxiliar ou
estabelecer uma boa adesão, não sendo contudo recomendado ultrapassar o mínimo útil.

Poderemos recorrer ao emprego de primários e selantes para resolver os problemas derivados


da porosidade das superfícies a pintar.

l) Durabilidade e Deterioração

Quando se conclui uma pintura, fica logo de seguida sujeita a um considerável número de
elementos que actuam sobre ela e que progressivamente alteram as suas propriedades e a sua
aparência.

23
Tintas, Vernizes e Ceras

A luz solar exerce um efeito acelerador na oxidação de veículos secativos, o que origina num
endurecimento do filme a perda da elasticidade.

O calor exerce uma acção endurecedora sobre os veículos, submetendo os filmes a tensões
mais ou menos consideráveis, que resultam da dilatação diferencial entre eles e as bases.

O vento, que transporta sempre poeiras, provoca o desgaste das tintas, por erosão.

A chuva, pode, por outro lado, afectar os veículos solúveis ou mal ligados. Nas zonas citadinas
e mais industrializadas a chuva transporta produtos ácidos que atacam certos pigmentos e
afectam os veículos.

As poeiras e fumos alteram as aparências de um filme ao fixarem-se nele.

Existem, com efeito, formas diversas de deterioração produzidas pela combinação de todos
estes elementos.

De uma maneira geral, em pinturas executadas com produtos de boa qualidade, os efeitos de
exposição às intempéries, manifestam-se por perda gradual do brilho. Este fenómeno pode ser
seguido de um moderado esfarelamento, que resulta da destruição da zona superficial da
película. Se o esfarelamento progride muito rapidamente pode pôr a nú as camadas de tinta ou
mesmo as bases. Se assim acontece, podemos dizer que o filme sofreu uma erosão.

Existem muitas formas de degradação, ainda mais graves, como por exemplo as fissuras por
perda de adesão do filme, o que conduz ao descascamento. Nestes casos é necessário remover
toda a pintura existente antes de voltar a pintar.

Em resumo, se aplicarmos um sistema de pintura adequado numa base preparada


convenientemente, o envelhecimento da pintura dependerá dos factores do meio ambiente
actuante e do seu tempo de duração.
(Santos, 1998, p. 9/12)

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Tintas, Vernizes e Ceras

CAPÍTULO II - Classificação das Tintas

II. 1 - Generalidades

A classificação das tintas e vernizes é subjectiva, uma vez que nunca se eliminará a
possibilidade de uma determinada tinta se poder classificar em mais de um grupo ou, então,
poderão até surgir casos em que nos parecerá difícil inclui-la em qualquer dos grupos.

Dos vários critérios existentes para estabelecer uma classificação, os mais credíveis são os que
se baseiam na fórmula global de constituição, sejam eles baseados na :
i) natureza do veículo volátil;
ii) natureza do veículo fixo;
iii) fim a que se destinam.
(I. S. T., 1999/2000, p. 42)

II. 2 - Classificação quanto à natureza do veículo volátil

As tintas podem agrupar-se segundo este critério em dois grupos:


• Tintas em que o veículo volátil é a água.
Inclui todas as tintas com resinas sintéticas, entre outras.
• Tintas em que o veículo volátil não é a água.
Todas as tintas líquidas não aquosas, as massas e as tintas sem solventes [pós].

II. 3 - Classificação quanto à natureza do veículo fixo

Neste critério designa-se a tinta pela palavra “tinta” seguida do nome do veículo fixo
utilizado na sua fabricação. A título de exemplo:
• Tintas alquídicas, oleosas, e oleo-resinosas de secagem ao ar;
• Tintas epoxídicas;
• Tintas alquídicas;
• Tintas acrílicas e metacrílicas;
• Tintas betuminosas;
• Tintas de borracha natural, sintética, modificada ou não;
• Tintas nitrocelulósicas;

25
Tintas, Vernizes e Ceras

• Tintas de polisocianatos [poliuretanos];


• Tintas de silicatos;
• Tintas vinílicas;
• Tintas de silicones.

Dada a importância do componente, pode fazer-se uma classificação do veículo fixo quanto à
natureza dos vários grupos de tintas [A a G], como também em relação ao estado físico dos
constituintes [H e I]. Então temos:

GRUPO A - Tintas de óleo.

GRUPO B - Tintas e vernizes à base de óleo e resinas naturais.

GRUPO C - Tintas e vernizes à base de óleo e resinas artificiais.


a) Resinas alquídicas modificadas com óleo ou ácidos gordos;
b) Resinas fenólicas;
c) Resinas cumarona-indeno óleo-solúveis;
d) Resinas epoxi esterificadas [ésteres ou de epoxilina];
e) Resinas poli-isocianatos combinadas com óleos;
f) Resinas óleo-solúveis não especificadas.

GRUPO D - Tintas e vernizes baseadas em resinas artificiais ou naturais, sem óleo ou ácido
gordo.
g) Resinas alquídicas puras;
h) Resinas amino-plásticas;
i) Resinas vinílicas;
j) Resinas acrílicas;
k) Resinas de epoxilina;
l) Resinas poliester;
m) Resinas poli-isocianatos;
n) Resinas silicone;
o) Resinas não especificadas.

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Tintas, Vernizes e Ceras

GRUPO E - Tintas e vernizes celulósicos:


p) Baseados em nitrocelulose;
q) Baseados em esteres orgânicos e éter de celulose,;
r) Baseados em éteres de celulose ou solução aquosa.

GRUPO F - Tintas e vernizes betuminosos:


s) Betuminosos solúveis em óleo;
t) Betuminosos sem óleo;
u) Betuminosos com resinas artificiais.

GRUPO G - Tintas e vernizes baseados em borracha natural ou artificial, tratada ou não.

GRUPO H - Tintas de água não emulsionadas:


v) Baseadas em silicatos alcalinos;
w) Baseadas em ésteres silícicos;
x) Baseadas em proteínas naturais [caseína, gelatina, etc];
y) Baseadas em cal ou cimento;
z) Baseadas em gomas ou dextrinas solúveis na água [aguarela, guache, etc].

GRUPO I - Tintas de água emulsionadas.


aa) Baseadas em veículos oxidáveis [óleos resinosos alquídicos];
bb) Baseadas em veículos não oxidáveis [vinílicos, acrílicos, estirénicos];
cc) Baseadas em resinas artificiais solúveis na água.

II. 4 - Classificação quanto ao fim a que se destinam

Consoante o tipo de utilização apresentam-se apenas as designações mais correntes, como por
exemplo:
• Tintas plásticas para construção civil;
• Tintas para estruturas metálicas;
• Tintas antiácidas;
• Tintas antibásicas;
• Tintas antiderrapantes;

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Tintas, Vernizes e Ceras

• Tintas decorativas;
• Tintas de acabamento [esmaltes];
• Tintas de elevada resistência química;
• Etc.
II. 5 - Conclusão

Da análise das diferentes classificações, além de discutível, pode concluir-se que qualquer
delas engloba todas as tintas. No entanto, é aconselhável classificar a tinta consoante a
natureza do veículo fixo [ligante], porque é a que nos dá maior informação sobre o
comportamento da tinta na sua utilização.

Contudo, em anexo II, menciona-se a NP-42, a qual agrupa as diferentes tintas conforme a sua
utilização.

CAPÍTULO III - Tintas

III. 1 - Generalidades

Designa-se por Pintura a aplicação de uma determinada tinta, verniz ou produto similar sobre
determinada base de aplicação com o objectivo de a proteger [no sentido de actuar como um
escudo, de forma a impedir a acção dos vários agentes agressivos exteriores], decorar e/ou de
lhe conferir determinadas propriedades especiais. (Marques, 1985, p. 43)

Segundo Rui Pessanha Taborda (1993), as percentagens do custo total de uma tarefa de
“Pinturas”, imputáveis à mão-de-obra rondam os 25% a 60% para aplicação das várias demãos
e os 15% a 40% para a preparação da superfície.

A operação designada por demão resulta da aplicação de uma camada contínua de tinta sobre
um suporte efectuada de uma só vez, constituindo a película húmida que após secagem dará
origem à chamada película seca. ( I.S.T., 1999/2000, p. 51)

O conjunto de tintas ou produtos similares aplicados sobre o suporte em camadas sucessivas


por ordem conveniente, constituindo o revestimento, designa-se por Esquema de pintura.

28
Tintas, Vernizes e Ceras

O conjunto de esquemas de pintura, que se destinam a assegurar a protecção de um suporte de


aplicação e/ou a conferir-lhe determinadas propriedades, constitui o Sistema de pintura.
(Marques, 1985, p. 43)
Um sistema de pintura, sendo independente o número de demãos das tintas, mas relacionando-
se com a natureza das mesmas, é feito segundo determinados critérios, sejam:
• natureza do suporte a proteger;
• tipo de preparação de superfície possível;
• tipo de exposição;
• tipo de equipamentos de aplicação disponíveis;
• aspectos económicos.
(I.S.T.,1999/2000, p. 51)

Um esquema de pintura é diferenciado pelo sistema de pintura quando é considerado um


grupo de tintas às quais são fixadas as espessuras e o número de demãos sucessivas.

Em qualquer trabalho de pintura deverá ser feito para além de um ensaio prévio ou vários
esquemas de pintura, um exame ao substrato, verificando as características do material base
como as circunstâncias que predominam no meio ambiente.
(Marques e Rodrigues, 1991, p. 1)

Em função do sistema de pintura aplicado, ou consoante o fim a que se destina a tinta, a


película seca apresenta determinadas propriedades. Os requisitos principais de um
revestimento por pintura para a construção civil, para as madeiras, estruturas metálicas e para
as estradas, são respectivamente:

Tintas para construção civil:


• protecção duradoura do substrato;
• fácil aplicação;
• fraca toxidade;
• secagem rápida;
• boa resistência à lavagem;
• aspecto decorativo agradável à vista.

29
Tintas, Vernizes e Ceras

De um modo específico, consoante a localização do paramento:


Pintura de paredes exteriores
• boa resistência à intempérie;
• boa aderência à base;
• estabilidade da cor;
• neutralidade química em relação à base e vice-versa;
• aspecto decorativo pretendido.

Pintura de paredes interiores


• boa aderência ao suporte;
• estabilidade da cor;
• neutralidade química em relação ao suporte;
• aspecto decorativo pretendido;
• boa resistência aos agentes agressivos consoante os locais de aplicação (cozinhas, casa
de banho, etc,);
• boa resistência ao choque (corredores).

As tintas para protecção de estruturas de madeira dependem do uso que se dá a tinta,


podendo as propriedades variar consoante o meio em que se aplicam.

Tintas para estruturas metálicas

O comportamento do sistema de pintura anticorrosiva exigido depende do meio que


circundará a estrutura metálica a proteger. No entanto, em geral, convém:
• boa aderência;
• boa protecção anticorrosiva;
• durabilidade elevada;
• outras funções como decorativas, antiderrapantes, resistência a ácidos, ao calor,
etc.

Tintas para marcação de estradas


• facilidade de aplicação;

30
Tintas, Vernizes e Ceras

• secagem rápida;
• boa aderência;
• durabilidade;
• boa resistência à abrasão;
• não ser afectada pelas variações das condições climáticas;
• facilidade de reflexão.

Para além destes requisitos, será importante testar o comportamento da pintura, as suas
propriedades em laboratório através de ensaios, podendo também ser submetidos a ensaios de
exposição, ou seja, expor em condições artificialmente aceleradas ou outras condições reais

de serviço as tintas ou a pintura. Contudo, o L.N.E.C. [Laboratório Nacional de Engenharia


Civil] possui diversas estações experimentais localizadas em vários ambientes urbanos
(Lisboa), marítimos [Leixões], industriais. (I. S. T., 99/2000, p. 53)

Ainda há a referenciar as Normas Portuguesas actualmente existentes para Tintas e Vernizes e


produtos similares (ver anexo III).

III. 2 - Constituintes de um esquema de pintura e suas finalidades

O tipo de superfície é o factor a considerar quando estamos perante um problema de pintura. A


base de pintura, bem como as diferentes naturezas de superfície, vão condicionar o grupo de
materiais a selecionar, principalmente à primeira camada de tinta [pré-primário].

Assim, consideremos as características mais importantes a uma base de pintura para:


a madeira, estuques, rebocos e metais oxidáveis [ ferro, aço, alumínio, zinco, etc.]

A madeira contém propriedades muito irregulares, ou seja, pode ser muito ou pouco porosa
[variando de madeira para madeira e de zona para zona]; pode conter grandes quantidades de
humidade e porções de materiais resinosos que tendem a exsudar, por exposição ao sol ou ao
calor, atacando as películas da tinta.

31
Tintas, Vernizes e Ceras

A pintura deverá começar por um primário adequado, de forma a superar as dificuldades


inerentes às características do material base.

Os estuques e rebocos constituem na maioria dos casos bases de pintura perigosas. São
demasiado porosas [porosidade variável], contêm considerável quantidade de humidade
[afectando a adesão e comportamento em geral] e são ainda dotados de agressividade química,
a qual lhes é conferida por compostos alcalinos [cal, cimento, etc].

É aconselhável, também, iniciar a pintura com um primário, capaz de controlar e evitar os


riscos referidos, ou, pelo menos, um selante, que os reduza consideravelmente.

Os metais oxidáveis constituem uma base de pintura excelente, uma vez que possuem uma
base muito sólida, sem porosidade e geralmente uma estrutura microcristalina a qual favorece
a adesão ao substrato. Porém, têm a desvantagem de susceptibilidade à oxidação e corrosão.
Por isso é necessário uma limpeza rigorosa da superfície antes da aplicação da tinta, bem
como o emprego de primários dotados de características especiais, capazes de impedir o
estabelecimento e desenvolvimento da corrosão, destruindo a sua eficiência e utilidade.
(Robbialac, 1958, p. 40/41)

Na verdade, uma das etapas essenciais da preparação da base é melhorar a capacidade de


fixação da pintura e diminuir a sua absorção espúria de tinta. No fundo trata-se de garantir a
colagem da tinta e evitar o seu desperdício, ou seja, dar adesão e selagem, respectivamente.

Depois da breve caracterização das bases de pintura será importante realçar os constituintes de
um esquema de pintura, bem como as suas finalidades. Assim sendo temos:

Primários, Isolantes e Selantes

Os primários constituem a primeira demão de todos os sistemas de pintura de raíz.


São tintas que devem possuir:
• boa adesão à base de pintura, como também originar uma boa base de aderência
para as tintas subquentes;

32
Tintas, Vernizes e Ceras

• capacidade para impedir o desenvolvimento de corrosão a partir de


descontinuidades de “bicos de alfinete”, fissuras e outros defeitos semelhantes
na película;
• suficiente resistência química à intempérie para proteger a superfície enquanto
não são aplicadas as restantes demãos de tintas.
(I. S. T., 1999/2000, p. 54)

Os primários para ferro [ou primários de espera] e outros metais oxidáveis são tintas para
protecção das superfícies metálicas que tenham de aguardar algum tempo a aplicação da
sequência do esquema de pintura. Devem inibir a corrosão e evitar o contacto com outros
agentes corrosivos.
Os primários para madeira devem permitir uma certa penetração do veículo nos poros desta,
com o fim de estabelecer a adesão adequada e possuir a elasticidade suficiente de forma a
acompanhar, sem ruptura, os movimentos de expansão e contracção da base.

Os primários para estuques e rebocos devem ser não só resistentes à acção química dos sais
alcalinos, normalmente presentes naquelas bases, como também impedir que tais sais ataquem
os filmes de tinta subquentes.

Estes primários, designados também por isolantes, devem estabelecer um isolamento entre o
acabamento e a parede, ou seja, formar uma barreira eficaz entre as restantes películas de
pintura.

Os selantes dotados de composições fluídas e excelentes propriedades de penetração, utilizam-


se no caso de os estuques serem inofensivos, do ponto de vista da agressividade química. A
função destes será tapar os poros da superfície, satisfazendo assim a absorção.
(Robbialac, 1958, p. 42)

Repare-se que estes produtos não são só importantes em pinturas de raiz, como também em
repinturas, no caso de existir suspeitas que a nova pintura conduza ao destaque da anterior, por
exemplo, em sequência de reacções químicas adversas.

Betumes

33
Tintas, Vernizes e Ceras

Composições pastosas contendo alto teor em pigmentos, com o objectivo de nivelar as


irregularidades existentes na base de pintura. Geralmente aplicam-se com uma espátula de
formato triangular, denominada betumadeira. Devem secar com dureza, em profundidade, de
modo a permitir sem dificuldades nem grande demoras, as operações de lixagem das quais
resulta o nivelamento geral da superfície. Devem ser elásticas quanto possível, a fim de não
comprometer a flexibilidade e comportamento de todo o sistema de pintura [os betumes ricos
em brando de chumbo são os melhores].
(I. S. T., 1999/2000, p55)

A aplicação destes produtos origina, muitas vezes, um ponto fraco no sistema de protecção,
não só pelas características de composição [alta relação pigmento/veículo], como também por
se usarem em películas de grande espessura. Deve evitar-se a sua aplicação, especialmente em
exteriores.

Subcapas ou Aparelhos

As subcapas ou aparelhos são materiais destinados a serem aplicados sobre os primários ou


betumes, bem como servir de base às tintas de acabamento. São produtos altamente
pigmentados, dotados de excelentes propriedades de enchimento, boa compatibilidade e
adesão, capazes de, após lixagem, oferecer uma superfície perfeitamente nivelada, com um
ligeiro grau de rugosidade. Ideal como fundação para os materiais de acabamento.
(Robbialac, 1958, p. 43)

Além das funções de nivelamento servem como auxiliares úteis no sentido de obliterar
adequadamente os fundos, concorrendo para a obtenção de uma pintura de cor regular.

Os aparelhos diferenciam-se das subcapas pelo método de aplicação usado [à pistola].


Esmaltes

Os acabamentos determinam a aparência final da pintura, existindo diversos tipos de


acabamentos com as mais variadas cores, texturas e graus de brilho, destacando-se no grupo
de materiais de acabamento os esmaltes.

34
Tintas, Vernizes e Ceras

Os esmaltes podem ser foscos, semi-brilhantes e brilhantes com o principal objectivo em fazer
uma lacagem perfeita. Os mais empregues são os brilhantes, não só pelas características
estéticas, mas também pela higiene em pinturas interiores, ou seja, não são propícios à
acumulação de poeiras, bem como proporcionam fácil lavagem e são duráveis em pinturas
exteriores - esmaltes sintéticos. (Robbialac, 1958, p.44)

De acordo com o acabamento pretendido, cor e condições de serviço, os materiais devem ser
selecionados cuidadosamente, uma vez que estão em contacto directo com o exterior.
O grande inconveniente dos esmaltes, não será tanto as suas propriedades de alguma
estanquidade à água no estado líquido, mas sobretudo na fase vapor, sendo superfícies
propícias a condensações, quando usados de forma intensiva em interiores.

Tintas de Água

Materiais de pintura cujo ligante está emulsionado, ou seja, dividido em pequenas gotículas
em suspensão num meio ou fase aquosa. São fáceis de aplicar, não têm cheiro, secagem rápida
e apesar de serem diluíveis com água depositam filmes que desenvolvem rapidamente
excelente resistência à fricção e à lavagem.
(Robbialac, 1958, p. 45)

Contudo, apresentam limitações como: o grau de adesão torna-se moderado para filmes
antigos de tintas oleosas e em atmosferas carregadas de vapor, como instalações sanitárias e
cozinhas, às quais não resistem muito bem.

São vários os tipos de tintas de água, entre os quais materiais baseados em dispersões de
resinas sintéticas.

Quanto à pintura de rebocos exteriores, este tipo de tintas não apresenta grandes problemas,
desde que sejam tomadas as devidas precauções, como técnicas correctas de preparação e
aplicação. Porém, não propiciam qualquer função de estanquidade à água.

Vernizes

35
Tintas, Vernizes e Ceras

São materiais de pintura não pigmentados, usados principalmente na decoração de madeiras


folhosas [de poro aberto], com o objectivo de as proteger e realçar a sua beleza. Neste tipo de
madeiras, antes do processo de envernizamento, geralmente aplicam-se os “ Wood-fillers”,
tapa-poros, com o objectivo de vencer possíveis desníveis [encher os poros].

Normalmente, os vernizes são composições pastosas que resultam da dispersão ou


condensação de resinas com óleos, processo este motivado por métodos térmicos, sendo
depois diluído à viscosidade apropriada. (Robbialac, 1958, p. 47)
O processo de secagem dos vernizes é idêntico às tintas, com evaporação dos solventes
seguida de oxidação e/ou polimerização, sendo também muitas vezes usados como veículos de
pintura pigmentados.

As propriedades finais do produto vão depender da natureza dos óleos e resinas aplicados [os
óleos vão conferir elasticidade e as resinas brilho] e das proporções relativas em que esses
elementos existem na composição.

Dependendo do óleo e da resina utilizada, o emprego dos vernizes passa pelo envernizamento
de mobílias, soalhos, envernizamentos gerais de interiores e trabalhos exteriores.

A principal desvantagem deste material é que não existe a função de protecção do pigmento
contra a acção das radiações luminosas. A melhor das hipóteses, numa madeira envernizada
no exterior, é que não permanecerá mais de um, o máximo dois anos, sem exigir redecoração.

Dos vários vernizes existentes na indústria podemos salientar o verniz celulósico, o verniz a
óleo, o verniz sintético, entre outros.
(Robbialac, 1958, p. 40-47)

Pode-se, ainda falar, em vernizes bio e monocomponentes. Os vernizes monocomponentes são


vernizes de aplicação directa [caso corrente], e os biocomponentes consistem na mistura de
endurecedor com a resina na altura da aplicação, com vantagens de resistência e durabilidade
superior.

36
Tintas, Vernizes e Ceras

III. 3 - Preparação das superfícies

O comportamento do revestimento por pintura e a eficácia da sua protecção e decoração


dependem não só da escolha adequada do esquema de pintura e do modo de aplicação, mas
também, e principalmente, da qualidade das bases de aplicação. Estas, qualquer que seja a sua
natureza, devem ser convenientemente preparadas antes da pintura. (Petrucci, 1993, p.372)

A preparação de uma superfície compreende um conjunto de operações com o fim de se obter


uma superfície homogénea, de rugosidade conhecida e apta a receber a pintura. (Marques e
Rodrigues, 1991, p. 5)

A principal causa da curta duração da película de tinta é a má qualidade da primeira demão de


fundo ou a negligência em se providenciar uma boa base para a tinta. (Bauer, 1994, p.673)

De facto, o método utilizado na preparação da superfície, o tipo e condições de superfície a ser


pintada, o tipo de tinta seleccionada, bem como os modos e condições de aplicação, são
determinantes para a duração da pintura, quer seja ela interior ou exterior.
(Robbialac, 1996, p. 11)

A preparação das superfícies a pintar é fundamental para garantir uma boa aderência ao
substrato. Esta preparação deverá ser iniciada pelo exame do mesmo, incluindo vários
procedimentos:
1) remoção manual de resíduos soltos, produtos de corrosão ou tinta velha;
2) remoção de resíduos aderentes, que podem mais tarde soltarem-se e destruir a
aderência ou induzir corrosão. Para isso aconselha-se remoção mecânica ou tratamento
químico;
3) criar aderência com um primário de aderência;
4) modificação da superfície por tratamento químico para a tornar mais compatível com o
revestimento a aplicar.
(I. S. T., 99/2000, p. 55/56)

37
Tintas, Vernizes e Ceras

Quando se trata de repinturas de superfícies pintadas, as quais não oferecem garantias e não
podem ser fixadas por primário, será necessário proceder à remoção da tinta antiga que pode
ser feita por raspagem, lixagem, queima ou utilizando decapantes.

Em superfícies metálicas, após a utilização do decapante, pode ser necessário utilizar produtos
químicos para eliminação de ferrugem.

III. 4 - Processos de Aplicação

Além da selecção do esquema de pintura ser fulcral, a escolha do processo de aplicação é


também fundamental, pois um bom esquema de pintura mal aplicado originará um mau
comportamento de serviço.

A título exemplificativo, para que haja uma boa adesão entre um primário e uma superfície
metálica a proteger é aconselhável a aplicação do primário à trincha, pois este processo vai
favorecer o contacto entre o metal e o primário. (I. S. T., 1999/2000, p. 56)

Diversos métodos são utilizados industrialmente para aplicação de tintas e novos métodos
estão sendo constantemente desenvolvidos. Desta forma, de entre os vários processos de
aplicação existentes, salientam-se:

- Aplicação Manual (trincha, rolo, espátula, talocha, pincel)

Este processo é bastante conhecido e utilizado na construção, por esse facto, carece de uma
descrição pormenorizada, no que diz respeito a trinchas, pincéis e rolos.

As trinchas são utilizadas na maior parte dos trabalhos de madeira ou superfícies metálicas,
enquanto os pincéis são utilizados para a pintura de superfícies mais pequenas.

Para se obterem bons resultados, o pintor necessita de uma boa trincha ou um bom pincel, cuja
qualidade vai depender das cerdas, as quais devem ser macias e lisas e tanto podem ser de
origem natural como de origem sintética.

38
Tintas, Vernizes e Ceras

Como norma, deverá ser utilizada a mesma trincha ou pincel para os brancos, deixando outros
para as cores. Ao utilizar a trincha deve-se mergulhá-la na tinta até cerca de metade do
comprimento da cerda, removendo de seguida o excesso da tinta.

Ao pintar deve-se exercer uma ligeira pressão de modo a dobrar ligeiramente a cerda à medida
que ela percorre a superfície. Pintar com movimentos certos, uma pequena área de cada vez.
Evitar escorridos, passando sobre eles com a trincha.
Na utilização de esmaltes, deve-se usar a técnica das aplicações cruzadas, ou seja, dando uma
passagem de trincha numa direcção, e outra deve ser dada no sentido perpendicular, para
melhor uniformizar e lacar a superfície da zona não pintada para a recém pintada e fresca.

Algumas vantagens da trincha, são o efeito dispersante de contaminações superficiais do


substrato como pó, ferrugem e até um certo ponto de humidade. Em superfícies rugosas e com
corrosão perfurante a aplicação com trincha, desde que feita correcta, consegue e melhor
adesão e consequente efeito protector. É um método versátil com equipamento pouco
dispendioso e fácil de transportar, podendo ainda ser utilizado sob condições variadas.

A maior limitação da aplicação à trincha é a sua lentidão e morosidade que implica uma
necessidade de mão-de-obra intensiva pouco económica. Por outro lado, nem todos tipos de
tinta se prestam para a aplicação à trincha.

Os rolos podem ser utilizados em quase todos os tipos de tintas, e permitem uma pintura muito
rápida e menos cansativa, dando normal um melhor acabamento que uma pintura feita à
trincha. Podem ser utilizados em todos os tipos de superfícies, desde que sejam planas.

A sua desvantagem reside na maior quantidade de tinta que é necessária gastar. No entanto, é
um dos processos mais utilizados no recobrimento de superfícies na construção civil,
adequando-se muito à aplicação de tintas de base aquosa.

Os rolos são fabricados em vários materiais conforme o tipo de tinta a aplicar e o acabamento
pretendido. Os rolos de melhor qualidade são os de pele cromada [pele de merino tratada].

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Tintas, Vernizes e Ceras

Na aplicação de tintas plásticas texturadas e de tintas elásticas devem utilizar-se rolos de


material sintético imitando a pele cromada, ou de espuma de nylon.

Os rolos exigem a utilização de tabuleiros para molhagem na tinta. A aplicação com rolo deve
ser feita primeiro num sentido, depois noutro, em cruz ou em diagonal.
(Catálogos, Robbialac, 2001/2002)

- Aplicação por pulverização (pistolas: pneumáticas ou convencionais, sem ar - “airless”


- e electroestática)

Sistema onde o débito de tinta é controlado pela descarga de ar e pela perícia do aplicador.
Consiste em manter sempre o cone de automatização perpendicular ao substrato, para que a
película tenha espessura uniforme.

Devido ao número de automatizações [demãos] aplicadas, este sistema, tem cada vez menos
utilização.
(Santos, 1998, p. 35)

- Aplicação por Imersão - ( simples, electoforética)

A ideia básica deste processo é emergir o artigo na tinta, retirá-lo e esperar que o excesso de
tinta escoe nele.

As vantagens apresentadas pelo processo são a simplicidade e a facilidade de automatização.

Apesar das várias técnicas existentes, raramente é possível alcançarem-se altas qualidades de
acabamento por imersão. Entretanto, para artigos que não exigem tais acabamentos, ou onde
uma operação de polimento se faz necessária, este processo é dos mais económicos.

O processo impõe algumas limitações ao tipo de tinta ao ser empregue. Tintas que apresentam,
alguma forma de instabilidade tal como geleificação, separação de cor ou sedimentação do
pigmento no tanque não são aconselhados.

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Tintas, Vernizes e Ceras

Tintas sensíveis às variações de espessura da película também não são as mais indicada.
Exemplificando, existem tintas a óleo que tendem a formar ondulações onde a película
aplicada se torna mais espessa.
(Bauer, 1994, p. 679)

- Aplicação por máquinas de rolos

Processo automático por deposição da tinta. A espessura é controlada pela viscosidade da tinta
e pelo ajuste das folgas entre os rolos.

As operações de formação que se seguem à aplicação do revestimento impõem altos padrões


de flexibilidade e adesividade às tintas ou vernizes utilizados.

As películas aplicadas por rolos normalmente apresentam marcas que se assemelham às


deixadas por pincel, as quais devem desaparecer antes que a película enrijeça.

Uma secagem final em estufa, faz-se necessária para atender à velocidade do processo e
fornecer películas com as propriedades requeridas.

Este método encontra grande campo de aplicação, podendo fornecer acabamentos de alta
qualidade. (Bauer, 1994, p. 681)

- Aplicação por Banho Fluidisado (tintas em pó)

Este método pode ser feito por dois processos: por aquecimento, em que se provoca o
aquecimento da tinta com o intuito de diminuir a viscosidade sem perda de qualidade,
facilitando a aplicação e aumentando a espessura d recobrimento por demão. Este sistema
acelera a secagem e diminui as perdas por pulverização aumentando a sua eficácia. Ou então,
por diferença de potencial eléctrico através da criação de um campo magnético permitindo,
assim, a aderência ao substrato. (Santos, 1996, p.36)

- Aplicação por Cortina

41
Tintas, Vernizes e Ceras

Este método, segundo Bauer (1994), foi desenvolvido quase exclusivamente para a aplicação
de tintas à base de poliésteres insaturados.

O processo exige um mecanismo de ajuste de fenda bastante preciso, bombas de alta


capacidade e um filtro eficiente. Na prática, não é fácil formar a cortina contínua da tinta.
Este processo é utilizado geralmente em acabamentos de madeira.

Em suma, na construção civil os utensílios mais usados são a trincha ou o pincel e o rolo. A
trincha geralmente é para aplicação de primários, esmaltes e vernizes em portas, janelas e
gradeamentos, etc. de tintas aquosas, sendo a pintura de paredes e tectos, maior parte das
vezes efectuada por rolos.

A pintura por aplicação à pistola e por imersão, também são utilizáveis, mas na área da
indústria.

A escolha de qualquer destes processos vai depender da natureza e peças a pintar, e das
condições de preparação, bem como do poder económico da empresa.

III. 5 - Condições de Aplicação

Na realização de um esquema de pintura deve atender-se sempre às condições de aplicação


que o fabricante indica na ficha técnica de cada produto. Por exemplo, quando se trata de uma
tinta de dois componentes deve sempre respeitar-se as proporções da mistura dos dois
constituintes, bem como o tempo de vida útil indicado para a mistura o qual não deve ser
ultrapassado.

Além das condições de preparação de uma tinta, as condições ambientais durante a aplicação
desta desempenha um papel de extrema importância. Por isso, quando a aplicação das tintas
devem observar-se as seguintes condições:
No Ambiente:
• a temperatura deve estar compreendida entre os 5ºC e os 35ºC [nem frio, nem sol
forte];
• a humidade relativa não deve exceder os 85ºC;

42
Tintas, Vernizes e Ceras

• não haver correntes de ar nem poeiras no ar

No Laboratório
• a temperatura do ar rondar os 23 ± 2ºC;
• a humidade relativa 50 ± 5%;
• isento de correntes de ar e poeiras.
(I. S. T., 1999/2000, p. 58)

Para além destes requisitos, será também importante evitar pintar sobre superfícies húmidas.
Por isso aconselha-se:
• superfícies estucadas, rebocadas ou betão - teores de húmidade menor a 5%;
• madeiras: - teores de humidade à volta dos 15% - peças expostas ao tempo;
- teores de humidade de 10% a 15% - peças mantidas ao abrigo da intempérie;
• superfícies metálicas - temperatura superior, no mínimo, 2ºC à temperatura do ponto de
orvalho medido no local de trabalho.

III. 6 - Pintura de Madeiras

III. 6. 1 - Generalidades

A madeira, no que se refere às utilizações em Engenharia Civil, reflecte uma extrema


heterogeneidade. As madeiras mais vulgares na indústria são as macias, havendo também
madeiras duras, mas para fabrico de móveis. ( I. S. T. , 1999/2000, p. 59)

Para que haja uma pintura de sucesso é necessário não só usar os materiais correctos, como
também cuidado e habilidade na preparação das superfícies e na aplicação das tintas. É
necessário compreender que não é possível executar pinturas duráveis sobre bases
inadequadas, tais como madeira húmida. (Santos, 1998)

A madeira é um material susceptível de ataque, com alteração das suas propriedades originais
e perda progressiva de resistência mecânica, quer pelos agentes biológicos [fungos e insectos],
os quais se alimentam dos seus constituintes, quer pelos agentes atmosféricos [humidade, sol,
etc.]. É necessário, por isso, protegê-la contra estas duas ordens de inimigos que, isoladamente

43
Tintas, Vernizes e Ceras

ou conjuntamente, podem provocar a destruição parcial ou total das suas qualidades de


resistência comprometendo, assim, a segurança das construções e exigindo reparações
dispendiosas. (Robbialac, 1958, p. 51)

A protecção da madeira contra o ataque dos agentes atmosféricos é feita, normalmente, por
meio de operações de pintura, enquanto a protecção contra o ataque dos agentes biológicos
faz-se através de preservativos [por exemplo, fungicidas quando se trata de fungos].

Quando falamos de madeiras temos de considerar se são interiores ou exteriores e o tipo de


acabamento desejado, pois tal condiciona a preparação a efectuar. Em qualquer dos casos as
madeiras devem estar completamente secas antes de se dar o início da operação de pintura.
Evita-se, assim, que empenam, abram fendas ou apodreçam, provocando rachamento e o
despelamento do filme de tinta. (CD, Robbialac, 2002/2003)

Numa primeira fase será importante um adequado nivelamento da superfície, ou seja, uma
cuidadosa planificação através da lixagem, o que evita o uso de betumes, conseguindo assim
uma economia substancial de materiais e mão-de-obra e, principalmente, bons resultados com
pinturas muito duráveis.

Todas as saliências devem ser eliminadas de modo a evitar que a tinta se acumule nessas
reentrâncias, prejudicando o aspecto final do acabamento. (Santos, 1998, p. 18)

A última operação consiste em limpar a superfície de gorduras, poeiras e outro tipo de


resíduos que entretanto se acumularam. A lixagem vai eliminar quase na totalidade a gordura
existente, e se não for o caso, dever-se-á recorrer ao uso de solventes específicos, evitando que
a presença da gordura interfira com a normal adesão das tintas. (Robbialac, 1958)

III. 6. 2. - Sequência das Operações de Pintura

Se partirmos do princípio que foram realizadas todas as condições essenciais à execução de


uma pintura eficaz, pode-se dar início a esta operação. Condições essas que se sintetizam:

44
Tintas, Vernizes e Ceras

• as pinturas só se devem efectuar quando não exista chuva ou húmidade, não


devendo, ainda, ser feita em temperaturas muito baixas [mínimo 5ºC] e muito altas
[máximo 85ºC].
• protecção dos acabamentos de poeiras, resíduos, etc.
• perigo de lixagem a seco e composições ricas em chumbo.

A operação de pintura passa por várias fases indispensáveis:


i) Preparação das Tintas;
ii) Selagem dos Nós;
iii) Aplicação dos Primários;
iv) Aplicação dos Acabamentos.

i) Preparação das Tintas

Na preparação das tintas será importante uma uniformização completa da mistura, que
consiste em misturar manualmente os constituintes da tinta, com uma certa técnica,
prolongando essa operação mesmo quando parece já estar homogénea.

A existência de depósito poderá ser também um obstáculo, bem como a existência de uma
película ou pele sobrenadante.

A consistência do material também poderá ser uma barreira a eliminar, que quando espessa a
tinta terá que ser ajustada com um solvente apropriado.

ii) Selagem dos Nós

Deve-se utilizar um Isolador de Nós, com o objectivo de selar a área externa do nó, bem como
toda a zona circundante.

45
Tintas, Vernizes e Ceras

A aplicação do isolador de nós deve ser feita à trincha, deixando uma camada fina, aplicada
em duas demão, com pelo menos duas horas de intervalo. Após a segunda demão, e antes de
continuar a pintura, proceder-se a um período de espera mínima de doze horas.

iii) Aplicação de Primários

Os primários para madeiras são composições semi-transparentes e o seu objectivo é obter uma
boa obliteração. No entanto, a preocupação de querer tapar os fundos leva muita das vezes o
aplicador a depositar películas demasiado espessas, o que provoca a não secagem em
profundidade. Os primários para madeira, geralmente não são lixados.

iv) Aplicação de Betumes

Para êxito desta aplicação será necessário preencher as depressões mais profundas, como
rachas, cavidades deixadas por pregos batidos, etc. É com o próprio betume, previamente
engrossado com pigmento em pó adequado, que este enchimento se processa.

Em pinturas exteriores deve empregar-se um betume para exteriores e alvaiade de chumbo; a


mistura de ambos, e consequente amassamento, devem fazer-se cuidadosamente, evitando
respirar o pó que é um material tóxico.

A sua planificação [sendo função do betume] deverá ser totalmente dispensada ou reduzida ao
mínimo, excepto quando se trata de pintura de madeira de folhosas de poro aberto.

Em pinturas interiores deve ser usado o betume, como elemento de engrossamento. A


aplicação desta massa rígida deve ser feita com uma espátula, em camadas sucessivas, para
que se evitem grandes alturas numa só aplicação, podendo originar contracções e dificuldade
de endurecimento em profundidade.
Em trabalhos interiores o objectivo principal é adquirir um acabamento uniforme e liso.

A técnica de aplicação consiste no barramento, o qual é executado em várias demãos que vão
sendo progressivamente mais finas da base para o topo, aplicadas com um intervalo que
permita enrijamento de cada uma das camadas antes de se aplicar a seguinte. O que vai

46
Tintas, Vernizes e Ceras

determinar o número de demãos a empregar será o grau de planificação e o estado inicial da


superfície.

Depois de o betume estar bem seco e endurecido deve ser lixado, utilizando-se dois tipos de
lixas. Inicialmente, uma lixa grossa que vai permitir mais facilidade no corte e uma rápida
progressão e numa fase final uma lixa fina que é usada para dissimular os sulcos restantes e
permitir um melhor nivelamento. A lixagem pode ser feita a seco ou a água, mas neste caso da
madeira a lixagem a água representa um perigo relativamente a infiltrações.

v) Aplicação dos Acabamentos

A aplicação do esmalte deve ser feita em dia seco ao abrigo de correntes de ar.

Um cuidado a ter-se nesta fase é com a trincha, a qual deve ser utilizada de forma a distribuir
uniformemente o material sobre a superfície a cobrir, mas evitando sempre a acumulação de
tintas nas saliências, curvas, cantos e recessos, os quais poderão dar origem a espessuras locais
de películas muito altas, bem como a possibilidade de engelamento e dificuldade de secagem.

Para se conseguir no acabamento uma espessura de filme capaz de assegurar uma boa
durabilidade é essencial o emprego de duas demãos. Há que ter em conta que antes de aplicar
a segunda demão, a primeira deve ser totalmente despolida com lixa a água, até ao
desaparecimento total das áreas brilhantes.

III. 6. 3 - Sequência das Operações de Envernizamento

O envernizamento consiste num sistema de decoração com propriedades de durabilidade


exterior consideravelmente inferior aos produtos pigmentados.

Normalmente só as madeiras folhosas são envernizadas. A durabilidade dos envernizamentos


no exterior depende muito do tipo de madeira envernizada e é por isso que as melhores
madeiras para este fim são as de poro fechado.

O emprego do verniz deve ter em conta várias operações de envernizamento, tais como:

47
Tintas, Vernizes e Ceras

i) Preparação e aplicação das velaturas;


ii) Aplicação do Isolados de Nós;
iii) Aplicação dos vernizes.

i) Preparação e Aplicação das Velaturas

O tratamento com velatura exige que a superfície de madeira esteja limpa e sem gordura. Para
isso a preparação da superfície deve ser feita através de lixagem.

A cor resultante da aplicação de uma velatura vai depender das características desta e também
da capacidade de absorção da madeira, regularizando para isso a concentração do material
através de ensaios prévios, adicionando-se ao material original um solvente apropriado.

Os métodos a empregar as velaturas podem ser à trincha, à pistola ou por mergulho, exigindo
para qualquer um deles um período de secagem de pelo menos quatro horas.

A aplicação de velaturas em madeira húmida pode provocar várias patologias, tais como a
precipitação dos corantes, que originam o aparecimento de irregularidades de cor e manchas
de mau aspecto.

ii) Aplicação do Isolador de Nós


A aplicação de uma demão prévia de um isolador de nó é essencial, para além de melhorar a
durabilidade dos envernizamentos exteriores.

A aplicação deste produto é feito com uma trincha. O tempo de secagem deve ser pelo menos
de quatro horas antes de se iniciar a operação seguinte.

iv) Aplicação dos vernizes

O principal objectivo do verniz é encher em profundidade a peça.

48
Tintas, Vernizes e Ceras

Em trabalhos interiores as demãos a aplicar dependem do acabamento que se pretende. Em


exteriores devem aplicar-se espessuras de filme nem muito finas, nem muito espessas, pois
existem problemas de durabilidade. Quatro a cinco demãos de verniz será a melhor solução.

A sua aplicação é feita usualmente à trincha. A trincha deve estar cheia de verniz,
movimentando-a em pinceladas curtas e leves sobre a área de superfície, de forma a evitar a
formação de bolhas. Enquanto se aplica o material na área seguinte, vai-se deixando o verniz
aplicado lacar.

Os cuidados a ter na aplicação do verniz são a: regularização da quantidade de verniz aplicado


por demão, o qual vai depender da aparência do acabamento, uma vez o verniz seco não pode
ser retocado, sendo por isso indispensável deixar a película secar em profundidade para que se
possa lixar e envernizar de novo. Outro aspecto a ter em conta é o ambiente, abrigando-se de
atmosferas húmidas e correntes de ar.

Como para trabalhos exteriores é mais difícil conjugar estes requisitos, o envernizamento
deverá ser feito num dia seco, moderadamente quente e sem vento, para não comprometer os
resultados.

Relativamente a envernizamentos para interiores são utilizados vernizes celulósicos, de


secagem extra-rápida.
(C. D., Robbialac, 2002/2003)

III. 6. 4 - Pinturas de Manutenção ou Repinturas

As repinturas de manutenção devem ser feitas atempadamente, isto é, antes de detecção de


qualquer tipo de patologia.

Mas, na maior parte das vezes o que acontece é a deteoriação da pintura velha, implicando
assim um maior cuidado na preparação da superfície, maiores gastos de material e uma pintura
nova menos durável e satisfatória do que se tivesse sido executada sobre uma base sã. Estes
parâmetros são aplicados não só para as madeiras como também para outros tipos de pintura.

49
Tintas, Vernizes e Ceras

Não existem regras estabelecidas para se saber qual é a altura em que a pintura deve ser
renovada. O método utilizado será identificar a altura de repintar, examinando cuidadosamente
e com frequência o estado da própria pintura.

Numa primeira análise deverá ser feito um exame de pintura existente. Esta operação consiste
numa observação cuidadosa da superfície, que por vezes ressalta aos nossos olhos uma
redução gradual de brilho resultante da exposição à intempérie, com consequente
esfarelamento.

O esfarelamento tem a vantagem de fornecer uma superfície lisa, semi-mate e com uma ligeira
aspereza superficial, para além de manter limpa a película, o que vai construir uma excelente
base de pintura.

Só se deve proceder à repintura quando o processo de esfarelamento indicar que a parte


substancial da última demão de tinta foi já consumida por erosão ou quando o filme exibe
sinais de rachamento superficial muito ligeiro, denominando-se a este fenómeno de fissuração.

Caso não se aplique a repintura a tempo, desenvolver-se-ão rachamentos seguidos de


esfoliação.

A remoção da tinta velha é outro aspecto a considerar. Poderá ser feita por queima ou
decapagem. A queima é um método rápido, limpo e conveniente. No entanto, para áreas
estreitas recorre-se ao emprego de decapantes.

Supondo que a pintura velha sofre apenas uma desintegração uniforme por esfarelamento e
não tem qualquer tipo de rachas ou esfoliação, pode-se começar esta fase pela preparação da
superfície, limpando e lavando, lixando-a de modo a adquirir uma base de pintura nivelada e
uniforme.

A limpeza pode ser feita através de detergentes, ou solventes, sendo neste caso empregue na
remoção de gordura.

50
Tintas, Vernizes e Ceras

Quando estamos perante uma pintura velha e existam zonas de superfícies não adequadas,
necessitando por isso de ter um tratamento profundo, deverá primeiramente ser removida a
tinta existente, até se encontrar a base sã, desde a subcapa, o primário, ou até a própria base.
Finalmente para se obter um nivelamento satisfatório, deve proceder-se às reparações locais,
aplicando sucessivamente o primário, o betume e a subcapa.

Depois de preparar a superfície através da lixagem da pintura antiga e reparação das zonas em
que aquela foi removida, dá-se o início à repintura, sendo feito normalmente numa superfície
fosca e uniforme na cor.

A manutenção de superfícies envernizadas requerem as mesmas indicações gerais da pintura,


contudo o problema torna-se mais delicado no envernizamento de exteriores, uma vez que os
vernizes são de durabilidade limitada e de terem tendência a ganharem rupturas, rachamentos,
seguidos de esfoliação.

Nestes casos deve-se remover todo o verniz existente, ou pelo menos nas áreas onde a película
rachou ou exibe levantamento. Após uma lixagem geral deve-se aplicar três ou mais demãos
de verniz novo. Depois desta operação prossegue-se uma lixagem geral de nivelamento,
seguida de duas demãos gerais de acabamento, não esquecendo que a primeira deverá ser
despolida antes de aplicar a demão final.
(C. D., Robbialac, 2002/2003)

III. 6. 5 - Esquemas (genéricos) de Pinturas

51
Tintas, Vernizes e Ceras

III. 6. 5. 1 – Madeiras – Envernizamento - (Interiores/Exteriores)

- INTERIORES

- EXTERIORES
SUPERFÍCIES EM M ADEIRA

INTERIORES EXTERIORES

SUPERFÍCIES
PINTADAS OU
ENVERNIZADAS
CASO GERAL CASO GERAL
SOALHOS
E » PORTAS, JANELAS, LAMBRIS » PORTAS, JANELAS
M ADEIRA » MOBILIÁRIO D E JARDIM
» MOBILIÁRIO DIVER SO
» MADEIR A EM
» TAMPOS D E MESA * ENVERNIZADAS C/ VERNIZ
AMBIENTES MARÍTIMOS
» COR RIMÃOS DE TIPO DIFERENTE
» REVESTIMEN TOS D E
» REVESTIMENTOS DE PAREDE E TECTOS * COM VERNIZ DO M ESM O
PAR EDE E TECTOS
TIPO M AS EM M AU ESTADO
DE ADERÊNCIA
* SUPERFÍCIES PINTADAS

“AFAGAM ENTO” IM PRESCINDÍVEL


DE TODA LIMPEZA GERAL, REMOVENDO EVENTUAIS REMOÇÃO COMPLETA DO
A SUPERFÍCIE GORDURAS, CERAS, POEIRAS, ETC. REVESTIM ENTO
(Por raspagem, lixagem ou queima)

AGUARDAR SECAGEM
* ENVERNIZADAS COM VERNIZ DO
M ESM O TIPO EM BOM ESTADO DE
ADERÊNCIA

LIXAGEM GERAL
Com lixa média ou fina

CONDIÇÃO PRÉVIA
TRATAMENTO DE MADEIRAS ATACADAS COM FUNGOS E REMOÇÃO DE QUALQUER
CARUNCHOS E/OU PREVENÇÃO AO SEU APARECIMENTO REVESTIMENTO

PARA ACABAMENTOS COM PORO FECHADO


APLICAÇÃO DE TAPA POROS (#) CONDIÇÃO PRÉVIA
REMOÇÃO DE QUALQUER
REVESTIMENTO

SECAGEM E LIXAGEM

ENVERNIZAMENTO
ESQUEMA DE TRATAMENTO
» VERNIZES SINTÉTICOS
» VERNIZES CELULÓSICOS » INSECTICIDA
» VERNIZES POLIURETANOS » FUNGICIDA

NOTAS: (#) – O Tapa-Poros não é recomendado para exteriores.

Fig. I. 4 – Esquema (genérico) de Pintura – Madeiras - Envernizamento

52
Tintas, Vernizes e Ceras

III. 6. 5. 2 - Madeiras - Esmaltagem - ( Interiores / Exteriores)

- INTERIORES

- EXTERIORES

SUPERFÍCIES EM MADEIRA

CASO ESPECIAIS CASO GERAL SU PERFÍCIES


PINTADAS OU
» PAVIMENTOS » PORTAS, JANELAS ENVERNIZADAS
» SUPERFÍCIES COM LAMBRIS
NECESSIDADE DE » MOBILIÁRIO DIVERSO * SUPERFÍCIES PINTADAS OU
MAIOR RESISTÊNCIA » REVESTIMENTO DE ENVERNIZADAS, EM MAU ESTADO
QUÍMICA E À ABRASÃO PAREDES E TECTOS DE ADERÊNCIA
* SUPERFÍCIES PINTADAS COM
» Etc. ESMALTE DE TIPO DIFERENTE (Para
acabamentos ” EPOXY ” ou
POLIURETANO )
LIMPEZA GERAL, REMOVENDO EVENTUAIS GORDURAS,
CERAS, POEIRAS, ETC.
• IMPRESCINDÍVEL
REMOÇÃO COMPLETA DO
AGUARDAR SECAGEM REVESTIMENTO
(Por decapagem, raspagem, lixagem ou
queima)

LIXAGEM GERAL * SUPERFÍCIES PINTADAS OU


Com lixa média ou fina ENVERNIZADAS, EM BOM
ESTADO DE ADERÊNCIA

EVENTUALMENTE TRATAMENTO DE MADEIRAS ATACADAS COM CONDIÇÃO PRÉVIA


REMOÇÃO DE QUALQUER
FUNGOS E CARUNCHOS E/OU PREVENÇÃO AO SEU APARECIMENTO
REVESTIMENTO

APLICAÇÃO DE PRIMÁRIO ADEQUADO

SECAGEM E LIXAGEM

EVENTUAL REGULARIZAÇÃO PELA APLICAÇÃO DE BETUME ADEQUADO

SECAGEM E LIXAGEM
REPETIR ATÉ
(*) PERFEITA
REGULARIZAÇÃO
APLICAÇÃO DE APARELHO/SUB-CAPA ADEQUADA
(em cor próxima ao acabamento)

SECAGEM E LIXAGEM

APLICAÇÃO DA TINTA DE ACABAMENTO

ESMALTE ESMALTES ESMALTES


SINTÉTICOS “EPOXY”

NOTAS: (*) – Em EXTERIORES e em INTERIORES (nos casos em que se requer um revestimento de maior resistência) o
uso de betume deve ser restringido ao mínimo indispensável por forma a não comprometer a resistência global do revestimento.
Nestes casos, o SISTEMA RECOMENDADO consiste na aplicação do ESMALTE DE ACABAMENTO directamente
“sobre” o PRIMÁRIO.

Fig. I. 5 – Esquema (genérico) de Pintura – Madeiras – Esmaltagem

53
Tintas, Vernizes e Ceras

III. 7 - Pintura de Estuque, Reboco ou Betão

III. 7. 1 – Generalidades

A pintura de paredes na construção civil é, talvez, o aspecto de maior importância no que diz
respeito à protecção e decoração geral de edifícios, uma vez que as áreas intervenientes são as
mais vastas. (C.D., Robbialac, 2002/2003)

À primeira vista um muro rebocado ou uma parede estucada parecem constituir bases de
pinturas ideais, mas na realidade, as coisas não têm a simplicidade que aparentam,
constituindo, sim, um problema de pintura onde mais existem riscos e dificuldades.
(Robbialac, 1958, p. 89)

Com efeito, não só os materiais de construção usados na preparação e acabamento de paredes


são quimicamente agressivos, como também podem atacar e destruir as tintas e as bases de
pintura. (C.D., Robbialac, 2002/2003)

Normalmente a húmidade e os sais alcalinos do cimento constituem os grandes problemas das


paredes.

A alcalinidade das paredes pode promover a saponificação das pinturas, com formação de
manchas, amolecimento ou descascamento. As tintas usadas neste caso terão que ser
resistentes ao alcális. Em substratos mais resistentes a presença da água pode existir,
destruindo a adesão das películas, a qual poderá causar variações de brilho e cor; a presença
de sais pode provocar a formação de depósitos cristalinos, e a degradação pode, finalmente,
dar origem a fenómenos de esfoliação. (Robbialac, 1958, p. 90)

As paredes sujeitas a degradações progressivas, com o tempo, acabam por diminuir ou


destruir a firmeza, sendo esta uma das virtudes principais deste tipo de pintura.

Em suma, pode dizer-se que na formulação das tintas deve ter-se em conta, como já
referenciado, a existência de sais alcalinos nos substratos e, consequentemente, apresentar
resistência a ph elevado. Esta resistência ao alcális pode ser dada por polímeros resistentes a

54
Tintas, Vernizes e Ceras

ph alcalino ou usando um selante anti-alcalino [com propriedades de penetração e capacidade


de aglomerar substratos friáveis] antes da aplicação da tinta de acabamento. ( I.S.T.,
1999/2000, p. 63)

Contudo, o factor mais importante ao pintar os substratos, à base de cimento, é o teor de


húmidade [deve ser inferior a 5%] na altura da aplicação, que em excesso afecta a aderência
das tintas, influenciando o comportamento final do sistema aplicado.
( I.S.T., 1999/2000, p. 64)

Os principais produtos destinados à pintura de paredes, para evitar determinadas anomalias,


são:

i) Primários Anti-Alcalinos: com finalidade em proteger a tinta de acabamento da acção


agressiva dos sais, caracterizando-se por elevado grau de impermeabilidade, boa adesão à
base e oferecer por secagem uma superfície adequada à realização das operações de pintura

ii) Tintas Aquosas, de base sintética: este tipo de tintas generaliza-se no campo da decoração
de paredes. As vantagens principais são: diluição com água, livres de cheiros, rápida
secagem, livre de riscos de incêndios, resistência à saponificação e ao ataque químico, além
de excelentes funções de durabilidade, lavabilidade e permanência.
(Robbialac, 1958, p. 90/91/94)

III. 7. 2 - Pinturas em Estuque

A pintura de estuques é raramente feita com o objectivo de protecção. Porém, certos produtos
recomendados para decoração de paredes, nunca se podem aplicar directamente em estuques,
sem intervenção de quaisquer primários e selantes.
(Robbialac, 1962, p. 434)

As superfícies de estuque são mais difíceis de pintar com êxito de que os outros materiais de
construção, tais como a madeira e o aço.

55
Tintas, Vernizes e Ceras

Estas dificuldades advêm do carácter quimicamente agressivo do material que constitui o


suporte da pintura, em parte na extrema variabilidade das suas propriedades químicas e
físicas, e em parte, ainda, no facto de razões de ordem prática tornarem frequentemente
imperiosa a necessidade realização de pinturas quando as paredes contém ainda quantidades
de água consideráveis.

Compreende-se que só é possível eliminar os riscos inerentes às pinturas antes de as executar.


Para isso recorre-se ao emprego de selantes e primários anti-alcalinos já descritos
anteriormente.

III. 7. 2. 1 - Preparação da Superfície

A pintura no estuque, por força das circunstâncias, terá que começar pela aplicação de
selantes e primários anti-alcalinos, qualquer que seja o tipo de material seleccionado. As
superfícies deverão estar aptas para receber os produtos em boas condições. Para tal, na
preparação terá que se atender se se tratam de superfícies novas ou velhas.
(Robbialac, 1958)

No caso de se tratar de superfícies de estuque novas, niveladas e uniformes, sem necessidade


de reparação, a operação a executar será: lavá-la com panos limpos, escassamente
humedecidos em água, com o objectivo de remover a chamada “ flor de estuque”, isto é uma
ligeira eflorescência calcária superficial, a qual poderá interferir na adesão dos selantes e
comprometer a estabilidade de toda a pintura.

Sob condições favoráveis [temperatura e ventilação] trinta dias de secagem é o tempo


considerado mínimo para uma superfície estucada. Contudo, a pintura deve ser efectuada o
mais tarde possível, atendendo que a secagem raramente se dá uniformemente em toda a
superfície. Também será indispensável fazer uma análise cuidadosa à superfície [bem seca e
livre de resíduos e eflorescências] antes de iniciar a pintura.
(Robbialac, 1962, p.435)

Os estuques velhos carecem de maiores cuidados, pois para além da flor já mencionada, estão
sujeitos a contaminações com gorduras e sujidades. Neste caso a lavagem terá que ser feita

56
Tintas, Vernizes e Ceras

com detergentes [com panos], devendo ser realizada debaixo para cima, a fim de evitar
acumulações de gordura e sujidade na base da parede. De seguida é feita a lavagem com água
limpa para remoção de contaminantes resultantes da primeira limpeza, sendo feita do topo
para a base.

A superfície deve estar bem seca e limpa antes da pintura. O tempo de secagem, neste caso,
terá que ser mais prolongado. (Robbialac, 1962, p.436)

III. 7. 2. 2 - Repinturas em Estuques

Os riscos de insucesso das pinturas, por exemplo paredes interiores, derivam de razões
acidentais, como excesso de húmidade na estrutura, defeitos do estuque ou insuficiência de
preparação e isolamento. (Robbialac, 1962, p. 449)

Dificuldades desta natureza vão-se revelando pouco a pouco, as quais exigem medidas de
rectificação.

As repinturas executam-se por uma ou várias das razões seguintes:

i) Porque se deseja modificar o esquema de decoração existente do ponto de vista da cor;


ii) Porque a pintura existente está demasiado suja, riscada ou afectada por acções exteriores;
iii) Porque a própria parede sofreu estragos mecânicos por choque ou fricção.
(Robbialac, 1962, p. 449)

Nestes casos não é necessário remover a pintura existente. Bastará preparar adequadamente a
superfície e proceder a redecoração.

As operações de repintura são pinturas mais seguras e livres de riscos que as pinturas iniciais,
porque quando se realizam as paredes já estão bem secas e as superfícies de estuque,
quimicamente e fisicamente estabilizadas.

Na preparação de superfícies temos dois tipos de situações, ou se trata de razões acidentais e


neste caso deve-se determinar com precisão a causa do desastre e dar-lhe solução; ou por

57
Tintas, Vernizes e Ceras

defeitos de superfície, isto é perda de adesão, eflorescências e manchas derivadas de fungos e


bolores. (Robbialac, 1962, p. 450)

Quanto á perda de adesão, será necessário remover toda a tinta existente por meios mecânicos
e proceder a nova pintura após o período de secagem propício.

Se se verifica a formação de eflorescências, temos duas situações, ou estas têm lugar entre a
parede e o filme de primário anti-alcalino e terá que se proceder como no caso anterior, ou se
formam sobre a película e, neste caso se não existirem perdas de adesão, a situação pode ser
remediada com um isolante específico, seguido de nova pintura.

Se, finalmente, o defeito consiste no aparecimento de manchas, causadas por fungos, terá que
ser feito um tratamento, seguido de isolamento e nova pintura [executadas ambas operações
com materiais fungicidas].

Se o insucesso advém de manchas esbranquiçadas de eflorescência calcária, diferenças de


brilho, significa que o isolamento da superfície não foi satisfatoriamente realizado. Neste
caso, deverá ser tratado com novo isolamento sobre a pintura existente, passá-lo à lixa, de
modo ligeiro, antes de aplicar os acabamentos. (Robbialac, 1962, p. 451)

Estes defeitos de superfície, serão, em capítulo posterior melhor abordados.

Consideremos que se trata de uma pintura de renovação. Primeiramente terá que ser feito um
exame cuidadoso da superfície, antes de decidir quais as operações de preparação que se
impõem. Geralmente, começa-se por lavar com detergente e água. Se se tratar de tinta a água
pode-se aplicar directamente o material de acabamento, se estivermos perante uma tinta de
óleo, deve estar completamente lixada antes de se proceder à repintura. (Robbialac, 1962, p.
452).

58
Tintas, Vernizes e Ceras

III. 7. 3 - Pinturas em Rebocos

Os rebocos são guarnecimentos, ou seja, revestimentos geralmente caracterizados por


possuírem elevada alcalinidade. Esta é traduzida pelos seus constituintes, compostos dotados
de poderosa agressividade química. (Robbialac, 1962, p. 452)

Portanto, na pintura de rebocos para além dos perigos já indicados (em estuques) em
particular eflorescências e eflorescências calcárias, ainda existe a possibilidade da ocorrência
de saponificações.

No entanto, o que mais usualmente se verifica é o esfarelamento da pintura. É por acção da


alcális, que a resistência à água do veículo da película de tinta afectada, se torna solúvel,
perde a capacidade de ligar as partículas de pigmento, acabando por exibir tal fenómeno. Esta
anomalia observa-se quase exclusivamente em pinturas exteriores, traduzindo-se por um
esbranquiçamento muito irregular da cor original.
(Robbialac, 1962, p. 453)

A formação de manchas brancas produzidas por esfarelamento resultante de saponificação


pode ter diversas causas, pois outras razões de natureza diferente podem dar origem ao
mesmo defeito. Uma má integração do filme de tinta de água é outra causa que pode dar
origem ao esfarelamento, devido a temperaturas demasiadamente baixas no momento de
aplicação, absorção demasiada da parede ou excessiva diluição da tinta. (Robbialac, 1962, p.
454)

O aparecimento de manchas provenientes de saponificação ocorre, frequentemente, junto e ao


longo de fendas existentes no reboco resultante de rachamentos e de juntas impropriamente
vedadas. Isto porque nessas zonas a água da chuva, ou de condensação, penetra nas paredes e
arrasta os sais alcalinos contidos, quando esta seca de novo, por acção do sol ou por elevação
da temperatura atmosférica.

Pode-se concluir que na pintura de rebocos, sobretudo no exterior, uma adequada secagem da
estrutura e uma boa preparação da superfície são fundamentais. A utilização de Primários

59
Tintas, Vernizes e Ceras

Anti-Alcalinos será também imprescindível, pois são capazes de realizar um isolamento


eficaz do guarnecimento. (Robbialac, 1962, p. 454)
Em pinturas interiores de rebocos as condições são menos severas e o problema não é, em
substância, fundamentalmente diferente do da pintura de estuques, já considerados
anteriormente.

Em capítulo posterior estes defeitos de superfície serão abordados em pormenor.

III. 7. 3. 1 - Preparação da Superfície

Os métodos de preparação de superfície em rebocos são idênticos daqueles já indicados para a


preparação de estuques, senão em certos pormenores, como por exemplo o tipo de
guarnecimento usado. O perigo de saponificação, está presente com frequência, mas à parte
este aspecto, as precauções são idênticas.

Vamos supor que estamos perante uma superfície nova, partindo do princípio que o reboco a
pintar é do tipo areado e superfície nivelada. A primeira operação consiste em libertar a
superfície das areias mal ligadas á massa de reboco. Após esta operação, a parede deve ser
bem escovada, com uma escova de pêlo rijo para libertar as poeiras. Finalmente, a superfície é
desengordurada por lavagem com água e detergentes, conforme referido em estuques.
(Robbialac, 1962, p.455)

Antes de dar início aos trabalhos de pintura é evidentemente necessário deixar secar a parede.
O tempo de secagem será mais ou menos três meses, dependendo de determinadas condições
[temperatura e ventilação] com o fim de reduzir o risco de saponificação.

Quando se trata de superfícies velhas, as operações a executar são idênticas às que foram
indicadas para superfícies novas, excepto as operações de lavagem com detergentes, as quais
devem ser executadas mais a fundo. Disto resulta, tempos de secagem mais prolongados.
(Robbialac, 1962, p. 456)

Contudo na prática, estes prazos não são possíveis, sendo preferível uma lavagem mais
ligeira, de tal modo que o reboco não fique muito encharcado.

60
Tintas, Vernizes e Ceras

III. 7. 3. 2 - Repinturas em Rebocos

Os três factores essenciais a considerar ao planear uma repintura de manutenção são os


seguintes:
i) o estado e modo de falência da tinta antiga;
ii) a natureza da tinta antiga;
iii) o estado e natureza do suporte.
(Robbialac, 1962, p. 466)

Sobre o último ponto, pouco ou nada se pode dizer, uma vez que as condições já existem, a
não ser medidas de ordem construtiva, se for o caso, para eliminar infiltração de húmidade
[ terreno ou juntas] e fendilhamento.

Os dois primeiros factores mencionados são os que condicionam as operações de preparação


de superfície a executar.

Para melhor entendimento, podemos mencionar várias situações:

1) No caso mais favorável da pintura antiga ter sido realizada em boas condições técnicas,
com materiais da mesma natureza, não apresentando manchas ou exibindo esfarelamento
moderado e regular, a operação consistirá numa lavagem eficaz, como, já descrita, seguida de
secagem, podendo ainda ser aplicado um produto para fixar as partículas do pigmento
destacadas e que não puderam ser removidas por lavagem;

2) No caso da pintura antiga ser tinta a água, mas estar num estado avançado de deterioração,
com esfarelamento acentuado e manchas, deve-se ter precaução na sua remoção, sobretudo
nas zonas mais atingidas pelo esfarelamento. Este facto, na maioria dos casos é devido a ter-
se realizado a pintura sem isolamento ou com isolamento inadequado;

3) Na situação da pintura se ter realizado em reboco duro e liso a operação é recorrer ao jacto
de areia, o qual removerá a tinta existente, bem como oferecerá uma superfície áspera onde a

61
Tintas, Vernizes e Ceras

pintura nova terá um comportamento favorável. Contudo uma lacagem simples a jacto de
água apenas, também poderá resolver;
4) No caso de repintura de rebocos decorados a óleo ser desprovida de brilho, problema de
saponificação violenta, originando amolecimento do filme e/ou esfoliação generalizada, será
indispensável remover a pintura efectuada, pondo a parede a nu, e proceder como se de uma
pintura de raiz se tratasse. Nas zonas em boas condições basta uma lavagem eficaz, seguida
de um isolador;

5) Finalmente, no caso de repinturas realizadas sobre decorações originalmente feitas a cal, a


tinta de cimento ou com produtos baseados em silicatos solúveis., será necessário dizer que
estas composições formam filmes de estrutura descontínua, pouco coerentes e tendem
facilmente a esfarelar por exposição, contendo também produtos químicos alcalinos, capazes,
portanto, de afectar as pinturas, quer por saponificação, quer por fornecerem os elementos
indispensáveis ao estabelecimento de eflorescências. Portanto, será fundamental remover
estes filmes por meios mecânicos e por lavagem, antes de se iniciar qualquer repintura,
isolando depois, de forma eficaz, os resíduos das películas de acabamento.
(Robbialac, 1962, p. 467/468)

Preparadas as superfícies a pintar as operações reduzem-se à aplicação de acabamentos.

62
Tintas, Vernizes e Ceras

III. 7. 4 - Esquema (genérico) de Pintura

- INTERIORES

- EXTERIORES

SUPERFÍCIES

BLOCOS SUPERFÍCIES SUPERFÍCIES


ESTUQUE REBOCO BETÃO “YTONG” CAIADAS PINTADAS

AGUARDAR AGUARDAR AGUARDAR “CURA”


CONDIÇÕES
BOA BOA SECAGEM (± (± 6 MESES C/REGAS
PRÉVIAS
SECAGEM 3 MESES) PERÍODICAS)

REMOÇÃO DE
LIMPEZA GERAL, REMOVENDO EVENTUAIS ALGAS OU FUNGOS, GORDURAS, TODA A TINTA MAL
AREIAS SOLTAS, POEIRAS, ETC…. ADERENTE

AGUARDAR SECAGEM

REPARAÇÃO DE FISSURAS E FENDAS

EVENTUAL REGULARIZAÇÃO DA SUPERFÍCIE IMPRESCINDÍVEL


REGULARIZAÇÃO DA
SUPERFÍCIE

AGUARDAR SECAGEM

TRATAMENTO DE SUPERFÍCIES PULVERUILENTAS IMPRESCINDÍVEL


FIXAR PARTÍCULAS SOLTAS
FIXAR PARTÍCULAS SOLTAS C/PRIMÁRIO FIXADOR

EM ESTUQUE SINTÉTICO
É IMPRESCINDÍVEL
UNIFORMIZAR A ABSORÇÃO. REFORÇAR A ADERÊNCIA
UNIFORMIZAR A ABSORÇÃO COM PRIMÁRIO DE ADERÊNCIA

APLICAÇÃO DA TINTA DE ACABAMENTO

TINTAS PLÁSTICAS: ESMALTE AQUOSO SISTEMA TIPO


LISAS OU TEXTURADAS Em Interiores

EVENTUALMENTE COM TRATAMENTO ANTI-FUNGOS, ALGAS OU BOLORES

Fig. I. 6 – Esquema (genérico) de Pintura – Alvenarias

63
Tintas, Vernizes e Ceras

III. 8 - Pintura de Superfícies Metálicas

III. 8. 1 - Generalidades

Na pintura de superfícies metálicas há a considerar os Metais Ferrosos e Metais Não


Ferrosos, sendo ambos caracterizados pela ocorrência da corrosão, fenómeno este que deve
ser controlado, conhecendo bem a sua origem e progressão.

Quanto aos Metais Ferrosos é exigida uma protecção anti-corrosiva das tintas aplicadas sobre
o aço, quando estes estão sob o efeito de condições ambientais agressivas.
(I. S. T., 1999/2000, p. 66)

Os Metais Não Ferrosos mais frequentes e usados na construção civil são o alumínio e a
chapa galvanizada. Estes metais também sofrem a corrosão ao ar, embora a velocidades muito
inferiores à dos metais ferrosos. Em alguns casos, como o alumínio, a película de óxido que
se forma tem uma acção protectora.

O principal problema das superfícies de metais não ferrosos é que a aderência das tintas é
muito fraca, pelo que são necessários pré-tratamentos que conduzam à formação de uma
superfície de maior aderência. (Marques e Rodrigues, 1998, p. 50)

III. 8. 2 - Preparação da Superfície

A preparação de superfícies metálicas compreende um conjunto de operações de tratamento,


que têm por fim obter uma superfície homogénea e apta a receber a pintura. Será importante
especificar o tratamento correcto da superfície. Para isso terá que se atender à natureza do
metal, à espessura da superfície, ao esquema de pintura a empregar, bem como às condições
de serviço. (Marques e Rodrigues, 1985, p. 49)

A duração de uma pintura sobre metais ferrosos e não ferrosos, depende essencialmente da
preparação da superfície e da maneira como os produtos são aplicados, independentemente da
qualidade destes. Nos metais não ferrosos [zinco, alumínio, ferro galvanizado, etc.] são

64
Tintas, Vernizes e Ceras

simples de tratar, uma vez que não têm o problema da ferrugem. (C. D., Robbialac,
2002/2003)

Valerá apena insistir que uma correcta preparação da superfície metálica é um factor decisivo
no êxito de qualquer pintura.

A operação básica a realizar antes de empreender qualquer pintura é, pois, limpar


adequadamente a superfície metálica, libertando-a de todos os possíveis contaminantes
prejudiciais, sendo eles o cascão de laminagem, a ferrugem, a gordura e a sujidade.
(Santos, 1998, p. 25)

O cascão de laminagem é um elemento nocivo e o mais perigoso. Forma-se nas operações de


laminagem de chapas ou de ferros perfilados, sendo fortemente catódico em relação ao ferro,
promovendo activamente o seu enferrujamento.
(Robbialac, 1962, p. 329)

A ferrugem que se integra numa superfície a ser pintada é outro inconveniente, como já
referenciado. Temos duas situações: quando a ferrugem se interpõe entre o primário e o metal,
impedindo o contacto entre estes, isto é, impedindo o contacto perfeito entre a tinta e a base,
interferindo na adesão da pintura; e o mecanismo da acção anti-corrosiva do primário sobre o
metal, que só é exercida quando há contacto íntimo de um com o outro.

A humidade será outro inconveniente ao estabelecimento e progressão da corrosão, por isso


as superfícies metálicas devem apresentar-se perfeitamente secas, caso contrário terá efeitos
nefastos, como por exemplo: aplicando uma primeira demão de primário fica retida uma certa
quantidade de água entre a tinta e o metal estabelecendo-se assim as condições necessárias
para que o processo de corrosão se inicie. Para além disso, interfere com a adesão do primário
ao metal, pondo em risco a integridade de todo o sistema de pintura, impedindo também a
actuação eficaz dos elementos anti-corrosivos do primário. (Santos, 1998, p. 26)

O factor adesão, neste caso de superfícies, ainda se torna, mais importante, pois uma
aderência adequada do primário à base metálica será fundamental, pois dela depende a
durabilidade de todo o sistema de protecção, bem como a acção eficaz dos elementos anti-

65
Tintas, Vernizes e Ceras

corrosivos do primário, os quais exerçam uma acção inibidora que deles se espera.
(Robbialac, 1962, p. 332)

A preparação de uma superfície metálica compreende, geralmente, os seguintes sistemas:

1) Jacto de areia

Pode ser seco ou húmido, sendo talvez o melhor sistema desenvolvido para a preparação de
superfícies metálicas. A função principal deste sistema é remover, de forma rápida e eficaz, a
carepa, a ferrugem, a gordura e a sujidade, adquirindo assim uma superfície ligeiramente
irregular e áspera, o que se torna ideal para a adesão de qualquer tipo de primário.

2) Maçarico oxi-acetilénico

O maçarico oxi-acetilénico ou limpeza à chama não é tão eficaz, como o jacto de areia, mas
em comparação com os processos manuais de limpeza é substancialmente razoável. Esta
operação consiste em fazer passar sobre a superfície a limpar, a alta velocidade um maçarico
que, realizando um aquecimento local brusco, vai promover a desidratação de ferrugem e a
eventual remoção do cascão de laminagem, o qual se desliga da base devido à dilatação
diferencial provocada entre o ferro e a carepa.
No caso de estruturas em más condições, contendo graves quantidades de ferrugem e carepa,
por vezes, é necessário fazer passar mais de uma vez o maçarico, ou então, realizar uma
limpeza por métodos manuais.
Depois da limpeza e antes de iniciar a pintura, a área tratada deve ser limpa com uma escova
de arame e varrida de poeiras.
É de notar, que este processo de limpeza não pode ser aplicado em estruturas de pequena
secção, ou chapas de pequena espessura, pois pode dar origem a grandes empenamentos.

3) Decapagem química

Decapagem química é outro sistema de limpeza, isto é, limpeza superficial de objectos


metálicos. Este sistema consiste em emergir os objectos em banhos de ácido geralmente
aquecidos, até que por ataque químico, seja dissolvida toda a ferrugem e descascado todo o

66
Tintas, Vernizes e Ceras

cascão de laminagem. Tem como vantagem a não redução dos filmes de tinta, mas em
contrapartida, sofre uma séria limitação ao exigir que os elementos a limpar sejam submersos
num banho aquecido, impossibilitando também a sua aplicação em estrutura montada e
emprego no tratamento de elementos isolados e de grande dimensão. O processo de
decapagem química compreende as seguintes operações: limpeza e preparação do metal;
imersão do banho ácido decapante; imersão em banho de limpeza; e imersão em banho
passivante.

3) Limpeza manual

Os métodos manuais de limpeza consistem na utilização de todas as ferramentas manuais,


mecânicas ou eléctricas como martelos, picões, raspadeiras, escovas de arame, rodas
abrasivas, etc. Este sistema constitui sempre um risco, qualquer que sejam os produtos
utilizados, uma vez que a limpeza nunca é totalmente satisfatória desde os produtos de
corrosão e carepa, contudo continuam a ser os mais usados, devido à simplicidade do seu
emprego.
(Robbialac, 1962, p. 329-349)

III. 8. 3 - Sistemas de Pintura

Chamam-se “Sistemas de pintura convencional” quando estes são constituídos principalmente


por tintas de secagem ao ar por oxidação e de aplicação à trincha, e destinados a serem usados
sobre metais ferrosos, os quais não foram submetidos a tratamentos especiais de metalização,
e sim a preparação prévia, de limpeza e desengorduramento seguida ou não de emprego de
condicionantes.
(Santos, 1998, p. 27)

O emprego de betume é restringido na pintura de estruturas metálicas.

A durabilidade exterior de uma tinta depende do veículo empregue, da natureza de todos os


constituintes que a compõem, bem como das classes e pigmentos usados.

67
Tintas, Vernizes e Ceras

Neste tipo de superfícies temos como sistemas de pintura:

- Sistema de Pintura Vinílico

Este material sendo ainda pouco conhecido, exige uma técnica de aplicação de emprego muito
delicada. O sistema vinílico tem como principal vantagem a durabilidade exterior, podendo
em alguns casos ser caracterizado pelo grau de inércia química, pela resistência à acção de
soluções ácidas, alcalinas e salinas, mesmo em altas concentrações, bem como a fungos e
gases corrosivos.

Este sistema é utilizado em pontes de viadutos expostos a fumos de locomotivas, estruturas no


interior de túneis e atmosferas industriais corrosivas, tanques, depósitos, refinarias de
petróleo, fábricas de papel, barragens hidroeléctricas, gasómetros, etc.

Os vinílicos também são indicados para resolução de problemas de pintura em trabalhos


fluviais e marítimos, uma vez que têm bom comportamento em relação à água doce e salgada.

As lacas vinílicas secam por evaporação dos solventes, sensivelmente quinze minutos e após
evaporação completa destes, os vinílicos oferecem filmes duros e resistentes ao atrito e à
abrasão. Devido a este facto, é utilizada em pinturas de estruturas expostas á acção de ventos
violentos que arrastam areia do mar.

Em contrapartida, a pintura de vinílicas exigem o emprego de várias demãos e de vários


diferentes tipos de tintas. A pintura só deve ser feita sobre superfícies metálicas limpas e sem
ferrugem, gordura e outros contaminantes.

Um sistema normal, deste tipo, de pintura, é constituído pelo: “ wash-primer”; o primário


anti-corrosivo e o acabamento. O anti-corrosivo adere bem ao “ wash -primer” e o
acabamento quando aplicado sobre o primário.

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Tintas, Vernizes e Ceras

(Santos, 1998, p. 27/28)

- Acabamentos em Alumínio

Este tipo de tintas [alumínio] tem propriedades excelentes de permeabilidade, durabilidade,


aspecto decorativo e economia. Estes aspectos advêm das características do pigmento usado
nestes produtos, que é principalmente constituído por alumínio metálico.

Em virtude da textura lamelar do pigmento e da facilidade de escorregamento dos seus


elementos sobre os outros, as tintas de alumínio têm grande poder de cobertura. Esta
característica aliada à sua grande opacidade, torna-os económicos.

Geralmente é necessário uma demão da superfície a pintar, apesar de por motivos de


durabilidade necessite de duas demãos.

As tintas de alumínio também têm alta opacidade à luz e à reflectividade. Esta última
característica é exemplo em pintura de telhados de armazéns ou barracos situados em climas
quentes, com o objectivo de baixar a temperatura interior o mais possível.

O seu emprego também é generalizado para atmosferas industriais uma vez que o alumínio é
pouco afectado por gases sulfurosos.

Devido às diversas vantagens inerentes a este sistema de pintura pode ser usado em: tanques,
depósitos, pontes e viadutos, postes de alta tensão e de caminhos de ferro, estruturas e
edifícios metálicos, etc.

No entanto a sua aplicação varia, conforme o seu destino, como por exemplo se se tratam de
estruturas, depósitos, temperaturas altas, etc.
(Santos, 1998, p. 27)

- Tintas Alquídicas

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Tintas, Vernizes e Ceras

Apesar das características das tintas alquídicas, como reduzido tempo de secagem,
durabilidade exterior e elevada resistência à intempérie, estas ainda são substituídas pelos
materiais oleosos ou óleo- resinosas, devido a factores económicos, entre outros.
- Tintas Óleo-Sintéticas

Este tipo de tintas, situa-se entre as tintas alquídicas e as tintas oleosas, em termos de
propriedades e características.

Como vantagens, estas podem produzir-se em qualquer cor e fornecem por secagem filmes
muito brilhantes, bem lacados e dotados de excelente elasticidade. Além disto, tornam
possível, sem riscos a sua aplicação sobre primários oleosos não muito endurecidos
[perigosos com produtos alquídicos].

O tempo de secagem é de doze a vinte horas, dependendo das condições prevalentes.

Quanto à sua aplicação, é fácil, à trincha, e diluível com solventes alifáticos.

Quanto à durabilidade, as tintas óleo-sintéticas, são muito boas em atmosferas e condições de


serviço normais.

Apesar de perderem o brilho ao envelhecerem mantêm a integridade do filme e capacidade de


protecção durante alguns anos.

No caso de pintura incorrecta, podem desenvolver problemas de rachamento ou esfoliação.


(Santos, 1998, p. 30)

III. 8. 4 - Método de Protecção contra a Corrosão

A corrosão dos metais define-se como a destruição do metal por reacção electroquímica com
o meio. (Robbialac, 1962, p. 305)

Para que este fenómeno seja controlado é necessário conhecer a sua origem e progressão.

70
Tintas, Vernizes e Ceras

O ferro e o aço em meios ambientais naturais estão sujeitos a sofrer corrosão na presença da
água e do oxigénio. (Santos, 1998, p. 30)

Ou seja, o ferro e o aço, não se enferrujam, em contacto com o ar seco, e o ritmo da corrosão
em ambientes em que o valor da humidade relativa não excede os 60% é praticamente
desprezível. Por outro lado, se for removido completamente da água o oxigénio em solução,
esta torna-se praticamente não corrosiva, a não ser que contenha acidez livre. O ferro
mergulhado em água neutra ou pouco alcalina e livre de oxigénio não enferruja.
(Robbialac, 1962, p. 306)

Na prática, nenhuma destas situações se verifica. O que acontece é que o oxigénio está
sempre presente, mesmo se o metal é mantido em imersão permanente, porque se dissolve na
água em quantidade suficiente para a tornar corrosiva. E, a presença da água é muito
frequente, mesmo em exposição atmosférica.
(Santos, 1998, p. 30)

Existem vários processos de protecção contra a corrosão a que se pode recorrer antes da
aplicação de um sistema de pintura anti-corrosivo. Entre estes processos podem referir-se os
seguintes:

i) Controlo do oxigénio e da húmidade

Se a natureza da obra levar à utilização deste sistema de protecção dever-se-á, conforme os


casos, remover o oxigénio dissolvido na água ou secar o ar até se atingir uma humidade
relativa da ordem dos 60%. E quando este valor desce aos 30% o processo de enferrujamento
pára completamente. Exemplo desta situação temos, galerias e instalações subterrâneas, nas
quais a humidade é elevada e verifica-se grande condensação, protegendo assim contra a
corrosão a instalação de equipamento desumidificador. (Marques e Rodrigues, 1991. p. 17)

Em sistemas de circulação de água fechados, como por exemplo, um sistema de aquecimento


central por água quente, a opção será remover o oxigénio dissolvido na água, evitando assim a
corrosão. Este princípio, também se aplica na protecção de canalizações de água fria.
(Robbialac, 1962, p. 313)

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Tintas, Vernizes e Ceras

Porém, este método não se aplica a estruturas em exposição atmosférica ou elementos


funcionando em regime de imersão.
ii) Tratamento da Água

Este método tem pouca aplicação, embora controle a corrosão, por exemplo na refrigeração
de motores, em que a água é recirculada.
(Marques e Rodrigues, 1991, p.17)

Certos inibidores de corrosão como cromatos, fosfatos, taninos, nitritos, silicatos, etc, têm
propriedades de tornar a água não corrosiva quando dissolvidos nela em pequena quantidade.
O efeito de inibição é produzido pela formação, de um filme de protecção, à superfície do
metal, que suprime a corrosão. (Robbialac, 1962, p. 314)

iii) Protecção Catódica

O método fundamenta-se por supressão da corrosão pela aplicação ao elemento metálico a


proteger de uma corrente eléctrica que o torne catódico, eliminando, todas as áreas anódicas
de corrosão.
(Santos, 1998, p. 31)

Este tipo de protecção é aplicável a elementos em contacto permanente e contínuo com um


electrólito, e aplicação prática por exemplo na protecção de interiores de tanques metálicos de
armazenamento de água em navios- tanques.
(Robbialac, 1962, p. 315)

Esta protecção funciona, nas melhores das condições em águas e solos dotados de boa
condutividade eléctrica e contendo em solução sais capazes de precipitar sobre a superfície
metálica em filme de carbonatos. Este filme tem a capacidade de reduzir o consumo de
corrente e tender a substituir a função protectora do sistema de pintura à medida que este, por
envelhecimento, se vai deteriorando. (Robbialac, 1962, p. 316)

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Tintas, Vernizes e Ceras

iv) Emprego de Ligas Resistentes à Corrosão

A resistência à corrosão pode ser assegurada pelo emprego de aços inoxidáveis. Estes são
altamente resistentes à corrosão, mais resistentes que o aço comum, contudo praticamente não
se utiliza, por razões de ordem económica. (Santos, 1998, p. 31)

As “ ligas metálicas” são aços modificados por pequenas quantidades de outros metais como
crómio, cobre e o níquel. E, são estas modificações que têm efeitos sobre determinadas
propriedades gerais e resistência à corrosão do produto resultante.
(Robbialac, 1962, p. 316)

No entanto, estas ligas utilizam outros métodos de protecção, como a pintura. Têm a grande
vantagem de alongar os intervalos entre repinturas de manutenção, mas no caso de estas não
forem feitas quando devem, o perigo resultante è menor, porque também é menor o ritmo de
corrosão do metal.
(Santos, 1998, p. 31)

v) Metalização e Outros Revestimentos Metálicos

Este método consiste no recobrimento superficial dos elementos a proteger em camadas mais
ou menos espessas de metais não ferrosas. Exemplos desta técnica de protecção temos o ferro
galvanizado, o aço cromado e a folha de Flandres.
(Robbialac, 1962, p. 317)

Os sistemas usados para realizar a deposição de camadas metálicas de protecção, podem ser:
1º- Imersão em banho de metal fundido;
2º- Deposição por cementação: calorização, etc;
3º- Deposição por eléctrólise: cromagem, anodização, etc;
4º- Deposição por projecção ou metalização.

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Tintas, Vernizes e Ceras

Existem outros meios para a realizar mas, a mais usada é a metalização pelo método da
pistola de arame. (Robbialac, 1962, p. 317)

O zinco e o alumínio são os únicos metais de importância prática e económica nas operações
de protecção de estruturas metalização.

vi) Pintura

A pintura por ser o método mais simples, flexível e o mais económico, é de todos o mais
aplicado. (Santos, 1998, p. 32)

Uma adequada preparação da superfície é fundamental independentemente da escolha


correcta do sistema de pintura. Mesmo em superfícies mal preparadas, os melhores sistemas
de pintura não se comportarão bem, enquanto que esquemas de pintura de fraca qualidade,
quando aplicadas sobre superfícies bem limpas, os podem ultrapassar em durabilidade.
(Robbialac, 1962, p. 326)

III. 8. 5 - Pinturas de Manutenção ou Repinturas

Antes de se proceder a qualquer tipo de repintura, é indispensável verificar o grau de limpeza


da superfície, sendo assim deve-se limpar correctamente toda a superfície, remover toda a
ferrugem e pôr o metal a nu em todos os locais onde se desenvolveu.
(Santos, 1998, p. 32)

Pinturas de manutenção realizadas sobre ferrugem, conduzem sempre à falência prematura e


representam um desperdício total de trabalho e de materiais.

Só é possível tomar decisões correctas e oportunas na realização dos trabalhos de repintura e


manutenção se a pintura passar pelas seguintes fases:

1) Exame da Pintura Existente

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Tintas, Vernizes e Ceras

No exame de pintura existente, é aconselhável que as inspecções sejam feitas na Primavera, e


pelo menos uma vez por ano.

Em relação aos metais ferrosos, a inspecção incidirá se existem ou não sinais exteriores de
enferrujamento.

De seguida, deve-se verificar se na pintura afloram bolhas ou áreas salientes as quais podem
ser devidas a enferrujamento que se estabelece entre o metal e a tinta de acabamento.

Finalmente, deve-se observar o estado da pintura, em relação aos acidentes normais, os quais
a podem afectar por envelhecimento, exibindo rachamentos, esfoliação, fissuração,
esfarelamento e erosão. (Robbialac, 1962, p. 377)

2) Remoção das Tintas Existentes

Em pinturas de interiores, no caso de áreas pequenas, geralmente, para remoção de pinturas


velhas utilizam-se decapantes. Porém, estes são demorados e pouco económicos.

Na pintura do ferro, o processo mais usado para remover tintas, é a utilização de ferramentas
manuais ou mecânicas.

Para além destas usa-se também a escova de arame manual ou rotativa, martelos manuais ou
pneumáticos, picões, raspadeiras, rodas abrasivas, lixa, etc.

Contudo o método mais eficaz é o jacto de areia.


(Santos, 1998, p. 33)

3) Preparação da Superfície

Antes de se proceder repintura, as operações de preparação de superfície, vão depender do


estado em que se encontra a pintura: velha; em condições razoáveis: ou ainda em más
condições.

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Tintas, Vernizes e Ceras

Existem diversos métodos na preparação das superfícies, por isso dependendo do estado da
tinta, escolhe-se o método de preparação. (Robbialac, 1962, p. 377)

4) Operações de Pintura

Preparadas as superfícies pelos métodos adequados, bem como reparações locais sobre as
áreas de metal, a pintura não constitui um problema.

Quando o aspecto decorativo é relevante, no caso de obras pequenas de construção civil,


geralmente recorre-se ao emprego de betumes e subcapas para realizar a planificação da
superfície. (Santos. 1998, p. 33)

III. 8. 6 - Materiais para Pintura de Estruturas Metalizadas

Devido à sua eficácia os métodos de protecção do ferro por metalização, quer por alumínio,
quer por ferro, têm vindo a adquirir muita importância, isto porque a pintura e a metalização
são sistemas complementares.

É necessário os melhores materiais a serem aplicados sobre estas superfícies, pois nem todos
os primários anti-corrosivos usados na protecção do ferro são adequados sobre as superfícies
metalizadas, existindo mesmo pigmentos de zarcão, podendo conduzir a efeitos nefastos.

O básico será adoptar um sistema de pintura quimicamente compatível com metal protector,
exercer sobre este uma acção passiva, ter boas propriedades a nível de penetração e possuir
alto teor em sólidos.

Um primário que corresponde às exigências atrás descritas, é o primário de cromato de zinco,


o qual possui ainda características físicas e práticas adequadas a trabalhos deste género.

Este produto é aplicado à trincha e livremente diluível com solventes alifáticos.

76
Tintas, Vernizes e Ceras

No que diz respeito às tintas de acabamento a usar na pintura de estruturas metalizadas,


qualquer material dotado de boa durabilidade exterior e capaz de estabelecer boa aderência
com o primário de cromato de zinco será uma boa tinta de acabamento.

Existe especial preferência pelas tintas de alumínio, para este tipo de trabalho, porém, se
pretender-mos um acabamento com cor, as mais indicadas, são as tintas alquídicas, não só por
razões de durabilidade, como também por estabelecerem excelente adesão com o primário.
(Santos, 1998, p. 32)

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Tintas, Vernizes e Ceras

III. 8. 7 - Esquema (genérico) de Pintura

- M E T A IS F E R R O S O S - IN T E R IO R E S
- M E T A IS N Ã O F E R R O S O S - E X T E R IO R E S
S U P E R F ÍC IE S E M M ETAL

M E T A IS F E R R O S O S C A S O E S P E C IA IS S U P E R F ÍC IE S
In te r ior e s e E x te r ior e s In te r ior e s e E x te r ior e s P IN T A D A S

C A S O E S P E C IA IS CASO GERAL
E VE N TU A L
REM OÇÃ O DE » S U P E R F ÍC IE S S U J E IT A S A » P O R TA S, J AN E L A S
FER R UG EM A M B IE N T E S M U IT O A G R E S S IV O S » C O R R IM Ã O S
(p o r a p lic a ç ã o d e » S U P E R F ÍC IE S C O M N E C E S S ID A D E » R E V E S T IM E N T O D E
p ro d u to D E M A IO R R E S IS T Ê N C IA P A R E D E S E TE C TO S
ad eq u ad o o u A N T IC O R R O S IV A Q U ÍM IC A E À » E tc.
ra s p a g e m ) AB R ASÃO

* S U P E R F ÍC IE S P IN T A D A S E M
M A U E S T A D O D E A D E R Ê N C IA
L IM P E Z A G E R A L , R E M O V E N D O E V E N T U A IS G O R D U R A S , * S U P E R F ÍC IE S P IN T A D A S C O M
P O E IR A S , E T C . E S M A LT E D E T IP O D IF E R E N T E
( P a ra a c ab a m e n to s ” E P O X Y ” o u
P O L IU R E TA N O )

AGUARDAR SECAGEM

IM P R E S C IN D ÍV E L
RE M OÇÃO COM PLET A D O
L IX A G E M G E R A L R E V E S T IM E N T O
C o m l i x a m é d i a o u fi n a ( P o r d e ca p a ge m , ra s p ag e m , lix ag e m
o u q u e im a )

A P L IC A Ç Ã O D E P R I M Á R I O A D E Q U A D O * S U P E R F ÍC IE S P IN T A D A S , E M
B O M E S T A D O D E A D E R Ê N C IA
S E C A G E M E L IX A G E M

E V E N T U A L R E G U L A R IZ A Ç Ã O P E L A A P L IC A Ç Ã O D E B E T U M E A D E Q U A D O

S E C A G E M E L IX A G E M
(* ) R E P E T IR A T É
P E R F E IT A
A P L IC A Ç Ã O D E A P A R E L H O / S U B -C A P A A D E Q U A D A R E G U L A R IZ A Ç Ã O
(e m cor p ró x im a a o a ca b a m e n to)

S E C A G E M E L IX A G E M

A P L IC A Ç Ã O D A T IN T A D E A C A B A M E N T O

E SM A LTE E SM A L TE S ESM ALTES


A Q U O SO S IN T É T IC O S “E PO X Y ”

N O T A S : (* ) – E m E X T E R IO R E S e e m IN T E R IO R E S (n os ca sos e m q u e se re q u e r u m re ve s tim e n to d e m a ior re sis tê n cia ) o


u s o d e b e t u m e d e v e s e r r e s t r i n g i d o a o m í n i m o i n d i s p e n s á v e l p o r fo r m a a n ã o c o m p r o m e t e r a r e s i s t ê n c i a g l o b a l d o r e v e s t i m e n t o .
N e s te s ca sos, o S IS T E M A R E C O M E N D A D O con siste n a a p lica ç ã o d o E S M A L T E D E A C A B A M E N T O d ire cta m e n te
“sob re” o P R IM Á R IO .

Fig. I. 7 – Esquema (genérico) de Pintura – Metais


Em anexo III, apresentam-se esquemas de pintura de um fabricante idóneo, no caso presente
Robbialac para superfícies Interiores, Exteriores, Madeiras e Metais.

78
Tintas, Vernizes e Ceras

CAPÍTULO IV - Problemas Gerais da pintura de superfícies

IV. 1 - Generalidades

Nesta fase de desenvolvimento, já se poderá dizer ou até concluir que são inúmeras as
condicionantes que influem na qualidade da tinta.

79
Tintas, Vernizes e Ceras

A eficácia, em termos de acabamento, protecção e durabilidade, de uma pintura de superfícies


depende fundamentalmente do substracto, do meio ambiente, da preparação da superfície, da
qualidade da tinta, do esquema de pintura, bem como da aplicação e da espessura total do
filme.

Por exemplo, um trabalho de pintura, por muito bom que esteja, depende sempre do estado da
superfície a pintar. Uma má preparação desta originará não só um acabamento inestético,
como também futuramente provocará problemas de descascamento, entre outros. (Robbialac,
1996, p.11)

Muitos dos problemas de pintura poderão ser muitas vezes evitados através de estudos e
análises de esquemas de pintura e também pelo cumprimento das indicações e regras de
aplicação das tintas a usar. (Santos, 1998, p.39)

Na pintura de superfícies de estuque, reboco de cimento e semelhantes, existem duas razões


principais para o aparecimento deste tipo de problemas, como:

i) a existência de compostos químicos que têm uma acção destrutiva sobre os filmes de
tinta;

ii) problemas de humidade relacionados com os tempos de secagem adequados,


humidade ascensional, condensação, água da chuva, fugas nas canalizações e outras
entradas de água.
(Robbialac, 1962, p.412)

A presença de humidade constitui o maior perigo para as pinturas e, quanto mais tarde estas
se executarem melhor. Mas atenção, mesmo quando estas aparentam estar perfeitamente secas
contêm ainda grandes quantidades de água. (Robbialac, 1962, p. 413)
A quantidade de água presente num edifício novo varia consoante o tipo de construção, os
materiais usados, as condições de tempo, entre outros. Parte desta quantidade de água é fixada
pelos materiais de construção no seu próprio endurecimento.
(Santos, 1998, p. 39)

80
Tintas, Vernizes e Ceras

O período de secagem será um dos factores que condiciona a humidade das paredes e tectos.
Mas, é praticamente, impossível determinar com rigor o tempo de secagem de uma superfície
visto, este depender de vários factores, como o material, a espessura, a água existente no final
da construção, o guarnecimento a aplicar, a temperatura, a ventilação local e até a própria
urgência da obra. (Santos, 1998, p. 39)

De facto é impossível adiar as pinturas até ao estado ideal de secagem. Para além disso
quando termina a fase de construção, os rebocos e estuques estão saturados de água e assentes
sobre bases porosas de grande volume, como alvenarias e embouços.

A húmidade para além de variar com o tempo de secagem poderá ter outras origens como a
humidade ascensional ou humidade de construção, as condensações, a água da chuva, as fugas
nas canalizações e outras entradas de água.
(C.D., Robbialac, 2002/2003)

Quanto à humidade ascensional advém do excesso de água existente nos terrenos nos quais
assentam os prédios, sendo esta absorvida pelas suas fundações. Normalmente aparece junto
ao solo e até à altura aproximada de um metro. Pode manifestar-se em permanência [quando a
quantidade de água no terreno é muito elevada], ou ocorrer apenas no Inverno quando a chuva
eleva o nível freático dos terrenos. A humidade de construção tem origem na água que é
incorporada durante a construção das paredes, e posteriormente será libertada a uma
velocidade que depende de vários factores, tais como a temperatura [do ambiente e das
paredes] ou o nível de impermeabilização a que estas paredes estão sujeitas.

Como solução a estes problemas, no que diz respeito à humidade ascensional pode-se optar
pela injecção nas paredes de produtos hidrófugos, ou então a colocação de uma membrana de
estanquecidade, que impeça a passagem da húmidade. Se se tratar de húmidade de construção
terá que se ter atenção na escolha do tipo de tintas a usar, que sempre que possível deverão ser
bastante porosas de forma a não formarem uma barreira à passagem do vapor de água. No
entanto, quando se pretende impermeabilizar paredes exteriores deve-se optar pela aplicação
de um esquema de pintura adequado, que apesar de não eliminar o excesso da húmidade, vai
impedir futuras manifestações desagradáveis, tais como fungos, musgos e bolores, salitre,
empolamentos, descasques e a podridão da madeira. (C. D., Robbialac, 2002/2003)

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Tintas, Vernizes e Ceras

O aparecimento de condensações nas paredes interiores das casas é originada pela existência
de excesso de húmidade no ar, que ao contactar com superfícies a temperaturas relativamente
baixas, condensa, passando do estado de vapor ao estado líquido.

No caso de superfícies porosas em que se dá a condensação da água, esta irá penetrar no seu
interior, até que um futuro aumento de temperatura faça com que a água se evapore, voltando
de novo ao ambiente. Se as superfícies forem pouco ou nada absorventes, e a quantidade de
água for elevada, a água escorrerá pelas paredes deixando-as marcadas.

Este excesso de húmidade pode ter várias origens, passando pelo normal funcionamento das
cozinhas e casas de banho, nas quais se depositam grandes quantidades de água [não sendo
eliminadas para o exterior], ou pela penetração no interior das casas excessos de humidade
existentes no exterior.

Como outros problemas, as condensações para além de afectar o aspecto decorativo de uma
forma desagradável, pode ainda causar o aparecimento de fungos, bolores e cheiro a mofo.

A entrada de água pede ser feita através de diversas reentrâncias, como os tijolos rachados,
fendas ou defeitos do telhado, das cornijas ou dos algerozes os quais obrigam normalmente a
que estas áreas sejam adequadamente reparadas.

Nestes casos, podemos ter duas situações: no caso de edifícios construídos especialmente
antes dos anos trinta, em que as argamassas eram muito freáveis, sendo o problema causado
por paredes porosas e impermeáveis à água, e quando se tratar de edifícios posteriores a esses
anos. Relativamente à primeira situação para uma conveniente impermeabilização da
superfície deve ser aplicado um revestimento hidrófugo, quanto ao segundo caso para além de
poderem ser aplicados este tipo de revestimentos pode-se também optar pela aplicação de
tintas flexíveis para impermeabilização de paredes exteriores.

Deve-se também ter atenção em zonas mais gravosas [junto ao chão e junto a cantarias de
portas e janelas] nos quais deve ser aplicado um primário que isole as superfícies da
humidade ascensional ou da água que penetre através de materiais porosos.

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Tintas, Vernizes e Ceras

Em qualquer dos casos, será necessário um conveniente reforço do esquema de pintura.

Quando o excesso de humidade é provocado pela existência de canalizações deterioradas no


interior das paredes, ou pela existência no exterior de rachas de grandes dimensões, torna-se
indispensável a sua reparação de modo a eliminar a origem do problema. No primeiro caso,
deve efectuar-se a reparação do cano ou canos avariados. Caso se trate de rachas no exterior,
estas deverão ser reparadas com um produto adequado, antes de se efectuar a pintura.

A operação de pintura deve ser realizada com aplicação de tintas adequadas para o exterior
(de base aquosa ou de base solvente), e de preferência com tintas hidrófugas ou
impermeabilizantes.

Para além de todos estes problemas relacionados com a humidade, a acção química também é
outro condicionante na degradação do filme de tinta. Esta provoca defeitos entre as
substâncias da superfície e os compostos da película.

Qualquer parede de reboco ou estuque é alcalina, isto é, contém substâncias químicas capazes
de atacar os filmes de tinta. (Santos, 1998, p. 40)

A composição da tinta, bem como a composição da parede vão definir o grau de violência do
ataque, sendo estes dois factores a ditar a sua maior ou menor resistência a este.
Saponificação é o nome que se dá a este tipo de ataque que se traduz por uma perda de adesão
do filme e variação de cor. Para além deste, existem outros tipos de ataque, os quais serão
desenvolvidos posteriormente. (Robbialac, 1962, p. 418)

Será importante dizer, que estas possibilidades de ataque estão ligadas também à presença de
água nas paredes. Pois, esta é um veículo de contacto entre as substâncias alcalinas da parede
e dos filmes de tinta. Está provado que a acção química cessa quando a humidade relativa do
ar com a superfície é inferior a 70%. (Santos, 1998, p. 40)

Contudo, para diminuir este tipo de ataques será necessário:


a) prolongar as secagens o mais possível;

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Tintas, Vernizes e Ceras

b) recorrer a primários anti-alcalinos, os quais devem ser aplicados em duas demão,


sendo a sua aplicação feita após secagem moderada das paredes, pois estes primários
são muito impermeáveis, podendo mais tarde provocar a formação de bolhas ou
descascamento;
c) escolher tintas com alta resistência à saponificação, como tintas aquosas de base
sintética, não dispensando, mesmo assim o uso de primários anti-alcalinos.
(Santos, 1998, p. 40)

O conhecimento dos principais problemas com que se pode deparar antes, durante e depois de
uma operação de pintura é absolutamente fundamental para a sua correcção apropriada e em
devido tempo. Assim, há que identificar os principais defeitos de superfície que poderão
ocasionar problemas no sistema de pintura, aqueles que ocorrem durante a aplicação e
formação da película [filme] da tinta e os que ocorrem durante o seu envelhecimento.
(Robbialac, 1996, p. 11)

IV. 2 - Perda de Adesão

A perda de adesão é um dos defeitos mais frequentes num filme de tinta, manifestando-se sob
a forma de descascamento, esfoliação ou formação de bolhas. (Santos, 1998, p.40)

Esta perda pode ter três origens:


i) entre a interface estuque/tinta;
ii) por formação de eflorescências na parte posterior da película;
iii) por carência de suporte firme quando o estuque é forte e friável.
(Robbialac, 1962, p. 420)

Numa parede aparentemente sã e em boas condições de pintura, quando estas apresentam


desprendimento sucessivo ou descascamento da parede, conclui-se na maior parte dos casos
que o estuque foi excessivamente brunido, apresentando uma superfície muito polida. (Santos,
1998, p. 40)

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Tintas, Vernizes e Ceras

Segundo um estudo feito pela Building Station de Inglaterra, revela que após endurecimento,
os estuques variam muito de porosidade, sendo os seus limites entre 15% a 60%. ( Robbialac,
1962, p. 420)

Então conclui-se que:


a) Quanto mais brunido o estuque mais perigoso se torna em termos de adesão;
b) Estuques porosos e pouco polidos oferecem maior segurança;
c) Polimento exagerado dos estuques é uma das causas de insuficiência de adesão ou
mesmo perda dela.
(Robbialac, 1962, p. 421)

Para melhor compreensão será importante explicar o funcionamento deste mecanismo, ou


seja, um filme de tinta adere ou fixa-se a uma superfície em resultado de duas forças: da
adesão mecânica, que depende do desenvolvimento superficial de determinada área; e da
adesão específica com a natureza química da tinta e do suporte. (Santos, 1998, p. 40)

Contudo, na presença da água é destruída o que vai implicar estuques com grande adesão
mecânica a manterem-se melhor de que estuques densos, por exemplo os estuques porosos.
Por isso, será importante dotá-los de grande adesão mecânica para oferecer boa aderência às
tintas que nelas se aplicam. Exemplo desta situação é quando a água contida no interior das
paredes se desloca para a superfície podendo desprender a pintura se a adesão mecânica não
for suficientemente forte. (Robbialac, 1962, p. 412)

Outra causa comum que leva ao descascamento é o emprego de tintas de água, que são
sempre emulsionadas e/ou estabilizadas por compostos hidrófilos. E, como se explica este
processo? Ao utilizarmos este tipo de tintas em ambientes cujos ciclos de aquecimento e
condensação variam [por exemplo cozinhas, casa de banho, etc.], o composto hidrófilo é
submetido a processos de alteração constantes que se traduzem por inchaços e contracções
dando origem ao desprendimento, seguido de rachamento e esfoliação. (Santos, 1998, p. 40)

De seguida, fazem-se algumas referências, para solução a estes problemas:


i) Remoção de toda a tinta esfoliada com o auxílio de uma betumadeira. Se se tratar
de húmidade, localizar a sua origem e tentar minimizar ou eliminar a sua actuação;

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Tintas, Vernizes e Ceras

ii) Em paredes interiores de alvenaria, deixar secar e aplicar um isolante como o


isolante aquoso anti-manchas;
iii) Em madeiras, lixar até à base , secar e recomeçar com preparação adequada;
iv) O despelamento, pode também ser causado por um estuque friável e poroso - lixar
e isolar com um primário ou um selante;
v) Em madeiras, se o despelamento é causado pela exsudação da resina, a tinta deve
ser totalmente removida na zona afectada e a madeira queimada ou isolada com um
primário Isolador de Nós, antes da aplicação subquente dos demais produtos.
(Robbialac, 1996, p.61)

IV. 3 - Esbranquiçamento

O esbranquiçamento consiste na destruição parcial ou total da cor de um acabamento,


apresentando nas partes afectadas um tom mais claro que o conjunto. Esta destruição é
originada pela acção química.
(Santos, 1998, p. 40)

Exemplos deste fenómeno aparecem em pigmentos como o Azul da Prússia que na presença
da humidade são atacados frequentemente por compostos alcalinos.
(Santos, 1998,p. 41)

IV. 4 - Deliquescência

A deliquescência consiste na liquefacção de sais existentes à superfície, ou na vizinhança da


superfície de uma parede, por absorção de água do ar circundante ou da própria superfície.
(Robbialac, 1962, p. 413)

Os cloretos são os mais frequentes causadores deste fenómeno. Quando presentes no estuque
ou reboco, podem dar origem ao aparecimento de manchas e humidade muito visíveis. Estas
manchas não tendem a diminuir e a desaparecer por envelhecimento prolongado, pois o sal
retém a água absorvida. Este problema surge por se empregar água do mar ou areia mal
lavada na construção. (Santos, 1998, p. 41)

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Tintas, Vernizes e Ceras

IV. 5 - Saponificação

Saponificação consiste no aparecimento de manchas mais ou menos claras na zona afectada,


podendo ocasionar escorridos oleosos amarelados ou acastanhados, tornando-se mole e
pegajosa.
(Robbialac, 1996, p. 56)

Este fenómeno, característico das superfícies de alvenaria, resulta da conversão em sabão da


matéria oleosa ou gorda presente nas películas de tinta por acção da alcális.
(Santos, 1998, p. 41)

Se o ataque se dá entre a parede e o filme em contacto directo, pode notar-se perdas de adesão
seguidas de descascamento. Se se tratar de um ataque mais grave, o filme amolece tornado-se
posteriormente gomoso e peganhento, podendo surgir lágrimas de cor castanha que escorrem.
Estas “ lágrimas” são os produtos de decomposição da matéria oleosa da tinta pelas alcális.
(Robbialac, 1962, p. 414)

Para este problema a solução será: decapar toda a zona afectada e recomeçar a pintura em
condições apropriadas. Se se tratar de alvenaria, isolar a superfície com um primário anti-
alcalino antes da aplicação das tintas de acabamento. (Robbialac, 1996, p. 56)

IV. 6 - Eflorescência

Consiste no aparecimento, à superfície da parede ou da tinta, de formações salinas sob a


forma de flocos, constituídas por sais solúveis em solução na água contida na parede, que
foram arrastadas até à superfície, e aí cristalizaram quando estas se evaporaram.
(Santos, 1998, p. 41)

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Tintas, Vernizes e Ceras

As eflorescências assumem frequentemente aspecto de algodão em rama, podendo ser


muitíssimo volumosas em relação ao peso de sal que as constitui. Noutros casos toma o
aspecto de poeira fina.

A existência de uma pequena quantidade de sais pode dar origem a uma acumulação
volumosa de cristais. Estes sais podem vir numa parede guarnecida de estuque dos tijolos ou
blocos de areia, dos constituintes da argamassa [cimento, cal], do gesso, ou ainda da água
utilizada nas construções.
(Robbialac, 1962, p. 414)

Os locais onde as eflorescências podem aparecer, variam conforme as circunstâncias: podem


formar-se entre o emboço e o guarnecimento e, no caso de ser volumosa, fazer saltar o reboco
ou o estuque; pode ainda ter lugar entre o guarnecimento e o filme de tinta, o que acontece
quando o filme é do tipo oleoso e impermeável.
(Santos, 1998, p. 41)

Este último caso, o fenómeno é menos perigoso e de menores consequências. O procedimento


é esperar que a película se levante e se dê a exfoliação.
(Robbialac, 1962, p. 415)

Contudo, podemos ter duas situações: no caso da eflorescência dar-se à superfície do filme, o
que é muito frequente quando se utilizam tintas de água. Bastará limpar cuidadosamente as
eflorescências [limpeza sempre com panos secos, pois caso contrário levará à formação de
novas cristalizações].
(Santos, 1998, p. 41)

O conselho para este tipo de problemas, antes de se iniciar a pintura, passa pela superfície que
deve ser cuidadosamente examinada para ver se existem sais. Se estes existirem, deve-se
limpar muito bem a parede com um pano bem seco. Como já foi dito, um pano húmido
introduz água na parede e consequentemente facilita o aparecimento de novas eflorescências.
Caso não hajam sinais de defeito, lixar cuidadosamente e isolar com um selante ou primário
anti-alcalino. (Robbialac, 1996, p. 51)

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Tintas, Vernizes e Ceras

Mesmo as tintas de água não serem as mais indicadas para paredes propícias a este tipo de
fenómeno, no caso de se tratarem, é aconselhável usar uma camada de selante oleoso anti-
alcalino, seguido de testes para determinar o seu estado de superfície.
(Santos, 1998, p. 42)

No caso em que não hajam infiltrações permanentes de água, será atingido o ponto em que
não haverá água para fazer o transporte dos sais, eliminando a eflorescência.

Em ambos os casos, o desenvolvimento pára também quando se der o equilíbrio entre a


humidade presente na parede e na atmosfera exterior.

A natureza dos materiais, bem como a porosidade do estuque pode favorecer ou agravar o
processo, podendo numa mesma construção, em materiais idênticos surgirem eflorescências
numas situações e noutras não. Para isto bastará que o estuque ganhe composição diferente e
o aspecto de tempo entre as fases de construção de uma parede no que diz respeito ao tempo
de secagem variem.
(Santos, 1998, p. 41)

Para evitar tal situação será necessário fazer uma eficaz selecção dos materiais, bem como
programas de trabalhos adequados à secagem.

IV. 7 - Eflorescência Calcária

A eflorescência calcária é um tipo especial de eflorescência, originada pelo hidróxido de


cálcio. Este composto está presente em todas as argamassas de construção e é solúvel na água,
sendo bastante possível aparecer em todas as paredes e estuques.
(Robbialac, 1962, p. 415).

Este fenómeno é muito frequente em trabalhos exteriores com tintas de água, as quais são
preferidas para este tipo de uso, pela sua inércia química e durabilidade exterior.
(Santos, 1998, p. 42).

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Tintas, Vernizes e Ceras

Em construções recentes, este fenómeno dá-se perto de rachas e juntas, sítios onde a entrada
da humidade se dá propiciamente [por exemplo fendas finas nos rebocos]. No caso de paredes
antigas estão imunes a este tipo de fenómeno porque aqui o hidróxido de cálcio já está
carbonatado.
(Santos, 1998, p. 42)

Não só os factores atrás descritos dão origem ao aparecimento de eflorescência calcária, como
também a realização de uma pintura com materiais permeáveis e a simples presença de
humidade bastam, para desenvolver todo o processo de ataque ao filme.
(Santos, 1998)

Neste tipo de eflorescências, a cristalização dá-se em etapas de pequenas dimensões, que


ficam mais ou menos empregados no filme, seguido de carbonatação rápida dos cristais,
tornando-se insolúveis, isto é, resistentes à água e mais difíceis de limpar.
(Robbialac, 1962, p. 415)

O aspecto final do fenómeno traduz-se pelo aparecimento de manchas esbranquiçadas, mais


ou menos fortes e extensas, apresentando um aspecto de cor queimado. Neste caso a cor não
foi queimada, mas sim tapada pela formação salina. (Robbialac, 1962, p. 415).

Para solucionar este tipo de problema dever-se-á aplicar antes da pintura um primário anti-
alcalino impermeável que impeça o transporte do hidróxido de cálcio em solução pela água.
(Santos, 1998, p. 42)

A película formada pelo primário deverá ter uma espessura e continuidade suficientes para
constituir assim uma barreira, não sendo demasiado lisa e brilhante para provocar problemas
de adesão. A aplicação do primário, no entanto, tem desvantagens pois encarece o trabalho e
impede que a parede continue a secar por respiração após pintura.
(Santos, 1998, p.42).

Em suma, poder-se-á dizer que a eflorescência calcária é de todos os fenómenos descritos, o


mais frequente e também o mais difícil de evitar, principalmente em pinturas exteriores,
evidenciando-se na vizinhança de fendas ou juntas, as quais permitem fácil acesso de águas.

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Tintas, Vernizes e Ceras

Além de destruir a uniformidade da cor das pinturas, pode também concorrer para a
degradação da própria película. (Robbialac, 1962, p. 416)

IV. 8 - Defeitos dos Estuques

A falta de sucesso nas pinturas interiores não advém muitas vezes dos fenómenos descritos
anteriormente, mas sim de defeitos da própria base, ou seja, dos estuques.
(Robbialac, 1962, p. 426)

Os defeitos de superfície que se vão abordar bem como os problemas que podem ocasionar no
sistema de pintura não se prendem com um trabalho incorrecto por parte do estucador, mas
pelas deficiências que não são logo visíveis, e que com o tempo aparecem, quando o trabalho
se der como pronto. (Santos, 1998, p. 42)

IV. 8. 1 - Pederneira

A pederneira resulta da incorporação no estuque de núcleos de cal mal apagada. Este


fenómeno traduz-se pela migração de água do interior para o exterior da parede durante a
secagem. No caso desta água entrar em contacto directo com um nódulo de cal viva, os dois
compostos vão reagir quimicamente, seguidos de aumento de volume e calor, resultando o
rebentamento do estuque o que dará origem a crateras, geralmente afuniladas, na superfície do
estuque.
(Robbialac, 1962, p. 426)

Este defeito é de desenvolvimento lento, só se revelando após as pinturas estarem terminadas,


podendo ir de meses a anos a sua formação. É praticamente irremediável, principalmente se
for intenso, contudo deve passar por uma observação cuidadosa e precauções na preparação
das massas de estucagem.

A solução geralmente adoptada é remover todas as pederneiras visíveis, lixar bem a zona em
causa e encher com gesso ou betume para paredes.

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Tintas, Vernizes e Ceras

Uma regra também a recomendar é sempre que se suspeite da possibilidade de ocorrência do


fenómeno, não empregar tintas de água. (Santos, 1998, p. 43)

IV. 8. 2 - Apodrecimento

O apodrecimento caracteriza-se por um estuque mole, quebradiço e húmido num pequeno


período de estucagem. (Robbialac, 1962, p. 427)

Este defeito surge ou porque se aplicou prematuramente uma película de tinta impermeável
ou porque se retardou, ou fez-se praticamente parar o processo normal de secagem. (Santos,
1998, p. 43)

Então, o que é que acontece quando o estuque atinge o apodrecimento ou seja quando este
apodrece? Vai perder a coesão, seguido de fracturação num simples toque, tornando-se friável
e pulverulento, impedindo assim, a fixação do filme de tinta dando origem ao chamado
descascamento. (Robbialac, 1962, p. 427)

No entanto, a principal razão para este tipo de defeito é a pintura antecipada dos estuques
[ainda húmidos] com tintas altamente permeáveis. (Santos, 1998, p. 43)

IV. 8. 3 - Expansão Retardada - Pulverização

Como outros defeitos, este também se manifesta após a estucagem e quando a pintura já está
terminada. (Santos, 1998, p. 43)

O gesso para fazer presa e endurecer, precisa de certa quantidade de água. Se esta é removida
antes do endurecimento se completar, o estuque ficará com uma adesão e dureza insuficientes.
Tal deficiência caracteriza-se por uma predisposição ao esfarelamento superficial. Se por
outro lado, a hidratação do gesso não foi completa será provável que a humidade contida no
interior na parede se difunda, entre em contacto com o gesso insuficientemente hidratado e
este, ao completar a hidratação, aumente de volume e dê origem à expansão. (Robbialac,
1958, p. 43)

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Tintas, Vernizes e Ceras

Posteriormente, devido a todos os problemas que acarreta originará a Expansão Retardada.


Esta caracteriza-se por: perda de coesão superficial com esfarelamento e descasque da
película [observando-se pó de gesso agarrado à face posterior; e amolecimento da massa de
estuque o que se torna muito friável; a expansão da própria parede; e em casos mais graves o
apodrecimento generalizado].

No que diz respeito às películas, terão tendência a desenvolverem o descascamento da base,


manifestando-se por embolhamento, o qual vai aumentando gradualmente de área e volume
levando à ruptura e esfoliação total. (Santos, 1998, p. 43)

Para evitar a expansão retardada deve-se manter a superfície ligeiramente húmida durante
alguns dias após a execução do trabalho, bem como a exposição a fortes correntes de ar ou a
aquecimento artificial.

Uma semana será em princípio o tempo que demorará a cessar mais ou menos estes
preparativos, e aí sim, poder-se-ão utilizar os meios anteriormente descritos na obtenção de
uma secagem mais rápida. No caso de suspeita do defeito, deve-se molhar a parede, deixá-la
secar de novo, antes de iniciar as operações de pintura.
(Robbialac, 1962, p. 428)

IV. 8. 4 - Diferenças de Absorção

O tipo de gesso ou de cal, as proporções relativas destes, a quantidade de água usada na


mistura, etc. influem na porosidade dos estuques. No entanto, a variação desta porosidade
advém de três causas relevantes como:
- Uniformidade da composição da pasta durante o trabalho e em toda a superfície;
- Irregularidades na maneira como o estuque é trabalhado e brunido;
- A prática de adicionar à massa de estuque materiais estranhos, com o fim de atrasar
presa e tornar, consequentemente, o trabalho mais fácil.
(Santos, 1998, p.43)

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Tintas, Vernizes e Ceras

Claro que se usarmos um gesso isoladamente produzirá um estuque mais duro e poroso do
que se misturarmos cal. Contudo, se a mesma composição não for seguida durante o trabalho,
os resultados serão diferentes, com graus de porosidade também diferentes.
(Robbialac, 1962,p. 429)

Por outro lado, como já foi dito anteriormente, estas diferenças de comportamento podem
também relacionar-se com o brunir dos estuques, pois quanto mais estes forem brunidos,
menor será a porosidade superficial. (Santos, 1998, p. 43)

Também, a utilização de materiais retardadores poderá causar irregularidades da presa na


massa e consequente alteração das suas propriedades. Os agentes retardadores mais utilizados
são a grude, a gelatina e a cola de peixe e ainda há quem use agentes estranhos como seiva e
piteira. Estes produtos têm um uso desastroso, não só pelo já mencionado em relação à presas,
como também tornam os estuques friáveis, pulverulentos e de porosidade irregular.

As diferenças de porosidade de uma superfície em estuque vão levar à absorção do veículo de


tinta de acabamento, dando origem à irregularidade de brilho, podendo mesmo originar
manchas de cor. (Santos, 1998, p. 43)

Este tipo de defeito é mais susceptível em acabamentos tipo “ aveludados”, do que em tintas
inteiramente foscas ou brilhantes. (Robbialac, 1962, p. 430)

Quando se tratam de tintas de água, o uso de retardadores acarreta também graves problemas.
Por serem produtos hidrosolúveis, incham, dissolvem-se na água da própria tinta e por fim
incorpora-se no filme, durante a aplicação. Ao secar a pintura apresenta-se com brilho
irregular, aparecendo manchas de brilho. Neste caso, para evitar estas deficiências, sempre
que se utilizem este tipo de produtos, devem-se utilizar primários anti-alcalinos do tipo
oleoso. (Santos, 1998, p. 44)

Ainda em relação às tintas de água, as diferenças de brilho podem ser causadas por se ter
utilizado cal mal apagada. Pois, esta quando existe no estuque, mais ou menos seca e em
estado de insuficiente hidratação, ao entrar em contacto com a água da tinta ou da humidade

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Tintas, Vernizes e Ceras

da parede, expande-se alterando a textura superficial da parede, deformando o próprio filme


da tinta, alterando assim o brilho. (Santos, 1998, p. 44)

IV. 9 - Fungos e Bolores

Os fungos consistem no aparecimento de manchas de cor escura - variando do preto ao azul, e


do castanho ao rosa. Este defeito aparece com certa frequência quando se reúnem condições
de alta temperatura e humidade, como as existentes em cozinhas e casas de banho, destruindo
totalmente ou parcialmente a pintura. (Robbialac, 1996, p. 57)

Na pintura de paredes, a ocorrência de fungos, surge sobretudo em locais mal ventilados e


húmidos, pois a própria parede contém geralmente quantidades apreciáveis de água.
(Robbialac, 1962, p. 431)

O processo mais eficaz para evitar a contaminação de pinturas com fungos consiste na
inclusão de compostos tóxicos, na própria tinta. Porém, estes compostos são muito caros,
elevando assim o custo das tintas, de forma que os fabricantes só produzem por encomenda
especial. De qualquer forma, para garantir mais segurança, deve-se melhorar as condições de
ventilação dos locais a pintar. (Santos, 1998, p. 44)

A utilização destes materiais de pintura anti-fungicida só se justifica em países de clima


tropical, não se justificando o seu uso no nosso país. (Robbialac, 1962, p. 431)

Se o ataque não for muito extenso, a solução a adoptar será: desinfecção completa da área a
repintar, utilizando uma solução esterilizadora em duas demãos sucessivas. Completando-se
com uma aplicação de um sistema especial anti-fungos: isolante/selante anti-fungos e
acabamento com tinta anti-fungos. (Robbialac, 1996, p. 57)

Se se tratar de um caso grave, em que a decoração já está contaminada, a solução não se reduz
ao mero repintar, com produtos fungicidas incluídos, das superfícies afectadas, mas sim terá
que se remover totalmente a pintura. (Santos, 1998, p. 44)

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Tintas, Vernizes e Ceras

Não é recomendável na desinfecção de pinturas por métodos térmicos, a utilização de um


maçarico.

IV. 10 - Defeitos dos Rebocos

Quando se pretende rebocar uma parede é com dois objectivos principais: conferir à parede
um aspecto uniforme e evitar a penetração da água. Por isso, um reboco deverá ser o mais
impermeável possível, não abrir fendas, aderir bem à base e fornecer um acabamento
agradável e duradouro. (Robbialac, 1962, p. 432)

Na preparação de rebocos as massas do tipo duro e denso ricas em cimento e sem cal, têm
tendência a rachar. Como tal, as águas da chuva ou a condensação vão penetrar nas fendas
atingindo o interior da estrutura, atrasando assim a secagem.
(Santos, 1998, p. 44)

Em pintura, os rebocos com fendas produzem efeitos nefastos, como facilitam a saponificação
e a formação de eflorescências calcárias quando se utilizam tintas de água de base sintética -
as mais usadas em pinturas de paredes exteriores.
(Robbialac, 1962, p. 432)

Um guarnecimento em reboco deverá ser relativamente poroso, absorvente e nunca


demasiado forte, para permitir que as contracções de secagem se façam sem rachamentos e
resulte um endurecimento uniforme. Um reboco desta natureza, não pintado, mesmo
absorvendo água, nunca se deixará penetrar profundamente. Contudo, a água que possa ter
absorvido evaporará rapidamente, obtendo-se assim uma boa protecção à construção e, no
caso da parede ser pintada, o filme fixará sem problemas, podendo mesmo impedir a absorção
de água. (Santos, 1998, p. 44)

As paredes sem as fendas, evitam-se eventuais entradas de água, diminuindo-se assim o


perigo de saponificação ou eflorescência calcária. (Santos, 1998, p. 45)

Para evitar possíveis rachamentos, os rebocos exteriores devem ser preparados com cimento,
areia e cal [vulgarmente usam-se traços 1:1:6 de cimento: cal: areia; para paredes protegidas

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Tintas, Vernizes e Ceras

da intempérie pode-se aplicar o traço 1:2:9]. A areia para rebocos quanto mais fina for maior
será a probabilidade de rachar. Em paredes expostas a condições serenas, será indispensável
usar rebocos mais fortes e impermeáveis.
(Robbialac, 1962, p. 433)

Em relação às pinturas será prática a seguir deixar o reboco secar o mais possível antes da
aplicação da tinta para que a água seja expulsa, dando-se efectivamente a carbonatação de
cálcio evitando assim problemas futuros de eflorescência calcária.
(Santos, 1998, p. 45)

Secagens muito rápidas também deverão ser evitadas, pois impedem a hidratação e o
endurecimento adequado do cimento e da cal.

Reboco em que a hidratação não foi suficiente pode futuramente sofrer problemas de
expansão retardada. Para evitar tal problema deve-se molhar muitas vezes o reboco ou
rebocos preparados em tempo muito quente nos primeiros dias. (Santos, 1998, p. 45)

A pederneira também poderá aparecer em rebocos cuja cal ficou mal apagada.
(Robbialac, 1962,p. 433)

IV. 11 - Conclusão

Para se melhorarem as condições de habitabilidade dos edifícios, bem como a protecção dos
materiais e o seu efeito decorativo é necessário que a pintura impeça a entrada de água e
minimize a acção das intempéries sobre as paredes, para isso será importante que os rebocos e
estuques tenham sido executados de forma a conservarem durante muito tempo todas as
propriedades que caracterizam tais revestimentos.
(Marques e Rodrigues, 1991, p. 45)
Além disso, será importante que as superfícies a pintar fiquem lisas e desempenadas, sem
porosidade e absorção excessiva. Fazer o reconhecimento do substrato, antes do trabalho de
pintura, também será relevante, para se identificar eventuais anomalias já descritas.

97
Tintas, Vernizes e Ceras

Para que uma superfície se apresente apta a receber a pintura, devem efectuar-se todas as
reparações necessárias para que mais tarde não apresente nenhum dos defeitos atrás
referenciados Pode portanto partir-se da seguinte orientação geral:
1) A reparação parcial só deverá ser efectuada quando os defeitos forem poucos
intensos e graves;
2) As massas a usar nas reparações devem ter composição semelhante à do restante
substrato e ser tratados de igual modo;
3) Um estuque apodrecido exige substituição total;
4) Um revestimento que apresente diferenças de porosidade deverá ser sempre
isolado com primários adequados;
5) Quando não seja possível evitar que as condições de húmidade, temperatura e
deficiente ventilação do material pintado ou da respectiva atmosfera circundante,
sejam favoráveis ao desenvolvimento de micro-organismos, para além de se proceder
à sua destruição com soluções de produtos fungicidas, deverão ser incorporados na
composição da tinta produtos tóxicos que impossibilitem o desenvolvimento de
fungos, bolores, etc;
6) Para que as bases apresentem teores de húmidade recomendáveis, apenas se pode
recorrer a métodos de secagem acelerada, tais como arejamento ou o aquecimento
artificial, se já tiver decorrido pelo menos uma semana sobre a data de execução dos
rebocos ou estuques.
(Marques e Rodrigues, 1991, p. 49)

Para finalizar, recomenda-se que, principalmente nas obras de grandes dimensões, sejam
conservados registos dos trabalhos de preparação das superfícies efectuados e do tipo de
revestimento aplicado, o que facilitará o estabelecimento de futuros programas de manutenção
ou repintura. (Marques e Rodrigues, 1991, p. 61)

IV. 12 – Exemplos de Problemas mais Frequentes na Construção

98
Tintas, Vernizes e Ceras

A - Descasques, Despelamentos e Empolamentos

B - Fungos, Musgos e Bolores

99
Tintas, Vernizes e Ceras

C - Manchas de Humidade

D - Água da Chuva

Figuras IV. 8 Problemas Frequentes na Construção

100
Tintas, Vernizes e Ceras

CAPÍTULO V - Inspecção e Controlo

V. 1 - Generalidades

Como temos verificado as tintas têm composições bem definidas. Devemos pois formular
cuidadosamente essas composições de acordo com a finalidade a que se destinam os produtos.

Deve-se elaborar Fichas Técnicas para uma formulação onde conste a informação de dados
bem definidos.

Sendo assim, terá que se atender:


- Natureza química do produto;
- Forma de fornecimento;
- Cor;
- Brilho;
- Ponto de inflamação;
- Densidade;
- Estabilidade;
- Sólidos em volume e peso;
- Espessura recomendada;
- Rendimento técnico/ m2.

Será também importante constar Informação Técnica as características de utilização:


- Preparação do suporte;
- Condições de aplicação;
- Temperaturas do suporte e ambiente;
- Humidade relativa do ambiente;
- Preparação de mistura;
- Processos de aplicação;
- Tempos de secagem;
- Primários recomendados;
- Acabamentos recomendados;
- Precauções e higiene.

101
Tintas, Vernizes e Ceras

O sistema de protecção depende fundamentalmente da preparação das superfícies a pintar, da


natureza da tinta e suas características físicas, das condições ambientais e da espessura das
diferentes camadas.

Devemos, por isso, prestar a maior atenção ao controlo das tintas. Por isso é indispensável
uma inspecção quer no fabricante quer no aplicador.

Podemos considerar o controlo em laboratório e o controlo em estaleiro.

V. 2 - Controlo em Laboratório

Aqui podemos verificar se os produtos estão de acordo com as amostras fornecidas e se


coincidem com as especificações estabelecidas no caderno de encargos.

V. 2. 1 - Cor e Opacidade

Um adequado ensaio permite realizar o controlo das duas características. Para o efeito
necessita-se de um aplicador que permita ao mesmo tempo a aplicação de duas películas de
tintas, com a mesma espessura, e de uma carta para determinar a opacidade
.
Se colocarmos na referida carta, lado a lado, a tinta padrão e a tinta que se pretende controlar,
poderemos verificar se a cor é a mesma. Ambas as películas, depois de secas, devem cobrir o
tracejado alternadamente preto e branco, permitindo-nos assim comparar a opacidade das
duas amostras.

V. 2. 2 - Viscosidade

Existem inúmeros aparelhos (viscosímetros) para determinar a viscosidade de uma tinta, mas
a maneira mais usual é a de medir o tempo de escoamento de uma dada quantidade de tinta,
conhecida, através de diâmetro determinado.

Convém salientar que para que se possam comparar os valores obtidos, a tinta padrão e a tinta
em ensaio devem estar à mesma temperatura.

102
Tintas, Vernizes e Ceras

V. 2. 3 - Grau de Dispersão

Quando está em causa a aplicação de primários ou esmaltes de acabamentos deve-se


determinar o grau de dispersão.

No caso de primários, além da protecção anti-corrosiva, esta propriedade permite uma boa
aderência das demãos de acabamento

Nos esmaltes porque pode conduzir a acabamentos de pouca qualidade e menos brilhantes.

Para se controlar o grau de dispersão pode-se utilizar uma régua adequada.

V. 2. 4 - Rendimento Teórico

O rendimento teórico pode ser definido como a quantidade de tinta, considerada à viscosidade
de aplicação, que é necessária para realizar sobre um metro quadrado de superfície
perfeitamente lisa, uma determinada espessura de película seca, considerando-se que não
existem especificidades inerentes ao método de aplicação.

Para poder calcular-se o rendimento teórico ( Rt) são necessários os seguintes dados

e- espessura da película seca em microns;


r- relação espessura húmido/espessura em seco,
d- peso específico do produto em Kg/l.

O Rt virá então expresso em g/m2 e ser-nos-à dado pela fórmula:

Rt = e x r x d

O rendimento prático será naturalmente diferente do teórico e, dependendo do método de


aplicação, das condições de aplicação, do aplicador, etc., deverá variar entre 1,2 e 1,4 do
teórico.

103
Tintas, Vernizes e Ceras

V. 2. 5 - Peso Específico

Para a determinação desta característica usa-se, vulgarmente, um picnómetro metálico de


capacidade e tara conhecidas.

A determinação deve ser feita previamente acordada ou, quando se possui uma tinta padrão, à
mesma temperatura para as duas tintas.

V. 2. 6 - Determinação da Relação Espessura em húmido/ espessura em seco

Com o aplicador de espessuras constantes faz-se a aplicação de uma película de tinta sobre
um suporte liso e não absorvente. Confirma-se com um mediador de espessura húmida e
espessura da película. Deixa-se secar a tinta até que haja a completa libertação da matéria
volátil.

Mede-se de novo a espessura da película, desta vez com um mediador de espessura seca. Os
dois valores obtidos dão-nos a relação pretendida.

V. 2. 7 - Tempo de Secagem

Poderemos utilizar um aparelho que nos permita facilmente determinar as duas fases mais
importantes da secagem de uma tinta: o sicatómetro
As duas fases são:
- Secagem Superficial;
- Secagem em Profundidade.

Para podermos comparar os resultados é necessário que a determinação dos tempos de


secagem seja feita nas mesmas condições de temperatura e humidade.
(Marques Rodrigues, 1998, p. 90)

104
Tintas, Vernizes e Ceras

V. 3 - Controlo em Estaleiro

V. 3. 1 - Preparação da Superfície

Como sabemos um bom esquema de pintura aplicado sobre uma superfície mal preparada
pode prejudicar irremediável a própria pintura, por isso é muito importante o controlo da
preparação da superfície.

Existem normas que descrevem métodos de preparação de superfícies, métodos de avaliação


dos graus de enferrujamento e dos graus de preparação. As normas mais utilizadas são as
Normas Internacionais (ISO), as Normas Suecas (SIS) e as Normas SSPC (Stell Structures
Painting Council). (Marques e Rodrigues, 1991, p. 31).

V. 3. 2 - Condições Ambientais

Antes de se iniciar qualquer pintura deve-se controlar cuidadosamente a temperatura


ambiente, a temperatura da base e a humidade.

A temperatura mínima para a aplicação de tintas é de 5º e a do suporte é de 3º.

A temperatura do suporte nunca deve exceder valores para os quais comecem a aparecer
fenómenos de empolamentos ou outros.

Também não se aconselham pinturas com humidades muito altas, pois as humidades altas
com temperaturas ambientais baixas, podem originar perdas de brilho e duração de secagem
mais prolongada. Não se aconselham pinturas logo no começo da manhã para que haja tempo
para a humidade que condensou nos suportes se possa libertar.

V. 3. 3 - Inspecção da Tinta na Lata

Depois de abrirmos uma lata de tinta devemos observar se a mesma apresenta uma pele
espessa à superfície ou se apresenta sedimento duro.

105
Tintas, Vernizes e Ceras

Em qualquer dos casos devemos contactar o fornecedor para que nos indique a possibilidade
de se obter um produto com características iguais ao oferecido ou previamente especificado.

V. 3. 4 - Técnica de Aplicação

V. 3. 4. 1 - Preparação da Tinta para Aplicação

Devemos ter o máximo de cuidado na preparação da tinta, pois, uma preparação mal
executada pode não corresponder à tinta fornecida ao cliente.

Todas as tintas têm tendência a apresentarem um ligeiro depósito que deve ser mole e
facilmente dissolúvel. É essencial dispersar este sedimento até à obtenção de um produto final
homogéneo. O mesmo se aplicará nas tintas de mais um constituinte onde a mistura perfeita é
essencial para obtenção de um produto final correspondente ao oferecido.

Para obter uma boa cobertura, boa aplicação, secagem correcta e espessura seca desejada, é
importante controlar a diluição da tinta.

V. 3. 4. 2 - Tempo de Repintura

Devemos seguir as indicações dadas pelo fornecedor para o efeito, pois se o tempo de
repintura for mais curto do que o indicado poderá haver retenção de solventes, tornando a
secagem mais lenta e provocando o aparecimento de microporos que são pontos de
penetração de humidades.

A falta de aderência entre as demãos poderá ser originada pelo tempo de repintura que foi
largamente excedido.

V. 3. 5 - Espessura

Ao respeitarmos as espessuras indicadas ou recomendadas pelo fornecedor garantimos que a


espessura final condiciona o comportamento de acordo com a finalidade especulável.

106
Tintas, Vernizes e Ceras

Podemos, no entanto, controlar as espessuras através de medidores adequados.


(I. S. T., 1999/2000, 83-87)

CAPÍTULO VI - Os Materiais

VI. 1 – Acessórios e Utensílios de Pintura


Para a obtenção de bons resultados numa pintura é necessário o apetrechamento de acessórios
e utensílios de pintura adequados.

1 – ESPÁTULAS
2 – RASPADORES
3 – LIXAS E BLOCOS DE LIXAGEM
4 – BALDE E ESPONJA
5 – ESCOVA
6 – ESCADOTES
7 – DECAPANTE LAVÁVEL
8 – PANOS OU FOLHAS PARA COBRIR OS MÓVEIS E OS PAVIMENTOS
9 – BETUMADEIRAS
10 – FITA ISOLADORA
11 – PANOS OU TOALHAS DE PAPEL
12 – GANCHO EM “S”
13 – PRANCHA DE ANDAIME
14 – TRINCHAS E PINCÉIS
15 – ROLOS E TABULEIROS

107
Tintas, Vernizes e Ceras

A aquisição de utensílios da melhor qualidade permite obter melhores resultados, maior


facilidade de aplicação e proporciona um trabalho menos moroso.

VI. 1. 1 - O que vai necessitar necessitar

Para a preparação das superfícies e para o trabalho de pintura serão necessários vários
utensílios e acessórios de pintura:

1) ESPÁTULAS - ou uma peça metálica limpa, para homogeneização das tintas.


2) RASPADORES - para raspar tinta velha ou despelada.
3) LIXAS E BLOCOS DE LIXAGEM - para proceder às diversas operações de lixagem.
4) BALDE E ESPONJA - para lavar as superfícies a pintar.
5) ESCOVA - para remover poeiras.
6) ESCADOTES - para uma pintura mais fácil e segura dos tectos e paredes.
7) DECAPANTE LAVÁVEL - ou, eventualmente, pistola de calor ou maçarico para a
remoção de tinta velha.
8) PANOS OU FOLHAS PARA COBRIR OS MÓVEIS E OS PAVIMENTOS - o plástico é
melhor que o papel de jornal, pois não ensopa os salpicos de tinta.
9) BETUMADEIRAS - de diversos tamanhos, dependendo do trabalho que vai efectuar.
10) FITA ISOLADORA - para proteger as áreas e as zonas de junção que não vão ser
pintadas - é fácil de aplicar e de retirar.
11) PANOS OU TOALHAS DE PAPEL - para a limpeza das mãos ou de salpicos de tintas
acidentais.
12) GANCHO EM “S” - para suspensão do balde no degrau da escada.
13) PRANCHA DE ANDAIME - para a pintura das paredes exteriores ou tectos.
14) TRINCHAS E PINCÉIS - em capítulo anterior, foi feita a descrição.
15) ROLOS E TABULEIROS - em capítulo anterior, foi feita a descrição.

Para além destes acessórios e artigos, ainda se poderá necessitar:


MEXEDORES PARA TINTAS: para facilitar a homogeneização;
EXTENSORES PARA ROLOS: para facilitar a pintura de tectos ou de zonas mais elevadas;
RASPADORES: para raspar tinta velha ou despelada;
REDES: para espremer o excesso de tinta nos rolos;

108
Tintas, Vernizes e Ceras

FATOS DE MACACO, MÁSCARAS E ÓCULOS DE PROTECÇÃO E LUVAS


DESCARTÁVEIS: para protecção durante a operação de pintura.

VI. 1. 2- Limpeza dos acessórios de pintura

A vida dos acessórios de pintura depende não só da sua qualidade mas também dos cuidados a
ter após a sua utilização.

Logo que deixam de ser utilizados, deve proceder-se imediatamente à sua limpeza.

No caso de tintas plásticas, deve-se lavar os seus acessórios com água, de preferência morna,
e sabão. Pode-se também utilizar uma solução que deixe os rolos e as trinchas mais macios.

Se se aplicar tintas de solventes, remover o excesso de tinta dos rolos e trinchas fazendo-os
passar várias vezes por algumas folhas de papel de jornal. Poder-se-á, eventualmente, e se
necessário, fazer uma raspagem cuidadosa da sua superfície com uma espátula. Seguidamente
lavar todas as ferramentas utilizadas com o diluente apropriado para a tinta. Quando o
solvente ficar mais ou menos limpo, fazer uma lavagem final com água e sabão.

Para melhor compreensão, a limpeza dos acessórios de pintura, resume-se em quatro etapas:

1) Remover o excesso de tinta raspando cuidadosamente a superfície do rolo com uma


espátula;

2) Lavar seguidamente as ferramentas utilizadas com o diluente apropriado, se pintou com


tintas de solventes. Lavar com água e sabão se aplicou com tintas plásticas;

3) Após a lavagem com diluente, fazer nova lavagem final, com água e sabão.

Após as operações de limpeza, as ferramentas devem ser devidamente secas, se necessário


com o auxílio de um secador. Nunca se deve secar as trinchas com panos, pois podem deixar
fios que arruinarão a sua próxima operação de pintura.

109
Tintas, Vernizes e Ceras

Envolver o tabuleiro, trinchas e rolos em papel de embrulho ou de jornal e armazenar tudo em


local fresco e seco.

Será importante acrescentar que qualquer acessório de pintura, independentemente do seu


custo, durará muito mais se tiver os devidos cuidados com ele.

4) Depois de estarem bem limpas e secas, envolver completamente as trinchas em papel de


jornal.

VI. 2 - Tintas e Produtos Afins

VI. 2. 1 - Cálculo do Volume das Tintas a Adquirir

Não se deve comprar tintas a mais nem a menos. Deve-se calcular os metros quadrados a
pintar e depois fazer as contas. Ver bem os rendimentos da tinta que escolheu (m2/ litro). E
não esquecer que normalmente são precisas duas demãos.

a b c

Calcule as áreas das paredes e tectos a pintar:


Parede a: altura x largura =
Parede b: altura x largura =
Parede c: altura x largura =
Tecto d: comprimento x largura =

Somar estes valores. Ao resultado dever-se-á subtrair as áreas das portas e janelas.
Obtém-se, assim, o total da área a pintar de uma divisão. Dividir esse valor pelo rendimento
de tinta em m2/litro e obtém-se o número de litros necessários para uma demão. Comprar um
pouco mais para ficar com tinta para retoques.

110
Tintas, Vernizes e Ceras

VI. 2. 2 - Tipos de Tintas e Produtos Afins

Existem actualmente tintas com características especiais, cuja utilização depende das
propriedades a obter no acabamento final.

Ao repintar uma superfície deve-se, sempre que possível fazê-lo, com o mesmo tipo de tinta e
não com um tipo diferente.

Seguidamente são apresentados os tipos de tintas, esmaltes, impermeabilizantes, primários e


vernizes mais frequentemente utilizados. Os valores dados para as quantidade (rendimento)
referem-se à pintura à trincha de superfícies em bom estado.

Quadro VI. 3 - Tipos de tintas plásticas e esmaltes mais utilizadas na construção

TIPO APLICAÇÃO RENDIMENTO ACABAMENTO OBSERVAÇÕES


TINTAS PLÁSTICAS As primeiras demãos
aplicadas sobre
superfícies muito
LISAS Áspero absorventes podem ser
7 – 8 m2 / l / demão diluídas com cerca de
São diluídas em água,
Paredes exteriores, 10% de água.
o que torna mais fácil a
interiores e tectos Mate ou ligeiramente Aconselha-se que não
limpeza dos pincéis,
Liso brilhante sejam diluídas as
trinchas, rolos e locais
10 – 15 m2 / l / demão últimas demãos. Para
de trabalho.
maior durabilidade do
sistema de pintura
aconselha-se a
aplicação de uma
demão prévia do
selante anti-alcalino.

TEXTURADAS
Em paredes interiores e Mate, rugoso ou São de grande
Podem ser diluídas em exteriores 1 – 2 m2 / l / demão ligeiramente brilhante durabilidade no
água e aplicadas à exterior dispensam
escova ou rolo, sendo nova pintura durante
passadas largos anos. É
posteriormente com desnecessário o uso de
escova de picar ou rolo isolante. Dado o seu
próprio. grau de enchimento,
podem aplicar-se numa
só demão
ESMALTES

ACRÍLICAS DE
Devem aplicar-se duas
ou três demãos. Sendo
SOLVENTES
a primeira diluída até
10% e as restantes até
Baseadas em solução 5%, com um diluente.
de resinas acrílicas, Em superfícies de 6 – 12 m2 / l / demão, Meio brilho ou mate A aplicação deve
resistentes aos álcalis e betão e paredes, no consoante o produto obedecer sempre ao
ao envelhecimento, interior ou exterior utilizado rendimento indicado.
possibilitando a Pois só assim são
libertação da água satisfeitas as condições
contida em excesso no para uma adequada
betão protecção.

111
Tintas, Vernizes e Ceras

Quadro VI. 3 - Tipos de esmaltes e tintas mais utilizadas na construção

TIPO APLICAÇÃO RENDIMENTO ACABAMENTO OBSERVAÇÕES

Todas as superfícies
Para proteger a novas por pintar
ALQUÍDICOS
madeira e o ferro em devem ser tratadas
guarnições, aros de com um primário
São diluídos em
janelas e portas, em Brilhante, meio brilho apropriado antes de se
diluente apropriado e
rodapés, etc. no 10 – 12 m2 / l / demão (também designado aplicar a tinta de
são designados
exterior aplicar de cera ou casca de ovo) e acabamento. Se utilizar
genericamente por
preferência os tipos mate. esmalte como
esmaltes sintéticos.
brilhantes, já que é acabamento, deve-se
maior a sua aplicar previamente
durabilidade. uma sub capa.
ACRÍLICOS
(AQUOSOS)
Todas as superfícies
Diluíveis em água. novas por pintar
Embora apresentado devem ser tratadas
um brilho inferior ao com um primário
dos esmaltes deste tipo apropriado antes de se
de tinta – resistência à aplicar a tinta de
humidade e brilho – Fundamentalmente em acabamento. Se utilizar
com as tintas plásticas pinturas de interiores. 10 – 12 m2 / l / demão um esmalte como
– facilidade de Brilhante acabamento, deve-se
aplicação, cheiro aplicar previamente
reduzido, secagem uma sub capa. Para
rápida e possibilidade uma operação de
de lavar com agua o pintura mais rápida
utensílio utilizado. devem -se aplicar
primários e sub capas
acrílicas.

TINTAS DE
BORRACHA
CLORADA
Para limpeza dos
Sobre paredes de pedra utensílios de pintura
Baseadas em resinas
e cimento, 4 – 8 m2 / l / demão Meio brilhante e mate utilizados na aplicação
de borracha clorada.
principalmente em deve-se utilizar um
Possuem elevada
pinturas exteriores. diluente adequado.
resistência à
alcalinidade e podem
ser diluídas com
diluentes adequados

TINTAS EPOXI
De dois componentes, Dado tratar-se de tintas
baseadas em resinas Dada a sua grande do tipo reactivo, o
reactivas. A base e o inércia química., estas tempo de vida útil para
endurecimento que as tintas são muito aplicação após a
compõem são utilizadas para pinturas mistura dos dois
fornecidos em de locais sujeitos a componentes é de
embalagens separadas acção de produtos algumas horas. Por tal
e após a mistura, químicos agressivos ou 4 – 9 m2 / l / demão Brilho ou semi-brilho facto, deve preparar-se
possuem um tempo de onde se requeira boa consoante o produto dependendo do somente a quantidade
vida útil limitado. resistência mecânica. É utilizado produto utilizado de tinta a aplicar
Devendo portanto ser o caso, por exemplo durante o período de
misturados no das garagens, trabalho. Os utensílios
momento da aplicação. cozinhas, pavimentos utilizados na
A mistura provoca industrias, etc. preparação e aplicação
uma reacção química deste tipo de tintas
que após aplicação e devem de ser
secagem, origina uma cuidadosamente
película com lavados após o uso
características

112
Tintas, Vernizes e Ceras

semelhantes às de um
material plástico duro.
Quadro VI. 4 - Tipos de impermeabilizantes e primários mais utilizados na construção

TIPO APLICAÇÃO RENDIMENTO ACABAMENTO OBSERVAÇÕES

IMPERMEABILIZA As superfícies devem


estar isentas de
NTES
Impermeabilização de poeiras, gordura e
terraços, telhados, restos de tinta mal
substratos de alvenaria, aderida podendo
Revestimento
cimento, fibrocimento, 1ª Demão: 0.200 kg / Acetinado. tolerar-se uma ligeira
formulado à base de
abobes, e em geral, m2 humidade superficial.
polímeros acrílicos
todas as superfícies Restantes demãos: Em superfícies
autorreticuláveis, com
com problemas de 0.700 kg / m2 / demão porosas, e para evitar a
grande resistência à
infiltração de água. formação de bolhas,
intempérie e aos
recomenda-se a
agentes atmosféricos.
diluição com cerca de
20 % de água.

PRIMÁRIOS
Muito boas
P/ MADEIRAS Preservação e propriedades
protecção da madeira 21 m2 / l / demão fungicidas e
Produto formulado à
contra fungos ou (Depende do sistema Verde, castanha, bactericidas.
base de sais de cobre
insectos. de aplicação e incolor, branco, As superfícies devem
ou Zinco e solventes
Tratamento da madeira condições do suporte.) veludina estar secas, isentas de
orgânicos.
já contaminada. poeiras e gorduras. No
caso de repinturas, o
revestimento deve ser
cuidadosamente
retirado através de
lixagem.
Protecção de
P/ METAIS superfícies ferrosas por
passivação da
Passivador de corrosão corrosão. O primário
formulado à base de actua reagindo com os 8 m2 / l / demão. As superfícies devem
copolímeros vinil- óxidos de ferro Azul escuro ser limpas por
acrílicos especialmente transformando-os em escovagem e estar
estudados para a compostos organo- isentas de gordura. O
protecção de metais, e metálicos inertes. primário deve ser
produtos auxiliares. aplicado sobre
superfícies com
ferrugem aderente e
nunca sobre
Isolamento de superfícies decapadas
superfícies até metal branco.
absorventes.
Não vitrifica o suporte.
P/ PAREDES Opacifica o substrato. 15 m2 / l / demão
Melhora a cobertura (para uma espessura
Primário formulado à final. Permite obter seca de 20µm / Branco, incolor
base de resinas melhor acabamento. demão). As superfícies devem
acrílicas modificadas estar secas, isentas de
de base solvente, poeiras e gordura.
pigmentos e cargas Recomenda-se uma
seleccionados. escovagem prévia para
remoção das partículas
mais soltas.

113
Tintas, Vernizes e Ceras

Quadro VI. 5 - Tipos de vernizes mais utilizados na construção

TIPO APLICAÇÃO RENDIMENTO ACABAMENTO OBSERVAÇÕES


VERNIZES

SINTÉTICOS
Protecção e Muito variável com o As superfícies devem
embelezamento de todo sistema de aplicação e estar secas, isentas de
Verniz formulado à
o tipo de madeiras no natureza da madeira. Mate poeira, gordura e
base de resinas
interior e no exterior. Como orientação lixadas com lixa de
alquídicas.
indicamos o valor de 8 grão médio.
a 12 m2 / l / demão.

Destinado
especialmente à
AQUOSOS protecção de superfícies
de betão à vista. Pouco
Verniz formulado à altera o 16 m2 / l / demão. Brilhante As superfícies devem
base de dispersões aspecto original do estar secas, isentas de
aquosas de acetato de betão, conferindo-lhe, poeira e gordura.
vinilo e acrílicas. no entanto, um pouco
de brilho que realça e
valoriza o acabamento.

Preparação de madeiras
no interior permitindo
obter um bom As superfícies devem
CELULÓSICOS acabamento após a 10 a 12 m2 / l / demão Transparente, brilhante, estar secas, isentas de
aplicação de verniz. dependendo do sistema Mate e acetinado poeiras e gordura. Lixar
Produto formulado à de aplicação previamente no sentido
base de nitro celulose e das fibras com lixa de
resina de colofónia grão médio.
modificada.

Envernizamento de O pavimento deve estar


pavimentos de madeira completamente limpo,
no interior. 13 m2 / l / demão. Transparente e sem vestígios de cera
P/ SOALHO brilhante ou de gordura,
devidamente lixado e as
Verniz formulado à juntas betumadas. No
base de resinas de caso de superfícies já
poliuretano envernizadas deve ser
retirado todo o verniz
velho
Destina-se à protecção
de superfícies de betão
à vista. Não altera
praticamente o aspecto
original do betão, pelo
facto de ser totalmente As superfícies devem
transparente e incolor, 12 m2 / l / demão. estar bem limpas,
conferindo-lhe, no Brilhante isentas de gorduras e
P/ BETÃO
entanto, um pouco de óleos de desmoldagem.
brilho.
Verniz formulado à
base de resinas acrílicas
de base solvente.

114
Tintas, Vernizes e Ceras

VI. 2. 3 - Como Agitar e Guardar as Tintas

Todas as tintas devem ser bem mexidas antes de utilizadas, já que são constituídas por finas
partículas em suspensão num meio líquido, as quais tendem a depositar-se no fundo da lata.

Ao mexer a tinta deve-se fazer com um movimento circular e ascendente, para assegurar uma
redistribuição homogénea. Para se conseguir uma melhor agitação utilizar um agitador ou
mesmo um berbequim eléctrico adaptado a um agitador (excepto tintas celulósicas).

Se se guardar durante algum tempo uma lata de tinta já aberta, poderá vir a notar-se que na
sua superfície se formou uma película que deve ser cortada à volta com uma faca afiada, e
retirada de uma só vez. Em seguida, deve-se agitar bem a tinta e passá-la por uma meia de
nylon.

Acontece que, muitas vezes, sobram pequenas quantidades de tinta depois de um determinado
trabalho. Neste caso, deve-se guardar a tinta em frascos de tamanho adequado, com rolhas de
cortiça e com etiquetas.

115
Tintas, Vernizes e Ceras

CAPÍTULO VII - Ceras

VII. 1 - Generalidades

As ceras são utilizadas para diversos fins, como protecção de certos materiais, isolamento e
tratamento de madeira, para embelezar determinados objectos ( pedras artificiais) e é utilizada
também em pavimentos plásticos ou de madeira para que estes se conservem por mais tempo. Esta
cera só é aplicada em superfícies aderentes.
As matérias primas mais importantes na sua composição são:
1. cera dos favos de mel (mel de abelhas), cera virgem;
2. resina;
3. água rás;
4. óleo de linhaça.
Estes são os compostos da cera natural que apenas serve para interiores. Quando há
necessidade de se utilizar em exteriores a sua composição é mais elaborada. A cera natural é
de cor amarelada, mas pode-se obter ceras de diversas cores com a adição de corantes.

VII. 2 - Tratamento de base


VII. 2. 1 - Líquidos de base

Um líquido de base solvente é caracterizado por uma excelente capacidade de penetração, o


que é fundamental para obter uma boa impregnação.

Está especialmente indicado como base inicial no tratamento de pavimentos de barro cozido,
tanto em interiores como em exteriores. Este produto cria uma profunda barreira que impede a
absorção da água e a aparição das eflorescências. Favorece uma absorção uniforme dos
seguintes produtos a aplicar para tratamento de ceras para interiores como para exteriores e é
ideal para outras matérias porosas como tijoleiras feitas à mão.

Para que a utilização dos líquidos de bases seja correcta deves iniciar pela limpeza do
pavimento com soluções diluídas e enxaguar cuidadosamente. Quando a superfície estiver
seca (depois de 7/15 dias para o barro cozido), aplica-se em abundância e de maneira regular

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Tintas, Vernizes e Ceras

com uma trincha, impregnando bem as juntas. Esperar 24 horas antes de aplicar uma segunda
demão, ou cera, também se pode aplicar com um pulverizador.

VII. 2. 2 - Líquido base de protecção em solução aquosa

Produto em solução aquosa que protege contra a água e as substancias oleosas. Aplica-se
como tratamento de base antes da aplicação de cera de acabamento em materiais absorventes.
Deve utilizar-se só em pavimentos de interior, proporcionando às superfícies tratadas um
agradável realce do tom, para além de uma protecção eficaz contra a sujidade e maior
resistência ao desgaste. Especialmente nos pavimentos de barro cozido obtém-se assim uma
boa base para aplicação de ceras.

Aplica-se directamente sobre um pavimento bem limpo, com uma trincha ou um pano de lã.
Aplica-se sempre uma segunda demão em superfícies muito absorventes, passadas quatro
horas da primeira. Quatro horas depois da última aplicação, o tratamento é concluído
aplicando duas demãos de uma cera líquida. A cera deve ser escolhida em função do material
a tratar, do resultado estético desejado e do local onde o pavimento esteja colocado.

VII. 2. 3 - Protector de ceras contra substâncias oleosas

Impermeabilizante capaz de proteger com excelentes resultados as superfícies absorventes


com cera aplicada. Especialmente contra a sujidade de substâncias oleosas, sem alterar cor
nem o aspecto original. Estas características recomendam o seu uso como produto resistente a
manchas para superfícies com cera para barro.

Com as superfícies limpas e totalmente secas, aplica-se o protector, 24 horas depois de


aplicar-se uma demão de um líquido de base com trincha ou por pulverização.

VII. 2. 4 - Protector ceroso

Material que cria uma fina película protectora, cerosa que se elimina ao limpar a parede.

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Tintas, Vernizes e Ceras

Normalmente na limpeza prévia da pedra realiza-se usando água quente pulverizada com
máquina de pressão e com um renovador adequado. O protector aplica-se sobre a superfície
com acabamento em bruto como: reboco, muros de cimento. A película cerosa opaca e pouco
visível raramente altera a cor do material.

Aplica-se directamente sobre a superfície com uma trincha ou um pulverizador de pressão.


Normalmente só se aplica uma capa de produto, mas se a superfície a tratar for extremamente
porosa, deve-se dar uma segunda demão, passada uma hora da primeira.

VII. 3 - Tipo de Ceras


VII. 3. 1 - Cera sólida para madeira

Cera em pasta com base solvente, é ideal para o tratamento dos pavimentos do parquet
segundo o método tradicional com cera. A cera forma, sobre o pavimento, uma protecção
brilhante e antideslizante, de longa duração e de fácil manutenção.
Antes da aplicação, dar previamente uma demão de base de óleo impregnante, aplicar depois
cera sólida espalhando bem com uma esponja. Passadas umas horas dar uma segunda demão
seguindo o mesmo procedimento da primeira. Quando estiver seco, puxar o lustro com um
pano ou com uma enceradora.

Atenção: Na aplicação da cera em pasta, esta deve ser muito bem espalhada para evitar
futuras marcas de sapatos. No caso da cera estar dura, colocar a lata perto de um aquecedor
para a tornar mais fluida. Nunca aquecer a lata directamente numa fonte de calor.

VII. 3. 2 - Cera impregnante a quente

Cera em pasta com base solvente, ideal para o tratamento, com cera quente, de pavimentos de
madeira. A cera cria uma protecção brilhante e antideslizante, de larga duração e fácil
manutenção.

Antes da aplicação da cera, aplicar uma demão de óleo impregnante, aplicar depois cera
impregnante a quente espalhando com máquina (equipada com recipiente para aquecer ou
com disco especifico para o enceramento a quente). Passadas algumas horas da aplicação da

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Tintas, Vernizes e Ceras

primeira demão, dar segunda demão. Depois do pavimento seco, puxar o lustro com máquina
monodisco, desta vez equipada com disco beige.

VII. 3. 3 - Cera líquida para pavimentos de madeira envernizada

Cera especifica para a manutenção de pavimentos de madeira envernizada. Aplica-se quando


a protecção original começa a apresentar sinais visíveis de desgaste. Cria uma fina protecção
que se caracteriza pelo seu grau de brilho, excelente resistência ao desgaste pelo tráfego e um
elevado poder de repelência à sujidade e ao pó, o que permite uma fácil manutenção.

Depois de lavar o pavimento com uma solução de detergente neutro para pavimentos, escorrer
bem a esfregona ou o pano antes de a passar no pavimento: aplicar depois uma demão de cera
líquida para pavimentos de madeira envernizada, concentrada ou diluída, de modo uniforme e
contínuo com uma esfregona ou pano húmido. Uma vez seco, puxar o lustro com uma
máquina ou com um pano de lã.

Atenção: Durante a aplicação não exceder a quantidade, porque neste caso o pavimento pode
ficar com marcas. Para eliminar estas marcas é aconselhável efectuar as aplicações posteriores
com o produto diluído.

VII. 3. 4 - Cera líquida para barro

Esta cera é ideal para a primeira demão de acabamento do tratamento tradicional do barro
cozido e para a manutenção normal do mesmo.

Para dar a primeira demão, aplica-se o produto concentrado com uma trincha. Para dar a
demão de acabamento, aplica-se o produto puro com um pano, esfregona ou qualquer outro
aplicador de ceras líquidas.

Para uma manutenção normal basta lavar o pavimento, previamente tratado, com uma solução
diluída de cera líquida (2-3 copos no balde de lavagem). Para obter mais brilho, puxar o lustro
ao pavimento com um pano de lã ou com uma enceradora.

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Tintas, Vernizes e Ceras

VII. 3. 5 - Cera para barro

A cera para barro aplica-se em pavimentos interiores de barro cozido. A cera cria uma
barreira contra a sujidade e aumenta o brilho e a beleza deste material. A cera para barro tem
quatro tonalidades: natural (neutro), amarelo, castanho e castanho antigo. Aplicando a
primeira demão de uma cor e a segunda demão de outra cor pode obter-se efeitos cromáticos
especiais.

Deve ser aplicada sobre a aplicação de base. Aplicar duas demão de produto a segunda oito
horas depois da primeira, para obter um resultado mais homogéneo e também para corrigir a
tonalidade da primeira demão.

A aplicação deve ser efectuada com uma esponja de banho sintética normal, ou um trapo com
a ajuda de um pincel para melhor se estender a cera. Puxar o lustro à superfície com pano de
lã ou com uma máquina. A cera de cor castanho antigo deve aplicar-se sempre como segunda
de mão, ou seja, aplicar outra cor na primeira demão. A cera para barro também pode ser
aplicada com máquina monodisco, equipada com
reservatório para aquecer a cera ou disco a quente próprio.

Durante o período de Inverno a pasta pode ficar muito dura. Neste caso, basta aquecer a
embalagem em banho maria, ou colocá-la perto de um aquecedor para recuperar o estado
original da cera. Nunca colocar a embalagem directamente ao fogo já que a cera é inflamável.
Mexer o produto antes de usar.

VII. 3. 6 - Cera de efeito mate

Aplica-se sempre que se prenda uma protecção e um acabamento sem brilho, deixando o
material com aspecto natural. Especialmente indicado como acabamento final nos tratamentos
com cera de pavimento interior em barro cozido, klinker, mármores envelhecidos e pedra
naturais. Posteriormente também pode utilizar-se para manutenção, tanto concentrada como
diluída, segundo a técnica lava e encera.

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Tintas, Vernizes e Ceras

Aplicar-se com um pano de lã, esponja ou aplicador próprio uma demão de produto puro,
esperar que seque (uma hora aproximadamente) e dar uma segunda demão em sentido oposto
e cruzado da primeira. Passada uma hora já se pode transitar no pavimento. Caso se pretenda
pode puxar-se o lustro para obter um ligeiro aumento de brilho.

VII. 3. 7 - Cera autobrilhante

É de fácil utilização tem uma grande capacidade de aderência. É ideal para a protecção de
pavimentos absorventes (pedra natural, granitos, mármores e barro normal ou polido) sujeito
a trânsito elevado. Também pode utilizar-se para a manutenção de pavimento de cimento com
quartzo, tratado.

Os pavimentos tratados com a cera autobrilhante, forma-lhe uma superfície uma película
polimérica caracterizada por um alto grau de brilho que protege o pavimento contra desgaste
do trânsito e contra a sujidade.

Utilizar-se depois de lavar a superfície e com o pavimento seco, aplicar de maneira uniforme
e continua uma demão com um pano, esponja ou aplicador de cera. Quando a cera aplicada
estiver seca (duas horas aproximadamente), aplicar uma segunda demão cruzada sobre a
primeira demão, e o por fim deixar secar. O pavimento brilhará sem necessidade de puxar o
lustro.

Não pisar o pavimento durante a secagem (entre aplicações), ao estender a cera, não aplicá-la
na mesma zona duas vezes nem mesmo com a superfície a secar.

Para retirar a cera utilizar um decapante de base aquosa.

VII. 3. 8 - Cera líquida para klinker e barro cozido

A cera cria uma protecção incolor caracterizada por uma excelente resistência ao desgaste.
Possui um elevado poder de protecção perante a sujidade e o pó, e é de fácil manutenção.
Proporciona à superfície um tom quente e uma excelente luminosidade. È ideal para
tratamento de klinker não vidrado, grés rústico e em geral todo o tipo de barro cozido de

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Tintas, Vernizes e Ceras

estrutura fina e compacta, como o barro cozido polido, materiais onde a cera em pasta é difícil
de aplicar devido à pouca absorção.

No caso de barro poroso aplicar a cera líquida, depois de uma ou duas demão (mediante a
absorção) de cera em pasta, pode utilizar-se também como demão de acabamento em vez de
cera líquida para barro, no tratamento de pavimentos de barros cozidos sujeitos a um trânsito
elevado (lojas, restaurantes, etc.) e para a manutenção dos pavimentos tratados com ceras.

Quando o pavimento tiver limpo e seco, aplicar a cera de maneira uniforme com um pano ou
com qualquer outro aplicador de ceras.

Em caso de matérias muito absorventes, aplicar duas demão de cera quando a primeira estiver
seca (duas horas depois aproximadamente). Caso se deseje mais brilho ou eliminar marcas,
passar a enceradora ou pano de lã. Pavimentos interiores de barro cozido: aplica-se da mesma
maneira uma demão de cera como acabamento do tratamento, depois da última demão de cera
em pasta para barro.

Periodicamente em especial nas zonas mais transitáveis, pode recuperar-se o brilho voltando a
aplicar a cera.

VII. 4 - Decapantes
VII. 4. 1 - Decapagem de ceras líquidas

Utilizar decapante puro ou diluído em água 1:3 ou 1:5. Passar a solução sobre área a decapar,
deixar actuar alguns minutos, e de seguida esfregar com esfregão tipo verde ou passar com
máquina monodisco com disco castanho.

Retirar os resíduos da decapagem com pano ou aspirador de líquidos. Enxaguar


abundantemente com água limpa. Repetir a operação até à remoção total das ceras.
Fazer sempre poucas áreas de cada vez. Deixar secar bem o pavimento. Para fazer de novo o
tratamento final, escolher um dos tratamentos atrás mencionados e partir de um dos seguintes
pontos:
- Impermeabilização.

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Tintas, Vernizes e Ceras

- Aplicação de cera em pasta (caso se opte por este tipo de cera).


- Aplicação de ceras líquidas directamente.

No caso dos exteriores e após a decapagem e secagem do material é aconselhável fazer a


aplicação dos produtos como foi mencionado no “tratamento para exterior”.

VII. 4. 2 - Decapagem de ceras em pasta

- Aplicar o decapante directamente no pavimento, deixar actuar um pouco e esfregar com


esfregão ou pano.
- Retirar a cera decapada com panos velhos e limpos.
- Esperar quatro horas e voltar a iniciar o tratamento dando uma ou duas demão de cera.

Atenção: O decapante não é compatível com água por isso utilizar sempre puro.

VII. 5 - Problemas que ocorrem nas ceras


VII. 5. 1 - Quando a cera estiver a ficar esbranquiçada

Este fenómeno pode acontecer por dois motivos:


1º - Simples restos calcários deixados pela água. Limpe a zona com um desincrustante
e de seguida aplique a cera.

2º - Agressão à cera por parte da humidade. Deverá decapar a zona afectada com um
decapante com esfregão ou pano abrasivo, retirar os restos com papel absorvente ou
panos secos. Depois de seco aplicar cera.

Para evitar os problemas acima citados colocar o vaso num suporte de forma a não estar em
contacto com o material tratado.

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VII. 5. 2 - Se o pavimento estiver a perder a sua beleza original

Se o pavimento tem pouco brilho ou está opaco, mas a sua condição é boa e sem manchas em
profundidade, deve lavar-se com um decapante bastante diluído e enxaguar bem com água
limpa.

Após a secagem, aplica-se uma demão de cera em pasta para barro e finaliza-se com cera
líquida indicada. No caso do pavimento estar muito sujo e com manchas profundas, utilizar
decapante para eliminar radicalmente a cera em pasta misturada com a sujidade.

Após a secagem, repetir o tratamento começando na cera em pasta e terminando com cera
líquida.

VII. 5. 3 - Se o pavimento estiver opaco apesar de uma boa manutenção

Após a passagem da solução lava-encera (cera líquida diluída com água) ou da aplicação de
uma demão de cera líquida pura, deixar secar e puxar o lustro ao pavimento (excepto quando
tiver sido aplicado cera de efeito mate) com pano de lã, máquina enceradora ou monodisco.
Recordamos que o uso frequente da enceradora ou máquina monodisco permite ter um
pavimento sempre luminoso e sem marcas.

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Tintas, Vernizes e Ceras

BIBLIOGRAFIA

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