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Textos complementares:
I. Uso alternativo do direito. Movimento com relativa força no Rio Grande do Sul,
no final do século passado.
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1.2. Leis no interesse do oprimido? Quanto às leis promulgadas no interesse do
oprimido, “ou são fruto de luta dos oprimidos; ou servem de válvula de escape à
pressão social (concede no periférico para manter o essencial...); ou para (os
detentores do poder) justificar que não são opressores, visando, assim, a sua
mantença no poder” (p. 25).
Tenho, pois, que a lei merece ser vista com desconfiança. Deve ser constantemente
criticada sob pena de sermos Juízes, Promotores e Advogados, agentes inconscientes
da opressão. Inocentes úteis de um sistema desumano. Não quero dizer que não se
possa optar por tal sistema, mas que, se assim se fizer, o seja conscientemente (p.
29).
2.1. Pergunta: Como deve agir o juiz quando, na apreciação do caso concreto, concluir
que a aplicação da lei causará uma injustiça?
2.2. Defende que, ao juiz, “é facultado deixar de aplicar a lei quando injusta” (p. 35),
apresentando, dentre outros argumentos:
Evidente que o juiz não é computador. Deve pensar a lei em todas as suas
interpretações e, não encontrando nela respaldo para o justo, deve negá-la (...) o
compromisso (do juiz) é com o jurisdicionado; a busca de solução justa para o
conflito está acima do dispositivo legal” (p. 38).
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ii) Compromisso do Juiz com o justo no caso concreto.
Parece-me cada vez mais claro que o mundo do juiz, o seu campo de luta (...) onde sela seu
compromisso com a sociedade, é no reinado do caso concreto. Ali ele é soberano para
buscar a justiça. Ao legislador cabe a criação de normas genéricas, tão só. O juiz
comprometido com o justo concretizado (...) (p. 38-39).
3. O lado do juiz? Juiz tem lado: Lado assumido pelo juiz, o dos oprimidos.
O justo (...) deve ser buscado, sempre e sempre dentro do conflito real e, sempre e
sempre, na ótica do oprimido.
O que há de novo aí? Apenas trocar de lado, porquanto até hoje, consciente ou
inconscientemente, a justiça foi amante da minoria (...)
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Uma justiça e um Juiz não neutros, como sempre foram. Uma Justiça e um Juiz
comprometidos, como sempre foram. Só que agora conscientes e comprometidos
com a maioria do povo (p. 44-45).
Para utilizar as palavras de Ehrlich, “das coisas que se passam diariamente diante
de nossos olhos, muitas vezes não sabemos nada” (EHRLICH, 1986, p. 375). Falo
dos conflitos sociais, das normas que se aplicam nas áreas mais pobres e
marginalizadas do país, da organização dos presídios brasileiros, do cotidiano
forense, etc.
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1. Objetivo. Apresenta proposta de aproximação entre direito e antropologia, pela
via metodológica (trabalho de campo)
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2. Direito: resistência do Direito à pesquisa empírica e recusa da própria realidade!
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(...) o Direito acaba por resistir ao estudo das práticas, que são vistas como um
conhecimento menos prestigioso, pois ou se presumem conforme sua idealização,
ou se constata serem desviantes dela, caso em que se tornam um erro a ser
corrigido e não um fato a ser estudado (p. 15)
Trata-se de um campo que não dialoga com quem o descreve, somente com quem o
reproduz de forma ideal. Até porque a sua descrição empírica nunca equivalerá à
sua idealização abstrata, e este campo, como já dito, prefere ignorar e/ou descartar
os fatos, sob pena de rejeitá-los todos por não corresponderem às suas projeções
idealizadas. Ao fazer isso, como num passe de mágica, o campo se torna ideal, pois
ele próprio obscurece os problemas e as dificuldades do mundo empírico,
tornando-as invisíveis, logo, aparentemente, e para todos os efeitos lógicos,
inexistentes (p. 16)
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3. Manualização. Incapacitação à transformação. Preocupação do jurista “em
manualizar o conhecimento jurídico, uniformizando as suas categorias e
normatizando condutas segundo um conceito idealizado e utópico” (p. 13).
Continua: