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REFUTAÇÃO DA TFP
a uma
Investida Frustra
Volume II
r
REFUTAÇAO DA TFP
VOLUME I
Três Cartas
Refutação por
Átila Sinke Guimarães
Parecer do
Pe. Victorino Rodriguez, O.P.
Professor de ^Teologia e
Prior do Convento de Santo Domingo el Real (Madrid)
Um comentário anti-TFP
Estudo de
Gustavo Antonio Solimeo
acerca de um Parecer
concernente a uma Ladainha
Análise de
Pe. Victorino Rodriguez, O.P.
Um exemplo concreto
Como se analisam na Santa Sé
os escritos dos candidatos à honra dos altares
Posfácio
Quae cum ita sint...
VOLUME II
i ISISilii -È §§OSg|»
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470 fichas haglográflcas
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IV. 0.entusiasmo pela pessoa dos santos explode em V. Santos e. pessoas eminentes em virtude, fre
aclamações e aplausos e facilmente se transfor quentemente apontam seus pais, e especialmente •
ma em jovial alvoroço, com corre-^corres e dis suas mães, como modelo de sua santidade ....... 319
putas de lugar junto a eles ...... ........ . 161 VI. Para que os. fiéis tenham sempre presentes os
V. A fim de participar, de alguma maneira, das seus ensinamentos, santos consentem, às vezes
graças que os santos difundem, as multidões com relutância, que sejam distribuídas foto
querem tocar neles, possuir objetos tocados grafias suas. Mas, para o bem das almas, por
ou benzidos por eles, relíquias diretas ou in vezes as distribuem eles mesmos ....... . 327
diretas, e Imagens suas ...... .. .V........... 179 VII. Para fazer bera às almas, os santos chegam a
VI. Copos e pratos, e até restos de bomida e bebi- distribuir relíquias de si mesmos, encarecendo
ba dos santos, ou da ágüa ha qual se lavaram, o valor delas e, recomendando que as guardem ... 331
são venerados como portadobes de bênçãos ...... 203 VIII. A rogo dos que lhes discerniam a santidade,
VII. A bênção dos santos - mesmo não sendo estes sa pessoas virtuosas dão a bênção, mesmo sem se
cerdotes - é particularmente preciosa aos olhos rem sacerdotes. E até dão ordens a seus fi
dos fiéis, que em sinal de veneração se lhos espirituais, em nome da santa obediência . 3^1
ajoelham diante deles e lhes beijam as mãos IX. Nem sempre, porém, os santos são compreendidos
e os pés ......... > ...... ............ . *.... . 207 ou reconhecidos. Muitas vezes sofrem detrações
VlII. A confiança na oração e nos méritos dos santos e perseguições, até mesmo de pessoas boas, e
1 leva os fiéis a recorrerem à sua intercessão inclusive de membros da Hierarquia ......... 353
perante Deus, mesmo à distância 213
IX. Alguns santos se. salientaram pelo discernimen Secção IV — A formação católica tradicional, propor
to dos espíritos é pelo acerto de suas decisões_ 231 cionada pelos santos, £ uma formação vlva~êm que, a
par da doutrinação, a personalidade do mestre ou do
X. A missão providencial, o dom ou o carisma da Li superior, seus exemplos e_ seu convívio desempenham
profecia são apontados pelos biógrafos em vá papel relevante ............................. ;....... 375
rias vidas de Santos ........... ;..............
XI. As pessoas constituídas em dignidade ou que se I. Para uma boa formação católica, é capital não
distinguem pela sua virtude têm direito à nossa só ministrar a ciência, como também inculcar a
honra e ao nosso louvor .......... ............ 255 virtude e o amor de Deus ............. ......... 377
VIII. índice índice onomástico IX.
II. Para inculcar nas almas o amor à verdade e ao Jesuíta. Beat. 12-6-1825; lia. Dominicano. Arcebispo
bem, é altamente útil usar recursos sensí Can. 15-1-1888. Fichas: de Florença. Can. 1522. Fi
veis, como sejam fatos históricos, símbolos é 120, 206, 207, 208. cha: 119.
metáforas. Só assim se terá um ensino ricamente * Venerável Afonso (Alonso) * Santo Antonlo de Pádua
..vivo, que ilumina a inteligência e move a von Rodríguez. Fichas: 316,331
tade .............. .. A ............... ........ 385 (ou de Lisboa) (1195-1231).
* Pe. Afonso Salmerón (1515 Nasc. Portugal. Francis-
II. 0 exemplo de uma vida santa", por parte do supe 1585). - Nasc. Espanha. Je cano. Viveu na Itália. Can.
rior ou do mestre, é meio de grande eficá suíta; dos primeros compa 30-5-1232.' Fichas: 117, 196
cia para tocar os corações e induzir as almas nheiros de Santo Inácio.
à prática do bem .......... . ....... ........... 399 * Frei Antonlo de Sant1Anna
Teólogo do Papa no Concílio Galvão (lf39-l822). - Nasc.
IV. 0 método dos santos: ganhar os corações para de Trento. Ficha: 27. Brasil. Franciscano.Fichas:
ganhar as almas ............... ................ 413 49, 50, 92, 345, 375.
* Santo Agostinho (354-430)
V. Com a ajuda de recreações sadias e atraentes, - Nasc. Numídia (hoje Algé- * Santo Antonlo Maria Cla-
pode-se preservar a inocência dos jovens e sus ria).. Bispo de Hipona. Fi ret (1807-1870). - Nasc.
citar neles o entusiasmo pela virtude ........ *121 chas: 104, 358, 36o. Espanha. Fundador dos Mis
sionários Filhos do Coração
VI. Os discípulos verdadeiramente fiéis consideram * Santo Alexandre Saull Imaculado de Maria (os
cada dia com enlevo e veneração crescentes até (1534-1592). - Nasc. Itá "Claretianos"). Arcebispo
os mínimos feitos e ditos dos santos, . e se lia. Barnabita. Bispo. de Santiago de Cuba. Beat.
empenham em anotá-los para proveito espiritual Beat. 23-4-1741; Can. 11- 25-2-1934; can. 7-5-1950.
próprio, dos seus condiscípulos e das gerações 12-1904. Ficha: 8.
futuras Fichast 128, 164, 165, 183,
......... ............. ............. 427
377,-425, 465.,
VII. Na formação católica, o papel relevante das * Amália Errázuriz de Su-
bercaseaux (1860- 193Q). - * São Bàsllio (329- 379). -
biografias dos santos: sua leitura desperta o
desejo de os imitar e de os seguir no caminho Nasc. Chile. Mãe de famí Nasc. Capadócia (Ásia Me
da perfeição ....... ............ ■....-...... . 433 lia. Ficha: 88. nor). Arcebispo de Cesa-
reia. Ficha: 316.
* Beata Ana Maria Talgi
Apêndice (1769-1837)i - Nasc. ' Itá *' São Beda Venerável (673—
735).*.. - Nasc. Inglaterra.
Uma contradição aparente: Por que os Santos ora Sacerdote> monge. Can.
aceitam, ora repelem as homenagens que .lhes são lia. Mãe de família. Per l899. Doutor da Igreja na
prestadas? ......... v............ .................. 447 tenceu à Ordem Terceira mesma data. Ficha: 112.
Trinitária. Beat. 30-5- * São Benedito (1526-
SANTO AGOSTINHO, Sobre a pureza de lrjtençãb 449 1920; Fichas: 20, 52, 75,
*125,Santo Andréa Auclino I5891). - Nasc. Itália. Ir
154, 292.
mão menor da Observância
(de obediência franciscana)
Superior do Convento de
índice onomástico Santa Maria de Jesus. Beat.
1743; Oan. 1807. Fichas:
dos Papas, Santos, Bem-aventurados, 173, 382, 442.
* Irmã Benigna Consolata
Veneráveis e Servos de Deus, bem Ferrer*o (Í8Ô5-1916) .- Nasc.
Itália. Mística, religiosa
oonio de outras personalidades citadas do mosteiro da Visitação de
Como (Itália). Ficha: 76.
* Santo Afonso Maria de Ll- Fichas: 74, 84, 124, 216, « Bento XIV (1675- 1758). -
gorio (1696-1737).- Nasc. 244, 404, 405, 417. Nasc. Itália. Ocupou vários
Italia. Fundador dos Re- cargos,.na Cúria Romana. Pa
dentoristas. Bispo. Beat. * Santo Afonso (Alonso) Ro- pa; um dos maiores canonis-
15—9—1816;_ Can. 26-5-1839; driguez (1533-1617). tas e legisladores da Igre
Doutor da igreja 23-3-1871. Nasc. Espanha. Irmão leigo ja. Fichas: I89, 340.
XVI. Índice onomástico
470
Fichas hagiográficas
em defesa da TFP
Orientação da pesquisa
João S. Clá Dias
Ordenação e revisão
Gustavo Antonio Solimeo
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wAnimados por aquele Instinto popular que "Tão logo faleceu Neumann (São João Neumann),
tantas vezes e precursor da verdadeira fama, e an fez-se ouvir a vox popull, a voz do povo, através
tecipando a honra que logo a Igreja cjecretarla a de toda Filadélfia. 0 povo tem um sexto sentido
seus preciosos despojosos mais ardentes tentavam para a santidade; ele reconhece a pessoa santa, o
obter relíquias da 'Santa (Santa Isabel da artigo verdadeiro. Ele o proclama sempre de várias
Hungria). Lançavam-se sobre o féretro; alguns ras maneiras; ele o proclama com Insistência e persis
gavam pedaços de seu manto; outros cortavam suas tência ate que, flnalmente, as autoridades ecle
unhas e seus cabelos; algumas mulheres chegaram ao siásticas Introduzam o Processo de Canonização. Ã
ponto de cortar as pontas de suas orelhas”. (Count voz do povo foi ouvida no profundo pesar, na atur
de MONTALEMBERT, The Life of Salnt Ellsabeth, P.J. dida descrença e nos reiterados pedidos para que
Kenedy Sc Sons, New York, p. 342). se confirmasse a veracidade da qotícia de sua mor
te. Ela se evidenciou nas multidões, dentro e fora
das Igrejas de São João e de São Pedro, nas milha
3 • "Vox popull, vox Del” res de pessoas que ocupavam cada polegada de espa
ço ao longo das ruas, nos telhados e nas Janelas,
Sobre as manifestações de devoção à recém-fa enquanto a procissão percorria seu trajeto rumo à
lecida Joana, ex-Ralnha de França e Duquesa de Igreja de São João. Ela se manifestou nos milhares
Berry (1464-1505), escreve o Postulador de sua que bloquearam o caminho para a Igreja de São Pe
Causa de canonização: dro, para tentar ver mais uma vez o seu bispo,
* quando o plano do funeral foi modificado e eles
”Joana (Santa Joana de Valois) morre então no souberam que haveria uma outra exposição do corpo
Mosteiro da Anunciação, de Bourges, do qual havia e o sepultamento na Igreja de São Pedro.
sido a fundadora e a mãe, em 4 de fevereiro de
1505- Ela aí morre de.tal modo em odor de santida "Estas multidões não podem ser explicadas
de que os favores miraculosos se multiplicam em apenas pela curiosidade popular de ver o funeral
torno dé seu túmulo, e sua fama sanctitatis se de um bispo importante. Uma descrição da época
propaga por todo o reino, é mais além, onde seus diz: *Se necessitássemos de alguma evidência sobre
mosteiros conhecem maravilhosa germinação. Vox po o apreço com que o distinto prelado era considera
pull, vox Del. A voz do povo cristão não espera do pelo clero e pelo laicato, bem como por todos
multo tempo para a canonizar, antecipando-se, por que o conheciam, certamente a terísunos testemunha
um incoercível movimento do Espírito Santo, ao do na maneira como eles se reuniram por ocasião
julgamento da Igreja. Dão-lhe cómumente o título das exéquias, para honrar sua memória e atestar o
de Bem-aventurada, e até de Santa. As autoridades amor que lhe dedicaram1.
eclesiásticas deixam mesmo orgariizar-se em torno "A fvoz do povo1 manifestou-se na reverência
de sua memória um certo culto, que não fará senão com a qual eles sé aproximavam do corpo, osculavam
crescer com os anos, ao mesmo tempo que a prote as mãos ou òs pés, e tocavam nele algum objeto pa
ção, da qual a santa Duquesa dá a seus piedosos ra conservar como lembrança ou relíquia. Ela se
devotos sinais sempre mais tangíveis. Nada deterá patenteou no oferecimento de flores que constante
esta devoção popular”. (Mgr. R. FONTENELLE, LfHls- mente ornamentavam sua sepultura. Outra manifesta
tòire d 'un Procès, in "Ferveur", Paris, n. 7, aoüt ção da 1 voz do povo* se verificou na conversão que
194$), p. 3) - sua morte provocou; para alguns foi a conversão do
t . s pecado para a virtude; para outros foi a conversão
4.0 povo tem um sexto sentido pelo para uma prática mais fervorosa da vida cristã” .
qual reconhece a pessoa santa (Pe. ALFRED C. RUSH CSSR, Epllogue, in The Auto-
blography of St. John Neumann CSSR, St. Paul Edi-
Epílogo do Pe. Alfred Rush CSSR à autobiogra tions, Boston, 1977, pp. 69-70 / Imprimatur: Wil-
fia de São João Neumann (+ 1860), Bispo de Fila liam Cardinal Baum, Archbishop of Washington,
délfia (EUA): 16-12-1976).
10. Secção I Secção I 11.
teis e dos quais se poderiam originar desordens o conhecemos e o consideramos desde já santo1. Em
graves. vista desta circunstância o Bispo de Pavla autorl-
zou a devoção dos fiéis ao seu Pastor venerando.
"Abriram-se, pois, as portas da igreja. Esta devoção espalhou-se por toda a Lombardla, pe
la Sabóla, a França, a Alemanha e a Córsega.....
0 Bispo decide não mais embaraçar as manifestações
da devoção popular
Teólogos e canonlstas afirmam a legitimidade do
"No dia imediato apareceu um grande círio culto
aceso sobre o túmulo do santo. 0 Bispo desconfiado
"Em 1625, em virtude do decreto de Urbano
que fosse motejo, ordenou sérias pesquisas, para
VIII proibindo que se prestassem as honras do cul
saber quem poderia ter sido o autor da mistifica to aos mortos ainda não beatlflcados ou canoniza
ção* Soube-se que o círio havia sido colocado por dos, surgiram dúvidas sobre a legitimidade do cul
Jorge Piazzola, reitor da .igreja de S. Nicolau. to consagrado ao servo de Deus. Fabrlclo Landrlnl,
Mandou prendê-lo. Este, porém, justificou-se, ale bispo de Pavla, consultou, a esse respeito, teófo
gando que procurara, dessa maneira, manifestar o gos e canonlstas.
seu reconhecimento pela graça que obtivera de Deus
por intermédio do seu fiel servidor. "Com eloqííente unanimidade, declararam todos
que o culto tributado a Alexandre Sauli, já tole
"Ante tão significativos testemunhos, o Bispo rado pela Santa Se e pelos bispos locais, não po
resolveu nao mais emhàraçar as demonstrações da- dia ser atingido pela proibição.
devoção popular.
"Em 1645, João Baptista Sfondrati mandou para
"A corporação dos Mercadores mandou colocar, Roma as peças do processo apostólico do prelado,
sobre o túmulo, un; baldaquim de seda; as associa afirmando que a devoção a esse santo estava tão
ções da Doutrina Cristã ofereceram um magnífico enralgada no espírito dos povos que qualquer ten-
estandarte com tapetes preciosos; lâmpadas ardiam tativa para colbl-la seria a -origem de perturba
sem cessar; espalharam Imagens. em que o represen ções e escândalos.
tavam com a aureola dos santos e o designavam pelo
titulo de Bem-aventurado qUe o povo lhe havia "No dia de Natal de 1732, o Soberano Pontí
conferido.. fice Clemente XI, promulgou o decreto enaltecendo
as virtudes heróicas do servo de Deus".
São Roberto Belarmino e o próprio! Papa Paulo V o
consideram santo Nota: Santo Alexandre Sauli foi beatificado
em 17*12 e canonizado em 1904.
"Quando os procuradores do Bispo levaram es
tes^ fatos ao conhecimento do Cardeal Belarmino, (B. DE MAGDALENA, Vida de Santo Alexandre
então prefeito da Sagrada Congregação dos Ritos, Sauli, Officinas Graph. da Associação da Boa Im
este examinou longamente e com a maior atenção uma prensa, Recife, 1928, pp. 105 a 109 / Imprlmatur:
dessas imagens. "E ele mesmo", disse, conheci-o, Mons. Rosalvo Costa Rego, Vigário Geral
fomos amigos; era realmente um santo. 28-11-1925).
"0 Papa Paulo V ao ouvir a relação do Cardeal
Belarmino, declarou que não tencionava impedir a
continuação desse culto, mas desejava que fossem 9. "A devoção do povo já o havia
registradas, com exatidão, as maravilhas-operadas canonizado em sua veneraçao e apreço..."
por Deus pela intercessão do seu servo. !E-nos
agradável1, acrescentou o Soberano Pontífice, ’ter De uma biografia de São João da Cruz
notícia das graças admiráveis concedidas por Deus, (1542-1591), colaborador de Santa Teresa de Jesus
à intercessão do Bem-aventurado Bispo; nós também na reforma do Carmelo:
16. Secção I Secção I 17.
"A população ubedenha (da cidade de Ubeda) 11. Ruas, colégios, Regimentos colocados
que ouvira o tanger dos sinos a finados, se preci sob a proteção da Irma Tereslnha do Menino
pitou no Carmo à notícia de que ali havia morrido Jesus, antes mesmo de sua beatificação
um santo, ávida de ver oa rosto do bom frade que
quase ninguém conhecia, mas que todos admiravam. Trechos de cartas da Madre Inês de Jesus, ir
Parecia uma romaria ou um dia de visitas à igreja mã de Santa Tereslnha:
dos Carmelitas para ganhar indulgências. Os ubede-
nhos empregaram toda espécie de argúcias para se (Ao P. Frei Rodrigo de São Francisco de Pau
apropriar de alguma relíquia do finado, e os menos la OCD, Postulador da Causa de Beatificação e Ca
afortunados tocavam os rosários e outros objetos nonização de Santa Tereslnha em Roma):
nos seus restos mortais. Houve até devotos que se
atreveram a cortar o seu hábito ou a sua capa. Por "Um patronato de Paris foi fundado cora o nome
muitos lados voaram as suas relíquias, prodigali de Irmã Teresa; em outro lugar, o prefeito permi
zando a mancheias graças surpreendentes...... tiu que se dê a uma via pública o nome de * Ruã
Santa Tereslnha1". Espero que este entusiasmo não
"A devoção do -povo que Já o havia canonizado prejudique nossa amada causa (29-7-1913)".
na sua devoção e apreço, e a abundância e brilho
de seus muitos milagres, Junto com a fama, por (A Mons. De Teil):
certo merecida, de virtuoso e santo, fizeram com
que o Papa Clementei"X o beãtl.f içasse em 25 de ja "Que guerra tão triste! E como se prolonga!
neiro de lbl5 e que -Bento XIII o. inscrevesse no (I Guerra Mundial, de 1914 a 1918).
catálogo dos Santos, em 27 de dezembro de
172b". (R. F. J55E "ANTQNTO DE LÃ" mSDRe T5E DIÜS "Ontem recebi carta de um coronel que consa
CD, Sari Juan de la Cruz, Editorial Sánchez Rodri grou seu regimento à Irmã Teresa. Nela diz: 'Aqui,
go, PTãsencia,~Ta. ed., pp. 84, 85 e 89 / Imprimi neste bosque do qual tanto se fala e que se encon
potest: R. P. Otílio dei Nino Jesus, Provincial) . tra todo encharcado de sangue.^francês, temos o
projeto de levantar uma capelinha ao Sagrado Cora
ção. Minha intenção e de que em um de seus vitrais
figure a imagem de nossa admirável santinha (Irma
tereslnha). Esta capela se levantará com o dinhei
ro de meus soldados e a contribuição de meus ofi
10. Antes mesmo da beatificação de ciais. Meu regimento colocará na erecção desta ca
São. Vicente de Paulo j pela todo o seu coração e todo o seu agradecimen
os fiéis o honram e invocam to' (30-4-1915)".
De uma biografia de São Vicente de Paulo (Ao Cardeal Vico, Prefeito da Sagrada Congre
(1581-1660): gação dos Ritos e Relator da Causa de Santa Tere-
sinha):
"Q culto de Si Ylggnfcg EaulQ. —
não esperaram a data da beatificação, 13 de agosto "Vossa Eminência verá nossa Capela, não ape
de 1729, para honrar e invocar o Pai cíã üarldade. nas coberta de ex-votos de mármore, mas também
Üs* membros de suas duas Congregações foram exem adornada com as bandeiras de quase todas as na
plares em cultivar a sua memória e propagar as ções. Temos já vinte e cinco, todas de seda, bor
suas virtudes. Antes mesmo da palavra da Igreja, o
povo de França pronunciava com amor e respeito o dadas e dedicadas â Irmã Teresa. De todos ós paí
nome do fundador de tantas empresas de ses nos chega esta homenagem com indescritívexl en
caridade". (Pe. JER0NIMO PEDREIRA DE CASTRO, S. tusiasmo. Assim o Brasil, não podendo empregar to
Vicente de Paulo, Vozes, Petrópolis, 1942, p. 448 do o dinheiro coletado na compra de sua bandeira,
/ Com aprovação eclesiástica). teve a idéia de nô-la enviar em um magnífico esto-
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18. Secção I
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dor, os soluços, o choro desconsolado, quando re
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ceberam a Infausta notícia de que a mãe de Dom
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Bosco — a mãe deles todos — Já não existia.
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"* — Perdemos nossa mae, mas estou certo de Do depoimento da Irma Cristlana de Messire
que ela vai nos ajudar lâ do céu. Era uma santa! * Chrlstiano de Parisse, no processo de Canonização
de Santa Clara de Assis:
"Foi o que disse Dom Bosco aos meninos reuni
dos, querendo consolá-los.
"A depoente continuou dizendo que a perfeição
"*Era uma santa! * E o que dizia um mestre de e a honestidade de vida da dita Senhora Madre Cla
santidade, era a voz de um dos maiores santos da ra foram tais que ela não as conseguiria descre
igreja. ver. Porque, assim como ela o cria firmemente, a
Bem-aventurada Madre era, em todos os seus atos,
"Essa declaração encontra eco no coração de
cheia de virtudes e cheia do Espírito Santo. Do
todos nós, de quantos amam Dora Bosco". (FAUSTO
CURTO,' A Mãe de Dom Bosco, Editorial Dora Bosco, mesmo modo, ela pensava que tudo o que se pode di
zer da santidade de uma mulher, cTepoís^a Virgem
São Paulo, 1979, p. 131TI
Maria, podia ser dito, em toda verdade, de Santa
Clara". (J1 ai connu Madame Salnte Clalre -- Le
procês de canonlsatlon de Salnte Clalre d*Assl-
se, Les Edltioris du Cèdre, Paris, 1961, p. 5 7
1A. As religiosas de- Santa Clara
Tmprimatur: J. Gaston, Vic. Gen. de Toulouse,
consideravam a santidade de sua fundadora
apenas inferior à de Nossa Senhora 12-7-1960).
confronto com ele, mais despido e desapegado da mostrando-se acessível a todos. Consultado sobre
terra?1 .... assuntos importantes, sobre escrúpulos de cons
ciência, ou sobre qualquer outra matéria, não dei
"São Caetano .... foi proclamado santo pela xava seu interlocutor antes de tê-lo satisfeito e
voz do povo, com uma veneração inteiramente espon consolado. Repassando em meu espírito as palavras
tânea. Quando o Pontífice Clemente X, em 12 de do Servo de Deus, sinto tal admiração, que me ln-
abril de 1671, o canonizou, pode-se dizer que ele clino a pensar que foi ele quem melhor reproduziu
legitimou, nos corações, um culto que Já estava na terra os exemplos vivos do Filho de Deus".. ....
difuso por toda parte". (PIERO CHIMINELLI, San
Gaetano Thlene, Soc. An. Tipográfica Fra Cattolici "Eu mesmo fui testemunha de como moderou e
Vicentlni Editrice, Vlcenza, 19*18, pp. 938, 939 e apaziguou ele as paixões da alma e os gozos do es
9*11 / Imprlmatur: Francisous Snichelotto, Vic. pírito..., pois de tal sorte submetera ao império
Gen.) . da razão as paixões e movimentos da alma, que não
só conservou sempre o mesmo teor de vida, como nem
sequer se refletiam na sua fisionomia os aconteci
17. "Parece-me que nosso bem-aventurado mentos prósperos ou adversos"• (FERNANDO FURQUIM
Padre era uma Imagem viva DE ALMEIDA, A graça própria dos Fundadores, Secção
em que estava pintado "Calicem Domini biberunt" in "Catolicismo", n.
o Fllho~de Deus, Senhor Nosso" 144, Junho de 1960).
20* "Se ela não está no paraíso, 21. "Nunca vi cópia mais
então não há ninguém TáTl" verdadeira do Divino Mestre"
.Mons. Salotti (depois Cardeal) recolhe o tes Mons. Francis Trochu apresenta o depoimento
temunho de vários Santos / sobre a santidade de Ana de vários Sacerdotes sobre São João Baptista
Maria Taigi (1769-1837), beatificada em 1920: Vianney, o Cura d'Ars (1786-1859):
"0 Venerável Bernardo Clausi, que muitas ve "Ouçamos agora aquele que foi seu prelado du
zes tinha experimentado a eficácia das orações, rante 29 anos. Em 1838 o P. Tailhades, de Montpel-
das luzes e dos conselhos da Bem-aventurada, quan lier, depois de uma estada de 2 meses com o Cura
do soube de sua morte bradou enfaticamente: 'Se d'Ars, encontrou-se com Mons. Devie. 0 P. Tailha
ela não está no paraíso, então não há ninguém lâl1 des tomara alguns apontamentos sobre o Cura dfArs
0Beato?aspar dei Búfalo (canonizado em com o intuito de imprimir um opúsculo. Para isso
12-6-195*0, consternado por ter Roma perdido tão precisava da aquiescência do bispo de Belley. En
grande senhora, assim exprimiu sua profunda dor: tão, conta o referido sacerdote, *S. Exciá., apro
'Quando o Senhor chama a si certas almas a Ele veitando a oportunidade para conhecer minha opi
muito caras, é sinal de que nos quer castigar. nião sobre o P. Vianney, perguntou-me: — 'Que
Preparemo-nos para ser açoitados'. 0 Venerável Vi pensa V.Revma. sobre o Cura d *Ars? — Creio que é
cente Pallottl, cuja causa de beatificação está em um santo1, respondi, ü Br. Bispo acrescentou: rEu
pleno curso no momenta (beatifiçado em 22-1-1950), também penso como V. Revma1 (Processo Ordinário,
teve provas da particular proteção da Serva de p • 1525).....
Deus depois de falecida, tanto que afirmou desejar
"0 P. Toccanier, seu coadjutor durante seis
eonstitui-la secretária plenipotenciária junto ao
trono da Santíssima *frTnda<Íe, para suas obras. A anos, assim fala do nosso Santo:
Venerável j75a Maria fiufrãsTa Pelletler (beatif1- "— Aproximavam-se dele como de uma relíquia.
cada em 30-4-1935— cãnonizadaem 5-5-19^0), fun Jamais vi tanta energia e tanta força de vontade.
dadora das Irmãs do Bom Pastor, tendo ouvido o Nada o abatia; nem as contradições, nem as enfer
piedosíssimo Cardeal Ódescalchl falar muito bera midades, nem as tentações. Mostrou oonstantemente
dela» venerou-a granderaente e confiou à sua inter a mesma coragem/na prática da virtude e no devota-
cessão todos os assuntos que tinha necessidade de mento ao próximo. Era tão surpreendente a sua vir
tratar era Roma. E todo ura coraljde louvores e de tude que causava admiração a quantos o viam. Era
elogios sinceros qüe atestara a reputação comum de uma força tranquila como vinda de Deus; uma força
santidade, a qual se revigorou apôs a mdrte de Ana invencível• 0s peregrinos, até mesmo os religio
Maria. «*«« sos, pertencentes às ordens mais austeras, diziam
não haver necessidade de outros milagres que aque
"Poi verdadeiramente surpreendente que a vida la força, para se convencerem dé sua santidade
<*£ nwa Pobre mulhérzinha fosse tão tmlversalmente (Processo apostólico in genere, p. 178; Processo
Procurada £ preferida às vidas 3e tantos santos, Ordinário, p. 160).....
antigos e novos, que tanta graridfeza trouxeram à "0 P. João Luís Borjon, antigo cura de Ambé-
Igreja♦ De onde o desejo vivíssimo de possuir o
retrato de Ana MãrTaTfalgl, e o pedido contlriuó de r.ieux-en-Dombes, que muito fez sofrer ao Santo e a
quem este perdoou de todo o coração, diz:
gUftfl relíquias qüe vinha de todas as partps do
raulmo"*^ (Mons. CARLO SAÍiOTTI, La Beata Anna Maria "—. Encontrei nele as virtudes que fazem os
T*igl Madre dl Faraiglla, Grottaferrata* — àpuo- grandes santos*
la Tipográfica Iíalo-Orientale "S. Nilo1*» Í$ZÚt, "De outros sacerdotes que também tiveram oca
pp« 377-378 / Imprimatúr: Pr* Albertus Lepidi OP, sião de o conhecer, são as palavras seguintes:
S.P. Ap. Magister. Imprimatúr: Can. Sylviüs de An-
gells Vic. Gen. Dioec. Tusculanae). "— 0 P. Vianney era a imagem viva da vida
26. Secção I
IIM
HM
.... (Pe. J. B. Descôtes, missionário diocesano de
Belley, Processo Ordinário, p. 1343). Nunca vi oó-
pla mais verdadeira do Divino Mestre ..7. (Pe. Es- Nq mQoifiDtg mearac da mgcts
tevão Dubouis, cura de Fareins, id., p. 1246). A
felicidade que tive de conhecê-lo foi uma graça de ©uilgs igCYQg de ggu§
especial de Deus (P. Faivre, Processo Ordinário,
p. 1493)". (Cônego FRANCIS TROCHU, O Cura çTArs, sgçQgg! a diaputa pgr
Vozes, Petrópolis, 2a. ed., 1960, pp. 369-370 /
Imprlmatur: Luís Filipe de Nadai, Bispo de Uru çelíaulig guag, dlnetag e lQdiçetaa
guaiana, 29-6-1959).
22. "A ciência materialista deplora a perda 23. Cardeais e Bispos colocavam seus anéis
de Ferrlnl como sâblò,vmas~a sòbre a3 mãos de Santa Clara,
ciência cristã venera-o como a um santo" pa~ra aBqulrlrem a virtude que delas se desprendia
sem deixar coisa que tivesse usado, ou tocado com ve ura concurso imenso de povo nos funerais. A
suas mãos, crendo que de seu contato tinham ficado guarda suíça foi obrigada a se interpor Dara pro
tão santificadas, que poderiam dar saúde a muitos: teger o corpo do Santo contra os excessos da vene
e não se enganaram, porque operou Deus por elas ração. Todos queriam ter um pedaço de seus orna
muitos milagres, como -véremos adiante, pelo que mentos pontifícios; disputavam-se sua barba £ seus
foram pedidas, e estimadas de toda a cristandade, cabelos; os menos favorecidos queriam ao menos fa
como de Santa, e tão valida do Senhor". (Fr. JUAN zer tocar em seu caixão terços ou outros objetos
DE CASTARIZA, Vida de la prodigiosa Virgen Santa de devoção”. (J. CtíANTREL, Hlstolre Populalre des
Gertrudis la Magna, Administración dei Real Arbí Fãpes, Salnt Pie V et Slxte-Qulnt, C. Dillet, Pa
trio de Beneficencia, Madrid, 1804, p. 313)* ris , 1862, Vol. XIX, pp. 1Ò7-16Ü) .
”A dor dos romanos foi igual à veneração que "Os dois Padres que assistiam Luís (São Luís
professavam pelo santo Pontífice (São Pio V). Hou- de Gonzaga) na sua morte Julgaram ter recebido do
30. Secção I Secção I 31
Senhor uma grande graça; com efeito, eles tinham amizade antes da sua morte. Na manhã seguinte, 21
sido preferidos em relação a tantos outros que de de junho, mal foi dado o sinal para o despertar,
sejavam estar presentes na ocasião da morte desse que a enfermaria onde estava o corpo não podia
santo Jovem. Pouco antes de sua morte, ele lhes mais conter o grande numero de pessoas que acorreu
assegurou que os recomendaria a Deus durante todo aí. Rezavam por ele, mas se recomendavam ainda
o tempo de suas vidas. Eles sentiram em breve os mais a ele; muitos se lançaram sobre os seus sapa
felizes efeitos disso. 0 Padre ministro encontrou tos , sobre uma camisola e outras vestimentas de
uma paz de espírito perfeita e uma sensível conso seu uso. Enfim, levaram o corpo à capela domésti-
lação, e o P. Guelfucci sentiu nesse momento uma ca.
devoção particular, uma grande dor de ter ofendido
a Deus, e um ardente desejo de melhor 0 servir Não se cansavam de o proclamar santo
segundo os conselhos de Luís. Esta viva impressão
não durou nele somente alguns meses, mas anos, nem "Muitos dos seus Irmãos, dominando o horror
sempre com igual vivacidade, mas conforme as oca que se tem normalmente de tocar num morto, aproxi
siões mais ou menos importantes. mavam-se do caixão, beijavam por devoção o defun
to, e não se cansavam de chamá-lo santo. Todas as
Por devoção, todos desejavam uma relíquia sua missas que se disseram nesse dia no colégio e nas
outras casas da Companhia em Roma foram celebradas
"Este mesmo Padre desejava, por devoção a na intenção dele, se bem que muitos não lhe apli
Luís, ter qualquer çofrsa que tivesse estado no seu cassem o fruto senão para se conformarem ao costu
uso, e não ousando entretanto tocar no seu corpo, me, certos que estavam de que ele não tinha neces
pegou e conservou os cordões de seus sapatos, as sidade disso.
penas de que ele se servia para escrever <5 outras
coisas semelhantes. Os enfermeiros, tendo vindo Embora fosse simples seminarista, até os Padres
para lavar o corpo e prepará-lo antes de o vestir, vieram oscular suas mãos
f
aperceberam-se, ao tirá-lo do leito na presença
dos dois Padres, que ele tinha sobre o seu peito^o "Para bem compreender que sensação causou em
crucifixo de bronze, de que falamos, e do qual não todo o colégio a morte de Luís, era preciso ter
se separava há três dias. Ao despí-lo, eles viram estado aí presente. Não se falava senão das suas
também que ele tinha nos Joelhos dois grossos ca virtudes e da sua santidade; cada um lembrava o
los, causados pelo hábito que tinhá desde a infân que tinha visto. Mas o coração dizia mais do que
cia de fazer todas as suas -orações de Joelhos. Al as palavras, ao recordar a pérola preciosa que ti
guns, por devoção, cortaram parcelas desses calos, nham perdido.
<3 conservaram-nos como outras táhtas relíquias. Üm "A tarde, pelas seis horas, antes de rezar o
dos enfermeiros, atendendo ao pedido que alguns ofício, transportaram c corpo da capela doméstica
lhe faziam, quis cortar carne, mas errou e não para a grande sala onde os Padres e os Irmãos es
cortou senão pele, que, aplicada a um doente o cu tavam reunidos. £ hábito era de beijar a mão so
rou. mente aos Padres; mas, se bem que Lu1s~na o tivesse
senão as ordens menores, a idéia que faziam de sua
Mais do que rezar "por" ele, rezavam "a" ele santidãcTe levou todo mundo, mesmo os Sacerdotes, a
lhe beijar a mão.
"Mal havia Luís expirado, muitos dos seus
mais íntimos amigos, avisados por um dos Padres de Seu corpo é levado em procissão
que o nosso anjo tinha voado para o céu, levanta-
ram-se imediatamente cheios de fervor, e acorreram "Depois desse piedoso testemunho de estima,
para se recomendarem à sua proteção, certos de que levaram processionalmente o seu corpo à Igreja da
ele tinha chegado a bom porto. Muitos fizeram en Annunziata, do colégio, onde, segundo o costume,
tão por ele as orações que lhes tinha pedido por salmodiaram o ofício dos mortos.
32. Secção I Secção I 33.
Altos personagens disputam suas relíquias recomendar à sua proteção. Eles lhe deram esta
prova de confiança e de veneração durante todo o
"Depois do ofício, houve uma tal concorrência tempo que permaneceram em Roma.
de estudantes e de outras pessoas que se aproxi-
mavara do corpo para o homenagear e dele pegar re Um Padre cobria o túmulo de flores, todos os dias
líquias, que os Padres, nao podendo dominar esta
massa de gente, foram obrigados a fechar as portas "0 Padre Antonlo Valtrino, vindo da Sicília,
da Igreja. Pol nesta ocasião que lhe cortaram as que nunca tinha visto Luís, concebeu por ele uma
vestes, os cabelos, as unhas, e as duas articula tal devoção ao ler o meu livro, que não contente
ções do dedo mínimo da mão direita ."Entre os que de ir todos os dias rezar ao seu túmulo, colhia
dividiram entre si estas relíquias encontravam-se no Jardim flores que semeava sobre a sua sepultu
Dom Francisco Dletrlcht, mais tarde Cardeal da ra. Ninguém, dizia ele, merece mais esta homenagem
Santa Igreja," Bento e Filipe Gaetani, Júlio Órsi- do que aquele que cultivou no seu coração as flo
nl, Dom Maximiílano Pernestein, ilustre Senhor da res de tantas virtudes". (Pe. CHARLES CLAIR SJ,
Boêmia, que morreu camareiro secreto do Papa Cle La vle de Salnt Louis de Gonzague, Libralrie de
mente VIII, ao qual tomou um grande pedaço da ba FTrmin-Didot et Cie., Faris~ 1891, pp. 267 a 270).
tina, que eu vi' nas suas mãos.
Seu corpo e tratado ele todo como uma relíquia 29. Durante as exéquias de São Vicente
,7 il de Paulo, o entusiasmo extraordinário do povo
"Quando chegou o momento de colocar o^ corpo leva alguns a arrancar fios de seu cabelo
na sepultura, os principais Padres do colégio, e para conservar como relíquias
entre eles o Padre Bellarmino (São Roberto Bellar-
mino), foram da opinião que não convinha^confundi- Exéquias de São Vicente de Paulo (1581-1660),
-lo cora os outros, mas depositá-lo num tumulo par patrono das obras de Caridade:
ticular; porque, em. consideração de tão grande
santidade, Deus não deixaria de ò glorificar aos "0 corpo foi revestido dos hábitos sacerdo
olhos do mundo tanto quanto ele se tinha aplicado tais e colocado na eça, na igreja de S. Lázaro.
em ser pouco conhecido. Entretanto, como o costume Durante o dia e a noite, seis padres, revestidos
da Companhia era de enterrar os mortos sem caixão, de sobrepelizes, rezavam, Junto ao corpo, o ofício
o Reitor enviou o Padre ministro jreceber as ordens dos mortos. A multidão dos pobres enchia, inces
do Padre Geral, o qual declarou q,ue o deviam colo santemente, a igreja. Nà capela-mor, viam-se mui
car num caixão, e que ele dispensava do uso comum tos bispos, príncipes, magistrados, religiosos.
com tanto mais boa vontade quanto estava persuadi Todas as nobres Damas de Caridade e as Irmãs de
do da santidade singular desse jovem Trmao. Pode- Caridade revezavam-se, banhadas em lágrimas, to
-se Julgar por ai que idéia tinham de Luís, uma cando os objetos de piedade nas mãos do Santo,
vez que faziam para ele coisa tão extraordinária, beijando-lhe os pés e essas mãos, santificadas pe
tratando já o seu corpo como uma relíquia. 0 seu la prática de tantas virtudes. Algumas pessoas
precioso cadáVer foi* então colocado num caixão chegavam a arrancar-lhe alguns fios de cabelo da
feito sob encomenda, e enterrado na capela do Cru cabeça. Os padres da Mlssaq precisaram ser enérgi-
cifixo, no lado esquerdo da igreja do colégio. cos, impedindo este entusiasmo extraordinário do
povo". (Pe. JERÔNIMO PEDREIRA DE CASTRO, S. Vicen-
Muitos visitavam seu túmulo te de Paulo, Vozes, Petrópolis, 19*12, p. "^07 / Com
aprovaçao eclesiástica).
"Durante vários dias, não se tratava de outra
coisa senão do santo Jovem; veneravam-no morto,
não tendo nials a felicidade de o -homenagear vivo*
Todos os dias, vários iam ao seu tumulo para se
3*1. Secção I Secção I 35.
Até da porta do quarto onde jazia flzeram relí "Envio-lhe, caro Sr., uma imagem mortuária
quias dele e um pouco de seus cabelos. Ouso crer que V.
Revma. ficará satisfeito e que dignará de acusar a
"Muitíssimo sentidas ficaram depois por sua recepção de minha carta, assim como terá a bondade
vez as pessoas, mesmo disitintas, que no dia se de comunicar-nos por miúdo o efeito produzido no
guinte foram em grande número à igreja para ver o Brasil pela morte de S. Excia." (Bei. ANTONIO MA
Servo de Deus, queixando-se de que o tivessem ti NUEL DOS REIS, 0 Bispo de Olinda Perante a Histó
rado tão depressa à veneração dos fiéis. Para sa ria, Imprensa Industrial, Recife, 1940, pp. 53 ê
tisfazer -de um modo qualquer a sua piedade ficaram 55” / Imprimatur: Miguel, Arc. de Olinda e Recife,
rezando diante da porta do quarto, onde estava se 12-3-1940).
pultado, e houve pessoas que tiraram alguns f rag-
mentos da mesma porta, conservando-as como relí
quias" . TF.“PÍO DÍTNÔME DE MARIA, Vida de SáoHFãu^ 35- Santa Tereslnha: "Ousei tomar por relíquia
lo da Cruz, Imprensa Pontifícia do Instituto Pio a última lágrima de uma Santa..."
IX, ~~Roma, 1914, pp. 247 a 250 / Imprimatur: Fr.
Albertus Lepidi 0P, S.P.A. Magister). Sobre a morte de Madre Genoveva escreve a
Santa de Lisieux:
34. "Fui obrigado a cortar em pedaços "No instante mesmo do nascimento de nossa
uma batina de Dom Vital Santa Madre Genoveva para o Céu, minha disposição
para satisfazer a devoção do povo" Interior mudou-se; senti-me, num abrir e fechar de
olhos, Inundada por uma alegria e fervor indizí
Carta de Frei Vicente, Religioso que serviu veis; era como se Madre Genoveva me desse uma par
de enfermeiro em Paris a Dom Vital, Bispo de Olin te da felicidade de que gozava, pois estou persua
da (1844-1878), cujo Processo de Beatificação está dida de que foi direito para o Céu....... Cada
em curso: Irmã apressou-se em reclamar uma relíquia; sabeis,
minha Mae querida, a que ténho a. felicidade de
"V. Revma. não tem mais Bispo! Monsenhor Vi possuir... Durante a agonia de Madre Genoveva, no
tal morreu como um santo e como um mártir na quin tara uma lágrima cintilando em sua pálpebra, como
ta-feira, 4 de Julho, às onze horas e quinze minu um diamante; esta lágrima, a última de todas ás
tos da noite que ela derramou não caiu; no Coro, eu a vi, aln^
da, brilhar sem que ninguém pensasse em recolhê-
"Mas seus exemplos me restam e minha fé me -la. Então, tomando um paninho fino, aproximei-me,
diz que temos um protetor no céu.' Ore, Revmo. Se
à noite, sem ser vista, e ousei tomar por relíquia
nhor, a ele por mim como eu faço todas as noites a última lágrima de uma Santa... Desde então, tra-
por V. Revma... go-a sempre na bolsinha onde estão guardados os
"Desde que ele morreu, todos exclamam, una meus votos". (Santa TERESA DO MENINO JESUS, Manus
voce, * é um santo *. Todos os jornais falaram dele critos Autobiográficos, Carmelo do I. C. de Maria
com elogio, exaltando bem alto sua coragem e sua e Santa Tereslnha, Cotia, 2a. ed., pp. 213-214 /
firmeza... As_ exéquias pareceram mais um triunfo Reimprimatur, Antonius Maria, Arc. Coadj.,
do que uma cerimonia fúnebre. Dizer-lhe o número 17-5-1900).
de ramalhetes, de flores, de palmas, de cruzes que
foram lançadas era sua sepultura seria coisa impos
sível. Todos querem relíquias suas e_ eu fui obri 36. 0 Pe. Regatillo oscula o cristal
gado a cortar em pedaços uma sua batina para sa da urna do Marques de Comlllas "como se
tisfazer a devoção do povo..... beijam as relíquias dos Santos"
39* 0 corpo de São José Orlol foi 40. Grandes honras fúnebres
transportado no andor no qual prestadas a São Clemente Hofbauer, em
se costumava conduzir a Imagem reconhecimento de suas virtudes
de Nossa Senhora na festa da Assunção
Bula de Canonização de São Clemente Maria
São Pio X, na Bula de Canonização de São Hofbauer (1751-1822), publicada por São Pio X:
José Oriol, Sacerdote de Barcelona " (165Ó-1702):
44. Secção I Secção I 45.
"Um grande número de pessoas veio ajoelhar-se
"Ele tornará a ocupar, no ano seguinte, as
Junto a seu cadáver (de São Clemente Hofbauer). E
suas funções de confessor em Reuilly.
se pediam ao Céu o repouso de sua alma, não deixa
vam de invocar sua intercessão Junto a Deus. Bei "Os pobres ofereceram uma coroa de flores. Os
javam respeitosamente seu corpo, e procuravam al velhos, uma outra. Eles querem estar à cabeça do
guma coisa sua para venerar como relíquia. E quan cortejo para acompanhar à sua derradeira morada
do» no mesmo dia, o corpo foi levado, pessoas em aquela que cuidou deles tão bem. Sim, 'nenhuma Ir
numero quase inverossímil encontravam-se lâ como mã era tão querida quanto ela'! Mas esse dom, essa
que por encanto, para acompãnhâ-lo até a catedral. presença, pareciam tão naturais que eles só agora
como teria sido se se tratasse de algum grande se deram conta disso.
dignitário público. Os bairros estavam representa "Depois deles, 'o estandarte dos Jovens abre
dos por uma multidão de pobres, de viúvas, de o cortejo'. Eles são seguidos pelas Filhas de Ma
crianças, de artesãos, desejosos de dar uma supre ria, igualmente com o estandarte à frente. Vêm de
ma prova de.gratidão pelos benefícios recebidos; pois os 'externosT que 1 deixaram o seu trabalho'
por professores e alunos do ginásio superior que para estarem lá, e as órfãs com seus véus brancos.
vieram prestar as últimas honras a seu mestre; Enfim, o corpo, carregado por homens (e não levado
acrescentai' a isto escrivães públicos, tribunos, na carreta como era costume). Assim se realizava a
oficiais, literatos, cientistas, artistas, padres, previsão de Catarina:
religiosos, patrícios e damas da alta sociedade.
Quanto ao caixão mortuário, doze Jovens de família "— Não será necessário carreta. Eu irei a
nobre ou de qualidad?e 'dar'regaram-no sobre os om Reuilly!
bros. Assim, no meio de uma imensa assistência, "A Irmã Maria Thomas, a enfermeira negligen
chegou-se à igreja de Santo Estêvão, de onde, na te, compreende súbitamente esta frase, que a havia
outra manhã, o cadáver foi transportado ao cemité desconcertado..... •
rio de Santa Maria d 'Enzersdorf. Foi lá que, após
a celebração de uma missa de Requiem, o enterra "EçqçIssIq* — Vêm depois* as Filhas da Cari
ram". (São PIO X, Bula de canonização do Beato dade, em número de 250, e o ólero, com muitos La-
Clemente Maria Hofbauer, 20 de maio de T909, in zaristas; enfim, uma imensa massa popular, vinda
Actes de Pie X, Maison de la Bonne Presse, Paris, de todo o bairro. Jovens operários do bairro Santo
p. 21577 Antonio, vieram com a Medalha na lapela, presa por
uma fita azul, bem como a esposa do Marechal de
Mac-Mahon (presidente da república), discreta ami
41. 0 enterro de Santa Catarina Labouré ga da casa. Perto do caixão, levam a magnífica co
foi uma procissão festiva, improvisada pela roa que ela ofereceu com estas palavras de seu pu
multidão, certa de que Ja estava no céu nho: 'Homenagem respeitosa à minha Irmã Catari
na ' . ....
Descrição do enterro de Santa Catarina Labou "0 cortejo caminha lentamente. Isso devido ao
ré (I806-I876), a quem Nossa Senhora revelou a Me número, à estreiteza da rua, mas também ao fervor.
dalha Milagrosa:
"As invocações £ os cânticos brotam como numa
"Ena quarta-feira 3 de Janeiro, festa de festa. Nada de cantos fúnebres, mas o Benedictus,
Santa Genoveva — querida ao Padre Vincent (São o Magnificai, as ladainhas da Santíssima Virgem, e
Vicente de Paulo) — que se dão os funerais (de sobretudo, a invocação inscrita sobre a Medalha:
Santa Catarina).
— *0 Maria concebida sem pecado...'
"A cerimônia começa às 10 horas. E o Pe.
Chinchon quem canta a missa na capela de Enghien, "Cantam-na com um fervor crescente. Ao chegar
muito pequena, transbordando de gente. Catarina a Reuilly, as primeiras filas se afastam e se api
tinha dito às Irmãs: — 'Ele voltará'. nham para deixar o caixão passar. 0 cântico é re-
tomadb com novo fervor, no momento em que os qua
46. Secção I Secção I 47.
tro que carregam o caixão descem-no pela estreita depois haveria sempre algo de sagrado no uso des
abertura, feita na véspera, sobre o solo recém ci tas, ou assim acreditavam seus proprietários, e
mentado do Jazigo. como poderiam as freiras abalar a fé daquela gen
te? As ferramentas e tesouras eram tratadas com
"Algumas pessoas subiram aos telhados das ca tanta~everêncla quanto as medalhas ou cruzes.
sas vizinhas. Não, não £ um cortejo fúnebre, e uma
procissão alegre que a multidão improvisou. "A emoção fora do recinto da Casa Mãe era
quase tão intensa quanto dentro. E havia uma nova
"Algumas lágrimas entretanto: os velhos, que
palavra nos lábios das pessoas, quando falavam.
sabem o que perdem; e depois, Leõnia Labouré: Uma mulher pobre, que não tinha conseguido chegar
— 'Eu chorava’, reconhece ela. até a capela por causa da multidão, encontrou uma
das freiras no parque.....
"Espantam-se com isso, consolam-na.
'A que horas o cortejo passará por aqui a ca
— ’Eu sou sua sobrinha!’
minho do cemitério?' — perguntou timidamente. 'Eu
— 'Mas não deves chorar! E uma Santa, ela gostaria de pelo menos ver isto'.
viu a Santíssima Virgem!'". (R. LAURENTIN, Vie de 'Nos não vamos levar irmã Maria Bernard (Ber
Catherine Labouré, Desclée de Brouner, Paris, nadette) para o cemitério. Ela ficará conosco'.
I98O, pp. 306 a 310 / Imprimatur: P. Faynel, Vi-
caire épiscopal, 20-9-1980). Respondeu a irmã atenciosamente, mas com ufania.
'Oh, eu fico muito contente. Bem, Irmã, não é
por falar, mas eu não acho que ela era apenas uma
42. Era como se o mundo inteiro quisesse
boa cristã. Eu acho que ela era uma Santa'.
ver o funeral de uma
Santa: a multidão reconhecia "Na movimentada estação de estrada de ferro
as virtudes extraordináriasde Bernadette ecoava a mesma palavra que tinha sl^do ouvida no
tranquilo parque. Cada trem que chegava trazia
Relato sobre os funerais de Santa Bernadette passageiros sem conta. Todos chegavam a Nevers pe
Soubirous (1844-1879), a quem Nossa Senhora apare lo mesmo motivo: tinham vindo para assistir os fu
ceu em Lourdes: nerais de uma Santa.
"Essa nova palavra nem sempre era pronunciada
"Normalmente, um enterro nao era adiado por com reverência, pelo menos no começo. Dois jovens
tanto tempo. Mas as circunstâncias tinham sido ex que perambulavam pelas ruas de maneira alegre e
traordinárias. A notícia de que ela (Santa Berna despreocupada, própria aos da sua idade, disseram
dette) tinha exalado seu último suspiro nem bem um ao outro: 'Venha, vamos dar uma olhada nesta
tinha acabado de ser divulgado à comunidade, e Já Santa, como todos estão fazendo'. Eles foram até a
toda a cidade parecia saber. Logo que seu corpo capela com petulância. Mas ficaram lá longo tempo,
foi exposto, as multidões começaram a mover-se em e ninguém à volta do caixão estava mais cheio de
ondas rumo à capela. Era como se todo mundo qui respeito do que eles. Quando foram embora, saíram
sesse ver a freira que tinha desejado não ser vis da capela com um ar grave, sem se falarem, e cada
ta pelo mundo. Mas não foi a vã curiosidade que um seguiu um caminho diferente.
impeliu as multidões. Foi veneração. As quatro
frelras que se mantinham em vigília ao lado do "As irmãs que estavam fazendo vigília não
ataúde eram constantemente solicitadas ã tocar pe pronunciaram a nova palavra com os lábios. Mas
quenos objetos em alguma parte daquele corpo que elas sentiram era seus corações o seu significado e
tao tranquilamente repousava entre suas guardiãs. a sua força. Não foram somente os pobres e os ig
Alguns, eram objetos de piedade, mas nem todos. Os norantes que vieram acotovelar-se em torno delas.
trabalhadores trouxeram suas ferramentas, as cos 0 Comandante do Regimento entrou e, ajoelhando re
tureiras as suas tesouras, para serem abençoadas; zou como nunca fizera antes. 0 clero apareceu vin
48. Secção I
encontrado no seu breviário; e, âs vezes, aquele pultura, que chegou ao estado de . ser preciso
santinho era enviado aos enfermos como portador de substituí-la por outra, o que fez o Conde de Pra-
prodigiosas virtudes. Alguns corriam à sua tumba tes no ano de 1906, quando síndico do convento. Na
para Impetrar graças, outros lâ voltavam para fa nova lápide de mármore foram gravados os mesmos
zer seus agradecimentos..... dizeres da primeira. Desta, o Mosteiro continua
distribuindo pedacinhos, as 1pedrlnhas de Frei
"Entre aquelas Irmãs se formou a persuasão de Galvão1, multo procuradas pelos devotos.....
que sob o seu teto repousavam os despojos de uma
santa. Não se hesitava em pô-la em paralelo com "0 dia 23 de cada mês foi por eles esponta
Santa Catarina". (Mons. LUIGI TRAVERSO, Vida £ neamente consagrado a homenagear o Servo de Deus;
Apostolado da Serva de Deus Virgínia Centurlone à hora da Missa fica a Igreja literalmente reple
Bracelll, Ave Maria, Sao Paulo, la. ed. em portu- ta, e durante o resto do dia e um continuo entrar
guês, 19ol, pp. 306, 310 e 311 / Imprlma-se: Mons. e sair de visitantes que vêm rezar junto ao aben
José Augusto Bicalho, Vigário Geral, 16^8-1960, çoado tumulo, quer para agradecer favores, quer
Belo Horizonte). para pedir novos, e dele nao se despedem sem devo-
tamente' beijar ~ a lápide sepüTcral"! ("MARISTELA
Frei Galvão, Bandeirante de Cristo, Vozes, Petrô-
48. Sentiam a Influência da santidade polis, 195Í, pp. 192 e 197 / Imprimatur: Paulo,
de Berchmans £ rezavam no seu túmulo bispo Auxiliar de São Paulo, 20-7-1953) •
vlram-se vozes do povo e vozes de homens de ciên "0 corpo do Servo de Deus foi exposto na Ca
cia que o proclamavam santo. E a fama da sua san pela do Colégio Cristo Rei, para onde acorreram
tidade ecoou por toda a Itália. numerosos fiéis da cidade, que o haviam tido como
confessor e o consideravam como santo. Tocando no
"Os habitantes de Suna faziam romarias ao tú seu corpo terços, medalhas, santinhos, etc . , aT^
mulo de Perrlnl..... guns Ja começaram a lnvocá-lo como intercessor
"Com o tempo, la sempre crescendo a fama de Junto de Deus.....
santidade. "0 movimento tomou tamanho vulto que impres
"Não tardou que os fiéis começassem a Implo sionava a todos, e pensou-se seriamente em iniciar
rar a Intercessão de Ferrlnl Junto de Deus e se logo o processo de Beatificação.....
falasse em graças especiais obtidas pelo seu in "0 apostolado externo, bastante limitado du
termédio". (Pe. H. W. SPYKER SJ, Beato Contando rante a vida terrena, se tornou intenso depois da
Ferrlnl, Vozes, Petrópolis, 1945, pp. 1*57 e 160 / sua santa morte, transformando o seu túmulo em cá
Com aprovação eclesiástica, 30-12-1944). tedra permanente e poderosa de caridade e de~soll-
"Pode-se dizer, que a cidade inteira se diri 63. Imagens e relíquias de entes
gira à Vila Progresso para, de lá, acompanhar o queridos, vivos ou falecidos,
cortejo fúnebre do seu benfeitor, ao cemitério do avivam nosso amor e nossa devoção
Bonfim, a fim de tributar-lhe as suas homenagens
de gratidão e era reconhecimento dos seus méritos. De uma pequena biografia de Padre Eustáquio,
"Durante cinco anos o túmulo do Padre Eustá (1890-1943):• . .
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quio foi visitado, diariamente, por muitas pes "E costume entre todos os povos conservar e
soais, vindas de todo o terrltoFio brasileiro. Re- venerar com saudosa piedade as recordações e lem
zavam por sua alma, imploravam a sua proteção e branças de pessoas queridas vivas ou falecidas...
agradeciam graças alcançadas por sua intercessão retratos, bustos, escritos ou objeto de seu uso
Junto a Deus. Seu túmulo estava sempre coberto de
pessoal.
flores frescas e velas acesas. .
"As Imagens e relíquias dos Santos, assim co
”0 túmulo atual de padre Eustáquio acha-se mo de outros entes queridos, nos fazem lembrar es
perto da entrada principal da igreja, chamada de sas pessoas. No-las tornam como presentes1, fmais
1 igreja de padre Eustáquio1, numa capela bem ade perto*, avivam o nosso amor e a nossa devoção fa
quada.
zendo-nos recordar suas virtudes e boas qualida
"Al ajoelham-se, diariamente, os fiéis para des" . (Novena ao Servo de Deus Padre Eustáquio,
rezar, implorar e agradecer a padre Eustáquio fa Promoção da FamTTia-Editora, Belo Horizonte, pp.
vores , curas e graças alcançadas". (Novena ao 44-45 / Com aprovação eclesiástica).
Servo de Deus Fadre Eustáqulo, Promoção da FamT^
lia-Edltora, Belo Horizonte, pp. 14-15 / Com apro
vação eclesiástica). 64. São Bernardo usava como relíquia
valiosísslma a túnica de São Malaquias
!
64. Secção I Secção I 65-
laquias (arcebispo de Armagh, primaz da Irlanda, «(0 Padre Luís Gonçalves da Câmara) escrevia
que morreu em Claraval em 1148) o Abade de Clara- a Diego Laínez, Vigário Geral, que, apesar de sua
val (São Bernardo) tirou-lhe cuidadosamente a tú pouca saude, esperava ir a Roma para intervir na
nica e desde então a usou, como relíquia valiosís- Congregação Geral e 1 recolher alguns despojos de
sima". (Fr. Ma. GONZALO MARTINEZ SUAREZ, Bernardo nosso Padre, já que não mereci estar presente à
de Claraval, Editorial El Perpetuo Socorro, Ma sua morte’. E ainda a 22 de Julho do mesmo ano
drid^ 191)4, p. 555 / Imprimase: Segundo, Arzobispo tornava a manifestar os seus desejos em carta ao
de Burgos, 20-7-1964). Padre Cristóvão de Madri: ’Digo a V. R. que desejo
tanto ir a Roma, nem que seja só para visitar as
relíquias de nosso beatíssimo Padre, que não vejo
65- Fragmentos dos sapatos de Frei Domingos a hora em que tenha essa felicidade'". (VICTORIANO
de Valência distribuídos como LARRANAGA SJ, Introducclón a la Autobiografia de
benção aos doentes, logo após sua morte San Ignaclo de Loyola in Obras Completas de San
Ignaclo de Loyola, BAC, Madrid, 1947, Tomo I, p.
De uma vida dos Frades Pregadores, escrita 30 / Imprimatur: Ca3Ímiro, Obispo aux. y V. g.).
por um contemporâneo de São Domingos:
67. Padres dos mais veneráveis pela idade
T,Freí Domingos de Valência, pertencente ao recebem, de joelhos, fragmentos
convento de Orthez, tendo sido enviado a pregar em de escritos de São João Berchmans
Bazas, aldeia da Vasoonia, depois das muitas fadi
gas que teve que sofrer nas pregações, nas confis Relato do Padre de Greeff, professor de São
sões e nas observâncias regulares, faleceu ali João Berchmans (1599-1621) no Colégio dos Jesuítas
mesmo, no hospital dos pobres; e ele, pobre, foi de Malinas (Bélgica):
sepultado entre os pobres. Em seu sepulcro muitos
foram curados de diversas enfermidades. "Habituado a não guardar os escritos dos meus
discípulos não tenho nenhuma das composições de
"Certa irmã do hospital conservou os sapatos Berchmans, mas considero como um singular benefí
desse frade e os entregou a um peregrino, segundo cio da Providência ter achado um autógrafo do san
creio, sem licença do superior da casa. Mas naque to jovem.
la mesma noite apareceu-lhe em sonhos o frade,
procurando seus sapatos. E na mesma noite apareceu "Ao publicar algumas indulgências, Paulo V
também ao peregrino, mandando-lhe que devolvesse proibiu que fosse impressa a tradução. Pedi a Ber
logo os sapatos ao hospital; e èle assim o fez. E chmans que traduzisse o breve, em linguagem vul
os frades da casa os dividiram em fragmentos pe gar, a fim de que se púdesse espalhar cópias ma
quenos que entregaram como bênção aos enfermos. E nuscritas. E esse trabalho autógrafo que possuo.
muitos ficaram curados". (GERARDO DE FRACHET, Vida Alguns dos nossos padres dos mais veneráveis pela
idade, pediram-me fragmentos e quiseram recebê-los
de los Fralles predicadores, in Santo Domingo de
de joelhos". (Pe. L. J. M. CROS SJ, Vida de S.
(juzmân visto por sus contemporâneos, BAC, Ma
drid, 1947, p. 787 / Imprimatur: Casimiro, Obispo João Berchmans, Duprat & Comp., São Paulo, 1912,
Aux. y Vic. gen., 30-5-1947). pp. 78-79 / Com licença da autoridade eclesiásti
ca) .
66. Padre Câmara: "Espero ir a Roma 68. Um mês depois da morte de Santa
para recolher alguns Verónica, um Padre recorre as
despojos de nosso Padre Inácio" relíquias dela para obter sua cura
De uma introdução às Obras Completas de Santo Relato de um milagre operado por uma relíquia
Inácio de Loyola (1491-1556): de Santa Verônica Giuliani (1660-1727):
66. Secção I Secção I 67.
"Entre os milagres inumeráveis que se produ pondi: 'Pois façam-na', e lhes entreguei a cor
ziram após sua morte, um dos mais célebres foi a reia. Achava-se presente um padre lazarista, o P.
cura do Arcipreste de Pieve di Saddi, Don Giovanni Mellier, superior da casa de Angers. Sem me pedir
Prancesco Leonazzi, ocorrido um mês aproximadamen licença, se apoderou do outro cordão e não quis,
te após a morte de Verônica. Don Leonazzi foi por nenhum preço, devolvê-lo. 'Também, disse-me,
atingido no dia 27 de agosto de 1727 por um ataque poderei servir-me dele' (Declaração de 10 de ou
de apoplexia. Toda a parte direita de seu corpo tubro de 1864, Processo Ordinário, p. 1581)". (Cô
ficou paralisada; ele quase não enxergava mais e nego FRANCIS TROCHU, 0 Cura d'A r s , Vozes, Petrópo-
sua língua endurecida o impedia de falar. Cheio de lis, 2a. ed., 1960, p.~477 / Imprimatur: Luís Fi
fé no poder de Verônica, o Padre pediu que lhe lipe de Nadai, Bispo de Uruguaiana, 29-6-1959).
aplicassem alguma das relíquias dela, o que foi
feito. Ele foi curado imediatamente e três dias
depois podia retomar a celebração dos Ofícios, pa 70. 0 Santo Cura d'Ars conservava um espelho,
ra grande espanto de seu rebanho". (Ctesse. M. DE porque nele se havia refletido o rosto
VILLERMONT, Salnte Véronique Giuliani, Librairie do Padre Balley, que ele tinha por Santo
Génerale Catholique— Maison Saint-Roch, Paris-
-Couvin, Belgique, 1910, pp. 486-487 / Imprimatur: Da vida de São João Vianney, Cura d'Ars
J. M. Miest, Vic. Gen., Namurei, 1-3-1910). (1786-1859):
"0 P. Vianney chorou-o (ao Padre Balley) como
69• Uma "preciosa relíquia" do Cura d1Ars: a um pai. Devia-lhe tudo! Conservou imperecível
um par de sapatos velhos lembrança daquele santo varão. 'Tenho visto almas
muito belas, afirmava ele, nenhuma porém como
Declaração de Soror Maria Ana Gallamand, no aquela'. Os exemplos do antigo mestre ficaram gra
Processo de Beatificação e Canonização do Cura vados tão profundamente no seu espírito, que dizia
d1 Ars (1786-1859): ainda nos últimos anos da vida: 'Se eu fosse pin
tor poderia traçar o seu perfil'. Sempre que fala
"Este 'par de sapatos velhos tem a sua his va nele enchlam-se-lhe os olhos de lágrimas (Irmão
tória. Em março de 1862, refere Soror Maria Ana Jerônimo, Processo Ordinário, p. 55o). Todos os
Gallamand, das Irmãs de Caridade, uma mocinha da dias pela manhã nomeava-o no memento da missa. Até
nossa paróquia de São João, que acabava de perder â morte o Cura d'Ars, que era tão desprendido de
sua mãe, nos disse que aquela recebera de sua ami tudo, conservou sobre a estufa um pequeno espelho
ga um par de sapatos do Cura d'Ars, e que ela os 'porque nele se havia refletido o rosto do P. Bal
tinha dado a uma pobre. Sem dúvida, separou-se de ley' (P. Beau, Processo Ordinário, p. 1204)". (Cô
les, com pena, mas pensava que o bom Cura não de nego FRANCIS TROCHU, 0 Cura d'Ars, Vozes, Petrópo-
saprovaria o seu ato. A pobre, que vivia numa lis, 2a. ed., 1960, p. 94 / Imprimatur: Luís Fili
água-furtada do sexto andar da casa daquela senho pe de Nadai, Bispo de Uruguaiana, 29-6-1959)•
ra, deixou-os atirados a um canto porque lhe pare
ciam muito velhos para o seu uso. Ao sair daquele
quarto deixou os sapatos e a Srta. Lavic (este é o 71. Pétala de rosa tocada por
seu nome) nô-lo ofereceu crendo que nos fazia um Irmã Tereslnha do Menino Jesus
grande obséquio. Recebemo-los contentíssimas, como opera cura milagrosa
uma preciosa relíquia. Ao vê-los nos admiramos da
pobreza do Santo Cura. Sóror Margarida lembrou-se Do Processo de Beatificação e Canonização de
de pedir-me a tira de couro de um dos sapatos. Santa Tereslnha (1873-1897):
'Com isto, disse ela, estou certa de que o P.
Vianney curará a nossa Adelaide. Faremos fervoro "Em fins de junho de 1908, a Irmã Catarina
samente uma novena e a senhora verá'. Eu lhe res- Clarke, então postulante no noviciado da Congrega-
Secção I 69.
68. Secção I
o que é que fizestes por mim nesta madrugada? Eu
ção do Bom Pastor, em Flnchley, Londres, escorre estou curada!" (Procès de Beatífication et Cano-
gou dois degraus de uma escada e sofreu uma grave nlsatlon de Salnte Thérese de 1'Enfant-Jesus et
contusão no pé. .... de la Salnte-Pace — Procés Tnfõrmatlf OrdlnalrêT
"Por ocasião do acidente, colocou-se sobre o Teresianum, Roma, 1973, vol. I, Articles — Troi-
pé afetado uma medalha do Sagrado Coração, empre sième partle: Grâces et Miracles, pp. 72-73).
gou-se também água de Lourdes nos curativos. Foram
feitas novenas ao Sagrado Coração, à Santíssima
72. Três mil relíquias da Irmã Teresa
Virgem, a São Geraldo Majella, à Venerável Madre para os soldados ria frente de batalha
Pelletier, fundadora do Instituto do Bom Pastor.
Outros santos foram ainda invocados, mas o céu pa
Trecho de carta da Madre Inês de Jesus a
recia surdo a todos os pedidos. Mons. De Tell, Vice-Postulador na França da Causa
"No dia 30 de outubro, após a decisão do ci de Beatificação e Canonização de sua irmã, Santa
rurgião (de operar urgentemente), a conselho de Teresinha do Menino Jesus (1873-1897):
sua Superiora, Irmã Catarina começou uma novena à
Irmã Teresa do Menino Jesus, e colocou entre as "Entrementes, enviei ao sr. Coronel (que con
ataduras uma pétala de rosa com a qual a Irmã Te sagrara o Regimento à Irmã Teresa) as três mil re
resa tinha outrora perfumado e acariciado seu cru líquias (da Serva de Deus) que me pedia e Juntei
cifixo, era seu leito de morte. Havia, aliás, no um folhetinho para cada soldado. Se isso continuar
convento uma grande devoção por esta jovem reli assim, a tipografia de São Paulo não conseguirá
giosa. dar vazão a tantos pedidos (30-4-1915)”- (La her-
"Sexta-feira â noite, 30 de outubro — escre mana £ "Madreclta" de una Santa — La R. Madre
ínés de Jesus (Paullna Martin) Y Santa Tereslta,
ve a Irmã Catarina — comecei uma novena à Peque
na Flor* (nome dado à Serva de Deus na Inglaterra) El Angel dei Carmelo, Buenos Aires, 1953, p. 12Ô) .
com grande confiança. Eu não a perdia de vista nem
um só instante, sempre lhe pedia para ter pena de
mira e me curar, para salvar minha vocação. No dia
3 de novembro, véspera de minha partida, deitei-me
por volta de 9 horas sentindo uma dor muito forte
no pé. Eu supliquei então à 1 Pequena Flor* que ob
tivesse enfim, de Deus todo. Poderoso, a minha pu
ra. Cada vez que acordava, fazia os mesmos pedi
dos. Por volta de 3 horas acordei novamente, mas
desta vez rainha cela estava inundada de luz. Eu
não sabia o que pensar desta luminosidade extraor
dinária e exclamei: !0h meu Deus, o que é isto?*
Permaneci nesta luz durante 3 quartos de hora e
não conseguia dormir apesar de meus esforços. Ti
ve, então, a sensação de que alguém tirava as co
bertas de minha cama e me incitava a levantar. Eu
movimentei meu pé e qual não foi a minha surpresa
ao encontrar os 7 metros de faixas que tinham sido
fortemente atadas e das quais eu não teria podido
prescindir, completamente retiradas. Olhei para o
meu pé e ele estava completamente curado. Levan-
tei-me, andei e, não sentindo mais nenhuma dor,
cai de joelhos exclamando: *0 Florzinha de Jesus,
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TROCHU, Bernadette Soublrous, Editorial Aster, Li sessão necrológica pública, terminou seu discurso
vraria Flamboyant, Lisboa, São Paulo, 1958, pp. com esta Invocação: *Bem-aventurado Marquês de Co-
38^-385 / Imprimatur: Ernesto, Arcebispo-Bispo de mlllas, rogai por nós!*
Coimbra)• "0 Exrao. Sr. D. Luís Javier Mufíoz SJ, Arce
bispo da Guatemala, na oração fúnebre pronunciada
86. Francesla, Saleslano, não hesita na Catedral de Havana, não vacilou em assim se ex
em invocar seu aluno recém-falecido pressar:
TE tão luminosa a esteira de santidade que
Da vida de Miguel Magone (18^45—1859) » escrita deixou após si o grande cavaleiro cristão, que não
por São João Boscó: me parece aventuroso dizer-vos que bem podeis^ em
"0 sentimento de seus condiscípulos (de Mi vossas necessidades e perigos, £ em vossos afas £
guel Magone, aluno saleslano recém-falecido) e de dores, dlrlglr-vos a essa alma cujo poder ante
seu professor, o Sacerdote Don Francesla, foi ex Deustem que corresponder à perfeição cristã que
presso por este nas seguintes palavras: ’ No dia regulou todo3 os atos de sua vida. Prudentíssimas
seguinte à morte de Magone fui â minha classe. Era leis da Igreja não permitem tributar a alguém ho
um sábado e deveria realizar-se uma prova. 0 lugar menagens de culto, antes que Ela, após severo exa
vago de Magone indicava-me que eu tinha perdido um me e provas irrecusáveis, o autorize; mas não
aluno £ o céu ganho utp cidadão ■ Eu estava profun- proíbe à piedade privada que invoque a interces
daraente comovido; ós "Jovens, sob a Influência de são daqueles cuja vida nos oferece uma segurança
imenso pesar e em silêncio geral; não me foi pos moral de que já gozam da eterna recompensa* **. (Pe.
sível pronunciar outras palavras senão estas: EDUaHNT fT REGATXLL0"3j , njn~~Karquês Modelo, Sal
•Morreu!* Todos choravam. E como não chorar, se Terrae, Santander, pp. 23^-235 /Imprimatur: Jo-
todos amavam um menino tão virtuoso? Depois de sua sephus, Episcopus Santanderiensis, 1-5-19ÍOT*
morte constatou-se a grande reputação de piedade
que conquistara entre os companheiros.
88. Rezavam à falecida como se faz
"As páginas de seus escritos eram disputadas junto aos túmulos dos Santos
uma a uma, e um digníssimo colega meu conslderou-
-se multo feliz porque pôde recolher um cadernlnho De uma biografia de Amália Errázuriz de Su-
do jovem Miguel. bercaseaux (1860-1930), piedosa senhora chilena
"Eu mesmo, movido pelas virtudes que praticou morta era odor de santidade:
era vida com tanta perfeição, não duvidei em invo
cá-lo depois com plena confiança nas minhas neces "Apenas depuseram o caixão na catedral, foi
sidades ; e, a bem da verdade, devo confessar que ele iraediatamente cercado por todos os que amavam
não foram baldadas as minhas esperanças". (São Amália. E, segundo a afirmação dos privilegiados
JOAO BOSCO, Vida de Miguel Magone, in Biografia £ de sua amizade, sentiram, junto aos seus despojos,
Escritos de San Juan Bosco, BAC, Madrid, 1955, PP« uma paz tão sobrenatural, que, era vez de rezar por
897-898 / Imprimatur: José Maria, Ob. aux. y vic. ela, recomendavam-se à sua InEercessao, como se
gral., 13-5-055) • costuma fazer Junto aos túmulos dos Santos. Beija-
vam o seu caixão, e tocavam nele terços e outros
objetos de piedade". (B. SUBERCASEAUX DE VALDES,
87* "Bem podeis em vossas necessidades Amália Errázuriz de Subercaseaux, Editora Vozes,
Fetropolis, 3a. ed., 1958, p. 222 / Imprimatur:
£ perigos, em vossos afãs
e dores, dlrlglr-vos a essa alma" Por Comissão Especial do Exmo. Revmo. Sr. Dom Ma
noel Pedro da Cunha Cintra, Bispo de Petrópolis,
Da Já mencionada biografia do Marquês de Co- Frei Desidério Kalverkamp, OFM, Petrópolis,
millas (1853-1925): "0 conde de Dona Marina, em 30-9-57).
88. Secção I
Mil
xii
veneração. Ninguém tinha maior sofreguidão em
guardar lembranças e retratos dela do que a Irma
São Vicente de Paulo, essa freira conversa que a QÊSsn g秣§i,
tinha feito sofrer..... Uma outra irmã compôs uma
oração para invocâ-la todos os dias". (Procès de qs fiéis rasea ÊÇQiillil e
Béatification et Canonisation de Sainte Thérése de
1 fEnfant-Jesus et de la Salnte-Face -- I_I Procei* OQYean |Q2 SerYQa de D|u§
Apostolique, Teresianum, Roma, 1976, témoln Ge-
nevieve de Sainte-Thérèse OCD, pp. 323-324).
95* Antes de sua beatificação,
novenas a Joana de França, alcançam
94* "Lembrai-Vos, ô poderosa Rainhazinha .. várias curas
Oração composta pela Madre Isabel do Sagrado
Coração (1883-1914), freira do Carmelo de Lisieux, Relatos de testemunhos da época, sobre o co
para invocar a então Serva de Deus Teresinha do meço do culto a Santa Joana de França (1464-1505),
beatificada em 1742 e canonizada em 1950:
Menino Jesus, vários anos antes da beatificação
desta, ocorrida em 1923:
"No ano de 1507, um homem nobre, Pierre de
Vaux, escudeiro, senhor na Corte, da paróquia de
"Lembrai-vos, ô poderosa Rainhazinha, doce
Saint-Aubin, a quatro léguas de Bourges, aqui velo
espelho da misericordiosa Virgem Maria, lembrai-
e contou-nos coisas dignas de memória: é que ele
-vos da revelação que vÓ3 mesma nos fizestes de tinha uma filha com cerca de doze anos, a qual
que ninguém Jamais vos suplica em vão e que nenhum muitas vezes caía repentinamente para trás e, dez
daqueles que vos invocam não é jamais abandonado vezes ao dia, os membros se lhe tornavam enrijeci
por vós * dos e ficava privada dos sentidos; sem saber o que
"Animada eu da maior confiança, venho lem- acontecia consigo, como aqueles que têm epilepsia;
brar-vos de vossa promessa de passar vosso Céu fa a doença perdurou pelo espaço de cinco anos... E,
zendo o bem sobre a terra, venho suplicar-vos de não sabendo mais o que fazer, o pai e a mãe fize
espalhar sobre mim, e sobre todos aqueles para os ram um voto e promessa a Deus, à Virgem e_ à_ bem-
quais eu imploro a vossa proteção, uma abundante -aventurada Joana, de que flíha faria uma novena
chuva de rosas, uma torrente de graças celestes. junto a. seu "Túmulo; assim que o voto foi feito, a
"Apressai-vos em responder ao meu apelo, dig- filha ficou sa e curada e começou a comer ....
e não caiu mais e não ficou doente daquele
nai-vos descer para junto de mim, abrasar-me com o modo.....
divino amor e ouvir a minha humilde súplica. Assim
seja" . (Novissima Verba, Derniers entrétiens de "Anne, filha de Jean Bartelot, (era) atormen
Ste. Thérèse de L'Enfant-Jésus, Office Central de tada pela doença das escrófulas..... Ela vai,
EIsTeujT/ 1926, pp. 222-223)*
94. Secção I Secção I 95.
pois, junto ao túmulo de Joana de França, em Bour- mesmo aspecto que o outro, sem vestígio de raqui
ges, e, tendo começado sua novena, verificou não tismo. 0 tumor tinha desaparecido completamente. 0
sentir mais nenhuma dor, ' e não aparecia mais ne Dr. Berne ficou estupefato. Não teve dificuldade
nhum tumor, nem inflamação na parte afetada, pelo em exarar um certificado que foi remetido ao bispo
que ela deu graças a Deus e à bem-aventurada Joana de Belley. Fizemos todos, muito alegres, uma nove
de França*”• (MARGUERITE D’ESCOLA, Jeanne de Fran- na de ação de graças e desde então invocamos mais
ce, in "Ferveur", Paris, n. 7, 8-1949/ PP- ^2 ã freqíientemente o Cura d'Ars, que curou minha Irmã-
OT) . zinha". (Cônego FRANCIS TROCHU, 0 Cura d*Ars, Vo
zes, Petrópolis, 2a. ed., 1960, p. "478 7 Imprima-
tur: Luís Filipe de Nadai, Bispo de Uruguaiana,
96. Fazem uma novena ao Cura d1Ars, 29-6-1959).
antes de beatlflcado
e_ obtêm uma cura milagrosa
97. "Concedei-nos (Senhor) ver logo
Declaração de Leônidas Joly, no Processo Or nos altares a Vosso Servo Cláudio..
dinário de Beatificação e Canonização de São João
Vianney (1786-1859): Novena para obter a Beatificação do Servo de
Deus Don Cláudio López Bru, Marques de Comillas
”— Nasci em Saint-Claude, a ^8 de maio de (1853-1925):
1848, Adelaide tem ,quatro anos menos do que eu.
Faz cinco anos que ambos estamos no orfanato diri "Pelo Sinal...
gido pelas Irmãs de Caridade, na paróquia de São "Senhor meu Jesus Cristo...
João de Lião.
"Senhor e Deu3 meu, que entre as riquezas
”Todas as manhãs era eu quem vestia a minha guardastes a vosso servo Cláudio desapegado ao
irraãzinha. Um dia. começou a se queixar de dores no ponto de não as conservar senão para o socorro dos
braço esquerdo. Em setembro de 1861 a professora pobres; e entre os negócios -do mundo, fizestes de
que visitava o nosso trabalho reparou que Adelaide seu coração o foco de intensa caridade para con-
tinha o braço esquerdo apoiado sobre o joelho e Vosco, de ardente amor à Santa Igreja e de filial
que não podia trabalhar. Chamou-a de menina pre reverência ao Vosso Vigário, o Sumo Pontífice!
guiçosa e nós nos pusemos a chorar. Então levaram Concedei-nos, por seus méritos e intercessão, a
a menina ao Dr. Berne, primeiro,cirurgião da Cari graça de seguir suas pegadas e virtudes; e o favor
dade. Disse que Adelaide tinha um tumor branco, que Vos pedimos para a Vossa glória, honra de Vos
que estava aleijada para toda à vida, e que teria so servo e proveito de nossas almas. Amém.
de usar um aparelho. Este não foi necessário; nos
sas professoras quiseram experimentar outra coisa: "Peça-se a graça especial que se deseja con
fizeram uma novena ao Cura d1 Ars e., como estives seguir por intercessão do Servo de Deus.
sem em seu poder uns sapatos velhos que tinham "Pai-Nosso, Ave-maria, Glória.
pertencido ao Santo, tiraram deles uma correia e_a
puseram no braço de minha lrmãzlnha. "Onipotente e benigníssimo Senhor, que Vos
alegrais que Vossos servidores sejam glorificados
”Passados sete dias, Adelaide me disse: fLeô- ainda nesta terra, concedei-nos ver logo nos alta
nidas, meu braço Já não me dói*. E descobrindo-o res o Vosso servo Cláudio, para que, como em vida
vi que podia move-lo com facilidade. Em seguida mereceu ser chamado o Marquês humilde da caridade,
subi ao quarto de nossa professora para anunciar assim possamos invocá-lo no céu como generoso pro
tão agradável nova. Repreendeu-me por havê-lo fei tetor de seus devotos. Pelos méritos de Nosso Se
to sem licença. No último dia da novena, a irmã nhor Jesus Cristo, e pela intercessão da Virgem
tirou a atadura do braço e o achou perfeitamente Imaculada. Amém. — A.M.D.G." (Pe. EDUARDO F. RE-
curado. Mexia-o em todos os sentidos e tinha o GATILLO SJ, Un Marquês Modelo, Sal Terrae, Santan-
96. Secção I Secção I 97.
der, p. 2*í0 / Imprlmatur: Josephus, Episcopus San- "2- dia da novena.....
tanderiensis, 1-5-1950).
"Oração do dia. — Alcançai-me, bondoso padre
Eustáquio, a graça de abandonar-me em tudo à Von
tade divina, confiando na Sua infinita bondade.
98. "Meu grande protetor, Padre Eustáqulo, Fazei-me compreender melhor a necessidade da ora
por vossa poderosa ção confiante.
intercessão junto a Peu3, "3- dia da novena.....
alcançai-me a graça que tanto almejo. -»w
"Oração do dia. — Meu grande protetor, padre
Novena ao Padre Eustáquio (1890-19^3), morto Eustáquio, ajudai-me a pôrem prática o mandamento
em odor de santidade em Belo Horizonte: do amor, para que a minha alma fique sempre unida
a Deus pela graça santificante, e o amor de Deus
inspire todas as ações da minha vida cotidiana.
"Novena ao Padre Eustáquio
"Oração preparatória "*J- dia da novena. ....
- para cada dia - "Oração do dia. — Alcançai-me, bondoso padre
"Meu bom Jesus, eu vos adoro e vos agradeço o Eustáquio, a grande graça de contemplar em meu
benefício recebido da Fé cristã. proxirao a imagem de Jesus, para que, inspirado pe
lo seu edificante exemplo, eu pratiquq as obras de
"Eu vos suplico ;ique, meditando as-virtudes da caridade cristã em benefício daqueles que a divina
vida cri3tã e contemplando o exemplo do vosso Ser Providência puser era meu caminho.
vo fiel Padre Eustáquio, eu sinta em mim o desejo
de santificar-me cada vez mais. Quero tornar-me, "5- dia da novena. ....
como ele, um testemunho vivo do vosso Evangelho, "Oração do dia. —.Por vossa poderosa inter
em meu benefício próprio, para o bem do próximo e cessão, padre Eustáquio, alcançai-me a virtude da
para vossa maior glória* Assim seja. prudência cristã, pela qual èu procure fazer sem
pre o que é reto aos olhos de Deus e o que é pro
"Oração para alcançar uma graça especial veitoso àqueles que vivem em contato comigo.
por intercessão de Padre Eustáquio
"6- dia da novena.....
"Bondoso Padre Eustáquio, grande amigo e ben "Oração do dia. — Bom padre Eustáquio, al
feitor das almas sofredoras, alçançai-me por vossa cançai-me , por vosso exemplo e^ intercessão, a gra
intercessão junto a. Deus a graça que tanto ça de ser justo e de viver como bom cristão. Que o
almejo... meu amor próprio nunca me faça cometer injustiça a
"Eu prometo, se for atendido nesta suplica, quem quer que seja.
viver como bom cristão, rezar e colaborar para "7- dia da novena.....
que, em breve, sejais beatificado e elevado à hon
ra dos altares, para a maior glória da Santa Igre "Oração do dia. — Alcançai-me, generoso pa
dre Eustáquio, por vossa intercessão junto a Deus,
ja, no Brasil. Amém.
a fortaleza de alma, a coragem sobrenatural para
"1- dia da novena..... enfrentar as dificuldades da vida e para carregar
"Oração do dia. — Alcançai-me, padre Eustá as cruzes com submissão à vontade de Deus e com
quio , a graça de uma fé viva e generosa nos Misté- generosidade.
rios de Deus, nas Verdades reveladas e na Bondade "Quero sempre lembrar-me de vossas palavras:
e Providência divina. Que minha fé seja, como foi 'A coroa que deve cingir nossa fronte no Céu, é
a vossa, inabalável, principalmente nas dificulda nas oficinas da terra que ela é fabricada'.
des e sofrimentos da vida.
98. Secção I
parte em português, sobre os ditos, feitos e res sionária e apóstola, que é Maria da Encarnação,
postas de Nosso Santo Padre Inácio, e quantos es para muitos de nós se assemelha àquele belo quadro
critos possam achar-se semelhantes a este". (VTC- esquecido, perdido sob a poeira do tempo .... En
TORIANO LARRANAGA SJ, Introducción a Ija Autobio tretanto ela é uma obra-prima do Artista divino, o
grafia de San Ignacio de Loyola in Obras Comple Espírito Santo!
tas de^an Ignacio de Loyola, EAÜT/ Madrid"] 19^7/ ”E preciso, portanto, descobri-la! ....
Tomo I, p. 36 / Imprimatur: Casimiro, Obispo aux.
y vic. gen.). "Nestes capítulos quisemos, expor, de maneira
muito simples, mas com amor, certos aspectos de
uma vida esplêndida, à qual não falta atualidade.
100. 0 Papa Bento XV recomenda que se As verdadeiras vidas de santos têm sempre atuali
divulgue a vida de uma Venerável para que dade. Quisemos pôr em evidência o aspecto virtuoso
os fieis recorram a ela com confiança e desta vida ardente, de maneira a suscitar estima,
com isso se apresse a sua canonizaçao amor e confiança em relação a esta alma muito san
ta e poderosa no céu". (Chanoine J. L. BEAUMIER,
Da introdução à biografia da Madre Maria da Marie Guyart de L'Incarnation, Editions du Bien
Encarnação (1599-1672), fundadora das Ursulinas de Public, Trois-Rivières, 1959, P* Í2 / Imprimatur:
Québec, recentemente beatificada: Georgius Leo Pelletier, Episcopus Trifluvianen,
30-4-1959).
"Dezoito anoa .mais tarde (19 de julho de
1911), o Santo Papa Pio X reconhecia'oficialmente
a heroicidade da3 virtudes da grande e imortal Ur- 102. Os^ devotos de Virgínia Bracelll
sulina, Maria da Encarnação. procuravam tornar sua vida mais conhecida,
apesar de não estar beatificada
"Algun3 anos depois, Bento XV fazia saber às
Ursulinas de Roma, por intermédio do Cardeal Gas- De uma biografia da Venerável Virgínia Centu-
parri, que * seria vantajoso propagar jí_ vida da Ve- rione Bracelli, fundadora das Pilhas de Nossa Se
nerãvel Maria da Encarnação sob uma forma popular nhora do Monte Calvário (1587-1651):
a fim de que os fiéis recorram a. ela com conflan-
ça, e assim obtenham favores assinalados que "Entretanto, a fama _a veneração por Virgí
apressem sua Beatificação'". (Chanoine J. L. BEAU- nia se difundiam; a ressuscitada (*) ganhava nome,
MIER, Marie Guyart de L1'Incarnation, Editions du e muitos admiradores e devotos se acolhiam em tor
Bien Public, Trois-HXvières, 1959/ P* H / Impri- no dela.^Havla intensa porfia para que revivesse
matur: Georgius Leo Pelletier, Episcopus Triflu- sua memória, para que fosse ela mais conhecida 1[
vianen, 30-4-1959). mais bem seguidos os seus exemplos.
"Já o Provincial dos Agostinianos havia des
101. Divulgar a vida de Maria coberto a Vida da Fundadora, escrita por Antero e
da Encarnaçao para suscitar a estima, que há cento e vinte anos jazia esquecida na
amor e confiança em relaçao a esta alma Biblioteca de São Nicolau. Depois, a senhora Fran-
multo santa £ poderosa no Céu cisca Boggioni, cheia de zelo pela honra de Virgí
nia, percorrendo a cidade à procura de descenden
~.
’
Do mesmo livro sobre a Beata Maria da Encar tes dela, conseguiu encontrar o último herdeiro de
nação : Scipião Alberto, que era nada menos que um pedrei
-;
dia a Venerável Maria da Encarnação..... péis, que guardava com todo o cuidado, e que agora
_
mente o *Embrião'. Do precioso manuscrito se apro modelo do mundo moderno, como personagem da Nobre
veitou de bom grado o jesuftã Padre César Manzl, za, do mundo dos neçócios, da família, da Ação So
para compor uma modesta biografia de~ Virgínia, im- cial, da Ação Católica, em uma palavra, como o
pressa em 18077 exemplar acabado do cavaleiro, do patriota e do
Cristão.
"Melhor ainda se ocupavam dela os corações.
Admitia-se que o seu providencial reaparecimento "Mas o Papa não o porá nos altares, enquanto
servisse à sua glória, mas, justamente se preten o Servo de Deus não operar verdadeiros milagres,
dia que também os outros fossem por ele beneficia reconhecidos como tais pela Santa Sé; e para isso
dos . Os devotos visitavam o_ sepulcro de Virgínia, £ preciso que os fiéis conheçam suas insignes vir
a_ invocavam _e_ ela atendia e_ dispensava favores: e tudes _e_ o_ invoquem com a mais viva fe, a fim de
logo às Filhas, que então conservavam cuidadosa- conseguir do ceu, por sua intercessão, toda espé
mente tudo quanto era concernente à honra da Mãe, cie de graças e milagres verdadeiros, que são o
afluíam os documentos que relatavam os benefícios selo com que Deus referenda a santidade de seus
extraordinários obtidos pela sua intercessão. Servos.
"As inteligências e os corações se sucediam ^nJL com e3^a finalidade que se encaminha este
...
compêndio da vida do Marquês de Comillas". (Pe.
.
assim em se ocupar de Virgínia.
EDUARDO F. REGATILLO SJ, Un Marques Modelo, Sal
"Monsenhor Carmo Cordlvlola e_ o, industrioso Terrae, Santander, pp. 5-6 7~~Imprlmatur: Josephus.
D. João Batista Fázlo empregaram anos em reunir Episcopus Santanderiensis, 1-5-1950).
passagens da vida da: serva de Deus e_ era narrá-las.
Teciam-lhe elogios: Antônio Baratta, João Semeria,
Caetano Morroni. Consagravam-lhe a homenagem de
sua arte: D. Luís Grillo, o Padre Sportono, o Car
deal Morichini".
.
pelas próprias freiras da Congregação que fundara.
;
(Mons. LUIGI TRAVERSO, Vida e Apostolado da Serva
.
de Peu3 Virgínia Centurione Bracelli, Ave Maria",
Sao Paulo, la. edição em português, 1961, pp.
331-332 / Imprima-se: Mons. José Augusto Bicalho,
Vigário Geral, Belo Horizonte, 16-8-1960).
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104. "Se o testemunho dos milagres fosse
necessiirio para ilustrar a
glória doã_ Santos, nao seriam
honrados na í gr ela de Deus muitos deles"
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Diz o famoso jesuíta do século XVI, Pe. Riba-
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C) daneyra, discípulo de Santo Inácio de Loyola:
^
lhe convenha, para imitá-la.
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com milagres?
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"Mas quem duvida que haja alguns que se ad
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mirem e espantem, e perguntem porque é que sendo
*'*
estas coisas verdadeiras (como sem dúvida o são),
-
não fez milagres o. nosso B. Padre. nem Deus quis
patentear a_ santidade deste seu servo com sinais ei
testemunho sobrenaturais, como o fez com muitos
outros santos?
"Â estes respondo eu com o Apóstolo: quem
conhece os segredos de Deus? Ou a quem Deus fez do
seu Conselho? Porque é só Ele que faz as grandes
maravilhas, como diz David, pois é só com a sua
virtude infinita quí se podem fazer as coisas que
ultrapassam a força e a ordem da natureza; e como
Ele é que pode fazer isto, só Ele é que sabe em
I
I
i
106. Secção I 107.
Secção I
que lugar e em que época, por que melo e por cuja ram luzeiros e ornamento da Igreja católica, e cu
intercessão se hão de fazer os milagres. ja vida e doutrina dá luz a todo o mundo, esta
riam, hoje em dia, sepultados nas trevas do esque
A santidade na o se mede pelos milagres, mas pela cimento, se não tivessem outro testemunho e res
caridade plendor para mostrar o que eram, senão o de seus
"Se bem que nem todos os santos foram escla milagres. E pelo contrário, sabemos que no dia do
recidos com milagres, nem os que fizeram mais mi juízo muitos dirão: ’Senhor, Senhor, porventura
lagres e_ maiores que outros, sao por Isso mais não profetizamos em Vosso nome, e em Vosso nome
santos, porque a_ santidade de cada um não se há de não expulsamos os demônios, e fizemos muitos mila
rcedir assim, nem tem por regra de avaliação os mí^ gres?’ E então o Senhor lhes responderá: *Não sei
lagres, mas a caridade; como diz o bem-aven quem sois*. E para que, porventura, não pensemos
turado São Gregorlo por estas palavras: *A verda que isso não é assim, apesar de eles o dizerem,
deira prova da santidade não fazer milagres, mas porque, como maus que são, mentem e não dizem a
e amar aos outros como a_ j3i mesmos, ter verdadeiro verdade, o mesmo Senhor (como nota Santo Agosti
conhecimento de üéus, e melhor conceito do próximo nho) diz por São Mateus: ’Levantar-se-ão falsos
do que de si mesmo. Porque o Redentor nos ensinou Cristos, e falsos profetas, e farão tão grandes
c°m clareza, que a_ verdadeira virtude nao consiste sinais e prodígios, que enganariam cora eles, se
em fazer milagres, mas em amar, quando disse: fosse possível, aos próprios escolhidos’.
^TTisto conhecerão todos que sois meus discípulos,
se vos amardes uns^aos outros’. Pois que não dis Houve ímpios que profetizaram, e até Judas fez
se: nisto conhecerão que sois meus discípulos, se milagres
fizerdes milagres, mas se vos amardes uns aos ou "E diz São Jerônimo sobre as palavras de São
tros, dá claramente a entender que o verdadeiro Mateus que alegamos:*- *0 profetizar e fazer mila
sinal de que alguém e_ servo de Deus nao consiste gres, e expulsar os demônios, algumas vezes não se
nos milagres, mas só na caridade. E assim o maior faz por mérito do que o opera, mas pela invocação
argumento e o sinal mais certo de que alguém é do Nome de Jesus Cristo, em ,nome de cuja virtude
discípulo do Senhor, é o dom do amor fraterno*. se obra, concedendo-o o Senhor, ou para a condena
Até aqui são palavras de São Gregório.
ção dos que invocam o seu santo Nome e não vivem
bem ou para proveito dos que vêm ou ouvem os mila
Outro não houve maior que João Batista, mas ele gres; os quais, ainda que tenham em pouca consi
não fez milagres
deração os homens que fazem os milagres, honram
"E por isso, pouco antes disse o mesmo santo, neles a Deus Nosso Senhor, em cujo santo nome se
que nos homens dever-se-ia reverenciar a humilde fazem. E assim vemos que Saul, Balaão e Caifás,
caridade, e não as obras maravilhosas que se fazem profetizaram, não sabendo o que diziam; e Faraó e
nos milagres, e que jse o testemunho dos milagres Nabucodonosor foram iluminados, e entenderam as
fosse necessário para ilustrar a glória dõs san coisas que haviam de suceder no futuro; e nos Atos
tos, nao seriam honrados, hoje em dia, muitos de- dos Apóstolos os filhos de Sceva parece que expul
les_, na Igreja de Deus. Pois vemos que tendo dito saram os demônios dos corpos, e Judas, sendo Após
a mesma Veraade (Nosso Senhor Jesus Cristo) que tolo, tendo ânimo de traidor, fez muitos milagres
entre os nascidos de mulher não se havia levantado como os demais apóstolos*. Estas são as palavras
outro maior que São João Batista, entretanto disse deste glorioso Doutor.
ãele o Evangelista da mesma Verdade, que ele (São
João Batista) não fez nenhum milagre. Não se deve exigir milagres como prova de
santidade
Se fosse pelos milagres, grandes luminares da ”E é doutrina de São Paulo, que alguém pode
Igreja estariam hoje esquecidos ter o dom da profecia e de toda a ciência e conhe
*'E outros muitos varões santíssimos que fo- cimento, sem caridade; e ainda força para
108. Secção I Secção I lüy.
transportar montanhas de um lugar para outro. De 105. Sem fazer nenhum milagre,
maneira que não se deve exigir a_ ninguém os mila São Joao Batista atraia as multidões
gres , como se deles dependesse necessariamente a
santidade, mas devemos, isso sim, nivelar e medir Dora Chautard, o Abade de Sept-Pons, escreve:
todo este assunto com a verdadeira regra da cari
dade .
"Joannes quldem slgnum feclt nullum (João na
verdade não fez milagre algum — Jo., 10, Ml).
Que milagres fizeram em vida Santo Agostinho, São
Joao Crlsostomo, Santo Atanâslo, Sãõ GregórTo Na- Sem fazer nenhum milagre, João Batista atraia as
zlanzeno e São Gregórlo de NlcéTa? multidões. Bera fraca era a voz de são Vianney para
se fazer ouvida da multidão que em volta dele se
"Porque, ainda que muitas vezes Deus Nosso apinhava e, sem embargo, se o não ouviam, viara-no,
Senhor manifeste com milagres e sinais a santidade viam uma custódia de Deus, e só essa vista subju
de seus servos, isto, como dissemos, não o é sem gava e convertia os assistentes. Voltara de Ars um
pre, nem necessário. Quais são os milagres que le advogado. Como lhe perguntassem o que mais 0 tinha
mos ter feito Santo~~Ãgostinho era sua vida? São impressionado, respondeu: *Vi Deus num homem*w.
Ürísóstomo? Santo Atanâslo? Os dois Gregórios, Na-
(Dom J. B. CHAUTARD, A Alma de todo Apostolado,
zlanzeno e de Nicéia? Certamente nenhum ou multo Editora Coleção F.T.D., São Paulo, p. Ilfl / Reim-
poucos. E rtao é por isso que nos atreveríamos a rimatur: Vicente Zioni, B. Aux. — V. Geral,
dizer que foi maior santo que eles o outro Gr*egó-
rio, a quem, pelas maravilhas que fez, os gregos
f2-8-19 62).
chamam taumaturgo, que quer dizer o que faz mila
gres * 1-06. A santidade não está em fazer milagres,
mas em levar a sua cruz
Nem todos os Santos fazem milagres em vida, porque
c 'EspiritcT?anto concede esse dom a quem quer Comenta um biógrafo de Santa Rosa de Lima:
ttPe onde Santo Agostinho ao escrever ao cle "Quantas vezes ouvimos dizer: * agora não há
ro, aos anciãos, c a todo o povo de Hipona, ensi mais santos!* Não obstante, talvez os tenhamos ao
nando-os que ninguém pode esquadrinhar a razão pe nosso lado. Essa mãe, essa irmã, essa filha, que
la qual Deus ordena que nuns lugares se façam mi carregara todo o peso de uma família, que são o an
lagres e noutro não, conclui com estas palavras: jo da casa, que suportara em silêncio penas e amar
çAssira como, segundo diz o Apostolo, nera todos os guras sem conta, levando sua abnegação até o he
santos têm o dom de curar doenças, nem a graça de roísmo sem esperar nada de ninguém, a não ser de
discernir os espíritos, assim também não quis o Deus, cujo amor as impele a tão sublime sacrifí
Espírito Santo, que distribui os seus dons a cada cio; essas são verdadeiramente santas. Porque ji
um como quer, conceder milagres a todas as memó santidade não está em fazer milagres, como crê o
rias dos Santos*. Isto é dito não para tirar a comum dãs pessoas, senão em renunciar-se a si mes
força aos milagres, mas para que o prudente leitor mo e_ levar _a Cruz, seguindo a_ Nosso Senhor Jesus
entenda que todo este assunto deve ser remetido a Cristo** * £P. Pr. VICT0RIN0 OSENDE, Santa Rosa de
Deus, o qual distribui os seus dons a cada um como Lima, Pluma Fuente, Lima, Ma. ed., p. 31 / Con las
lhe apraz". (PEDRO DE RIBADENEYRA SI, «Vida dei debidas licencias).
Bienaventurado Padre San Ignacio de Loyola, in
Nistorlas de ía Contrarreforma, BAC, Madrid, 19^5,
107* Berchmans não teve êxtases, tribulações
pp. 3ff7 a 389 / Imprimatur: Casimiro, Obispo Aux.
extraordinárias, nem deu mostras de virtudes
y Vic. Gen.).
excelsas t acusou o "Advogado do Diabo"
.
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tão herói, ele que conservou até à morte, sua alma
i
Trento, mas sim a vida comum da Companhia de Je
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1
.
isenta de todo o pecado venial? sus. Cte jovens religiosos saberão que podem, sem
procurar sacrifícios extraordinários, igualar-se
nE de fé, o concílio de Yrento o definiu, que
aos Santos mais Inocentes, e_ aos mais penitentes,
a concupiscência permanece nos filhos de Adão de pois que J. Berchmans lhes aparecerá coroado, na
pois do batismo, e os inclina para o pecado, e vereda comum da Regra, com as glórias de Luís de
que Deus a deixa em nós, a fim de que a ocasião de Gonzaga e de Estanlslau Kostka". (Pe. L.J.M. CROS
combatê-la seja também ocasião de triunfar. E de
SJ, Vida de S. João Berchmanns, Duprat & Comp.,
fe, S. Pedro nô-lo ensina, que o demônio gira à São FãiHo,T9T2,~Êp7 394, 395, 396, 397, 399, 401
roda de nós como um leão rugidor e procura inces e 402 / Cora licença da autoridade eclesiástica).
santemente devorar-nos.
"João viveu submetido às mesmas leis. Se ele
108. São Pio X: "Creio na santidade
não sentiu vivamente o aguilhão dos maus desejos,
que resulta unlcamemte da prática
o movimento das paixões, é a glória da sua fiel
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111. "...£ evidente que o tinham 113. São Francisco de Assis considerava
já em vida por Santo" Frei Rufino "canonizado" e'm vida por Cristo
Da Introdução à vida de São Bento (480-547), Da vida de São Francisco (1181-1226), escrita
Patriarca do monaquismo Ocidental, escrita por São por Tomás de Celano, contemporâneo do Santo de As
Gregórlo Magno: sis :
"Se nos restringirmos aos Diálogos, a Vida de "Pelo que, Francisco dizia dele: que Frei
São Bento é uma cadela de milagres desde o princí Rufino estava nesta vida canonizado por Cristo; e
pio até o fim. Que fé temos que dar ao historiador que, fora da presença dele, ele não duvidaria era
de tantas maravilhas? Tomemos em consideração que dizer São Rufino, embora ele ainda estivesse vivo
todos esses episódios emanam, no essencial, do na terra". (JOHANNES JOERGENSEN, São Francisco de
círculo dos primeiros discípulos do Santo. Estes Assis, Vozes, Petrópolis, 1957, p. 359 / Com apro-
estavam firmemente persuadidos de que seu venerá
vação eclesiástica) •
vel Pai, poderoso em obras, tinha lido nas
consciências, tinha profetizado o futuro e tinha
exercido, por meio da oração e do sinal da Cruz, 114. Sao Caetano de Thiene, "verdadeiro
um poder divino sobre os elementos, sobre o demô servo de Deus, canonizado em vida pelo povo"
nio e até sobre a morte. E evidente que o tinham
por Santo já em vida. E naturalmente esta convic De São Caetano de Thiene (1480-1547), funda
ção .resultava de fatos prodigiosos". (Rev. Pe. dor dos Teatinos, conta uma biografia:
BRUNO AVILA OSB, Introducclón a SAN GREGORIO MAG
NO, Vida de San Benlto, Editorial San Benito, Bue
"0 altíssimo grau de elevação alcançado como
nos Aires, 3a. ed., 1956, p. 15 / Imprlmatur: Ra- se viu até agora por São Caetano de Thiene, refle-
món Novoa, Pro-Vicario General, 14-5-1956)• te-se exteriormente no unânime consenso de vozes
de quantos o_ conheceram e_ o_ consideraram, ainda era
112. Como não lhe podiam dar ainda sua vida, um santo.
o nome de Santo, chamaram-lhe o "Venerável" "Eis alguns traços desta sua canonização —
digamos assim — pela voz do povo, a qual deve ter
Do conhecido Missal Quotidiano e Vesperal de começado há muito tempo, pois seu Processo recorda
Dom Gaspar Lefèbvre na festa de Sao Beda, o Vene- que, desde o seu período universitário (1501-1504)
rável (27 de maio): 'foi exemplar ao ponto de, Já então, ser chamado
"Nascido em Yarrow na Inglaterra, (São Beda) ' santo1 por todos! • Neo-sacerdote, em Roma, Barto-
foi confiado desde a infância a S. Bento Biscopo, lomeo Stella — que não o havia encontrado ainda
Abade beneditino de Wearmouth, vindo mais tarde a pessoalmente, mas se baseia no Juízo do confessor
vestir o hábito e a ser 'o mais observante e o de Caetano, o agostiniano Frei Gabriel — em data
mais feliz dos monges1. Como se lhe não podia dar de 2 de março de 1517, chama-o 1 verdadeiro Servo
ainda o^ nome de Santo, chamaram-lhe o_ ' Venerável * , de Deus 1......
título que não perdeu depois da morte. Deixou
"Para o período napolitano (da vida de São
grandes comentários à Sagrada Escritura, de que a Caetano), tem grande significado a terna veneração
S. Igreja se serve com frequência para lições do
que teve por Thiene um seu' convertido, o ex-val-
Breviário. Emulo de Cassiodoro e de S. Isidoro de
dense Messer Raniero Gualano. Santo André Avelll-
Sevilha, foi do3 sábios mais eminentes do seu tem
no, na sua carta ao Padre Santomango, nos refere o
po. Leão XIII declarou-o Doutor da Igreja. Morreu testemunho deste glorificador de São Caetano de
a 25 de maio de 735” • (Dom GASPAR LEFEBVRE, Missal Thiene: 'Mas o Senhor Rainiero Gualandi, familiar
Quotidiano e Vesperal, Desclée de Brouwer & Cie.,
do referido Padre (São Caetano), dizia grandes
Bruges, 1960, pp. 1329-1330 / Imprlmatur: M. De
Keyzer, vic. gen., 15-2-1960). coisas da sua prudência, devoção e santa vida, de
118. 119.
Secção II
Secção II
tal modo que o_ dito Senhor tinha o_ referido Padre
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(PIERO CHIMINELLI, San Gaetano Thlene, Soc. An.
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Tipográfica Pra Cattolici Vicentini Editrice, VI-
cenza, 1948, pp. 936, 937 e 938 / Imprlmatur: 117. "Se soubessem o tesouro que têm
Franciscus Snichelatto, Vic. gen.).
em Catarina, andariam
osculando o chao onde põe os pés”
115* São Francisco Xavier:
Da extraordinária virtude de Catarina de San
"0 Padre Inácio é um grande santo"
to Alberto, disse um dia São João da Cruz às Car
Conta o conhecido historiador Jesuíta Padre melitas de Beas:
Ribadeneyra, contemporâneo e discípulo de Santo "Se soubésseis, filhas, o_ tesouro que têm em
Inácio de Loyola (1^91—1556), numa vida do Santo: Catarina de Santo Alberto, andariam osculando ~ã
".... o Padre Francisco Xavier, varão verda terra onde poe os pés. Não poderia crer, se não
deiramente apostólico e enviado por Deus ao mundo tivesse tratado cora ela, que em tempos tão calami
para iluminar as trevas de tantos infiéis cegos, tosos como os presentes, houvesse uma alma que tão
com a luz esclarecida do Evangelho, e tão conheci verdadeiramente servisse a Deus, e vivesse tão
do e estimado pelas obras maravilhosas e pelos mi unida a Ele". (CRIS0G0N0 DE JESUS OCD, Vida* de
lagres que Nosso Senhor operou por meio dele- Di San Juan de la Cruz, in Vida y_ Obras de San Juan
zia pois aquele Japonês chamado Bernardo, ao qual de la Cruz, Motas de Matias dei" Nino Têsus OCÍ),
já nos referimos, qué: g_ Padre Francisco falando de BXC, Madrid, 5a. ed •, 1964, p. 1feO / Imprlmatur:
nosso Pai, costumava dizer: * Irmão Bernardo, o Pa José Maria, 0b. Âux. y Vic. Gen., 11-5-1964).
dre Inácio é um grande santo *; e como tal ele mes
mo o reverenciava”. (PEDRO DE RIBADENEYRA, Vida
dei Blenaventurado Padre San Ignaclo de Loyola, in
Historias de la ContrarreTõrma7 BAC, Madrid, T§^5, 118. São Roberto Belarmino: deve-se
pT 313 / Imprima tu r: Cás insiro, Obispo Âux. y Vic. crer que a Providência"mantem
Gen., 3I-3-19IÍ5K na Tgreja Santos confirmados em graça
Conta uma vida de São João da Cruz "() Cardeal Bellarmlno, discorrendo um dia
(15^2-1591): sobre as insignes virtudes de S_. Luís, sendo este
ainda vivo, e, em presença de muitos, entre os
”Alguns meses mais tarde, em 1580, indo (San quais estava eu, dizendo com razões bera fundadas,
ta Teresa de Jesus) para a fundação de Villanueva que se deve provavelmente crer que a_Divina Provi
de la Jara, se detém com suas freiras no convento
dencia sempre mantem na Igreja militante alguns
dos Descalços de La Roda. Recai a conversa sobre
santos que 3ão em vida confirmados na graça,
Frei João da Cru**. Os Religiosos ponderam sua vir
acrescentou estas formais palavras: TEu por mim
tude e mostram à Madre Fundadora alguns papéis es tenho como certo, que um desses confirmados na
critos por ele sobre coisas espirituais. madre graça e_ o_ nosso Luís de Gonzaga, porque sei o que
Teresa comenta regozijada e_ em tom profético: *03 se passa naquela alma'". (Pe. VIRGÍLIO CEPARI SJ,
.
M
ossoá daquele corpinho hão de fazer milagres1”. Vida de S. Luís Gonzaga, da Companhia de Jesus,
___ __ —
(CRIS0G0N0 DE JESUS 0CDT~Tlda de San Juan de la üfflcina PõTigrafica Editrice, Roma, T91Ü7 p. 37 /
Cruz, in Vida £ Obras de San Juan de la Cruz, BAC,
Com aprovação eclesiástica).
__ ..
..
120. 121.
Secção II ão II
Secção
119- Papa Nlcolau V: ”Não é gres para testemunhar sua santidade, como o refe
menos digno de canonização Antonlno rido exemplo da aparição do Menino Jesus a ele du
vivo, que Bernardlno morto" rante a santa Missa. Durante esta época, os unia-
tas (católicos de rito oriental unidos a Roma)
Lê-se na mesma vida de São Luís Gonzaga, pelo consideravam o_ Já então Abade Josafá como um pilar
Padre Cepari: da verdade para resistir aos ataques dos cismáti
"Iam por devoção diversos Padres vê-lo e^ ser cos eí_ protestantes nesse gênero de guerra espiri
vi-lo (a São Luís Gonzaga), entre os quais foram tual" . (Rev. ALBAN BUTLER, The Lives of the
os mais assíduos o Padre Márcio Fuccioli, Procura Fathers, Martyrs and other principal SãintsT
dor geral, e o Padre Jeronymo Piattl, que morreu ChristTan classics,_Westminster, vol. I, p. 425).
dois meses depois dele. Este, ao sair uma vez da
câmara de S. Luís, prorrompeu nestas palavras, en
dereçadas ao Padre Martinho Martini, que o acompa 121. Vinham pedir uma oração a Verónica
nhava: 'Eu vos digo que Luís é_ ura Santo, Santo com com tanta fé como teriam para com
toda certeza, tao santo, que se poderia canonizar üm dos Santos mais ilustres da Igreja
ainda vivo1. Aludia as palavras do Papa Nlcolau V,
que na canonização de S. Bernardlno de Sena De uma biografia de Santa Verônica Giuliani
(1380-1444) disse de Santo Antonlno, Arcebispo de (1660-1727):
Florença (1390-145977 que estava vivo e presente: "Ao mesmo tempo que se estabeleciam as bases
'Creio que não é menos digno de canonlzaçao Anto do processo de canonização, _a_ devoção a_ Santa Ve-
nlno vivo, que bernardlno morto1 (Pe. VIRGÍLIO rônica crescia todos os dias com a fama de sua
CEPARI SJ, vida de S. Luiz Gonzaga, da Companhia santidade"! Dissemos que essa nomeada tinha, Já em
de Jesus, Officlna Poligraflca Edltrlce, Roma, sua vida, atravessado as grades do mosteiro da3
T$i0, p. 342 / Com aprovação eclesiástica).
Capuchlnhas. Há multoque se vinha pedir uma ora
ção de Verônica com a. mesma fé que se teria para
com ura dos santos mais ilustres da Igreja. 0 Grão-
120. Ele Já era olhado LDuque da Toscana, Õosme III, recomendava-se à
como um "santo vivo"•.. Santa, cada vez que tinha que realizar uma coisa
importante, e lhe enviava frequentemente esmolas.
Da historia de São Josafá Kuncevlcz, Arcebis A nora de Cosme III, Violante da Baviera, obteve
po de Polotsk, martirizado pelos cismáticos por mesmo do Papa a permissão de entrar no convento
sua fidelidade a Roma (1580-1623): para poder contemplar, com seus próprios olhos, os
"Como monge da Ordem de São Basíllo, o Irmão gloriosos estigmas de Verônica. Quantos grandes
João ou Josafá, como passou a chamar-se, tornou- personagens teriam querido obter o mesmo favor que
-se, _a exemplo de Santo Afonso Rodrigues, uma es lhes foi sempre negado. 0 renome da Santa tinha
pécie de oráculo de Instrução sagrada de sábios penetrado até na Alemanha, e o Imperador Carlos II
conselhos. 0 povo afluía para consultá-lo, embora fez-se recomendar a ela, cora toda a família".
I
ainda não fosse padre, e seu conselho trazia Inva (Ctesse. M. DE VTLLERMONT, Salnte Véronlque Glu-
V
w
,
riavelmente a solução correta da dúvida ou difi llanl, Librairie Générale Catholique — Malson
.
culdade. No seminário Jesuíta da cidade fundado Saint-Roch, Parls-Couvin, Belgique, 1910, p. 486 /
pelo Príncipe Jorge Radziwill, Cardeal-bispo de Imprimatur: J. M. Miest, vic. gen., Namurci,
Cracóvia, havia então ura erudito clérigo, Padre
^
1-3-1910).
\
"FILIPPINI (Santa Lúcia). Fundadora do Insti lelro de Deus, Editora Vozes, Petrópolis, 1962, p.
tuto de Mestras Pias (Filipinas). Nascida em Mon- 94 / Imprlmatur: P. José Rlbolla CSSR, Superior
tefiascone (Itália) no dia 13 de Janeiro de 1672. Provincial, Sao Paulo).
.... Lucia foi chamada à Cidade Eterna por Clemen
te XI, e_ foi tanta a_ fama de santidade que deixou 125- Pessoas notáveis por suas posições e por
nos poucos meses que viveu na capital dos Papas, suas virtudes diziam que ela era uma santa
que era chamada comumente 'a_ Santa*”. (Enciclopé
dia Universal Ilustrada Espasa-Calpe, Suplemento Da biografia da Beata Anna Maria Taigi
anual'^193i4, Secclón Hagiografia — Flllpplnl, San (1769-1837), por Mons. Cario Salottl, então sub-
ta Lucia, p. 739). -promotor geral da fé, mais tarde Cardeal e Pre
feito da S. Congregação dos Ritos:
123. ”Els aí ura santo, ura homem
de quem se escreverá a vida!” K 0z a v a
ie
po s i Ç Ô e s
De uma biografia de São Luís Maria Grlgnion :ini > B a r —
de Montfort (1673-1716), o grande Apóstolo da es h, aDr e
cravidão marial: pre 1 a d 0 s >
como Mons. Piervisani, Mons. Ercolani, Mons. Ba-
”Entre os mais solícitos Junto ao homem de sillci, Mons. Guerrieri, Mons. Paolo Mastai, que
Deus (São Luís Maria Grignion de Montfort) distin- haviam experimentado suas luzes, a veneravam una-
guia-se o curador dá' Regra da comunidade, Jacques nimemente. Beatos, Veneráveis e Servos de Deus,
le Vallois. Ele estava líteralmente conquistado. que morreram em odor de santidade como (São) Gas
'Eis ura santo — dizia, falando do Padre Montfort par da Búfalo; o Venerável Strambl (São Vicente
— ei3 HHL Lomem do qual se escreverá a vida, como Marla~TTtrambl); o_ Venerável Bartolomeu Menochlo; o
a do padre Le Nobletz, que nos lemos presentemente Venerável Bernardo Maria Clausl^; o_ Venerável Pal-
no refeitório1. A este entusiasmo, ele Juntava uma lotl (Slo Vlcente~~Pallotl); a Venerável Elizabeth
rara piedade. 0 Padre Montfort dava-se conta dis Canorl-Mora; Frei Félix de Montefiascone; Frei Pe-
so”. (LOUIS LE CROM Monf., Salnt Louls-Marle Grig trônio de Bolonha, diziam ser ela santa, pois as
nion de Montfort, Librairie Mariale, Pont-Château, sim a consideravam; as damas de corte da Duquesa
W, p” 307 / Imprlmatur: Eduardus, Eplscopus de Lucca e tantos personagens da nobrezat como os
Pictaviensis, 29-9-19^2)• Patrizi, os Bandini, os Caetani, e uma grande
quantidade de sacerdotes e_ leigos, admirados de
sua santidade, a enalteciam e_ divulgavam em todas
12^4 • Papa Clemente XIII: ”Após as ocasiões. Pois bem, a nossa Santa diante de
a morte de Mons. Llgórlo tanta exaltação, permaneceu sempre humilde e con
teremos na Igreja mais ura Santo” fusa; Jamais aconteceu que a estima, da qual era
cercada, excitasse seu amor próprio e lhe fosse
Sobre Santo Afonso de Ligório (1696—1787)* estímulo de vanglória ou de ostentação. Crescida
conta uma biografia sua: aos pés da Cruz, quanto mais era estimada e exal
tada, tanto mais repelia as manifestações de esti
”Clemente XIII não pôde dissimular a admira ma publica e se humilhava no seu nada”. (Mons.
ção que lhe causaram a ciência e as virtudes do CARLO SALOTTI, La Beata Anna Maria Taigi, Madre dl
novo bispo e, depois que este se.despediu, disse Famlglla, Scuola Tipográfica Italo-Orientale ”S.
aos cardeais que o rodeavam: Nilo” , Grottaferrata, 1922, p. 358 / Imprlmatur:
” — Haveis de ver que, apôs <a morte de Monse Fr. Albertus Lepidi OP, S.P.Ap. Magister, Imprlma-
nhor Llgórlo, teremos na Igreja mais um santo” . tur: Can. Sylvius de Angelis Vic. Gen. Dloec. Tus-
(Pe. JOSÉ MONTES CSSR, Afonso de Llgórlo o Cava- culanae) .
124 .
Secção
Secção II 125.
!
I
126.
Secção II Secção II 127.
11A multidão anônima, _a grande testemunha cuja
voz , como se diz, é a voz de Deus, não se enganou ( i815—1888) : ” 1 São as mesmas cenas de Ars, e_ me
no seu juízo sobre o Cura d rKv3. * Onde está o_ San parecia estar ainda lá1. Como São João Batista
to? ' perguntavam os recem-chegados. Vianney, São João Bosco foi canonizado ainda em
0 Santo! Eis ò Santo que passa!1 bradavam vida pela oplnlao publica. Em ura século tao cheio
nas fileiras de forasteiros quando aparecia o hu de vãos rebuscamentos e de odiosas revoltas, por
milde sacerdote. E, dlrigindo-se aos paroquianos duas vezes, em favor de dois padres encarregados
depois de verem como o aclamavam desta maneira, de missões tão diferentes, mas iguais em caridade,
alguns diziam: !Não temos necessidade de outra ma Deus permitiu o espetáculo de multidões orantes e
ravilha para crer que o vosso Cura é um santo1 (P. pacientes, mares de povo centralizando seu fluxo
Toccanler, Processo apostólico ne pereant, p. insistente sobre um só ponto, onde Cristo parecia
325)- Na verdade, segundo palavras de Mons~ Luçon, mostrar-se a eles novamente, na transparência de
antigo bispo de Belley, depois cardeal-arcebispo um Santo aniquilado nEle. A Idade Média não guar
de Reims: T se jamais houve um homem canonizado pe- dou tudo para si”. (PIERRE CRAS, La Fidèle Histoi-
lã voz do povo, este e c> nossoDura. A sentença da re de Saint Jean Bosco, Editlons Spes, Paris,
Igreja nada mais fará que confirmar o_ juízo do po T5Í4Ó7~" PP* 299-300 / Imprimatur: Lud. Audibert,
vo 1 fCarta pastoral de 23 de outubro de 1905)’11. vic. gen., 17-6-1936).
(Cônego FRANCIS TROCHÜ, 0 Cura d'Ars, Vozes,’ Pe-
trópolis, 2a. ed., 1960, p. 371 / Imprlmatur: Luís
Filipe de Nadai, Bispo de Uruguaiana, 29-6-19590 . 130. ”Quantas vezes la à capela
agradecer por ser aluno de um santo...”
Pí° "O Arcebispo Claret é um santo! ” Escreve um seminarista aluno do Pe. Reus
(1868-19^7), jesuíta que morreu no Rio Grande do
De um livro de escritos de Santo António Ma Sul, em odor de santidade:
ria Claret (1807-1870), fundador dos Missionários ”0 que nos penetrava o coração nas instruções
do Coração Imaculado de Maria: religiosas eram as suas palavras cheias de unção,
palavras que traíam íntima familiaridade com as
”Quando estava próxima a data de iniciar o coisas de Deus. Quantas vezes, depois da aula, eu
Concílio Vaticano, Pio IX, conversando com o deca ia Jl capela* para agradecer _a graça de ser aluno
no da Rota, Mons. Marcial Ávila, disse-lhe confi dum santo. .. ÂTMã~e 3e Deus e o Sagrado Coração de
dencialmente: fAgora virão os Bispos de tua nação. Jesus eram seus temas favoritos”. (Pe. CÂNDIDO
Que Bispos, sobretudo Claret 1 ... uim Santo! Não o SANTINI SJ, 0 servo de Deus P. João Baptlsta Reus,
poderemos canonizar, mas Haverá quem o faça mais SJ, Editora MetrópõTe7 Forto Alegre, 6a. ed.,
tarde 1J T9Bl, p. 28 / Com aprovação eclesiástica e dos su
”0 Arcebispo Claret passou para a História periores ).
como o Santo do Concílio Vaticano”. (San ANTONIO
MARIA CLARET, Escritos autobiográficos y esplrl-
tuales, BAC, Madrid, 1959, pp. 465-466 / Imprlma- 131. ”Asslm recolhido e mortificado
tur: Blasius Budelacci, Ep. Nissen. Tusculi, só podia rezar um santo”
9-2-1959).
Depoimento de D. Frei Henrique Golland Trin
dade, falecido Arcebispo de Botucatu (SP), sobre o
129. São João Bosco foi ^canonizado” ainda Padre Reus:
em vida pela oplnlão~públlca
”Do padre Reus guardávamos uma recordação
De uma biografia de São João Bosco inapagável, desde o nosso tempo de ginasiano do
'Anchieta', quando o vimos a rezar o seu breviário
128. Secção II
UM
hm
primatur: Mons. André Pedro Frank, Vig. Ger.,
26-4-1950). â ssls ás gceaessi s§q£q§
tldões. Bem fraca era a voz de São Vianney para se trar cruzados. Bernardo, no auge do inverno com
fazer ouvida da multidão que em volta dele se api que terminava o ano de 1146, para lá acorreu. Ele
nhava e, sem embargo, se o não ouviam, vlam-no, se encontrou diante de multidões que não sabiam
viam uma custodia de Deus, e só essa vista subju- nem ji língua romana, nem a língua latina; ele fa
gava e_ convertia os~~ãsslstenFesT Voltara de Ars um lou, apesar de tudo,, e quando o intérprete começa
advogado. Como lhe perguntassem o que mais o tinha va £ traduzir, as multidõesj? haviam entendido,
impressionado, respondeu: TV1 Deus num homem*. dominadas simultaneamente pelo gesto de Bernardo e
"Lícito nos seja resumir tudo por melo de uma por seus milagres, pela ação oratória do monge e
pela ação sobrenatural de Deus". (GEORGES GOYAU,
comparação um tanto vulgar. E bem conhecida a se Saint Bernard, E. Flammarion, Editeur, 19*18, p.
guinte experiência de eletricidade: colocada sobre
um isolador, uma pessoa é posta em comunicação com 155).
uma máquina elétrica. Seu corpo carrega-se de
fluído e mal alguém dela se aproxima, logo se de
flagra a faísca que faz estremecer aquele que se
põe em contacto com tal pessoa. Assim acontece pa 137. "Entrei no quarto de Bernardo,
ra o homem interior. Uma vez desapegado das cria como se me aproximasse do altar"
turas, entre Jesus e ele logo se estabelece uma
comoção incessante, uma como que corrente contí De uma biografia de São Bernardo:
nua. Tornando-se o apostolo um acumulador de vida
sobrenatural, condensa em si o fluído divino que "Guilherme de Saint-Thierry veio retribuir a
se diversifica e adapta ás circunstâncias e a to visita de Bernardo durante este retiro, e passar
das as exigências do meio em que opera. Virtus de alguns dias com ele, a fim de observar seu modo de
viver privado e costumeiro. Anotou em seu diário
illo exibat et sanabat omnes (Saía dele uma virtu
de que os curava a todos - Lc. XI, 19)* As suas tudo quanto vira em Claraval; o quadro por ele
palavras e_ atos tornam-se então os eflúvios dessa descrito é tão simples, comovedor e edificante,
força, latente sim, mas sumamente eficaz para der que dele faremos aqui uma tradüção fiel, abrevian
ribar os obstáculos, alcançar conversões e_aumen do-a porém um tanto por receio de diminuir-lhe o
tar o fervor. interesse:
"Quanto mais as virtudes teologais existirem ♦Foi por essa época que comecei a frequentar
num coração, tanto mais esses eflúvios hão de aju Claraval e a visitar o santo. .... quando coloquei
dar a fazer nascer essas mesmas virtudes nas al os pés neste real aposento, e_ considerei £ seu
mas . significado e_ quem nele se hospedava, dou fé dian
te de Deus, que fui tomado de tanta reverência co
mo se me aproximasse do santo altar. .... Eu nada
T
C>
138. Levantavam-se à mela-nolte fervor de espírito, que parecia estar de tal ma
para tomar um lugar na praga neira abrasado pelo fogo da caridade, que lançava
onde ia pregar Saci Vicente Perrer umas como que chamas incandescentes nos corações
dos ouvintes; a tal ponto que, mesmo quando se ca-
Da vida de São Vicen(te Ferrer (1350-1-419): lava, parecia que seu semblante inflamava os pre
sentes, ê que õ brilho de todo o seu rosto os
"Nos dias em que (São Vicente Perrer) pregou abrandava e derretia com o divino amor". (PEDRO
em Tolosa, não houve pregador que quisesse pregar, DE RIBADENEYRA, Vida dei Blenaventurado Padre San
a não ser um, do qual adiante falaremos, porque Ignacio ' de Lqyola, in Historias de la Contrarre-
todo mundo ia atrás de São Vicente; os próprios Torma, BAÜ7 Madrid, 1945, P« 166 7~~Imprlmatur: Ca-
pregadores e Mestres davam-se por satisfeitos de simiro, Obispo Aux. y Vic. Gen., 31-3-1945)•
terem ura lugar para ouví-lo. E diziam que, depois
dos Apóstolos, aquele era o_ maior pregador que
Deus havia enviado a sua Igreja, segundo criam. 1140. Durante sua vida, quarto de
Mas sendo tão grande o afluxo de pessoas que não São Francisco Xavier é venerado
se podiam acomodar bera no claustro do convento, o
Arcebispo pediu ao Santo que fosse morar cora ele De São Francisco Xavier, Apóstolo das índias,
era seu palácio e pregasse na praça de Santo Estê (1506-1552), conta a conhecida historiadora Dau-
vão, onde podia caber mais gente. Condescendeu o rignac:
Santo cora o Arcebispo, por ser de sua Ordem, e foi "Até então cedera a febre que minava a saúde
para o palácio; pregou quase todos os demais dias de Xavier, e uma carta do seu querido mestre Iná
e cantou Missa na referida praça, à qual acudiam cio, chamando-o a Roma pelos fins da Quaresma’, o
as pessoas com tão grande devoção, que se levanta fez partir de Bolonha quase furtivamente para evi
vam a_ mela noite com archotes, para conseguir lu tar a explosão de dor que ele esperava se decla
gar; e cada ura trazia em que sentar-se. Porque, rasse em toda a cidade com a notícia da sua parti
embora se diga comumente que se lhe ouvia de longe da. .
como de perto, e assim o era de ordinário, todos
entretanto queriam estar perto dele, para vê-lo 1— Jamais, disse o cüra de Santa Lúcia,
bem e olhar a seu gosto como oficiava as cerimo quando o Santo deixou o presbitério, jamais será
nias da Missa, e como curava os doentes que vinham ocupado por outra pessoa o_ quarto que foi habitado
ao palanque; e, finalmente, para poder beijar-lhe pelo santo Padre Francisco Xavier1.
as mãos, logo que acabava o serjnão e voltar para 1— Enquanto nós vivermos, ajuntava a sobri
casa tendo-lhe tomado a bênção”. (Fray VICENTE nha, ninguém mais habitará esta câmara abençoada!
JUSTINIANO ANTIST, Vida de San Vicente Ferrer, in e^ nós, meu tio, Iremos sempre orar ali1". (J.M.S.
Biografia y Escritos de San Vicente Ferrer, BAC, DAURIGNAC, S_^ Francisco Xavier, Apóstolo das ín
Madrid, 195o, p. 209 /Tmprlmatur: TTyacinthus, Ep. dias , Livraria Apostolado da~Tmprensa, Porto, 5a7
aux. y Vic. gen., Valentiae, 9-6-1956). ed., 1959, P« 80 / Pode lmprlmlr-se: Mons. Pereira
Lopes, Vig. ger., 20-5-195SJ'*
fundir uma certa vlrtude naqueles que com fideli 1H6. Passar uma recreação com São
dade o desejam ver1. Isto acontecia porque seu ex Luís Gonzaga inspirava mais
terior era tao bem composto, que movia à devoção e ardor para o bem do que a meditação da manhã
compunção quantos o viam. Ainda mais: fazia fica
rem suspensos os que com ele tratavam; não só se Sobre São Luís Gonzaga, lê-se numa biografia
culares e jovens Religiosos, seus companheiros, de São João Berchmans, de quem o primeiro foi mo
mas até Padres gravíssimos, que em sua presença delo na virtude:
pareciam recolher-se, e_ não eram capazes de fazer "Existe ainda, no colégio Romano, e na casa
ou dizer a menor leviandade à sua vista. .... Professa grande número de Padres, que conheceram o
"Nao é pois de admirar que à porfia o procu Bem-aventurado Luís e que viveram familiarmente
rassem na recreação, a fim de ouví-lo discorrer com ele; entre outros, o Revmo. P. Muzio Vitteles-
altamente de Deus, das coisas do Céu e da perfei chi, e o P- Cepari, que escreveu sua vida e apres
ção; e sei por ditos de outros e por experiência sou sua beatificação. Um e_ outro confirmam que uma
própria, que muitos saíam mais abrasados destas recreação passada com o_ Bem-aventurado Luís,
conversas, que da própria oracao"! (Pe. VIRGÍLIO inspirava-lhes maior ardor para o Bem do que a_ me
CEPARI SJ, Vida de S. Luiz Gonzaga, da Companhia ditação da manhã" . (Pe. L.J.M. CROSS SJ, Vida de
de Jesus, Officina Poligrafica Editrice, Roma, ST Joao Berchmans, Duprat & Comp., São Paulo,
T9l0, pp. 215, 226, 227 e 312 / Cora aprovação T912, pp. 220-221 / Com licença da autoridade
eclesiástica). eclesiástica).
145. Sò_ c5e ver São Luís Gonzaga 147- A_ grande atração dos exercícios piedosos
uma alma se abrasava de fervor era a própria pessoa de São Vicente de Paulo
De outra biografia de São Luís Gonzaga Da vida de São Vicente de^Paulo (158l-l660),
(1568-1591): por Mons. Louis Bougaud, Vigário geral de Orleans
e depois Bispo de Lavai:
"De resto, ela (a Princesa Maura Lucenia Far- "0_ grande atrativo desses exercícios era a
nèse, Abadessa de Santo Alexandre, em Parma) sem
própria pessoa de São Vicente de Paulo. Desconhe
pre o havia venerado (a São Luís Gonzaga), desde c cido ãté então, ele aparecia com um esplendor de
dia em que, em Mantua, ainda criança, ela ouvira a piedade, de humildade, de amor de Deus, de santa
Condessa de Martinenga, Laura Gonzaga, dizer-lhe, eloquência, que entusiasmava. As pessoas não se
mostrando-lhe o Jovem Luís, então com treze anos:
cansavam de vê-lo dizer diariamente a Santa Missa.
'Este menino, apesar de sua pouca idade, leva en
Que fé ardente! que recolhimento! que união terna
tretanto uma vida muito santa?. E a jovem Princesa
não cessava de ter os olhos postos nele, sentindo- e profunda com a vítima adorável! que transfigura
ção de seu rosto e de todo o seu ser depois da
-se, a_ sua vista, abrasada de fervor......
santa comunhão! Isso ^á valia por um sermão".
"Enfim, a Infanta Margarida da Áustria, irmã (Monselgneur BOUGAUD, Hlstolre de Sãlnt Vlncent de
do próprio Imperador, freira clarissa no Real Mos Paul, Librairie Vve. Chi PoussTêlgue, Paris, 4a.
teiro de Madrid, repetia ainda o que já havia dito ed., tome premier, p. 157).
ao Príncipe Francisco de Gonzaga, irmão do Bem-
-aventurado, que quando sua.mãe, a Imperatriz,
velo à Espanha, não somente Sua Majestade, mas to- 148. "Se^ alguém fala, que suas
da sua Corte olhava Luís como um pequeno santo" . palavras sejam como de Deus"
"(Te. CHARLES CLAIR SJ, La vle de Salnt Louls de
Gonzague, Librairie de Firmin-Didot et Cie., Pa- Da mesma vida de São Vicente de Paulo, por
rls, 1891, pp. 279-280). Monsenhor Bougaud:
1^0. Secção II Secção II m.
"Nós nos associamos, escrevia Bossuet, a esta
Companhia de piedosos eclesiásticos que se reuniam
semanalmente para tratar em conjunto das coisas de
Deus. Vicente (São Vicente de Paulo) era seu autor
e sua alma. Quando, ávidos, escutávamos sua pala
vra, não havia sequer um que não sentisse aí a
realização da palavra do Apóstolo: ’Se alguém fa
la, que sua palavra seja como de Deus'". (Monseig-
neur BOUGAUD, Hlsfolre de Salnt Vlncent de Paul,
Librairie Vve. Ch. Poussielgue, Paris, ía. ed.,
Tome Premier, p. 167).
"Desse modo, João Berchmans realizou perfei "Eu tinha vergonha de mim mesmo,
tamente, na sua pessoa,‘ o tipo do jovem companhei quando o avistava"
Wl
ro de Jesus Cristo tal como S. Inácio o concebera;
e de boamente concordaremos com a seguinte conclu "Multas pessoas de fora, depois de vê-lo uma
são dum condiscípulo de Berchmans, Jeronymo Alber- vez, pediam para serem recomendadas às suas ora
gotti: ’Se Deus tivesse mandado do céu ao colégio ções. Por toda a parte, encontram-se nos testemu
Romano, um anjo para mostrar-lhe o verdadeiro mo nhos dos seus Irmãos, palavras como estas: *Eu tl-
delo do escolástico da Companhia de Jesus, esse nha vergonha de mim mesmo, quando o_ avistava; o
anjo ao meu parecer, não poderia ser outro senão seu aspecto acendia no meu coraçao o_ desejo da
João Berchmans1. .... perfeição; imediatamente via-me obrigado a ordenar
o meu exterior *.
Muitos vinham ao Colégio só para vê-lo "Anciãos e padres atestam o império que exer
cia sobre eles a modéstia de Berchmans. 1 Sua pre-
"Depois de ter por largo tempo gozado do, es sença, diz o P. Bisdomini, tornava como que impos
petáculo da modéstia do jovem religioso, o gentil- sível a_ menor imperfeição aos que se achavam na
-homem dirigindo-se ao P. Octavio Palconi: 'Meu sua companhia......
padre, disse mostrando Berchmans, aquele é eviden
temente um anjo *. :Nas ruas, os transeuntes paravam "Experimentávamos a impressão d_o respeito
para contemplar Berchmans, muitos vinham ao colé que teria produzido a vista de" um anjo,.
gio unicamente para vê-lo quando passava para a ou a presença de um tabernáculo..."
aula......
"Francisco Surdio que veio a ser colega de "0 venerável religioso (Be. Bisdomini) pros
segue: *0 Fe. Diego Sicco, então revisor de li
.
Berchmans conta suas impressões do seguinte modo:
mp
'Antes de ir para as aulas, os filósofos, e os vros, depois bispo, dizia de Berchmans uma coisa
us&tr
teólogos do colégio Romano reunem-se e param numa que eu também posso afirmar. Não podíamos chegar-
r
galeria perto da porta da casa. Foi lá que eu vi -nos a ele sem sermos constrangidos a regularizar
pela primeira vez o irmão Berchmans. Fiquei tão o nosso exterior e elevar nossos corações para
maravilhado com a sua modesta circunspecção que Deus. Ao mesmo tempo experimentávamos a. impressão
desde então, nas freqüentes visitas que fazia ao do respeito que teria produzido a_ vista de um an-
P. Reitor, aguardava a hora da reunião, para ter o Jõ, ou a. presença de um tabernáculo"^ residência
ãTual e preferida cTi Deus. Enfim, ao respeito,
prazer de considerar aquele cuja vista tanto me
havia encantado1...... Juntava-se na alma um vivo sentimento de alegria
sobrenatural, que dissipava toda a tristeza*.....
Só a vista do seu semblante
inspirava amor à castidade Na companhia de João,
adquiria maiores auxílios para atingir a virtude
"A modéstia de João teve como recompensa vá do que pela meditação
rios privilégios: o primeiro foi que _só vista do
seu semblante, inspirava o^ amor ji castidade; de
resto pedia essa graça à SS. Virgem, e para isso "Escreve Edislas Berca: *Cada vez que Deus
fez-me a graça de achar-me ria companhia de -> Joãò,
rezava cada dia, em honra da sua virgindade sem
nácula, uma coroa de doze Ave Marias (A resolução adquiri auxílios mais poderosos para atingir a_
3e Berchmans está formulada num dos seus cadernos, I
!
lo seguinte modo: Beata Virgo impuras aliorum co-
çitatlones suo aspectu pellebat; pete et tu, ut
F-
14H. Secção II
Secção II 145.
virtude, do que os alcançados pela meditação e^ por
151. Convertiam-se só de ver pregar
outros exercícios espirituais.
São Vicente Maria Strambl
'Nem uma s6 vez me entretive com ele, sem
sentir grande confusão da rainha negligência, sem Conta um livro sobre São Vicente Maria Stram-
conceber um verdadeiro desejo de servir a Deus* bi (1745-1824), Bispo de Macerata e Tolentino:
Sua ação ainda estendia-se a outros; múitas vezes
ouvi conversações indiferentes mesmo de padres "As igrejas são pequenas demais para conter
graves, transformarem-se em entretenimentos sobre seus ouvintes (de São Vicente Strambi). Ele prega
a Bem-aventurada Virgem ou sobre os santos. A úni nas praças públicas. Aqueles que não o ouvem por
ca razão dessa mudança maravilhosa era a chegada estarem multo longe de seu púlpito improvisado,
de Berchmans. Infeliz de mim pecador que não abri convertem-3e somente por vê-lo 1" (MARIA WINOWSKA,
os olhos àquele esplendor de santidade, e o cora C1Est 11Heure de3 Salnts, Imprimerie Maison de la
ção àquela chama ardente1..... Bonne Presse, Paris, 1952, p. 9 / Imprimatur: Pe-
trus Brot, V.G., Paris).
Todos sentiam que o próprio
Deus falava por sua boca
152. São Clemente Hofbauer atraia
"Alguns consignaram nos seus testemunhos es todos a s_i, especialmente os jovens,
critos, aqueles derradeiros avisos de São João, que não o queriam deixar nunca
fazendo observar que o santo moribundo falava cora
um tora de irresistível autoridade. Todos estavam De uma vida de São Clemente Maria Hofbauer
estupefatos da majestade sobre-humana da sua voz; (1751-1820):
todos sentiam que o próprio Deus falava pela sua
boc'a*}. (Pe. L. J. MT CROS SJ, Vida de 37 João Ber "Com toda a razão comparavam São Clemente ao
chmans, Duprat & Comp., São Paulo,~T9T?, p. 106, magnete (ímã), pois que conhecia o_ segredo de
121, 141, 179, 249, 250, 252, 253, 254, 314, e 363 atrair a_ si todos os corações.•Realmente não havia
/ Com licença da autoridade eclesiástica). em Viena classe alguma de pessoas que não o procu
rasse em sua pobre residência para receber seus
conselhos ou para procurar consolo em alguma dor
150. Passavam a noite em vigília, ou sofrimento físico ou moral; entre essas pessoas
no desejo de cumprimentar £ acompanhar encontravam-se também protestantes, gregos cismá
São Luís Grignion de Montfort , ticos e até indivíduos que, em geral, se sentem
mal na companhia de algum padre católico. Um atra
De São Luís Maria Grignion (1673-1716), conta tivo especial sentiam os rapazes que a ele cor
uma biografia sua: riam , e_ a ele se apegavam não o_ querendo deixar
nunca, como se pertencessem á família do Santo.
"Os camponeses abandonavam suas ocupações, os Quando o Servo de Deus descia do púlpito, já ãT-
cavalheiros desciam de suas montarias, prostrando- guns estudantes o esperavam na sacristia para o
-se a seus pés (de São Luís Maria Grignion de cumprimentar, beijar-lhe a mão ou travar amizade
Montfort) e pedindo-lhe a bênção; outros, enfim, com ele; desejavam achar-se ao seu lado e^ ern sua
vigiando grande parte da noite na soleira da casa companhia nas reuniões que se efetuavam, todas às
onde repousava o_ santo, esperavam saud^lo pela tardes, em sua residência. Um estudante servia de
manhã, acompanhando-o após por ura grande trecho da chamariz para o outro; aos poucos aumentou-se con
estrada". (J. M. TEXIER, São Luís Maria Grignion sideravelmente o número dos alunos de Clemente,
de Montfort, Vozes, Petrópolis, 194b, p. 193 7 Dom entre os quais se achavam estudantes de medicina,
aprovação eclesiástica). teologia, Jurisprudência etc. Grande parte desses
estudantes haviam já perdido a fé, outros haviam
sido panteístas, ateístas, racionalistas etc. S.
146.
Secção II 147.
Secção II
Clemente converteu-os radicalmente em grandes ami
154. Bispos e Cardeais sentiam-se elevados
gos da Igreja”. (Pe. OSCAR CHAGAS AZEREDO CSSR, psplrltualmente no contato com aquela senhora
São Clemente Maria Hofbauer, Livraria Nossa Senho
ra Aparecida, 1928,” p. 171/ Imprlmatur: Mons. Pe Conta o biógrafo da Beata Ana Maria Taigl
reira Barros, Vig. Geral).
(1769-1837), Mãe de família:
”Todos aqueles que dela (Beata Ana Maria Tal-
153* Somente por vê-lo, gl) se aproximaram sentiram-se melhores. Simples
sentiam-se atraídos eclesiásticos, Prelados, Bispos e Cardeais, gosta
para Deus e as coisas celestes
vam de frequentar sua casa, porque nq_ trato com
aquela senhora sentiam-se elevados esplrltualmen-
Da Bula de Canonização de São Clemente Maria te”. (Mons. CARLO SALOTTI, La Beata Anna Maria
Hofbauer (1751-1820), publicada por São Pio X: Taigi, Madre di Famlglla, Scuola tipográfica Ita-
lo-Orientale "3>. Nilo", Grottaferrata, 1922, p.
"Foi então que ele julgou que se apresentavam 258 / Imprlmatur: Fr. Albertus Lepidi, 0P, S.P.
a ocasião e a possibilidade de ousar fazer algo a Ap. Magister. Imprlmatur: Can. Sylvlus de Angelis
mais pelo bem das almas: coisa tão difícil quanto VIc. Gen. Dloec. Tusculanae).
necessária; mais difícil ainda, talvez, do que ne
cessária, poder-se-ia dizer. Com efeito, naqueles
dias em que a audácia dos maus estava no seu auge
155. "Vê-lo nos basta; sua presença
e que a moleza e o torpor dos fiéis ultrapassava
todo limite, inteiramente só, Clemente não hesitou nos consola. Uma palavra sua,
um olhar, um encorajamento dissipa todo
em confessar pela perseverança, pela palavra e pe
los atos a fé cristã e disso fazer a sua glória; temor e firma as vontades vacilantes...”
ele foi o primeiro a empreender a obra árdua por
excelência de restaurar a piedade de outrora e de De uma vida de São José Benedito Cottolengo
ressuscitar do túmulo, por assim dizer, a religião (1786-1842):
dos fiéi3. Seus exemplos faziam um bem extraordi
nário; pois, quando celebrava a Missa na igreja "Costumavam dizer os asilados que de todos os
sacerdotes religiosos ou leigos, que iam à Pequena
das Ursulinas, distribuía aos fiéis a Santa Comu
nhão ou presidia as orações públicas, a dignidade Casa, não havia um que pudesse comparar-se com o
servo de Deus; que a alegria e satisfação que con
desse homem, seu fervor e as lágrimas que vertia tinuamente mostrava era única e exclusivamente de
tinham de tal modo o dom de comover os assistentes Cottolengo; se se deixassem levar pelo coração
que, somente por vê-io, sentiam-se atraídos, por permaneceriam sempre com ele: 'Vê-lo nos basta1,
uma forca inelutável, para Deus e_ as coisas celes
tes . Ele encontrou sua igreja descuidada, miserá- diziam eles, 'a. sua presença nos consola, e se a
Isto se acrescentam suas converçoes conosco, então
vel; fez reinar a limpeza nela, embelezou-a, con
seguiu móveis, vasos sagrados, ornamentos, em su é uma alegria que se não expressa'. E noutras oca
siões: 'Para mostrar-se de contínuo tão contente e
ma, tudo o que requerem o decoro e o respeito ao
culto divino. Uma vez restaurada e mobiliada como tranqiiilo é necessário ser santo; e estamos per
suadidos de que o_ nosso bom padre eT na verdade um
convinha a Casa de Deus, ele aí presidia assidua
mente, piedosamente e com grande distinção as ce santo'.....
rimônias católicas e, nos dias de festa, perante "Esta fortaleza ele não só a possuía para si,
numerosos „ e atentos fiéis, pregava a palavra de mas comunicava-a com a máxima facilidade aos ou
Deus”. (São PIO X, Bula de canonização do Beato tros. Bastava uma só palavra, um só olhar, um en
Clemente Maria Hofbauerde maio de 1909, in corajamento para dissipar todo temor e_ firmar as
Actes de fie )(, Maison de la Bonne Presse, Paris, vontades incertas e vacilantes'1! CHons^ AQUILES
pp. 202-201TT GORRINO, São Jos~e Benedito Cottolengo, Vozes, Pe-
148. Secção II Secção II 149-
trópolis, 2a. ed., 1952, pp. 177, 313 e 314 / Com Depois dirigia-se à casa paroquial, para o que
aprovação eclesiástica). bastava atravessar o espaço de apenas 10 metros.
Nele empregava cada dia, no mínimo, um quarto de
hora. Os peregrinos formavam alas no vestíbulo de
156. Iam à igreja especlalmente baixo do campanário e na estreita passagem até à
para contempla-lo e £e edificarem porta do presbitério. As pessoas que tinham ido a
Ars não para se confessar, mas para dizer-lhe al
Depoimentos sobre São João Maria Vianney, o guma palavra, ou fazer-lhe um pedido, apinhavam-se
Cura d' Ars (1786-1859): ali para serem as primeiras a vê-lo.....
"Os dois irmãos Léman, Jovens Judeus conver
"A dar-se crédito a uma carta do Sr. Sionnet, tidos, os quais, como já vimos, foram acolhidos
de Nantes, dirigida ao P. Toccanier, em 4 de maio pelo Po Vianney tão ternamente, iam partir de Ars.
de l86l, formou-se com a aprovação do Cura d*Ars
uma associação de pessoas piedosas, que todas as *— Ao sairmos da vila, contam eles mesmos,
manhãs, às 7 horas, se uniam em espírito à sua vimos uma multidão que caminhava em sentido inver
missa. ..•. so: era o Sr. Cura que voltava da visita a um en
fermo e como no tempo de Nosso Senhor, a gente o
*Vi o servo de Deus enquanto celebrava a rodeava e_ se_ comprimia em torno dele * 7 ....
missa, refere o P. Luís de Beau, seu confessor;
cada vez parecia-me ver um anjo no altar (Processo *Todo3 se esforçavam, diz Marta de Garets,
Ordinário, p. 1086).-Muitos iam a_Igreja espedlal- para vê-lo mais de perto e lhe poder falar. Era ura
mente para contemplá-lo e^ se edificarem. Os mora espetáculo delicioso e sem igual quando, ao passar
dores do castelo de Àrs, ainda que tivessem inten para a sacristia, se voltava para aquela multidão
ção de assistir à missa paroauial, iam contudo a fim de dizer algumas palavras piedosas* (Marta
*para terem ocasião de admirá-lo* (Maria cfê Gá- de Garets, Processo apostólico in genere, p. 327).
retSj Processo apostolico in genere, p. 311)- *Uma A jovem Maria de Garets, bem ,como seus irmãos e_
pessoa da paroquia, conta a baronesa de Belvey, irmãs, gostavam de ve-lo passar". (Cônego FRANCIS
disse-me certo dia: *Se quer aprender a ouvir bem TROCHU, 0 Cura d*Ars, Vozes, Petrópolis, 2a. ed.,
a missa coloque-se de maneira que possa ver o nos 1960, pp. 28Ó, 282, 350 e 351 / Imprimatur: Luís
so Cura no altar*. Pus-me num canto donde podia Felipe Nadai, Bispo de Uruguaiana, 29-6-1959)-
observá-lo sem dificuldade. Notei-lhe, na expres
são do rosto, algo de celestial’ (P. Monnin, Pro
cesso Ordinário, p. 203)**- (Cônego PRANCIS TROCHU, 158. Não tinham necessidade de
0 Cura d *Ars, Vozes, Petrópolis, 2a. ed., 1960, outros milagres para se
pp. 274-275 / Imprimatur: Luís Filipe de Nadai, convencerem de sua santidade
Bispo de Uruguaiana, 29-6-1959)•
Ainda sobre o Cura d*Ars, depoimento do Pe.
Toccanier, seu coadjutor durante seis anos:
157. Como no tempo de Nosso Senhor,
2. P°v° rodeava o Cura d 'Ars **— Aproximavam-se dele como de uma relíquia.
± ü comprimia em torno dele Jamais vi tanta energia e tantãforça de vontade.
Nada o abatia; nem as contradições, nem as enfer
Da vida do Cura d*Ars, São João Vianney, pelo midades, nem as tentações. Mostrou constantemente
Cônego Trochu: a mesma coragem na prática da virtude.e no devota-
mento ao próximo. Era tão surpreendente a sua vir
”0 momento em que o Cura d*Ars saía da igreja tude que causava admiração a quantos o viam. Era
para ir tomar alguma refeição era talvez o mais uma força tranquila como vinda de Deus; uma força
extraordinário, o mais patético do dia. Ao meio- invencível. Os peregrinos, até mesmo os religio
-dia rezava o Angelus de joelhos diante do altar. sos, pertencentes às ordens mais austeras, diziam
gi ,
151*
|J|
150. Secção II Secção II
■
,
160. Na ausência da Irmã Catarina Labouré,
i
não haver necessidade de outros milagres que ague-
uma fFeira ocupava-lhe o lugar na
„ «*
la força, para se convencerem de sua santidade
lapela e ali rezava "como se
ta
TTrocesso apostólico ln genere, p. 17tf; Processo.
Ordinário, p. l60). (Cônego FRANCIS TROCHU, 0 Cura estivesse sobre o túmulo de uma santa"
d'Ars, Vozes, Petrópolls, 2a. ed., 1960, p. 369 /
Irmã Maurel, no Processo de Beatificação e
ú •
Imprlmatur: Luís Filipe de Nadai, Bispo de Uru Canonização de Santa Catarina Labouré (1806—1876):
guaiana, 29-6-1959)*
"Eu gostava multo de me colocar no seu lugar
na capela, quando ela não estava lá. Uma de nossas
159* Enfrentavam a fome, a sede,
Irmãs criticou-me por isso, dizendo que eu era bem
o sono, o frio, o cansaço, para ouvir
algumas palavras Io Santo orgulhosa para ocupar esse lugar. Eu queria esse
lugar porque, para mim, era uma santa que ali re-
De outra biografia do Cura d'Ars: zava, e eu rezava nesse~~Iugar como se estivesse
sobre o túmulo de uma santa" . (R. LAURENTIN, Vle
"Perto do Cura d* Ars, escrevia um peregrino, de Catherine LaboureJ Desclée de Brouwer, Paris,
esqueciam-se das coisas mais necessárias à_ vida. 1980, p. 255 / Imprlmatur: P. Faynel, Vicaire
Mal instalados, mal alimentados, levantando antes episcopal, 20-8-1980;.
da aurora, apertados, acotovelados, repelidos, de
safiávamos _o frio, _a fome, ji sede, jr; fadiga, a_ in
sônia, tudo enfim para ouvir algumas palavras do 161. "Era Maria que eles
bom Santo. .... procuravam em Bernadette"
"Logo que o peregrino entrava, em Villefran- De uma biografia de Santa Bernadette Soubi-
che ou em Trévoux, na viatura que o devia conduzir rous (18^4^4—1879) > a vidente de.Lourdes:
ao termo de sua viagem, ele não ouvia falar senão
do Santo. Aochegar â praça da aldeia, ele não via "Pode-se imaginar, então, o desapontamento, a (
nas lojas senão gravuras dele. Mal desembarcava, decepção dolorosa que se exprimia na fisionomia
corria àigreja para o avistar; e não o via, mas dos peregrinos, quando lhes respondiam: 'Bernadet
por tudo o que via, começava a compreender como te está doente; ela não vos pode receber; é-lhe
■
era grande o domínio que esse humilde Padre exer
*
proibido levantar-se, falar*.
■
cia sobre as almas.....
.
"Eles suplicavam:
"Todos os dias, entre as ónze e meia e meio-
*— Vê-la somente, contemplá-la um instante 1 *
x .
-dia, enquanto o Padre Vianney descia do seu púl
pito, toda a_ assistência se precipitava para fora "Então, parece, era sugerido à pequena doente
da igreja e_ se amontoava no espaço que ele devia que se envolvesse num chale e fosse mostrar-se à
atravessar para chegar ~a~~resldencla paroquial ou a Janela. E_ os visitantes, a_ cabeça levantada, en
Provldence. A_ mesma multidão esperava à sua vol chiam seus olhares com essa doce fisionomia sorri
ta" . dente sobre a_ qual eles procuravam ainda o_ re
flexo de uma outra Fisionomia.*. Pois ela te
"0 Cura d'Ars não gostava nada desses sinais
públicos de veneração e tentou, de início, esqui- ve sempre, dizem-nos, o rosto do tempo das apa
var-se. Mas depressa se resignou a sujeitar-se a rições. ....
eles, compreendendo que durante esse curto trajeto "Não se pode deixar de ficar comovido, apesar
teria tempo para distribuir muitos conselhos e de tudo, do que isto custava à querida pequena
muitas consolações". (JOSEPH VTANEY, Le Blenheu- Santa, -com a paixão que atraía a ela este desfile
reux Cure d'Ars Patron des Cures Françals, Llbral- ininterrupto. Estas pessoas estavam ávidas sobre
rie Vlctor Lecoffre, 31a. ed., Paris, 1920, pp. tudo dos olhos que tinham visto a_ Mãe de Deus.
99, 100 e 113).
152. Secção II 153-
Secção II
Era, em suma, Maria que eles procuravam em Berna- 164. "Que felicidade fazer oração
dette, e Bernadette tinha um senso multo Justo pa Junto a um santo! **
ra não atribuir a si o mérito disso". (COLETTE
YVER, LTHumble Sainte Bernadette, Editions Spes, De uma biografia de Santo Antonio Maria Cla-
Paris, 1949, pT 143-144 / Imprlmatur: V. Dupin, V.
ret (1807-1870):
G., 22-1-1934). -------
"E se é verdade que o seu exterior refletia a
humildade, também Irradiavam pelo mundo os dons de
162. "Jamais me aproximei dela sem Deus para glória do Santo.
me sentir mais perto de Nosso Senhor" "Ouçamos, a este propósito, o Pe. Agullana;
Da mesma biografia de Santa Bernadette: *Fui ura dia pregar missões com o Pe. Claret.
0 povo era frio e indiferente era matéria religio
"0 aspecto popular da pequena postulante não sa. Como prática de missões fazíamos os dois uma
indispunha também inconscientemente as Madres, ha hora de meditação pela manhã, antes de começar o
bituadas a ver acorrer para cá jovens do mundo, primeiro ato do culto.
que deixavam a melhor sociedade para servir os *Sua presença me infundia recolhimento. Que
pobres? felicidade fazer oraçao Junto a_ unr santo 1 Pa
"Em todo caso, as testemunhas reconhecem que rece que de seu corpo brotava o calor duma grande
uma invencível desconfiança sempre as impedia de devoção interior, que contagiava suavemente*".
reconhecer a santidade profunda de Bernadette, ao (Pe. J0X0 ECHEVERRIA CMP, Santo Antonio Maria Cla
passo que as jovens noviças, simplesmente ao vê- ret, Arcebispo e Fundador, Editora Ave Maria,"~Sáõ
-la, experimentavam uma emoção~indlzlveTT~ *5ua 2T- Paulo, 1952, p. 2l6 / Imprlmatur: Paulo, B. Aux.,
sionomia sobrenatural, seu olhar celeste deixaram 21-3-1951).
"
- •
no meu coração uma impressão profunda* — *Eu ja-
.
jftals me aproximei dela sem me sentir mais perto de 165. Estava tão cheio de amor de Deus
Nosso Senhor* — vEu a~õThcT~como uma Santa*, es^ que o comunicava aos outros nas conversas
creveram elas, umas depois das outras". (COLETTE
YVER, L’Humble Sainte Bernadette, Editions Spes, Nota a uma edição da autobiografia de Santo
Paris, 1949, p. 160 / Imprlmatur: V. Dupin. v.g., Antonio Maria Claret:
22-1-1934). —----- —
"Pelo testemunho de Da. Jacoba de Balzola,
que o hospedou (a Santo Antonio Maria Claret) em
l63. "Desejava ficar o mais próximo San Sebastian, antes de partir para o desterro,
possível de sua pessoa: sabemos qual era o teor de vida que levou naqueles
perto dela sentia-me melhor" dias: *Não conheci pessoa de santidade tão eminen
te como o Revmo. Pe. Claret •••• Está tão cheio
Sobre Santa Bernadette, afirmou a Irmã Dorni- do amor de Deus, que nô-lo comunicava através da
nique Larretchard: conversa. Nele resplandeciam todas as virtudes em
grau eminente*". (San ANTONIO MARIA CLARET, Escri
"Considerei sempre a irmã Marie-Bernard como tos autobiográficos £ espirituales, BAC, Madrid,
uma pequena santa. Desejava encontrar-me o mais 1959, p. 581 / Imprlmatur: Blaslus Budelacci, Ep.
próximo possível da sua pessoa; perto dela, sen Nlssen, Tusculi, 9-2-1959).
tia-mê melhor" • (FRÀNCÍlS TROCHU, Bernadette Sou-
blrous, Editorial Aster, Livraria Flamboyarit, Lis-
l66. "Parece Nosso Senhor 1"
boa, São Paulo, 1958, p. 386 / Imprlmatur: Ernes
to, Arcebiso-Bispo de Coimbra). De uma introdução à biografia e aos escritos
de São João Bosco (1815-1888):
154. Secção II Secção II 155-
"Nos últimos anos (São João Bosco) parecia do Padre João Baptista Reus (1868—19^7), falecido
delflcado. A sua presença não só impunha respeito em odor de santidade:
e simpatia, como também infundia devoção■ 1 Parece
Nosso Senhor 1?, diziam as pessoas ao ve-lo..... "Ao passar junto dele (do Padre Reus), sen
tia-me tomado de respeito; parecla-me que da sua
"Um sacerdote turinês que o tratava testemu pessoa dimanavam eflúvios de santidade.....
nhou nos processos, em nome de muitas outras pes
soas, que 'na sua fisionomia transparecia tão evi "Das conversas que com ele tive no quarto,
dente o pensamento da presença de Deus que, olhan jamais me poderei esquecer. .... Bati à porta.
do-o, pensava-se instintivamente nas palavras do 'Entre!' disse de dentro.
Apostolo: 1Nostra conversatlo in caells est1 (Nos
sa intimidade está no céu)". "^RODOLFO PIêRRO SDB, "Abri, entrei, e deparo com ele sentado à me
Biografia y Escritos de San Juan Bosco, Introduc- sa, virado para a porta, rezando o terço, olhar
cion general, BAC, Madrid^ 1955, p. 50 / Imprlma- plácido e estático, era direção da porta. Senti um
tur: José Maria, Ob* aux. y Vic. gral,, súbito respeito: tive £ Impressão de que estava
TF5-1955). vendo qualquer coisa. Mas os Santos sabem disfaçar
como ninguém. Logo mostrou-se amável e quase joco
so. ....
167. Com a sua simples presença,
o Marques de Comlllas "Ainda na mesma palestra, de repente, quase
modificava £ ambiente da Corte mudando de assunto, diz-me estas palavras: 'E pre
ciso ficar santo. Peça a graça de ser santo!' Pa
Conta o eminente canonista espanhol Pe. recla-me ser Nosso Senhor que me houvesse falado,
Eduardo Regatillo no seu livro sobre a vida de Don tão profunda foi a impressão que estas palavras em
Cláudio Lopez Bru, Marquês de Comlllas mim causaram". (Pe. LEO KOHLER, SJ, Biografia com
(1853-1925): pleta P. João Baptista Reus, SJ, Livraria Selbach
& Cia.,"Torto Alegre, 1950'," volume II, pp. 370-371
"Seu caráter era dos que atraem e subjugam,
/ Imprimatur: Mons. André Pedro Prank, Vig. Ger.,
por aquela majestade proveniente, em parte, de sua 26-4-1950).
presença digna, sem arrogância; e mais ainda, por
sua santidade, que lhe cativava a veneração. ....
'Era tal o prestígio, bem merecido, de que 169. "Eu olhava mais vezes papal
gozava — escreve o insígne arqueólogo Padre Car- que o pregador"
vallo — que inclusive na Corte se impunha apenas
pela sua presença. Quancfõ, convidando pelo -rei, ia Dos Manuscritos Autobiográficos de Santa Te-
a alguma celebração no Palácio do Oriente, sua resinha do Menino Jesus (1873-1897):
presença bastava para que os cortesãos se portas
sem com maior correção: os senhores evitando fra "Eu não me inquietava por ser olhada, escuta
ses ou palavras que amiúde se permitiam entre sT7 va atentamente os sermões, dos quais, entretanto,
as senhoras apresentavam maior modéstia, reduzindo não compreendia grande coisa; o primeiro que com
seus decotes ' " . TPe. EDUARDO P. REGATILLO SJ, Un preendi e que me tocou profundamente foi um sermão
Marquês Modelo, Sal Terrae, Santander, pp. 111-lT? sobre a Paixão..... Eu escutava, com efeito, mas
/ Imprimatur: Josephus, Episcopus Santanderlensis, olhava mais vezes papal do que o_ pregador, sua be
1-5-1950). la fisionomia dizia-me tantas coisas!..." (Santa
TERESA DO MENINO JESUS, Manuscritos Autobiográfi
168. "Parecla-me ser Nosso Senhor cos , Carmelo do I.C. de Maria e Santa Teresinha,
Cotia, 2a. ed., pp. 67-68 / Reimprlmatur: Antonlus
que me houvesse falado"
Maria, Arc. Coadj., 17-5-1960) .
Depoimento de um Sacerdote Jesuíta a respeito
156. Secção II
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Therese de 1TEnfant-Jésus
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Temoin 21:" Marie de la
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w. ~ Conta uma vida de Santo Antão (250-355):
innl
(Rev. ALBAN BUTLER, The Lives of the Fathers, York, T925, vol. I, p. 110).
Martyrs and other principal Salnts, Christian
M
classics, Westrainster, vol. I, p” 2$9) •
175'. Faziam romarias para venerar
.
uma relíquia viva: o Cura d1Ars
173. Só para conhecer São Benedito, Mais uma vez o famoso hagiógrafo Trochu, na
um homem foi de Portugal à Itália~
sua vida de São João Vianney, o Cura de Ars:
De uma vida de São Benedito (1526-1589):
"Que um homem em vida seja visitado em pere
grinação, que as multidões acudam a_venerá-lo como
"Plinio c Jovem escreveu que um espanhol, mo
vido pela fama do célebre historiador Tito Lívio, a uma relícjuia, é um fa~tõ multo 'raras vezes pre
senciado , e uma reprodução do ocorrido com os Pa
veio desde Cadiz até Roma para vê-lo. Tendo-o vis
dres do-_.deserto, na distante Tebaida. Durante 30
to, retornou à sua; pátria, sem se preocupar de
anos, a humilde aldeia de Ars foi testemunha de
mais nada, embora houvesse tanta coisa digna de
ser vista em Roma. D& nosso Benedito lemos igual uma tal maravilha: multidões, que sem cessar se
renovavam, calam de joelhos aos pés dum santo. Dê
mente que um português, para conhecê-lo e_ pros
trar-se a. seus pes, abandonou o Tejo e depois re 1827 a 1859 a igreja nao esteve um momento vazia".
(Cônego FRANGIS TROCHU, 0 Cura d*Ars, Vozes, Pe-
tornou orgulhoso de ter visto o Servo de Deus £ de trópolis, 2a. ed., 1960, p.~22*> / Imprimatur: Luís (
ter-se entretido longa e_ familiarmente com ele: Filipe de Nadai, Bispo de Uruguaiana, 29-8-1959)•
tao grande se tornara a fama de santidade do Reli
gioso mouro, mesmo naquela parte mais ocidental da
Europa; e tal era o divino empenho era exaltá-lo
ainda durante a sua peregrinação terrena. Mas o
eterno Criador daquela alma cohhecia o quão soli
damente ela estava fundada no.desprezo das honras
terrenas, para temer algum sentimento vão. E via
produzir-se nela o fruto contrário, da sempre mais
vil consideração de si mesmo diante de Deus e dos
homens". (GIUSEPPE CARLETTI ROMANO, Vlta di
Benedetto, Presso Antonio Fulgoni, Roma"^ TBo57 PP«
36-37 ~T Imprlmatur: Pr. Thomas Vincentius Pani
Ord. Praed. Sacri Palatii Apostolici Magister,
3-8-1805).
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162. Secção II
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Longo e complicado foi o trabalho de São João Cri
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sordens tão freqíientes naquela corte mole e efemi
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nada. Para este fim, pregava incessantemente, e o
número de ouvintes era tão grande, que segundo 178. Para não ser esmagado, andava no melo de
testemunho de Sozomeno, viu-se obrigado a fazê-lo
pranchões sustentados por homen3 possantes
no meio da igreja, na tribuna destinada aos leito
res, para que o ouvisse melhor aquela multidão que Conta sobre São Vicente Ferrer (1350-1^19),
acorria _a escutá-lo, _o aclamava, e o_ aplaudia lou um livro da vida de São Bernardino de Sena, seu
ca de entusiasmo". (Enclclopedia~~tlnlversal Ilus
trada Espasa-Calpe, tomo 2o, 2a. parte, verbete contemporâneo:
Juan Crisóstomo, San). nAo chegar (São Vicente Ferrer) perto de uma
cidade, seus penitentes formavam procissão, ji po
pulação vinha a seu encontro, e_ todos porfiavam em
177* A multidão se precipita sobre o orador: se lhe aproximar, em tocâ^lo; seus vestidos em
era preciso uma guarda breve se estraçalhavam às mãos de todos aqueles
de jovens robustos para protegê-lo que dele queriam levar alguma relíquia; era-lhe
necessário manter as maos cruzadas na cabeça para
De uma biografia de Santo Antonio de Pádua subtraí-las às pessoas que as queriam beijar; e
(1195-1231): somente evitava de ser esmagado, arídando no melo
de pranchões sustentados por homens possantes. Era
"A planta ressecada pelos ardores do sol es vSrlas cidades, enquanto durava sua pregação, os
negócios paravam, as lojas fechavam, as audiências
pera, para erguer-se sobre sua haste, o orvalho da
manhã. Mais viva é a impaciência com a qual os pa- dos próprios tribunais eram 'suspensas". (PAULO
duenses desejam o retorno da aurora e a hora da THUREAU-DANGIN, Sao Bernardino de Sena, Vozes, Pe-
conferência anunciada. Desde meia-noite, põem-se trópolis, 1937, p« 3A / Com aprovação eclesiásti
a caminho. Os cavaleiros e as grandes damas sao ca, 23-6-1937).
precedidos de tochas, e se comprimem em torno do
púlpito improvisado; multidões de povo cobrem ji
planície; o Bispo, à frente de seu clero, preside 179* Receberam Santa Joana d *Arc
todos os exercícios. Contam-se até trinta mil pes com tanta alegria como se estivessem
soas no auditório. Santo Antonio aparece, o olhar vendo~Deus descer entre eles
modesto, o coração transbordante de amor. Antes
que tenha aberto a boca, todos os olhares estão De uma biografia de Santa Joana d*Arc
fixos nele. Enquanto fala, ò auditório permanece (1*112-1^31):
suspenso a seus lábios, em meio a um silêncio e a
um recolhimento que se acreditaria impossíveis. "Em outro lugar ela (Santa Joana d*Arc) foi
Terminado _o_ sermão, o entusiasmo explode; e_ uma recebida por outros soldados, cidadãos e autorida
ebriedade que não~~sabe se conter; são soluços ou des de Orleans que portavam grande número de to
brados de alegria, segundo os sentimentos que ani chas e sentiam tal alegria como se estivessem a
mam os coraçoes. A multidão se precipita sobre jo ver Deus descendo entre eles.....
orador. Querem contemplá-lo de perto, beijar a "Sentiram-se, porém, inteiramente reconforta
franja de sua túnica ou seu crucifixo; chegam ate dos e como que livres do cerco pela virtude divi
a. cortar sua roupa. para dela levar um pedaço, a na, a qual lhes tinha sido dito estar na simples
título de relíquia e de lembrança. preciso, era
donzela, a quem homens, mulheres e crianças olha-
torno dele, uma guarda de jovens robustos, para
164. Secção II 165.
Secção II
vam muito afetuosamente. E houve então uma maravl-
lhosa premência para tocar nela ou no cavalo em l8l. "Era um espetáculo de
que vinha” . CÃLBERT BÍGELÕW PAlNE, Joan of A_rc, edlflcaçao e devoção ver todos
Maid cf France, The Macmillan Company, New York, correrem para ir ver £ Santo"
1925, vol. I, p. 1492). Da vida de São Paulo da Cruz (1694-1775):
ao Santo para receber a sua bênção, cora a esperan ponto de lhe arrebatarem £ breviário, se bem que
ça de ficarem curados e como as mães no melo da devolve-lo loRQ depois de terem tirado algum
multidão suspendiam os seus filhinhos nos braços, «santinho' (Madalena Mandy Scipiot, Processo apos
pedindo em voz alta abençoasse aquelas crianças tólico Tn genere, p. 273). Uma ou outra vez, po
inocentes. Todo absorto era si mesmo, e humilhado rém, não o devolveram intacto. 0_ P_. Vianney supor-
em presença de Sua Divina Majestade, o Servo de tftva esses latrocínios da multidão sem se^ queixar.
Deus sentia muito aquilo, e dizia ao cocheiro que JXestava habituado a tais indiscrições. Não raro
fosse adiante; mas era inútil, porque atestou quem aconteciam engraçados equívocos.
estava prqsente: * foi tanta a Importuna devoção do
povo, que à_ força chegaram a_ deter o carro e_ os «_ 0 empenho dos fiéis para se apoderarem
cavalos, as mães desprezando todo o perigo seu e dos objetos pertencentes ao servo de Deus — conta
...
das crianças, colocavam-se entre as rodas e^ os ca o P. Dufour, encarregado várias vezes de manter a
vai03 » para fazer com que seus filhinhos tocassem ordem — deu lugar duas vezes a que, Julgando tra
úe um modo qualquer ao Servo de Deus; foi um ver tarem com o Sr. Cura, me despojassem a mira mesmo.
dadeiro milagre que não acontecesse coisa alguma. Certo dia arrebataram-me o breviário, o qual me
Depois de atravessar aquela região, conforme foi enviaram depois pelo correio dé Saint-Etienne.
possível, Paulo desabafou o seu bem aflito cora Queixei-me disso ao P. Vianney. Respondeu-me sor
ção, desfazendo—se em pranto e repetindo sempre rindo: '0 mesmo Já me sucedeu muitas vezes'. Outra
estas palavras: Ai pobre de mira! pobre de mim! E vez cortaram um pedaço de minha batina. Era de
preciso que eu me feche debaixo de chave, porque noite e a escuridão favoreceu o honroso engano*
estou enganando aò mundo. Eu não tenhò, é verdade, (Processo apostólico ln genere, p. 362)". (Cônego
tal péssima Intenção de enganá-lo; mas ele é que FRANCIS TROCHU, 0 Cura d'Ars, Vozes, Petrópolis,
se engana, julgando que eu seja aquele que não 2a. ed., 1960, p. 2~8Í 7 Tmprímatur: Luís Filipe de
sou". (Pe. PIO DO NOME DE MARIA, Vida de São Paulo Nadai, Bispo’de Uruguaiana, 29.^6-1959).
da Cru^» Imprensa Pontifícia do InstitutcTTiõ^IX,
íIõmaT ^914, pp. 122, 126 e 127 / Imprlmatur: Pr.
Albertus Lepidi OP, S.P.A. Magister). 183. Nas Canárias todos queriam estar
perto do Padre ÒTaret e foi necessário
protege-lo por um quadro de madeira
182. Rodeado pela multidão, não podia avançar
senão protegido por três senhores de boa vontade De uma vida de Santo Antonio Maria Claret
(l807-l870), por Dom Geraldo Fernandes CMF, fale
Da vida de São João Vianney (1786-1859), pelo cido Arcebispo de Londrina:
Cônego Trochu:
"Quem percorre ainda hoje, um século depois,
"As doze e meia, quando o P. Vianney saía da a Ilha da 'Gran Canária', ouve narrar os diversos
casa paroquial era novamente rodeado pela multidão episódios daqueles dois anos de missões, guardando
que o_ esperava. Não podia descer a^ escadaria da cada povoação a lembrança de algum milagre operado
Igreja, nem atravessar a praça e_ nem andar pelas pelo 'Padrezinho', como o chamavam.
ruas senão multo devagar je protegido por dois ou V
tres senhores de boa vontade, os seus 'guarda-cor^* "Era tanta a gente que em torno dele se com
pos'. 'Iam adiante com os braços estendidos para primia que foi necessário fazer-se um quadro de
evitar que o Santo fosse vítima de veneração in madeira segurado por quatro homens para defender o
discreta' (Carta de Mons. Jasper a Mons. Convert, 'Padrezinho', que corria risco de ser sufocado pe-
4 de Janeiro de 1914). Apesar disso, enquanto lhe 15 povo, pois todos queriam estar perto dele".
beijavam a_ roupa, cortavam-lhe pedacinhos da balT^ iDom GERALDO FERNANDES CMF, Vida de Santo Antonio
na ou da sobrepeliz, e fios de cabelo (P. Beau, Maria Claret, Ave Maria, Sao PauTo" IF6F^ PP-
Frocesso Ordinário, p. 1220), chegando a audácia a 24-25)•
fl
Secção II 169.
í •
I85. Entusiasmo fervoroso dos franceses
em torno de Dom Bosco
"Nunca se viu tanta gente em torno de um Padre, Gente sentada no coro.e até nos
desde a vinda 'do "Papa Pio VTl^ degraus do altar para ouvir Dom Bosco
"No segundo domicílio do Santo, na Rua de la "0 sermão pregado na igreja de la Madeleine
Ville 1'Evêque, na casa das Senhoritas de Seni- por ordem do Cardeal Guibert, teve um sucesso sem
lhac, irmãs muito em voga na Sociedade, o assalto precedentes nos anais da igreja..... _A afluência
foi mais vivo ainda. era tal que se havia duplicado o_número das con
"Era o capricho parisiense, esta vez Justifi fortáveis cadeiras francesas; todos os genuflexó-
cado, bem exatamente essa espécie de frenesi que rios tinham sido virados, para duplicar as filei
torna todas essas pessoas tão delicadas, como que ras . Havia gente sentada no coro e até mesmo sobre
fascinadas, como tendo perdido todo senso crítico. os degraus 00 altar. A igreja de Ta Madeleine, tao
A excitação geral foi ainda espicaçada pelos noti protocolar, — dir-se-ia tão pharlslenne (sem in
ciários da imprensa, pelos repetidos artigos, qua tenção pérfida) — tinha perdido toda sua altivez.
se frenéticos; por uma nomeada de prodígios, de
milagres quase incessantes; pelo contraste entre Para chegar ao púlpito foi preciso
esse velho alquebrado e a atividade que lhe era apelar para uma guarda vigorosa
atribuída, que lhe era reconhecida, e da qual fa
lavam os parisienses de todas as classes. Uma ve "Para chegar até o_ púlpito, Dom Bosco preci
lha senhora dizia: 1 Nunca houve tanta gente em sou apelar para uma guarda vigorosa. Todos lhe
torno de um Padre, desde a vinda de Pio VI17 no
beijavam as mãos, o que nao o admirava, uma vez
tempo de Napoleão í'.
que na Itália é ura gesto familiar de devoção; mas,
Seis secretários não davam conta em Paris! Mesmo os homens! ....
da correspondência "As viaturas de luxo atravancavam a Rua Roya-
"0 Santo utilizava a_ principio dois secretá le e a parte baixa da alameda Malesherbes, mas na
igreja encontrava-se a mais heteróclita mistura de
Secção II 173.
172 . Secção II
triunfal à Espanha, lê-se num livro traduzido pelo
pobreza e opulência, de nobreza e de plebe- Ura nú
Arcebispo de Belo Horizonte, D. João Rezende Cos
mero singular de trajes de operário. Os açouguei-
ros de La Vlllette formavam um grupo; era presença ta:
da marê final, a_ Marquesa de Caulalncourt, chegou "Partiu de Turim no dia 31 de janeiro. Passou
a pensar em recorrer aos grossos braços deles para todo o mês de fevereiro em Nice para recuperar
livrar o_ Santo..... forças em vista das grandes fadigas que o aguarda
vam. Prosseguiu depois por Toulon, Marselha e Avi-
Mela hora para chegar à sacristia... nhão, atraindo em toda a parte enormes multl-
£ £ velha batina ficou pelo caminho, does que lhe iam pedir uma oração, um conselho,
retalhada em relíquias uma~ bênção. Doentes do corpo ou da alma, apinha
vam-se ao redor do humilde ancião, aguardando de
"Aliás, alguns dias mais tarde, Dora Bosco seus lábios a palavra que renova e de suas mãos o
quase morreu na Igreja de São Sulpiclo- Levou uma gesto que cura. *_São as mesmas cenas que se viam
hora para retornar _a Sacristia, passo ji passo, sob, em Ars: parecia-me atéTestar lá1, dizia ao ver o
o assedio- Madame de Caulalncourt teria feito bera entusiasmo popular o Padre Monnin, primeiro bio
em trazer seus capangas! Tudo foi empurrado: os grafo do Santo Cura. Era Avinhão, no dia 2 de
porteiros, os Vigários, os Cónegos, os guardas... abril, na hora da partida do trem, o povo se api
A querida batina velha pereceu, rasgada, esquarte nhava de tal maneira que os viajantes nao conse
jada, arrancada era relíquias sem numero. Haviam guiam entrar nos seus compartimentos. 'Um verda
sido levados a Donf”Eosco doentes, que gritavam. deiro dilúvio! Está vendo, Dom Bosco?* observou o
. rx secretário Padre Baruel. 'Mais um motivo para fu
"Ouvi vários relatos de testemunhas oculares
girmos logo’, retrucou alegre e espirituoso o san
concernentes ao entusiasmo desencadeado em Paris. to homem! E prosseguiram a viagem até Lião.....
Depois de meio século, eles estavam ainda espanta
dos, como que inquietos... lamentando-se, talvez,
de não terem sido bastante loucos. "E a Missa dos pecadores £ vai ser celebrada por
um santo"
Ura santo que desconcertava e_ depois entusiasmava "Bem poucas vezes uma bênção chegou a ter
tanta eficácia como essa. No dia 28 de abril, sá
"0_ entusiasmo geral de todas as classes era o bado, antes de visitar qualquer outro santuário de
que surpreendia mais. Além do que, dir-se-ia que o Paris, Dom Bosco fez questão de ir rezar à Virgem
Santo se prodigalizava e procurava satisfazer a tão querida do coração da grande cidade, no seu
todos, como que sensibilizado por uma acolhida que templo preferido, Nossa Senhora das Vitórias. Ce
o emocionou tão fortemente, que ele teve que reco lebrou a missa no altar da Arqulconfraria pela
nhecer não ter jamais encontrado algo de semelhan conversão dos pecadores.
te, mesmo na Itália, onde as pessoas entretanto se
"E essa missa de sábado, Já habitualmente
agitam. Ele conquistou o coração e a imaginação muito concorrida, atraiu nessa manhã uma imensa
dos parisienses por uma mistura extraordinária de
turba de povo. Estava marcada para as nove horas,
grandeza £ àe_ simplicidade, de gravidade £ de ale- mas às~~T,3ü já a igreja estava cheia. Alguém es
rla. Ele desconcertava; depois ele entusiasmava".
fLA VÃRENDK, Don Bosco, Arthême Payard,- Paris,
1961, pp. 176 a' 18lTI
tranhou ao ver tanta gente e perguntou o motivo
disso. *0 senhor compreende — explicou uma boa
mulher do povo — é a missa dos pecadores e^ vai
186. Saltavam por cima das cadeiras ser celebrada por um Santo1. ....
ou as derrubavam para vê-lo
£ para chegar-lEe bem pertinho "As mesmas cenas de entusiasmo, de devoção e
de generosidade... era um delírio"
Ainda sobre a entusiástica acolhida dos fran "Três dias depois, a 2 de maio, renovaram-se
ceses a Dom Bosco, e também sobre sua viagem
m. Secção II Secção II 175-
as mesmas cenas de entusiasmo, de devoção e_ de ge "Acesslvel a toda3 as mãos que o queriam tocar"
ÉWw»
nerosidade , em São Sulpício, onde Dom Bosco foi
a
celebrar a missa das nove. Desde as 8 hs., Já a
a
"Quando pelas sete horas Dom Bosco quis reti
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nave central e as laterais estavam repletas de
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rar-se para ir a um encontro marcado no ponto
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gente, de modo que não era mais possível circular oposto da cidade, não se sabia como fazer para le
por elas. Dom Bosco chegou com atraso de uma hora vá-lo até a carruagem que ò esperava. Dois homens
e um quarto, porque, havendo saldo da Alameda Mes- robustos, se puseram R_ seu lado e_ ura terceiro la
sina às 7>30, teve, entretanto, de se deixar levar adiante rompendo a multidão. Sempre sorrindo, sem
à cabeceira de vários doentes. Depois do evangelho pre abençoando, acessível a todas as mãos que que
da missa, voltou-se para aquele imenso auditório, riam tocá-lo ou entregar^lhe uma esmola, chegou
e lhes disse multo simplesmente que obras eram es finalmente a carruagem aberta que o devia levar.
sas para as quais pedia o óbulo da caridade. A Mas para conseguir pôr o animal em movimento foi
comunhão distribuída por ele mesmo, durou mais de outro problema: o^ povo agarrava-se ao veículo, o_
meia hora. A volta para a sacristia foi algo de pobre cavalo pateava incapaz de sair do lugar.
inconcebível. 0 clero tinha previsto o aperto e Afinal multo lentamente, r poder de braços huma
quatro eclesiásticos além do suíço e_ do sacristão nos , conseguiram fazer rolar as roda3 e_a_ carrua-
se encarregaram de acompanhá-lo e_ de protegê-lo gem partiu• ....
contra o piedoso assalto do publico. Pois bem, fo
ram dominados, rodeados e_ envolvidos pelas vagas "Muniam-se de tesouras e cortavam-lhe a batina
humanas que se vinham quebrar ininterruptamente para fazer relíquias
junto ao humilde ancião. Paziam questão que ele
tocasse terços e íhiagens, pediam-lhe e lhe torna "Também em I»ille, e talvez mais que em outras
vam a pedir a bênção, cortavam-lhe pedaços da sur partes, a multidão dos católicos alvoroçava-se pa
rada batina para conservaram como reliquíà, salta ra aproximar-se dele. Nas igrejas subiam nas ca
vam por cima dasHcã d~êí ras ~ou as derrub a vam para deiras , e_ nao se ouvia 3enão este grito: Quantol
vê-lo e_ para chegar-lhe bem pertinho. Era um delí Õ Santo 1 Os mais entusiastas, muniam-se de tesou
rio. Finalmente, ja perto das onze e um quarto, ras , e_ quando êlê pasgava, cortavam-lhe pedaços da
conseguiu chegar à porta da sacristia, que se fe batina para fazer relíquias. Sera perder a calma,
chou logo depois de ele ter passado. Mas o povo, Dom Bosco suspirava e dizia em tora resignado:
ansioso por lhe apresentar seus doentes, assediou 1 Afinal, estou mesmo vendo que nem todos os loucos
inexoravelmente os pesados portais, até que se estão em Cherenton1 (lugar perto de Paris onde
soube que Dom Bosco tinha ido para a casa paro havia um célebre asilo de alienados).....
quial. Então a onda humana se precipitou para lá
volumosamente. Em Barcelona, recepção digna de um Rei
"Quando entre uma e outra dessas interminá "Os habitantes de Lourdes apontavam-na ao
veis audiências Dom Bosco descia à cidade para vi passar. No seu traje de filha de Maria, conta
sitar os principais benfeitores de suas obras, a Jeanne Védère que viera de Momères à festa, 'era
população de Barcelona para vê-lo passar apinhava- tão bela como um anjo’. Admiravara-na sob aquele
-se não só nas janelas, mas ate nõs telhados, nos véu e aquele vestido branco que faziam lembrar a
muros, nas árvores, nos lampiões de gás. A pequena estátua da gruta. ' Oh I Que linda santa 1 Que linda
estrada”dé ferro Barcelona-Sarriá teve que du virgem!*. . Como ela está feliz!', exclamavam vozes
plicar o número de trens e foi necessário pôr duas na multidão! (Bernadette et Jeanne Védere, p. 75).
locomotivas a puxar os carros superlotados..... Mas Bernadette não as ouvia. Por várias vezes, os
"Não nos é possível difundir-nos muito a nar assistentes, deixando os seus lugares, a rodearam.
rar as múltiplas cenas de devoção popular de que * Quase que a. sufocaram, cortaram-lhe o_ véu. As
foi testemunha a cidade de Barcelona durante toda freiras conseguiram defende-la, sem o que as suas
a permanência de Dom Bosco dentro de seus muros. vestes seriam arrebatadas. Escondeu-se no meio das
Era a_ repetição dos triunfos de Paris, com algo' de companheiras1 e — não tendo outras palavras para
mais vibrante ainda: o ardorTnflamado da Espanha exprimir em francês a sua estupefação ao ver-se
e todo o fervor católico dessa nobre nação fun- apontada em público de um modo tão indiscreto, —
dizia: 'Como são tolos!’ (Madre Bordenave, Pr. Ap.
diam-se numa aclamação interminável". (A.'AUFFRAY
Nevers, f. 380).....
-
178. Secção II
.. ........................ ..
dg alguma manslca,
contentar toda a gente, a madre Ursule Court fê-la
andar para trás e para diante na galeria. Simulta daa gragas gug ga aantgg difundem,
neamente aborrecida e divertida, Bernadette dizia
à superiora de Bagnères: fMas assim expõe-me como §i iul|íúggg guerem tgg§r neles,
se eu fosse um bicho raro!1 (Madre Ursule Court,
Pr. Ord. Nevers, foi. 380)". (FRANCIS TROCHU, Ber iQSSUlg gretei SQSadça
nadette Soubirous, Editorial Aster, Livraria Flara-
boyant, Lisboa, São Paulo, 1958, pp. 297, 298, 302
gu henzldoa gçç eleg, çslíguiag
e 303 / Imprlmatur: Ernesto, Arcebispo-Bispo de
.
Coimbra). dlcetag gU indiretas, e imagens sugs
'"I '
•J V* 188. As_ relíquias de São Paulo,
estando este ainda vivo,
operavam muitos milagres
a
sión de 1965, Tomo primero, p. 2Í5) •
De uma vida de São Domingos (1170-1221):
191• Pendurou ao pescoço uma carta
"Estando então em Segóvia na casa desta pobre
de São Bernardo e ££ viu curado
'
tão bem o que somos obrigados a fazer; e agora já patrão. Acontecera que o seu patrão tinha caçoado
não podemos dizê-lo. Assim, foi tanta a_ devoção da esposa porque guardava zelosamente um 'pouco de
que a_ ele tomaram, que depois de sua partida os palha do leito em que o_ Santo tinha dormido na ca
tolosanos ficaram com relíquias suas, e não quise sa do embaixador francês. Quando jogava fora essa
ram desfazer o palanque rto qual havia pregado; an palha, seu braço ficara paralizado.
tes o beijavam e tocavam como coisa de Deus".
(Pray VICENTE JUSTINIANO ANflsT, Vida de San Vi "Francisco disse:
cente Ferrer, in Biografia y Escritos de San Vi f- Fique tranquilo, irmão, volte para casa
cente Ferrer, BAC, Madrid, 195'&7p^~2^0“7 Imprlma- que não é nada1• (ANTONIO CASTIGLIONE, S^_ Francis
tur: lyãcinthus, Ep. aux. y Vic. gen., Valentiae, co de Paula, vida ilustrada, Delegação Geral da
5^-1956). Ordem dos Mínimos, São Paulo, 1980, p. 131 / Com
aprovação eclesiástica).
Conta agora o próprio São Francisco Xavier 206. As_ cadeiras onde se sentava
numa de suas cartas: eram guardadas como relTqulas
"Pela muita necessidade que tenho da vossa De uma vida de Santo Afonso (Alonso) Rodrí-
continuada ajuda espiritual, fui conhecendo, em guez (1553-1617):
muitas ocasiões, como Deus Nosso Senhor me auxilia
e favorece, em muitos trabalhos corporais e espi "'Quando o Irmão (Santo Afonso Rodríguez)
rituais, por causa das vossas suplicas. E para acompanhava algum Padre em casas de fiéis, havia
alguns que prestavam bem atenção na cadeira
190 Secção II Secção II
e se sentava, e_ depois _a guardavam como re Librería Vda. E. H. de Subirana, Barcelona, 1888,
líquia '• Ficou multo famosa uma dessas cadeiras, p. 589 / Con licencia).
n_a qual costumava sentar-se Afonso quando acompa
nhava o Padre Melchior Miralles em casa de Mateus 208. Ainda em vida de Santo Afonso Rodríguez,
Mas, curtidor, morador em Monteslon, cujo pal es
a mulher do Vice-Rei de Mallorca
teve multo tempo^doente de cama. Jamais permitiu colocou um retrato dele em seu oratório
Mateus que alguém se sentasse nela. Estando sua
esposa próxima do parto, e padecendo Indizíveis Lê-se na vida de Santo Afonso (Alonso) Rodrí
dores, cheia de fé nos méritos de Afonso, creu que
guez (1533-1617):
sentando-se naquela venerada cadeira teria feliz
exlto naquele transe. E, com efeito, assim se pas "Tal era a estima que Já desde o princípio, e
sou, cora não pouca admiração e alegria da paciente ainda era vida do Santo (Santo Afonso Rodríguez),
e de todos da casa. Já desde então, ainda em vida se tinha às suas coisas. 0 mesmo se dava com os
do Santo, aquela cadeira foi o refúgio de todas as retratos do Servo de Deus que, sem ele saber, fi
mulheres que costumavam ter partos infelizes ou zeram ainda em sua vida. 'Vivendo ainda o_ santo
perigosos. fSe se tivesse que escrever todos os Irmão, continua Onofre Serra, há pouco citado, f1-
partos felizes que se deram por devoção àquela ca zeram-se muitos retratos seus. E não faltou quem
deira, diz o P. Marlmon, ocupariam uma grande par pusesse um deles em plena rua, devendo passar por
te de sua história: deste modo se deixa apenas di ela uma procís~são.""Aconteceu de o Irmão" passar por
to que é comum levar esta cadeira nos lugares dos ãli e, vendo sua figura, disse ao companheiro:
partos, por devo£ãõ a ela1. Atualmente desapareceu 'Valha-me Deus, que feio pintaram o nosso Beato
esta venerável relíquia, sem se saber onde terá Padre!' — parecendo-lhe sem dúvida que aquele não
ido parar, ou se foi destruída". (Pe. JAIME N0- era retrato seu, mas de Santo Inácio.
NELL, Vida de San Alonso Rodríguez, Imprenta y "E não somente gozava Afonso dessa fama de
Librería Vda.~E.~H7 de Subirana, ldbÓ, pp. 589-590
santidade entre o povo de Mallorca, mas também en
/ Con licencia, Barcelona). tre as pessoas mais autorizadas, como eram os Vi
ce-Reis, Bispos e Inquisidores, que o conheceram
ou tiveram notícia de sua santidade por intermédio
207. Recolhiam-se cabelos seus, de pessoas fidedignas. Escreviam-lhe, pedindo o
penas com que escrevia, mesmo que o Santo Patriarca. Mas voltemos aos re
pedaços de papel que tivesse tocado... tratos •
Da vida de Santo Afonso (Alonso) Rodríguez "Dona Juana Pardo, esposa do Vice-Rei de Mal
(1533-1617): lorca, ]5T Juan Vilaragut, tinha, ainda era vida do
Irmão, um retrato deste em seu oratório, <5 disse a
"Grande era a fama de santidade que desde há seu confessor que não podia passar diante dele sem
lhe fazer úmã reverência; e que tinha escrúpulo"cte
muito tempo gozava dentro e fora da casa o Irmão
Afonso e conservava-se como relíquia qualquer ob não sentir tanta devoção quando passava diante das
jeto seu. *Tal era o conceito que todos da casa imagens de outros santos^ JÃ~~canonizados" ♦ (Pe.
tínhamos de sua santidade, escreve o Irmão Onofre JAIME NOVELL, Vida de San Alonso Rodríguez, Im-
prenta y Librería Vda. E. H. de SubiranaJ Barcelo-
Serra, ^que há catorze anos que o conheci, muitos
do Colégio recolhiam coisas suas para . guardá-las na, 1888, pp. 591 e 59% / Con licencia).
como relíquias: e_ quando lhe cortavam o^ cabelo,
recolhiam-no para o_mesmo efeito; até as penas com 209» As_ pessoas recorriam às relíquias
que escrevia, pedaços de papel que tivesse tocado. de suas vestes para afastar bs maus pensamentos
E conseguiam sua assinatura, dizendo que era para
colocar no registro da portaria•(Pe. JAIME N0- De uma antiga biografia do Beato José de An-
NELL, Vida de San Alonso Rodríguez, Imprenta y chieta (153^—1591)> o grande Missionário Jesuíta e
192. Secção II
Secção II 193.
Apóstolo do Brasil: "Da perpétua pureza com que cabeça muitas pessoas que as padeciam, só com o
Deus o conservou, alguma coisa se disse no livro
por com fé". (SIMAO DE VASCONCELOS, Vida do vene-
primeiro, capítulos sétimo e oitavo, quando esteve rável Padre José de Anchieta, Imprensa Nacional,
entre os gentios só amparado com o fervor da glo Rio de Janeiro^ ^9^3, vol. I, p. 216).
riosa Virgem Mãe de Deus, ajudando-se da oração e
penitência corporal; neste passo bastará acrescen
tar o que um padre nosso certificou em seu teste
211. Médico guarda como relíquia as
munho, que ainda sendo ele vivo, algumas pessoas
que podiam haver algumas relíquias do seu vestido, ataduras que cobriam
confessavam serem multo ajudadas Be"Deus contra os as chagas de São Joao da Cruz
maus pensamentos.....
Conta-se sobre São João da Cruz (1542-1591),
"Pela fama da santidade do padre José, con num livro de sua vida:'
firmada cora tão notáveis exemplos quotidianos, e
de sua rara virtude e obras milagrosas, que Deus, "Ainda que Frei João (São João da Cruz) tenha
por este vaso escolhido fazia, multas pessoas to escolhido Ubeda porque ninguém o conhecia, logo
marem devoção de se ajudarem das relíquias do ves corre a noticia de que no convento dos Descalços
tido do padre, para suas enfermidades, em especial há um enfermo que é santo, e são muitos os que se
para dor de cabeça, como algumas pessoas o Juram interessam por sua saúde.....
era seus testemunhos, terem-no ouvido e visto em "Uma vez preparada a comida, uma menina de
outras, e ainda experimentado em si mesmos". (Pe.
PERO ROIZ, Anchlèta, Livraria Progresso Editora, catorze anos, empregada de Dona Clara, chamada Ma
Salvador, 1$55, pp. 98 e 18^4). ria de Ortega, leva-a ao Convento. Um dia .... as
siste a um curativo que o Doutor Robres faz no
Santo. A menina observa que no transcurso do cura
210. Furtavam santamente alguns tivo, o médico guarda dlsslmuladamente na sacola
de seus objetos e eram curados os panos e^ ataduras que retira "das chagas, apesar
de estarem empapadas de pus. Quando volta para ca
sa, Dona Clara lhe pergunta como está o enfermo. A
Ainda sobre o Beato José de Anchieta conta
menina diz que se espanta de como ele não se quei
outra biografia antiga: xa dos curativos e, recordando o que viu o médico
fazer, exclama: 'Senhora, que grande porco é o Dr.
"7* Estava outra mulher de parto, havia quin Robres! Coloca na sacola os panos e ataduras
ze dias, apertada de dores e com grave perigo; foi cheias de pus que retira das chagas do Padre Frei
chamado José, aplicou-lhe a mão, e de repente lan
João da Cruz, e os leva'. 'Cale-se, boba! — res
çou a criança e ficou livre do perigo. E era tal a ponde Da. Clara — pois são relíquias que cheiram
fé nestes casos que, quando não podiam haver a multo bem, porque o_ Padre Frei João da Cruz é üiü
presença e_ mãos de Jose, bastava so o toque de santo, e £ por isso que ele os leva'". (CRIS0G0N0
qualquer coisa sua para grandes efeitos. Sao ví^ DE JESUS OCD, Vida de San Juan de la Cruz in Vida
rios os sucessos em seus processos, era os quais se í obras de San Juan de la Cruz, BAC, Madrid, 196*!,
mostra que só com uma carta escrita de sua letra,
pp. 322 a 324 / ImprTmaíur: José Maria, Ob. Aux. y
tiveram partos felicíssimos mulheres diferentes,
Vic. Qen., ll-5-19b4).
que estavam em perigo: Juliana de Sousa, Maria Ma
chado e Vitória Pinto, na vila de Santos, e outras
muitas, nas demais vilas.
212. Tocaram nele medalhas
"8. Era coisa também mui ordinária fazerem-se e terços, como num santo
furtos santos de coisa de suas alfaias, que apli
cavam com efeitos maravilhosos. Com um barrete De uma biografia de São Roberto Belarmino,
seu, deste modo havido, foram livres de dores de Bispo, Cardeal e Doutor da Igreja (1542-1621):
194.
Secção II Secção II 195.
"Arcebispo de Cápua. — Foi o próprio Clemen
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"Este seguindo as prescrições do Concílio
Tridentino e com grande edificação de toda a Cú
ria Romana, partiu para a diocese poucos dias de 214. Paroquianos disputam entre si
pois da sagração. para guardar algum objeto
que pertencera ao seu Cura
"Realizou-se a 1 de maio a entrada solene do
novo Pastor. Ãs portas da^cidade montou a cavalo,
escoitado por toda a nobreza de Cápua, e sob um Da história de São Vicente de Paulo
(I58I-I66O), por Monsenhor Boúgaud:
baldaquino que sustentavam seis magistrados. A fa-
ma de santidade do novo arcebispo trouxera a_ rece
"Nada diremos da profunda aflição dos habi
be-lo ura enorme concurso de gente, que levava a
tantes de Châtillon, quando eles se deram conta de
sua veneraçao a_tocar riêXe, como em santo, meda
lhas e^ terços. Para poder entrar na catedral,’ ti que iam perder o seu pároco (São Vicente de
Paulo). Viara-se repetir as cenas de Clichy. À pri
veram que tomá-lo nos braços alguns homens robus
tos e levá-lo por outro caminho. meira palavra que ele disse do púlpito, os soluços
desataram-se. 1Nós perdemos tudo, nós perdemos o
"Parecia-nos ver nele um bispo dos tempos an nosso pai*. Ele distribuiu naquela mesma tarde aos
tigos, diz uma relação contemporânea, e as suas seus queridos pobres, que ele estava particular
palavras fizeram-nos compreender que vinha até nós mente desolado de deixar, seus móveis, suas rou
levado daquele espírito de força e doçura a que pas, seus parcos mantimentos. Os ricos tornavam a
ninguém resiste". (JOAO RODRIGUES MENDES SJ, 0 comprar deles as menores lembranças; e_ um dos
Santo Cardlal Roberto Belarmino, Apostolado da Im pobres, Jullen Caron, teve que sustentar uma espé
prensa-^ Porto^ I$3Ú> p. 42 / Imprlmatur: A.A., cie de assédio para guardar um,velho chapéu.
Bispo do Porto, 30-4-1930).
"No dia da partida, toda a paróquia estava no
•caminho. Logo que o santo apareceu, todos caíram
213. Bispos e Cardeais colocam seus solidéus de joelhos clamando: fA sua bênção! * — que o san
na cabeça veneranda do ancião," para to lhes deu chorando. Perto de cinqiienta anos de
santificá-los naquele contacto. sagrado pois, as pessoas idosas que testemunharam esta ce
na, ou os seus filhos e netos, declararam sob Ju
Ainda da mesma biografia de São Roberto Be ramento, em vista de uma provável canonização, que
larmino (1542-1621): seria impossível assinalar tudo o que tinha sido
feito em tão pouco tempo (cirtco meses!) pelo Padre
"E_assim pessoas de todas as condições passa Vlncent (São Vicente de Paulo), e que eles teriam
tido dificuldade em crer, se não tivessem visto e
vam pelo quarto de Belarmino (Sãõ Roberto Belarml-
no], tocando neUT crucifixos. Imagens, e terços» ouvido. Eles lhe tinham uma tão alta estima, que
não falavam a seu respeito senão como de um santo.
procurando como inapreciável dita beijar-lhe as
mãos; alguns caíam de Joelhos a chorar; a_ devoção Acreditam que sua atuação em Châtillon seria sufi
levava outros a furtar algum objeto do santo; hem ciente para o fazer canonizar, e não duvidam abso
faltaram bispos £ cardeais que colocassem o_ seu lutamente que o será um dia" . (Monseigneur B0U-
8olldeu~ na cabe"ça veneranda do ancião para o_ san GAUD, Hlstolre de Salnt Vlncent de Paul, Llbrairie
tificarem naquele contacto sagrado. Belarmino, Vve. Ch. Foussielgue, Paris, 4a. ed., Tome Pre-
julgando que lhe tocavam aqueles objetos, só com o mier, pp. 80-81).
fim de o animar e consolar, agradecia ingenuamente
tamanha caridade". (JOAO RODRIGUES MENDES SJ, 0
Secção II 197.
196. Secção II
um ouvido, depois o outro, pois sofria de surdez
215* Ousadia de uma postulante ^77ase completa. No mesmo instante a_ surdez desapa
para obter relíquia dos cabelos de
receu e nunca mais voltou.
São Luís Grlgnlon de Montfort
"Um dos religiosos da comunidade sofria de um
De uma vida do grande Apóstolo marlano, São tumor na garganta. Os médicos, a princípio, opta
Luís Grlgnlon de Montfort (1673-1716): ram pela operação, mas depois verificaram que era
demasiado tarde. 0 Padre estava há dias à espera
MUm dia em que ele (São Luís Maria Grlgnlon da morte. Abandonado da ciência, fez-se transpor
de Montfort) se demorou em formular bera certas tar â cela onde agonizava o santo Fundador. Tomou
uma das vendas recém-usadas pelo doente e aplícou-
prescrições (da Regra), uma postulante, entrando
por acaso no aposento onde ele escrevia, foi toma ZgTa”si cheio de confiança. Levaram-no de volta a
da de respeito em sua presença, de tal forma ele enfermaria e, no dia seguinte, qual não foi a es
parecia como que perdido era Deus; com uma ousadia tupefação dos médicos que não descobriram o mínimo
frem desculpável, ela teve mesmo a_ldeiã~ de lhe de tumor, onde antes havia um muito grande, como
cortar algumas mechas de cabelos, para fazer delas tinham constatado". (Pe. JOSE MONTES CSSR, Afonso
relíquias para si" . TUOUIS LE "CROÍÕÍonf., Saint de Ligorio o Cavaleiro de Deus, Editora Vozes, Pe-
Louls-Marie Grlgnlon de Montfort, Librairie Maria- trópolis, 1962, p. 160 / Imprimatur: Pe. José Ri-
Tê] Pont-Chateau, 1^2“ Í20 / Imprimatur: bolla CSSR, Superior Provincial, Sao Paulo).
Eduardus, Eplscopus Pictaviensis, 29-9-1942).
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217. Toda a sua vida Vicente trará
2l6. 0 simples contato com c) corpo sobre seu coração, como
õe Santo Afonso agonizante ou com relíquia, uma carta de São Paulo da Cruz
objetos nele tocados opera milagres
Narra um livro sobre São Vicente Strambi
De uma biografia de Santo Afonso Maria de Li- (1745-1824):
gório (1696-1787):
"Em lugar de entrar novamente em Civita-Vec-
"Ura cônego, que havia três anos só podia an chia, ele (São Vicente Strambi) foi*ter à Casa dos
dar^ de muletas, veio pedir-lhe (a Santo Afonso de Passionistas de Capranica, onde o aguardava uma
Ligorio) uma ultima bênção. Os facultativos haviam carta de São Paulo da Cruz.....
capitulado ante a enfermidade e o bom padre se ti "Durante toda.a_ sua vida Vicente Strambi le-
nha conformado com a vontade divina. Encontrando- varia este bilhete, como uma relíquia, sobre seu
-se ao lado do Servo de Deus e lembrando—se de coração, e não é proibido supor que nos momentos
tantos milagres, que, segundo lhe diziam, havia de extrema fadiga, ele o tocasse com as mãos".
operado, quis experimentar também a fortuna. Sobre (MARIA WINOWSKA, CEst 1'Heure des Salnts, Impri-
a cama estava o escapulário de Afonso. Tomou-o, merie Maison de la Bonne Presse, Paris, 1952, pp.
aplicou-o à. perna doente e imediatamente desapare 70-71 / Imprimatur: Petrus Brot, V. G., Paris).
ceram todas as dores £ ficou são, pelõ~que, cho-
rando de comoção, disse aos presentes:
218. Distribuíam o sangue do
Cheguei aqui aleijado e volto são e bom.
Cura d'Ars como preciosa relíquia
"No dia seguinte entrou no quarto do doente o
Provincial dos Capuchinhos. Afonso estava em esta Contam algumas testemunhas do processo de Ca
do letárgico. 0 Provincial pediu-lhe, quase a gri nonização e Beatificação do Cura d'Ars
tar, uma bênção para s*eus religiosos, mas não lo (1786-1859):
grou fazer-se entender. Então tomou-lhe a mão e
persignou-se com ela, tocando com _a_ mesma “primeiro
198. Secção II Secção II 199.
”0 interesse da multidão pela sua pessoa (de "Apenas o Cura d'Ars aparecia fora da igreja,
São João VIanney) sempre lhe foi desagradável. a multidão começava a murmurar: Ei-lo! Corriam até
'Sentia verdadeira tristeza, diz a condessa de Ga- ele, assedlando-o, comprimlndo-o; ele nao podia
rets, ao ver que buscavam os objetos de seu uso avançar ura passo sem levantar seu braço para aben
para convertê-los em relíquias* (Processo Ordiná çoar. Geralmente, um homem caminhava adiante dele,
rio, p. 917). Um dia, ao notar que lhe cortavam um para conter a_ multidão. 0 Santo Bem-aventurado im-
pedaço da batina, disse entre gemidos: 'Que devo punHa as mãos na fronte das crianças, tocava os
ção mais mal-entendida1 . Cada vez que cortava os enfermos, respondia às perguntas com que o asse
cabelos tinha o cuidado de os recolher e queimar diavam. Algumas mulheres, por trás, cortavam a
na estufa do seu quarto. (Ds barbeiros, porém, não fímbria de sua sobrepeliz, mechas de seus cabelos
eram lá multo escrupulosos e facilmente se deixa abundantes. Sem se irritar, ele lhes dizia: 'Dei-
vam subornar. João Pertinand conquistou muitos xem-me tranquilo'. Humilde, curvado, não aguentan
amigos graças ao piedoso latrocínio que se permi do mais, porém amável cora todos, ele continuava
tia cometer sempre que achava ocasião propícia lá, como no altar, o intercessor e a vítima.
(Catarina Lassagne, Processo apostólico n®. pe-
reant, p. lJ10) . "Que alívio sentia, entretanto, quando atin
gia o presbitério e fechava a porta atrás de si!"
"0 Cura dTArs, que era o menos desconfiado (EMILE BAUMANN, Trols Vllles Salntes, Editions
dos homens, não acertava adivinhar a causa desses Publlros, Marseille, pp. 3^-35).
furtos, de que frequentemente era vítima. Ao ter
minar uma missão desapareceu-lhe o candieiro. 'E
curioso, disse ele, ^eu julgava que todos se hou 220. Eclesiásticos franceses desfiaram
vessem convertido... e eis que me roubam!' (João a murça de Pio IX guardando
Pertinand, Processo Ordinário, p. 391). com veneração essas relíquias
"Quando nos últimos anos o Dr. Saunier san De uma biografia de Pio IX (1792-1878),
grava-o uma ou outra vez para lhe descongestionar
a cabeça, o P. Vianney mandava enterrar o sangue publicada em sua vida: „
no cemitério, 'porque era sangue de cristão' (Con "No dia seguinte, celebrou-se o vigésimo pri
dessa de Garets, Processo Ordinário, p. 917), mas
meiro aniversário da coroação de Pio IX. No dia 23
exigia que só o enterrassem na sua presença (Marta-
foi sagrada a Igreja de Santa Maria dos Anjos, ad
Miiard, Processo apostólico continuativo, p. 858;
Cônego Morei, Processo apostólico iri genere, p. mirável monumento edificado pelo plano de Miguel
456). Mesmo assim, isso não impediu aos bons Ir Ângelo nas Termas de DIocleciano e retificado por
mãos de Ars de subtraírem um pouco e_ dlstrlbui-lo Pio IX. A 2H, à saída da basílica de S. João de
como preciosa relíquia. (Ainda se guardam algumas Latrão, fizeram ao Papa uma ovação como talvez
garraflnhas de cristal com sangue que permaneceu nunca tinha recebido. Ajoelhada na ampla praça, e
líquido. Há uma no tesouro de Ars, outra no Carrae- quase enchendo-a, a multidão que não coubera na
lo de Châlons-sur-Saône e outra em Nantes, na Ca basílica esperava a bênção pontifical. Depois que
pela dos PP. Capuchinhos. Esta última,.sem dúvida, Pio IX estendeu a mão para abençoar, todo o povo
se levantou, e por ura único movimento em um só
pertenceu ao Sr. Sionnet, grande amigo do Cura brado respondeu: Viva Fio IX, Viva o Papa-Rel! Os
d'Ars)" . (Cônego FRANCIS TROCHU, 0 Cura d'Ars, Vo
zes, Petrópolis, 2a. ed., 1960, p. 379 / Imprlma- braços e os lenços agitavam-se, as flores choviam,
tur: Luís Filipe de Nadai, Bispo de Uruguaiana, e a carruagem papal ficou por multo tempo aprisio
^6-1959). nada. 0 Santo Padre, apesar de estar acostumado às
demonstrações apaixonadas do povo, tinha os olhos
cheios de lágrimas. _A_ sua murça foi por assim di
219. "Algumas mulheres, por trás, cortavam-lhe zer desfeita fio a_ fio pelos ecTesiástlcos france
a sobrepeliz e mechas de cabelos..."
ses que se achavam por trás dele, os quais deposl-
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224. ”Estes cabelos serão para mim relíquias”
— IU
De duas cartas de Santa Tereslnha (1873-1897) Çqpq3 g gratgs* e rgstgi
ao Padre Roulland* missionário na China:
de çgmld§ e bebida agg sagjga*
”Ides de certo achar-me criança demais, mas
não Importa, confesso-vos que cometi um pecado .de qu da água na qual ae lavaram*
Inveja, lendo que vossos cabelos lam ser cortados
■
e substituídos por uma trança chinesa. Não foi aãg venerados çqçdq
desta que tive Inveja, mas simplesmente de uma pe
quena mecha dos cabelos deitados fora. Perguntais- ÊQçSiâQcea de binglgs
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-me de certo rindo que é que eu faria déles? Pois
bera, é muito simples, nestes cabelos serão para mim
.í--
relíquias, quando estiverdes no Céu com a^ palma do
martírio na mao. Achais sem duvida que me previno 225. Cardeal vê-se curado depois de beber
com muita antecedência, mas sei que é a única ma por um copo que Sao Bernardo utilizara
neira de conseguir o meu intento, porque a vossa
irmãzinha (que não é tida como tal senão por Je De uma biografia de São Bernardo (1090-1153):
sus) ficará certamente esquecida na distribuição
de vossas relíquias. Estou certa que vos rides de "(São Bernardo) curou diversas pessoas enfer
mim, mas não faz mal. Se consentirdes em pagar a mas tocando-as com as mãos ou dando-lhes a beber
pequena recreação que vos dou com 'os cabelos de água benta. 0_ próprio cardeal Mateus se restabele-
ura futuro mártir', fico bem recompensada (Carta ceu de um violento ataque de febre depois de beber
de 1-11-1896)”.
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"Recebi com alegria, ou antes com emoção, as
relíquias (trata-se da mecha de cabelos pedida pe
la Santa ao R_. P_. Roulland - Ver Carta CLXXVIII de
1 de Novembro de 1896) que vos dignastes enviar— 226. Bispo recupera a saúde ao
-me (Carta de 1-5-1897)". (Cartas de Santa Teresa utilizar-se de um prato do qual se
do Menino Jesus, Obra das Vocações Sacerdotais, servira Sao Bernaroc)
Salvador, pp. 361, 362, 402 e 406 / Imprlmatur:
Antonio. Bispo Auxiliar, 30-9-1952). De outra biografia do mesmo São Bernardo:
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227. Um homem guardou como relíquia
o copo usado por São Joao da Cruz
229. Uma paralítica fica curada ao comer
De uma vida de São João da Cruz (15*12-1591),
das sobras do prato de Frei Isnardo
colaborador de Santa Teresa na reforma do Carmelo:
Do santo varão Frei Isnardo (sec. XIII), con
"Antão de la Bermeja é um homem bom e piedo
ta uma antiga vida dos Padres Dominicanos:
so, Irmão terceiro do Carmo. Não sabe como obse
quiar ao padre Prior (São João da Cruz), com cuja "No convento de Pavia viveu ura piedoso e fer
presença se considera tão honrado, e lhe oferece voroso varão, pregador muito eloqiiente, chamado
ura copo de vinho. Prel João o recusa, mas ante a Frei Isnardo (Beato Isnardo), por meio do qual
Insistência de Antão, bebe um pouco. 0 piedoso ho
Deus fez muitos milagres, confirmados por testemu
mem guarda c> copo como uma relíquia TNlnguem tor nhas fieis • ....
nará a beber nele por cerca de trinta anos, duran
te os quais consegue conservá-lo. 0 padre Alonso
da Madre de Deus (;o Asturiano) chega a ver o òopo
e constata a estima com que o guarda Antão de la
Bermeja. Ao morrer deixa-o a ura parente seu, que o
conserva cora a mesma veneração, até que um dia se
quebra". (CRIS0G0N0 DE JESUS OCD, Vida de San Juan
de la Cruz, in Vida £ Obras de San Juan de la
Cruz, BAC, Madrid, 19^*4, p. 2tí7~7 Imprimatur: José"
Maria, Ob. Aux. y Vic. Gen., ll-5-19o*4).
230. Um cônego sara ao comer pedaço de pão
subtraído do prato de São Paulo da Cruz
228. Por devoção, freiras chegam
£i tomar os restos de seus alimentos De uma historia de São Paulo da Cruz
(169*4-1775), que fundou a Congregação dos Passlo-
Da mesma biografia de São João da Cruz: nistas:
"Tudo isto faz com que a veneração por seu "0 cônego Vespasiano de Sanctis, de Sonnino,
Mestre espiritual (São~~Jõao da Cruz) seja a que se na diocese de Terraclno, que Já sofria de uma
tem um santo canonizado. Quando entra na clausu grande e perigosa hérnia, foi atingido da cólica
ra, há~~Irmãs que se põem de Joelhos diante dele e 'miserere*. Não havia mais esperanças; o médico
beijam-lhe as mãos e^ os pes, como faz Isabel da fez com que lhe fossem administrados os últimos
Encarnação. Outras vezes disputara as sobras da sua sacramentos. Na própria noite em que se contava
comida. Atentas ao momento em que Frei Joao Çêrmi- vê-lo expirar, ele se lembrou de que tinha ura pe
nou sua refeição, quando as Irmãs porteiras rece queno pedaço de pão, subtraído ao Servo de Deus
bera de volta os pratos de barro, chegam as.Freiras (São Paulo da Cruz) durante seu jantar na casa de
como porfia, comem o pão que sobra e^ bebem, como um benfeitor; fê-lo trazer, tomou algumas migalhas
se fosse benta, a água que deixou no copo e_ repar com um pouco de água e imediatamente entrou era um
tem entre si as sobras do prato como coisa santa. profundo sono, que durou a noite toda. Quando
Pelo contrário, ninguém toca nas sobras do compa- acordou, de manhã, encontrava-se completamente cu-
206. Secção II
243. Prelado do Vaticano obstina-se era "_E_ útil e bom recorrer à_ intercessão dos san
receber a bênção da Madre~Inês de Jesus tos? \— Vem aqui a dúvida se será necessário re
correr à intercessão dos santos para obter a divi
Da circülar do Carmelo de Lisieux sobre a Ma na graça. Que é lícito e util invocar os santos
dre Inês de Jesus, irmã de Santa Teresinha: como intercessores, para eles impetrarem, pelos
méritos de Jesus Cristo, o que nós por nossos mé
"Como não recordar esta cena emocionante de ritos não somos digno3 de receber, é doutrina da
um Prelado do Vaticano, futuro Cardeal, admitido a Igreja, como declarou o Concílio de Trento (Sess.
fazer uma peregrinação ao interior do Mosteiro? No 25, dec. de inv. Sanct.): 'E bom e util invocar
momento de partir, no umbral da porta da clausura, humildemente os santos, e recorrer à sua proteção
como a Priora (Madre Inês) se ajoelhasse para re e intercessão para impetrar benefícios de Deus pe
ceber sua bênção, viram-no colocar-se ele mesmo de lo seu divino Filho Jesu3 Cristo'. Essa invocação
oelhos diante dela, recusando levantar-se antes dos santos fora reprovada pelo ímpio Calvino, mas
áe ter sido abençoado pela '"Hãezlnha1 Hà Santa
T5anta Teresinha). Nas grades do locutório, o mes-
contra toda a razão; pois é lícito e proveitoso
invocar em nosso auxilio os santos aThda Vivos e
mo fato se renovará várias vezes". (La "Petlte Mè- pedir-lhes nos ajudem com suas orações; assim fa
re" d_e Salnte Thérèse de Lisieux, Here Agnès de zia o profeta Baruc O-, 13), dizendo: 'E por nós
Jesus, Carme1”dê Lisieux, L1ImprlmerieSalnt-PauT mesmos rogai ao Senhor nosso Deus'; e assim S.
a Bar-le-Duc, 1953, p. 99 / Imprlmatur: François- Paulo, dizendo: 'Irmão, rogai por nós' (1 Tes 5,
-Marie Picaud, Evêque de Bayeux e Lisieux). 25)• Deus mesmo quis que os amigos de Job se reco-
214. Secção II Secção II 215.
mendassem às orações dele. oarq. que, pelos méritos rendemos o culto de latria, que só à divindade
de Job. lhes fosse propício. !Ide ao meu servo pertence. Adoramos a Deus por sua Infinita exce
Job... o meu servo Job, porem, orará por vós; ad lência e santidade soberana. Honramos os santos
mitirei propício a sua prece' (Job 42, 8). Se, pelos reflexos da santidade que Deus neles estam
pois, é licito recomendar-se aos vivos, por que pou. Muito diverso pois é o culto que lhes rende
não se~rá permitido invocar os santos que no céu mos do que rendemos a Deus, fonte suprema de sua
mais de perto gozam de Deus? Isso não é derrogar a excelência e de sua santidade; e essa mesma honra
honra que se deve a Deus, mas é duplicá-la, como o que rendemos aos santos, por causa de sua santida
é honrar o rei não só na sua pessoa como na pessoa de refletida, remonta para Deus, que é dela prin
de seus servos, E por isso que S. Tomás diz ser cípio. A Deus é que propriamente honramos nos san
útil recorrer a muitos santos, porque 'pelas ora tos, pois tal honra nos merecem só pela santidade
ções de muitos às vezes se alcança o que pela ora de Deus neles refletida. Nessa qualidade de per
ção de ura só não se obteria' (In 4 sent. dlst. feição termina toda a glória que rendemos aos san
45). Poderá alguém objetar: de que serve recorrer tos. E porque não honraríamos os santos que estão
aos santos, para que orem por nós, quando eles já no céu, se honramos os que se acham na terra? Se
intercedem por todos quantos são dignos disso? tao respeitáveis nos torna os homens que a possuem
Responde o mesmo santo doutor que 'alguns não se a santidade iniciada neste exílio, que respeito
riara dignos de que os santos rogassem por eles; nao merece a_santidade consumada dos cidadãos do
mas eles se tornara dignos por recorrerem cora devo Céu, tão estreitamente unidos a_ Deus na comparti-
ção aos santos* (IJbid. ad 5)". (S. AFONSO MARIA DE cipação de sua glóriaf^or isso é da mais alta an
LIGORIO, A Oração, o Grande Meio da Salvação, Vo tiguidade na Igreja o culto dos santos, como ates
zes, Petropòlls, 3a. ed., 1356, pp.”27-2o / Com
V"'
tam estas palavras de S. Cipriano: Martyrum pas-
aprovação eclesiástica). slones et dles anniversarla commemoratlone ce-
lebramusTLib. V, epist. 5•)" • (GOFFINE, Manual do
Cristão, Rio de Janeiro, 9a. ed., 1915 > pp.
245* "E porque não honrarmos os santos 683-684 / Imprimatur: Pe. Dehaene).
que estão no céu, se
honramos os que se acham na terra?"
246. "Nós invocamos os Santos que
Diz o antigo e venerando Goffiné - Manual do estão sobre a terra e nos
Cristão: aproveitamos de seu crédito junto a Deus"
"Os santos são todas as criaturas racionais, Ensina o Padre Gaussens em seu Curso de
anjos ou homens, que Deus admitiu à participação Instrução Religiosa:
de sua glória eterna, nomeadamente os cristãos ca
nonizados pelos Soberanos Pontífices. "Nós invocamos os santos que estão na terra e
"Honramos os santos como os amigos e servido nos aproveitamos de seu crédito junto a Deus para
res de Deus, a quem Ele encheu dos seus mais ricos nos obter favores ou afastar desgraças."Moisés ob
.
*
*
teve mais de uma vez do Altíssimo o perdão para
•
dons e das suas graças mais preciosas. 0 culto
*
*
■•
pois que lhes rendemos é um culto religioso, e seu povo. Jó rezou por seus amigos, a fim de que
fundado na sobrenatural excelência dos santos que Deus lhes perdoasse a inconsideração da lingua
1
quanto quiserem, não adoramos os santos, não lhes nos pode ser proveitosa, quando eles estão no céu,
216. Secção II Secção II 217.
seriam menos poderosos, ou menos bons para nós, ou guns, hereges ou equivocados, disseram que rezar
menos tocados pelas nossas misérias? .... aos Santos é fazer Injúria a Cristo, como se não
bastasse a Intercessão dEle e seus méritos. E o
"Rezemos pois aos santos, meus Irmãos, e não que afirmam os protestantes. Eles, que alegam as
temamos,^ao rezar a eles,' de substituí-los aos mé Escrituras, podem ler nelas que os Apóstolos roga
ritos e à glória da mediação de Jesus Cristo. Não,
vam aos fiéis que rezassem por eles e por todos.
o que nós obtivermos por melo dos santos, nós o
São Paulo pede que rezem por ele e orem uns pelos
obteremos em virtude dessa mediação divina. Jesus
outros. E São Tiago recomenda que quando haja al
Cristo é sempre o Intermediário necessário entre
Deus e nós, quer nos dirijamos a Deus diretamente, gum enfermo, levem-no ao Presbítero e este reze
por ele. Se fosse uma Injúria contra Jesus Cristo
quer recorramos à Intercessão dos santos. E sem
Invocar aos Santos, seria também uma Injuria pedir
pre, notai bem, 'por Nosso Senhor Jesus Cristo1 aos vivos que sejam nossos Intercessores. Mas nao
que nós^rezamos, per domlnum nostrum Jesum Chrls-
e assim. Porque não é por necessidade que devemos
tum. E vede pois a diferença da fórmula que empre rezar aos Santos, mas porque Nosso Senhor assim
gamos com relação aos santos e com relação a Jesus dispôs: que os Irmãos na Igreja nos ajudemos uns
Cristo. Aos santos dizemos: Rogai por nós! a Jesus aos outros para estarmos mais unidos. Ademais,
Cristo: Tende, piedade de nós! Tudo o que pedimos Deus quer honrar os seus servos concedendo por
aos santos, é que eles rezem por nós. Nós lhes re melo deles o que às vezes não concede quando^invo-
conhecemos ura poder, é verdade, mas um poder su camos a Ele só. Dizem alguns que os Santos não co
plicante, e por consequência um poder dependente, nhecem nossas súplicas; Isso porém é falso: eles
e que não tem efeito senão pelos méritos dAquele as podem conhecer, e Deus lhes dá a conhecer por
por quem suas orações chegam até Deus, por Jesus
um dos tantos meios de que dispõe para isso.
Cristo Nosso Senhor, per domlnum nostrum Jesum
Chrlstum. "_A_ que Santos podemos rezar. — Convém escla
recer “o que se entende ou se pode entender por
"Honremos ps santos, meus Irmãos, rezemos a Santos. Santo é, no sentido mefls amplo, todo aque-
eles. Eles Intercederão por nós. E nesta permuta le que tem a graça~~santlf lcante~0u seja, todo
frocante de testemunhos recíprocos, dê respeito, 51b justo, esteja ele vivo, ou no Céu. E~~para que pos
confiança õ_ de caric[aáe que conslste~~ã comunhão
samos. rezar a alguém, basta saber que e um homem
dos santos da terra com os santos do céu. Possamos bom e que se encontra em estado de graça, o que
nos recolher disso os preciosos frutos! Assim se devemos crer de todos enquanto não conste o con
ja". (M. 1'Abbé GAUSSENS, Cours Complet d'Instruc- trário. E de muitos podemos crer que estão no Céu,
tlons, Llbralrle Vlctor Lecoffre, Paris, 3a. ed., porque viveram e morreram bem; ou porque morreram
í908, pp. 25^ a 256 / Ouvrage approuvé par son sem perder a Inocência, como, por exemplo, as
Emlnence le Cardinal Donnet archeveque de Bor-’ crianças batizadas que morreram antes de chegar ao
deaux) uso da razão e de se tornarem capazes de pecar. _E
a todos estes - em orações particulares - podemos
dirigir nossas suplicas e pedir-lhes~que roguem a
247. Devemos pedir a Intercessão dos Deus por nos. Mas na oraçao publica e no culto
Santos, quer daqueles que oficial só podemos rezar aos Santos canonizados,
Jâ estão no Ceu, quer ou ao menos beatifiçados.
daqueles que ainda vivem nesta terra
"ü Que é_ um Santo. — Como dissemos, Santo j?
Ensina 0 Jesuíta Padre Remlglo Vllarlho Ugar- aquele“quIT"Tem ã~~graça santlflcante, Isto é_, aque-
te: le que não tem pecado mortal. E assim Sao Paulo,
quando dirigia suas cartas e saudações aos cris
"Devemos rezar aos Anjos e^ aos Santos? — Não tãos, chamava-os Santos, porque, supondo que eram
há dúvida, nã IgrejliCato Uca*, "de que podemos e bons cristãos, julgava que estavam na graça de
devemos rezar também aos Anjos e aos Santos. Al Deus. Quando escrevia aos cristãos de Roma, dizia:
218. Secção II Secção II 219*
’A todos os amigos de Deus chamados Santos que es Deus operou muitos milagres. Entre os quais con-
tão em Roma*. E do mesmo modo fala das esmolas tam-se estes, que foram garantidos por Juramento
que se recolhem entre os Santos; e a si mesmo se de testemunhas: treze cegos, quatro surdos, sete
chama o último dos Santos e aconselha que para di coxos, cinco entrevados e vinte e quatro enfermos
rimir querelas não se acuda aos gentios, mas a um em perigo de morte, os quais apenas pelo toque de
Santo. E que, no seu estilo, dizer santo era o sua mão e a invocação do nome de Jesus Cristo,
mesmo que dizer cristão. Entretanto, na linguagem ficaram perfeitamente curados.
hoje jâ^corrente, entendemos propriamente por San
"Certa mulher, encurvada e entrevada de corpo
to alguém que teve especial mérito e_ excelencla de
virtudes. JE, era rigor, para dar a alguém o titulo inteiro, fez com que a levassem a ouvir ura de seus
sermões; e como pela afluência de pessoas não pu
de Santo, é preciso que a Igreja o tenha canoniza
do" . (REMIGIO VILARINO UGARTE SJ, Puntos de Cate desse chegar até ele, quando os fiéis se afasta
cismo, Editorial "El Mensajero dei Corazón de" Je— ram, tomou as cascas de um salgueiro, no qual se
sus", Bilbao, 12a. ed., 1962, pp. 314-315 / Imprl- havia sentado o_ frade, e_, depois de invocar a San
matur: Paulus, Episcopus Flaviobrigensis, tíssima Virgem e^ Frei Pedro, seu - pregador, tocou
31-7-1962). com elas as articulações de seus membros; no mesmo
momento, como se fossem de cera, elas começaram^a
esticar-se, rangendo: e a mulher se põs de pé,
248. "Eu pensarei em ti diante de Deus" louvando as magnificências de,-Deus". (GERARDO DE
ti
FRACHET, Vida de los Fralles Predicadores, in San-
to Domingo de Guzmán visto por sus contemporâ
De uma vida de São Domingos de Gusmão neos, BAC," MãcTrid, 1947, p.~ 7lff / ímprlmatur: Ca-
(1170-1221):
simiro, Obispo Aux.. y Vic. gen., 30-5-1947).
"Pedro Cellani alega sua ignorância, a falta
de livros em que se encontra. Domingos lhe respon
de com uma confiança intrépida em Deus: * Vai, meu 250. 0 Papa Gregôrlo IX se
filho, vai sem medo; duas vezes por dia eu pensa via atendido quando
rei em ti diante de Deus; nao tenhas-dúvlcía. Ga- recorria às oraçoes de Santa Clara
nharás muitas almas, produzirás frutos, crescerás
e te multiplicarás, e o Senhor estará contigo*. De um livro de escritos e documentos contem
Pedro Cellani contava mais tarde, na intimidade, porâneos de Santa Clara (1193-1253):
que todas a3 vezes que se sentira perturbado inte
rior ou exteriormente, lêmbrara-se—desta promessa, "Não sem razão, o Senhor Papa Gregôrlo (Gre-
invocando Deus e~ Domingos, ê tudo IRe correra gório IX) tinha uma fe extraordinária nas oraçoes
bem" . (R~êv. Pe. HENRl-DOMINIQUE* CTÜORDÃIRE, VleUê de Santa Clara, cuja proteção havia experimentado
ser eficaz. Muitas vezes, quando -surgia, como cos
Salnt Domlnlque, Ancienne Librairie Poussielgue,
Paris, 1922, p. 242 / Com aprovação eclesiástica). tuma acontecer, alguma nova- dificuldade, tanto
quando era Bispo de Ostla, como depois que foi
elevado ao cume do Apostolado, suplicando por es
249* Milagrosamente curada crito à mencionada virgem, logo apôs ter feito o
depois de invocar "a Santíssima Virgem pedido, experimentava a ajuda. Uma coisa e_inques
e Frei Pedro, seu pregador" tionável : que a_ atitude do Papa, ao mesmo tempo
que é notável pela humildade, e_ digna de ser imi
Conta uma antiga Vida dos Frades Pregadores: tada com todo empenho, uma vez que o_ vigário de
Cristo pede a ajuda da escrava de Cristo e_ se? re
"Na Província da Espanha, existiu um fervoro comenda às suas virtudes. Sabia Judiciosamente o
síssimo pregador, venerável e virtuoso, de origem que'pode o amor e que facil acesso é franqueado às
catalã, chamado Frei Pedro Sendra, em cuja vida virgens puras ante o consistório da Majestade. Se
certamente o Rei dos Céus, a si mesmo se entrega
7
MMÉÉillMMÉMft
Secção II 221.
tzv. Secção II
àqueles que o amam com fervor, o que não há de estado no navio. Atiraram-se aos seus pés, dando
-lhe fervorosas graças por ter-lhes salvo a vida.
conceder, caso seja conveniente, àqueles que lhe
pedem com devoção?" (SANTA CLARA, Escritos de San- Mas o Santo, fazendo-se de desentendido, lhes dis
se: irmãos, dal graças a Deus de tê-los livrado
ta Clara y Documentos Contemporâneos, BAC, Madrid,
T970, p. T60). dos perigos, pois em Suas mãos estão a vida e a
morte, porque é o Senhor dos mares e dos ventos, e
não a mim, que sou um pecador miserável". (Dr. D.
LORENZO ALONSO RUEDA, Vida de San Nlcolás de Barl,
251. Invocado ainda em vida,
Sao Nlcolau de Barl Arzobispo de Mira y Taumaturgo, Apostolado de la
Prensa, S. A., MadricT, 1953, pp. 62 a 65)*
salva um navio do naufrágio
.......
de Mira - Asla Menor (séc. IV):
de Catarina, sentimo-nos
"Creem alguns autores que em certa ocasião um curiosamente reconfortados"
anjo tomou a figura de São Nlcolau de Barl para
■.
Do livro de Johannes Joergensen sobre Santa
■
levar a cabo um favor milagroso e contam como foi
Isso. Um navio fez-se ao mar, saindo do porto de Catarina de Siena (13*17-1380):
Cilicia, quando no golfo do mesmo nome desatou-se
"Quando viajavam seus discípulos, ela os se-
uma borrasca que fazia temer um naufrágio. Os ma
rinheiros Já se tinham abandonado ao Impulso das guia em espírito é, muitas vezes, no meio de uma
conversa deixava a_reunião das Mantellate para~lr
ondas, e tudo o que faziam era esperar o temido
rezar, dizendo: 'Ouço o_ chamado dos meus filhos
momento. Mas um dos tripulantes do navio tinha no
tícia do grande poder e_ dos milagres de São Nlco queridos1. Habitualmente, vinham elas a saber de
lau , e começou a invocá-lo; uniram-se os demais pois que algum dentre eles havia corrido algum pe
rigo e_ que dele fõraafastado pela oração de Cata
marinheiros as suas oraçoes, embora nada soubessem
rina. Frei Tommaso delia Fonte e Frei Giorgio dl
até então do nosso Santo. Logo apareceu entre eles
Sao Nlcolau, anlmando-os e dando-lhes a segurança Nadda escaparam assim das mãos de salteadores en
de serem salvos; o Santo mesmo tomou o timão e go tre Sena e Montepulciano. Mais tarde, em perigo
vernou o navio; em pouco tempo, aplacados os ven análogo, Stéfano Maconl recorreu ao mesmo melo de
tos, renasceu no mar a serenidade e a calma. Mas a defesa, pronunciando o_ nome de sua Mamma. Frei
tempestade havia causado grandes destroços na na Bartoíommeõ di Dominici, estando em oração, na
ve, rompendo os cordames e as Velas; São Nlcolau igreja de Santa Maria Novella, era Florença, foi
subiu no mais alto do mastro para ajudar a recolo acometido por violento combate espiritual. Repen
cá-las. Todos estavam assombrados olhando São Ni- tinamente, a consolação e a luz afluíram à sua al
colau e vendo que tudo se consertava com tal faci ma, graças às preces de Catarina diante do altar
lidade. 0 que não teriam feito bons marinheiros em de São Pedro Mártir, em Sena.
muitas horas, fazia-se agora num instante. Logo "Nas palavras que se seguem, Francesco Mala-
começou o navio a navegar com vento próspero para volti dá, talvez, o mais belo testemunho da prote
as costas de Lícia e o Santo desapareceu. ção que ela dispensava aos que lhe eram queridos:
•
"Logo que avistaram os montes de Lícia, os 'No tempo em que eu ainda trazia roupas de
;
marinheiros decidiram desembarcar no porto de An- secular (foi no início da minha conversão), combi
drônlca, o mais próximo de Mira, com a finalidade namos ura dia, meu amigo Neri e eu, irmos Juntos ao
de agradecer a São Nlcolau pelo seu milagroso fa Monastério de Monte Oliveto, situado a quarenta
vor. Encontraram o Santo na Igreja, cantando o milhas de Sena. Foi durante a quaresma. Projetamos
■
OITclo dlvl no com seus cleTlg03 e_ Imediatamente fazer uma ligeira refeição numa cidade chamada As-
reconheceram que tinha sIdo ele mesmo que havia ciano, a dois terços do caminho, aproximadamente.
-- -
Secção IX 223-
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de la Contrarreforma,BÃu,Ma-
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dem. • ••• Mas não posso deixar de dizer que, de
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/ Imprlmatur: Casimiro, Obis-
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pois de Deus e da Bem-aventuradã~"Virgem Maria, a
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Gen., 31-3-1945).
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nenhuma outra criatura sinto-me mais reconhecido
•
que a esta doce virgem Catarina e_ reconheço que,
se houve Jamais em:mlm algum bem, a ela o atribuo1 256. Armava-se, como de um escudo,
TlTp. Domni StephanTT 8)”. (JOHANNES JOERGENSEN, da memória, do nome e^
da intercessão do Padre Inácio
Santa Catarina de Sena, Editora Vozes, Petrópolis,
I9447 pp. 392-3*53’ / Imprlmatur: Por comissão espe
Conta o Pe. Ribadeneyra sobre São Francisco
cial do Exmo. Revmo. Bispo de Niterói, D. José Pe
Xavier (1506-1552) o Apóstolo das índias:
reira Alves, Frei Atico Eyng OFM, Petrópolis).
”(São Francisco Xavier) pedia-lhe instruções
(a Santo Inácio) e conselhos lá da índia sobre co
254. Recomendava-se a Inácio, propondo mo havia de converter os infiéis. E dizia que os
a Deus sua santidade pedia, para que Nosso Senhor não o castigasse por
não ter sabido aproveitar-se da luz e espírito de
De uma biografia de Santo Inácio de Loyola seu Pai e Mestre. E_ contra todas as tempestades e
(1491-1556): perigos armava-se, como de um escudo e arnes, da
memória, nome £ intercessão do Padre Inácio, tra
”Além do amor, Francisco Xavier consagrava ao zendo ao pescoço sua assinatura e nome da mão do
seu santo pai (Santo Inácio) verdadeira veneração; mesmo Pai, e os votos de sua profissão”. (PEDRO DE
e assim, quando se via engolfado em perigos e qua RIBADENEYRA, Vida dei Blenaventurado Padre San Ig-
se a ponto de soçobrar, recomendava-se a ele, pro- nacio de Loyola, in Historias de la Contrarrefor
pondo a Deus ji sua santTcTade, para queV mediante ma, BAÜ7 Madrid, 1945, P- 31Í 7~~Imprlmatur: Casi^
ela, o livrasse, como de fato livrava” (Santo Iná- miro, Obispo Aux. y Vic. Gen., 31-3-1945)•
cio ainda estava vivo, pois São Francisco Xavier
faleceu quatro anos antes dele). (P'è. ALVINO BER- 257* ”Comecei tomando por intercessores
THOLDO BRAUN SJ, Santo Inácio de Loyola, Vozes, na terra a todos os da bendita Companhia* de
Petrópolis, 3a. ed., 19567 p. 25^T / Com aprovação Têsus, com todos os seus amigos!”
eclesiástica).
De uma carta de São Francisco Xavier, escrita
de Cochim para os Jesuítas de Roma, acerca das Mo-
lucas e do Japão (20-1-1548): ”No auge da tempes-
226. Secção II Secção II 227•
tade, encomendei-me a Deus Nosso Senhor. Comecei, 259. Salvos dos corsários por
primeiro, tomando por Intercessores, na terra, _a duas vezes, ao invocarem o nome
todos õs da bendita Companhia de Jesus. com todos do Padre Tose de Anchieta
os seus amigos 1 E com tão grande favor e ajuda,
abandonel-me, inteiramente, nas devotíssimas ora De uma vida do Beato José de Anchieta, o
ções da esposa de Jesus Cristo, que é a Santa Ma Apóstolo do Brasil (1534-1591):
dre Igreja. Estando ela na terra, Jesus Cristo, "Vieram à portaria Manuel Francisco e Antonio
seu esposo, ouve-a continuamente no céu. Nunes, homens conhecidos, a despedir-se do padre
"Não me esqueci de tomar como medianeiros a José, que iam para Portugal, pedindo ajuda sua
todos os santos da glória do paraíso, principian porque temiam os corsários, que então eram mui or
do, antes de mais nada, por aqueles que, nesta vi dinários em todo o mar. Perguntou-lhe em que nau
da, pertenceram à santa Companhia de Jesus. E to íam, das duas que estavam de verga dalto para par
mei, logo, para interceder por mim, a bem-aventu tir Juntas. Responderam que na mais pequena; le
rada alma de Pedro Fabro, com todas as que, neste vou-os a uma janela donde se viam, lançou uma bên
mundo, foram da Companhia. ção à pequena e disse: ide embora, que haveis de
ir a salvamento; porém da grande não disse nada,
"Nunca poderei acabar de escrever as consola ficando logo os dois com suspeita de seu mau su
ções que recebo, quando me encomendo a Deus Nosso cesso. Partiram e, tanto avante como altura dos
Senhor, por melo dos da Companhia, tanto dos vivos Ilhéus, tiveram vista de três naus inimigas, que,
como dos que reinam, no ceu. .... pondo-os em cerco, os acometeram e_, quando se da
..
"Muitas vezes, me tem dado a sentir Deus Nos vam por rendidos, invocando o nome áê_ Jõsê~~ com
~
so Senhor, no interior da minha alma, os muitos grande confiança, sem saber como, se viram livres
■ •
e prosseguiram sua viagem, ficando a nau grande a
-
perigos corporais e trabalhos espirituais de que
- ■
me tem livrado, pelos devotos e contínuos sacrifí suas aventuras; chegando avistar depois de tempo
cios e orações de todos os que militam na bendita as Ilhas de Baiona, aqui foranv acometidos de ini
Companhia de Jesus e, também, dos que agora estão, migos por quatro vezes, e outras tantas lhe acal
com muito triunfo, na glória — os quais, em vida, mou o vento Junto a elas, de repente, no ponto em
militaram e pertenceram à Companhia de Jesus". (S. que invocavam o^ nome de José, que todos houveram
FRANCISCO XAVIER, Cartas e_ escritos selectos, por milagre; e finalmente foram entrar o porto de
Apostolado da Imprensa, Porto, 1952, pp. 65 a 67). Viana, para onde era sua descarga, a salvamento e
com espanto dos vianeses, que havia tempos não ti
nham visto tal fortuna, de que entrasse naviõ sua
258. Santa Teresa, por inspiração divina, barra; e afirmavam que dentro em quatro meses fo
tomou o hábito de recomendar-se ram tomados dos corsários quarenta navios, e o que
ã 5slo Pedro de~~Tlcântara, e de o chamar de santo, mais é de notar, que a náu grande, que com esta
estando ele ainda vivo partira em companhia, foi tomada dos mesmos Inimi
■
gos, cumprindo-se à risca, não só o que José dis
Da Lição de Matinas do Ofício de São Pedro de sera claramente, mas o que quis Insinuar lançando
Alcântara (19 de outubro): a bênção à pequena embarcação e deixando de a lan
"(São Pedro de Alcântara) ajudou Santa Teresa çar à grande". (SIMAO DE VASCONCELOS, Vida do ve
nerável Padre José de Anchieta, Imprensa Nacional,
-
dro deixaria de ser Imediatamente atendido, tomou 260. Vendo-se em perigo, invocou-a
o_ hábito de~se recomendar ás orações dele, e de o como a uma "santa" e foi salvo
chamar santo, estando ele ainda vivo". (Brevlarlum
Romanum — Pars autumnalis, Marietti, Turim-Roma, Conta Monsenhor Bougaud, o famoso hagiógrafo,
1957, p. 6407:
228. Secção II Secção II 229.
em sua vida de São Vicente de Paulo: 11 fMadame Aca- onde só havia uma casa, em cuja porta avistei um
rie (Beata Maria da Encarnação, falecida em l680 e homem que fazia sinais para que me aproximasse.
beatifiçada em 1791) — dizia a marquesa de Meig- Repentinamente fui presa de um medo terrível. Lem-
nelais — era santa; mas Madre Margarida (Marga brei-me das palavras do Cura d1Ars; clamei por
rida do Santíssimo Sacramento), sua filha, o é Deus e~pus-me a correr em disparada. Por sua vez,
ainda mais1. 0 Padre Binet pensava o mesmo. .... aquele infeliz lançou-se no meu encalço e çrocura-
va atirar-me um laço ao pescoço... Não o pode con
"No mar, nas galés do Estado, ele (o General seguir, e por fim estacou porque já me aproximava
de Gondi) mantinha correspondência com esta (Madre dos marinheiros.
Margarida), que lhe recomendava sem cessar que
pensasse na salvação de sua alma; e tinha por ela "Soube depois que eu fora cair nas mãos do
uma tal veneração que, numa tempestade, vendo-se f-amoso Dumollard, apelidado o assassino de cria
em perigo, invocõiT-a como a_ uma santa e^ tendo si das. Quando o prenderam, depus contra ele perante
do salvo, proclamou por toda a parte que a ela de o tribunal... Mas veja se não fosse o_ Cura
via este milagre". (Monseigneur BOUGAUD, Hlstolre d*Ars...* (extraímos esta notícia de uma relação
de Salnt Vlncent de Paul, Librairie Vve. Ch. Pous- dada pela senhora E... a 8 de agosto de 1905 ao
sielgue, Paris, ITã. ed., Tome Premler, pp. 127 a senhor Desjardins, médico-major da primeira classe
129). aposentada. — Dumollard, natural de Tramoyes, pe
quena vila do cantão de Trévous, foi condenado à
morte e executado em Montluel (Ain) a 8 de março
26l. "Pensa em mim e >recomenda-te a Deus"
de 1862". (Cônego FRANCIS TROCHU, 0 Cura d*Ars,
Vozes, Petrópolis, 2a. ed., 1960, ppl *1X4-415 /
Da vida do Cura d*Ars (1786-1859): Imprimatur: Luís Filipe de Nadai, Bispo de Uru
"Quando entramos na igreja, o P. Vianney es guaiana, 29-6-1959)•
tava dando a aula de catecismo, é explicava o si
nal da cruz. Avistando-me, deixou de falar por um 262. Estando Kallnowskl ainda vivo,
momento e disse: —> fLá em baixo... aquela mais seus companheiros
alta, que venha ter comigo na sacristia; tenho al Invocavam-no na Ladainha dos Santos
go a lhe dizer*.
"Acabado o catecismo, fui-lhe ao encontro. Do texto liturgico da cerimônia de Beatifica
*Vais partir para Lião, assim me falou, sem que eu ção de Joseph Kalinowski (Frei Rafael), nobre po
tivesse dito coisa alguma. Sabe, filha, que um lonês deportado para a Sibéria por razões políti
grande perigo lá te_ espera. Quando lâ te achares cas, e mais tarde frade Carmelita Descalço, fale
empregada pensa em mim e_ recomenda-te ~a "Deus * . cido em 1907:
"Chegamos a Lião,, onde durante três dias não "(Kalinowski) fez o longo e terrível ca
minho de Vllna à Sibéria, onde executou por três
encontrei emprego. Então entrei numa agência de
colocações. Atendiam ali dois homens. Expus-lhes anos trabalhos forçados, tendo sido considerado
minha situação, e ura deles me disse: *Busca uma como modelo de perfeita paciência pelos companhei
colocação? Pois bem, eu necessito de uma criada. ros de desterro, os_ quais não duvidavam em acres
Chegados a acordo, acrescentou: *Também é mister centar à_ladainha dos Santos: *Pela intercessão de
que a minha esposa a veja; venha encontrar-me era José Kalinowski, livrai-nos, Senhor*"! (Textus Li-
tal parte, às tres horas da tarde*. Aquele homem turglcT propril ln sollemní fíeatlflcatlone Vene-
morava era Mulatière. rabllium Servorum~~I)e~Raphaêlis Kalinowski^ Sacer-
dotls Professl ordlnls Carmelltarum Dlscalceato-
"Pui à hora marcada. Meu Deus! quão longo me rum, ac Albertl ChmiêTowskl Fundatorls congrega-
parecia o caminho! Cheguei enfim na confluência do tionum TPratrum et Sororum Pauperlbus Inservien-
Saona com o Ródano. Ali estavam muitos bateleiros tlum Sacrum "Feragendum a Ioanne Paulo ?f7 TT7
e trabalhadores. Ao voltar-me achei-me num deserto Cracóvia, 22-6-19^3)•
230. Secção II
XII
Mil
Tã Cônstantinopolitana) lhe dissessem: 1 Senhora
bendita, manda-me o vosso servo Fr. Leopoldo: fa
ze 1-rae esta graça*. E Nossa Senhora, cheia de bon- Alguns santos se salientaram
dade, movida por tão viva Fé fazia as graças".
(Fr. PEDRO DE VALDIPORRO OFM Cap., 0 servo de Deus pelo ãlseerolnjentQ doa espíritos
P. Fr. Leopoldo de Castelnoyo, Convento dos capu-
(ThinEÕs, Pádua, 2a. ed., p. 27 / Imprima-se: Jero- § pglQ asgrtO de suas deçigges
nimo, Bispo, Verona*/25-6-1948).
264. Pedia graças a Nosso Senhor 265. Pelo seu discernimento dos
Sacramentado por amor desse seu "santo" espíritos,' São Bento desmascara o impostor
f
Conta uma biografia do Pe. João Baptista Conta São Gregorio Magno na sua Vida de São
Reus (1868-1947), falecido em São Leopoldo (RS), Bento (480-547):
em odor de santidade:
"A felicidade que levava na alma sabia irra- "No tempo dos Godos, tendo o Rei Tótlla ouvi
diá-la aos qúe entravam era contacto mais íntimo do dizer que _o santo Varão (São Bento) tinha espí
com ele. Eis o que nos narra um testemunho expres rito de profecia, encaminhou-se rumo ao mosteiro,
sivo. *Tive a ventura^de viveri mais um ano e meio mas, detendo-se a alguma distância, enviou-lhe um
ao lado do P. Reus até a sua bem-aventurada mor recado anunciando sua visita. Como iraediatamente
te*. .... Ao passar Junto dele, sentia-me tomado responderam do mosteiro que podia ir, Tótlla, que
de respeito; parecla-me que da sua pessoa dimana era de alma desleal, tratou de verificar se era
certo que o Varão de~Deus possüTa espírito de pro
vam eflúvios de santidade.
fecia.
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vista de tanto luxo e trajes de púrpura, pudesse 267. As decisões de São Domingos eram
ser tido por Rei. tão acertadas que pareciam
reveladas pelo Espirito Santo
"Quando Rigo, assim revestido e acompanhado
de numerosa comitiva, entrou no mosteiro, o. Varão Conta o Beato Jordão da Saxônia, discípulo e
de Deus estava sentado a_ considerável distância. sucessor de São Domingos (1170-1221), no seu livro
Viu-o chegar e, quando se pôde-"fazer ouvir, gritou
dizendo! 'Deixa, filho,~~cíelxa tudo isto que levas, sobre a origem da Ordem Dominicana:
pois não e_ teu*. No mesmo instante, Rigo caiu por "Então (São Domingos) transferiu para Paris o
terra e estremeceu de pavor por se ter atrevido a
rir de tão grande Varão; e todos os que o acompa Mestre Reginaldo, não sem grande desolação dos fi
nhava na visita ao Homem de Deus também caíram, lhos que cora sua palavra evangélica havia engen
consternados, por terra. drado para Cristo e choravam ao ver-se tão cedo
privados de seus cuidados paternais.
"Quando se levantaram, não ousaram aproximar-
se, mas voltaram a seu Rei e, tremendo, lhe conta "Mas estas coisas se realizavam por vontade
ram cora que presteza haviam sido descobertos". divina. Era algo maravilhoso que o_ servo de Deus
(SÃO GREGORIO MAGNO, Vida de San Benito, Editorial São Domingos, ao enviar seus frades para esta ou
San Benito, Buenos Aires, 3a. ed., 1956, pp. 56-57
/ Imprlmatur: Ramón Novoa, Pro-Vicario General,
14-5-1956).
nos corações de todos os novéis jesuítas do lon com a caridade, não o dissesse a mais ningu ém. Pe-
gínquo Oriente. A todos e a cada um em particular lo contrário, enviou o fbeato! a alguns dl retores
costumava dizer: 1Irmãos, se agora estivéssemos na espirituais experimentados, para que o exe rcitas-
presença de nosso bendlto~~Fadre Inácio com toda a sem no trabalho corporal e na obediência, 0 santo
certeza ele reconheceria £ cada um melhor do que varão negou-se a admitir tal coisa; e não tardou
cada um se conhece a si^ mesmo”. (Pe. ALVINO BER- muito em ver-se, como diz Ribera, que ’ele era to-
THOLDO BRAUN SJ, Santo Inácio de Loyola, Vozes, do vaidade e loucura’”. (WILLIAM THOMAS WALSH,
Petrópolis, 3a. ed., 1956, p. 25^ / Com aprovação Santa Teresa de Avila, Espasa-Calpe, Madrid 1951,
eclesiástica). pp 299-300).
. ...
"Como outros santos, tinha (Santa Teresa) _o ”A santidade de S. Vicente de Paulo engrande
dom de saber distinguir os espíritos. -Diz Ribera
ce as qualidades naturais de sua Inteligência, ca
que uma noviça que c;pntava com os votos de toda a
comunidade e parecia muito apropriada para a vida ráter e da todas as potências de sua alma......
carmelita, disse à Madre: * Amanhã farei minha pro "Quando lhe propunham ura projeto, a sua pene
fissão. Esperarei minha mãe, se vossa reverência tração era completa, nada lhe escapava: via logo
mandar’. A que contestou a Santa: *Pois eu lhe di todas as vantagens ou inconvenientes, todas as fa
go que não professe na Ordem’. Não houve meio de cilidades ou obstáculos. Quando tomava uma resolu
fazer com que as súplicas da noviça e a interces ção, podia-se estar, certo de ser realizada, porque
são das outras freiras a fizessem mudar de pare tinha previsto todos os meios para consegui-la.
cer. A candidata voltou para a sua casa, caiu en Nunca abandonou uma obra começada, nem foi obriga
ferma de tuberculose galopante e morreu em poucos do £ voltar atrás e dizer: ’Eu me enganei *; o que
dias. .... teria dito, impelido pela sua extrema humildade;
mas não teve ocasião de dizê-lo, porque via as
”Uma vez a Santa se deteve de repente enquan
coisas até nas profundas circunstâncias.
to. falava e disse a uma freira que parecia escutá-
-la com todo recolhimento e humildade: ’Tu não "Esta viva penetração dava a S. Vicente de
sentes isso interiormente’. Igualmente descobriu Paulo uma ousadia singular, como consequência da
a tentação de que era vítima uma freira, sem que grandeza do seu espírito.
esta lhe tivesse dito nada sobre isso, e escreveu- "Mas a ousadia só é bela e justa, quando di
-lhe ura bilhete em que lhe dava um conselho sobre rigida, çovernada e continuada pelo bom senso. Sem
o caso. Seu discernimento não se limitava às coi estas tres qualidades Juntas, a audácia é um peri
sas que se referiam ao convento e às que estavam go e um erro. A união do bom senso com os dons da
sob sua vigilância. Fala Ribera de certo *homem penetração e da decisão torna uma alma capaz de
rústico *, a quem o público em geral, e inclusive
tudo. Ora, S. Vicente de Paulo possuia este raro
os homens instruídos, consideravam santo. Aconse bom senso, do qual ele era mestre, dizia Bossuet
lhado por alguém, foi ele visitar a Madre para (Floquet, Hist. de Bossuet, t. III, p. 6). Esta
dar-lhe conta das coisas de seu espírito e daque qualidade confere à alma uma sorte de infalibili-
las que Deus lhe havia comunicado. Teresa discer dade". (Pe. JERONlMÜ" PEDREIRA DE CASTRO, S. VlcefP
niu imediatamente que seu espírito não era bom. E te de Paulo, Vozes, Petrópolis, 19*12, pp. *111-1112
o disse ao seu confessor, embora, para não faltar 7~~Com aprovação eclesiástica).
-- -
238.
Secção II Secção II 239.
4 SlâãiS 2E2¥Ídençial>
q úm qu q siEiSffll âi 2E2£iSli
(Santo TOMAS DE AQUINO, Suma Teologlca — Tratado Belga, São Luís Gonzaga^ Santa Teresa, e muitos /
outros, como se ve em suas vidas, dignas de fé". '
de la Vida de Cristo, BAC, Madrid, Í95Í, Tomo 'Xll,
(C0RNÊLI0 A LAPIDE SJ, Commentarla in Sacram
pp. 207 e 209 / Imprlmatur: Fr. Franciscus OP,
Epi8copus Salmant., Í7-10-1951O• Scrlpturam — In Prophetam/ Proeraium).
277. "Em quase todos/os séculos, Deus 279. ”••• suscitai homens de vossa destra,
envia ao mundo varões perfeitíssimos" tais quais mostrastes a alguns de vossos
maiores servos, a quem destes luzes proféticas"
Escreve o famoso Jesuíta Pe. Pedro de Ribade-
neyra, discípulo de Santo Inácio, na sua vida do Da prece de São Luís Maria Grignion de
Santo: Montfort pedindo missionários para sua Companhia
de Maria, a famosa Oração abrasada:
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luminares e_ tochas celestiais, para que, abrasa trastes a alguns de vossos maiores servos, a quem
dos por seu amor e desejosos d,e imitá-lo e de al destes luzes proféticas, a_ um São Francisco cTê
Paula, a ura São Vicente Ferrer, a_ uma. Santa Cata
cançar a perfeição da vida crl.stã que o Evangelho
nos apresenta, atiçassem e despertassem o fogo que rina de Sena, e tantas outras grandes almas, no
o mesmo Senhor veio atear nos corações dos homens; século passado e até neste, em que vivemos". (São
e com seus exemplos vivos è palavras abrasadas LUIS MARIA GRÍGNlOirüfe MONTFORT,"Tratado da Verda
conservassem esse fogo e não o deixassem extin deira Devoção à Santíssima Virgem, Vozes, Petrópo-
guir-se ou acabar". (PEDRO DE RIBADENEYRA, Vida lis, 7a. ed., 1971, p. 301 / Com aprovação ecle
dei Blenaventurado Padre San Ignaclo de Loyola, in siástica) .
fílstorlas de ía Contrarrefõrma7 BAC, Madrid, T9^5,
3b / Imprlmatur: Casimiro, Obispo Aux. y Vic. 280. Ele era um homem de poder
Gen., 31-3-19^5 extraordinário, um profeta, um homem de Deus
278. Cornéllo a Lápide: neste nosso século Comentam D. Estevão Hilpisch e D. Pedro Alon-
consta terem sido favorecidos com sô, monges, respectlvamente, das famosas abadias
o espírito de profecia várioT Santos beneditinas de Maria-Laach (Alemanha) e Silos fEs-
panha), no seu livro sobre a obra de São Bento
(H80-5Í7): "Quando no ano de 590, foi chamado à Sé
Comenta o famoso exegeta Jesuíta do século
XVII: "No Novo Testamento foram profetas Cristo e de São Pedro, (São Gregório Magno) primeiro monge
244. Secção II 245.
Secção II
a quem coube tal honra, deu a conhecer que conti 282. No Concílio e^ fora do Concílio,
nuaria sendo verdadeiro amigo da vida monástica. 0 ele se tornou o árbitro universal
trono pontifício não o faria esquecer nem a leitu
ra das Sagradas Escrituras, nem a oração silencio De uma vida de São Bernardo de Claraval
sa, nem o culto litúrgico. Mais ainda, durante seu (1090-1153):
pontificado tomaria muitas medidas relativas aos
mosteiros e os protegeria em todas as suas neces "Dentro do Concílio e fora do Concílio, todos
sidades. Mas sua obra mais importante a esse res os olhares estavam cravados em Bernardo. Dia e
peito seria a de escrever a vida de São Bento. Es- noite, os visitantes o assediavam, deitando-se
timava-o por cima de tudo e falava sempre dele com diante de sua porta, impacientes por entrar, por
grande veneração. Para ele, São Bento era um homem lhe fazer perguntas. Ele tornou-se o^ árbitro unl-
de poder extraordinário, um profeta, um homem de versal, com o qual se contava^ de crise em crise,
Deus, um pai venerávejT7 ura mestren. (Dom ESTEBÃ7J para tirar a~Igreja dos embaraços"I (GÉORGES G0-
HíLPÍSCfTy Dom PEDRO ALONSO, San Benlto y Su Obra,
YAU7 Saint Bernard, E. Flammarion, Editeur, 1948,
Desclée de Brouwer, Bilbao, 19Ó2, p. 151 / Imprl- p. 9*0-
matur: Isaac Maria Toribios Ramos, Abad de Silos).
*
•
"Um homem de Assis, muito simples, estendendo
4
*
aos seus pés £ capa e_ a_ túnica, proclamava-o digno
A
de veneraçao. Dizia que era destinado pelo Ceu £
.
a.
grandes" coisas, e a ser honrado por todos no mun
do". CROMEO ClANCHírTTA, Asslsi, Arte £ Storla nel
Secoll, Plurigraf, Narnl-Terni, p7 44).
"Enfim, cercada de ura esplendor ainda mais 289. Graça excepcionalmente poderosa:
fulgurante, brilhava a figura de Santa Catarina de "a graça de chefe"
Sena: filha de operários, humilde terceira domini
cana, torturada pelos sofrimentos; enquanto vivia De uma vida da Beata Maria da Encarnação
num estado contemplativo cujos mistérios espantam (1599-1672), que depois de viúva abraçou a vida
nossa Inteligência, demonstrava, nas coisas do religiosa na' Ordem das Ursulinas e se tornou a
mundo, um génio admiravelmente prático; achava primeira freira missionária da História da Igreja,
acentos convincentes ,para pregar a paz, a união, a trabalhando 43 anos entre os Indígenas do Canadá.
Justiça, numa época em que tudo era dissensão, Foi grande mística:
discórdia e violência, não só na cidade, mas tam
bém na Igreja universal. "Mas eis um segundo favor do Coração de Je
"Somente por sua autoridade santa, tornou-se, sus. Desta vez se trata de uma graça verdadeira-
mocinha' ainda, a conselheira atendida do papa js mente especial, eminente, que Dom Jamet, seguindo
dos governos, o_ êrbltro da cristandade, e^ apare Dora Cláudio Martin, chama de á 1 graça de chefe'.
ceu como ura dos tipos mais extraordinários <e mais "Esta 'graça de chefe' ultrapassa ji pessoa, ji
puros desta sorte de profetlsmo que em certas ho alma que a_ recebe. E uma graça excepcionalmente
ras de crise excepcional, apraz a Providência fa poderosa, quê o SenKbr concede, como ensina ITT
zer surgir ao lado da hierarquia eclesiástica". João dê Cruz, 'sobretudo às almas~~cuja virtude _e
(PÃULO THUREAU-DANGIN, São Bernardino de Sena, Vo espírito devem propagar-se na sucessão de seus
zes, Petrópolis, 1937, p. 16/ Còm aprovação ecle- filhos espirituais'.
siástica, 23-6-1937).
"Dom Cláudio não deixa de ter um filial e
santo entusiasmo com relação à sua admirável mãe
288. "Vários papas se ocuparam (a Beata Maria da Encarnação). 'Deus, escreve,
atlvamente em promover a que a havia escolhido para ser a pedra fundamental
canonização da profética donzela" de um edifício que devia durar até o fira do mundo,
lhe concedeu uma graça de chefe, quer dizer, uma
Da História dos Papas, de L. Pastor: graça eminente, que não devia servir somente à sua
santificação, mas que devia ainda aproveitar às
"Na Corte pontifícia não se esquecia o quanto pessoas que viviam cora ela e àquelas que lhes de
a Santa Sé devia àquela humilde religiosa (Santa viam suceder até à consumação dos séculos'. ....
Catarina de Sena); vários Papas, principalmente Esta graça de chefe e de fonte, acrescenta Dom
Qregório XII, ocuparam-se atlvamente em promover a Martin, .... consiste nas luzes da ciência .... e
canonização da profética donzela de Sena; somente no exemplo de uma vida santa e sublime .... A Ma
as calamidades dos tempos, e tambenT a susceptibi- dre da Encarnação, prossegue, deixou tantos escri-
250. Secção II
Secção II 251*
tos .... que todas as filhas que viverem no seu
Mosteiro, até o fim dos séculos, aí encontrarão marial; na descoberta das mais profundas e mais
abundantemente de que se Instruírem elas próprias, abundantes fontes da vida sobrenatural.
e de que ensinar aos outros segundo o espírito de "Grignion seria colocado como uma estátua
sua vocação; e sua vida foi tão santa e tão cheia sobre a montanha: de maneira a ser visto pelas ge
de virtudes heróicas, que ela lhes será para sem rações futuras. Ura certo recuo seria necessário
pre, um modelo a Imitar”. (Chanoíne J. L. BEAU- para o Julgar bem. Visto de muito perto, é uma
MIER, Marle Guyart de I/Incarnatlon, Editions du força abrupta, ura gigante cujas proporções e cujas
Bien Public, Trois-Rivières, 1959, PP* 85-86 / Im linhas nós não captamos pelo olhar, e cuja harmo
prima tur: Georglus Leo Pelletier, Episcopus Tri- nia nos escapa. Seus mestres, seus condiscípulos,
fluvianen, 30-5-1959). seus confrades, seus superiores eclesiásticos ti
veram muita dificuldade para compreendê-lo; muitos
\ dentre eles teriam desejado ocultá-lo sob a terra,
290. Pela ousadia de sua palavra inspirada, escondê-lo sob o alqueire, porque ele chocava seu
foi considerado como um profeta senso de medida, porque ele não estava de ãcõrdo
com Seu"""*cânon * estético e moral, porque ele não j
Sobre São Luís Maria Grignion de Montfort sê aiinhava"~hãs~'categorias classificadas. Sendo/
(1673-1716), diz um seu biógrafo: gênio excepcional, declaravam-no gênio bizarro".1
(GEORGES RIGAULT, Salnt Louls-Marie Grignion de
"Ao término do.primeiro sermão, o pregador Montfort, Les Traditions Françaises, Touj*coing,
(São Luís Maria Grignion de Montfort), pela ousa 1947, p* 10 / Imprimatur, Joannes Baptista Megnin,
dia de sua palavra inspirada, foi considerado como Episcopus Engolismensis, 28-4-1947).
um enviado do céu,' como um profeta. Sua voz clara,
penetrante, que se ouvia-Bem era todos os recantos,
seus gestos expressivos, a sublimidade dos pensa 292. Deus elegeu Beata Ana Maria Talgl,
mentos, o encanto e a originalidade de suas ex como "vítima pela Igreja £ por.-Roma"
pressões, a unção e a força que acompanhavam todas
as suas palavras, todo seu conjunto enfim cativava De uma vida da Beata Ana Maria Taigi
os espíritos e submetia as vontades". (J.M. TE- (1769-1837):
XIER, São Luís Maria Grignion de Montfort, Vozes,
Petrópolis, 1948, p. 185 / Com aprovação eclesiás- "'Sem efusão de sangue não há remissão'. Pois
tica). 1 bem, Deus elegeu esta mulher humilde (Beata Ana
Maria Taigi), para obter a remissão do mundo. Nun
ca, desde o Grande Cisma do Ocidente, houve uma
291• "Um intrépido realizador de um ideal, miséria espiritual semelhante, no reino de
um precursor, um profeta" Cristo.Deus é escarnecido, expulso de milhares de
templos, o clero é dizimado, os Papas arrastados
Sobre São Luís Maria Grignion de Montfort, de prisão em prisão, a Cristandade se afunda em um
comenta outro autor: rio de sangue. Não há um só sacerdote nos exérci
tos da Revolução e do Império, para absolver os
"Luís Grignion foi um desses homens estra moribundos.
nhos e^ admlravels: um intrépido realizador de um
ideal, um precursor, um profeta. Deus o destinava "Era necessária uma vitima expiatória.
a tarefas sobre-humanas. Ele lhe designava uma Substituição ininteligível para o racionalis-
missão que ultrapassaria de muito a duração de sua mo. ....
existência terrestre; um papel na ressurreição da "A Santa, atestam Monsenhor Pedlcini, Monse
França católica; no desenvolvimento*da teologia nhor Hatali e o Pe. Felipe, foi 'vitima pela
Igreja e por Roma'....
252. Secção II 253-
Secção II
"Seu papel essencial (da Beata Ana Maria Tai- que Tereslnha foi 1 favorecida de luzes sobrenatu
gl) £ o <ie sustentar o papado mediante suas ora rais sobre a sua missão futura1, e ajunta que, ’a
ções...... Os príncipes da Igreja vão à sua casa, não nos revoltarmos contra a evidência, precisamos
alguma vezes, solicitar seus conselhos, mas suas reconhecer que a Irmã Teresa do Menino Jesus, nos
armas preferidas são o silêncio e a Imolação". últimos dias de sua vida, obteve uma revelação
(ALBERT BESSIERES SJ, La Beata Ana Maria Taigi, sobrenatural da sua santidade e da sua missão pro
Desclée de Brouwer,' Buenos^Air es, 19*12, pp. 139 e videncial1. Lembra nesta altura as palavras com
151 / Puede lmprlmlr-se: Mons. Dr. Antonlo Rocca, que Bento XV declarou que Tereslnha foi agraciada
Oblspo de Augusta y Vlcarlo general, Buenos Aires, com o dom de profecia.
28-3-19^2).
"De qualquer forma, fosse por intuição ge
nial, fosse por dom de profecia, o que não sofre
293- Bento XV; Santa Tereslnha foi dúvida é que a nossa Tereslnha claramente predisse
agraciada com o dom de profecia o esplendor de prodígios de que hoje o mundo in
teiro é testemunha". (Pe. ANTONIO FEITOSA, Santa
De uma vida de Santa Tereslnha do Menino Je Tereslnha, a Violeta de Llsleux, Vozes, Petrópo-
sus (1873-1897): lis, 2a. ed. refundida, 1955, pp. 274-275 / Impri-
matur: D. Manuel Pedro da Cunha Cintra,
"Numa confidência com a Madre Inês de Jesus, 20^1955).
Tereslnha declarou: fPara a minha missão, como pa
ra a de~7òana d‘Arc„ a~ vontade de Deus cumprlr-se-
-a apesar da Inveja dos homens1".^ ajuntou que 294. Tal era o discernimento dos
espíritos de Madre Teodora Volron,
Nosso Senhor havia de servir-se da ‘História duma
Alma1 para fazer bem às almas..... que as alunas se confessavam
ante3 de se apresentarem diante dela
"Refere ainda a Madre Inês de Jesus ter ouvi
do de Tereslnha, Já quase sem vida, as seguintes De uma biografia de Madre Teodora Voiron
palavras proféticas, que tiveram a mais completa (1835-1925), fundadora da Província Brasileira das
confirmação: ‘Depois da minha morte, irá para o Irmãs de São José:
lado da caixa do correio. Ali encontrará muitas
consolações *. "— Uma de suas alunas costumava dizer: ‘Não
falo com Madre Teodora sem me confessar, porque
"Que é que Madre Inês encontrou na caixa do ela adivinha até os pensamentos da gente1. — Pre
correio? Inumeráveis cartas pedindo retratos e re disse ao meu mano, com dez anos de antecipação,
líquias da Santa, e outras tantas narrando mila
que ele seria Ministro depois Deputado, e tudo se
gres de primeira ordem..... realizou". (OLIVIA SEBASTIANA SILVA, Madre Maria
"Tão inteiro cumprimento em coisas tão de an Teodora Volron, Editora "Ave Maria", Saõ Paulo,
temão prognosticadas, deixa bem fora de dúvida que T94&, p. 391 / Com aprovação eclesiástica).
a Irmã Tereslnha claramente previu a sua missão
póstuma. Até aqui sao convergentes os autores. Pa-
rece divergirem na interpretação. A confidência em
que a Santa falou de voltar ao mundo para fazer
amar o amor e passar o seu céu a fazer bem sobre a
terra, diz o Pe. Martin que foi uma ‘profecia1; £
Mons. Lavellle, que foi uma ‘confidência proféti
ca1. Admitem, ao que parece, a hipótese, rejeitada
pelo Pe. Eymieux, de uma ‘revelação precisa1.....
0 Pe. Petitot opina que ‘era tais previsões, o gê
nio entra com largo quinhão1, mas afirma também
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De um Curao de Religião:
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ponderam-lhe : Como poderá alguém saciá-los de pão vam a Deus, dizendo: Nunca tal vimos11 (Mr. II, 1 a
*
aqui no deserto? E (Jesus) perguntou-lhes: Quantos 12).
• ,
pães tendes? Responderam: Sete.
"E ordenou ao povo que se recostasse sobre a
305. Ajs_ multidões apertavam e comprimiam
terra; e tomando os'''sete pães, dando graças, par
q Divino Mestre, e Ele entretanto pergunta:
tiu-os e deu a seus discípulos, para que os dis
tribuíssem; e eles os distribuíram pelo povo. Ti 11 Quem me tocou?”
nham também uns poucos de peixinhos; e ele os
Do Evangelho de São Lucas:
abençoou, e mandou que fossem distribuídos. Come
ram e ficaram saciados, e, dos pedaços que sobeja
M-íi
”E aconteceu que, tenda voltado Jesus, foi
ram, levantaram sete cestos. Ora qs que comeram recebido pela multidão; pois todos o estavam espe
■
eram cerca de quatro mil. Em seguida T^esus) des rando. E eis que veio um homem, chamado Jairo, que
pediu-os'1 (Mr. VIII, 1~9). era príncipe da sinagoga; e lançou-se aos pés de
Jesus, implorando-lhe que fosse a sua casa, porque
304. 0s_ que transportavam o paraílítlco tinha uma filha única com cerca de doze anos, que
estava a morrer. E sucedeu que, enquanto Jesus ia
tiveram que destelhar a casa
caminhando, era apertado pelo povo. E uma mulher,
para põ-lo diante do Divino Mestre
que padecia fluxo de sangue fia doze anos, e tinha
dispendido cora médicos todos os seus bens, sem po
Do Evangelho de São Marcos:
der ser curada por nenhum deles, aproximou-se por
"E, alguns dias depois, entrou Jesus outra detrás e tocou a orla do seu vestido; e, imediata
vez em Cafarnaum. E_ soube-se que ele estava em ca- mente, parou o fluxo do seu sangue. E Jesus disse:
sa> !L Juntou-se multa gente, de modo que não~~cabia Quem me tocou? E, negando todos, dlssê~Pedro e os
nem mesmo diante da porta; e ele pregava—lhes ã que com ele estavam: Mestre, as multidões apertam-
palavra. E foram ter com ele, conduzindo um para -te e_ oprimem-te, e tu perguntas: Quem me tocou? E
lítico, que era transportado por quatro. E, como Jesus disse: Alguém me tocou, porque conheci que
não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, saiu de mim uma virtude. E a mulher, vendo-se des
descobriram o teto pela parte debaixo da qual es- coberta, foi tremendo, e prostrou-se a seus pés, e
tava (JesusT"; e_, tendo feito uma abertura, arria declarou diante de todo o povo a causa porque o
ram o. leito, em que jazia o paralítico. E, quando tinha tocado, e como ficara logo sã. E ele disse-
Jesus viu a sua fé, disse ao paralítico: Pilho, -lhe: Filha, a tua fé te salvou; vai em paz.
são-te perdoados os teus pecados.
267.
2 66. Secção III Secção UI
"Ainda ele não tinha acabado de falar, quando que está defronte de vós, e logo encontrareis pre
sa uma Jumenta e o seu Jumentinho com ela; des
veio um dizer ao príncipe da sinagoga: Tua filha
morreu, não o incomodes. Mas Jesus, tendo ouvido prendei-a, e trazei-ma. E, se alguém vos disser
estas palavras, disse ao pai da menina: Não temas, alguma coisa, dizei que o Senhor precisa deles; e
crê somente e ela será salva. E, tendo chegado à logo os deixará trazer. Ora tudo isto aconteceu,
para que se cumprisse o que tinha sido anunciado
casa, não deixou entrar ninguém com ele, senão Pe
pelo profeta, que disse: Dizei à filha de Slão:
dro e Tiago e João, e o pai e a mãe da menina. En
tretanto todos choravam, e a lamentavam. Porém, Eis que o teu rei vem a ti manso, montado sobre
ele disse-lhes: Não choreis, a menina não está uma Jumenta, e sobre um Jumentinho, filho da que
morta, mas dorme. E zombavam dele, sabendo que es leva o Jugo. E, indo os discípulos, fizeram como
tava morta. Então Jesus, tomando-a pela mão, le Jesus lhes ordenara. E trouxeram a Jumenta e o Ju
vantou a voz e disse: Menina, levanta-te. E o seu mentinho, e puseram sobre eles os seus vestidos, e
fizeram-no montar em cima (do Jumentinho). E £ po
espírito voltou (para o seu corpo), e levantou-se
imediatamente. E Ele mandou que lhe dessem de co vo, em grande número, estendia no caminho os seus
mer. E seus pais ficaram cheios de assombro, e vestidos; e_ outros cortavam ramos~de árvores, _e
(Jesus) ordenou-lhes que não dissessem a ninguém o juncavam com eles £ estrada. E as multidões que o
precediam, e as que iam atrás, gritavam, dizendo:
que tinha acontecido" (Lc. VIII, 40 a 56).
Hosana ao Filho de David! Bendito o_que vem em no
me do Senhor! Hosana no mais alto dos céus! E,
306. Em qualquer lugar>onde Nosso Senhor quando entrou em Jerusalém,alvoroçou-se toda _a
chegasse, os enfermos afluíam £ cidade, dizendo: Quem é este? E os povos diziam:
Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Gali-
lhe imploravam que os deixasse tocar
ao menos a orla do seu vestido léia".....
"E, quando os príncipes dos sacerdotes e os
Do Evangelho de São Marcos: escribas viram as maravilhas operadas por Ele, e
os meninos gritando no templo, e dizendo: Hosana
"E, tendo passado à outra banda, foram ao ao Filho de David! indignaram-se, e disseram-lhe:
país de Genesaret, e lá aportaram. E, tendo desem Ouves o que estes dizem? E Jesus disse-lhes: Sim.
barcado , logo o conheceram; e, correndo por todo Nunca lestes: J3a boca dos meninos e_ das crianças
aquele país, começaram a. trazer-lhe de todas as de leite tiraste £ perfeito louvor?tendo-os
partes os doentes em leitos, onde sabiam que ele deixado, retirou-se Jesus para fora da cidade, pa
estava. E, em. qualquer lugar £ qúe chegava, (fos ra Betânia; e lá ficou" (Mt. XXI, 1 a 11 e 15 a
se) nas aldeias ou nas vilas ou nas cidades, pu
nham os enfermos no meio das pragas, e pediam-lhe 17).
que os deixasse tocar ao menos a orla do seu ves
tido; e todos os que o tocavam ficavam sãos" (Mr.
VI, 53 a 56). 308. "S£ eles se calarem, as
próprias pedras clamarao" "
Descrição da entrada triunfal de Nosso Senhor
307. "Da boca dos meninos e das crianças de
em Jerusalém por São Lucas:
leite tiraste £ perfeito louvor"
"E, dito isto, ia Jesus adiante subindo para
Descrição da entrada triunfal de Nosso Senhor Jerusalém. E aconteceu que, quando chegou perto de
em Jerusalém por São Mateus: Betfagé e de Betânia, no monte que se chama das
Oliveiras, enviou dois dos seus discípulos, dizen
"Aproximando-se de Jerusalém, e, chegando a do: Ide a essa aldeia, que está fronteira; entran
Betfagé, junto do monte Olivete, enviou Jesus dois do nela, encontrareis um Jumentinho atado, em que
dos seus discípulos, dizendo-lhes: Ide à aldeia,
269.
268. Secção III
Secção III
dele, segundo está escrito: Não temas, filha de
nunca montou pessoa alguma: desprendel-o e trazei- Sião; eis que o teu Rei vem montado sobre um Ju
-o. E, se alguém vos perguntar porque o soltais, mentinho. A princípio os seus discípulos não com
dir-lhe-eis: Porque o Senhor tem necessidade dele. preenderam estas coisas, mas, quando Jesus foi
"Partiram, pois, os que tinham sido enviados, glorificado, então lembraram-se de que estas coi
e encontraram o Jumentinho, como o Senhor lhes sas tinham sido escritas dele, e que eles mesmos
dissera. E, quando desprendiam o Jumentinho, dis tinham contribuído para o seu cumprimento. A mul
tidão, pois, que estava com ele, quando chamou Lá
seram-lhes os seus donos: Porque soltais vós esse
Jumentinho? E eles responderam: Porque o Senhor zaro do sepulcro e o ressuscitou dos mortos, dava
tem necessidade dele. E levaram-no a Jesus. E testemunho dele. E, por isso, lhe saiu ao encontro
lançando sobre o Jumentinho os seus vestidos, fi- a multidão; porque ouviram dizer que tinha feito
zeram-no montar em cima. E, à_ sua passagem, (as este milagre. Portanto 03_ fariseus disseram entre
multidões) estendiam os seus mantos no caminho. "E7 si: Vedes que nada aproveitamos? Eis que todo o^
quando Já ia chegando à descida do Monte das Oli mundo vai após ele" (Jo. XII, 12 a 19)•
veiras, toda ci multidão dos seus discípulos come
çou alegremente louvar a_ Deus em altas vozes por
todas as maravilhas que tinham visto, dizendo: 310. São Francisco de Assis recebia as
Bendito o rei que vem em nome do Senhor, paz no honras que lhe prestavam, como as
céu e glória nas alturas. recebem os quadros e estátuas nas igrejas
"Então alguns dos fariseus (que se achavam) Conta Joergensen em seu conhecido livro sobre
entre o povo, dlsseham-lhe: Mestre, repreende os São Francisco de Assis (1181-1226):
teus discípulos. Mas ele respondeu-lhes: Digo-vos
que, se eles se calarem, clamarao as mesmas pe "Este último trecho da viagem de Francisco
dras" TEc. XIX, 28 a 40). pareceu quase uma marcha triunfal. Quando o Santo
se aproximava de uma cidade, t<jdos os sinos toca
vam: o povo la em multidão encontrar-se com ele,
309. Despeito d_os fariseus: todo o com palmas na mao, e^ conduzla-o, em procissão so
mundo segue a Nosso Senhor! lene, ate a casa do pároco, Junto ao qual Francis
co costumava alojar-se. Ali eram levados pães, pa
Entrada triunfal de Nosso Senhor em Jerusalém ra que ele os benzesse, e, depois eram conservados
segundo São João: i como relíquias. E a miúdo ouvia-se repetir pela
multidão o grito, que tão facilmente ressoa na
"E, no dia seguinte, uma grande multidão de Itália: 'Eis o Santo!'
povo, que tinha ido à festa, ouvindo dizer que Je "Os seus próprios discípulos achavam excessi
sus la a Jerusalém, tomaram ramos de palmas, _e vas essas honras. Multas vezes, tal como os após~
saíram ao seu encontro, e clamavam: Hosana! Bendi
to o que vem em nome do Senhor, _o rei de~Tsrael! E tolos já o haviam feito ao Divino Mestre, pergun-
Jesus encontrou um Jumentinho, e montou em cima tavam-lhe: 'Não ouves o que diz esta gente?' Mas
Francisco costumava responder que considerava
aquelas homenagens como as que se prestam aos qua
dros e^ às estatuas nas igrejas; figuras estas que,
para os cristãos, nao passam de imagens de Deus; e
dizia que a sua carne, o^ seu sangue, ji sua própria
pessoa tinham tanta parte, naquelas honrarias que
ele recebia, quanto a_ madeira ou a_pedra nas ima
gens veneradas.
270. 271.
Secção III Secção III
"Mas, com o correr do tempo, Francisco Julgou completaraente são à sua mãe, mandando a esta que
não dissesse isto a ninguém. Mas ela, voltando à
esta resposta insuficiente, e sentiu-se sempre
mais constrangido ante aquelas aclamações da mul sua casa com grande alvoroço, em companhia de seu
tidão: de modo que procurava, ao menos, humilhar- filho, contou tudo o que havia acontecido, de tal
maneira que chegou aos ouvidos do Sumo Pontífice.
-se a si mesmo o mais que podia: 'Não me louveis
demasiadamente, dizia ele ao povo, porque ainda Este quis que este milagre fosse contado a todos
na pregação pública; porém, o bem-aventurado Do
posso ter filhos e filhas!' Ou então exclamava:
'Se Deus tivesse concedido a um ladrão tantas gra mingos, verdadeiro amante e custódio da humildade,
não consentiu que assim se fizesse, declarando que
ças quantas tem concedido a mim, ele lhe seria
bastante mais reconhecido!''' (JOHANNES JOERGENSEN, se isto se realizasse, partiria para o outro lado
São. Francisco de Assis, Vozes, Petrópolis, 1957, do mar, às terras dos sarracenos, e não pisaria
pp. 20*1-205 / Com aprovação eclesiástica). mais nestas regiões. Temeroso o Pontífice de que
assim o fizesse, desistiu do empenho de dar publi
cidade ao fato.
311. "Deixai-os fazer, "Ma3 o Senhor, que disse no Evangelho: '0 que
£ que saciem c> seu fervor" se humilha será exaltado' , e costuma honrar e_ glo
rificar os seus fiéis contra a vontade e^ os dese
A Beata Cecília Romana (1203-1290), na sua jos distes, excitou desde então de tal mocTõ a de-
relação dos milagres que realizou São Domingos em voção dõ povo e dos poderosos em favor do bem-
Roma, refere o seguinte: -aventurado Domingos, que em todas as partes o
consideravam como um anjo de Deus, e_ as_ pessoas
"Certa mulher, residente em Roma, que perten que podiam tocar-lhe, ou as que pudessem ter como
cia à Paróquia de São Salvador in Perfllls de Bu- relíquia algum fragmento de suas vestes, sentlam-
vallschls, chamada Dona Tuta, _a qual pFõfessaya -se afortunadas, pelo que sua capa foi retalhada
uma terna devoção ao bem-aventurado Domingos, ti- de tal maneira, que apenas lha chegava aos Joe
nha um f-ilho unico, criança ainda, gravemente en lhos. E_ aos frades que se opunham ji que se despe
fermo. Um dia era que São Domingos pregava na igre daçassem assim suas vestes, dizia o_ bem-aventurado
ja de São Marcos, daquela cidade, a referida se padre, celebrando ^ devoção daqueles:
nhora, premida pelo desejo de ouvir de seus lábios
a palavra de Deus, foi para a igreja, deixando seu " ' Delxal-os fazer, e_. que saciem seu fervor' " .
filho doente em casa. Ao regressar, depois de con (BEATA CECÍLIA ROMANA, Relaclón de los mllagros
cluído o sermão, encontrou-o morto. Abatida por obrados por Santo Domingo en Roma, in Santo Domin
go de Guzman visto por sus contemporâneos, BÀC,
uma extraordinária aflição, mak afogando seu des Madrid, 1947, pp. 4Ò1-462 / Imprlmatur: Cãsimiro,
gosto com o silêncio, confiada no poder de Deus e^ Obispo Aux. y Vic. Gen. 30—5—19^7) .
nos méritos do bem-aventurado Domingos, tomou con
sigo o cadáver de seu filho e foi, acompanhada de
suas criadas, até a igreja de São Sixto, onde vi
via então o bem-aventurado Domingos, com os fra 312. "...e não só permitia
des...... Entrando, encontrou o Santo de pé Junto que lhe prestassem aquela homenagem,
da porta do Capítulo, como se esperasse algo. E mas antes os louvava por isso"
ela, olhando para ele, pôs o filho aos seus pés e
De uma antiga Vida de São Vicente Ferrer
prostrada começou a suplicar-lhe, com lágrimas,
que o ressuscitasse. Então, o bem-aventurado Do (1350-1419):
mingos, compadecido de dor tão veemente, afastou-
"Tudo isto nascia de uma profunda humildade,
-se um pouco dela e fez uma breve oração, depois a qual fazia que a ninguém tivesse em menor conta
da qual levantou-se e, aproximando-se do menino,
traçou sobre ele o sinal da cruz. Tomando-o depois do que se tinha a si mesmo, mas antes tivesse a
pela mão, levantou-o vivo e incólume e o devolveu todos em muita conta.
272.
Secção III Secção III 273.
Quanto mal3 se humilhava São Vicente Ferrer,
mais o exaltavam veito, pouco a pouco dissimulou com elas; e_ não só
permitia qü~e~~ihe fizessem aquela honra, mas antes
"JE, pois, ele se humilhava diante de todos, e as louvava por isso, dizendo-lhes que faziam bem
todos o honravam. (D Papa Bento, com seus Cardeais,
em honrar a_ Deus em seus ministros e_ pregadores.
£ Imperador Sigismundo, òs Reis de Castelã^ Aragao
e InglateTra, os Bispos £ Abades, e os Prelados de
Referia tud£ a Deus e se humilhava
todas as Ordens parece que não se desvelavam senão diante ~do SenKor
em pensar como o_ honrariam. Não que ele, como se
diz, , lhes alisasse o pêlo, nem os adulasse, pois "Todas aquelas honras, ele as referia a Deus,
isso ele não fazia, antes repreendia muito às cla e dizia cora o coraçao e com os lábios: Non nobls,
ras os seus defeitos; mas procedia nas repreensões Domine, non nobls, sed nomlnl tuo da gloriam
tão mansamente e com tanta educação, que mal se Nãõ ã nós, Senhor, nao a nós, mas ao teu nome dá
achou alguém que se aborrecesse de suas repreen glória (Salmo 113 B, 1). Para evitar a vanglória
sões. Diziam que era um anjo enviado por Deus para
que de semelhantes honras se lhe podia oferecer,
dizer-lhes as verdades; e quanto mais os repreen antes de entrar nos lugares, seguindo o conselho
dia e avisava de suas culpas, mais o queriam. de Nosso Senhor que diz: Orate ut ne intretls ln
Saíam-lhe ao encontro, como fariam para receber tentatlonem — Orai para que não entreis em tenta-
ção (Mt. 26, 41; Mc. 14, 38), ajoelhava-se com os
São Paulo
que vinham em sua companhia e, as mãos posta3 em
"Em multas cldaàes, saíam para recebê-lo em oração, erguia os olhos com lágrimas ao céu. Devia
procissão com pendões e_ bandeiras, os clérigos então o Santo rogar a Deus que o guardasse da so
vestidos de roupas sagradas, com £Cruz £ relí berba e da vanglória, a qual (como diz Santo Agos
quias _e outras coisas sagradas, do modo que sai tinho) está sempre espreitando nossas boas obras,
riam ao encontro de São PaulõT se viesse pregar- para que se percam diante do conspecto divino. E
-lhes. E porque todos o queriam tocar e beijar-lhe para que se veja o quão longe estava de alegrar-se
a mao, ou tomar-lhe algum pedaço da roupa, inúme da honra que lhe faziam, e da autoridade que lhe
ras vezes foi necessário fazer uns quadros de ma davam, basta saber que, algumas vezes, pedindo-lhe
deira e_ colocá-lo no melo, as~vezes a_ pe t ^outras os enfermos a bênção para alcançar de Deus a saú
vezes montado em seu burrico, conforme vinha. Mas de, não queria dá-la, para fugir da vanglória; se
já que nao podiam tocar nele, atiravam suas roupas bem que, depois, movido de misericórdia, fazia o
para que alcançassem pelo menos o_ burrico. que lhe rogavam, e os despedia muito contentes".
(Fray VICENTE JUSTINIANO ANTIST, Vida de San Vi-
No começo ele repreendia quem o honrava em demasia cente Ferrer, in Biografia y Escritos de San Vi
cente Ferrer, BAC, Madrid, 1956, pp. 13*3-134 / im
"Diz Flamínio, que quando começaram a_ usar prima tur: Hyacinthus, Ep. aux. y Vlc. gen., Valen-
estes modos de reverência, São Vicente os repreen tiae, 9^6-1956).
dia por isso, e dizia-lhes que eram idólatras,
pois não sendo ele santo, tomavam pedaços de sua
roupa ou pelos de seu burrico como relíquias. 313. nHá trinta £ seis anos
"Também fugia das entradas solenes nas cida que estou em Ars
des . £ ainda não me zanguei"
Mas vendo £ proveito das almas, não só permitia, Da vida de São João Maria Vianney, o Cura
como louvava a quem o_ honrasse d f Ars (1786-1859):
"Mas depois, vèndo que com aquela reverência "Ura dia, foi em 1854, ao sair do catecismo,
que lhe prestavam as pessoas importantes, o_ povo enquanto passava da igreja à casa paroquial, teve
dava mais valor a seus sermões e_ tirava maior pro- de suportar tais importunações, uns queriam cor-
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carapina piemontesa. Ura dístico latino dizia: •Sus-
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tollunt humerl8 festo clamore Ioannem — laetantes
luvenes quem allt unus amor1: com festivas aclama-
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amor conduzem .sobre os ombros o sacerdote João
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Bosco" (São JOAO BOSCO, Memórias dei Qratorlo ln
Biografia £ Escritos de San JuãrTBõsco, BAC. Ma
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1955> pp» 183-18T~/ Imprlmatur: José Maria,
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Ob. Aux. y Vic. gral., 13-5-1955).
g lQUYQces ãg que s§q §1yq,
g sem se deixarem afetar pela vaidade?
ca conta, ^á que para Isso £ preciso ter autori que tal £ um melo necessário para o_ proveito das
dade sobre £ proximo, e_ que ele tenha boa opinião almas. E isto, diz São Gregorio, não é alegrar-se
£ nosso respeito e nos e3tlme. E assim parece que com a própria estima e bom conceito, mas sim com o
não será mau, mas pelo contrário bom, desejar ser proveito do próximo, o que é coisa muito diferen
mos estimados e considerados pelos homens. te. Uma coisa é alguém amar a honra e a estima
humana em si mesma, detendo-se nela pela própria
A solução dos santos: para uma finalidade boa satisfação que lhe vem de ser grande e considerado
£ para a gloria de Deus podemos aceitar as honras na opinião dos homens; e isto é mau. Outra coisa é
e £ estima dos homens quando se tem amor a isto pelo proveito do próximo
e para o bem de sua alma; e isto não é mau, mas
"Desta dúvida tratam os gloriosos São Basí- bom. E_ desta maneira bem podemos desejar £ honra e
lio, São Gregório e São Bernardo. E respondem mui a estima do mundo, e que se tenha boa opinião _a
to bera a ela: ainda que seja verdade que deve nosso respeito pela maior gTórla de Deus e_ por ls-
mos fugir da honra e estima do mundo, pelo grande to 3er necessário para a_ edificação do próximo e
perigo que há nisso; e que, pelo que nos diz res para fazer frutificar suas almas; porque isto não
peito, devemos sempre desejar ser desprezados e e deleitar-se cora sua honra e estima, mas com o
tidos em pouca conta, entretanto, para alguma fi proveito e o bem do próximo, e com a maior glória
nalidade boa, do maior serviço de Deus, podemos de Deus. Como aquele que por razão de saúde quer o
desejar, lícita e santamente, a honra e a estima fí remédio que naturalmente rejeita, o querer o re
dos homens. médio é amar a saúde: assim aquele que, desprezan
do a honra humana, a quer e admite por ser no caso
São Bernardo: às vezes podemos querer santamente um meio necessário ou proveitoso para o serviço de
que não conheçam nossas faltas Deus e bem das almas, diz-se verdadeiramente que
ele não quer nem deseja senão a glória de Deus.
"E assim diz São Bernardo que é verdade que, si
no que nos toca, devemos querer que os outros co Critério para conhecer quando é^bom
nheçam e sintam de nós o que nós mesmos conhecemos •e quando £ mau desejar as honras
e sentimos, para nos ter na conta era que nós mes £ a estima dos homens
mos nos temos. Mas muitas vezes, diz ele, não con x
vém que os outros saibam essas coisas; e assim po "Mas vejamos como se conhecerá se alguém se
demos algumas vezes lícita e_3antamente querer que compraz com a honra e estima puramente pela glória
nao conheçam as nossas faltas, para que não~~rece- de Deus e proveito do próximo, ou por seu proveito
bam daí algum dano, e se impeça com isso algum e pela sua própria honra e estima; porque esta é
proveito espiritual. Mas é preciso que o entenda uma coisa muito delicada e toda a dificuldade do
mos bera, e o tomemos cora prudência e com muito es assunto está nisso. Responde São Gregório: o ale
pírito, porque semelhantes verdades, sob o colori grarmo-nos com a honra e a estima deve ser pura-
do de verdades, costumam causar grande dano em al mente por Deus, pois quando não for necessário
guns por não saberem utilizar-se bem delas. para a sua maior glória e bem do próximo, não só
não haveremos de nos rejubilar com ela, mas an
São Gregório: gozar de boa reputação e da estima tes nos será penoso. De maneira que nosso coração
e nosso desejo, na medida que esteja em nós, sem
dos homens pode ser necessário para a gloria de
beus e bem das almas pre se há de inclinar à humilhação e ao desprezo;
/ e assim, quando se nos oferecer ocasião para isto,
"Os mesmos Santos nos explicam bem esta dou devemos abraçá-la de coração e alegrarmo-nos com
! ela, como quem encontrou o que desejava. E só de
i trina, para que não tiremos delas ocasião para er
rar. Diz São Gregório: Algumas vezes também os va vemos querer a honra e a estijna e rejubilarmo-nos
rões santos se alegram de gozar de boa reputãçao e com ela quando for necessária para a edificação do
de estima junto dos homens; mas isso é quando veem próximo, para fazê-lo frutificar, e para maior
honra e glória de Deus.
Secção III 283.
282, Secção III
época, era uma pregação planificada. 0 Santo se
0 exemplo de Santo Inácio de Loyola apresentava em cada aldeia como um enviado de
Deus, sua entrada era solene, congregavara-se as
"De nosso bem-aventurado Padre Inácio lemos multidões. Organizava-se uma procissão, cantavara-
que, se se deixasse levar pelo seu fervor e dese -se cânticos piedosos e penitenciais. 0 Santo, que
jo, andaria pelas ruas desnudo e coberto de penas sempre repeliu com humildade heróica ãs Honras
e cheio de lodo, para ser tido por louco. Mas a pessoais, aceitava voluntariamente as que lhe tri
caridade <s o_ desejo que tinha de ajudar o_ próximo butavam como enviado do Senhor. Aparecia pobreraen-
reprimia nele este tao grande ímpeto de humildade, te vestido cora seu hãbito de Dominicano, montava
e fazia que fosse tratado com a autoridade e^ a_ de sobre um Jumentinho, o qual andava entre caibros
cência que convinha ao seu ofício e à suã pessoa.
de madeira para evitar que os devotos impedissem a
Mas a sua lnclinaçao e desejo era ser desprezado e marcha regular" (Biografia £ escritos de San Vi
abatido, e sempre que se lhe oferecia a ocasião de cente Ferrer, Biblioteca de Autores Cristianos,
se humilhar, ele a abraçava e até a buscava deve Madrid, 1956, pp. 43-44 / Imprlmatur: + Hyacin-
ras. Pois nisto se reconhecerá se vos alegrais com thus, Ep. aux. y Vic. gen., Valentiae,' 9-6-1956).
a ^autoridade e estima pelo bem das almas e pela
glória de Deus, ou por vós mesmos e por vossa pró
pria honra e estima: se quando se vos oferecer uma 318. "A vaidade esvoaça era redor de mim,
ocasião de humildade e desprezo, a abraçais deve mas, pela graça de Deus", não entra"
ras e de coração e vos regozijais com ela; então é
sinal de que, quando vos sai bem o sermão, ou o Lê-se numa vida de São Vicente Ferrer
negócio, e por isso sóis considerado e estimado,
não vos regozijais por vossa honra e estima, (1350-1419):
mas puramente pela glória de Deus e proveito do "Sua humildade deixou estupefato a Pierre
próximo que daí vem. Mas se quando se vos apresen
d*Ailly. Os contemporâneos ficavam admirados dian
ta a ocasião de serdes humilhados e de serdes ti
te de sua piedade, tanto quanto da virilidade, da
dos em pouco, a recusais e não a levais bem; e se
energia, e do bom senso, aos quais essa humildade
quando nao é necessário para o proveito do próxi
e essa piedade Jamais causaram prejuízo. Bem ao
mo, contudo vos regozijais com a estima e louvores contrário, elas lhe davam uma visão Justa das coi
dos homens, e o procurais, isto é sinal de que sas, porque eram sinceras, vivas, e não hipócritas
também no demais vos regozijais pelo que vos toca
ou deformadas. Essa humildade de São Vicente Fer
e por vossa honra e estima, e nao puramente pela
glória de Deus e proveito do próximo". (V. Pe. rer tem o seu mérito. Era de temer, com efeito,
que diante de seus êxitos brilhantes, o mestre
ALONSO RODRIGUEZ SJ, EJerclclo de Perfección £
(São Vicente Ferrer) perdesse a cabeça e se dei
Virtudes Crlstlanas» Apostolado cTê la Prensa, Ma
drid^ r930, tomo II, pp. 383-387 / Imprlmase: Dr. xasse levar por todas as formas de orgulho. Mas aí
estava a sua humildade. Um dia, ao que parece, um
J. Francisco Morán, Vicário General; Madrid, bispo francÍ8cano amigo encontrava-se ao seu lado
10-6-1930). durante uma dessas procissões triunfais em que se
manifestava a veneração do povo pelo grande santo
317» Repelia com humildade as honras pessoais, civilizador. Diante das aclamações, diante mesmo
aceitava voluntariamente as que das manifestações insólitas de adoração (*), dis
lhe tributavam como enviado do Senhor se-lhe o bispo:
*— Frei Vicente, a vaidade o que faz?1
Da Introdução Geral às obras de São Vicente
Ferrer (1350-1419), pelo Pe. Fr. José M. de Gar 1— Ela vai e vem, esvoaça ao redor de mim,
ganta OP: mas, pela graça de Deus, nao entra1. Tal foi a
resposta" (MATTHIEU-MAXIME GORCE, Salnt Vincent
"A pregação de São Vicente Ferrer, como a de
todos os chamados pregadores de penitência de sua
í
284 .
284. Secção III Secção III 285.
Ferrler, Librairie Plon, Paris, 1924, pp. 285-286).
_________ !___________ _
homem será um sinal para esta geração. A rainha do mim; porque ele escreveu de mim. Porém, se vós não
roeio-dia levantar-se-á no (dia de) Juízo contra os dais crédito aos seus escritos, como haveis de dar
homens desta geração, e condená-los-á; porque veio crédito às rainhas palavras?” (Jo. V, 31 a 47).
da extremidade da terra ouvir a sabedoria de Salo
mão; entretanto, eis aqui está quem é mais do que
Salomão. Os ninivitas levantar-se-ão no (dia do 325. ”Não podeis ouvir minha palavra,
Juízo contra esta geração, e condená-la-ão; porque porqueTêndes põr pai "o demônio, e quereis
fizeram penitência com a pregação de Jonas; entre satisfazer os desejos de vosso pai”
tanto eis aqui quem é mais do que Jonas” (Lc. XI,
29 a 32). Jesus increpa os Judeus por recusarem a acei
........ ■
tar a sua missão divina:
324. "0 Pai, que me enviou, dá testemunho de mim” "Jesus disse-lhes: Se sois filhos de Abraão,
fazei as obras de Abraão. Mas agora procurais ma-
Nosso Senhor reivindica a própria missão tar-me, a mim, que sou um homem que'vos disse a
diante dos homens: verdade que ouvi de Deus; Abraão nunca fez Í3to.
Vós fazeis as obras de vosso pai. E eles disseram-
”Se eu _dou testemunho de mim mesmo, o meu -lhe: Nós não somos filhos da fornicação, temos um
testemunho não é verdadeiro. Outro é o que dá te- pai (que é) Deus. Mas Jesus disse-lhes: Se Deus
temunho de mim; e eu sei que é verdadeiro o teste fosse vosso pai, certamente me amaríeis, porque eu
munho que ele dá de mim. Vós enviastes (mensagei saí de Deus e vira; porque não vim de mim^ mesmo,
ros) a João; e ele deu testemunho da verdade. Eu, mas ele me enviou. Porque não conheceis vós a mi
porém, não recebo o testemunho do homem, mas digo- nha linguagem? Porque não podeis ouvir a minha pa
-vos estas ^coisas, a fim de que sejais salvos. lavra. Vós tendes por pai o demônio, e quereis sa
Ele era uma lâmpada ardente e luminosa. E vós pou tisfazer os desejos do vosso pai; ele foi homicida
cos momentos quisestes gozar da sua luz. desde o princípio, e não permaneceu na verdade;
porque a verdade não está nele; quando^ele diz a
”Mas eu tenho um testemunho maior que o de mentira, fala do que é próprio, porque é mentiroso
João. Porque as obras que meu Pai me deu que cum
e pai da mentira. Mas, ainda que eu vos digo a
prisse, estas mesmas obras que eu faço, dão teste verdade, vós não me credes. Qual de vós me arguirá
munho de mim, de que o Pai me enviou; e o Pai que de pecado? Se eu vos digo a verdade, porque me não
me enviou, esse mesmo deu testemunho de mim; vós
credes? 0 que é de Deus, ouve as palavras de Deus.
nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua face. E Por isso vósnão as ouvis, porque não sois de
não tendes permanente em vós a sua palavra, porque
Deus” (Jo. VIII, 39 a 47).
não credes no que ele enviou.
"Examinais as escrituras, porque Julgais ter
nelas a vida eterna; e elas são as que dão teste 326. "Sou o menor dos Apóstolos, mas pela graça
munho de mira; e não quereis vir a mim, para terdes de Deus tenho trabalhado mais do que todos”
vida. Eu não recebo a glória dos homens. Mas co-
nheço-vos, (sei) que hão tendes era vós o amor de Diz São Paulo na la. Epístola aos Coríntios:
Deus. Eu vim era nome de meu Pai, e vós não me re
cebeis; se vier outro em seu próprio nome, recebê- "Porque eu sou o mínimo dos Apóstolos, que
-lo-eis. Como podeis crer, vós que recebeis a não sou digno de ser chamado Apóstolo, porque per
glória uns dos outros, e não buscais a glória que segui a Igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus,
só de Deus vem? Não Julgueis que sou eu que vos sou o que sou, e a sua graça, que está em mim, não
hei de acusar diante de meu Pai; Moisés, em que foi vã, antes tenho trabalhado mais que todos
vós confiais, é que vos acusa. Porque, se vós eles; não eu, porém, mas a graça de Deus, que está
cresseis em Moisés, certamente creríeis também em comigo” (I Cor. XV, 9-10).
292. Secção III Secção III 293.
327. São Paulo faz a apologia do
próprio apostolado 328. São Paulo: "Era por vós
que eu devia ser louvado..."
Da 2a. Epístola aos Coríntlos:
Da 2a. Epístola aos Coríntlos:
"Outra vez o digo (ninguém-me tenha por nés
cio, ou ao menos sofrel-me como tal para que tam "Tornei-me insensato (falando de mira mesmo),
bém eu me glorie ainda por ura pouco), o que digo, mas fostes vós que me obrigastes (a isso). Porque
era por vós que eu devia ser louvado, pois que era
relativamente a esta matéria de glória, (aparente
mente) não o digo segundo Deus, mas como por insi nada fui inferior aos maiores Apóstolos, ainda que
piência. Visto que muitos se gloriara segundo a (por mim) nada sou; entre vós contudo foram reali
zados os sinais do meu apostolado em toda a pa
carne, também eu me gloriarei. Porque vós, sendo ciência, nos milagres, e nos prodígios, e nas vir
sensatos, sofreis de bom grado os insensatos. Por tudes" (II Cor. XII, 11-12).
que sofreis quem vos põe era escravidão, quem vos
devora, quem vos rouba, quem se exalta, quem vos
dá na cara. Digo-o para minha vergonha, como se
tivéssemos sido fracos neste ponto. Mas naquilo em
que qualquer tem ousadia (falo como louco), também
eu tenho: São Hebreus, também eu; são Israelitas, 329. São Paulo: "Deus é testemunha de
também eu; são descendentes de Abraão, também eu; quão santa, justa e irrepreensivelmente
são ministros de Cristo (falo como menos sábio), procedemos para convosco"
mais (do que eles) o sou eu; mais nos trabalhos,
mais nos cárceres, em açoites sem medida, frequen Da la. Epístola aos Tessalonicenses:
temente em perigos de morte. Dos Judeus recebi
"Porque vós mesmos sabeis, irmãos, que a nos
cinco quarentenas de açoites, menos ura. Três vezes
sa ida a vós não foi sem fruto; mas, tendo primei
fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado,
ro sofrido e tolerado afrontas" (como sabeis) era
três vezes naufraguei, uma noite e um dia estive
Pilipos, tivemos confiança em nosso Deus para vos
no abismo do mar; muitas vezes em viagens, entre pregar o Evangelho de Deus no meio de muitos
perigos de rios, perigos de ladrões, perigos dos
da minha nação, perigos dos Gentios, perigos na obstáculos. Porque a nossa exortação não procedeu
cidade, perigos no deserto, perigos no mar, peri de erro, nem de malícia, nem de fraude, mas, como
fomos aprovados por Deus, para que nos fosse con
gos dos falsos irmãos; no trabalho e na fadiga, em
muitas vigílias, na fome e na sede, em muitos je fiado o Evangelho, assim falamos, não como para
juns, no frio e na nudez. Além destas coisas, que agradar aos homens, mas a Deus, que sonda os nos
são exteriores, (tenho também) a minha preocupação sos corações. Porque a nossa linguagem nunca foi
cotidiana, o cuidado de todas as igrejas. Quem es de adulação, como sabeis, nem um pretexto de ava
tá enfermo, que eu não esteja enfermo? Quem é es reza; Deus é testemunha; nem buscamos glória dos
homens, quer de vós, quer de outros..... Pois vos
candalizado, que eu me não abrase?
lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; ta-
"Se importa que alguém se glorie, eu me glo balhando de noite e de dia para não sermos pesados
riarei das coisas que são da minha fraqueza. 0 a nenhum de vós, pregamos entre vós o Evangelho de
Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus. Vós e Deus sois testemunhas de quão santa e
bendito por todos os séculos, sabe que não minto". Justa e irrepreensivelmente procedemos convosco,
(II Cor. XI, 16 a 31). que crestes; assim como sabeis de que maneira a
cada um de vós (como um pai a seus filhos) vos an
dávamos exortando, e confortando, e suplicando que
andásseis duma maneira digna de Deus, que vos cha
mou ao seu reino e à sua glória" (I Thess. II, la
6 e 9 a 12).
29*1 • Secção III Secção III 295-
330. São Paulo proclama o Apóstolo, porque perseguiu a Igreja de Deus, cha
perfeito cumprimento de sua missão mando-se blasfemo, repugnante e o maior dos peca
£ sua esperança no dores; e quando se lhe apresentaram humilhações e
recebimento da coroa da glória menosprezes, fazia deles seu contentamento e rego
zijo. Destes corações não há nada a_ temer quando
Da 2a. Epístola a Timóteo: recebem qualquer honra ou mesmo quando dizem al
guma coisas favorável de si mesmos; porque nunca
"Quanto a mira, estou Já para ser oferecido era faraó essas coisas senão quando for necessário pa
libação (derramando o meu sangue), e o tempo da ra a_ maior "glória de Deus; e então o_ fazem seth
minha dissolução avizinha-se. Combati o bom comba apegar-se a^ nada disso, como se nao o fizessem,
te, acabei a minha carreira, guardei a fé. De res porque não amam sua própria honra, mas a honra de
to está-me reservada a coroa da Justiça que o Se )eus e^ o bem das almas". (V. Pe. ALONSO RODRÍGUEZ
nhor, Ju8to Juiz, me dará naquele dia; e não só a SJ.~EJercício de Perfecclón £ Virtudes Cristianas,
mim, mas também àqueles que desejam a sua vinda" Apostolado 3e la Prensa, Madrid, 1930, tomo IX,
(II Tira. IV, 6 a 8). pp. 387-388 / Imprlmase: Dr. J. Francisco Morán,
Vicário General; Madrid, 10-6-1930;).
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do Senhor fosse Touvado e glorificado
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Escreve Santa Teresa no livro das Fundações:
340. Ois elogios que os Santos fazem
wDa grande aspereza de sua vida (de Dona Ca de 8_i mesmos, devem ser
tarina de Cardona) tenho ouvido muitas coisas, e Julgados em função de sua vida santa
deve ser a menor parte o que se sabe, porque em
tantos anos que esteve naquela soledade, cora tão Da mesma biografia de São Roberto Belarmlno:
veementes desejos de fazer penitência, e não tendo
quem lhe fosse à mão, devia tratar seu corpo ter "A esta rara candura, se devem atribuir algu
rivelmente. Vou contar o^ que de sua própria boca mas frases da sua autobiografia, que feriram os
ouviram algumas pessoas, entre as quais as monjas ouvidos a pessoas de critério acanhado. Pondo de
do mosteiro de São José de Toledo, onde ela entrou parte a circunstância de que a dita autobiografia
a vê-las. Falava-lhes cora simplicidade como a_ ir foi escrita a instâncias sobretudo do P. Múcio Vi-
mãs suas; e o mesmo fazia cora outros, porque era telleschi e não por impulso de vaidade, o critério
extrema sua singeleza e_, penso, também sua humil a seguir a_ respeito das autobiografias "dos santos
dade. Tinha entendido vque nada lhe pertencia; es e^ como notou Bento XlV, _a_ sua mesma santidade. E
tava multo longe de ter vanglória, e^ assim gostava quem quiser examinar as expressões em que Belarmi-
cTe dizer as merces que Deus lhe fazia, para que no fala de suas qualidades, e que tanto horroriza-
por este melo fosse louvado e glorificado o_ santo ram a Passionei, achará que não são mais arrojadas
Nome do Senhor. Coisa perigosa esta para quem não que algumas de S. Paulo e^ de outros santos.
chegou a tal estado: o menos que pode acontecer é "Não! Belarmlno não foi yaidoso". (JOAO RO
tomarem tudo por louvor era boca própria; ainda que DRIGUES MENDES SJ, 0 Cardial Roberto Belarmlno,
a lhaneza e simplicidade desta santa a deve ter Apostolado da Imprensa, Porto, 1930, pp. 70-71 /
livrado disto, porque Jamais ouvi acusá-la desta Imprlmatur: A.A., Bispo do Porto, 30-4-1930).
falta” (Santa TERESA DE JESUS, Obras (As Funda
ções ), Vozes, PetrópolÍ8, 1939, PP- 220-221 / Com
aprovação eclesiástica, 27-6-1939)-
341. Revelar boas obras com reta intenção
pode ser coisa meritória
339- São Roberto Belarmlno fala
comprazido de seu próprio livro Discussão entre o Promotor da Fé ("Advogado
do Diabo") e o Postulador da Causa de Beatificação
De uma biografia de São Roberto Belarmlno e Canonização de São João Berchmans (1599-1621):
(1542-1621):
Objeção do Promotor da Fé, c) "Advogado do
"0 primeiro (dos escritos ascéticos do santo) blabo"~
saiu em 1614, cora o título de * Elevação da alma a
Deus pela escada das criaturas1. Entre tantas "Durante a última doença, Berchmans promete
obras notáveis, foi esta a que levou as predile com segurança obter de Deus muitas graças para
ções do sábio teólogo. 'Ignoro qual será o Juízo seus irmãos; declara Jamais ter cometido pecado
do público sobre este opúsculo; para mira foi ji venial; dá com autoridade conselhos a anciãos; não
mais proveitosa de minhas obras. Todos os meus ou lhes recusa a sua benção; parece dizer que a pro
tros trabalhos, so por necessidade os releio; este víncia de Flandres perde muito com a sua morte.
porém Já o 11 três ou quatro vezes, e_ tenho resol- Julgaram acertado os sacerdotes incutir-lhe saiu-
302. Secção III 303.
Secção III
tar receio das tentações, mas ele afeta tal segu muitos, mas a ura só; foi uma confidência de ami
rança, que nada o pode perturbar. - Se Isso não é gos; é lei de amizade, o não reservarem-se os se
Jactância, não é vaidade, com certeza humildade
gredos .....
também não é; as suas palavras, os seus atos, não
manifestam a humildade tão admirada e exigida num "Nos seus últimos momentos, João promete aos
santo. Parece que Deus, para punl-lo de tantos lrmão3 obter-lhes no ceu, as graças de Deus. Assim
sentimentos de vangloria, permitiu aquelas tenta fez Euiz de Gonzaga, o modelo de Berchmans. - Diz
ções terríveis que agitaram a alma do Servo de o autor da sua vida, que aceTtava~prontamênte as
Deus, quase no momento de dar o ultimo suspiro. comissões que lhe faziam para o ceu, e prometia
com segurança pedir a Deus as graças solicitadas.
Resposta do "Postulador da Causa” "João declara que Jamais cometeu pecado ve
nial- 0 texto do padre Cepari, destrói a objeção:
"Antes de responder diretamente e de explicar perguntando-lhe o Reitor se desejava outra coisa,
por miúdo os fatos, assento dois princípios: respondeu-lhe, ao ouvido: Se V. Rev. Julgar a pro
"1. - Segundo a doutrina dos santos e o ensi pósito, poderá dizer aos meus lrmaõs que minha
no teológico, revelar as boas obras £ virtudes, é maior consolação nesta hora, e que nao me recordo
por si mesmo, uma coisa Indiferente, que j. reta de haver cometido pecado venial deliberado, nem
intenção pode tornar muitõ~meritorlâ. Com grande violado nenhuma Regra desde a minha entrada em re
merlto, S. Paulo proclamou os próprios louvores. ligião, etc.
”2. - Quando sinais manifestos não demonstram "Bem se compreende que nestas palavras, o pa
<jue ura ato do próximo é viciado por más Intenções, dre Cepari só enxergou * grande humildade e um
£ de justiça considerá-lo bom. São as próprias pa imenso desejo de promover a observância das Re
lavras do angélico doutor (2. 2., quest. 80, gras '.
a. 4). "João dava conselhos e avisos cora autoridade
a anciãos: deu-os somente àqueles que lhos pedi
"Esses dois princípios justificariam plena
mente o servo de Deus, João Berchamns, ainda que ram. Seus avisos foram muito' proveitosos para os
que receberam-nos, e Deus, manifestando a seu ser
se pudesse duvidar das suas intenções. Mas será
possível a dúvida, em presença dos louvores unâni vo as disposições íntimas dos que o interrogavam,
mes, prestados à sua profundíssima humildade? revelou doutra maneira ainda, que tais conselhos
vinham do seu Espírito e que ele próprio ditava-os
"Passando aos pormenores das palavras e dos a João.
atos criminados, encontro sempre circuntâncias que
revelara virtude, Justamente onde o nosso adversá "Refere uma testemunha que cada um, ao ouvir
a voz de Berchmans, Julgava ouvir a voz do próprio
rio entende encontrar defeito.
Deus.....
"João entrega ao seu professor uma nota das
"A segurança de Berchmans contra as tentações
boas obras oferecidas em sua intenção. 0 professor não é presunçosa; atribui a Deus a glória: - gra-
sempre considerou isso como prova de gratidão. ças a Deus, diz Berchmans, sinto-me assaz armado
Ainda que o fizesse publicamente, não seria vaida contra as tentações que atacam a fè. - João Ber-
de, entretanto o modestíssimo Jovem dava os bilhe chmans nao teve presunção na sua confiança, pois
tes secretamente.
diversas vezes pediu a seus Irmãos que viessem em
"João revelava aos superiores os mais íntimos seu auxílio, na hora da tentação. Permitiu Deus
segredos do seu coração, porque a Regra o ordenava que Berchmans fosse tentado, não para castigá-lo
expressamente. — Contou a urn irmão coadjutor que como insinua sem razão o nosso adversário, mas pa
jamais tivera pensamentos contrários à castidade." ra glorificá-lo, mostrando ao mesmo tempo que o
Passa, porém, o promotor sem observar que Ber- demónio não tinha poder algum sobre sua alma' ino
chmans acrescentava: Graças à Bem-aventurada Vir cente. A tentação mostrou com efeito, que as vio-
gem. — 0 servo de Deus não revelou esse dom a
30H. Secção III
Secção III 305.
lências do inferno não podiam inclinar a alma de
João para o pecado: um milhão de mortes, pareciam- exercícios Julgou conveniente, contra seus costu
-lhe preferíveis; demonstrou ainda que na vida do mes, fazer sua própria apologia. Conseguiu o efei
santo mancebo, Satanás não descobriu nenhum ato to desejado: em breve ganhou as simpatias de to
dos" (J. M. TEXIER, São Luís Maria Qrlgnlon de
que pudesse ser apresentado como falta voluntária. Montfort, Vozes, Petrópolis, 1948, p. 2Õ6-207 ”~7
Para Berchmans, a tentação foi ura favor, uma re
compensa, e por isso Deus o preveniu da sua próxi Com aprovação eclesiástica).
ma chegada” (Pe. L. J. M. CROS SJ, Vida de; S_^ João
Berchmans, Duprat & Comp., São Paulo, 1912, pp.
õlf— q09 / Com. licença da autoridade eclesiástica). 344. Mais uma vez São Luís
Qrlgnlon enfrenta a calúnia
3^2. Escrevia coisas elogiosas de si mesma por De outra biografia de São Luís Maria Grignion
não querer faltar com a sinceridade de Montfort (1673-1726):
Conta uma biografia do grande Apóstolo da "Um dia em que Frei Galvão saía do Convento
verdadeira devoção à Santíssima Virgem: da Luz, dois moços que vinham da Ponte Grande,
disseram entre si coisas pouco respeitosas sobre
"Infatigável, iniciou o homem de Deus em 15 a virtude de Frei Galvão.
de agosto de 1715 a missão em Fontanay-le-Comt.e. "0 Servo de Deus, penetrando os seus pensa
As calúnias espalhadas contra o santo eram, no en
mentos, esperou-os, e, quando eles se aproximavam,
tanto, tão numerosas, que no início desse curso de saiu-lhes ao encontro e lhes pediu que verificas-
306.
Secção III Secção III 307.
sem se não tinha ele ura argueiro nos olhos. Os obras. Pois ainda enquanto vivia, saíram várias
moços muito corteses, esforçavam-se para sossegá- biografias dele^, principalmente em f rancês, bio-
-lo, afirmando-lhe que seus olhos estavam limpos e grafiáã que nô-lo descrevem era largos traços. Es-
puros. f Pois, assim também está puro o meu cora ses livros eram vendidos acreditamos até que ele
ção *, retorquiu o Servo de Deus; deixando-os bem proprio tenha ajudado a propaganda para a_ venda,
desapontados e ao mesmo tempo convictos da sua
pois uma vez em Marselha declarou que tudo isso
virtude". (Sor MIRYAM, Vida do venerável servo de
Deus Prel Antonlo de Sant1Anna Galvão, São Paulo, fornecia meios cora que fazer viver.suas casas su-
2a. ed., l93ò, p. 2ÜF4 / Imprima tu r: Mons. Ernesto perpopuladas de meninos. Sabemos que isso se apre-
de Paula, Vig. Geral). sentou como objeção em Roma, quando se tratou de
sua causa de beatificação; mas o^ advogado de suas
virtudes serviu-se ate disso mesmo para demonstrar
346. "Não tenho consciência de ter ã simplicidade evangélica de seu coração, que nao
via nesse fato uma homenagem a sua pessoa mas sim
era minha vida rompido com Deus" plesmente ura meio dos mais modernos para difundir
o bem e fazê-lo amar. Seguindo o_ preceito de N.
De um livro sobre São José Benedito Cottolen- Senhor Jesus Cristo, ele permitia essa propaganda^
go (1786-1842): não para sê mostrar diante dos homens, mas sim pa-
"Pelos superiores £ companheiros de seminário ra que os hòmen3 conhecendo suas obras glorificas
era chamado 'o^ anjo1 js com o_ mesmo nome de * nosso sem o. Fãl que está nos céus; E esta distinção tao
anjo, o propároco':'era indicado pela gente de Cor- própria soube-a ele exprimi? assim: *HoJe era dia o
hellàno. mundo vive imerso na matéria; portanto é preciso
que nós lhe façamos conhecer o bem que vamos rea
"J) ele mesmo, ura dia, lnadvertldamente, dei lizando. Se um homem com as suas orações multipli
xou escapar estas palavras falando ao cônego fte- ca os milagres, mas dentro do próprio quarto, nin
naldi, depois bispo de Pinerolo: *Não tenho
consciência de ter em minha vida rompido amizade guém dará por isso. E no entanto o mundo, para o
bem de sua alma, precisa de ver e tocar essas ma
com Deus*, mas, depois, confundido, pela involun
ravilhas" (A. AUFFRAY SS, Dom Bosco, Escolas Pro
tária confissão, todo pálido e trêmulo acrescen
fissionais Salesianas, Saõ Paulo, 1947, PP*
tou: *0hl esta é apenas misericórdia e graça do
409-410 / Imprlmatur: Mons. M. Meirelles Freire,
Senhor, porque eu sou o mais miserável e último
Vigário-Geral).
dos pecadores*..... ,
"E, falando com os da Casa,* acrescentava: *Eu
vejo que todos me respeitam, todos me saúdam e 348. Durante 24 anos Dom Bosco
muitos se alegram comigo; será talvez porque com fezao Padre Pãstarln, "au jour le Jour",
pletei os estudos de teologia ou sei alguma coisa o relato clrcunstaclado de sua vida
mais do que anos atrás? Não, não é por isso; a fé
que estas boas pessoas têm, fá-las ver em mira um
ministro de Jesus Cristo" (Mons. AQUILES GORRINO, De uma introdução geral à biografia e escri
São José Benedito Cottolengo, Vozes, Petrópolis, tos de São João Bosco:
2a. ed., 1952, pp. 26b e 27o / Cora aprovação ecle
siástica). "E quanto nos alegramos agora de ler, hum es
crito de Ceria ao diretor do Seminário Teológico
de Bollengo, Padre Luiz Manzoni — homem sereno,
347. São João Bosco ajudou a propagar a sua crítico de História, moderno nos procedimentos —
biografia como meio de difundir o bem o testemunho de um desses assíduos frequentadores
das recreações post prandium (após o almoço) e
Sobre São João Bosco (1815-1888), conta um post coenam (após o jantar), Padre Pedro Pastarin:
biógrafo: "Pintaram-lhe também a alma, a vida e as * Por 24 anos, quase todas as noites eu me entretl-
308. Secção III 309.
Secção III
Que importa que os homens Julguem de ura modo ou de
nha com Dom Bosco. Sentávamos, uni ao lado do ou- outro? Digam o que disserem, pouco importa para
tro, _e eu lhe fazia contar, e Dom Bosco rcontava, nós. Não serei nem mais nem menos do que aquilo
ponto^ por ponto, tudo o que lhe tinha acontecido que 8ou diante de Deus. 0 que se necessita e_ que
nas últimas 24 horas e_ em épocas anteriores; de- as obras de Deus se manifestem11*’ HCEUGENIÕ CERTA
pols, quando nos separávamos, eu entrava na minha SDB, Memórias dei Oratorio / Introducclon, in Bio-
cela, vizinha à sua, e escrevia logo tudo o que grafíã y Escrltos de San Juan Bosco, BAC, Madrid,
ele me havia contado” (RODOLFO FIERRO SDB, Biogra 1955, p. 76 / Imprlmatur: José María, Ob. aux. y
fia. y Escritos de San Juan Bosco, Introducclon ge Vic. gral., 13-5-1955)*
neral, BAC7 Madrid, 1^55, p^ 5/ Imprlmatur: Jose
Maria, Ob, aux. y Vic. gral., 13-5-1955)•
8
350. Oh! meu Jesus não posso conceber
maior imensidade de amor do
— Ü
349. Dom Bosco: ”Podemos falar de
que aquele com que Vós me cumulastes!
Dom Bosco, pois é preciso
que as obras de üeus se manifestem”
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Dos manuscritos autobiográficos de Santa
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Teresinha do Menino-Jesus (1873-1897):
De uma introdução às Memórias do Oratório, de
ÜaõÉB —.............
São João Bosco: ”Vosso amor antecipou-se a mira desde a infân
cia, cresceu comigo e agora é um abismo do qual eu
”No dia 2 de^fevereiro de 1876 o Santo con não posso sondar a profundidade. 0 amor atrai o
versava ^com os diretores de suas casas, reunidos amor .... Oh! meu Jesus, talvez seja uma ilusão,
no Oratório de São Francisco de Sales, e, ao re mas parece-me que Vós não podeis cumular uma alma
cordar os primeiros tempos da Sociedade Salesiana, de maior amor do que cumulastes a minha; é por is
apontou a necessidade de se copiar quantos dados to que eu ouso pedir-Vos que ameis aqueles que me
servissem para escrever a história completa. Em destes, como Vós me amastes a fnim (João, XVTI,
seguida acrescentou: 'E necessário que, para a
iiÉtMHlMMÉÉÉg
madamente seis semanas antes de sua morte, eu es
tava Junto a seu leito com a Madre Inês de Jesus e
a Irmã Genoveva (Paulina e Celina, Irmãs de Tere-
sinha). De repente, sem que nenhuma conversa con
duzisse a esta afirmação, ela nos olhou com um ar
celeste e disse: 1 Vós sabeis bem que cuidais de
uma pequena santa1.
.
.
MHÉtoiriiiffli
"(Pergunta: a Serva de Deus explicou ou cor
•
rigiu esta expressão? Resposta:)
"Eu fiquei muito emocionada com estas pala
vras, como se tivesse ouvido um santo predizer o
que aconteceria depois de sua morte. Tomada por
esta^emoção, afastei-me ura pouco até à enfermaria,
e não me lembro de ter ouvido outra coisa", (Pro-
cés de Béatlflcatlon et Canonlsatlon de Salnte
Thérese de L*Enfant-Jesus et d_e la Salnte-Face —
Proces Apostolique Témoln 7T Marle du Sacré-Coeur
ÕYC*D., Teresianum, Roma, 1976, t. II p. 245),
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1 Nem ela nem nós pensávamos que estas recor
dações fossem um dia publicadas: eram notas de fa
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sa,que a Madre Inês de Jesus achou que a publi
cação dessas recordações poderia ser útil à glória de ÇçiatQ, ga aantgs
de Deus. Ela disse isto_à Irmã Teresa do Menino
Jesus, que aceitou Idéia com a sua simplicidade reccmeodam aga fiéla que,
e & sua retidão habituais. Ela desejava que o ma-
nu8crito fosse publicado porque via nisto unTlnêTb ggç aua vez, ga Imitem
de fazer amar _a Deus, o que considerava ser sua
missão. Ela acrescentou também: 'Se a nossa Madre
Priora queimasse todos estes cadernos, Isto não me
perturbaria de modo algum; o bom Deus, não tendo 354. São Paulo: "Sede meus Imitadores,
mais este meio, empregaria ura outro'". (Procès de como eu o sou de Cristo”
BéatifIcatlon et Canonlsatlon de Salnte Therése cTê
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11Enfant-Jesus et de la Salnte-Face — II Proclís São Paulo se inculca repetidas vezes como mo
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Àpostollque, Teresianum,' Roma, 1976, térnoin 7 - delo para os fiéis:
Marie du Sacre-Coeur OCD, p. 246).
Na la. Epistola aos Corintlos
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"Admoesto-vos como a meus filhos caríssimos.
Porque, ainda que tenhais dez mil preceptores em
Cristo, não tendes todavia muitos pais. Pois fui
eu que vos gerei em Jesus Cristo por meio do Evan
gelho. Rogo-vos, pois, que sejais meus imitadores,
como eu o sou de Cristo" (I Cor. lV*j Ü4 a lb).
■
"Logo, ou comais, ou bebais, ou façais qual
quer outra coisa, fazei tudo para a glória de
.
Deus. Não sejais motivo de escândalo, nem para os
Judeus, nem para os Gentios, nem para a Igreja de
Deus; como também eu em tudo procuro agradar a to
dos, não buscando o meu proveito, mas o de muitos,
para que sejam salvos. Sede meus imitadores, como
eu também o sou de Cristo. Eu vos louvo, pois, lr-
mãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e guar
dais os meus preceitos, como eu vo-los ensinei" (I
Cor. X, 31 a.33; XI, 1-2).
314. Secção III
Secção III 315.
Na Epistola aos Flllpenses
Na la. Epistola aos Tessalonlcenses
"Ora eu quero^ irmãos, que saibais que todas "0_nosso Evangelho não vos foi pregado somen-
as coisas que se tem passado comigo, têm contri te com palavras, mas também com virtude, e_ no Es
buído mais para proveito do Evangelho; de modo que
crito Santo, e em grande plenitude, como sabeis
as minhas cadeias por amor de Cristo tornaram-se quais nos fomos entre vos por amor de vós. JT vós
conhecidas de todo a (guarda do) pretório e de to
dos os outros, e muitos dos irmãos, animados no vos fizestes imitadores nossos e^ do^ Senhor, rece
bendo a palavra no meio de muita tribulação, com a
Senhor pelas minhas cadelas, têm tido maior ousa
dia em anunciar sem temor a palavra de Deus" alegria do Espírito Santo; de modo que vos tornas
iPhll. I, 12 a 14). tes modelo para todos os crentes na Macedônia e
na Acaia" (I Thess. I, 5 a 7).
"Cumpre somente que vos porteis dum modo dig
no do Evangelho de Cristo, a fim de que, quer eu Na 2a. Epistola aos Tessalonlcenses
vá ver-vos, quer esteja ausente, ouça dizer de vós
que permaneceis constantes num mesmo espírito, lu "Nós vos ordenamos, irmãos, em nome de nosso
tando unânimes pela fé do Evangelho; e em nada te Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o
nhais medo dos adversários, o que para eles é si irmão que viver desordenadamente, e não segundo a
nal de perdição, e para vós de salvação, e isto doutrina que receberam de nós. Porque vós mesmos
vera de Deus (que vos dá coragem). Porque a vós vos sabeis como deveis imitar-nos; pois que não vive
é dado por amor de Cristo, não somente que creiais mos desregrados entre vós, nem comemos de graça o
nele, mas também que sofrais por ele, sustentando pão de ninguém, mas com trabalho e fadiga, traba
o mesmo combate que vistes em mim, e que ainda lhando de noite e de dia, para não sermos pesados
agora ouvistes de mira" (Phil. I, 27 a 30). a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos poder
para isso, mas para vos dar em nós mesmos um exem
"Sede meus imitadores, irmãos, e ponde os plo a imitar" (ll Thess. til, 6 a 97"^
olhos naqueles que andam conforme o modelo que
tendes em vós. Porque muitos, de quem muitas vezes Na 2a. Epistola a_ Timóteo
vos falei e também agora vos falo com lágrimas,
procedem (com a sua vida sensual) como inimigos da "Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, _a
minha maneira de viver, as intenções, a fé, a~Ton-
cruz de Cristo; o fira deles é a perdição; o deus
deles é o ventre; e fazem consistir a sua glória ganlmldade, a^ caridade, a. paciência, as (minhas)
na sua própria confusão, gostando somente das coi perseguições, sofrimentos, que me aconteceram em
sas terrenas. Nós, porém, somos cidadãos dos céus, Antioquia, Icônio e em Listra; perseguições que
donde também esperamos o Salvador nosso Senhor Je sofri, e de todas me livrou o Senhor. E todos os
sus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de que querem viver piamente era Jesus Cristo, padece
miséria, fazendo-o semelhante ao seu corpo glorio rão perseguição. Mas os homens maus e sedutores
so, com aquele poder com que pode também sujeitar irão de mal a pior, errando e induzindo outros a
a si todas as coisas** (Phil. III, 17 a 21). erro. "Mas tu persevera no que aprendeste, e que
te foi confiado, sabendo de quem aprendeste" (II
"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verda Tim. III, 10 a 1b).
deiro, tudo o que é honesto, tudo o que é Justo,
tudo o que é santo, tudo o que é amável, tudo o
que é de bom nome, qualquer virtude, qualquer 355. São Francisco: "0 Senhor me
(coisa digna de) louvor da disciplina, seja isto o manifestou seu desejo de que eu fosse
objeto dos vossos pensamentos. 0 que aprendestes, nova forma de vida neste mundo"
e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso
praticai; e o Deus da paz será convosco” (Phil. De uma das mais antigas vidas de São Francis
IV, tt-9). co de Assis, o Espelho de perfeição:
316. Secção III
Secção III 317.
"Achava-se o bem-aventurado Francisco no Ca
pítulo geral realizado em Santa Maria da Porciún- Biografias dei Santo por Celano, San . Buena-
cula, que se chamou das Esteiras, porque ali não ^g^tura los tres companeros. Espejo de perfec-
havia outras habitações se não as construídas cora ciôn~, Edición preparada por los Padres Juan R. de
esteiras, do qual participaram cinco mil religio Le^Tsima OFM y Lino Gómez Canedo OFM, BAC, Madrid,
sos. Aconteceu que alguns dentre eles, homens de 4a. ed., 1965, P* 652).
letras e de ciências, apresentaram-se ao senhor
Cardeal Ostiense, que se encontrava também ali, e
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lhe disseram: *Senhor, desejamos que procureis
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religiosos mais instruídos e sábios, e que uma ou
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roborar sua pretensão, alegavam as Regras de São
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Bento, de Santo Agostinho e de São Bernardo, nas
quais se dispõe que se viva segundo uma norma es "0 retiro terminou cora um sermão sobre Nossa
tabelecida. Senhora. Como o pregador tinha falado sobre o ro
"Transmitiu o senhor Cardeal todas essas coi sário com tanto amor e entusiasmo, pediram-lhe que
desse uma *leçon des choses1 recitando-o ele mesmo
sas ao bem-aventurado Francisco em tom de familiar 'à sua maneira*. Ele o fez, *mas com um ar tão de
admoestação. Francisco, sem responder nada, o to voto e_ tão terno por Maria*, que inspirou a todos
mou respeitosamente pela mão e o conduziu ao lugar
do Capítulo, onde estavam reunidos os frades, aos uma profunda piedade. Não se perdeu a lembrança de
quais, cora grande fervor e unção de espírito, fa seu rosário, que ele trazia ostensivamente do lado
lou deste modo: *Meus irmãos, meus irmãos, o Se e que era composto de quinze dezenas; assim, cha
nhor dignou-se chamar-me para que andasse pelos mavam-no o Padre do grande rosário". (L0UIS LE
caminhos da humildade e da pobreza, e quer que não CROM Monf., Saint Louis-Marie Grignion de
Montfort, Librairie Mariale, Pont-Chateau, 19*4TT7
me aparte de3te caminho, nem eu nem aqueles que
desejam seguir-me e_ imitar-me .~Tor isto nao quero p. 333 / Imprimatur: Eduardus, Episcopus Picta-
que me cltel3 nenhuma Regra, nem de São Bento, nem viensis, 29-9-19*42).
de Santo Agostinho, nem de São Bernardo, nem de
nenhum outro, por maior respeito que me inspirem,
nem tampouco outra forma ou modo de viver, que nao 357. São João Bosco:
"Façam como viram D. Bosco fazer"
seja aquela que o Senhor por sua infinita miseri
córdia se dignou dar-me e ensinar-me. Mais ainda: De uma das mais conhecidas biografias de São
o Senhor me manifestou seu desejo de que eu fosse
João Bosco (1815-1888):
essa nova forma de vida neste mundo e nao quis le
var-nos por outro caminho a não ser por esta ciên
cia. Mas, pelo contrário, Deus vos confundirá por "Em 1886, portanto dois anos antes de morrer,
essa vossa vã ciência e inflada sabedoria; e eu Dom Bosco recebeu do Reitor do Seminário Maior de
confio em que Deus Nosso Senhor vos castigará, Montpellier uma carta na qual pedia insistentemen
servindo-se dos que são ministros de sua Justiça, te que lhe comunicasse o segredo de sua pedago
até que vós, queirai3 ou não queirais, volteis no gia. ....
vamente a vosso primeiro estado, com vergonha para *0 meu sistema! 0 meu sistema! repetia o
vós *. Santo enquanto ia dobrando de novo a carta. Mas se
nem eu o conheço! 0 que eu tenho feito é apenas ir
"Ao ver esta atitude, o Cardeal ficou muito seguindo o que Deus me inspira e as circunstâncias
admirado, sem atrever-se a responder nada, e todos
os religiosos sentiram um salutar temor". (San sugerem*.
Francisco de Assis. Sus escritos. Las Florecil- *’E era isso mesmo. Esse homem que teve o gê-
318. Secção III
nio da educação não cogitou em arquitetar um sis
tema. Ao declinar de seus dias recolheu, é verda
de, era princípios breves e de transparência meri
diana, os resultados de sua experiência; mas foi
só is só• Um tratado didático sobre a matéria não
quis Jamais fazer. Seu livro foi sua própria vida,
pois que ele viveu sua pedagogia depois de ter-se
apropriado dela por meio da experiência. Aliás era
essa Justamente a cátedra à qual ele convidava Y
seus discípulos. Quando, antes de partirem para as
casas às quais tinham sido destinados, os clérigos §!D£Q£ g §3ÍQeB£Êi
lhe iam pediralguma norma para seguir, respondia:
&Q! YlçSuds* rçeaüeotfiafiQSfi
* Façam como viram Dom Bosco fazer1". (A.
AUFFRAY, Dom Bosco, Escolas Profissionais Salesia- apontam geus pala* e eapeçialmente
nas, São Faulo, 19^7, pp. 298-299 / Imprlmatur:
Mons. M. Meirelles Freire, Vigário-GeralT» guaa mãea* como modelo
de sua gantidade
Do prefácio de ura livro sobre a Madre Maria 365. "Minha mãe £ uma santa"
da Encarnação, fundadora das Ursulinas era Que (£ um Santo quem o dlzT
bec, escrito por uraa freira dessa Ordem:
Conta uma biografia da Mãe de São João Bosco:
"Antes de escrever a Vida de sua santa mãe (a
Venerável Maria da Encarnação), Dom Cláudio Martin "— Ou o senhor volta para Turim, ou nós
transportaremos o Oratório para os Becchi. Foi es
nos abre seu coração de monge timorato. A_ grande
voz de Maria da Encarnação acaba de extlngulr-se; te o dilema proposto a Dora Bosco pelos meninos que
'em pequenos grupos, vinham a pé de Turim aos Bec
mas ela canta ainda na alma de seu filho benediti
chi, para vê-lo'.
no..... São Gregorlo Nazlanzeno 'falava bem de seu
pai, de sua mae, de sua irmã e de seu amigo Basí- "Voltar para Turim, ir morar em Valdocco? So
lio, nas suas Orações e suas Poesias... zinho? Agora não está mais no Instituto da Barolo,
de quem recebia alimento e assistência. Pôr era ca
"Oh! grande irmão Cláudio, não esqueçais do
sa uma mulher? Que mulher? Se a poucos passos de
que nossa Mãe vos escrevia um dia para vos encora sua casa fica a famosa estalagem da Jardineira e
jar a glorificar São Bento:
certos vizinhos?...
'Um bom filho louva seu pai e isto lhe fica
bem'. "Você vai ter um anjo a seu lado
"E eu, de rainha parte, digo com o Eclesiásti "— Mas você tem sua mae! — disse o sábio P.
co: 'Honrar a sua mãe é ajuntar um tesouro1 (3,
5)" (Soeur MARlE-EMMAhlUEL QSU, Marle de L*íncar- Cinzano, o amigo de todas as horas — Faça com que
ela venha com você para Turim: vai ter um anjo a
natlon, Les Editions de L'Universitê, Ottawa,
1946, p. 9 / Imprlmatur: Jean-Marie-Rodrigue Car seu lado!
%
dinal Villeneuve OMI, Archevêque de Québec, "João fica confuso: obrigar a mãe, sua rainha
1-2-1946). e rainha de José, a ura tão grande desapego, a ura
sacrifício tão duro?
364. São João Bosco falava com "— Minha mãe £ uma santa (é_ um santo que _o_
encantadora simplicidade sobre sua mãe diz); posso fazer-lhe a proposta"."TFÃÜSTÒ CURTO,
A mãe de Dom Bosco, Editorial Dom Bosco, São Pau-
De uma biografia de São João Bosco lo, 1979, pp. 43-44).
324. Secção III 325.
Secção III
366. Dom Bosco reza & Nossa Senhora Irapnsnsa Industrial, Recife, 3a. ed., 1937, p. 21
pedlndo-Lhe que ocupe / Imprima tur: Miguel, Arc. de 01. e Recife,
o lugar vazio de sua mãe 2.5-2-1935)^
De outra biografia sobre a Mãe de São João
Bosco: 368. Mais tarde, quando Abade, citará
o exemplo da própria Mae, como modelo
"Duas horas mais tarde, Dora Bosco saía do pa da formação das crianças
tronato acompanhado de um dos seus alunos vetera
nos: ele ia a La Consolata, igreja preferida de Comenta D. Geraldo Fernandes CMF, falecido
sua mãe, rezar uma missa pelo repouso da alma da Arcebispo de Londrina, a respeito do célebre Abade
humilde cristã, cujo obscuro devotamento o havia de Sept-Fons, D. João Batista Chautard
livrado de tantas preocupações. *E agora, disse (1858-1935):
elo â. Virgem Consoladora antes de deixar seu san-
tuârlo, e_ preciso que^vós tomeis o_ lugar vazio! "0 pai, Augusto Chautard, é um livreiro que
indispensável uma mae na minha grande famíliaT raras vezes pisa na igreja e que, sem ser antire-
Quoraserá, senão V6s? Eu vos confio todos os meus ligioso ou anticlerical, alimenta amizade com vol-
filhos. Velai ‘sobre suas vidas e sobre suas almas, taireanos e lê tudo o que lhe cai sob os olhos.
agora e sempre!* Será D. João Batista que exercerá, mais tarde, in
"Jamais, pode-se dizer, ato de abandono foi fluência sobre o pai e não o pai sobre o filho. A
tão plenaraente ratificado pelo céu. Durante trinta educação materna de Clarice Sales, cheia de doçu
e dois anos, até o fim dos dias do Servo de Deus, ra, piedade e fortaleza cristã, supre as deficiên
Ê. Rainha dos céus pareceu descer do céu para cola cias do pai.
borar OQM do na salvaçao da Juventude, no lugar e "Mme. Chautard, com paciência e firmeza, se
posto de Margarida Occhlena. chamada ^Mainae Marga— aplica a corrigir os defeitos ^do menino, que se
ridaj, emigrada ao Paraiso". (A. AUFFRAY, Un Modè- revela terrível. Mais tarde, qúando abade, ele ci
le áe_ Mère, Librairie Catholique Emmanuel Vitte, tará • o método da mãe como modelo na formação das
Cyon, 1931, p. 94 / Iraprimatur: E. Béchetoille. v. crianças, contando um dos incidentes e uma das li
g., 16-2-1931). ções recebidas na infância, üm dia, saboreara
ocultamente um doce de pêssegos feito pela mãe.
Esta, ao descobrir a falta do filho, assim o re
367. Sua terna devoção a Nossa Senhora preendeu: *Jamais esconderei nada, nem fecharei
era fruto dos conselhos nada com chave; mas, se eu não te enxergo, o bom
£ exemplos.de 3ua virtuosa mae Deus te está vendo, e se me desobedeces, ofendes a
Deus*. E acrescentava Dom Chautard: 1 Eis como se
Sobre Dom Frei Vital Maria Gonçalves de Oli forma a vontade das crianças*". (Dom J. B. CHAU
veira (1844-1878), Bispo de Olinda, cujo Processo TARD, A Alma de todo apostolado, Editora Coleção
de Beatificação está em curso, comenta ura piedoso F.T.D., Saõ“Taulo7T?62, p. 13).
frade Capuchinho:
recantos da aldeia. Era 1845 começaram a ser repro mercatl em Roma. Fotografarara-no na França, na Es
duzidas as Imagens de Eplnal, representando vários panha, em vários outros lugares, no centro de um
episódios de sua vida. * Muito aflito * cora essas grupo de amigos ou de benfeitores. Fizeram-no pou
exibições, ji princípio quis fa"ze-las desaparecer. sar diante de urna tela, sentado, de pé, de Joe
' 08 vendedores supllcararâ-lhe que nlTo o fizesse, lhos, durante horas a fio.....
põTs era ura melo de ganharem a_ vida. 5 bõm~ Cura
deixou-se convencer. 'Quanto custa esta estampa? "0^ Santo se deixava fotografar, reproduzir
nas telas e_ descrever nos livros. Deus seja bendi
perguntou-lhes. — Dois soldos, Sr. Cura. — Dois
soldos, ahl é multo por esse miserável carnaval*. to” pois essa licença que ele deu à arte nos vai
* Vendam pois' (Gulllerme Vlllier, Processo Ordiná facilitar o trabalho; o testemunho das pessoas que
rio, p. 651) • viveram com ele nos traz também suas luzes; a lei
tura de seus escritos nos fornece preciosa docu
”Um dia, ao passar em frente de uma vitrina mentação. Vamos pois, à luz convergente desses
era que se achava o seu retrato, perguntou o preço"? três focos, contemplar sua fisionomia física e mo
'Cinco francos, lhe responderam. — Cinco francos 1 ral que se nos mostra com toda a nitidez" (A.
OhI o_ senhor não o_ venderá nunca 1 0^ Cura d'Ars não AUFFRAY SS, Dom Bosco. Escolas Profissionais Sale-
vale tanto" (Ir. Atanásio, Processo apostólico ne sianas, São PaulcT^ 135^7, pp. 409-410 / Imprlmatur:
pereant, p. 1048) . Mons. M. Meirelles Freire, Vigário-Geral)".
1 Enfim, dizia algumas vezes, se este pobre
carnaval serve para lembrar os conselhos que tenho
dado, não será de todo inútil'. Para demonstrar o 372. São João Bogco distribui
estampas de sl mesmo
desprezo que sentia por aquilo, sempre se escusou
a gravar neles o seu nome ou a benzê-los. Se entre
Relata um biógrafo inglês de São João Bosco:
as estampas que lhe apresentavam encontrava algum,
separava-o cora ura gesto brusco. Fazia comentários ”(São João Bosco) distribuiu Inúmeros rosá
como este: — *Isso só tem valor três dias no
ano', referindo-se aos três dias consagrados aos rios, medalhas e, o que parece mais estranho, pe
mascarados (Ir. Jerônimo, Processo Ordinário, p. quenas estampas de si mesmo, pois nunca desprezou
565)” (Cônego FRANCIS TROCHU, 0 Cura d'Ars, Vo os métodos modernos~5e publicidade^ advertindo em
zes, Petrópolis, 2a. ed., 1960, pp.379-380 / Im- certa ocasião que o demonio os utiliza cora algum
prlmatur: Luís Filipe de Nadai, Bispo de Uruguaia resultado para toda espécie de empresas duvidosas,
na, 29-6-1959). ■! e que isso autorizava os adversários dele, demô
nio, a empregar as armas modernas na luta por uma
causa boa". (LANCELOT C. SHEPPARD, Don Bosco, Her-
371. São João Bosco jielxava-se fotografar, der, Barcelona, 1959, P* 194 / Imprima-se: Grego-
rio, Arcebispo-Bispo de Barcelona, 9-9-1957).
reproduzir em telas, descrever em livros. . .
Mil
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gaça £ase£ bçm aa almaa,
gs gaotoa çbegis a âlstclguin
C^líguiaa de ai meamoa,
eoçareçendQ o valgc delaa e
recomendando gue aa guardem
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336. Secção III 337.
Secção III
377. -A uma senhora que pedia algo extraordinários que recebeu. Pedem-lhe que toque
que fora de seu uso, Santo os terços: ela o faz, tomando-os numa das maos e^
Antonio Maria Claret deixa tocando-os com a outra,~mas 'senPdar lmport&ncla a.
08 seus cilícios disciplinas Isso, apenas para se desembaraçar das pessoas *.
Depois o Pe7 Pomian lhe proibiu esses gestos. Éla
Nota de uma edição dos escritos autobiográfi não os faz mais — e quando lhe apresentam, desde
cos e espirituais de Santo Antonio Maria Claret então, um terço, ela se contenta de responder cora
(1807-1870): ura sorriso afável: *Isso me foi proibido*. Para
agradar as pessoas, aconteceu de ela dar alguns de
"Com efeito, escreve dona Jacoba de Balzola: seus caFêlos. Ura belo dia, o Pároco Peyramale se
labendo (Santo Antonio Maria Claret) por seu ca õpos a isto. E Bernadette escreverá, simplesmente,
pelão o_ desejo tão grande que eu tinha de algum a uma solicitante, algumas palavras cujo sabor
objeto de" seu uso, ao despedir-se disse-me: como apreciamos: *Quanto aos cabelos, não me é mais
nos expulsara e não sei o que nos farão, se nos re permitido enviá-los*" (MICHEL DE SAINT-PIERRE,
vistarem, deixo-lhe estes cilícios e disciplinas Bernadette et Lourdes, Êditions "La Table Ronde",
de meu uso1 (San ANTONIO MARIA CLARET" Escrltoá Paris"," W8,-pP:--12JJ7'132 e 133).
autobiográficos £ espirituales, BAC, Madrid,
1959, P- 58o nota 157 / Imprlmatur: Blasius Bude-
lacci, Ep. Nissen, Tusculi, 9-2-1959)• 379. 0 Padre Reus dá uma-
batina velha que ura Irmão
lhe pedira por veneração
378. Para agradar as pessoas,
Santa~~5ernadette dava cabelos seus Conta um Irmão coadjutor Jesuíta sobre o Pa
dre Reus (1868-1947):
De uma biografia de Santa Bernadette Soubi-
rous (1844-1879): "Cheguei a conhecer o bom P. Reus, quando fa
zia os seus estudos em Valkenburgo. .... Tive-o
"Dez, vinte visitas por dia — no hospital, por santo, por uma alma pura e possuída de Deus.
era casa. Se Bernadette passeia, as pessoas se Senti-me fortemente impelido a rezar por ele e re-
aproximam, a seguem. Quer ela ir rezar na Gruta? comendei-me Intimamente às suas orações. •••• Por
Os comentários se espalham: *VeJam a Santa!* veneração pedi uma de suas batinas velhas, que
1 Olhem a nossa Santa! * De Pai, de Bagnères, de usei com muita consolação e_ conforto
Tarbes, d*Argelès, de Cauterets e de outros luga interior" (Pe. LEO KOHLer SJ, Biografia completa
res, as pessoas se precipitam a Lourdes para ver V. João Baptlsta Reus, SJ, Livraria Selbach &
Bernadette. A menina tornou-se objeto de venera-" ÜTa.; Porto Alegre, 1950,~Volurae II, pp. 97-98 /
ção, sem nenhuma duvida; e não se pode ter rigor Imprlmatur: Mons. André Pedro Frank, Vig. Ger.,
com os homens e mulheres cuja fé sólida honra nela 20-4-1950).
03 traços do céu: como se saudariam os passos de
Jesus ou da Virgem sobre a areia.....
"Mas as pessoas insistem em lhe pedir para 380. "Não percam nenhuma dessas pétalas;
tocar objetos, pôr sua assinatura nas imagens, alegrareis a outros com elas. • •"
acariciar as crianças. Persistem em lhe cortar pe
daços das vestes» áeáobram-se os esforços para lhe Depoimento da Madre Inês de Jesus (Paulina),
Priora do Carmelo de Lisieux, no Processo de Bea
arrancar seus famosos * segredos*.....
tificação e Canonização de sua Santa irmã:
"A Irmã Vitor.ina se admira de não ter Jamais
notado nessa Jovem o menor sinal de vaidade, de "No fim da vida, ela (Santa Teresinha) pres
amor-próprio ou de orgulho a propósito dos favores sentia bem o que faria depois de sua morte. Parece
338. Secção III 339.
Secção III
mesmo que ela previu sua glorificação pela Igreja. "2. Lê-se igualraente na vida de São F-éllx de
Vou relatar singelamente e sem comentário as suas Cantalíciq que ele disse às pessoas que beijavam
palavras e os seus atos. A Igreja Julgará. suas roupas: 'Isto, minhas filhas, contentai a
vossa devoção; logo vlrã o dia emque"este hábito
"Quando ela derramava lágrimas de amor, ela será tido como precioso, e_ todos acorrerão para
me deixava recolhê-las num lenço fino, sabendo bem obter um pedaço dele1.
que não era para enxugar-lhe o rosto, mas para
conservá-las como uma lembrança venerada. "(Vie du bienheureux Benoit Labre par Desno-
yers missionnaire apostollque, Lille 1862, Tome I,
"Quando eu lhe cortava as unhas, ela recolhia pp. ^16-^17).
os fragmentos e ela mesma os dava a mira, convidan- "(Vie des saints de toute l'année par le ré-
do-me a guardá-los.
vérend père Ribadeneira, traduction Darras, Paris
"Quando lhe trazíamos rosas para desfolhar 1862, l8 mai, p. 278)" (Procès de Béatification et
sobre o seu crucifixo, se algumas pétalas caíam no Canonisation de Sainte Thérese de T' Enfant-Jésus*
chão, depois que ela as havia tocado, nos dizia: et de la Salnte-Face — II Procès Apostollque. Te-
'Não percam isso, minhas irmãzinhas; alegrareis (a resT&num, Roma, 197b, Témoin d: Geneviéve de Sain-
outros) mais tarde, cora essas rosas1" (Procès de te-Thérèse OCD, p. 313).
Béatification et Canonisation de Sainte Thérese de
1 'Enfant-Jésus et. de la Salnte-Face ~ Procès*
Apostollque, Tereslanum,~Hbma. 197b, t. II, p^ 199
-- Témoin 6: Agnès dev Jesus OCD) .
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Conta uma vida de Santa Rosa de Lima
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(1586-16l7), primeira Santa canonizada do Novo
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etêrnamehte1; depois pedTu que chamassem as filhas
dõ Contador e fez çara elas uma prática espiri
tual, exortando-as a virtude .... deu-lhes também
sua bênção” (Fray PEDRO DE LOAYZA OE, Vida de San-
ta Rosa de" Lima, Ibéria, Lima, 1965, p. 100~7 Eue- No Processo de Canonização de São João Ber
He relmprlrnlrse: Mario CorneJo, Obispo Auxiliar y chmans, o Postulador da Causa apresentou como ar
Vicário General)".
gumento:
”Luis de Gonzaga,, moribundo, abençoou em pre
387. Presenciei sacerdotes ajoelharem-se sença do enfermeiro, um anclaõ, um sacerdote, o
Junto do seu leito padre Luís Corbinelli, que solicitara do santo es
para Implorarem sua bênção sa consolação £ ninguém censurou a Luiz de Gonzaga
como ato de orgulho, esse ato de caridacTê^ * (Fe 7
177"J. M. CftÕS, Vida de S. Joaõ Berchmans, buprat l
Conta a vida de São João Berchraans que mor
reu simples noviço da Companhia de Jesus, aos 23 Comp., São Paulo, 191^7 P* / Com licença da
anos de idade, em 1621: autoridade eclesiástica).
"DIzel-me, acrescentei ainda, dizei-me since- 389. A bênção doa Sacerdotes £ ”constltutlva”;
ramente, é certo que não morrereis senão amanhã? a dos leigos £ meramente ”lnvocatlva”
João ficou silencioso e olhando para mim, disse-
-me: 'Sim, meu caro Nicolau, morrerei amanhã cer Consulta feita pela TFP ao Pe. Antonio Royo
tamente, durante a manhã. — Eu desejava estar Marin OP, e resposta do ilustre teólogo e autor de
aqui, poderei? — Procurai estar; e abraçando-me numerosos livros:
346. Secção III
Consulta. — «Na História da Igreja lêera-se
rostos exemplos de Santos e pessoas virtuosas que,
não sendo nem Sacerdotes nem Superiores Religio
sos, e sendo inclusive mulheres, davam a bênção a
outras pessoas, fossem embora Sacerdotes e até
Bispos: Santa Catarina de Siena dava bênção a fra
des dominicanos; Santa Teresa de Jesus deu, certa
ocasião, a bênção ao Arcebispo de Sevilha, Don
Cristobal de Rojas y Sandoval, por exigência da
quele Prelado (1577); São Luís Gonzaga e São João
Berchmans, sendo simples seminaristas, deram a .En la Historia de la Iglesia se leen muchos exemplos da San
bênção a Sacerdotes antigos da Companhia, segundo tos y personas virtuosas que, no siÊndo ni Sacerdotes ni Superiores
Religiosos e inclusive siendo mujeres, daban bendición a otras perso
se lê no Processo de Beatificação deste último nasf> aunque fuesen Sacerdotes y hasta Obispos: Santa Catalina de Si£
Santo; Dona Catarina de Cardona, uma simples lei na bandecía a Çrailes dondnicosj Santa Teresa de JcbUb di<5, en cierta
ga, dava a benção às multidões que acorriam a ela ocasión, la bendición al ArzobiBpo de Sevilla, Don Cristóbal de Rojas
y Sandoval, por exigencia de aquel alto Prelado (1577)V San Iaííb de
na gruta era que vivia retirada, conforme narra
Gonzaga y San Juan Berchmans, siehdo simple seminaristas, daban la
Santa Teresa no livro das Fundações etc. bendición a Sacerdotes ancianos de la CompafSía, segdn se lee en el p
proceso de beatifi cación de este lilVimo Santo; Dofia Catalina de Car
pergunta. — Como explicar o procedimen dona, una simple seglar, bendecía a las multitudes que aeudían a ella
to destes Santos e pessoas virtuosas? en la gruta donde ella estaba retirada, conforme cuenta Santa Teresa
en el libro "Las Fundaciones", etc.
"Resposta. — Trâta-se de simples bênçãos in-
vocatlvas — a modo de oração — mas não constitu FRIMERA CONSULTA: ^Cómo explicar el procodimiento de estos
tivas , comova dos Sacerdotes. A diferença consiste Santos y personas virtuosas?
era que as bênçãos meramente invocativas não deixara \ RESFUESTA: Se trata de simples bendicioneses invocativas - a ma
benta a coisa mesma, mas se limitam a invocar \'.do de oración - pero no constitutivas como las de los Sacerdotes. La
sobre ela o favor ou a bênção de Deus ou da San \\diferencia consiste en que lae meramente invocativas no dejan bendita
‘la cosa misma, sino que se limitan a invocar sobre ella el favor o la
tíssima Virgem. Pelo contrário, a bênção constitu i nandición de Dios - o de la Santísimá Virgen. En cambio la bendición
tiva, dada pelo .Sacerdote, deixa benta a coisa Constitutiva, realizada por el Sacerdote, deja bendita la cosa misma
mesma (por exemplo, um crucifixo, um terço, uma vg.: un crucifijo,. un rosário,, una medalla, la comida, etc.). El
medalha, a comida etc.). 0 leigo pede a Deus ou a eglar pide a Dios o a la Virgen que bendiga lo que Ó1 bendice; el
Sacerdote bendice por sí mismo en virtud de sus poderes sacerdota-
Nossa Senhora que abençoe o que ele abençoa; o Sa / les. La bendición dei Sacerdote es un sacramental; la dei seglar o la
cerdote abençoa por si mesmo, em virtude de seus \ jdel simple Religioso, no lo es.
poderes sacerdotais. A bênção do Sacerdote é ura
sacramental; a do leigo ou do simples religioso SEGUNDA CONSULTA: i,Es lícito que simples seglares den la ben
não o é. dición a otras personas, invocando el noabre de Dios c de Su Santí-
sima Madre?
"2a.^pergunta. — Ê lícito que simples leigos RES5UESTA: Si, en el sentido que acabamos de explicar.
dêem a bênção a outras pessoas, invocando o nome
de Deus ou de sua Santíssima Mãe? TERCERA CONSULTA: En caso afirmativo i cuáles son las condi
ciones para que el seglar pueda dar esa bendición?
"Resposta. — Sim, no sentido que acabamos de RESFUESTA: Hágalo con humildad y devoción sin darse ninguna
explicar. importância.
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Secção III 349
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nástica e revestissem o hábito de uma ordem reli mim, designou-me cora o dedo e disse: 'Eu te_ reco
giosa. Foi assim que ordenou ji Stefano (<} Beato mendo, em nome de Deus e^ da santa obedTencla, que
s Estêvão Maconi), em nome dá~santa obediência, que entres rm ordem dos Cartuxos, pois é essa a ordem
entrasse na ordenfcTos Cartuxos, a Francesco Mala- para a qual Deus te escolheu e te chama!...* Quan
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volti que se recolhesse ão Monte Oliveto e consa do assim me falou Catarina, continua Stefano mais
í ' grasse à vida monacal. A outros, aconselhou que se adiante (nesta época, outubro de 1*111, ele Já há
! ‘ fizessem eremitas e a outros ainda, que abraçassem
muito usava o hábito branco e estava instalado na
a vida eclesiástica. Indicou a Irmã Alessia para Certosa di Pavia, como superior geral de sua or
i superiora das Mantellate e encaminhou os homens dem), — devo confessar, para confusão minha, tão
1 para Frei Raimundo (o Beato Raimundo de Cápua, do
pouco eu pensava em entrar para os Cartuxos como
minicano) a fira de que ele os dirigisse e condu qualquer outra ordem. Mas, apenas ela expirou, ura
zisse f . desejo tão grande de realizar sua vontade nasceu
"Entre os destinados por Catarina para a vida em meu coração que, se a ele se tivesse oposto o
solitária encontrava-se Neri di Landoccio. Aconse mundo todo, tudo teria eu vencido..."
lhou também ao notário Ser Cristofano di Gano Gui- (*) Nota: Entre os presentes encontravam-se
dini que se tornasse irmão leigo do hospital de vários Sacerdotes, como Frei Tommaso di Petra (seu
Sena, sob a regra de Santo Agostinho. fE cada um antigo confessor) e Frei Tommaso Caffarini. (J0-
de nós', diz a. velha crônica, * recebeu, com acata HANNES JOERGENSEN, Santa Catarina de Sena, Editora
mento, suas ordens. Era seguida, com verdade'ira hu Vozes, Petrópoll8, 1944, PP* 391-3"?? / Cora aprova
mildade, pediu a todps que lhe perdoassem se não
fora para nós ura modelo durante a vida e não reza ção eclesiástica).
ra por nós tanto quanto podia e devia ter feito, e
se bastante não se preocupara com as nossas neces
sidades como o dever lhe impunha. Por todos os 391. 0 famoso "lo vogllo" de
desgostos, dissabores e tristezas que nos tivesse Santa Catarina de Siena
podido causar, implorou também nosso perdão. E di
De uma introdução às obras de Santa Catarina
zia: *FÍ-lo por ignorância, pois confesso diante
de Siena (1347-1380):
de Deus que sempre tive e tenho ainda o desejo ar
dente de vossa perfeição e de vossa salvação1. Por
"A personalidade da Santa de Siena •••• se
fim todos nós chorávamos e, como era seu costume,
deu a cada ura de nós em particular sua bênção em manifesta .... desde as primeiras linhas da pri
meira carta que se escolha, seja qual for: ’Eu,
Cristo1(*)• Catarina’... Segue-se, é certo, uma fórmula, que é
"Entre os discípulos presentes naquela oca expressão de humildade: 'serva e escrava dos ser
sião, Caffarini menciona Stefano Maconi (o Beato vos de Jesus Cristo*. Porém, no espírito fica, em
Estêvão Maconi). Libertara-se ele das imposições primeiro plano, o eu inicial, e as palavras se
de sua família como tantas vezes lhe aconselhara guintes Já soam Junto com aquele eu, como... isto
Catarina, compreendendo afinal o que ela lhe que precisamente: como uma fórmula.....
ria dizer quando lhe escrevia que *os pais de um
homem podem ser seus piores inimigos’. Quer a len "Aos Papas, suplica-os em nome de Cristo cru
cificado. Ao Rei da França: ’Fazel a vontade de
da que, enquanto ele rezava em Siena, na capela da Deus <5 a minha*. Ao indómito Bernarbo" Visconti,~a
Irmandade da Scala, tenha ouvido uma voz que assim Rainha de Nápoles, aos Cardeais, aos homens de le
exortava: ’Parte para Roma, não hesites mais, a tras e de armas: 'Eu quero;..’
morte de tua Mamma está próxima!’ E atendendo ao
chamado, ele partiu e ainda chegou a tempo. 'Cata "E a_ Deus Nosso Senhor — segundo testemunho
rina vivia seus últimos momentos, conta ele, e re do prior da cartuxa de Pavia, em ura caso pessoal
velou a cada um de nós, era particular, o que de — sabia dlzer-Lhe também: *Eu quero'.
víamos fazer depois de sua morte. Voltando-se para
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352. Secção III
"Em seu leito de agonia, assim fala ao discí
pulo Frei Bartoloraeu Dominici: ‘Já que, como sa
beis, vai celebrar-se em Bolonha o capítulo geral
de vossa Ordem para eleger o Mestre Qeral, quero
que vás e elejais para este cargo o meu pai Frei
Raimundo, ao qual quero que permaneçais sempre
unido e estejais submisso à sua vontade. E_ isto,
tanto quanto posso, eu vos mando1.....
"0 io vogllo de Santa Catarina não pode ser
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consideraHõ fora do conjunto psicológico e sobre
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natural que constituem toda a sua personalidade.
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identificação com a_ vontade de Deus; _a_ plena sãQ CQIBBCefiBálâQS QU CêSQQbgglâQS.
consciência de sua missão na.Igreja, impedem qual-
quer outra interpretação" (AnGEL 'MORTA, Obras de tjultga ^ezea BQfçem detcaçêea g pegaeguiÇQga,
Santa Catallna de Slena, Introducción, BAC, Ma
drid, 1955, pp. 5j>-bò / ImprlmatuE4: F~r. Francisco atf çgsgg ge BeagQgg t2âi>
OP, Obispo de Salammanca, 1-12-1955)*
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362. Secção III Secção III 363*
repugnaria aos nossos leitores. Também a haviam
Giuiiani). A pior delas ousou dizer que aquela Ir-
empregado na cozinha, mas foi por pouco tempo,
porque tudo lhe caía das mãos, e a admirável hu mã estava possessa do demonlo. ....
mildade com que reparava estes seus desazos, não "Outras, menos furiosas, insinuavam que esses
impedia que prejudicasse a ordem e regularidade estados anormais de Verônica vinham de seu desejo
que devem reinar em uma comunidade. Tinham-lhe de se fazer notar. Muitas se deixaram levar de mo
confiado a_ educação das meninas, que multo a ama mento por essas críticas acerbas, esquecendo a do
vam e_ lhe cortavam pedaços do hábito como a uma çura, a humildade, a bondade, todas as virtudes
8anta, mas o seu estado de êxtase impedia-a de dessa pobre Irmã acabrunhada, e não considerando
vigiar quanto era necessário. Pobre irmã! era 1675, senão as complicações trazidas para o convento,
muito mais que em 1672, a sua vida Já não era na pelos fenômenos místicos que se davam com ela"
terra, era necessário deixá-la no seu céu! (Ctesse. M. DE VILLERMONT, Salnte Véronlque Glu-
liani, Librairie Générale CatHolique, Maison
"Acresciam ainda as doenças, curas súbitas,
Saint-Roch, Paris-Couvin, Belgique, 1910, pp.
recaídas repentinas, um estado que os médicos não
271-272 / Imprlmatur: J. M. Miest, vic. gen., Na-
compreendiam e muito menos as religiosas- Como não
murci, 1-3-1910T:
se admirariam? Como não diriam: Mas era tudo isto
não terá grande parte a imaginação, um temperaraen-
to mal regulado, e talvez alguma ~ilusão? Interro-
gavam-na^mas debalde, porque nao respondia coisa iJOO. 0s_ ímpios o chamavam de
pelo menos satisfatória ou que desse à comunidade malfeitor e de antl-Crlsto
alguma luz. De maneira que algumas chegavam a di
zer que Soror Margarida Maria era uma visionária. De uma biografia de São Luís Grignion de
Acusavam-na de se ter apoderado do espirito da su- Montfort (1673-1716), o grande Apóstolo da devo
perlora e do padre de la Colombiere e de lhei fa- «j ção mariana:
zer acreditar as suas alucinações. Algumas até fcT- j
ram mais longe; imaginando que/Margarida estava "A conduta de Grignion.de Montfort de tal
possessa, quando a_ encontravam, Xhe lançavam âguá forma pareceu extraordinária aos seus contemporâ
benta" (Pe. BOUGAÜD, Vigário geral de Orleans, neos que os ímpios a_ tomavam como diabólica, cha-
lilstórla da Beata Margarida Maria ou da Origem da mando-o de malfeitor, de^ antlcrlsto, de obsesso;
devoção ao Coraçao de Jesus".~LlvrarTa~Tnternaclo- os mundanos consideravam-no extravagante, e_ os
nal, Porto-Braga, 1873V pp. 228-229). Sons pelo menos tinham-no como~e3qulsíto e fora do
comum" (J. M7 TEXIER, São Luís Maria Grignion de
Montfort, Vozes, Petrópolis, 194Ô, pp. 4M-45 /
399- Acusam Santa Verônica Glullanl Cora aprovação eclesiástica).
de querer fazer-se notar, e de estar
possessa do demônio
M01• Que Santo não foi
acusado de singularidade?
Da vida de Santa Verônica Giuiiani Da mesma biografia de São Luis Maria Grignion
(1660-1727), grande mística italiana que recebeu
de Montfort:
os estigmas da Paixão:
"Acusara-o de singularidade, mas... de igual
"Obstinada como estava em sua injusta suspei reprimenda fora porventura excetuado algum santo?
ta» _ela (a Superiora) escutava mais do que nunca Enfim, ura santo é singular 3omente porque se eleva
as Irmãs malevolentes e_ caluniadoras. Estas Sê" sobre o comum dos homens. Certamente que Montfort
aproveitaram disso para desenvolver uma campanha era singular, pois fazia uma guerra contínua ao
violenta contra Verônica (Santa Verónica mundo e às suas máximas falsas, porque calcava aos
364 . Secção III Secção III 365.
pés todo respeito humano, porque colocava o servi 1403. Se os Apóstolos tivessem temido
ço de Deus acima de qualquer consideração humana. passar-por originais,
JamalÊT teriam feito apostolado
"Não fora esta, com efeito, a_ mesma linha de
conduta que sublevara o_ mundo contra Jesus e_ seus
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Ainda sobre o grande Apóstolo marial:
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Apostolos? 0 santo missionário podia, pois, repu
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tar-se feliz por estar em tão boa companhia" (J.
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M. TEXIER, São Luís Maria Grignion de Montfortt "Certas influências, para se exercerem plena-
Vozes, Petrópolis, 1948, p” 188 / Com aprovação mente, necessitam do tempo e da repetição. São
eclesiástica). Puís Maria de Montfort deixou transformadas por um
século paroquias onde ele havia pregado durante
quinze diasV Ele passava, e não voltava mais:
402. 0 Santo desconcerta e atrás dele, seus inimigos reconstruíam às pressas
às vezes escandaliza o homem comum as barreiras, as portas e as pontes levadiças, pa
ra que sua conquista fosse efêmera, para que seu
rosto fosse esquecido. Inúteis precauções! Sua voz
continuava a ressoar incessantemente entre as mu
Comentário de outro biógrafo do mesmo São ralhas. Seu olhar permanecia no fundo das
Luís Maria Grignion de Montfort: consciências.....
"(0 Padre) Blain não ousava, diante de uma
"Por definição, um santo não pode ser um ho santidade evidente, invocar a distinção entre
mem em tudo semelhante aos outros homens. ETê nao 'preceito' e 'conselho'. Ele julgou encontrar uma
fica no plano da natureza, mas tende à perfeição boa posição de recuo criticando as 'singularida
do Pai celeste. Seu incessante progresso em dire
ção a_ Deus aumenta, dia apos dia, a_ distância des ' do homem. — 'Se eu tenho 'singularidades',
respondeu Montfort, é contra minha intenção. Eu
existente entre ele e as almas tornadas pesadas, não procuro tê-las. E se minhas singularidades me
imobilizadas pela carne. santo espanta a humani
dade média.~Ele a_ escandaliza, enquanto nao a ele propiciam algumas humilhações, vamos! tanto me
lhor! Deus deseja que eu seja assim para confundir
va acima dos baixos horizontes. meu orgulho'. E acrescentou, não sem espírito, que
"0 santo é um original; e ele o é tanto mais se os apóstolos tivessem temido passar por origi
quanto em sua época, seu ambiente, seus auditó nais, jamai8 teriam saldo do Cenáculo" ("GEORSES
rios, estejam mais longe do céu. Ele o é porque RIGAuLT, àaint~LouÍs-Marle~ljrlgnlon de Montfort,
tem mais futuro no espírito, porque negligencia os Les Traditions Françaises, Tourcolng, 1947, pp. 92
hábitos, os preconceitos, as contingências para e 141 / Imprlmatur: Joannes Baptista Megnin, Epis-
preceder seu século no tempo, para levar seus ir copus EngolÍ8tnensis, 28-4-1947)*
mãos a esse fim misterioso que seu olhar de profe
ta descobriu. Mesmo quando se encontra entre ver
dadeiros cristãos, ele os surpreende ainda; ele .se 404. Perseguições sofridas
apoia, por assim dizer, sobre eles para se proje por Santo Afonso de Llgórlo
tar para o alto com mais audácia. Tendo partido de
muito alto, ele avista logo os cumes; sem orgulho, Conta uma biografia de Santo Afonso Maria de
mas sem medo, ele se interroga diante de Deus: Quo Ligório (1696-1787), a quem Pio IX conferiu o tí
non ascendam? (Até onde não me elevarei?). E ele tulo de Doutor da Igreja:
provoca vertigens em seus contemporâneos". (GEOR-
GES RIGAULT, Saint Louis-Marie Grignion de "Afonso (Santo Afonso de Ligório) ofereceu a
Deus sua vida, resolvida a empreender a fundação
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366. Secção III Secção III 367.
pos. Com efeito, apenas dera os primeiros paBsos, fossem verdadeiras, e não puro engano, fizesse um
desencadeou-se contra ele a mais furiosa tempesta milagre, restituindo a razão à pobre freira. Afon
de. 0 menos que lhe diziam sem rebuços, era que se so achava-se em Nápoles, quando recebeu este reca
lançava numa extravagancla .... que se deixava lêp do: — Soror Maria Madalena (a enferma) acaba de
var pelas alucinações de uma visionaria .... que recobrar a razão.....
oa louvores lhe tinham feito perder o Juízo e o "Era Nápoles, no entanto, as más línguas con
orgulho e a vangloria o cegavam. ~ ~ tinuaram a denegrir-lhe a reputação. Ripa e alguns
amigos não descansavam. 0 menos que propalaram
”0 tio, dom Mateus Qizzio, reitor do seminá era: Afonso e_ ura iludido, vaidoso, orgulhoso, ¥
rio, repetia-lhe era todos os tons: vergonha e a desonra do clero napolitano. ....
"— Sois uma cabeça sem miolo; deixai-vos "Mas tinham-lhe revelado que a Congregação se
arrastar pela fantasia de uma freira; não ouvis fundaria, embora tivesse de passar pela prova de
nenhum conselho; sois a burla e o escárnio da ci fogo, isto é, arrostar dificuldades não só exter
dade. nas, mas, principalmente internas. Estas dificul
dades internas são características da obra Afonsi-
"A maior campanha movia-lhe o Colégio da Sa
na. Todas as fundações têm esbarrado com inimigos
grada Família de Jesus, onde Afonso fora pensio externos. Tiveram suas desarmonias internas, é
nista e onde tanto trabalhara. Para o Padre Ripa e certo; mas estas, nã vida de fundador, têm sido
seu estabelecimento,> a decisão de Afonso e sua quase sempre dificuldades que sobrevêm a toda so
perda representava uma catástrofe. 0 antigo mis ciedade de homens. Na obra de Afonso, nós o vere
sionário dos chineses esforçou-se era vão por dis- mos, não.faltaram as tramas exteriores, e cem ve
suadi-lo; mostrou-lhe por todos os modos que sua
zes esteve a Congregação a ponto de soçobrar. Mas,
resolução era ridícula, um verdadeiro pecado se
guir os conselhos de uma freira e abandonar o bem se grandes foram essas tormentas, incomparavelmen
que vinha fazendo no colégio. Não tendo conseguido te maiores foram as internas e ao Fundador, na ho
virar a cabeça de seu pensionista, dirigiu-se Ripa ra de sua agonia, não faltou uá Judas.....
a Monsenhor Falcoia numa carta que raiava pelo "Os inimigos tinham espalhado as notícias
atrevimento e injúria. Ao mesmo tempo rompeu com mais ridículas. Diziam que o Papa, informado das
os padres Pagano e Fiorilli e de tal modo amotinou pretensões de Afonso, proibira a Monsenhor Falcoia
a_ opinião pública contra esses dois sacerdotes que de ocupar-se dele e da Fundação. Alguns pregadores
ambos rogaram a_ Afonso tomasse ? por diretor ji Mon apresentavam-no do alto da cátedra, como um exem
senhor Falcoia e_ os deixasse em:paz. plo de erros e de quedas, a_ que estão expostas as
almas presumlcTas e orgulhosas. Os parentes e aml^
"Ripa, esperto era manejar as armas e acostu
gos recebiam-no envergonhados. 0 tio, reitor do
mado a ver-se sabe Deus em que questões com os
seminário, evitou encontrar-se com ele. 0 padre
chineses, de tal maneira sublevou a_ opinião e_ mo-
Ripa cerrou-lhe as portas do colégio. Nas ruas
veu guerra a Afonso, que este, todo perplexo, per-
apontavam-no com o dedo como se fosse um louco".
guntava ã sl mesmo, se em verdade seus diretores
não o haviam induzido a uma aventura. Abandonado (Pe. JOSE MONTES CSSR, Afonso de Llgórlo o_ Cava
dos melhores amigos, dirigiu-se a Scala a manifes leiro de Deus, Editora Vozes,”Tetropolis, 1962,
tar as hesitações a Soror Maria Celeste (Venerável pp. 35, 36, 40, 41 e 43 /'Imprimatur: P. José Ri-
Maria Celeste Crostarosa). bolla CSSR, Superior Provincial, São Paulo).
"— Dom Afonso, esta obra é de Deus. Haveis
de ver os resultados.
"Havia naquele mosteiro uma religiosa, anciã,
que sofria de demência. Soror Maria Celeste, e
suas co-irmãs, suplicaram a Deus que, se as visões
368. Secção III Secção III 369.
408. São João Bo8co, para evitar denciais, completamente alheias à política e às
más interpretações e^ coisas do governo. Quando começaram, pois, as in-
acusações, escondeu certos auirlções, eu havia levado para outro lugar tudo
papéis que nada continham de particular quanto pudesse dar o mais ligeiro pretexto para
suspeitar de relações ou alusões políticas em nos
Relata São João Bosco era suas Memórias do sas casas" (São JOAO BOSCO, Memórias dei Oratorlo
Oratório: in Biografia y Escritos de San Juan BoscõT BA“tT“
Madrid, 1955, pp. 253-254 / Imprimatur: José Ma
"Corria o ano de 1860. Os acontecimentos po ria, Ob. aux. y Vic. gral., 13-5-1955)*
líticos agitavam toda a Europa e seu centro era a
Itália. Um partido, ou por dizer melhor, uma fac
ção, sob o nome de liberais democráticos, promove 409. Santa Teresinha: minha
ram o espírito revolucionário, começando do palá mlssãõ~~sê"~~cumprirá apesar
cio dos soberanos até o tugúrio do rude camponês e da inveja dos homen3
do pobre operário.
Sobre Santa Teresinha do Menino Jesus
"Suprimiram as corporações religiosas de um e (1873-1897), escreve o Padre Peitosa:
de outro sexo, desprezaram todas as leis da Igreja
e a própria autoridade do Sumo Pontífice; foi abo "Numa confidência com a Madre Inês de Jesus,
lido o foro eclesiástico, foram confiscados todos Teresinha declarou: 1 Para a minha missão, como pa
os bens dos cabidos^dos seminários e das dioce
„
ra a de Joana dfArc, a, vontade de Deus cumpri.r-se-
-
ses; fcram invadidos, em sua maior parte, os Esta “apesar da inveja dos homens1'w (Te. ANTONlO
dos da Santa Sé. Os dirigentes da Polícia, para
,
FÊITOSA, Santa Teresinha, a Violeta de Llsleux,
infundir terror e aparentar que não temiam a nin Vozes. Petrópolis, R.J., 2a. ed. refundida, "Í5557
guém, começaram a varejar domicílios privados e a
__
p. 274 / Imprimatur: D. Manuel Pedro da Cunha Cin
encarcerar pacíficos cidadãos..... tra, 20-1-1955)*
,
"Onze vezes a nossa casa foi honrada por es
tas visitas domiciliares ou batidas policiais. Ex
;
porei uma delas, e por esta se saberá o teor das
11___
demais.
"Devo advertir que três dias antes da primei
ra visita, na noite de 23 para 24 de maio, -tinha
.
tido um fsonho* que, explique-se como se quiser,
foi-me muito proveitoso. Pareceu-me que uma turba
|
de esbirros entrava nos meus aposentos, apoderava-
•!
-se da minha pessoa, revistava os papéis, os armá
rios, as gavetas, revirando tudo. Um deles, de as
pecto mais benévolo, disse-me ao ouvido:
Secção IV
A formação católica
tradicional,
proporcionada pelos
santos, é uma
formação viva em que,
a par da doutrinação,
a personalidade do
mestre ou do superior,
seus exemplos e
seu convívio
desempenham papel
relevante
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Do Ideário Pedagógico de São João Bosco (com
A instrução enriquece a inteligência; pilação de doutrinas e diretrizes do Santo, orga
a educaçao cultiva a alma nizada por seus discípulos, mantendo quanto possí
vel as próprias palavras do autor):
"A instrução enriquece a. inteligência de co "Todos ou quase todos os educadores olham co
nhecimentos ; a educação cultiva toda a alma. A mo principal privilégio da criança o desenvolvi
instrução visa somente a^ inteligência; a educação mento de sua inteligência. Mas esta £ uma falta de
trabalha simultaneamente por formar a_ inteligên prudência, porque desconhecem ou facilmente perdem
cia- , o coração, o cãrácrter e_ a_ consciência. Por di vista a. natureza humana e _a dependência recí-
certo que não pode existir educação religiosa sem proca de nossas faculdades. Concentram todo o es
instrução religiosa; é porém essencial atender a forço em desenvolver a faculdade cognoscitiva e o
que uma não é a outra. Dar à inteligência a sentimento, que errónea e dolorosamente confundem
instrução religiosa e não cuidar de cultivar ao com a faculdade de amar, e em compensação descui
mesmo tempo a educação do coração, do caráter e dam completamente da faculdade soberana, a vonta-
da consciência, seria ficar muito desviado do fim dêT única fonte do verdadeiro e puro amor, da qual
que se quer atingir, muito abaixo do que é em ver a sensibilidade não é mais que uma espécie de apa
dade a obra catequística". (GIUSEPPE PERARDI, Novo rência. E se se ocupam algumas vezes desta pobre
Manual do Catequista ou Explicação Literal do "Ca- vontade, não é tanto para regulá-la e fortificá-la
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384. Secção IV
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nha (1873-1897), recolhidos pela Irma Genoveva da
Sagrada Face (Cellna, Irmã da Santa):
gara loçulçaç nas almas
"Um dia em que nos encontrávamos diante da
biblioteca, dlsse-me com sua habitual Jovialidade: 2 amçç | veçíifli i §2
’— Oh, como sentiria pesar se tivesse lido
todos esses livros I | altamente útil usaç recursos sensíveis,
'— Mas por que? — repliquei. Depois de os como sejam latos históricos, símbolos e metáforas.
ter lido tratar-se-ia de um bem adquirido; eu
compreenderia que tivesses pesar por ter que os Sq |§|lm 11 tçr| um ensino riçamente vivo,
ler, mas não por os ter lido.
*— Se os tivesse lido, teria quebrado a ca que llUllQi i 1dSê11s|Q21|
beça, teria perdido um tempo precioso que empre
guei simplesmente em amar a_ Deus *". (Consejos ^ e move a vontade
Recuerdos / Recogldos por Sor Genoveva de la Santa
Faz, hermana y nòvlcla de Santa Teresa cTel Nlno
Jesus, in Santa Teresita dei Nino Jesus, Obras
421. 0 ensino por melo de exemplos e
Completas, Edit. "El Monte Carmelo", Burgos, 1964,
p"* 12 4 4 / Imprlmase: Segundo, Arzobispo de Imagens £ mais eficiente:
Burgos). foi o empregado por Nosso Senhor
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dem de S. Pio X, União Gráfica, Lisboa, 3a. ed. , para ser compreendidos, para comover os coraçoes
)|
dar ação as vontades, e_não para formar sábios 7
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1939, pp. 19-20 / Imprlmatur: Em. Card. Patriar-
cha, Olisipone, 3-2-1939). ainda menos para martirizar o espírito com ter-
388. Secção IV
Secção IV 389.
mos ininteligíveis e tornar a religião fasti
diosa..... e viva palavra, com sua facilidade, sua variação
de cadência, familiar ou veemente, satírica ou
Por meio de máximas , figuras ej exemplos, meiga, alegre ou patética, traindo, às vezes", o
dar amenidade £ gosto aos ensinamentos
sorriso sobre os lábios do orador, outras o^ tremor
"Desejo também fazer observar que doutrina comovido da voz, misturada de lnter jelgoes, de
da Igreja não é_ apresentada num modo seco, antes a_ apóstrofes, de perguntas e de respostas, as vezes,
tornamos, atraente — transformando-a, por assim áindlü quase dramazlnhos vlvamente encenados,
dizer, em lições de coisas — por meio daq figu cheios cte verve, alia gagllardeza, como ele mesmo
ras , dos exemplos, das máximas, das citações de 5 declara, Ele vai, vem, repete, insiste sobre as
homens ilustres, o^ que dá a estes ensinamentos idéias que sente imperfeitamente compreendidas,
amenidade e gosto". (FRANCISCO_SPIRAGO, Catecismo segue os rastos que surgem, obedece às inspirações
Católico Popular, União Gráfica, Lisboa,-5ã~I ed. , que lhe vêm das circunstâncias, interrompe-se para
I Parte, pp.. 10-11 / Imprimatur: E.M., Car. Pa- dar ura aviso; e, quando depois verifica seu afas
triarcha, 26-10-1950). tamento do assunto, ele mesmo chama à ordem: 'A
casa, diz, tornlamo a casa1.
423. São Bernardlno de Sena,para expor Agir segundo as necessidades do auditório
£ comprovar seus ensinamentos morais, prefere "Nisso tudo, Bernardlno não obedece à_ sua
as comparações tiradas da vida de cada dia
fantasia, age segundo as necessidades do seu
Lê-se em uma biografia de São Bernardlno de público, tais como as compreendeu de antemão,
tais, também, comc) as verifica no momento. Sente-
Sena (1380-1444): -se que, em nenhum instante, ele deixa de ter os
"E, portanto e seguramente, o mesmo homem que ouvintes sob seus olhares, advinhando, por sua
escreveu os sermões latinos e pronunciou os de atitude, se estão distraídos ou emocionados, con
língua vulgar; o que não quer dizer que sejam os vencidos ou resistentes e que mbdifica seu dlscur-
mesmos sermões, nem o mesmo gênero de sermões* Ao sõ~t de acordo com a oportunidade. 'Vejo bem por
contrário, são muito diferentes. Sem duvida, quan certos sinais — dizia-lhes — quando não ouvis de
do prega na praga de Sena, Bernardlno não se livra boa vontade: uns se mexem, outros levam a mão à
daquelas divisões, e subdivisões e classificações cabeça, outros se viram'.....
escolásticas que combinava tão subtilmente, de pe
na na mão, em sua cela; até vê nelas um ponto de Em lugar das considerações abstratas,
apoio, a que, no meio dos arroubós da improvisa ãs figuras, as Imagens, os exemplos da vida
ção, sujeita-se e não se afasta; seu exórdio con quotidiana e da natureza
siste muitas vezes em indicar e numerar as divi "Dominado por esta mesma preocupação, dá à
sões, sua peroração em lembrá-las (o escriba dis
sua palavra um jeito que a torne apreciada e seja
pensava-se às vezes de apanhar esta espécie de re facilmente entendida da multidão. Recorre de bom
memoração e limitava-se a indicá-la — cf. p. ex., grado às locuções populares, aos lugares comuns,
Le Predlche volgarl, t. I. d* 238. 306: t. II. d* aos provérbios. Tara expor e_ comprovar seus ensl-
3F7), e, em cada transição, torna a elas fielmen nõs morais, prefere^ as considerações abstratas",
te. Porém, nos pontos assim pré-estabelecidos, es- as Imagens, as comparações tiradas de assuntos fa-
tende-se, anima-se e se acalora. millares a seu auditório, da vida de cada dia, do
lar. da cozlnKã. dos brfnquêcTos infantis, das pro-
Em vez da argumentação metódica, Fissões, das coisas da natureza, das plantas, das
a palavra livre e viva
pedras, dos animais, sobretudo. Acham-se essas
11 Em vez da argumentação metódica e_ não raro imagens, essas comparações, quase em cada página
um tanto áspera dos discursos escritos, £ a_ livre dos sermões, às vezes em poucas palavras, outras
desenvolvidas ao ponto de formar pequenos quadros
390. Secção IV Secção IV 391.
de cores vivas e frescas. curtas cenas atraentes e sobre os leigos; e necessário Juntar à ciência das
pitorescas Testas Imagens, estas comparações são Escrituras, 3em a qual não se adianta um passo,
tao frequentes que custa escolher algumas. Nota exemplos animadores, recreativos e, ao mesmo tem-
mos, ao acaso, sóraente no primeiro volume, o aco no. edTficiantes. Os que censuram este modo de
lhimento feito ao cão estrangeiro pelos cães que pregação não suspeitam dos frutos que podem produ-
vão beber — p. 151 —, a mosca que cai na sopa do zir). Os seus exemplos provinham dos autores anti
marido guloso — p. 199 4—, a criança caída no lo go?, das lendas dos santos, das crônicas, dos con
do e a quem a mãe vem levantar — p. 335 — etc., tos populares, dos apólogos em circulação. Pelo
etc; ver,, também no t. III, p. 296, o semeador que caráter de universalidade próprio a essa época,
pretende afugentar os corvos com um manequim empu formavam uma espécie de fundo comum a todos os
nhando um arcabuz). Era, aliás, um costume dos países da cristandade. Várias coleções tinham sido
Pregadores da Idade Media: usavam, para es3e fim, feitas para uso dos pregadores.....
uma historia natural7 às vezes, muito fantasista,
de que os manuais do tempo, Bestiários, Volucrá- Linguagem apropriada às circunstâncias
rios, Lapidários ou outros forneciam os elementos. e ao publico a que se destina
1 Tantas propriedades — dizia no décimo segundo
século Hugo de Salnt””Vlctor — existem nos objetos "Este modo de pregação popular foi às vezes
visíveis e corporais. tantas aplicações se podem criticado por certos cronistas que se admiram de
achar para a vida Interior da almarT~Ho decimo que monges da Idade Média não falassem em plena
sexto século Sao Francisco de Sales empregaria praça pública, a uma multidão ainda ingênua e ru
ainda este método, e sabemos com que graça, em de, com o modo dos bispos pregando na corte de
seus livros de espiritualidade. Luís XIV. Este juízo prova estreiteza de espírito.
A eloquência deve ser apropriada às circunstâncias
Exemplos e_ historietas recreativos e edificantes: e a_ melhor é a que mais age sobre o audltorlo a
um método que é de toda? as épocas* que se destina. Ora, nunca teve a palavra religio
sa”” tanta influência sobre o povo como no tempo em
"Sempre em intenção de seu auditório popular, que se empregavam os meios de' que fingem se escan
Bernardlno introduz, de_ vez em quando, no corpo de dalizar" (PAULO THUREAU-DANGIN, São Bernardlno de
Sena, Vozes, Petrópolis, 1937, PP* 164, 165, 16F7
seus discursos, curtas novelas ou apólogos conten
do uma lição de moral (o Sr. Zambrinl publicou, em 167, 168, 170 e 171 / Com aprovação eclesiástica,
18787^ uma coleção de trinta e oito Novellette. 23-6-1937).
Essempl morall Apologhl, extraídos dos discursos
de Sena). 0 laço que liga ao assunto tratado é, às
vezes, um pouco frouxo e artificial, torna visível 424. Santa Tere&a d'ávlla tinha
que a intenção do orador foi sobretudo descansar e a qualidade distintiva dos gênios:
recrear seus ouvintes. o .que não era inútil com o uso de metáforas e comparações
sermões de várias horas. .... apropriadas ao fim visado
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392. Secção IV Secção IV 393
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retamente a_ meta" CWILLIAM THOMAS WALSH, Santa
Teresa de Avila, Espasa-Calpe, Madrid, 1951, p.
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uma exposição sóbria, clara, precisa. Depois as 430. A conversa, a grande arte
palavras Jorram, se atropelam, repetindo a idéia, de ensinar de um Santo:
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enriquecendo-a pouco a pouco. Ele revela sua visão Sao Luís, Rei de França
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interior era frases bem acentuadas, diretas, que
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ele deixa frequentemente inacabadas, para as con De uma história do grande São Luís IX
densar em fórTnulas concisas, bem cunhadas, com (1214-1270):
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imagens sempre precisas. Ele gosta de ilustrar seu
pensamento, de o apresentar vivo, por assim dizer, "A conversa era, de modo análogo, sua grande
encarnado; é então um exemplo vivido, uma lembran arte de ensinaria seus filhos. Ele (São Luís) os
ça pessoal, uma narração pitoresca, uma descrição recebia de manhã ou de tarde e os levava passear.
em alguns traços vigorosos e_ seguros1' (ABBAYÉ u'E Longe de proceder por meio de sermões ou por essas
SEPT^FONST Un Molne7 Dom Jean-Baptlste Chautard, exposições doutrinárias que são sempre mal compre
Abbé de Sept^Fons, (l85b-1935)7 Domplerre-sur-Bes- endidas e tacitamente mal recebidas pelas gerações
bre, pp.66-67 / Imprlmatur: Georgius, Episc. Moli- que sucederam à nossa, ele contava-lhes histórias:
nensis, 27-12-1944). eram relatos tirados dos feitos e gestas dos Reis
e Imperadores e de outros grandes personagens que
haviam desempenhãcFo um papel útil e benfa.zejo, e
429. A narração de fatos é que podiam, assim, servir de exemplo; ou de feitos
excelente recurso apologético dos maus condutores de povos, ou dos maus Reis
que, por seus vícios, rapinas, avareza ou neceda-
Escreve em suas Memórias o Cardeal de, haviam perdido seu reino.
Mindszenty, heróico lutador contra o comunismo: "Ele próprio escolhia os mestres e professo
res de seus filhos e acompanhava 'suas lições'.
"Ao longo de meus anos de Padre, adquiri a_ Antes de se deitar — conta Joinville — fazia vir
convicção de que se deve sempre apresentar os~fa os seus filhos, e então é que desempenhava seu pa
tos como argumentos por ocasião de discussões apo pel de educador paternal" (HENRY BORDEAUX, Un
logéticas ou filosóficas. E por esse motivo que precursor: Vida, Muerte £ Supervlyencia de San
juntei, durante meus momentos de descanso e não Luls, Hey de~Francla, EspasaLÇalpe Argentina. Bue
sem dificuldade, documentos e obras históricas. nos Aires, pp. 304-305).
Este trabalho me agradava. Ele se revelou muito
útil, e os conhecimentos que adquiri me prestaram
grandes serviços no cumprimento de minhas tarefas
e de meus deveres. Esses estudos históricos, por
outro lado, enslnaram-me que, na luta das idéias,
o raciocínio abstrato e_ as teorias puras nao são
de grande ajuda.....
"Fosse na cidade ou no campo, em minhas alo
cuções eu fazia sempre alusão aos fatos históricos
locais que me haviam contado. E uma característica
bem humana que cada qual seja orgulhoso da histó
ria ou do passado de sua família, de sua cidade,
de sua aldeia natal ou de sua nação. 0 historiador
sabe que existe uma ligação organica entre o pre
sente e o passado das comunidades. Pode-se, pois,
utilizar a história para despertar a consciência
religiosa e aprofundar a vida da fé" (Cardinal
MINDSZENTY, Mémoires, La Table Ronde, Paris, 1974,
pp. 130, 131 e 136).
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432. 0 Cristianismo se espalhou mais
pelo espetáculo dos costumes cristãos
do que pela discussão
**A exemplo de S. Bernardo, do qual se disse: 0 ato de fé não £ mero ato da inteligência
Solitudlnem cordls clrcumferens ublque solus erat,
o apóstolo isola-se das outras pessoas e destarte 11 Amiudadas vezes, aqueles que têm a mlssão^de
logra ficar interiormente solitário;- mas logo se ensinar só vêem no ato de fe um ato de Inteligên
entrevê que ele não está só, que tem no coração um cia, quando ele depende também da vontade. Esque
hóspede misterioso e íntimo, com o qual volta a cem-se de que o crer e dom sobrenatural e que há
conversar a cada momento, e que não fala senão de um abismo entre a percepção dos motivos de credi
acordo com a direção, conselhos e ordens dele. bilidade e o ato definitivo de fé. Só Deus e a boa
Sente-se que é sustentado e guiado por esse hóspe vontade daquele que é ensinado logram preencher
de e que as palavras saídas da sua boca apenas são esse abismo; ah! mas como ajuda a preenchê-lo a
0 eco fiel das palavras desse Verbo interior. Qua- reflexão da luz divina produzida pela santidade
s 1 sermones Del (I Ped. , 4, !!)._£ lógica e. a_ f or- daquele que ensina!
402. Secção IV Secção IV 403»
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em nome de São Pio X, por seu Secretário de Esta
ii
Deve poder servir de modelo, de modo que a simples
do, o Cardeal Merry dei Vai:
vista do mestre ensine ao discípulo a doutrina das
virtudes f. "Depois, Sua Santidade apreciou particular
mente o intento que V. S. colimou com esse seu
"Estes documentos de Sacchini foram repetidos trabalho, trabalho rico de predicados artísticos e
frequentemente pelos autores que o seguiram. Diz o de variada erudição, isto é, o intento de visar a
Pe. Judde: ,Tudo o que possais dizer aos alunos ura resultado prático, a um ensinamento moral, en
não causará neles impressão alguma, se analisando quanto com grande cuidado atendia a fazer obra de
vossa conduta, como não deixarão de fazê-lo, vêm o arte. Certo que não pode haver ensinamento mais
contrário do que lhes ensinais. Ajb crianças apren belo (3 eficaz do que o_ que brota da contemplação
dem mais pelos olhos que pelos ouvidos * Que elas do gênio e da santidade sublime" (Card. MERRY DEL
vos vejam muito recolhidos na Igreja e que vosso VSL, in SacT^ranclsco de Assis de Johannes Joer
aspecto nunca permita que eles duvidem de que re gensen, Vozes, Petrópolis, 1957, p. 6 / Com apro
zais, que, em classe, vossa aplicação em instrui- vação eclesiástica).
-los inspire neles diligência pelo estudo. Fazei-
-os respeitar aà coisas de Deus pela maneira sem
pre respeitosa de falar delas; inspirai neles a 440. Não viam Cristo, a Igreja e a
mansidão por meio de vossa paciência e equanimida doutrina senão através de sua mae, Catarina
de; a modéstia, com vosso comedimento; a afabili
dade e bom comportamento com vossos modos hones De uma vida de Santa Catarina de Siena
tos; o horror ao pecado por uma conduta sem man (1347-1380):
cha. Não o conseguireis nunca se não sois de ver
dade tal como quereis parecer. Não é possível fin "Nestas condições, não é áe_ espantar que os
discípulos fascinados não vissem Cristo, a Igreja
gir por muito tempo; um momento que se entregue a e_ a_ doutrina senão através de sua mae. üatarlna
seu natural, tornaria manifesto o que por muito
tempo teríeis procurado dissimular. Deveis ser o (Santa Catarina de Siena) e^ para eles o prisma on
anjo de vossos alunos; horrenda coisa se fordes de a_ Revelação se concentra, a^ mulher prodigiosa
demônio para eles. Antes ser lançado ao mar com cujo contacto torna~claro o que fe ensina obscu-
uma roda de moinho ao pescoço, do que escandalizar ramente. Perto dela, a alma se aquece e sente, no
a um destes pequenos, prediletos de Deus! Quanto
408. Secção IV Secção IV 409.
aconchego, como a doçura de Deus. A sua voz, as 442. São Pedro Crisólogo: k doutrina ensinada
coisas penosas tornara-se fáceis, as paixões per com a voz e ciência;
turbadoras^ parecera um sonho do qual se acorda, a aquela ensinada com os fatos £ virtude
mortificação, a pobreza, as mais austeras virtudes
coruscara. De uma vida de São Benedito (1526-1589):
"Depois, quando Catarina os deixa, eles ficara "Terminado o triénio de Guardião, foi o Santo
desamparados: procurara unir-se mais para relembrar (São Benedito) eleito Vigário e depois Mestre dos
as lições de sua mãe, mas, apesar de tudo, seu Clérigos e dos Noviços. Não nos deteremos aqui em
fervor baixa. Então tomam a pena e lhe escrevem. repetir suas virtudes exercitadas em outra função.
"*Faça saber à nossa mãe que nos nos relaxa Elas são, em última análise, as mesmas que o acom
mos ura pouco; eu gostaria muito que ela nos desse panharam no ofício de Guardião. Todos o considera
un*a. regra quaTquer a qual nos obedecêssemos por vam Já como vlgilantÍ8simo nos seus novos carços,
causa dela. Nos poderíamos, em seu nome, nos reu e particularmente em guiar aqueles Jovens, Cléri
nir em certos momentos determinados. Peça-lhe tam gos ou Noviços, pela estreita e áspera via trilha
bém para nos escrever algumas vezes e não esquecer da outrora pelo Seráfico Patriarca. Para que estes
suas ovelhas desgarradas* (Carta de Cristofano di corressem vigorosamente pelas pegadas da mortifi
Gano a Néri di Landoccio, em Roma)" (Chanoine cação e da penitência, não era necessário o empre
JACQUES LECLERCQ, Sainte Caterine de Siene, Catho- go de estímulos vivazes, bastando apenas o exemplo
lique Romaine, Casterman, Paris, 2a. ed., 1947)V do Santo Mestre; pois, como diz S. Pedro Crisolo-
go, o ensinar com os fatos é a única norma da dou
trina; porque a doutrina ensinada com a voz é
441. Na Índia, nas Molucas, no Japão ciência; porém, aquela ensinada com os fatos £
agia a personalidade de Sao Francisco Xavier virtude. Nele se via a observância incorrupta da
Regra, a exata obediência a qualquer vontade do
Comenta ura livro sobre o Apostolado de São Superior" (GIUSEPPE CARLETTI ROMANO, Vlta di S^
Francisco Xavier na Ásia: Benedetto, Presso Antonio Fulgoni, Roma, 18057 PP*
39-40 / Imprlmatur: Fr. Thomas Vincentius Pani
"Ignoramos o que Francisco Xavier respondia a Ord. PraedT Sacri Palatti Apostolici Magister,
essas questões que ainda nos preocupam a nos, 3-8-1805)•
homens do século XX, como preocupavam os Japoneses
intelectuais do século XVI. Sabefaos, porém, o que 443* São Luís Gonzaga aprendeu mais em poucos
explicava aos seus interrogadores: que a terra é dias de convivência com o Padre Pescatore,
ura globo, que o relâmpago, o trovão, a chuva, a do que em muitos meses de noviciado
neve, não são coisas sobrenaturais; que há muitas
explicações físicas para esses fenômenos. E pode Conta o Padre Virgilio Cepari (1563-1631),
mos presumir que também lhes falasse da Europa, Jesuíta, biografo e promotor da Causa de Canoniza
dos europeus e das suas condições de vida. Toda ção de São Luís Gonzaga:
via, à_ semelhança do <jue ocorreu na Índia e^ nas
Molucas, no Japão agia igualmente, nao a doutrina, "No caminho rezou (São Luís Gonzaga) sempre o
mas ci personalidade de Francisco Xavier. Passara- ofício com o Padre, e teve com ele largas práticas
-se quase um quarto de século, antes que ele pu espirituais, propôs-lhe várias dúvidas, e procurou
desse impor-se; mas depois afluirara-lhe prosélitos enriquecer-se cora os avisos e documentos que reco
em magotes: gente da nobreza, intelectuais, sim lhia de sua boca.
ples burgueses, vagabundos, tanto que o número de "0 Padre, sabendo que semeava em boa terra,
les subiu era breve a uns quinhentos" (PAUL HER- abria-se com prazer, e comunicava-lhe os segredos
RMANN, A Conquista da Ásia, Boa Leitura Editora da vida espiritual e a prática adquirida em tantos
S.A., São Paulo, p. 2T57) anos de Reitor e de Mestre de noviços. ....
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410. Secção IV
....
até à verdade com toda sua alma. Esta verdade es
tava contida na Regra monástica e é porque ele lhe
era fiel ao ponto que seus companheiros viam nele
* a Regra viva*n (P. PAUL DAHER, Charbel, un homme
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lvre de Dleu, Monastère S. Maron D1Annaya, Jbail,
Liban, pp. 75-76 / Imprimatur: N. Stfeir, Vlc.
Pat. Maronite, Bkerké, 17-8-65)*
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Mil
qüe concretizada nesse digno
ministro em comunicação com seu Deus
0 método dos santos:
Conta D. Chautard um fato de sua vida:
gapbaç os corações
MSendo estudante numa escola universitária, e
subtraído a toda e qualquer influência clerical, para ganhar as almas
por acaso tivemos ensejo de ver, sem que ele o no
tasse, um sacerdote rezar o seu breviário. Foi uma
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revelação para nós a sua atitude cheia de 'respeito
e de religião e imensamente sentimos desde então 448. 0 coração a Deus pertence
manifestar-se em nós a necessidade de orar, e de
orar procurando imitar esse sacerdote. _A_ Igreja Máxima de São João Bosco no seu Ideário Peda-
aparecia-nos como que concretizada nesse digno rai- góglço:
nistro em "comunicação com seu Pêus1* [DõmJT ~B~.
ÒHAUÍARD , Kl ma de todo Apostolado, Editora Cole
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Narra um antigo aluno do Pe. Reus
(1868-1947), Jesuíta falecido no Rio Grande do
Refere o conhecido historiador dos primeiros
Sul, em odor de santidade: Jesuítas, Padre Pedro de Ribadeneyra:
,!Nas aulas de religião, o Pe. Reus não falava
com retórica nem com superlativos. Qualquer outro "Muitos e variados eram os modos que tinham
teólogo teria, talvez, falado com mais brilho ex nosso bem-aventurado Pai para implantar nas almas
terior do que ele. Porém, o que nos penetrava £ de seus filhos a perfeição e tudo o que desejava.
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coraçao, eram suas palavras quentes, cheias de un Mas o principal era ganhar-lhes o_ coração com um
ção, traindo a intima familiaridade que mantinha amor suavíssimo e dulcíssimo de pai, Porque verda
com o céu” (Pe. LEO KOHLER SJ, Biografia completa deiramente ele o era para com todos os seus fi
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P. João Baptlsta Reus, SJ, Livraria Selbach & lhos; e como cabeça desse corpo, tinha particular
Cia., Porto Alegre, 1950, volume II, p. 178 / Im cuidado de cada um de seus membros; e como raiz
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prima tur: Mons. A. Pedro Frank, Vig. Ger., dessa planta, comunicava selva e vida ao tronco e
26-4-1950). a^ todos os ramos, folhas, flores e_ fru~tõs que ha~
..
4i4. Secção IV Secção IV 415.
via nela, segundo s,ua necessidade e capacidade: e "A solução que adotaram abarca uma série de
isto por modos admiráveis, dos quais referirei al meios, dos quais só vamos enumerar alguns.
guns aqui.
"Primeiramente, recebia com grande afabilida "I. Âdqulçlç a g&tlma. — A Companhia pede
de e tratava com maravilhosa benignidade a_ todos aos professores que se façam estimar lealmente pe
los alunos. Não se trata apenas de ser respeitado,
os seus súditos quando o procuravam. E para conhe temido, obedecido, nem ainda de ser visto como
ce-los e dar-lhes prazer, fazia cora que todos co mestre competente, mas também de seduzir os ânimos
messem com ele algumas vezes, até os irmãos coad com a auréola de' um valor profissional emi
jutores, o cozinheiro, o porteiro e os que se ocu nente . ....
pavam dos ofícios mais baixos da casa.
1A autoridade a que o professor tem direito
"Segundo, concedia-lhes £ que pediam quando
não havia inconveniente, ou por parte da coisa, ou em virtude de seu título não basta — diz Juvêncio
—; é preciso acrescentar a que se adquire pela
por parte deles.
personalidade. . ...'
"Terceiro, para que estimassem mais o que
lhes concedia (se a pessoa era de alguma qualida "II. EazeÇrSfi am§£. — 0 segundo meio é ga
de) , propunha-lhe as razões que tinha para o_ poder nhar o coração dos alunos..... 'Para ser útil aos
hereges de nosso tempo — escreve o Pe. Fabro ao
negar; mas acrescentava que todas elas nao pesavam
tanto como o desejo que tinha dê~~dar-lhe contenta Pe. Laynez — é mister que eles nos fiquem afei
çoados e que se ganhe sua confiança e seu afeto*
mento. (Pe. A. MAUREL, Vle du P. Plerre Lefèvre, Briday,
"Quarto, quando os inconvenientes eram tão 1873, p. 126). Santo~~TnâEio, São Francisco Xavier
grandes que em justiça não se podia conceder o que e todos os demais repetiam o mesmo conselho. Com
era pedido, negava-o. mas com tanta escusa, que o as crianças, este método é certamente mais eficaz
mesmo que o havia pedido, ficava persuadido da boa que com os hereges. Não só obedecem cegamente ao
vontade do Padre, e da impossibilidade ou inconve mestre a quem amam, mas tomam in conscientemente
niência da coisa. tudo o que lhes agrada nele, inclusive seus peque-'
nos gestos^ Amor pares aut invenit aut facit. J3
"Quinto, jamais disse alguma palavra inju
mestre amado, sempre terá .razão; o_ mestre detesta-
riosa nem azeda a uma pessoa que repreendesse,
do, ser»a criticado sempre. '0 amor — escreve o
chamando-lhe de soberbo, desobediente, ou de outro
nome semelhante" (PEDRO DE RIBADENEYRA, Vida dei Fe. Le Gaudier a proposito da autoridade dos edu
cadores — causa a união das vontades; o que é
Bienaventurado Padre San Ignacio de Loyola, in amado possui de-certa maneira ao que o ama; pode
historias de la Contrarreforma, 5AC, Madrid, 19*15,
inclinar-se a qualquer lado segundo seu gosto; por
p^ W7 Imprimatur: Casimiro, Obispo Aux. y Vic.
este motivo, quando queremos governar com eficácia
Gen., 31-3-1945). e suavidade as vontades humanas, devemos começar
por ser amados"7" (Le Gaudier, c. VII).
450. Como faziam os Jesuítas para vencer a "Este poder do amor sobre os Juízos das
inapetência de certas crianças para a atividade crianças está fora de discussão. 0s_ alunos que tem
intelectual? Entre outras coisas, buscavam uma como que veneração afetiva para com seu pro
adquirir a estima £ fazer-se amar pelos alunos fessor, adotam suas maneiras de ver e, sobretudo,
as que lhe são mais pessoais..... Cora razão pode
De um livro sobre A pedagogia dos jesuítas: mos concluir com toda a certeza que £ mestre pode
comunicar infalivelmente aos alunos - seus critérios
"A questão que preocupava os Jesuítas educa e_ seus gostos, com £_condição de que lhes inspire
dores se punha nestes termos: como dispor as de antemao uma verdadeira adesão a sua pessoa
crianças para que gostem da vida intelectual? como ^SACCHINI, Paraenesls, c. VI)" CF7 P. CHARMOT, La
vencer a inapetência de tantos?
416. Secção IV 417.
Secção IV
pedagogia de los Jesuítas, sus princípios — su Sentados, de pé, de Joelhos, sobre os bancos,
actualldad, Sapientia S.A. de Édiciones, Madrid, em cima ou embaixo das mesas...
1952, ppT 254 a 256 / Imprlmatur: José Maria,
Obispo Aux. y Vic. General, Madrid, 1-5-1952). Os primeiros a entrar, — como é evidente —
aglomeravam-se ao redor dele, ficavam-lhe bem per
tinho , tão perto que se podia dizer que lhe toca
vam os ombros com as cabeças; outros ficavam logo
451. "Deus ordena que me queiram bem" atrás, apoiando-se com os cotovelos ao espaldar da
cadeira. Bom numero deles, com um desembaraço es
De uma vida de São João de Cruz (1542-1591)* pantoso, tomavam de assalto todas as mesas e_ nelas
se instalavam como numa posição conquistada: uns
"As freiras acabam seguindo cegamente suas sentados com as pernas cruzadas, outros de Joe
indicações’] não sabem o que tem as palavras e_ o lhos , um pouco mais atrás, outros enfim de pé. En
acento da voz de frei João (S. João da Cruz) , mas quanto isso, alguns tomavam os bancos, dlspunham-
nao há quem lhe resista. Em certa ocasião pergun- -nos ao longo das paredes e_ subiam em cima. Os úl
ta-lhe admirada, uma delas: *0 que fazes a estas timos a chegar se apinhavam nos espaços que sobra
freiras, que logo fazem o que queres?* . *E_ Deus vam entre as mesas e os bancos. E ninguém mais,
quem faz tudo — responde — e para isso ordena dir-se-ia, podia então aproximar-se do carinhoso
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sorrir a essa aparição atrevida. Que quadro mara
vilhoso essa penca de corações bem Juntinhos ao
redor do pai! Não é isso ao pé ^da letra o que está
Imortalizado no verseto do saJmo: *F1111 tul sicut
452. Amar os Jovens e fazer-se amar por eles: surcull ollvarum clrca mensam tuam* 1 ^eus filhos
a maneira própria de educar dos~Sãntos rodeiam-te a mesa como tenras plantazinhas de oli
veira? * .
Da biografia de São João Bosco (1815-1888),
fundador dos Salesianos, traduzida pelo Arcebispo
de Belo Horizonte: í 0 bom pai narra um lindo conto,
relembra uma curiosidade histórica,
propõe Um problema...
nNos primeiros tempos do Oratório, todas as
tardes, depois da ceia podia-se observar um quadro
realraente comovedor, na sala era que Dom Bosco em Sem duvida não são observadas todas as regras
companhia de seus auxiliares tomava sua modesta de urbanidade nesse assalto impetuoso dos cora-
ções; mas nenhum desses meninos falta~ao respeito
refeição. Como chegava geralmente em atraso, Dom
afetuoso para com Dom Bosco. Quando ele faz sinal
Bosco tinha que ficar para sair também um pouco
que vai falar, cessa imediatamente todo o barulho
depois dos outros. Os meninos sabiam disto: e com
e, no meio do silêncio geral, o bom pai narra um
primindo-se em dois grupos de um lado e do outro
lindo conto, relembra uma curiosidade histórica,
da porta, aguardavam a_ mínima interrupção na saída
dos Superiores para se introduzirem impetuosamente propõe um problema, faz perguntas, e_ sua palavra
no refeitório. Os diabretes ocupavam todos os can os conserva encantados ate a hora era que o sino,
tos da sala, e uma vez tomado o lugar, se coloca dando o sinal para as orações da noite, obriga-os
vam nas posturas mais variadas e alí ficavam a_ go a separar-se com pesar. Essa é a maneira de educar
zar da presença do Pai. própria dos santos.....
4 18. Secção IV Secção IV 419-
Todos querem fazer-se ver, recolher alguma passar os Hebreus!, nós o teríamos acompanhado sem
de suas palavras ou um de seus sorrisos
hesitar, certos de que seguindo seus passos atra
vessaríamos a pé enxuto o leito do rio’. E outro
Quando sal da sacristia são quase nove horas. ex-aluno da mesma geração completava esse Juízo
0 recreio está no auge. Apenas ps meninos o divi com estas palavras: ’-Nele tudo era ordinário. E no
sam, correm em tropel ao encontro dele. E õ pri entanto poderia conduzir-nos aonde quisesse. Por
meiro contato familiar dos filhos com o_ pai. E uma tanto era Deus que falava por sua boca e que nos
cena sublime. Todos á~porfia querem estar pertinho rendia a sua pessoa’" f"Ã. AUFFRAY SS, Dom Bosco,
dele. Os primeiros que chegam lhe beijam a mão è
flcam apertadlnho8
braços,
junto dele, suspensos a seus
famlllarmente como está representado tão
gscolas 'Profissionais Salesianas, São Paulo" 194 7
pp. 307-308, 395-396, 417-418 / Imprlmatur: Mons.
M. Meirelles, Vigário-Geral).
bem no motivo principal da estátua que se ergue na
frente da. igreja de Nossa Senhora Auxiliadora. Os
que chegam depois, se esforçam para varar o cacho 453. Fazer-se amar pelo menino
humano que se avolumou rapidamente e querem fazer para fazê-lo amar mais a DeusT
-se ver, querem recolher alguma de suas palavras, 0 método de São João Bosco
um seu sorriso, querem sentir a_ doçura de sua mão
e_ pousar-lhes na fronte ou nos ombros. üs" últimos Da mesma vida de Dom Bosco:
enfim sê apinEara ao redor dessa massa ondulante
que de improviso deixou, de gritar e cantar. E, ca "Sem afeto não há confiança e sem confiança
minhando lentamente,' pois que a aglomeração é tão não há educação, repetia continuamente Dom Bosco.
cerrada que lhe embarga o passo, Dom Bosco vai fa De muito boa mente teria compendiado todo o seu
lando. A_ este diz uma palavra afetuosa, àquele faz sistema nesta frase: fazer-se amar pelo menino pa
uma pergunta, a um terceiro lança um olhar que ra fazê-lo amar mais a Deus! Esse afeto e essa
slgnlFlca um ~muncTo~5e coisas, a um quarto sussurra confiança ele pedia a seus filhos e ensinava a
ao ouvido um conselho precioso..... seus discípulos" (A. AUFFRAY^S, Dom Bosco, Esco
las Profissionais Salesianas, São-Paulo, T947, p.
Uma imensa o.vação £ acolhia 311 / Imprlmatur, Mons. M. Meirelles, Vigário-Ge
ral) .
nE, reciprocamente, quanto £ amava _a_ Juventu
de ! 0 domínio de Dom Bosco sobre os Jovens era dos
mais poderosos que se tenham conhecido. Quando em
qualquer momento da recreação, aparecia bom Bosco
na varanda ou no~Tlmlar da porta de entrada, a
princípio acolhlam-no com uma imensa" ovação, de-
pol3 todos se precipitavam para ele.
e suscitar neles o
» «AMÜki M)
"Dom Bosco, nas poucas páginas sobre o siste 456. Marchas e contra-marchas, batidas
ma preventivo, escreve: ' Dê-se ampla liberdade de de calcanhares, cânticos, palma3
pular, de correr, de fazer barulho à vontade. ~~K sonoras": o método de Dõm Bosco
ginástica, ã musica, a declamaçao, o teatrinho, os para ahrlr sTs ãTmas, afugentar o tédio,
passeios são meios eficacíssimos para obter a_ dis levar os corações à confiança e ao abandono
ciplina, favorecer a_ moralidade e_ a sanidade 1 . E
alhures: ’Não basta amar os jovens, mas é preciso De uma biografia de São João Bosco, traduzida
também que eles percebam ser amados; de modo que, pelo Arcebispo de Belo Horizonte, D. João Rezende
sendo amados nas coisas que lhes agradam, com a Costa, SDB:
participação nas suas inclinações infantis, eles
aprendam a ver o amor nas coisas que naturalmente "Durante a primeira guerra da Independência
lhes agradam pouco, como sejam a disciplina, o es Italiana, ele tinha conseguido a amizade e os
tudo, a mortificação de si mesmos; e aprendam a préstimos de um bom bersagllere reformado que ti
fazer estas coisas com disposição e amor1 (Memorie nha tomado parte na campanha de 1848 .... Esse
Biografiche, XVII, 116)" (Pe. EUGENIO VALENTINI bravo aspirante a oficial colocou-se à disposição
SDB, A Vocação £ a Direção dos Seminários, in "Re de Dom Bosco para qualquer trabalho de ordem mili
vista Eclesiástica Brasileira", vol. 12, fase. 2, tar. 0 Apóstolo aceitou Imediatamente a_ oferta e_
Junho de 1952, p.314). pediu logo ao amigo que ensinasse aos rapazes a.
tática dos combates simulados. Seria um esplêndido
melo de atraí-los e_ conservá-los no- Oratorlo. 0
negócio ficou logo combinado. 0 nosso monitor es
455- E preciso entreter, distrair e_ colheu dentre os rapazes os mais espertos e mais
Interessar o jovem; um pouco de bulício práticos e começou a dar-lhes instrução militar. 0
é melhor do que um silêncio suspeito Governo consentiu em dar-lhes emprestadas duzentas
carabinas de pau, inofensivas, arranjaram-se ou
tros tantos bastões para completar o equipamento e
Ainda da Ideário Pedagógico de São João Bos o bersagllere deu sua corneta de presente aos Jo
co, o tópico completo de onde o documento ante vens recrutas.
rior extraiu um trecho:
"Em poucas semanas estavam tão bem preparados
que Já podiam exibir-se em combates simulados
"6. ólêgfi§. — E axioma educativo que o jo diante do mundo infantil do Oratório e de toda a
vem deve estar contente; por conseguinte, é_ mister multidão de curiosos que se aglomeravam naqueles
entrete-lo, distrai-lo e_ lntereásá-lo. Dê-se-lhes campos para ver esses soldadinhos em botão.....
ampla liberdade de saltar, correr, gritar e diver-
tir-se â vontade: a ginástica, a música, a decla- À alegria, atmosfera da casa de educação
mação, o teatro, os passeios são meios eficacíssi
mos para obter disciplina e ajudar a moraidade e "Para que a liberdade juvenil encontrasse ao
a saúde. Cuide-se, isso sim, de que o objeto do redor de si o_ calor e_ a luz de que necessitava,
entretenimento, as pessoas que nele intervenham e Dom Bosco tudo fazia para mantê-la numa atmosfera
as conversas não sejam condenáveis. Fazei o que permanente de alegria. ÍT~fim que ele visava com a
quiserdes, dizia o grande amigo da Juventude São alegria era abrir as almas, afugentar _o_ tédio,
Filipe Neri; a mim me basta que não cometais peca- provocar um frêmito de vida através do organismo,
dos. E melhor algo de bulício do que um silêncio auxiliar o_ trabalho da inteligência, associar na
raivoso ou suspeito" (Biografia y Escritos de San alma da criança a_ ideia do prazer à do dever, _e
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Verdadeiros diabretes transformados
em anjos de Pra Angélico Os çJisçípulQa ¥ê£Éadeíramente fiéis
"Ao fundo da alameda erguia-se uma estátua de qeoslçleram çaçja dia
Nossa Senhora. 'De Joelhos, meus amigos, diz o
mestre da musica. Um Ave Maris stella à nossa Mãe çpm eplevo g XêgeçaçãQ crescentes
do céu, depois uma dezena de terço' . Toda aquela
rapaziada fica era silêncio durante alguns momen Sll ça iÍQÍlçs feitos e ditos dos santos,
tos, depois responde lentamente, com tanta piedade
como na capela, às Ave-Marias. Aqueles jovens me
ridionais, a maior parte de olhoá baixos, alguns e ag empenham em anotá-los
minutos antes verdadeiros diabretes, transformam-
-se a súbitas em anjos de Fra Angélico. para proveito espiritual próprio,
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nalada como esta, (saída) da mão de Deus, e uma dade do Fundador — melhor, o ser que se tinha
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Ordem Religiosa nova plantada era sua Igreja en tornado o Fundador, sob a mão modeladora de Deus"
•
nossos dias, e espalhãda em tão pouco tempo por (ALAIN GUILLERMOU, Introdução a Saint Ignace de
quase todas as províncias e terras que o sol ilu Loyola, Autoblographle, Edltlons du Seuil, Paris,
mina, não deseje saber como se fez isto, quem a 1962, pp. 10-11).
fundou, que princípios teve; seu pensamento, seus
progressos e extensão, e o fruto que se seguiu de
la? 461. "Isto é fundar verdadeiramente a Companhia"
"Mas esta razão, Irmãos, não nos toca a nós
somente, mas também aos demais. Há outra razão que Conta o Pe. Luís Gonçalvez de Câmara, Jesuí
é mais doméstica e mais própria a nós, que é a de ta, confessor do Rei de Portugal D. João III, no
seguir e imitar àqúele que temos como capitão. seu prólogo à Autobiografia de Santo Inácio de Lo
Porque, assim como os que'procedem de ilustre li yola:
nhagem e de um sangue generoso e esclarecido, pro
curam conhecer as façanhas e gloriosos exemplos de "Daí a uma hora ou duas fomos comer; e estan
seus antepassados e dos que fundaram e enobreceram do à mesa com ele (Santo Ináciq.), Mestre Polanco e
suas famílias e casas, para tê-los como modelo e eu, nosso Padre disse que multas vezes Mestre Na
fazer o que eles fizeram; assim também nós, tendo dai e outros da Companhia lhe tinham pedido, mas
recebido da mão de Deus Nosso Senhor a nosso bem- que ele nunca se tinha determinado a isso (escre
aventurado Padre Inácio por gula e^ mestre, e por ver a sua autobiografia); e que depois de ter fa
caudilho es capitão desta milícia sagrada, devemos lado comigo, recolhendo-se em seu quarto, havia
toma-lo por espelho de nossa vida e_ procurar se sentido tanta devoção e tanta inclinação para o
guí-lo com todas as nossas forçasi De maneira que, fazer, e falando de tal maneira que mostrava que
se por nossa imperfeição nao pudèrmos traçar tão Deus lhe havia dado grande luz de que o devia fa
ao vivo e tão semelhante ao original, o retrato de zer, que se havia decidido inteiramente; e a coisa
suas muitas e excelentes virtudes, ao menos imite era contar tudo quanto em sua alma até agora se
mos a sombra e o rasto delas" (PEDRO DE RIBADENE- havia passado; e que tinha também decidido que se
YRA, Vida dei Blenaventurado Padre San Ignaclo de ria eu a quem ele manifestaria estas coisas.....
Loyola, in Historias de la. Contrarreforma, BAC,
Madrid, 1945"i pp. T5-3T / Imprimatur: Casimiro, "Mas chegado o Padre Nadai, alegrando-se mui
to com o que estava começado, mandou-me importunar
Obispo Aux. y Vic. Gen., 31—3—19^5).
o Padre, dizendo-me muitas vezes que em nenhuma
coisa podia ele fazer mais bem à Companhia do que
460. A Companhia de Jesus teve por fazendo Isto; jí que isto era fundar verdadelramenD
te a_ Companhia" (Pe. LUIS GONZALEZ DE CAMARA,
fundamento não o texto das Constituições,
mas a personalidade do Fundador Prólogo de la Autobiografia de San Ignaclo de Lo
yola, ln übras Completas de San Ignaclo de Loyola,
BAC, Madrid, 194 7, Tomo T~7 pp. 102-103 7~Imprlma-
Da introdução a uma edição francesa da Auto
biografia de Santo Inácio "Era um momento dá his tur: Casimiro, Obispo aux. y Vic. gen.).
*430 . Secção IV
Secção IV 431.
44 62. ”Nos so Padre Inácio a quem
Nosso Senhor nos deu por exemplo tiu (da Irmã Catarina não chegou nada até nós) ve
e cabeça deste corpo místico” mos que copiavam com muita fidelidade” (CRIS0G0N0
DE JESUS OCD, Vida de San Juan de la Cruz, in Vida
Escreve o Já citado Padre Luís da Câmara, £ Obras de San Juan de la Cruz, BÃÜ, Madrid, 5a.
contemporâneo de Santo Inácio de Loyola: ed., 196T~ p. 159 / pnprlmatur: José Maria, Ob.
Aux. y Vic. Gen., 11-5-1^64).
"Desde que entrei para a Companhia (de
Jesus), na Páscoa de 15*45, sempre desejei muito
464. Recolhiam culdadosamente quanto
ver Nosso Padre Inácio e^ tratar com ele, a quem
Nos so Senhor nos deu como exemplo e_ cabeça deste de notável observavam em seu amado pai
corpo místico de que todos somos membros. Aumenta-
Da introdução geral à biografia e escritos de
vam-me estes desejos, além de outras razões parti
São João Bosco, por um salesiano:
culares, duas que mais me moviam: uma das quais
era desejar ter obediência de entendimento, do
qual tanto ouvia falar na Companhia. Parecla-me ”Apressemo-nos a dizer que a fonte principal
que, para poder alcançar e3ta virtude, seria multo destes estudos são as Memorle Blograflche, obra
bom melo ouvir a doutrina dos lábios daquele cujos monumental de 19 tomos, alguns dos quais ultrapas
conceitos sobre as coisas da Companhia deviam ser sam as mil páginas, de cuja autenticidade e fide
tidos como sendo os primeiros princípios de qual lidade não cabe a menor duvida. Compilou-as o
quer ciência, que~nao costumam e_ nem podem ser ne secretário do Santo (Dom Bosco), D. João B. Lemoy-
la demonstrados. A outra era a altíssima opinião ne, grande têmpera de historiador. ....
que tinha da santidade da pessoa do mesmo Padre, a "Quando Lemoyne chegou ao Oratório, viu que
qual concebia não so pelas multas coisas que dele vários dos mais inteligentes filhos de Dom Bosco
nos contavam todo3 que tinham tratado com ele, mas Já recolhiam culdadosamente quanto de notável ob
também pela grande perfeição que Já então reco servavam no amado pai e anotavam taqulgraflcamente
nhecia na Companhia e no seu modo de proceder. As os seus discursos, conferêncl-a3 e_ o que mais lhes
sim me lembro que, pensando muitas vezes sobre is Impressionava nas palavras que saíam dê geus lá
to, fazia comigo este raciocínio: 'Se o fruto e a bios , ate mesmo nas conversas familiares. Lemoyne
obra são tais, como será a_ árvore e^ o artífice?1 ” recolhia amorosamente todos estes apontamentos,
(VICTORIANO LARHANAGA SJ, Introduccion — Auto compulsava diligentemente um por um, e, quando ti
biografia de San Ignaclo de Loyola ln Obras Com nha dúvidas, conferia-os com outras testemunhas;
pletas de ~~S~an Ignaclo dê"~Loyola, BAC, Madrid, às vezes dava um. jeito para consultar o próprio
19*47, Tomo I, p. £3 / Imprlmatur: : Caslmlro, Obispo Dom Bosco. Assim se formou um arquivo verdadeira-^
aux. y Vic. gen.). mente monumental.....
”Corao chegaram até nós estes sonhos (de Dom
463. Freiras se dedicam a copiar os Bosco)? Alguns, ele mesmo os escreveu; de outros
reviu a redação. A maior parte, porem, e fruto do
ensinamentos orais de Frei João da Cruz afeto e_ da estima de seus filhos. Entre estes ha-
via aqueles perspicazes que, amando-o entranhada-
Conta um Carmelita Descalço, na sua vida de mente e_ não querendo perder nada doT maravllhosb
São João da Cruz: que viam em seu Pal7 desde o"inicio montaram um
serviço de estenografia: anotavam os sonhos e logo
”Algumas freiras se dedicam a_ copiar em um
se reuniam para confrontar e_ conseguir o_ texto
papel o ensino oral de Frei João da Cruz. Assim o
mais exato possível. Cora alguma freqüência pediam
faz Catarina de Cristo, que chega a_ formar um li a Dòm Bosco que os revisse*1 (RODQlFQ PIERRÔ, SDB,
vro que tera dois dedos de altura, e^ Madalena do Biografia y Escritos de~5an Juan Bosco, Introduc-
Espírito SantcTi Pelo que esta última nos transmi
clon general, BAC, Madrid, 1955, p. 5, 6, 62 e 63
*132. Secção IV
I
*165. Autobiografia de Santo Antonlo
Marla~Slaret7 fonte que transmite o
mais rico do espirito do~fundador
"Nossa devoção se dirigirá sobretudo aos San pero e que por causa de nossa grande Ignorância se
tos que viveram na mesma condição que nós, ocupa tornou tão obscuro), deve, por alguns momentos
ram empregos semelhantes, e praticaram a virtude olhar a vida dos Santos, porque eles têm todas es
que nos é mais necessária" (Ad TANQUEREY, Compên
tas qualidades de modo acabado. Os santos são, sem
dio de Teologia ascética £ mística, Apostolado da dúvida, espelhos^ multo limpos, peTo menos de peca
Imprensa” Porto," 19bl, ba, ed., pp. 11, 21 e 93 /
dos mortais; sao Imagens de Jesus Cristo razoavel
Imprlmatur: A. Arch. Bracarensis, 11-2-1961). mente bem feitas; sao maravllhosas~cópías da vida
evangélica; são textos escritos pelas mãos do Es
467. São Gregórlo Magno; os exemplos, pírito Santo; são gulas que nos mostram os cami
mais do que as dissertações, nhos estreitos do ceu £ sao tochas que nos alu
acendem nos coraçoes £ desejo do Céu miam para que não calamos em algum despenhadeiro.
"0 tempo corria e o aborrecimento apoderava- outra razão, este livro pareceu-me insípido. Mas
-8e dele apesar dos sonhos da sua imaginação. Os forçando-me o aborrecimento a lê-lo, terminei por
romances de cavalaria, então muito em voga em Es achar-lhe muito interesse.
panha, pareceram-lhe dever preencher o vácuo que
"— Tanto melhor,* caro IFIigo, porque esta
se fazia sentir nas suas longas horas de isolamen
longa reclusão é dolorosa para uma natureza tão
to e de reclusão. Divertiam-no as imaginárias
aventuras de cavaleiros andantes e as suas impos viva como a vossa.
síveis proezas. Esta idéia agrada-lhe; ordena que "— Sofro menos, meu caro irmão, desde que
lhe tragam um desses romances. Depois de alguns leio este livro. Contudo, vede: condeno-me a este
instantes, o seu criado de quarto volta: suplício para não perder a minha influência Junto
das damas da corte, ao passo que todos estes San
"— Senhor, aqui está tudo o que pude encon tos teriam sofrido tudo isto, e mais ainda, só pa
trar.
ra agradarem a Deus. Eles ganharam uma eternidade
"— Como! Peço-te um romance e trazes-me li de felicidade em recompensa da sua vida penitente
vros de devoção? Estás doido? ou do martírio que aceitaram; e eu apenas terei
"— Senhor, não há outros. sorrisos de mulheres ou louvores cortesãos como
única recompensa! Pergunto a mim mesmo o que me
n— Vai do meu mando pedir a D. Garcia (irmão ficará de tudo isso, quando eles e eu tenhamos en
mais velho e chefe da casa dos Loyola) romances de velhecido? ....
cavalaria.
â 0 desejo de imitar os Santos
”— Já fui, Senhor; D. Garcia não tem roman
ces; S. Exa. não tem outros livros senão estes. "Inácio não acrescentou, — só o confessou
"Estes livros eram: a Vida de Nosso Senhor mais tarde — que tinha perguntado muitas vezes a
Jesus Cristo, pelo frade Ludolfo, e a Flor dos 8i mesmo, ao ler a vida dos Santos, porque não
Santos, ambos em língua catelhana. procuraria imitá-los; por que não podia fazer o
que os Santos puderam; porque não procuraria, como
"— Pois bem, — disse o jovem • mundano —
eles, glorificar a Deus na terra, com a esperança
deixa-me esses livros.
de ser um dia participante da pua glória no céu. E
"Sobrevém-lhe o tédio e o espírito de Inácio verdade que esses bons sentimentos eram imediata
tem necessidade de alimento; à falta de melhor, mente abafados pelos sonhos de ambição e de vaida
aceita a leitura que, por certo, não teria esco de,^ que, indo-se-lhe pouco a pouco distendendo a
lhido. .... . perna, a esperança de nèo ficar coxo quando saísse
do seu quarto o preocupava mais que tudc. Entre
Primeiros efeitos tanto, lia e relia as grandes ações dos Santos, e,
querendo conservar a recordação delas, escrevia
"D. Garcia não entrava no quarto do seu jovem aquelas que mais o impressionavam. Passado pouco
irmão que o não encontrasse ocupado a ler ou a es tempo, sentiu-se muito comovido ao entregar-se a
crever. esta ocupação.....
"— Achais interesse na vida dos Santos, caro
Ihigo (nome de batismo de Santo Inácio)? — lhe Luta interior
disse o irmão.
"Todas estas reflexões surgiam no espírito de
"— Sim, senhor, acho nela coisas surpreen D. Inácio, assaltavam-no de dia e de noite e o fa
dentes, que ultrapassam tudo o que os. cavaleiros tigavam tanto mais quantp mais energicamente eram
imaginários têm empreendido para conquistar um combatidas peJLo respeito humano e pelo atrativo
nome glorioso. No primeiro momento, ou fosse por dos prazeres entre os quais tinha vivido até en
ser privado dos romances que eu desejava, ou por tão... ....
Mo. Secção IV Secção IV Wl*
"Prolongando-se esta luta na alma do nosso maneiras, assuntos de conversação, tudo mudara ne
herói, perguntou um dia a si mesmo se não seria Já le, e D. Garcia preocupava-se seriamente com
tempo de pôr termo a ela, tomando uma resolução Í8 80. ....
definitiva.
A consagração como cavaleiro de Nossa Senhora.
"— 'Há evidentemente em mim, — dizia ele — Terror do demônio
duas vontades opostas; uma, que me impele para o
bem, e por ele à felicidade eterna; a outra, que "Uma noite, sofrendo mais ainda que de ordi
me impele para o mal, e por ele â eterna infelici nário pela necessidade imperiosa de abandonar tudo
dade. Quando reflito largamente sobre as vantagens por Deus, e estando a sua perna assaz fortificada
duma vida penitente, como a dos Santos, experimen para lhe permitir a execução dos seus projetos,
to uma tranquilidade, uma paz de espírito, uma do prostrou-se diante duma imagem da Santíssima Vir
çura interior, que são desconhecidas e que o mundo gem, pediu-lhe que aceitasse o compromisso, que
não pode dar-me. Quando, ao contrário, me deixo ele tomava a seus pés, de só viver para a glória
arrastar pelo pesar e pelo desejo dos prazeres e do seu divino Filho, e Jurou-lhe, na sua linguagem
da glória desta vida, fico com uma perturbação, de guerreiro, ser sempre fiel à sua bandeira, não
uma inquietação, uma agitação que se assemelham ao servir senão na sua milícia e sob suas ordens, e
remorso, e me tornam desgraçado. E, pois, loucura ser do Filho e da Mãe, na vida e na morte. No mes
hesitar no partido que devo tomar... Farei o que mo instante, um estrondo, semelhante a uma forte
fizeram os Santos!1 detonação, faz-se ouvir no interior do castelo e o
abala até aos alicerces. 0 abalç foi sentido em
A resolução tomada todos os cantos da casa, mas não deixou sinais se
não no quarto de D. Inácio, mais violentamente
"Esta importante resolução estava tomada e, atingido, e cujos muros, de alguns pés de espessu
com una natureza como a de Inácio de Loiola, devia ra, sofreram um abalo tão forte que produziu uma
ser executada. Aproxima-se o momento em que ele larga fenda, que ainda existe.'
podia tirar o aparelho da perna e experimentar as
suas forças; mas a estação era pouco favorável, o "Não foi um tremor de terra, porque só o cas
inverno começava a fazer-se sentir e a prudência telo sofreu o abalo; as dependências nada sofre
recomendava que esta resolução fosse adiada por ram. Qual a causa deste fenômeno? Procurou-se, mas
alguns meses. Entretanto o nosso recluso ocupava- não se encontrou. Preveria o demônio os temíveis e
-se em ler e reler a vida de Nosso Senhor e a dos incessantes golpes que lhe viria a dar a santa
Santos, e escrevia sempre, mas com muito mais cui Companhia de Jesus, e:quereria manifestar a sua
dado, os traços que mais o impressionavam. Fez raiva impotente contra aquele que Deus tinha esco
deste modo um livro de trezentas páginas, escritas lhido para ser o fundador da mesma? Os historiado
no gosto da época, em diversas cores. Empregava a res do Santo são dessa opinião.
cor de ouro para Nosso Senhor, a vermelha para a
Santíssima Virgem e as outras cores para os Santos L estranheza da família
(Ribadeneira).
"D. Garcia continuava a preocupar-se com
"Entretanto, Inácio tornara-se um homem novo. a transformação de Inácio e procurava ocasião de
Ocupado de Deus e do desejo de lhe agradar, divi comunicar-lhe os receios que o agitavam; esta
dia o seu tempo entre as santas leituras, a ora- apresentou-se breve. Inácio, sentindo-se mais for
çãOj a meditação e a escrita. Procurava trazer à te, deu um passeio a cavalo sem prevenir o irmão,
memória todas as faltas da sua vida passada, sus e, quando regressou, encontrou D. Garcia.....
pirando pelo momento em que lhe fosse permitido
expiá-las pelos jejuns, vigílias, macerações e so "A noite os dois convérsavam sem testemunhas
lidão. A sua família estranhava-o: a linguagem, no quarto de Inácio.
Secção IV Secção IV 443.
SANTO AGOSTINHO
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Essas palavras do Evangelho, na verdade, tra
zem em si mesmas a explicação; contudo, não fecham
a boca dos famintos, porque sempre têm elas
um manjar novo para os corações dos homens que
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ambas as coisas no serviço do Senhor de tudo quan guém deseja que os homens vejam suas boas obras,
to existe, o qual não teria condenado o servo ne se propõe a própria glória e o próprio interesse,
gligente se vlhe tivesse ordenado algo de impossí e busca isso para ser visto por eles, não cumpre
vel. em nada o ordenado pelo Senhor neste particular;
Vede, por exemplo, São Paulo, "escravo de Je porque, cora certeza, se propõe fazer as suas boas
sus Cristo, chamado a ser apóstolo, escolhido para obras diante dos homens, mas a sua luz não brilha
cT Evangelho de Deus", cumprir, e ensinar a cum diante dos homens para que, vendo as suas boas
prir, um e outro mandamento. Olhai como brilha a obras, glorifiquem ao Pai celeste. 0 que pretende
sua luz diante dos homens, para que vejam as suas sem dúvida é glorificar-se a si mesmo, não a Deus,
boas obras: "Recomendamo-nos — diz ele — _a_ nós e, buscando a sua própria vantagem, não ama a von
mesmos â consciência de todos os homens diante de tade divina. Desses diz o Apóstolo: "Todos buscam
Deus" (ÍT Cor. IV, 2). E em outro lugar: "Procura seus próprios interesses, e não os de~Jesus Cris-
mos fazer o bem, não só diante de Deus, mas tam to_" (Phil. II, 217! r T
bém diante dos homen3" (II CorT"VtII, 21). E em A passagem não termina onde diz: "Brilhe a
outro lugar ainda! "Comprazei a_ todos em tudo, as vossa luz diante dos homens, ^para que vejam as
sim como eu faço tudo para comprazer a_ todos" (1 vossas boas~õbras", pois acrescenta em segui5a a
tor. X, 33). Intenção com que se hão-de fazer: "E_ glorifiquem
Vede-o agora guardando-se de fazer a sua Jus — diz — jL_ vosso Pai celeste", de maneira que, ao
tiça ou boas obras diante dos homens, com o fim de fazer alguém o bem em presença dos homens, não se
ser visto por eles. "Examine — diz ele — cada proponha Interiormente outro fim senão fazer o
qual as suas obras, e_então terá glória somente em bem; mas o fim da publicidade há-de ser a glória
si mesmo, e_ não em outro" (Gal. VI, 4). fe em outro que reverte para Deus, ;para proveito dos que vêm a
lugar: "Porque a nossa glória £ b testemunho da conhecê-lo; porque para estes é vantajoso saber
nossa consciência" (II Cor. I, 12j. Mas nada tão- que Deus se compraz "com as boas obras, cujo autor
diáfano quanto Isto: "Se ainda agradasse aos ho é Ele mesmo"; e assim não percam a confiança de
mens , não seria servo de Cristo" (Gal» I> 10)7 também eles poderem agradar-Lhe, se quiserem, pela
graça do Senhor.
Não haverá, pois, agora, quem, vendo contra
dição entre os preceitos do mesmo Senhor, se po
nha, e muito mais, contra o seu Apóstolo, dizendo:
Como nos dizes tu: "Comprazei todos em tudo, as
sim como eu faço tudo para comprazer a todos",~ao (*) Nota do tradutor espanhol: Quer dizer o
dizeres tu mesmo: "Se ainda agradasse aos homens, orador, segundo nos parece: além do sentido óbvio
não seria servo de Cristo"? que se deduz dos mesmos textos, há outros mais
Venha em nossa ajuda o Senhor, que falava em ocultos e ricos para os famintos da verdade que
batem às portas do Senhor.
seu escravo e apóstolo; revele-nos a sua divina
vontade e dê-nos a possibilidade de cumpri-la.
(**) Os sublinhados duplos são nossos.
452. • Apêndice Apêndice 453.
E a outra passagem, onde diz: "Guardai-vos de como intenção do seu agir o serem vistos, mas em
fazer vossa Justiça diante dos homens", a termi que seja visto por Deus, em louvor do qual redunda
nou onde <Hz: ncom o fira de serdes vistos por a Justificação do homem, e faça o Senhor, no que
eles". Aqui não acrescenta: "e glorifiquem a vosso presta louvor, o que vê naquele que é louvado; em
Pai ceieste". senão que: "De outro modo>nao tereis outras palavras, que faça do que louva ura homem
recompensa em vosso Pai celeste"; dando-nos a en digno de louvor.
tender que buscam, os que fazem isto, a sua recom
pensa em serem vistos pelos homens, e nisso põem o E observai também como o Apóstolo, ao dizer:
seu bem, e aí se recreia a vaidade do seu coração, "Comprazei ji todos em tudo, assim como eu faço tu
que os esvazia de Deus para enchê-los de vento, e do para comprazer a_ todos", não pára a!T7 como se
os torna presunçosos e^os consome. Hão quer, pois, isso, "comprazer aoshomens", fora a meta da sua
assim, o Apóstolo, a seus fiéis. intenção”! Porque, a ser assim, se tornaria falso:
"Se agradasse ainda aos homens, não seria escravo
Mas por que é que não bastou dizer: "Quardal- de Cristo"; mas acrescentou incontinenti o fim que
-vo8 de_ fazer _a vossa Justiça diante dos homens", tinha em comprazer aos homens: "Não buscando —
e pelo contrário acrescentou: "com o fim de serdes diz — o_ meu interesse, senão o dos demais, para
visto por eles", se não por haver arguns que fazem que sejam salvos" (I Cor. X, 33T.
as átias boas obras diante dos homens, não com o
fim de:serem vistos por eles, mas para que sejam Deste modo, não comprazia aos homens em bene
vistas as obras e glorificado o Pai celeste, que fício próprio — não teria sido servo de Cristo —
Se dignou dar aos pecadores Justificados a possi mas comprazia aos homens com vistas à salvação de
bilidade de fazê-las? les, para ser um idôneo dispensador de Cristo.
Porque diante de Deus bastava-lhe a sua consciên
cia; mas diante dos homens era preciso que bri
QçsáySâ ás Sis EsyiQ bsiês bqqís lhasse a luz do bom exemplo.
0 Apóstolo diz: "Para ganhar a_ Cristo e ser (Sermão LIV, Obras de San Agustln — Homl-
encontrado nEle, não tendo uma justiça própria, lias, BAC, Madrid, 2a. ed., 1$6$, tomo X, pp. 59 a
que vem da lei, mas aquela que vem pela fé" (Phll.
ITT, ~B-97T Ê em outro lugar: "Para que nos tornás-
semos justiça de Deus nEle" *(íT“Cor. V7_21), em
Cristo. Pelo que repreende assim,os Judeus: "Não
conhecendo ji justiça de Deus, e^ procurando estabe
lecer a sua própria, não se sujeitaram a justiça
de Deus" (Rom. X, 3).
Portanto, esses, os que fazem as suas boas
obras para a glória de Deus, não se arrogam a qua
lidade de agir bem, mas antes a atribuem a Deus,
de Quem lhes vem a fé, e que lhes dá a vida. Fa
zer, portanto, com que os homens vejam estas boas
obras, para -que glorifiquem a quem lhes dá a pos
sibilidade de fazê-las, e incentivá-los a imitar
com piedosa fé o bem de que são testemunhos, é
realmente fazer brilhar a luz diante dos homens; é
fazer sair de si luz de caridade e não fumo de
vaidade. E também é evitar o fazer a sua Justiça
diante dos homens com o fim de ser visto por eles;
porque não atribuem a si esta Justiça, nem põem
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