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WAINBERG, Jacques et al.

Polemista, o personagem
esquecido do jornalismo.

... não é a presença de um polemista que torna este ou aquele tema controverso.
(...) a disputa emerge naturalmente. A sociedade percebe-se radicalmente
dividida quanto à resolução do dilema e quanto às repercussões éticas.
Controvérsias deste tipo independem do manuseio de um agente subversor.
Este, ao contrário, atuará sempre de forma inesperada em assuntos de
aparência inofensiva. (49)

Gregório de Matos tornar-se-á o poeta panfletário do Brasil colônia. Após


escrever a sátira “Juízo anatômico dos achaques que parece o corpo da
república em todos os seus membros, e inteira definição do que em todos os
tempos é a cidade da Bahia, Matos é preso incomunicável, degradado para
Angola e anos depois só volta com a condição de não fazer mais versos,
consoante preleciona Juarez Bahia (BAHIA, 1990, p. 32) (51)

É condição da polêmica a existência de um dilema, natural ou criado. A


ambiguidade inerente a tais impasses do pensamento provoca ansiedade
e, por decorrência, desejo de resolução. É este fator que dá ânimo ao
embate. Têm-se aqui, por isso mesmo, gladiadores em luta, com a
agressividade que caracteriza tais disputas. (...) Para cada ginga de corpo
da pena haverá sempre um suspiro de surpresa do público, que treme ora
de prazer ora de ódio com o tilintar do verbo. (52)

... neste exercício o pensamento tem como missão romper com o trivial. Tal
tarefa é ameaçadora pois desqualifica em certa medida o equilíbrio existente.
Torna o senso comum absurdo. Abala a auto estima de quem se considerava
donatário de verdades absolutas. (52)

É o posicionamento estratégico do polemista no sistema que lhe assegura a


ousadia e a coragem que tal tarefa demanda. Como malabarista da fala, cabe-
lhe sempre surpreender a guarda, seja do inimigo, seja da audiência. É próprio
de quem vive ou se coloca à margem ser um fronteiriço, ser alguém que está na
beirada de vários mundos ao mesmo tempo. É um inovador que junta peças
dispersas, e cria um novo ser. (52)

A polêmica (...) é sempre um show de esgrima no qual o inimigo é visível. (...) O


opositor é inimigo mesmo,cabe ressaltar. A disputa é pessoal, raivosa. A luta
disfarça-se de retórica da razão, mas é cabra mandada do coração. (...) a troca
de farpas é frontal, sempre. Nestas condições, provocações são feitas de parte
a parte. (...) Observando-se os insultos fica-se a pensar que tais personagens
não medem as consequências de suas aparições. O rompante é verdadeira
avalanche simbólica. Passa como um estrondo, atordoante. Deixa marcas,
feridas. Pretende-se arrasador. O opositor não lhe foge à mira: é tratado de forma
rude, caricatural. Neste ringue, todos são impiedosos (52-3)

A pessoalização dramática dos envolvidos é uma das marcas mais típicas


do discurso polêmico. Há inclusive quem considere que o polemista é
anterior à polêmica. De sua atitude intrínseca de polemizar é que nasce o
debate sobre o tópico. (...) coloca-se a intenção de polemizar como
fundadora da polêmica. (55)

Não há exatamente polêmica a não ser porque há argumentos que se


contrapõem. (...) De fato, um argumento decisivo e definitivo, diz-se dele,
que acaba com a polêmica. O discurso polêmico se opõe ao discurso
consensual, no sentido de que a polêmica é,por hipótese, a ausência de
consenso. (...) Isso significa, em outras palavras, que a polêmica se
instaura preferencialmente pelo caráter, anterior aos argumentos
propriamente, divergente das premissas, sobre as quais não há consenso
porque assumidos como espécie de axiomas, fora de julgamento. (55)

E a polêmica parece nascer, como se disse antes, menos do uso argumentativo


do que da atitude argumentativa.(57)

... ou seja, uma aparência de nítido caráter oposicionista ou crítico.

É na verdade, um ser sui generis, deseja estar aonde todos recusam ficar,
na margem do que se convenciona chamar “senso comum” (58)

O polemista ao desempenhar o papel marginal trata de pôr em contato


mundos entre si, geralmente o conhecido com outro que está por vir, vivo
somente em sua mente de profeta maldito. (58)

a) Ao desafiar o senso comum, o polemista faz surgir o novo. Há que


se ressaltar que o novo não surge nunca facilmente. Teme-se a
novidade pelo efeito devastador que pode causar nos equilíbrios
existentes.
b) O polemista tem a coragem que falta à maioria dos seres. Na
verdade, a torcida torce em seu favor por expressar o que esta
parcela da opinião pública sente mas evita pronunciar; desfruta da
petulância de se dizer o indizível
c) Como paladino do não-dito, mas existente, desafia o establishment.
Há uma ousadia que encontra ouvidos desconfiados, de mentes
críticas que abominam o jogo de forças que nas sombras empurram
a história de um lado para o outro;
d) O polemista educa, pois estimula o embate. Acorda mentes
adormecidas como que narcotizadas pelo que é usual. Neste
sentido, desafia verdades antes incontestadas;
e) Contribui para a busca de sentido e de significado. Como exegeta,
sua ação tem também efeito terapêutico.
f) Ele também irrita. Causa desconforto. Insinua desejo de mudar os
valores das pessoas, o que nunca consegue. No máximo, desperta
os associados. (63-4)

O polemista não nasceu para aquela linha de conforto da mesmice. Seu


espaço é outro: viverá sempre distante do consenso e daquele tipo de debate
burocrático, enfadonho. Seu círculo será a da transgressão dos sentidos. Os
veículos ,mais vigorosos estão dispostos a correr riscos.

Cabe afirmar, por fim, que o polemismo é a circunstancia do maldito que


vive sempre lá, à beira dos desfiladeiros. Ora nele cai, ora dele se
recupera. Mas é ali, sempre à disposição do desastre, que se anima e
encontra o que de melhor tem de si para dar ao público. (67)

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