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Comendador Dr.

Leví Inimá de Miranda


Perito-Legista Independente
Cientista Forense
DOS CONCEITOS CIENTÍFICOS SOBRE LOCAL DE CRIME

“A PERÍCIA NÃO PROVA SOMENTE,


MAS TAMBÉM ILUMINA A PROVA”

(HÉLIO BASTOS TORNAGHI)

Local de Crime:

- Em língua inglesa: “Scene of Crime”;

- Em língua espanhola: “Sitio del Sucesso”;

- Em língua francesa: “Scène du Crime”.

As autoridades policiais, representadas pelos delegados de polícia,

responsáveis que são pelo isolamento, preservação, proteção, acautelamento e

custódia do Local de Crime, segundo o que claramente determina o Código de

Processo Penal, hão de ficar atentas para a importância desta intransferível

atribuição, no caso de um evento criminoso, facilitando e bem permitindo o

trabalho pericial criminal e também o médico legal. E, inúmeras irregularidades se

sucedem, no que tange às perícias de Locais de Crime. Recordemos, mais uma vez

(nunca é demais...), o que prescreve o Código de Processo Penal (CPP) – Decreto-

Lei n.º 3.689, de 3 de outubro de 1941; Lei n°. 11.719, de 20 de junho de 2008 –, em

seu TÍTULO II - DO INQUÉRITO POLICIAL, no Art. 6º: “(..)LOGO QUE TIVER

CONHECIMENTO DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO PENAL, A AUTORIDADE POLICIAL

DEVERÁ: I - DIRIGIR-SE AO LOCAL, PROVIDENCIANDO PARA QUE NÃO SE ALTEREM O


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ESTADO E CONSERVAÇÃO DAS COISAS, ATÉ A CHEGADA DOS PERITOS

CRIMINAIS(..)II - APREENDER OS OBJETOS QUE TIVEREM RELAÇÃO COM O FATO,

APÓS LIBERADOS PELOS PERITOS CRIMINAIS(..)III - COLHER TODAS AS

PROVAS QUE SERVIREM PARA O ESCLARECIMENTO DO FATO E SUAS

CIRCUNSTÂNCIAS(..)IV - OUVIR O OFENDIDO(..)V - OUVIR O INDICIADO, COM

OBSERVÂNCIA, NO QUE FOR APLICÁVEL, DO DISPOSTO NO CAPÍTULO III DO TÍTULO

VII, DESTE LIVRO, DEVENDO O RESPECTIVO TERMO SER ASSINADO POR 2 (DUAS)

TESTEMUNHAS QUE LHE TENHAM OUVIDO A LEITURA(..)VI - PROCEDER A

RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS E A ACAREAÇÕES(..)VII - DETERMINAR, SE

FOR CASO, QUE SE PROCEDA A EXAME DE CORPO DE DELITO E A QUAISQUER OUTRAS

PERÍCIAS(..)VIII - ORDENAR A IDENTIFICAÇÃO DO INDICIADO PELO PROCESSO

DATILOSCÓPICO, SE POSSÍVEL, E FAZER JUNTAR AOS AUTOS SUA FOLHA DE

ANTECEDENTES(..)IX - AVERIGUAR A VIDA PREGRESSA DO INDICIADO, SOB O PONTO

DE VISTA INDIVIDUAL, FAMILIAR E SOCIAL, SUA CONDIÇÃO ECONÔMICA, SUA ATITUDE

E ESTADO DE ÂNIMO ANTES E DEPOIS DO CRIME E DURANTE ELE, E QUAISQUER

OUTROS ELEMENTOS QUE CONTRIBUÍREM PARA A APRECIAÇÃO DO SE U

TEMPERAMENTO E CARÁTER(..)” – GRIFOS E DESTAQUES NOSSOS.

No CAPÍTULO II - DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS

PERÍCIAS EM GERAL, em seu Art. 158 temos: “(..)QUANDO A INFRAÇÃO DEIXAR


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VESTÍGIOS, SERÁ INDISPENSÁVEL O EXAME DE CORPO DE DELITO, DIRETO OU

INDIRETO, NÃO PODENDO SUPRI-LO A CONFISSÃO DO ACUSADO(..)”.

No Art. 159: “O EXAME DE CORPO DE DELITO E OUTRAS PERÍCIAS

SERÃO REALIZADOS POR PERITO OFICIAL, PORTADOR DE DIPLOMA DE CURSO

SUPERIOR(..)§ 1º - NA FALTA DE PERITO OFICIAL, O EXAME SERÁ REALIZADO POR 2

(DUAS) PESSOAS IDÔNEAS, PORTADORAS DE DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR

PREFERENCIALMENTE NA ÁREA ESPECÍFICA, DENTRE AS QUE TIVEREM HABILITAÇÃO

TÉCNICA RELACIONADA COM A NATUREZA DO EXAME(..)§ 2 º - OS PERITOS NÃO

OFICIAIS PRESTARÃO O COMPROMISSO DE BEM E FIELMENTE DESEMPENHAR O

ENCARGO(..)§ 3O SERÃO FACULTADAS AO MINISTÉRIO PÚBLICO, AO ASSISTENTE DE

ACUSAÇÃO, AO OFENDIDO, AO QUERELANTE E AO ACUSADO A FORMULAÇÃO DE

QUESITOS E INDICAÇÃO DE ASSISTENTE TÉCNICO(..)§ 4O O ASSISTENTE TÉCNICO

ATUARÁ A PARTIR DE SUA ADMISSÃO PELO JUIZ E APÓS A CONCLUSÃO DOS EXAMES E

ELABORAÇÃO DO LAUDO PELOS PERITOS OFICIAIS, SENDO AS PARTES INTIMADAS

DESTA DECISÃO(..)§ 5O DURANTE O CURSO DO PROCESSO JUDICIAL, É PERMITIDO ÀS

PARTES, QUANTO À PERÍCIA(..)I – REQUERER A OITIVA DOS PERITOS PARA

ESCLARECEREM A PROVA OU PARA RESPONDEREM A QUESITOS, DESDE QUE O

MANDADO DE INTIMAÇÃO E OS QUESITOS OU QUESTÕES A SEREM ESCLARECIDAS

SEJAM ENCAMINHADOS COM ANTECEDÊNCIA MÍNIMA DE 10 (DEZ) DIAS, PODENDO

APRESENTAR AS RESPOSTAS EM LAUDO COMPLEMENTAR(..)II – INDICAR ASSISTENTES


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TÉCNICOS QUE PODERÃO APRESENTAR PARECERES EM PRAZO A SER FIXADO PELO JUIZ

OU SER INQUIRIDOS EM AUDIÊNCIA(..)§ 6° - HAVENDO REQUERIMENTO DAS PARTES, O

MATERIAL PROBATÓRIO QUE SERVIU DE BASE À PERÍCIA SERÁ DISPONIBILIZADO NO

AMBIENTE DO ÓRGÃO OFICIAL, QUE MANTERÁ SEMPRE SUA GUARDA, E NA PRESENÇA

DE PERITO OFICIAL, PARA EXAME PELOS ASSISTENTES, SALVO SE FOR IMPOSSÍVEL A

SUA CONSERVAÇÃO(..)§ 7O TRATANDO-SE DE PERÍCIA COMPLEXA QUE ABRANJA MAIS

DE UMA ÁREA DE CONHECIMENTO ESPECIALIZADO, PODER-SE-Á DESIGNAR A ATUAÇÃO

DE MAIS DE UM PERITO OFICIAL, E A PARTE INDICAR MAIS DE UM ASSISTENTE

TÉCNICO” - Redação dada pela Lei n°. 11.690, de 2008.

No Art. 160: “(..)OS PERITOS ELABORARÃO O LAUDO PERICIAL, ONDE

DESCREVERÃO MINUCIOSAMENTE O QUE EXAMINAREM, E RESPONDERÃO AOS

QUESITOS FORMULADOS(..)PARÁGRAFO ÚNICO - O LAUDO PERICIAL SERÁ ELABORADO

NO PRAZO MÁXIMO DE 10 (DEZ) DIAS, PODENDO ESTE PRAZO SER PRORROGADO, EM

CASOS EXCEPCIONAIS, A REQUERIMENTO DOS PERITOS(..)” – GRIFOS NOSSOS.

No Art. 161: “O EXAME DE CORPO DE DELITO PODERÁ SER FEITO EM

QUALQUER DIA E A QUALQUER HORA(..)” – GRIFOS E DESTAQUES NOSSOS.

No Art. 175: “SERÃO SUJEITOS A EXAMES OS INSTRUMENTOS

EMPREGADOS PARA A PRÁTICA DA INFRAÇÃO, A FIM DE VERIFICAR A NATUREZA E

EFICIÊNCIA” – GRIFO NOSSO.


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E, por fim, no Art. 178: “NO CASO DO ART. 159, O EXAME SERÁ

REQUISITADO PELA AUTORIDADE AO DIRETOR DA REPARTIÇÃO, JUNTANDO-SE AO

PROCESSO O LAUDO ASSINADO PELOS PERITOS” – GRIFO NOSSO.

Numerosos casos têm sofrido as consequências da atuação deficiente

por parte da polícia judiciária, por negligência, omissão, dolo etc.

O resultado do processo investigatório depende das primeiras

intervenções no Local de Crime. E o não cumprimento devido das obrigações

inerentes às funções da autoridade policial, estas, por imposição legal,

intransferíveis, às do investigador criminal, às do perito criminal e às do perito

legista, sentenciarão todo o processo investigativo ao fracasso e, com isto, a

impossibilidade da determinação da dinâmica do evento e, principalmente, a não

determinação de autoria, o que, em última análise, será um dos principais pilares

da impunidade ou mesmo, e o que é pior, de erros judiciários. Há que se ter em

mente que a confissão do suspeito já não mais é, há muito, o modo mais fácil de

resolver os fatos delitivos que se planteiam, e somente se dará em condições

especialíssimas, para não dizermos pontuais.

Vejamos algumas conceituações de Local de Crime, segundo

consagrados autores:

PAUL VIBERT: “LOCAL DE CRIME É UM ATO MÉDICO LEGAL”.


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JEAN ALEXANDRE LACASSAGNE: “O EXAME DO LOCAL DE CRIME POR PARTE DO

LEGISTA CONSTITUI AS TRÊS QUARTAS PARTES DE UMA AUTÓPSIA”.

L. Bianchi : “LOCAL DE CRIME É A AUTÓPSIA DO CRIME”.

JUAN ANTONIO GISBERT CALABUIGH: “O LEVANTAMENTO DO CADÁVER É O

PRIMEIRO TEMPO DA AUTÓPSIA MÉDICO-LEGAL”

EDMOND LOCARD : “O TEMPO QUE PASSA É A VERDADE QUE FOGE”.

A presença do perito-legista no Local de Crime é, portanto,

indispensável. E LACASSAGNE, como vimos acima, bem disse que “a perícia de

Local de Crime corresponde a três quartas partes da autópsia”.

O saudoso e consagrado PROFESSOR ARNALDO AMADO FERREIRA, em

sua obra “Da Técnica Médico-Legal na Investigação Forense” (1962), asseverou:

“EM MUITAS OPORTUNIDADES É AO MÉDICO LEGISTA QUE CABE ORIENTARA

INVESTIGAÇÃO, POIS, NO MOMENTO, É A PESSOA IDÔNEA PARA DIZER O QUE É

INDISPENSÁVEL FAZER-SE”.

Segundo o PROFESSOR LUIZ EDUARDO DOREA, na prática, “A

PROBABILIDADE DE QUE SEJA ESCLARECIDA UMA MORTE É PROPORCIONAL AO NÍVEL

DE PRESERVAÇÃO DO LOCAL”.
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O DR. HUGO AULER, Magistrado Federal, em seu livro “POLÍCIA

JUDICIÁRIA”, diz: “FOI EURICO CRUZ QUE AFIRMOU SER O EXAME DO LOCAL EM

QUE SE PERPETROU O CRIME O PONTO DE PARTIDA PARA SE LEVAR A EFEITO, NA

GENERALIDADE DOS CASOS, QUALQUER INVESTIGAÇÃO POLICIAL ACERCA DE UM

FATO DELITUOSO”.

Segundo SUSSEKIND DE MENDONÇA, “O EXAME DETIDO E MINUCIOSO

DO LOCAL, TANTO QUANTO POSSÍVEL, E A SUA CONSERVAÇÃO, TRANSMITIRÃO

POSTERIORMENTE AO JUÍZO A MAIS EXATA NOÇÃO DO TEATRO DA PRÁTICA DO

CRIME”.

De acordo com o PROFESSOR GASTÓN EZEQUIEL BARREIRO – Defensor

Público e especialista em Investigação do Delito e em Criminologia

(ARGENTINA), “A PROPOSTA CONSISTE NOS PASSOS QUE SE TOMAM EM UMA

INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ANTE UMA MORTE VIOLENTA DE DUVIDOSA CRIMINALIDADE,

DEVENDO-SE RESPEITAR AS GARANTIAS PROCESSUAIS E CONSTITUCIONAIS AO

PRESERVAR A CENA DO CRIME E SEGUIR UM RIGOROSO PROTOCOLO PARA O ÊXITO DA

PESQUISA”. E prossegue o insigne PROFESSOR GASTÓN EZEQUIEL: “NA ATUALIDADE

PREDOMINAM AS PROVAS APORTADAS PELO HOMEM DE CIÊNCIA, ATRAVÉS DA

ANÁLISE DE INDÍCIOS OBTIDOS DO ESTUDO DA VÍTIMA, DO SUSPEITO E OS REVELADOS

NO LOCAL DE CRIME”. E ainda asseverou que “A CENA DO CRIME É O SÍTIO ONDE

ACONTECEU UM FATO DE CARACTERÍSTICAS DELITIVAS, NO QUAL SE ENCONTRAM


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VESTÍGIOS, RASTROS OU MARCAS QUE DEMONSTREM A COMISSÃO DE UM FATO DESTA

NATUREZA”.

A série de vestígios que encerra o cenário delitivo, por meio de seus

testemunhos “mudos” (apud EDMOND LOCARD), constitui a incontrastável realidade

do que verdadeiramente ocorreu nele, não se lhe devendo desperdiçar ou mesmo

destruir coisa alguma, por meio de manejos inadequados e incorretos, o que, de

forma mais grave, e por falta de isolamento, de preservação, de proteção, de

acautelamento e de custódia, e especialmente por ausência da autoridade policial,

comprometerá, sobremaneira, todo o trabalho a ser nele desenvolvido nos campos

investigativo e pericial. E o pior ocorre quando o não comparecimento da

autoridade policial redunda no não acionamento de perito criminal para a

realização da Perícia de Local de Crime. E também, dessa forma, jamais se poderá

determinar a dinâmica do evento. E, ausente a autoridade policial, jamais levará à

consecução a apreensão de instrumento, armas e tudo mais que se faça necessário,

no cenário delitivo, após ser este liberado pelo perito criminal. Assim, é

imponderável a ausência da autoridade policial.

Logo, como bem asseveraram os PROFESSORES ARNE SVENSSON &

OTTO WENDELL, em sua obra intitulada “MÉTODOS MODERNOS DE

INVESTIGACIÓN CRIMINAL”, o Local de Crime “É O MAIS FRUTÍFERO

MANANCIAL DE INFORMAÇÃO”. Assim sendo, das oportunas considerações que


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obtenham os peritos criminais no cenário do crime, dependerá todo o resultado

profícuo da tarefa ali iniciada, a começar pelo comparecimento do delegado de

polícia. Os PROFESSORES ARNE SVENSSON & OTTO WENDELL ainda advertiram: “SE

SE DESTROEM OS INDÍCIOS, JÁ NÃO SE PODE RECOMPOR, E A TAREFA DE

RECONSTRUÇÃO RESULTA IMPOSSÍVEL”.

A presença da autoridade policial no Local de Crime, tão logo tenha

o fato sido comunicado na Delegacia Policial da circunscrição abrangida, de forma

obrigatória, como de maneira sapiente asseverou o legislador (Art. 6° do CPP), tem

como precípuo escopo o isolamento, a preservação, a proteção, o acautelamento e a

custódia, até que seja o local então liberado pelo perito criminal, e antes disso tudo,

caberá à determinação, por parte da mesma autoridade policial presente, do

perímetro a ser isolado. Assim o é porquanto é justamente a autoridade policial

quem tem o necessário conhecimento técnico acerca das áreas que compõem um

Local de Crime, como veremos discernido no decorrer desse Parecer Técnico-

Científico, a saber: Área Imediata; Área Mediata; e Área Relacionada. E é

justamente a autoridade policial quem presidirá o inquérito policial e quem dará

as diretrizes da investigação criminal a ser desenvolvida por seus investigadores e

as supervisionará.

Algumas considerações hão de ser feitas. Em primeiro lugar, aqui no

Estado do Rio de Janeiro, o comparecimento de delegados de polícia nos Locais de


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Crime torna-se raríssimo, a exceção dos crimes de grande repercussão em nível

midiático, especialmente naqueles que envolvam alguém que seja considerado

“very important person” (VIP). Na verdade, delegados de polícia, que são os

profissionais policiais que única e efetivamente estão investidos da autoridade

policial, constantemente não comparecem aos Locais de Crime. E não comparecem

porque não o querem; porque se decidem por não ir. De hábito, os locais são

violados, mercê única e exclusivamente da ausência da autoridade policial. Aliado

a isso há parentes das vítimas, pessoas comuns, curiosos, repórteres etc., que

acabam por contribuir para a violação dos locais.

Consultando o “MANUAL DE CRIMINALÍSTICA – Comando da

Investigação Criminal”, de autoria do PROFESSOR GILBERTO DA SILVA PORTO,

temos: “(..)A PRESENÇA DA AUTORIDADE NOS LOCAIS DE CRIME — POR ESTE MOTIVO

OU POR SER O DELGADO O SUPERVISOR DAS DILIGÊNCIAS – EMPÍRICAS OU CIENTÍFICAS –

DURANTE A FASE MAIS MOVIMENTADA DA APURAÇÃO DO CASO, OU SEJA, NO

INQUÉRITO É QUE JULGAMOS QUE NOS CRIMES COMUMENTE CHAMADOS DE

“MISTERIOSOS” – E, ALIÁS, EM QUALQUER EXAME IN LOCO –, O DELEGADO DEVERÁ

COMPARECER PARA, PESSOALMENTE, MELHOR JULGAR DAS CONDIÇÕES DO ‘LOCAL’,

TENDO UMA IMPRESSÃO BEM NÍTIDA DO OCORRIDO, E PROCURANDO, ELE PRÓPRIO,

APURAR OS FATOS E TOMAR CONTATO COM O QUE ALI SE APRESENTA, AO INVÉS DE O

OUVIR DE OUTRAS PESSOAS(..)ESSE COMPARECIMENTO É ESSENCIAL(..)” – GRIFOS


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NOSSOS. E prossegue o notável autor: “A POLÍCIA NÃO PODE SER ÓRGÃO DE

GABINETE. TEM DE SER DINÂMICA, E ESSE DINAMISMO EXIGIRÁ MUITO MAIS DO QUE O

SIMPLES RACIOCÍNIO E EXPEDIÇÃO DE ORDENS”. O PROFESSOR GILBERTO PORTO

deixou bem patenteado que “AS PROVAS TÉCNICAS SÃO CONSTITUÍDAS PELAS PEÇAS

MATERIAIS QUE POSSAM SER ENCONTRADAS NOS LOCAIS DE CRIMES”.

Assim, delegados de polícia não se podem furtar de comparecer aos

Locais de Crime, sob qualquer pretexto ou justificativa, porquanto tal

comparecimento é condição expressa pelo diploma legal e o não comparecimento,

além de prejudicar todo o trabalho de investigação criminal e de investigação

científica, constituir-se-á em crime de Prevaricação (Art. 319 do CP – “RETARDAR

OU DEIXAR DE PRATICAR, INDEVIDAMENTE, ATO DE OFÍCIO, OU PRATICÁ-LO CONTRA

DISPOSIÇÃO EXPRESSA DE LEI, PARA SATISFAZER INTERESSE OU SENTIMENTO

PESSOAL”. Trata-se, portanto, de crime funcional, ou seja, praticado por

funcionário público e contra a Administração Pública. Importante se faz ressaltar

que não é admitida a modalidade culposa nesse tipo de crime. Portanto, cabe ao

Ministério Público, como titular da ação penal, como representante do povo, e

como fiscal da Lei, do inquérito e das ações de polícia, coibir tal prática e dar

providências para processar delegados de polícia que se furtem em comparecer aos

Locais de Crime. Somente assim, dar-se-á fim a tal nefasta ausência, e então

passaremos a ter delegados de polícia diligentes e sempre presentes nos Locais de


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Crime. Mas não é isso que ocorre, posto que delegados não comparecem aos locais

e o Ministério Público nada faz; e fica por isso mesmo.

Na visão científica do PROFESSOR ARIEL E. FUENTES (CHILE), “NO

LOCAL DE CRIME DEVE-SE CONSTATAR TUDO QUANTO NELE SE ENCONTRE E SUA

ANÁLISE DEVE SER PROTOCOLAR, EXAUSTIVA, DETALHADA, DOCUMENTADA E

ILUSTRADA. NÃO SE DEVE ESQUECER NADA. TUDO DEVE SER AVALIADO E

PERPETUADO MEDIANTE FOTOGRAFIA, PLANIMETRIA E AS RESPECTIVAS ATAS.

SEMPRE SE DEVE OBSERVAR DO GERAL PARA O PARTICULAR”. E, prosseguindo, o

consagrado PROFESSOR ARIEL E. FUENTES ainda asseverou: “O CHAMADO LUGAR

DO FATO, OU SÍTIO DO SUCESSO, REFERE-SE AO ESPAÇO FÍSICO NO QUAL SE

DESENVOLVEU UMA SITUAÇÃO, QUE A VENDO DESTA ÓTICA JUDICIAL, SE PODE

PRODUZIR UM HOMICÍDIO, SUICÍDIO OU ACIDENTE. É POR ISSO, QUE DITO SÍTIO, DEVE-

SE CONSIDERAR COMO UM LUGAR ‘SAGRADO’, JÁ QUE NELE PROVAVELMENTE SE

ENCONTREM INDÍCIOS QUE, INTERPRETADOS E ANALISADOS CORRETAMENTE, SIRVAM

AO INVESTIGADOR PARA CHEGAR À RESOLUÇÃO DO ACONTECIMENTO, DE MANEIRA

CLARA, OBJETIVA E CONTUNDENTE”. E prossegue: “NO LUGAR DO FATO DEVE-SE

CONSTATAR TUDO QUE NELE SE ENCONTRE, E SUA ANÁLISE DEVE SER PROTOCOLAR,

EXAUSTIVA, DETALHADA, DOCUMENTADA E ILUSTRADA. NADA SE DEVE ESQUECER.

TUDO TEM DE SER AVALIADO E PLASMADO MEDIANTE FOTOGRAFIA, PLANIMETRIA E

AS RESPECTIVAS ATAS. SEMPRE SE DEVE OBSERVAR DO GERAL PARA O PARTICULAR”.


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Segundo o PROFESSOR CARLOS A. GUZMÁN, em sua obra intitulada

“MANUAL DE CRIMINALÍSTICA” (Ediciones La Rocca; 2006), “BASICAMENTE

HÁ TRÊS CAMINHOS PRINCIPAIS, DISPONÍVEIS PARA ELUCIDAR UM CRIME CONTRA A

VIDA: CONFISSÃO DO CRIMINOSO; DEPOIMENTO DA VÍTIMA E/OU DE TESTEMUNHA; AS

INFORMAÇÕES OBTIDAS ATRAVÉS DAS EVIDÊNCIAS FÍSICAS”.

O delgado de polícia tem o dever de conhecer todos os ramos da

Criminalística, para bem movimentar-se em cada um destes ramos. Deve,

portanto, deter conhecimentos das variadas infrações penais, para corretamente

interpretar todos os indícios produzidos. Logo, para comandar e supervisionar

toda a investigação criminal, o delegado de polícia há que ter conhecimentos gerais

de Medicina Legal, Criminalística, Investigação Criminal, Investigação Policial,

Identificação, Local de Crime, Cadeia de Custódia, Criminologia, Vitimologia etc.

A autoridade policial deverá, ainda, formular quesitos a serem respondidos pelos

peritos, além, é claro, das quesitações oficiais existentes para cada caso e para cada

modalidade de perícia.

Quanto mais rápida, mais ágil e mais temprana for a chegada da

autoridade policial ao Local de Crime, maiores serão as possibilidades de plenos e

corretos isolamento, preservação, proteção, acautelamento e custódia do mesmo.


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A perícia no Local de Crime, é uma diligência processual penal

veiculada em instrumento chamado Laudo do Local. É uma das colunas, conforme

expôs o saudoso PROFESSOR HÉLIO GOMES, sobre as quais se apoiará o diagnóstico

delimitador da causa jurídica da morte. Por meio dela serão apanhados indícios

que poderão ajudar a desvendar a CAUSA MORTIS, bem como a dinâmica do

evento.

Conforme o assunto em questão, o PROFESSOR HILÁRIO VEIGA DE

CARVALHO ensina-nos: “(..)É NO LOCAL INDICADO QUE SE COLHE, EM REGRA, MAIOR

E O MELHOR NÚMERO DE INDÍCIOS ESCLARECEDORES DO CASO EM ESTUDO(..)”.

Quanto aos peritos criminais, em razão do número insuficiente de

profissionais como, por exemplo, no INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA

CARLOS ÉBOLI (ICCE), de hábito só um perito comparece ao Local de Crime.

Outrora, descumpria-se a Súmula 361 do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

(STF), logo a mais alta corte da república, que asseverava (PALAVRAS TEXTUAIS):

“NO PROCESSO PENAL, É NULO O EXAME REALIZADO POR UM SÓ PERITO,

CONSIDERANDO-SE IMPEDIDO O QUE TIVER FUNCIONANDO ANTERIORMENTE NA

DILIGÊNCIA DE APREENSÃO” – GRIFOS E DESTAQUES NOSSOS. Pela Súmula 361 do

STF, então, era nulo o laudo realizado por um só perito. O próprio STF,

estranhamente, à época, buscou amainar os efeitos daquela citada Súmula, dizendo

“QUE A NULIDADE HAVERIA EM SE TRATANDO DE PERITOS LEIGOS, NÃO O SENDO,


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PORÉM, SE FIRMADO POR APENAS UM PERITO OFICIAL” (?!). Em decorrência da nova

redação dada ao Art. 159 do CPP, pela Lei 8.862, de 28 de março de 1994, tal

Súmula resultou consagrada, já que a norma processual determinava: “OS EXAMES

DE CORPO DE DELITO E AS OUTRAS PERÍCIAS SERÃO FEITAS POR DOIS PERITOS

OFICIAIS” – GRIFO NOSSO. E bem sabemos que mercê do número insuficiente de

peritos, aliado ao fato dos peritos não cumprirem a jornada de trabalho semanal

de 40 horas, uma vez que, por causa dos baixos salários pagos pelo governo

estadual, peritos há que “não podem” se dedicar exclusivamente a tal mister,

necessitando, por conseguinte, ganhar dinheiro em outras atividades – ensino

universitário, atividades profissionais correlatas às suas graduações e pós-

graduações etc. –, para proverem sustento de forma digna. E, desta maneira, como

o Estado não tem a intenção de pagar bons salários e nem de recompletar os

quadros, preenchendo assim os claros existentes, culmina por ser condescendente à

falta de dedicação exclusiva de peritos e o não cumprimento da jornada de

trabalho estabelecida. Logo, todas as perícias de locais, ou mesmo as médico-legais,

feitas em tais condições errôneas, ou seja, somente com a presença de um perito

criminal, ou só um perito legista, em face da lei, seriam NULAS. Isso mesmo:

NULAS! Não havia outra assertiva a não ser a da nulidade. Mas a justiça as

aceitava; a justiça tornava-se condescendente com o descumprimento da lei; a

justiça mostrava-se pecaminosa; e a própria justiça descumpria o CPP e a Súmula

da mais alta corte brasileira. O Ministério Público também era condescendente


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com tamanha erronia. Posto isso, laudos exarados nessa condição seriam

irremediavelmente nulos! Isso era insofismável! Estava na Lei! Não se podia

“adaptar” a Lei às deficiências do Estado!

Em 09.06.2008, num derradeiro golpe à Ciência Forense, e porque

não dizer, à sociedade e à Justiça, o presidente da República sancionou três

Projetos de Lei, dando mais “celeridade” ao rito processualístico penal, sendo que

um deles, absurdamente, permitiu que os laudos oficiais fossem assinados por um

só perito (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008). Isso mesmo: um só perito!

Tratou-se de severo retrocesso, além de gravíssimo precedente. A lei foi mudada

vez que não havia qualquer intenção de prover os quadros de peritos com número

suficiente de profissionais, em relação à população. A ONU prevê que o número de

peritos tem de ser da ordem de 1 perito para cada 5.000 habitantes. Considerando-

se, por exemplo, uma população de 17 milhões no Rio de Janeiro, o número

necessário de peritos criminais seria de 3.400 peritos (3.400 peritos criminais; e

também de 3.400 peritos legistas). Todavia, o ICCE conta hoje com 318 (trezentos

e dezoito) peritos criminais; e o IMLAP conta com 339 (trezentos e trinta e nove)

peritos legistas – dados extraídos do PROCESSO: TCE-RJ nº. 116.736-1/10. Em

18.04.2011, a Polícia Civil deu posse e investidura para somente 09 (nove) peritos

criminais recém-concursados (?!). E, em novo concurso, a PCERJ abrirá 40


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(quarenta) vagas para peritos legistas (?!). E nenhum perito, no Estado do Rio de

Janeiro, cumpre a jornada semanal de 40 horas.

Segundo o grande PROFESSOR ODON RAMOS MARANHÃO, “A

CONCEITUAÇÃO PRECISA SER AMPLA, POIS AO TEMPO DO INQUÉRITO É POSSÍVEL QUE

NÃO SE DISPONHA DE ELEMENTOS PARA ESTABELECER CLARA DISTINÇÃO ENTRE

CRIME, ACIDENTE, SIMULAÇÃO E AUTOLESÕES OU SIMILARES”. Além disso, em certos

casos, pouco frequentes, porém exequíveis, trata-se de crime impossível (provocar

lesões mortais num cadáver, p. ex.). Somente o estudo e a análise cuidadosos dos

indícios irão dizer se se tratou de um homicídio, um suicídio, um acidente, etc.

Logo, só se irá falar de “crime” a posteriori.

Recordemos, por conseguinte, a conceituação de Local de Crime:

Classificação do Local de Crime

1) Quanto à Localização: se região urbana ou rural.

• De hábito, numa região urbana há maior possibilidade de obterem-se

testemunhas ao tempo em que aumenta a possibilidade de contaminação ou

de destruição de vestígios.

2) Quanto à Continuidade: se contínuo ou descontínuo.

• Frequentemente há continuidade quanto ao Local de Crime; mas, pode-se

não tê-la.

3) Quanto à Movimentação de Pessoas: se ermo ou concorrido.


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• Num local ermo é menor a possibilidade de obterem-se testemunhas; mas,

pelo contrário, aumenta a possibilidade de preservarem-se os vestígios. Já

em local concorrido sucede-se justamente o oposto.

4) Quanto ao Local:

• Local Externo (Local imóvel externo)

• Local Interno (Local imóvel interno)

• Local Misto (Recinto com partes fechadas e abertas no mesmo local,

quando não há contato direto com o céu, mas sim com um local aberto,

como, p. ex., um pátio debaixo de uma cobertura, de telha, zinco, alumínio

etc.)

• Local em Veículo (Local interno móvel)

5) Quanto à Área: existem áreas diferentes que se associam ou se completam na

configuração do delito.

• Área Imediata

- É a área onde frequentemente se encontra o cadáver e, com ele, a maior

parte dos vestígios da cena do crime. Nela, todos os cuidados e minucioso

trabalho pericial se fazem necessários.

• Área Mediata

- É toda área contínua à Área Imediata, ou seja, com a qual está

relacionada arquitetonicamente, em termos de estrutura física, ou mesmo


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geograficamente, onde podemos também encontrar vestígios intimamente

relacionados com os da cena do crime. Por vezes, até mesmo o cadáver

encontra-se na Área Mediata, e não na Área Imediata.

• Área Relacionada

- É qualquer área que, mesmo não estando diretamente ligada arquitetônica

ou estrutural ou geograficamente, às Áreas Imediata e Mediata, contém

vestígios deixados pelo criminoso, como, por exemplo, em sua rota de fuga,

onde, por vezes, poder-se-á também encontrar o próprio cadáver, nos casos

de tentativa de ocultação do mesmo, como se dá, e.g., nos cadáveres

deixados no interior de veículos automotivos. Trata-se, portanto, de área

sem relação de estrutura física com as outras duas citadas áreas, mas assim

mesmo plenamente relacionada com o ilícito penal praticado, podendo até

mesmo conter o Corpo de Delito: o Cadáver.

6) Quanto aos Indícios: existência de indícios relacionados ao fato.

7) Quanto à Preservação: onde os indícios são mantidos inalterados desde a

ocorrência dos fatos até seu completo registro, mantendo suas características

inalteradas até a chegada do perito (idôneo) – são, portanto, imprescindíveis o

isolamento, preservação e custódia do Local de Crime, por parte da autoridade

policial, conforme determinado no CPP. Um local é considerado NÃO-


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PRESERVADO, quando a violação dá-se sem dolo, ou seja, por curiosos,

familiares, repórteres investigativos etc.

8) Quanto à Idoneidade: local idôneo ou inidôneo. Os locais inidôneos são

considerados locais alterados, mas que ainda mantêm indícios, apesar de serem

considerados inadequados às investigações (local inidôneo ou violado). Não há

que se confundir LOCAL INIDÔNIO com LOCAL NÃO-PRESERVADO,

posto que naquele existe dolo e neste não.

Faz-se necessário salientar que, ao considerarmos as Áreas Imediata,

Mediata e Relacionada, não basta que somente a Área Imediata esteja

corretamente isolada e preservada, posto que também sejam necessários os

isolamentos e preservações das Áreas Mediata e Relacionada. Isto importa em

aprofundado conhecimento por parte da autoridade policial, pois, conforme

prescreve o Art. 6° do CPP, cabe exatamente ao delegado de polícia – dever

intransferível – o isolamento, a preservação, a proteção, o acautelamento e a

custódia do Local de Crime; mas, antes disso, tornamos a destacar que lhe caberá

determinar os limites da área a ser isolada – por isso, é imprescindível que os

Cursos de Formação tenham PROFESSORes mais que habilitados, estudiosos,

experientes e altamente comprometidos com a Ciência Forense, e que

didaticamente ensinem i sso aos seus alunos. Basta de amadorismo!

“CONTRAPONDO-SE À VERDADE FÁTICA TEMOS A MENTIRA. CONTRAPONDO-SE À


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VERDADE FILOSÓFICA TEMOS A UTOPIA. CONTRAPONDO-SE À VERDADE CIENTÍFICA

TEMOS O ERRO”.

Como bem discerniu o PROFESSOR JOSÉ LOPEZ ZARZUELA, “POUCA OU

NENHUMA DIFERENÇA FAZ PARA O JUIZ QUE O LOCAL SEJA CONSIDERADO INTERNO OU

EXTERNO PELOS PERITOS; SEM DÚVIDA O IMPORTANTE É QUE OS PERITOS DEFINAM OS

CONTORNOS DA OCORRÊNCIA E FORNEÇAM SUBSÍDIOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS QUE

PERMITAM AOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO FORMAR SEGURA CONVICÇÃO DO

FATO E DO INTERESSE QUE POSSA OFERECER À JUSTIÇA”. E prossegue o brilhante

PROFESSOR ZARZUELA: “QUANTO À NATUREZA DO FATO, SOB O PONTO DE VISTA

JURÍDICO, NÃO CABE NENHUMA PREOCUPAÇÃO AO PERITO DEFINIR-LHE O ASPECTO

LEGAL; É PRECISO QUE FORNEÇAM OS PERITOS O SOMATÓRIO DE TODOS OS

ELEMENTOS MATERIAIS ENCONTRADOS NO LOCAL, DEVIDAMENTE ANALISADOS E

INTERPRETADOS QUE POSSAM PERMITIR SEU PERFEITO ENQUADRAMENTO LEGAL

PELO ÓRGÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO; OS PERITOS NÃO DEVEM ESQUECER QUE O

TRABALHO TÉCNICO-PERICIAL, À SEMELHANÇA DO INQUÉRITO POLICIAL, CONSTITUI

PEÇA INFORMATIVA, ESCLARECEDORA E NÃO PEÇA TIPIFICADORA; OS PERITOS

PRECISAM TER SEMPRE PRESENTE UM ANTIGO PRECEITO DO DIREITO: DÊ-ME OS

FATOS QUE TE DAREI A LEI”.

Ainda com relação aos Locais de Crime temos de abordar a questão

do desfazimento dos mesmos. Ora, um Local de Crime só se pode violar, de forma


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aceitável e legal, nos seguintes casos: 1- Para CESSAR O ATO DELITUOSO; 2- Para

PRESTAÇÃO DE SOCORRO À VÍTIMA; 3- Para EVACUAR O AMBIENTE; 4- Para BUSCAR

CONHECIMENTO DO FATO. Exemplificando, situações há em que a vítima jaz no

chão, mas o criminoso ainda se encontra no local. Daí, em consequência, poder-se-

á ter o emprego de violência para interromper a agressão perpetrada – estrito

cumprimento do dever legal; legítima defesa de outrem – e proceder-se ao ato

prisional do criminoso – para CESSAR O ATO DELITUOSO. Como citamos, poder-se-á

desfazê-lo caso a vítima ainda reste com vida e, assim sendo, com alguns sinais de

vida, ainda que tênues – para PRESTAÇÃO DE SOCORRO À VÍTIMA. Logicamente a

prestação de socorro será dada por profissionais especializados e habilitados para

tal (médicos e paramédicos). Nesses casos, a força policial providenciará socorro

médico por pessoal habilitado e treinado, e por meio de viatura ambulância

apropriada; jamais por meios próprios (viaturas policiais operacionais),

considerando-se que se tratam de pessoas leigas em medicina e também que um

transporte inadequado e sem estabilização da vítima pode propiciar o

agravamento do quadro, culminando até rapidamente na morte. Também há casos

que a autoridade policial – ou mesmo seus agentes... – providenciará a retirada de

pessoas, não só as que por ventura possam fornecer informações, ou que hajam

testemunhado o fato, ou mesmo pessoas interessadas (parentes da vítima), mas

precipuamente deverá retirar todos quanto ali se encontrem motivados por mera

curiosidade ou mesmo realizando trabalho de imprensa – para EVACUAR O


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AMBIENTE. Outra situação peculiar, ao tempo que frequente, refere-se a ocasiões

em que a autoridade policial tem a expressa e justificada necessidade de penetrar

no local, como, por exemplo, arrombar a porta de um apartamento ou de sua

janela, para buscar o morador que se encontra desaparecido e forte odor de

putrefação é notado como oriundo do imóvel – para BUSCAR CONHECIMENTO DO

FATO. Afora essas possibilidades elencadas, é rigorosamente INJUSTIFICÁVEL o

desfazimento de um Local de Crime, o que significa falar-se em violação

criminosa, seja culposa ou dolosa, pois, mercê de fatos divulgados pelos órgãos de

imprensa ou mesmo abordados por cineastas, todo e qualquer cidadão leigo sabe

perfeitamente que um local dessa natureza há que ser isolado e preservado, para

que nele se realize o trabalho pericial – Art. 347 do Código Penal (Decreto-Lei n.º

2.848, de 7 de dezembro de 1940): “(..)INOVAR ARTIFICIOSAMENTE, NA PENDÊNCIA

DE PROCESSO CIVIL OU ADMINISTRATIVO, O ESTADO DE LUGAR, DE COISA OU DE

PESSOA, COM O FIM DE INDUZIR A ERRO O JUIZ OU O PERITO (..)PENA - DETENÇÃO, DE

3 (TRÊS) MESES A 2 (DOIS) ANOS, E MULTA(..)PARÁGRAFO ÚNICO - SE A INOVAÇÃO SE

DESTINA A PRODUZIR EFEITO EM PROCESSO PENAL, AINDA QUE NÃO INICIADO, AS

PENAS APLICAM-SE EM DOBRO(..)”. E, ainda, não se pode escusar com a justificativa

de desconhecimento do diploma legal, principalmente em se tratando de Agentes

do Estado. Eu, particularmente, nunca soube de qualquer Agente do Estado,

especialmente delegados de polícia, ou mesmo pessoas outras, processados por

desfazimento de Local de Crime.


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Recordemo-nos, mais uma vez, o que prescreve o CPP – nunca é

demais... : “(..)Art. 161: O EXAME DE CORPO DE DELITO PODERÁ SER FEITO EM

QUALQUER DIA E A QUALQUER HORA(..)Art. 164: OS CADÁVERES SERÃO SEMPRE

FOTOGRAFADOS NA POSIÇÃO EM QUE FOREM ENCONTRADOS, BEM COMO, NA MEDIDA

DO POSSÍVEL, TODAS AS LESÕES EXTERNAS E VESTÍGIOS DEIXADOS NO LOCAL DO

CRIME(..)REDAÇÃO DADA PELA LEI N°. 8.862, DE 28.03.1994(..)Art. 165: PARA

REPRESENTAR AS LESÕES ENCONTRADAS NO CADÁVER, OS PERITOS, QUANDO

POSSÍVEL, JUNTARÃO AO LAUDO DO EXAME PROVAS FOTOGRÁFICAS, ESQUEMAS OU

DESENHOS, DEVIDAMENTE RUBRICADOS(..)Art. 169: PARA O EFEITO DE EXAME DO

LOCAL ONDE HOUVER SIDO PRATICADA A INFRAÇÃO, A AUTORIDADE PROVIDENCIARÁ

IMEDIATAMENTE PARA QUE NÃO SE ALTERE O ESTADO DAS COISAS ATÉ A CHEGADA

DOS PERITOS, QUE PODERÃO INSTRUIR SEUS LAUDOS COM FOTOGRAFIAS, DESENHOS

OU ESQUEMAS ELUCIDATIVOS(..)VIDE LEI N°. 5.970, DE 1973(..)Parágrafo único: OS

PERITOS REGISTRARÃO, NO LAUDO, AS ALTERAÇÕES DO ESTADO DAS COISAS E

DISCUTIRÃO, NO RELATÓRIO, AS CONSEQUÊNCIAS DESSAS ALTERAÇÕES NA DINÂMICA

DOS FATOS(..)INCLUÍDO PELA LEI N°. 8.862, DE 28.03.1994(..)”. Logo, resta claro que

a Lei tem de ser cumprida por todos, nada mais que isso. A autoridade policial e,

tampouco, seus representantes não podem descumprir a Lei, uma vez que

ninguém, absolutamente ninguém, pode-se postar acima ou à margem da Lei. Isto

é inaceitável! Então, violam-se Locais de Crime, sob a alegação de “prestação de

socorro”, e ninguém se pronuncia – nem a autoridade policial (delegado) e muito


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menos o Ministério Público? Os Locais de Crime são violados descaradamente e

fica por isso mesmo; e ponto final!

Em Locais de Crime Violados, há destruição de vestígios, o que

ocasiona a perda de elementos de convicção, prejudicando assim a manifestação

técnico-científica do perito, no que concerne à dinâmica do evento. E quem

responde por isso? E, a despeito de todo o avanço da Ciência Forense, com o

advento de novas tecnologias, que propiciam excelentes exames laboratoriais dos

vestígios coletados, jamais se substituirá a idoneidade do local, posto que é nele que

se encontra a veracidade dos fatos. A autoridade policial, ao isolar o Local de

Crime, garante a sua preservação, não permitindo qualquer acesso não autorizado

àquela área. O (s) policial (ais) haverá (ão) de informar ao (s) perito (s) a (s) sua (s)

movimentação (ões) no Local de Crime, a fim de que estes não percam tempo

analisando falsos vestígios deixados pelo (s) policial (is). Portanto, no que concerne

ao Local de Crime, compete à autoridade policial determinar sua rigorosa

interdição, a proteção dos vestígios nele existentes, além de sua custódia até a

chegada dos peritos por ela convocados. A interdição é a primeira providência a

ser tomada pela autoridade policial, uma vez que os vestígios hão de ser

preservados, não só pela implícita importância que têm, mas especialmente por

suas localizações na cena do crime e também por suas inter-relações – a alteração

ou mesmo a destruição dos vestígios tornará infrutífero o trabalho dos peritos,

conturbando assim o raciocínio científico e também comprometendo,


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sobremaneira, as conclusões periciais. A delimitação da área a ser preservada é

discernida e determinada pela autoridade policial (delegado de polícia) – portanto

as autoridades policiais têm de ser muito bem capacitadas nos Cursos de

Formação Profissional. Os vestígios hão de ser protegidos e preservados até a

chegada dos peritos. No tocante à proteção, há que se raciocinar com as

intervenções indesejáveis de intempéries, de focos de contaminação, de pessoas

outras e até de animais e insetos existentes no local. A custódia torna-se inafastável

porquanto a interdição do local estará fadada ao insucesso, caso não seja mantida,

de forma rigorosa e eficaz, até que se dê a liberação do local pelos peritos. Torna-se

imperioso que a autoridade policial chegue o mais rápido possível ao local, o qual

só deixará após a saída dos peritos – não se pode mais conviver com a absurda

constatação de que autoridades policiais várias não se façam presentes nos Locais

de Crime. Então, perante a Lei, é a autoridade policial quem responde pela

violação do Local de Crime; e cabe ao MP exercer sua destinação, qual seja, a de

fiscalizar as ações de polícia. Isso o MP efetivamente não faz, até porque, em casos

de violações, ninguém é processado e sequer a autoridade policial vê-se

admoestada, na forma da Lei, com base no Art. 347 do Código Penal (?!). A partir

do dia em que o MP desempenhar seu dever de ofício, cumprindo seu papel como

titular da ação penal, representante do povo, fiscal da Lei, fiscal do inquérito e das

ações de polícia, decerto tais omissões não mais ocorrerão. E quem desrespeitar o

isolamento, a preservação, o acautelamento e a custódia do Local de Crime que


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seja processado. E a autoridade policial que não tomar as providências que lhe

cabe, por dever de ofício e por imposição legal, que seja responsabilizada e

igualmente processada.

Devemos destacar que policiais militares não são responsáveis por

isolamento e preservação de Local de Crime, posto que tal dever, instansferível, é

do delegado de polícia. Torna-se, portanto, absurdo dizer-se, como e hábito

autoridades policiais e até mesmo peritos criminais o fazem, que o local estava

isolado e preservado por policias militares. Ora, aos policiais militares cabe, tão-

somente, GUARNECER o Local de Crime até a chegada do delegado de polícia.

Com ficou muito bem definido no trabalho intitulado “Conscientização sobre o

Local de Crime e as evidências materiais em especial para pessoal não forense”, do

Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) -

http://www.unodc.org/documents/lpo-brazil//Topics_crime/Publicacoes/10-

52360_Ebook.pdf - policias militares são os “first responders”, ou seja, aqueles que

primeiro atendem ao Local de Crime.

Todos esses fatos abordados permitirão que o Exame de Corpo de

Delito (Perícia de Local de Crime) atinja os seguintes objetivos, a saber: 1.

CONSTATAÇÃO; 2. CARACTERIZAÇÃO; 3. PESQUISA E COLETA DE VESTÍGIOS; 4.

PRESERVAÇÃO; 5. LEGALIZAÇÃO JURÍDICA. Caberá aos peritos CONSTATAR se

houve, ou não, uma infração penal. Ao constatarem a ocorrência de infração penal,

os peritos CARACTERIZARÃO o fato delituoso, concluindo se se trata de forma


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simples ou forma qualificadora. Os peritos PESQUISARÃO E COLETARÃO todos os

vestígios existentes na cena do crime, para avaliá-los cientificamente e assim

provar suas relações com o crime havido. Ao PERPETUAREM os vestígios (corpo do

laudo; croqui; fotografia; filmagem; etc.), os peritos estarão aptos, a qualquer

tempo, a exibi-los como provas indiciárias e, principalmente, para que sejam eles

cientificamente revistos no sumário de culpa. Ao autenticarem cientificamente

todo material probante, chancelando-o, os peritos promoverão a LEGALIZAÇÃO

JURÍDICA das provas indiciárias.

Provas Indiciárias (Segundo EDMOND LOCARD):

➢ Manifestas – flagrante delito

➢ Próximas – relacionando o suspeito com o crime

➢ Distintas – estigmas de degenerescência próprios de alguém; por

exemplo, “MODUS OPERANDI”

Meios de Provas:

1. Provas Subjetivas (Informativas) – Vítimas; Testemunhas; Acusado

• Informações

• Acareações

• Reconhecimento (de pessoas e objetos)


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2. Provas Objetivas (ou Materiais; ou Físicas; ou Técnicas; ou “Mudas”)

▪ Constatação da Existência de Crime

▪ Verificação de Meios e Modos

▪ Indicação de Autoria

3. Provas Complementares

✓ Identificação Dactiloscópica

✓ Vida Pregressa

✓ Reprodução Simulada de Local de Crime

Portanto, temos, para comprovação da Culpabilidade, como provas

diretas, o Flagrante Delito e/ou a Confissão. Para comprovação da Inocência, o

álibi. Porém, na maioria dos processos dominam as Provas Indiciárias.

Segundo o perito criminal DR. JOÃO LUIZ DE CARVALHO, em sua

obra intitulada “FUNDAMENTOS DA PERÍCIA CRIMINAL”, pela Editora

Bookseller (2006), “OS PROCEDIMENTOS PERICIAIS CRIMINAIS REALIZADOS NA

INVESTIGAÇÃO DE UM LOCAL DE CRIME SE DIVIDEM EM DUAS ETAPAS BEM

DEFINIDAS: QUANTO AO LOCAL EM SI (O LEVANTAMENTO) E QUANTO A NATUREZA

DO FATO (O EXAME). É justamente no Levantamento que o perito poderá

classificar o Local de Crime em Local Interno, Local Externo, Local Misto e Local

em Veículo; e nele colherá todos os vestígios existentes. O Levantamento é a


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representação fiel do Local de Crime, através da descrição, da fotografia e do

croqui. O Levantamento correto e minudente é o único procedimento que

afiançará a Reprodução Simulada do Local de Crime, quantas vezes esta se fizer

necessária. E a descrição deverá ser clara, precisa e abrangente.

Uma vez chegando a um Local de Crime, de pronto, os peritos

criminais hão de se certificar que houve corretos isolamento e preservação da cena

do crime (Áreas Imediata, Mediata e Relacionada, sobre as quais discorreremos à

diante), bem como da real presença da autoridade policial, fatos que serão

devidamente declarados, de forma minudente, no Exame de Corpo de Delito –

Local de Crime. Importante se faz salientar que os vestígios colhidos nas primeiras

72 horas efetivamente trarão grande proveito científico. Tendo havido o cuidando

para que não se alterem a cena do crime, os peritos haverão de observar e

descrever tudo quanto vislumbrarem, com o especial cuidado de fotografarem,

inclusive com a utilização de lente grande-angular e de lente macro, munidos com

apropriado material de iluminação, tomando o cuidado de partir do geral para as

particularidades, num giro horário, mas sem nada tocar, de início.

Cuidadosamente, todos os vestígios serão destacados por meio de placas ou

bandeirolas, numeradas, para novas exposições fotográficas, tomando-se especial

cuidado quando da circulação dos peritos, e também profissionais outros

envolvidos no trabalho policial, pelo ambiente examinado – na cena do crime,


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todos os deslocamentos dos peritos, e equipe, serão executados com critério e

atenção máximos, para não contaminar a cena do crime. Feito isso, entram em

cena os papiloscopistas, sob orientação e coordenação dos peritos criminais,

quando então buscarão o levantamento, revelação e fixação de impressões digitais,

além das impressões palmares ou mesmo plantares, que por ventura existam na

cena do crime. Lembrar que peritos sempre haverão de usar gorros, máscaras,

aventais, luvas e sapatilhas descartáveis, ao frequentarem todo Local de Crime.

Neste ponto, no que se refere às armas de fogo, todas as vezes que,

outrora, participamos de perícias de Locais de Crime, requisitados pela Justiça

Militar Federal, sempre sugerimos que possíveis impressões digitais existentes nas

armas – armas de fogo; armas brancas; e instrumentos outros (contundentes ou

mesmo corto-contundentes) eventualmente usados para causar lesões – fossem

levantadas, reveladas, fixadas e perpetuadas no próprio local, ao contrário do que

habitualmente ocorre; ou seja, a arma é recolhida e levada para o Instituto de

Criminalística, para, por fim, lá levantarem, revelarem, fixarem e perpetuarem as

impressões digitais latentes. Agindo como sempre preconizamos reduz-se, como sói

óbvio, o risco de destruir ou mesmo alterar as impressões digitais, por meio de

manuseio, embalagem e transporte inadequados. Feito isso, poder-se-á finalmente

manusear a arma no Local de Crime, para averiguar e contabilizar a munição por

ventura nela ainda contida, bem como estojo (s) com cápsula (s) de espoletamento
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(s) percutida (s) etc., envelopando-a, lacrando o envelope, nele identificando a

data/hora e o nome do perito, que o chancelará, para então, por fim, ao ser

apreendido pela autoridade policial, encaminhá-lo ao Instituto de Criminalística,

no intuito de realizar as demais perícias pertinentes ao armamento, assim como

também as de Balística Forense, mormente a de Microcomparação Balística – isso

é o ponto de partida para a Cadeia de Custódia, como adiante discorreremos. Por

isso, mais uma vez frisamos, que a autoridade policial tomará todas as

providências, que lhe incumbem e impõem o Art. 6º do CPP, no próprio Local de

Crime, após o mesmo ser liberado pelos peritos criminais. Torna-se necessário

recordar que, em se tratando de perícia de armamento, caberá à autoridade

policial formular quesitação propícia e necessária a ser respondida pelos peritos

criminais. Infeliz e inadvertidamente, tal fato, por vezes, é desconhecido por várias

autoridades policiais (?!).

De acordo com o PROFESSOR LUIZ EDUARDO DOREA, o recolhimento

de impressões digitais deverá ser feito antes de qualquer outro procedimento, dado

que esse é o indício de maior importância, pois, segundo ele, “(..)REPRESENTA

PROVA IRREFUTÁVEL CONTRA O AUTOR(..)”. As impressões digitais, em termos de

identificação humana, caracterizam-se pela unicidade, perenidade, imutabilidade,

variabilidade, classificabilidade e praticidade.


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Segundo o PROFESSOR ODON RAMOS MARANHÃO, há três espécies de

impressões digitais:

a. Moldadas: são produzidas quando a mão da pessoa toca um substrato

depressível, tais como manteiga, gordura, cera, massa de vidraceiro,

lama etc. São raras.

b. Coloridas: são produzidas quando a pessoa está com a mão suja de tinta,

graxa, sangue, por exemplo, e apoia seus dedos em algum suporte ou

objeto. Não são tão raras quanto às moldadas, nem tão comuns quanto

às latentes.

c. Latentes: são as produzidas pelo toque das mãos desprotegidas em

objetos variados. Para serem vistas faz-se necessário iluminação

oblíqua, ou transformá-las em coloridas. São encontradas com mais

frequência.

Todos os vestígios, depois de vistos, descritos e fotografados,

coletados na cena do crime, têm de ser, portanto, corretamente envelopados, estes

etiquetados (identificando pormenorizadamente o conteúdo), lacrados, datados

(data/hora) e assinados ou mesmo rubricados pelos peritos. E, ao serem entregues

no Instituto de Criminalística, dever-se-á fazê-lo por meio de ofício, em duas vias,

além de livro de protocolo próprio, com recibo na segunda via do ofício e clara e

perfeita identificação do policial que recebeu todos os envelopes, listando-se os


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vestígios arrecadados e os destinos dados. Dentro dessa vertente de raciocínio, ao

serem encaminhados aos diversos setores, e seus respectivos peritos destinatários,

todos os envelopes haverão de ser entregues igualmente mediante ofício, em duas

vias, e livro de protocolo, identificando-se assim aquele (s) que entregou (ram) o (s)

material (ais) e o (s) perito (s) que o (s) recebeu (ram). Com tais cuidados poder-se-

á controlar, com absoluto e total rigor, todo o trâmite e todos os policiais que em

dados momentos participaram da Cadeia de Custódia, assegurando-se dessa forma

que todos os vestígios colhidos na cena do crime sejam exatamente os mesmos que

foram entregues, recebidos e periciados no Instituto de Criminalística, o que lhes

emprestará confiabilidade e fidedignidade probante. Isto é de vital importância no

processo penal, para que não se permita, do contrário, a arguição de nulidade das

provas técnicas. Sem tal criteriosa conduta dar-se-á margem a extravios, trocas

acidentais, ou até mesmo intervenções dolosas, no intuito de se mudar o material

probante em benefício do (s) criminoso (s) – adiante discorreremos, com

pormenores, sobre a Cadeia de Custódia.

O estudo do Local de Crime permitirá a busca e exame de todos os

vestígios deixados na cena do crime, para esclarecer a dinâmica do evento e, desta

forma, contribuir decisivamente para o processo judicial, já que constituem provas

não repetíveis produzidas exclusivamente na fase inquisitiva, ocorrendo tão-

somente aquilo que alguns autores chamam de Princípio da Judicialização das


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Provas. Cita-se, como exemplo, o caso de homicídio, onde a perícia comparece ao

Local do Crime e realiza os trabalhos pertinentes, que são concretizados num

Laudo Pericial.

Um crime de homicídio, por exemplo, quando ocorre, pelos menos

sete pessoas trabalham na apuração, durante a primeira fase da persecução

criminal; assim, temos o policial militar, que quase sempre é o primeiro a

comparecer ao local e a quem cabe, tão-somente, o GUARNECIMENTO do

mesmo até a chegada da autoridade policial (delegado de polícia), a qual dará

cumprimento ao que prescreve o Art. 6°. Ao delegado de polícia também

competirá o que bem prescreve o Art. 169 do CPP (PARA O EFEITO DE EXAME DO

LOCAL ONDE HOUVER SIDO PRATICADA A INFRAÇÃO, A AUTORIDADE PROVIDENCIARÁ

IMEDIATAMENTE PARA QUE NÃO SE ALTERE O ESTADO DAS COISAS ATÉ A CHEGADA

DOS PERITOS, QUE PODERÃO INSTRUIR SEUS LAUDOS COM FOTOGRAFIAS, DESENHOS

OU ESQUEMAS ELUCIDATIVOS. PARÁGRAFO ÚNICO. OS PERITOS REGISTRARÃO, NO

LAUDO, AS ALTERAÇÕES DO ESTADO DAS COISAS E DISCUTIRÃO, NO RELATÓRIO, AS

CONSEQUÊNCIAS DESSAS ALTERAÇÕES NA DINÂMICA DOS FATOS).

O delegado de polícia é quem preside toda investigação, por meio do

Inquérito Policial, um instrumento útil e necessário para a promoção de justiça. E,

como bem definiu o PROFESSOR GILBERTO SILVA PORTO, “O DELEGADO É O

SUPERVISOR DAS INVESTIGAÇÕES”. Assim, não se pode escusar a ausência da


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autoridade policial, sob qualquer alegação que seja, pois, afinal, será ele quem

presidirá o inquérito policial e conduzirá tecnicamente todas as investigações.

Numerosos casos têm sofrido as consequências da atuação deficiente

por parte da polícia judiciária, por “desconhecimento”, negligência, omissão, dolo

etc. Claro está que o Agente do Estado jamais poderá justificar a não realização da

Perícia de Local de Crime, como bem preceitua o Art. 6º do CPP, alegando

“desconhecimento” do diploma legal. É injustificável, intangível, imponderável e

inaceitável.

O resultado do processo investigativo depende das primeiras

intervenções no Local de Crime. E o não cumprimento das obrigações inerentes às

funções da autoridade policial, do investigador criminal, do perito criminal e do

perito legista, sentenciarão todo o processo investigativo ao fracasso e, com isto, a

não determinação de autoria, o que, em última análise, será um dos pilares

basilares da impunidade ou mesmo do erro judiciário. Há que se ter em mente que

a confissão do suspeito já não mais é, há muito, o modo mais fácil de resolver os

fatos delitivos que se planteiam, e somente se dará em condições especialíssimas,

para não dizermos pontuais. Até porque, há várias décadas atrás, o criminoso,

quando era confrontado com as provas indiciárias, culminava por confessar o

crime, e até mesmo os patronos de réus decidiam-se pela aceitação da

culpabilidade, como forma de amenizar a pena condenatória. Hoje não mais é


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assim, porquanto a Lei Processual Penal, e muito antes dela, a própria

Constituição Federal, que privilegiou as garantias individuais constitucionais do

cidadão, dando-lhe a “presunção de inocência” e o direito de não produzir provas

contra si mesmo (Princípio da Não-Autoincriminação), antes do trânsito em

julgado da matéria, nenhum criminoso mais confessa seus crimes, a despeito da

clareza e objetividade das provas coligidas. Assim sendo, assumem indeléveis

importâncias as provas periciais, como, por exemplo, a Perícia de Local de Crime,

o Exame Cadavérico, a Perícia de Reprodução Simulada de Local de Crime, a

Perícia de Pesquisa de Resíduos de Tiro (Gunshot Residues - GSR), a Perícia de

Armamento e Munição, a Perícia de Microcomparação Balística, a Perícia para

Determinação das Distâncias do Atirador, da Arma, do cano da arma e do Tiro,

em relação à Vítima, a Perícia Papiloscópica, a Perícia Grafotécnica, a Perícia de

Voz etc. Por isso, caberá aos peritos forenses “colocar o suspeito na cena do

crime”, através de provas técnicas irrefutáveis e cientificamente consistentes e

provadas. E, neste desiderato, o filósofo francês MICHEL FOUCAULT, em seu livro

“VIGIAR E PUNIR”, bem asseverou: “OS PERITOS NÃO INTERVÊM ANTES DA

SENTENÇA PARA FAZER UM JULGAMENTO, MAS PARA ESCLARECER A DECISÃO DOS

JUÍZES”.

A série de vestígios que encerra o cenário delitivo, por meio de seus

“testemunhos mudos”, assim como bem denominou O PROFESSOR EDMOND LOCARD,


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constituem a incontrastável realidade do que verdadeiramente ocorreu nele, não se

lhe devendo desperdiçar ou mesmo destruir coisa alguma, por meio de manejos

inadequados e incorretos, violações, bem como, de forma mais grave, por faltas de

isolamento, de preservação, de proteção, de acautelamento e de custódia, o que

comprometerá, ao final, sobremaneira, todo o trabalho a ser nele desenvolvido nos

campos investigativo e pericial. Também jamais se poderá permitir a existência de

perícias, necessárias, irrealizadas, além das já citadas.

A finalidade do levantamento, segundo o festejado PROFESSOR JOSÉ

LOPES ZARZUELA, reside na documentação das condições materiais que se

encontrava o local por ocasião da chegada dos peritos ao mesmo.

Segundo o PROFESSOR JUVENTINO MONTIEL SOSA (MÉXICO) em sua

obra intitulada “CRIMINALÍSTICA”, pela Editora LIMUSA, assevera que

“QUANDO NÃO SE RECORREM E ESTUDAM OS INDÍCIOS NO LOCAL DE CRIME, TODA

INVESTIGAÇÃO RESULTA MAIS DIFÍCIL”.

E segundo os festejados PROFESSORES PEDRO LÓPEZ CALVO e PEDRO

GÓMEZ SILVA (Bogotá-COLOMBIA), “A PROTEÇÃO DO SÍTIO DO SUCESSO É

ESSENCIAL PARA EVITAR A CONTAMINAÇÃO, PERDA OU INADEQUADA MANIPULAÇÃO

DOS ELEMENTOS MATERIAIS DE PROVA ALI ENCONTRADOS, FATORES QUE INCIDIRAM

DIRETAMENTE NO DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO”.


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A perícia no Local de Crime é uma diligência processual penal

veiculada em instrumento chamado laudo do local e uma das colunas, conforme

expôs o PROFESSOR HÉLIO GOMES, sobre as quais se apoiará no diagnóstico

delimitador da causa jurídica da morte. Por meio dela serão apontados indícios

que ajudarão o desvendar da Causa da Morte.

Conforme o assunto em questão leciona o PROFESSOR HILÁRIO VEIGA

DE CARVALHO: “(..)É NO LOCAL INDICADO QUE SE COLHE, EM REGRA, MAIOR E O

MELHOR NÚMERO DE INDÍCIOS ESCLARECEDORES DO CASO EM ESTUDO(..)”.

Segundo o PROFESSOR LUIZ EDUARDO DOREA, “NA PRÁTICA, A

PROBABILIDADE DE QUE SEJA ESCLARECIDA UMA MORTE É PROPORCIONAL AO NÍVEL

DE PRESERVAÇÃO DO LOCAL”.

A presença da autoridade policial (delegado de polícia) no Local de

Crime, tão logo tenha sido o evento comunicado na Delegacia Policial da

circunscrição onde se deu o fato delitivo, como de forma sapiente asseverou o

legislador (Art. 6° do CPP), é imprescindível e tem como precípuo escopo o

isolamento, a preservação, a proteção, o acautelamento e a custódia, até que seja o

local então liberado pelo perito criminal; e antes de tudo, caberá àquela autoridade

policial a determinação do perímetro a ser isolado. Assim tem de sê-lo, porquanto é

justamente a autoridade policial quem tem o necessário conhecimento técnico

acerca das áreas que compõem um Local de Crime, como veremos discernido no
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decorrer desse Parecer Técnico-Científico, a saber: Área Imediata; Área Mediata;

Área Relacionada. Logo, o delegado de polícia, tão logo tome conhecimento do

fato, há que se dirigir, de imediato, ao local, dando todas as providências elencadas

no Art. 6° do CPP, e somente de lá se retirar após os peritos terem liberado o Local

de Crime e tenha ele, obviamente, encerrado todos os seus trabalhos de campo.

Quanto mais rápida, mais ágil e mais temprana for a chegada da autoridade

policial ao Local de Crime, maiores serão as possibilidades de plenos isolamento,

preservação, proteção, acautelamento e custódia do mesmo.

O Local de Crime, logicamente, é a primeira grande fonte das provas

materiais ou objetivas – o Corpo de Delito –, podendo-se nele encontrar elementos

materiais úteis, para a constatação da existência de crimes, para a verificação de

meios e do MODUS OPERANDI e, também, para indicação de autoria (COBRA, 1987).

Logo, cabe aos peritos – criminal e legista – toda a responsabilidade no trato com

as provas materiais. E cabem responsabilidades à autoridade policial, bem como

ao Ministério Público (principalmente este, volto a dizer), o qual não pode se

afastar de seu intransferível papel de titular da ação penal, representante do povo,

fiscal da Lei, fiscal do inquérito e fiscal das ações de polícia, como de fato e de

direito é e tem de ser sempre. O que quero realisticamente expressar é que tudo

quanto ocorrer de errado, em especial no tangente a desfazimentos de Locais de

Crime, não é só parcela de culpa de Policiais Militares, ou da Polícia Judiciária – a


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autoridade policial, muito embora esta seja a responsável pelos isolamento,

preservação, proteção, acautelamento e custódia do Local de Crime, até a chegada

dos peritos criminais... –, mas há, ao final, irrefutável e preponderante

condescendência do Ministério Público, o qual tem o dever de zelar pelo

cumprimento do rito processualístico penal e, na grande maioria das

oportunidades, verdadeiramente não o faz. E, de prazos em prazos, os inquéritos

“vagueiam” entre as delegacias e as Centrais de Inquéritos do Ministério Público.

Faz-se necessário salientar que, ao considerarmos as Áreas Imediata,

Mediata e Relacionada, não basta que somente a Área Imediata esteja

corretamente isolada e preservada, posto que também se façam imprescindíveis os

isolamentos e preservações das Áreas Mediata e Relacionada. Isto importa em

aprofundado conhecimento por parte da autoridade policial, pois, conforme

prescreve o CPP, cabem ao delegado de polícia o isolamento, a preservação, a

proteção, o acautelamento e a custódia do Local de Crime; mas, antes disso, cabe-

lhe determinar os limites da área a ser isolada – por isso, é imprescindível que os

Cursos de Formação tenham professores mais que habilitados, estudiosos,

experientes e altamente comprometidos com a Ciência Forense, e que deem

excelente formação técnico-científica aos delegados de polícia.


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LEVANTAMENTO TÉCNICO-PERICIAL - Tipos de Levantamentos de Local de Crime

Levantamento de Local de Crime significa o conjunto de exames

realizados IN LOCO na cena do crime, por peritos criminais. Haverão, como

anteriormente vimos, de ser constatados, caracterizados, perpetuados, colhidos e

legalizados. Assim, todos os vestígios colhidos serão testados laboratorialmente e,

comprovada a relação com o ilícito penal cometido, transformar-se-ão em indícios

ou evidências. E, a posteriori, serão revistos e comprovados no processo penal –

esse é o objetivo precípuo da perpetuação dos vestígios.

Chegando ao Local de Crime os peritos criminais haverão de anotar

tudo quanto seja relevante, como, e.g., os dados meteorológicos (temperaturas

máxima, média e mínima), velocidade dos ventos, o microclima local, o percentual

de umidade relativa do ar (dentro e fora do cenário delitivo), horário do fato e da

perícia, condições de visibilidade, grau de iluminação ambiente, medindo-a por

meio de um Luxímetro digital etc. E obter as primeiras fotografias.

Dentre os tipos de levantamos temos: 1. LEVANTAMENTO

DESCRITIVO; 2. LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO; 3. LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO;

4. LEVANTAMENTO PERINECROSCÓPICO (Perinecroscopia); 5. LEVANTAMENTO

DOCUMENTOSCÓPICO; 6. LEVANTAMENTO DE VESTÍGIOS.

1. LEVANTAMENTO DESCRITIVO
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Conforme salientamos anteriormente, a delimitação da área a ser

isolada, preservada, protegida, acautelada e custodiada pela autoridade policial

(delegado de polícia), até a chegada dos peritos, depende do discernimento e

determinação da autoridade policial. E, para tal desiderato, torna-se deveras

importante, conforme já asseveramos, os ensinamentos dados aos delegados de

polícia, durante seus Cursos de Formação. Assim posto, os peritos realizarão o

levantamento da periferia para o centro da área isolada (Cena do Crime). De toda

a sorte, o local restará totalmente definido por suas características (edificação,

pavilhão, apartamento, terreno, logradouro público etc.). Tudo, portanto, há que

ser examinado, de forma minudente ao tempo que objetiva, com relação ao estado

em que tudo se encontra, com referência também aos vestígios constatados IN

LOCO, bem como suas localizações e distâncias dos principais pontos fixos de

referência e também dentre os próprios vestígios. Todas as constatações serão de

pronto anotadas, não devendo o perito confiar tão-somente na sua reminiscência.

Conclusos os trabalhos, tudo quanto foi constatado será lavrado no competente

laudo, em absoluta consonância com o Art. 160 do CPP: “(..)OS PERITOS

ELABORARÃO O LAUDO PERICIAL, ONDE DESCREVERÃO MINUCIOSAMENTE O QUE

EXAMINAREM, E RESPONDERÃO AOS QUESITOS FORMULADOS(..)” – nunca é demais

recordarmos artigos desse diploma legal. Peritos também deverão apontar

eventuais faltas de isolamento e de preservação, indicando os prejuízos causados

por tais violações (Art. 169 do CPP, em seu parágrafo único).


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A descrição narrativa se prepara durante os escalões preliminares da

inspeção. O corpo do laudo (texto) deve ser científico, rigoroso, íntegro, metódico,

imparcial, narrativo, analítico, lento, imediato, sistemático, técnico, concreto,

objetivo e inteligível. O que não se documentar na primeira inspeção ocular –

exame do Local de Crime – jamais se poderá reproduzir em outra oportunidade –

Reprodução Simulada de Local de Crime.

Consultando a obra “MANUAL DE CRIMINALÍSTICA”, de

CARLOS A. GUZMÁN (Ediciones La Rocca), temos, no tangente à descrição dos fatos,

que: “ESSENCIALMENTE, ESTA DESCRIÇÃO É UMA FORMA DE DOCUMENTAR A CENA

TAL COMO FOI ENCONTRADA, E NÃO SE LHE DEVE CONFUNDIR COM A UTILIZAÇÃO DE

ESBOÇO, OU DESCRIÇÃO SUMÁRIA, CROQUIS, FOTOGRAFIAS E ANOTAÇÕES

DETALHADAS, QUE SE LEVAM A CABO MAIS TARDE. ESSA DESCRIÇÃO PODE PREPARAR-

SE DE TRÊS MANEIRAS DIFERENTES: MANUSCRITA (NOTAS), COM GRAVAÇÕES DA VOZ,

OU BEM EM VÍDEO, OS QUE PERMITEM AGREGAR IMAGEM E SOM SIMULTANEMENTE”.

E prossegue o consagrado autor: “CADA UM DESSES MÉTODOS ACUSA CAPACIDADES

E LIMITAÇÕES INERENTES, QUE DEVERIAM SER AVALIADAS NA FORMA REALISTA

ANTES DE SUA UTILIZAÇÃO”.

Segundo os PROFESSORES JOSÉ CARLOS FUERTES ROCAÑIN, JOSÉ

CABRERA FORNEIRO e CARLOS FUERTES IGLESIAS, na obra, “CIÊNCIAS

FORENSES”, pela Editora ARÁN, “É IMPORTANTE DESTACAR, QUE A DESCRIÇÃO


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ESCRITA DEVE SER TÃO CLARA E DETALHADA QUE QUALQUER PESSOA QUE LEIA ESTA

DESCRIÇÃO, SEM TER COMPARECIDO PREVIAMENTE AO LOCAL DE CRIME, POSSA

FORMAR UMA IDÉIA CLARA DO OCORRIDO E DAS EVIDÊNCIAS DETECTADAS”.

2. LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO

Este tipo de levantamento visa registrar tudo quanto foi constatado

pelos peritos criminais, que estabelecerão claramente a relação dos vestígios a

acidentes naturais ou pontos fixos do terreno, além da orientação, em se tratando

de locais abertos. Compõe-se de dois tipos, a saber: levantamento planimétrico, ou

de planta baixa, e levantamento altimétrico, ou de perfil.

Tudo há que ser medido. As dimensões do ambiente (comprimento,

largura e pé direito), de janelas, portas etc., bem como todas as distâncias

referentes à posição do cadáver, distância da arma ao cadáver, distância do (s)

estojo (s) resultante (s) da deflagração do (s) cartucho (s) e do (s) projetil (eis), caso

exista (m) e tenha (m) transfixado a vítima fatal. Poder-se-ão usar fitas métricas ou

mesmo trenas em aço – auto-retrátil, elétrica, em fibra de vidro com manivela, –,

de roda analógica, de roda digital, ultrassônica, infravermelha ou a laser. A

utilização do Leica Scanstation C10 - 3 D em muito contribui para a preservação

tridimensional do Local de Crime.

3. LEVANTAMENTOS FOTOGRÁFICO E CINEMATOGRÁFICO


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No início do século XX, após a implementação dos sistemas

biométricos na identificação humana, foi percebido que o retrato era uma

poderosa arma para registros e montagem de valiosos arquivos de identificação

criminal e posteriormente civil. O pioneirismo pertenceu ao francês ALPHONSE

BERTILLON, que, em 1879, desenvolveu o método de identificação antropométrico,

denominado de “Bertillonage” em sua homenagem. A “Bertillonage” consistia na

captura de fotos frontais e de perfil dos criminosos da época, método que é

utilizado até os dias atuais.

A fotografia forense, também conhecida como fotografia de

evidências, ao longo de décadas destacou-se no cenário pericial, sendo útil,

necessária e imprescindível para os peritos criminais, bem como também para os

peritos legistas. Constitui-se num excepcional instrumento para a produção de

provas, enriquecendo e robustecendo o laudo pericial e perpetuando a cena do

crime, bem como também com relação aos achados necroscópicos. Assim,

fotógrafos policiais passaram a exercer essa importantíssima atividade,

especializando-se em fotografias nos locais fechados; também passaram a registrar

furtos, roubos, suicídios, assassinatos, sequestros, na papiloscopia etc., desde as

antigas fotos em papel, em preto e branco, passando pela fotografia colorida,

chegando, nos tempos atuais, à fotografia digital. Todavia, em nosso meio, tal

categoria profissional foi absurda e inexplicavelmente extinta.


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Outrora, os fotógrafos policiais eram autodidatas. Buscavam

conhecimentos sobre a química dos filmes, a química dos reveladores, a química

dos papéis, a estrutura ótica das objetivas (física), todas as variantes da luz (física)

e até da manutenção das imensas câmeras fotográficas (mecânica). As câmeras

eram desconfortáveis, montadas sob a estrutura de um “caixote”, com uma

objetiva fixa de construção muito simples, porém eficiente. Na época os primeiros

flashes eram uma mistura química que tinha como reação uma pequena explosão

que irradiava um clarão de luz e uma imensa nuvem de fumaça. O enquadramento

era muito complicado já que as objetivas eram fixas (frequentemente com 50 mm

de distância focal) e por isso o fotógrafo precisava movimentar o imenso e pesado

equipamento para frente e para traz até conseguir o posicionamento correto para

seu enquadramento.

Os filmes eram à base de uma emulsão sensível à luz, sobre uma

lâmina de vidro, e eram pouco sensíveis à luz, exigindo assim exposições

demoradas e com consequentes perdas.

O CPP assevera, em seu Art. 164: “OS CADÁVERES SERÃO SEMPRE

FOTOGRAFADOS NA POSIÇÃO EM QUE FOREM ENCONTRADOS, BEM COMO, NA

MEDIDA DO POSSÍVEL, TODAS AS LESÕES EXTERNAS E VESTÍGIOS DEIXADOS NO LOCAL

DO CRIME” – GRIFOS E DESTAQUES NOSSOS. Está na Lei; logo, há que ser cumprido.

Mais uma vez: “...SERÃO SEMPRE FOTOGRAFADOS...”, ou seja, o advérbio de


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tempo “sempre” (DO LAT. SEMPER.) significa: 1- Em todo o tempo; em qualquer

ocasião; 2- Sem cessar; continuamente, constantemente; 3- Em todo (o) caso; de

qualquer modo; 4- Afinal, enfim, finalmente; 5- Na verdade; realmente. Então, não

fotografar significa descumprir o diploma legal ao tempo que desconsiderar a

gramática de nossa língua pátria. E, aquele Art. 164, determina que “OS

CADÁVERES SERÃO SEMPRE FOTOGRAFADOS NA POSIÇÃO EM QUE FOREM

ENCONTRADOS”, independente do fato de ter o local sido violado ou não, e o

cadáver mudado de posição ou não. E, neste desiderato, o Art. 169 do CPP

prescreve: “(..)PARA O EFEITO DE EXAME DO LOCAL ONDE HOUVER SIDO PRATICADA

A INFRAÇÃO, A AUTORIDADE PROVIDENCIARÁ IMEDIATAMENTE PARA QUE NÃO SE

ALTERE O ESTADO DAS COISAS ATÉ A CHEGADA DOS PERITOS, QUE PODERÃO INSTRUIR

SEUS LAUDOS COM FOTOGRAFIAS, DESENHOS OU ESQUEMAS ELUCIDATIVOS(..)

PARÁGRAFO ÚNICO(..)OS PERITOS REGISTRARÃO, NO LAUDO, AS ALTERAÇÕES DO

ESTADO DAS COISAS E DISCUTIRÃO, NO RELATÓRIO, AS CONSEQUÊNCIAS DESSAS

ALTERAÇÕES NA DINÂMICA DOS FATOS(..)” – GRIFOS NOSSOS. O Estado, portanto, há

que dotar o ICCE com todo material necessário (câmeras fotográficas

semiprofissionais; material de iluminação; Luxímetros; trenas; Decibelímetros;

aparelho de GPS; etc.), além de profissionais habilitados à fotografia, como já

salientamos – o fotógrafo policial.

Todo registro fotográfico há que ser feito, com relação aos exames de

locais. As fotografias têm por finalidade permitir uma melhor interpretação das
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provas indiciárias, perpetuando-as, ao tempo em que também se constituem numa

excepcional maneira de perpetuar o Local de Crime propriamente dito. E, sob o

ponto de vista acadêmico, o registro fotográfico ocasionará excepcional acervo aos

Institutos de Criminalística e de Medicina Legal, e também aos peritos, tanto

criminais quanto legistas. Também não devemos olvidar a importância das

fotografias constarem dos laudos, posto que delegados de polícia, advogados,

promotores e juízes não se veem obrigados a deter os conhecimentos aprofundados

dos peritos; e, por meio das ilustrações fotográficas, encontrarão o entendimento e

o convencimento necessários. As fotografias podem ser planimétricas ou em

perspectiva. As fotografias planimétricas realizar-se-ão sempre com o auxílio de

uma escala. Assim, o Levantamento Fotográfico complementará não só o

Levantamento Topográfico, mas também complementará a Perinecroscopia e o

Levantamento de Vestígios. Os registros das imagens do Local de Crime falam por

si só. Poder-se-á complementar o Levantamento Fotográfico com o Levantamento

Cinematográfico. É claro que o Levantamento Cinematográfico não é determinado

pelo Art. 164 do CPP, como ocorre com o Fotográfico; todavia, ele se prestará não

só no caso do perito criminal ter que depor em juízo, mas especialmente com

relação ao espírito acadêmico que há de nortear-nos, como homens de Ciência que

somos.

A falta de acervo fotográfico de perícias, tanto no ICCE quanto no

IMLAP é flagrante. Todos os casos obrigatoriamente deveriam contar com a


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preservação fotográfica, não só para melhor ilustrar os laudos, mas também para

permitir a produção de trabalhos científicos por parte de tais institutos, além de

nutrir seus acervos científicos. A produção científica, na área da Ciência Forense,

por parte do ICCE e do IMLAP, restringe-se a iniciativas isoladas de alguns

poucos peritos abnegados e dedicados.

Com relação às fotografias, por vezes surge o questionamento quanto

à validade de fotografias digitais no processo penal. Evidentemente são válidas a

partir do momento em que os peritos legalizam o laudo, apondo nele suas lavras.

Nós peritos temos fé de ofício; assim, as fotografias anexadas ao laudo são

validadas a partir do momento em que assinamos o laudo, legalizando-o.

A questão do valor de fotografias digitais, por vezes ainda suscitada,

pode ser bem dirimida com base no Código de Processo Civil (CPC). O Art. 385 do

CPC, em seu § 1º, prescreve: “(..)QUANDO SE TRATAR DE FOTOGRAFIA, ESTA TERÁ

DE SER ACOMPANHADA DO RESPECTIVO NEGATIVO(..)”. Já o Art. 332 do CPP

assevera que “TODOS OS MEIOS LEGAIS, BEM COMO OS MORALMENTE LEGÍTIMOS,

AINDA QUE NÃO ESPECIFICADOS NESTE CÓDIGO, SÃO HÁBEIS PARA PROVAR A

VERDADE DOS FATOS, EM QUE SE FUNDA A AÇÃO OU A DEFESA”. O Novo Código Civil

Brasileiro, Lei nº. 10.406/2002, vigente desde 11.01.2003, dedica no seu Título V,

através dos Artigos 212 usque 232, à disciplina “Das provas”, constante no Livro

III - “Dos fatos jurídicos”, repetindo o que fizera o Código revogado (Artigos 136

usque 144), explicitando em um dos seus artigos tópico referente a provas


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eletrônicas. E, dentre estes, destacamos o “Art. 212 - “(..)SALVO O NEGÓCIO A QUE

SE IMPÕE FORMA ESPECIAL, O FATO JURÍDICO PODE SER PROVADO MEDIANTE: I-

CONFISSÃO; II - DOCUMENTO; III - TESTEMUNHA; IV - PRESUNÇÃO; V – PERÍCIA(..)”.

Vale a pena lembrar que, em se tratando de fotografias em papel,

bem como também ocorre com relação às fotografias digitais, é de

responsabilidade do INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA, bem como do

INSTITUTO MÉDICO LEGAL, o arquivamento de todo esse material, dentro do

ideário da preservação e da perpetuação; ou seja, também ingressam na Cadeia de

Custódia.

4. Levantamento Perinecroscópico

Perinecroscopia é um dos alicerces mais importantes, para que se

forneçam à Justiça todos os subsídios para esta poder firmar a “CAUSA

MORTIS” Jurídica; não nos esquecendo de que cabe ao Perito Legista o

estabelecimento da “CAUSA MORTIS” Médica. E, outrora, tivemos a

oportunidade de publicar artigo intitulado “O Perito Legista deve comparecer ao

Local de Morte?”, na Revista n°. 19, do Ministério Público Militar Federal.

O Exame do Cadáver, no Local de Crime, lá na Escola Francesa,

recebeu a denominação de “Levantamento do Cadáver”, posto que o legista era

chamado a colaborar com o magistrado, no sentido de descobrir todos os

elementos que pudessem orientar e ajudar a investigação judicial. Assim,


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inicialmente, o cadáver era examinado no local onde fosse descoberto, cabendo ao

legista determinar a causa médico-legal da morte (homicídio, suicídio, acidente),

sobre as fases de uma agressão, sobre circunstâncias de luta e sobre a identidade,

dentre outras. Em nosso país, aquele denominado “levantamento do cadáver”, lá

da Escola Francesa (Escola Leonesa), recebeu, do PROFESSOR MANUEL FREIRE DOS

SANTOS, segundo informou, em seu consagrado livro, o saudoso mestre FLAMÍNIO

FÁVERO, a denominação de perinecroscopia, neologismo adotado e difundido pelo

não menos brilhante PROFESSOR OSCAR FREIRE. E, erradamente, a nosso ver,

CONCESSA MAXIMA VENIA, autores há que denominam esse procedimento técnico de

“Levantamento Perinecroscópico”; mais apropriado seria, a nosso ver, denominá-

lo, tão-somente, Perinecroscopia.

A Perinecroscopia consiste no exame do local onde ocorreu a morte

de um indivíduo, cuja causa interessa à Justiça – causa jurídica da morte

(homicídio; suicídio; acidente) –, bem como o exame do corpo no próprio local.

Assim, dever-se-á examinar o local e o corpo no local – os exames do corpo e do

corpo em relação ao meio (local). O exame do corpo no local conceitualmente

compete ao perito legista. Destarte, serão examinados o corpo e o corpo em relação

ao local. Portanto, o local há de ser necessariamente compartilhado,

cientificamente, pelo criminalista e pelo legista, como já vimos há muito

afirmando.
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A Perinecroscopia intui, traduz, pressupõe, o comparecimento do

perito legista ao Local de Crime, muito embora seja este, hoje, considerado

somente da “alçada” do perito criminal – em todos os países de primeiro mundo os

Peritos Legistas comparecem, sempre, aos Locais de Crime; mas no Brasil,

erradamente, não... (?!). Perinecroscopia é atribuição intransferível dos peritos

legistas, donde se pode afirmar que uma Perícia de Local de Crime teria de ser

obrigatoriamente realizada com a presença de um perito legista junto aos peritos

criminais – isto sói óbvio; tão óbvio quanto cristalino.

No Local do Crime, haverá de ser realizado o exame do cadáver

(Perinecroscopia), com o objetivo de anotar os sinais cadavéricos presentes no

momento, pois esses sinais poderão se encontrar alterados no momento da

realização da autópsia. Haverá que ser aferida a temperatura retal IN LOCO, a

fim de auxiliar a estimativa do Intervalo POST MORTEM.

As vestes do cadáver hão de ser observadas, se desalinhadas, sujas,

cortadas, rasgadas, esgarçadas. Dever-se-á observar, também, se os ferimentos

ocorreram através das roupas, ou se elas se encontravam afastadas antes deles

serem produzidos e se há perfurações, devendo nesses casos, mencionarem-se seus

números, dimensões e localizações, bem como, em se tratando de projetil de arma

de fogo, serem os rasgos descritos e analisados. Por vezes, os sinais existentes no

corpo não coincidem com sinais presentes nas roupas, o que pode significar
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mudança na posição do corpo ao ser atingido, perfurações que atingiram somente

a roupa, mas não o corpo, ou afastamento da roupa no momento da produção do

ferimento. Haverá que se buscar a presença de lesões de autodefesa, em

consonância com a arma utilizada e também com possíveis sinais de luta no

ambiente delitivo.

Quando se tem um cadáver na cena do crime há que se detalhar a

sua posição e particularidades. Rotineiramente hão de se adotar as seguintes

regras:

1. Fixar a posição do cadáver, determinando se a posição é natural ou se foi ele

transportado de um local para outro, sendo então acomodado no local onde

se deu o encontro – nesse particular o perito legista prestará inafastável

contribuição.

2. Verificar a presença de manchas de sangue (por gotejamento ou

precipitação; por espargimento; por empoçamento; por escorrimento; por

transferência; por impregnação, por arrasto), dando ênfase às formas das

manchas.

3. Quanto à posição do cadáver, há que se detalhar sua posição em relação ao

instrumento (arma), caso haja no local.

4. Se o cadáver for encontrado sentado numa cadeira ou sofá, descrever se a

posição é natural; se forçada; etc.


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5. Se o cadáver estiver em meio a uma poça de sangue (mancha de sangue por

empoçamento), determinar o aspecto da poça, para saber-se se a vítima nela

caiu sem mais poder mover-se, ou se mudou de posição nos estertores da

vida, ou mesmo se teve sua posição final mudada.

6. Se for a morte consequente a ferimento (s) no crânio, buscar analisar se era

o agressor de estatura superior à da vítima, ou se estava em um nível

inferior, ou superior, ao do agressor (sentada; caída; ajoelhada; etc.).

7. O cadáver haverá de ser transportado, sempre que possível, no decúbito em

que foi encontrado, caso não estejam os livores fixados.

8. As impressões digitais do cadáver somente serão colhidas após a autópsia,

para que não se contaminem os dedos, inviabilizando, assim, a ulterior

coleta de amostras para Pesquisa de Resíduos de Tiro (GSR), por

Microscopia Eletrônica de Varredura. E, neste desiderato, dever-se-á

proteger as mãos do cadáver com sacos de papel (jamais sacos plásticos).

9. No caso de local sugestivo de suicídio, observar a presença de espargimento

de sangue (spray de sangue) na (s) mão (s) da vítima, tomando o cuidado de,

após perpetuar a imagem fotograficamente, protegê-las, ensacando-as com

sacos de papel, antes do transporte do cadáver ao IML.

Quanto à presença de sinais de luta na cena delitiva, deverão os

peritos atentar para desordem de móveis e objetos. Se o crime se deu em área

externa, observar-se-á, em caso de terreno com piso mole, a presença de terra


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revolvida, pisadas sobrepostas e em desordem. Em sendo nas proximidades de

árvores e/ou arbustos, há que se procurar galhos quebrados, folhas arrancadas,

bem como a presença de manchas de sangue na vegetação circundante.

O exame do Local de Crime tem as seguintes finalidades:

a. Provar que houve crime;

b. Determinar a autoria, provando-a cientificamente.

Assim, resumindo-se de forma didática, perinecroscopia significa:

1) O exame do local;

2) O exame do corpo no local, que abrange o exame externo do corpo

propriamente dito;

3) E o exame do corpo em relação ao Local de Morte (com base na

dinâmica do evento).

Segundo o PROFESSOR OSVALDO H. RAFFO, em sua obra “La Muerte

Violenta”, pela Editorial Universidad, o “Levantamento do Cadáver” consiste na

seguinte Trilogia: o exame do Local de Crime; a autópsia do cadáver; e o retorno

ao Local de Crime. Ainda segundo o festejado PROFESSOR RAFFO, “UMA CONDIÇÃO

IDEAL DEVE RESPEITAR-SE: UM SÓ HOMEM DEVE SER O PRIMEIRO A ENTRAR NO

LOCAL DE CRIME, E O MAIS CAPACITADO É O MÉDICO LEGISTA”. Desta forma estarão

os peritos – criminal e legista – aptos a responder as seguintes indagações: -

Quem? Quando? Onde? Como? Por quê? Ou às indagações do Heptâmero de


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Circunstâncias de QUINTILIANO (MARCUS FABIUS QUINTILIANUS): O quê? Quem?

Quando? Como? Onde? Por quê? Com o auxílio de quê e/ou de quem?

5. LEVANTAMENTO DOCUMENTOSCÓPICO

No campo criminal, a presença de determinados documentos na cena

do crime possibilitam desvendar, por vezes, não só a motivação do crime

perpetrado, mas também a própria autoria. Assim é que, por exemplo, o encontro

de uma carta ou bilhete de despedida, ou mesmo motivacional, em casos de

suicídios, por exemplo. Por outro lado, havendo sinais de luta na cena do crime, o

encontro da uma cédula de identidade de outrem pode propiciar a identificação do

criminoso. Então, cartas, bilhetes ou documentos, deixados pela vítima ou mesmo

pelo autor da ilicitude penal, constituir-se-ão em importantíssimos vestígios e, a

posteriori, em indícios.

De forma hodierna, não podemos olvidar a importância dos registros

de câmeras de circuitos internos e externos de segurança, tanto de

estabelecimentos comerciais quanto residenciais, ou mesmo através de câmeras

instaladas pelos governos municipal e estadual. Tais registros são importantíssimas

provas documentais, em casos de homicídios, em especial. E ainda, dentre as

provas documentais, temos as quebras dos sigilos fiscal, bancário, postal,

telefônico, de informática ou telemático, informações de GPS de viatura

automotiva, escutas telefônicas autorizadas pela Justiça etc.

6. LEVANTAMENTO DOS VESTÍGIOS


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Inicialmente, cabe-nos diferenciar os termos vestígio, indício e

evidência. Vestígio é todo objeto ou material bruto, constatado e/ou recolhido em

um Local de Crime, para análises laboratoriais posteriores. O vestígio, após

devidamente analisado, interpretado e associado com os minuciosos exames

laboratoriais e dados da investigação policial do fato, enquadrando-se em toda

moldura do mesmo, terá estabelecido sua inequívoca relação com o fato delituoso e

com as pessoas a este relacionadas, transformando-se assim em indício. Segundo o

dicionário do saudoso acadêmico AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA (Novo

Dicionário), temos: “(..)VESTÍGIO(..)DO LAT. VESTIGIU(..)S. M.(..)1. SINAL QUE

HOMEM OU ANIMAL DEIXA COM OS PÉS ONDE PASSA; RASTRO, PEGADA, PISTA; NO

SENTIDO FIGURADO, INDÍCIO, SINAL, RASTO(..)”.

Indício é uma expressão, utilizada no meio jurídico, que significa

cada uma das informações (periciais ou não) relacionadas com o crime. Ainda

segundo o Novo Dicionário AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA:

“(..)INDÍCIO(..)DO LAT. ÍNDICE(..)S.M.(..)1. SINAL, VESTÍGIO, INDICAÇÃO(..)2. JUR.

CIRCUNSTÂNCIA CONHECIDA E PROVADA QUE, RELACIONANDO-SE COM

DETERMINADO FATO, AUTORIZA, POR INDUÇÃO, CONCLUIR-SE A EXISTÊNCIA DE

OUTRA (S) CIRCUNSTÂNCIA (S); PROVA CIRCUNSTANCIAL(..)CF. INDICIO, DO V.

INDICIAR, E PRESUNÇÃO(..)”.
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Segundo o Art. 239 CPP: “CONSIDERA-SE INDÍCIO A CIRCUNSTÂNCIA

CONHECIDA E PROVADA, QUE, TENDO RELAÇÃO COM O FATO, AUTORIZE, POR

INDUÇÃO, CONCLUIR-SE A EXISTÊNCIA DE OUTRA OU OUTRAS CIRCUNSTÂNCIAS”.

Torna-se importante destacar os tipos de indícios existentes.

Categorias dos indícios: 1- Indícios Propositais; 2- Indícios Acidentais.

1- Indícios Propositais: São deliberadamente produzidos pelo homem, intentando

algum objetivo específico. Subdividem-se em Autênticos e Falsos. Como exemplos

de Indícios Propositais Autênticos temos: logomarcas de armamentos e de

munições; papéis-moedas; documentos como, por exemplo, papel timbrado etc.

Como exemplos de Indícios Propositais Falsos temos, como exemplos, a colocação

de uma arma na mão de uma vítima de homicídio, com o intuito de simular um

suicídio; falsificações de papel moeda, de documentos, de assinaturas etc.

2- Indícios Acidentais: São produzidos independentemente da vontade do homem.

Como exemplos desses indícios acidentais temos: impressões digitais, palmares e

plantares; manchas de fluídos corporais (sangue; sêmen; saliva; etc.); impressões

de solado de calçado; impressões pneumáticas; sinais de luta etc.

Evidência é, portanto, o vestígio depois de feitas as análises, onde se

constata técnica e cientificamente a sua relação com o crime – logo, o mesmo que

indício. Consta, ainda, no Novo Dicionário AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA


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FERREIRA, “(..)EVIDÊNCIA(..)DO LAT. EVIDENTIA(..)S. F.(..)1. QUALIDADE DO QUE

É EVIDENTE; CERTEZA MANIFESTA(..)2. FILOS.(..)CARÁTER DE OBJETO DE

CONHECIMENTO QUE NÃO COMPORTA NENHUMA DÚVIDA QUANTO À SUA VERDADE OU

FALSIDADE(..)[A EVIDÊNCIA ACOMPANHA OS DIVERSOS TIPOS DE ASSENTIMENTO,

LIGANDO-SE, CONTUDO, DE MANEIRA MAIS COMPLETA, À CERTEZA(..)CF. EVIDENCIA,

DO V. EVIDENCIAR(..)”.

N.A.: LAT. → latino (s), latina (s), latim, latinismo; S.M. → substantivo masculino;

S.F. → substantivo feminino; JUR. → Jurídico; FILOS. → Filosofia; CF. →

confronte, compare; V → veja ou verbo. Mas o termo juridicamente apropriado é

indício.

Por vezes, em casos de feridas transfixantes, necessário se faz

procurar, localizar e arrecadar o projetil quer seja em área interna ou área

externa; assim como também nas sepulturas, em se tratando de exumações.

Voltando à coleta de vestígios, há que se ter todo o cuidado para não

danificá-los no momento em que se lhes arrecadar, para envelopá-los por fim. Isso

é de suma importância com relação a estojos resultantes de cartuchos deflagrados,

extraídos e ejetados, no caso armas semi-automáticas ou automáticas, bem como

com relação a projéteis de arma de fogo encontrados na cena do crime. Os peritos

deverão usar pinças cirúrgicas protegidas com ponteiras plásticas – poder-se-á

usar pedaços de material plástico como, por exemplo, equipo de soro, ou mesmo de
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garrotes de látex, como os usados para coleta de sangue, envolvendo as

extremidades da pinça cirúrgica, por exemplo.

No tocante aos vestígios a serem coletados, para Identificação

Genética por DNA, adotamos os seguintes procedimentos:

Método de aproximação da equipe


• Líder (perito em Genética Forense);

• Determinação de tarefas;

• Demarcação do caminho de entrada;

• Identificação dos vestígios antes de coletá-los

OBS.: a contaminação é inevitável e deve ser minimizada a todo custo.

Coleta
Somente é iniciada após a identificação dos vestígios e os devidos

registros descritivo, topográfico e fotográfico. Cuidados especiais deverão ser

tomados com as armas de fogo. Dever-se-á levantar impressões digitais em armas

de fogo no próprio local.

EVIDÊNCIAS BIOLÓGICAS (coleta)

• Grandes objetos: ensacar;

• Pequenos objetos: envelopar;


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Identificação
Sacos e envelopes serão selados, identificados e lacrados, com a

identificação, não só do material, mas também de quem procedeu à coleta,

contendo ainda a data e a hora da coleta. Haverá que se preservar as amostras de

acordo com as necessidades. Outro aspecto importante é discriminar a Cadeia de

Custódia do material, colhendo, sucessivamente, as assinaturas respectivas, bem

como a data e a hora da entrega dos materiais ou vestígios.

Preservação
Tudo que for úmido dever-se-á secar antes de ser preservado, como,

por exemplo, a congelação.

Evidências biológicas
São exemplos: sangue, sêmen, saliva, urina, unhas, pêlos, ossos etc.

1. Identificação das manchas

2. Análise da forma das manchas

3. Determinação de espécie

4. Individualização

5. Reconstituição

Documentar: localização das manchas, posição, direção, condição, tamanho e

forma, além de suas distâncias métricas a pontos de referência no teatro delitivo –

fotografar tudo.
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Coleta das evidências
1. Cada item deve ser marcado para que se lhe possa reconhecer em tribunal.

2. Peças de roupa, contendo fluídos biológicos, hão de ser separadas com papel

manteiga, indicando o que contém no saco, e se úmido ou molhado –

aguardar a secagem antes de aondicioná-las.

3. As evidências serão colocadas em sacos de papel, selados e lacrados,

contendo os nomes e assinaturas dos responsáveis, além da data e hora da

coleta.

OBS. 1: Não usar sacos plásticos (propiciam a formação de umidade e a

proliferação de fungos; e os fungos degradam o DNA) – usar sacos de papel.

4. O exterior do recipiente deve ser identificado com: data, iniciais (do caso e

do item), descrição; e se molhada ou não.

5. Evidências: amostra + área de controle + branco (amostra vazia, para

afastar a possibilidade de contaminação); o ideal é coletar a evidência e não

cortar ou coletar “swab” de uma mancha.

OBS. 2: Quando usar “swab” (sempre estéril): esfregaço de área de amostra;

esfregaço de área de controle e um “swab” branco.

• Coletar o máximo possível de amostras;

• DNA pode ser extraído de manchas muito pequenas; e quanto maior a

amostra, maior será a chance de ser boa.


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Onde procurar
Pentes, escovas de cabelo e de dente, aletas de óculos, restos de

comidas, preservativos, absorventes higiênicos etc. A vítima é a principal fonte de

vestígios a serem coletados. Colhemos estes vestígios da vítima em suas vestes,

escoriações, mordidas, unhas etc. O ideal é que o exame da vítima seja feito, no

máximo, em doze horas. No caso da concomitância de crimes sexuais, importante

resta colher a história, mormente a sexual, buscando informações a respeito de

parceiros consentidos e os não consentidos.

EXAME GINECOLÓGICO

Em casos de crimes sexuais tem que se buscar consistência entre a

história e o exame propriamente dito. A colposcopia não pode concluir entre

conjunção consentida ou não. Buscar-se-á concluir se o contato sexual e o trauma

são recentes, bem como o seguimento, no caso de doenças sexualmente

transmissíveis e gravidez.

Atos posteriores
A vítima deverá informar o que fez após a agressão: quanto à

alimentação; atos de excreção; banho/higiene corporal; troca e colocação de

tampões; trocas de vestuários; etc.

A preservação é fundamental. As amostras devem der secas em

temperatura ambiente – não empacotar evidências molhadas; não usar o mesmo

ambiente para secar amostras de fontes diferentes; congelar evidências biológicas


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após a secagem; todos os líquidos biológicos devem ser refrigerados (em

refrigerador comum).

A degradação do DNA, em mancha de sangue, por exemplo, inicia-se

em 2 dias; no sêmen em 2 semanas.

Tipos de contaminações
1. Misturar duas amostras de sangue, empacotando dois itens juntos;

2. Falar, espirrar e tossir no local de morte ou mesmo sobre os vestígios –

dever-se-á sempre usar máscaras –; TROCAR AS LUVAS A CADA

COLETA DE AMOSTRAS;

3. Manipulação no laboratório. Evita-se a contaminação com a troca de luvas

a cada item, e com o uso de “swab” e de gaze estéreis.

DOS CONCEITOS ACERCA DE CADEIA DE CUSTÓDIA

Quando, afinal, se inicia e se encerra a Cadeia de

Custódia? A questão relevante a ser considerada na Cadeia de Custódia é sua

dimensão temporal, pois ela há que ter início e fim. Tão importante quanto à

documentação é a garantia de integridade da prova. A integridade pode ser

considerada um elemento mais amplo do qual fazem parte outros fatores

mencionados anteriormente, como a fiabilidade ou confiabilidade.


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Para buscarmos responder tal indagação, apreciemos o conceito de

GIANNELLI (1996): “A MOVIMENTAÇÃO E A LOCALIZAÇÃO DE UMA EVIDÊNCIA FÍSICA

DESDE SUA OBTENÇÃO ATÉ SUA APRESENTAÇÃO NA CORTE”.

Segundo SAFERSTEIN (2004), Cadeia de Custódia é “UMA LISTA DE

TODAS AS PESSOAS QUE ESTIVERAM DE POSSE DE UM ITEM DE EVIDÊNCIA”.

BRENNER (2004) ressaltou a relevância da inteireza e do

armazenamento do vestígio ao definir o termo como “PROCEDIMENTOS E

DOCUMENTOS DE IMPORTÂNCIA PARA A INTEGRIDADE DE UM ESPÉCIME OU AMOSTRA

PELO RASTREAR DE SEU MANUSEIO E ARMAZENAMENTO DO PONTO DE COLETA A SUA

DISPOSIÇÃO FINAL; UM PROCESSO USADO NA MANUTENÇÃO E DOCUMENTAÇÃO DA

HISTÓRIA CRONOLÓGICA DAS EVIDÊNCIAS”.

BYRD (2001) acrescenta a responsabilização e a confiabilidade

quando define o termo como “UM REGISTRO ESCRITO E DEFENSÁVEL DE TODOS OS

INDIVÍDUOS QUE MANTIVERAM O CONTROLE SOBRE AS EVIDÊNCIAS”.

Segundo MELBYE E JIMENEZ (1997), Cadeia de Custódia é o

“ESTATUTO DE QUE A EVIDÊNCIA, COMO ENCONTRADA IN SITU, FOI ACOMPANHADA

DESDE SUA DESCOBERTA, E DE QUE EXISTE UMA SUCESSÃO SEGURA DESTA ATÉ A

CORTE. QUESTÕES REFERENTES À CADEIA DE CUSTÓDIA RELACIONAM-SE NÃO


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APENAS À DOCUMENTAÇÃO DE TRANSFERÊNCIAS E MANUSEIO, MAS TAMBÉM À

SEGURANÇA DAS ÁREAS DE ARMAZENAMENTO EM QUE A EVIDÊNCIA É MANTIDA”.

Outra conceituação, bastante completa, para Cadeia de Custódia foi

dado por ALICE APARECIDA DA MATTA CHASIN, segundo a qual o vocábulo se refere

a “UM CONJUNTO DE PROCEDIMENTOS DOCUMENTADOS QUE POSSIBILITAM O

RASTREAMENTO DE TODAS AS OPERAÇÕES REALIZADAS EM CADA AMOSTRA, DESDE A

COLETA ATÉ O DESCARTE. REGISTRO ADMINISTRATIVO DE TODOS OS PASSOS VISANDO

FORNECER EVIDÊNCIAS DEFENSÁVEIS QUANTO À PRESERVAÇÃO DA AMOSTRA,

GARANTIA DA CONFIDENCIALIDADE E VALIDADE DOS RESULTADOS”. Todavia, NORMA

BONACCORSO questionou este conceito no que se refere ao substantivo “descarte”,

referente à amostra. NORMA BONACCORSO defende que a palavra “descarte” não

expressa exatamente o que se espera do encerrar da Cadeia de Custódia em âmbito

criminal, uma vez que a legislação brasileira não prevê o descarte da prova. Assim,

NORMA BONACCORSO (2007) propõe que se entenda por Cadeia de Custódia “O

CONJUNTO DE PROCEDIMENTOS QUE VISA GARANTIR A AUTENTICIDADE DOS

MATERIAIS QUE SERÃO SUBMETIDOS A EXAMES, DESDE A COLETA ATÉ O FINAL DA

PERÍCIA REALIZADA”. Este conceito, tal qual o de GIANNELLI (1996), não faz

qualquer referência ao registro documental das etapas sequenciais que compõe a

Cadeia de Custódia de forma clara, citando-as apenas com um “CONJUNTO DE

PROCEDIMENTOS”. Ainda, segundo conceituação de NORMA BONACCORSO (2007) que


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vale a consignação é, novamente, quanto à cronologia dos procedimentos de

custódia. Depreende-se desta definição que a Cadeia de Custódia termina com “O

FINAL DA PERÍCIA REALIZADA”. Contudo, a custódia (s) da (s) prova (s) deve findar

coincidentemente com as disposições finais do processo penal brasileiro. E, de

acordo com o Código de Processo Penal brasileiro, o processo termina com o

trânsito em julgado do mérito, e não quando findada a perícia. Essa ponderação

tem lugar no escopo da discussão por questões de ordem prática: existe um

intervalo entre a realização dos exames periciais e o fim do processo penal.

Desconsiderar tal intervalo na Cadeia de Custódia seria aceitar que a prova deixe

de ser custodiada a partir da emissão do Laudo Pericial, quando, em verdade, o

ponto máximo da prova emerge em sua apresentação perante o magistrado ou o

júri, se acabando, portanto, a posteriori, após o trânsito em julgado. Logo, a

Cadeia de Custódia inicia-se com a (s) coleta (s) do (s) vestígio (s) e termina com

sua (s) presença (s) no Tribunal, mas somente depois do transito em julgado do

processo penal. E seguem, portanto, até o arquivamento do processo penal, por

fim. Tão importante quanto à documentação é a garantia de integridade da prova.

A integridade pode ser considerada um elemento mais amplo do qual fazem parte

outros fatores mencionados anteriormente, como a fiabilidade ou confiabilidade.

Os PROFESSORES PEDRO LÓPEZ CALVO e PEDRO GÓMEZ SILVA (Bogotá

COLÔMBIA), na obra “INVESTIGACIÓN CRIMINAL E CRIMINALÍSTICA”,


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assim definiram a Cadeia de Custódia: “A CADEIA DE CUSTÓDIA É FUNDAMENTAL

NO DESENVOLVIMENTO INVESTIGATIVO E PROBATÓRIO PARA O CONTROLE E

VIGILÂNCIA DOS ELEMENTOS FÍSICOS DE PROVA ENCONTRADOS NO LUGAR DOS FATOS,

QUALQUER QUE ESTES SEJAM”. Ainda segundo os PROFESSORES PEDRO LÓPEZ CALVO

e PEDRO GÓMEZ SILVA, “SÃO RESPONSÁVEIS DA APLICAÇÃO DA CADEIA DE CUSTÓDIA

TODOS OS SERVIDORES PÚBLICOS E OS PARTICULARES QUE TENHAM RELAÇÃO COM

ESTES ELEMENTOS, INCLUINDO AO PESSOAL DE SERVIÇOS DE SAÚDE, QUE DENTRO DE

SUAS FUNÇÕES TENHAM CONTATO COM ELEMENTOS FÍSICOS QUE POSSAM SER DE

UTILIDADE NA INVESTIGAÇÃO”. E prosseguem os insignes PROFESSORES PEDRO

LÓPEZ CALVO e PEDRO GÓMEZ SILVA, quanto à Cadeia de Custódia: “É O

PROCEDIMENTO QUE GARANTIRÁ A AUTENTICIDADE DOS ELEMENTOS MATERIAIS DE

PROVA COLETADOS E EXAMINADOS, ASSEGURANDO QUE PERTENCEM AO CASO

INVESTIGADO, SEM CONFUSÃO, ADULTERAÇÃO OU SUBTRAÇÃO; É REALIZADA PELOS

FUNCIONÁRIOS E PESSOAS SOB CUJA RESPONSABILIDADE SE ENCONTRAM OS

ELEMENTOS PROBATÓRIOS, INICIANDO-SE COM A AUTORIDADE QUE INICIALMENTE

PROTEGE A CENA DO CRIME, QUEM OS RECOLHE E FINALIZA COM OS DIFERENTES

FUNCIONÁRIOS JUDICIAIS. IMPLICA QUE ESTES ELEMENTOS DE PROVA SE MANTERÃO

EM LUGAR SEGURO E PROTEGIDOS, SEM QUE POSSAM TER ACESSO A ELES PESSOAS

NÃO AUTORIZADAS”.
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Conforme discerniram os PROFESSORES JOSÉ CARLOS FUERTES

ROCAÑIN e JOSÉ CABRERA FORNEIRO, na obra “MANUAL DE CIÊNCIAS

FORENSES”, “A CADEIA DE CUSTÓDIA É O MECANISMO QUE GARANTE A

AUTENTICIDADE DOS ELEMENTOS DE PROVA COLETADOS E EXAMINADOS, ISTO É, QUE

AS PROVAS CORRESPONDAM AO CASO INVESTIGADO, SEM QUE DÊ LUGAR À CONFUSÃO,

ADULTERAÇÃO, NEM SUBTRAÇÃO ALGUMA. PORTANTO, TODO FUNCIONÁRIO QUE

PARTICIPE NO PROCESSO DA CADEIA DE CUSTÓDIA DEVERÁ VELAR PELA SEGURANÇA,

INTEGRIDADE E PRESERVAÇÃO DOS DITOS ELEMENTOS”.

O armazenamento também foi objeto da definição de BRENNER

(2004). Não se deve confundir os substantivos armazenamento e acondicionamento.

Segundo HOUAISS, armazenamento é “ATO OU EFEITO DE ARMAZENAR, DE RETER OU

GUARDAR”; e acondicionamento é “ARRUMAÇÃO EM CONDIÇÕES E LOCAL

DETERMINADOS, PARA PRESERVAR DE DETERIORAÇÃO”. Ou seja, acondicionamento

consiste em dotar de condições que visam preservar da deterioração e ele é parte

integrante do armazenamento, que consiste no ato de armazenar, guardar. No

INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA CARLOS É B OL I os vestígios

inexoravelmente têm de ser guardados no SETOR DE GUARDA DE VALORES ou no

DEPÓSITO DE EVIDÊNCIAS CRIMINAIS. E nesses destinos haverão de permanecer, a

disposição da Justiça, até o fim do processo penal. Poder-se-á denominar tais

áreas de Centro de Custódia de Provas, vez que desempenham papel


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preponderante, não apenas na manutenção da integridade e autenticidade do

vestígio, mas também na segurança e excelência da prática forense (BONACCORSO E

PERIOLI, 2002).

Princípios básicos da Cadeia de Custódia:

1. Cadeia de Custódia é o mecanismo garantidor da autenticidade dos

vestígios de prova coletados e examinados (indícios), assegurando que as

provas correspondam ao caso investigado, sem que haja lugar para

confusão, adulteração e tampouco subtração alguma. Todos os profissionais

envolvidos haverão de velar pela segurança, integridade e preservação dos

ditos elementos.

2. Integram a Cadeia de Custódia todos os profissionais e pessoas sob cuja

responsabilidade se encontrem os elementos probatórios, nas diferentes

etapas do processo penal. Assim sendo, o profissional que receba, processe


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ou analise os elementos de prova e documentos, faz parte da Cadeia de

Custódia.

3. A Cadeia de Custódia inicia-se quando a autoridade policial (delegado de

polícia) comparece ao Local de Crime, providenciando o isolamento, a

preservação, a proteção, o acautelamento e a custódia da cena do crime, em

obediência ao que prescreve o Art. 6º do CPP, passando pelos peritos

criminais e legistas, bem como os demais peritos que, em laboratórios

apropriados, irão comprovar a veracidade de tais elementos probatórios.


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4. Os procedimentos de custódia devem aplicar-se a todo elemento probatório,

seja um cadáver, documentos ou qualquer outro material físico. Tais

proteções e vigilâncias haverão de se exercer de maneira idêntica sobre atas

e ofícios que acompanham os respectivos materiais.

5. É responsabilidade de todos os funcionários o conhecimento dos

procedimentos gerais e específicos estabelecidos para a Cadeia de Custódia.

6. Todo e qualquer profissional que participe da Cadeia de Custódia é

responsável pelo controle e registro de sua atuação direta no processo.

7. Ao lançar os elementos probatórios na ata da diligência correspondente, se

fará a descrição detalhada dos mesmos, registrando suas naturezas, os sítios

exatos onde foram encontrados e coletados, e o profissional que os coletou.

8. Todos os elementos probatórios terão seus registros na Cadeia de Custódia,

os quais acompanharão através do curso judicial. Assim sendo, toda

transferência de custódia obrigatoriamente ficará consignada no registro

próprio, indicando local, data, hora, nome do profissional e sua respectiva

firma, tanto de quem entrega quanto de quem recebe.

9. Todos os elementos probatórios têm de estar embalados, etiquetados e

devidamente lacrados e rubricados, de acordo com os procedimentos

adotados pelos diferentes Institutos e seus Laboratórios Criminalísticos. As

etiquetas têm de conter a descrição sumária do elemento probatório, local


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da coleta, data, hora e a lavra do profissional que o coletou, tendo, por fim,

o lacre.

10. Todo perito que analisar amostras ou elementos de prova fará constar no

competente laudo a descrição detalhada dos mesmos, as técnicas

empregadas e os procedimentos analíticos empregados, assim como as

modificações realizadas sobre os materiais probantes, mencionando se estes

foram consumidos no exame ou se ainda restou material. Tal proceder é de

suma importância, especialmente quando se trata de substância

estupefaciente.

11. A Cadeia de Custódia diz respeito tanto aos elementos probantes quanto aos

documentos que os acompanham. Hão de ser mantidos em locais

absolutamente seguros.

12. A Cadeia de Custódia, portanto, inicia-se com o imediato comparecimento

do delegado de polícia ao Local de Crime e encerra-se com o transitado em

julgado da ação penal.

Portanto, a responsabilidade dos profissionais envolvidos na Cadeia

de Custódia não tem apenas uma implicação legal, mas também ética e moral,

precipuamente, na medida em que os destinos de vítimas e de réus dependem do

resultado da perícia.
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A Cadeia de Custódia, didaticamente falando, divide-se, por

conseguinte, em Externa e Interna.

CADEIA DE CUSTÓDIA EXTERNA:

Trata-se de normatização imprescindível à prática da Ciência

Forense. Ela inclui todas as etapas desenvolvidas no Local de Crime – vestígio (s),

vítima (s), suspeito (s) –, ou mesmo nos autos de apreensão, até o momento em que

chegam ao Centro de Custódia. São, portanto:

• Custódia do Local de Crime

• Levantamento de vestígios

• Revelação de vestígios

• Fixação dos vestígios

• Coleta dos vestígios

• Acondicionamento dos vestígios

• Transporte e entrega dos vestígios

CADEIA DE CUSTÓDIA INTERNA:

Esta etapa vai desde a entrada dos vestígios no Centro de Custódia

até a liberação do Laudo Pericial e a consequente devolução de todo o material, o

qual retornará à (s) autoridade (s) – policial, policial militar ou judiciária – que

requisitou (ram) o (s) exame (s). Nela, portanto, incluem-se todas as etapas tais
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como amostragem e os seus consequentes processamentos, bem como o tratamento

do vestígio ou elemento probante.

Compreende, então, as seguintes fases:

• Conferência e recepção dos elementos de prova

• Classificação e distribuição dos elementos de prova

• Análise pericial dos elementos de prova

• Coleta e acondicionamento do material para contraprova -

importantíssimo

• Devolução dos remanescentes dos elementos de prova e Laudo Pericial

Como dissemos anteriormente, tudo, tanto no que se refere à Cadeia

de Custódia Externa quanto à Cadeia de Custódia Interna, dever-se-á documentar,

passo a passo, por meio de registros de identificação amostral, documental,

cronológica, topográfica, esquemática e fotográfica, dando um nexo entre o

elemento de prova e o Laudo Pericial. Dar-se-á a devida ênfase à coleta,

acondicionamento, transporte e entrega da (s) amostra (s).

Ainda com relação à coleta de vestígios no Local de Crime,

necessário se faz ter atenção para o uso de luvas descartáveis e mais que isso, para

o uso de um par de luvas para cada vestígio a ser arrecadado, o que significa dizer

que na arrecadação de cada um dos vestígios existentes na cena do crime, os


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peritos terão obrigatoriamente que trocar suas luvas descartáveis. Isso é

imprescindível, justo para evitar contaminação dos vestígios.

Ainda com relação à Cadeia de Custódia, ela inexiste na Polícia

Técnica do Estado do Rio de Janeiro, o que não nos dá quaisquer garantias de que

os vestígios recolhidos nas cenas de crimes ou mesmo colhidos em cadáveres

autopsiados sejam os que, por fim, darão entrada no ICCE ou nos Laboratórios de

Anatomia Patológica, ou de Hematologia ou de Toxicologia do IMLAP. Com isso,

corre-se o risco de trocas involuntárias, ou até mesmo dolosas, de tais materiais a

serem periciados, como já citamos, abrindo, por fim, precedentes gravíssimos e

indefensáveis para arguição de nulidade nos Tribunais de Justiça. Além disso, é

obrigação dos institutos terem sob suas guardas as amostras analisadas, para

garantir, no âmbito da processualística penal, a contraprova à defesa do réu.

Os vestígios que se encontram na cena do crime ingressam na Cadeia

de Custódia a partir do momento em que a autoridade policial (delegado de

polícia) comparece, de pronto, ao Local de Crime, em obediência ao Art. 6° do

CPP, passando pelos peritos requisitados pela autoridade policial àquele local, por

policiais outros, até darem entrada nos Institutos de Criminalística e de Medicina

Legal. Portanto, os procedimentos de preservação dos vestígios iniciam-se e são

assegurados justo pela autoridade policial, após a liberação das peças e do local é

do perito que encaminham as evidências para a apreensão pela autoridade policial


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que fica com a responsabilidade sobre a guarda e integridade, até remetê-las para

realizações das perícias necessárias. A posteriori, passam pelas mãos de estafetas,

pelo Ministério Público e pelo próprio Tribunal de Justiça. A prova material

presente na corte judiciária deve estar revestida de idoneidade e licitude, ainda que

tenha sido ela submetida a uma série de procedimentos técnicos ou passado pelas

mãos de profissionais vários.

Nesse ponto, convêm-nos novamente rever alguns artigos do Código

de Processo Penal brasileiro, que nós peritos, tanto criminais quanto legistas,

temos de bem conhecer, e que são claramente atinentes à conceituação de Cadeia

de Custódia:

• Art. 6º - “LOGO QUE TIVER CONHECIMENTO DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO PENAL,

A AUTORIDADE POLICIAL DEVERÁ: I – DIRIGIR-SE AO LOCAL,

PROVIDENCIANDO PARA QUE NÃO SE ALTEREM O ESTADO E CONSERVAÇÃO DAS

COISAS, ATÉ A CHEGADA DOS PERITOS CRIMINAIS(..)II-“APREENDER OS

OBJETOS QUE TIVEREM RELAÇÃO COM O FATO, APÓS LIBERADOS PELOS

PERITOS CRIMINAIS(..)”;

• Art. 10 – “(..)A AUTORIDADE FARÁ MINUCIOSO RELATÓRIO DO QUE

TIVER SIDO APURADO E ENVIARÁ OS AUTOS AO JUIZ COMPETENTE(..)”;


Comendador Dr. Leví Inimá de Miranda
Perito-Legista Independente
Cientista Forense
• Art. 11 – “(..)OS INSTRUMENTOS DO CRIME, BEM COMO OS OBJETOS QUE

INTERESSAREM À PROVA, ACOMPANHARÃO OS AUTOS DO

INQUÉRITO(..)”;

• Art. 91 – “(..)SÃO EFEITOS DA CONDENAÇÃO(..)II – A PERDA EM FAVOR DA

UNIÃO, RESSALVADO O DIREITO DO LESADO OU DE TERCEIRO DE BOA – FÉ: A)

DOS INSTRUMENTOS DO CRIME, DESDE QUE CONSISTAM EM COISAS CUJO

FABRICO ALIENAÇÃO, USO, PORTE OU DETENÇÃO CONSTITUA FATO ILÍCITO; B)

DO PRODUTO DO CRIME OU QUALQUER BEM OU VALOR QUE CONSTITUA

PROVEITO AUFERIDO PELO AGENTE COM A PRÁTICA DO FATO CRIMINOSO(..)”;

• Art. 118 – “(..)ANTES DE TRANSITAR EM JULGADO A SENTENÇA FINAL, AS

COISAS APREENDIDAS NÃO PODERÃO SER RESTITUÍDAS ENQUANTO

INTERESSAREM AO PROCESSO(..)”;

• Art. 160 – “(..)OS PERITOS ELABORARÃO O LAUDO PERICIAL, ONDE

DESCREVERÃO MINUCIOSAMENTE O QUE EXAMINAREM E RESPONDERÃO AOS

QUESITOS FORMULADOS(..)”;

• Art. 170 do CPP - “(..)NAS PERÍCIAS DE LABORATÓRIO, OS PERITOS

GUARDARÃO MATERIAL SUFICIENTE PARA A EVENTUALIDADE DE NOVA

PERÍCIA. SEMPRE QUE CONVENIENTE, OS LAUDOS SERÃO ILUSTRADOS COM

PROVAS FOTOGRÁFICAS, OU MICROFOTOGRÁFICAS, DESENHOS OU

ESQUEMAS(..)”;
Comendador Dr. Leví Inimá de Miranda
Perito-Legista Independente
Cientista Forense
• Art. 175 – “(..)SERÃO SUJEITOS A EXAME OS INSTRUMENTOS EMPREGADOS

PARA A PRÁTICA DA INFRAÇÃO, A FIM DE SE LHES VERIFICAR A NATUREZA E A

EFICIÊNCIA(..)”;

• Art. 176 – “(..)A AUTORIDADE E AS PARTES PODERÃO FORMULAR QUESITOS

ATÉ O ATO DA DILIGÊNCIA(..)” – TODOS OS GRIFOS E DESTAQUES SÃO NOSSOS.

Como dissemos anteriormente, tudo, tanto no que se refere à Cadeia

de Custódia Externa quanto à Cadeia de Custódia Interna, dever-se-á documentar,

passo a passo, por meio de registros de identificação amostral, documental,

cronológico, topográfico, esquemático e fotográfico, dando um nexo entre o

elemento de prova e o Laudo Pericial. Dar-se-á a devida ênfase à coleta,

acondicionamento, transporte e entrega da (s) amostra (s).

Ainda com relação à arrecadação de vestígios no Local de Crime,

necessário se faz ter atenção para o uso de luvas descartáveis e mais que isso, para

o uso de um par de luvas para cada vestígio a ser arrecadado, o que significa dizer

que na arrecadação de um vestígio para o outro os peritos terão de

necessariamente que trocar suas luvas descartáveis. Isso é imprescindível!

Além de luvas descartáveis, peritos criminais também terão de

frequentar a cena do crime usando gorros, máscaras e sapatilhas, para não

contaminar o local.
Comendador Dr. Leví Inimá de Miranda
Perito-Legista Independente
Cientista Forense
Ainda com relação à Cadeia de Custódia, ela inexiste na Polícia

Técnica do Estado do Rio de Janeiro, o que não nos dá quaisquer garantias de que

os vestígios recolhidos nos Locais de Crimes ou mesmo colhidos em cadáveres

autopsiados sejam os que, por fim, darão entrada no ICCE ou nos Laboratórios de

Anatomia Patológica, ou de Hematologia ou de Toxicologia do IMLAP. Com isso,

corre-se o risco de trocas involuntárias ou até mesmo dolosas de tais materiais a

serem periciados, como já citamos, abrindo, por fim, precedentes gravíssimos e

indefensáveis para arguição de nulidade nos Tribunais de Justiça.

Dr. Leví Inimá de Miranda – Perito Legista Independente

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