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Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica |1

REVISTA DO
Instituto
Paraibano de
Genealogia e
Heráldica

Ideia – João Pessoa – Nº 20 – 2018


2 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Revista do Instituto Paraibano


de Genealogia e Heráldica

Fundado em 19 de novembro de 1967

Coordenadores
Teldson Douetts Sarmento
Edinaldo Cordeiro Pinto Júnior
Cícero Caldas Neto
Marinalva Freire da Silva
Natércia Suassuna Dutra

Diagramação
Edinaldo Cordeiro Pinto Júnior

Correção dos textos


Os Autores

Editoração eletrônica
Magno Nicolau

R454 Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica /


Teldson Douetts Sarmento, Edinaldo Cordeiro Pinto Jú-
nior, Cícero Caldas Neto, Marinalva Freire da Silva
(Orgs.).- João Pessoa: Ideia, 2018.
160p.:il.
ISSN 2594-6684
1. Genealogia 2. Instituto Paraibano de Genealogia e
Heráldica. 3. Histórias de família. I. Título.

CDU 929.52

EDITORA
www.ideiaeditora.com.br
(83) 3222-5986
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica |3

S U M Á R I O

BRASÃO DE ARMAS DO I.P.G.H. .................................................. 5

A P R E S E N T A Ç Ã O ................................................................. 7

JUBILEU DE OURO DO I.P.G.H ...................................................... 9

DISCURSO PROFERIDO PELO CONSÓRCIO CÍCERO CALDAS NETO


POR OCASIÃO DA SOLENIDADE DE POSSE DO COLEGIADO DO
INSTITUTO PARAIBANO DE GENEALOGIA E HERÁLDICA............. 14

OS NOVOS FUNDADORES - DISCURSO PROFERIDO PELO


CONSÓRCIO BERILO BORBA POR OCASIÃO DA SOLENIDADE DE
POSSE DO COLEGIADO DO INSTITUTO PARAIBANO DE
GENEALOGIA E HERÁLDICA ....................................................... 19

IPGH EM POESIA - HOMENAGEM AO JUBILEU DE OURO DO IPGH


NO ANO DE 2017 ....................................................................... 22
Cristine Leite Nobre

LEMBRANDO UM AMIGO, HOMENAGEM A EVERALDO DE


AZEVEDO PONTES ..................................................................... 24
João Abelardo Lins Barreto

AS ESTRELAS E OS ESTADOS NA BANDEIRA DO BRASIL .............. 27


Zilma Ferreira Pinto
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DOM ADAUCTO AURÉLIO DE MIRANDA HENRIQUES - FUNDADOR


DO COLÉGIO PIO X .................................................................... 47
Elmano Cunha Ribeiro

MINHAS RAÍZES SERIDOENSES - APANHADOS GENEALÓGICOS . 52


Edinaldo Cordeiro Pinto Júnior

ALCIDES VIEIRA CARNEIRO - RAÍZES PRINCESENSES ................ 108


Francisco de Carvalho Florêncio

LEON CLEROT: UM SER MÚLTIPLO EM TERRA TABAJARA


SUA PROLE – AUMENTADO E ATUALIZADO ............................. 116
Maria do Socorro Xavier
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica |5

INSTITUTO PARAIBANO DE GENEALOGIA E HERÁLDICA


Fundado em 19 de novembro de 1967

BRASÃO DE ARMAS DO I.P.G.H.

Escudo: de azul, seis pães de açúcar de ouro, dispostos em roque-


te. Chefe de ouro gotejado de vermelho.

Lema: FONTES COLAMUS NOSTROS. Letras em ouro sobre listel


de azul.
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INSTITUTO PARAIBANO DE GENEALOGIA E HERÁLDICA


Fundado em 19 de novembro de 1967
Considerado de Utilidade Pública pela Lei Estadual nº 8.769/2009
e pela Lei Municipal nº 11.348/2008

DIRETORIA ELEITA EM 30 DE OUTUBRO DE 2015


TRIÊNIO 2015 – 2018

Diretoria:
Presidente Teldson Douetts Sarmento
1º Vice-Presidente Natércia Suassuna Dutra
2º Vice Presidente Maria do Socorro Xavier
1º Secretário João Abelardo Lins Barreto
2º Secretário Berilo Ramos Borba
Tesoureira Natércia Suassuna Dutra
Vice-Tesoureiro Ricardo Bezerra
Bibliotecário/Arquivista Adauto Ramos

Conselho Fiscal:
Edinaldo Cordeiro Pinto Júnior
Joaquim Osterne Carneiro
Victória Chianca

Suplentes:
Cícero Caldas Neto
Ricardo Bezerra
Zilma Ferreira Pinto

Comissão de Admissão de Sócios:


Guilherme d’Ávila Lins
Humberto Fonseca de Lucena
Maria do Socorro Xavier

Comissão de Redação:
Adauto Ramos
Berilo Borba
João Abelardo Lins Barreto
Maria do Socorro Xavier
Teldson Douetts Sarmento
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APRESENTAÇÃO

maior prazer de quem constrói é ver a sua obra acabada.

O Assim é com os artesãos, os construtores, os escritores e


tantos outros que se dedicam a criar e tornar realidade o
que nasce no mundo do pensamento. No ano pós Jubileu,
nosso sentimento é este. Uma instituição que chega ao
Ouro de suas conquistas. Resta-nos AGRADECER aos que fazem o
I.P.G.H., homens e mulheres com uma missão. Já começamos a
contagem regressiva do centenário. Temos uma jornada de anos
para registrar.
Nas páginas desta REVISTA I.P.G.H nº 20, temos o compar-
tilhamento de discursos e mensagens alusivas as nossas comemo-
rações. A sessão conjunta das Casas Legislativas do Estado da Pa-
raíba e da cidade de João Pessoa, realizada no plenário da Assem-
bleia Legislativa da Paraíba, transmitida ao vivo pela TV Câmara,
foi um marco especial de nossas comemorações. Neste número,
registramos o discurso do Presidente naquela solene ocasião. A
posse do COLEGIADO foi outro grande marco do jubileu de ouro.
O discurso de posse dos ocupantes das cadeiras, proferido pelo
confrade Cícero Caldas Neto, está registrado nas memórias deste
exemplar.
Uma homenagem póstuma de um amigo pessoal, com de-
senho fotográfico de próprio punho, retrata com carinho a amizade
e afeto do confrade João Abelardo Lins Barreto pelo confrade Eve-
raldo Pontes, que deixou nosso plano físico em 01 de junho de
2018. O trabalho de nossa confreira Zilma Ferreira Pinto sobre as
estrelas e os Estados de nossa Bandeira é um estudo heráldico de
magnífico esplendor. Estreante em nosso plantel de registradores
está o confrade Elmano Cunha Ribeiro, com seu trabalho sobre
Dom Adauto e o Colégio Pio X. Nos Apanhados Genealógicos, o
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genealogista e historiador Edinaldo Cordeiro Pinto Júnior nos


apresenta suas Raízes Seridoenses.
O historiador princesense Francisco de Carvalho Florêncio,
membro correspondente do IPGH, nos traz as raízes genealógicas
de Alcides Vieira Carneiro. Nossa confreira Maria do Socorro Xa-
vier nos brinda com Leon Clerot: um ser múltiplo em Terra Tabaja-
ra.
Assim, plantando em terreno fértil, com as raízes dos regis-
tros apresentados, temos como resultado de um ano de estudos e
produção, este excelente fruto, para alimentar os que amam a ge-
nealogia e a heráldica.
Eis a Revista 20! Boa leitura.

Teldson Douetts Sarmento


Presidente
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JUBILEU DE OURO DO I.P.G.H

Discurso proferido pelo Presidente


Teldson Douetts Sarmento em
Sessão Solene conjunta da Assem-
bleia Legislativa do Estado da Pa-
raíba e da Câmara Municipal de
João Pessoa PB em data de 24 de
novembro de 2017, em comemora-
ção aos 50 anos de fundação do
IPGH.

E
xcelentíssimo Sr.
Deputado Estadual
Janduy Carneiro,
Presidente desta
sessão; Excelentís-
simo Sr. Vereador Humberto
Pontes, representando a
Câmara Municipal de Vere-
adores de João Pessoa; Exce-
lentíssimo Deputado Ranieri
Paulino, secretariando os
trabalhos; minha Vice Presi-
dente Natércia Suassuna; Dr.
Joaquim Osternes Carneiro,
representando o IHGP; Dr. João Fernandes, representando a Justi-
ça Federal; Dr. Cícero Caldas, representando a Academia Parai-
bana de Letras Maçônicas; Preclaros confrades e confreiras, queri-
dos presentes....
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“Não percamos de vista os nossos antepassados.”


Johann Goethe

Iniciamos nossa fala, tributando a Deus nosso maior


agradecimento, pela oportunidade de poder comemorar o cin-
quentenário do I.P.G.H. Cremos piamente que esse momento já
estava escrito na vontade do Eterno.
O desejo de dotar a Paraíba de um órgão dedicado ao es-
tudo e a pesquisa da Genealogia e Heráldica, fez com que, o histo-
riador e pesquisador da memória paraibana Deusdedit de Vascon-
celos Leitão, ladeado dos também genealogistas Sebastião de Aze-
vedo Bastos e José Leal Ramos, tornassem real esse ideário.
Foram convidados vários intelectuais e autoridades para a
histórica reunião, realizada na Associação Paraibana de Imprensa,
no dia 19 de novembro de 1967. A presidência desta memorável
sessão de fundação coube ao Desembargador Manoel Maia de
Vasconcelos. Com a presença de 36 pessoas, que assinaram como
sócios fundadores, nasceu o Instituto Paraibano de Genealogia e
Heráldica.
Destacamos os nomes dos que assinaram a ata de funda-
ção do I.P.G.H.:
Professora Carmem Coelho de Miranda Freire, Desem-
bargador Manoel Maia de Vasconcelos, Professora Rosilda Carta-
xo, Doutor Humberto Carneiro da Cunha Nóbrega, Balduino Le-
llis de Farias, Sebastião de Azevedo Bastos, Antônio José de Sou-
sa, Doutor Joffre Borges de Albuquerque, Deusdedit de Vasconce-
los Leitão, Manoel Fernandes de Lima, Antonio Tancredo de Car-
valho, Jose Leal Ramos, Doutor Wilson Narega Seixas, Deputado
Robson Duarte Espínola, Doutor Cypriano Galvão da Trindade,
Professor Geraldo Lafayette Bezerra, Desembargador João Sérgio
Maia, Doutor Heronides Alves Coelho Filho, Doutora Lylia Gue-
des e Dr. Coriolano Dias de Sá, Desembargador Paulo de Morais
Bezerril, Desembargador Luiz Silvio Ramalho, Doutor Maurilio
Augusto de Almeida, Doutor Coriolano Ramalho Neto, Doutor
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Sabiniano Alves do Rego Maia, Dr. Elpídio José de Almeida, Jório


de Lira Machado, Desembargador Sebastião Sinval Fernandes,
Damásio Barbosa da Franca, Professor Alfredo Carlos Shmaltz,
Professora Wilma dos Santos Cardoso Monteiro, Professor José
Paulo Pires Braga, Dr. Walter Sarmento de Sá, Dr. Jose Carlos Ar-
coverde Nóbrega, Professora Olivina Olivia Carneiro da Cunha e
Wilma Bezerril. Os destaques em negrito são para os fundadores
que assistem ‘in vivo’ nosso jubileu.
O Desembargador Manoel Maia de Vasconcelos foi acla-
mado presidente, mas, ato contínuo, declarou que, em face de suas
ocupações decorrentes de atividade no Tribunal de Justiça da Pa-
raíba, não poderia permanecer na presidência da entidade que
acabara de ser fundada e indicou o Desembargador Sebastião Sin-
val Fernandes para assumir a presidência do IPGH. Por estar apo-
sentado de suas funções, o Desembargador Sebastião Sinval Fer-
nandes, aliado ao seu reconhecido mérito de pesquisador, reunia
melhores condições de desempenhar com mais dedicação suas
atribuições.
Para compor a primeira diretoria foi escolhido o pesqui-
sador Deusdedit de Vasconcelos Leitão, como secretário e Sebasti-
ão de Azevedo Bastos, como tesoureiro.
O I.P.G.H. é uma entidade civil, cultural, que se dedica ao
estudo e a pesquisa da Genealogia e Heráldica.
Reconhecida de utilidade pública estadual através da Lei
nº 8.769/2009 e de utilidade pública municipal através da Lei nº
11.348/2008.
Durante esses 50 anos de existência o IPGH, através de
seus membros, tem produzido e publicado excelentes materiais de
registro genealógico e da heráldica. Vários trabalhos foram publi-
cados sobre várias famílias paraibanas.
Destacamos no campo da heráldica os escritores Nivald-
son Fernandes, Cícero Caldas Neto, João Abelardo Lins Barreto e
Jonh Rafael Lúcio de Farias. Na genealogia, temos trabalhos de
destacados pesquisadores: Deusdedit Vasconcelos Leitão, Adauto
Ramos, Ricardo Bezerra, Zilma Ferreira Pinto, Guilherme D’avila
Lins, Marinalva Freire, Victória Chianca, Natércia Suassuna Dutra,
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Maria do Socorro Cardoso Xavier, Humberto Fonseca de Lucena,


Joaquim Osterne Carneiro, Teldson Douetts Sarmento e Edinaldo
Cordeiro Pinto Júnior.
Nossa história é a história de nossos antepassados. Assim
como o conhecimento, a informação deve se projetar no tempo,
com registros valiosos de pessoas e acontecimentos. Não existe a
história sem pessoas.... e as pessoas sem a família. Este é o maior
tesouro do genealogista... as FAMÍLIAS.
Em 1991 começou a ser publicada a Revista IPGH, de pe-
riodicidade anual... neste ano jubileu já em seu número 19. Revista
que tem publicado valiosos trabalhos de pesquisas de seus mem-
bros. Ao escritor Adauto Ramos, tributamos nossos agradecimen-
tos pela feliz ideia e trabalho constante de vários anos na edição da
Revista IPGH.
O Instituto se reúne mensalmente, na sede do Instituto
Histórico e Geográfico Paraibano IHGP, que tem sido parceiro e
acolhedor de valor inestimável. Temos vários membros em co-
mum. Nosso especial agradecimento ao IHGP.
Comemorar é festejar, é rememorar, trazer à memória, é
renovar, é, portanto, reviver, no jardim de nossas memórias as
sementes que foram plantadas e que exalam seu agradável perfu-
me.
Preferimos acreditar, como Norbert Elias, que o saber não
tem um começo na história da humanidade. O nosso saber resulta
de um longo processo. Todo indivíduo, por maior que seja sua
contribuição criadora, constrói a partir de um patrimônio de saber
já adquirido, o qual ele contribui para aumentar. Somos hoje aqui,
agora, herdeiros deste saber, mas somos também, geradores da
vida deste saber.
Sêneca dizia: “Nenhum vento lhe será favorável se não
souberes a que porto se dirige”. É preciso reconhecer a força e a
coragem daqueles que produzem material genealógico.
Iniciamos nos anos 1967 e, com eles, assistimos a várias
mudanças no conceito de mundo. O homem ainda não havia che-
gado à Lua. Não tínhamos o computador nem o celular. Muitos
textos foram manuscritos e outros datilografados. Catalogar as
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gerações é um trabalho árduo e de muito esmero. Os que se dedi-


cam a este ofício o fazem por amor.
Nosso Estatuto Social foi reformulado em 2016, adaptan-
do-se as normas reguladoras do Novo Código Civil. Em justa ho-
menagem ao seu idealizador, adotamos como sub-denominação o
título de “CASA DE DEUSDEDIT LEITÃO”.
Nosso lema dístico latino é “Fontes Colamus Nostros”
que quer dizer: “Cultivemos nossas origens”. Significa o propósito
de nossa casa em seu objetivo cultural.
Nas palavras de Samir França “Faço reverência a quem
me faz referência”.
Hoje reverenciamos o passado com olhos no futuro, res-
saltando as raízes deste sonho de fé, de trabalho e de paixão que
motivou a formação de nosso Instituto.
Hoje é JUBILEU DE OURO do Instituto Paraibano de
Genealogia e Heráldica, data que irá marcar de forma indelével
nosso cinquentenário. Meio século de vida institucional. Casa da
Cultura e da pesquisa. Memória da história de nossas famílias...
repositório do amor pela arte de pesquisar. Deus seja louvado!
Meu muito obrigado!
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DISCURSO PROFERIDO PELO CONSÓRCIO CÍCERO CALDAS


NETO POR OCASIÃO DA SOLENIDADE DE POSSE DO
COLEGIADO DO INSTITUTO PARAIBANO
DE GENEALOGIA E HERÁLDICA
João Pessoa (PB), em 24/novembro/2017.

Ilustres Convidados

“Um galo sozinho não tece uma manhã:


Ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele e o lan-
ce a outro;
de outro galo que apanhe o grito que um ga-
lo antes e o lance a outro;
e de outros galos que com muitos outros ga-
los se cruzem os fios de sol de seus gritos de
galo, para que a manhã, desde uma teia tê-
nue, se vá tecendo, entre todos os galos..”

Nesta tarde que ora se assoma para mim como a manhã


dos versos de João Cabral de Melo Neto (trecho da poesia Tecendo
a Manhã) que acabo de evocar, atrevo-me, neste ato solene, a tecer
algumas considerações sobre a criação do Instituto Paraibano de
Genealogia e Heráldica no ano em que se comemora o seu Jubileu
de Ouro.
Não sem antes advertir que muito recentemente, em uma
solenidade que participei, dizia-me um sábio amigo que, se o ora-
dor deseja agradar a plateia, deve fazer um pronunciamento boni-
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 15

to, mas breve, especialmente breve, pois se o pronunciamento for


realmente breve, nem precisa ser bonito.
Acatarei, na minha fala, o sábio conselho do meu amigo e,
até porque não sei fazer pronunciamento bonito, procurarei ser
breve.
Com este compromisso, advirto-os que utilizarei não mais
que alguns minutos sobre algumas recordações merecedoras de
registro para uma ocasião tão especial como a que ora vivenciam
os que fazem o IPGH, mas sem prejuízo da brevidade prometida.
Diria logo, como afirmou Lao Tsé, há muitos séculos pas-
sados que:

“Grandes realizações são possíveis


quando se dá importância aos peque-
nos começos.”

Então, a título de prefácio à este modesto texto e também


por dever de justiça, prestamos agora as devidas homenagens
àqueles que o idealizaram tornando realidade tão auspicioso acon-
tecimento, que enaltece a História Paraibana e, em particular, à
Genealogia e a Heráldica. Que o sucesso continue sendo a recom-
pensa merecida.
A fundação do Instituto foi mais do que a feitura de sua
Ata de Instalação ou de seu Estatuto, foi um acontecimento histó-
rico imutável fruto do idealismo do historiador Deusdedit de Vas-
concelos Leitão que, ao convidar o jornalista José Leal e o tabelião
Sebastião de Azevedo Bastos, organizaram uma reunião com de-
zenas de estudiosos e intelectuais na sede da Associação Paraibana
de Imprensa num domingo 19 de novembro de 1967, mesmo dia
em que morria de enfarte, aos 59 anos, quatro dias depois de to-
mar posse na Academia Brasileira de Letras, o escritor Guimarães
Rosa, autor de Grande Sertão: Veredas, para fazer surgir esta entida-
de. Esta reunião teve à frente o Desembargador Manuel Maia de
Vasconcelos, que presidiu o TJPB no período de 1952-1954, tendo a
Ata de Fundação sido assinada pelas seguintes 36 personalidades:
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01) Dr. Humberto Carneiro da Cunha Nóbrega


02) Des. Paulo de Morais Bezerril
03) Prof. José Paulo Pires Braga
04) Des. Sebastião Sinval Fernandes
05) Des. Manuel Maia de Vasconcelos
06) Des. João Sérgio Maia
07) Dr. Heronides Alves Coelho Filho
08) Des. Luis Silvio Ramalho
09) Dr. Cypriano Galvão da Trindade
10) Dr. Maurílio Augusto de Almeida
11) Dra. Vilma dos Santos Cardoso Monteiro
12) Dr. Geraldo Lafayette Bezerra
13) Jorn. José Leal Ramos
14) Jorn. Jório de Lira Machado
15) Dr. Damásio Barbosa da Franca
16) Prof. Deusdedit de Vasconcelos Leitão
17) Dr. Coriolano Dias de Sá
18) Profª Carmen Coelho de Miranda Freire
19) Dr. Wilson Nóbrega Seixas
20) Tab. Sebastião de Azevedo Bastos
21) Dr. Walter Sarmento de Sá
22) Dr. Coriolano Ramalho Neto
23) Profª Rosilda Cartaxo
24) Dr. José Carlos Arcoverde Nóbrega
25) Profª Olivina Olívia Carneiro da Cunha
26) Drª Lylia Guedes
27) Srª Wilma Bezerril
28) Prof. Alfredo Carlos Schmaltz
29) Sr. Antonio José de Souza
30) Sr. Manoel Fernandes de Lima
31) Dr. Robson Duarte Espínola
32) Dr. Antonio Tancredo de Carvalho
33) Sr. Balduino Léllis de Farias
34) Dr. Sabiniano Alves do Rego Maia
35) Dr. Elpídio Josué de Almeida
36) Dr. Joffre Borges de Albuquerque
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 17

Infelizmente, devido a suas ocupações profissionais, o De-


sembargador Manuel Maia declina do convite feito e indica o seu
colega Desembargador Sebastião Sinval Fernandes, que havia se
aposentado em janeiro daquele ano, para presidir interinamente o
IPGH até a eleição da primeira diretoria para gerir os destinos da
nova entidade no triênio 1967/1970. Realizado o processo eleitoral,
foi eleito o Dr. Humberto Carneiro da Cunha Nóbrega, médico
nascido em João Pessoa e formado pela Faculdade de Medicina da
Bahia, que à época era o diretor do Museu da Imagem e do Som da
Universidade Federal da Paraíba. Em seguida, o IPGH foi presidi-
do pelas seguintes personalidades:
Triênos 1970/1973 - 1973/1976: Dr. Américo Sérgio Maia, que logo
cuidou da criação do Brasão de Armas do Instituto e para isto en-
carregou o sócio fundador José Paulo Pires Braga de manter conta-
to com o heraldista Victor Hugo Carneiro Lopes, em Salvador-BA,
auxiliar do renomado heraldista alemão radicado na Bahia, Irmão
Paulo Lachenmayer O.S.B. ambos já falecidos e que realizaram a
confecção de alguns dos brasões dos municípios mais importantes
da Paraíba, a exemplo de João Pessoa, Campina Grande, Areia,
Guarabira, Santa Luzia e Pombal.
Triênio 1976/1979: Dr. Sabiniano Alves do Rêgo Maia, o historia-
dor de Itabaiana.
Triênios 1979/1982 - 1982/1985: Dr. Deusdeth de Vasconcelos Lei-
tão.
Triênios 1985/1988 - 1988/1991: Dr. Domingos de Azevedo Ribeiro.
Nas duas gestões de Domingos, pesquisador incansável da música
e muito bem relacionado na sociedade local, houve um incremento
do número de sócios e o auspicioso lançamento, em fevereiro de
1991, da Revista do IPGH, cujo novo número ora está sendo lança-
do. A revista foi criada com o objetivo de preencher uma lacuna
existente no campo do estudo das famílias e seus símbolos e vem
cumprindo muito bem o seu papel.
Triênios 1991/1994 - 1994/1997: Dr. Adauto Ramos
Triênio 1997/2000: Dr. Guilherme Gomes da Silveira D'Ávila Lins
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Triênios 2000/2003 - 2003/2006: Dr. Adauto Ramos


Triênio 2006/2009: Dra. Natércia Suassuna Dutra, a primeira mu-
lher a presidir o Instituto. Uma das pesquisadoras mais produtivas
com vários livros publicados, foi a idealizadora do Colegiado.
Triênios 2009/2012 - 2012/2015: Dr. Adauto Ramos
Triênio 2015/2018: Dr. Teldson Douetts Sarmento

“DEUS QUER, O HOMEM SONHA, A


OBRA NASCE”.

Essa visão poética da vida, que Fernando Pessoa projetou,


se cristaliza na realidade em meio à sabedoria de Salomão que a
todos disse: “O HOMEM FAZ PROJETOS, MAS É DEUS QUE
LHE DIRIGE OS PASSOS”.
Com estas palavras, e fruindo com grande alegria a signifi-
cação desse momento, agradeço a atenção de todos.
Muito obrigado,
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 19

OS NOVOS FUNDADORES
DISCURSO PROFERIDO PELO CONSÓRCIO BERILO BORBA POR
OCASIÃO DA SOLENIDADE DE POSSE DO COLEGIADO DO
INSTITUTO PARAIBANO DE GENEALOGIA E HERÁLDICA

Honra-me representar, neste momento, todos aqueles que,


hoje se empossaram, seja na condição de sócios fundadores do
Colegiado do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica, seja
como sócios correspondentes deste sodalício.
Ao completar seus cinquenta anos de existência, o Instituto
Paraibano de Genealogia e Heráldica, dando um passo adiante em
sua organização, preenche, em carácter definitivo, mais uma parte
dos membros de seu Colegiado, integrado por sócios ocupantes de
cadeiras, previamente instituídas, com seus respectivos patronos,
que assumem, na condição de “sócios fundadores”, por serem os
primeiros titulares a integrar aquele Colegiado.
Constituído de 30 cadeiras, das quais três já se encontram
ocupadas pelos fundadores que as assumiram, em data anterior,
hoje tomam posse mais doze sócios fundadores, para integrarem
aquele Colegiado.
Foram, anteriormente empossados, os seguintes membros
fundadores:
1. Adauto Ramos, Cadeira 1, tendo como patrono Trajano
Pires da Nóbrega, cuja posse se deu em 26 de março de
2010;
2. Ricardo Tadeu Feitosa Bezerra, Cadeira 6, cujo patrono
é Antonio Vitoriano Freire, empossado em 26 de maio
de 2010;
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3. Natércia Suassuna Dutra, Cadeira 13, tendo como pa-


trono Raimundo Suassuna, empossada que fora, como
fundadora, em 1º de março de 2011.
Os outros sócios fundadores que tomam posse hoje, em
comemoração ao cinquentenário de fundação do Instituto Parai-
bano de Genealogia e Heráldica, são os seguintes:

1. Guilherme Gomes da Silveira d’Ávila Lins, ocupando


a Cadeira 2, que tem como patrono Manuel Maia de
Vasconcelos;
2. Maria do Socorro Cardoso Xavier, ocupante da Cadei-
ra 3, cujo patrono é Wilson Nóbrega Seixas;
3. Berilo Ramos Borba, ocupante da Cadeira 5, que tem
como patrono José Leal Ramos;
4. Everaldo Azevedo Pontes, ocupante da Cadeira 7, cujo
patrono é Sebastião de Azevedo Bastos;
5. Marinalva Freire da Silva, ocupante da cadeira 11, que
tem por patrono Carmem Coelho de Miranda Freire;
6. Joaquim Osterne Carneiro, ocupante da Cadeira 12,
cujo patrono é Maurílio Augusto de Almeida;
7. João Abelardo Lins Barreto, Cadeira 15, que tem como
patrono Américo Sérgio Maia;
8. Edinaldo Cordeiro Pinto Júnior, ocupante da Cadeira
17, cujo patrono é Antonio Tancredo de Carvalho;
9. Teldson Douetts Sarmento, Cadeira 19, que tem como
patrono Walter Sarmento de Sá;
10. Humberto Fonseca de Lucena, Cadeira 21, cujo patro-
no é Luiz Hugo Guimarães;
11. Maria das Vitórias Chianca, ocupante da Cadeira 22,
que tem como patrono Deusdedit de Vasconcelos Lei-
tão;
12. Cícero Caldas Neto, ocupante da Cadeira 23, cujo pa-
trono é Analice Caldas.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 21

Os sócios correspondentes hoje empossados são:

1. João Florindo Batista Segundo;


2. Maria Ida Steinmueller;
3. Antonio Seixas;
4. Elmano Cunha Ribeiro;
5. John Rafael;
6. Zenilton Elias da Silva;

Gostaria de expressar nessa oportunidade, a nossa satisfa-


ção em fazer parte do Colegiado do Instituto Paraibano de Genea-
logia e Heráldica, instituição cultural que, durante cinquenta anos,
tem enriquecido a comunidade paraibana com seus trabalhos so-
bre genealogia e heráldica. Gostaria, igualmente, de fazer do so-
nho dos seus fundadores, muitos dos quais tomados para como
patronos do Colegiado, os nossos sonhos e o nosso labor, sobretu-
do, agora, que nos integramos, mais fortemente, a seu quadro,
obrigando-nos a nos comprometer, cada vez mais, com a sua luta
pela realização de seus objetivos, sonhados e cultivados por todos
aqueles que, ao longo dessas cinco décadas, se dedicaram a traba-
lhar, de corpo e alma, pelo seu engrandecimento.
Somos gratos a todos os que permitiram o nosso acesso a
tão grandiosa instituição. Nosso muito obrigado!
22 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

IPGH EM POESIA
HOMENAGEM AO JUBILEU DE OURO DO IPGH NO ANO DE 2017

Cristine Leite Nobre

IPGH É UM INSTITUTO
DE GRANDE RELEVÂNCIA
ELE ESTUDA A ORIGEM
DAQUELE QUE TEM ÂNSIA
E DA FAMÍLIA QUE VEM
PROCURA SUA IMPORTÂNCIA

50 ANOS COMPLETADOS
INSTITUTO DE VALOR
TRATA DA GENEALOGIA
E HERÁLDICA COM LOUVOR
ASSOCIAÇÃO DE VALIA
CULTURAL E DE PRIMOR
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 23

A GENEALOGIA ESTUDA
A ORIGEM DE UM SER
SABE DA SUA FAMÍLIA
É SÓ PROCURAR E VER
SE TIVER XENOFILIA
O NOME VAI ESTABELECER

A HERÁLDICA SABE BEM


CONHECE DE BRASÃO
SABE DOS EMBLEMAS
E DE SUA EVOLUÇÃO
CIÊNCIA QUE DEU POEMA
PARA ESSA OCASIÃO

COMEMORAR JUBILEU
COM OURO ESTAMPADO
E O POVO PARAIBANO
VIBRA PELO SEU LADO
E A CADA NOVO ANO
O IPGH É ETERNIZADO
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LEMBRANDO UM AMIGO
HOMENAGEM A EVERALDO DE AZEVEDO PONTES

João Abelardo Lins Barreto1

As diferentes fases de nossas vidas são como lugares por


onde passamos e aos quais só podemos voltar usando a imagina-
ção como transporte. Assim, viajando pelos corredores do tempo
volto aos meus dezoito
anos. Ali, naquele lu-
gar, ou tempo, sei lá...
encontro Antônio, Ber-
toldo, Reginaldo, Eve-
raldo e eu. Sim, eu.
Nesse retorno àquela
fase de minha cami-
nhada sou um observa-
dor de mim mesmo e de
uma cena que já está
pronta. Cena que vivi e
que agora apenas posso
observar. São cinco jo-
vens estudantes que,
em Recife, apesar de
frequentarem escolas
diferentes, se reúnem
sempre que podem pa-
Everaldo,
ra gozar das irresponsabilidades Visto por J. Barreto
que a juventude permite. Naquele

1 Sócio Efetivo do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica.


Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 25

momento estão eles somando os trocados de suas mesadas na es-


perança de completarem o suficiente para seus ingressos no Horto
de Dois Irmãos.
Dei a ideia:
- Por que não vamos pela lateral do horto e pulamos a
cerca?
Olhamos, todos, para Everaldo. O estudante de engenha-
ria, pianista nas horas vagas e acima de tudo moralista, era para
nós uma espécie de conselheiro. Tão jovem quanto nós, porem
criado sob rígida educação, era um exemplo a ser seguido. No en-
tanto, para surpresa nossa, concordou:
- É isso ai! Vamos pular a cerca.
A partir daquele dia deixamos de gastar com ingressos.
Uma falha na cerca de arame farpado era o nosso portão particu-
lar.
Everaldo Pontes, estudante de engenharia, oficial da re-
serva. Exemplo de correção e bons costumes era, afinal de contas,
também como nós, um jovem simpático, travesso e brincalhão.
Muitas vezes nos reuníamos na casa de Bertoldo para ouvir músi-
ca – seu pai tinha uma bela coleção de clássicos – e naqueles mo-
mentos Everaldo assumia a função de orientador e nos falava so-
bre os grandes músicos do passado. Através dele conheci Vila Lo-
bos, Rachmaninov, Beethoven e toda aquela turma da pesada.
A vida de qualquer um daqueles jovens motivaria um
romance. Entretanto, remexendo nos escaninhos da memória, limi-
tar-me-ei a as lembranças de Everaldo.
Filho de um comerciante de joias, o Sr. Pontes, Everaldo
desde cedo demonstrou pouca aptidão, quase aversão, para o co-
mércio e em contrapartida verdadeira paixão pelos estudos. Nun-
ca abandonou seu amor pela música, porém entrou de cabeça nos
meandros da engenharia. Nossas vidas tomaram caminhos dife-
rentes. Antônio tornou-se um funcionário público, Bertoldo um
técnico de eletrônica, Reginaldo levado por sua paixão pela botâ-
nica mandou-se para a Rússia e eu passei a enfrentar as estradas
em minha vidinha de representante comercial. Entretanto, sempre
nos encontrávamos e através de uns tínhamos notícias dos outros.
26 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Notícias nem sempre boas. “Reginaldo voltou da Rússia” disse-me


certa vez Antônio. “O Antônio morreu”, me informou Reginaldo;
a morte de Bertoldo e do “nunca-mais-vi” de Reginaldo foram as
notícias que Everaldo me daria depois de alguns anos quando nos
reencontramos em uma reunião aqui no Instituto Paraibano de
Genealogia e Heráldica. Do nosso quinteto restou apenas nós dois,
ligados agora pelo interesse em genealogia. Neste Instituto ele
mostrou sua modéstia e simplicidade, nunca pleiteando um cargo
de destaque e, sempre que necessário, pondo-se disposição dos
colegas. Já com algumas limitações decorrentes de problemas de
saúde complicados pela idade, ele, sempre que possível, apresen-
tava trabalhos geralmente referentes à árvore genealógica de sua
família.
Terminadas as reuniões costumávamos sair juntos. Naque-
les momentos relembrávamos pequenos fatos de nosso passado.
Os saraus na casa de Bertoldo, momentos em que ele esnobava
conhecimentos da música erudita, as partidas de “buraco” na casa
de Antônio; as caçadas de insetos na mata do “Buraquinho” com o
aprendiz de biólogo Reginaldo e as muitas vezes em que ele me
ajudou em meus estudos de matemática.
Fica difícil esquecer os comentários que Everaldo fez sobre
a performance de meu filho Raïff quando de sua apresentação,
aqui em João Pessoa, do concerto de Elgar para cello e orquestra.
Mostrando conhecimento profundo da obra assim como das pecu-
liaridades dos instrumentos de corda e arco.
Mas, o engenheiro, músico, genealogista e sobretudo meu
amigo, resolveu subir a um patamar bem mais alto e lá, mesmo
com direito a uma entrada triunfal pelo portão principal, ele sem
dúvida foi encontrar-se com os amigos que o esperavam na lateral
do Paraíso, em uma falha da cerca de arame.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 27

AS ESTRELAS E OS ESTADOS
NA BANDEIRA DO BRASIL

Zilma Ferreira Pinto1

19 de Novembro
Dia da Bandeira

1 Sócia Efetiva do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica.


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AS ESTRELAS E OS ESTADOS NA
BANDEIRA DO BRASIL

...Assim estão na Bandeira


E assim deverão ficar.

BRASIL,
Bandeira e República
Ano do Centenário
1889 – 1989

RESPONSÁVEIS PELO PROJETO

Idealizador: Raimundo Teixeira Mendes

Colaborador: Miguel Lemos

Projeção das Estrelas: Prof. Manoel Pereira Reis

Desenho: Décio Vilares


Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 29

A
disposição das estrelas na Bandeira Nacional obedeceu a
observação quanto à posição das mesmas naquela manhã
de 15 de Novembro de 1889. Dispõem-se, pois, conforme
um desenho de inspiração cósmica, independente da si-
tuação político-geográfica dos Estados. Daí a estrela em
destaque acima da legenda representar o Pará, e não o Distrito
Federal, como pretendem alguns. Daí o Paraná se encontrando
“junto” à Paraíba e ao Rio Grande do Norte no triângulo Austral: e
assim por diante... De modo que, as estrelas correspondentes às
novas unidades federais, posteriormente criadas, deverão seguir a
mesma ordem daquele mapa astronômico, histórica e simbolica-
mente registrado.
Acima das visíveis violações às leis da Heráldica, e acima
das inquestionáveis influências do Positivismo, a Bandeira do Bra-
sil se fez ufanista! Única, bela e transcendental.
“O encontro do Brasil não foi obra do acaso”. Estava es-
crito. E a escritura encontra-se na representação das estrelas na
esfera da Bandeira.

A autora
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Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 31

AS ESTRELAS E OS ESTADOS NA
BANDEIRA DO BRASIL

Poema / Jogral

Criou-se a nossa Bandeira


Símbolo sagrado de amor
Era o século dezenove
Era o ano 89
Ano de Nosso Senhor

Era o século dezenove


E a data também me lembro
19 de novembro
Do nosso ano civil,
Deodoro da Fonseca
Deu o Decreto assinado
Decreto nº 4
Da República do Brasil

1º Refrão

Presidente Deodoro
Da República do Brasil
19 de novembro
Do nosso ano civil.

Bandeira da minha terra


A quem desejo louvar
Ali vieram as estrelas
Serenamente pousar.
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Ali estão as mais belas


Quanto aos significados
E os Estados brasileiros
Por elas representados

Logo acima da legenda


Uma estrela sozinha está
ESPIGA ou deusa agrária
Essa estrela solitária
É o Estado do Pará.

Da constelação de Virgo
Lá está por se querer
Na Bandeira Brasileira
Representar-se a mulher.
Símbolo das Deusas de outrora,
Na essência é Nossa Senhora,
A virgem de Nazaré.

2º Refrão

Era a beleza da terra


Era a visão do espaço
Era a licença poética
A régua! O ritmo! O compasso!

À esquerda de quem olha,


E a direita da bandeira
Três estrelas se apresentam
- Amazonas é a primeira –
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 33

Estrela do Amazonas
Do grupo Pequeno Cão
É das mais belas de todas
Que brilham na amplidão!

Estrela de grande porte


Estrela de mais fulgor
É uma estrela do Norte
E o seu nome – PROCION.

A segunda é o Mato Grosso


E, SÍRIO – o nome da estrela –
Das estrelas do infinito
É a maior e a mais bela
Diziam no antigo Egito:
Feliz quem olha pra ela.

Estrela do meio-dia
Pra onde caminha o sol
Estrela do CÃO MAIOR
Do firmamento a mais bela
É fácil reconhecê-la
Tamanho o seu esplendor.

CANOPO é outro gigante


Dos espaços siderais!
É a terceira das três
E representa o Goiás
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Na constelação de Argo
Brilha o celeste farol
Nos espaços siderais
Estrela que brilha mais
Milhões de vezes que o sol.

3º Refrão

Era a visão do poeta


E era um céu cor de anil!
Era a Ciência dos Astros
Decreto nº 4
Da República do Brasil.

Veio o Sagrado Cruzeiro


Com as estrelas brilhantes
Servir de santo luzeiro
Conduzindo os navegantes.

Veio o Sagrado Cruzeiro


Como um letreiro de luz
Revelar ao estrangeiro
A Terra de Santa Cruz

Na manhã do “Dia 15”


Veio de modo gentil
Pousar com Soberania
Por estes céus do Brasil.

Nas noites qual brasileiro?


Quem já não as viu, na certa,
As estrelas do Cruzeiro
ALFA, BETA, GAMA E DELTA?
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 35

Estrela de Magalhães,
Encanto do hemisfério!
Estrela dos mareantes
Estrela Sul do Cruzeiro.
ALFA – estrela brilhante –
Símbolo das noites austrais
“Libertas quae sera tamem”
É o nosso Minas Gerais.

Estrela que vês brilhar


Nas noites sem nevoeiro
BETA no alto da Cruz.
Norte no santo luzeiro...

Brilha na nossa Bandeira


Qual uma luz que se expande
Símbolo da nossa fronteira
Gaúcha do Rio Grande.

GAMA e DELTA se apresentam


Como os braços de Jesus
À direita e à esquerda
De quem olha para a cruz.

À direita e à esquerda
De quem olha pra o Cruzeiro
GAMA divisa São Paulo
DELTA – o Rio de Janeiro.
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2º refrão

Era a beleza da terra


Era a visão do espaço
Era a licença poética
A régua, o ritmo, o compasso!!

No meio das quatro grandes


Há uma outra, pequenina,
Dizem que ali colocada
Pela própria Mão Divina.

Ia ser um grande astro,


Mas houve engano ao fazê-la
E a fizeram tão pequena
Que mal se podia vê-la.
E por se achar tão mesquinha
Pôs-se a chorar a estrela.

- Não chores se pequenina,


Deus à estrela falou,
E no meio do Cruzeiro
Docemente a colocou.

E lá está, entre as grandes,


Mas de todos percebida.
Quem vê a “cruz” há de vê-la...
E o Sergipe é essa estrela
Que chamam de Intrometida2.

2 A Épsilon – ou Épsilo – do Cruzeiro.


Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 37

4º Refrão

Era a licença poética


Era a ciência dos Astros
Decreto nº 4
Da República do Brasil!!

E no triângulo Austral
Que feliz se configura
Um Estado Federal
Em cada ângulo fulgura.

ALFA – a do ângulo sul,


Estrela onde a Paz se abriga,
É o símbolo do Paraná
E BETA – o do Paraíba.

Estrela do Paraná
No ângulo sul resplandece.
No ângulo sul do Triângulo
Ela vem quando anoitece.
Estrela que abriga a Paz
Traz a Paz onde aparece.

Estrela do Paraná
Esta que a Paz oferece...
Meu Paraná, que formoso!
Quem vai lá nunca lhe esquece.

Paraíba entre as estrelas


És perene luminar!
No ângulo esquerdo te inscreves
Onde a Senhora das Neves
Vem teu destino guardar.
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Paraíba de heroísmos!
O Cabo Branco! o Farol!
Levando à nossa Bandeira
Das manhãs a luz primeira,
Primeiro raio do sol.

E à direita do Triângulo,
Por um sentido mais forte,
Estrela GAMA – mistério!
Zona Sul do hemisfério
É o Rio Grande do norte
Rio Grande! Ó Rio Grande!
Mistério ou sempre Natal
Num fulgor original
Festa de Reis e Folclore.

E estão no Triângulo Austral


As três formosas estrelas
Como um triângulo divino
No céu azul hão de vê-las
E assim também os Estados
Representados por elas.

Assim estão na Bandeira


E assim deverão ficar
O Rio Grande do Norte
Paraíba e Paraná.

5º Refrão

Era a licença poética


Era a Ciência dos Astros
Era a beleza do céu
A régua, o ritmo, o compasso.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 39

E à esquerda do Cruzeiro
Na forma de um três inverso
Do signo de Escorpião,
Entre os signos do Universo.

Oito estrelas refulgentes


Oito Estados diferentes
Estão a representar
Com nomes de letras gregas
E, pela ordem são elas,
De cima vou começar.

JOTA se fez a primeira


Não foi por motivo à – toa
Ali está por está
Brilha porque faz brilhar
O Estado das Alagoas
E assim está na Bandeira
Valorosa entre as demais
Graciosa e altaneira
A Terra dos Marechais.

ANTARES! ANTARES bela!


- A ALFA do Escorpião -
Segunda da ordem, então,
Maior fulgor irradia
E mesmo havendo luar
Brilha porque faz brilhar
Nosso Estado da Bahia.
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BETA – estrela serena,


Celeste figuração!
A terceira – e ali está!
Brilha porque faz brilhar
O Estado do Maranhão
Maranhão com seus reisados
E onde a poesia é canção.

A quarta, ó formosa estrela!


No céu a se distinguir.
No céu formoso da Pátria
Nos pedindo a prosseguir.
O ELE grego é seu nome
No sentido a traduzir
As lendas e os segredos
Do Estado do Piauí.

TETA – é a quinta estrela


Brilha porque faz brilhar...
É de segunda grandeza
E ali está por está
Representando a beleza
Do Estado do Ceará
O Ceará que é poema
Onde a formosa Iracema
Vem seu romance contar.

“Pernambuco um dia eu vi-te”3


A tremular na Bandeira
EPSILOM – tua estrela -
É a sexta a figurar.
Ali está por está
No signo de um povo forte
Brilha porque faz brilhar
O bravo Leão do Norte.

3 Castro Alves – “Pedro Ivo”.


Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 41

À noite se todo o céu


Das estrelas se ilumina
KAPA verás – uma delas
Lá onde Scorpio se inclina...

Lá! vês formosa, entre os astros,


Essa estrela peregrina.
Que brilha porque faz brilhar,
Um Estado a representar,
O de Santa Catarina.

E ali está por está


Mais bela do que se pense
Configurando as riquezas
Da terra catarinense
Onde a louvar se destaque
O gosto da erva-mate!

E a seguir a oitava estrela


Na esfera azul hão de vê-la
Fechando a figuração,
Formosa estrela de Escórpio
No céu da nossa Bandeira
Tendo da Pátria a visão
E ali está por está
Irradiante de encanto
E brilha porque faz brilhar
O Estado do Espírito Santo.
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Formosa estrela polar


MI é seu nome correto
Letra “eme” do alfabeto
De um povo que foi renome.
No entanto a formosa estrela
Sendo do pólo tão perto
Representa no concerto
Nosso Estado figurado.

Estado do Espírito Santo!


De tanto caminho andado
Os passos de Anchieta
Fez teu solo consagrado.
Ó terra dos capixabas
Cujo saber se irradia
Na legenda da bandeira
De quem TRABALHA E CONFIA.

6º Refrão

Era a licença poética


Era um céu cor de anil
Era a beleza dos astros
Decreto nº 4
Da República do Brasil.!!

Qual uma estrela Polar


Que nos viesse do alto
Centralizar o Brasil
Simbolizar o Planalto
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 43

Bem abaixo do Cruzeiro


Símbolo do Poder Central
Está a SIGMA do Oitante
O Distrito Federal.

1º Refrão

Presidente Deodoro
Da República do Brasil
19 de Novembro
Do nosso ano civil...

Mas, depois de alguns anos,


Acresceu-se a União
O Acre tornou-se Estado
De acertada decisão.

Então uma nova estrela,


Lá na Bandeira hão de vê-la
Na esfera tomou destaque,
Da constelação da Hidra
La dos espaços trazida
GAMA – a estrela do Acre.

O Acre com sua História


De vitória e de conquista
Que lhe faça a narrativa
O poeta e o artista.

E se me engana a memória
O amigo faça a emenda
O Acre tomou lugar
Quase oposto ao do Pará
Pouco abaixo da legenda.
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E por ser grande o colosso...


Por outra razão, talvez!?
O Estado do Mato Grosso
Em dois Estados se fez.

Vem ALFA – uma outra estrela


Lá dos espaços trazida
Da constelação de Hidra
Pra o campo da esfera azul
Representar na Bandeira
O Mato Grosso do Sul.

Fica à destra do Cruzeiro


Se informar ainda posso
Em ângulo com o Amazonas
E com o outro Mato Grosso.

7º Refrão

Bandeira da minha terra


A quem desejo louvar!
Ali vieram as estrelas
Serenamente pousar.

Estrelas, almas dos deuses,


Que os antigos cultuaram
Estrelas que os astronautas
Não trazem nem decifraram!

Vieram em nossa Bandeira


Serenamente pousar
No campo azul da esfera
O Brasil representar.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 45

Vieram, ó Pátria, decerto


Para ouvirem mais de perto
O uirapuru pelas matas...

Quem sabe, ó Pátria, quem sabe


Se vieram ou se ficaram
Foi de ouvir as serenatas
Que os teus poetas cantaram!?
...

De outros Estados, porém,


Criados recentemente
Vou deixar para que alguém
O Trabalho complemente.
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NOTAS:

 Jogral inicialmente representado nas escolas, em sa-


la de aula e sessões cívicas.

 Apresentado e representado posteriormente na


Academia Paraibana de Poesia, Instituto Paraibano
de Genealogia e Heráldica e outras entidades cultu-
rais. Circulava, na época, pela Câmara Federal, uma
ideia de alteração na posição e designações das es-
trelas em nossa Bandeira. Pretensão fortemente
combatida pela bancada do Estado do Pará. E que
entre nós nos motivou a reapresentação ou publica-
ção desse trabalho, já então engavetado.

João Pessoa, 1993 / 2002

Zilma Ferreira Pinto


Sócia Efetiva do IPGH
zilmaferreira37@uol.com.br

REFERÊNCIAS

COIMBRA, Raimundo Olavo. A Bandeira do Brasil Raízes


Histórico-Culturais. 2ª ed. Rio de Janeiro, Presidência da
República, 1979.

Outros.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 47

DOM ADAUCTO AURÉLIO DE MIRANDA HENRIQUES


FUNDADOR DO COLÉGIO PIO X

Elmano Cunha Ribeiro1

D
om Adaucto nasceu em 30 de agosto de 1855 no município
de Alagoa Grande, pertencente na época a Areia e faleceu
em 15 de agosto de 1935 em João Pessoa aos 80 anos, filho
de Coronel Idelfonsiano Clímaco de Miranda Henriques e
Sra. Laurinda Esmeraldina de Sá Miranda Henriques, se-
nhores dos Engenhos Buraco e Fundão em Areia-PB.
Fez seus estudos religiosos no Seminário de Olinda e aos
20 anos foi para Roma para Universidade Gregoriana. Em 18 de
fevereiro de 1880 foi ordenado sacerdote e dois anos depois rece-
beu o título de Cânone.
Dom Adaucto Aurélio de Miranda Henriques fora eleito
Bispo da Diocese da Paraíba, criada pela bula Ad Universas Orbis
Ecclesias em 27 de abril 1892, desmembrada da então Diocese de
Olinda, pelo Santíssimo Papa Leão XIII, tendo sido empossado no
cargo em 02 de Janeiro de 1894. Criada a Diocese da Paraíba, Dom
Adaucto tomou posse como primeiro Bispo, em 04 de março de
1894, fundando o Colégio Pio X, que inicialmente funcionou provi-
soriamente no Palacete de Abiahy, que era residência episcopal. Já
em 26 de abril de 1894 transportou-se o colégio para o antigo con-
vento de São Francisco, estando com dez alunos matriculados e
tendo como seu primeiro Diretor o Pe. Sabino Coelho, nomeado
por provisão pelo Bispo Dom Adauto para organizar na instrução
primária e secundária em 26 de abril de 1894 até o ano de 1897.

1 Sócio correspondente do IPGH.


48 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Para exercer o cargo de segundo diretor do educandário, foi esco-


lhido o Cônego Joaquim Antônio de Almeida.

Em 10 de março de 1906, por Ato do Ex.mo. e Revmo. Bispo


D. Adaucto, o colégio é retirado do Convento e transferido para
prédio próprio, onde funcionava o Paço episcopal, situado na Pra-
ça de São Francisco. O prédio sofreu uma remodelação e amplia-
ção para um melhor conforto e progresso da Instituição, permane-
cendo durante 16 anos.
Em 28 de agosto de 1926 o então vice-diretor do Colégio
Pio X, o Reverendo Cônego Pedro Cardoso, a mando de Dom
Adaucto foi a Apipucos para encontro com os Irmãos Maristas: Ir.
Alípio (provincial) e Ir. Conon, tendo em 08 de Setembro de 1926
assumido a direção do Colégio, dia de festa da Natividade da San-
tíssima Virgem padroeira do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora.
Fora elaborado um contrato e estabelecidas cláusulas e no dia 30
de setembro de 1926 foi assinado no convento de Santo Antônio no
Recife – PE, fato este publicado no Jornal A IMPRENSA – Jornal
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 49

bi-semanário Católico da Parayba – quarta feira, 19 de janeiro de


1927, cuja transcrição faço abaixo:

Collegio“Pio X”
O Exmo. Sr. Arcebispo Metropolitano, tendo em
vista o maior bem da instrucção dos nossos jovens, resol-
veu passar a direção e administração do Collegio Dioce-
sano Pio X para a Congregação dos Irmãos Maristas, que
desde os fins de dezembro p. passado, já se acham de pos-
se do prédio. Este ato de S. Excia. Revma. É da maior
utilidade, dadas as conhecidas habilidades para educar,
de que são possuidores os Irmãos Maristas.
São estes, homens religiosos, reunidos em Congre-
gação, que se dedicam exclusivamente ao ministério da
instrução da juventude. Seus collegios estão espalhados
pelo mundo inteiro em quase todas as grandes cidades do
obre, contando todos avultado número de alunos.

No ano letivo de 1927 foi eleito o primeiro Diretor Ir. Ma-


rius Eloi, trazendo 11 Irmãos e permanecendo três professores an-
tigos completando assim o corpo docente do Colégio. Em fins de
1934 encerrava-se o contrato com os Irmãos Marista, deixando
matriculados em todos os cursos em 332 alunos, passando o Pio X
para o Clero Diocesano, sob a alegação de fomentar as vocações
sacerdotais para o Reverendo Clero Diocesano. Assumiu a direção
o Padre Francisco Lima, ex-diretor do Colégio Pio XI em Campina
Grande. Em 02 de Janeiro de 1935, conseguiu depois de um longo
esforço a inspeção permanente por Decreto 3.182 de 18 de Outubro
de 1938, publicado do Diário Oficial em 11 de novembro de 1938.
O Sr. Arcebispo resolveu chamar os Padres Assuncionistas, con-
gregação de padres Holandeses, para dirigir o Colégio Pio X, ten-
do sido assinado um contrato de aluguel do prédio através de seu
superior o Pe. Envard Berg para um período de janeiro a dezem-
bro de 1941. Em 30 de outubro de 1942 o Sr. Arcebispo Metropoli-
tano da Paraíba comunicou aos Padres do Distrito Federal que
50 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

definitivamente havia resolvido não continuar a manter depois de


31 de janeiro de 1943 o contrato de arrendamento do Ginásio Dio-
cesano Pio X e que a esses fossem entregues o prédio, os direitos e
deveres.
Em face de crescente falta de sacerdotes e professores,
Dom Moisés Coelho, então Arcebispo da Paraíba, conjuntamente
com Dr. Rui Carneiro, interventor Federal, reuniram-se com a Di-
reção Provincial dos Maristas para aceitar a reassumir a Direção
do Colégio Pio X, que foi prontamente aceito, vindo a assumir em
28 de janeiro de 1943, através de seu Diretor Ir. Antônio Reginaldo,
e Vice o Ir. Feliciano Fayole, tendo formulado contrato da venda
dos direitos ao Ginásio Pio X.
A sociedade e as autoridades clamaram para que os Ma-
ristas adquirissem um terreno para a construção de um colégio
porque as dependências do colégio na Praça do Largo de São
Francisco não tinham capacidade para abarcar tantos alunos para
o ensino da religião e a preparação para a vida cívica. Foram apre-
sentados um terreno próximo ao mercado central e outro no início
da Avenida Epitácio Pessoa, de propriedade do Sr. Eugênio Neiva,
mas nenhum pode satisfazer as exigências dos Irmãos Maristas.
Dr. Walfredo Guedes Pereira, que já tinha doado seu terreno para
ser a Praça da Independência apresentou um terreno seu em frente
à Praça com as seguintes dimensões: Terreno quadrangular com
frente de 129m para a Praça da Independência, 145m para a Av.
Pedro I, e com limites com o Sr. Antônio Guerra e o Sr. José Ono-
fre, e foi prontamente aceita a proposta.
Aos 15 dias do mês de Maio de 1945, a Congregação dos
Irmãos Maristas, com sede em Apipucos em Recife, representada
pelo Ir. Superior Marius Adrien Didier, adquiriu do Sr. Walfredo
Guedes Pereira e sua esposa Maria Emília de Figueiredo Guedes
Pereira o terreno ao preço de CR$ 300.000,00 (trezentos mil cruzei-
ros) com escritura passada no Cartório Pedro Ulisses na comarca
de João Pessoa.
No segundo semestre de 1947, foi inaugurado a Praça de
Esporte tendo o Ir. Ricardo dado o pontapé inicial com as bênçãos
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 51

do Padre Geraldo. Em 19 de março de 1949 foi empossado na Di-


reção do Colégio Pio X o Ir. Carlos Martinez.
Designado o Ir. Estevão Alberto em 29/01/1952 como novo
Diretor do Colégio em substituição ao Ir. Carlos Martinez, este
transferido para a Faculdade de Filosofia do Ceará.
Em 15 de março de 1952, começaram as medições do terre-
no para a construção, chegando a João Pessoa o mestre de obras da
Cia. Borrione de Recife, que em 07/06/1952 foi dada a benção da
pedra fundamental da Capela pelo Padre Fernando Abath ex-
aluno, tendo em tempo recorde terminado parte para ser dado
início das aulas em 19 de março de 1953, dia de São José, onde
principiou o ano letivo nº 01 no novo Colégio Pio X na Praça da
Independência.
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MINHAS RAÍZES SERIDOENSES


APANHADOS GENEALÓGICOS

Edinaldo Cordeiro Pinto Júnior1

Dedicamos este trabalho

À memória dos nossos Heptavós


Thomaz de Araújo Pereira e Cypriano Lopes Galvão
(os primeiros desses nomes),
homens de fibra, força e personalidade,
pela bravura e destemor que demonstraram ao se
embrenharem pelo Sertão indômito e desconhecido,
deixando pelo Seridó paraibano
e norte-riograndense um rastro
de civilização sem precedentes.

À Bisa Thereza Christina,


nosso elo com o Seridó norte-riograndense,
de quem herdamos o sobrenome Araújo, entre outros,
e que trouxe para Moreno (atual Solânea) um pouco
da cultura e da história dos nossos ancestrais
povoadores da região do Seridó.

1Licenciado em História pela UEPB, Bacharel em Administração pela


UFPB, Especialista em Educação pela UEPB. Historiador e Pesquisador, é
Sócio Efetivo do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica – IPGH.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 53

Apresentação

“Abraão foi o pai de Isaac;


Isaac foi o pai de Jacó;
Jacó foi o pai de
Judá e de seus irmãos”
(Mt 1, 2)

á muito tencionávamos esboçar alguns escritos sobre a

H
nossa ascendência seridoense. Pelo lado paterno, por vias
de nosso avô Napoleão de Araújo Pinto, descendemos
dos velhos patriarcas do Seridó, como também de outras
famílias precursoras e de igual importância naquela regi-
ão.
Em nosso convívio familiar, pouco ou quase nunca tive-
mos contato com parentes diretos do Seridó, de modo que as in-
formaçóes sobre os familiares de nossa bisavó Thereza Christina
sempre foram muito superficiais e incompletas.
Nossas poucas idas à cidade de Acari eram esporádicas e
se resumiam a passagens rápidas, em direção a outros destinos
próximos dali. Lembramos de que certa vez, em uma das primei-
ras vezes que por ali passamos, em companhia de meu pai e ami-
gos, paramos em frente à Igreja Matriz e ficamos contemplando o
cenário à nossa volta. Naquele momento, da boca de meu pai ou-
víramos o comentário de que Acari era a terra de sua avó Therezi-
nha. Para nós aquele comentário fora indiferente, pois jamais haví-
amos cultivado qualquer vínculo com pessoas dali.
Passados muitos anos, o falecimento de nossa prima Sale-
te Pinto, em agosto de 2011, trouxe para Solânea alguns parentes
seus que vieram de Acari para o velório. Naquela fase, muito ti-
midamente, já nos fazíamos curiosos por descobrir nossas origens.
A nosso pedido fomos apresentados aos parentes do Seridó, e de
forma especial a Socorro Galvão, um ser humano iluminado e pes-
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soa de grande sensibilidade, que se mostrou muito simpática e


amável conosco. Numa conversa rápida, começamos a perguntar-
lhe sobre os nossos antepassados e, ela, num gesto de grande gen-
tileza, convidou-nos para conhecer Acari, visto que nas semanas
seguintes ocorreria a tradicional Festa da Padroeira daquela cida-
de. Ali chegando, fomos apresentados a inúmeros parentes e rece-
bi uma acolhida que jamais imaginamos. A cultura e a tradição
pela genealogia naquele espaço, especificamente, é muito forte.
Vivenciar tudo ali foi para nós extremamente gratificante e enri-
quecedor.
A propósito, não poderemos nos furtar de nos dirigirmos
de forma particular aos primos Socorro Galvão e seu esposo Sala-
tiel Costa, aos quais fazemos aqui uma homenagem sincera e reite-
ramos o nosso eterno agradecimento por nos terem descortinado
um passado novo e rico, que desconhecíamos quase que por com-
pleto. Através deles, especialmente, começamos a colecionar e a
catalogar os dados que estão organizados neste ensaio genealógi-
co.
Nos últimos 7 anos, temos percorrido os mais variados
caminhos e coletado múltiplos dados para escrever a história de
nosso povo. Nessa caminhada de pesquisas, conhecemos pessoas
importantes, às quais devemos especial deferência, a exemplo de
Manoel Pinheiro Neto, primo colateral e um valoroso amigo virtu-
al que fizemos nessa trajetória. Seu banco de dados sobre os nossos
ramos familiares foi de extrema importância para o preenchimento
de muitas lacunas deste trabalho. Por último, agrademos a Fer-
nando Bezerra Galvão, meticuloso pesquisador e colecionador de
múltiplos dados sobre as famílias do Seridó, que também nos pres-
tou valioso auxílio.
Para o ponto de partida deste ensaio, definimos a escolha
do casal Thomaz de Araújo Pereira (o 1º) e Maria da Conceição de
Mendonça, NOSSOS HEPTAVÓS, como personagens centrais ou
casal tronco. Para facilitar a compreensão do leitor, faremos, a par-
tir deste casal, o encadeamento de nossas gerações ancestrais,
através da apresentação de oito árvores que mostrarão as gerações
subsequentes, de modo a abranger até a geração atual, neste ano
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 55

de 2018. A título de curiosidade, as informações aqui compiladas


abrangem um intervalo de mais de 350 anos de história de nosso
povo.
Para tanto, na exposição de cada árvore apresentada, des-
tacaremos em LETRAS MAIÚSCULAS os nomes de um casal an-
cestral, que representa nosso ascendente (avô/avó) em linha reta e,
em seguida, a árvore referente à descendência do citado casal.
A finalidade deste trabalho é trazer à lume, principalmen-
te para a parentela das imediações de Solânea e Bananeiras, notí-
cias ancestrais dos povoadores da região do Seridó, pessoas pró-
ximas de nossa bisavó Thereza Christina, desconhecidos para a
grande maioria de nossos familiares. São fragmentos de memórias
que interessam à nossa família e subsídios que servirão para que,
no futuro, as gerações vindouras sintam o mesmo orgulho ances-
tral que sentimos agora, revolvendo toda essa poeira de um pas-
sado que já vai distante.
Para projetar todo o roteiro deste ensaio genealógico, re-
corremos a ferramentas diversas. Buscamos o embasamento teóri-
co na bibliografia seridoense dos grandes autores que se debruça-
ram no estudo genealógico dos primórdios daquela região, a
exemplo de Olavo de Medeiros, José Bezerra de Medeiros e Sinval
Costa. Além disso, as fontes primárias e as fotografias foram ele-
mentos de grande valia para materializar a evolução de nosso po-
vo. Para as gerações mais recentes, nos valemos dos relatos da tra-
dição oral familiar.
Finalmente, para a formatação deste trabalho, adotamos
uma sistemática de exposição que contempla a referência nominal
de cada membro familiar, seguida, sempre que possível, de datas,
dados biográficos e familiares, além de curiosidades pertinentes.
Tomando por base o casal Thomaz e Maria da Conceição, utilizare-
mos para demonstrar a evolução das gerações, as seguintes abre-
viaturas:

F- filho
N- neto ou 1º neto
B – bisneto ou 2º neto
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T – trineto ou 3º neto
Q – tetraneto ou 4º neto
P – pentaneto ou 5º neto
H – hexaneto ou 6º neto
Hp - heptaneto ou 7º neto
O - octaneto ou 8º neto
E - eneaneto ou 9º neto

Solânea (PB), Novembro de 2018.

Edinaldo Cordeiro Pinto Júnior


Sócio Efetivo do IPGH
junioradm2003@hotmail.com
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 57

As Origens

O sobrenome Araújo, bastante


comum em Espanha e Portugal, é de ori-
gem geográfica. É nome de lugares no
Entre o Douro e Minho e na Galiza, regi-
ões fronteiriças entre os dois países. Esta
família é originária inicialmente do antigo
Reino da Galiza, noroeste da Península
Ibérica, e o primeiro deste apelido parece
ter sido Rodrigo Anes de Araújo, que teve
o senhorio do castelo de Araúja2, locali-
dade próxima ao rio Minho, na Galiza,
donde tomou o sobrenome. Pretendem
alguns genealogistas que vivera ele com
seu pai nas gralheiras de Araújo, cujas
terras herdara de sua mãe, e que fora o
fundador do castelo3. E o seu bisneto Pe-
dro Anes de Araújo se passou para o Rei-
no de Portugal, por volta de 1375, tendo
sido o primeiro Araújo de Portugal. O vocábulo “Araújo” é oriun-
do do complexo linguístico galego-português, formado pelo antigo
falar do português do Norte e pelo galego.

2 O topônimo Araújo, que tem gênero masculino, inicialmente era usado


como Araúja, que provém do nome de uma espécie de árvore (Araujia
sericifera), da família das Asclepiades, encontrada naquela região do
Minho, usada como planta ornamental e que produz flores cor de rosa.
3 ZUQUETE, Afonso Eduardo Martins. Armorial Lusitano – Genealogia

e Heráldica. Lisboa: Editorial Enciclopédia Ltda., 1961.


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As Armas

Um escudo em campo de prata com aspa azul, carregada


de cinco besantes de ouro, postos em aspa ou santor. A prata está
associada com a inocência, a pureza, a integridade e a firmeza. Ao
ouro associa-se o Sol e o signo de leão. Enquanto a prata vê-se no
sentido da Lua e o signo de câncer.

O Timbre

Meio mouro vestido de azul, sem braços, com um capelo


de cacis na cabeça, fotado de ouro ou a aspa do escudo. Simboliza
os mouros aprisionados nas Cruzadas. O azul representa o céu,
aspiração à felicidade eterna. Associando-se ainda ao simbolismo
de algumas pedras preciosas, como a safira. Nas virtudes humanas
ressaltam-se a nobreza e a lealdade e por fim o cavalheirismo.

O Bispo de Malaca, D. João Ribeiro Gaio, dedicou aos


Araújos esta quintilha:

“Atravez de Bitorinho
Tem sepulcros já gastados
Araújos afamados
Na terra que rega o Minho,
Antigos, abalisados”.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 59

Introdução

O povoamento do sertão nordestino, intimamente relaci-


onado à atuação do elemento português colonizador, também está
diretamente ligado à formação e expansão dos ciclos do gado e do
algodão, elementos determinantes para o desenvolvimento dessa
região. A procura pelo açúcar brasileiro no mercado mundial, du-
rante os séculos XVI e XVII, foi fator decisivo para que a Coroa
portuguesa promovesse a expansão da cultura canavieira na Zona
da Mata e em parte do agreste nordestino. Isso acabou gerando
inúmeros conflitos entre plantadores de cana e criadores nas zonas
predominantemente canavieiras, forçando a administração coloni-
al a estabelecer uma demarcação para essas duas atividades bási-
cas: a Zona da Mata para o plantio de cana-de-açúcar e o Sertão
para a exploração da pecuária. Assim sendo, Carta Régia de 1701
proibia a criação de gado a menos de 10 léguas da costa.
Desse modo, inicia-se a marcha de muitos elementos por-
tugueses rumo ao interior do Nordeste, levando o homem branco
a tomar posse das terras dos índios e nelas iniciar a construção dos
currais de gado. Essa expansão do ciclo do gado também é respon-
sável por impulsionar o povoamento de uma vasta região e, den-
tro dela, a região conhecida como Seridó.
O Seridó ou Ciridó, região de características singulares,
de transição entre o campo e a caatinga dos Estados da Paraíba e
Rio Grande do Norte, destaca-se por apresentar uma forte riqueza
cultural, historicamente construída pela união de três raças. É ori-
unda da antiga região da “Ribeira do Seridó”. De acordo com a atual
subdivisão territorial do IBGE, o Seridó abrange um total de 40
municípios, sendo 25 potiguares e 15 paraibanos, embora haja ou-
tros municípios que costumam se identificar como seridoenses.
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O topônimo Seridó,
de acordo com o folclorista e
historiador Luís da Câmara
Cascudo, vem do linguajar
dos tapuias4, transcrito como
“ceri-toh”, que quer dizer
“pouca folhagem e pouca
sombra”, em alusão às carac-
terísticas da flora da região.
Todavia, há outra versão que
sustenta ter sido o topônimo
originário do fato de que
alguns dos antigos coloniza-
dores da região seriam cris-
tãos-novos, descendentes de judeus.
Assim, os termos “sarid” e “serid” seri- Mapa da região do Seridó
am oriundos do hebraico, que signifi- Fonte: IBGE
caria “sobrevivente” ou “o que esca-
pou”. Ou ainda “she’erit”, no sentido de “refúgio Dele” ou “refúgio
de Deus”.
Olavo de Medeiros Filho (1983)5 nos informa que desde a
década de 1670 já se registrara a presença do elemento desbrava-
dor em território seridoense, através da concessão da sesmaria do
Acauã, no atual município de Acari. Entretanto, o levante dos in-
dígenas contra os portugueses, chamado pelos historiadores
“Guerra dos Bárbaros” acabaria por retardar a efetivação do povoa-
mento, que só viria a ocorrer mais intensamente a partir de 1697,
com a derrota dos silvícolas.

4 No Brasil, ao longo dos séculos, o termo “Tapuia” foi utilizado para


designar os índios que não falavam a língua tupi e que habitavam as
regiões mais interiores para além do litoral, sendo também chamados de
bárbaros. Esses grupos falavam, principalmente, línguas do tronco
macro-jê (os Kariris e os Tarariús).
5 MEDEIROS, Olavo de. Velhos Inventários do Seridó. Brasília: Gráfica

do Senado, 1983, p. 9.
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Gradativamente, ocorreu o povoamento do Seridó, obedecendo


a duas correntes ou fluxos: do leste para o oeste, através do Bo-
queirão de Parelhas; e do sul para o norte, partindo da Borbo-
rema. Surgiram as doações de terras. O colonizador, muitas
vezes, ex-combatente nas lutas contra o tapuia (1687-1697, em
sua fase mais aguda), chegava a um local ermo, onde descobria
um poço d’água permanente, um olho d’água, uma lagoa.

Em sua excelente obra sobre a história da Paróquia de


Acari, Bianor Medeiros (1985)6 afirma que muitos foram os des-
bravadores do Seridó e vários os seus povoadores. Naquele sertão
inóspito e deserto, vários fincaram os pés, constituíram família,
cultivaram as terras e cuidaram de seus rebanhos, com luta e sacri-
fício, enfrentando as mais duras adversidades da região. Esses
homens eram, como o foram os descobridores, verdadeiros nôma-
des buscando aqui ou ali o refúgio onde pudessem instalar-se e
viver.
Um desses desbravadores foi o português THOMAZ DE
ARAÚJO PEREIRA, natural de Viana do Castelo, na Província do
Minho, Arcebispado de Braga, em Portugal. Segundo a tradição,
teria nascido este Thomaz aproximadamente em 1700. Essa certe-
za, como demonstra Olavo de Medeiros, se arvora no inventário
de Domingos Alves dos Santos, processado no ano de 1755, cujos
autos encontram-se arquivados no 1º Cartório Judiciário da Co-
marca do Caicó, no qual se faz referência à pessoa do velho Tho-
maz de Araújo, cujo texto vai com nossos grifos:

O Sargento-mor Thomaz de Arahujo Pereyra homem viuvo


e morador na fazenda de Sam Pedro desta Ribeyra do Ciridó
que vindo de suas fazendas de Gado de Idade que disse ser de
cincoenta e sinco annos pouco mais ou menos [...]". No depoi-

6MEDEIROS, Bianor. Paróquia de Acari: 150 anos. Natal: Fundação José


Augusto, 1985, p.17.
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mento que prestou, o Sargento-mor Tomaz de Araújo assinou


com "huma cruz por não saber ler nem escrever7.

Era Thomaz filho de GREGÓRIO DE ARAÚJO PEREI-


RA (*1675-?) e de ANA DE ARAÚJO PEREIRA. Há notícias de
sua chegada no sertão do Seridó no decurso da terceira década do
século XVIII, embora alguns assegurem sua presença desde a dé-
cada de 1720. Informações nos dão conta de sua morte antes de
1781, no Acari.
A exemplo dos primeiros povoadores da região do Seri-
dó, Thomaz de Araújo requereu sesmarias aos governos das Capi-
tanias da Paraíba e Rio Grande do Norte. O autor Lyra Tavares
cataloga algumas sesmarias concedidas pelo Governo da Paraíba a
Thomaz de Araújo. Transcreveremos abaixo a primeira delas, a de
Nº 238, em data de 25 de maio de 1734, concedida pela Capitania
da Paraíba:

THOMAZ DE ARAUJO PEREIRA, nao tendo commodo


para crear seus gados, descobria á custa de seu trabalho um
riacho chamado Juazeiro que nasce por detraz da serra da
Rajada, que desagôa para o rio da Cauhã e faz barra na pon-
ta da varzea do Pico, em cujo riacho e suas bandas tem ter-
ras devolutas e nunca cultivadas; terrenos em que pede tres
legoas de comprimento e uma de largura, pegando das tes-
tadas do sargento-mor Simão de Goes pelo rio acima, fican-
do o dito rio em meio da dita largura8.

Fez-se a concessão na forma requerida, no governo de


Francisco Pedro de Mendonça Gurjão.
É fato que Thomaz não foi o primeiro desbravador do lo-
cal. Todavia, é considerado um dos primeiros a construir uma fa-

7 MEDEIROS, Olavo de. Velhas Famílias do Seridó. Brasília: Gráfica do


Senado, 1981. p. 111.
8 TAVARES, João de Lyra. Apontamentos para a História Territorial da

Parahyba, vol. I. Paraíba: Imprensa Oficial, 1910, p. 143.


Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 63

mília a partir do Seridó. A respeito do ramo dos Araújo, José Au-


gusto, em seu memorável trabalho “Famílias Seridoenses”, assevera
que:

Entre as famílias que povoaram o Seridó, e ai se fixaram, a


família Araújo, se não é a mais antiga, é das mais antigas, e
certamente a que mais proliferou, sendo hoje a mais nume-
rosa dentre quantas se encontram radicadas naquele trecho
do território norte-rio-grandense. Não é exagero afirmar
que raro será o seridoense que não tenha sangue de Araújo"
(MEDEIROS, 1940, p. 17).

Thomaz veio de Portugal para o Brasil em 1730 e casou-se


na Freguesia da Parahyba no ano de 1733 com MARIA DA CON-
CEIÇÃO DE MENDONÇA (*1716-†1779), natural de Mamangua-
pe9, Freguesia da Paraíba, filha do português de Lisboa, o Cap.
COSME SOARES DE BRITO (ou Cosme Viegas de Mendonça,
em Portugal) (*22/05/1692–†30/06/1764), e da baiana
MADALENA DE CASTRO (*11/03/1696–†16/01/1766). Sobre o
referido Cosme Soares, o Desembargador Felipe Guerra, citado
por Olavo de Medeiros, assim escreveu: "Era irmão de Elisardo
Toscano de Brito, naturais de Lisboa. Quando estudantes, mata-
ram dois almotacés10, por haverem multado sua mãe, viúva. Vie-
ram, então, para o Brasil. Casou-se na Bahia com Madalena de
Castro."
A historiografia regional registra Maria da Conceição co-
mo uma mulher forte e destemida, capaz de empunhar uma arma

9 Não há um consenso sobre o local de nascimento de Maria da


Conceição. Dos diversos autores pesquisados, há os que afirmam ser ela
baiana e ter casado na Freguesia da Paraíba. Há outros que afirmam ser a
mesma paraibana, nascida em Mamanguape.
10 Almotacé (ou almotacel) é o funcionário de confiança dos concelhos na

Idade Média (equivalente a um oficial municipal), responsável pela


fiscalização de pesos e medidas e da taxação dos preços dos alimentos;
sendo encarregado também da regulação da distribuição dos mesmos em
tempos de maior escassez.
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para sua defesa e dos seus do ataque inimigo, o que era muito co-
mum naqueles tempos difíceis.
O casal Thomaz e Maria da Conceição residiu inicialmen-
te na Fazenda São Pedro de Picos de Baixo11, na Ribeira do Seridó,
situada na confluência do riacho Juazeiro com o rio Acauã. Ali, no
atual município de Acari, se instalaram com fazenda para criação
de gado e constituíram família, composta por uma prole de 8 fi-
lhos, que foram a base do povoamento e disseminação de toda a
raça seridoense.
Olavo de Medeiros também nos relata que a tradição fa-
miliar registra Thomaz de Araújo como sendo um homem de ele-
vada estatura, corpulento e de muita força física, características
que teriam se transmitido a muitos dos seus descendentes. Na his-
toriografia seridoense, ele é considerado o “Adão do Seridó”, tendo-
se em vista ter formado o primeiro núcleo familiar que se dissemi-
nou por aquela região.
Figura das mais proeminentes de sua época, tendo em
vista sua idoneidade moral, austeridade e bons costumes, alcançou
posição de destaque na região seridoense e por isso foi nomeado
pelo Capitão-mor do Rio Grande do Norte, Sr. Joaquim Félix de
Lima, para o posto de Capitão-mor do Regimento de Cavalaria de
Ordenanças da Ribeira do Seridó. Documento de 1766 cita o fato
de Thomaz ser Capitão. Posteriormente seria nomeado por ato do
mesmo Capitão-mor ao posto de Comandante Geral da Ribeira
do Seridó, em substituição a Cipriano Lopes Galvão (falecido em
1764), por ato do mesmo Capitão-mor Joaquim Félix de Lima. Nes-
se Comando, foi substituído pelo seu genro, Caetano Dantas Cor-
rêa. Documento de 1770 atribui o posto de Coronel a Thomaz de
Araújo.

11 A referida fazenda, que era cortada pelo rio Acauã, local de residência
de Thomaz, segundo nos informa Dom Adelino Dantas, foi comprada no
ano de 1747 ao Capitão José Gomes Barreto e à sua mulher, Dona Maria
de Góes de Vasconcelos e nomeada por ele. A escritura foi lavrada no
sítio Catururé, nas vizinhanças do Jardim do Seridó, arquivada em um
dos cartórios de Pombal.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 65

Árvore dos Descendentes de


Thomaz de Araújo Pereira e
Maria da Conceição de Mendonça

F1 - Thomaz de Araújo Pereira (o 2º do nome)


Nasceu em Acari aos 14/04/1735. Casou-se em Maman-
guape no ano de 1762 com Teresa de Jesus Maria (*1742-
†14/01/1835), filha de Rodrigo de Medeiros Rocha e Apolônia
Barbosa de Araújo. Foi Sargento-mor. Encontramos notícias suas
se transferido em fins da antepenúltima década do séc. XVIII para
residir em Bruxaxá (hoje município de Areia), possivelmente no
período da sêca de 1777. Acredita-se tenha Thomaz de Araújo fale-
cido no Bruxaxá a 01/02/1802. Teresa faleceu aos 92 anos de ida-
de. Houve desse enlace 14 filhos, sendo 9 homens e 5 mulheres.
Dos filhos do segundo Thomaz, abrirei aqui um breve pa-
rêntese para fazer especial menção ao primogênito THOMAZ DE
ARAÚJO PEREIRA (o 3º do nome), pela importância de sua per-
sonalidade para a história do RN. Thomaz terceiro nasceu aos
12/11/1765 e faleceu aos 19/05/1847. Casou-se com TERESA DE
JESUS BARROSO - ou Teresa Lins de Vasconcelos -
(*15/12/1761-†30/04/1829), filha de Antonio Garcia de Sá Barro-
so (*1725-†1793) e de Ana Lins de Vasconcelos (*1742-†?), mora-
dores do Quimporó. Segundo José Augusto, ele exerceu por largo
espaço de tempo prestigiosa influência social e política na região
do seu nascimento, estendendo-se mesmo, por vezes, a todo o Rio
Grande do Norte.
Era homem de pequena cultura, mas de grande esperteza
intelectual, austeridade de costumes e grande coragem, grande
parte disso em função do prestígio e força social de seus antecesso-
res na região seridoense.
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Câmara Cascudo, citado por D. José Adelino, informa que


Thomaz (o 3º) foi promovido ao posto de Tenente das Milícias em
6 de agosto de 1799, e a Capitão da Primeira Companhia de Cava-
laria de Ordenanças da Vila do Príncipe em 27 de setembro de
1806. Em 1822 o Imperador Pedro I confiou-lhe para a tarefa maior
do governo, nomeando-o para a Junta Governativa da Província
do Rio Grande do Norte.
No Acari, o velho Thomaz morava na fazenda Serrote.
Sua fazenda principal foi a Mulungú, próximo ao atual município
de Cruzeta, onde ainda existe a casa-grande que foi sua morada.
Em 1826, já cego, há notícias dele residindo na então Vila do Acari.
De Thomaz (o 3º) e Teresa de Jesus houve 2 filhas, que
continuaram com a descendência. São meus HEXAVÓS.
F2 – Cosme Soares Pereira “Soarão”
Nasceu em Acari em data de 03/08/1736 e faleceu aos
06/09/1801. Casou-se com Maria Paes do Nascimento (*1724-
†25/02/1810), filha do português açoriano Antônio Garcia de Sá
(*?-†27/08/1754) e de Maria Dornelles Bittencourt, senhores e mo-
radores da fazenda Quimporó desde 1737, entre os atuais municí-
pios de Cruzeta, Acari e São Vicente. O casal Cosme e Maria foi
residir na jurisdição da antiga freguesia dos Patos, na Paraíba. Já
em 1788 encontramos Cosme morando na fazenda Riacho da Vár-
zea, em Acari. Deixaram descendência de 2 filhos.
F3 - Josefa de Araújo Pereira
Nasceu em Acari aos 22/08/1737 e faleceu aos
18/06/1816. Casou-se em data de 11/04/1753 com o Cel. Caetano
Dantas Corrêa (*05/08/1710-†19/07/1797), filho de José Dantas
Corrêa (*1680-?) e Isabel da Rocha Meireles (*1686-?)12. Caetano,
segundo a tradição oral, foi homem de grande robustez e força
física. Foi também um grande sesmeiro, tendo requerido várias

12A respeito do casal José Dantas e Isabel, sabe-se que aquele era portu-
guês, natural da Vila de Barcelos, do Arcebispado de Braga. Já Isabel da
Rocha Meireles, conforme reza a tradição familiar, era filha de Manoel
Vaz Varejão e de uma indígena, sendo natural da freguesia da Paraíba.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 67

datas de terra13. O casal residiu na Fazenda Picos de Cima. Através


de duas de suas fazendas, “Serra do Coité” e “Carnaúba”, tiveram
origem os municípios de Cuité e Carnaúba dos Dantas. Desse con-
sórcio, segundo informes, houve pelo menos 17 filhos, que se en-
trelaçaram com diversas famílias da região.
F4 - José de Araújo Pereira
Nasceu em Caicó em data de 19/11/1738 e faleceu aos
08/08/1796. No batistério de seu filho Thomaz ele é referido como
sendo natural da Paraíba. Casou-se antes de 1761 com Helena Bar-
bosa de Albuquerque (*13/03/1745-†21/04/1809), filha do casal
Hipólito de Sá Bezerra e Joana Barbosa de Albuquerque, morado-
res em São Gonçalo do Potengi, Freguesia de Nossa Senhora da
Apresentação do Rio Grande (Natal). Dessa união houve descen-
dência de 7 filhos.
F5 - Joanna de Araújo Pereira
Nasceu em Acari em data de 12/09/1740 e faleceu aos
10/12/1808. Casou-se por volta de 1751 com o Sargento-mor Gre-
gório José Dantas Corrêa (*18/12/1712-†20/03/1759), filho de José
Dantas Corrêa e de Isabel da Rocha Meireles, irmão de seu cunha-
do Caetano Dantas. Gregório, assim como o irmão Caetano, tam-
bém foi sesmeiro. De Gregório e Joana houve três filhos legítimos,
além de uma filha ilegítima. Deixou terras no sítio Carnaúba e na
Serra da Borborema. Enviuvando de Gregório, Joana contraiu se-
gundas núpcias com Estêvão Álvares Bezerra (*16/11/1728-
†14/12/1802), residindo o casal em São José do Mipibú - RN. De-
les houve mais uma filha.
F6 - Ana de Araújo Pereira
Nasceu em Acari (*14/12/1741-†04/11/1801). Casou-se
com Antonio Pais de Bulhões (*1718-†08/06/1788), filho dos por-

13 João de Lyra Tavares em seu “Apontamentos para a História Territo-


rial da Paraíba” relaciona as diversas petições de datas de terras feitas
por Caetano Dantas Corrêa.
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tugueses Manoel da Costa Vieira14 e Maria Pais de Bulhões. Se-


gundo a tradição familiar, Antonio tinha ascendência judaica e foi
figura de elevada projeção para a história do Seridó. O casal resi-
diu na fazenda Remédio, onde hoje se localiza a cidade de Cruze-
ta. Desse consórcio houve descendência de 11 filhos, que se entre-
laçaram com outras importantes famílias da região.
F7 - Helena de Araújo Pereira
Nasceu em Acari por volta de 1742 e faleceu no mesmo
local aos 14/04/1778. Casou-se com João Garcia de Sá Barroso
(*1729-†04/03/1795), filho de Antonio Garcia de Sá e Maria Dor-
nelles Bittencourt, senhores do Quimporó. Residiram na Fazenda
São Pedro, em Acari. Do casal houve 4 filhos, que prosseguiram
com a descendência. Após a morte de Helena, João ainda voltaria a
se casar mais duas vezes.
F8 - JOÃO DAMASCENO PEREIRA
Nasceu em Acari no ano de 1743. Casou-se na Fazenda
Mulungú de Currais Novos com MARIA DOS SANTOS DE
MEDEIROS (*1747-†18/12/1833), filha de Rodrigo de Medeiros
Rocha (*21/01/1709-†12/10/1757) e Apolônia Barbosa de Araújo
(*21/01/1714-†28/11/1802). João tinha patente de Capitão. Veio a
falecer aos 19/07/1796, conforme se lê em seu óbito:

Aos vinte dias do mês de Julho de mil sete centos Noventa e


Seis annos na Capella de Nossa Senhora da Guia do Acari filial
desta Matriz se deu Sepultura á JOAM DAMASCENO PE-
REIRA com sincoenta e três annos de idade falecido aos deza-
nove dias do dito com todos os Sacramentos cazado que foi com
Dona Maria dos Santos natural e morador nesta freguezia en-
volto em abito de Sam Francisco encomendado pello Reverendo

14Olavo de Medeiros informa que Manoel fôra senhor de engenho em


Ipojuca, ou Goiana, em Pernambuco, e que tendo sido assassinado por
um vizinho de terras, teve sua morte vingada pelo filho Antonio Pais
que, trazendo quarenta “cabras” do Ceará, dizimou o engenho do
adversário do pai, matando, inclusive, toda a família inimiga. Tudo
envolto em lenda...
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 69

Padre Joze da Costa Soares de minha Licença de que se fez este


acento que asigno (Transcrição do Termo s/n, fls. 46 v, Livro
de Óbitos 1 do arquivo paroquial de Caicó).
Igno Glz. Mello – Coadjutor.

Dentre os descendentes de nosso heptavô Thomaz (o 1º),


dois deles, nosso hexavô João Damasceno e seu irmão Thomaz (o
2º) se uniram em matrimônio com duas irmãs, filhas de Rodrigo
de Medeiros Rocha e Apolônia Barbosa. Rodrigo era português15,
natural da Freguesia de São Pedro da Ribeira Seca, Conselho da
Ribeira Grande, Ilha de São Miguel, Região de Açores. Nasceu aos
21/01/1709. Abaixo, oportunamente, faço transcrição de seu ter-
mo de batismo:

Rodrigo, filho de Manoel de Matos e de sua molher Maria de


Mideiros naturais e moradores nesta freguesia do Apostolo São
Pedro da Ribeira Seca, nasceo aos vinte e hum dias do mes de
janrº de mil e sete centos e nove annos ( ... ) e em os vinte e seis
dias do mês e era e foi batizado nesta dita Igreja Parochial de
seos Pais pelo Pe. Joam de Souza Freyre Vigrº da ditta Igreja
foi padrinho Manoel de Frias Pereira freguês desta freguezia.
Foram testemunhas Joam da Sylva e Antonio da Sylva fregue-
ses desta freguesia e comigo assignaram dia mês e Era ut supra
em o qual fis este termo para constar. O Cura Francº de Souza
da Motta. Joam da Sylva. Antonio da Sylva. (Transcrição do
Termo constante às fls. 98 v, Livro de batizados (1701-1714),
da Freguesia de São Pedro da Ribeira Seca)

Rodrigo veio para o Brasil em companhia de um irmão,


Sebastião de Medeiros Matos, e se fixou na região do Seridó. Ca-
sou-se no Estado da Paraíba com Apolônia por volta de 1738. No
Seridó constituiu família e por ali faleceu com aproximadamente
48 anos de idade. Os Medeiros, que hoje são família numerosíssi-

15De acordo com seu termo de Batismo, lavrado às fls. 98 v do livro de


batizados (1701-1714) da Freguesia de São Pedro da Ribeira Seca, Rodrigo
era filho de Manoel Afonso de Matos (*09/12/1674-†07/11/1729) e
Maria de Medeiros Pimentel (*1674-†27/11/1734), casados em São
Pedro da Ribeira Seca aos 17/06/1693.
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ma no Seridó e regiões adjacentes, procedem de Rodrigo e seu


irmão Sebastião, que aportaram por aqui no começo do século
XVIII.
A respeito de sua esposa, nossa heptavó Apolônia, sou-
bemos que era natural da Paraíba, tendo nascido em Santa Luzia,
filha legítima de MANOEL FERNANDES FREIRE e ANTONIA
DE MORAES VALCÁCER, ele natural de Olinda e ela de Ma-
manguape, que foram senhores da fazenda Cacimba da Velha, no
rio Quipauá, atual território de Santa Luzia. Manuel foi sesmeiro
na então Capitania da Paraíba. Deles houve descendência de 3
homens e 7 mulheres.
Segundo a tradição familiar, Rodrigo tinha alta estatura,
sendo corpulento e de cabelos alourados. Morou na fazenda Poci-
nhos, na Ribeira do Quipauá, no atual município de São José do
Sabugi.

Ferro de Gado de meu heptavô


Rodrigo de Medeiros Rocha

Ainda sobre o primeiro Thomaz de Araújo, tendo morri-


do sua esposa, Maria da Conceição de Mendonça, no ano de 1779
em Acari, conta a tradição que ele voltaria a contrair núpcias na
Paraíba com uma cigana de “rara beleza” e deles houve um único
filho:
F9 - Manoel de Araújo Pereira
Nasceu na Paraíba. Manoel era apelidado de “Paraíba” e
criou-se na fazenda dos Picos, em Acari. Casou-se com Francisca
Maria José, filha de Manoel Álvares da Nóbrega e Maria José de
Medeiros. O casal residiu em Santa Luzia, no lugar Cacimba da
Velha e deixou descendência.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 71

Árvore dos Descendentes de


João Damasceno Pereira (F8) e
Maria dos Santos de Medeiros

N1 - Margarida Maria de Jesus nasceu em Acari (*05/07/1771-


†1848). Casou-se com seu primo legítimo, o Capitão Silvestre José
Dantas Corrêa (*1771-†19/12/1846), filho de Caetano Dantas Cor-
rêa e de sua tia Josefa de Araújo Pereira. Deles houve descendên-
cia de 10 filhos, que se espalharam pelo Seridó.
N2 - João Alípio Pereira nasceu em Acari (*12/07/1772-
†15/09/1810). Era aleijado e faleceu solteiro e sem descendência.
N3 - Rodrigo de Medeiros Rocha (Neto), de alcunha “Gordo”
nasceu em Acari (*20/10/1773-†09/08/1815). Casou-se com Igná-
cia Maria Madalena (*15/03/1777-†12/05/1818), filha de Alexan-
dre Manoel de Medeiros e Antonia Maria da Conceição. Residiram
na Fazenda São Paulo. Dessa união houve 5 filhos, que seguiram
com a descendência.
N4 - Manoel de Medeiros Rocha nasceu em Acari (*12/09/1774-
†15/03/1839). Casou-se aos 11/06/1799 com Marta do Ó de Jesus
(*14/07/1776-†13/03/1828), filha de Antonio de Mello Vasconce-
los e Ana Gertrudes de São Joaquim. Deles houve 2 filhos.
N5 - Francisca Maria do Carmo nasceu em Acari (*06/10/1775-
†08/11/1834). Casou-se com Marcos Soares de Bittencourt
(*12/08/1778-†15/10/1855) aos 06/08/1801, filho de Antonio Gar-
cia de Sá Barroso e de Ana Lins de Vasconcelos. O casal morou na
fazenda Cobra. Deles houve 6 filhos.
N6 - Inácia Maria da Purificação nasceu em Acari (*13/09/1776-
†14/02/1840). Casou-se na Matriz de Caicó aos 30/11/1805 com
Pedro Paulo de Vasconcelos (*21/06/1774-†13/06/1843), filho de
Antonio de Melo Vasconcelos e Ana Gertrudes de São Joaquim.
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N7 – Manoel de Araújo Pereira nasceu em Acari (*13/07/1780-


†19/06/1821). Casou-se com Maria de Jesus (*15/08/1776-
†14/10/1818) na Matriz de Caicó aos 02/12/1805, filha de Manoel
Fernandes Pimenta e Manoela Dornelles de Bittencourt, morado-
res no Coité. Deles houve 3 filhos.
N8 - ANTONIO PEREIRA DE ARAÚJO nasceu em Acari
(*17/10/1781-†24/08/1851). Casou-se na Fazenda Mulungú aos
26/11/1805 com MARIA JOSÉ MEDEIROS DE ARAÚJO
(*25/12/1788-†14/10/1858), filha do Cap. Thomaz de Araújo Pe-
reira (o 3º do nome) e Thereza de Jesus Barroso. Maria José de Me-
deiros, esposa de Antonio, era uma mulher muito enérgica e inte-
ressada pelos movimentos políticos de sua época. Ambos foram
sepultados na Capela N. S. do Rosário em Acari. Adiante veremos
sucessão do casal, que são meus PENTAVÓS.
N9 – Francisco Freire de Medeiros nasceu em Acari (*04/12/1782-
†20/07/1833). Casou-se na Capela da Conceição de Acari aos
30/09/1821 com Maria Joaquina de Medeiros (*12/05/1785-
†04/01/1840), filha de João Crisóstomo de Medeiros e Joana Maria
da Conceição. Deles houve descendência de 5 filhos.
N10 – Maria Rosa da Conceição (ou Maria do Bom Descanso) nas-
ceu em Acari (*12/05/1787-†14/04/1835). Casou-se com João Gar-
cia de Sá (*13/09/1767-†24/06/1852) aos 26/11/1795, filho do Cel.
Antonio Garcia de Sá Barroso e Ana Lins de Vasconcelos. Do casal
houve geração de 11 filhos.
N11 - Ana Joaquina da Conceição nasceu em Acari (*04/06/1791-
†09/03/1829). Casou-se na Capela de N. S. da Conceição aos
13/06/1813, casada com José Dantas Corrêa, filho do Tenente Co-
ronel Caetano Dantas Corrêa (o 2º do nome) e Luzia Maria do Es-
pírito Santo. Não soubemos se houve descendência.
N12 - Damázia Maria da Conceição nasceu em Acari. Aos
31/07/1793 na Fazenda Picos de Baixo, casou-se com João Felipe
da Silva (*16/10/1780-†13/06/1849), viúvo de Isabel da Rocha
Meireles, filho de Francisco Gomes da Silva e Anna Thereza. Deles
houve 2 filhos.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 73

Árvore dos Descendentes de


Antonio Pereira de Araújo (N8) e
Maria José Medeiros de Araújo

B1 – Thomaz Pereira de Araújo “Padre Thomaz” nasceu em Acari


(*14/01/1809-†13/12/1893). Cur-
sou o Seminário de Olinda, onde se
matriculou em 1826. Ordenou-se
canonicamente em Salvador aos
17/03/1832. Foi o primeiro e últi-
mo vigário colado da freguesia de
Acari, nomeado no ano de 1835.
Foi também o primeiro acariense a
ser distinguido com o título de
sacerdote. Também ingressou na
política em 1834. Paralelamente foi
Deputado Provincial do RN nos
períodos 1835/37, 1838/39,
1840/41, 1848/49 e 1860/61.
Sob sua orientação, foi
construída a atual Igreja Matriz do
Acari, no período de 1859 a 1863.
Faleceu no Acari e foi sepultado na Matriz por ele construída. O
Padre Thomaz deixou pelo menos 8 filhos biológicos. Após sua
morte, as exéquias de seu funeral foram realizadas por meu tio
bisavô, o Padre José Antonio da Silva Pinto, então pároco de Acari.
B2 – Maria nasceu em Acari (*06/11/1814). Foi batizada na Capela
de Acari aos 11 do dito mês e ano pelo vigário André Vieira de
Medeiros, tendo por padrinhos os avós maternos, o Capitão Tho-
maz de Araújo Pereira e Dona Thereza de Jesus, cf. Termo s/n,
lavrado às fls. 29, Livro de Batismos 2 do arquivo paroquial de
Caicó. Maria faleceu aos 16/09/1855.
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B3- Thereza nasceu em Acari (*09/04/1816). Foi batizada na Cape-


la de Acari aos 15 do dito mês e ano pelo vigário André Vieira de
Medeiros, sendo padrinhos João de Albuquerque Maranhão Júnior
e D. Anna Maria da Circuncisão. Thereza é falecida aos
13/05/1849.
B4 – ANA MARCOLINA DE JESUS LOPES GALVÃO ou “Ani-
nha do Ingá” nasceu em Acari (*21/12/1817-†19/07/1900), sendo
batizada na antiga Capela do Rosário, conforme se lê em seu termo
de batismo:

ANNA, filha legitima de Antonio Pereira de Araújo,


e Dona Maria Jozé de Medeiros, naturais, e moradô-
res nesta Freguezia nasceo á vinte e hum, e foi bapti-
zada á vinte e oito de Dezembro de mil oito centos e
dezesette na Capella do Acari com os Santos oleos
pelo Padre André Vieira de Medeiros, sendo Padri-
nhos Jozé Dantas Corrêa, e Joanna Francisca Dan-
tas: de que para constar fiz este Assento, que assig-
no16.
O Vigro. Francisco de Brito Guerra.

Aninha casou-se pelo ano de 1834 com o Coronel


CYPRIANO LOPES GALVÃO (*13/05/1807-†16/10/1865), o 4º
do nome, filho de Cypriano Lopes Galvão Júnior (*20/10/1769-
†20/11/1809) e Teresa Maria José (*1774-†04/08/1842), de cuja
ascendência direta também falaremos logo a seguir. Cypriano nas-
ceu em Acari e faleceu em Currais Novos.
De Aninha descendem basicamente todos os Bezerra do
Seridó. Também a seu respeito, diziam ser uma mulher de muita
fibra, enérgica, de personalidade forte. Por outro lado, era tida
também como impiedosa para com a criadagem, que castigava a
quem julgasse merecer o castigo, muitas vezes com crueldade.
Viúva ainda muito jovem e com filhos para criar, Aninha foi bata-
lhadora e influente, dona de terras, de grande projeção local. Mor-

16 Certidão de batismo de minha tetravó, lavrada no Termo s/n, às fls.


165, Livro B-2 do arquivo paroquial de Sant’Ana de Caicó – RN.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 75

reu cega, aos 83 anos de idade, à Rua dos Pereiras, casa de número
15, cujo frontispício ainda resiste ao tempo. A figura de Aninha e
as narrativas sobre sua vida sempre nos despertaram grande curi-
osidade. Sempre que vamos a Acari, estranhamente somos condu-
zidos à frente de sua antiga vivenda. Ali ficamos parados e conse-
guimos fazer uma viagem ao passado, imaginando como seria
encontrá-la em sua época, vivenciar suas histórias!
Ao alcançarmos esse ponto de nosso apanhado, surge a
figura de Cypriano Lopes Galvão (o 4º do nome). Linhagem de
igual importância à dos ARAÚJO PEREIRA, os LOPES GALVÃO
também são família precursora e destacada nos primórdios do
povoamento do Seridó. Teceremos aqui breves comentários para
informar ao leitor sobre o roteiro dos primeiros troncos dessa fa-
mília no Seridó.
A saga dos Lopes Galvão na
região em destaque se inicia com a
chegada de Cypriano (o 1º do nome),
por volta de 1755, procedente de Iga-
rassú – PE, na Capitania de Pernam-
buco. De família abastada, era ele
natural de Goianinha – RN, tendo
nascido em fins do século XVII ou
começo do século XVIII. Era filho do
Coronel Cypriano Lopes Pimentel17
e de Tereza da Silva. Casou-se em
1748 em Igarassú - PE com D. Adria-
na de Holanda e Vasconcellos
(*1720-†19/03/1793), nascida em Iga-
rassú e filha de João da Rocha Moura
Minha tetravó e Maria Madalena de Vasconcelos.
Aninha do Ingá Neta materna de Antonio Pinto de Men-

17 Cipriano Lopes Pimentel e Tereza da Silva, meus Octavós, de acordo


com a tradição familiar, tiveram pelo menos 7 filhos. Era Cipriano
morador de Goianinha – RN, sendo filho do Sargento-Mor Francisco
Lopes Galvão e D. Joana Dornellas (meus Eneavós). Por sua vez, Tereza
era filha de Felipe da Silva e Joana Salema.
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donça e Adriana de Holanda. Adriana também era descendente


em linha direta de Arnau de Holanda, um dos nobres que acom-
panharam o Donatário da Capitania, Duarte Coelho, a Pernambu-
co18.
Cypriano e Adriana, ambos de elevado comportamento
social, transferiram-se para o Rio Grande do Norte e requereram
sesmaria, passando a residir nos sertões próximos da serra de San-
tana. Foram os primitivos povoadores do território que compre-
endia a Data de Sesmaria de Currais Novos, topônimo que deu
origem à fazenda de criação de gado (que chamaram de Totoró),
edificada por ele num recôncavo da Serra de Santana, na bifurca-
ção dos rios Maxinaré e Totoró. Anos mais tarde ali se ergueria o
município de Currais Novos. Cypriano veio a ocupar o posto de
Coronel de Milícias da Ribeira do Seridó. Faleceu em 1764 e foi
sepultado na Igreja Matriz da cidade de Acari.
Após a morte de Cypriano, nossa heptavó Adriana volta-
ria a contrair segundas e terceiras núpcias, respectivamente com
Félix Gomes Pequeno e Antonio da Silva e Souza. Deste último
não houve descendência. Adriana foi sepultada na Capela de N. S.
do Rosário em Acari. Foi a primeira proprietária das terras que
originaram a hoje cidade de Cerro Corá. De acordo com Sinval
Costa, as famílias Lopes Galvão, Lopes de Araújo e Bezerra de
Araújo são ramificações da estirpe embrionária do Totoró.
De seu primeiro casamento com o Cel. Cypriano, houve
sucessão de 6 filhos, dentre os quais destaco CYPRIANO LOPES
GALVÃO, o 2º do nome (*1753-†13/12/1813), que nasceu em Iga-
rassú e veio ainda pequeno em companhia dos pais para o Seridó.
Casou-se com VICÊNCIA LINS DE VASCONCELOS19 (*1757-
†23/12/1827). Tempos depois, obedecendo à vontade paterna, o
então Capitão-mor Cypriano, já senhor da Data de Sesmaria de

18GOMES, José Bezerra. Sinopse do Município de Currais Novos. Natal:


Fundação José Augusto, 1975. p. 32 (Monografia Ilustrada).
19 Vicência era filha do português Francisco Cardoso dos Santos e de

Teresa Lins de Vasconcelos (*1728-†22/05/1793), estes meus Hexavós.


Era ainda neta materna de Alexandre Rodrigues da Cruz e Vicência Lins
de Vasconcelos, de quem herdara o mesmo nome.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 77

Currais Novos, construiu uns currais novos de aroeira, numa ele-


vação, entre os rios Maxinaré e Totoró, distante uma légua e meia
da primitiva casa grande do Totoró, onde também construiu uma
Capela dedicada a Nossa Senhora Santana, hoje Matriz de Currais
Novos, mediante provisão obtida do Bispo de Olinda em
24/02/1808, dando início à povoação de Currais Novos.
Foi nomeado Capitão-mor de Ordenanças para a Vila do
Príncipe (atual Caicó) e a Freguesia da Serra do Cuité, na Paraíba.
Governou Caicó de 1788-1814 no período do Brasil colonial. Fale-
ceu em Currais Novos, estando sepultado na Capela por ele ergui-
da, do mesmo modo que sua esposa Vicência.
De seu consórcio com Vicência Lins houve descendência
de 14 filhos que se entrelaçaram e ramificaram, povoando aquela
região do Seridó. Dentre estes merece destaque nosso pentavô, o
CEL. CYPRIANO LOPES GALVÃO JÚNIOR (o 3º do nome),
nascido na Fazenda Totoró de Currais Novos (*20/10/1769-
†20/11/1809). Casou-se aos 26/02/1794 com THEREZA MARIA
JOSÉ (*1774-†04/08/1842), filha de José Bezerra de Menezes e
Maria Borges do Sacramento da Fonseca. Foram senhores da Fa-
zenda São Bento, de Acari. Cypriano faleceu em Currais Novos,
estando sepultado na Capela de Santana.
Dessa união houve geração de 10 filhos, dentre eles
Cypriano, o 4º do nome, casado com Ana Marcolina, dos quais já
falamos anteriormente e cuja árvore de descendência virá catalo-
gada adiante.
B5 – Izabel Cândida de Jesus Bezerra de Araújo nasceu em Acari
(*16/04/1819-†08/02/1873), sendo batizada na Capela de Acari
pelo vigário Francisco de Brito Guerra aos 21 do mesmo mês e ano,
tendo por padrinhos os avós maternos Thomaz de Araújo Pereira
e Thereza de Jesus, como dizia no Termo constante às fls. 23 v do
Livro B-3 do arquivo paroquial de Caicó. Izabel casou-se com o
Coronel Cipriano Bezerra de Galvão (*14/07/1809-†19/06/1899),
filho de Cipriano Lopes Galvão Júnior (3º do nome) e Teresa Maria
José. Seu marido participou em 1832 da Legião Seridoense que
marchou contra o caudilho Pinto Medeiros. O casal habitou na
Fazenda Ingá. Desse consórcio houve 13 filhos.
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B6 - Antonio Pereira de Araújo Júnior nasceu no lugar Acauã de


Acari (*08/08/1821-†21/10/1859). Foi batizado na Capela de Acari
aos 12 do dito mês e ano pelo Padre André Vieira de Medeiros,
tendo por padrinhos Francisco Freire de Medeiros e Francisca Ma-
ria do Carmo. Casou-se no ano de 1845 com Teodora Maria de
Jesus (*10/05/1825-†04/08/1870), filha de Antonio Pires de Albu-
querque Galvão (*1797-†25/12/1857) e Guilhermina Francisca de
Medeiros (*1802-†21/11/1840). Destacou-se na vida política de
Acari, mas acabou morrendo muito jovem, em consequência de
uma pancada num braço, provocada por um louco. Tiveram dois
filhos.
B7 – Cel. João Damasceno Pereira de Araújo, apelidado “Bode
Preto”, nasceu em Acari (*11/05/1827-†13/11/1908); foi batizado
a 20 do mesmo mês pelo Padre Ma-
noel Teixeira da Fonseca, sendo
padrinho Padre Thomaz Pereira de
Araújo, por seu procurador o Capi-
tão Thomaz de Araújo Pereira e
Guilhermina Francisca de Medeiros,
cf. fls. 73 do Livro B-4 do arquivo
paroquial de Caicó. Casou-se aos
10/09/1841 com sua prima Tereza
Alexandrina de Jesus (*08/05/1829-
†16/11/1910), filha de Manoel Lo-
pes Pequeno e Ana Maria da Cir-
cuncisão. Na ocasião do casamento
ele contava 15 e ela 13 anos de ida-
de. Ele é descrito como um homem
alto, forte e notável cavaleiro, muito
respeitado em todo o Seridó por Meu tio tetravô,
suas qualidades de caráter e energia. Cel. João Damasceno
Foi fazendeiro rico e poderoso, de “Bode Preto”
grande prestígio e que acumulou gran-
de patrimônio. Foi uma das maiores influências políticas em Caicó.
Eles residiram inicialmente na Fazenda Bulhões de Acari e poste-
riormente se transferem para a Fazenda Saco do Martins, em Cai-
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 79

có, onde permaneceram até seu falecimento. João Damasceno diri-


giu os destinos políticos de Acari até 1868, quando passou o bastão
para um sobrinho. Foi também Coronel Comandante Superior da
Guarda Nacional da ribeira do Seridó. O casal deixou 6 descen-
dentes. Após enviuvar casa-se com Rita Maria Pereira de Araújo,
com quem também teve 10 filhos. De acordo com a tradição fami-
liar, João Damasceno teve mais de 11 mulheres, o que lhe valeu o
apelido de “Bode Preto”.
B8 – Joaquim de Araújo Pereira “Quinca Pereira do Acauã” nas-
ceu no lugar Acauã de Acari (*20/03/1829-†19/01/1911) foi bati-
zado na Capela de Acari pelo vigário Joaquim Álvares da Costa.
Casou-se com Apolônia Francelina de Medeiros, filha de Cristóvão
Vieira de Medeiros e Maria Benedita da Encarnação. Desse consór-
cio soubemos da existência de 17 filhos.
B9 - Porfíria Alexandrina de Jesus (a 1ª) nasceu no lugar Acauã de
Acari (*13/07/1832-†13/07/1892), foi batizada na Capela de Acari
pelo vigário Thomaz Pereira de Araújo, seu irmão. Casou-se na
Matriz de Acari aos 07/01/1847 com Antonio Pires de Albuquer-
que Galvão Júnior, o 2º, (*12/04/1823-†12/10/1871), filho de An-
tonio Pires de Albuquerque Galvão (o 1º) e Guilhermina de Medei-
ros Rocha. Porfíria faleceria muito jovem. Deles houve sucessão de
9 filhos.
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Árvore dos Descendentes de


Cypriano Lopes Galvão e
Ana Marcolina de Jesus (B4)

T1 – Thereza Aureliana de Medeiros Galvão nasceu na Fazenda


Ingá de Acari (*16/06/1835-†04/10/1880). Foi batizada na Matriz
de Acari pelo vigário Thomaz Pereira de Araújo aos 23 do mesmo
mês e ano, sendo padrinhos os avós maternos Antonio Pereira de
Araújo e sua mulher Maria José de Medeiros, cf. Termo s/n, lavra-
do às fls. 1 v, Livro 1 do arquivo paroquial de Acari. Casou-se em
1851 com seu primo Laurentino Bezerra de Medeiros Galvão
(*29/06/1833-†06/08/1898), filho de João Bezerra Galvão e Ana
Joaquina de Medeiros. Faleceu na Fazenda São Bento Currais No-
vos. O casal deixou descendência de 16 filhos.
T2 – Maria Febrônia de Jesus “Maricota” nasceu na Fazenda Ingá
de Acari (*25/06/1838-†25/11/1908). Foi batizada na Matriz de
Acari pelo vigário Thomaz Pereira de
Araújo aos 22/07 do mesmo ano, cf.
Termo s/n, às fls. 115 v do livro 1 do
arquivo paroquial de Acari. Casou-se
na Fazenda Ingá aos 07/11/1856 com
seu primo carnal, o Cel. Silvino Bezer-
ra de Araújo Galvão (*21/06/1836-
†10/03/1921), filho do Cel. Cipriano
Bezerra Galvão e de Izabel Cândida de
Jesus, conforme termo lavrado às fls.
70 do Livro de casamentos 1856-1871
de Acari. Silvino foi certamente o no-
me que mais tempo permaneceu como
chefe político dos destinos de Acari,
sem nunca ter sofrido derrota. Foi juiz
de paz no tempo da Monarquia, deputado provincial no antigo
regime, e estadual no novo, como também vice-governador do
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 81

Estado, Coronel Honorário do Exército Nacional. Foi também In-


tendente de Acari em dois períodos distintos. Deles houve des-
cendência de 10 filhos.
T3 – Antonio Florêncio de Araújo Galvão nasceu em Acari aos
07/11/1840 e faleceu no ano de 1861. Foi batizado na Matriz de
Acari pelo vigário Thomaz Pereira de Araújo aos 25 do mesmo
mês e ano, tendo por padrinhos Francisco Freire de Medeiros e
Maria Joaquina de Medeiros, cf. Termo s/n, às fls. 37 v do livro 2
do arquivo paroquial de Acari. Era solteiro.
T4 – JOAQUIM THEOTÔNIO DE ARAÚJO GALVÃO nasceu na
Fazenda Ingá, em Acari (*20/01/1842-†03/12/1928).

JOAQUIM, filho legitimo de Cypriano Lopes Galvão, e


Anna Marcolina de Jesus, desta Freguezia, nasceo aos vinte
de Janeiro de mil oitocentos e quarenta e dois, baptizei-o
com os Santos Oleos no Ingá aos vinte e dois do dito mez e
anno, forão Padrinhos Antonio Pereira de Araújo Junior e
sua mulher Teodora Maria de Jesus [...] Cypriano Bezerra
Galvão e Izabel Candida de Jesus, do que para constar man-
dei fazer este assento em que me assigno20.
O Vigro. Thomás Pera. de Aro.

Casou-se na Fazenda Sobradinho (Acauã) aos 10/09/1862


com sua prima legítima GUILHERMINA MARIA DE JESUS DE
ARAÚJO GALVÃO (*09/04/1846-†23/03/1881), nascida e faleci-
da em Acari, filha de Antonio Pereira de Araújo Júnior
(*08/08/1821-†21/10/1859) e Teodora Maria de Jesus
(*10/05/1825-†04/08/1870). A cerimônia religiosa foi celebrada
pelo vigário Thomaz Pereira de Araújo, conforme dizia o termo 28,
às fls. 104 do Livro (1853-1871) do arquivo paroquial de Acari.

20 Certidão de batismo sob Termo nº 18, lavrada às fls. 63, Livro B-2 do
arquivo paroquial N. S. da Guia de Acari – RN.
82 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Após enviuvar, Joaquim ca-


sa-se em segundas núpcias com
Nathália Mônica Pereira da Nóbre-
ga de Araújo Galvão (*1859-†1924),
filha legítima de Joaquim Pereira de
Araújo e Guilhermina Hermelinda
de Souza Nóbrega.
Segundo afirmou Sebastião
Bastos (1954), Joaquim Theotônio
foi prefeito de Acari em 1889 e 1890.
Foi também coletor estadual naque-
la cidade por um curto espaço de
Joaquim Theotônio Galvão,
tempo.
meu Trisavô

T5 – Anna nasceu na Fazenda Ingá, em Acari aos 26/06/1843. Foi


batizada pelo vigário Thomaz Pereira de Araújo aos 09/07 do
mesmo ano, sendo padrinhos Manoel Bezerra Galvão e sua mulher
Maria Alexandrina de Vasconcellos, cf. Termo 147, fls. 98, Livro 2
do arquivo paroquial de Acari.
T6 – Tenente Thomaz Lopes de Araújo Galvão nasceu na Fazen-
da Ingá de Acari (*26/01/1845-
†26/02/1890). Foi batizado no Ingá
pelo vigário Thomaz Pereira de Araújo
aos 03/02 do mesmo ano, sendo padri-
nhos Joaquim de Araújo Pereira e Por-
fíria Alexandrina de Jesus, cf. Termo
88, fls. 158 v, Livro 2 do arquivo paro-
quial de Acari. Casou-se com sua pri-
ma legítima Maria Theodora de Jesus
(*20/12/1848-†19/07/1889), filha do
Cel. João Damasceno de Araújo Pereira
“Bode Preto” e de Tereza Alexandrina
de Jesus (*18/05/1829-†16/11/1910).
Deles houve descendência de 12 filhos,
que basicamente se entrelaçaram com
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 83

parentes próximos dos Pereira de Araújo e Galvão, em repetidas


uniões endogâmicas.
T7 – Cypriano de Araújo Galvão nasceu na Fazenda Ingá aos
16/10/1848. Foi batizado na Matriz pelo vigário Thomaz Pereira
de Araújo aos 22 do mesmo mês e ano, sendo padrinhos Antonio
Pereira de Araújo e Maria José de Medeiros, cf. Termo 62, fls. 31,
Livro 3 do arquivo paroquial de Acari.
T8 – Anna nasceu na Fazenda Ingá aos 16/10/1848. Foi batizada
na Matriz pelo vigário Thomaz Pereira de Araújo aos 22 do mesmo
mês e ano, sendo padrinhos Antonio Pires Galvão Júnior e Apolô-
nia Francelina de Medeiros, cf. Termo 62, fls. 31, Livro 3 do arqui-
vo paroquial de Acari.
T9 – Cândida Rosália de Viterbo Pereira de Araújo nasceu na
Fazenda Ingá de Acari (*04/09/1850-†21/03/1881). Foi batizada
na Matriz pelo vigário Thomaz Pereira de Araújo aos 23/10 do
dito ano, cf. Termo 64, fls. 102, Livro 3 do arquivo paroquial de
Acari. Casou-se com Antonio Pereira de Araújo, filho de Antonio
Pereira de Araújo Júnior e Teodora Maria de Jesus. Deles houve
descendência de 11 filhos.
T10 – Porfíria Alexandrina Pires de Al-
buquerque Galvão (a 2ª) nasceu em
Acari (*13/08/1855-†13/10/1892). Ca-
sou-se com seu primo, o Tenente-
Coronel Antonio Pires de Albuquerque
Galvão (o 3º do nome) (*08/11/1849-
†24/05/1934), filho de Antonio Pires de
Albuquerque Galvão Júnior (o 2º) e Por-
fíria Alexandrina de Jesus (a 1ª). Dessa
união houve descendência de pelo me-
nos 10 filhos. Foram os senhores da Fa-
zenda Carnaubinha, em Acari, herança
de sua esposa que um dia pertencera ao
Presidente da Província Thomaz de Ara-
újo Pereira (o 3º).
84 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Árvore dos Descendentes de


Joaquim Theotônio de Araújo Galvão
(T4) e Guilhermina Maria de Jesus

Q1 – Antonio Eduardo de Araújo


Galvão nasceu na fazenda Sobradinho
de Acari (*13/10/1863-†1943). Foi
batizado pelo vigário Chrispiniano
Ferreira de Lima aos 27 do dito mês e
ano, sendo padrinhos o vigário Thomaz
Pereira de Araújo e Theodora Maria de
Jesus, cf. Termo s/n, fls. 20, Livro 6 do
arquivo paroquial de Acari. Casou-se no
ano de 1881 com Olindina Ernestina da
Costa Pereira (*12/07/1866-†?), filha de
Antonio Ernesto da Costa Pereira e Ana
Maria da Costa Pereira. Do casal
soubemos da geração de 10 filhos.
Q2 – Cypriano de Araújo Galvão nasceu na fazenda Sobradinho
de Acari (*27/10/1864-†?). Foi batizado na fazenda Acauã aos
11/11 do mesmo ano, sendo padrinhos Thomaz Lopes de Araújo
Galvão e Ana Marcolina de Jesus, cf. Termo s/n, às fls. 63, Livro 6
do arquivo paroquial de Acari.
Falecido infante.
Q3 – Maria Adriana de Araújo
“Mariquinha” nasceu na fazenda
Sobradinho de Acari (*01/03/1867-
†20/12/1934). Casou-se no Sítio Sobra-
dinho aos 29/09/1881 com seu primo
em primeiro grau, Capitão Antonio
Florêncio de Araújo Galvão
(*16/11/1861-†10/02/1934), filho de
Laurentino Bezerra de Medeiros Galvão
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 85

e de Teresa Aureliana de Jesus (irmã de Joaquim Theotônio).


Adriana faleceu em Currais Novos. Dessa união soubemos que
houve 13 filhos.
Q4 – Teodora Maria de Jesus Neta
“Dorinha” ou Teodora Bezerra de
Araújo (*15/09/1868-†02/05/1956)
nasceu na fazenda Sobradinho
(*15/09/1868-†02/05/1956) e fale-
ceu em Currais Novos. Foi casada a
primeira vez no ano de 1885 com
Joaquim Bezerra de Medeiros Gal-
vão “Quincajá” (*08/04/1847-
†29/11/1892), filho de Luiz de Me-
deiros Galvão e de Claudina Bezerra
de Vasconcelos. Residiram na fa-
zenda Serrote Pintado. Ao enviuvar
casou-se com aos 08/06/1893 com
seu cunhado Francisco Bezerra de
Medeiros “Chico Tenente” (*20/09/1863-†29/12/1926), filho de
Luiz de Medeiros Galvão e de Claudina Bezerra de Vasconcelos.
Desse segundo consórcio há notícias de 7 filhos.
Q5 – Ana Maria das Neves nasceu na
fazenda Sobradinho de Acari
(*05/08/1870-†01/05/1909). Casou-se
na Fazenda Acauã de Acari aos
06/08/1889 com seu primo legítimo
Cypriano Lopes de Araújo Galvão
“Piano Lopes” (*30/05/1870-†1950),
filho de Tomaz Lopes de Araújo Gal-
vão (seu tio paterno) e de Maria Theo-
dora de Jesus. O casamento foi cele-
brado pelo vigário Thomaz Pereira de
Araújo, sob licença do padre José An-
tonio da Silva Pinto. Foram senhores
da fazenda Mulungú. Houve desse
consórcio pelo menos 5 filhos.
86 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Q6 – Manoel Aprígio de Araújo


Galvão nasceu na fazenda Sobradinho
de Acari (*16/05/1872–†05/02/1953).
Casou-se em primeiras núpcias na
fazenda Acauã aos 29/09/1890 com
Ana Marcolina Pereira de Araújo
(*06/08/1870-†23/10/1895), filha de
Antonio Pereira de Araújo e Cândida
Rosália de Viterbo. Enviuva e casa-se
pela segunda vez aos 28/10/1896 com
Antonia Águida de Jesus
(*15/02/1881-†11/08/1902), filha de
Thomaz Lopes de Araújo Galvão e
Maria Theodora de Jesus. Após a se-
gunda viuvez casa-se na fazenda Carnaubinha aos 21/03/1917
com Teresa Pires Galvão (*18/09/1889-†10/02/1978), filha de An-
tônio Pires de Albuquerque Galvão (o 3º) e de Porfíria Alexandrina
de Jesus (a 2ª). As três esposas eram suas primas legítimas. Houve
descendência das três uniões.
Q7 – THEREZA CHRISTINA DE
ARAÚJO GALVÃO “Therezinha”
nasceu na fazenda Sobradinho de
Acari (*1874-†19/08/1943) e faleceu
no lugar Santa Tereza da Vila
Moreno. Casou-se com MANOEL
HILÁRIO DA COSTA PINTO
(*1873-†08/11/1932), filho legítimo de
José Antonio da Silva Pinto e Anna
Emiliana Cândida Cavalcanti Pinto.
São nossos bisavós paternos. Sua
descendência será apresentada
adiante.
Minha Bisavó Thereza
no ano de 1913
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 87

Joaquim Theotônio, perdendo


sua primeira esposa, Guilhermina
Maria de Jesus, no ano de 1881, vol-
taria a contrair segundas núpcias
com Nathália Mônica Pereira da
Nóbrega (*1859-†1924), filha de Joa-
quim Pereira de Araújo e de Gui-
lhermina Hermelinda de Souza Nó-
brega. Dessa nova união houve ainda
os filhos:

Nathália Mônica,
segunda esposa de meu trisavô Joaquim

Q8 – Miguel Arcanjo de Araújo


Galvão nasceu em Acari
(*29/09/1882-†26/08/1937), sendo
batizado pelo vigário Thomaz
Pereira de Araújo na Matriz de
Acari. Casou-se na Matriz de
Jardim do Seridó aos 07/06/1898
com Adalgisa Mamede de Araújo
Viana (*04/05/1880-†23/09/1947),
filha de João Rodrigues da Costa
Mamede Filho e de Maria Emília
de Araújo Viana, conforme Termo
518, às fls. 117 do Livro 3 do arqui-
vo paroquial de Jardim do Seridó.
Desse matrimônio soubemos uni-
camente da existência de uma filha.
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Q9 – Modesto Pereira de Araújo Galvão


nasceu em Acari (*15/06/1884-
†10/10/1955) e faleceu em Santa Cruz do
Inharé. Casou-se em Santa Cruz aos
19/10/1904 com Francisca Herundina da
Rocha (*1877-†1971), filha de Joaquim
Claudiano da Rocha e Bernardina Améri-
ca de Freitas. Em Santa Cruz Modesto se
fixou e foi comerciante formal, destacado
no ramo do algodão. Desse consórcio
houve descendência de 7 filhos, que se-
guiram com a história.
Q10 – Guilhermina da Nóbrega Galvão
nasceu em Acari (*1886-†16/07/1889). Faleceu aos 3 anos de idade.
Q11 – Joaquim Pereira de Araújo Galvão nasceu em Acari (*1887–
†22/06/1889). Faleceu infante.
Q12 – Mônica Augusta da Nóbrega Galvão nasceu em Acari
(*09/04/1888-†22/09/1972). Casou-se na fazenda Sobradinho aos
17/01/1906 com seu primo legítimo
Thomaz Lopes Galvão o “Thomaz
Medalha” do Sobradinho e Machado
(*13/09/1882-†21/01/1972), filho legí-
timo do Tenente Thomaz Lopes de
Araújo Galvão e Maria Theodora de
Jesus. Desse consórcio houve
descendência de 3 filhas, que
seguiram com a história. Nossa prima
Socorro Galvão, tendo convivido com
Tia Mônica Augusta na juventude, a
descreveu como uma mulher de muita
elegância, muito educada, de finas
maneiras e que primava pelo bem
estar de toda a família.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 89

Q13 – Maria Eutália da Nóbrega


Galvão nasceu na fazenda
Sobradinho em Acari (*10/11/1889-
†?). Casou-se com Tomaz Augusto
de Medeiros (*1888-†?). Nossa avó
Leopoldina, de cujo marido Maria
Eutália era tia, nos contava sobre a
vinda desta tia à Vila de Moreno em
meados da década de 1930, em visita
à sua irmã Thereza Christina. Ao
chegar a Moreno, depois de uma
longa e exaustiva viagem, titia Maria
Eutália tirou as sandálias e foi
agradecer a Deus pela jornada
tranquila que tivera. Nesse momento ela foi acometida por um
mau súbito que a levou a óbito. Pela longa distância e as
dificuldades de transportes da época, titia Maria Eutália acabou
sendo sepultada em Moreno, no antigo cemitério de Santa Tereza,
nas terras pertencentes ao meu bisavô Manoel Hilário Pinto. Não
obtivemos outras informações dela ou de seu marido, nem mesmo
se deixou descendência.
Q14 – Gerôncio Pereira de Araújo
Galvão nasceu na fazenda Sobra-
dinho em Acari (*1891-†15/05/1954).
Gerôncio casou-se com Francisca
Elvira de Araújo (*1891-
†01/04/1954), filha legítima de Joel
Abdias Pereira de Araújo e Raquel
Elvira de Araújo. Deles soubemos que
houve geração de 4 filhos.
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Árvore dos Descendentes de


Manoel Hilário da Costa Pinto e
Thereza Christina de Araújo Pinto (Q7)

Manoel Hilário nasceu na Vila de Bananeiras no ano de


1873. Era o sexto filho legítimo, dentre uma geração de doze, do
casal Tenente José Antonio da Silva Pinto (*1833-†?) e Anna Emili-
ana Cândida Cavalcanti Pinto (*07/1846-†22/07/1885).

Pertencente à numerosa
família TEIXEIRA/ SILVA PINTO,
que de longa data se situou na Para-
íba e Estados vizinhos, descendia
Manoel Hilário mais remotamente,
por via paterna, do casal Francisco
Teixeira da Silva Pinto (*1814-
†26/11/1862) e D. Carlota Luíza do
Carmo Correia de Lacerda (*1818-
†1852). Francisco, ou Chico Gago,
era um escultor de imagens sacras
em madeira que esteve presente na
Vila de Bananeiras desde princípios
da década de 1830 até fins da década
de 1840, momento no qual a povoação é elevada à categoria de
Vila e Paróquia. Ali nasceram praticamente todos os filhos do ca-
sal, em número de oito. Por via materna foram seus avós o fazen-
deiro Major Domingos da Costa Souto e D. Antonia Cândida
Cavalcanti Souto, proprietários de Engenho de Açúcar no lugar
Olho D’Água Seco, localizado nas cercanias da Povoação de Mo-
reno (atual Solânea) e limites do atual município de Serraria. Do-
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 91

mingos foi homem de considerável influência na sociedade da


época e proprietário de terras.
Aos 12 anos de idade, após
a prematura perda de sua mãe, sob
a tutoria do irmão mais velho, o
Padre Pinto, Manoel Hilário e os
demais irmãos se transferem para o
Seridó norte-riograndense. Adoles-
cente ainda, percorre vários locais
do Seridó, seguindo os passos do
irmão padre. Ali teve oportunidade
de conviver com as melhores famí-
lias do local, quando prepon-
deravam no poder os legendários
coronéis da oligarquia daquela regi-
ão. Naquele ambiente social e políti-
co, onde aos poucos se integrou e
formou sua personalidade, Manoel
conhece Thereza Christina, moça da
melhor sociedade local. Minha bisavó Theresa Christina
em 1937 aos 63 anos de idade
Manoel e Thereza casam em
Acari aos 28/07/1897. Ali vivem os
primeiros anos de vida na zona rural de Acari, na fazenda Sobra-
dinho, no lugar Acauã, de propriedade do velho Joaquim Theotô-
nio Galvão, sogro de Manoel Hilário. Há registros da passagem do
casal também por Currais Novos:

Regressaram hoje para Flores e


Curraes Novos, onde residem, os
nossos amigos cidadãos João Faus-
to da Costa Pinto e Manuel Hilario
da Costa Pinto, que a esta villa
vieram visitar seu idolatrado ir-
mão padre José Antonio da Silva Notícias do município de Triumpho -
Pinto, vigario desta freguesia. RN, publicadas na Edição nº 132 do
Desejamo-lhes prospera e feliz Jornal “A República” em Natal aos
viagem. 27/06/1902.
6-6-902. _____________
92 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Vista lateral da bicente-


nária casa-grande da
Fazenda Sobradinho,
onde nasceram
minha bisavó Theresa
Christina e seus irmãos,
em Acari.

Por ali nasceram os primeiros cinco filhos do casal. Na ci-


dade, como era costume entre os fazendeiros da época, a família
residia nos finais de semana em um casarão situado ao lado direito
da Igreja Matriz, construído pelo Padre Pinto. Ali, aos finais de
semana, se encontravam as melhores famílias do local, que vinham
para as feiras e para as missas dominicais. Pelo Seridó a família
permaneceu até o ano de 1904, quando se transfere para a Povoa-
ção de Moreno e se instala no Sítio Fazenda Velha.

Igreja Matriz de N.
Senhora da Guia de
Acari, vendo-se à
direita o casarão cons-
truído pelo Padre
Pinto, onde residiu o
casal Manoel Hilário e
Thereza Christina nos
últimos anos do
Sec. XIX.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 93

Do casal Manoel Hilário e Thereza Christina houve os fi-


lhos:
P1 – Mônica Cristina Pinto nasceu no sítio Acauã do município de
Acari – RN aos 04/05/1898 e faleceu em
Solânea aos 20/07/1980. Foi batizada no
sítio Acauã pelo vigário José Antonio da
Silva Pinto. Com idade de 6 anos veio
com toda a família residir na Povoação
de Moreno, nas proximidades da Fa-
zenda Velha. Casou-se com José Ansel-
mo de Lucena (*19/07/1902-
†25/12/1977) no ano de 1924. Nós a
conhecemos já velhinha, nos seus últi-
mos anos de vida. Residia a poucos me-
tros de nossa casa. Dela guardamos sin-
gelas recordações. Ouvimos de sua boca
várias histórias dos tempos passados de nossos familiares. Do ca-
sal houve descendência de 10 filhos, tendo sobrevivido 5.
P2 – Guilhermina Ernestina de Araújo Pinto nasceu no sítio
Acauã do município de Acari aos 21/10/1899, sendo batizada no
sítio Acauã por seu tio,
o vigário José Antonio
da Silva Pinto. Seu fale-
cimento ocorreu no lu-
gar Covão de Solânea
aos 06/06/1965 em de-
corrência de complica-
ções cardíacas, estando
sepultada no cemitério
de Santo Antonio. Ca-
sou-se na Capela do
lugar Santa Tereza aos
24/02/1932 com Antonio Moreira Sobrinho (*16/06/1905-
†11/09/1996), filho dos nossos bisavós maternos João Batista Mo-
reira da Silveira e Aurora Clementina de Araújo Moreira. Dessa
união houve 3 filhos, dos quais sobreviveram 2.
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P3 – José Pinto Neto “Zeca” nasceu no sítio Acauã do município


de Acari – RN (*11/09/1901-†02/08/1954) e faleceu em Solânea.
Foi batizado na Matriz de Acari pelo vigário Luiz Borges de Sales.
Casou-se no Sítio Poderosa aos 15/06/1933 com Maria Doracy
Rocha Pinto, filha de José Alves da Rocha e Maria Ricarda da Ro-
cha, nascida em Baturité – CE aos 27/05/1910 e falecida na Vila
Solânea aos 13/03/1952. Desse consórcio houve pelo menos 14
filhos, dos quais 10 sobreviveram.
P4 – Francisco de Araújo Pinto “Chico”
nasceu no sítio Acauã do município de
Acari – RN aos 11/09/1902 e faleceu em
Mossoró - RN aos 17/06/1967. Foi batiza-
do na Matriz de Acari pelo vigário Luiz
Borges de Sales. Casou-se em primeiras
núpcias no lugar Bacupary de Bananeiras
aos 14/12/1926 com sua prima em pri-
meiro grau, Anna Edith Fausto Pinto
“Nana”, nascida em Florânia – RN (*1904-
†21/09/1943) e falecida na Vila de More-
no. Após o falecimento de Ana Edith,
Francisco volta a contrair núpcias com
Lindaura Lima, nascida em Belém – PA e
falecida em Mossoró aos 27/11/2014. Francisco residiu em More-
no até fins dos anos 40 e depois se radicou em Mossoró. Foi co-
merciante. Houve descendência de 9 fi-
lhos da primeira união e 6 da segunda.
P5 – João de Araújo Pinto nasceu no sítio
Acauã do município de Acari – RN aos
30/01/1904, vindo para a Povoação de
Moreno com poucos meses de vida. Fa-
leceu na Vila de Solânea aos 16/04/1951.
Casou-se com Francisca Alves da Rocha
(*05/08/1912-†18/12/1996), filha do casal
José Alves da Rocha e Maria Ricarda da
Rocha, nascida em Baturité – CE e falecida
em Solânea. Dessa união tivemos notícias
da geração de 10 filhos, sobrevivendo 5.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 95

P6 – Manoel Pinto Filho nasceu no lugar Fazenda Velha da Povo-


ação de Moreno, município de Ba-
naneiras aos 23/10/1906, sendo
batizado pelo vigário Gabriel Tos-
cano da Rocha e tendo por padri-
nhos Dr. Celso Columbano da Cos-
ta Cirne e Maria Emília da Rocha
Cirne. Faleceu em Campina Grande
aos 07/07/1983. Manoel casou-se
em Oratório particular aos
02/03/1932 com Severina Batista de
Araújo (*08/08/1910-†21/08/1982),
filha de João Batista Moreira da
Silveira e Aurora Clementina de
Araújo Moreira. Severina nasceu na
Povoação de Moreno e faleceu em
Campina Grande. Do casal houve Meus tios avós Manoel (pa-
descendência de 6 filhos. terno) e Severina (materna).

P7 – Joaquim de Araújo Pinto nasceu no lugar Fazenda Velha da


Povoação de Moreno, município de Bananeiras aos 25/02/1908.
Seu falecimento ocorreu na Vila de Solânea aos 18/05/1947. Joa-
quim casou-se na Matriz de Acari aos 03/06/1936 com sua prima
Theresa Lopes Galvão (*15/10/1915-†15/03/1979), filha de Anto-
nio Ladislau de Araújo Galvão e Sérvula Escolástica de Araújo. Era
um homem de saúde fraca e faleceu ainda muito jovem, em decor-
rência de problemas cardíacos. Deles houve geração de 5 filhos.
P8 – Maria de Araújo Pinto nasceu no lugar Fazenda Velha da
Povoação de Moreno, município de Bananeiras aos 18/11/1909.
Faleceu ainda criança, aos poucos meses de vida.
P9 – NAPOLEÃO DE ARAÚJO PINTO nasceu no lugar Fazenda
Velha da Povoação de Moreno, município de Bananeiras aos
30/03/1911 e faleceu em Solânea aos 20/07/1988.
96 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Napoleão f. leg. de Manoel Hilario da Costa Pinto e


Thereza Christina de Araújo Pinto, nasceo aos trinta de
Março de mil novecentos e onze e foi baptizado pelo Vigário
João Onofre aos vinte e um de Abril do anno seguinte;
sendo padrinhos Thomaz Lopes de Araujo Galvão e Monica
Augusta de A. Galvão. Para constar fiz lavrar este termo.
(Transcrição integral do Termo 556, fls. 176 v, Livro B-32
do arquivo paroquial de Bananeiras).
Padre João Onofre, Vigario.

No batismo estiveram presentes os tios maternos Thomaz e


Mônica, vindos em missão especial de Acari - RN. De estatura alta,
pele alva, meio trocista, Napoleão gostava de fazer versos e de
contar histórias dos tempos de outrora. Jovem garboso e muito
festeiro, sempre tivera muitas experiências e peripécias para contar
de sua movimentada juventude.
Napoleão ao longo da vida dedicou-se à agricultura e à pe-
quena criação, além de explorar o ramo de pequena “bodega” para
completar os rendimentos da família. Embora tendo poder aquisi-
tivo, em função da considerável situação financeira do pai, Napo-
leão, no entanto, passou longe bancada escolar, tendo aprendido
somente o necessário para a vida rural. Foi um dos muitos alunos
que passaram pelo crivo de seu tio paterno, o professor Francisco
Pinto, pioneiro professor da Povoação de Moreno.
Casou-se com MARIA LEOPOLDINA CORDEIRO
PINTO, dos quais apresentaremos a descendência na árvore a
seguir.
P10 – Anna de Araújo Pinto nasceu no lugar Fazenda Velha da
povoação de Moreno, município de Bananeiras aos 08/07/1912.
Faleceu ainda criança.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 97

Árvore dos Descendentes de


Napoleão de Araújo Pinto (P9) e
Maria Leopoldina Cordeiro Pinto

O jovem simpático e bem apessoado Napoleão era membro


da distinta e conceituada família Pinto de Bananeiras. Era o filho
caçula dentre seus irmãos. Nos tempos da mocidade, era comum
Napoleão visitar a casa do tio paterno João Fausto Pinto (o 1º), que
tinha residência no lugar Bacupary de
Bananeiras. João Fausto tinha boas
relações no lugar e como produtor
rural, comprava também dos pequenos
produtores da vizinhança a produção
de café e pimenta do reino.
Ocorre que um desses pequenos
produtores rurais era nosso bisavô
Antonio Cordeiro, morador no Sítio
Cumaty, naquelas proximidades.
Transitando por aquele ambiente
Napoleão não demoraria a conhecer
Maria Leopoldina (no convívio familiar
tratada por Lica), moça recatada e bem
criada, de princípios rígidos e de muitos predicados, por quem
Napoleão naturalmente demonstrou grande afeto e estima.
Com o aval do tio João Fausto, Napoleão passa a frequentar
o casarão dos Cordeiros e se enamora de Leopoldina. O relacio-
namento não era visto com bons olhos por nossa cuidadosa bisavó
Luisa, que almejava futuro bem mais promissor e digno para a
filha estudada.
Maria Leopoldina Freire Cordeiro era a terceira filha do ca-
sal Antonio Cordeiro da Costa (*1880-†22/06/1956) e Luísa Leo-
poldina Freire de Amorim (*24/04/1885-†05/09/1967), tendo
nascido no lugar Cumaty de Bananeiras aos 05/03/1905. Leopol-
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dina teve como avós paternos Francisco Cordeiro da Costa (*1846-


†04/11/1907) e Maria José da Conceição (*1843-†08/03/1883).
Foram seus avós maternos Antonio Freire de Amorim (*1851-†?) e
Ignácia Maria da Conceição (*1860-†?).
Depois de certo período de namoro Napoleão viria a se ca-
sar com Leopoldina aos 29/11/1933. A cerimônia foi realizada
pelo vigário José Pereira Diniz em Oratório privado, em casa dos
pais da noiva, no Sítio Cumaty de Bananeiras. Serviram de teste-
munhas Francisco de Araújo Pinto e Macilon da Costa Pinto, con-
forme estava transcrito no Termo 264, fls. 17 v e 18, Livro 11 do
arquivo paroquial de Bananeiras.
O início da vida conjugal ocorreu ainda na casa dos sogros,
por onde o casal permaneceu poucos meses. Em seguida Napoleão
e Leopoldina transferem-se para as terras herdadas por ele no Dis-
trito de Moreno. Ali viveram inicialmente no lugar Olho D’Água
Seco, quando nasceram os primeiros filhos. Algum tempo depois
passariam a residir nos lugares Vidal e Vidéu, aonde a família se
completou.
Passados muitos anos, após o casamento da última filha,
em 1977, o casal passaria a residir no centro de Solânea, à Rua
Leôncio Costa, nº 237, numa casinha aconchegante, circundada por
fruteiras e variados canteiros de flores, nas proximidades de nossa
casa, onde desfrutamos ao lado deles os melhores momentos de
nossa infância. Ali viveram uma velhice feliz, rodeados pelos fi-
lhos e netos.
Napoleão e Leopoldina foram os pais de:

H1 – José de Araújo Pinto nasceu em Bana-


neiras (*20/08/1935); foi batizado na Matriz
de Serraria pelo Cônego Pedro Cardoso a
01/10/1935. Casou-se no Rio de Janeiro aos
27/05/1967 com Marileide Teixeira Pinto,
filha de. Residiu no Rio de Janeiro, tendo fale-
cido aos 22/04/2018. Deles houve 2 filhos e já
há descendência de netos.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 99

H2 – EDINALDO CORDEIRO PINTO


nasceu no lugar Olho D’Água Seco do
Distrito de Paz de Moreno (*30/08/1936);
foi batizado em Moreno pelo vigário José
Pereira Diniz, tendo por padrinhos Fran-
cisco Freire Cordeiro e Thereza Christina
de Araújo Pinto. Casou-se na Matriz de
Serraria aos 25/02/1960 com AURORA
GOMES PINTO (*14/05/1942), filha de
José Batista de Araújo e Severina Gomes
de Lima, nascida no município de Serra-
ria. São residentes em Solânea. São os pais
do autor dessas notas (Ver árvore dos des-
cendentes do casal adiante).
H3 – Vanildo Cordeiro Pinto nasceu no
Distrito de Paz de Moreno (*11/03/1938 -
†30/11/2005); foi batizado na Capela de
Moreno pelo vigário José Pereira Diniz aos
03/04/1938, tendo por padrinhos Francisco
de Araújo Pinto e Anna Edith Fausto Pinto.
Casou-se na Matriz de Solânea aos
11/06/1959 com Maria Jacinta da Costa
Palma. Deles houve descendência de 17 fi-
lhos, basicamente residentes em Solânea.
H4 – Maria Lúcia Cordeiro Pinto nasceu na
Vila de Moreno (*31/12/1939); foi batizada
na Matriz de Bananeiras pelo vigário José
Pereira Diniz aos 27/01/1940, tendo por pa-
drinhos Pedro Augusto de Almeida e Maria
Eulina Rocha Almeida. Casou-se na Matriz de
Solânea aos 23/10/1961 com Israel da Costa
Prudêncio. São residentes em Solânea e gera-
ram pelo menos 15 filhos, dos quais sobrevi-
veram 12.
100 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

H5 – Maria Zélia Cordeiro Pinto nasceu na


Vila de Moreno (*03/08/1941); foi batizada na
Capela de Moreno pelo vigário José Pereira
Diniz aos 21/09/1941. Casou-se em Solânea
aos 19/09/1973 com Aderito Gomes. São resi-
dentes em Santo Antonio Descoberto – GO.
Deles houve de 4 filhos.
H6 – Maria Estela Cor-
deiro Pinto nasceu na Vila
de Moreno (*13/10/1942);
foi batizada na Capela de Moreno pelo vigário
José Pereira Diniz aos 04/11/1942. Casou-se
na Matriz de Solânea aos 08/01/1977 com João
Batista Gomes, Residem em Brasília – DF. Do
casal houve 3 filhos que prosseguem com a
descendência.
H7 – Antonio Cordeiro Pinto nasceu na
Vila de Moreno (*10/12/1944); foi batizado
na Capela de Moreno pelo vigário José Pe-
reira Diniz aos 02/01/1945. Casou-se na
Matriz de Solânea aos 08/11/1970 com Auta
dos Anjos. Residem em Solânea. Desse con-
sórcio houve descen-
dência de 6 filhos.
H8 – Luiz Cordeiro
Pinto nasceu na Vila de
Moreno (*18/05/1946); foi batizado na Igreja
de Moreno pelo vigário José Pereira Diniz aos
02/06/1946. Casou-se na Matriz de Solânea
aos 27/04/1974 com Geni da Costa Maranhão
Pinto (*01/04/1949), filha de Júlio da Costa
Maranhão e Zeferina Hortêncio da Cruz. O
casal reside em Solânea e deles houve des-
cendência de 04 filhos.
H9 – Maria Gisélia Cordeiro Pinto nasceu na Vila de Solânea
(*02/08/1947-†14/05/1948); foi batizada na Igreja de Moreno pelo
vigário José Pereira Diniz. Falecida ainda criança.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 101

Árvore dos Descendentes de


Edinaldo Cordeiro Pinto (H2) e
Aurora Gomes Pinto

Em 1956, após
passagem por Mosso-
ró, Edinaldo regressa
para Solânea, onde
trabalharia com o Sr.
Júlio Gayão, famoso e
próspero comerciante
varejista, cujos empre-
endimentos se locali-
zavam no Bairro da
Soécia, que se encon-
trava em franca expansão. Naqueles fins de 1956 Edinaldo partici-
pa das tradicionais festas de final de ano em Serraria, onde conhe-
ce a jovem Aurora Gomes Pinto, nascida em Serraria aos
14/05/1942, com quem iniciou namoro. No entanto, a permanên-
cia por Solânea seria curta, tendo em vista as dificuldades de se
readaptar à vida pacata e de poucas oportunidades do interior.
Já no ano de 1957 viaja para o Rio de Janeiro, onde pôde
colher melhores resultados trabalhando no comércio formal. O
namoro com Aurora, mesmo à distância, perduraria por mais de 3
anos, culminando com o casamento que ocorreria aos 25/02/1960
na Matriz de Serraria, em cerimônia realizada pelo Padre Cornélio
Farias Belo. Após o casamento foram residir em Solânea, instalan-
do-se ali com comércio, onde permanecem até os dias atuais.
Aurora é a filha primogênita do casal José Batista de Araú-
jo (*09/08/1918–†22/10/2000) e Severina Gomes de Lima
(*15/07/1921–†23/09/1956), pertencendo a uma irmandade de 9,
dos quais sobreviveram 4. São seus avós paternos João Batista
102 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Moreira da Silveira (*02/08/1875–†02/12/1949) e Aurora Cle-


mentina de Araújo Moreira (*15/03/1886–†25/04/1923). Os bisa-
vós paternos, pais de João Batista, foram Manoel Moreira da Sil-
veira (*?–†1879) e Maria Manoela de Jesus (*1833–†15/07/1905),
residentes no lugar Covão, do Termo de Bananeiras. Por sua vez,
Aurora Clementina teve como pais Antonio de Araújo e Silva e
Clementina Virgulina Brasileira (senhores do Engenho Sipaúba
em Serraria).
Pelo lado materno, são avós de Aurora, Benedito Gomes
de Lima (*10/01/1869–†17/09/1955) e Theodora Florinda da Pie-
dade (*10/11/1898–†05/06/1993). Benedito era filho de Martinia-
no Gomes Caldeira e Josepha Maria da Conceição Lima (*1834–
†05/04/1919), enquanto Theodora teve como pais José Maria Al-
ves Cavalcante (*1869-†16/10/1956) e Florinda Maria da Piedade
(*1879-†05/10/1953), moradores no lugar Gruta Funda.
Tendo prematuramente perdido a mãe, Aurora assumiu
aos 14 anos a responsabilidade da criação dos irmãos menores e
desse modo praticamente não conheceu a infância, tendo poucas
oportunidades para estudar. Cedo, ela e os irmãos tiveram que
vivenciar a experiência de se tornarem adultos antes do tempo. Os
tios e tias maternos tiveram grande participação na vida da família
e na educação dos sobrinhos, lhes transmitindo os melhores valo-
res morais.
Da união de Edinaldo e Aurora houve a seguinte sucessão:
Hp1 – Tereza Cristina Gomes Pinto nasceu em Solânea, sendo
batizada na Igreja Matriz daquela cidade. É Licenciada em Estudos
Sociais. É funcionária pública; viúva e sem descendência. Reside
em Solânea.
Hp2 – Eliane Gomes Pinto nasceu em Solânea, onde foi batizada.
É Licenciada em História pela UEPB e atua como funcionária pú-
blica estadual. É divorciada. Dela houve dois filhos de dois relaci-
onamentos.
O1 - Marcus Fábio da Costa Lyra Júnior. Nascido em Ba-
naneiras. É estudante universitário.
O2 – Edinaldo Neto nasceu em Solânea. É estudante.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 103

Hp3 – Francisco de Assis Gomes Pinto nasceu em Solânea. Casou-


se com Maria José Macedo. Residem em Solânea. São os pais de:
O3 – Suelen Macedo Pinto.
O4 – Laiza Macedo Pinto.
Hp4 – Selma Maria Gomes Pinto Rocha nasceu em Solânea, onde
foi batizada. Casou-se na Matriz de Bananeiras no ano de
25/02/1984 com Severino Carlos Rocha, filho de Josimar Rocha e
Maria Ivete Cordeiro Rocha. É funcionária pública, residente em
Solânea. Desse consórcio houve os filhos:
O5 – Josy Karlla Pinto Rocha de Lima nasceu em Bananei-
ras. É Licenciada em Ciências Agrárias pela UFPB. Casou-
se em Bananeiras com Matheus Ramalho de Lima e atual-
mente são residentes em Itabuna – BA. Pais de:
E1 – Matheus Ramalho de Lima Filho nasceu em
Campina Grande. É estudante.
O6 – Anne Karoline Pinto Rocha nasceu em Campina
Grande. Foi batizada na Matriz de Solânea. É estudante de
Psicologia pela UFPB.
Hp5 – Edivaldo Gomes Pinto nasceu em Solânea, sendo batizado
na Matriz do mesmo lugar. Casou-se com Magna Gomes Morais e
são residentes em Solânea. Deles são filhos:
O7 – Magno Levy Gomes Pinto nasceu em Solânea. Casou-
se na Matriz de Bananeiras com Luciene Andrade aos
17/06/2017.
O8 – Edivaldo Gomes Pinto Júnior nasceu em Solânea. Ca-
sou-se com Letícia B. Zandomingo aos 21/01/2017. São
pais de:
E2 – Bernardo nasceu em Nova Friburgo – RJ.
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Hp6 – EDINALDO CORDEI-


RO PINTO JÚNIOR nasceu
em Bananeiras e foi batizado
na Matriz de Solânea, tendo
por padrinhos Jacob Soares
Pereira e Warnete Bandeira da
Silva Soares. É historiador,
pesquisador, Licenciado em
História pela UEPB, Bacharel
em Administração pela UFPB,
Especialista em Educação pela
UEPB. Atualmente é Funcioná-
rio Público, residente em Solânea, sócio efetivo do IPGH – Institu-
to Paraibano de Genealogia e Heráldica, autor deste apanhado
genealógico.
Hp7 – Arionaldo Gomes Pinto nasceu em Bananeiras e foi batiza-
do na Matriz de Solânea. Casou-se com Maria Luciana da Costa
Pinto. Residentes em Solânea. Descendência do casal:
O9 – Ana Kalline Costa Pinto nasceu em Solânea. É estu-
dante universitária.
O10 – André Luigi Costa Pinto nasceu em Campina Gran-
de. É estudante.
Hp8 – Simone Gomes Pinto Ramos nasceu em Solânea, foi bati-
zada na Matriz de Solânea. Foram seus padrinhos Francisco de
Assis Freitas e Anedite de Almeida Freitas. Casou-se na Igreja Ma-
triz de Solânea aos 06/03/1999 com José Paulo Galdino Ramos,
filho de João Galdino Ramos e Maria do Livramento Monteiro. É
Licenciada em Letras pela UEPB. Deles não há descendência.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 105

O Autor e os primos Socorro Galvão


e Salatiel Costa na Matriz de Acari

O Autor e seus pais


Aurora e Edinaldo

O Autor na sacada do antigo casa-


rão dos bisavós em Acari, atual-
mente pertentence à Família Braz
106 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

REFERÊNCIAS

ARQUIVO ECLESIÁSTICO DE ACARI. Paróquia N. S. da Guia. Livros


de Batismos, Casamentos e Óbitos. Acari – RN.
ARQUIVO ECLESIÁSTICO DE BANANEIRAS. Paróquia N. S. do Livramento.
Livros de Batismos, Casamentos e Óbitos. Bananeiras – PB.
ARQUIVO ECLESIÁSTICO DE CAICÓ. Paróquia de Senhora Sant’Ana. Livros
de Batismos, Casamentos e Óbitos. Caicó – RN.
ARQUIVO ECLESIÁSTICO DE CURRAIS NOVOS. Paróquia de Senhora
Sant’Ana. Livros de Batismos, Casamentos e Óbitos. Currais Novos –
RN.
BASTOS, Sebastião de Azevedo. No Roteiro dos Azevedo e Outras Fa-
mílias do Nordeste. João Pessoa: Gráfica Comercial Ltda., 1954.
Bíblia Sagrada. Edição Pastoral. São Paulo: Edições Paulinas, 1990.
CARTÓRIO DO REGISTRO CIVIL DE BANANEIRAS, Livros de Nasci-
mentos, Casamentos e Óbitos. Bananeiras – PB.
CARTÓRIO DO REGISTRO CIVIL DE ACARI, Livros de Nascimentos,
Casamentos e Óbitos. Acari – RN.
COSTA, Sinval. Os Álvares do Seridó e suas ramificações. Recife: Ed. do
Autor, 1999.
FERNANDES, José Pires; BEZERRA, Luiz G. M. Relembrando o Passa-
do. Rio de Janeiro: Zoomgraf-K, 1986.
GOMES, José Bezerra. Retrospecção da Vida do Presidente Tomás de
Araújo Pereira. Natal: Clima: 1981.
___________________. Sinopse do Município de Currais Novos. Natal:
Fundação José Augusto, 1975. p. 32 (Monografia Ilustrada).
MEDEIROS, Olavo de. Velhas Famílias do Seridó. Brasília: Gráfica do
Senado, 1981.
___________________. Velhos Inventários do Seridó. Brasília: Gráfica do
Senado, 1983.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 107

MEDEIROS, Bianor. Paróquia de Acari: 150 anos. Natal: Fundação José


Augusto, 1985, p.17.
MEDEIROS, José Bezerra de. Famílias Seridoenses. Vol. I. Rio de Janeiro:
Irmãos Pongetti Editores, 1940.
PINTO, Luís. Um Peregrino da Fé. Rio de Janeiro: Minerva, 1965.
TAVARES, João de Lyra. Apontamentos para a História Territorial da
Paraíba, vol. I. Imprensa Oficial, Paraíba, 1910.
TOSTES, Vera Bottrel. Princípios da Heráldica. Petrópolis: Fundação
Mudes, 1983.
Periódicos:
Jornal “A REPÚBLICA”. Ano XIV, Seção Municípios. Edição nº 132. Natal,
27/06/1902.
108 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

ALCIDES VIEIRA CARNEIRO


RAÍZES PRINCESENSES

Francisco de Carvalho Florêncio1

objetivo deste trabalho é trazer à luz os dados biográficos

O
e genealógicos relativos às origens princesenses de Alci-
des Vieira Carneiro, servindo para completar sua biogra-
fia e reforçar a referência orgulhosa que lhe fazem seus
conterrâneos. Alcides Vieira Carneiro nasceu em 11 de
junho de 1906, na então Vila da Princesa, hoje cidade de
Princesa Isabel, no alto sertão
paraibano. Na bibliografia
relativa a esta importante fi-
gura paraibana, é fartamente
registrado sua naturalidade
princesense e bem destacada
sua descendência pelo lado
paterno, da família Carneiro,
oriunda da região de Catolé
do Rocha, Paraíba. Aliado ao
fato de que Alcides Carneiro
deixou sua vila natal quando
ainda tinha 11 anos, e tendo
feito sua longa carreira no Rio
de Janeiro, então Capital Fede-
ral, foi pouco registrado – ape-

1 Francisco é princesense, engenheiro e pesquisador da história do Muni-


cípio de Princesa Isabel – PB. Sócio Correspondente do Instituto Paraiba-
no de Genealogia e Heráldica – IPGH.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 109

sar de fartamente aclamada – suas origens princesenses. Cobrir


esta lacuna, é o propósito deste trabalho.

AS ORIGENS - VILA DA PRINCESA (de 1906 a 1917.)

Quando Alcides nasceu em 1906, a pequena Vila da Prince-


sa (nome dado em homenagem à Princesa Isabel, a Redentora), era
um pequeno burgo, situado sobre a Serra da Borborema, no ex-
tremo ocidental do Estado da Paraíba, na sua fronteira sul com o
Estado de Pernambuco. Naquele ano, já eram transcorridos 50
anos da sua fundação e 30 da sua autonomia administrativa
e política, separada da antiga Vila de Santo Antonio do Piancó, a
que esteve atrelada desde as origens. Sua economia desenvolvera-
se com o ciclo do algodão, e tornara-se centro atrativo para negoci-
antes e prestadores de serviço diversos, que lá íam em busca de
lucros e simples sobrevivência. Contava então com 215 casas, dis-
tribuídas em doze ruas, duas escolas públicas primárias, uma mas-
culina e outra feminina. A escola masculina com 79 alunos, era
dirigida pelo Prof. Adriano Feitosa Cavalcanti (vide foto 2), um ex-
aluno do famoso Colégio do Padre Rolim, em Cajazeiras, Paraíba.
Contava ainda com dois açudes públicos, cadeia, cartórios civil e
judicial, e uma igreja matriz dedicada á padroeira N. Sra do Bom
Conselho. A população na Vila era de 1500 almas. As famílias de
então, eram originárias em sua maior parte do vizinho Estado de
Pernambuco, e as demais vindas das cidades vizinhas da Paraíba e
do Ceará. O fluxo migratório, como nas demais vilas do sertão,
era determinado pelo interesse no comércio local ou por atração de
familiares já na vila instalados. Era Comarca em 1900, a qual foi
suprimida em 1905, e que só foi restaurada em 1915. Foi nesse flu-
xo, que lá aportou o pai de Alcides Carneiro, no final do século 19.
Estes dados permitem situar o ambiente no período em que Alci-
des viveu na sua vila natal, entre 1906 e 1917.
110 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

GENEALOGIA – DADOS BIOGRÁFICOS

A) RAMO PATERNO – FAMÍLIA CARNEIRO (ref.1)


ALCIDES VIEIRA CARNEIRO foi o segundo filho do ca-
sal VICENTE VIEIRA CARNEIRO e MARIA ROZENDA DE
AZEVEDO DUARTE.
PAI
VICENTE VIEIRA CARNEIRO – nasceu em Riacho dos
Cavalos, então pertencente ao município de Catolé do Rocha
(PB), em 3 de Setembro de 1884. Atuou na Vila da Princesa
como Advogado Provisionado (Rábula), Promotor Público e
comerciante. Faleceu em 31 de março de 1940, em Fortaleza -
CE.
AVÓS PATERNOS – Ramo Carneiro
Pais de Vicente Vieira Carneiro
JOSÉ VIEIRA CARNEIRO (Zé Mago) (1842 – 1916) e de
MARIA ALEXANDRINA (Madrinha Velha) (1844 – 1934), que
eram primos legítimos. A família Vieira Carneiro, tem suas raí-
zes fincadas no Sitio Caatinga dos Andrade, que faz parte do
município de Riacho dos Cavalos, antigo Distrito de Catolé do
Rocha (PB), e no Sitio Micaela, no município de Lagoa, ex-
Distrito de Pombal (PB).
BISAVÓS PATERNOS – Ramo Carneiro e Souza
Pais de José Vieira Carneiro
MANOEL VIEIRA CARNEIRO casado com ANTONIA
MARIA DE JESUS.
Pais de Maria Alexandrina
JOSÉ TAVARES DE SOUZA casado com ALEXANDRI-
NA MARIA DA CONCEIÇÃO.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 111

B) RAMO MATERNO (PRINCESENSE) – Famílias Azevedo,


Duarte, Antes, Cavalcanti.
MÃE
MARIA ROZENDA DE AZEVEDO DUARTE (Maroqui-
nha). Nascida na Vila da Princesa em 23-03-1889.
AVÓS MATERNOS
Pais de Maria Rozendade Azevedo Duarte
FRANCISCO DAS CHAGAS AZEVEDO, natural de São
Caetano, PE, casado com MARIA EMILIA ANTES DUARTE
(N - 1870 – F - 01-01-1902).
A família AZEVEDO, instalada em Princesa, tem origem
na região da Grande Pombal, nela incluída a de Catolé do Ro-
cha – PB. Não foram ainda encontradas as indicações de quan-
do membros dessa família chegaram à região de Princesa Isa-
bel.
A família DUARTE está presente em Princesa Isabel, desde
os primeiros anos da sua fundação em 1858. Seu patriarca foi o
português JOAQUIM RODRIGUES DUARTE, originário da
região de Viseu – Braga em Portugal.

BISAVÓS MATERNOS – Ramos Azevedo, Duarte e Antes


Pais de Francisco das Chagas Azevedo
JOSÉ DOMINGOS DE AZEVEDO casado com MARIA
CORDOLINA DE AZEVEDO;
Pais de Maria Emília Antes Duarte
JOAQUIM RODRIGUES DUARTE (português, negocian-
te de algodão, nascido em 1840 na povoação de Sequeiros, do
termo de São Pedro do Sul, Bispado de Vizeu. Faleceu em 1905
na Vila da Princesa. Casado com ROZENDA MARIA DA SO-
LEDADE (ANTES). (Nasc: 1854 - Falec. 06-02-1887).
TRISAVÓS MATERNOS – Ramos Duarte e Antes
Pais de Joaquim Rodrigues Duarte
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ANTONIO RODRIGUES casado com MARIA JOAQUI-


NA DUARTE. Portugueses.
Pais de Rosenda Maria da Soledade (Antes)
JOÃO ANTES PROSTANTE (Patriarca da família ANTES
em Princesa Isabel. Natural de Catolé do Rocha- PB. Nasc: 1811
- Falec em 05-10-1881). Casado com FRANCELINA MARIA
DE SANTANA. Nascida em Triunfo – PE. Faleceu em 04-05-
1875, na Vila da Princesa.
TETRAVÓS MATERNOS – Ramo Cavalcanti
Pais de Francelina Maria de Santana (Cavalcanti)
ANTONIO GOMES DA CUNHA casado com MARIA DE
SANTANA CAVALCANTI. Falecida em 18-03-1874. Ambos
Naturais de Triunfo – PE.
PENTAVÓS MATERNOS – Ramo Cavalcanti
Pais de Maria de Santana Cavalcanti:
JOSÉ DE ARAÚJO CAVALCANTI, e esposa do primeiro
matrimônio – nome não conhecido – família Melo - Pernambu-
co).
Um dos primeiros sesmeiros e desbravadores da região de
Princesa Isabel. Foi casado em segundas núpcias com NATA-
LIA MARIA DO ESPÍRITO SANTO, dona da Fazenda Perdi-
ção, onde se fundou em 1858 a povoação que deu origem à fu-
tura cidade de Princesa Isabel. Faleceu em 1836.
HEXAVÓS MATERNOS – Ramo Cavalcanti
Pais de José de Araujo Cavalcanti
LOURENÇO DE BRITO CORREIA casado com CATA-
RINA DE BARROS CAVALCANTI.
Primeiro desbravador registrado da região de Princesa Isa-
bel. Viveu no Sitio Escorregadinha, local próximo à cidade de
Princesa Isabel. Requereu a primeira sesmaria que deu início a
ocupação territorial da região, em 1766. Descendente das famí-
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 113

lias baianas que ocuparam o sertão nordestino junto com os


exploradores da Casa da Torre. Faleceu em 1806.

(C) CONCLUSÃO

Com esta pequena nota genealógica podemos afirmar e


demonstrar, que ALCIDES VIEIRA CARNEIRO, é princesen-
se, não só por naturalidade, mas também, por ter no sangue os
genes das primeiras famílias que em Princesa Isabel aportaram
há 252 anos atrás. E completando, formou também seu corpo
físico, bebendo das águas, e alimentando-se dos frutos que por
séculos tornam os princesenses o que são: antes de tudo, uns
fortes. E os primeiros 11 anos vividos em Princesa Isabel, edu-
cado nas primeiras letras junto com seus conterrâneos, torna-
ram também seu espírito igual ao dos princesenses: inteligen-
tes, talentosos, e de caráter, indomáveis. E levemente imodes-
tos.

REFERÊNCIAS

(1) Carneiro, Joaquim Osterne; Alcides Vieira Carneiro: o


inesquecível orador poeta das multidões e dos salões.
Ed. A União. João Pessoa - PB -2006.
(2) ______________ – Os Carneiros do Sertão da Paraiba e
de Outras Terras – Aspectos Históricos, Políticos, Ge-
nealógicos. Gráfica Mercado. João Pessoa – PB, 2004.
(3) Carneiro, Alcides Vieira. – Ao Longo da Vida. 2ª Ed. Re-
vista e Aumentada. Gráfica JB. João Pessoa-PB, 2001
(4) Registros Eclesiais e Cartoriais de Princesa Isabel, Flores
(PE), Triunfo (PE)
(5) Florencio, Francisco de C. – blog historiadeprince-
sapb.blogspot.com.
114 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

D) ICONOGRAFIA PRINCESENSE DE ALCIDES V.


CARNEIRO

1-Antiga Matriz de Princesa, onde Alcides foi


batizado em 1906.

2-Escola Primária do
Prof Adriano Feitosa
(dir.), e os alunos
Alcides (1º esq.) e seu
irmão Manoel Vieira
Carneiro. 1916
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 115

3 - Alcides e o seu padrinho de


batismo, o lendário princesense
“coronel” Zé Pereira – 1949.
Revista O Cruzeiro.

4- Alcides (2º esq


p/dir), com seus
conterrâneos, em
campanha política.
Princesa, 1954.
116 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

LEON CLEROT: UM SER MÚLTIPLO EM TERRA TABAJARA


SUA PROLE – AUMENTADO E ATUALIZADO
Maria do Socorro Xavier1

L
eon Francisco Rodrigues Clerot, carioca, nascido em No-
va Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, em 14 de julho de
1889 e falecido em 5 de dezembro de 1967, em João Pes-
soa, Paraíba.
Filho de Leon Felipe Clerot (francês, de Paris) e de Leo-
cádia Melquiades Rodriguez Clerot (espanhola, de Albacete).
Este casal só teve três filhos: Leon Francisco Rodriguez
Clerot e mais dois irmãos seus que
faleceram na infância (em tratamen-
to na Suíça).
Seu pai, Leon Felipe Clerot
veio para o Brasil, residir em Nova
Friburgo, no Estado do Rio de Janei-
ro, a serviço, quando da implanta-
ção de estradas de ferro Central do
Brasil, naquele Estado.
Doutor Leon Francisco Ro-
driguez Clerot, formado pela Escola
de Geologia de Ouro Preto, Minas
Gerais e Engenheiro Civil pela Esco-
la Politécnica. Foi professor funda-
dor titular da antiga Faculdade de
Filosofia da Universidade Federal
da Paraíba, onde lecionou as Cadei-
ras de Geografia do Brasil, Etnografia e Etnosofia do Brasil.

1 Sócia Efetiva do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica.


Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 117

Após se formar em Engenharia, no Rio de Janeiro, traba-


lhou na Prefeitura dessa cidade como engenheiro. Foi sócio fun-
dador do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.
No Estado de Minas Gerais, ocupou os cargos de Enge-
nheiro da Prefeitura de Belo Horizonte, Capitão-Engenheiro da
Polícia Militar Mineira, professor da Escola de Agricultura de Pi-
nheiro e da Escola Superior de Arquitetura de Belo Horizonte.
Como se vê, aí também prestou relevantes serviços.

Estabelecendo-se em João Pessoa exerceu as funções de


Diretor do Centro Agrícola de Pindobal em Mamanguape, no pe-
ríodo de 1933 a 1937; Engenheiro da Prefeitura de João Pessoa e
Engenheiro do DER (Departamento de Estradas de Rodagens), de
1946 a 1960. Na Paraíba foi presidente do Centro Brasileiro de Ar-
queologia. Ao falecer exercia o cargo de diretor do Museu do Es-
tado do qual foi organizador e primeiro presidente. Sócio e Patro-
no da Cadeira 27 do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico Parai-
bano).
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Filatelista, em 1926 publicou Catálogo Histórico dos Sel-


los Postaes do Império e da República (1843-1925), pela Braz Li-
vraria Publicações com 168 páginas. Deixou uma das maiores cole-
ções filatélicas do País. Publicou trabalhos importantes sobre a
Paraíba: Vocabulário de termos populares e gíria da Paraíba, 1959; ela-
borou trabalhos sobre Estradas da Paraíba; zonas fisiográficas da
Paraíba; estabeleceu a divisão do Estado da Paraíba em zonas fisi-
ográficas; efetuou para o IBGE o levantamento topográfico de mui-
tos municípios; Os minérios da Paraíba (achegas para sua história 1964;
30 Anos na Paraíba (memórias corográficas e outras memórias), 1969 e
Speleologia da Paraíba.
Deixou inéditos Vocábulos da língua Tupi-Guarani incorpo-
rados ao idioma nacional com respectivas significações – temas geográfi-
cos, botânicos, zoológicos [mais de duas mil palavras]; Influências da
Radioatividade no Algodão Mocó e Tratado sobre material lítico na Para-
íba.
Enfim, Leon Clerot era filatelista, escritor, botânico, agrô-
nomo, geólogo, arqueólogo, paleontólogo, geógrafo, mineralogista,
projetista. Tendo as exercido plenamente em solo paraibano.
Nascido no Sudeste do Brasil, região serrana do Estado do
Rio de Janeiro, filho de europeus foi, no entanto, cidadão paraiba-
no dos mais atuantes; prestando relevantes serviços à Paraíba: 30
anos dedicados a pesquisa científica, ao estudo constante, tendo
ocupado diversos cargos administrativos, com competência e ho-
nestidade.
Poucos sabem que o Professor Leon Clerot comandou
tropas durante a Revolução de 30, pela Aliança Liberal.
Fundou um Museu Científico, de sua iniciativa pessoal,
qual acervo, proveniente de pesquisas de campo, que desenvolveu
em toda Paraíba, cujas ilustrações das lâminas encontram-se no
importante livro 30 Anos na Paraíba.
Este Museu funcionou primeiramente no Instituto Histó-
rico e Geográfico Paraibano, do qual Leon Clerot era membro, de-
pois foi deslocado para a Igreja de São Francisco e depois voltou
para o Instituto.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 119

Sobre o Museu do Estado, o cientista Leon Francisco Cle-


rot deu este depoimento: “O Museu do Estado deveria ter como
obrigação precípua a fiscalização das desobstruções dos “tanques”
e a necessária verba para colaborar com os proprietários ou, quan-
do menos, para orientar o trabalho de modo a salvaguardar o ma-
terial paleontológico retirado que nas condições atuais se perde
para todo o sempre. Mas, o Museu só dispõe das verbas estrita-
mente necessárias para manter-se em situação burocraticamente
estática”.
Na obra a seguir, Dr. Leon Clerot pode demonstrar suas
qualidades excepcionais de cientista e pesquisador no Estado da
Paraíba e o exerceu utilizando-se das ferramentas do mister cientí-
fico, com tenacidade, e amor a esta terra. Um amor não de pala-
vras, mas através da ação
Sua obra “30 Anos na Paraíba” é um livro de caráter cientí-
fico, fruto de uma pesquisa e classificação de 25 anos, nas áreas de
Antropologia, Etnografia, Arqueologia, Paleontologia, instrumen-
tos líticos indígenas da Paraíba [com ilustrações] zonas fisiográfi-
cas da Paraíba, reservas florestais etc. Traz no final do livro, das
páginas 139 a 151, uma toponímia paraibana de origem tupi.
O livro é um relato científico significativo para estudiosos
da corografia paraibana e afins. Assim o autor apresentou, no iní-
cio do livro, sua obra: “os métodos de investigação científica não
admitem sofreguidão que nos levem a aceitar como definitivas
quaisquer conclusões apriorísticas baseadas em suposições apa-
rentemente razoáveis em vez de provas materiais concretas que
confirmem a evidência dos fatos. Se o presente livro servir como
catalisador para estimular vocações latentes e, como consequência,
pesquisadores mais credenciados a tomarem a direção desses es-
tudos na Paraíba, teremos conseguido um objetivo útil e esse terá
sido o seu único mérito”.
Sua obra Vocabulário de termos populares e Gírias da Paraíba
em 1959; foi pioneira nesta modalidade na Paraíba; depois em 1979
o pesquisador paraibano Átila Almeida edita um Dicionário Popu-
lar Paraibano.
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O professor Clerot, como era assim conhecido, foi ainda,


sócio honorário e efetivo de diversos institutos científicos nacio-
nais e estrangeiros. Sócio correspondente do Museu de Copenha-
gue; ex-presidente da Sociedade Filatélica Brasiliense. Em 1996, a
professora e pesquisadora da UFPE, a espanhola Gabriela Martin
Ávila, citou-o no seu importante livro: “Pré-História no Nordeste”.
Recentemente, dia 11 de setembro de 2007 houve uma
homenagem ao Professor Leon Clerot pela Sociedade Paraibana de
Arqueologia, tendo ocorrido na sede do Instituto Histórico e Geo-
gráfico Paraibano, onde alguns pesquisadores na área fizeram
homenagem ao arqueólogo e falaram sobre o andamento de suas
pesquisas. Na ocasião uma revelação, a genealogista e poeta Wal-
dice Mendonça Porto, amiga do Professor Clerot em tempos idos,
guardara um belo poema épico de autoria do estudioso, agora po-
eta, intitulado “Caturité - a lenda de Potira”; neste poema é narrada
poeticamente a saga de Caturité e de sua filha Potira, quando da
conquista de Campina Grande por Teodósio de Oliveira Ledo. Este
poema foi publicado em folheto pelos pesquisadores da Sociedade
Paraibana de Arqueologia, pesquisadores Vanderley de Brito e
Thomas Bruno Oliveira.
Waldice leu para o auditório, qual perplexidade geral,
pois só o tinham como cientista e eis qual ineditismo do momento,
é mostrado o lado poético de Leon Clerot. Além da erudição cien-
tífica, poliglota, polivalente, poeta. Conhecia e falava os idiomas
Francês, Espanhol, Alemão, Latim, Esperanto e Tupi-guarani.
Há uma Rua na cidade de Santa Rita em Homenagem ao
professor Leon Clerot e a Dona Luzia Clerot.
Leon Clerot excêntrico sem ser pedante, tinha o hábito de
fumar cachimbo, em suas viagens de pesquisas de campo adentra-
va-se por diversas zonas fisiográficas da Paraíba, a procura de
constatar ou não a ocorrência de minérios, junto com a equipe de
prospecção, muitos encontrados (ferro, ouro, fosforita, tungstênio,
titânio, alumínio, magnésio, tório, urânio, estanho, limonita, már-
more, cassiterita, berilo, chumbo, carvão mineral, cobre, tantalita e
tantos outros).
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 121

Metade da década de 1920, 30, 40 e 50 realizou pesquisas


científicas in locu, descobrindo grande parte dos sítios arqueológi-
cos na Paraíba.
Tudo que pesquisou há décadas atrás, afirmou e previu
tem atualidade na Paraíba. Hoje a Paraíba seria mais rica, se tives-
se equacionado em forma de exploração sistematizada, racional as
descobertas de Leon Clerot. Imensas reservas minerais! Poderia ter
gerado tanto emprego e renda.
Este foi o estudioso e pesquisador Leon Clerot - super do-
tado, sua casa repleta de livros, de espécimes de minérios da Para-
íba, objetos e peças de arte raros. Simplicidade sem ser simplório;
no entanto era um cidadão amistoso e sensível, autêntico, singular.
Desprendido para os valores superficiais do consumismo capitalis-
ta; seus códigos de referência apontavam para o universo científi-
co, da investigação e da pesquisa incansável. Sua visão socialista
de mundo levou-o a estudar o homem em seu habitat, seus estu-
dos antropológicos, etnográficos e afins.
Do seu livro 30 Anos na Paraíba sobre os minérios, e, onde
ele observa em suas andanças de estudos, o comportamento e cu-
riosidade do sertanejo: “A sagacidade do sertanejo, herança prin-
cipalmente dos seus ancestrais indígenas, levou-o à descoberta de
pedras diferentes das comuns pela cor e densidade, revelando a
existência de minérios úteis e valiosos e, em pouco tempo, os téc-
nicos consideravam esta vasta região do Nordeste como zona de
grandes possibilidades”. (p. 29)
Leon Clerot, há mais de três décadas atrás previu que a
falésia do Cabo Branco estava fadada a desaparecer; até hoje o
problema continua. (Em páginas seguintes transcrevemos o artigo,
no qual ele aborda o problema).
Vivia sem exibições, nem luxo, só boa alimentação e as ri-
quezas do espírito, da ciência, cultura, da arte. O Conheci quando
ele residia numa casa antiga à Rua das Trincheiras, rodeado de
livros raros em várias línguas, objetos de arte, amostras líticas e
outras raridades.
Em 1946 em João Pessoa participa da instalação do Centro
de Artes Plásticas da Paraíba, ao lado de J. Lira, Olívio Pinto, Edé-
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sio Rangel, Odon Bezerra. Dr. Clerot era também exímio desenhis-
ta.
Seu filho José Luiz Clerot, ex Ministro e ex Deputado Fe-
deral, publicou de Leon Clerot no Ano de 2010, o Glossário Etimo-
lógico Tupi/Guarani com 514 páginas. Obra magnífica de funda-
mental importância para o conhecimento de termos geográficos,
geológicos, botânicos, zoológicos, históricos e folclóricos de origem
tupi-guarani incorporados do idioma nacional.
Leon Clerot possuía a simplicidade dos sábios! Sensibili-
dade humana. Ao lado da altivez de princípios, não se subestima-
va, nem calava ante desmandos e abusos. Às vezes ficava irritado.
O casal Leon Francisco Rodriguez Clerot e Luzia Clerot
foi amigo de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário, quando de sua
estada no Rio de Janeiro; acompanhou toda trajetória de calvário
dos dois. Leon Francisco Clerot chegou a ser preso, perseguido
pela sua ideologia comunista. Suas ideias avançadas, seus princí-
pios de justiça, igualdade e frugalidade, que procurou incutir nos
filhos, os quais herdaram seu senso de justiça social.
O Dr. Leon Francisco Clerot, Professor Clerot como era
conhecido, foi casado com a mineira, de Ubá, Dona Luzia Barbosa
Ramalho Clerot, mulher também culta, educada em bons educan-
dários do Rio de Janeiro. Fixou residência em João Pessoa na dé-
cada de 30 do século XX, tendo residido muito tempo às ruas:
Avenida Olinda ainda existindo a casa, na Praia de Tambaú; na
Praça da Independência número 123; Na Rua Almirante Barroso,
na Rua das Trincheiras número 69; também no centro da cidade. A
seguir esboçaremos árvore genealógica de sua ascendência e des-
cendência familiar.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 123

QUADRO GENEALÓGICO

ANTECEDENTES E DESCENDENTES DE
LEON FRANCISCO RODRIGUEZ CLEROT

Leon Francisco Rodriguez Clerot era filho de Leon Felipe


Clerot, francês, de Paris e de D. Leocádia Melquíades Rodriguez
Clerot, natural de Albacete, na Espanha. O dito casal teve, além de
Leon Francisco, mais três filhos:
Eduardo Pedro; Edmundo; Carlos Felipe.
LEON FRANCISCO RODRIGUEZ CLEROT casou-se
em primeiras núpcias com Ida Candom Clerot, e desse consórcio
houve os seguintes filhos:
F1. JULIETE PINHEIRO CLEROT BITTENCOURT. Casou-se
com Ângelo Pinheiro no Rio de Janeiro. Deles houve os filhos:
N1. Antônio Rogério
N2. Arnaldo
LEON FRANCISCO CLEROT – do segundo casamento
com Dona Luzia Barbosa Ramalho Clerot, teve os seguintes filhos:

F2. JOSÉ CARLOS RAMALHO CLEROT, nascido em 29.03.1929


em Belo Horizonte/MG. Engenheiro Civil e professor universitá-
rio da UFPB; casado com Nair Xavier Clerot, residente em João
Pessoa, falecido em 1999, deixando a seguinte prole:
N3. José Carlos Ramalho Clerot Filho, nascido aos
13.04.1960 em Campina Grande/PB. Graduado em Administração
de Empresas. Bancário. Foi casado com Karla Biermann com a qual
teve uma filha.
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B1. Renatha Biermannn Clerot, nascida a


15.05.1994. Médica. Reside em João Pessoa/PB.
N4. Carlos Augusto Xavier Clerot, nascido em 09.03.1965
em Campina Grande (PB). Assessor parlamentar na As-
sembleia Legislativa da Paraíba. Estilista.
Do Primeiro casamento com Sônia Delgado teve 02
filhos:
B2. Davi Delgado Clerot, nascido a 08.01.1985.
Graduado em Ciências da Computação. Mestrado
em C. da Computação.
B3. Bruno Delgado Clerot, nascido a 17.03.1990.
Odontólogo.
Do segundo casamento com Catarina de Sena Peixo-
to Clerot com a qual teve uma filha:
B4. Nair Peixoto Xavier Clerot, nascida a 23.11.1997.
Aprovada no Vestibular de Medicina em Julho de
2018. Todos residem em João Pessoa (PB).
N5. Carlos Felipe Xavier Clerot, nascido em 02.07.1969 em
Campina Grande/PB. Advogado, casado com Denise
Wortmann, residente em João Pessoa/PB.
Do primeiro casamento de Carlos Felipe Xavier Cle-
rot com Dra Jeane Camilo teve uma filha:
B5. Camila Thereza Camilo Clerot, nascida a
26.12.1992 em João Pessoa/PB. Médica.
Do segundo casamento de Carlos Felipe Xavier Cle-
rot com Denise Wortmann teve dois filhos:
B6. Carlos Felipe Wortmann Clerot, nascido a
14.01.2008 em João Pessoa/PB.
B7. Carlos Eduardo Wortmann Clerot, nascido a
14.03.2009 em João Pessoa/PB.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 125

N6. Antônio Carlos Albuquerque Clerot, residente em


Brasília-DF.
B8. Pedro Gustavo Morgado Clerot.
B9. Nicia Vieira Morgado Clerot.
N7. José Eduardo Albuquerque Clerot, residente em Brasí-
lia-DF.
Obs: Estes dois últimos são filhos de Odorina Albuquerque,
antes de José Carlos Ramalho Clerot casar com Nair.
B10. Aline Sandra Clerot
B11. João Victor Clerot
B12. Isabel Clerot
F3. LAÍS CLEROT MUNIZ, casada com o Professor Osmânio de
Brito Muniz, ambos falecidos, deixando prole:
N8. Pedro Martiniano Clerot Muniz de Brito, funcionário
público, casado com Valdeni Tolentino. Reside em João
Pessoa/PB. Do casal os filhos:
B13. Laís Tolentino Muniz Campos, nascida a
09.11.1983. Mestre em Comunicação Social.
B14. Larissa Tolentino Muniz, nascida a 18.05.1986
em João Pessoa/PB.
B15. Tiago Tolentino Muniz.
B16. Letícia Maria Vieira Muniz, nascida em
26.09.2008 em João Pessoa/PB. Obs: esta é filha de
outra genitora.

TRINETOS DE LEON CLEROT:


Filhos de Laís Tolentino Muniz e esposo e Netos de Pedro
Martiniano Clerot de Brito Muniz e Valdeni Tolentino.
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T1. João Almir Muniz Campos, nascido em


15.11.2012 em João Pessoa/PB.
T2. Maria Elisa Muniz Campos, nascida em
03.03.2017.
T3. Luiz Augusto de Jesus Muniz Campos,
nascido em 24.05.2018 em João Pessoa/PB.
N9. Ana Leontina Muniz de Paiva, graduada em pedago-
gia, casada com Ednaldo Paiva de Araújo Filho, residentes
em João Pessoa/PB.
B17. Abraão Lucas Dias Clerot Muniz de Paiva,
nascido em 06.09.1995 em João Pessoa/PB.
F4. LUIZ CARLOS CLEROT, médico, casado com Maria Zélia
Pinheiro Clerot, paraibana de João Pessoa, radicados em Cruz Al-
ta/RS, ele falecido; deixou os seguintes filhos:
N10. Lídia Luzia Clerot – 40 anos.
N11. Luiz Carlos Pinheiro Clerot – 37 anos.
A viúva e filhos continuam residindo no RS, em Canoas-
RS.
F5. PEDRO PAULO CLEROT, funcionário público, casado com
Nataline Regis, paraibana de Guarabira, residente em João Pessoa,
falecido em 2004, deixando os filhos:
N12. Leon Francisco Clerot Neto, casado com Patrícia Bar-
reto Clerot. Formado em Administração de Empresa; 01 fi-
lho – reside em João Pessoa-PB.
N13. Ana Paula Barbosa Clerot, divorciada, 01 filha.
Obs: A mãe de Ana Paula é Margarete de Oliveira, residen-
te em João Pessoa-PB.
B18. Leonardo Barreto Clerot - 13 anos. Filho de
Leon Francisco Clerot Neto e Patrícia Barreto Clerot.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 127

B19. Ana Luzia Clerot Maia – 18 anos - Filha de


Ana Paula Barbosa Clerot e André Gianne Maia Sil-
va.
F6. JOSÉ LUIZ CLEROT, nascido em Mamanguape (PB) em
09.03.1936. Falecido em Brasília em 17 de Abril de 2018. Foi advo-
gado brilhante; Ministro do Supremo Tribunal Militar, atuante
deputado federal pela Paraíba, casado com Heloisa Martins Clerot,
mineira de Belo Horizonte, reside em Brasília, com a seguinte pro-
le:
N14. Verônica Martins Clerot, nascida a 12.06.1961. Soltei-
ra, formada em Direito e Psicologia. Reside em Brasília/DF.
N15. Luciana Martins Clerot, nascida a 13.04.1964. For-
mou-se em Comunicação Social e Educação Física. Reside
em Brasília/DF. São seus filhos:
B20. Henrique Clerot de Almeida
B21. Guilherme Clerot de Almeida
N16. João Luiz Clerot, nascido a 08.01.1971. Formado em
Administração de Empresas, casado com Ana Lia Rodova-
lho Clerot. Todos residentes em Brasília-DF.
B22. Pedro Henrique Rodovalho Clerot – criança.
B23. Ana Luiza Rodovalho Clerot – criança.
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OBS: O Ministro Antônio Torreão Braz, Presidente do Superior


Tribunal de Justiça, assim se referiu ao então Deputado Federal
José Luiz Clerot:

“Não tenho palavras para externar o meu agradecimento aos ora-


dores que me saudaram nesta solenidade; e ao Deputado José Luiz
Clerot, espírito altaneiro e coração generoso que se tem revelado,
na Câmara Federal, parlamentar do mais fino quilate.”

Observação: Biografia completa de José Luís Clerot mais adiante


neste Artigo.

Mais Clerot descendentes de Leon Clerot

Dantas Clerot – Colégio de Odontólogos e Estomatólogos da 1ª.


Região - abril de 2007 - Campeonato na Espanha em 2004: Madrid-
Dantas Clerot - Gabriel Clerot.

Obs: O professor Leon Francisco Rodriguez Clerot é sepul-


tado no Cemitério da Boa Sentença em João Pessoa-PB onde tam-
bém jaz sua mãe, a espanhola Melquiades Rodriguez Clerot, sua
filha Laís Clerot Muniz e seus filhos José Carlos Ramalho Clerot e
Luiz Carlos Clerot. O seu pai o francês Leon Felipe Clerot é sepul-
tado em Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 129

ICONOGRAFIA

Leon Felipe Clerot – o francês, pai de


Leon Francisco Rodriguez Clerot, em
dois momentos: Na juventude e velhice.

Passe de 1ª Classe de Leon Feli-


pe Clerot do ano de 1931, utili-
zado da Estrada de Ferro Cen-
tral do Brasil.
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Cartão de Dona Melquia-


des Rodriguez Clerot –
espanhola de Albacete,
casada com o francês des-
cendente de suiços de
Paris, Leon Felipe Clerot-
engenheiro.

Ano de 1888
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 131

Cartão datado de uma localidade de Paris: Leysin 22.12.13 (1613? 1713? 1813?)
Consta de algarismos romanos o século XVII ao lado do nome Paris.
O cartão é endereçado a Maria Auguste Clerot.

Leon Francisco Rodriguez Clerot


e sua esposa Luzia Barbosa
Ramalho Clerot
132 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Filhos, na época adolescentes, do casal Leon Clerot e Dona Luzia


Clerot: José Carlos Ramalho Clerot, Pedro Clerot, Laíz Clerot, Luiz Car-
los Clerot e José Luiz Clerot.

Abaixo Laís Clerot com amigas da época de solteira, inclusive a


amiga Alice de Toledo.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 133

Leon Francisco Rodrigues Clerot- uma foto da época


da Revolução de 1930

O pesquisador Leon Clerot em campo tabajara


134 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

O pesquisador Leon Clerot em campo de trabalho

O Professor Leon Clerot em pesquisas arqueológicas


Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 135

Sobre o falecimento do Professor Leon Clerot, o Jornal O


Norte publicou esta importante matéria: em 6 de dezembro de
1967:
O homem de ciência que foi Leon Clerot sepultou-se ontem, à
tarde. Com o sepultamento, esse esforço que vinha sendo feito para expli-
car a história a partir de dados arqueológicos, do exame dos fatos da Na-
tureza e do seu ordenamento, esse esforço praticamente terminou.
Como todo homem que sabe onde pisa, terminou os dias sem cá-
tedra e sem título. Seu áspero chão foi sempre áspero, não porque o esca-
vasse buscando fósseis, antiquíssimos metais históricos, mas áspero por
ter feito questão de conhecê-lo bem. Bastava-lhe, um tanto à moda de Pto-
lomeu, ter saído à caça dos títulos e das cátedras, de uma forma que sa-
bendo onde pisava pisasse, justamente, como a maioria.
Mas não fez assim. Pesquisou, teimosamente. Colecionou borbo-
letas, fósseis, pedras; plistocênicas de vida para a partir delas avaliar as
formas atuais, seu comportamento e sua evolução.
Se a ele fosse dada a longevidade de Matusalém, desses velhos
patriarcas bíblicos, terminaria encontrando Deus ou lá o que seja que
buscava na ranhura das rochas e nos piçarros. Haveria de encontrar uma
Verdade, pois “quem procura sempre alcança”.
Sepultado, ele agora foi conviver com os seus metais, com os
seus bichos fossilizados, com as caras pouco convencionais dos seres a que
parecia dedicar todo o seu amor, toda a sua ciência. Se em fóssil também
não se transformar, os átomos de seu pensamento continuarão percorren-
do estranhos mundos sem idade e sem definição.
Não se sabe que espiritualista afirmou que em 1967 um asterói-
de, um CTA-25 estava convocando um tipo especial de homens para uma
nova grei em seu mundo longínquo. E lá se foram Guimarães Rosa, Op-
penheimer, Georges Sadoul, Cavalcanti Proença, Francis Spellman, Er-
nesto Guevara, Castello Branco, Walt Disney, Vivian Leigh... e lá se fo-
ram.
Ontem, foi a vez de Leon Clerot.
136 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Matéria do Jornal a União: Dezembro de 1967


Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 137

FOTOS DE DESCENDENTES DE
Leon Francisco Rodriguez Clerot e Luzia Barbosa Ramalho Clerot

José Luiz Barbosa Ramalho Clerot – Advogado - Ministro do Superior Tri-


bunal Militar. Deputado Federal pela Paraíba. Casado com Heloisa Martins
Clerot. Falecido em Brasília (DF) em 17 de Abril de 2018.
Na foto vê-se José Luís Clerot sua esposa Heloisa Martins Clerot, seu filho
João Luís Clerot e sua esposa Ana Rodovalho Clerot.
138 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Biografia de José Luís Barbosa Ramalho Clerot. Zito Clerot

José Luís Barbosa Ramalho Clerot nasceu em Mamangua-


pe (PB) no dia 9 de março de 1936, filho de Leon Francisco Clerot e
de Luzia Barbosa Ramalho Clerot.
Casado com Heloísa Maria Martins Clerot, com quem te-
ve três filhos. Deixa viúva e os seguintes filhos: Verônica Martins
Clerot, Luciana Martins Clerot e João Luís Clerot. Deixa também
netos.
José Luís Clerot apelidado pelos familiares e amigos de
Zito Clerot é o que se pode falar de um homem de bons sentimen-
tos: generoso, íntegro, solidário e altruísta. De uma inteligência
privilegiada, exerceu os cargos públicos com brilho e justiça de um
Ser iluminado.
Em 1955 foi eleito presidente da União Brasileira de Estu-
dantes Secundaristas (UBES), na qual permaneceu até 1957. A par-
tir desse ano, tornou-se oficial de gabinete do ministro da Educa-
ção e Cultura, Clóvis Salgado, no Rio de Janeiro, então Distrito
Federal, função que exerceria até 1960. Em 1958 ingressou no curso
de direito da Universidade Católica de Petrópolis (RJ). Com a
transferência da capital do Brasil para Brasília em 1960, dois anos
depois se tornou assessor do prefeito do novo Distrito Federal, Ivo
de Magalhães. No ano seguinte foi nomeado oficial e depois sub-
chefe de gabinete do ministro do Trabalho e Previdência Social,
Almino Afonso. Ainda em 1963 foi servir como oficial de gabinete
da Presidência da República, cujo titular, João Goulart (1961-1964),
viria a ser deposto pelo movimento político-militar de 31 de março
de 1964, dando início a um ciclo de governos militares que duraria
21 anos.
Graduado em direito em 1963 pela Pontifícia Universida-
de Católica do Rio de Janeiro, no ano seguinte Clerot fez licencia-
tura na Universidade Federal de Goiás, em Goiânia. Em 1965 tor-
nou-se assessor para assuntos legislativos do Instituto de Previ-
dência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE) e professor
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 139

de organização social e política brasileira na Fundação Educacio-


nal do Distrito Federal. Em 1966, fez um curso de extensão cultural
em direito penal e penitenciário no Conselho Penitenciário do Dis-
trito Federal e passou a lecionar curso sobre instituições de direito
público, privado e penal na Associação de Ensino Unificado do
Distrito Federal (AEUDF), permanecendo nesse cargo até 1967.
Nesse ano, Clerot fez o curso de extensão cultural sobre técnica e
processo legislativo na Universidade de Brasília (UnB).
Em 1969 foi eleito membro do conselho da Ordem dos
Advogados do Brasil, secção do Distrito Federal (OAB-DF). Em
1971, tornou-se diretor regional e membro do grupo brasileiro da
Associação Internacional de Direito Penal. Deixando o conselho da
OAB-DF em 1973, dois anos depois ingressou no conselho federal
dessa instituição e, no ano seguinte, tornou-se membro efetivo do I
Fórum Nacional de Debates sobre Ciências Jurídicas e Sociais, em
Brasília. Em 1977, saiu do conselho federal e reingressou no conse-
lho da OAB-DF, onde permaneceu até 1979. Em 1980, iniciou sua
carreira política filiando-se ao recém-criado Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB).
Nas eleições de novembro de 1982, concorreu a uma ca-
deira de deputado federal pelo Rio de Janeiro na legenda peeme-
debista, conseguindo uma suplência. De volta ao conselho federal
da OAB em 1985, tornou-se membro titular da comissão de refor-
ma administrativa. Em 1986 foi nomeado ministro togado do Su-
perior Tribunal Militar (STM), assumindo a função no dia 15 de
dezembro.
Ministro do Supremo Tribunal Militar de 1986 a 1988.
Deputado Federal pela Paraíba sua terra natal, de 1991 a 1999 e
2000.
Como Ministro do STM, Clerot fez parte das comissões de
Reajustamento Geral das Remunerações dos Integrantes dos qua-
dros de pessoal do STM e de Auditorias da Justiça Militar. Em
1987, passou a integrar a Comissão Nacional Criança e Constituin-
te, do Ministério da Educação e Cultura (MEC), já no governo do
presidente José Sarney (1985-1990), deixando ainda naquele ano o
conselho federal da OAB. Em outubro do ano seguinte aposentou-
140 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

se do STM e, em 1989, ingressou no Conselho Nacional do Serviço


Social do MEC. Já com seu domicílio eleitoral transferido para o
seu estado natal, em outubro de 1990 elegeu-se deputado federal
pela Paraíba na legenda do PMDB. Tomou posse em fevereiro de
1991 e tornou-se titular da Comissão de Constituição e Justiça e de
Redação e suplente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto.
Integrou ainda, como titular, a Comissão Especial do Projeto de
Lei sobre Regulamentação do Sistema Financeiro Nacional. No
Congresso Nacional, foi titular de sua Comissão Representativa.
Em 1992 assumiu a presidência da Comissão de Consti-
tuição e Justiça e de Redação da Câmara e passou a integrar, como
titular, a Comissão Especial do Projeto de Emenda Constitucional
(PEC) sobre Remuneração de Deputados Estaduais e Vereadores e,
como suplente, a Comissão Especial sobre Propriedade Industrial.
Em maio desse ano, em meio a uma série de denúncias
que já vinham ocorrendo contra o governo do presidente Fernan-
do Collor de Melo (1990-1992), a revista Veja publicou uma entre-
vista de Pedro Collor, irmão do presidente, na qual afirmava exis-
tir um esquema de corrupção no governo sob o comando de Paulo
César Farias, o PC, ex-tesoureiro da campanha presidencial. Essa
denúncia levou o Congresso a instalar uma comissão parlamentar
de inquérito (CPI) no mês seguinte. As conclusões dessa comissão
levaram ao envolvimento do presidente e foi pedido o seu impe-
achment. No dia 29 de setembro de 1992, com voto favorável do
deputado José Luís Clerot, a Câmara dos Deputados aprovou a
admissibilidade de afastamento do presidente e o processo foi en-
caminhado para julgamento no Senado.
No início do mês seguinte, Fernando Collor deixou o go-
verno, sendo substituído, em caráter interino, pelo seu vice Itamar
Franco. No dia 29 de dezembro de 1992, pouco antes da votação
no Senado, o presidente afastado apresentou sua renúncia, que
não foi aceita pela mesa da casa. Em seguida, o plenário da Câma-
ra Alta aprovou o impeachment e, em consequência, Collor teve
ainda os seus direitos políticos suspensos por oito anos. Com esse
resultado, Itamar foi efetivado na presidência da República.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 141

No Congresso Nacional, Clerot participou de várias co-


missões mistas, dentre as quais a que tratava do veto ao projeto de
lei do plebiscito e ao que instituía o Programa Nacional de Cultura
(Pronac), mecanismo de estímulo à produção cultural brasileira via
mecenato, previsto na Lei Federal de Incentivo à Cultura (a cha-
mada “Lei Rouanet”), por iniciativa do Ministério da Cultura.
Em 1993 tornou-se titular da Comissão de Estudos e Pro-
jetos sobre a Reforma Eleitoral e Partidária do PMDB e assumiu a
vice-liderança do partido na Câmara. Dentre as principais vota-
ções ocorridas ao longo dessa legislatura, Clerot manifestou-se a
favor da criação do Imposto Provisório sobre Movimentação Fi-
nanceira (IPMF), que ficou conhecido como imposto do cheque, e
contra a criação do Fundo Social de Emergência (FSE) e o fim do
voto obrigatório.
Em outubro de 1994 elegeu-se para mais um mandato de
deputado federal, na legenda do PMDB, que comandou uma coli-
gação formada ainda pelo Partido Progressista Reformador (PPR),
Partido Social Cristão (PSC), Partido Popular Socialista (PPS), Par-
tido Progressista (PP), Partido Social Democrático (PSD), Partido
Republicano Progressista (PRP) e Partido da Social Democracia
Brasileira (PSDB), tendo como base eleitoral o sertão e o litoral
paraibanos.
Iniciando novo período legislativo em fevereiro de 1995,
voltou a integrar, como titular, a Comissão de Constituição e Justi-
ça e de Redação e manteve-se na vice-liderança do PMDB na casa.
Nesse ano, tornou-se segundo-vice-presidente do Parlamento La-
tino-Americano (Parlatino) e passou a integrar, como titular, as
comissões especiais dos PECs sobre o Fundo Social de Emergência
(FSE); Imunidade Parlamentar; Falência, Concordata Preventiva e
Recuperação das Empresas com Atividades Econômicas, da qual
foi presidente; Modificações na Estrutura do Poder Judiciário, e
sobre Emissão de Medida Provisória.
Na votação das emendas constitucionais enviadas ao
Congresso Nacional pelo Executivo ao longo desse ano, foi contra
a abolição do monopólio estatal nas telecomunicações e na explo-
ração do petróleo pela Petrobras. Seguiu, porém, as demais pro-
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postas do Executivo Federal, votando a favor do fim do monopólio


dos governos estaduais na distribuição do gás canalizado, da aber-
tura da navegação de cabotagem às embarcações estrangeiras, do
novo conceito de empresa nacional – pondo fim a todas as diferen-
ças legais entre as empresas de capital nacional e aquelas de outros
países – e da prorrogação por 18 meses do FSE, rebatizado de
Fundo de Estabilização Fiscal (FEF).
Em 1996, tornou-se vice-líder do bloco partidário compos-
to pelo PMDB, o PSD e o Partido Social Liberal (PSL) e titular da
Comissão Especial do PEC sobre Remuneração de Vereadores e
Prefeitos Municipais, da qual foi primeiro-vice-presidente, e da
Comissão Especial do PEC sobre Autonomia das Universidades.
Foi também suplente da Comissão Especial do Projeto de Lei do
Senado Federal, Planos e Seguros de Saúde. A partir de março
desse ano, passou a integrar a chamada “bancada dos aposenta-
dos”, liderada por parlamentares como o deputado Inocêncio Oli-
veira, do Partido da Frente Liberal (PFL), e o senador José Sarney
(PMDB), então presidente do Senado, entre outros. Tratava-se de
um lobby que queria impedir um dos principais pontos da refor-
ma administrativa do governo Fernando Henrique Cardoso: a cri-
ação de um teto salarial de 10.800 reais, correspondente ao salário
de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), para o valor do
total das remunerações e aposentadorias recebidas dos cofres pú-
blicos.
Na condição de ministro aposentado do STM, durante
uma reunião de líderes para a discussão da reforma administrati-
va, defendeu que esse teto salarial não poderia ser aplicado para
quem fosse aposentado ou ocupasse mandato. Com o acordo dos
governistas, a emenda só seria aprovada em abril de 1997, insti-
tuindo a não validade do teto salarial para parlamentares, gover-
nadores e prefeitos.
Em abril de 1996, o assassinato de 19 integrantes do Mo-
vimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Eldorado
do Carajás, no Pará, apressou as decisões sobre a reforma agrária.
Relator desse projeto, Clerot redigiu um substitutivo que estabele-
cia um rito sumário de desapropriação para efeito de reforma
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 143

agrária, proibindo a devolução da terra ao dono original depois


que a área fosse transferida para a União, conforme a lei que trata-
va da expropriação por interesse público.
Em meio a contínuas ocupações de fazendas pelo MST, a
entrega de seu parecer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)
da Câmara foi retardada, devido aos veementes protestos da ban-
cada ruralista, que reunia 120 deputados do PFL, do Partido Tra-
balhista Brasileiro (PTB) e do Partido Progressista Brasileiro (PPB).
Os ruralistas não aceitavam que o Instituto Nacional de Coloniza-
ção e Reforma Agrária (INCRA) declarasse improdutiva a terra
desapropriada antes que o proprietário pudesse recorrer à Justiça.
Em fins de maio, Clerot acabou alterando o projeto do rito
sumário, aumentando de dois para 112 dias o prazo da transferên-
cia de posse, já que o projeto original do governo previa a desa-
propriação para, no máximo, 48 horas. Mesmo criticado por depu-
tados governistas e da oposição, o substitutivo foi aprovado em
junho pela CCJ. Segundo Clerot, o projeto aprovado poderia redu-
zir de seis para três meses o tempo dos processos de desapropria-
ção das terras. Mesmo assim, a bancada ruralista reagiu, ameaçan-
do “partir para as armas”, invocando um artigo constitucional que
garantiria a defesa de suas propriedades à força. Por sua vez, o
Partido dos Trabalhadores (PT), que votou a favor do projeto, era
menos otimista que o relator quanto a seus efeitos. Para o deputa-
do Domingos Dutra (PT-MA), com a aprovação do projeto, o pro-
cesso de desapropriação das terras, na prática, só seria reduzido
em 11 dias do procedimento vigente.
Dentre as principais matérias votadas na Câmara ao lon-
go de 1996, José Luís Clerot pronunciou-se a favor da reforma da
Previdência e da recriação do “imposto do cheque”, com a nova
denominação de Contribuição Provisória sobre Movimentação
Financeira (CPMF).
Em janeiro de 1997, votou em primeiro turno a favor do
projeto de emenda constitucional que permitia aos ocupantes do
Poder Executivo concorrerem a um novo mandato, ratificando sua
posição no mês seguinte, quando a emenda foi aprovada no se-
gundo turno de votação na Câmara dos Deputados. Porém, em
144 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

novembro, votou contra o projeto de reforma administrativa do


governo que, ao ser aprovado, quebrou a estabilidade do servidor
público. Concorreu à nova reeleição no pleito de outubro de 1998
na legenda do PMDB, coligado a outros partidos, mas só conse-
guiu uma suplência. No mês seguinte, votou a favor do projeto do
governo de reforma da Previdência que fixou um valor máximo
para aposentadorias no setor público, bem como a idade mínima e
o tempo de contribuição no setor privado. Permaneceu na Câmara
dos Deputados até o fim de janeiro de 1999, quando se encerrou a
legislatura.
Voltou a exercer o mandato de deputado federal, como
suplente, de maio a junho de 2000, ano em que também recebeu
condecoração concedida pelo partido peemedebista de Honra ao
Mérito por sua participação nas decisões políticas de interesse do
Brasil. Ao final desse mandato, Clerot distanciou-se do cenário
político por nove anos.
Em 2007, seu nome foi cogitado para substituir Rogério
Manso no comando da diretoria comercial da Petrobras. Apesar de
contar com o apoio de José Sarney, Luís Carlos Moreira da Silva
(da própria Petrobras) e Marco Vaz Capute (diretor da subsidiária
BR Distribuidora), Clerot não foi atendido em suas pretensões.
Em agosto de 2009, assinou novamente a ficha de filiação
ao PMDB na sede do diretório estadual do partido em João Pessoa,
não entrando em detalhes sobre seu futuro político imediato nem
tampouco sobre suas pretensões de voltar a concorrer a algum
mandato eletivo no pleito programado para outubro de 2010.
Ao longo de sua carreira profissional, foi também mem-
bro do grupo brasileiro da Sociedade Internacional de Direito Pe-
nal Militar e Direito de Guerra e advogado de presos políticos du-
rante o regime militar.

Fontes: Giana Araújo/Alan Carneiro/Arnaldo Marques atualização, Câmara dos


Deputados brasileiros. (1991-1995, 1995-1999, 1999-2003); Estado de S. Paulo
(8 e 23/5/96, e 28/11/97); Folha de S. Paulo (18/9/94; 31/1/95; 14/1, 18 e 29/3,
25 e 26/4/96; 30/1/97, e 6/11/98); Globo (13/6/96 e 29/1/97); Jornal do Brasil
(28/3, 30/5 e 2/6/96; 27/9/2003); Perfil parlamentar/IstoÉ; TRIB. REG. ELEIT.
PB. Relação (1998); Agência Câmara (5/12/2005); PB Agora (27/08/2009).
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 145

José Carlos Ramalho


Clerot e esposa
Nair Xavier Clerot.
Filho e nora de Leon
Clerot

Dona Luzia Clerot com os seguintes netos ainda crianças: José Carlos Clerot
Filho, Ana Leontina Muniz de Brito Clerot, Pedro Martiniano Clerot Muniz
de Brito, Carlos Augusto Xavier Clerot,
Carlos Felipe Xavier Clerot e a nora Nair Xavier Clerot.
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Verônica Martins Clerot, neta de


Leon Clerot – Brasília - DF.

Luciana Martins Clerot e


filho – Brasília – DF - neta
e bisneto de Leon Clerot.

Luciana Martins Clerot neta e


bisneto de Leon Clerot.
Brasília/DF.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 147

João Luís Clerot sua


esposa Ana Lia
Rodovalho Clerot e
filhos - Brasília-DF -
Ele neto de Leon
Clerot e seus filhos
bisnetos.

O primeiro à esquerda é José Carlos Ramalho Clerot Filho - Neto de Leon


Clerot. Nesta foto vários Clerot e reunidos festejando.
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José Carlos
Ramalho Clerot
Filho e sua filha
Renata Biermann
Clerot na noite
do baile de sua
formatura em
Medicina. Ano
2017.

Renata Biermann
Clerot no dia da sua
Formatura em
Medicina no Ano de
2017.
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 149

Renata Biermann Clerot e sua avó paterna na noite do baile de sua formatura
em Medicina. Ano 2017.

Carlos Augusto
Xavier Clerot (Gu-
to) e seus filhos:
Davi Delgado Cle-
rot, Bruno Delgado
Clerot e Nair Peixo-
to Xavier Clerot.
150 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

Carlos Augusto Clerot e sua


filha Nair Peixoto Xavier
Clerot (Nairzinha)

Carlos Felipe Xavier Clerot, sua filha Camila Thereza Camilo


Clerot nos seus quinze anos e esposa Denise Wortmann
Carlos Felipe neto de Leon Clerot
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 151

Carlos Felipe Xavier


Clerot, sua esposa De-
nise Wortmann Clerot,
filha Camila Camilo
Clerot, seus dois filhos
Carlos Felipe e Carlos
Eduardo e sua enteada
Vanessa Wortmann.

Camila Camila Clerot com sua avó paterna


Nair Xavier Clerot na festa de formatura em
Medicina de sua neta no Ano de 2017.

Davi Delgado Clerot – Mestre em


Ciências da Computação – Bisneto
de Leon Clerot.
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Bruno Delgado Clerot- Odontólogo


- Bisneto de Leon Clerot

Pedro Martiniano Clerot


Muniz de Brito
Laís Tolentino Muniz,
Bisneta de Leon Clerot
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 153

Larissa Tolentino Muniz –


bisneta de Leon Clerot

Thiago Tolentino Muniz –


Bisneto de Leon Clerot

Letícia Maria B. Vieira Muniz –


Bisneta de Leon Clerot
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Ana Leontina
Clerot Muniz de
Paiva seu filho
Abraão Lucas
Clerot Muniz de
Paiva e sua sobri-
nha Laís Tolentino
Muniz - neta e
bisnetos de Leon
Clerot.

TRINETOS DE
LEON CLEROT:

Netos de Pedro
Martiniano Clerot
Muniz de Brito:

João Almir

Maria Eliza

Luís Augusto
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 155

Os mortos pela França em 1914-1918


Alexandre Emile Clerot – 17-3-1879
Morto na Indochina na 1ª. Guerra Mundial defendendo a França aliada

Conforme manuscrito acima


156 | N ú m e r o 2 0 – 2 0 1 8 – I S S N 2594-6684

ALGUNS ARTIGOS DO PROFESSOR LEON FRANCISCO CLEROT:

O Cabo Branco Fadado a Desaparecer...

Que o Cabo Branco está fadado a desaparecer é fato fora


de qualquer dúvida. A ação abrasiva do mar, solapando nas marés
cheias a sua base, provoca a todo momento o desmoronamento de
prismas de terra de suas encostas cuja aluvião o mar dissolve e
carrega mudando-lhe o aspecto e reduzindo-lhe o volume. A sua
maior elevação acima do nível do mar já desapareceu.
O Cabo Branco, cujo nome se originou da argila branca
que predominava na sua estrutura, perdeu essa característica co-
mo perdeu a primazia de ser a ponta mais oriental das Américas,
primazia que cabe agora à ponta Seixas, saliência secundária ou-
trora, quando o Cabo avançava quase um quilômetro além de sua
extremidade atual.
Na baixa-mar das marés de equinócio ainda se vai facil-
mente até o fim do seu antigo embasamento. No trajeto são perfei-
tamente visíveis, submersas, as argilas de colorações variadas e os
blocos de arenito ferruginoso abundantes nas formações da “Série
Barreiras”.
A contra-corrente marítima destruidora entra pelas inter-
rupções que existem na linha de recifes que acompanha a costa do
Nordeste Oriental denominadas “barretas”. Uma existe em frente
ao Cabo; por ela o mar se engolfa quebrando-se com maior violên-
cia nas suas escarpas do que nas praias protegidas pelos recifes.
Como se não bastasse a ação abrasiva do mar, o homem
associou-se a essa obra de destruição que agora se processa em
ritmo acelerado. As matas que guarneciam o planalto do tabuleiro
foram totalmente arrasadas. Essas matas eram constituídas de ve-
getação alta e densa destacando-se das demais uma árvore de por-
te mais elevado que servia de baliza para os jangadeiros na sua
volta das pescarias em alto-mar. Hoje mais nada existe; em pouco
mais de 10 anos a própria vegetação arbustiva das encostas sofreu
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 157

o desbaste do machado, foi reduzida a carvão e os desmoronamen-


tos sucedem-se com maior frequëncia.
Percorrendo a antiga mata do Cabo Branco tivemos sem-
pre a ideia de que ela se enquadraria num Parque Nacional jun-
tando-se-lhe a mata da Penha onde ficariam resguardadas as plan-
tas-padrão de nossa flora litorânea já tão desfalcada, acolhendo
também os remanescentes da fauna em via de total desapareci-
mento. Idealismo piegas! A mata reduzida a lenha e a lenha a “pa-
tacas” representa sem dúvida uma solução mais prática.
Atualmente a superfície do planalto foi revolvida a trator
para nivelar irregularidades do terreno, pois se projeta construir
ali um bairro novo.
Esse trabalho, facilitando a infiltração das águas pluviais,
contribuiu para o desmoronamento das encostas.
Em 20 anos o Cabo Branco perdeu 50 metros de avanço a
leste sobre o mar; essa observação nossa foi confirmada pelo geó-
logo Luciano Jacques de Moraes por ocasião da visitado
1o.Congresso Brasileiro de Geologia a esse acidente geográfico em
1954.
Assim, a configuração da costa modifica-se através do
tempo pela ação de causas diversas, entre elas a das correntes ma-
rítimas. As praias de Olinda em Pernambuco são castigadas com
sérias ameaças por essas correntes; outra, a praia Carne de Vaca,
ao sul do rio Goiana já foi destruída com todo o seu coqueiral e
uma rua inteira de casas; ao sul de Cabedelo na Paraíba, a praia
Formosa vai ter a mesma sorte; ao norte do estuário do Paraíba a
ponta de Lucena cresce e no Ceará a legendária praia de Iracema já
desapareceu sob a voragem das ondas.
O Cabo Branco desaparecerá – alea jacta est – podendo-se
prever desde já a sua situação dentro de 50 anos. Mas, a Paraíba
continuará sendo a detentora da ponta mais oriental das Américas,
disputada pela Ponta de Pedras em Pernambuco. As coordenadas
geográficas da Ponta do Seixas dão 34o 47’ 58’ 49’ W.G. e as da
Ponta de Pedras 34o 48’ 33’ 37’ W. G. dando para o Seixas um
avanço de 1.683 metros a mais pra leste. Ainda, entre esses dois
pontos, há na Paraíba, outra saliência intermediária – a ponta de
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Jacuman, oito milhas ao sul do Cabo Branco, detentora do segundo


lugar.
Haverá meios de salvar o Cabo Branco? Há, certamente.
A construção de um cais de altura suficiente com um enrocamento
protetor, impediria a ação abrasiva do mar. Esse cais contornaria
todo o maciço do Cabo até onde as marés máximas atingem a sua
base. Seria obra de fácil execução, deixando entre o cabo e o cais
uma pista de acesso para a Ponta do Seixas. Mas, esta solução su-
gere logo uma pergunta: para que procurar subtraí-lo à ação des-
truidora das vagas se o homem por ignorância ou ambição procu-
ra destruí-lo por outros meios?

A “Pedra Lavrada” do Ingá

Descendo o rio Ingá, uma légua à jusante da cidade, há


um trecho pedregoso de blocos de gneiss em situação tumultuária
por onde o rio corre encachoeirado. No centro do pedregal um
grande bloco que descansa sobre uma grande laje divide o rio em
dois braços, formando esse bloco do lado norte um paredão de uns
20 metros de comprimento por três de altura.
Do lado sul do bloco, curiosos caldeirões perfurados na
rocha, provavelmente por pedras soltas acarretadas pela
correnteza e agitadas em movimento turbilhonário agindo como
brocas, dão a esse trecho aspecto pitoresco, enquanto do lado norte
o paredão é totalmente coberto de sinais e desenhos gravados em
meia-cana com 3 cm de largura e 6 mm de profundidade, de linhas
puras e perfeitamente polidos.
É a “Pedra Lavrada” do Ingá, monumento arqueológico
dos mais importantes, senão o mais importante do Nordeste.
Ao alto, na face do paredão, uma linha de pontos de 5 cm
de diâmetro, perfeitamente capsulares limita a área principal dos
lavores inseridos na pedra. Esses lavores representam plantas
estilizadas, figuras zoomorfas, antropomorfas, fálicas e uma
profusão de sinais diversos, por vezes repetidos, bem como os
Revista do Instituto Paraibano de Genealogia e Heráldica | 159

pontos capsulares atapetando o paredão numa superfície de 30


metros quadrados aproximadamente.
A laje sobre o qual se eleva tem, também, sinais gravados
que consistem em pontos capsulares separados por distâncias
diferentes imitando uma constelação e ligados entre si por linhas
retas formadas pelos mesmos sulcos cavados em meia cana.
Estes desenhos e sinais, apesar de gravados num gneiss
duríssimo, estão visivelmente gastos pela ação das águas correntes
do rio e o material aluvionar que ele arrasta nas suas cheias.
Pelo desgaste que se verifica nos lavores da pedra pode
ser-lhe atribuída uma antiguidade bastante remota.
Em outros blocos de pedra das adjacências há também
caracteres gravados.
Até bem pouco tempo o conjunto da “Pedra Lavrada” era
maior: blocos de pedra superpostos entremeados de ingazeiras
emolduravam o pedregal formando um conjunto agradável e
pitoresco. Em dias de 1953 estivemos no local, surpreendendo uma
turma de operários cavouqueiros, destruindo o pedregal; os blocos
da cercadura nas duas margens do rio estavam sendo reduzidos a
rachões e paralelepípedos para a pavimentação das ruas da
Capital. Esse ato de destruição e vandalismo havia sido autorizado
pelo proprietário das terras onde se encontrava o pedregal,
embora a 50 metros de distância existam pedras bastantes para
pavimentar o décuplo da área de pavimentação prevista.
Coube à Sociedade Paraibana de História Natural intervir
no caso protestando junto ao Prefeito do Município e ao Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional que, tardiamente
embora, mandaram sustar a obra de destruição.
Há na Paraíba, muitas outras inscrições rupestres; em
algumas aparecem, repetidos, alguns dos caracteres da “Pedra
Lavrada” do Ingá, umas gravadas, outras pintadas de cor
vermelha indelével desafiando a ação do tempo; mas nenhuma tão
sobrecarregada de curiosos desenhos como esta.
Sobre o significado desses desenhos e desses caracteres
muitas hipóteses têm sido aventadas; improvisados Champollions
viram inscrições e testemunhos da passagem de Fenícios, outros
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de Hebreus, outros de Gregos, interpretada como roteiro


indicando tesouros escondidos ou minas de ouro ou de episódios
da vida dos povos primitivos que teriam fixado na rocha a sua
história e para outros como simples garatujas feitas como
passatempo ou desportos ociosos dos indígenas que habitaram
esses lugares, trabalho talvez coletivo feito através de muitas
gerações.
A “Pedra Lavrada” do Ingá cujos desenhos e caracteres
foram talhados, repetimos, num gneis duríssimo teria sido um
passatempo trabalhoso e pouco divertido. A repetição de certos
sinais, a figura humana e as plantas interpretados com certa
estilização, as de animais, as supostas figuras fálicas, parecem
indicar a fixação de uma sequência de ideias, ou fazem pensar,
quando menos, nos primórdios de uma arte escultórica
procurando reproduzir não só o que viam com os sentidos
materiais, mas também o que viam subjetivamente com os olhos
da imaginação.
Evidentemente as versões de passagem de Fenícios, de
Hebreus ou de outros povos, porque nas Itacoatiaras há sinais que
se assemelham a certos caracteres de suas antigas escritas, são
soluções que implicam leviandade ou mistificação.
Seja qual for a sua significação a “Pedra Lavrada” do Ingá
indecifrada ou inexplicada constitui um interessante e valioso
documento da nossa pré-história.

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