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FACULDADE SANTA TEREZINHA – CEST

CURSO DE DIREITO

ENSAIO CRÍTICO

São Luís
2019
ANTONIO JERONIMO DE ALMEIDA NETO

EDIVALDO GONÇALVES MARTINS JÚNIOR

JOÃO VICTOR SILVA SOUZA

KLAYTON RAIMUNDO COSTA AMORIM

LUÍZ OTÁVIO SAUAIA FERNANDES JÚNIOR

MARIA LUCILENE MENDES BARROSO

MARICLÉIA FLORENCA DE SOUZA

MARISA ARAÚJO COSTA

ENSAIO CRÍTICO

Trabalho apresentado ao Curso de Direito Noturno da


Faculdade Santa Terezinha – (CEST), como requisito
para aprovação na disciplina Seminário Temático I.

Orientadores:
Isabel Cristina Costa Freire
Jethânia Glasses Cutrim Furtado
Ferreira
José Hailton Costa Coelho
Karla Cristiane Pereira Vale
Leandro Augusto dos Remédios
Costa
Vilma de Fátima Diniz de Souza

São Luís
2019
TEMA: BACHAREL EM DIREITO QUE AGREDIU MÃE IDOSA, PROFESSORA
UNIVERSITÁRIA E PORTADORA DE ALZHEIMER FOI CONDENADO A 10 ANOS
DE DETENÇÃO.

RESUMO
O presente ensaio se propõe a discutir o caso do bacharel em Direito Roberto Elísio
Coutinho de Freitas, condenado a dez anos de reclusão pela prática de crimes
contra a própria mãe, a senhora Joseth Coutinho Martins de Freitas, professora
universitária, aposentada, na época com 84 anos idade e doente de Alzheimer. Ao
agressor também foi imputado o pagamento de multa de dois milhões de reais como
efeito da condenação pelos danos causados à vítima. O foco de interesse da
pesquisa, através da pesquisa bibliográfica e documental em artigos especializados
sobre o assunto, à luz das leis Maria da Penha, Estatuto do Idoso, Código Penal e
da Lei de Execução Penal, é impulsionar o reconhecimento social de que, mesmo
nos tempos atuais, a mulher idosa ainda sofre constante violação dos direitos
humanos. Os resultados indicam a presença de violência com agressões verbais e
físicas, ocorrendo também violência psicológica. As motivações de violência estão
relacionadas ao consumo de bebidas alcoólicas, proximidade física e dependência
financeira do agressor em relação ao idoso. Desta forma, ressalta-se a importância
das políticas públicas como modo de prevenção à violência contra as mulheres e
idosos e a necessidade de atenção estatal visando a reeducação social de homens
e mulheres para que convivam com igualdade, de forma que a punibilidade não seja
a única alternativa evitar estes tipos de violência.

Palavras-chave: Idosa, Crime, Própria Mãe, Estatuto do Idoso, Maria da Penha.


1 INTRODUÇÃO

Este ensaio crítico objetiva a discutir o caso do bacharel em Direito


Roberto Elísio Coutinho de Freitas, condenado a dez anos de reclusão pela prática
de crimes contra a própria mãe, a Senhora Joseth Coutinho Martins de Freitas,
professora universitária, aposentada, na época com 84 anos de idade, doente de
Alzheimer. O agressor também foi obrigado ao pagamento de multa de dois milhões
de reais como efeito da condenação pelos danos causados à vítima, à luz da lei
11.340/2006 e do estatuto do idoso 10.741/2003.
Os idosos constituem a parte da população com alto grau de
vulnerabilidade aos maus tratos, pois necessitam de maiores cuidados em relação à
saúde e podem apresentar dependência física ou mental. Dentro deste contexto, a
sociedade tardiamente passou a dar atenção à violência contra estas pessoas.
Conforme Pasinato, Camarano e Machado (2006), a violência contra
idosos é um fenômeno de notificação recente no mundo e no Brasil. Pela primeira
vez, em 1975, os abusos contra idosos foram descritos em revistas científicas
britânicas como espancamento de avós conforme Minayo (2005), o qual também
refere-se que, no Brasil, esta questão começou a ganhar notoriedade a partir de
1990 e só depois que a preocupação com a qualidade de vida dos idosos entrou na
agenda da saúde pública brasileira.
Existem vários estudos nacionais e internacionais de autores como Abath,
Leal e Melo Filho (2012); Faleiros, (2013); Lourenço et al. (2012); Pinto, Barham e
Albuquerque (2013); Silva, Coelho e Moretti-Pires (2014), realizados nos últimos
anos, que tratam da temática da violência contra pessoa idosa e que apresentam
importantes contribuições para a compreensão da questão. Algumas características
biopsicossociais foram unânimes nas pesquisas acima citadas: no que se refere ao
agressor, predominou o sexo masculino; quanto ao grau de parentesco os filhos
apareceram em primeiro lugar, seguidos de genros/noras e netos; relacionando a
idade verificou-se que os agressores tinham entre 25 a 49 anos, independentemente
de trabalharem ou não, embora prevaleçam os desempregados. Também foram
evidenciados o uso de bebida alcoólica ou outras drogas, dependência financeira ou
emocional do idoso, problema este que se apresenta independente de religião. O
fato de o idoso residir com outras pessoas na mesma casa ou quintal também
contribui com a ocorrência dos casos de violência e quanto ao idoso agredido os
estudos mostraram que a maioria trata-se de pessoa com idade acima dos 70 anos,
do sexo feminino, viúvo (a) ou solteiro (a) e aposentado (a).

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Lei Maria da Penha

A lei 11.340, decretada pelo Congresso Nacional e sancionada em 07 de


agosto de 2006, entrou em vigor no dia 22 de setembro do mesmo ano. Desde a sua
publicação, a lei é considerada pela Organização das Nações Unidas uma das três
melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência contra as mulheres:

o
Art. 1 : [...] esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do artigo 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados
internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre
a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e
estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de
violência doméstica e familiar [...]. (LEI MARIA DA PENHA, 2006, p. 11).

A lei 11.340/2006 também alterou o Código Penal, com a introdução do


parágrafo 9, do Artigo 129, possibilitando que agressores de mulheres, em âmbito
doméstico ou familiar, sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão
preventiva decretada. Esses agressores também não poderão receber punições
alternativas. A legislação aumentou o tempo máximo de detenção previsto de um
para três anos; a lei prevê, ainda, medidas que vão desde a remoção do agressor do
domicílio à proibição de sua aproximação da mulher agredida.

2.2 ESTATUTO DO IDOSO

O Estatuto do Idoso foi promulgado em 2003, após mais de sete anos de


intenso debate entre a Câmara dos Deputados e representantes da sociedade.
Confirmando e sistematizando o conjunto de regras já vigentes, o Estatuto veio
garantir, na especificidade, os direitos fundamentais da pessoa idosa, principalmente
no que se refere às suas condições de saúde, dignidade e bem- estar. A lei
10.741/2003 foi resultado da mobilização dos idosos e da articulação promovida
entre sociedade e poder público e trouxe no seu âmbito geral a regulação dos
direitos das pessoas a partir de 60 anos, conforme afirma Sousa (2004):

O estatuto, [...] assegurou-lhes, com tutela legal, ou por outros meios, todas
as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e
mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em
liberdade e dignidade.

Na Lei 10.741/2003 encontram-se alguns indispensáveis conceitos


distribuídos nos 118 artigos, dentre os quais serão analisados apenas três que se
destacam para o caso: O primeiro deles encontra-se no artigo 2° do texto, o qual
atesta ao idoso todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. Nesse
âmbito, a redação, tem plena conformidade com a Constituição, que tem como base
o princípio da dignidade da pessoa humana, passando a ideia de envelhecimento
digno. Em seguida, o artigo 3° menciona que os direitos relativos à pessoa idosa são
de encargo da família, da comunidade, da sociedade e do poder público. Por fim, o
artigo 4° do estatuto proíbe expressamente todo e qualquer tipo de negligência,
violência, discriminação, crueldade ou opressão contra a pessoa idosa. Vale
ressaltar, que já no parágrafo 1° do Estatuto, há previsão clara que é dever de a
prevenção da ameaça ou da violação aos direitos dos idosos.

3 CASO ANALISADO: BACHAREL EM DIREITO QUE AGREDIU MÃE IDOSA,


PROFESSORA UNIVERSITÁRIA E PORTADORA DE ALZHEIMER FOI
CONDENADO A 10 ANOS DE DETENÇÃO.

Conforme consta na denúncia, no dia 23 de maio de 2017, o filho do


acusado e neto da vítima registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Proteção
ao Idoso, acusando o denunciado de agredir física e psicologicamente a vítima,
prevalecendo-se do estado senil dela. Consta nos autos também que desde o início
de janeiro daquele ano foram gravadas pela então companheira de Roberto Elísio
Coutinho, no total de 11 vídeos, imagens mostrando o acusado torturando a própria
mãe, submetendo-a a castigos com emprego de violência e grave ameaça, de modo
a lhe causar intenso sofrimento físico e mental, com xingamentos e palavras de
baixo calão, além de tapas, empurrões puxões de braços e com auxílio de
instrumentos contundentes, conforme laudo de lesão corporal, atestando a ofensa à
integridade física e à saúde da vítima.
De acordo com o denunciante, desde 1999 o agressor, aproveitando-se
da confiança, depois do estado de saúde fragilizado da mãe, durante anos, expôs a
integridade física e psíquica da vítima, submetendo-a a condições desumanas e
degradantes, ao privá-la de cuidados fundamentais. Informou, ainda, que somente
em agosto de 2015, a idosa foi diagnosticada portadora de Alzheimer, porque o filho
não “aceitava a doença da mãe”. Segundo a denúncia, “na frente de outras pessoas,
o denunciado fazia-se carinhoso com a vítima, contudo, no interior da residência
agredia facilmente a idosa”. Ainda de acordo com os autos, Roberto Elísio sob o
pretexto de que cuidava da mãe, não trabalhava, passava o dia em casa
consumindo bebida alcoólica, além de explorar a idosa financeiramente, conforme
mostram os extratos bancários anexados ao processo. Ele também fazia
empréstimos em nome da vítima e deixou de pagar o plano de saúde dela desde
janeiro de 2017.
No dia 26 de maio de 2017 a juíza Oriana Gomes decretou a prisão
preventiva do acusado e determinou medidas protetivas em benefício da vítima. No
dia 12 de junho a 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Idoso de São Luís
denunciou Roberto Elísio Coutinho de Freitas pelos crimes de tortura qualificada,
maus tratos físicos e psíquicos, retardar ou dificultar a assistência à saúde de
pessoa idosa e apropriação indevida de rendimentos e bens e a prisão mantida pela
magistrada. No dia 08 de agosto foi realizada a audiência de instrução e julgamento
em que foram ouvidas as testemunhas e o acusado.
O agressor foi condenado a 10 anos de reclusão pela prática dos crimes
de tortura, apropriação indébita e por retardar ou dificultar a assistência à saúde da
vítima. Em todos eles, a juíza aumentou a pena por se tratar de crime de tortura
contra idoso e pela continuidade delitiva. Ele também teria que pagar R$ 2 milhões
como efeito da condenação pelos danos causados à vítima e por deixar a idosa sem
assistência médica. A decisão foi da juíza titular da 8ª Vara Criminal de São Luís,
Oriana Gomes, na ação penal proposta pelo promotor de Justiça José Augusto
Cutrim. A pena deveria ser cumprida em regime fechado no Complexo Penitenciário
de Pedrinhas, onde o acusado já estava preso provisoriamente desde maio de 2017.
4 APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA E DO ESTATUTO DO IDOSO

4.1 Conceituando violência

O termo violência é um vocábulo que deriva do latim violentia, que por sua
vez deriva do prefixo vis e quer dizer força, vigor, potência ou impulso. Portanto,
segundo Saffioti (2015), trata-se de qualquer comportamento que vise à ruptura de
qualquer forma de integridade da vítima, seja física, psíquica, sexual ou moral,
através do uso da força, caracteriza-se como violência. Pode-se dizer, portanto, que
qualquer tipo de violência é uma violação dos direitos essenciais do ser humano.
A violência, segundo a análise de Cavalcanti (2007, p.29):

[,,,] é um ato de brutalidade, abuso, constrangimento, desrespeito,


discriminação, impedimento, imposição, invasão, ofensa, proibição, sevícia,
agressão física, psíquica, moral ou patrimonial contra alguém e caracteriza
relações intersubjetivas e sociais definidas pela ofensa e intimidação pelo
medo e terror.

4.2 Violência doméstica: conceito e tipos


A violência abrange condutas que vão muito além da agressão física.
Velloso (2016) entende a violência como “sendo uma espécie de coação, ou forma
de constrangimento, posto em prática para vencer a capacidade de resistência do
outrem, ou a levar a executá-lo, mesmo contra a sua vontade.” Nesse cenário,
Cavalcanti (2017) define a violência contra a mulher como “sendo qualquer ação ou
conduta que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher,
tanto no âmbito público como no privado”.
A violência doméstica e familiar é somente uma das formas de violência
contra a mulher, nessas circunstâncias, a Lei Maria da Penha classifica os tipos de
violência contra a mulher nas seguintes categorias: violência patrimonial, violência
sexual, violência física, violência moral e violência psicológica. No caso analisado foi
observado que houve: violência patrimonial, física e ainda a violência psicológica.
4.2.1 Violência patrimonial
É entendida como qualquer comportamento que configure controle forçado,
destruição ou subtração de bens materiais, documentos e instrumentos de trabalho.
Nesse aspecto o conceito é confirmado pelo estatuto do idoso quando trata dos
crimes de espécie:
Art. 102: Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão, ou qualquer
tipo de rendimento do idoso dando-lhes aplicação diversa de sua finalidade.
(ESTATUTO DO IDOSO, 2003, p. 59),

Constatado pelo promotor, o agressor se apropriava dos proventos da


vítima (mãe), que era professora aposentada e que também recebia pensão desde a
morte do marido. Inicialmente, Roberto Elísio aproveitou-se da confiança de sua
genitora que já estava com saúde fragilizada, e pelo fato de ser filho único, deixou
de trabalhar e passou a apropriar-se dos proventos da idosa, dando-lhes aplicações
diversas sem desprender cuidados necessários à vítima.

4.2.2 Violência física


Compreendida por maneiras de agir que violam os preceitos a
integridade ou a saúde da mulher. Quanto a esse tipo de violência praticada contra
Joseth Coutinho Martins de Freitas, mãe do réu, foi praticada por uma vida regrada e
isolada dentro do apartamento onde vivia sem nenhuma condição ao lazer e
atividade físicas para o melhoramento de sua saúde mental como assegura Estatuto
do Idoso (2003). Conforme a referida lei, a vítima necessitava de um melhor
acompanhamento por sua condição de fragilidade, agravada pela patologia de
Alzheimer, o filho a restringia, mantendo-a em uma vida degradante de torturas
físicas e mentais, em um ambiente fechado sem qualquer estrutura para que seus
direitos fossem exercidos, mesmo possuindo recursos para tal.

4.3.3 Violência psicológica

Violência psicológica é entendida como qualquer comportamento que


cause à mulher um dano emocional, diminuindo sua autoestima, causando
constrangimentos e humilhações. Este tipo de violência foi comprovada, através dos
11 vídeos utilizados pelo Ministério Público, que tornou a denúncia em uma ação
penal pública incondicionada, baseando-se no art. 95 do Estatuto do Idoso. Nos
referidos vídeos este tipo de agressão fora comprovada, por exemplo, quando a mãe
é ameaçada de internação e privação do direito de residir no seu lar. Durante os
ataques à vítima, ela o trata como “senhor” colocando-se em condição de
inferioridade. É também visível a tentativa de defender-se das agressões físicas
acompanhadas de frases danosas proferidas pelo filho e ainda responsabilizando-a
pelas agressões recebidas. Silva e Dias (2016) relatam que:

As motivações de violência e lesão relacionadas a um possível processo de


demência ou doença mental, sofrido pelo idoso, não é compreendido pelos
familiares.

Essas autoras consideram ser um tema difícil de ser investigado devido aos
tabus que o cercam, pois traz à tona questões de família que as pessoas temem ou
envergonham-se para falar, principalmente quando estão em um espaço jurídico.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Constituição Federal, no art. 226, impôs ao Estado o dever de assegurar


assistência à família e criar mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas
relações. No entanto, no momento em que o poder público passou a reconhecer
alguns crimes, como o de menor potencial ofensivo, esqueceu-se de excluir a
violência doméstica e permitiu perpetuar o contexto de vulnerabilidade que mulheres
e idosos estão inseridas.
Analisando historicamente, a violência contra uma pessoa do sexo feminino,
remete ao direito ateniense onde a mulher não estava enquadrada na categoria de
cidadão, sem a soberania, essa exclusão equiparava-a aos escravos. Considerando
que a condenação do réu foi possível graças a vídeos comprovando os crimes, é
possível relacionar este caso ao direito hebraico no qual, para ocorrer punição
deveria ser instaurado um processo e a devida investigação e produção de provas,
tendo em vista que para aquele povo a justiça era considerada rigorosa e imparcial.
Pode-se também relacioná-lo ao direito romano que instituiu a atuação do inquisidor,
sendo este um representante oficial do estado, com atuação ordenada e racional
responsável pela acusação equivalente ao Ministério Público.
Quando a francesa Simone Beauvoir, no livro A Velhice, trata da exclusão
dos idosos na sociedade, nas relações interpessoais e se prioriza os desejos
individuais e não as necessidades alheias, a autora remete aos temas da Filosofia,
tentando entender a relação entre uma pessoa mais jovem e um idoso; para o
jovem, seus desejos têm mais importância do que atender as necessidades do
idoso, exatamente como visto no caso analisado. Na relação entre a mãe e o filho,
este dá privilégio a atender os seus desejos ao invés de prestar assistência à mãe,
tanto que se assenhorava do dinheiro da aposentada.
Essa relação de dominação remete ao estudo da Ciência Política a partir de
uma interpretação feita baseada nos pensamentos de Max Weber sobre ‘’ poder de
soma zero’’ onde defende que a superioridade de alguém sobre outro é a
contrapartida do fato de que a outra pessoa está desprovida de poder. Em relação
ao caso, a vítima por ser mulher idosa e portadora de Alzheimer, sua relação de
poder era inferior ao do filho que era o administrador legal dos recursos da mãe.
Por fim, na afirmação de Pierre Bourdieu de que "Somos sempre o jovem
ou o velho de alguém”, a Sociologia se faz presente para fazer uma associação à
cultura da sociedade patriarcal, onde o homem é o centro do poder e a mulher é
subordinada a ele, aliado a isso, é importante citar que a velhice conta pouco nas
relações sociais, e mesmo na atualidade, sua presença encontra-se revestida de
significados irônicos e depreciativos.
.
REFERÊNCIAS
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CAVALCANTI, Valéria Soares de Farias. Violência Doméstica. Salvador:
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DIAS, Maria Berenice. Lei Maria da Penha: A efetividade da Lei 11.340/2006 de


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