A Psicologia Humanista surgiu no final da década de 1950 e início dos anos 60
como uma forma de reagir aos métodos psicológicos comumente utilizado na América do Norte nesse período: o Behaviorismo e a Psicanálise. Os maiores articuladores do Movimento Humanista foram Abraham Maslow e Anthony Sutich, que contribuíram para que a Psicologia Humanista se tornasse a Terceira Força ou Área dos campos psicológicos atualmente estudados (BOAINAIN JR, 1994). Maslow era um psicólogo experimental e professor de Psicologia na Universidade de Brandeis no início da década de 1950, que não conseguia se adaptar aos pensamentos do Behaviorismo e da Psicanálise, predominantes no ambiente acadêmico e nos atendimentos clínicos, respectivamente. Por não ter afinidade com essas correntes, ele era isolado de forma profissional e intelectual em seu meio e isto o impedia inclusive de fazer publicações acadêmicas por não encontrar editoras que compactuassem com suas ideias (BOAINAIN JR, 1994). Para lidar com essa situação, Maslow entrou em contato com diversos psicólogos que estivessem mais ligados com suas impressões e começou a trocar informações com eles, criando a Rede Eupsiquiana, que focava principalmente na saúde psicológica, que segundo ele, era negligenciada pelo Behaviorismo e pela Psicanálise. Junto com Anthony Sutich, oficializaram o movimento e fundaram uma revista própria, com o título de Psicologia Humanista, sugerido por S. Cohen (BOAINAIN JR, 1994). Em 1963, com o sucesso da revista, surgiu a Associação Americana de Psicologia Humanista e o Movimento Humanista se consolidou de forma definitiva em 1964, em uma conferência na qual Carl Rogers, um grande nome dessa tendência, estava presente. O movimento humanístico tem como principal foco o Homem e se preocupa com que ele pode vir a ser. Por conta disso, acredita nas potencialidades humanas que só não se desenvolvem devido a condições adversas, como a repressão e a agressão, que podem levar o indivíduo a sofrer com a neurose. A ênfase desse movimento está na complexidade e singularidade humana, que através de suas vivências e experiências, com foco no pensar, decidir e sentir, processos estes fundamentais, pode crescer e ter um desenvolvimento psicológico saudável. Para os humanistas, este desenvolvimento tem como tendência à auto-realização, impulso este que leva a pessoa a adquirir uma autocompreensão e a buscar formas de suprir a necessidade de aprimorar a consciência e a competência, a fim de ser feliz e ter satisfação em sua vida (TELES, 2003). Os psicólogos humanistas baseiam-se principalmente na observação de indivíduos saudáveis, ao invés daqueles que se encontram emocionalmente perturbados. Para eles, a pessoa sã é aquela que é criativa, amorosa, receptiva, capaz de ter verdadeira intimidade, espontânea, decidida e perceptiva (TELES, 2003, p. 51). Por causa desse pensamento voltado aos aspectos de um Homem saudável, a Psicologia Humanista critica a Psicanálise, pela sua visão pessimista, determinista e psicopatologizantes. Os psicólogos desta abordagem buscam humanizar a psicologia, buscando estudar aquilo “que significa estar vivo como ser humano”. Seguindo essa lógica, Carl Rogers afirma que a vida plena é um processo, não um estado de ser e que para aproveitar a vida é preciso: ser totalmente aberto a experiências; viver o momento presente; confiar em si mesmo; assumir responsabilidade pelas próprias escolas; tratar a si e aos outros com consideração positiva incondicional (VÁRIOS COLABORADORES, 2012, p. 132). Se a vida for considerada como um processo de escolhas, então a auto-realização significa fazer de cada escolha, uma opção de crescimento pessoal. Nesse sentido, a auto- realização implica em se tornar verdadeiro, existir de fato e não somente no campo das ideias e do possível potencial. É também considerar sua natureza íntima e sabe decidir por si mesmo, fazer as suas escolhas (TELES, 2003). É preciso compreender que a auto-realização é um processo contínuo de crescimento, que perdura pela vida inteira, buscando o desenvolvimento pleno das próprias potencialidades. Também se trata de usar a inteligência e habilidades para trabalhar de forma eficiente naquilo que se busca fazer. Para isso, é preciso conhecer suas autodefesas e aprender a desarma-las, para que se possa expandir as possibilidades infinitas do ser humano. De acordo com Teles (2003, p. 53):
‘Torna-se pessoa’ significa liberta-se das peias internas, tornar-se capaz
de um contato verdadeiro (intimidade) com o outro, não fazer jogos, não usar máscaras, não se satisfazer com o simples ajustamento, mas tender a criar novas ideias e coisas, ser cooperativo, receptivo e amoroso.
Por fim, a tendência inata à auto-realização é a relacionada com o organismo que
busca reduzir as impulsões fisiológicas e tornar-se independente do ambiente, procurando sempre usar de forma plena suas habilidades e chegar a níveis cada vez mais altos de eficiência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOAINAIN JR, E. O estudo do potencial humano na psicologia contemporânea: a
corrente humanista e a corrente transpessoal. In: Potenciais Humanos – Boletim do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre o Desenvolvimento de Potenciais Humanos, vol. I n. 2, 1994 – São Paulo: USP, 1994. Disponível em: <http://pablo.deassis.net.br/wp- content/uploads/O-estudo-do-potencial-humano-na-Psicologia-contempor%C3%A2nea- A-corrente-Humanista-e-a-corrente-Transpessoal.pdf>. Acesso em: 26 de março de 2019.
TELES, M. L. S. O que é psicologia. São Paulo: Brasiliense, 2003.
VÁRIOS COLABORADORES. O livro da psicologia. São Paulo: Globo, 2012.