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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
SUMÁRIO
Capítulo 1 - Empreendedorismo para professores. De onde veio esta ideia?............................................. 03
Capítulo 2 - Quero ser um professor empreendedor. E agora?..................................................................... 12
Capítulo 3 - Primeiros passos para o professor empreendedor................................................................... 17
Capítulo 4 - Empreender ou não empreender na escola?.............................................................................. 23
Capítulo 5 - Professor empreendedor, escola inovadora, aluno transformador.........................................28
Capítulo 6 - Professores e pais empreendedores: inovação, adaptação e transformação........................ 32
Capítulo 7 - Empreendendo a gestão da escola ............................................................................................. 38
Capítulo 8 - Para pôr a mão na massa.............................................................................................................. 43
Capítulo 9 - Nossas considerações: empreenda e mude o mundo a sua volta........................................... 65
Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
Apresentação
Neste livro, embora não sejamos adeptos de discriminação de gênero, optamos por
utilizar a forma masculina meramente por questão gramatical. Portanto, quando
lerem professores, assistente técnico-pedagógico, diretor, coordenador, entenda-se que
também estão mencionadas e, principalmente, consideradas todas as mulheres, pois,
afinal, a presença feminina é maioria neste campo que é a base de toda nação!
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
Capítulo 1
Há também outras definições que ajudam a Segundo Drucker, “Qualquer indivíduo que tenha
entender o empreendedorismo: “Protagonismo à frente uma decisão a tomar pode aprender a ser
social, ruptura de laços de dependência, crença dos 3
¹ Autor de cinco livros e um software sobre empreendedorismo.
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
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Busca de oportunidade e iniciativa – quando nos deparamos com situações difíceis, como
problemas de aprendizagem ou comportamento inadequado, precisamos ter iniciativa e
tomar atitudes diferentes para alcançar objetivos diferentes: quem faz tudo igual tem
sempre os mesmos resultados.
2
Correr riscos calculados – ao inovar e criar, sempre precisamos calcular os riscos. Não
podemos simplesmente nos deixar levar pelas emoções. Assim, é preciso traçar objetivos e
planos para alcançá-los, e isto pode ser a respeito do conteúdo, das aulas, do
comportamento dos alunos...
3
Exigência de qualidade e eficiência – este deve ser um comportamento de todas as
pessoas: querer o melhor de si e dos outros. Se cada um empenhar-se pelo melhor, os
objetivos são alcançados mais facilmente.
4
Persistência – Nem sempre se alcança os objetivos ou se consegue executar planos ou
atividades na primeira tentativa. É preciso persistir.
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Comprometimento – Quem está comprometido com seus objetivos calcula riscos, exige
qualidade e eficiência de si e da equipe (seja dos colegas ou dos alunos), mas ainda reflete
para ter certeza de que a estratégia ou plano traçado pode levar ao alcance do objetivo.
Caso se perceba que isto não vai acontecer, é hora de redefinir os objetivos e planejar
novamente seu alcance.
6
Busca de informações – Esta característica é imprescindível ao professor: para ensinar
precisamos estar constantemente atualizados e adaptados aos tempos, tecnologias, saber
refletir e tomar decisões sobre novas estratégias de ensino e, para isso, é preciso obter
informações.
7
Estabelecimento de metas – Este comportamento serve para todas as áreas da vida, seja
pessoal, na carreira, nos planos de ensino e, principalmente, com os alunos. Se eles
souberem o que devem ser capazes de fazer em determinado tempo (meta), ficará mais
fácil e mais atrativo para que consigam realizar.
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Planejamento e monitoramento sistemático – Para saber se nossos planos estão
caminhando na direção certa, precisamos avaliá-los constantemente. O mesmo ocorre
com os alunos: não avaliamos por meio de provas? Quando há falhas no aprendizado não
é necessário realizar a recuperação paralela? Para que o aprendizado se efetive não é
imprescindível utilizar outra estratégia, principalmente em razão do tempo ser mais
curto?
9
Persuasão e rede de contatos – Para conseguir que os alunos se emprenhem nas tarefas, é
necessário persuadi-los a realizá-las. Por meio da rede de contatos (colegas de classe e
outros professores ou pais, por exemplo) é possível incentivá-los ainda mais no empenho
do alcance de objetivos.
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Independência e autoconfiança – a partir do momento em que professor e aluno utilizam
estas princípios, tornam-se mais independentes e autoconfiantes, evoluindo na área
acadêmica e pessoal.
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
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Não há regras rígidas - dentro da sala de aula, o professor tem autonomia de ação. Mesmo
que as regras sejam para que os alunos se mantenham sentados nas carteiras, em fila, o
professor pode mudar seu arranjo, utilizar os alunos mais adiantados como monitores,
entre outras ações.
2
Não existe um modelo único de ensino - ensinar não é apenas transmitir conhecimento,
mas despertar o interesse do aluno e sua capacidade de refletir sobre o que aprende para
utilizar para a vida.
3
Não existe fórmula mágica que leve ao sucesso - também não existem atalhos: o caminho
mais curto nem sempre é o melhor.
4
Empreender não pode ser imperativo - com o perfil que os alunos demonstram hoje em
dia, onde não há mais a hierarquia tradicional professor-aluno, não é mais possível
trabalhar de forma imperativa, no já mencionado modelo manda quem pode, obedece quem
tem juízo.
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5
O foco deve ser nas pessoas (equipe), e não apenas no empreendedor individual - o foco
deve ser no grupo de alunos, não centrado no professor. O ideal é adotar o princípio de
Nash², não o de Adam Smith³.
6
Empreender não é sinônimo de ser empresário - como empreendedorismo compreende
um comportamento caracterizado por um conjunto de atitudes, professor e alunos podem
empreender em diversas áreas, principalmente na educação.
7
Empreender não é sinônimo de (apenas) ganhar dinheiro - ganhar, não apenas dinheiro:
ganhar conhecimento, atingir objetivos, evoluir como pessoa, como profissional, como
estudante...
8
O modelo tradicional de ensino (centrado no professor) nem sempre é eficaz - conforme
mencionado anteriormente, na atualidade, o perfil dos alunos já não condiz com a teoria,
necessitando de diferente postura e novas atitudes do professor.
9
O modelo centrado no aluno, no aprender fazendo, é o que mais traz resultados - além de
despertar o interesse dos alunos, já não se pode mais formar meros repetidores, mas
cidadãos capazes de refletir e agir para modificar sua própria vida e o meio em que vivem.
² Explicado de maneira simples, o princípio de Nash sugere que as ações devem beneficiar o grupo, não apenas o próprio indivíduo. Suas ideias são aplicadas na teoria dos jogos.
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³ Filósofo escocês do século XVIII, pregou o princípio da mais valia, onde, em uma explicação simples, a ação do indivíduo deveria beneficiar a si mesmo, em detrimento dos outros.
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Poder não é sinônimo de sucesso - e o poder em sala de aula também não é sinônimo de
eficiência no ensino.
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
Capítulo 2
(Charles Darwin)
Hisrich ensina que empreender é “o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e
esforços necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo
as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal” (HISRICH, apud CACHOEIRA, 2016, p.
09).
Barreto, Presidente do Sebrae em 2013, explica que pessoas empreendedoras são “autônomas, com
competências múltiplas, que saibam trabalhar em equipe, tenham capacidade de aprender com situações
novas e complexas, que enfrentam novos desafios e promovem transformações" (BARRETO, apud
CACHOEIRA, 2016, p. 09). Vamos passar, então, às 10 verdades sobre o empreendedor (empresário), mas
adaptá-las à realidade docente, e que mostrarão um lado nem tão positivo de empreender:
1
Apenas ser criativo não basta - a criatividade não resolve todos os problemas, nem é capaz
de fazer com que outros compreendam e se empenhem por seus objetivos.
2
Você ainda terá chefes - como professor, devemos trabalhar em equipe, como verdadeiros
colegas de profissão. Sempre haverá uma hierarquia e, como educadores, devemos
respeitá-la para ser respeitados.
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
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O trabalho será maior do que o de um funcionário - como professor, o trabalho também
será maior: traçar metas; planejamento; monitoramento; avaliação sistemática;
mudanças de planos, quando necessário, pesquisa, implementação de programas e
projetos...
4
Todas as áreas da empresa estão na sua mão - todas as áreas da escola dependem de você:
quando o trabalho em equipe não funciona de maneira adequada, reflete em todos os
setores: o professor que não entrega suas anotações de acordo com o cronograma
atrapalha o trabalho do assistente de educação, que atrasa o trabalho da Secretaria de
Educação do município, que não repassa os dados para as instâncias superiores,
provocando uma reação em cadeia, apenas para citar um exemplo. Por isso a importância
de trabalhar em equipe.
5
Muitas decisões serão solitárias - você é responsável pelas suas escolhas, e por mais que
peça conselhos ou que ouça a opinião de outros, suas decisões são só suas, e as
consequências também são sua responsabilidade.
6
Não dá para ser mal-humorado - “até dá, mas não funciona”, como afirmou o Professor
Eder Cachoeira na palestra Empreendedorismo para Professores. As pessoas que convivem
com você não são obrigadas a tolerar mau humor: professores não recebem pagamento
adicional para isso. 14
Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
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Uma hora, a concorrência irá chegar - na mesma palestra, a Professora Elita afirmou que
os professores se veem como concorrentes, e não como colegas de profissão. A chegada de
novos colegas, de pessoas recém licenciadas é algo positivo, mas é preciso compartilhar
experiências, materiais, projetos… quando trabalhamos em equipe, uma aula
desenvolvida por um professor para uma turma pode ser aplicada em outra, se
compartilhada. Isto evita retrabalho e as aulas podem ser planejadas em equipe,
diminuindo o trabalho de todos.
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A burocracia é maior do que parece - sempre haverá diários, projetos, documentos para
preencher, provas para corrigir.
9
A tranquilidade financeira pode demorar - o salário de professor não é atrativo em nosso
país, e isto contribui para o que chamamos de visão de concorrência entre os professores,
que precisam de uma carga horária grande para que a atividade valha a pena. Este é o
momento de aplicar o princípio de Nash, do qual falamos brevemente no capítulo
anterior: é preciso encontrar o melhor caminho para todo o grupo, e não apenas para um
indivíduo.
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Nem todos chegarão ao topo - o que é o topo para um professor? É preciso refletir
profundamente para tomar as decisões mais acertadas.
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
Capítulo 3
1
Busca de oportunidade e iniciativa – a atuação em sala de aula traz oportunidades diárias
para empreender. Como o professor já tem definido seu campo e área de trabalho, basta
avaliar sua própria área e, por meio de iniciativa, empreender. O primeiro passo, então, é
o mais simples.
2
Correr riscos calculados – ao decidir ter iniciativa, não é possível fazer qualquer coisa que
venha à cabeça: é necessário pensar a respeito das consequências de nossas atitudes.
Nossas ações implicam em riscos e, por esta razão, é preciso traçar objetivos e planos para
alcançá-los. De maneira prática, é fundamental decidir primeiro onde se quer chegar para
poder escolher o caminho a ser trilhado. Quando nos referimos às aulas e conteúdos,
precisamos pensar o que o aluno deverá ser capaz de fazer dentro de um período de
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tempo preestabelecido, e planejar, se possível o dia a dia das aulas para que o objetivo
seja atingido. Outros campos também podem ser empreendidos, como o comportamento
ou o comprometimento de determinado aluno ou de todos: estabelecer a meta e planejar
como atingi-la.
3
Exigência de qualidade e eficiência – esta exigência deve ocorrer não apenas em relação a
outros, mas a nós mesmos. Devemos ter empenho para que aquilo que produzimos tenha
tanta qualidade quanto o que queremos para nós. Em relação à qualidade e eficiência do
que os alunos produzem, há métodos de auxílio e motivação que podem ser utilizados.
Sistemas de recompensa, como a divulgação das melhores performances podem ajudar a
estimular os alunos. Contudo, é importante que todos ganhem e sejam elogiados quando
atingirem os objetivos e acertarem; mas, ao invés de serem criticados quando errarem,
devem ser estimulados: é preciso dizer aos alunos que o professor sabe que ele pode fazer
melhor, que confia em seu trabalho e que espera que ele realize os próximos trabalhos de
acordo com sua capacidade.
4
Persistência – em muitos casos, os planejamentos não funcionarão conforme pensados. A
resposta dos alunos é diferente de uma turma para outra; as aulas planejadas para 45
minutos podem durar menos de 30 em uma turma e mais de 60 em outra, por razões
diversas. Neste caso, é preciso persistir, mas também adequar planos e atividades,
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
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Comprometimento – também é necessário comprometer-se com os objetivos traçados,
com a qualidade e a eficiência. Para um professor graduado em sua área de atuação, pode
parecer simples dar aulas⁵. Mas é preciso muito mais que saber o conteúdo e como
ensinar: é indispensável traçar o perfil da turma para poder escolher estratégias de
ensino; também é fundamental descobrir qual a zona proximal dos alunos para que o
ofício de ensino seja simplificado tanto para o docente quanto para os discentes. Este
assunto será abordado com mais profundidade em outros textos.
6
Busca de informações – a busca de informações precisa ser direcionada para auxiliar a
atingir os objetivos. Para o ofício de professor, compreender a realidade de alguns alunos
pode ser imprescindível. Casos em que há problemas familiares refletem no
comportamento dos alunos na escola, em seu comprometimento com os estudos e até
mesmo em sua conduta moral. Muitas vezes, os alunos precisam apenas de um pouco
mais de atenção, um pouco menos de críticas, do incentivo que não recebem em casa.
Também precisamos criar laços próprios e evitar traçar perfis de alunos para colegas: o
comportamento de um aluno em nossa classe será diferente do que ocorreu na anterior,
⁴ Chamamos de curinga aquelas atividades que se encaixam em diversos assuntos, como os temas transversais que podem ser utilizados nos casos em que o tempo de execução seja inferior ao
de planejamento.
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⁵ Não concordamos com esta expressão: não se dá aula, ministra-se, ensina-se, educa-se, mas não se dá nada. É um trabalho trocado por dinheiro.
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mas vai depender do modo como o professor conduz a aula. Outra busca importante de
informações diz respeito ao que os alunos gostam: utilizar seus gostos musicais,
aproveitar o vocabulário, jogos, brinquedos e redes sociais aproximam professores de
alunos e ainda podem ser facilitadores, como métodos de ensino⁶.
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Estabelecimento de metas – Estabelecer metas metas é importante em qualquer área: em
nossas vidas, para nossos lares, família, carreira e, também, para o fazer docente. Ao
exercer a atividade de ensinar, precisamos trabalhar sob preceitos da hierarquia legal - Lei
de Diretrizes e Bases; Diretrizes Curriculares Nacionais; Plano Nacional de Educação;
diretrizes de cada estado para a educação; e, no caso dos municípios, ainda os Planos
Municipais; Projeto Político Pedagógico da Escola; Planejamento (anual, em alguns casos,
semestrais, trimestrais e bimestrais em outros) de Ensino; e só depois os Planos de aula. O
estabelecimento de metas é importante devido à heterogeneidade dos alunos, pela
diferença de zona proximal que apresentam, pelo interesse que mostram, pela dedicação
aos estudos, por dificuldades cognitivas, e tantas outras razões. Ao estabelecer metas,
procuraremos caminhos para alcançá-las e, desta forma, as possibilidades de êxito
aumentam. Conforme mencionado no item 2, precisamos pensar o que o aluno deverá ser
capaz de fazer dentro de um período de tempo preestabelecido para planejar o mais
⁶ É importante compreender a diferença entre método e metodologia, que não são sinônimos. Neste texto, o primeiro refere-se aos instrumentos utilizados para ensinar, como um livro ou um jogo -
a palavra vem do Latim “methodus” cujo significado é “caminho ou a via para a realização de algo”. Cada área possui uma metodologia própria. A metodologia de ensino é a aplicação de diferentes
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métodos no processo ensino-aprendizagem (Significados.com).
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Planejamento e monitoramento sistemático – Depois de definir metas (o que queremos, o
que os alunos serão capazes de realizar), precisamos planejar (como) o tempo e as aulas de
modo a atingir as metas. Mas também é preciso monitorar, verificar se o caminho
percorrido está levando para a meta e, se for necessário, fazer ajustes nos e, em alguns
casos, até mesmo nas metas. Utilizar outra abordagem ou um método diferente pode
ajudar a atingir as metas. Um professor experiente deve estar imaginando o trabalho que
estas atitudes demandam, mas podemos afirmar, por experiência em sala de aula, que o
tempo gasto vale a pena e tende a ser menor na medida em que nos habituamos a estas
atitudes. Ainda, ao trabalhar em equipe, os planos podem ser compartilhados, o trabalho
dividido e o êxito multiplicado.
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Persuasão e rede de contatos – Um dos maiores problemas que temos constatado, nas
redes de ensino público, é a visão que os profissionais têm de sua classe: conforme já
mencionamos em capítulos anteriores, os professores se veem como concorrentes, e não
como colegas de profissão. Isto enfraquece a classe e não ajuda no cotidiano docente.
Quando conseguirmos agir como colegas de profissão, poderemos ajudar uns aos outros,
fortalecendo a classe docente, como ocorre com outras classes profissionais. Inúmeros
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Independência e autoconfiança – O fazer docente, embora guiado pela legislação e outra
série de documentos conforme mencionado antes, no item 7, guarda certa autonomia
dentro da sala de aula. Esta independência/autonomia traz uma imensa responsabilidade.
Por esta razão, a organização e o empreendedorismo das aulas auxiliarão na
autoconfiança, multiplicando a possibilidade de êxito.
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
Também é pertinente lembrar das Premissas do ganhar dinheiro - realização pessoal e daqueles
Ensino Eficaz do Empreendedorismo ao com quem interagimos também são excelentes
empreender o fazer docente: Não há regras recompensas, e que podem refletir
rígidas - você tem autonomia na sala de aula; Não financeiramente; O modelo tradicional de ensino
existe um modelo único de ensino - você pode (centrado no professor) nem sempre é eficaz - se
inovar sempre; Não existe fórmula mágica que instigamos os alunos, os resultados são mais
leve ao sucesso - nem atalhos; Empreender não rápidos e melhores; O modelo centrado no aluno,
pode ser imperativo - mandar já não é eficaz: é no aprender fazendo, é o que mais traz resultados
preciso fazer com que os alunos sejam instigados, - sempre. Poder não é sinônimo de sucesso - e o
que vejam sentido e aplicabilidade no que poder em sala de aula também não é sinônimo de
aprendem; O foco deve ser nas pessoas (equipe), eficiência no ensino.
e não apenas no empreendedor individual - foco
em toda a turma que, ao atingir os índices
esperados de realização e aprovação,
automaticamente serão a propaganda da sua
carreira (CACHOEIRA, 2016).
Capítulo 4
são imensas.
“Produtividade é o quão rápido você faz
aquilo. Competitividade é o quanto você se
Por esta razão decidimos pôr em paralelo o
sobressai em relação as outras pessoas que
empreendedorismo e a educação, e descobrimos
fazem o ‘mesmo’ que você” (CACHOEIRA, 2016,
um - ou vários - caminhos para ensinar, que
p. 30, grifos do autor).
podem ser mais prazerosos para professores e
alunos, e ainda facilitar o trabalho de todos.
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
Capítulo 5
menos no começo. [...] alerte, aconselhe, mas não aventurar pelo novo.
insista”. Também é importante que “deixe
acontecer e dar errado, [pois] até estas Como professor, você domina seu conteúdo e
experiências são válidas e úteis para o sabe como aplicá-lo na vida, sabe como a sua área
aprendizado” (HASHIMOTO, s. d., p. 01). de conhecimento é útil. O segredo é despertar a
curiosidade dos seus alunos, e o exemplo de
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
Capítulo 6
Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental são pequenos aprendam o caminho da escola, é
ainda mais preocupados, pois “são responsáveis importante que eles sejam nossos guias. E o autor
p. 01).
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
Em sala de aula podemos desenvolver, com os É importante que os pequenos descubram sua
pequenos, as regras de convívio, mostrando que autenticidade e criatividade, e isto pode ser
uma convivência harmoniosa é importante e estimulado por meio de brincadeiras. O ideal é
agradável, mas depende da colaboração de todos. que se comece bem cedo, pois, quanto menores
as crianças, menos preconceitos elas terão. Se já
tiverem lidado com formas de avaliar riscos e com
Criatividade
maneiras de lidar com regras, ainda melhor.
Hashimoto ([s.d.], p. 01) exemplifica passatempos
Não é novidade que muitos consideram a
que fazia com seus filhos ao viajar de carro com
Educação formal dos dias de hoje uma maneira
eles, quando pequenos:
de acabar com a criatividade.
Capítulo 7
Quem cursou licenciatura nos últimos anos No mesmo livro, se buscarmos o conceito de
aprendeu que a gestão escolar surgiu para administração, veremos que é a “ação ou
superar o enfoque limitado da administração. resultado de administrar. 2 gerência, direção”
(AULETE, 2004, p. 17). O bom e velho Dicionário
O que esqueceram de nos ensinar é que gestão e Aurélio (FERREIRA, 2001, p. 22) já traz uma
administração são sinônimos e, portanto, cabe a definição, digamos, mais completa para
nós, envolvidos com a Educação, superar administração, e menos para gestão. Para a
limitações, não apenas no campo dos conceitos, primeira, ele conceitua como “ato ou efeito de
mas na execução de nossas tarefas. administrar. 2 conjunto de princípios, normas e
funções que têm por fim ordenar a estrutura de
Vamos utilizar os conceitos do léxico: o Dicionário uma organização [...]”. E gestão é apenas o “ato ou
Caldas Aulete (2004, p. 402, grifo do autor) ensina efeito de gerir; gerência” (FERREIRA, 2001, p. 374).
que gestão é a “ação ou resultado de gerir; Mas, para um golpe de misericórdia, resolvemos
ADMINISTRAÇÃO” - veja bem, está em maiúsculas procurar a origem da palavra em um dicionário
etimológico conceituado, como o Cunha (1997),
no original, significando o campo a que pertence. 38
Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
Várias discussões e leituras foram feitas para o Uma de nossas discussões pontuou que a prática
desenvolvimento deste capítulo, porque democrática em um lugar com muitas cabeças é
queríamos (e continuamos querendo, sempre) bem mais complicada do que parece, e utilizamos 39
Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
um conceito micro: a administração de nossas preciso fazer o melhor possível com os recursos
casas. disponíveis e, para isso, nada melhor que
administrar com competência a gestão da escola.
Quando temos filhos adolescentes, que têm suas
próprias convicções geralmente, é difícil chegar a Quanto melhor conhecemos conceitos
um consenso: imagine em uma escola, onde administrativos e os utilizamos para melhorar a
existem conflitos políticos e ideológicos! gestão, melhor entendemos que não precisamos
mudar nossa ideologia, nem concordar com
Por esta razão, é preciso despir-nos de antigos tudo que nos é dito. O que precisamos é analisar
conceitos para poder buscar atingir o objetivo que o que pode ajudar e aplicar para nossa escola.
é de todos dentro da escola: Educação de
qualidade para os alunos, com trabalho digno É bom lembrar que, quem não muda, está
e respeitado do professor, e de toda a equipe estagnado e, portanto, condenado a ficar para
de trabalho na escola. trás.
A gestão escolar precisa aproveitar princípios e A gestão da escola deve ser democrática e
conceitos de Administração, enquanto ciência. Na participativa, e precisa, ainda, ser competente.
sua casa, você se programa para fazer atividades
fora de casa, quando sai, de modo a ganhar De nada adianta uma gestão onde todos falam e
tempo e gastar menos dinheiro. Na escola, é são ouvidos, mas nunca se realiza absolutamente 40
Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
nada. Ou onde a escola não melhora, não evolui: e Ameaças, e as técnicas de OKR (Objectives and
continua com os mesmos recursos, e nada é feito Key Results - em português: objetivos e resultados-
para auxiliar o trabalho do professor e da equipe chave) podem e devem ser implantadas na gestão
de educação. Talvez isso seja a administração de da escola, sem que isso ameace nossa ideologia
que tanto nós, professores, queremos fugir. ou convicções.
Para que uma gestão escolar seja eficiente, é Isto é Empreender na gestão escolar:
possível utilizar ferramentas de auxílio: se não há
consenso entre os professores e não é possível Buscar de informações que possam criar
concluir temas em aberto nas reuniões, ou não há oportunidades, vindo de algo que já se sabe que
dá certo, da Administração, e utilizar na gestão
quorum, basta usar, por exemplo, uma escolar, sem abrir mão de suas convicções
ferramenta de enquete. Pode ser até no facebook ideológicas ou políticas;
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
Capítulo 8
história, que representa bem o comportamento Um belo dia, ele procura o dono da empresa para fazer uma
reclamação:
pró-ativo do indivíduo:
– Patrão, tenho trabalhado durante estes 20 anos em sua empresa
com toda a dedicação, só que me sinto um tanto injustiçado. O Juca,
que está conosco há somente três anos, está ganhando mais do que
eu.
– João, foi muito bom você vir aqui. Antes de tocarmos nesse assunto,
tenho um problema para resolver e gostaria de sua ajuda. Estou
querendo dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal após o
almoço. Aqui na esquina tem uma quitanda. Por favor, vá até lá e
verifique se eles têm abacaxi.
João, meio sem jeito, saiu da sala e foi cumprir sua missão. Em cinco
minutos estava de volta.
– E aí, João?
– E quanto custa?
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
aprendizado é que eles vão criar questões que experimentar o diferente. É importante lembrar
podem levar ao arrependimento futuro, levando a de que não é interessante começar a brincadeira
uma reflexão sobre a importância em se definir já revelando o propósito final, ou eles irão se
bem uma avaliação, correndo o risco de desmotivar logo de início. Primeiramente,
comprometer o aprendizado, e fazê-los repetir de estimule-os a gostar da liberdade e autonomia,
ano ou, até mesmo, encontrar dificuldade nas para só depois incluir novas regras, que façam
próximas séries. Depois que eles gostarem da eles aprenderem o valor do risco e da
brincadeira é a hora de colocar uma regra nova. responsabilidade.
Todos deverão responder, além da sua própria
questão, as questões que os outros alunos
Enxergando o que acontece ao nosso
criaram. Se não gostarem, o que irá valer é a
redor
prova que a professora criar, no modo tradicional.
Provavelmente haverá reclamações, mas, no
A principal lei do mercado é baseada na relação
fundo, eles vão curtir a liberdade de participar
de demanda e oferta. Uma das formas de você
ativamente da preparação de uma prova. Assim,
entender como essa relação funciona é prestando
aprendem a ser mais criteriosos na hora da
atenção no que acontece ao seu redor. As
escolha e valorizam o trabalho do professor.
oportunidades estão em todo lugar, e acontecem
Estudam o conteúdo, pensam e aprendem a usar
a qualquer momento. A maioria das pessoas não
a informação para reduzir o risco da escolha
se dá conta por pura falta de atenção. Para ajudar
errada, e ainda acabam criando o hábito de
os alunos neste ponto, proponha atividades e/ou 47
Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
brincadeiras que estimulem a percepção sobre o tentarem analisar o máximo de coisas que
ambiente em que eles estão e/ou vivem. acontecem nos lugares por onde eles passam,
como o comportamento das pessoas na rua,
Faça uma atividade rápida, pedindo para eles problemas de deslocamento na cidade ou bairro,
encontrarem, dentro da escola, coisas simples, fatores que tornam a vida das pessoas mais difícil
como uma determinada palavra escrita (exemplos no dia a dia, entre outros. Sugira que eles anotem,
de palavras: proibido, grátis, cuidado, etc). Com a em um caderno, tudo o que acharem que pode
relação de lugares que os alunos trouxerem, peça ser melhorado e, posteriormente, tragam para
para eles analisarem cada um dos locais e discussão em sala de aula.
tentarem descobrir qual o motivo para aquela
determinada palavra estar lá. Após esta reflexão, Para que esse tipo de atividade faça mais sentido
proponha a eles o que poderia acontecer se em suas aulas, tente utilizar as próprias
aquela palavra não estivesse naquele local e, disciplinas para servirem de base na resolução
também, quais outras palavras poderiam dos problemas encontrados pelos seus alunos,
substituí-la, melhorando o resultado obtido pela por exemplo: a matemática para solucionar
mensagem onde aquela palavra se encontra. No problemas no trânsito - o português para resolver
final, faça um debate sobre as ideias problemas de comunicação na cidade, escola,
apresentadas. bairro - a ciência para resolver problemas de
segurança - a geografia para resolver problemas
Depois dessa atividade, diga para os alunos de saúde pública, e assim por diante.
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Empreendedorismo para professores na prática PLATAFORMA CULTURAL
de aula, utilizando carteiras. Coloque 10 carteiras, Agora é a hora de revelar qual produto será
uma ao lado da outra. Marque o início e o fim da fabricado por estes operários. Você pode usar sua
linha de montagem, com setas, e defina equipes criatividade e inventar vários tipos de produtos,
formadas por 5 alunos cada. Faça um sorteio utilizando materiais recicláveis, parafusos e
paraestabelecer a ordem das equipes. Em porcas, e outros materiais. Uma ideia interessante
seguida, diga para a primeira equipe posicionar- é fabricar algo que pode ser utilizado nas aulas,
se: de um lado da linha de montagem, de frente mesmo que em outras disciplinas, ou um
para as carteiras, 1 aluno a cada 2 carteiras. O brinquedo para a brinquedoteca da escola, ou
professor e o restante da turma ficam do outro mesmo para doação. Porém, para facilitar o nosso
lado da linha de montagem, mais afastados, para exercício, vamos fazer algo bem simples.
acompanharem cada passo do processo. IMPORTANTE: não deixe os alunos verem antes de você
ter feito o protótipo.
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Vamos lá! Você, professor, pegue uma folha de Assim que finalizar o protótipo (desenho do carro),
papel e desenhe um carro (vista lateral), mostre-o para os alunos e diga que este é o
composto por 1 carroceria, portas (1 dianteira e 1 produto que deverá ser produzido por eles, na
traseira), rodas e pneus (1 na dianteira e 1 na linha de montagem da fábrica. Provavelmente é
traseira), faróis e lanternas (1 farol na dianteira e 1 nessa hora que vai cair a ficha da gurizada, e virá a
lanterna na traseira), espelho retrovisor (1 espelho avalanche de perguntas e algumas reclamações...
na porta dianteira) e parachoques (1 na dianteira e 1
na traseira). O desenho deve ficar parecido com o Passando o tumulto, chega o momento de
exemplo abaixo (use o https://www.autodraw.com/ explicar como vai funcionar a dinâmica. Diga a
se preferir): eles que a tarefa de cada equipe é produzir o
máximo de carros que conseguirem, com a
máxima qualidade, em um determinado limite de
tempo. Para isso, cada grupo deve se organizar,
preparar o material necessário (lápis, caneta,
papel, borracha, régua) e definir a
responsabilidade de cada integrante no processo
produtivo dos carros. Quando a primeira equipe
estiver pronta, o professor posiciona a folha com
o protótipo do carro em um local visível e começa
a contar o tempo (Sugestão: 5 minutos).
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É importante lembrar que cada equipe terá o Você, professor, também deve fazer suas
mesmo tempo para executar o processo e anotações. De preferência, crie uma planilha e
produzir o maior número de carros possível. É estabeleça alguns critérios para avaliar as equipes
imprescindível dar de um a dois minutos de e seus integrantes. Sim, ao final, todos os alunos
tempo para cada equipe se organizar, definindo devem receber um feedback do professor.
as responsabilidades de cada um e preparando os
materiais que julgarem necessários para a Para critérios, você pode utilizar, por exemplo:
produção. Pró-atividade, Organização, Criatividade,
Planejamento, Agilidade, Qualidade, Liderança,
Durante a apresentação de cada equipe, exija que Trabalho em equipe, além, é claro, da eficiência na
as outras equipes olhem e façam anotações. A produção dos carros. O resultado final deve ser
ideia é que essas anotações sirvam de benefício medido, não só pela quantidade de carros
para quando chegar a hora de executar o produzidos, também pela qualidade dos
processo. Claro que a primeira equipe poderá se desenhos. Em outras palavras, não basta fazer
sentir prejudicada, mas você pode fazer duas rápido, precisa ser bem feito. Dê notas para cada
rodadas, assim, cada equipe terá duas chances de equipe, nesses critérios, durante a execução do
demonstrar sua eficiência em produzir carros. processo produtivo.
Desta forma, todas terão a chance de fazer seu
benchmark em cima da performance das demais. Depois do final das apresentações, antes de
mostrar as notas de cada equipe, lembre os 52
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alunos que essa experiência serve para objetivo que compartilhar os erros e os acertos de
demonstrar a importância de lidar com o sucesso cada equipe, para que haja crescimento de todos
e com o fracasso, em tudo o que fazemos na vida. os envolvidos.
Ainda, que diante de uma situação inesperada,
eles fizeram o seu melhor, com as ferramentas e Lições:
o tempo que lhes foram dados. Mesmo que uma
determinada equipe não tenha obtido boas notas,
Aprender com os erros e acertos, tanto
é crucial que eles tenham aprendido a lição e
próprios quanto dos outros;
estejam mais preparados para os próximos
desafios. As incertezas fazem parte da vida de
cada indivíduo, e quanto mais bem preparado o Entender a relação entre quantidade
indivíduo estiver, para administrar situações produzida x qualidade final;
Peça desculpas, mas não peça licença Se der errado, assuma a responsabilidade, tente
amenizar os transtornos, e peça desculpas por ter
Esta frase foi dita em uma palestra, por um ex- falhado desta vez.
Como sua função - analista de web - era nova para estilo de portal. A diferença desse novo padrão
a empresa, houve uma certa indecisão na hora era que, no estilo atual, a página inicial do site,
hora de definir em qual departamento ele seria apesar de ter um layout atraente, era composta
alocado. Foi entrevistado pelo gerente de T.I. e por links estáticos, que levavam para as áreas
contratado pelo gerente de Marketing, internas. Já, no conceito de portal, os principais
departamento no qual permaneceu enquanto foi conteúdos dinâmicos apareciam em destaque na
funcionário da empresa. Desta forma, acabou capa, como por exemplo: últimas notícias, últimos
subordinado a dois departamentos: ele respondia eventos, últimas fotos, etc.
para 2 chefes. Na prática, ele tinha muita
liberdade para definir e executar suas tarefas, Pois bem, o destaque principal dessa história foi
pois o conhecimento técnico que detinha, trouxe que ele aproveitou a liberdade que tinha para
esta independência. Porém, sempre que definir suas tarefas, e a ausência de controle
necessário, ele acatava as ordens e prestava (confiança) dos dois superiores para planejar e
contas para os dois superiores. desenvolver o novo projeto, sem comunicá-los
previamente.
Contudo, depois de mais ou menos 1 ano do novo
site no ar (desenvolvido por uma agência Trabalhou durante alguns meses no
contratada, na época, como comentado), o desenvolvimento, contando com a ajuda dos
professor Eder resolveu desenvolver um novo designers gráficos e de uma arquiteta de
site, usando um conceito muito novo, que era o ambientes, que trabalhavam no departamento de 55
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presidência, ao invés de passar por ele, teria Obviamente, existem prós e contras relacionados
ocorrido por uma sequência não premeditada de com esse estilo de comportamento. Uma vez que
fatos, e que tomaria mais cuidado para que os você dá essa liberdade para seus alunos
futuros projetos não gerassem mal estar inovarem, você precisa estar preparado para,
novamente. também, assumir as consequências. O ideal é que
você dê liberdade, mas mantenha um controle
Mesmo que, de certa forma, o professor tenha gradual da situação, ou seja, comece elencando
pedido desculpas para seu chefe, o fato de ter algumas situações em que, antes, os alunos
tomado a iniciativa de planejar, desenvolver e precisavam pedir sua autorização para realizar
colocar o no ar o novo site, com um novo uma determinada tarefa, e agora, o pedido é
conceito, sem pedir licença para os superiores opcional. Por exemplo: Diga para seus alunos que
diretos, trouxe excelentes resultados e um grande durante uma semana eles não precisam mais
diferencial competitivo para a empresa. pedir licença para sair ou entrar na sala de aula. A
lógica dessa dinâmica é a seguinte: se o aluno
Claro que, no meio dessa breve história, o chegou atrasado, mas chegou, o que importa é
professor poderia ter sido demitido da empresa. que ele está ali, e não que ele precise pedir licença
Foi o risco que ele correu. Na verdade, um tempo para entrar na sua aula, porque está atrasado.
depois, até ganhou uma promoção por iniciativa
do próprio gerente de T.I., que é um grande amigo
seu até hoje. 57
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Se o aluno precisa sair durante a aula para ir ao licença, essas idas e vindas precisam ser
banheiro, ou para resolver alguma pendência na registradas em um caderno que você irá deixar
secretaria, o fato de ele pedir licença para bem ao lado da porta. Eles não precisam pedir
ausentar-se não mudará em nada a rotina da sua licença, mas precisam justificar, por escrito, o
aula, aliás, só vai atrapalhar, pois sua atenção será motivo da ausência. Este caderno será revisado
desviada, além do movimento de saída do aluno, por você, professor, no final de cada aula. Se você
também para conceder a permissão para que ele notar alguma justificativa incoerente, peça
saia. E isso é anti-produtivo e desnecessário. explicações para o aluno; caso contrário, o
Basta observarmos que os alunos do Ensino assunto morre ali. Desta maneira, você põe em
Superior não utilizam a prática de pedir licença, prática a frase “Peça desculpas, mas não peça
evitando atrapalhar o andamento das aulas. licença”.
Então, isto também pode ser empregado em
outros níveis de ensino. Essa mudança na rotina vai servir, além de outras
coisas, para mostrar para os seus alunos que
Você deve estar pensando que isso vai virar uma existem regras e como elas nos ajudam a viver de
bagunça e que todos os alunos vão entrar e sair o forma civilizada e organizada. Porém, nem todas
tempo todo. Correto? Pode ser. Mas tome a as regras que existem no mundo são necessárias,
seguinte precaução: diga para seus alunos que, do ponto de vista da eficiência. É importante que
mesmo com a liberdade de entrar e sair quando seus alunos assimilem isso e compreendam que
quiser, e também com a abolição do pedido de vale a pena contestar ou quebrar algumas regras,
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em prol da praticidade e produtividade. Por outro escola tolhe a criatividade natural dos alunos. Para
lado, é crucial não desrespeitar leis e princípios começar, ser criativo não significa,
éticos. Excetuando isso, se existe alguma necessariamente, criar coisas novas. A
imposição que não faz sentido, ela pode e deve Criatividade pode e deve ser usada para melhorar
ser questionada. o que já existe, também.
soluções novas para problemas que assombram a para pensar em seu próprio futuro.
sociedade em que vivemos.
Mesmo que o empreendimento em que você
Aprendendo a ser criativo na escola, envolva o aluno seja pequeno ou somente de
automaticamente, os alunos tendem a ser brincadeira, sempre irão existir situações
criativos em casa, nos relacionamentos, na desafiadoras que produzirão muito aprendizado e
comunidade, no trabalho, etc. farão com que aquele indivíduo se acostume ao
ambiente de pressão, à concorrência, às
O contato com o empreendedorismo ajuda as frustrações, ao sucesso. Lidar com clientes
pessoas a ser mais confiantes no dia a dia. insatisfeitos, fornecedores atrasados, queda nas
vendas, planos de ação, marketing, já na infância –
Você pode incentivar seus alunos a praticarem mesmo que de uma forma lúdica e com
pequenos comportamentos empreendedores, brincadeiras – ajuda na preparação do aluno para
como organizar um brechó de roupas usadas na sair na frente no mundo dos negócios, no
escola, cuidar do jardim do vizinho, lavar os carros mercado de trabalho e na vida.
dos parentes, vender, trocar ou doar seus
brinquedos usados. Além de ser uma fonte de Empreendimentos criados por crianças podem se
renda extra, ações deste tipo ajudam na formação tornar uma grande brincadeira, mas, mesmo que
de adultos com características empreendedoras, não tragam lucro, podem ensinar que nem tudo
além de indivíduos mais criativos e experientes acontece de acordo com o nosso desejo. Desta 63
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forma, já na infância, aprendemos a lidar com o gratificante, tanto para você, como professor,
fracasso, sem a pressão que a vida adulta irá como para os alunos e suas famílias. Vê-los
trazer para a vida dos pequenos, no futuro. crescendo espertos, ativos, maduros, criativos e
empreendedores, não tem preço.
A emoção de vender o primeiro produto, mesmo
Não perca nenhuma oportunidade de colocar
que na informalidade, mostra que as pessoas têm
essas ações em prática. Tente dar um aspecto
interesse no que você oferece. Crianças e jovens
lúdico à cada atividade desenvolvida em sala de
que passam por essa experiência podem
aula, seja uma brincadeira, um jogo, um desafio,
desenvolver, mais facilmente, faro para negócios
uma apresentação. Seus alunos irão gostar e te
mais apurado, e uma sensibilidade maior para
agradecer no futuro. Desenvolva, incentive,
aproveitar as oportunidades que a vida irá
pratique, mas deixe as coisas andarem ao seu
oferecer.
tempo. Respeito o ritmo de amadurecimento de
cada aluno e colete feedbacks constantes. Nem
Como vimos, existem diversas maneiras de
todas os alunos são iguais e cada um tem suas
trabalhar o empreendedorismo em sala de aula.
características. Tente identificá-las e utilizá-las de
Dependendo da sua criatividade e
forma natural durante as atividades. Se um aluno
disponibilidade, explore as várias possibilidades
não quer participar de uma determinada
que elencamos neste livro, e estimule seus alunos
atividade, por ser tímido, por exemplo, respeite-o
desde cedo. Seja criativo, adapte nossas ideias
e tente trabalhar essa deficiência nele, de outra
para a sua realidade. O resultado será muito 64
forma.
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Capítulo 9
Primeiro tentamos mostrar de onde veio a ideia Além disso, dedicamos um capítulo à gestão na
que, em um primeiro momento, parece meio escola, onde tentamos mostrar que precisamos
doida: o que empreendedorismo tem a ver com aproveitar o que sabemos que dá certo para
Educação? facilitar nossa própria vida, sem que isso abale
nossas convicções. Ainda nos empenhamos em
Em seguida, mostramos os primeiros passos para criar um capítulo onde buscamos demonstrar, da
empreender como professor e na sala de aula, e maneira mais objetiva possível, como empreender
passamos a discutir sobre empreender ou não na na prática.
escola, que o professor e a escola 65
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REFERÊNCIAS
CACHOEIRA, E. Empreendedorismo para professores. 2016. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/edercachoeira1/palestra-sobre-
empreendedorismo-para-professores-58378823>. Acesso em 19 fev. 2016.
CALDAS AULETE, Mini dicionário contemporâneo da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.
CUNHA, A. G. Dicionário etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
FERREIRA, A. B. H. Mini Aurélio Século XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
HASHIMOTO, M. Como educar um filho empreendedor. Época Negócios. [s.d.]. Disponível em:
<http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT282838-16354,00.html>. Acesso em: 23 fev. 2016.
SOUZA, S. Z. L.; OLIVEIRA, P. O. Políticas de avaliação da Educação e quase-mercado no Brasil. Educ. Soc., Campinas, vol. 24, n. 84, p. 873-
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CACHOEIRA, Eder; MEDEIROS, Elita. Empreendedorismo para professores na prática. [e-book] Disponível em: <link em que o livro
aparece>. Acesso em: data com dia, mês abreviado com três letras, exceto se for maio, ano.
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CRÉDITOS
Direitos, Publicação e Divulgação: Plataforma Cultural
Produção de conteúdo: Elita de Medeiros e Eder Cachoeira
Marketing digital: Eder Cachoeira
Diagramação: Rodrigo Chaves
Versão atualizada em: 30/06/2017
Baixar a última versão: https://goo.gl/K4hJoj
Revolucione o ensino na sua escola e
transforme seus alunos em cidadãos
preparados para o futuro.
A equipe da Plataforma Cultural vai ajudar você a fazer as suas aulas ainda melhores.