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Os que Provaram do Dom Celestial e Caíram –

Uma Análise do Original


23NOV
O Calvinismo é muito interessante, por várias razões. Eu, pessoalmente, tenho estudado cada
vez mais as doutrinas que foram sumarizadas na época da Reforma por João Calvino, bem
como os seus desdobramentos posteriores (como o neo-calvinismo) e, pelo pouco que sei até
hoje, tenho visto muita coerência deles com os pressupostos existentes na Bíblia e,
principalmente, com as linhas de conduta cristã que ela prescreve aos santos. Tenho aprendido
também que é um sistema de pensamento, na minha opinião, com falhas. Mas estas são
também inerentes aos homens que formularam-no. Mas o bom de tudo isso é fazer o que
Paulo diz, “examinai tudo. Retende o bem.” (I Ts 5:21).
No Calvinismo existem os chamados cinco pontos, que resumem a fé tradicional desta linha de
pensamento cristão. Quem os conhece, sabe que no quinto deles define a doutrina
da perseverança dos santos. Ela afirma que, se era Deus, em Jesus Cristo, que estava
reconciliando consigo mesmo o Homem, isso quer dizer que é o mesmo Deus que preservaria
o Homem salvo até o fim., não deixando este se perder. Trocando em miúdos, não há a
possibilidade de perda da Salvação por alguém que já está em Cristo.
Quem crê neste ponto de vista, como eu hoje creio, já passou horas e horas tentando ler um
trecho específico da Espítola aos Hebreus que parece contradizer o que o quinto ponto afirma.
Nunca consegui conciliar exatamente as idéias expressas em um e em outro. Mas, após uma
conversa que presenciei via Twitter com o caríssimos Victor Bimbato e Igor Miguel, fiquei
curioso e resolvi fazer uma análise mais profundada no trecho, aproveitando o pouco que já
aprendi de Grego Antigo na faculdade. Aí, após uma contribuição na conversa deles, Igor me
propôs escrever um post sobre o que analisei. Ela é na verdade uma análise morfossintática
que fiz dos versos no original grego deles. Não vou tratar aqui sobre as outras diversas
interpretações, nem os problemas que elas trazem em si, que o trecho gerou ao longo dos
tempos, mas somente expor esta, que apesar de ser bem pessoal, espero que ajude na
elucidação da passagem. Este é o trecho em questão:
“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e
se tornaram participantes do Espírito Santo.E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes
do século futuro,E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim,
quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.” (Hebreus 6:4-6 –
ACF)
Como disse antes, fica aparentemente claro que esta passagem, à primeira lida, contradiz o
que postula o quinto ponto do TULIP. Este trecho parece justamente contradizer o ensino de
que os salvos nunca perderão a salvação em Cristo. Quando lemos tal como está, parece
aludir à perda da Salvação por parte daqueles que já provaram dela e dos seus frutos, como o
desfrute do retardo da morte em nossas vidas, a comunhão e o amor ao próximo de forma
plena, o direcionamento do Espírito etc, tudo isso como antecipação da Eternidade em nossa
vida presente. Já li pouco, mas o bastante, procurando respostas a este dilema. Mas, mesmo
após ler o que li, permaneci com a dúvida: “Será que a perseverança dos santos é algo
realmente embasado biblicamente?”.
Antes da análise que farei a diante, tinha encontrado a resposta desta pergunta por outra via,
como pela compreensão de que, se o Espírito Santo é dado ao crente e este se torna Sua
verdadeira habitação, como resultado de um sacrifício que veio purificar e santificar de forma
verdadeira os homens, como este homem purificado e santificado seria hábil de rejeitar o que
há de mais profundo, a perfeição da essência de Deus, que é Seu Espírito em nós? Poderei em
um próximo post explicar isso com mais calma. Mas por ora, adentro ao trecho destacado
acima, já que a análise dele poderá clarear o seu significado, assim como ocorreu comigo após
fazê-la.
 A Análise do Trecho
Trecho do Evangelho de João em Grego Uncial
Primeiramente, o autor da epístola começa o trecho dizendo que é impossível algo. O que será
que é impossível aqui? No grego, diferentemente como ocorre no português, há marcas morfo-
sintáticas no substantivos, adjetivos, verbos etc que indicam em que caso, modo, grau e função
sintática elas possuem nas sentenças. Aqui, a palavra impossível (ἀδύνατον – adünaton) está
no nominativo neutro. Isso quer dizer que provavelmente ele será o sujeito da ação verbal ou
do predicativo. Aqui se encaixa esta última opção, já que a frase no original não possui verbo
(os verbos de ligação ser, estar, haver etc em grego podem ser omitidos das orações e ficarem
subtendidos, como ocorre aqui). Logo após impossível, vem o artigo acompanhado de um
advérbio e do primeiro verbo: τοὺς ἅπαξ φωτισθέντας (toùs hápax fotisthéntas). O artigo (toùs)
está no acusativo, indicando que se inicia agora, nestas sentenças, o alvo semântico
do impossível do início (Seria algo como impossível para quem? ai agora vem para…). hápax é
um advérbio, e podemos traduzir por uma vez, em um momento. Ele se refere ao verbo
seguinte, fotisthéntas. Esta palavra, endo mais exato, é um particípio verbal passivo. Segundo
o famoso gramático do grego antigo, Hebert W. Smyth, em Greek Grammar for Colleges,
o particípio no grego é utilizado para denotar ações que são frequentemente feitas, ou sofridas
por alguém ou algo, mas que já fazem parte da identidade daquele que a pratica, por ser uma
ação constante. É como se fosse também um adjetivo, e por isso muitos dos adjetivos gregos
são derivados do particípio. Uma tradução para a nossa língua, que mostre todas as nuances
do que é expresso no original, é muito difícil de fazer. No exemplo dado aqui, a tradução
seria aqueles que foram iluminados ou simplesmente os iluminados.
 Aoristo? O Que é Isso?
Este verbo e encontra no aoristo. Este é o nome dado a uma ação verbal de difícil tradução,
utilizada nas narrativas gregas antigas como a Ilíada ou Odisséia, para expressar uma
sucessão de fatos que antecediam às ações que realmente eram de peso na narrativa,
preservadas de forma viva nas mentes e recitações dos poetas e dramaturgos gregos naqueles
séculos. Com o passar do tempo, esta ação verbal ficou associada também a um tipo de tempo
passado, já que as narrativas são relatos de coisas que ocorreram no passado. Por isso é
também chamado de “tempo das narrativas”. Mas o aoristo, diferente do passado propriamente
dito (que existe também em grego) é considerado uma ação pontual, isto é, ela não está preso
ao tempo da narrativa, sendo simplesmente a descrição de alguma ação que ocorria
normalmente antes dos fatos narrados em si, posterior ou concomitantemente. Para ilustrar,
imaginemos que esta oração esteja em grego (só não a escrevo nele pois não sei o
suficiente): O escravo, que matara o seu senhor, viajou vários dias em pleno mar em seu
barco. O verbo matara, se fossemos comparar de forma bem simplista, seria uma possível
tradução do aoristo grego. Poderia vir nesta frase matará, indicando uma ação futura, mas
mesmo assim estaria no aoristo, pois o tempo da narrativa (e ela que importa!) continuaria no
passado.
 E Caíram…
Retornando ao trecho em questão, vemos que partir de agora começa um encadeamento de
verbos no particípio, passivo ou ativo, do aoristo. Isso quer dizer que eles indicam ações que
eram feitas ou praticadas antes de uma ação principal, que virá mais a frente. Todos os verbos
em itálico estão nestas condições: “[…] e os que provaram o dom celestial, e (também) que se
tornaram participantes do Espírito Santo. E que provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes
do século futuro, e que recaíram […]”. Percebemos que há algo estranho aqui: estas pessoas
que o autor se refere receberam e praticavam tudo que um crente verdadeiro, salvo, poderia
receber e praticar de Deus. Eram coisas que faziam parte dele, e que já eram atributivos. Mas,
de repente, entra nas mesmas condições destas ações uma ação contrária, caíram, ou os que
caíram.
Qual o sentido desta palavra, caíram? Em grego, παραπεσόντας (parapesóntas)
significa cair, falhar. O verbo sem o prefixo para (que significa “ir além de”), é usado tanto para
coisas ruins, como cair em pecado (I Co 10:12), como para coisas boas, como cair em
adoração a Deus (Ap 4:10). Mas, o seu substantivo (παραπτώμα – paraptóma) é usado com
frequência por Paulo para descrever a realidade de pecados que Cristo nos libertou quando
éramos mortos neles: “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas (paraptomásin), nos
vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2:5).

Isso quer dizer que não são simples quedas, não é um simples cair: é o cair ao estado prévio
do qual Cristo te tirou. É rejeitar a revivificação que Cristo nos trouxe, quando éramos mortos,
como caídos, nestas ofensas. Isso também quer dizer que não é descrita aqui a caminhada de
vida de um cristão neófito, que entendo poder se encaixar em outros contextos do Novo
Testamento de arrependimento, mas não neste em específico. Aqui o autor trata de alguém que
avançou, aparentemente, os degraus da santificação que Deus gera nos crentes. A santificação
é processual na Bíblia (Fp 2:12 – “operai a vossa salvação com temor e tremor“) e é aludida
como uma corrida em Hebreus (12:1). Por isso tal volta é impossível de ser aceita.
Na verdade vou mais longe: depois que o verbo caíram aparece no particípio aoristo, no último
verso (v. 6), vemos que o tempo da narrativa muda para o presente, já que os verbos agora
estão neste tempo. Isso mostra o que é impossível ocorrer: haver uma renovação para o
arrependimento , no presente tempo, para aquele que praticou tudo que foi visto antes, em seu
passado e biografia. Isso porque Cristo também seria crucificado novamente, no presente, se
houvesse tal tipo de permissão divina ao praticante de tais ações. contraditórias. A
versão ACF (gosto muito dela!) tentou expressar o que está no original, alterando os tempos
verbais de forma maestral: “sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim,
quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério“. Mas eu,
pessoalmente, traduziria assim (que ousadia ein? quem sou eu!? rs): “para que se renovem
outra vez para o arrependimento, recrucificando e pondo em vexame assim o Filho de Deus
para si mesmos“. Como pode ser visto, o arrependimento não é impossível porque Deus não
deseja perdoar aquele que caiu, mas porque não existe também a possibilidade de Cristo ser
novamente recrucificado nem exposto ao vexame, para tirar novamente alguém que retornou
ao seu estado de morto sem Ele. Cristo já fez isso de uma vez por todas, de forma plena,
inexorável e perfeita (que na linguagem bíblica, é o que aludem quando dizem ter sido um
sacrifício eterno) (Hb 8:11-28).
 Conclusão

Concluo, então, dizendo que é impossível Cristo ser recrucificado, já que seu sacrifício foi
perfeito em ação e aperfeiçoamento daqueles que o tomam sobre si; e por causa disso é
igualmente impossível alguém receber o perdão de Deus após retornar ao seu estado anterior,
antes da Graça de Deus atuar em sua vida. Jesus disse no Evangelho de João que aqueles
que confiassem Nele e em sua obra de redenção não seriam julgados por Deus, pois passaram
da morte para a vida (Jo 5:24), numa linguagem e pensamento que Paulo desenvolveria mais
tarde nos versos que citei no parágrafos anteriores. Isso quer dizer que é impossível alguém
salvo retornar inclusive ao estado de queda, anterior ou morte no contexto paulino, descrito em
Hb 6:4-6, já que não há mais, pelas palavras do Mestre, a possibilidade de julgamento (para a
condenação) para quem já foi salvo. Portanto, essa pessoa descrita em Hb na verdade nunca
foi salva; era só aparência sua salvação. Por isso a idéia expressa no TULIP, em seu quinto
ponto, é totalmente compatível com a passagem de Hebreus 6. Para aprofundamento em
alguns pontos desta conclusão, bem como na análise do contexto da passagem, que acabei
não fazendo aqui (para que não ficasse um macropost!), deixo um excelente
estudo recomendado por Igor Miguel. Que a paz que o Espírito nos proporciona nos testifique
que estamos em Deus, escondidos Nele!

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