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das-artes/
Essa euforia artística assim transcorreu até o período da Primeira Guerra Mundial
– 1914 a 1918 – a qual obscureceu os campos de trabalho na Europa em geral e
na Alemanha em especial, bem como as iniciativas da então bem
sucedida Deutscher Werkbund.
Após a Primeira Guerra Mundial e durante a hiperinflação que assolou a
Alemanha durante toda a década de 20 do século XX, as atividades civis foram
paulatinamente retomadas, dentre as quais as atividades da Deutscher
Werkbund e as atividades artísticas e arquitetônicas, mas com novos
entendimentos:
1. Em relação ao aspecto psicológico, a sociedade europeia questionou a
tecnologia, a qual inicialmente desenvolvida para o bem-estar individual e social,
tornou-se belicosa e desenvolvida para a destruição e morte;
2. Em relação ao aspecto político, o posicionamento dos Estados beligerantes pelos
mesmos ideais, mas por fins opostos, revelou que muitas fórmulas ideológicas
aceitas como universais eram meras convenções entre Estados;
3. Em relação ao efeito social e político, entre os fins (ideais) e meios (tecnologia)
surgiu um vazio porque as atrocidades cometidas na guerra mostraram o quão
tênue é a linha entre civilização e barbárie e, ainda, que o progresso (meios) não
é suficiente para a paz social (fins) ser garantida.
Das Correntes Artísticas
No período entre 1905 a 1914 os pintores de vanguarda concluíram que deviam
propor uma reforma radical nos princípios que orientavam os hábitos visuais
comuns. Estes tinham origem no naturalismo renascentista e perduraram
enquanto se admitiu formas apriorísticas (a priori) para conduzir o conhecimento
humano.
Rompendo esses paradigmas surgiram várias correntes artísticas, das quais se
destacaram:
Da BAUHAUS
Em 1919 surgiu a BAUHAUS na cidade de Weimar, escola de artes e ofícios
baseada na Deutscher Werkbund, mas com o compromisso de firmar uma
identidade estética às suas obras e preencher o vazio então existente na seara
artística alemã do início do século XX.
Criada por Walter Gropius, resultou da unificação da Escola Superior de Belas
Artes (Sächsische Hochschule für Bildende Kunst) e da Escola de Arte e
Artesanato (Sächsische Kunstgewerbeschule), esta última de van de Velde.
A BAUHAUS teve o propósito de unir arte e indústria fazendo uso da arquitetura
para essa finalidade. A arquitetura foi o instrumento operacional dessa escola
germânica para dar azo à sua identidade técnica e artística.
1. Uso do ferro e vidro: ambos são utilizados para compor paredes de vidro
sustentadas por caixilhos de ferro (ou aço);
2. Cantos justapostos: os cantos das paredes de vidro são arrematados pelos
próprios caixilhos, dispensando estruturas de alvenaria à essa finalidade;
3. Paredes não portantes: as paredes de ferro e vidro não sustentam o edifício;
servem de anteparo contra as intempéries da natureza;
4. Relação cheio e vazio: as cortinas – ou paredes – de vidro fazem dessa relação a
essência estética e conceitual, limitando os espaços cheios e enfatizar os vazios;
5. Relação interior e exterior: as cortinas de vidro fazem o contato entre o mundo
exterior com o interior do edifício, aproximando-os e ao mesmo tempo os
separando sem criar a ideia de barreira intransponível;
6. Pilares recuados: para dar espaço às paredes de vidro os pilares de sustentação
do edifício foram recuados, posicionados atrás delas;
7. Ambientes conversíveis: os ambientes internos do edifício podem ser convertidos
em outros, bastando remover paredes e posicioná-las em outros trechos, na
medida do novo espaço;
8. Formas geométricas simples: os edifícios devem ser concebidos com formas
espaciais – geométricas – simples, como o cubo, a pirâmide e o cone, com vistas
à multiplicidade de pontos de observação;
9. A concepção espaço-tempo: esta elementar, muito subjetiva, resulta das
anteriores e pretende oferecer ao observador todos os caminhos que o olhar pode
ter da obra, em razão do espaço que a obra contém e o tempo que ela
representa.
CONCLUSÃO
A BAUHAUS surgiu do resultado da experimentações artísticas que tiveram os
alemães desde o final do século XIX até o início da década de 20 do século XX,
momento em que Walter Gropius viu a importância da máquina – e da indústria –
para solucionar a defasagem tecnológica entre a arquitetura e as transformações
sociais e tecnológicas que ocorriam na Alemanha.