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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PIBID LETRAS-PORTUGUÊS: UMA PROPOSTA MULTIMODAL SOBRE


LINGUAGEM E IMAGEM - SEMIÓTICA E INTERACIONISMO

Luana Vargas de Andrade


Ester Virginia de Lima Purim
Paloma de Jesus Alves
Raquel Rosa Cardoso

CURITIBA
2018
PIBID LETRAS-PORTUGUÊS: UMA PROPOSTA MULTIMODAL SOBRE
LINGUAGEM E IMAGEM - SEMIÓTICA E INTERACIONISMO

¹ Luana Vargas de Andrade


² Ester Virginia de Lima Purim
³ Paloma de Jesus Alves
4
Raquel Rosa Cardoso

Vinculado ao subprojeto PIBID - Letras Português, da Universidade


Tecnológica Federal do Paraná, o presente artigo tem como foco apresentar o trabalho
realizado com a turma do EJA - Noite, do Colégio Estadual Avelino Antônio Vieira, com
o objetivo de trabalhar com os alunos a perspectiva multimodal e interacionista. A
multimodalidade, como discutiremos a seguir, é de extrema importância dentro da
sociedade em que vivemos, sendo assim necessário que o aluno, como indivíduo,
nesse contexto, saiba interpretar os textos e as informações que estão diante dele a
todo momento. A temática interacionista parte para um viés de discussão e reflexão
acerca dos problemas que permeiam a sociedade, como o preconceito linguístico e a
acessibilidade da educação, por exemplo. Usando de um cronograma de quatro dias,
o projeto se dividiu da seguinte forma: 1) apresentação do vídeo Vida Maria, discussão
acerca de preconceito linguístico e dificuldades sociais relacionadas à educação, e
produção de texto (gênero carta); 2) abordagem da temática de variedade linguística e
discussão; 3) transposição midiática: a fim de elucidar o conteúdo de variedade
linguística, os alunos realizaram um exercício onde deveriam encontrar em alguma
música de seu agrado, pontos relacionados ao conteúdo.

Palavras-chave: multimodalidade, ensino, interacionismo, social, semiótica.

_________________________________
¹ Graduanda de Letras - Português, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
² Graduanda de Letras - Português, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
³ Graduanda de Letras - Português, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
4 Graduanda de Letras - Português, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
INTRODUÇÃO

Com base nas reuniões que tivemos antes do desenvolvimento do projeto


(PIBID - UTFPR), tendo como condições pré-determinadas pelo professor
coordenador Rogério de Almeida que a abordagem com os alunos através da
mediação da equipe seria a partir do conceito de multiletramento e intermidialidade,
justificamos nossa escolha com base no tópico 5 e 6 das Competências Gerais da
Educação Básica do documento não oficial da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) que diz: “5- Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e
comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva. 6- Valorizar as diversidades de saberes e vivências culturais e
apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilite entender as relações
próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e
ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.”
Pensando também nas necessidades da turma, como por exemplo a
dificuldade na leitura e interpretação de texto, e tendo consciência da importância da
leitura na sala de aula, nos propomos a montar um projeto que conseguisse incluir
todos esses pontos mencionados acima. Nosso trabalho objetiva uma elaboração de
estratégias de leituras verbais e não verbas dentro das multimodalidades, a partir do
vídeo Vida Maria. Para a realização da proposta, nos organizamos da seguinte forma:
a) reuniões semanais com o professor coordenador do projeto; b) observações
semanais das aulas regulares dos alunos do EJA noturno, turma com a qual nossa
equipe trabalhou; c) momentos de discussões teóricas, pautadas principalmente na
abordagem Interacionista de Vigotski, o livro Múltiplas Linguagens Para O Ensino
Médio trazendo a visão multissemiótica das autoras Angela Paiva Dionisio e Leila
Janot Vasconselos e o texto Gêneros Multissemióticos e Ensino: Uma proposta de
Matriz de Leitura de Rosivaldo Gomes; d) seleção dos vídeos e outros materiais
usados; e) reunião geral com a professora regente da turma profª Sandra, onde
tivemos acesso ao plano de aula dela, para assim poder montar nosso conteúdo de
acordo com o que ela passaria para a turma no mesmo período; f) composição do
nosso plano de aula; g) aprovação do plano de aula por ambos os professores; g)
execução das aulas; h) discussão acerca dos resultados.
SEMIÓTICA E INTERACIONISMO EM VIDA MARIA.

No que cabe à Rosivaldo Gomes, no texto Gêneros Multissemióticos e Ensino:


Uma Proposta de Matriz de Leitura, usado como base para a análise semiótica do
vídeo Vida Maria, há alguns aspectos a se considerar, como as relações semânticas
presentes, que no caso do vídeo em questão são de complementaridade, em
essência, uma vez que ele dialoga em si mesmo em todos os aspectos, que são de
vital importância para o seu enunciado. Não fosse o fato de que na categoria
redundância (nas classificações de Santaella - 2012) “a imagem tem um papel inferior
ao texto escrito”, o vídeo também o seria, uma vez que há a repetição de informação
como contribuição para a memorização do que é dito – e esta é, inclusive, a essência
do vídeo: a repetição do ciclo do estilo de vida que as muitas Marias vivem no
Nordeste. Também para o autor, é importante a presença do processo sócio-histórico-
ideológico no discurso (ele toma para si bases bakhtinianas); porém no presente
trabalho optou-se por usar a teoria do sociointeracosnismo de Vigotski, com base no
texto Aquisição da Linguagem, de Ester Miriam Escarpa. É importante pontuar de que
forma Miriam resume o interacionismo de Vigotski, a fim de elucidar a análise que se
segue: 1) o desenvolvimento da linguagem tem origem social externa com base nas
trocas comunicativas do indivíduo; 2) essas estruturas construídas socialmente se
internalizam – isto é, a criança processa a informação do meio e fixa isso na própria
mente; 3) a fala e o pensamento devem ser estudados juntos – a fala tem função
organizadora do pensamento; 4) com a ajuda da fala, a criança começa a controlar o
ambiente e o próprio comportamento; 5) a internalização só ocorre por meio da
mediação, bem como a internalização do diálogo; 6) mediação entre a criança e a
ação com o mundo; 7) a criança é sujeito da linguagem e não aprendiz passiva; 8) a
fala a qual está exposta é importante na apropriação – as funções surgem primeiro no
social e depois no individual.
Antes de retomar a análise do vídeo em si, é importante evidenciar o contexto
de produção da animação. O cineasta e animador gráfico Marcio Ramos, em uma
entrevista para o site Rede Peteca - Chega de trabalho infantil, conta que a ideia
surgiu – depois de muito desejar produzir um filme – ao perceber que sempre que
viajava ao sítio, no interior da Paraíba, via uma mulher com muitos filhos executando
tarefas, e em uma dessas idas, ele notou que a criança que um ano antes, ficava no
colo da mãe, agora ajudava ela nos afazeres do campo. Isto é, uma cena de um
cotidiano real que retrata a realidade de muitas mães, muitas mulheres que vivem em
situações como essa. De fato não só o vídeo todo evidencia essa crítica, como o seu
contexto de produção também, uma vez que até hoje, Vida Maria é um dos vídeos
mais aclamados quando o assunto é trabalho infantil e a falta de oportunidade de
escolarização.
Foram selecionados apenas alguns pontos do texto de Gomes para análise
multimodal, dos quais: 1) reconhecimento de elementos: recursos semióticos e
elementos sociais/históricos, hierarquia de informações (como os elementos estão
dispostos, sons, imagens sobrepostas, etc) 2) reconhecimento de outras linguagens e
da dialógica com outros textos e discursos 3) o reconhecimento, a partir tanto da
semiose verbal quanto visual e da hibridização dessas semioses. Ao discorrer sobre o
vídeo, elucidar-se-á os elementos e por fim, concluir-se-á todo contexto social que diz
respeito à Vigotski.
Traçando paralelos entre Vigotski e Gomes, fragmentar-se-á o vídeo a fim de
analisá-lo com maior clareza. Tem-se, logo no início, com a musicalidade que passa a
sensação de tranquilidade, certa infantilidade (inocência) e esperança; nesse
momento Maria José escreve seu nome em um caderno sob a janela e rapidamente,
quando sua mãe começa a lhe chamar, a música se torna densa, demonstrando um
sentimento de medo e espanto, como se ela estivesse praticando uma ação
condenável. A mãe adverte a filha alegando o que ela está fazendo (escrever) não traz
benefício algum àquele estilo de vida, uma vez que ela considera as tarefas
domésticas como algo de maior importância. Como mostram as imagens, a menina se
assusta e sai correndo para o poço recolher a água.

A história começa a ficar dinâmica e o crescimento de Maria José se dá


acompanhado do movimento de câmera, para indicar as transformações na sua
personalidade:1) o crescimento pelo desenvolvimento do corpo; 2) a personalidade
pelas mudanças em sua feição; 3) a mudança da roupa que de um “frame” para outro
já se mostra diferente. Lembrando que a música constantemente acompanha esse
movimento – o do sentimento de Maria José, que nesse momento do início de sua
vida ainda é denso e pesado. Numa das primeiras vezes em que o vídeo evidencia
seu crescimento, a personagem já se mostra cansada fisicamente (e em seu rosto já
se nota a frustração de estar fadada a levar aquela vida, como é possível perceber na
segunda imagem no quadro abaixo – as demais demonstram como o crescimento da
personagem é perceptível pelo corpo e pela roupa que está usando – que indica a
passagem do tempo).

A música e expressão de Maria José mudam em alguns momentos, como


quando ela se apaixona por Antônio (a própria música e o olhar em seu rosto e
expressão leve em sua testa evidenciam isso), um rapaz que ajuda seu pai no sítio. A
música permanece em tom de leveza quando o vídeo mostra sua primeira gravidez,
mas logo na passagem dessa cena para a seguinte, em que ela já teve o primeiro
filho, a frustração toma conta da densidade do cenário e da música – tudo de novo, e
depois, mais uma gravidez.
É possível perceber que a expressão no rosto de Maria José é de revolta
(pouco antes dos 4 minutos de vídeo), em que a câmera (ao passo que Maria José
olha para cima), mostra o céu com o sol a refletir com força. Aqui o vídeo pode causar
dois tipos de sentimento: algo como se naquela situação ela realmente estivesse já
perdendo os últimos fios de esperança em uma vida diferente, bem como nos causa
uma sensação de cansaço pelo misto das cores quentes contrapostas com as luzes.

Logo em seguida aparecem seus filhos (apenas os homens) passando por ela,
despedindo-se e pedindo sua bênção (a música então retorna à uma leveza, nos
indicando que há conforto para Maria José, em sua família, ao menos). Aos 5:24
(tempo do vídeo na página oficial do YouTube), logo após a cena dos filhos, é possível
ver seu cenho levantado e não franzido como já vinha ficando a algum tempo, nos
causando uma sensação de que ela está pensando, refletindo sobre algo – essa
sequência de informações imagéticas é de extrema importância, pois se analisado
todo o contexto do vídeo, e se considerado que seus filhos (por serem homens) estão
indo para a escola, pode-se dizer que ela possivelmente está refletindo na
possibilidade de ter podido frequentar a escola e, quem sabe, ter tido uma vida
diferente daquela. Essa possibilidade se dá pelo fato de que logo depois dessa
pequena pausa de reflexão, ela chacoalha a cabeça negativamente e franze
novamente o semblante como quem se repreende por estar pensando em algo tão
sem cabimento e até mesmo, tão audacioso. E ela segue resignada e frustrada.

Logo depois, então, começa a chamar sua filha, Maria de Lourdes, que se
encontra, assim como ela no início do vídeo, escrevendo seu nome naquele mesmo
caderno, naquela mesma janela. Assim, a história se repete e Maria José censura sua
filha, Maria de Lourdes, por estar usando seu tempo criando expectativas e
esperanças que não cabem à sua realidade. Atrás, o enterro de sua mãe, que morreu
guiada por essa mesma vida de frustração e amargura diante de uma realidade difícil
de mudar, diante das circunstâncias sociais e regionais do Ceará. O vídeo por fim,
termina com Maria de Lourdes revivendo a mesma história, tirando água do poço,
quando o vento bate sobre o caderno e vê-se as páginas virando com vários nomes de
Marias (Maria de Fátima, Maria das Dores, Maria da Conceição, Maria do Carmo),
indicando que a história vem se repetindo a gerações.
Retomando a visão de Vigotski a respeito do interacionismo, passando pelos
pontos mencionados no início do trabalho, percebe-se claramente que o
desenvolvimento da linguagem de Maria José (aqui pode-se considerar linguagem
como comportamento, uma vez que no vídeo quase não há falas, e as que existem,
seguem esse padrão de espelho) se dá pelas trocas comunicativas com a sua mãe,
que pelo que mostra o vídeo, acaba sendo uma das poucas referências que ela tem.
Essas estruturas construídas socialmente se internalizam – como já mencionado – e
Maria José passa então a acreditar (internalizar) e propagar a ideia de que a educação
não leva a lugar algum. Desconsiderando alguns pontos referentes à construção da
fala, mas levando em conta o quinto tópico sobre internalização, Vigotski alega que ela
ocorre por meio da mediação, assim como acontece no diálogo; isto é, esse ciclo de
Vida Maria acontece porque o discurso se repete, e este se repete por conta da
internalização (a criança se conforma em acreditar que aquilo é de fato daquela
maneira e não há outra alternativa), principalmente porque a apropriação é feita pela
fala à qual a criança está exposta, e o meio externo também contribui muito para isso,
por conta da mediação entre a criança e sua ação com o mundo.
VIDA MARIA: Uma proposta em sala de aula.

Após discutirmos o vídeo com os alunos, abordando questões como


preconceito linguístico e dificuldades sociais, propusemos, dentro da ideia de
intermidialidade com ênfase na transposição midiática, que eles escrevessem um texto
dentro do gênero carta, respondendo às Marias, ou à alguma Maria que eles
pudessem conhecer em seu próprio círculo. A estrutura apresentada para a posterior
produção foi de carta ao leitor, contudo, para não limitá-los e trabalharmos as
diferenças dentro do gênero, também discorremos sobre carta pessoal, na qual a
maioria dos alunos sentiu-se mais confortável para a criação. A seguir, os resultados:
O texto abaixo, no entanto, foi tema de uma das pautas discutidas que se
seguiram durante o exercício. Um dos alunos questionou, dentro de uma realidade
com a qual conviveu, a sustentação social em que se manteriam as crianças como as
da situação do vídeo, se por acaso elas viessem a frequentar a escola. Isto é, se de
fato, o acesso à vida acadêmica permite o crescimento e uma possibilidade de vida
melhor e com mais igualdade, ou se esse acesso, por exemplo, facilitaria para o jovem
conhecer o mundo das drogas - foi o exemplo que ele mesmo trouxe. Sendo assim, o
aluno escreveu uma carta com organização mais próxima de carta ao leitor, não para
Maria, mas para o diretor do vídeo, trazendo a seguinte proposta:
VARIEDADE LINGUÍSTICA

Prosseguimos justificando nosso projeto parafraseando as doutoras Angela


Paiva Dionisio e Leila Janot de Vasconcelos onde falam que a leitura em outros tipos
de plataformas, no qual não só as palavras produzem sentidos, bem como as
imagens, sons, cores, formas, texturas, etc., se encarregam também desse processo,
do mesmo modo afirmam que a sociedade ao qual hoje estamos incorporados é vista
como um grande espaço multimodal. Aproveitamos a facilidade e conhecimento prévio
dos alunos para usar da tecnologia e construir uma aula mais interativa e divertida
para uma melhor compreensão dos mesmos, sendo assim, ao ligar os sentidos de
reflexão, interpretações, conversas e produções que o vídeo Vida Maria nos
proporcionou trabalhar em sala, entramos com o assunto Variedades Linguísticas.
Para esse processo, usamos como base o livro A reflexão e a Prática no
Ensino. Volume 1 – Língua Portuguesa, de Dieli Vesaro Palma, onde encontramos
toda a explicação sobre Variedades Linguísticas, porém em uma fala mais voltada
para o ensino acadêmico. O capítulo usado foi o 4, denominado Variedades
Linguísticas e os Diversos Gêneros da Esfera da Vida Pública, Profissional e Familiar,
que usa somente de texto escrito para apresentar as modalidades nas variedades
linguísticas da língua portuguesa, desse modo, tivemos que adaptar todo o conteúdo
para trabalhá-lo de forma multimodal em sala de aula, desde os usos formais das
palavras, para um mais simplificado, até a forma como cada tópico era desenvolvido.
Antes de adentrar no conteúdo em si, o livro nos ajudou a entender um pouco a
mais de como os alunos são tratados quando o assunto é Língua Portuguesa nas
escolas do Brasil, sobre isso Dieli “propõe que precisamos desenvolver, junto ao
aluno, uma série de habilidades que ele possa mobilizar no sentido de agir de forma
competente nas diversas práticas sociais”, ou seja, tratar o aluno como já usuário da
língua, não um ser passivo, portanto, o papel fundamental do professor é mediar como
aquele aluno deverá portar sua fala ou escrita para cada âmbito de sua vida,
profissional, social ou familiar, cada um desses eventos possuirá traços próprios em
relação ao contexto, e cabe ao professor ensinar ao aluno se adequar a essas
práticas.
A autora usa do gênero bilhete para exemplificar as Variedades Linguísticas de
cada uma das esferas mencionadas acima, por exemplo, na Variedade no campo da
Idade, ela mostra um bilhete informal/pessoal, onde uma menina escreve para a mãe
pedindo que lhe deixe dez reais para que ela leve à escola, pois a professora fará um
presente de dia dos pais em sala, o bilhete utiliza de palavras como: gracinha,
lindinho, beijinho, prô (professora), pro (para o), assim, mostrando que essas palavras,
pertencem à Variedade no campo da idade, e o uso dos diminutivos remetem às
palavras usadas pelo sexo feminino que dão um grau de afetividade e sensibilidade
mais comum entre as mulheres, temos uma redução da palavra professor (a) para prô,
e na palavra pro, que para a gramática normativa seria o “para o”, quer dizer que o
bilhete possui marcas de oralidade, mesmo estando inserido no mundo da escrita
formal, não exigindo de quem escreve uma maneira mais formal da língua, pois está
vinculado a um bilhete na esfera pessoal e familiar.
Em contrapartida a autora usa do mesmo bilhete ainda para mostrar a
Variedade no campo da idade, todavia, no sexo masculino, e as marcas que
encontramos são: manera, prô (professora), dez paus, muito locô, daxaí e valeu. A
percepção que temos para classificar como masculino são as marcas claras de gírias
(manera, valeu, locô), que para Dieli são normalmente usadas por meninos, ainda
temos a palavra dexaí que para a normativa seria “deixa aí”, e a palavra prô se
mantém por ser uma variação do mesmo bilhete, mas com algumas alterações em
algumas palavras. Concluímos que na Variedade Dialetal na Dimensão da idade, vai
depender da faixa etária de quem fala ou escreve, e por decorrência da idade não
haveria um modo correto de se comunicar e por fim, também ocorrerão usos
diferentes da língua e a fala será organizada de formas diferentes para que se seja
entendido.
E como transformamos o conteúdo do planejamento escolar dos alunos do EJA
de modo que não fugíssemos do tema e conseguíssemos usar do método multimodal?
A resposta é bem simples, nós aproveitamos dos recursos que a escola
disponibilizava. O Colégio Estadual Avelino Antônio Vieira, possui um espaço amplo,
temos em mente que nem todas as escolas do Brasil detém de tal estrutura, por isso
nosso projeto foi feito a partir do recurso que tínhamos em mãos. Contamos com uma
sala multimídia que possui projetor, mesas disponibilizadas no centro da sala, dando a
sensação de uma mesa redonda para discussão, também detínhamos de laboratório
de informática que usamos para outra etapa do projeto. Mesmo com todos esses
recursos tivemos contratempos na hora de aplicar, mas no final deu tudo certo e
obtivemos sucesso. Pela escola portar dessa sala multimídia pensamos em uma
maneira de usar recursos áudios visuais para exemplificação do conteúdo já
mencionado.
Na Variação do campo de Idade, tanto para o sexo feminino quanto para o
masculino, usamos um vídeo viral que foi sucesso em 2014 nas redes sociais, “eu sou
uma rolezeira”, trouxemos o vídeo em questão para que também dialogassem com a
realidade deles, com algo que eles já conheciam e mostrar os pontos que se
encaixavam com a disciplina e o conteúdo estudado. Debatemos sobre as falas dos
adolescentes entrevistados no vídeo de modo que fizessem os alunos notarem as
variações presente no mesmo. Os jovens do vídeo usam de muitas gírias e
neologismo, como o próprio título aponta “eu sou uma rolezeira”, mesmo tendo
consciência de ser uma entrevista, poucos policiam suas falas para algo mais próximo
do formal, há uma menina que até tenta, porém acaba usando de forma incorreta e
sua fala saí dessa maneira: “que eu sou bonita, que eu sou perfeita, esses tipos e tal,
eu até gosto, mas tem uns meninos que eles são muitos brutos, já chegam
agarrando (...)”. Durante a apresentação deste tópico em específico os alunos se
sentiram à vontade para compartilhar com a turma algumas gírias que eles conheciam
e usavam, nós explicamos também que o vídeo foi escolhido para opor a descrição
que Dieli usava em seu texto, sobre meninas usarem um recurso beirando a
afetividade e explorando um lado sensível, conseguimos quebrar o estereótipo
mostrando que no tempo atual meninos e meninas falam da mesma maneira, e
meninos também podem usar dos diminutivos para mostrar afetividade quando convir.
Nesse ponto reforçamos a importância das Variedades linguísticas e os diversos
gêneros na língua, elencando que para cada âmbito da vida de cada pessoa a fala
deve ser flexionada para que se faça entender, por exemplo, se eu estou em um
almoço de domingo com a família, eu não vou usar do mesmo modo para falar em
uma entrevista de emprego, ou se eu estou escrevendo um texto em uma rede social,
eu não usarei da mesma forma para escrever uma redação para um concurso público.
E para fortalecer esse argumento trouxemos a charge abaixo:

Posto isso, seguimos explicando cada Variedade Linguística apresentada por


Dieli em seu livro, exemplificando com vídeos encontrados em redes sociais,
Variedade no Campo da idade e no Campo do Sexo que caminham lado a lado;
Variedades no Campo social, englobando nível de escolaridade, nível cultural e nível
profissional, os vídeos trazidos foram de jargões profissionais usados dentro das
profissões, como em medicina, engenharia, segurança, etc; com a ajuda de slides
exibimos as diferenças entre sotaques, gírias e dialetos. E por fim, a Variedade no
Campo Territorial ou Regional, nós encontramos vídeos caseiros que tinham como
maior característica o sotaque explícito nas falas, um de um menino do interior do
Paraná e o outro, um vídeo de uma mulher que declamava uma poesia com as
variações encontradas no nordeste, abaixo um trecho do poema:

“Por eu ser nordestina o meu sotaque é diferenciado


Tem gente que ri dizendo que eu falo engraçado
Estudo mais a cultura e deixe de ser debochado
As palavras são diferentes, mas têm o mesmo significado
E eu vou mostrar o que é certo, o que muitos acham errado.
Lá chinela é apracata, banco é tamburete, água com açúcar é garapa
Pedaço de pau é porrete, ter pressa é avexado, ser rápido é ligeiro
Ser bobo é abestado, ser briguento é aringueiro (...)”.

Ao abordarmos Variação Linguística com os alunos, optamos, em acordo com


a profª Sandra (responsável pela turma com a qual trabalhamos), por encerrar nossa
participação nas aulas com dois exercícios. Um deles, do qual trataremos a seguir,
aborda o tema da variedade linguística com a transposição multimodal para o gênero
da música; o outro foi uma lista de exercícios sobre variedade linguística cujo objetivo
foi voltado para os critérios de avaliação da profª Sandra - sendo assim, não o
abordaremos no presente trabalho. A atividade se deu através do uso do laboratório
de informática da escola, onde os alunos deveriam pesquisar na internet letras
musicais de sua preferência, observando em qual variação linguística a mesma estava
inserida. Para isto, os alunos deveriam copiar trechos da música escolhida e apontar
qual a variação, justificando através das marcações feitas no trecho copiado. Neste
exercício, apenas dois alunos participaram, segue:
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa mescla de abordagem sociointeracionista e linguagem midiática,


pudemos perceber uma troca bastante lucrativa com os alunos. Por se tratar de uma
turma do EJA (período noturno), dentro das várias situações que isso engloba -
questões de trabalho, filhos, encceja, etc. - tivemos contato com um número pequeno
de alunos, que começou por volta de 10 e acabou em um total de 4: dos que
participaram nas apresentações propostas pelo nosso grupo, foram 4 no início e 2 no
final. Mesmo assim, a experiência se mostrou bastante elucidativa no que tange a
questões de interação professor e aluno. Com relação ao vídeo que abriu nossa
abordagem, o Vida Maria, a resposta formal escrita nos deixou bastante satisfeitas,
não pela escrita em si, mas pela fomentação de reflexão que todo aquele exercício
propiciou.
Quanto a variedade linguística, um dos temas mais importantes para o
cumprimento da carga horária que cabe à profª Sandra, que nos orientou todo esse
tempo com muita paciência e dedicação, foi de extrema importância a transposição do
assunto para o gênero música, pois além de promover a reflexão sobre o conteúdo
dado em sala de aula, a atividade teve como objetivo contextualizar a variação
linguística e sua presença no cotidiano dos discentes, permitindo uma ampla
variedade de estilos e artistas musicais, o que instigou o aprendizado dos alunos, que
ficaram duplamente focados na atividade por isto e por saírem da rotina escolar ao
irem ao laboratório de informática, e, se interessaram em completá-la de fato. Por fim,
tal atividade também trabalhou a questão da intermidialidade, possibilitando o
reconhecimento dos estudantes sobre as diferenças e semelhanças de um gênero
textual para outro.
REFERÊNCIAS

ESCARPA, Ester Mirian: Aquisição da Linguagem. In.: MUSSALIM, Fernanda;


BENTES, Anna Christina (Orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. São
Paulo: Cortez, 2001. Pág. 203-232.

DIONISIO, Angela Paiva - VASCONSELOS, Leila Janot: Multimodalidade, Gênero


textual e Leitura. Múltiplas Leituras para o Ensino Médio / Clecio Bunzen, Márcia
Mendonça (Orgs.) - São Paulo: Parábola Editorial, 2013 (Estratégias de Ensino)

PALMA, Dieli Vesaro: Variações linguísticas e os Diversos Gêneros da Esfera da Vida


pública, profissional e familiar. A Reflexão e a prática do Ensino - Volume 1 / Márcio
Rogério de Oliveira Cana (Coordenador) - Editora Blucher, 2012.

L. S. Vigotski: A Construção do Pensamento e da Linguagem. Tradução PAULO


BEZERRA (USP) – Martins Fontes, São Paulo – SP, 2001.

GÊNEROS MULTISSEMIÓTICOS E ENSINO: UMA PROPOSTA DE MATRIZ DE


LEITURA – Rosivaldo Gomes (UNIFAP) - Trem de Letras, v. 3, n. 1, 2017

DELL’ISOLA, Regina Lúcia: Péret NOS DOMÍNIOS DOS GÊNEROS TEXTUAIS V.2 -
Belo Horizonte, 2009. Pág. 53-70.

RIGONATTO, Maria. Carta de Leitor. Disponível em:


<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/carta-leitor.htm> Acesso em: 06 de
novembro de 2017.

“Conheça os bastidores de "Vida Maria", animação que virou referência ao tratar do


trabalho infantil” – Por Raquel Marques, em 03/05/2017 –
https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br/noticias/materias/conheca-os-bastidores-de-
vida-maria-animacao-que-virou-referencia-ao-tratar-do-trabalho-infantil/

“Vida Maria” – Joelma Ramos e Márcio Ramos (2006) -


https://www.youtube.com/watch?v=yFpoG_htum4

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