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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHAO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, NATURAIS, SAÚDE E TECNOLOGIAS-CCHNST

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA E SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

DOCENTE: PROFESSOR MESTRE LUCIO CARLOS DIAS OLIVEIRA

DISCENTE: JOSUEL CARLOS OLIVEIRA

PINHEIRO-MA 2018
ANTROPOLOGIA DO CORPO

O corpo dos índios como representação de sua cultura

Todo grupo social possui sua identidade própria, que o diferencia dos outros grupos
sociais, identidade essa que se molda com o passar do tempo e pela modificação do espaço ocupado,
trazendo características próprias desse grupo, comunidade ou sociedade. Produzindo e reproduzindo
hábitos, costumes, comportamentos que passaram a ser “imitados” e ensinados para a geração
seguinte. Evidenciando-se dessa forma, o uso do corpo como ferramenta fundamental para a
construção de sua identidade própria e da mesma forma como um espelho que reflete a cultura, etnia,
raça, religião, dentre outras características propicias de um determinado grupo e sociedade.

Cada sociedade marca de forma significativa o corpo, como é o caso das sociedades
indígenas que trazem em seus corpos traços de sua cultura, pelos símbolos, rituais, comportamentos e
outras formas de expressões corporais, como explica Marcel Mauss em sua pesquisa intitulada como
“As Técnicas Corporais”, entendidas como “as maneiras como os homens, sociedade por sociedade, e
de maneira tradicional, sabem servir-se de seus corpos” (MAUSS, 1950,). Entretanto, essas formas de
expressões corporais, na visão de indivíduos de outro grupo social são tidas como incorreta. Dessa
forma, entende-se que, a forma como um indivíduo assiste o comportamento de um determinado grupo
diferente do seu, é tida como uma visão critica devido às diferenças apresentadas por eles, Segundo
Clifford Geertz, “fomos os primeiros a insistir em que vemos as vidas dos outros através das lentes
que nós próprios polimos e que outros nos veem através das deles” (2001, p.66).

Segundo Marco Antônio Gonçalves em uma pesquisa sobre o simbolismo do corpo na


sociedade indígena, demonstrando por meio dessa a importância do corpo dentro de uma determinada
sociedade assim como o uso do mesmo, evidente logo no começo de sua pesquisa ao afirmar que, “A
escolha do corpo e das representações a ele associadas não é aleatória. O corpo é mais que um
instrumento de produção da vida diária indígena, é material simbólico pelo qual se produzem idéias,
valores éticos e estéticos” (Gonçalves, n.p.). Todavia demonstrando o uso do corpo como
representação dessa sociedade indígena, pois defende ele que, “o corpo é produzido, fabricado,
constituído pela sociedade. É cortado, adornado, nomeado, perfurado, pintado, tornando-se mais do
que corpo. Ganha, assim, uma imaterialidade, traduzida naquilo que se liga a ele, nas suas produções
no mundo, naquilo que o anima, a alma” (Gonçalves, n.p.). Outro fator importante a ser lembrado é o
caminho percorrido pelo corpo durante as etapas na vida de um índio como deixa bem claro Marco
Antônio Gonçalves.
Este é o caminho que o olhar sobre o corpo conduz: do
nascimento à morte, da vida material à vida imaterial. O parto, a infância
com suas brincadeiras e a nomeação constituem fases importantes na
modelação corporal. A adolescência e os rituais de preparação do corpo para
a sociedade definem mais uma etapa em sua produção. O corpo maduro é
retratado pelo casamento, pintura corporal para fins rituais usa de adornos
plumários, máscaras, armas de caça e guerra. O corpo é matéria-prima,
suporte das pinturas, das máscaras e dos adornos, podendo ele próprio ser
transformado em troféu de guerra: cabeça reduzida, ícone da modelação
corporal e transformação cultural que sofre o corpo. (Gonçalves, n.p.).

Gonçalves também fala um pouco sobre a morte de um índio, explicando como essa
morte é vista nos olhares da comunidade indígena,

Se a doença e a morte encerram o ciclo vital da corporalidade, apontam,


também, para direções que transcendem a materialidade corporal. As viagens
do xamã para curar o corpo doente descortinam outros mundos, outros céus:
dos espíritos, do depois da morte. Morrer é se transformar em onça imortal, é
não morrer, é reviver através de outra forma de materialidade corporal.
(Gonçalves, n.p.).

Visto como uma passagem que vai além da materialidade, uma transferência da alma
para outro corpo com outra forma, outro animal da natureza.

Relativo à cultura passada e repassada para as gerações seguintes dentro da sociedade


indígena, o trabalho realizado por Mônica dos Santos Lima; Luiz Gonçalves Junior (O); João
Veridiano Franco Neto (CO) a construção do corpo indígena kalapalo (alto xingu - brasil): processos
educativos envolvidos ,é um importante estudo a ser lembrado, segundo Melià (1979 apud Lima;
Gonsalves Junior; Franco Neto, 2007).

Ao desenvolver estudo sobre educação indígena, aponta que esta possui


processos educativos próprios que incluem pedagogias, maneiras, métodos e
regras específicas de ensino e aprendizagem, os quais orientam toda vida da
etnia. Observa ainda que a educação indígena apresenta aspectos e
momentos que requerem mais tempo do que outros, mais esforço, mais
dedicação, tanto no ensino, como na aprendizagem. (Lima; Gonsalves
Junior; Franco Neto, 2007).
Observando sua forma de organização, Lima; Gonsalves Junior; Franco Neto, 2007,
afirmam haver na aldeia Aiha, aproximadamente, 244 pessoas, necessariamente 121 mulheres e 123
homens, vinte casas que formam um círculo, no centro da aldeia há a “casa-dos-homens” ou “casa-
das-flautas” (kwakutu). Enquanto que sua tradição há um período de reclusão pubertaria masculina e
feminina.

O pai possui papel mais destacado na formação ideal de homem Kalapalo, a


saber: as técnicas masculinas de trabalho desenvolvidas na roça, na pesca, na
confecção de artesanatos; o aprendizado dos mitos, do falar baixo, do ter
vergonha, do ser generoso, das habilidades de kindene (termo Kalapalo para
designar luta), do fazer discurso formalizado. Na prática da reclusão
pubertária feminina, é a mãe que ensina os saberes necessários para formar o
ideal de mulher Kalapalo, a saber: confecção de redes, de colares e outros
artefatos de miçanga; as técnicas do processamento alimentar e os saberes
que se restringem ao domínio feminino (ser excepcionalmente bela, dançar,
cantar). (Lima; Gonsalves Junior; Franco Neto, 2007).

Segundo Lima; Gonsalves Junior; Franco Neto, a saída da menina da reclusão ocorre
quando:

A franja de seu cabelo atinge a altura do queixo, associada ao julgamento de


sua mãe no sentido de que ela está pronta, ou seja, deixou de ser menina e se
tornou mulher. Na compreensão Kalapalo, isto ocorre quando ela esta apta a
desenvolver suas funções femininas na aldeia: casar, ter filhos, confeccionar
artesanatos, trabalhar no processamento da mandioca-brava, entre outras.
(Lima; Gonsalves Junior; Franco Neto, 2007).

Passando por todo um processo como, explica Lima; Gonsalves Júnior; Franco Neto,
“elas passam toda a linha contida em um novelo de lã um pouco abaixo da articulação de cada um dos
joelhos, pressionando os jarretes”, “elas permanecem em um gabinete construído pelos familiares
dentro da casa por um período que varia de um ano e meio a três anos”, obedecendo a, regras
propostas pela comunidade, “não podendo sair deste quarto, exceto para ir ao banheiro ou tomar
banho; momentos nos quais elas devem sair cobertas com panos para não serem vistas por pessoas que
não sejam da família”, seguindo uma dieta rigorosa.

Orientada pela mãe a seguir rigorosamente uma dieta, que envolve restrição
alimentar (de sal, doces, pimenta, peixes – este por um curto período) e
sexual, bem como a ingestão de eméticos e ervas, intimamente relacionados
com a escarificação. Isto favorece, de acordo com o saber Kalapalo, o
aumento da estatura e da massa corpórea. (Lima; Gonsalves Junior; Franco
Neto, 2007).

Para os meninos também há restrições alimentares e sexuais e o tempo de reclusão varia


entre 3 e 9 anos. “Embora a reclusão dos meninos frequentemente seja de período maior do que das
meninas, eles podem sair da casa para pescar, ir à escola, acompanhar os familiares na roça e,
especialmente, aprender a ser um bom lutador” (Lima; Gonsalves Junior; Franco Neto, 2007). Além
disso, outro aspecto importante é que o período de reclusão so acaba quando o filho completa as
exigências propostas pelo seu pai, “O período de reclusão é determinado de acordo com os anseios do
pai, no sentido de preparação de seu filho para aquisição de posições de destaque na aldeia, a saber:
lutador campeão (kindóto), cacique (anetü), dono de histórias (akinha óto), entre outras” (Lima;
Gonsalves Junior; Franco Neto, 2007). É no período de reclusão que o menino aprende a lutas,
praticando este exercício com os mais experientes, que no entendimento da tribo passa essa força para
os iniciantes.

Nos treinos é exatamente esta a relação que ocorre. Os lutadores iniciantes


são receptores de força dos lutadores experientes que as transmitem no
decorrer dos treinos. Além disso, enquanto ocorrem os treinos de um grupo,
os demais lutadores permanecem sentados observando atentamente, sendo
que os experientes vão comentando aos aprendizes as situações ocorridas
durante a luta, orientando-os sobre elementos da defesa e do ataque (Lima;
Gonsalves Junior; Franco Neto, 2007).

Sendo assim, portanto, todo um uso adequado do seu corpos para o fim de aprender
normas, ritos, hábitos, crenças e outras formas de expressões corporais que um determinado grupo
social como os indígenas por exemplo para desenvolver, preservar e manter sua cultura. Todavia
relatos apresentados são de suma importância para evidenciar o corpo como uma forma de espelho
dessa cultura, como fala os autores do trabalho a construção do corpo indígena kalapalo. segundo eles

Nestes embates, costumam ocorrer lesões nos dedos dos pés e das mãos, nas
orelhas, no rosto, nos joelhos, nos tornozelos e diversas unhadas na região do
pescoço e braços, podendo acarretar em deformações, principalmente nas
orelhas devido às sucessivas lesões. Todavia, estas deformações se
transformam num emblema de lutador. (Lima; Gonsalves Junior; Franco
Neto, 2007).
Dessa forma retratada o corpo carrega as provas de um aprendizado ou de uma punição
pelo fracasso, como citado na obra. “Além disso, nos treinos, os lutadores se escarificam quando estão
se sentindo fracos, sendo necessário arranhar (termo nativo para escarificação) para tirar o sangue
fraco e depois passar ervas para ganhar força do dono da erva (entidade sobrenatural)” (Lima;
Gonsalves Junior; Franco Neto, 2007). Transformando seus corpos em verdadeiras fontes que
representam toda uma cultura, que servem de suporte ao carregarem adornos que representam essa
cultura e ao usarem seus corpos para se expressarem de acordo com as regras e costumes dessa
cultura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GEERTZ, C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1989.

(1973).

GONÇALVES, M. A. O simbolismo do corpo na cultura indígena. Disponível em:


http://www.museudoindio.gov.br/educativo/pesquisa-escolar/52-o-simbolismo-do-corpo-na-cultura-
indigena. Acesso em: 31 mai. 2018.

LIMA, M. S.; GONÇALVES JUNIOR, L.; FRANCO NETO, J. V. A construção do corpo indígena
kalapalo (alto xingu - brasil): processos educativos envolvidos © Políticas Educativas, Campinas,
v. 1, n. 2, p. 146-155 , jul. 2008

MAUSS, M. As técnicas corporais: a noção de pessoa. In: ______. Sociologia e

Antropologia. São Paulo, EDUSP, 1974. v. 2.

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