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PINHEIRO-MA 2018
ANTROPOLOGIA DO CORPO
Todo grupo social possui sua identidade própria, que o diferencia dos outros grupos
sociais, identidade essa que se molda com o passar do tempo e pela modificação do espaço ocupado,
trazendo características próprias desse grupo, comunidade ou sociedade. Produzindo e reproduzindo
hábitos, costumes, comportamentos que passaram a ser “imitados” e ensinados para a geração
seguinte. Evidenciando-se dessa forma, o uso do corpo como ferramenta fundamental para a
construção de sua identidade própria e da mesma forma como um espelho que reflete a cultura, etnia,
raça, religião, dentre outras características propicias de um determinado grupo e sociedade.
Cada sociedade marca de forma significativa o corpo, como é o caso das sociedades
indígenas que trazem em seus corpos traços de sua cultura, pelos símbolos, rituais, comportamentos e
outras formas de expressões corporais, como explica Marcel Mauss em sua pesquisa intitulada como
“As Técnicas Corporais”, entendidas como “as maneiras como os homens, sociedade por sociedade, e
de maneira tradicional, sabem servir-se de seus corpos” (MAUSS, 1950,). Entretanto, essas formas de
expressões corporais, na visão de indivíduos de outro grupo social são tidas como incorreta. Dessa
forma, entende-se que, a forma como um indivíduo assiste o comportamento de um determinado grupo
diferente do seu, é tida como uma visão critica devido às diferenças apresentadas por eles, Segundo
Clifford Geertz, “fomos os primeiros a insistir em que vemos as vidas dos outros através das lentes
que nós próprios polimos e que outros nos veem através das deles” (2001, p.66).
Gonçalves também fala um pouco sobre a morte de um índio, explicando como essa
morte é vista nos olhares da comunidade indígena,
Visto como uma passagem que vai além da materialidade, uma transferência da alma
para outro corpo com outra forma, outro animal da natureza.
Segundo Lima; Gonsalves Junior; Franco Neto, a saída da menina da reclusão ocorre
quando:
Passando por todo um processo como, explica Lima; Gonsalves Júnior; Franco Neto,
“elas passam toda a linha contida em um novelo de lã um pouco abaixo da articulação de cada um dos
joelhos, pressionando os jarretes”, “elas permanecem em um gabinete construído pelos familiares
dentro da casa por um período que varia de um ano e meio a três anos”, obedecendo a, regras
propostas pela comunidade, “não podendo sair deste quarto, exceto para ir ao banheiro ou tomar
banho; momentos nos quais elas devem sair cobertas com panos para não serem vistas por pessoas que
não sejam da família”, seguindo uma dieta rigorosa.
Orientada pela mãe a seguir rigorosamente uma dieta, que envolve restrição
alimentar (de sal, doces, pimenta, peixes – este por um curto período) e
sexual, bem como a ingestão de eméticos e ervas, intimamente relacionados
com a escarificação. Isto favorece, de acordo com o saber Kalapalo, o
aumento da estatura e da massa corpórea. (Lima; Gonsalves Junior; Franco
Neto, 2007).
Sendo assim, portanto, todo um uso adequado do seu corpos para o fim de aprender
normas, ritos, hábitos, crenças e outras formas de expressões corporais que um determinado grupo
social como os indígenas por exemplo para desenvolver, preservar e manter sua cultura. Todavia
relatos apresentados são de suma importância para evidenciar o corpo como uma forma de espelho
dessa cultura, como fala os autores do trabalho a construção do corpo indígena kalapalo. segundo eles
Nestes embates, costumam ocorrer lesões nos dedos dos pés e das mãos, nas
orelhas, no rosto, nos joelhos, nos tornozelos e diversas unhadas na região do
pescoço e braços, podendo acarretar em deformações, principalmente nas
orelhas devido às sucessivas lesões. Todavia, estas deformações se
transformam num emblema de lutador. (Lima; Gonsalves Junior; Franco
Neto, 2007).
Dessa forma retratada o corpo carrega as provas de um aprendizado ou de uma punição
pelo fracasso, como citado na obra. “Além disso, nos treinos, os lutadores se escarificam quando estão
se sentindo fracos, sendo necessário arranhar (termo nativo para escarificação) para tirar o sangue
fraco e depois passar ervas para ganhar força do dono da erva (entidade sobrenatural)” (Lima;
Gonsalves Junior; Franco Neto, 2007). Transformando seus corpos em verdadeiras fontes que
representam toda uma cultura, que servem de suporte ao carregarem adornos que representam essa
cultura e ao usarem seus corpos para se expressarem de acordo com as regras e costumes dessa
cultura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1973).
LIMA, M. S.; GONÇALVES JUNIOR, L.; FRANCO NETO, J. V. A construção do corpo indígena
kalapalo (alto xingu - brasil): processos educativos envolvidos © Políticas Educativas, Campinas,
v. 1, n. 2, p. 146-155 , jul. 2008