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BELO HORIZONTE
2019
BELO HORIZONTE
2019
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RESUMO
Este trabalho aborda uma pesquisa em artigos e livros que falam sobre a expansão da tecnologia da informação e
seus usos no ambiente educacional. A ideia de pesquisar de forma mais contundente o tema, surgiu do grande
número de alunos com dificuldades de aprendizagem e por que alguns destes têm mais facilidade com
tecnologias. Dessa forma essa pesquisa mostra casos de sucesso, temas e abordagens positivas através do uso de
softwares e da própria informática no atendimento psicopedagógico. Esse estudo mostra como os softwares
educativos colaboraram para o processo ensino-aprendizagem, analisando autores de livros e artigos, assim como
periódicos que discorrem sobre essa temática. Juntamente com as abordagens decorrentes do processo de
trabalho do psicopedagogo e seguindo o protocolo, os estudos mostram que é viável a introdução de trabalhos
com softwares específicos, transformando o ambiente de aprendizagem em uma plataforma amigável e
confortável. Visto isso, é possível perceber que o uso de softwares em determinados atendimentos
psicopedagógicos serviu para melhorar o aproveitamento da aprendizagem do educando.
Introdução
Dentre todas as questões complexas que envolvem esse processo, o atraso "simples" na
aquisição da linguagem dificulta o amadurecimento e a experimentação da linguagem
necessária para a aquisição formal da leitura/escrita. Sua imaturidade lingüística irá
refletir no vocabulário reduzido e no conhecimento de mundo restrito. Tal fato trará
repercussões na interpretação de textos e também na elaboração de histórias escritas.
Neste artigo, não tivemos pretensão de esgotar o assunto, tão rico e amplo, mas
buscamos agregar trabalhos que exploram diversos lados da linguagem. Ao pensarmos
em aprendizagem, todos os níveis lingüísticos estão envolvidos, e negligenciar um deles
seria perder a oportunidade de ver o sujeito da linguagem. O intuito de abordar a faixa
etária de 0 a 5 anos reflete o desejo de poder atuar precocemente, antes da entrada no
ensino formal, onde as demandas são maiores e maior será o tempo a ser resgatado.
Dois aspectos que ainda merecem ser discutidos são o desenvolvimento da narrativa e a
aquisição da linguagem figurada, já que fazem parte de todo o processo e são de
extrema relevância para a aprendizagem. Por serem menos explorados, merecem artigos
à parte.
deste estudo, pois o objetivo deste é entender os problemas de aprendizagem em suas diversas
faces. Lent em seu livro “Cem Bilhões de Neurônios”, esclarece que o cérebro humano
pode ser estudado como um objeto desconhecido, que reproduz consciência e
comportamentos , em que suas propriedades podem ser estudadas para a compreensão
do sistema nervoso (LENT, 2001). O profissional que trabalha com Neurociências segundo
Lent, deve conhecer as divisões da mesma, que são: Neurociência molecular, Neurociência
celular, Sistêmica, comportamental e cognitiva. A neurociência que vamos aprofundar é a
cognitiva, pois nela está a linguagem e suas funções cerebrais.
O sistema nervoso central é composto pelo cérebro, cerebelo e medula espinhal, cada
qual tem suas funções específicas ligadas e cada um é responsável pela percepção e execução
dos estímulos sofridos pelo indivíduo. Por exemplo, para aprender a ler e escrever, é
necessário que um conjunto fisiológico funcione corretamente, para associar sons a letras e
fonemas a criança não pode ter seu aparelho auditivo prejudicado, pois o cérebro precisa deste
estímulo para o processamento da linguagem. Quando a criança ouve o som e o liga ao
símbolo (letra ou fonema) se dá a aprendizagem da leitura e escrita. Dentro do nosso SNC
ocorrem milhões de ações interligadas para que isso aconteça, toda vez que o indivíduo reage
ao estímulo são criadas as sinapses (que são comunicações entre os neurônios, para formar
uma memória de informação), essa informação que foi processada fica indexada a memória,
onde o indivíduo poderá acessá-la quando necessário. Isso ocorre em condições “normais”,
como veremos adiante, nem sempre a aprendizagem se dá de maneira específica, certos
indivíduos possuem condições que os levam a não-aprendizagem ou as dificuldades de
aprendizagem e domínio da linguagem.
A localização das funções é outra informação relevante no estudo das funções
cerebrais, desde o século XX neurobiologistas já haviam descrito certos tipos de afasias,
ou seja, indivíduos que tinham perdido o conteúdo da linguagem devido a lesões no
hemisfério cerebral esquerdo. Outros até podiam falar, mas não compreendiam, foi verificada
também, lesões na mesma parte do cérebro ligadas a essa condição.
Sobre o desenvolvimento fisiológico cerebral e o desenvolvimento psicológico
podemos destacar um autor que estudou e produziu conteúdos de destaque, relacionando as
fases dos pensamento operacional do indivíduo. Piaget descreveu os estágios do pensamento
humano em quatro fases distintas: sensório-motor, pré-operacional, operacional concreto e
operacional formal. Outro autor que segundo Lent também estudou as correlações entre a
neurobiologia e a psicologia foi Vygotsky dizia que “o aprendizado adequadamente
organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos de
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O processo de aprendizagem se dá pela união de diversos fatores, mas nem sempre o aluno
consegue desenvolver todas essas partes. Situações ambientais contribuem para mudanças no
comportamento, reações inconscientes a estímulos que estão em diversos locais, inclusive no
ambiente escolar e familiar.
As ligações afetivas entre quem ensina e quem aprende são fundamentais para o processo de
aprendizagem. A sintonia nessa relação pode levar a um melhor rendimento nos processos de
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Diante destas constatações, decidimos por realizar uma revisão bibliográfica da aquisição
e desenvolvimento da linguagem, mais especificamente de 0 a 5 anos, assim como de
alguns entraves que podem ser encontrados no processo. Apesar de relevantes e,
infelizmente, freqüentes, alterações ligadas à negligência grave e violência do meio não
foram descritas, uma vez que demandariam outro tipo de fundamentação teórica,
deixando o artigo muito extenso.
Compreendendo Linguagem
• Forma: engloba a produção dos sons, como se emite o fonema, e também a estrutura
da frase, se tem todos os componentes e se a ordem é aceitável pela língua - níveis
fonético-fonológico e morfossintático.
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• Conteúdo: diz respeito aos significados, que podem estar na palavra, na frase ou no
discurso mais amplo - nível semântico.
• Uso: refere-se ao uso social da língua; não basta emitir sons, estruturar uma frase e
saber o significado, tem que adequar tudo isso ao contexto em que está sendo
empregado - nível pragmático.
• Produção dos sons*: os primeiros fonemas da língua são aqueles produzidos com os
lábios, como /b/ /m/ /p/. Logo depois surgem /n/ /t/ /l/ , e, em seguida, /d/ /c/
/f/ /s/ e /g/ /v/ /z/ /R/ /ch/ /j/. Só mais tarde observamos a produção adequada
de alguns fonemas como /lh/ /nh/ /r/. A combinação destes fonemas nas sílabas podem
ser complicadores, como está exposto no próximo item13-15.
A fim de melhor visualizar tais parâmetros, a Tabela 1 busca, a partir da compilação dos
autores referenciados, organizar tais aspectos nas fases do desenvolvimento de 0 a 5
anos.
DIFICULDADES NO PERCURSO
Por que algumas crianças começam a falar as primeiras palavras entre o primeiro e o
segundo ano de vida e outras demoram a falar? Por que algumas quando começam a
falar, falam claramente e outras parecem falar outra língua? Existem transtornos que
acometem a criança e causam atraso na aquisição e no desenvolvimento da linguagem.
Esta seção visa à apresentação, com linguagem simples, de informações sobre algumas
das alterações na área da linguagem nesta fase do desenvolvimento. Quando são listados
sintomas, deve-se ter a clareza de entender que várias características fazem parte da
evolução. Deve-se ficar atento quando elas se tornam persistentes e passam a atrapalhar
alguma área do desenvolvimento. Normalmente, nem todas as características estão
presentes em todas as crianças.
• Trocas na fala;
• Boa compreensão.
DESVIO FONOLÓGICO15,23
Utilizamos esse nome para caracterizar crianças com idade igual ou superior a 4 anos,
aproximadamente e que apresentam alteração no desenvolvimento da fala em diferentes
graus. Os desvios na fala não se limitam a alterações na força ou mobilidade dos órgãos
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responsáveis pela fala, mas são decorrentes de dificuldades na aquisição das consoantes
da sua língua materna.
O nome Desvio Fonológico tem origem na dificuldade de formação desse arquivo de sons
pelo cérebro (sistema fonológico) e irá se caracterizar por trocas na fala inesperadas para
sua idade e tipo de estímulo recebido durante o seu desenvolvimento. As trocas mais
freqüentes são:
• Alterações na ordem das sílabas ou nos sons das palavras: mánica (máquina), tonardo
(tornado);
• Fala ininteligível
Considerações finais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No início dos atendimentos realizados no A.E.E. não era possível ter noção do trabalho com o qual eu iria
me deparar e me envolver. Com a experiência de pedagoga e psicopedagoga, fui aos poucos percebendo
que esses conhecimentos eram insuficientes diante dos desafios que me aguardavam com tanta diversidade
proveniente dos atendidos.
O Atendimento Educacional Especializado requer do profissional que, além de qualificado para
desenvolver o trabalho; que ele seja também comprometido com estudos e pesquisas contínuas sobre cada
caso especificamente.
Aperfeiçoar-me no conhecimento de neurociências e educação fez com que eu fosse me apropriando do
centro da aprendizagem cognitiva: o encéfalo.
Isso tornou possível estabelecer uma relação entre o aprendizado adquirido pelos atendidos com a função
cerebral, e as conexões correspondentes.
Exigiu a elaboração de um trabalho diversificado, mas, pautado em uma rotina de atividades adaptadas para
desenvolver a capacidade de reter as informações recebidas do ambiente e assim, tornar mais fácil o acesso
a essas informações diárias armazenadas, que chamamos de memória.
Os aspectos afetivos como insegurança, ansiedade, conflitos familiares e escolares sempre foram
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observados nos atendimentos, pois estes podem deslocar ou reduzir a atenção dos alunos.
Por fim enfatizo a necessidade relevante de criar um vinculo sólido com os alunos, estabelecer laços de
afetividade, cumplicidade com o outro; pois isso desenvolve as áreas cerebrais, gera motivação, interesse e
alegria.
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