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66-dos-professores-ja-precisaram-se-afastar-devido-a-problemas-
de-saude

Publicado em NOVA ESCOLA 16 de Agosto | 2018

Saúde

66% dos professores já


precisaram se afastar por
problemas de saúde
Ansiedade, estresse, dores de cabeça e insônia estão entre os
principais problemas que afetam educadores, segundo estudo
realizado pela NOVA ESCOLA
Larissa Teixeira

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Experimente perguntar a um professor como anda a sua saúde – você provavelmente


ouvirá queixas a respeito do esgotamento físico e mental causado por uma rotina cada
vez mais desgastante.

LEIA MAIS Por que o cérebro precisa de descanso

Uma pesquisa online realizada pela Associação Nova Escola com mais de cinco mil
educadores, entre os meses de junho e julho de 2018, reuniu mais informações sobre
o problema e identificou que 66% das professoras e professores já precisaram se
afastar do trabalho por questões de saúde. O levantamento também mostrou que 87%
dos participantes acreditam que o seu problema é ocasionado ou intensificado pelo
trabalho.

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Entre os problemas que aparecem com maior frequência então a ansiedade, que afeta
68% dos educadores; estresse e dores de cabeça (63%); insônia (39%); dores nos
membros (38%) e alergias (38%). Além disso, 28% deles afirmaram que sofrem ou já
sofreram de depressão.

LEIA MAIS: Somente 23% dos professores recomendariam a profissão aos jovens

Os dados revelam uma realidade alarmante para os professores do país. Segundo


Heleno Araújo Filho, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação (CNTE), a não aplicação das políticas educacionais previstas na legislação
impede que sejam oferecidas condições adequadas de trabalho para o desempenho
da profissão.

“A falta de infraestrutura, o excesso de alunos por sala de aula, a dupla jornada, a falta
de segurança nas escolas e a má remuneração contribuem para desvalorizar a carreira
e desestimular os profissionais, causando uma série de doenças”, aponta.

A professora Iêda Soares Pinto, que leciona no Ensino Fundamental II, Ensino Médio e
EJA no Distrito Federal, conta que começou a tomar remédios para controlar a
ansiedade. “Trabalho em três escolas e raramente consigo fazer todas as refeições ou
praticar atividades físicas. Além disso, levo muito trabalho para casa e fico sem tempo
para nada”, relata.

Para a professora Angela Calenzani, que trabalha na rede estadual do Espírito Santo, a
falta de um plano de saúde e de apoio psicológico para os docentes compromete o
trabalho. “Neste ano tive problemas com pressão alta e estresse, ocasionados por uma
rotina de 10 horas diárias. O professor precisa de condições e recursos para trabalhar;
sozinhos não conseguimos atender às reais necessidades dos alunos”, opina.

LEIA MAIS: O que é um professor de qualidade?

Problemas vocais

Outra questão recorrente no dia a dia dos professores são os problemas de voz. Uma
pesquisa que está sendo realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
em parceria com o Ministério da Educação, com 6.510 professores de todo o Brasil,
identificou em seus resultados preliminares que 17,7% deles sofrem com problemas
vocais, seguidos por problemas respiratórios (14,6%) e emocionais (14,5%).

O estudo também mostrou que 69,1% dos professores faltaram ao menos um dia no
último ano, na maioria dos casos por questões de saúde. “São múltiplos fatores que
estão relacionados com esse adoecimento. Entre eles, um ambiente de trabalho com
condições precárias, a violência verbal praticada pelos alunos, falta de apoio dentro da
escola e dificuldade de relacionamento com os colegas”, afirma Adriane Mesquita de
Medeiros, professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos em Saúde e Trabalho da
UFMG.
Em alguns casos, a ansiedade é ampliada por fatores locais, como clima escolar e
excesso de trabalho. A professora Eliane*, que leciona no Ensino Fundamental II e
Médio no Recife, conta que a pressão e as cobranças que ela considera exageradas são
alguns dos principais fatores que afetam a sua saúde. “O clima com os superiores é de
desconfiança e há muitas exigências com relação a atividades burocráticas. Além disso,
os docentes não têm liberdade na sala de aula e muitos são perseguidos quando
tocam em temas considerados polêmicos”, relata.

Para Araújo Filho, da CNTE, é preciso que haja uma gestão democrática dentro das
escolas, que permita que o educador tenha voz ativa na construção do projeto político-
pedagógico e se sinta confortável no ambiente escolar.

LEIA MAIS: Como inspirar seus alunos a se tornarem professores

Repercussão na sala de aula

A desvalorização da carreira e o acúmulo de problemas de saúde também trazem


efeitos de longo prazo e prejudicam o processo de ensino e aprendizagem. De acordo
com o relatório Políticas Eficientes para Professores, divulgado em junho deste ano
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas
2,4% dos jovens brasileiros de 15 anos querem ser professores.

“O adoecimento do professor repercute na sala de aula, na dinâmica escolar, nas


políticas públicas e na carreira docente, fazendo com que o aluno perca na figura do
professor a sua referência como profissional fundamental na mediação do
conhecimento. O absenteísmo prejudica a formação dos nossos jovens e resulta em
uma educação aquém do que se espera em termos de qualidade”, destaca Cristina
Miyuki Hashizume, doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pelo
Instituto de Psicologia da USP e professora da Universidade Metodista de São Paulo e
da Faculdade Messiânica.

Segundo ela, as políticas públicas educacionais devem ser formuladas a partir do


mapeamento real dos dados sobre o adoecimento docente, para que sejam
elaboradas estratégias para melhorar a qualidade de vida dos professores. “Plano de
carreira, aumento de salário, diminuição do número de horas trabalhadas e políticas
de valorização docente são fatores que podem amenizar esse adoecimento”, aponta.

*O nome da entrevistada foi trocado para preservar a sua identidade

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