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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2019.0000598526

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0005927-33.2017.8.26.0201 e código CFF7A28.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Criminal nº


0005927-33.2017.8.26.0201, da Comarca de Garça, em que é apelante LUIZ
CARLOS MARÇAL, é apelado MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO
PAULO.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CESAR AUGUSTO ANDRADE DE CASTRO, liberado nos autos em 31/07/2019 às 17:33 .
ACORDAM, em 3ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de
Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso.
V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores LUIZ


ANTONIO CARDOSO (Presidente) e ÁLVARO CASTELLO.

São Paulo, 30 de julho de 2019.

CÉSAR AUGUSTO ANDRADE DE CASTRO


RELATOR
Assinatura Eletrônica
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PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Apelação Criminal nº 0005927-33.2017.8.26.0201

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Apelante: Luiz Carlos Marçal
Apelado: Ministério Público do Estado de São Paulo
Assistente do Ministério Público: Adão Claudio Jacomo
Comarca: Garça
Voto nº 11242

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CESAR AUGUSTO ANDRADE DE CASTRO, liberado nos autos em 31/07/2019 às 17:33 .
Ementa

Apelação da Defesa Tribunal do Júri Homicídio


qualificado pelo motivo fútil e Homicídio qualificado pelo
motivo fútil e pela condição de sexo feminino Concurso
material Decisão manifestamente contrária à prova dos
autos Inocorrência Acusado que desferiu dois disparos
de arma de fogo contra o filho de sua ex-companheira,
atingindo-a em seguida, dando causa à morte de ambos
Confissão judicial Alegação de ação em legítima defesa
não acolhida pelos jurados Qualificadoras mantidas
Pena bem justificada Inviabilidade de aplicação da
circunstância atenuante da confissão espontânea, ante a
negativa do 'animus necandi' Regime prisional fechado
legalmente previsto para a quantidade de pena imposta
Recurso de apelação desprovido.

Vistos.

LUIZ CARLOS MARÇAL foi condenado a


cumprir a pena de 33 anos e 03 meses de reclusão, em regime inicial fechado,
por infração ao disposto no artigo 121, § 2º, inciso II, e artigo 121, § 2º,
incisos II e VI, combinado com o § 7º, inciso III, ambos do Código Penal, em
concurso material.

Inconformado réu apela, pleiteando a anulação do


julgamento por decisão manifestamente contrária à prova dos autos.

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Alternativamente busca o afastamento da qualificadora do motivo fútil e o

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reconhecimento da circunstância atenuante da confissão espontânea.

Recurso bem processado e respondido em


contrarrazões.

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A Procuradoria de Justiça opinou pelo
desprovimento do apelo.

Decorrido o prazo para que as partes se


manifestassem acerca de eventual oposição ao julgamento virtual, nos termos
do artigo 1º, da Resolução nº 549/2011, com redação estabelecida pela
Resolução nº 772/2017, ambas do Colendo Órgão Especial deste Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, houve expressa oposição a essa
forma de julgamento (fl. 593).

É o relatório.

Consta da denúncia que no dia 17 de novembro de


2017, no interior da residência localizada na Rua Santa Lúcia nº 445, Bairro
José Ribeiro, cidade de Garça, LUIZ CARLOS MARÇAL efetuou disparos
de arma de fogo contra as vítimas Erika Caldeira Jácomo e Cauê Caldeira
Jácomo, dando causa às suas mortes.

Segundo o apurado o acusado e a vítima Érika


mantinham um relacionamento amoroso havia 04 anos, e na data dos fatos,
por conta de um desentendimento entre ambos, ocorreu o término do

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relacionamento por iniciativa de Érika.

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Ocorre que o acusado não se conformou com o
rompimento e procurou a vítima na residência em sua residência e foi
atendido atendido pelo filho da ofendida, Cauê, de 17 anos de idade, que

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tentava convencer o acusado a deixar o local quando foi atingido por dois
disparos de arma de fogo efetuados pelo acusado, causando-lhe a morte.

Em seguida, a vítima Érika saiu da residência para


verificar o que ocorrida e acabou atingida por três disparos de arma de fogo
efetuados pelo réu, causando a sua morte.

Consta ainda que os outros dois filhos da vítima,


que também estavam na residência, presenciaram a morte do irmão e da
genitora.

Interrogado no distrito policial o acusado alegou


que possuía porte de arma funcional por ser agente penitenciário, e que após
uma discussão com Érika a procurou em sua residência e foi atendido por
Cauê, então armado com um canivete, que intentou contra ele, de sorte que
reagiu com dois disparos de arma de fogo. Afirmou ainda que Érika logo saiu
da residência e acabou atirando também contra ela, sendo detido pelos
policiais militares algumas horas mais tarde.

Interrogado em Juízo, o réu novamente admitiu ter


efetuado os disparos contra Cauê, alegando que percebeu que o ofendido
portava uma faca grande de cozinha, e que na sequência também atirou em
Érika, porque ela correu em sua direção.

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De sua parte, a testemunha Linda Cauani Caldeira

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Jácomo, filha de Érika, disse que estava dormindo quando ouviu o acusado
bater na porta da residência, e em seguida o seu irmão Cauê atendeu ao
chamado, percebendo que ele portava um canivete, ouvindo então os disparos
de arma de fogo.

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Já os policiais militares Luís Fábio Techi Zanotti e
Walter Scaquett disseram em Juízo que atenderam a ocorrência e que
encontraram as vítimas desfalecidas no chão, encontrando no local uma faca e
vários projéteis de calibre 380.

As demais testemunhas ouvidas não presenciaram


os fatos.

Portanto, a condenação foi pautada nas


consistentes provas dos autos, inclusive na própria confissão do acusado, que
alegou a seu favor a ação em legítima defesa.

A mencionada excludente de ilicitude, contudo,


não foi acolhida pelo Conselho de Sentença, e com razão, pois mesmo que se
admitisse a legítima defesa, ainda assim o acusado teria agido com excesso,
repelindo a eventual agressão por parte de um adolescente que portava um
canivete com dois disparos de arma de fogo em região vital, tudo a
descaracterizar a aludida excludente.

Observo ainda que a qualificadora do motivo fútil


incidiu sobre ambos os crimes de homicídio, após a votação por parte dos
Jurados, o que deve ser mantido, mesmo porque, as evidências de que o
acusado agiu movido por ciúmes bem demonstram a qualificadora em

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questão.

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Enfim, as teses da defesa e da acusação foram
sopesadas pelo Conselho de Sentença, que se inclinou pela tese acusatória, o
que está abrangido pelo seu poder de decisão, não se podendo cogitar,

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portanto, que a decisão tenha sido contrária à evidência dos autos.

É bom que se diga que, para desconstituir uma


decisão do Tribunal do Júri é imprescindível a constatação de que não houve
embasamento em qualquer prova existente no processo, o que não ocorreu no
caso concreto.

Desse modo, cumpre apenas prestigiar a solução


adotada pelo Conselho de Sentença.

Quanto ao delito que vitimou Cauê, a pena-base


foi imposta em 02 anos e 03 meses acima do mínimo legal, considerando que
na residência haviam duas crianças, que presenciaram a morte da genitora e
do irmão mais velho, situação que certamente acarretou fundado trauma no
processo de desenvolvimento psicossocial de tais crianças.

A MMª. Juíza ainda consignou que também


deveria ser considerada a idade da vítima Cauê, adolescente que recebe
especial proteção constitucional, devendo a conduta praticada contra ele ser
mais rigorosamente punida.

Na segunda etapa, não incidiram circunstâncias


agravantes e atenuantes, e não era mesmo o caso de se reconhecer a
circunstância atenuante da confissão espontânea, pois a despeito de ter

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admitido os disparos de arma de fogo, o réu alegou a seu favor a ação em

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legítima defesa, sem intenção de ceifar as vidas das vítimas.

Portanto, a pena quanto ao homicídio que vitimou


Cauê se tornou definitiva em 14 anos e 03 meses de reclusão.

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Quanto ao delito praticado contra a vítima Érika, a
pena-base também foi imposta em 02 anos e 03 meses acima do mínimo legal,
ou seja, 14 anos e 03 meses de reclusão, pelos motivos anteriormente
expostos, não se olvidando também do fato do desamparo familiar de dois
filhos menores desta vítima, o que evidentemente transcende as
consequências do homicídio.

Em seguida, considerando a existência de duas


qualificadoras motivo fútil e feminicídio a segunda delas foi levada em
conta como circunstância agravante, justificando o acréscimo à pena na
segunda etapa em 1/6, resultando em 16 anos, 07 meses e 15 dias de reclusão.

Na terceira etapa da dosimetria, incidiu a causa de


aumento prevista no artigo 121, § 7º, inciso III a pena do feminicídio é
aumentada de 1/3 quando praticada na presença de descendentes da vítima
resultando em 22 anos e 02 meses de reclusão.

Foi reconhecido o concurso material de crimes, eis


que o acusado, mediante ações distintas, provocou a morte de duas vítimas,
resultando na somatória das penas, que alcançou o patamar definitivo de 33
anos e 03 meses de reclusão.

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Fica mantido o regime prisional fechado para o

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início do cumprimento da pena, legalmente previsto para a quantidade de
pena imposta, não bastasse a gravidade concreta dos crimes e a alta
reprovabilidade da conduta.

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ASSIM, PELO MEU VOTO, NEGO
PROVIMENTO AO RECURSO.

Andrade de Castro
Relator

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