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A SAÚDE DO PASTOR
Introdução:
1.Saúde física
A maioria das pessoas possui vida sedentária. Com a chegada dos computadores,
automóveis confortáveis, controle remoto, temos cada vez menos facilidade em
praticar esportes. A tendência é de termos uma sociedade mais obesa e com
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menos saúde. Comemos demais, andamos pouco, nos acomodamos e isto traz
danos sensíveis à saúde física.
O pastor tem ainda outros agravantes: Ele não tem um horário fixo de trabalho.
Se ele é disciplinado, organizado e atento, consegue encontrar tempo na sua
agenda para a prática esportiva e para o lazer, mas se ele não é assim,
certamente vai lidar com o descanso e as atividades esportivas com certo descaso
e até mesmo com culpa.
Quando o pastor não tem boa produtividade, começa a misturar horário de lazer
e trabalho. Por não terem foco, tornam-se dispersos na sua agenda. Não visitam,
não preparam bem seus sermões, vivem ocupados, mas são pouco produtivos
porque falta intencionalidade nas suas atividades. Não possuem uma agenda
positiva de trabalho, e não conseguem se organizar para desfrutar bem do seu
tempo, incluindo o lazer.
Por causa disto, se sentem culpados em relação ao tempo. Não querem tirar
férias, porque sabem que não produziram bem, sentem culpa e não tiram a folga
semanal porque percebem que foram pouco efetivos nas suas atividades, ou
realmente são preguiçosos e sequer ligam para suas responsabilidades e tarefas.
O segredo para o cuidado físico, está em manter hábitos saudáveis, dentre estes
podemos enumerar:
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É preciso descansar!
Uma boa noite de sono, um dia para não fazer nada, uma caminhada no parque,
uma ida à fazenda ou a chácara, um dia para deitar na rede sem preocupação
com agenda. Tudo isto é reparador, e além disto, sagrado, já que foi ideia do
próprio Deus que nos criou e conhece todas as coisas.
revelar ansiedade e voracidade, que apontam para pecados mais profundos como
a cobiça e a ambição.
2.Espiritualidade
É fácil sermos absorvidos por uma agenda tão exigente que sacrificamos coisas
essenciais como a vida devocional, estudo da palavra e oração. Como pastores
podemos nos acostumar com as coisas espirituais e dessacralizar o sagrado; nos
tornarmos como Finéias e Hofni. As coisas de Deus se tornam comuns e nos
acostumamos com o sagrado a ponto de não mais sermos impactados com as
coisas de Deus.
Brennam Manning certa vez foi visitar um velho sacerdote que lhe disse: “Eu
nunca pedi a Deus popularidade, riqueza, fama, prosperidade, mas sempre pedi
que não tirasse de mim a capacidade do assombro”. Esta era a experiência da
igreja primitiva. “Em cada alva havia espanto, temor”. A presença de Deus os
marcava.
Leia a Bíblia em blocos. Por exemplo: ler todos os profetas menores de uma vez
só. Certo dia resolvi ler o livro de Jó todo numa manhã de dedicação e oração.
Fez muito bem à minha vida. O homem sábio medita na Lei “de dia e de noite”.
Russel Shedd afirma: “A verdade é que os santos da história oravam por horas
que pareciam minutos, e nós oramos por minutos que parecem horas”. Tire
tempo para ficar a sós com Deus. Para interceder pelas pessoas, para trazer sua
vida diante de Deus. Que grande desafio temos, e quão importante é nossa vida
de oração.
Nossa prática devocional contemporânea, infelizmente está longe disto, mas esta
é uma disciplina extremamente importante para a alma. Silêncio e meditação,
não são privativos do budismo, Jesus fez constantes retiros de oração e devoção,
afastando-se para o deserto para estar com o Pai celeste.
Jesus não afirma “se jejuardes”, mas “quando jejuardes”, inferindo que isto seria
algo natural na vida dos seus discípulos. Entretanto, o jejum é cada vez menos
praticado e ensinado em nossos dias. Entretanto, até mesmo o Manual do Culto
Presbiteriano, recomenda que em tempos de calamidades e grandes aflições, a
liderança da igreja deve convocar a comunidade para jejuar e orar.
C. Frugalidade – Outra área esquecida e até mesmo desprezada tem a ver com a
frugalidade, estilo de vida simples, com modéstia.
Uma vida que valorize coisas pequenas, sem ostentação, luxo. Somos uma
sociedade competitiva e as pessoas são valorizadas pelo que possuem ou pelas
marcas de roupa que usam. O ministro precisa lutar para não parecer esnobe,
mas para viver “vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito”.
Quando Dr. John Stott veio ao Brasil em 1989, numa entrevista a um grupo de
pastores e lideres ele foi interrogado sobre o segredo de sua vitalidade espiritual
e respondeu quatro coisas:
3.Vida intelectual
O pastor precisa exercitar-se na piedade, deve cuidar bem do seu corpo como
templo do Espirito Santo, mas precisa também estar atento ao seu preparo
intelectual para, como diz o apóstolo Pedro: “Antes, santificai a Cristo nos vossos
corações, estando sempre preparados, para dar razão da esperança em Cristo
Jesus” (1 Pe 3.15). Precisamos ser homens preparados. Paulo afirma a Timóteo:
“aplica-te à leitura”. Na verdade ele estava falando das Escrituras Sagradas, mas
o homem de Deus precisa estar preparado para as questões existenciais e
teológicas com as quais há de se deparar.
Schaeffer afirma que não é justo dizer ao descrente: “Creia somente”, mas
precisamos dar “respostas honestas a perguntas honestas que são feitas”.
O líder cristão corre o risco de não saber aplicar as verdades do evangelho aos
desafios atuais. Quando isto acontece ele passa a ter um discurso superficial,
repetitivo e vazio, com uso excessivo de jargões, como podemos ver no debate
de dois jovens crentes falando sobre seus pastores. Um disse:
3. Veja os filmes e livros que os jovens de sua igreja estão vendo. Recentemente
minha esposa me criticou porque as citações que fazia de filmes geralmente já
são de 20 e 30 anos atrás. Ela completou: “precisa atualizar!”
3. Se puder fazer uma faculdade, mesmo que seja via EAD, vale a pena considerar.
“A pessoa que eu sou está tão presente na minha estante quanto a pessoa que
eu quero ser” (Cora Rónai).4.
Saúde Emocional
O Dr. Pérsio Gomes de Deus afirma que “há maior incidência de doenças mentais
entre pastores que na população geral (...) Religiosos católicos possuem índice
de stress superiores aos profissionais de segurança”. Não é este um dado
assustador?
4.1 Paixão
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Muitos tem perdido sua vida por causa de uma paixão tresloucada. Amnom,
primogênito de Davi, foi um destes. Ele desenvolveu uma paixão proibida, um
sentimento doentio. Ele se apaixona pela sua irmã. É traído pelas forças dos seus
próprios desejos. Uma força incontrolável nasce e se torna obsessiva dentro dele.
Ele não consegue mais fazer nada, chega até adoecer. Ele sabe que aquilo é
loucura, que é proibido, mas é atraído por este louco sentimento! Esta paixão o
leva a cometer um dos atos mais infames em Jerusalém: Ele estupra sua irmã
(2 sm 13)
Paixão tem destruído famílias, tem gerado morte, tem trazido tristeza desgraça
a famílias, tem sido a agente de uma geração cheia de ódio. Veja quantas
desgraças se seguem a uma paixão dentro da história de nossa própria família.
Tem destroçado almas, tem gerado profundas depressões familiares, tem levado
pessoas ao inferno, tem trazido dores à igreja de Cristo.
Já viram uma pessoa apaixonada o que faz? Ela ignora os perigos, ignora as
ameaças, se torna tola. Gente apaixonada precisa de amigos que advirtam do
perigo que corre porque ele mesmo não sabe quão grave despenhadeiro se
encontram. O texto diz ainda que não sabe coisa alguma. Ai da pessoa que se
torna presa de uma paixão direcionada ao objeto errado. Ignora os aspectos mais
essenciais de sua existência.
4. Ressentimento
aqueles que resolvem prestar atenção à sua amargura, padecem dores terríveis
na vida. “Ódio é você tomar um copo de veneno pensando que o outro vai morrer”
Gente que não perdoa vive prisioneira de uma outra força, a vingança.
Centenas de pastores vivem assim. Erick Erickson afirma que há duas formas de
envelhecermos na vida: com celebração, gratidão e contentamento ou com
amargura e desistência. Um dos grandes fracassos da vida é sermos
desqualificados. Falamos tanto de vitória em Cristo, da alegria do Espirito Santo,
de paz interior, serenidade e graça mas estamos contaminados na nossa fonte.
Nosso coração não se guardou. “De tudo o que se deve guardar, guarda o teu
coração porque dele procedem todas as fontes da vida” (Pv 4.23).
4.Repressão
Boa parte do problema dos pastores reside exatamente ai. Líderes assim não
trataram e não conversaram sobre o assunto, decidiram enterrar o problema
vivo. Na verdade uma ira reprimida volta em formas de ansiedade e depressão,
brota em formas de sintomas, que vão desde o desequilíbrio emocional até um
casamento destruído. Muitos pastores precisam procurar terapia e cuidado
emocional, não só em razão dos problemas pastorais em si, mas porque já
trouxeram consigo questões mal resolvidas de casa, da educação, da formação
familiar.
4. Depressão
Coloco em quarto lugar, a depressão. Não porque seja menos importante, mas
talvez por ser o desfecho de tudo o que até agora tratamos na questão da saúde
emocional do pastor. Os problemas mais comuns na depressão pastoral são
citados assim pelo Dr. Pérsio:
O problema da depressão é que, como afirmou o Dr. John White, no seu livro As
máscaras da melancolia, é que ela tem muitas faces.
Por último, queremos tocar numa derradeira e não menos importante área, que
é a financeira. Pastores precisam cuidar desta área atenciosamente, porque
muito do seu bem estar, serenidade e equilíbrio emocional, tem a ver com a
forma como ele trata do seu dinheiro. Depois da área sexual, o desequilíbrio
financeiro tem sido o maior problema dos pastores.
Certamente muitos dirão que se trata de uma questão de quanto se ganha, mas
a verdade é que não é assim. Alguns ganham relativamente bem e não se
organizaram, e outros, com baixo salário, conseguiram se organizar e se
programar. Afirma-se que João Calvino, instruía a sua comunidade a viver com
80% do que ganhava. 10% deveria ser destinado à obra de Deus, e 10% para
um investimento.
Para os menos avisados, queremos recordar que soldo é salário. Sua resposta
parece apontar para o risco que corriam de serem pessoas ambiciosas e tentadas
pelas oportunidades de ganharem dinheiro desonesto. “Contentai-vos com o
salário”, é uma regra simples que se aplica ao pastorado. Sabemos que há igrejas
que não querem pastor humilde, mas pastores humilhados, e outras que acham
que porque estão no ministério devem ter salário de pobreza e miséria. Todas
estas coisas são verdadeiras e doloridas, já que o pastor, diz a Bíblia, deve ser
merecedor de dobrado honorário por pregar a Palavra (1 Tm 5.17).
5. Mordomia – De certa forma não precisaria falar sobre isto, já que o assunto é a
vida do pastor, mas lamentavelmente existem pastores que são infiéis quando o
assunto é a contribuição para a obra de Deus.
Baseado nas promessas de Deus, quero perguntar aos pastores que leem este
artigo? Você aplica os princípios da mordomia espiritual na sua vida? Não estou
dizendo que todo aquele que investe no reino nunca passará por privação. Paulo
afirma que tinha aprendido a viver contente em toda e qualquer situação, tanto
de fartura quanto de escassez. Deus pode, dentro dos seus eternos e misteriosos
decretos, permitir que tenhamos necessidade, para aprender a confiar nele e na
sua provisão. Quando entrego o dízimo, estou dizendo a Deus que confio nele, e
apenas nele, para a minha provisão. Daí para a frente, a responsabilidade do
meu sustento é do próprio Deus, que me pede fidelidade, e a melhor medida da
fidelidade não é o quanto eu dou, mas o quanto retenho, e tempos de escassez,
na verdade, me desafiam a demonstrar minha confiança no seu caráter e na sua
provisão.
a. Competição – Alguém afirmou que o pastor muitas vezes é alguém que vive como
rico, sendo pobre. Muitas vezes as igrejas possuem boa casa pastoral, dão um
bom veículo para as atividades do pastor, dão presentes que nos fazem pensar
que somos ricos. Mas a competição com os vizinhos ou membros da igreja podem
nos tornar descontentes e insatisfeitos, ou mesmo equivocados em relação ao
salário que realmente ganhamos. Cuidado!
b. Ostentação – Inimigo da modéstia. Nos leva a dar a impressão aos outros que
temos o que não temos. Compramos coisas que não precisamos, com dinheiro
que não temos para impressionar pessoas que não gostamos. Muitos pastores e
esposas já caíram nesta tentação.
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c. Prestação – Outro inimigo comum não apenas dos pastores mas do povo
brasileiro. Com o advento das prestações do cartão de crédito, não fazemos conta
de quantas pequenas prestações, que se tornam um grande volume, assumimos
sem planejar corretamente. Se você está sempre pegando o 13º salário
adiantado, vale a pena refletir sobre o que tem levado você a consumir o que
ainda não deveria estar recebendo.
Conclusão
Pastores precisam cuidar de sua saúde. Saúde envolve a forma como lidamos
com nosso bem estar físico, emocional, espiritual, mental e financeiro. Estas
áreas, atingem a família e a igreja, e geram a homeostase ou equilíbrio tão
necessário para gerar o que chamamos de bem estar. As coisas se harmonizam.
Isto se reflete na igreja que passa a respeitar mais o seu pastor, isto orienta a
vida.
Samuel Vieira