Sunteți pe pagina 1din 16

MINISTÉRIO DA FAZENDA

PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DA 4ª VARA FEDERAL


DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE JUIZ DE FORA/MG

PROCESSO: 1000140-02.2017.4.01.3801
IMPETRANTE: ULTRIMAGEM LTDA
IMPETRADO: DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM J. FORA

REFERÊNCIA: e-PROCESSO nº 10640.721168/2017-27

A União (Fazenda Nacional), nos autos do processo em epígrafe,


inconformada com a r. sentença monocrática, vem, respeitosa e tempestivamente,
pelo Procurador que esta subscreve, apresentar recurso de

APELAÇÃO

em face da referida decisão, com base no art. 1009 e ss. do novo


Código de Processo Civil (CPC/2015), de acordo com as razões em anexo, que
integram a presente e cuja juntada requer.

P. deferimento.

Juiz de Fora/MG, 18 de dezembro de 2017.

Paulo Antônio Nunes


Procurador da Fazenda Nacional
OAB/MG 86.209

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 1
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

PROCESSO: 1000140-02.2017.4.01.3801
APELANTE: UNIÃO (FAZENDA NACIONAL)
APELADO: ULTRIMAGEM LTDA

Colenda Turma,
Ilustres Julgadores,

Em preliminar, a Fazenda Nacional esclarece que o presente


recurso é tempestivo, nos termos do §5º do art. 1003 c/c o art. 183 do novo Código
de Processo Civil (CPC/2015).

Trata-se de mandado de segurança no qual o impetrante pretende


afastar a incidência da contribuição previdenciária patronal sobre as parcelas pagas
aos seus empregados a título de: aviso prévio indenizado, auxílio-doença (primeiros
quinze dias de afastamento do empregado), salário-maternidade, férias gozadas e
terço constitucional de férias.

Analisando o pedido, a douta Juíza a quo concedeu parcialmente a


segurança vindicada.

Inobstante a integridade e inteligência de que é dotada a MMª Juíza


prolatora da decisão referida, esta merece ser reformada. Vejamos.

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 2
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
DA DECISÃO RECORRIDA

A MMª Juíza a quo, ao sentenciar, entendeu ser parcialmente


procedente a pretensão consignada na inicial. A parte dispositiva da r. sentença foi
redigida nos seguintes termos:

“(...)

Ante o exposto, ratifico a liminar parcialmente deferida e concedo, em parte,


a segurança buscada, para determinar à autoridade impetrada que se
abstenha de promover, contra a impetrante, qualquer ato tendente a exigir a
parcela da contribuição patronal incidente sobre as verbas a seguir
discriminadas, pagas aos funcionários (folha de salários e demais
rendimentos do trabalho), na base de cálculo da contribuição previdenciária
prevista no art. 195, I, “a”, da Constituição Federal e art. 22, I, da Lei nº
8.212/91:

a) auxílio-doença/acidente pago pelo empregador nos quinze primeiros dias


de afastamento;

b) adicional de férias de um terço;

c) aviso prévio indenizado.

Fica desde logo declarado o direito da impetrante à compensação, que


poderá ser realizada com quaisquer tributos vincendos administrados pela
Secretaria da Receita Federal, ressalvadas aquelas previstas no art. 26 da Lei
nº 11.457/2007. A compensação fica limitada pela prescrição quinquenal,
devendo ser aparelhada após o trânsito em julgado (art. 170-A do CTN),
observado o procedimento administrativo próprio, incidindo juros de mora,
desde a citação, e correção monetária, desde a data do efetivo pagamento
até a data do encontro de contas, observado o Manual de Cálculos da Justiça
Federal, bem como resguardando-se à Administração Pública o poder de
fiscalizar a regularidade do procedimento compensatório efetuado.

(...)”.

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 3
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
DO DIREITO

Para bem elucidar a matéria versada nos autos, mister trazer à


colação os principais dispositivos do ordenamento jurídico que cuidam da base de
cálculo das contribuições sociais previdenciárias. Por primeiro, veja-se adiante o
preceito encartado no art. 201 da Constituição Federal:

“Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de
caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, [...]

§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão


incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e
conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.
(Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) [...]”

(destaque acrescido).

Portanto, na forma do parágrafo 11 do dispositivo constitucional, em


se tratando do regime geral de previdência social, os ganhos habituais do
empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de
contribuição previdenciária, com a correspondente repercussão em benefícios.

Note-se que o preceito constitucional não excepcionou, utilizando,


inclusive, a expressão “a qualquer título”. Quis o legislador, à evidência, abarcar
todos os ganhos habituais auferidos pelo trabalhador, sem qualquer exceção.

Já o art. 28, inciso I, da Lei nº 8.212, de 1991, em perfeita


consonância com o balizamento constitucional, estabelece que a base de cálculo da
contribuição previdenciária corresponde à totalidade dos rendimentos pagos ao
empregado ou trabalhador avulso durante o mês, a qualquer título. Cumpre observar
que o parágrafo 9º do aludido dispositivo legal enumera, exaustivamente, as
parcelas que não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária.
Confira-se:

“Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição:


I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou
mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos,
devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 4
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais
sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer
pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do
empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de
convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada
pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
[...]
§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei,
exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o salário-
maternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos
da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973;
c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação
aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei
nº 6.321, de 14 de abril de 1976;
d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional
constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias
de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT; (Redação dada
pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
e) as importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei nº
9.528, de 10.12.97
1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias;
2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988,
do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço-FGTS;
3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT;
4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de
junho de 1973;
5. recebidas a título de incentivo à demissão;
6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT;
(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).
7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente
desvinculados do salário; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).
8. recebidas a título de licença-prêmio indenizada; (Redação dada pela Lei nº
9.711, de 1998).
9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de
outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).
f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria;
g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de
mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT;
(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinqüenta por cento)
da remuneração mensal;

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 5
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de
estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977;
j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada
de acordo com lei específica;
l) o abono do Programa de Integração Social-PIS e do Programa de Assistência ao
Servidor Público-PASEP; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos
pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da
de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija
deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo
Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do
auxílio-doença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados
da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira,
de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Alínea
acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).
p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a
programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível
à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts.
9º e 468 da CLT; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico,
próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas
com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico-hospitalares
e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e
dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios
fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos
respectivos serviços; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso
creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite
máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas
realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do
art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e
qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa,
desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os
empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº
9.711, de 1998).
u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao
adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de
10.12.97)
v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea
acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)
x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela
Lei nº 9.528, de 10.12.97)

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 6
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
Com a devida vênia, a decisão recorrida não se amolda à legislação
ora transcrita. De fato, a MMª Juíza a quo, ao sentenciar, afastando diversos
rendimentos auferidos pelos trabalhadores da incidência da contribuição
previdenciária, extrapolou as hipóteses elencadas no parágrafo 9º do art. 28 da Lei
8.212/1991.

Como visto, o salário-de-contribuição, assim definido pelo art. 28,


inciso I, da Lei nº 8.212, de 1991, deve contemplar todas as vantagens recebidas
pelo empregado durante o vínculo trabalhista, salvo aquelas expressamente
excluídas. É irrelevante definir se a vantagem representa contrapartida direta do
serviço prestado ou se é paga em decorrência de direito constitucional trabalhista,
pois em uma e em outra hipótese irá refletir no valor dos benefícios previdenciários.

Sabe-se que o valor do benefício previdenciário resulta da média


aritmética das contribuições recolhidas ao longo da atividade, e estas dependem
diretamente do salário-de-contribuição, que por sua vez se compõe dos valores
pagos ao empregado. O salário-de-contribuição, uma vez composto, é base de
cálculo da contribuição do empregado e do empregador, num esforço conjunto a fim
de preservar o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema previdenciário.

Não se pode dar ao salário-de-contribuição a definição simplória


que o faz corresponder à remuneração pelo serviço prestado, assim como não é
possível exigir sempre do trabalhador a contrapartida da vantagem recebida. Haverá
situações em que, mesmo afastado do trabalho o empregado faz jus ao salário,
como se verifica na licença-maternidade, nas férias e nos descansos semanais.

Ora, se não há questionamentos sobre o direito à remuneração em


tais hipóteses, também não pode haver quanto à incidência de contribuições sobre
tal remuneração, pois isso seria negar os direitos previdenciários garantidos pela
Constituição, já que esta dispõe expressamente em seu art. 195, § 5º, que “nenhum
benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido
sem a correspondente fonte de custeio total”.

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 7
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
Após a Constituição de 1988, as férias têm remuneração
diferenciada, isto é, acrescida de um terço da remuneração mensal normal. É
prescindível, desde então, fazer referência ao adicional de um terço, porquanto não
há férias sem o respectivo adicional.

O vocábulo “férias” pressupõe, assim, a remuneração já acrescida


de um terço, e a incidência de contribuições ocorre normalmente, como em qualquer
mês quando o empregado tenha auferido maior ou menor renda. Para a relação de
trabalho e também para fins de incidência de contribuições, as férias e o repouso
semanal remunerado têm a mesma finalidade e natureza, isto é, são períodos de
descanso durante os quais o contrato de trabalho tem vigência normal e produz
todos os efeitos financeiros e previdenciários.

É certo que durante os períodos de descanso não há prestação de


serviço, portanto, a remuneração do período correspondente não representa uma
contraprestação do empregado. Durante os descansos remunerados, o empregado
estará recompondo sua força de trabalho, após os quais, supõe-se, produzirá mais e
melhor.

Uma vez aposentado, porém, cessa o direito ao descanso semanal e


às férias, mas não o direito ao benefício no período correspondente, embora sem
qualquer adicional. O que justifica a incidência de contribuições em tais hipóteses
não poderia ser mesmo a prestação de serviço, mas sim o direito ao benefício
previdenciário, que é contínuo e não se interrompe durante as férias ou nos finais de
semana.

O art. 214, § 4º do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999 - no


intuito de regulamentar a Lei de Custeio de modo a concretizar os direitos relativos à
saúde, à previdência e à assistência social assegurados pela Constituição (art. 194) -
reafirma a incidência de contribuições sobre o adicional de férias ao considerá-lo
salário de contribuição: “A remuneração adicional de férias de que trata o inciso XVII
do art. 7º da Constituição Federal integra o salário de contribuição”.

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 8
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
No julgamento do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento
nº 2003/0030883-0, o Superior Tribunal de Justiça confirmou a incidência da
contribuição previdenciária sobre o terço de férias. Veja-se:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL.


PREQUESTIONAMENTO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE 1/3
CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS.
1. A apreciação da questão federal impugnada pela via especial depende do seu
efetivo exame e julgamento pelo Tribunal a quo.
2. A legalidade da incidência da contribuição previdenciária sobre o terço
constitucional de férias foi decidida no acórdão recorrido com base nos princípios
constitucionais, matéria cuja revisão escapa aos limites da estreita competência
outorgada ao Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso especial
3. O STJ já se manifestou no sentido de que o terço constitucional de férias
constitui espécie de remuneração sobre a qual incide a contribuição
previdenciária.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(STJ – AGA no AG 502146 – Segunda Turma – Decisão de 02/10/2003 – DJ
13/09/2004, p. 205 – destaques acrescidos)

É bem verdade que o Supremo Tribunal Federal – STF, ao decidir o


AI 727958, exarou o seguinte entendimento:

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA SOBRE AS HORAS EXTRAS E O TERÇO DE FÉRIAS.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. Esta Corte fixou entendimento no
sentido que somente as parcelas incorporáveis ao salário do servidor
sofrem a incidência da contribuição previdenciária. Agravo Regimental a que
se nega provimento.” (com destaque acrescido).

Veja-se que a decisão do STF cuida de determinadas verbas


auferidas por SERVIDOR PÚBLICO, de regra, vinculado a regime próprio de
previdência social. Por outro lado, a situação posta nos autos tem a ver com
trabalhador regido pelo Regime Geral da Previdência Social.

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 9
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
A diferença dos dois regimes de previdência – próprio e geral –,
no que tange à incidência da contribuição previdenciária, é notória.

Com efeito, os servidores públicos, sujeitos que são a regime


próprio de previdência social, por disposição constitucional não incorporam os
valores auferidos a título de TERÇO DE FÉRIAS e HORAS EXTRAS aos seus
benefícios previdenciários (vide art. 40, §2º, da Constituição Federal). Por essa
razão, a jurisprudência tem-se direcionado no sentido de que não incide a
contribuição previdenciária sobre tais parcelas. O raciocínio parece lógico, pois se
não há proveito para o servidor quando do recebimento do benefício previdenciário,
não deve haver incidência da contribuição previdência sobre mencionadas parcelas.

Outra, entretanto, é a situação dos trabalhadores vinculados ao


Regime Geral da Previdência Social. Os valores recolhidos a título de contribuição
previdenciária, incidentes sobre os rendimentos auferidos, a qualquer título, pelo
empregado (dentre os quais está inserido o terço de férias), serão aproveitados
quando da apuração dos futuros benefícios previdenciários. E isso ocorre por força
da regra inserta no parágrafo 3º do art. 29 da Lei 8.213/1991, vazado nos seguintes
termos:
“Serão considerados para cálculo do salário-de-benefício os ganhos
habituais do segurado empregado, a qualquer título, sob forma de moeda
corrente ou de utilidades, sobre os quais tenha incidido contribuições
previdenciárias, exceto o décimo-terceiro salário (gratificação natalina).”
(destaques acrescidos).

Destarte, não prospera o entendimento adotado pela MMª Juíza


sentenciante para afastar a incidência da contribuição previdenciária sobre o TERÇO
CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS.

Quanto ao auxílio-doença, o impetrante, ora Apelado, pretende


afastar a obrigação de pagar as contribuições a que se referem os incisos I e II do
art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, quando incidentes sobre os salários pagos aos
empregados durante os primeiros quinze dias de afastamento por motivo de doença,
sob alegação de que tais valores não constituem remuneração e, portanto, não
compõem o salário-de-contribuição. Sustenta que, por não haver prestação de
serviço durante aquele período, tais valores não constituem base de incidência de
contribuições.

10

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 10
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
De acordo com o inciso I do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, a
contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, é de 20% sobre o
total de remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o
mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos. Uma vez configurada a
relação de emprego ou outro vínculo que importe prestação de serviço (ainda que
potencial), haverá incidência de contribuições.

O que fundamenta e justifica o pagamento de salários e dos


encargos correspondentes não é tão somente a prestação do serviço, mas também o
vínculo estabelecido entre o empregador e o empregado, pelo qual há um
comprometimento recíproco em cujas bases se forma o histórico profissional do
trabalhador e se irradiam direitos trabalhistas e previdenciários.

Os afastamentos do trabalhador por motivo de doença ou acidente,


superiores a quinze dias consecutivos, implicam sensível mudança na relação de
trabalho: o que era salário se transforma em benefício previdenciário, que é pago
pela Previdência Social e não sofre qualquer tributação. Porém, durante os quinze
primeiros dias de afastamento, bem assim nos demais afastamentos de até
quinze dias, o empregado tem direito a salário e não a auxílio-doença. Sobre
isso não deve pairar qualquer dúvida, porquanto a disposição do art. 60, § 3º da Lei
nº 8.213, de 24 de julho de 1991, é clara e expressa: “Durante os primeiros quinze
dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, incumbirá à
empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral” (destaque
acrescido).

O auxílio-doença consiste em benefício previdenciário, tem natureza


contributiva (isto é, depende de contribuições para ser pago), é sujeito a carência e é
pago pela Previdência Social a partir do décimo-sexto dia de afastamento (art. 59 da
Lei nº 8.213). É condição essencial para sua concessão a incapacidade para o
trabalho, devidamente atestada por médico perito competente. Trata-se de ato
complexo que se submete a rigoroso procedimento que tem como fase obrigatória a
confirmação inequívoca do estado de incapacidade do trabalhador, para a qual a Lei
estipulou um prazo de quinze dias (Lei nº 8.213, de 1991, art. 60, § 4º).

Sendo o auxílio-doença benefício previdenciário, sobre ele não


incidem contribuições, ex vi do art. 28, § 9º, alínea “a” da Lei nº 8.212, de 1991. O
que marca o início do benefício é a constatação inequívoca do estado de
incapacidade, o que só é possível, nos termos da Lei, a partir do décimo-sexto dia
de afastamento (art. 59). Esse termo inicial marca também a mudança de esfera de

11

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 11
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
proteção que a Lei garante ao segurado da Previdência, isto é, a proteção legal
deixa de incidir no âmbito da empresa e passa a incumbir a Previdência Social do
ônus financeiro até que se dê a reabilitação do segurado.

Uma vez que o benefício previdenciário só se configura a partir do


décimo-sexto dia de afastamento, enquanto este não se verificar o trabalhador estará
sob a proteção da Lei no âmbito da empresa à qual se acha vinculado pela relação
trabalhista. Cabe a esta, portanto, pagar os salários do empregado durante os
primeiros quinze dias que antecedem o auxílio-doença, na forma contratual,
porquanto inquestionável sua natureza salarial.

A natureza salarial da remuneração a que se obriga a empresa


durante os primeiros quinze dias e a natureza contributiva do benefício previdenciário
que lhe sucede impõem o custeio deste por contribuições previdenciárias, a fim de
atender ao que determina o art. 195, § 5º da Constituição: “Nenhum benefício ou
serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
correspondente fonte de custeio total”.

É bem verdade que, no âmbito dos tribunais, o entendimento em


relação à incidência de contribuições sobre a remuneração relativa aos primeiros
quinze dias de afastamento do empregado não é unânime. Há até mesmo confusão
quanto à caracterização do auxílio-doença e ao seu termo inicial, e isso faz toda a
diferença, pois nos primeiros quinze dias o empregado recebe salário e, a partir
do décimo-sexto dia, recebe benefício previdenciário. Sobre este não há
controvérsia quanto à natureza previdenciária, o que o exclui da base de cálculo de
contribuições. Em alguns julgados, a questão fica clara, tanto quanto a natureza
salarial dos valores pagos ao empregado durante os primeiros quinze dias, quanto a
de constituir base de incidência de contribuições previdenciárias:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - TRIBUTÁRIO - INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA SOBRE A VERBA PAGA PELO EMPREGADOR AO
EMPREGADO NOS QUINZE PRIMEIROS DIAS DE AFASTAMENTO DA ATIVIDADE
LABORAL POR MOTIVO DE DOENÇA - NATUREZA SALARIAL - AGRAVO
IMPROVIDO.

12

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 12
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
1. A previsão legal é de que a contribuição social a cargo da empresa incide "sobre o
total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título", aqui
abrangidas outras remunerações que não salário (art. 22, inciso I, da Lei nº 8.212/91).
2. A mera interrupção do contrato de trabalho nos quinze primeiros dias
anteriores a eventual concessão de auxílio-doença não tira a natureza salarial do
pagamento devido ao empregado.
3. A remuneração nos quinze primeiros dias do afastamento do empregado tem
natureza salarial, integrando a base de cálculo das contribuições previdenciárias.
4. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
Acórdão
(TRF 3ª REGIÃO – AG 251126 – Primeira Turma – Decisão de 13/06/2006 – DJU
29/08/2006, p. 326 – destaques acrescidos)

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE SOBRE A


REMUNERAÇÃO PAGA PELO EMPREGADOR NOS QUINZE PRIMEIROS DIAS DO
AUXÍLIO-DOENÇA. NATUREZA SALARIAL.
1. "O pagamento efetuado pela empresa ao empregado nos primeiros 15 (quinze)
dias por motivo de doença ou acidente de trabalho possui natureza jurídica de
remuneração salarial, integrando a base de cálculo de incidência da contribuição
previdenciária sobre a folha de salários (Lei 8.213/91, art. 60 parágrafo 3º). Agravo de
Instrumento improvido." (TRF5, AG 77779/CE, Terceira Turma, julgamento em
25/10/2007, DJ de 12/12/2007, Relator Desembargador Federal Frederico Pinto de
Azevedo, decisão UNÂNIME)2. Apelação e remessa oficial providas.
(TRF 5ª REGIÃO – AC 417298 – Primeira Turma – Decisão de 31/01/2008 – DJ
28/03/2008, p. 1368 – destaques acrescidos)

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS.


REMUNERAÇÃO PAGA PELO EMPREGADOR NOS PRIMEIROS QUINZE DIAS DO
AUXÍLIO-DOENÇA E AUXÍLIO-ACIDENTE. ENFOQUE CONSTITUCIONAL.
SÚMULA Nº 126/STJ. INCIDÊNCIA.
I - O Tribunal a quo, ao decidir a controvérsia acerca da incidência de contribuição
previdenciária sobre os valores pagos nos quinze primeiros dias antes da obtenção do
auxílio-doença e do auxílio-acidente, bem como sobre o salário-maternidade, adotou

13

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 13
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
como alicerce fundamentos de índole eminentemente constitucional, porquanto
analisou a questão à luz dos arts. 7º, XVIII, e 195, I, da Constituição Federal.
II - A recorrente não interpôs recurso extraordinário para atacar o fundamento
constitucional, verificando-se, assim, o trânsito em julgado deste. Incide, pois, na
espécie, o óbice sumular nº 126 deste Superior Tribunal de Justiça, inviabilizando a
análise do recurso especial.
III - Agravo regimental improvido
(STJ – AGRESP 988700 – Primeira Turma – Decisão de 03/04/2008 – DJE
07/05/2008)

Finalmente, a Fazenda Nacional esclarece que não pretende


recorrer da sentença proferida, especificamente, na parte que afastou a
incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de
aviso-prévio indenizado, com fulcro no art. 2º da Portaria PGFN/CRJ 502/2016
(Nota PGFN/CRJ nº 485/2016 e Nota PGFN/CRJ nº 981/2017).

DA COMPENSAÇÃO GARANTIDA NA SENTENÇA

Em suma, na decisão recorrida, a MMª Juíza a quo garantiu o direito


à compensação da contribuição previdenciária recolhida pelo apelado, incidente
sobre as verbas salariais citadas anteriormente, com outros tributos.

Existe, entretanto, vedação expressa na legislação tributária


quanto à compensação de créditos da contribuição previdenciária com outros
tributos.

Com efeito, a Lei nº 11.457, de 2007, ao criar a Secretaria da


Receita Federal do Brasil e transferir, para o novo Órgão, o controle e a
fiscalização das contribuições previdenciárias (art. 2º), fez constar, expressamente,
no seu art. 26:

“Art. 26. O valor correspondente à compensação de débitos relativos às


contribuições de que trata o art. 2º desta Lei será repassado ao Fundo do

14

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 14
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
Regime Geral de Previdência Social no máximo 2 (dois) dias úteis após a
data em que ela for promovida de ofício ou em que for deferido o respectivo
requerimento.

Parágrafo único. O disposto no art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de


1996, não se aplica às contribuições sociais a que se refere o art. 2º desta
Lei.” (grifou-se).

Em se tratando, portanto, de contribuição previdenciária, existe


vedação expressa quanto à compensação de eventual indébito com outros tributos
administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Em outras palavras, a
compensação de eventual crédito apurado da contribuição previdenciária, por força
do parágrafo único do art. 26 da Lei 11.457/2007, somente pode ser realizada com
débitos da própria contribuição social.

DO PREQUESTIONAMENTO

Por fim, para efeito de possibilitar a eventual interposição de


recursos aos Tribunais Superiores, a União requer a manifestação expressa dessa
Colenda Corte quanto aos dispositivos legais e teses abordados na presente
apelação.

CONCLUSÃO

Do exposto, requer a UNIÃO seja conhecida e provida a presente


Apelação, para reformar a r. decisão de primeiro grau e julgar improcedente o pedido
formulado na peça inicial, na parte que afastou a incidência da contribuição
previdenciária sobre os valores pagos a título de terço constitucional de férias,
e auxílio-doença (primeiros quinze dias de afastamento do empregado).

15

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 15
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111
Requer, outrossim, em se apurando valor da contribuição
previdenciária recolhido indevidamente, que a compensação fique restrita aos
débitos do mesmo tributo, em consonância com o art. 26 da Lei 11.457/2007.

P. deferimento.

Juiz de Fora/MG, 18 de dezembro de 2017.

Paulo Antônio Nunes


Procurador da Fazenda Nacional
OAB/MG 86.209

16

Assinado eletronicamente por: PAULO ANTONIO NUNES - 18/12/2017 18:26:32 Num. 3927033 - Pág. 16
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje-web/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=17121818204278700000003917111
Número do documento: 17121818204278700000003917111

S-ar putea să vă placă și