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Isso quer dizer que não são simples quedas, não é um simples cair: é o cair ao estado prévio
do qual Cristo te tirou. É rejeitar a revivificação que Cristo nos trouxe, quando éramos mortos,
como caídos, nestas ofensas. Isso também quer dizer que não é descrita aqui a caminhada de
vida de um cristão neófito, que entendo poder se encaixar em outros contextos do Novo
Testamento de arrependimento, mas não neste em específico. Aqui o autor trata de alguém que
avançou, aparentemente, os degraus da santificação que Deus gera nos crentes. A santificação
é processual na Bíblia (Fp 2:12 – “operai a vossa salvação com temor e tremor“) e é aludida
como uma corrida em Hebreus (12:1). Por isso tal volta é impossível de ser aceita.
Na verdade vou mais longe: depois que o verbo caíram aparece no particípio aoristo, no último
verso (v. 6), vemos que o tempo da narrativa muda para o presente, já que os verbos agora
estão neste tempo. Isso mostra o que é impossível ocorrer: haver uma renovação para o
arrependimento , no presente tempo, para aquele que praticou tudo que foi visto antes, em seu
passado e biografia. Isso porque Cristo também seria crucificado novamente, no presente, se
houvesse tal tipo de permissão divina ao praticante de tais ações. contraditórias. A
versão ACF (gosto muito dela!) tentou expressar o que está no original, alterando os tempos
verbais de forma maestral: “sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim,
quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério“. Mas eu,
pessoalmente, traduziria assim (que ousadia ein? quem sou eu!? rs): “para que se renovem
outra vez para o arrependimento, recrucificando e pondo em vexame assim o Filho de Deus
para si mesmos“. Como pode ser visto, o arrependimento não é impossível porque Deus não
deseja perdoar aquele que caiu, mas porque não existe também a possibilidade de Cristo ser
novamente recrucificado nem exposto ao vexame, para tirar novamente alguém que retornou
ao seu estado de morto sem Ele. Cristo já fez isso de uma vez por todas, de forma plena,
inexorável e perfeita (que na linguagem bíblica, é o que aludem quando dizem ter sido um
sacrifício eterno) (Hb 8:11-28).
Conclusão
Concluo, então, dizendo que é impossível Cristo ser recrucificado, já que seu sacrifício foi
perfeito em ação e aperfeiçoamento daqueles que o tomam sobre si; e por causa disso é
igualmente impossível alguém receber o perdão de Deus após retornar ao seu estado anterior,
antes da Graça de Deus atuar em sua vida. Jesus disse no Evangelho de João que aqueles
que confiassem Nele e em sua obra de redenção não seriam julgados por Deus, pois passaram
da morte para a vida (Jo 5:24), numa linguagem e pensamento que Paulo desenvolveria mais
tarde nos versos que citei no parágrafos anteriores. Isso quer dizer que é impossível alguém
salvo retornar inclusive ao estado de queda, anterior ou morte no contexto paulino, descrito em
Hb 6:4-6, já que não há mais, pelas palavras do Mestre, a possibilidade de julgamento (para a
condenação) para quem já foi salvo. Portanto, essa pessoa descrita em Hb na verdade nunca
foi salva; era só aparência sua salvação. Por isso a idéia expressa no TULIP, em seu quinto
ponto, é totalmente compatível com a passagem de Hebreus 6. Para aprofundamento em
alguns pontos desta conclusão, bem como na análise do contexto da passagem, que acabei
não fazendo aqui (para que não ficasse um macropost!), deixo um excelente
estudo recomendado por Igor Miguel. Que a paz que o Espírito nos proporciona nos testifique
que estamos em Deus, escondidos Nele!