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S T E L L A G R A Y

HEART
Delivered

São Paulo, 2018.


Capa:
Revisão: Lilian Lima
E-mail para contato: autorastella@gmail.com

Copyright © 2017. Stella Gray


Esta é uma obra de ficção. Nome, personagens, lugares e acontecimentos descritos,
são produtos da imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.
É proibido o armazenamento e/ ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através
de quaisquer meios – tangível ou intangível – sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº. 9. 610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal.
Edição Digital | Criado no Brasil.
REGISTRO: 134567991246
Introdução

"O amor pode mudar as pessoas...”.


"O amor é capaz de fazer as pessoas se importarem com o próximo...”.
"O amor sempre dará uma segunda chance...”.
Um homem corrompido pelo seu pai, achando que não era digno de
amor. Em sua cabeça, seu destino sempre seria o ódio, o rancor, a raiva e a
solidão, mas o homem não sabia que isso estava fora de cogitação. Ele fez
coisas más e agora precisava buscar uma redenção...
Uma mulher mundana demais, sempre olhando com inocência para os
outros, certo dia, depois de se despedir de sua melhor amiga, ela voltou a ver
aquele rosto. Seu coração acelerou ao vê-lo, e mal sabia ela, que um dia
estaria perdidamente apaixonada por ele...
Um conto que mostra o outro lado da escuridão, constatando, que talvez,
todas as pessoas solitárias e corrompidas tenham uma salvação.
THE BEGINNING

PART
Two
L O V E T H E F I R S T T I M E.
LOSE IT WITH OUT LOOKING
B A C K.
(Ame a primeira vez. Perca-a sem olhar para trás.).

THE NEW STORY

COLD HEART
(Coração Frio).

A notícia é dada pelo telefone. Depois de dois anos me deparara com


algo horrendo. Morta. Minha única e melhor amiga estava morta, de uma
forma brutal. A notícia me desconcertou, pois não imaginava que Olivia
estivesse tão longe e agora... ela não entrou em contato comigo, desde que se
afastou do trabalho. No início eu me senti traída por não encontrá-la mais
pela minha antiga cidade, perguntando aos amigos do seu noivo, que também
estava morto há cerca de três anos. Sentia-me mal em ter sentido raiva da Liv,
algo tinha acontecido, eu sei disso, mas o que será que era?
Sequei as lágrimas com a manga do meu casaco macio e recoloquei o
telefone de volta a base.
Quem me deu a notícia tinha sido um homem chamado Archie, que
trabalhava no mesmo lugar que a Ollie, ele disse que encontrou meu número
com ela, pois não havia ninguém para ligar. Engoli em seco. O que quer que
Olivia e Boyd tenham se envolvido, custou caro para ambos, mas eles eram
pessoas decentes demais para se envolverem com algo barra pesada. Balancei
minha cabeça e saí de perto da janela de vidro, fechada por culpa da chuva
que caía em Portland. As minhas férias estavam entediantes, molhadas, frias e
com notícias que faziam o meu coração se despedaçar. Cruzei os meus braços
e suspirei. Ela seria enterrada em Nova Orleans, junto com a sua família.
Abaixei minha cabeça e escondi o rosto sobre minhas mãos, chorando como
uma criancinha.
Como pessoas boas podem morrer tão horrivelmente? Toda sua família
estava morta e isso me entristecia demais.
Eu já estava sentindo falta dela, agora, seria agonizante em saber que
sua melhor amiga não voltaria nunca mais. Tudo o que eu queria era tentar
saber por que ela fugiu, por que mudou seu nome? Mas eu era medrosa
demais para me envolver com algo brusco. Respirei fundo e segui para o meu
quarto, precisava arrumar as malas, pois queria me despedir dela.
THE BURIAL
(O Enterro).

O clima em Nova Orleans também estava gelado, mas isso não tinha
me impedido de dá o último adeus a minha amiga. Eu já estava no Lafayette
Cemetery e caminhei na direção que me indicaram. Avistei onde o caixão
estava, esperando para ser enterrado, dois funcionários do cemitério estavam
por perto, aguardando a hora. Parei perto do caixão fechado, da cor branca e
com detalhes dourados. Provavelmente algum novo amigo cuidou disso tudo
para ela. Mas onde eles estavam?
— Com licença. Alguém, além de mim veio até aqui? — Perguntei aos
homens.
Eles assentiram e o mais calvo, que fumava pôde me responder. —
Sim. Um cara alto, branquelo e uma garota tatuada, eu os ouvi dizerem que
precisavam ir embora, pois o voo para Ohio estava adiantado. — Disse-me.
Uau. Realmente os xeretas são importantes em alguns casos. Dei um pequeno
sorriso e agradeci em seguida. Eu sabia de que se tratava dos novos amigos
da Liv, então relaxei com isso. Olhei para o caixão e toquei nele, estava
úmido e gelado.
— Por que não me contou nada, Liv? Por que me deixou no escuro? —
Perguntei sussurrando e chorando, ao mesmo tempo. De repente, escutei
passos sobre as folhas secas, caídas na grama do cemitério e olhei para trás.
Oh Céus! Minha surpresa ao ver o homem vestido todo de preto e com seu
sobretudo fizera-me arquejar. — O-o que está fazendo aqui? — Perguntei em
voz baixa. Lucco Gratteri parou ao meu lado, com as mãos enfiadas nos
bolsos da calça, enquanto observava o caixão. Ele não tinha me respondido e
nesse curto período eu o encarava. Estava totalmente diferente, desde a
última vez que o vi. Agora aparentava estar mais alto e obviamente estava
bem mais musculoso.
Ele fez o sinal da cruz e então me olhou. — Eu achei que ninguém
viria. — Informou com a voz rouca. — Tinha me esquecido da amiga tímida.
— Completou e desviou seus olhos de mim. Senti minhas bochechas corarem
com seu comentário e fiquei calada sobre isso. Eu sabia que ele me chamava
assim, pois quando Lucco tinha me convidado para um jantar, eu não parava
de gaguejar e derrubar tudo o que estiva em minha volta. Talvez ele tenha
perdido o interesse, por eu ser uma boboca, desajeitada, e não pela desculpa
nerd que dei para ele. Lucco me olhou novamente e suspirou. — Peço
desculpas, não queria deixá-la envergonha.
— Ah-a... você nã-não me deixou en-en-envergonhader.
Envergonhada, eu disse envergonhada. — Murmurei, virando meu rosto,
fazendo com que ele não olhasse minhas bochechas.
— Tudo bem. — Respondeu calmamente. — Vou deixá-la com sua
amiga. — Dessa vez olhei para Lucco, que encarava o caixão, quando estava
satisfeito, tocou na madeira branca com a mão coberta de luva de couro e se
afastou ainda olhando o caixão.
Lucco se virou de costas e então fiz a maior burrice da minha vida. —
Você quer tomar um café comigo? — Perguntei, ao mesmo tempo, fechando
os olhos e me xingando por isso. Eu me lembrava de que Olivia não queria
que eu me aproximasse daquele homem. Mas por quê? Será que ela estava
tendo algo escondido com ele? Ou talvez por que ele não seja tão legal?
Provavelmente não seja legal, pois um homem que agarraria uma mulher
bêbada a força é um tremendo babaca. Lucco se virou lentamente em minha
direção e franziu o cenho.
— Por quê? — Perguntou.
Mordi meu lábio nervosamente e dei de ombros. — Está muito frio,
talvez pudéssemos ir ao Piccadilly Cafeteria e conversar um...
— Não. — Ele disse, interrompendo minhas palavras. — Estou
voltando para Nova York e tenho compromissos por lá, sinto muito... —
Lucco franziu o seu cenho mais uma vez ao tentar lembrar o meu nome.
Ótimo. Ele nem se lembrava da minha existência.
Segurei entre meus dedos a barra do meu casaco bege escuro,
nervosamente. — Katherine. — O ajudei.
— Katherine. — Repetiu em seu sotaque. — Obrigado pelo convite. —
Ele se afastou de mim sem dizer mais nada, deixando-me com tanta vergonha
e humilhação, que eu queria entrar naquele buraco na terra. Virei-me
novamente para o caixão e toquei nele com as duas mãos, sentindo minhas
lágrimas aparecerem e caírem sobre a madeira clara.
Sua presença iria fazer tanta falta que iria doer. Eu já estava triste por
não vê-la nos últimos dois anos, mas agora... era dilacerante.

A LITTLE COFFEE
(Um pouco de Café).

Assoprava meu café dentro da xícara branca do Piccadilly Cafeteria.


Aquele lugar era o meu favorito e da Liv também, sempre parávamos naquele
lugar aconchegante e delicioso. Ótimos tempos. Agora eu estava sozinha.
O local estava meio vazio, o que era óbvio, pois o frio afastava as
pessoas da rua. Menos a mim. Eu gostava do frio.
Cortei um pedaço do meu bolo de frutas com o garfo, me servi com um
pedaço, quando meus olhos pararam em Lucco. Ele estava no balcão pedindo
algo para o atendente, retirou um cartão de crédito preto, de dentro da
carteira, e entregou ao homem do balcão. Seus olhos desviaram-se da TV
ligada e pararam sobre mim, rapidamente abaixei minha cabeça e dei um gole
no café.
— Merda. — Gemi com uma careta. Tinha esquecido que o café estava
quente!
Peguei um papel toalha e apertei a textura na ponta da minha língua. Eu
me sentia uma criancinha. Como sempre. — Oi. — Olhei para cima e perto
da minha mesa estava Lucco, segurando uma xícara de café, na mão
esquerda, e um pequeno prato com um pedaço de bolo de frutas, na direita.
Assim como os meus pedidos. — Posso me sentar aqui? — Perguntou, mas
ele já se sentava. Eu não sabia o que dizer. Primeiro ele agiu como um grosso
no cemitério e agora estava aqui, com o mesmo pedido que o meu?
— Achei que tivesse coisas para resolver em Nova York. — Murmurei
timidamente, mexendo na alça da xícara.
Lucco mordia um pedaço do bolo no seu garfo e me olhava. — Eu
menti. — Disse-me calmamente. Encarei seus olhos escuros por alguns
segundos e em seguida, pisquei envergonhada.
— Quanta sinceridade. Sou tão pé no saco assim? — Perguntei para
ele, olhando o meu bolo.
Ele riu baixo com o que tinha lhe dito e isso me fez olhá-lo. Lucco
cruzava as mãos em cima da mesa e me olhava divertido. — Você age como
uma menina. Deve ser por isso que eu menti. — Explicou com cuidado. —
Qual a sua idade? — Perguntou em seguida. Segurei a manga comprida da
minha blusa vinho e os olhos de Lucco desceram até ali.
— E-eu tenho 22.
Suas sobrancelhas arquearam-se e seu rosto misturava-se com surpresa
e desapontamento. — Tinha 20 anos quando a chamei para jantar? —
Perguntou.
— Você se lembra? — Exclamei e rapidamente olhei em volta, mas
não havia muitas pessoas e as que estavam ali, não se importaram. — Quer
dizer, sim, eu tinha. — Murmurei.
Lucco me olhou com atenção e assentia lentamente, mesmo depois de
ter lhe respondido há um minuto. — Então deve ser por isso que não a
procurei mais. Não gosto de garotas, prefiro mulheres. — Explicou
arrogantemente, cruzando seus braços. Uma pontada foi diretamente para o
meu ego, pois tinha me sentindo a pessoa mais criança de todos os tempos.
— A Liv tinha 25 anos naquela época. — Soltei, e no mesmo instante
me arrependi, não segurei minha língua.
Os olhos de Lucco se escureceram de uma forma animalesca, como se
um ódio o tivesse consumindo. Senti medo naquele momento e me encolhi,
mas ele apenas abriu um sorriso e suspirou. — É uma faixa etária mais
madura. — Completou e bebeu seu café. Ele recolocou a xícara de volta ao
pires e arrastou suas mãos sobre a mesa, olhando em minha direção. — Fico
me perguntando por que está tão relaxada perto de mim.
— O que quer dizer? — Franzi meu cenho, mastigando o bolo.
Lucco sorriu torto para mim e se curvou, cruzando os braços em cima
da mesa. — Deus... você exala inocência. — Lucco inspirou e sorriu mais
uma vez. — Quero dizer sobre aquele rumor, de que eu tinha atacado sua
amiga. — Ele explicou. Mordi meu lábio e deixei o garfo de canto, sentindo
minhas mãos suarem com o seu comentário. Ele me olhava tranquilamente,
como se o assunto fosse algo normal para ele.
— Aquilo foi verdade? — Perguntei timidamente.
— Sua amiga não contou? — Ele perguntou.
Dou de ombros. — Ela ficou um pouco distante de mim...
— Sim, foi verdade. Mas não no sentido sexual. — Ele falou. — Ela
agiu de forma ríspida e eu me alterei. Fim de história.
Ele fala cada palavra muito confiante, o que poderia fazer até o melhor
policial do mundo, acreditar nele. Mas mantive essas palavras para mim.
Tudo o que eu fiz, foi assentir com a minha cabeça. — Águas passadas. —
Foi tudo o que eu pude dizer. Lucco deu um sorriso rápido, sem mostrar os
dentes e me observou, enquanto eu terminava meu bolo e café.
Minutos tinham se passado e eu não conseguia nem ao menos levantar
a cabeça para ele, sentia os musculosos da minha nuca reclamarem de dor,
mas não dei ouvidos a eles. — Ainda mora aqui? — Ele perguntou,
finalmente. Soltei um suspiro baixo e dessa vez tive que olhá-lo.
— Não, já faz um ano que me mudei para Portland. Estou trabalhando
em uma galeria em Seattle. Estou de férias no momento. — Soltei
rapidamente e depois me xinguei. Como eu era uma faladora!
Lucco sorriu abertamente em ver minha cara idiota, enquanto dizia. —
Meus parabéns. Seattle é melhor. — Sorriu. — Bom. — Falou e se levantou
do seu lugar. — Eu realmente preciso ir agora.
— Ah... é, eu também preciso ir. — Ri e me levantei às pressas,
fazendo a xícara vazia cair de lado na mesa e rolar, quando ela estaria no
chão, em pedaços, Lucco foi mais rápido e pegou o objeto com sua mão. —
Ai meu Deus. O-obrigada. — Sussurrei, assustada, olhando em nossa volta.
Lucco colocou a xícara de volta a mesa e me olhou. — Não precisa
ficar nervosa perto de mim. — Ele disse. Engoli em seco e mordi o lábio.
— É que você me intimida. — Contei vergonhosamente para ele.
Lucco arqueou a sobrancelha direita em minha direção. — D-desculpe. Isso
foi grosso.
— Por que você é assim? — Ele perguntou para mim, parando na
minha frente. Olhei para ele, engolindo em seco, mais uma vez e me sentindo
miúda perto dele.
Abri minha boca duas vezes e somente na terceira vez consegui
respondê-lo. — A-assim? Assim como? — Ele me olhou por um tempo e
aquele olhar divertido sumiu, sendo substituído por curiosidade.
— Tímida, comigo? Você gagueja mais do que fala normalmente. Você
morde o seu lábio inferior a cada nove segundos, seus dedos beliscam o
tecido da manga do seu suéter, repetidas vezes. Você não consegue manter
seus olhos nos meus, por mais de um segundo. Por quê? — Perguntou Lucco,
unindo as sobrancelhas escuras. — Isso é uma novidade para mim. —
Completou lentamente.
Desviei meu olhar do seu, abrindo minha boca como uma retardada. —
Talvez seja porque as moças maduras não sejam tímidas. — Contei em voz
baixa. Ele me encarou mais dessa vez, seus olhos desceram pelas minhas
roupas e subiram novamente para o meu rosto. Porém, tudo o que eu queria
saber, era o que ele estava pensando.
— Por favor, quando me vir em algum lugar... evite falar comigo. —
Ele deu um passo para trás, com um olhar de dor e eu não conseguia entender
o que ele estava dizendo.
Dei um passo à frente e balancei meus ombros. — Eu disse algo que o
ofendeu? Perdoe-me, Sr. Gratteri.
— Não! — Ele exclamou em voz alta, me assustando e fazendo o
atendente da cafeteira olhá-lo. Lucco passou a mão no cabelo escuro e
respirou profundamente. — Você... você precisa ficar longe, eu preciso ficar
longe de você. Não deveria ter vindo aqui. — Com isso, Lucco empurrou a
porta da cafeteria com força e desapareceu, deixando-me ali de pé com os
pensamentos em desordens.
O que houve com ele?
TOO GOOD TOO INNOCENT
(Boa demais. Muito Inocente).

Três semanas após o enterro de Olivia, eu me sentia mais calma, dentro


de mim. Perder alguém que você tanto ama, é realmente difícil, mas eu não
poderia deixar minha vida de lado. Estava fazendo compras no Trader Joe's
as 08:00 h da manhã. Nas minhas entediantes férias, eu não conseguia ficar
até tarde na cama, mesmo fazendo muito frio.
Parei no caixa do mercado e retirei minhas mercadorias de dentro da
cesta, depois de pagá-los e colocá-los dentro dos sacos marrons, eu peguei os
quatro sacos em meus braços com dificuldades e saí, lá estava fazendo um sol
bem aconchegante. Caminhei pela rua movimentada, olhando para os
intermináveis prédios de magnatas que sequer moravam em Seattle, quando
parei na frente do meu carro, equilibrei às compras na minha coxa e tentei
abrir o carro. — Droga. — Murmurei, abrindo a porta, quando a empurrei,
perdi o equilíbrio das compras e dois sacos caíram no chão molhado da
calçada, fazendo dois tubos de detergentes rolarem. — Ai meu Deus! —
Exclamei.
Coloquei os sacos de compras intactos no banco do carro e corri para
buscar minhas coisas. As pessoas que passavam por perto se desviavam, com
olhares reprovadores para mim. Tinha colocado tudo dentro do carro e
quando estava para pegar o restante das coisas, uma mão masculina foi mais
rápida que eu e pegou minhas coisas. — Obrigada... — Olhei para cima e o
homem estendeu a outra mão, me ajudando a me levantar. Peguei as coisas de
sua mão e virei-me de costas para ele.
— Você é a Katherine? — Perguntou, fazendo-me parar.
Olhei mais uma vez para ele e analisei seu rosto. Ele era alto, usava um
terno caro, cabelos escuros e barba da mesma cor. Uma aliança de ouro
brilhava em seu dedo anelar esquerdo. — Acho que sim, por quê? — Disse
desconfiadamente. Ele abriu um sorriso pequeno, se aproximando e
estendendo sua mão.
— Meu irmão conhece você. Sou Vittorio Gratteri. — A surpresa se
estampa em meu rosto ao ouvir aquilo. Ele é irmão de Lucco? Mas como ele
me conhece? Seu irmão falou de mim? — Se não acredita, é só olhar para o
lado direito. — Apontou com o dedo, me olhando. Virei minha cabeça para a
rua movimentada e meus olhos pararam nos cabelos castanhos avermelhados.
Lucco estava na frente de um dos prédios, conversando com três homens
elegantes, ele olhou na minha direção e segurou meus olhos por um tempo,
mas foi distraído com um dos homens.
Abaixei minha cabeça e olhei para o seu irmão. — Sou a Katherine. —
Disse por fim.
Ele riu. — Eu sei. — Estendeu sua mão e dessa vez a peguei,
cumprimentando-o. — Ele ficou nervoso quando viu você derrubando as
compras. Isso não é normal de Lucco Gratteri e quis verificar de perto o
motivo do seu comportamento. Você. — Explicou calmamente com um
breve sorriso. Engoli em seco e olhei na direção de Lucco, mas ele não nos
olhava.
— Isso é ruim? — Perguntei e encarei Vittorio. — Ele ficar assim?
Tenho um pouco de medo do seu irmão, ele não é... normal. — Murmurei
vergonhosamente a última palavra.
Ele suspirou, escondendo as mãos nos bolsos da calça e olhou para o
outro lado da rua. — É inteligente sentir isso, mas você me intrigou. —
Disse-me, olhando-me. — Então por isso você deve ficar longe dele.
— Isso já está ficando chato. — Falei com raiva, fechando a porta do
carro com força. — Não sou uma menininha para receber ordens de
estranhos. Eu não conheço o seu irmão e sequer me aproximo dele, pois não
moramos no mesmo lugar e não frequentamos o mesmo lugar. Aliás, por que
você diz isso, hein? — Perguntei irritada, cruzando os braços.
Vittorio me observava com um sorriso escondido em seus lábios,
achando engraçado a minha revolta. Ele coçou a barba e contou. — Lucco
não é do tipo de cara de ficar com uma única mulher, ele também é muito...
impulsivo. — Escolheu a palavra lentamente, fazendo uma careta. — E você
não é o tipo de mulher para ele. Você tem um jeito meigo e centrado. Não se
arrisque, estou apenas alertando, agora vai das suas ações. — Completou.
Mordi meu lábio inferior e assenti para ele, eu não continuava a compreender
o que ele queria me dizer, mas por ser irmão de Lucco, concordei.
— Tudo bem. Recado dado. Desculpe por ser grossa. — Falei.
Vittorio sorriu educadamente e deu de ombros. — Você não foi. Acho
melhor eu voltar para lá, tenha um bom dia e tome cuidado com esses sacos
lotados de compras. — Piscou e se afastou, atravessando a rua. Meus olhos
seguiram para onde Vittorio ia e entrava no edifício luxuoso, de alguma
empresa. Olhei para alguns homens de terno que estavam ali, mas nenhum
deles era Lucco. Suspirei pesadamente e abri a porta do meu carro.
— Katherine. — Olhei para o lado e meu coração disparou ao ver
Lucco ali. Ele olhou para o lado e se aproximou de mim, lentamente. — Você
está bem? — Perguntou.
Dou de ombros e o encaro. — Por que não estaria? — Perguntei sem
gaguejar. Ele apoiou seu braço esquerdo em cima do carro e me encarou
seriamente.
— Eu vi meu irmão, conversando com você.
— Ele só estava me ajudando com as compras. — Expliquei. — Nada
demais.
Lucco assentiu para mim e olhou novamente para o lado. — Vittorio
disse para você não ficar perto de mim, eu sei disso, e ele não está errado. —
Soltei um rosnado e revirei os olhos, deixando-me irritada mais uma vez, por
causa desse assunto ridículo! Fala sério! Eu não era nenhuma menininha
idiota! Eu sabia o que fazer da minha vida.
— Você é o que? A droga de um serial killer nas horas vagas?! Não
preciso ser alertada por ninguém, pois você já deixou claro seu ponto de vista
sobre mim. Por que me aproximaria de uma cara que perdeu o juízo com a
minha amiga? — Lucco me olhou simplesmente, com as sobrancelhas
unidas, calado. Ele não esperava por essa. — Agora se você me der licença,
eu tenho que voltar para casa. E isso demora três horas. Passar bem! —
Entrei no carro e fechei a porta, Lucco se afastou e dei a partida.
Mas a última coisa que fiz, foi olhar pelo retrovisor. Lucco ainda estava
ali.
... ... ...
Já tinha anoitecido quando saí de dentro da loja Broadway Books, tinha
comprado três livros de Henry James e caminhava pela rua ansiosa para
chegar a minha casa. Virei uma rua sem movimentação e olhava para os
lados, cautelosamente, pois era bem difícil eu andar por Portland, durante a
noite. Ainda não estava acostumada com o lugar. Três homens surgiram do
outro lado da rua, rindo e conversando animados, um deles apontou em
minha direção e então resolveram atravessar a rua. Merda! Cruzei meus
braços com força e acelerei meus passos.
— EI GRACINHA! — Gritou um deles e todos riram. Quando estavam
se aproximando de mim, virei em uma pequena rua escura e subi as escadas
de pedra, rapidamente. Minha respiração se alterou ao ouvir os passos
pesados dos homens, me seguindo. — QUAL É! SÓ QUEREMOS
CONVERSAR COM VOCÊ! EU JÁ TE VI PASSEANDO EM PORTLAND
UMA VEZ, VOCÊ É LINDA. — Gritou, rindo com os outros.
Estava em um estacionamento grande e vazio e corri ao ver a descida
que levava para a avenida, mas quando estava perto, alguém puxou meu
casaco com força. — ME SOLTE! — Gritei, batendo nele com a sacola de
livros. O homem gargalhou junto com os outros dois e me soltou. Os três
estavam com capuz ou touca, seus olhares nojentos eram maliciosos sobre
mim.
— Você é muito bonita para andar por aí sozinha. — Comentou um
deles, se aproximando de mim, tentei me afastar, porém, outro deles me
segurou por traz e me fez gritar. — Nós vamos levá-la para o galpão, Jerry,
eu quero me divertir com uma sulista.
Tentei me afastar deles a qualquer custo, mas o homem me segurava
com força contra ele. Gritei pedindo socorro o mais alto que poderia. — Tape
a boca dela! — Rosnou o terceiro homem. Quando minha boca foi silenciada
por uma mão, fomos distraídos por algo. O barulho de um gatilho estalou no
meio da noite e todos nós olhamos.
— A solte ou perca a porra da cabeça. — Lucco olhava na nossa
direção e apontava a arma para os homens, ele não me olhava, estava
possesso e apertando sua mandíbula com força.
O primeiro homem, que usava capuz e luvas, levantou as mãos em
rendimento. — Desculpa cara! Não sabíamos que ela tinha... — O barulho do
tiro espancou o silêncio da noite, quando atingiu a cabeça do homem, soltei
um grito entre a mão do seu amigo e chorei nervosamente.
— PORRA! — Gritou o que me segurava. — ESTOU FORA DESSA
MERDA! — Ele me empurrou com força, fazendo-me cair de quatro, no
chão molhado, enquanto ele e o outro homem corriam rapidamente para
longe de nós.
Lucco guardou a arma e andou em minha direção, se agachando perto
de mim. — Nã-não! — Solucei, me afastando dele.
— Você está dentro de uma poça de água e suas mãos. — Ele apontou.
— Estão machucadas. — Murmurou sem se aproximar de mim. Olhei para as
minhas mãos molhadas e sujas de terra, com riscas de sangue em suas
palmas. Limpei no meu casaco e encarava Lucco, chorando.
Seus olhos me avaliavam, estava com a testa franzida e nesse momento,
não parecia intimidante para mim, mesmo tendo matado um homem há cerca
de três minutos, a arma escondida em seu sobretudo. Soltei a respiração. — O
que está fazendo aqui? — Perguntei, fungando. Lucco olhou para os lados e
então me olhou.
— Eu estava no restaurante de frente a livraria que você saiu, então saí
de lá e fiquei te observando, quando avistei os filhos da puta te seguindo. —
Rosnou. — Desculpe pela demora, fui pegar minha arma. — Murmurou.
Desviei meus olhos dele e olhei para o corpo do homem estirado no
chão, o sangue escorria pelo chão úmido, deixando-me enjoada. — Por que
você tem arma? — Sussurrei. Lucco se ergueu e estendeu as suas duas mãos
para mim.
— Venha. Vamos cuidar desses machucados. — Disse-me. Olhei para
as suas mãos estendidas e as segurei, fazendo uma careta. Lucco me puxou
do chão e rapidamente soltei as suas mãos. Porém, ele pegou minha mão
direita e olhou para ela.
Engoli em seco. — Não quero que vá para a minha casa. — soltei sem
pensar. Ele abriu um sorriso torto, ainda olhando minha mão.
— Tudo bem. Vamos até a farmácia e depois comer algo? —
Perguntou e me olhou. Balancei a cabeça em negativa. Lucco arqueou as
sobrancelhas e riu, era estranho vê-lo rindo, parecia que ele não fazia isso
com frequência. — Você não está facilitando. — Acrescentou, com um
sorriso.
Tirei minha mão da sua e me encolhi dentro do meu casacão. — Eu...
vamos até a farmácia e depois na minha casa, mas você não pode aparecer
por lá, do nada sem ser convidado. — Argumentei para ele, em voz baixa.
Lucco abriu um sorriso torto e deu um passo para trás.
— Combinado. Vamos.

A WORRIED MONSTER
(Um Monstro Preocupado).
Poderia estar sendo uma idiota, mas eu não conseguia desviar os meus
olhos do homem sentado em meu sofá, ao meu lado, com as mangas da
camisa de botões arregaçadas, enquanto passava água oxigenada em minhas
mãos. Ele estava bem ocupado, olhando para o que estava fazendo, ou talvez
estivesse fingindo concentração. Mordi meu lábio e observei seu rosto
bronzeado, o início de uma barba crescendo, o nariz reto e empinado. — Por
que tem uma arma? — Perguntei novamente. Aquilo não tinha saído da
minha mente. Por que um homem como ele andaria armado, se tinha
seguranças? Lucco me olhou de relance e continuou a cuidar dos meus
ferimentos.
— No caso de aparecer caras como aqueles, a arma é uma solução. —
Disse-me.
Remexi-me em meu lugar e suspirei. — Você matou uma pessoa
tranquilamente, como se estivesse acostumado com isso. — Questionei em
voz baixa. Lucco terminou de limpar os ferimentos e suspirou, jogando as
gazes em cima da mesinha de centro e depois pegando a pomada para
ferimentos leves.
— E você está achando errado o que eu fiz. — Retrucou. — Aqueles
caras iriam fazer algo horrível com você, tive que matá-lo para eles não se
aproximarem de você novamente. — Ele pegou minha mão, mais uma vez, e
passou a pomada com a ponta do seu dedo.
Lucco poderia estar certo, mas não era realmente necessário matar
aquele homem. Não era. Umedeci os lábios com a língua e perguntei. — Tem
que se importar muito com alguém, para fazer o que fez. Por que fez aquilo
por mim? — Ele me olhou ainda de cabeça baixa e deu de ombros.
— Estou com remorso de algo que fiz. Agora estou tentando me
redimir. — Confessou.
— Sou a que irá te fazer se sentir melhor? O que você fez? —
Perguntei curiosamente. Lucco sorriu torto, sem mostrar os seus dentes e
fechou a pomada, quando terminou de cuidar das minhas mãos.
Dessa vez ele me olhou e pegou a toalha na mesinha para limpar os
dedos. — Não sou um homem bom, Katherine, e você é doce demais. Nunca
me esbarrei com uma mulher assim como você e por esse motivo estou
assustado, você me atrai, mas não de uma forma obsessiva. — Ele se curvou,
apoiando seus antebraços sobre as coxas. — Você entende por que eu e meu
irmão quisemos alertá-la? —Perguntou, olhando-me dessa vez.
— Não precisa se preocupar comigo. — Esclareci timidamente. —
Posso me cuidar.
— Tem razão. — Concordou. — Na verdade eu não estava, mas depois
de hoje, eu vi que preciso ficar. Eu tenho um apartamento em Seattle e
pretendo ficar por aqui.
Levantei-me do sofá e retirei os medicamentos, gazes e as que foram
usadas de cima da mesinha de centro. — Sabe? — Perguntei, de repente, em
voz alta. — Isso está rápido demais. Primeiro você agiu como um retardado
em Nova Orleans, depois, hoje de manhã mandou que eu não ficasse por
perto, agora matou um cara por mim e diz que ficará por perto? Você é o
que? Um tipo bipolar? — Cruzei os braços, revirando os olhos. Lucco me
olhava com divertimento, passando o dedo sobre os lábios, como se estivesse
escondendo um sorriso.
— Agiu como um retardado? — Perguntou surpreso. — Bipolar? É
assim que me agradece? — Perguntou ainda divertido.
Passei a mão no meu cabelo comprido e virei-me de costas, andando
até a minha cozinha. Ouvi os passos de Lucco atrás de mim, quando parei na
frente da pequena lixeira e joguei as gazes usadas. Quando me virei para o
balcão da cozinha, bati contra Lucco. — Vo-você está perto demais. —
Gaguejei, segurando a pomada e a água oxigenada com força. Ele acenou
uma vez com a cabeça e olhou meus cabelos.
— Negros como a noite. — Sussurrou, tocando em meu cabelo. — Pele
branca como porcelana, bochechas rosadas, como uma garotinha. Qual a cor
dos seus olhos? — Perguntou seriamente.
Eu me sentia em combustão espontânea, ao senti-lo tocar nas pontas do
meu cabelo. Suas palavras me paralisaram e me hipnotizaram, deixando meus
olhos fixos aos seus. Mordi meu lábio e consegui dizer. — Pretos. —
Sussurrei. Ele segurou meu queixo e meu coração rugiu em resposta, com o
seu toque.
— Pretos. Você é tão atraente, Katarina. — Sua voz tinha se tornado
melosa e sedutora, eu não conseguia respirar com Lucco tão perto assim de
mim, ainda mais me chamando de Katarina, em italiano. Engoli em seco e
lambi meus lábios, nervosamente, quando me disse. — Estou me
preocupando com você, deixe-me ficar por perto. Prometo que não irei
aparecer aqui, sem ser convidado.
Respirei profundamente, tentando aliviar meu coração e o meu corpo,
ele estava ardendo em chamas. — Certo. A-acho legal. — Murmurei. Lucco
sorriu pequeno com o meu nervosismo e assentiu, retirando os dedos do meu
queixo e subindo até a minha bochecha. Seu polegar acariciava ritmicamente
minha pele, eu me sentia desconcertada.
— Também acho legal. — Sussurrou, aproximando seu rosto do meu.
— Vou deixá-la descansar então. Será que posso vir aqui amanhã?
— Pode. — Disse sem delongas. — Quer dizer, hã, sim. Vai ser legal.
— por favor, se mate de uma vez!
Lucco riu para mim e encostou sua testa na minha. Seu cheiro de
almíscar rodava em torno da minha mente, impedindo-me de raciocinar.
Como ele conseguia ser tão sedutor? — É, vai ser legal. — Disse-me,
levando sua boca até a minha testa, onde depositou um beijo demorado em
minha pele e depois, se afastou. — Tenha uma boa noite. — Sorriu e saiu de
dentro da cozinha. Quando ouvi a porta da sala se fechar, apoiei-me na pia e
coloquei a mão na testa, respirando fundo.
— Nossa. — Sussurrei, levando minha mão até o meu coração. — O
que foi isso?
HAZARD WARNING
(Alerta de Perigo).

Algumas semanas tinham-se passado e Lucco tinha se tornado uma


presença agradável para mim. Sua preocupação me deixava um pouco
mimada Eu nunca, jamais em minha vida poderia imaginar, que me
encontraria com ele, depois de anos e poderíamos nos tornar... o que éramos?
Amigos? Talvez. Lucco e eu não tínhamos absolutamente nada, mas eu
sempre o pegava olhando meus seios, ou até a minha bunda! Aquilo poderia
me deixar com raiva, mas eu até que me exibia para ele.
Minha feminilidade falava mais alto e ter os olhos de um homem como
ele, era o sonho de todas as mulheres.
Estava preparando o meu almoço, quando uma batida na porta da
cozinha me distraiu, eu olhei para trás e avistei Lucco acenando com a mão e
tentando se afastar da chuva. Limpei minhas mãos no avental e corri até lá,
girando a fechadura e abrindo a porta. — Ei! — Sorri. — Não esperava vê-lo
tão cedo. — Ele balançou o casaco para afastar a água da chuva e entrou em
minha cozinha. Toda vez que o via em algum cômodo da minha casa, ela
parecia uma casa de bonecas com ele por perto.
Lucco fechou e trancou a porta depois de me olhar. Seu olhar estava
escurecido, suas pupilas dilatadas. — Muito menos eu. — Murmurou e então
me empurrou contra a parede. Sua boca chocou-se com a minha, e sua língua
invadiu minha boca. A surpresa daquele beijo selvagem tinha me deixado
sem reação, mas quando Lucco apertou minha bunda, acordei do transe e
segurei seus cabelos com força. Soltei um gemido entre nossas bocas e Lucco
chupou minha língua, roçando o seu corpo no meu. Rapidamente ele me
virou de costas para ele e segurou meu pescoço, enquanto me beijava, sua
mão livre desceu até o meu seio direito e o aperto brusco me assustou.
— Lucco... — Sussurrei ofegante. — Espera, você está me
machucando. — Gemi, com sua outra mão descendo até a minha parte
íntima, coberta pelo meu jeans.
Ele soltou um rosnado em meu ouvido e afrouxou seu aperto. — Me
desculpe. Acostumei com o bruto. — Sussurrou em meu ouvido, voltando a
me beijar, mas dessa vez lentamente. — Vamos para o balcão da cozinha. —
Lucco me virou de frente para ele, me pegou no colo, beijando-me
profundamente. Quando me sentei no balcão, espalmei minhas mãos em seu
peito.
— Eu... eu não vou fazer isso na cozinha. — Ri nervosamente.
Lucco mordeu meu lábio inferior e me olhou. — Por que não?
— Porque é anti-higiênico. — Respondi. Ele me olhou por alguns
segundos e balançou sua cabeça.
— Eu vou fingir que não escutei isso. — Disse e me beijou.
Empurrei seu peitoral inutilmente e virei minha cabeça. — Por favor.
— Supliquei a ele. Lucco soltou um suspiro, enquanto olhava todo o meu
corpo, seus olhos possuíam um brilho sedutor e animalesco.
— Seu desejo é uma ordem, mia ragazza. — Ele me pegou em seu colo
novamente, beijando meus lábios e saindo de dentro da cozinha.
... ... ...
Caímos sobre o colchão macio da minha cama, nos beijando
fervorosamente, entre as minhas coxas, eu pulsava e me sentia
completamente molhada, com o seu corpo grande sobre o meu, suas mãos
dançando por todo o meu corpo, e sua língua e boca reivindicando meus
lábios. Soltei um gemido, quando Lucco abriu minhas pernas e roçou seu
membro sobre mim. — Porra, você está me deixando duro pra cacete. —
Rosnou ele, enfiando seu rosto no meio dos meus seios.
Lucco se ajoelhou na cama, sem desviar seus olhos de mim, enquanto
desabotoava minha calça e puxava ela do meu corpo. Depois se curvou e
levantou minha blusa, retirando ao mesmo tempo em que meu sutiã azul.
Escondi meus seios com os braços e ele tirava minha calcinha. — Minhas
meias. — Sussurrei ofegante. — Ele balançou a cabeça, tirou o sobretudo e
rapidamente desabotoou sua camisa preta.
— Não vou foder seus pés. — Respondeu, depois de um tempo, tirando
a calça, sapatos e meias. Olhei atentamente para o seu corpo bronzeado e fiz
uma careta.
— Lucco. — O repreendi.
Ele soltou uma risada e se jogou para cima de mim. — Eu já disse.
Estou acostumado com o bruto. — Suspirou em meu ouvido, chupando meu
queixo. Fechei os meus olhos com as sensações, quando sua boca engoliu
meu mamilo esquerdo, arqueei as costas da cama e segurei seus cabelos com
as mãos, gemendo.
— Tente ser menos bruto comigo. Já estou fora do combate há um
tempo. — Disse-lhe enquanto gemia e arqueava toda, com a língua de Lucco
em meu mamilo.
De repente, ele parou de fazer aquela coisa tão gostosa e olhou para
cima. — O que? — Perguntou. Dei de ombros e ele sorriu. — Há quanto
tempo não transa? — Perguntou maliciosamente, acariciando meu mamilo
duro com o polegar. Mordi meu lábio com força e suspirei tremulante.
— Uns... três anos. — Murmurei para ele. — Eu não me lembro.
Lucco beijou a curva do meu seio e aproximou sua boca da minha. —
Acho que vou tentar não ser bruto. Você deve estar apertadinha, meu amor.
— Gemeu em meu ouvido, roçando seu membro másculo, para cima e para
baixo, lentamente, na minha parte íntima. De repente, Lucco foi deixando
beijinhos por todo meu corpo e quando parou no meio das minhas pernas,
separou-as e enfiou língua lá dentro. Gritei com a sensação deliciosa e
segurei os lençóis com força, enquanto gemia alto e me contorcia. Ele girava
sua língua, repetidas vezes, dentro de mim, assim como a estocava
rapidamente, deixando-me mais acessa do que nunca estive.
Seus olhos pararam em meu rosto, quando senti dois dedos seus me
invadindo. Fechei meus olhos, com vergonha e gemi baixinho. Eu queria
mais do que dedos. — Hmmm, você está no ponto, baby. — Sussurrou e
fazia um vai e vem dos dedos dentro da minha vagina. — Por que não fiz isso
antes? Esse tempo todo eu estava com uma joia preciosa.
— Lucco... — Chamei excitada por ele.
Ele puxou meu braço de cima dos meus olhos e o avistei
completamente nu, engoli em seco com a visão pecaminosa que presenciava,
quando ele se curvou sobre mim e me beijou profundamente. — Você não
toma remédio? — Perguntou. Balancei a cabeça em negativa e acariciei seu
rosto. — Eu não tenho camisinhas, óbvio, então quando gozar eu vou tirar de
dentro de você, ok? — Disse um ok apressado, e eu mesma abri as pernas o
quanto podia e beijei sua boca quente e convidativa. — Assim não. — Lucco
se afastou de mim e virou-me de lado e dobrando minhas pernas, em posição
fetal. Seu olhar se cruzou com o meu, quando então Lucco me penetrou de
uma só vez.
— Ahhhhh! — Gemi em voz alta, sentindo uma de suas mãos
segurando meus pulsos e a outra sobre minha cintura. Lucco bombeou
fortemente dentro de mim, o que me fazia sentir tudo! Eu estava mais
molhada, completamente excitada, suas estocadas brutas me deixavam em
êxtase, mas aquela dorzinha rugia para pedir que ele diminuísse o seu ritmo,
porém, eu não queria isso. Uma mão de Lucco subiu até o meu seio e seu
ritmo não perdido. Ele me penetrava com força e os únicos sons do quarto
eram os meus gemidos altos, e o barulho da sua pele se chocando contra a
minha.
Dessa vez eu abri os meus olhos e observei onde estávamos
encaixados. — Tão gostosa... estou sentindo você se acostumando com o meu
tamanho. — Rosnou, estocando sem parar, seu pau entrava e saía
furiosamente e cada vez que ele entrava, estava mais molhado. Lucco parou
sua penetração e segurou meus quadris, virando-me de costas para ele e
erguendo minha bunda. Senti a sua língua me invadir novamente e suas mãos
apertavam minhas nádegas, enquanto chupava minha vagina com vontade. Eu
era só gemidos e gritos, não conseguia formular uma palavra sequer, minha
cabeça girava pelo o que estava acontecendo e mesmo assim, eu estava
adorando.
Lucco parou com o oral e olhei para trás, quando o vi se ajoelhar atrás
de mim e enfiar seu membro lentamente. Fechei meus olhos, gemendo
baixinho e dessa vez Lucco me preenchia devagar. — Vamos começar assim,
bem devagarinho para não sentir dor. — Ele falou e alisava minha bunda e
coluna. — Você é tão sensível, essa pele é tão cremosa. — Sussurrou.
Novamente gemi baixo em ouvir suas palavras, quando Lucco se curvou por
trás de mim e virou minha cabeça. — Abra os olhos, não sinta vergonha de
mim. — Murmurou com a voz pesada. Eu não queria olhá-lo, sempre tinha
vergonha de olhar, ou fazer sexo durante o dia, mas pelo visto Lucco era o
contrário de mim.
Abri lentamente os meus olhos e dei de cara com a sua, estava
totalmente excitado e com a testa franzida. — Isso... esses lindos olhos
inocentes sobre mim. Você gosta do que estamos fazendo? — Perguntou com
carinho. Mordi o lábio inferior, gemendo e assenti. — Gosta de como eu te
deixo molhadinha? Gosta? — Perguntou e sugou meu lábio inferior com os
seus.
— Gosto. — Respondi excitada.
Ele passou as mãos em meus seios e assentiu. — Você é a chave da
minha libertação, minha doce Katarina. — Quando Lucco me disse isso, suas
estocadas ficaram ferozes, fazendo a cama se balançar com a brutalidade do
sexo. Amassei os lençóis em meus dedos, gritando e gemendo e fechei meus
olhos. — NÃO! OLHOS ABERTOS! — rugiu, penetrando-me com mais
força. Abri os olhos e encarava seu rosto excitado e suado, a cada estocada
firme. Lucco me encarava entre seus grunhidos, enquanto me invadia com
rapidez, ele beijou minha boca com força e então se levantou, ficando
ajoelhado por trás de mim, puxando meus cabelos com tanta força, que tive
que jogar a cabeça para trás.
Sua mão em meu quadril apertava minha pele, cada vez mais, um tapa
forte veio em minha bunda e gritei excitada por isso. Lucco continuava a
estocar com força, nunca perdendo o ritmo e deixando-me com mais tesão. A
dor meu ventre era insuportável, mas não ousaria em pedir que parasse, eu
queria aquilo. Eu queria que ele mostrasse o quão era bom, aliás, já estava
mostrando. De repente, ouvi Lucco arquejar e gemer ofegante, ele enfiou
tudo dentro de mim, atingindo rapidamente, com facilidade o meu ponto G.
Abri a boca com um grito e gemido alto, gozando furiosamente. Lucco estava
estocando com brutalidade, quando também rosnou alto e gozou.
Eu não fazia ideia de como ele tinha feito aquilo! Lucco era o terceiro
homem que tinha me feito gozar, mas confesso que com ele foi
excepcionalmente melhor! Eu não esperava por aquilo.
Fechei os olhos, arrastando meu rosto sobre o colchão, quando Lucco
caiu sobre mim, respirando alto, como se estivesse correndo quilômetros
daqui. Sua mão esquerda segurava o meu quadril e quando ele finalmente se
recuperou, saiu de cima de mim e me virou com a barriga para cima. Ele
estava com o braço apoiado e tirando o cabelo do meu rosto. — Você está
bem? — Perguntou, enquanto acariciava meu rosto. Seus cabelos estavam
pingando de suor, assim como o seu peitoral. Aquilo me deixou contente, em
saber que eu conseguia deixar um homem desses, suado.
Ah, cala a boca sua idiota!
— Sim. — Consegui dizer. — E você?
Lucco se curvou para me beijar delicadamente e quando terminou,
disse. — Ótimo. — Ficamos em silêncio, por alguns segundos, e eu estava
começando a sentir frio. Encolhi-me ao lado de Lucco, procurando em me
esquentar. — Está com frio? — Perguntou, puxando o edredom por baixo de
nós dois. Ele nos cobriu e deitou-se com um suspiro, enquanto me puxava
para seu peito. Olhei para cima, observando seu rosto. Lucco já me olhava,
um olhar penetrante, não havia como desviar.
— Isso foi muito bom. — Sussurrei timidamente.
Um sorriso torto, sem mostrar os seus dentes, preencheu seus lábios ao
ouvir aquilo, ele tocou no meu rosto com sua mão e suspirou. — Eu nunca
imaginei que seria capaz disso. — Murmurou franzido. — É estranho e ao
mesmo tempo bom. Você me tirou da minha zona de conforto. — Completou
para mim, suspirando. Mordi meu lábio inferior e abaixei meu olhar.
— Isso é ruim? — Perguntei e o olhei.
Lucco me encarou, puxando-me mais para cima, até que meu rosto
estivesse perto do seu. Seus olhos castanhos escondiam algo, ele tentava, mas
o que seria? — Eu não sei, mas deve ser perigoso. — Respondeu. Franzi o
cenho e levantei minha cabeça sem compreender. Ele riu e segurou meu
braço. — Digo para mim, é perigoso para mim. Nunca me envolvi assim,
com uma mulher. Eu... eu não sou bom, Katherine.
— Por que não? O que você faz ou fez para se rotular dessa maneira?
Você matou um cara por mim, Lucco. Você saiu de Nova York e veio morar
em Seattle, para ficar perto de mim! Conhecemo-nos há apenas um mês e já
me sinto em casa com você... — Mordi meu lábio e toquei lentamente em seu
rosto, Lucco suspirou, fechando os olhos. — O que quer que tenha feito, se
você realmente estiver arrependido, então está perdoado, mas não poderá
fazer o mesmo erro de novo. Se você fizer isso, não me importo com o seu
passado. — Sussurrei e me aproximei dele, beijando sua boca lentamente.
Lucco me girou, ficando por cima de mim e fazendo-me rir. Ele cessou
o beijo e me olhou. — Meu passado não é simples, se você souber, sentiria
nojo e ódio de mim. — Admitiu. — Em algum momento, você irá descobrir e
então, esse sentimento novo que estou sentindo, vai ser em vão.
— Por que está dizendo isso? — Perguntei em confusão. — Está
parecendo que você não quer se envolver e fica dizendo essas coisas.
Lucco soltou um grunhido e saiu de cima de mim, ficando de pé e
dando-me a visão da sua bunda musculosa e lisa. Ele pegou sua calça,
vestindo-a e depois me olhando. — Olha... eu só não sei como controlar isso,
Katherine. Eu nunca gostei de uma mulher, como gosto de você. Nunca fiz...
sexo no qual a mulher se contorce tanto de prazer. — Ele fechou a boca e
passou a mão no cabelo avermelhado. — Não quero que se prenda a mim. —
Disse-me com cautela, me encarando. Certo. Eu já tinha sacado.
Levantei-me da cama, pegando minha calcinha e meu sutiã, vestindo-
os. Eu sentia o olhar de Lucco sobre mim. — Katherine...
— Olha quer saber?! — Perguntei em voz alta, me endireitando. —
Você, é um tremendo idiota ao falar essas coisas apenas para cair fora! Se
você queria só transar, não precisava fazer essa cena! Não sou uma criança,
posso viver a minha vida sem que tenha você por perto! Eu já estava fazendo
isso, mas você tinha que chegar com esse charme e me deixar... e me deixar...
— Lucco se aproximou de mim, com um olhar predatório, cruzei meus
braços com força e mordi meu lábio inferior.
Ele suspirou baixo e puxou meu lábio com o seu polegar. — Eu vou te
contar o que eu sou, mas não vou dizer o que eu já fiz. E também não sou
esse tipo de otário, que faz charme apenas para foder uma mulher, posso
fazer isso sem dizer uma palavra. — Engoli em seco e assenti.
— Ok. — Sussurrei. Meus olhos desceram para o seu corpo exposto,
quando notei uma cicatriz no seu abdômen. — O que foi isso? — Perguntei,
passando meus dedos na cicatriz. Ela estava um pouco alta e a pele mais fina.
Lucco tocou com os dedos junto comigo e sorriu. — Meu irmão me
esfaqueou.
— Ele... o que? — Perguntei incrédula.
Uma risada escapou dos seus lábios, depois ele segurou minha cabeça,
beijando minha boca. — Longa história. Venha, vamos comer algo. — Lucco
se afastou de mim, caminhando para fora do quarto e deixando-me confusa.
Por que o irmão dele o esfaqueou? Eu também não poderia deixar de lado as
brechas de Lucco, as coisas que ele me disse. Nunca sentiu algo por uma
mulher, não fez sexo como uma mulher que se contorcesse de prazer?! Isso
era impossível e também muito estranho.
Agachei-me pegando minha calça e blusa, vestindo e depois saindo do
quarto.
Ele deveria se explicar.
RECKONING
(Acerto de Contas).

Depois de um mês em casa, minhas férias tinham chegado ao fim. O


que era demais, ao mesmo tempo, chato, pois depois que Lucco resolveu
bancar uma de casal ao meu lado, eu não queria voltar ao trabalho. Todas as
manhãs ele me entregava um buquê de rosas, cada dia uma cor diferente, lá
no trabalho. Às vezes durante a noite, eu era acordada por ele, fazendo um
belíssimo oral ou até mesmo me penetrando lentamente. Tão bom! Lucco
tentava ser paciente e calmo no sexo, mas então, seu lado bruto falava mais
alto e o sexo ficava intenso e exaustivo, deixando cada parte do meu corpo
dolorido.
Não estou reclamando! O sexo com aquele homem era algo inumano!
Eu nunca tinha transado naquele estilo em toda minha vida, agora Lucco
proporcionava isso para mim, era surreal. Em alguns momentos, me
perguntava por que ele sempre gostava de apertar meu pescoço com sua mão,
ou enfiar minha cara no travesseiro, mas acabei deixando isso de lado, talvez
era o estilo do sexo dele.
Já estava no fim da tarde, quando cheguei do trabalho. Entrei pela
cozinha e deixei algumas sacolas de compras sobre o balcão. Joguei as
chaves ali mesmo, junto com a bolsa e tirei meu casaco, colocando sobre as
costas de uma banqueta. Espalmei minhas mãos no balcão e suspirei, olhando
em volta. Caminhei pela sala com as luzes apagadas e quando iria acender o
abajur, uma mão segurou a minha. — DEUS! — Gritei, olhando para trás.
— Sou eu. — Murmurou Lucco, andando até a janela da sala, olhei
para a sua mão, onde ele carregava sua arma.
— O-o que está acontecendo? — Perguntei assustada, correndo em
direção a ele.
Segurei seu braço firmemente e Lucco me olhou. — Se lembra da
nossa primeira vez? Quando eu disse que iria te contar o que eu sou? —
Perguntou em voz baixa. Acenei com a minha cabeça e Lucco olhou
novamente pela fresta das cortinas. — Bem, eu atraí pessoas nada legais,
ficando em Seattle por muito tempo. Agora eles estão aqui.
— Espera. — Consegui dizer. — Eles? Quem são eles? O que você está
tentando me dizer, Lucco? — Alterei minha voz para ele, Lucco tapou minha
boca e me empurrou para longe da janela.
Quando paramos na porta da cozinha consegui vislumbrar seu rosto.
Estava sombrio e preocupado. — Estou... estou tentando te dizer que eu faço
parte de uma organização, Katherine e esses caras, são da Família Colacurcio.
Eles não aceitam outros membros das Famílias rivais em seu território. —
Lucco engoliu em seco e respirou fundo. — Sou um membro da máfia
italiana. Eu... sou um mafioso e agora meus inimigos estão aqui para
acertarem as contas. Eles sabem a minha razão para estar em Portland. —
Abri minha boca para respondê-lo e vacilei.
Minha cabeça girava e eu não me sentia bem, coloquei a mão em minha
barriga e sentia minha respiração se ofegar. — Você... você... — Corri para a
pia e vomitei meu café da tarde. Senti Lucco atrás de mim, segurando o meu
cabelo. Quando tinha despejado tudo, abri a torneira e lavei a minha boca.
— Katherine? — Chamou, com preocupação.
Virei-me para ele e olhei seu semblante confuso. — Você... mentiu
para mim. — Sussurrei ofegante. — POR QUE NÃO CONTOU ISSO
DESDE A PRIMEIRA VEZ QUE BOTOU SEUS PÉS NA MINHA CASA?!
— Gritei e tentando empurrá-lo.
— Porque eu não queria vê-la envolvida nisso, Katherine! —
Exclamou, segurando meus pulsos. — Porra, eu não gosto dessa merda de
discussão! Você precisa entender que não é fácil dizer o que sou Katherine!
Eu já matei, machuquei e fiz outras coisas horrendas e nunca me arrependi de
nada, mas agora... Deus, você me faz querer mudar. Eu estou... eu... — Lucco
foi interrompido, por um estrondo alto de tiro e vidro sendo quebrado, dentro
de casa. Ele me puxou bruscamente, me jogando no chão e ficando sobre
mim.
— AH MEU DEUS! — Vociferei, colocando as mãos em cima da
minha cabeça.
Lucco puxou-me pelos tornozelos, me encostando ao lado da bancada
da cozinha, enquanto os tiros continuavam a atingir minha casa. — VOCÊ
FICA AQUI! NÃO SONHE EM SAIR DAQUI, ESTOU FALANDO
SÉRIO, KATHERINE! VOU LIGAR PARA O MEU IRMÃO. — Lucco
tentou sair do meu lado, porém, o meu desespero estava alto. Ele iria me
deixar ali?!
— NÃO! — Segurei o seu braço com firmeza. — Não me deixe aqui!
Por favor, Lucco...
— Se eles te pegarem eu vou surtar e quando eu surto não tenho freio,
Katherine! — Exclamou. Lucco segurou meu rosto e apertei seus pulsos com
as minhas mãos, chorando. Os tiros tinham cessado. — Confie em mim, por
favor, apenas me ouça. Se esses caras pegarem você, eu vou matar todos que
estiverem na minha frente. Meu irmão chegará rápido e vamos tirá-la daqui.
Prometo. — Sussurrou e beijou a minha boca. O gosto do meu medo
preencheu os lábios dele, eu não queria que Lucco ficasse longe, mas o
obedeceria.
Ele beijou minha testa e se afastou ainda agachado, deixando-me aflita.

SLAUGHTERHOUSE
(Matadouro).

Minutos tinham-se passado e minhas pernas estavam dormentes, pela


posição que eu me encontrava. Não tinha escutado sequer um barulho, nem
de pessoas falando ou gritando, nem de tiros e nem de nada! Eu queria que
Lucco permanecesse ao meu lado, mas também queria que ele se afastasse!
Ele mentiu para mim, escondeu de mim o que ele é. Um criminoso! Antes,
quando Olivia quis me alertar sobre Lucco, eu achara que talvez ela estivesse
envolvida com ele. Erro meu. Minha amiga sabia quem ele realmente era, por
esse motivo quis afastar-me dele.
Respirei profundamente e andei agachada pela cozinha, as luzes
estavam apagadas, mas quando parei na porta, pude notar o estrago em que a
minha sala se encontrava! Destruída! Móveis destruídos e paredes destruídas!
Somente essa palavra se rotularia para o que houve.
Tentei olhar pelos buracos de balas na porta principal da casa,
buscando por alguém lá fora, mas não havia nenhum sinal! Corri para trás do
sofá e me sentei no chão, respirando ofegantemente. Eu sei. Lucco pediu que
eu permanecesse onde ele tinha me deixado, mas tinha passado muito tempo
e eu estava realmente assustada, com o que estava acontecendo. Olhei pelo
corredor da casa, onde a porta de vidro estava aberta e comecei a engatinhar
até lá. Quando cheguei ao jardim de trás da minha casa, me levantei do chão
e fechei os olhos.
— Te peguei! — Uma voz masculina surgiu por trás de mim e mãos
me seguraram com força, uma delas tapando a minha boca. — Então é você
que atraiu os Gratteri para o nosso território? — Perguntou em meu ouvido.
Soltei um grito sobre a sua mão e tentei me soltar dele, mas não consegui.
Olhei para todos os lados em busca de uma ajuda, principalmente a de Lucco,
porém estávamos a sós! O homem caminhou comigo pelo quintal, fazendo
com que eu sentisse o cano da sua arma na minha têmpora. Minhas lágrimas
silenciosas escorriam dos meus olhos, para a mão do homem e tudo o que eu
mais queria naquele momento era o Lucco.
O homem parou de andar por um momento, distraído com algo,
praguejando baixo, consegui olhar para trás onde o avistei tentando tirar seu
aparelho celular do bolso da calça, mas a arma que ele segurava o impedia
disso. Mais uma vez olhei por todos os lados quando então o vi, Lucco
correndo silenciosamente para fora da casa e com a arma estendida. Sem
pensar duas vezes, mordi o dedo do maldito, fazendo-o gritar e dei uma
cotovelada na sua cara. — CADELA! — Ele rugiu, tentei correr para Lucco,
mas o homem me alcançou, puxando-me pelo cabelo e esbofeteando meu
rosto com força. Gritei em dor e me colidi contra a grama, gemendo de dor e
sentindo sangue escorrer. — VOCÊ SE ACHA ESPERTA, VADIA?! —
Gritou ele, chutando meu estômago com o seu pé. Curvei-me soltando um
grito entredentes e agarrei minha barriga com as mãos, quando então alguém
disse.
— Talvez eu seja esperto. — Olhamos para Lucco que estava atrás do
meu agressor com a arma apontada para ele, Lucco não deu outra palavra
quando o tiro foi disparado, com o silenciador, fazendo o homem cair ao meu
lado com os olhos sem vida e um buraco na cabeça. Dessa vez eu não gritei,
apenas desviei meus olhos e gemi com a dor do chute. Lucco correu até mim
e me pegou no colo com facilidade, enquanto dizia. — Eu sabia que não
ficaria na cozinha! Se eu não tivesse notado que faltava mais um desses
vermes, você estaria... — Ele soltou um rosnado e me pôs no chão com
cautela. Abracei sua cintura com força e saímos do quintal, indo para frente
da casa.
Quando chegamos lá, parei de caminhar e arregalei meus olhos. —
Meu... Deus. — Sussurrei. Havia quatro homens mortos na frente da casa.
Um estava com uma faca encravada no pescoço, o outro com uma espécie de
corda enrolada, também em seu pescoço, um estirado na grama, de bruços, e
o último homem estava com o rosto desfigurado por tiros de arma. Desviei
meus olhos, daquele tipo de matadouro humano e apertei o sobretudo de
Lucco contra os nós dos meus dedos. — Seu irmão fez isso? — Perguntei
soluçando. Lucco me olhou franzido e depois me pegou novamente no colo e
caminhando para dentro da casa, ele subiu pelas escadas rapidamente e
finalmente parou em meu quarto.
Ele me colocou sentada na cama e andou até o meu closet, tirando
minha mala dali e depois retirando as minhas roupas. — Eu menti. Foi apenas
para acalmá-la. Sei me cuidar muito bem. — Murmurou sombriamente. Ele
parou ao lado da janela, empurrando uma fresta da cortina e depois suspirou.
— Eu... eu tenho uma bela casa na Irlanda, lá você poderá fazer o que quiser,
será sua agora. — Ele completou, continuando a guardar minhas coisas
dentro da mala. Pisquei algumas vezes, tentando entendê-lo e consegui me
levantar, com uma mão na barriga e a outra servindo de apoio no colchão.
— Não... não, eu...eu não estou entendendo. O que está dizendo?! —
Perguntei confusa, parando ao lado da segunda mala que Lucco guardava
minhas roupas.
Ele me deu um olhar perturbador, deixando-me assustada com isso, eu
não o reconhecia. Parecia que algo obscuro dele, tinha voltado. — Você não
pode ficar na América. Não vou deixar que ninguém toque em você,
Katherine. — Respondeu. — Precisa partir sem mim, não posso escondê-la
em Nova York na PORRA DO MEU APARTAMENTO! — Rugiu, puxando
a gaveta da cômoda para fora e jogando-a contra a parede. Encolhi-me,
assustadoramente, arregalei meus olhos, observando ele, de costas para mim,
apoiando suas mãos na cômoda. — Você entendeu agora porque nunca quis
sentir paixão ou até mesmo amor, por uma mulher? Porque eu sabia que
acabaria dessa forma! Eu sabia que a minha vida que eu levo, iria destruir
isso! Agora sinto ódio de mim. Por me apaixonar por você, acabei trazendo
risco a sua vida.
— O que? — Perguntei surpresa. Lucco olhou para trás de relance e
depois se virou, seu olhar era quebrado com emoções misturadas. Ódio,
tristeza... Caminhei até ele e encarei aqueles olhos perdidos, aqueles lindos
olhos. — Está apaixonado por mim? — Sussurrei.
Lucco engoliu em seco, assentindo. — Muito. Completamente
apaixonado e isso é extremamente novo. Nunca me senti dessa forma, Katy...
eu me sinto amado, por você. Fazia tanto tempo que não me sentia assim. —
Sussurrou de volta, segurando meu rosto. Olhei para cima, com lágrimas
escorrendo e Lucco me encarava com dor. — E por isso eu tenho que deixá-
la partir. Só ficarei em paz quando souber que está em segurança.
— Por favor, não faça isso comigo. — Sussurrei baixinho e chorando.
— E-eu o quero por perto Lucco, pois também o amo. Pouco me importa o
seu passado. Venha comigo, vamos construir um novo caminho, um novo
destino e deixar o passado para trás. Por favor. — Supliquei, apertando sua
roupa com meus dedos. Ele me olhava de perto e não havia como não
perceber a dor que transparecia os seus olhos.
Lucco me surpreendeu ao beijar meus lábios selvagemente, me
pegando em seu colo e indo até a cama. Ouvi-o empurrar as malas para o
chão, em seguida me deitando delicadamente sobre a cama. Lucco se afastou
de mim apenas para se despir, quando estava nu e pronto para mim, me
ajudou a tirar minhas roupas.
Ele se deitou por cima de mim, ao mesmo tempo, me penetrou,
entrelaçando suas mãos com as minhas, se movimentando com prazer. Fechei
meus olhos, gemendo baixo, arqueava meu corpo sempre buscando para estar
o mais próximo que pudesse dele. Tê-lo dentro de mim sempre parecia uma
ilusão, de que talvez eu estivesse fantasiando isso tudo, desde aquela tarde
fria e chuvosa em Nova Orleans.
— Eu estou bem aqui. — Sussurrou Lucco com a voz pesada. Virei
minha cabeça e beijei seus lábios, gemendo com ele a cada estocada firme
que eu recebia. Quando tínhamos nos entregado, libertando-se juntos, Lucco
pousou sua testa suada entre os meus seios, respirando ofegante. Eu me sentia
tão bem assim, com a sua presença perto de mim... — Precisamos ir. Não é
seguro. — Falou depois de um tempo.
Vestimos-nos em silêncio dentro do quarto e Lucco pegava tudo o que
era necessário e guardava nas malas. Quando tinha terminado, saímos às
pressas de dentro de casa e entramos em seu carro. — Mais e a vizinhança? A
polícia? Por que não vejo nada disso aqui? — Perguntei no momento em que
Lucco entrava no carro. Ele ligou o motor e me olhou.
— Porque eles sabem do que trata isso. Não pense demais. —
Murmurou, dando partida.
D O H AV E T O S A Y G O O D B Y E ?
(Tenho que dizer Adeus?).

Lucco apareceu por perto depois de quinze minutos, olhando


atentamente pelo aeroporto. — Ninguém nos seguiu, o que é ótimo.
Aproveitei o momento e fui até o caixa 24 horas. — Ele entregou uma sacola
de loja em minha mão, rapidamente olhei o que tinha lá dentro. Arquejei com
a visão e olhei assustada para Lucco.
— Não posso aceitar seu dinheiro. Aqui tem muito...
Ele abriu um sorriso triste e segurou-me pela nuca. Olhei para cima e
sentia as lágrimas aparecendo. — Você já aceitou. Não aceito nãos,
Katherine, e isso é para sua proteção. — Ele limpou as lágrimas do meu
rosto, distraidamente, enquanto olhava a nossa volta. — Eu conheço um cara
que é grande amigo meu. Ele já sabe de você e está disposto a ajudá-la,
qualquer ajuda que ele sugerir, você deve aceitar. Se não sentir confortável
pode me ligar. Esse cara se chama Caleb Harraughton e estará te aguardando
no aeroporto na Irlanda. — Lucco percebeu a minha agonia e tristeza ao ouvi-
lo dizer aquelas coisas e então parou, sentia seu polegar acariciando minha
nuca, quando então sua voz encontrava-se mais carinhosa.
— Eu sei que é loucura. Eu sei! Mas não posso pô-la em perigo, você
me deu uma brecha para a nova vida e agora ela foi arrancada de mim. Acho
que meu destino sempre será sombrio e solitário. — Riu sem humor. — Bem,
Caleb fará documentos novos para você. Outro nome, outra cidadania. Estará
segura por lá, conheço alguns membros da Família Colombo que operam ali e
eles não são do tipo de atacarem sem saberem do que se trata. Estará segura
por lá.
Fechei meus olhos, balançando minha cabeça e suspirei tremulando. —
E-eu não quero ficar tão longe de você. Eu não quero. — Chorei em
desespero. Os olhos de Lucco brilharam-se com tristeza e amor, então ele me
puxou até o seu corpo, me abraçando com força.
— Eu irei vê-la, meu amor. Não poderei viajar sempre, pois vou atrair
inimigos mais uma vez, mas estarei lá. Eu prometo. — Sua boca beijou o
topo da minha cabeça, ao mesmo tempo, o aeroporto comunicou que o
embarque para a Irlanda já estava aberto. Enfiei meu rosto no peitoral de
Lucco, soltando um grito abafado e depois olhando para ele. Seu olhar estava
impassível, escondendo a dor que sentia. — Escute bem. Não quero vê-la
trabalhando em nenhum local, até que eu tenha certeza que ninguém saberá
quem você é. Estarei depositando essa mesma quantia que está na sacola,
todo mês. Se acalme! Será por pouco tempo. Eu prometo. — Sussurrou a
última frase.
Mais uma vez o anúncio da viagem foi dado e chorei como um bebê.
Eu não queria ir.
Lucco encostou sua testa contra a minha, soltando sua respiração com
força, pela boca. — Vai estar sempre ao meu lado? — Perguntei entre
soluços. Ele me beijou nos lábios com força e em seguida segurou minha
cabeça.
— Sempre ao seu lado. — Rosnou, me beijando, pela última vez. —
Isso não é um adeus. — Garantiu.
Soltei um suspiro e peguei minha bolsa com a mão livre, com a outra,
eu segurava a mão de Lucco e me afastava, ao mesmo tempo. Quando nossas
mãos se separaram, ele suspirou como eu e seus olhos estavam vermelhos,
com saudade, mas também com um vislumbre de raiva. Virei-me de costas
para ele e então... eu parti.

SOME YEARS GONE


(Alguns anos se Passaram).

Retiro meus cabelos, que batem em meu rosto, e sorrio na direção que
Caleb e Selene brincam de pega-pega, aos gritos e risos. Cruzo minhas pernas
sobre o cobertor estirado na grama, e olho para o meu anel de noivado, junto
ao de casamento. Suspiro e mordo o lábio inferior, para não pensar demais.
— Katy? — Chama Caleb, se sentando ao meu lado e sorrindo para mim. —
Você está bem? — Pergunta. Dou de ombros para a sua pergunta e observo
Selene, subindo em uma árvore e brincando com o nosso cachorro, que late.
— Apenas pensando. — Sorrio e o olho.
Caleb revira seus olhos verdes, pega um morango de dentro da
tupperware aberta. — Chega disso, Katherine. — Murmura somente para
mim. — Ele apareceu somente duas vezes e isso foi há oito anos. Se ele
realmente a amasse, não faria isso, não faria com que nós...
— Com que nos casássemos por contrato? Apenas para enganar a droga
dos inimigos dele? — Pergunto com raiva. — Ele só se importa com ele
mesmo, Caleb. O que aconteceu foi que eu me apaixonei por um monstro,
por alguém que tem apenas amor próprio! — Completo e respiro fundo,
impedindo que as lágrimas caíssem. Caleb me dá um olhar simples e depois
olha para onde Selene está brincando.
— Você precisa contar para ele, Katy. Ele tem o direito de saber, pois
você sabe muito bem que você está aqui, em segurança com a Selene, graças
a ele. — Caleb lembra, com uma voz chateada. — Ele não a amaria se fizesse
isso.
Dou de ombros novamente e dessa vez encaro Caleb. — E se me
amasse estaria aqui, ao meu lado e não vivendo uma vida de mafioso
aventureiro. — Balanço a cabeça para os lados e respiro profundamente. Esse
assunto sempre me deixa esgotada. — Águas passadas. Estou bem sem ele.
— Minto e minha voz falha no final da frase. Caleb arqueia suas
sobrancelhas e ri da minha cara, pegando mais outro morango.
— Certo, mas então quando contará para ela? — Ele aponta para
Selene. — A garota é esperta demais, Katherine, ela sempre foi. Algum dia
você deverá dizer a verdade para a sua filha. — Cochicha para mim e da uma
piscadela.
Levanto-me do chão e encaro Caleb. — E enquanto esse dia não chega,
ela não precisará saber. — Afirmo. Viro minha cabeça na direção de Selene e
engulo em seco. Cabelos avermelhados, olhos de cor avelã, porém, quando
está de noite eles se tornam castanhos escuros. E o seu sorriso. O sorriso que
me fez lembrar a época em que amei um homem mau, mas que foi bom para
mim. Um homem que me protegeu e cuidou de mim, mas agora? Agora ele
se foi. Limpo de meu rosto a única lágrima que rola e então respiro
profundamente, dizendo. — Ela não precisa saber que é uma Gratteri.
Katherine e Selene voltarão no oitavo livro da Série Submundo
(The Don Colombo) Aguardem!!!

Série Submundo...

Destinada ao Capo - livro 01.


Destinada a Senti-lo - livro 02.
Destinada a Amá-lo - livro 03.
Destinados Eternamente - livro 2.1 continuação do livro 02.
Destinada a Força - livro 04.
Destinada por Você - livro 05.
Dark Revenge - Spin-Off da Série Submundo (Lucco Gratteri).
Heart Delivered - conto (Lucco Gratteri).
GRATTERI - livro 06.
PULSATION - Spin-Off da Série Submundo (Biana Gratteri).
Intensa Malícia - Spin-Off da Série Submundo (Lucco Gratteri).
Lord of Lies - livro 07.
The Don Colombo - livro 08.
Capo Dei Capi - Underworld Finale.

Redes sociais da autora...


Instagram: @_thenewclass
Wattpad: @thenewclasic_

Obrigada por sua leitura! Nos vemos na próxima estória.

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