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ORGANIZAÇÃO DO SEMINÁRIO DE VIDA

O QUE É O SEMINÁRIO DE VIDA NO


ESPÍRITO SANTO?

O Seminário de Vida no Espírito Santo tem, primordialmente, um


caráter evangelizador.
Ele se destina a anunciar a mensagem básica do Evangelho e a
proclamá-la de maneira nova de forma que todos aqueles que a ouçam
possam comprometer-se de modo renovado com o Senhor, abrindo-se,
assim, a uma experiência mais completa com a obra do Espírito em suas
vidas.
O Seminário não tem como objetivo a catequese, mas uma
experiência de vida, um instrumento para levar as pessoas a vivenciarem
o amor de Deus Pai, o encontro pessoal com Jesus Cristo, a experiência
da efusão do Espírito Santo e a vivência fraterna, através do anúncio do
querigma.
Ao ministrar um Seminário de Vida no Espírito três pontos devem
ser levados em consideração: (l) a apresentação básica do evangelho não
deve ser atenuada. Ela deve ser afirmada claramente, de forma simples e
com convicção. Muitas pessoas precisam ouvir o Evangelho novamente a
fim de responderem a ele com um autêntico e renovado
comprometimento com Jesus Cristo. "Que toda a casa de Israel saiba,
portanto, com a maior certeza de que este Jesus, que vós crucificastes,
Deus o constituiu Senhor e Cristo."(At2,36) e "Esse Jesus, pedra que foi
rejeitada por vós, edificadores, tornou-se apedra angular. Em nenhum
outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum nome foi dado aos
homens, pelo qual devamos ser salvos."
(At 4,12); (2) o ensinamento básico sobre o que o Senhor deseja
fazer a todos os que veem a Ele deve ser anunciado de modo a alcançar
diretamente o coração das pessoas. "Ao ouvirem essas coisas, ficaram
compungidos no íntimo do coração e indagaram de Pedro e dos demais
apóstolos: 'Que devemos fazer, irmãos?' (At 2,37)"; (3) a redescoberta do
poder que Jesus dá ao seu povo através do Espírito Santo, capacitando-os
a viverem uma vida nova, a vida no Espírito. "Como está escrito; o
primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente (Gn 2, 7); o segundo Adão é
espírito vivificante. O primeiro homem, tirado da terra, é terreno; o
segundo veio do céu.
Assim como reproduzimos em nós as feições do homem terreno,
precisamos reproduziras feições do homem celestial."(lCor 15,45.47.49)
Pessoas transformadas pelo Espírito tornam-se testemunhas vivas,
capazes de falar de Jesus Cristo a partir da experiência pessoal que
tiveram e da compreensão existencial da palavra de Deus. Com a
realização do Seminário de Vida no Espírito, pretende-se que mais e mais
participantes de nossos grupos de oração tornem-se pessoas cheias de
zelo no seu comprometimento com a vida nova que receberam e cheias
de coragem apostólica para proclamar a boa nova da salvação.
Tenhamos em mente que durante as nove semanas do Seminário
de Vida no Espirito o Senhor está nos confiando homens e mulheres
pelos quais Ele deu sua própria vida.
Ele certamente espera que os tratemos com reverência e cuidado e
isso ficará evidenciado pela preparação dedicada e cuidadosa de toda a
equipe que está ministrando o Seminário.
Isto significa fazer tudo o que está ao nosso alcance para que o
Seminário seja o melhor possível, mas significa também rezar e preparar-
se espiritualmente a fim de que o Senhor faça no coração das pessoas o
que nós não podemos fazer, ou seja, fazê-las nascer para uma vida nova.
A ORGANIZAÇÃO DO SEMINÁRIO DE VIDA
NO ESPÍRITO

Para organizar a programação do Seminário de Vida no Espírito


Santo, é importante estruturar equipes de serviços, que sustentadas com
oração e escuta profética, possam se preparar para desenvolver os temas
que são propostos, assim como toda a metodologia e vivência.
Dividimos em 3 (três) momentos importantes:
Equipe de Serviço – Metodologia – Vivência

EQUIPE DE SERVIÇO COMPOSTA POR:

• Coordenação Geral.
• Equipe de espiritualidade.
• Equipe de estrutura.

Coordenação Geral:

O (A) Coordenador (a) geral do evento, deve conhecer muito bem o


SVES e deve saber coordenar e pastorear o povo que Deus lhe confiou. É
alguém que estará disponível para: reunir os servos das diversas equipes
para orar; para designar funções; tomar decisões precisas, estar presente
em todos os dias do SVES; informar-se de tudo o que acontece durante o
seminário; zelar pelo bom andamento do SVES.
DEVE LEMBRAR, no início do Seminário e em todas reuniões, que o
MANUAL DO PARTICIPANTE DO SVES está no Site da RCCBRASIL para
download.

Equipe de espiritualidade:

Pastoreio:
• São os servos que vão cuidar do acompanhamento espiritual e
formativo dos participantes do SVES.
Função do servo do pastoreio:
• Cuidar dos participantes que lhe forem confiados e pastoreá-los.
• Lembrar, no início do Seminário de Vida no Espírito Santo e em
todas reuniões, que o MANUAL DO PARTICIPANTE DO SVES está
no Site da RCCBrasil para download.
• Organizar o grupo de partilha.
• Certificar-se de que a partilha não se desvie para outros
assuntos.
• Levar os participantes do grupo de partilha a reconhecer a ação
do Espírito Santo em suas vidas.
• Conduzi-los a Jesus, não a si mesmo.
• Estimulá-los no gosto pela oração pessoal e o hábito de ler e
meditar a Sagrada Escritura.
• Sanar dúvidas (se for preciso).
• Auxiliá-los na prática dos carismas.
• Ouvir os participantes com atenção.
• Acolher os participantes pessoal e fraternalmente.
• Interceder constantemente por eles.
• Atendê-los fora do grupo, se necessário.
• Cuidar da frequência e participação dos mesmos.
• Registrar em cadastro os membros do grupo, com nome,
telefone, endereço, data de nascimento etc.
• Entrar em contato quando faltarem.
• Se for preciso, ir à casa do participante.
• Orar pelos participantes.
• Na ficha de cada participante anotar algo que for necessário
sobre a partilha.
O responsável pelo pastoreio (todos os Servos de Pastoreio) deve:
• Dar testemunho de vida.
• Ser hospitaleiro.
• Apresentar seriedade e responsabilidade.
• Acolher a todos, ter paciência com os difíceis.
• Usar de correção fraterna.
• Guardar sigilo sobre as partilhas.
Pregadores:
• Devem ter todo o cronograma.
• Saber de toda a moção de Deus para o seminário.
• Conhecer todos os temas que serão trabalhados.
• Estar atentos ao tempo de pregação.
• Não sair do tema proposto.
• Pregar querigmaticamente.
Oração:
• A equipe de oração, cujos servos deverão saber ministrar orações
de cura e libertação e também de intercessão de acordo com as
orientações destes ministérios, será responsável por todas as orações do
seminário, sejam elas de intercessão ou de momentos de oração no dia
da realização dos encontros. No caso de o pregador desejar conduzir a
oração depois de sua pregação, esta equipe ficará como apoio, caso
necessário ou se solicitado pelo pregador.
• O objetivo central desses momentos de oração é proporcionar
aos participantes uma experiência com Deus.
• No caso de haver necessidade de atendimento individual para
algum dos participantes, este poderá ser agendado em um outro dia que
não o da realização do seminário.
Música:
A equipe de música será responsável por:
• Providenciar folhetos e músicas para os dias de seminário.
• Resolver os assuntos ligados ao som.
• Chegar sempre com antecedência para organizar o espaço do
ministério e passar o som.
• Permanecer no salão durante todo o tempo em que está
acontecendo o seminário.
• Levar as pessoas a terem uma experiência com o Senhor através
dos louvores.
Observação: Não basta apenas saber tocar bem um instrumento e
cantar, é preciso que o ministério de música seja assíduo ao grupo de
oração, pois a música deve ser ministrada de acordo com as orientações
do Ministério de Música e Arte da RCC Brasil.
Outras equipes que se fizerem necessárias.
De acordo com a realidade local, pode tornar-se necessária a
criação de outras equipes de trabalho. Abrimos este item para não ficar
restrito às equipes acima mencionadas.

Equipe de Estrutura

Montagem
• Esta equipe se responsabiliza por toda a estrutura de
montagem, organiza quem disponibiliza as cadeiras, o som, o
local dos grupos de partilha. Esta equipe também se organiza
para ornamentar o local, e para providenciar estante e água para
os pregadores.
Limpeza
• Durante os dias em que acontece o seminário essa equipe se
organiza para realizar a limpeza e organização de todo o local,
além de:
• Verificar se os banheiros estão limpos, se tem papel higiênico,
sabonete, papel toalha.
• Verificar se o local está bem arejado e cuidar de outros detalhes
referentes ao conforto dos participantes.
Comunicação
• Toda a divulgação do seminário é feita por esta equipe que se
encarregará de:
• Ir às missas da paróquia e aos grupos de oração para convidar
para o SVES.
• Fazer chamadas, vinhetas e conv1Tes para o mesmo de maneira
criativa e atraente.
• Providenciar cartazes, panfletos, fichas de inscrição,
comunicados e chamadas em s1Tes.
• Organizar as tarefas que serão entregues aos grupos.
• Encarregar-se dos comunicados no dia da realização do
seminário.

METODOLOGIA

A preparação dos servos pelo coordenador do SVES deverá


contemplar uma colocação da parábola do semeador como apresenta a
apostila, orientando-os que façam as meditações (cf. p. 17) até o dia de
início do mesmo.
1ª SEMANA DO SEMINÁRIO – Seguindo as orientações da
apostila, o coordenador do seminário fará uma apresentação inicial da
parábola do semeador (cf. Lc 8,4-15) para todos os participantes que
estiverem no 1º dia.
Esta apresentação deverá ser breve (máximo 20') e terá como
objetivo motivar a todos para o agir de Deus por meio da Palavra que
será pregada e partilhada a cada semana. Após isso o pregador
discernido para o dia dará o tema do Amor de Deus, seguindo assim as
instruções da apostila.
Segue sugestão de tempos para este dia:
• 30 minutos para animação e apresentação inicial;
• 40 minutos de pregação do tema querigmático;
• 20 minutos de oração sobre o tema;
• 30 minutos para divisão dos grupos e breve apresentação de
cada participante e dos servos que os acompanharão as 9 (nove)
semanas.
Todas as pregações serão realizadas de maneira querigmática
seguidas de oração referentes ao tema do dia.
Em todos os dias do seminário serão realizados grupos de partilha.
O período de duração de cada encontro irá respeitar os momentos
de recepção, animação, oração, pregação, grupo de partilha e avaliação.
Os temas dessa apostila devem ser trabalhados um a cada semana,
começando com a semana de preparação para o SVES.
TEMAS (Conteúdos)

Semeador (na Reunião Preparatória para o SVES e na


introdução ao Amor de Deus)
1. Amor de Deus
2. Pecado
3. Salvação em Jesus
4. Fé e Conversão
5. Senhorio de Jesus
6. Cura Interior
Observação: As meditações desta semana poderão ser acrescidas
ao conteúdo "DESCOBRINDO UMA VIDA NOVA NO ESPÍRITO" (cf. p 63).
Conforme explicado na apostila, esse material é sugerido como
preparação dos participantes tendo meditações diárias que poderão ser
lidas antes da 7ª Semana.
7. Batismo no Espírito Santo
8. Amor aos irmãos
9. Vida Comunitária (Grupo de Oração).
Após cada dia de seminário serão distribuídas folhas com as
meditações diárias para a semana que também poderão ser baixadas
pelo nosso site, pela coordenação ou pelos participantes como
orientamos no endereço constante no final desta apostila. Estas têm
como objetivo auxiliar o participante na oração pessoal, no uso da Palavra
de Deus, na assimilação do tema.
ORGANIZAÇAO DO DIA

Recepção

Lembramos que todas as pessoas gostam de ser bem acolhidas, de


ser amadas, valorizadas.
O objetivo principal desta equipe é fazer com que cada participante
do SVES sinta-se bem, ou seja, sinta-se amado como filho de Deus.
Quando a pessoa se sente acolhida tem mais facilidade para
partilhar os medos, mágoas, história de vida.
Esta equipe é aquela que todos os dias se preocupa para fazer a
acolhida aos participantes.
• Animação
• Oração
• Pregação
• Partilha
• Avaliação

CRONOGRAMA

• 30 minutos para animação e oração inicial;


• 40 minutos para a pregação;
• 20 minutos de oração para acolher a Palavra;
• 30 minutos para partilha e entrega das meditações diárias.

AVALIAÇÃO

Ao final de cada encontro, os servos se reúnem por 15 minutos


para avaliar o encontro desse dia. O objetivo da avaliação é verificar se o
tema do dia foi transmitido, se os participantes aderiram à pregação e às
orações, verificar como anda a participação dos participantes nos grupos
de partilha e como está sendo feito o pastoreio. A avaliação deve ser feita
com amor e de forma construtiva. Os pontos a serem melhorados podem
e devem ser abordados, mas sempre na caridade.
VIVÊNCIA

MEDITAÇÕES DIÁRIAS

• Cada participante deverá reservar um tempo diariamente para


fazer as leituras e orações propostas.
• As moções que aparecerem durante esse momento de oração
deverão ser anotadas como se faz com um diário espiritual.
Caso a pessoa queira partilhar com os membros de seu grupo,
essa prática de tomar nota também ajudará. Dúvidas que
porventura aparecerem, também deverão ser anotadas para
esclarecimento durante o tempo de partilha.
• É bom lembrar que para que esta vivência dê fruto na vida do
participante é necessário fidelidade e perseverança de sua parte.
O resultado positivo desta fase querigmática na vida do
participante está na vivência de cada tema abordado, devendo,
primeiramente, fazer a leitura diária indicada; a meditação sobre o que
diz o texto para o leitor; a oração que leva o leitor a conversar com Deus,
conforme a Palavra meditada; a contemplação do percurso do texto
bíblico para entender a presença de Deus na realidade de cada um e, com
isso, levar cada um a comprometer-se com a influência da Palavra em sua
vida.
A vivência da Palavra será compartilhada no Grupo de Partilha de
cada dia do SVES.
REUNIÃO PREPARATÓRIA
O SEMEADOR1

INTRODUÇÃO
A Igreja nos ensina que temos a presença real de Jesus na Eucaristia
e na Palavra.
Quando Jesus estava fisicamente entre nós, Ele semeava a Boa-
Nova entre as pessoas que o seguiam. Elas iam até Ele para escutarem a
sua Palavra, para serem curadas, para terem suas vidas transformadas; e a
força da Palavra de Jesus tocava a todas e curava a todas.
Hoje, quando nós escutamos e acolhemos a Palavra de Deus e os
ensinamentos de Jesus, quando os trazemos para a nossa vida, nós
podemos ser curados e transformados da mesma forma que as pessoas
que seguiam Jesus há mais de dois mil anos atrás.
O profeta Jeremias diz acerca da Palavra de Deus: Quando se
apresentavam palavras tuas, as devorava: tuas palavras eram para mim
contentamento e alegria de meu coração. Pois teu nome era invocado
sobre mim, Senhor, Deus dos Exércitos (Jrl5,16).
Colocar-se diante da Palavra de Deus é ter o nome santo e
poderoso do Senhor invocado sobre nós.
Jesus, que sempre quer o nosso bem, que sempre quer tocar em
nós com o seu amor poderoso, infinito e curador, nos ensina através de
uma parábola, a parábola do semeador, a importância do acolhimento da
Palavra de Deus na nossa vida. Ele nos ensina, também, o que é preciso
fazer para que o nosso coração seja terreno bom e fértil para a sua
semeadura.
DESENVOLVIMENTO
A parábola do semeador:
Havia se reunido uma grande multidão: eram pessoas vindas de
várias cidades para junto dele. Ele lhes disse esta parábola: Saiu o
semeador a semear a sua semente. E ao semear, parte da semente caiu à
beira do caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram. Outra caiu no
1
Por Maria Beatriz Spier Vargas e Sérgio Luis Viegas Nunes.
pedregulho; e, tendo nascido, secou, por falta de umidade. Outra caiu
entre os espinhos; cresceram com ela os espinhos, e sufocaram-na. Outra,
porém, caiu em terra boa; tendo crescido, produziu fruto cem por um.
Dito isto, Jesus acrescentou alteando a voz: Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça! Os seus discípulos perguntaram-lhe a significação desta
parábola. Ele respondeu: A vós é concedido conhecer os mistérios do
Reino de Deus, mas aos outros se lhes fala por parábolas; deforma que
vendo não vejam, e ouvindo não entendam. Eis o que significa esta
parábola: a semente é a palavra de Deus. Os que estão à beira do
caminho são aqueles que ouvem; mas depois vem o demônio e lhes tira a
palavra do coração, para que não creiam nem se salvem. Aqueles que a
recebem em solo pedregoso são os ouvintes da palavra de Deus que a
acolhem com alegria; mas não têm raiz, porque creem até certo tempo, e
na hora da provação a abandonam. A que caiu entre os espinhos, estes
são os que ouvem a palavra, mas prosseguindo o caminho, são sufocados
pelos cuidados, riquezas e prazeres da vida, e assim os seus frutos não
amadurecem. A que caiu na terra boa são os que ouvem a palavra com
coração reto e bom, retêm-na e dão fruto pela perseverança. (Lc 8,4-15)

1. A SEMENTE É A PALAVRA DE DEUS, O VERBO, O PRÓPRIO


JESUS

Saiu o semeador a semear a sua semente (Lc 4,5). A semente é a


palavra de Deus (Lc 4,11).
O Pai já disse tudo no seu Verbo, Jesus Cristo: O Verbo abreviou-se.
Em Jesus Cristo a Palavra eterna fez-Se pequena; tão pequena que cabe
numa manjedoura. Fez-Se criança, para que a palavra possa ser
compreendida por nós. Desde então a Palavra já não é apenas audível,
não possui somente uma voz. Agora a Palavra tem um rosto que
podemos ver: Jesus de Nazaré.2
Jesus é a própria Palavra, por isso a Palavra carrega em si a mesma
missão de Jesus, salvar! Jesus salva do pecado, da doença, da morte, de
tudo o que nos escraviza, e assim também a Palavra. Ela tem um caráter
infalível, seguro e sua característica é ser remédio eficaz para tudo.
Pelo anúncio da Palavra de Deus nós acreditamos que Jesus está
vivo, que é capaz de intervir misteriosamente na nossa vida, que não nos
abandona, que tira o bem do mal com o seu poder e sua criatividade
infinita. Quando nos encontramos com Jesus, na Palavra, a nossa vida
muda. Não ficamos mais os mesmos.
2
Verbum Domini, 12.
2. NÃO ACOLHERA PALAVRA DE DEUS É FICAR À MARGEM DA
VIDA.

Parte da semente caiu à beira do caminho (Lc 8,5). Os que estão à


beira do caminho são aqueles que a ouvem; mas depois vem o demônio
e lhes tira a palavra do coração, para que não creiam nem se salvem. (Lc
8,12)
A pessoa que ouve a Palavra de Deus, mas não a coloca no centro
de sua existência, não a acolhe com profunda reverência no seu coração e
na sua vida, isto é, não acredita que pela sua Palavra o próprio Jesus está
querendo entrar na sua vida para salvar, fica sujeita à ação do demônio. A
falta de fé abre uma porta para a ação do demônio e ele tira, arrebata a
Palavra do coração para que a pessoa não seja salva.
Por isso, é importante ao ler e escutar a Palavra, dizer: "É para mim
hoje. É Jesus querendo entrar na minha vida para me salvar"! A Palavra
não é para os outros, é para mim, para eu colocá-la no meu coração, no
centro da minha vida. Não posso permitir que a dúvida e a falta de fé a
roubem de mim.
3. A PALAVRA NÃO GERMINA NO CORAÇÃO DE PEDRA.
Outra caiu no pedregulho; e, tendo nascido, secou, por falta de
umidade. (Lc 8,6) Aqueles que a recebem em solo pedregoso são os
ouvintes da palavra de Deus que a acolhem com alegria; mas não têm
raiz, porque creem até certo tempo, e na hora da provação a abandonam.
Coração de pedra é um coração ao qual falta a perseverança, falta a
fidelidade a Deus, é um coração que permanece fiel só nas alegrias, mas
não nas tristezas. Quando nós acolhemos o Senhor na nossa vida, nós
firmamos com Ele uma aliança. A partir daí Ele sempre será fiel conosco,
mas devemos corresponder com fidelidade, sob o risco de ficar com o
coração endurecido, como um terreno pedregoso no qual a semente da
Palavra não pode germinar.
Se a tribulação, a dificuldade baterem à nossa porta, devemos
guardar a certeza de que Deus está conosco e a sua graça há de nos
sustentar e confortar. Isso é atestado pela própria Palavra de Deus: E
agora, eis o que diz o Senhor, aquele que te criou, Jacó, e te formou,
Israel:
Nada tema, pois eu te resgato, eu te chamo pelo nome, és meu. Se
tiveres de atravessar a água, estarei contigo. E os rios não te submergirão;
se caminhares pelo fogo, não te queimarás, e a chama não te consumirá.
Pois eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, teu salvador. Dou o
Egito por teu resgate, a Etiópia e Sabá em compensação.
Porque és precioso a meus olhos, porque eu te aprecio e te amo,
permuto reinos por ti, entrego nações em troca de ti. Fica tranquilo, pois
estou contigo. (Is 43,1-5a)
Se formos fiéis, o Senhor derramará sobre nós a água viva do seu
Espírito e o solo do nosso coração ficará umedecido para receber a Boa-
Semente, a sua Palavra.
4. OS CUIDADOS E OS PRAZERES DA VIDA PODEM SUFOCAR
EM NÓS A PALAVRA DE DEUS.
Outra caiu entre os espinhos; cresceram com ela os espinhos, e
sufocaram-na. (Lc 8,7) A que caiu entre os espinhos, estes são os que
ouvem a palavra, mas prosseguindo o caminho, são sufocados pelos
cuidados, riquezas e prazeres da vida, e assim os seus frutos não
amadurecem. (Lc 8,14).
O que podemos fazer para que os cuidados e as preocupações não
nos sufoquem? O segredo é substituir a preocupação por oração, por
confiança em Deus, por fé.
São Paulo nos ensina: Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito:
alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O
Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as
circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a
oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a
inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos,
em Cristo Jesus. (Fl 4,4-7).
O que podemos fazer para que os prazeres da vida não sufoquem
nosso coração? O segredo é não atribuir importância demasiada às
riquezas do mundo, ao que passa. Jesus nos adverte: Não ajunteis para
vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os
ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os
consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem
roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração. (Mt
6,19-21)
5. CORAÇÃO DE TERRA FÉRTIL.
Outra, porém, caiu em terra boa; tendo crescido, produziu fruto
cem por um. (Lc 8,8). A que caiu na terra boa são os que ouvem a palavra
com coração reto e bom, retêm-na e dão fruto pela perseverança. (Lc
8,15).
Sobre o coração reto e bom, eis o que nos explica o Catecismo da
Igreja Católica:
O coração é a sede da personalidade moral: "É do coração que
procedem más intenções, assassínios, adultérios, prostituições, roubos,
falsos testemunhos e difamações" (Mt 15,19).
"A luta contra a concupiscência da carne passa pela purificação do
coração e a prática da temperança: Conserva-te na simplicidade, na
inocência, e serás como as criancinhas, que ignoram o mal destruidor da
vida dos homens"3
A sexta bem-aventurança proclama: "Bem-aventurados os puros de
coração, porque verão a Deus" (Mt 5,8). A expressão 'puros de coração'
designa aqueles que entregaram o coração e a inteligência às exigências
da santidade de Deus, principalmente em três campos: a caridade, a
castidade ou a retidão sexual, o amor à verdade e à ortodoxia da fé. Existe
um laço de união entre a pureza do coração, do corpo e da fé4.
Guardar o coração e o corpo de impurezas e perseverar na fé,
buscando a santidade, isso fará de nós um terreno fértil para acolher e
fazer frutificar a Palavra de Deus.

CONCLUSÃO
Sempre que ouvimos a proclamação da Palavra de Deus, sempre
que a lemos, é diante do próprio Jesus, o Verbo que se fez carne, que
nossa vida é colocada. A Palavra, então, vai cumprir com a sua missão de
nos salvar, de nos dar vida nova, vida abundante. Jesus disse: Eu sou a
porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e
encontrará pastagem. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que
a tenham em abundância. (João 10,9.10b).
Vida em abundância é salvação, é uma vida com Deus. Essa vida
nós conquistamos pela graça do próprio Deus derramada sobre nós
através da obra de Jesus Cristo (a porta).
Essa é a verdadeira vida em abundância, a vida centrada em Jesus,
a vida construída sobre a rocha.

3
CIC. §2517.
4
CIC. §2518.
Todo aquele que vem a mim ouve as minhas palavras e as pratica,
eu vos mostrarei a quem é semelhante. É semelhante ao homem que,
edificando uma casa, cavou bem fundo e pôs os alicerces sobre a rocha.
As águas transbordaram, precipitaram-se as torrentes contra aquela casa
e não a puderam abalar, porque ela estava bem construída. (Lc 6,47-48).
MEDITAÇÕES DIÁRIAS: PREPARAÇÃO PARA O SVES

1º dia - Lc 8,4-8: Peça a Jesus para ser como essas pessoas da cena
do Evangelho, uma pessoa que quer se encontrar com Jesus e ouvir sua
Palavra, uma pessoa que quer se deixar tocar e curar pela Palavra. Faça o
firme propósito de iniciar uma nova etapa na sua vida de fé, uma etapa
de profundidade cristã, de vida vivida na presença de Deus, através da
leitura, meditação e seguimento de sua Palavra.
2º dia - Lc 8,9-10: Após ler estes versículos, peça ao Senhor que
traga significado e sentido a todas as coisas que você tem meditado; diga
ao Senhor que você deseja entender os mistérios do Reino de Deus para
sua vida e perseverar neste Caminho. Fique atento aos acontecimentos de
sua vida, o Senhor pode falar e lhe dar entendimento de muitas coisas.
3º dia - Lc 8,11-12: Quando ler este texto, reflita em quais aspectos
de sua vida, você tem se colocado à beira do caminho, isto é, quais áreas
da sua vida não estão refletindo a vontade de Deus em plenitude, quais
áreas da sua vida ainda o levam a ser superficial. Aproveite e peça ao
Senhor que lhe dê a graça de não mais ficar à beira do caminho, mas de
colocar-se no caminho e perseverar nele. Durante esta semana, faça a
experiência de ser mais profundo, de ver além da aparência, de se deixar
tocar pela graça de Deus.
4º dia - Lc 8,13: Neste momento Jesus fala sobre o solo pedregoso.
Muitas pedras do nosso coração são causadas pela mágoa e o
ressentimento. Em um momento de profunda oração investigue seu
coração para ver se não está magoado com Deus pelas coisas que lhe
aconteceram. Peça para Deus a graça de perceber como o seu amor foi
constante e fiel enquanto você passava por provações e dificuldades.
Tome também a decisão de perdoar todas as pessoas que lhe fizeram
mal, que o magoaram e feriram.
5º dia - Lc 8,14: Os espinhos em nossa vida, segundo Jesus, são os
prazeres e cuidados deste mundo. Estes não permitem que o fruto da
Palavra de Deus amadureça em nós. Entregue ao Senhor todos os
prazeres deste mundo que tem lhe impedido de ser feliz: as
preocupações excessivas com dinheiro, prestígio, fama. Peça para Jesus a
graça de ter um coração manso e humilde como o dele.
6º dia - Lc 8,15: Neste versículo Jesus fala da terra boa, o coração
reto e bom. Faça um exame de consciência para verificar se o seu coração
é bom, se você não tem falhado quanto à caridade, ou amor, ou contra a
castidade, ou ainda se a sua fé é firme e se você tem procurado viver
sempre na verdade. Se necessário vá procurar o sacramento da
reconciliação e tome a firme decisão de se comprometer com o amor, a
verdade e a castidade.
7° dia - Lc 8,4-15: Releia todo o texto e medite novamente todos
os versículos. Com certeza, junto com o Espírito Santo, você irá descobrir
novos ensinamentos de Deus e irá aplicá-los em sua vida com
perseverança; anote todos estes ensinamentos para partilhar com seus
irmãos. Peça sempre ao Espírito Santo para lavar o terreno da sua vida
com sua Agua Viva, a água da graça de Deus.
1ª SEMANA
AMOR DE DEUS5

INTRODUÇÃO
Existem pessoas carentes de amor que procuram incessantemente
alguém para supri-lo, porém, o amor humano, que é limitado e frágil, é
incapaz de saciar esta sede de amor. Só Deus preenche este vazio no
coração humano. Ninguém é feliz sem amor, precisa amar e ser amado,
doar-se e também saciar-se desse manancial de graças.
Existem pessoas doentes por falta de exercitar o amor e o perdão,
de inocentar o outro que o feriu e entregá-lo ao amor de Deus, à
misericórdia divina, que a todos liberta.

DESENVOLVIMENTO

I. DEUS É AMOR

A essência de DEUS é o amor. Quando mergulhamos no amor,


ficamos plenos da presença Dele em nós. Na primeira Carta de São João,
capítulo 4, versículo 16, o Apóstolo assim revela: "Nós conhecemos e
cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem
permanece no amor permanece em Deus e Deus nele".
A vivência no amor dá a plena certeza de vivermos em comunhão
com Deus. Sempre que estamos com o coração em paz com relação a
Deus, ao irmão e a nós mesmos, nosso coração está repleto do amor de
Deus, pois a Sua natureza é o amor.
Então, a boa notícia que temos hoje para você é que Deus o ama
pessoalmente, individualmente.
"De longe me aparecia o Senhor: amo-te com eterno amor, e por
isso a ti estendi o meu favor" (Jr 31,3).
"Porque és precioso a meus olhos, porque eu te aprecio e te amo,
permuto reinos por ti, entrego nações em troca de ti" (Is 43,4).

II. CARACTERÍSTICAS DO AMOR DE DEUS

5
Por Marizete Martins Nunes do Nascimento.
O amor de Deus é:
1- INCOMENSURÁVEL - não tem como medi-lo, mas podemos
experimentá-lo.
"Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu
Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida
eterna". (Jo 3,16).
2- CARIDOSO - o amor de Deus cura nossa afetividade e
transforma a nossa vida.
"A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A
caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca
os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se
alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa,
tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1Cor 13,4-7).
3- ETERNO - o amor divino dura para sempre. Antes, durante e
após esta vida terrena. "A caridade jamais acabará" (1Cor 13,8).
"De longe me aparecia o Senhor: amo-te com eterno amor, e
por isso a ti estendi o meu favor" (Jr 31,3).
4- CUIDADOSO, PROTETOR, APAIXONADO - o amor de Deus
CUIDA de nós em nossa individualidade; PROTEGE-NOS de tudo aquilo
que nos separa de nosso Deus e de seu Plano de Amor; Seu amor é
APAIXONADO, leva à paixão, morte e ressurreição de Cristo por nós.
"E agora, eis o que diz o Senhor, aquele que te criou, Jacó, e te
formou, Israel: Nada tema, pois eu te resgato, eu te chamo pelo
nome, és meu. Se tiveres de atravessar a água, estarei contigo. E os
rios não te submergirão; se caminhares pelo fogo, não te queimarás,
e a chama não te consumirá. Pois eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo
de Israel, teu salvador. Dou o Egito por teu resgate, a Etiópia e Sabá
em compensação. Porque és precioso a meus olhos, porque eu te
aprecio e te amo, permuto reinos por ti, entrego nações em troca de
ti. Fica, tranquilo, pois estou contigo, do oriente trarei tua raça, e do
ocidente eu te reunirei." (Is 43,1-5)
5- FIEL - a FIDELIDADE do amor de Deus dá uma profunda
segurança a cada um de nós.
"Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não
ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o
esquecesse, eu não te esqueceria nunca. Eis que estás gravada na
palma de minhas mãos, tenho sempre sob os olhos tuas muralhas."
(Is 49,15-16).
6- INCANSÁVEL, MISERICORDIOSO, COMPASSIVO, PERFEITO -
Deus NÃO SE CANSA de amar-nos e seu amor é MISERICORDIOSO.
A misericórdia é um sentimento de compaixão, despertado pela
desgraça ou pela miséria alheia. A expressão misericórdia tem origem
latina, é formada pela junção de miserere (ter compaixão) e cordis
(coração). "Ter compaixão do coração" significa ter capacidade de sentir
aquilo que a outra pessoa sente, aproximar seus sentimentos dos
sentimentos de alguém, ser solidário com as pessoas. Seu amor é um
amor COMPASSIVO, que possui ou demonstra compaixão; que
compartilha dos sofrimentos alheios. Enfim, o amor de Deus é PERFEITO,
que reúne todas as qualidades; que não tem defeitos; ideal, impecável;
excelente, completo, absoluto, total.
"Israel era ainda criança, e já eu o amava, e do Egito chamei meu
filho. Mas, quanto mais os chamei, mais se afastaram; ofereceram
sacrifícios aos Baal e queimaram ofertas aos ídolos. Eu, entretanto,
ensinava Efraim a andar, tomava-o nos meus braços, mas não
compreenderam que eu cuidava deles. Segurava-os com laços humanos,
com laços de amor; fui para eles como o que tira da boca uma rédea, e
lhes dei alimento. Ele voltará para o Egito e o assírio será seu rei, porque
não quiseram voltar-se para mim. A espada devastará suas cidades,
destruirá seus filhos, que colherão assim o fruto de suas obras. Meu povo
é inclinado a separar-se de mim, convidam-no a subir para o Altíssimo,
mas ninguém procura elevar-se. Como poderia eu abandonar-te, ó
Efraim, ou trair-te, ó Israel? Como poderia eu tratar-te como Adama, ou
tornar-te como Seboim? Meu coração se revolve dentro de mim, eu me
comovo de dó e compaixão. Não darei curso ao ardor de minha cólera, já
não destruirei Efraim, porque sou Deus e não um homem, sou o Santo no
meio de ti, e não gosto de destruirmos 11,1-9).
7- ZELOSO, CIUMENTO - O amor de Deus é ZELOSO, amor que
cuida, tem consideração pela pessoa, é alguém que sente uma grande
afeição por pessoas queridas. Com origem no termo grego zé/os, a
palavra zelo expressa interesse, desvelo, diligência, afeição íntima.
Em alguns casos, o zelo também pode ser um sinônimo de ciúme
(zelo de amor). Nesse sentido, o amor de Deus é CIUMENTO.
"Ou imaginais que em vão diz a Escritura: Sois amados até o
ciúme pelo espírito que habita em vós"? (Tg 4,5).
"O Senhor vosso Deus é um fogo devorador, um Deus zeloso"
(Dt 4,24).
Deus não nos fez em SÉRIE, somos ÚNICOS, não existe ninguém
igual a cada um de nós, precisamos valorizar a obra de Deus que é cada
um de nós.

III. EXPERIÊNCIA DO AMOR DE DEUS

l) A experiência com o Amor de Deus em nossa vida é


TRANSFORMADORA.
a- Moisés (na sarça ardente) - Ex 3,1-22 – um gago transforma-
se em um grande líder do povo de Deus.
b- Pedro (em sua negação) - Lc 22,31-34.54-62 - um medroso e
covarde transforma-se em nosso primeiro Papa.
c- Paulo (a caminho de Damasco) - At 9,3-6 - um perseguidor
dos primeiros cristãos transforma-se em um grande formador na
Igreja de Jesus Cristo.
2) OBSTÁCULOS à experiência do amor de Deus
a- A MEDIDA HUMANA leva-nos a compararmos o Amor de Deus
ao nosso amor humano, limitado e ressentido.
b- NOSSOS TRAUMAS com o pai da terra levam-nos a não aceitar
a plenitude do Amor do Pai do Céu.
c- AS DÚVIDAS distanciam-nos de vivenciar a grandeza do amor
de Deus em nossas vidas. Ficamos à mercê do amor humano, querendo
saciar nossas carências no amor extremamente limitado da pessoa
humana. Continuamos carentes, mendigando o amor das pessoas e
sofremos sem amor.
d- As INCREDULIDADES levam-nos a viver o amor apenas na
dimensão humana, sem mergulhar na sublimidade do Amor de Deus, que
tudo cura, liberta e salva.
e- O PECADO fecha a porta do nosso coração a receber o amor de
Deus, brechas se abrem ao desamor. Curemos nossas carências no Amor
de Deus, e assim nos tornaremos pessoas livres e de boa convivência.

CONCLUSÃO
"Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para
conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em
Deus e Deus nele." 1Jo 4,16.
"Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu
Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a
vida eterna" Jo 3,16.
Deus derrama gratuitamente o seu Amor em nós, enchendo-nos
com sua presença, curando nossas carências, restaurando nossas vidas e
levando-nos a disseminar no mundo o seu Amor por meio de atos de
misericórdia. Vivemos sempre contentes e solícitos quando estamos
cheios do amor de Deus, espalhamos este amor às pessoas à nossa volta,
pois nossa missão aqui é essa e nosso destino é o Céu, a Casa do Pai,
onde reina o AMOR.
Deus seja louvado!
MEDITAÇÕES DIÁRIAS: 1ª SEMANA - AMOR DE DEUS

1° dia: 1Jo 4,16 - Após ler e meditar a primeira Carta de São João,
no capítulo e versículo especificados, louve a Deus pela oportunidade de
conhecer o Seu amor e acreditar profundamente Nele. Deixe o amor de
Deus tomar conta de seu coração e de sua alma e curar todo desamor,
ódio, mágoa e ressentimento que possam estar impregnados em você,
substituindo-os pelo profundo amor de Deus, com permanência plena
em sua vida, assim você sempre permanecerá Nele. Ore, experimente esta
graça e compartilhe na próxima reunião com os irmãos.
2° dia: Jr 31,3-7 - Leia esta declaração do Amor de Deus e
experimente em sua vida esta graça da eternidade de Seu amor, que
nunca deixará você, estendendo a você cada dia o seu favor, restaurando
e reconstruindo no coração da pessoa amada o amor ferido e machucado
pelo pecado, pelo desamor. Amor gera amor e produz uma profunda
alegria no coração do homem, que resulta no louvor do coração. Que a
alegria e o louvor sejam sua motivação para a partilha em grupo.
3º dia: Os 11,1-9 - Embora o amor incansável de Deus pela pessoa
humana, ela está sempre propensa a separar-se Dele e a adorar outros
deuses. Mas o amor de Deus é sem medida e sacia a alma e o coração da
pessoa de boa vontade. Ou se volta para Deus ou se volta para o Mal,
colhendo o fruto da opção feita. O povo é inclinado a separar-se de Deus,
porém Ele se move de dó e compaixão e procura com amor atrair o
homem de volta a Ele. Trava-se um combate diário, Deus quer ser o
vencedor em sua vida. Compartilhe com seu grupo acerca de seu
combate espiritual por Deus.
4º dia: Is 43,1-5 - Leia cuidadosamente e medite sobre o amor
restaurador de Deus, que resgata e chama cada pessoa pelo seu nome e
está sempre ao seu lado protegendo-o e livrando-o de todo mal. O amor
de Deus leva-O a permutar tudo pela pessoa humana e a tranquilizar sua
vida em todos os sentidos. A pessoa que mergulha no amor de Deus será
sempre equilibrada e de boa convivência. Fale sobre este amor com os
irmãos no Grupo de Partilha.
5° dia: Is 49,15-16 - Deus não se esquece de seus filhos, o nome de
cada um está gravado na palma de sua mão, seus olhos estão sempre
voltados às suas necessidades, protegendo-os e livrando-os do mal à
volta. A mãe pode esquecer seus filhos, mas Deus em seu infinito amor
não nos esquece em hipótese alguma. Encha sua alma dessa certeza e
compartilhe com os irmãos em seu Grupo.
6º dia: Jo 3,16 - Leia, medite e contemple o grande amor de Deus
por nós a ponto de dar-nos seu Filho primogênito e unigénito, para que,
caso creiamos Nele, não pereçamos, mas Nele tenhamos a vida eterna. O
Pai não poupou seu próprio Filho para nos resgatar, para abrir a porta do
céu para nós. Portanto, olhe para a cruz e glorifique a Deus por tão
grande amor e não perca a oportunidade de deixar este amor inundar sua
vida, sua alma, seu coração. Fale com os irmãos sobre este amor infinito
de Deus por você e por todos que hão de crer Nele.
7º dia: 1Cor 13,4-8 - Leia com atenção e medite como é o amor de
Deus por você. E um amor paciente, bondoso, sem inveja e sem orgulho,
não admite arrogância e nem escândalos, é desinteressado, sem irritação
e sem rancor. O amor de Deus é justo e verdadeiro, sempre nos desculpa,
acredita em nós, espera nosso retorno e suporta tudo por amor. Este
amor de Deus jamais acabará.
Ciente dessa grandeza do amor de Deus, compartilhe com os
irmãos o quanto é maravilhoso crer e usufruir desta grande graça em sua
vida.
2ª SEMANA
PECADO6

INTRODUÇÃO
"Um ministro foi certa vez falar a um grupo de crianças. Ao
iniciar sua palestra, fez a pergunta: "Que significa a palavra
arrependimento?" Um rapazinho levantou a mão.
• Fale, meu jovem, disse o ministro.
• É sentir tristeza pelos pecados, respondeu o garoto.
• Uma menina, sentada mais atrás, levantou também a mão.
• Que pensa você, menina, perguntou o pregador.
• Eu acho, eu acho... que é sentir o bastante para os abandonar".
Com essa pequena história adaptada, Deus nos convida a entender
o pecado, sua origem e consequências. A reconhecer a condição de
pecador e a necessidade da misericórdia.
Por meio do entendimento sobre o pecado somos levados a,
definitivamente, abandoná-lo, nem que isso seja uma decisão de todos os
dias.
DESENVOLVIMENTO

I - O PECADO E SUA ORIGEM

Veja-se que a Igreja nos ensina que o homem foi criado bom.
Criado à imagem e semelhança de Deus. Vivia em uma amizade com o
seu Criador e em uma harmonia consigo mesmo e com a criação que o
cercava. Os nossos primeiros pais, Adão e Eva, foram constituídos em um
estado de "santidade e de justiça original".
Esta graça de santidade original era uma participação da vida
divina. Foi criado para servir e amar a Deus e estar em união íntima com
Ele. Pela irradiação dessa graça original de comunhão com a vida divina
todas as dimensões da vida do homem são fortalecidas.

6
Por Kédina Rodrigues e Maria Beatriz Spier Vargas.
Enquanto permanecesse na intimidade divina, o homem não
deveria nem morrer, nem sofrer. A harmonia interior da pessoa humana, a
harmonia entre o homem e a mulher, e a harmonia com a criação
constituíam o estado denominado "justiça original". O domínio do
mundo que Deus havia outorgado ao homem desde o início realizava-se
antes de tudo no próprio homem como domínio de si mesmo.
O homem estava intacto e ordenado em todo o seu ser. É esta a
harmonia da justiça original que Deus previu para o homem.7
Mas...
Vive-se a realidade do pecado. Olhando para nossa vida, verifica-se
que o pecado está presente na história de cada um de nós. Somos
pecadores.
Não se deve explicar o pecado como sendo unicamente uma falta
de maturidade, fraqueza psicológica, erro, consequência necessária duma
estrutura social inadequada etc.8
Não se trata disso, pecado não é apenas uma limitação, é pecado.
Para entendermos o pecado e suas consequências, necessário se faz
compreender que ele entrou no mundo porque o homem, tentado,
seduzido, pelo diabo, abusou da liberdade que lhe foi dada por Deus e
desobedeceu a Deus por falta de confiança na sua bondade. Preferiu a si
próprio e quis ser como Deus9.
Como ensina Santo Agostinho, ele é fruto do "amor de si mesmo
até o desprezo de Deus".10
"O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a reta consciência.
É uma falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o
próximo, por causa dum apego perverso a certos bens. Fere a natureza do
homem e atenta contra a solidariedade humana. Foi definido como «uma
palavra, um ato ou um desejo contrário à Lei eterna»11.
Dessa forma, o pecado é um ato humano e exige a combinação da
liberdade do homem.

II CONSEQUÊNCIA DO PECADO

7
Cf. CIC §§ 375-377
8
Cf CIC § 387.
9
Cf CIC §§ 397-398.
10
Civita Dei 14,21.
11
CIC § 1849.
"O pecado priva o homem de Mim, sumo Bem, ao tirar-lhe a graça".
(Santa Catarina de Sena, nos Diálogos).
A frase dita por Deus à Santa Catarina de Sena recorda-nos de que
o pecado afasta o homem da comunhão com Deus.
Então os seus olhos abriram-se; e vendo que estavam nus, tomaram
folhas de figueira, ligaram-nas e fizeram tangas para si"(Gn 3,7).
O pecado retira do homem a inocência e a pureza, ele passa a ter
malícia e a enxergar o mal. Existe agora uma inclinação para o mal12.
O que era puro e bonito aos olhos de Deus, passa a ser impuro e
feio. O homem passa a ser escravo das tentações da carne. Ele perde a
sua liberdade. O domínio das faculdades espirituais da alma sobre o
corpo é rompido. A natureza do homem se enfraquece, como ensina a
Igreja: "Como consequência do pecado original, a natureza humana ficou
enfraquecida nas suas forças e sujeita à ignorância, ao sofrimento e ao
domínio da morte, e inclinada para o pecado - inclinação que se chama
concupiscência".13
Ao pecar e afastar-se da comunhão com Deus, ao praticar um ato
deliberado de desobediência, o homem traz para a história da
humanidade o rompimento da harmonia com Deus, consigo mesmo, com
os seus semelhantes e com a criação. As consequências são:
A pessoa é prejudicada e ferida profundamente em seu corpo e
mente. Aparecem as doenças, as angústias, os desequilíbrios, a
insegurança. As relações interpessoais se tornam falsas, doentias e as

12
Papa Paulo VI, GAUDIM ET SPES, n. 13 - Sobre o pecado e suas consequências: "Estabelecido por Deus
num estado de santidade, o homem, seduzido pelo maligno, logo no começo da sua história abusou da
própria liberdade, levantando-se contra Deus e desejando alcançar o seu fim fora d'Ele. Tendo
conhecido a Deus, não lhe prestou a glória a Ele devida, mas o seu coração insensato obscureceu-se e
ele serviu à criatura, preferindo-a ao Criador (3). E isto que a revelação divina nos dá a conhecer,
concorda com os dados da experiência. Quando o homem olha para dentro do próprio coração,
descobre-se inclinado também para o mal, e imerso em muitos males, que não podem provir de seu
Criador, que é bom. Muitas vezes, recusando reconhecer Deus como seu princípio, perturbou também a
devida orientação para o fim
último e, ao mesmo tempo, toda a sua ordenação quer para si mesmo, quer para os demais homens e
para toda a criação. O homem encontra-se, pois, dividido em si mesmo. E assim, toda a vida humana,
quer singular quer coletiva, apresenta-se como uma luta dramática entre o bem e o mal, entre a luz e as
trevas. Mais: o homem descobre-se incapaz de repelir por si mesmo as arremetidas do inimigo: cada um
sente-se como que preso com cadeias. Mas o Senhor em pessoa veio para libertar e fortalecer o
homem, renovando-o interiormente e lançando fora o príncipe deste mundo (cfr. Jo. 12,31), que o
mantinha na servidão do pecado. Porque o pecado diminui o homem, impedindo-o de atingir a sua
plena realização. A sublime vocação e a profunda miséria que os homens em si mesmos experimentam,
encontram a sua explicação última à luz desta revelação".
13
CIC. §418.
pessoas passam a magoar-se mutuamente, um não compreendendo o
outro. Instaura-se a desconfiança e a solidão.
A sociedade torna-se corrompida: acontecem guerras, crimes,
crueldades, racismo, fome, desigualdades econômicas e sociais,
marginalização da vida. E ainda, São Paulo afirma na Carta aos Romanos
que "o salário do pecado é a morte" (Rm 6,23). Jesus morreu na cruz
pelos nossos pecados. Ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado
por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos
curados graças às suas chagas. (Is 53,5). Afinal, "onde abundou o pecado,
superabundou a graça" (Rm 5,20).
Não sendo pecador, Jesus Cristo, sujeitou-Se às consequências do
pecado e o laço da morte se desfez. Ele triunfou sobre ela. Para que
possamos permanecer mortos para o pecado é necessário um esforço
pessoal, concretizado num propósito de dizer não ao pecado, por meio
do dom da fortaleza.

III - RECONHECER-SE PECADOR

Diante da realidade do pecado, resta-nos reconhecer que somos


pecadores.
COMO RECONHECER QUE SOMOS PECADORES?
O Papa Francisco aconselha a pedir essa graça. Sim - diz ele -
"porque até reconhecer-se pecador é uma graça. É uma graça que nos é
dada. Sem a graça, no máximo podemos dizer:
sou limitado, tenho meus lim1Tes, estes são meus erros. Mas
reconhecer-se pecador é outra coisa. Significa nos colocarmos perante
Deus, que é nosso tudo, apresentando-lhe nós mesmos, ou seja, o nosso
nada; as nossas misérias, os nossos pecados. É realmente uma graça que
se deve pedir".14
Lê-se na I Carta de São João 1,8-10: "Se dizemos que não temos
pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para
nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade.
Se pensamos não ter pecado, nós o declaramos mentiroso e a sua
palavra não está em nós".

14
Papa Francisco, O nome de Deus é Misericórdia, p. 65
Imperioso que não se perca o sentido do pecado e cada um,
portanto, é convidado pela voz da Verdade divina a ler realisticamente na
própria consciência e a confessar que foi gerado na iniquidade, como
Davi no Salmo 51.15

IV - CADA UM EXAMINE O SEU PROCEDIMENTO.

Para reconhece-se pecador é preciso que cada um examine o seu


procedimento (Gl, 6,4), sem medo, vergonha, justificativas, máscaras ou
rodeios. Deus nos dá a graça de olhar para o interior e enxergar nele os
pecados e não os esconder de Nosso Senhor Jesus Cristo, como ensina
Santo Agostinho em uma das suas catequeses:16
"Ai de mim, Senhor! Tem piedade de mim. Lutam minhas más
tristezas com as boas alegrias e não sei quem vencerá. Ai de mim, Senhor!
Tem piedade de mim! Ai de mim! Bem vês que não escondo minhas
chagas. És o médico; eu, o doente. És misericordioso; eu, o miserável".
Para auxiliar no reconhecimento do pecado e de que sou pecador,
vale notar que:
• O pecado atual ou pessoal é o que cometemos como
indivíduos, voluntária e conscientemente.
• E, como rezamos na liturgia da Santa Missa, pode ser cometido
de quatro modos: por pensamento, palavras, atos e omissões. E
pode ser contra Deus, contra o próximo ou contra nós mesmos.
• Pode ser mortal ou venial: Venial ou leve é aquele que
cometemos sem plena consciência ou sem pleno
consentimento, ou com plena consciência e consentimento, mas
em matéria leve.
Mortal ou grave é o que envolve três fatores simultâneos: plena
consciência, pleno consentimento e matéria grave.
Além disso, para exemplificar ainda mais, a Epístola aos Gálatas traz
uma variedade de pecados que poderá auxiliar no exame interior. "Ora, as
obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria,
superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias,
partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas
coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não
herdarão o Reino de Deus"! (Gl 5,19-21).

15
Cf. Reconciliado et Paenitentia, n. 22
16
Dos Livros das Confissões, Lib. 10,26.37-29,40; CCL 27,174-176 - Séc. V
Pela realidade do pecado pessoal ou atual é necessário
reconhecermo-nos pecadores para que ocorra o arrependimento. Pedro
respondeu àqueles que sentiram seu coração compungido pelo
reconhecimento do pecado:
"Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus
Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito
Santo. Pois a promessa é para vós, para vossos filhos e para todos os que
ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus" (At 2,38-39).
O Papa Francisco afirma a importância de reconhecer-se pecador,
porque "o coração em pedaços é uma oferta agradável ao Senhor, é o
sinal de que estamos conscientes de nossa necessidade de perdão, de
misericórdia".17
Para o reconhecimento do pecado é preciso ter um coração
sincero. É importante que voltemos à prática diária do exame de
consciência, ele nos leva à um diálogo sem máscaras e trapaças com o
Senhor. Quanto mais nos abrirmos, mas espaço Ele terá para nos moldar
e nos dar uma vida nova a cada dia.18
CONCLUSÃO
Ao identificarmos a realidade do pecado na nossa vida é preciso
tomar a decisão de recomeçar sempre e não entregar-se ao mal que nos
afasta da face de Deus. Deus continua colocando à nossa frente dois
caminhos, um que leva à vida e outro que leva à morte. A escolha é nossa
- se pecarmos, o faremos por livre e espontânea vontade. A Palavra de
Deus nos diz: "A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem.
O que ele escolher, isso lhe será dado."(Eclo 15,18).
O livro de Eclesiástico (Eclo 21,2) ensina sobre a fuga do pecado:
"Foge do pecado como se foge de uma serpente, porque, se dela te
aproximares, ela te morderá".
Temos, portanto, diante de nós duas opções: romper com o
pecado, optar pelo bem e sermos felizes, ou aderir ao mal, cedendo às
tentações do pecado e sermos infelizes. O pecado traz tristeza ao coração

17
Papa Francisco, O nome de Deus é Misericórdia, p. 64
18
Reconciliatio et Paenitentia, n. 13: "Reconhecer o próprio pecado, ou melhor — indo mais ao fundo na
consideração da própria personalidade — reconhecer-se pecador, capaz de pecar e de ser induzido ao
pecado, é o princípio indispensável do retorno a Deus. É a experiência exemplar de Davi, que depois de
«ter feito o mal aos olhos do Senhor», repreendido pelo profeta Natan, exclama: «Reconheço a minha
culpa, o meu pecado está sempre diante de mim. Pequei contra Vós, só contra Vós; pratiquei aquilo que
é mal aos vossos olhos». De resto, Jesus põe na boca e no coração do filho pródigo aquelas palavras
significativas: «Pai, pequei contra o Céu e contra ti»."
do homem, portanto, se " o pecado é o motivo da tua tristeza, deixa a
santidade ser o motivo da tua alegria" (Santo Agostinho).
MEDITAÇÕES DIÁRIAS: 2ª SEMANA – PECADO

1° dia: Eclo 1,36-40. Comece a caminhada desta semana indo até a


presença de Deus, em oração, com o coração arrependido e sincero.
Derrame sua vida diante de Deus. Não esconda o seu pecado, tire todas
as máscaras. O arrependimento sincero conduz à vida.
2º dia: Mc 7,20-23. Diante da Palavra de Deus examine seu coração.
O coração na Bíblia é o centro de nossos sentimentos e pensamentos.
Você tem maus pensamentos? Sente inveja, tem orgulho, é insensato, é
desonesto? Se você identificar algum destes vícios em você, ore a Deus,
pedindo perdão e pedindo a Ele que o ajude a não ceder à tentação de
pecar.
3º dia: Sl 50. Use as palavras do salmista para reconhecer diante de
Deus que você pecou contra Ele. Peça perdão. Reconheça também que só
Deus pode criar em você um coração puro e renovar em você o espírito
de firmeza. Clame do fundo do seu ser para receber o auxílio de Deus na
sua luta contra o pecado.
4º dia: Eclo 2,7-13. Medite com esta passagem do livro do
Eclesiástico. Ore ao Senhor pedindo a Ele a graça de perseverar em seus
mandamentos. Tenha confiança de que procurando viver sempre na
presença de Deus com um coração arrependido e contrito, a misericórdia
divina alcançará sua vida. A misericórdia de Deus é mais forte do que o
pecado, pois é a impressionante demonstração do amor de Deus por nós
pecadores.
5º dia: 2Sm 22,22-31 e Rm 2,6-11. Essas passagens contém uma lei
espiritual: nós colheremos na nossa vida aquilo que plantarmos. Reflita
sobre o que você tem semeado. Para não cometer pecado, para sermos
bons e justos, humildes e íntegros precisamos da graça de Deus. Refugie-
se em Deus, na oração e na contrição de coração e você receberá não
somente esta graça, mas também a proteção do Senhor.
6° dia: Sl 10,4-7. Ore com este salmo que nos recorda que toda
nossa vida, todas as nossas ações estão sempre sob o olhar de Deus.
Como um ato de fé em Deus e na sua Palavra examine sua vida para ver
como você tem se apresentado diante de Deus.
7° dia: 1Jo 2,8-10. Como demonstração de sua dependência de
Deus, reconheça-se pecador (a) Faça um exame de consciência e, depois,
procure um sacerdote para fazer uma confissão de seus pecados. O
Catecismo da Igreja Católica assim nos exorta: "Aquele que quiser obter a
reconciliação com Deus e com a Igreja, deve confessar ao sacerdote
todos os pecados graves que ainda não confessou e de que se lembra
depois de examinar cuidadosamente sua consciência. Mesmo sem ser
necessária em si a confissão das faltas veniais, a Igreja não deixa de
recomendá-la vivamente." (CIC. § 1493)
3ª SEMANA
A SALVAÇAO EM JESUS19

INTRODUÇÃO
São Paulo em sua Carta aos Efésios (1,3-11), no Hino de louvor à
providência divina, bendiz a Deus, pois em Jesus Cristo recebemos do Pai
toda bênção espiritual e fomos escolhidos, antes da criação do mundo,
para sermos santos e irrepreensíveis aos Seus olhos.
O Pai, no Seu infinito amor por nós, predestinou-nos a sermos seus
filhos adotivos em Jesus Cristo, uma vez que pelo seu sangue temos a
Redenção, a remissão dos pecados. Em Jesus fomos selados com o
Espírito Santo, que é o penhor da nossa herança.

DESENVOLVIMENTO

A SALVAÇÃO EM JESUS

Redenção é o ato ou efeito de redimir (que significa readquirir,


adquirir de novo, reconquistar aquilo que se havia perdido). A Bíblia
utiliza o termo redimir para exemplificar que, com a morte de Cristo na
cruz e sua ressurreição ao terceiro dia, toda humanidade foi redimida ou
reconquistada. A humanidade havia se distanciado de Deus por causa do
primeiro pecado cometido pelo primeiro casal - Adão e Eva. Mas, com a
morte e ressurreição de Cristo, todos voltaram a ter uma nova chance de
salvação) ou remir (é o mesmo que resgatar, adquirir de novo, livrar uma
propriedade de ônus, resgatando-a. Pagar o valor de uma penhora,
resgatando o objeto penhorado). Significa, ainda, libertação, reabilitação,
reparo, salvação.
Salvação é o ato de adquirir de novo, de resgatar, de tirar do poder
alheio, do cativeiro. É livrar-se de um passo arriscado, é livrar-se das
penas do inferno, salvação é a libertação do perigo ou sofrimento. Salvar
é libertar ou proteger. A palavra carrega a ideia de vitória, saúde ou
preservação.
Às vezes, a Bíblia usa palavras como salvo ou salvação para se
referir à libertação temporária e física, tal como a libertação de Paulo da

19
Por Marizete Martins Nunes do Nascimento.
prisão (Fl 1,19). O uso mais frequente da palavra salvação tem a ver com
libertação eterna e espiritual. Quando Paulo disse ao carcereiro de Filipo
o que ele precisava fazer para ser salvo, Paulo estava se referindo ao
destino eterno do carcereiro (At 16,30-31). Jesus igualou ser salvo com
entrar no reino de Deus (Mt 19,24-25).
Em Cristo somos salvos da "ira"; quer dizer, do julgamento de Deus
sobre o pecado (Rm 5,9; 1Tes 5,9). Nosso pecado nos separou de Deus, e
a consequência do pecado é a morte (Rm 6,23).
Salvação na Palavra de Deus refere-se à libertação da consequência
do pecado e envolve, portanto, remoção do pecado. Só Deus pode
remover pecado e nos livrar da penalidade do pecado (2Tim 1,9; Tt 3,5).
Deus nos resgatou através de Cristo (Jo 3,17). Especificamente, foi a
morte de Jesus na cruz e subsequente ressurreição que alcançou nossa
salvação (Rm 5,10; Ef 1,7). A Palavra de Deus revela-nos que salvação é
puro dom de Deus, que não a merecemos (Ef 2,5.8), e é disponível apenas
através da fé em Jesus Cristo (At 4,12).

A EXPERIÊNCIA DA SALVAÇÃO

A experiência da salvação ocorre mediante a fé.


Primeiro, precisamos escutar o Evangelho - a boa nova da morte e
ressurreição de Cristo (Ef 1,13).
Segundo, precisamos acreditar – confiar completamente no
Senhor Jesus (Rm 1,16-17).
Isso envolve:
1. arrependimento.
2. Metanoia – mudança de mentalidade sobre pecado – conversão
(At 3,19-20), e
3. Invocação do nome do Senhor (Rm 10,9-10.13).
Portanto, a experiência de salvação refere-se à libertação espiritual
e eterna que Deus concede imediatamente àqueles que aceitam Suas
condições de arrependimento e fé no Senhor Jesus.
Salvação só é possível através de Jesus Cristo (Jo 14,6; At 4,12), e
depende de Deus para a sua:
1. provisão (Deus supre todas as nossas necessidades),
2. garantia (Jesus Cristo foi quem alcançou a nossa salvação e foi
ele, também, quem garantiu e continua garantindo a nossa
salvação. Em Jo 5,24 Jesus afirma: "Quem ouve a minha palavra
e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não incorre na
condenação, mas passou da morte para a vida") e
3. segurança (encontra-se segurança no fato de conhecer Jesus.
Em 1Jo 4,18 lemos que "no amor não há temor. Antes, o perfeito
amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e
quem teme não é perfeito no amor.)

CONCLUSÃO
O verdadeiro Cristianismo é ter uma experiência pessoal com Jesus
Cristo. Aceitar Jesus como seu Salvador pessoal significa colocar a própria
fé pessoal e confiança Nele.
Ninguém é salvo pela fé dos outros. Ninguém é perdoado por
realizar certas obras. A única forma de ser salvo é pessoalmente aceitar
Jesus como seu Salvador, confiando na Sua morte como pagamento
pelos seus pecados, e na Sua ressurreição como a sua garantia de vida
eterna (Jo 3,16).
Jesus é pessoalmente o seu Salvador?
Se você quer ratificar sua aceitação de Jesus como seu Salvador,
diga as seguintes palavras a Deus. Lembre-se que fazer esta oração ou
qualquer outra não irá salvar você. Apenas confiando em Cristo você
pode ser salvo do seu pecado. Esta oração é simplesmente uma forma de
expressar a Deus a sua fé Nele e agradecer por lhe dar a salvação.
"Deus Pai, eu sei que pequei contra Ti e mereço punição. Mas Jesus
Cristo tomou sobre Si a punição que eu mereço para que através da fé
Nele eu pudesse ser perdoado. Eu recebo Tua oferta de perdão e coloco
minha fé em Ti para Salvação. Eu aceito Jesus como meu Salvador
pessoal! Obrigado por Tua graça e perdão maravilhosos - o dom da vida
eterna!
Amém!"
COMPLEMENTAÇÃO
Segundo São João XXIII, a piedade cristã para com Nosso Senhor
Jesus Cristo tem-se manifestado no decurso dos séculos, através de três
devoções aprovadas pela Igreja intimamente unidas entre si: ao Seu
Santo Nome, ao Seu Coração Sagrado e ao Seu Preciosíssimo Sangue.
A devoção ao Preciosíssimo Sangue pode e deve manifestar-se:
1- Venerando-o no Santíssimo Sacramento, principalmente no
momento da Elevação do Sagrado Cálice, na Santa Missa.
2- Recebendo-o na Sagrada Comunhão, mesmo só sob as espécies
de pão, pois que, "o Sangue divino está indissoluvelmente unido ao
Corpo de Cristo no Sacramento da Eucaristia. Desta maneira, os fiéis que
dele se aproximarem dignamente receberão os mais abundantes frutos
da redenção, da ressurreição e da vida eterna que o Sangue derramado
por Cristo sob o impulso do Espirito Santo para todo o gênero humano".
3- Honrando-o com especiais orações e com a Ladainha,
principalmente durante o mês de julho, que é o mês dedicado ao
Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.

ORAÇÃO COM O PODER DO SANGUE DE CRISTO

Senhor Jesus, em teu nome, e com o poder de teu Sangue Precioso


selamos toda pessoa, feitos e acontecimentos através dos quais o inimigo
nos queira fazer mal.
Com o poder do Sangue de Jesus, selamos toda potestade
destruidora no ar, na terra, na água, no fogo, debaixo da terra, as forças
satânicas da natureza, nos abismos do inferno e no mundo no qual nós
vivemos hoje.
Com o poder do Sangue de Jesus rompemos toda interferência e
ação do maligno. Te pedimos Jesus que envies a nossos lares e lugares de
trabalho a Santíssima Virgem acompanhada de São Miguel, São Gabriel,
São Rafael e toda sua corte de Santos Anjos.
Com o poder do Sangue de Jesus selamos nossa casa, todos os que
nela habitam (nominar a cada um deles), as pessoas que o Senhor enviará
a ela, assim como os alimentos e os bens que Vós generosamente nos
enviais para nosso sustento.
Com o poder do Sangue de Jesus selamos terra, portas, janelas,
objetos, paredes e pisos, o ar que respiramos e com fé colocamos um
círculo de seu Sangue ao redor de toda nossa família.
Com o poder do Sangue de Jesus selamos os lugares aonde vamos
estar neste dia, e as pessoas, empresas ou instituições com quem vamos
tratar (nominar a cada uma delas).
Com o poder do Sangue de Jesus selamos nosso trabalho material
e espiritual, os negócios de toda nossa família, e os veículos, os ares, as
vias e qualquer meio de transporte que haveremos de utilizar.
Com Teu Sangue precioso selamos os atos, as mentes e os
corações de todos os habitantes e dirigentes de nossa Pátria a fim de que
tua paz e teu Coração reinem.
Agradecemos, Senhor, pelo teu Sangue e por tua Vida, te damos
graças por termos sido salvos e sermos preservados de todo o mal.
Amém.

ORAÇAO CLAMANDO O SANGUE DE JESUS

"Lava-me, Senhor, com Teu Sangue precioso.


Derrama o Sangue das Tuas chagas, das Tuas mãos, dos Teus pés,
lava-me com Teu Sangue por inteiro: corpo, alma e espírito.
Envolve-me com Teu Sangue. A minha mente, o meu coração, a
minha vontade, os meus sentimentos. Estou pedindo: derrama o Teu
Sangue precioso sobre toda a minha pessoa.
Senhor Jesus, que o Teu Sangue seja a minha defesa, minha
fortaleza, minha guarda e que nada do maligno possa me atingir agora,
pelo poder do Teu Sangue precioso derramado agora sobre mim, sobre
os meus e sobre todos os meus bens.
Amém!"
MEDITAÇÕES DIÁRIAS: 3ª SEMANA – A SALVAÇÃO EM JESUS

1º dia: Jo 3,13-18 - Amados, vamos iniciar essa jornada semanal


com a leitura orante da Palavra de Deus sendo movidos pela grande
promessa de salvação feita por Ele. Renovemos nossa fé nessa promessa,
encontremos o nosso lugar no coração de Deus, pois a promessa é de
Salvação para todos os que creem. É uma promessa de vida eterna.
2º dia: At 4,10-12 - Jesus é a pedra angular. A pedra angular é a
pedra fundamental, o elemento essencial de uma construção, tendo a
função de dar alinhamento para toda a obra. Na Sagrada Escritura a
pedra angular é uma referência direta a pessoa de Jesus. Por essa leitura,
convide Jesus a ser a pedra angular, o elemento essencial da sua vida.
Toda pessoa que tem Jesus, como aquele sobre o qual constrói a sua
vida, nunca desmorona. Uma vez mais elejamos a Jesus como nosso
único salvador e redentor.
3º dia: Jo 1,1-14 - Neste dia vamos orar tomando por base a
passagem que narra a origem da encarnação do "Logos" (do grego =
palavra - verbo). Jesus é o Logos, a palavra encarnada, a profecia
itinerante, a palavra criadora presente no Gênesis. Esse Jesus Palavra
encarna-se para dar testemunho da luz que liberta das trevas e nos
concede a graça da filiação habitando entre nós e entregando sua vida
por nós. Desde a encarnação manifesta-se a obra de Salvação de Deus. A
Palavra tem poder de nos recriar, oremos pedindo a graça de sermos
recriados pela Palavra salvadora.
4º dia: 1Cor 15,20-23 - A passagem de São Paulo aos Coríntios nos
remete a reflexão sobre a oferta agradável a Deus que foi Jesus. Para o
povo hebreu havia uma ordem de Deus para que os melhores frutos
colhidos fossem consagrados a Deus. Jesus é o melhor fruto, o primeiro a
ser colhido como modelo de homem novo pela obra da Cruz e de sua
Ressurreição. Reze com essa palavra, nela somos convidados a assumir
esse chamado a reviver em Cristo por ocasião da sua obra salvífica.
Apresentemos nossas vidas como oferta a Deus, entreguemos tudo a Ele
sem reservas.
5º dia: 1Cor 1,18-25 - A linguagem da cruz é uma força divina. Na
cruz obtemos a nossa salvação, para isso é preciso o exercício da fé. Essa
experiência de sermos salvos pelo crucificado e ressuscitado nos impele a
transformar essa mensagem assimilada em mensagem proclamada. A
força da Cruz traz em potência e ato a possibilidade de salvação,
transformando o fraco em forte, o enfermo em são, velho em novo.
Peçamos que o sangue de Jesus nos lave novamente, que a força da cruz
se sobreponha sobre a nossa vida e história.
6° dia: Hb 10,19-20 - Façamos nesse dia a experiência de confiar
plenamente em Deus. O Senhor por sua morte e ressurreição, ao nos
garantir a possibilidade de uma vida nova, devolve-nos por seu sangue a
possibilidade de tocarmos o eterno. O caminho agora é o seu próprio
corpo que desfigurado pelo pecado do mundo inteiro e, posteriormente,
transformado em glorioso pela vitória sobre a morte nos possibilita entrar
no santuário eterno. Oremos pedindo a graça de tocar o eterno pela fé.
7° dia: Lc 24,1-12 - Nesse último dia de itinerário com a palavra do
tema Salvação, façamos a experiência de nos colocarmos na cena da
ressurreição do Senhor Jesus. Juntamente com Maria Madalena, Joana e
Maria, bem como com Pedro apóstolo, o primeiro entre os iguais, somos
convidados a contemplar a promessa vitoriosa de Deus sobre o pecado, o
sofrimento e a morte. "Por que buscais entre os mortos aquele que está
vivo?". Jesus está vivo, é real, podemos tocá-lo com a nossa fé, e com
certeza nunca mais nossas vidas serão as mesmas. Oremos e façamos a
experiência com o ressuscitado que passou pela cruz e venceu por amor,
dando-nos vida pela sua morte.
4ª SEMANA
FÉ E CONVERSÃO20

INTRODUÇÃO
Antes de abordar o tema Fé e Conversão, é importante relembrar a
obra de reconciliação realizada em Cristo. Assim nos ensina a Sagrada
Escritura:
"Mas Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande
amor com que nos amou, quando estávamos mortos em consequência de
nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo, é por graça que
fostes salvos!"(Ef 2,4-5).
A salvação não é mérito nosso, é puro dom de Deus. Por causa do
pecado original, estávamos condenados ao eterno afastamento de Deus.
No entanto, por amor a cada um de nós, Ele tomou a iniciativa, e em
Jesus Cristo, nos salvou.
Todo ato que Deus realiza é um ato perene, assim, a Cruz Sagrada
de Nosso Senhor Jesus Cristo, continua cravada entre o céu e a terra, de
modo que quando um pecador "dela" se aproxima o sangue de Jesus que
foi derramado, lava-o de todo o pecado, purificando-o e libertando-o.
Esta aproximação da Cruz é um momento privilegiado em nossas
vidas. Não podemos nos aproximar de qualquer forma, é preciso ter fé.
Para fazermos uma experiência pessoal e transformadora com a Salvação
que nos foi oferecida em Cristo, é preciso fazer o que nos ensina São
Paulo, na Carta aos Romanos:
"Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se
em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com
palavras que se chega à salvação" (Rm 10,9-10).
A carta aos Hebreus no capitulo 11, versículo 6, também nos
orienta: "Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a
Ele é necessário que se creia primeiro que Ele existe e que recompensa os
que o procuram".
Ao olhar para estes textos bíblicos, uma pergunta surge em nosso
coração: O que é fé? O que é crer?
20
Por Lázaro Praxedes de Oliveira.
DESENVOLVIMENTO

CONCEITO DE FÉ

Primeiramente é preciso esclarecer que, para o homem, não é fácil


e nem difícil ter fé. É impossível! O homem não tem condições de dar a fé
a si mesmo, pois assim nos demonstra o Catecismo da Igreja Católica: A
fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele".21
Deus é quem tomou a iniciativa de se revelar, de se deixar conhecer
pelo homem.
"Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si
mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade segundo o qual os
homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no
Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina.
Em virtude desta revelação, Deus invisível, na riqueza do seu amor
fala aos homens como e convive com eles para os convidar e admitir à
comunhão com Ele"22
Ao povo de Israel, Deus revelou-se como o Deus único, deixando se
conhecer pelo nome. Sabemos que o nome expressa a essência, a
identidade da pessoa. Ao revelar o seu nome, Deus quis tornar-se
acessível, revelando a Israel, inclusive a sua Palavra.
A ação divina de revelar-se exige uma resposta do homem. Assim
pela fé, o homem dá assentimento à verdade revelada por Deus, através
de sua Palavra.
A fé é então um dom, um presente, que nos é oferecido por Deus,
através da Igreja. Quando éramos crianças, ao recebermos o Sacramento
do Batismo, muitas graças nos foram concedidas. No Catecismo da Igreja
Católica lemos:
A Santíssima Trindade dá ao batizado a graça santificante, a graça
da justificação, a qual:
• Torna-o capaz de crer em Deus, de esperar nele e de amá-lo por
meio das virtudes teologais;
• Concede-lhe o poder de viver e agir sob a moção do Espirito
Santo por seus dons;

21
Catec. § 153.
22
Constituição Dogmática Dei Verbum, n.º 2.
• Permite-lhe crescer no bem e nas virtudes morais.23
Pelo Sacramento do Batismo, nos tornamos membros do corpo
místico de Cristo, e recebemos as chamadas virtudes teologais, da fé,
esperança e caridade. Estas virtudes se referem diretamente a Deus.
Dispõem os cristãos a se relacionar adequadamente com a Santíssima
Trindade.
O Catecismo da Igreja Católica ainda nos exorta: "A fé é uma
virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que nos disse e
revelou, e que a Santa Igreja nos propõe para crer, porque Ele é a própria
verdade. Pela fé, o homem livremente se entrega todo a Deus".24
Depois de verificarmos na Palavra de Deus, e também nos
documentos da Igreja, que a fé é dom de Deus que nos é oferecido
através da Igreja, podemos então compreender que:
"Crer é um ato da inteligência que assente à verdade divina a
mando da vontade movida por Deus através da graça".25
"A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do
que não se vê. Foi ela que fez a glória dos nossos antepassados. Pela fé
reconhecemos que o mundo foi formado pela palavra de Deus e que as
coisas visíveis se originaram do invisível". (Hb 11,1-3).
Com esta definição bíblica aprendemos, então, que a fé é o
fundamento da esperança. Quando olhamos uma bela construção, muitas
vezes ficamos admirados somente com a beleza que os nossos olhos
podem contemplar. No entanto, para que a construção permaneça de pé,
existe algo que muitas vezes nossos olhos não percebem. Toda
construção tem uma fundação que a sustenta, que permite que se
mantenha de pé e que seja segura. A fé é como esta fundação que
mantém a nossa vida de pé, e permite que caminhemos, com esperança,
mesmo em meios às dificuldades.

A PERSEVERANÇA NA FÉ

Somos chamados não somente a ter fé, mas a fazê-la crescer, pois
em nossa vida espiritual, precisamos avançar sempre, se por acaso
estacionarmos, iremos retroceder. A Sagrada Escritura nos ensina
inclusive que é possível perder a fé. É o que narra o texto do Evangelho
de João 20,24-29: Tomé era um dos doze, ele conviveu com o Senhor,
23
Catec. § 1.266.
24
Catec. § 1.814.
25
Catec. § 154
ouvindo-o, estando aos seus pés. Foi enviado para pregar de dois a dois,
como os outros, viu os milagres, mas duvidou, dizendo "não acreditarei".
Se permitirmos que a mentalidade do mundo entre em nossos
corações, poderemos esfriar em nossa fé e chegar à incredulidade. Em
contrapartida o texto do Evangelho de Lucas 15,5 nos traz o seguinte
pedido dos apóstolos: "Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a
fé".
Convido você a repetir a mesma oração: SENHOR, AUMENTA A
MINHA FÉ!

COMO CRESCER NA FÉ

O Catecismo da Igreja Católica nos orienta o que é preciso fazer


para que nossa fé aumente: "Para viver, crescer e perseverar até o fim na
fé, devemos alimentá-la com a Palavra de Deus; devemos implorar ao
Senhor que a aumente; ela deve 'agir pela caridade', ser carregada pela
esperança, e estar enraizada na fé da Igreja".26
E ainda:
"A fé procura compreender: é característico da fé o crente desejar
conhecer melhor Aquele em que pôs sua fé e compreender melhor o que
Ele revelou; um conhecimento mais penetrante despertará por sua vez
uma fé maior, cada vez mais ardente de amor".27
Muitas vezes ouvimos que fé e conhecimento não caminham
juntos. No entanto, a Carta Apostólica Porta Fidei nos ensina: "Como se
pode notar, o conhecimento dos conteúdos de fé é essencial para se dar
o próprio assentimento, isto é, para aderir plenamente com a inteligência
e a vontade a quanto é proposto pela Igreja. O conhecimento da f é
introduz na totalidade do ministério salvífico revelado por Deus. Por isso,
o assentimento prestado implica que, quando se acredita, se aceita
livremente todo o mistério da fé, porque o garante da sua verdade é o
próprio Deus, que Se revela e permite conhecer o seu mistério de
amor".28

26
Catec. § 162
27
Catec. § 158.
28
Carta Apostólica Porta Fidei, n.º 10.
Na Carta Encíclica Lúmen Fidei, o Papa Francisco, citando Santo
Agostinho afirma: “O homem fiel é aquele que crê no Deus que promete;
o Deus fiel é aquele que concede o que prometeu ao homem".29

A FÉ NOS MOMENTOS DIFÍCEIS

A fé se manifesta não somente quando o milagre acontece em


nossas vidas, pois a dor e o sofrimento também fazem parte da nossa
humanidade. No entanto, para os que creem, até mesmo o sofrimento
assume, uma dimensão redentora quando unido aos sofrimentos de
Cristo. Sendo o fundamento da esperança, a fé gera em nós a certeza de
que o Senhor caminha sempre conosco, e que os momentos difíceis
passarão.
"Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm
proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada".
(Rm 8,18)
CONVERSÃO
Se nos aproximarmos de Jesus Cristo com esta fé, viveremos um
encontro pessoal com Ele. Experimentaremos a força de sua Ressurreição,
e Ele deixará de ser somente uma teoria em nossas vidas, passando a ser
um Deus presente, real, íntimo de cada um de nós.
"A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o
seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos
para construir solidamente a vida".30 Esta experiência de fé nos
introduzirá em um processo de mudança em nossas vidas chamado
conversão.
O dicionário Michaelis nos traz o seguinte conceito sobre
conversão: "Ação ou efeito de converter. Ação de voltar. Mudança de mau
para bom procedimento. Mudança de opiniões, sobretudo para melhor".
No livro do Eclesiástico está escrito: Converte-te ao Senhor,
abandona os teus pecados.
Ora diante dele e diminui as ocasiões de pecado. Volta para o
Senhor, afasta-te de tua injustiça, e detesta o que causa horror a Deus.
(Eclo 17,21-23). Este processo de transformação pessoal se inicia, a partir
do momento em que fazemos uma experiência pessoal com Jesus Cristo.
Muitas pessoas, antes de terem este encontro pessoal, viveram uma vida

29
Carta Encíclica Lúmen Fidei, n.º 10.
30
Carta Encíclica Lúmen Fidei, n.º 4.
completamente submersa no pecado, e de acordo com a mentalidade do
mundo. Por exemplo, muitos viveram aprisionados pelas drogas, pela
prostituição, pelo crime. Tais pessoas quando vêm a Jesus, apesar do
desejo sincero de viver uma vida nova, trazem em si, o palavreado, os
desejos, a mentalidade da vida que viviam anteriormente. Assim, toda
esta "vida velha", precisa ser renunciada, para que se possa viver uma
vida nova em Cristo. "Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem
velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras. Renovai sem
cessar o sentimento da vossa alma, e revesti-vos do homem novo, criado
à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade". (Ef 4,22-24).
A conversão inicia-se em nossas vidas, quando temos um desejo
sincero de abandonar o pecado, e não mais retornar a ele. A doutrina da
Igreja denomina esta graça de contrição:
"Entre os atos do penitente, a contrição vem em primeiro lugar.
Consiste numa dor da alma e detestação do pecado cometido, com a
resolução de não mais pecar no futuro".31
Este desejo sincero de mudança de vida irá crescer em nossos
corações, quanto mais íntimos formos de Deus. Quanto mais
contemplamos a sua santidade, mais percebemos nossas fraquezas
humanas.
Conta-se que um menino admirava uma bela escultura, trabalhada
com esmero por um grande mestre escultor. Olhando para o mestre
escultor, perguntou o menino:
- Moço, como é que o senhor consegue fazer uma escultura tão
bela, de um bloco de pedra?
O escultor, sorrindo disse:
- Na verdade, a escultura já estava dentro da pedra. O que eu fiz,
foi somente retirar as partes que sobravam.
Isto acontece em nossas vidas. Muitas vezes, vamos acumulando
pecado sobre pecado, e ficamos desfigurados. O Espirito Santo, como
artífice de nossas almas, nos ajuda a retirar estas partes que sobram, até
que apareça aquilo que fomos criados para ser: imagem de Deus.
O abandono das situações de pecado grave acontece, na maioria
das vezes de forma imediata. O Evangelho de Mateus nos recorda isto: “O
Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num

31
Catec. § 1.451.
campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de
alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo". (Mt
13,44).
Também nós, quando encontramos o verdadeiro tesouro que é
Jesus, com toda a certeza iremos abandonar as situações que nos
mantém presos ao pecado.
O caminho a ser percorrido por aquele que deseja se converter ao
Senhor passará então pelos seguintes passos:
• Encontro pessoal com Cristo;
• Desejo sincero de abandonar o pecado (contrição);
• Confissão Sacramental;
• Renúncia às situações de pecado;
• Submissão dos desejos, do palavreado, da mentalidade a Jesus;
• Configuração a Cristo.
O processo de conversão irá durar até o ultimo dia de nossas vidas.
Assim é preciso buscá-lo, querer cada dia mais viver esta vida plena, ser
um outro Cristo.
"Não pretendo dizer que j á alcancei (esta meta) e que cheguei à
perfeição. Não. Mas eu me empenho em conquistá-la, uma vez que eu fui
conquistado por Jesus Cristo. Consciente de não tê-la ainda conquistado,
só procuro isto: prescindindo do passado, e atirando-me ao que me resta
para a frente, persigo o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao qual Deus nos
chama, em Jesus Cristo" (Fl 3,12-15).
CONCLUSÃO
"A fé é um ato pessoal: a resposta livre do homem, à iniciativa de
Deus que se revela".32 É preciso abrir nosso coração e nossa inteligência
para acolher a fé, que nasce de um encontro pessoal com Cristo.
Pela fé tomamos posse da salvação que nos foi alcançada através
da Sagrada Cruz de Cristo. O encontro pessoal com Cristo, nos leva a uma
sincera conversão, abandonado as ocasiões de pecado, para viver uma
vida nova.
ORAÇAO
Senhor Jesus, eu me coloco agora diante da sua presença, e com
toda a sinceridade de meu coração te peço: Aumenta a minha fé.

32
Catec. § 166.
Dá-me uma fé viva, uma fé expectante, capaz de acreditar e esperar
milagres. Retira do meu coração toda a incredulidade, toda dúvida, todos
os sentimentos que me impedem de crer em ti.
Diante da tua cruz, eu reconheço que morrestes para me salvar,
reconheço que o teu preciosíssimo sangue foi derramado para me
libertar, e neste momento eu te reconheço como único salvador de minha
vida.
Diante da cruz eu renuncio ao pecado, a todas as suas prisões
interiores e a todas as suas consequências em minha vida. Ajuda-me a
viver uma sincera conversão e configurar-me a ti.
Amém!
MEDITAÇÕES DIÁRIAS: 4ª SEMANA - FÉ E CONVERSÃO

1º dia: Rm 10,14-16. Leia e medite este texto. A fé entra em nossos


corações quando ouvimos, acolhemos a Palavra de Deus. Peça ao Espírito
Santo a graça de ter um coração sempre aberto para receber a Palavra.
2º dia: Mc 9,14-28. Neste texto do Evangelho de Marcos,
percebemos a atitude de um pai que pede auxílio a Jesus para crer. Faça a
mesma oração e apresente a Jesus todas as suas dúvidas.
3º dia: Mt 15,21-28. Este texto nos fala a respeito da perseverança
na fé. Precisamos seguir o exemplo desta mulher Cananeia e não desistir
diante das dificuldades.
4º dia: Hb 11,1-39. Após a leitura deste texto, faça uma oração de
louvor a Deus por todas as pessoas que lhe transmitiram e o ajudaram a
crescer na fé.
5º dia: Lc 19,1-10. Ao meditar sobre este texto, olhe para sua vida,
e seguindo o exemplo de Zaqueu, reconheça-se pecador. Ore pedindo a
Deus um desejo sincero de abandonar o pecado.
6° dia: Cl 3,1-11. Neste dia, leia pelo menos 3 vezes este texto.
Perceba quais são as situações, pensamentos, sentimentos ou palavras
que mais o afastam de Deus. Com sinceridade em seu coração, faça uma
oração de renúncia, dizendo "Não" ao pecado, e "Sim" a Jesus Cristo.
7° dia: 1Tes 4,1-7. Somos chamados a uma vida de santidade. Peça
ao Espirito Santo, que lhe fortaleça e lhe conduza neste caminho.
5ª SEMANA
SENHORIO DE JESUS33

INTRODUÇÃO
Senhorio de Jesus significa que Ele é o Senhor de toda a nossa vida,
conduz os nossos passos, a nossa vontade, as nossas decisões.
Ele está no comando geral da vida de seus servos. Senhor é aquele
que tem direito e autoridade sobre tudo. Ele é o dono.
Quando se estuda a história dos senhores feudais, sabe-se que
esses senhores eram donos de espaços de terras. Eles tinham domínio e
autoridade sobre as terras, com seus bens materiais, plantações e seus
servos. Eles mandavam e desmandavam em tudo. Eram eles que ditavam
as regras da vida dos servos.

DESENVOLVIMENTO

O QUE É REDENÇÃO?

Para entendermos a visão do senhorio de Jesus em nossas vidas,


bem como a nossa condição de servos Seus, é preciso que estabeleçamos
antes um fundamento claro do que a Bíblia ensina sobre "redenção".
Para muitos cristãos, a palavra "redenção" não significa nada mais
do que perdão dos pecados ou salvação, mas o seu significado vai muito
além disso. A palavra "redenção" significa resgate ou remissão. Ela
significa readquirir uma propriedade perdida.
Toda dívida tem que ser paga. Antigamente, caso um indivíduo não
tivesse recursos para honrar os seus compromissos, ele deveria dar os
seus bens em pagamento; se estes não fossem suficientes, deveria
entregar, também, as suas terras, e se elas ainda não bastassem para a
quitação da dívida, o próprio indivíduo (e às vezes até a sua família)
deveria ser dado como pagamento. Isto faria dele um escravo.
O Livro de Rute nos mostra Booz, que era parente rico por parte do
marido de Noemi (viúva, sogra de Rute, também viúva) resgatando (ou

33
Por Marizete Martins Nunes do Nascimento e Ivan Morais.
redimindo) as propriedades de Noemi. Ele estava readquirindo uma posse
perdida (cf. Rt 4,1-10).
Entendendo o processo: se eu me endividasse a ponto de perder
todas as minhas posses e ainda ser levado como escravo e, se o meu
irmão me resgatasse, eu não deixaria de ser escravo. Eu apenas mudaria
de dono. Eu agora passaria a ser escravo do meu irmão, porque ele me
comprou. Qual é então o proveito disso? De que adianta ficarmos livres
de um para nos tornarmos escravos de outro senhor? A diferença era que
o novo dono era um parente que pagou essa dívida por amor e,
justamente por causa do seu amor, ele trataria o escravo com brandura,
com misericórdia.
Portanto, redenção, neste contexto bíblico, é o pagamento da
dívida feito por amor, por um parente próximo.

O QUE CRISTO FEZ POR NÓS?

O homem tornou-se escravo de Satanás quando se rendeu ao


pecado no Jardim do Éden. A Bíblia declara que aquele que é vencido em
algo se torna escravo de quem o vence (2Pe 2,19), e foi exatamente isto
que aconteceu com o primeiro casal. Eles foram separados da glória de
Deus, eles perderam a filiação divina.
Quando Jesus veio ao mundo, Ele foi chamado de "o Filho Único"
de Deus (Jo 3,16), mas Ele veio mudar esta condição e passou a ser o
"Primogênito entre uma multidão de irmãos" (Rm 8,29). O Diabo se
assenhoreou do homem e da Terra, que havia sido dada ao homem (Sl
115,16), e ele afirmou isto para Jesus na tentação do deserto (Lc 4,6). Mas
Jesus veio pagar a nossa dívida do pecado e, ao fazê-lo, garantiu a nossa
libertação das mãos de Satanás: "O Pai nos arrancou do poder das trevas
e nos introduziu no Reino de seu Filho muito amado, no qual temos a
nossa redenção, a remissão dos nossos pecados" (Cl 1,13-14).
Observe o termo "arrancou", que aparece quando o apóstolo está
falando de sermos tirados do Reino das Trevas e de sermos levados para
o Reino do Filho de Deus. Em seguida ele afirma o seguinte: "no qual
temos a nossa "redenção". A Redenção foi o ato de pagamento da dívida
do pecado, "cancelando o documento escrito contra nós, cujas
prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na
cruz. Espoliou os principados e potestades, e os expôs ao ridículo,
triunfando deles na cruz" (Cl 2,14-15).
Cristo comprou-nos para Deus através da Sua morte na Cruz,
“...porque foste imolado e resgataste para Deus, ao preço de teu sangue,
homens de toda tribo, língua, povo e raça; e deles fizeste para nosso
Deus um reino de sacerdotes, que reinam sobre a terra" (Ap 5,9b-10).
O Texto Sagrado revela que Jesus espoliou os príncipes malignos.
Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, "espoliar" significa
"despojar". Ocorreu o despojo em relação a nós, que fomos comprados
por Ele para Deus e a partir de então passamos a ser propriedade de
Deus. É exatamente assim que as Escrituras se referem a nós. Somos
chamados de propriedade de Deus: "Vós, porém, sois uma raça escolhida,
um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus, a
fim de que publiqueis as virtudes daquele que das trevas vos chamou à
sua luz maravilhosa" (1Pe 2,9).
Cristo adquiriu-nos (comprou-nos) para Si. E o preço foi o Seu
próprio sangue. "Porque vós sabeis que não é por bens perecíveis, como
a prata e o ouro, que tendes sido resgatados da vossa vã maneira de
viver, recebida por tradição de vossos pais, mas pelo precioso sangue de
Cristo, o Cordeiro imaculado e sem defeito algum" (1Pe 1,18-19).
Portanto, quando Jesus nos resgatou, Ele nos livrou da escravidão
do Diabo e nos fez escravos de Deus. Coisa alguma que possuímos é, de
fato, nossa exclusivamente. Nem as nossas próprias vidas pertencem a
nós mesmos. Somos propriedade de Deus, Ele é o nosso Dono.
Paulo ao referir-se ao Espírito Santo em nós, O chamou de "o
penhor da nossa herança, enquanto esperamos a completa redenção
daqueles que Deus adquiriu para o louvor da sua glória" (Ef 1,14).
Observe que o termo "redenção" aparece associado aos termos "herança"
e "aquisição", pois é disto que o Princípio de Redenção sempre trata: o
resgate da propriedade. O que aconteceu foi que passamos por uma
troca de "dono". Agora pertencemos ao Senhor.

SOMOS ESCRAVOS DE CRISTO POR AMOR

Vamos observar mais uma vez o texto que fala do escravo por
amor: "Estas são as leis que exporás aos israelitas: quando comprares um
escravo hebreu, ele servirá seis anos; no sétimo sairá livre, sem pagar
nada. Se entrou sozinho, sozinho sairá; se tiver mulher, sua mulher partirá
com ele. Mas, se foi o seu senhor que lhe deu uma mulher, e esta deu à
luz filhos e filhas, a mulher e seus filhos serão propriedade do senhor, e
ele partirá sozinho. Porém, se o escravo disser: "Eu amo meu senhor,
minha mulher e meus filhos; não quero ser alforriado", seu senhor o
levará então diante de Deus e o fará aproximar-se do batente ou da
ombreira da porta, e furar-lhe-á a orelha com uma sovela; desta sorte o
escravo estará para sempre a seu serviço" (Ex 21,1-6).
Em qualquer lugar em que ele chegasse, as pessoas saberiam
imediatamente que ele era um escravo que decidiu sê-lo, quando não
tinha a obrigação de o ser.
A verdade é que, ainda que por direito de compra (pela Redenção)
o Senhor seja o nosso proprietário, Ele não impõe o Seu senhorio sobre
as nossas vidas. Todos fomos libertos por Cristo da escravidão (cf. Gl 4,7),
mas podemos assumir voluntariamente esta posição por amor. Somos
chamados pelas Sagradas Escrituras de "escravos de Cristo": "Pois o
escravo, que foi chamado pelo Senhor, conquistou a liberdade do Senhor.
Da mesma forma, quem era livre por ocasião do chamado, fez-se escravo
de Cristo". (1 Cor 7,22).
Ele também nos mostrou que a nossa atitude de entrega a Deus
também é baseada unicamente no amor: "Realmente, está escrito: Por
amor de ti somos entregues à morte o dia inteiro; somos tratados como
gado destinado ao matadouro". (Rm 8,36).
O que nos leva a amarmos ao Senhor Jesus é o entendimento do
Seu amor por nós.
Quando entendemos o quanto Ele nos ama, somos constrangidos a
darmos uma resposta definitiva de amor: "O amor de Cristo nos
constrange, considerando que, se um só morreu por todos; logo todos
morreram. Sim, ele morreu por todos, a fim de que os que vivem já não
vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressurgiu". (2
Cor 5,14-15)

RENUNCIARA LIBERDADE

O Senhor Jesus conquistou o direito legal de ser o nosso Dono,


Amo e Senhor. Cristo prefere que, quando a liberdade nos é oferecida,
nós escolhamos servi-Lo.
O padrão de sermos escravos por amor se estende à Nova Aliança
e é encontrado no ensino dos apóstolos. Observe o que Paulo declarou
sobre isto: "Mas tudo isso, que para mim eram vantagens, considerei
perda por Cristo. Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em
comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo,
meu Senhor.
Por ele tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de
ganhar Cristo" (Fl 3,7-8). A primeira coisa que o escravo por amor fazia
era renunciar a liberdade a que tinha direito e decidir, por sua vontade
própria, permanecer na servidão.
A nossa experiência com Cristo inclui, além do perdão dos nossos
pecados e da nossa salvação eterna, o fato de abrirmos mão do controle
das nossas vidas e a nossa rendição ao senhorio d'Ele: "Portanto, se com
a tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres
que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. É crendo de
coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se
chega à salvação". (Rm 10,9-10). Esta é a fórmula para a confissão do
cristão dada pelo apóstolo Paulo.
Salvação pessoal deve significar não somente a absolvição dos
nossos pecados, mas deve marcar uma mudança de lealdade — um novo
Senhor e Mestre.

VIVER O SENHORIO DE JESUS

Viver o senhorio de Jesus não se resume apenas em aceitá-Lo com


os nossos lábios como se fosse um passe de mágica, ou apenas receber
as graças que jorram de sua presença, o chamado de Nosso Senhor é
exigente, Jesus ao formar os seus discípulos sempre deixou
claro que eles deveriam aceitá-Lo como Senhor, mas também que
deveriam seguir os seus passos e viver os seus ensinamentos.
Poderíamos ilustrar essa vivência na narração de uma aparição de
Jesus no lago de Tiberíades narrado em João 21,1-14. Após uma noite de
pesca frustrante Jesus aparece e pede para que lancem as redes
novamente, acontecendo o milagre, pois ao recolherem a rede, esta
estava repleta. Ao presenciar o milagre João reconhece Jesus "é o
Senhor!" Só que foi Pedro que foi ao seu encontro. Percebemos com isso,
que viver o senhorio é seguir duas vertentes, reconhecê-Lo como Senhor
e ir ao seu encontro e isto requer renúncia e santidade.
ACEITA-LO COMO ÚNICO SENHOR
Quando experimentamos o poder salvífico de Nosso Senhor Jesus
Cristo, sentimos o desejo de refletir sobre a vida que levamos, as práticas
que exercitamos que, aparentemente parecem inofensivas, mas que no
fundo nos separam de uma vida de graça, e é justamente aí que
precisamos renunciar a essas práticas para estabelecer Jesus como único
e verdadeiro Senhor. 'Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo
me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma" (l Cor
6,12).
Mesmo perante a liberdade dada por Deus aos seus filhos é
necessário romper e renunciar aos vícios que combatem na nossa carne.
"Comportemo-nos honestamente, como em pleno dia: nada de orgias,
nada de desonestidade nem dissoluções; nada de contendas, nada de
ciúmes. Ao contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não façais caso
da carne nem lhe satisfaçais aos apet1Tes" (Rm 13,13-14).
Viver o Senhorio de Jesus é também olhar para sua doutrina
reconhecendo que Ele é o Único Senhor e Salvador e que suas palavras
são verdade e vida. "Ó doce Mestre, bem nos ensinastes o caminho e a
doutrina, e bem dissestes que sois Caminho, Verdade e Vida. Por isso,
quem segue vosso caminho e vossa doutrina não pode ter em si a morte,
mas recebe vida duradoura; e não há demônio, nem criatura, nem injúria
recebida que o possa desviar se ele não o quiser".34
A Igreja, desde o seu início, sempre teve que defender a sua fé
contra tantas ideologias e doutrinas que se levantavam contra a Fé
Católica.
São Paulo já alertava as comunidades quanto ao perigo dessas
doutrinas e a confusão que elas causavam: "Estou admirado de que tão
depressa passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo para um
evangelho diferente. De fato, não há dois (evangelhos): há apenas
pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o
evangelho de Cristo" (Gal 1,6-7), portanto, é necessário conhecermos em
quem nós depositamos a nossa vida, pois, "Adorarás o Senhor, teu Deus e
só a Ele prestará culto" (Lc 4,8).
Durante todo o Seminário de Vida é imprescindível que busquemos
momentos de oração e renunciemos a todo tipo de doutrina que seja
incompatível com o culto ao nosso Deus único e verdadeiro, que nos
redimiu dos pecados e nos abriu as portas do paraíso pela sua morte de
cruz e ressurreição ao terceiro dia. Para isso, atenção aos tópicos abaixo:
1º. Politeísmo (culto a vários deuses) - toda prática retirada de
crenças e ideologias politeístas ferem o primeiro mandamento da lei de
Deus. Somos monoteístas (culto a um só Deus).
2º. Toda idolatria (divinizar o que não é Deus) - seja uma pessoa,
deuses, demônio ou dinheiro, precisamos renunciar. "A idolatria nega o

34
Sta Catarina de Sena. Epistolário 101,v2, p.148-149
senhorio exclusivo de Deus; é, portanto, incompatível com a comunhão
divina"35
3º. Vivemos em um mundo ávido por revelações sobre o futuro da
humanidade, ou o futuro pessoal, somos abordados nas ruas, escolas e
até nas igrejas com propostas que garantem a solução de todos os
problemas humanos e sociais e as ofertas são cada vez mais
diversificadas. "Todas as formas de adivinhação hão de ser rejeitadas:
recurso à Satanás ou aos demônios, evocação dos mortos ou outras
práticas que erroneamente se supõe 'descobrir' o futuro. A consulta aos
horóscopos, à astrologia, à quiromancia, à interpretação de presságios, o
recurso a médiuns, o desejo de ganhar para si os desejos ocultos, todas
as práticas de magia ou de feitiçaria, mesmo que seja para proporcionar a
este saúde, são gravemente contrárias à virtude da religião. Essas práticas
são ainda mais condenáveis quando acompanhadas de uma intenção de
prejudicar a outrem, ou quando recorrem, ou não, à intervenção dos
demônios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismo
implica, frequentemente, práticas de adivinhação ou de magia. Por isso, a
Igreja adverte os fiéis a evitá-lo".36
4º. Doutrinas reencarnacionistas – toda doutrina ou ideologia, seja
do Ocidente ou do Oriente, que professe a reencarnação, deve ser evitada
por que "A passagem de uma sombra: eis a nossa vida e nenhum reinício
é possível uma vez chegado o fim, por que o selo lhe é aposto e ninguém
volta" (Sab 2,5). Ou ainda, "como está determinado que os homens
morram uma só vez e logo em seguida vem o juízo, assim Cristo se
ofereceu uma só vez para tomar sobre si os pecados da multidão, e
aparecerá uma segunda vez, não porém em razão do pecado, mas para
trazer a salvação àqueles que o esperam" (Hb 9,27-28).
"Não existe 'reencarnação' depois da morte"37. É preciso salientar
que devemos renunciar a tudo que é contrário à nossa fé e defendermos
a verdade, porém, sem que esta seja sinal de exclusão àqueles que não
aceitaram, ainda, Jesus como o seu Senhor.

SOMOS MEROS ADMINISTRADORES NESTA TERRA

Como toda a nossa vida pertence a Deus, os bens que temos ao


nosso dispor também são do Senhor, portanto, não somos donos de

35
Catec. § 2113.
36
Catec. §§ 2116 e 2117.
37
Catec § 1013.
nada, somos meros administradores daquilo que o Senhor nos concedeu
para gerirmos em nossa peregrinação nesta Terra.
• Um rico empresário norte-americano, possuidor de muitos bens,
mas insatisfeito porque não se sentia feliz, empreendeu uma longa
viagem para visitar um chinês sábio do outro lado do deserto de Gobi. O
americano levava sua câmara fotográfica e um chapéu para proteger-se
do inclemente sol da região. Após muitos dias de caminhada, encontrou a
pequena casa na qual o sábio morava. Encolheu-se para passar pelo
pequeno arco, pois nem porta tinha. Para sua surpresa, dentro da casa
estava sentado o velho sábio em meditação. Na única sala havia uma
cama muito simples, uma mesa, uma cadeira de madeira e uma lâmpada
de querosene.
- Bem-vindo, filho, entre na sala de espera da felicidade.
– Sim - respondeu, muito desconcertado, uma vez que esperava
toalhas de mesa persas, finos mármores e candelabros de prata, marcas
de um sábio tão famoso.
- É certo que o senhor tem a fórmula para ser feliz?
- Perguntou o magnata americano. O sábio não lhe respondeu, mas
esboçou um franco sorriso do mais profundo de seu ser.
- Mas...
- Disse o empresário americano desconcertado
- Mas, onde estão os seus móveis? O sábio chinês levantou os
ombros e perguntou:
- Onde estão os seus? O empresário respondeu com lógica:
- Estou aqui apenas de passagem, não havia necessidade de trazê-
los para esta viagem. Carregá-los, seria muito caro e pesado. Então, o
chinês sábio respondeu:
- Eu também estou de passagem por aqui, por isso viajo pela vida
livre de bagagem.38
No texto acima percebe-se que não se precisa de muito para viver
bem, precisa-se aprender a viver com o necessário, uma vez que estamos
neste mundo apenas de passagem, quanto menos bagagem, melhor para
viajar rumo a Casa do Pai.

38
In Flores, José H. Prado; Senhorio de Jesus. Apostila de Formação - Escola Santo André, p.7.
Somos meros administradores dos bens do Senhor e um dia Ele
nos pedirá conta. Você está à frente de uma grande oportunidade de ser
reconhecido e promovido pelo fato de ser um bom administrador.
A Bíblia nos conta situações de maus administradores:
1. Os trabalhadores eficientes e ladrões (Mt 21,33-41). O dono
confiou em seus empregados e arrendou-lhes a vinha (não lhes deu de
presente). Eles fizeram a vinha produzir, mas não cumpriram com o
pagamento da remuneração acordada. Associaram-se para roubar a
herança, matando o herdeiro (Filho do Dono). Foram eficazes, pois
fizeram a vinha dar frutos, mas isso não foi suficiente. Deveriam ser
honrados. Serão duramente castigados não pela falta de eficiência, mas
porque eram ladrões. Terão uma morte miserável e a vinha será
arrendada a outros trabalhadores mais honrados.
2. O Administrador injusto (Lc 16,1-8). Um administrador que é
demitido porque roubava do seu patrão. Saber o que fazer nas últimas
vinte e quatro horas antes de perder a administração e de chegar à
auditoria.
3. O Rico indolente (Lc 16,19-31) Só se beneficiava de seus bens
e ignorava as necessidades de Lázaro. Tomar medidas imediatas, pois
amanhã pode ser tarde demais.
4. A Figueira estéril (Lc 13,6-9). Foi plantada, mas não produzia
fruto e já havia passado três anos. O dono decidiu cortá-la, porém o
viticultor intercedeu e pediu mais um ano de prazo para fazê-la produzir.
A oportunidade foi concedida. O viticultor vai cuidar e preparar você para
que neste ano produza fruto. Foi estendido o prazo para você produzir
fruto. Por isso, cuide-se para que não aconteça com você, o mesmo que
aconteceu com a figueira que só tinha folhas, mas não dava fruto e, por
essa razão, foi amaldiçoada e secou até à raiz. (Mt 21,19; Mc 11,12-14).
5. Judas, o traidor, era o encarregado da administração material da
comunidade apostólica, todavia não era honrado e roubava o dinheiro.
Seu afã pelo dinheiro fez com que vendesse o Mestre por trinta moedas
de prata. Somos administradores temporários dos bens de nosso Senhor.
Podemos ser bons ou maus, mas um dia teremos que prestar contas de
nossa gestão.
• As contas apresentadas serão julgadas levando em consideração
os bens partilhados e não o patrimônio acumulado.
• Precisa-se ter sempre honestidade e retidão nos atos de
administração, não se pode apropriar-se indevidamente dos
bens do Senhor e nem se aproveitar injustamente dos bens
confiados pelo Patrão.
• A perspicácia e a eficiência fazem a empresa do Patrão progredir
e o bom administrador é aquele que reparte os dividendos com
os empregados, conforme as necessidades de cada um,
considerando o que está previsto em Mt 25,34-40.
• O parâmetro de julgamento será o amor com que o
administrador geriu os bens colocados sob a sua administração.
O que resta de tudo na vida são os atos de amor praticados no
decorrer da existência de cada um nesta terra.
CONCLUSÃO
O senhor feudal ditava as regras da vida de seus servos. A redenção
do escravo ocorre mediante o pagamento da dívida. Jesus Cristo
resgatou-nos pelo seu preciosíssimo sangue, Ele livrou-nos da escravidão
do Diabo e agora pertencemos ao Senhor. A nossa redenção constrange-
nos a dar uma resposta de amor. Porém, somos livres em nossa adesão
ao Senhorio de Jesus. O inimigo de Deus busca novas maneiras para
persuadir, novamente, os filhos de Deus. Precisa-se ficar muito atento
para as novas artimanhas enganadoras do maligno, as doutrinas não
cristãs. Nosso remédio é a renúncia a tudo isso e a aceitação plena de
Jesus Cristo como Salvador e Senhor de nossas vidas.
Logo, não somos donos de nada, somos meros administradores do
Senhor nesta terra e somos considerados bons quando administramos
Seus bens com amor, partilhando e nunca acumulando.

ORAÇÃO: RENÚNCIA DO MAL E RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS


DO BATISMO39

Senhor Jesus, por esse sinal-da-cruz t, envolva todos nós, nossos


familiares e nossos bens no seu amor, no seu poder e no seu sangue,
para que o inimigo não nos possa prejudicar.
Em nome de Jesus Cristo, pelo sangue derramado, pelas suas
cinco chagas, pela intercessão da Virgem Maria, a Imaculada, que
esmagou a cabeça da serpente.
-Eu renuncio a satanás, autor de todo mal, de todo pecado e pai de
toda mentira!

39
SCHUSTER, Pe. Bernardo S.S.J. http://oracoesselecionadas.blogspot.com.br/2009/12/renuncia-do-
mau-e-renovacao-das.html
-Eu renuncio a todo espírito de impaciência e de raiva; de todo
ressentimento e mágoa; de toda tensão nervosa e agressividade; de juízo
temerário e presunção; de ira e ódio; de fofoca, mentira e calúnia!
-Eu renuncio a todo espírito de desânimo e tristeza; de melancolia
e solidão; de fracasso e frustração; de desconfiança do amor de Deus e do
próximo, de autorrejeição e autocondenação!
-Eu renuncio a todo e qualquer espírito de medo: medo de Deus e
de satanás; medo das pessoas, dos animais e das coisas; medo do futuro,
da doença e da morte; medo de altura e do escuro; medo de acidente e
de assalto; medo de perder minha imagem e prestígio; medo de falar em
público e testemunhar o seu Evangelho; medo de perda de um familiar e
da condenação eterna!
-Eu renuncio a todo espírito de complexo e autopiedade; de
ansiedade, angústia e preocupação; de traumas e doenças!
-Eu renuncio a todo espírito de desequilíbrio emocional e psíquico;
de autodestruição!
-Eu renuncio a todo espírito de vingança; a todo desejo de fracasso
e de morte de meu irmão; a todo espírito de injustiça e exploração da
pessoa humana!
-Eu renuncio a todo espírito de revolta contra Deus, contra meu
irmão e contra mim mesmo, não aceitando as minhas fraquezas!
-Eu renuncio a todo espírito de avareza; apego ao dinheiro, coisas,
pessoas ou cargos!
-Eu renuncio a todo espírito de gula, droga e fumo; a todo espírito
de alcoolismo; blasfêmia e sacrilégio!
-Eu renuncio a todo espírito de ciúme e inveja; de preguiça e
hipocrisia; de fingimento, falsidade e adulação!
-Eu renuncio a todo espírito de palavrão e piada; de sexo e luxúria;
de masturbação e fornicação; de prostituição e adultério; de
homossexualismo e lesbianismo; de orgia e de farra!
-Eu renuncio a todo espírito de autossuficiência e egoísmo; de
vaidade, orgulho e status; de materialismo e consumismo; de ambição e
poder, de furto e roubo!
-Eu renuncio a todo espírito de superstição e descrença; de dúvida
e confusão religiosa, de horóscopo, sortismo, cartomancia, controle da
mente, pirâmide, meditação transcendental!
-Eu renuncio a todo espírito de idolatria e falsas religiões; de
Seicho-no-iê e igreja messiânica; de esoterismo, maçonaria e rosa-cruz!
-Eu renuncio a todo espírito de magia negra e bruxaria; espiritismo
e umbanda; de macumba e sarava; de xangô e mesa branca; de
candomblé e conga; de curandeiro e benzedeira!
-Eu renuncio a todo espírito e espíritos guias, que invocaram sobre
mim; toda herança de falsas religiões que trago dos meus antepassados!
-Eu renuncio a toda invocação do espírito de exu e ogum; de
Oxóssi e iemanjá; do espírito do caboclo e do preto velho; do espírito do
índio, sete flechas, pomba-gira; do espírito de Tranca-Rua e São Jorge; do
espírito de São Cosme e Damião, do espírito de São Cipriano e a todos os
outros!
-Eu renuncio de todo coração, a todo efeito de batismo,
consagração ou cruzamento feito da minha pessoa ao espiritismo, à
magia negra ou à outra falsa religião!
-Eu renuncio a todos os remédios, passes e espíritas, e cirurgias e
tratamentos feitos em centros espíritas; a todos os trabalhos e despachos,
maldições ou pragas, maus-olhados que lançaram sobre mim ou minha
família!
-Eu renuncio a todos os objetos supersticiosos que trago comigo
ou tenho em casa!
-Eu renuncio a toda revista e filme pornográfico e a toda a
literatura, filmes, músicas, contrários à sã doutrina da salvação!
-Eu renuncio a todo espírito do mundo e a todo modo de viver não
cristão!
-Eu ordeno a todo espírito mal do qual tenha sido libertado, que vá
aos pés de Jesus, para que Ele disponha dele!
-Eu proíbo a todo espírito mal que me tenha deixado, que torne a
mim para me prejudicar!
Obrigado, Jesus, porque você me libertou!
Jesus Cristo é meu único dono e Senhor!
Deus é meu Pai! Maria é minha Mãe!
-Crês em Deus Pai Todo-poderoso, criador do céu e da terra? -
Creio.
-Crês que Jesus Cristo é o Filho do Pai e morreu para te salvar? -
Creio.
-Crês que Espírito Santo, amor do Pai e do Filho, habita em teu
coração? - Creio.
-Crês que a Igreja Católica é a única verdadeira?
- Creio.
-Crês que és membro vivo desta Igreja?
- Creio.
-Crês que és responsável por Seu nome e expansão do Seu reino? -
Creio.
-Crês que devemos ajudar preferencialmente os mais pobres? -
Creio.
-Crês que a Bíblia é a Palavra viva do Deus vivo? - Creio.
-Crês que a Palavra de Deus alimenta, liberta, cura, e garante o
perdão dos pecados? -Creio.
-Crês que Deus, sendo amor infinito, não criou o inferno? - Creio.
-Crês que cada um busca o inferno quando, livre e
conscientemente, se afaste de Deus? -Creio.
-Crês que Jesus Cristo condena o amor livre, as relações pré-
matrimoniais, o aborto, o meretrício e o divórcio? - Creio.
- Crês que todos os males: mortes, doenças, guerras não provêm de
Deus, mas do abuso da nossa liberdade? - Creio.
- Crês que todos os males, até do pecado quando arrependido e
confessado, Deus tem poder de tirar um bem maior? - Creio.
Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no
princípio, agora e sempre. Amém!
MEDITAÇÕES DIÁRIAS: 5a SEMANA - SENHORIO DE JESUS

1º dia - 1Cor 12,1-3. Faça uma oração antes de ler a Palavra e peça
que o Espírito Santo lhe dê entendimento. Após a leitura do texto, peça
ao Espírito Santo que transborde em você. Reze com a Palavra e abra-se ã
ação do Espírito Santo, pois a verdadeira proclamação, aquela que produz
frutos na vida do Cristão, só pode ser feita autenticamente no Espírito. É
ele que nos dá coragem de assumir as consequências de proclamá-Lo
como Senhor e força para, diante das provas e tentações, continuar
proclamando com nossas vidas em quem nós depositamos a nossa
confiança.
2º dia - Cl 1,15-20. Faça uma leitura com calma, de preferência leia
três vezes estes versículos, tentando absorver a profundidade da
revelação Bíblica. Depois comece a proclamar que toda plenitude da
graça tem um Nome e este Nome tem poder para submeter todas as
coisas. Ao final de sua leitura orante, proclame que sua vida foi
reconciliada pelo preço do Sangue do Cordeiro que foi imolado para a
nossa salvação.
3º dia - Cl 2,8-15. Mais uma vez, coloque-se em oração com a
Palavra, dessa vez louvando a Deus pela graça que recebemos ao
proclamá-Lo como Senhor de nossas vidas. Louve a Deus porque todo
documento maldito que pesava sobre a sua vida, foi cancelado na cruz do
Senhor. Tome posse da liberdade que é conferida ao homem todas as
vezes que proclama Jesus como Seu Senhor. Você é livre em Cristo Jesus,
comece a viver como uma pessoa livre.
4° dia - Fl 2,5-11. Na meditação de hoje, se possível dobre o seu
joelho e se prostre diante da Palavra de Deus. Leia e medite cada
versículo, permitindo que o mesmo possa despertar a sua fé. Faça a
leitura pedindo ao Senhor a graça da virtude da obediência e da
humildade, pois só se vive o Senhorio de Jesus humilhando-se diante
d'Ele e obedecendo ao Seu chamado em nossas vidas. Dê uma resposta a
essa Palavra comprometendo-se a confessar com suas atitudes o
Senhorio de Jesus.
5º dia - At 4,1-12. Faça sua leitura e meditação, depois comece a
repetir o nome de Jesus e deixe que o Espírito Santo o leve a glorificar o
Nome de Jesus. Louvando a Ele, porque não existe outro nome pelo qual
possamos ser salvos. Louve pela salvação que foi oferecida à humanidade
e proclame dentro de sua casa que Ele é Senhor de todas as coisas. E que,
a partir de agora, a sua vida será para o Seu louvor.
6° Dia - Rm 10,9-13. Após a leitura do texto, faça um breve exame
de consciência e comece a orar com esta palavra. Peça ao Espírito Santo
que o lembre de coisas, situações ou lugares aos quais você já tenha ido
e que o tenha afastado do Senhorio de Jesus e proclame em voz alta que
Ele é o Senhor de todas as coisas. Ao proclamar e orar com a Palavra,
peça também ao Senhor que inflame a sua fé e que essa proclamação
seja acompanhada por uma nova atitude, ou seja, viver o Senhorio de
Jesus.
7º dia - Jo 13,1-20. Medite o Evangelho, leia se possível duas vezes
tentando extrair do texto o que um cristão que assume o Senhorio de
Jesus deve fazer. Ele, que é Senhor, veio ao mundo para servir, Ele é o
exemplo a ser seguido. Proclamar com a vida o Senhorio de Jesus é ter o
coração aberto ao perdão e ao serviço. Reze, peça ao Senhor a graça de
segui-Lo, de testemunhar com a vida o perdão e o amor aos irmãos. Peça
a graça de se consumir por Jesus e pelo seu Reino.
6ª SEMANA
A CURA INTERIOR40

INTRODUÇÃO
Na convivência humana, longe do Amor de Deus à mercê do
desamor humano, as pessoas são muito feridas e também ferem as outras
à sua volta. As feridas interiores ocasionam amarguras, ansiedades,
depressão e doenças físicas de todas as espécies.
Ao experimentar o amor de Deus em nossa vida, este amor cura
nossas feridas e carências interiores e restaura em nós a imagem e
semelhança de Deus. É um processo lento, pois não suportaríamos se
fosse de um momento para outro, daí a necessidade de permanecermos
na presença de Deus e experimentarmos sempre de Seu amor. Assim,
com o tempo, as feridas interiores vão sendo tocadas e curadas e nos
tornamos, vagarosamente, uma nova criatura. Quando Deus cura o
interior da pessoa muitas das doenças físicas são extirpadas da vida
humana.
A convivência humana passa a ser o exercício de atos recíprocos de
amor.

DESENVOLVIMENTO

AMAR É UM MANDAMENTO

Jesus sempre nos convida a perseverar no Seu amor, pois Ele nos
ama como o Pai O ama. Portanto, Jesus é pleno de amor por nós, e seu
amor cura todas as feridas do relacionamento humano. Ao ser curada e
plenificada pelo amor de Deus, a pessoa é capacitada para a convivência
humana.
Ao persistir no amor conforme os mandamentos da lei de Deus,
somos impregnados de uma alegria completa, que emana do trono da
Graça e capacita-nos a conviver sem ferir, pois, o amor divino neutraliza o
coração das feridas da convivência social (Cf. Jo 15,9-11).

40
Por Marizete Martins Nunes do Nascimento
Nós fomos escolhidos por Deus para produzirmos frutos de amor
no mundo e à medida que os produzimos eles permanecem para sempre.
Quem ama tem o coração do Pai aberto para derramar todas as graças
necessárias à sua vida e à vida daqueles por quem intercede.

AS DIMENSÕES DA SALVAÇÃO

A pessoa em sua peregrinação neste mundo tem inúmeras


experiências de salvação, até chegar a seu destino definitivo, o céu.
Passa-se, inicialmente, por experiências de salvação de formas
práticas, temporárias e físicas, que lhe acalmam o coração e levam-na a
uma dimensão de libertação interior, experiência de paz profunda, cura
de feridas interiores.
A medida que vão ocorrendo tais experiências, o vazio interior ou a
parte morta da história humana vai ressurgindo, com Deus curando e
tocando cada situação e cada ferida e a Luz de Cristo vai irradiando,
curando cada situação vivenciada e a pessoa vai experimentando uma
paz interior indescritível, e em lugar da natureza pecadora surge o Reino
de Deus dentro de cada pessoa, reino de paz e harmonia interior e
exterior.
Daí pode-se dizer: o céu não é um lugar e sim um estado de vida.
Começa-se a viver o céu neste mundo, espalhando o amor por onde se
passa sem distinção de pessoas. Convive-se com todos levando sempre o
amor e a paz. O julgamento já é antecipado.
Analisam-se, a seguir, à luz da Palavra de Deus estas três
dimensões. Então vejamos:
a. Em situações práticas, temporárias e físicas de nossa vida.
Às vezes, a Bíblia usa palavras como salvo ou salvação para se
referir à libertação temporária e física, tal como a libertação de Paulo da
prisão "Pois sei que isto me resultará em salvação, graças às vossas
orações e ao socorro do Espírito de Jesus Cristo." (F11,19).
Exemplo bíblico:
"Dirigiu-se Jesus para o monte das Oliveiras. Ao romper da manhã,
voltou ao templo e todo o povo veio a ele. Assentou-se e começou a
ensinar. Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora
apanhada em adultério. Puseram-na no meio da multidão e disseram a
Jesus: Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério.
Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes
tu a isso? Perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-
lo. Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra.
Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: Quem de vós estiver sem
pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra. Inclinando-se
novamente, escrevia na terra. A essas palavras, sentindo-se acusados
pela sua própria consciência, eles se foram retirando um por um, até
o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou
sozinho, com a mulher diante dele. Então ele se ergueu e vendo ali
apenas a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão os que te
acusavam? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém. Senhor.
Disse-lhe então Jesus: Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar. "
(Jo 8,1-11). (Grifos nossos).
Jesus cura a ferida daquela mulher com tal excelência que ela
abandona definitivamente a vida adúltera e faz a opção de segui--Lo,
pois Ele não a condenou, Ele a salvou. O amor de Jesus demonstrado
àquela mulher, desprovido de quaisquer interesses pessoais, a libertou de
toda carência e das feridas do desamor colhido na convivência com
homens casados.
b. Entrada no Reino de Deus
Jesus igualou ser salvo com entrar no Reino de Deus "Eu vos repito:
é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico
entrar no Reino de Deus. A estas palavras seus discípulos, pasmados,
perguntaram: Quem poderá então salvar-se?" (Mt 19,24-25).
Exemplo bíblico:
"Lázaro caiu doente em Betânia, onde estavam Maria e sua irmã
Marta. Maria era quem ungira o Senhor com o óleo perfumado e lhe
enxugara os pés com os seus cabelos. E Lázaro, que estava enfermo, era
seu irmão. Suas irmãs mandaram, pois, dizer a Jesus: Senhor, aquele que
tu amas está enfermo. A estas palavras, disse-lhes Jesus: Esta
enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a glória de
Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus. Ora, Jesus amava Marta,
Maria, sua irmã, e Lázaro. Mas, embora tivesse ouvido que ele estava
enfermo, demorou-se ainda dois dias no mesmo lugar. Depois, disse a
seus discípulos: Voltemos para a Judeia. Mestre, responderam eles, há
pouco os judeus te queriam apedrejar, e voltas para lá? Jesus
respondeu: Não são doze as horas do dia? Quem caminha de dia não
tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas quem anda de noite tropeça,
porque lhe falta a luz. Depois destas palavras, ele acrescentou: Lázaro,
nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo. Disseram-lhe os seus
discípulos: Senhor, se ele dorme, há de sarar. Jesus, entretanto, falara da
sua morte, mas eles pensavam que falasse do sono como tal. Então Jesus
lhes declarou abertamente: Lázaro morreu. Alegro-me por vossa causa,
por não ter estado lá. para que creiais. Mas vamos a ele. A isso Tomé,
chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: Vamos também nós, para
morrermos com ele. À chegada de Jesus, já havia quatro dias que
Lázaro estava no sepulcro. Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de
quinze estádios. Muitos judeus tinham vindo a Marta e a Maria, para lhes
apresentar condolências pela morte de seu irmão. Mal soube Marta da
vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em
casa. Marta disse a Jesus: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não
teria morrido! Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus,
Deus to concederá. Disse-lhe Jesus: Teu irmão ressurgirá. Respondeu-
lhe Marta: Sei que há de ressurgir na ressurreição no último dia. Disse-lhe
Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que
esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais
morrerá. Crês nisto? Respondeu ela: Sim, Senhor. Eu creio que tu és o
Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo. A essas palavras,
ela foi chamar sua irmã Maria, dizendo-lhe baixinho: O Mestre está aí e te
chama. Apenas ela o ouviu, levantou-se imediatamente e foi ao encontro
dele. (Pois Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava ainda naquele
lugar onde Marta o tinha encontrado.) Os judeus que estavam com ela
em casa, em visita de pêsames, ao verem Maria levantar-se depressa e
sair, seguiram-na, crendo que ela ia ao sepulcro para ali chorar. Quando,
porém, Maria chegou onde Jesus estava e o viu, lançou-se aos seus
pés e disse-lhe: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria
morrido! Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a
acompanhavam, jesus ficou intensamente comovido em espírito. E,
sob o impulso de profunda emoção, perguntou: Onde o pusestes?
Responderam-lhe: Senhor, vinde ver. Jesus pôs-se a chorar.
Observaram por isso os judeus: Vede como ele o amava! Mas alguns
deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos do cego de
nascença, fazer com que este não morresse? Tomado, novamente, de
profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por
uma pedra. Jesus ordenou: Tirai a pedra. Disse-lhe Marta, irmã do
morto: Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí...
Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu: Se creres, verás a glória de
Deus? Tiraram, pois, a pedra. Levantando Jesus os olhos ao alto,
disse: Pai, rendo-te graças, porque me ouviste. Eu bem sei que
sempre me ouves, mas falo assim por causa do povo que está em
roda, para que creiam que tu me enviaste. Depois destas palavras,
exclamou em alta voz: Lázaro, vem para fora! E o morto saiu, tendo
os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um
sudário. Ordenou então Jesus: Desligai-o e deixai-o ir." (Jo 11,1-44).
(Grifos nossos).
A ressurreição de Lázaro representa a morte para o pecado e o
ressurgir da vida nova, cheia da graça de Deus. Muitos estão como
mortos, escravizados por pecados de toda espécie, e experimentam o
início de sua decomposição em vida, sua total desestruturação.
Então Jesus, com a imensidão do seu amor chega vagarosamente,
altera a voz, acorda a pessoa de sua morte espiritual e chama para fora
daquele sepulcro devorador e, embora ainda enfaixado pelas garras
pecaminosas, olhos ainda nublados pelas trevas destruidoras, Jesus opera
o grande milagre, desliga-o e deixa-o ir. Cura interior da inanição
espiritual vivida por muitos anos, pelo distanciamento da graça e da
presença de Deus.
c. Para a eternidade, nosso destino eterno.
O uso mais frequente da palavra salvação tem a ver com libertação
eterna e espiritual.
Quando Paulo disse ao carcereiro de Filipo o que ele precisava
fazer para ser salvo, Paulo estava se referindo ao destino eterno do
carcereiro "Depois os conduziu para fora e perguntou-lhes: Senhores, que
devo fazer para me salvar? Disseram-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás
salvo, tu e tua família". (At 16,30-31).
Exemplo bíblico:
"Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos
com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão
diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as
ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua
esquerda. Então o Rei dirá aos que estão à direita: - Vinde, benditos de
meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a
criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer: tive sede
e me destes de beber: era peregrino e me acolhestes: nu e me
vestistes: enfermo e me visitastes: estava na prisão e viestes a mim.
Perguntar-lhe-ão os justos: - Senhor, quando foi que te vimos com
fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando
foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando
foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar?
Responderá o Rei: - Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que
fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim
mesmo que o fizestes. Voltar-se-á em seguida para os da sua esquerda
e lhes dirá: - Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno
destinado ao demônio e aos seus anjos. Porque tive fome e não me
destes de comer; tive sede e não me destes de beber; era peregrino e não
me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me
visitastes. Também estes lhe perguntarão: - Senhor, quando foi que te
vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te
socorremos? E ele responderá: - Em verdade eu vos declaro: todas as
vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que
o deixastes de fazer. E estes irão para o castigo eterno, e os justos, para a
vida eterna". (Mt 25, 31-46). (Grifos nossos).
Quando sirvo alguém que precisa de mim em suas necessidades
vitais, experimento o gosto da salvação em minha alma, pois se trata de
uma promessa evangélica de vida eterna, que nos cura a partir do hoje,
inundando nosso coração e nossa alma de profunda paz interior, estado
experimentado pelos que estão no céu.

SALVAÇAO E CURA INTERIOR

Salvação é a plena sensação de paz interior ocasionada pela cura


do interior ferido e machucado pelo pecado, pelo desamor. Vejamos, a
seguir, modelos de salvação pela cura interior:
a) O coração carente de amor e ferido pelo pecado é marcado
profundamente. Este coração carece de perdão (para perder a dor) e
amor pleno para ser resgatado, para ser salvo. Jesus acolhe a mulher que
se prostra aos seus pés em razão de seu arrependimento e da
profundidade de seu ato de amor, então Ele perdoa seus pecados e dá-
lhe uma profunda experiência de salvação.
"Uma mulher pecadora da cidade, quando soube que estava à
mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro cheio de perfume;
e, estando a seus pés, por detrás dele, começou a chorar. Pouco depois
suas lágrimas banhavam os pés do Senhor e ela os enxugava com os
cabelos, beijava-os e os ungia com o perfume. Ao presenciar isto, o
fariseu, que o tinha convidado, dizia consigo mesmo: Se este homem
fosse profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que o toca, pois é
pecadora.
Então Jesus lhe disse: Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Fala,
Mestre, disse ele. Um credor tinha dois devedores: um lhe devia
quinhentos denários e o outro, cinquenta. Não tendo eles com que
pagar, perdoou a ambos a sua dívida. Qual deles o amará mais?
Simão respondeu: A meu ver, aquele a quem ele mais perdoou. Jesus
replicou-lhe: Julgaste bem. E voltando-se para a mulher, disse a
Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para
lavar os pés; mas esta, com as suas lágrimas, regou-me os pés e
enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste o ósculo; mas esta,
desde que entrou, não cessou de beijar-me os pés. Não me ungiste a
cabeça com óleo; mas esta, com perfume, ungiu-me os pés. Por isso
te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela
tem demonstrado muito amor. Mas ao que pouco se perdoa, pouco
ama." (Lc 7,37-47). (Grifos nossos).
O amor de Deus cura, restaura e salva. Aquela mulher mergulhou
profundamente no pecado. Então, conheceu Jesus e experimentou a
profundidade de seu amor que saciou plenamente sua carência interior.
Vendo o caminho errado que tinha trilhado na busca da felicidade,
ela arrependeu-se profundamente da vida antiga, cheia de erros e de
pecados, pela qual havia se embrenhado na busca de saciar a sua
carência interior, e recebeu o remédio do perdão de Deus e o bálsamo do
seu amor, que lhe deu a graça de optar pela felicidade plena.
b) A pessoa tem uma sede espiritual profunda, é a saudade de
Deus, que procura saciar com os amores deste mundo. Inicialmente pelo
anúncio e aceitação de Jesus Cristo, como Salvador e Senhor, o coração
humano quebranta-se e pelo exercício dos dons de ciência e de
sabedoria estas necessidades humanas são reveladas e,
consequentemente, curadas pelo encontro com o Deus Verdadeiro.
Quando se encontra Deus necessita-se adorá-Lo profundamente, ficar em
sua presença, que é restauradora.
A adoração leva a uma experiência de salvação. A Samaritana passa
pelo processo e aceita a água viva oferecida por Jesus Cristo, sacia sua
sede material e espiritual e transforma-se em uma evangelizadora.
"Veio uma mulher da Samaria tirar água. Pediu-lhe Jesus: Dá-me de
beber. (Pois os discípulos tinham ido à cidade comprar mantimentos.)
Aquela samaritana lhe disse: Sendo tu judeu, como pedes de beber
a mim, que sou samaritana!... (Pois os judeus não se comunicavam com os
samaritanos.) Respondeu-lhe Jesus: Se conhecesses o dom de Deus, e
quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e
ele te daria uma água viva.
A mulher lhe replicou: Senhor, não tens com que tirá-la, e o poço é
fundo... donde tens, pois, essa água viva? És, porventura, maior do que o
nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu e
também os seus filhos e os seus rebanhos? Respondeu-lhe Jesus: Todo
aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas o que beber da
água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá
a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna. A mulher
suplicou: Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir
aqui tirá-la! Disse-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e volta cá. A
mulher respondeu: Não tenho marido. Disse Jesus: Tens razão em
dizer que não tens marido. Tiveste cinco maridos, e o que agora tens
não é teu. Nisto disseste a verdade. Senhor, disse-lhe a mulher, vejo
que és profeta!... Nossos pais adoraram neste monte, mas vós dizeis
que é em Jerusalém que se deve adorar. Jesus respondeu: Mulher,
acredita-me, vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste
monte nem em Jerusalém. Vós adorais o que não conheceis, nós
adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.
Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão
de adorar o Pai em espírito e verdade, e são esses adoradores que o
Pai deseja. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em
espírito e verdade. Respondeu a mulher: Sei que deve vir o Messias
(que se chama Cristo); quando, pois, vier, ele nos fará conhecer todas
as coisas. Disse-lhe Jesus: Sou eu. quem fala contigo. Nisso seus
discípulos chegaram e maravilharam-se de que estivesse falando com
uma mulher. Ninguém, todavia, perguntou: Que perguntas? Ou: Que falas
com ela? A mulher deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles
homens: Vinde e vede um homem que me contou tudo o que tenho
feito. Não seria ele, porventura, o Cristo? Eles saíram da cidade e
vieram ter com Jesus. Entretanto, os discípulos lhe pediam: Mestre,
come. Mas ele lhes disse: Tenho um alimento para comer que vós não
conheceis. Os discípulos perguntavam uns aos outros: Alguém lhe teria
trazido de comer? Disse-lhes Jesus: Meu alimento é fazer a vontade
daquele que me enviou e cumprir a sua obra. Não dizeis vós que ainda há
quatro meses e vem a colheita? Eis que vos digo: levantai os vossos olhos
e vede os campos, porque já estão brancos para a ceifa. O que ceifa
recebe o salário e ajunta fruto para a vida eterna; assim o semeador e o
ceifador juntamente se regozijarão. Porque eis que se pode dizer com
toda verdade: Um é o que semeia outro é o que ceifa. Enviei-vos a ceifar
onde não tendes trabalhado; outros trabalharam, e vós entrastes nos seus
trabalhos. Muitos foram os samaritanos daquela cidade que creram
nele por causa da palavra da mulher, que lhes declarara: Ele me disse
tudo quanto tenho feito. Assim, quando os samaritanos foram ter
com ele, pediram que ficasse com eles. Ele permaneceu ali dois dias.
Ainda muitos outros creram nele por causa das suas palavras. E
diziam à mulher: Já não é por causa da tua declaração que cremos.
mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser este verdadeiramente o
Salvador do mundo." (Jo 4,7-42). (Grifos nossos).
A Samaritana deixou a água viva lavar a sua história e dali surgiu
uma mulher nova. Plenificada pelo amor de Deus, ela abandonou a vida
de pecado, optou por Deus, saciou sua alma com o seu amor e o seu
testemunho arrastou inúmeras pessoas para seguir Jesus.
Quanto maior o pecado abandonado, maior a graça de Deus para
saciar a alma transformada, e o coração curado serve de testemunho para
aqueles que conhecem o antes e agora podem ver o depois.
c) A negação ocasionada pelo medo, a coragem alcançada em
razão do perdão de Deus e o profundo arrependimento ocasionado pelo
olhar misericordioso do Mestre elevam a dignidade humana de Pedro. A
negação provocou em Pedro uma profunda ferida, que Jesus perdoa pelo
seu olhar misericordioso, então ele experimenta um profundo
arrependimento e o amor de Deus o impulsiona novamente à missão.
"Prenderam-no então e conduziram-no à casa do príncipe dos
sacerdotes. Pedro seguia-o de longe. Acenderam um fogo no meio do
pátio, e sentaram-se em redor. Pedro veio sentar-se com eles. Uma criada
percebeu-o sentado junto ao fogo, encarou-o de perto e disse: Também
este homem estava com ele. Mas ele negou-o: Mulher, não o conheço.
Pouco depois, viu-o outro e disse-lhe: Também tu és um deles. Pedro
respondeu: Não, eu não o sou. Passada quase uma hora, afirmava um
outro: Certamente também este homem estava com ele, pois também é
galileu. Mas Pedro disse: Meu amigo, não sei o que queres dizer. E no
mesmo instante, quando ainda falava, cantou o galo. Voltando-se o
Senhor, olhou para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra do
Senhor: Hoje, antes que o galo cante, negar-me-ás três vezes. Saiu dali e
chorou amargamente." (Lc 22,54-62). (Grifos nossos).
A fraqueza humana leva Pedro a negar Jesus Cristo três vezes. O
perdão e a misericórdia divina transmitidos a ele pelo olhar de Jesus
Cristo (cura interior) o resgata e o salva, levando-o a missão de ser o
primeiro Chefe da nossa Igreja Nascente.
CONCLUSÃO
O relacionamento humano com amor neutraliza em nós a ação
devastadora do pecado do desamor expresso por meio de pensamentos,
palavras, atos e omissões.
A oração de Cura Interior desencadeia o processo de cura, porém
apenas o inicia. A pessoa precisa continuar na presença de Deus com sua
história e, vagarosamente, serão tocadas as feridas e sanadas de todo
mal, surgindo o homem novo, a mulher nova.
A oração é feita sob a inspiração do Espírito Santo, abordando a
concepção, nascimento, infância, adolescência, vida adulta. Devem-se
usar os Dons de Ciência e Sabedoria para que o processo de cura se
concretize.
Convite à ação

ORAÇÃO PARA CURA INTERIOR41 (DEIXE O ESPÍRITO SANTO


INSPIRAR)

Pai, eu Lhe agradeço por Seu Filho Jesus, que morreu na cruz, não
somente pelos meus pecados, mas também pelos meus temores. Eu Lhe
agradeço porque Jesus é o mesmo ontem, hoje e sempre, e porque Ele
me quer são: espírito, alma e corpo. Senhor Jesus, eu Lhe peço para
reviver comigo cada segundo da minha vida. Cure-me e deixe-me são.
Volte até a minha terceira e quarta geração de ancestrais e quebre todos
os laços genéticos nocivos.
Jesus, o Senhor sabia tudo sobre minha vida mesmo antes de eu ter
nascido. Obrigado por estar presente quando a minha vida começou. Se
medo ou qualquer outra força do mal me foi transmitida enquanto eu
estava dentro de minha mãe, liberte-me delas. Obrigado, Senhor Jesus,
por ter estado lá quando eu nasci, e por ter-me amado. (Alguns vieram a
esse mundo sem ser amados e desejados e eles sentiram essa rejeição.
Senhor Jesus, desde o princípio encha cada um com Seu amor precioso).
Senhor, reviva comigo cada segundo dos meus primeiros anos de
vida. (Alguns foram separados dos pais por causa de doença ou morte;
alguns nasceram em famílias muito numerosas e não receberam o amor
que precisavam. Senhor Jesus, volte e preencha todo vazio; dê a eles o
amor que não foi recebido).

41
In Diário Espiritual TOMO POSSE DA BÊNÇÃO DE HOJE. Organização: Luiz Virgílio Néspoli. Editora
RCCBRASIL. Canas-SP. 2015.
Remova toda mágoa; tire todos os medos; medo do escuro, medo
de quedas, medo de animais, medo de se perder. Eu agradeço a Jesus,
por me libertar e me curar. Eu Lhe peço Senhor, para segurar minha mão
e ir à escola comigo. Na época eu me senti muito tímido, com medo de
sair de casa e enfrentar situações novas. Jesus houve ocasiões em que me
senti humilhado na escola; tire de mim essas lembranças. Quando fui
maltratado por um professor ou ofendido por um colega, por favor, cure
essas mágoas. (Temores podem ter aparecido durante os primeiros anos
de escola: medo de falar em público ou medo do fracasso). Obrigado por
curar essas mágoas e por me libertar desses medos.
Eu Lhe agradeço e O louvo. Senhor Jesus, eu Lhe agradeço pela
minha mãe. (Para aqueles que não tiveram o amor de mãe, preencha este
vazio e dê-lhes o amor que não tiveram) Eu Lhe peço para ficar entre
minha mãe e eu e deixar fluir Seu amor divino entre nós. Peço perdão à
minha mãe por todas as vezes que eu a magoei ou a decepcionei, e eu a
perdoo por todas as vezes que ela me ofendeu ou decepcionou.
Eu Lhe agradeço pelo meu pai. (Para aqueles que não sentiram o
amor de um pai terreno, dê-lhes o amor que precisavam, mas que não
receberam). Fique, Jesus, entre meu pai e eu. Peço-Lhe que o Seu amor
divino conserte todo o mau relacionamento que existe entre nós. Eu peço
perdão a meu pai por todas as vezes que eu o magoei ou o decepcionei,
e eu o perdoo por todas as vezes que ele me ofendeu e decepcionou.
Eu Lhe entrego meus irmãos e irmãs: onde existia sentimentos de
competição, ciúme ou ressentimento, eu Lhe peço que Seu poder de
curar e Seu amor consertem todos os mal entendidos. Eu perdoo a cada
irmão e irmã por ter me ofendido e decepcionado e peço perdão por tê-
los ofendido e decepcionado.
Obrigado, Senhor, por ter estado comigo durante minha
adolescência e enquanto eu estava no ginásio e colegial (ou primeiro e
segundo grau). Houve novos problemas e medos.
Assim que cada lembrança dolorosa me voltar à mente, eu peço
que o Senhor pegue um apagador espiritual e elimine toda a dor de
minha mente. Tire todo sentimento de humilhação, confusão, culpa medo
ou fracasso (alguns foram ridicularizados por causa da raça, aparência,
tamanho ou pobreza e foram marcados profundamente por isso). Faça
com que cada pessoa saiba que o Senhor a amou como sendo especial,
única e que o Senhor estava presente em todas as situações.
Assim que cada um de nós saiu de casa apareceram novos medos,
frustrações e mágoas (alguns gostariam de cursar uma faculdade, mas
não lhes foi possível; outros não conseguiram entrar para a profissão que
sonhavam e eles sentiram todo o desapontamento).
Jesus, por favor, cure esse desapontamento e toda mágoa.
Obrigado por estar presente quando nos casamos (para uns foi um
belo começo; para outros foi um pesadelo). Jesus tire toda mágoa. Eu lhe
peço para ficar entre eu e meu cônjuge (se houve mais de um, por favor,
fique entre cada um), e cura toda mágoa. Eu digo para meu esposo (a)
que o (a) perdoo por ter me ofendido e peço seu perdão por ter-lhe
ofendido. Senhor Jesus, através de Seu divino amor, eu Lhe agradeço por
reparar todos os mal-entendidos e por eliminar todas as lembranças
dolorosas.
Senhor, obrigado por nossos filhos. Tire qualquer sentimento de
fracasso ou culpa como pai (mãe) que eu possa ter. Quando eu puni
imprudentemente ou fui muito possessivo com meu amor, quando
palavras foram ditas para criticar ou com raiva, eu peço que cure qualquer
mágoa que isso possa ter causado. Eu peço o perdão dos meus filhos e
os perdoo por terem me magoado.
Senhor, durante aqueles momentos terríveis de acidentes, daquelas
horas de doença ou cirurgias, eu Lhe agradeço por ter estado presente.
Eu Lhe peço agora que tire o pavor, o medo e a memória da dor. Liberte-
me do trauma que senti. Obrigado por estar presente nas horas de
tristeza. Eu Lhe agradeço por segurar minha mão e atravessar o vale
comigo. Eu Lhe agradeço por tirar minha tristeza, meu pesar e meu luto.
Eu Lhe agradeço por me dar Sua alegria e Sua paz.
Agora, Senhor Jesus, obrigado por reviver comigo cada segundo de
minha vida até este exato momento. Obrigado por curar todas as minhas
mágoas, minhas memórias dolorosas e meus medos, e por me libertar.
Obrigado por me preencher com Seu amor. Ajude-me a me amar. Ajude-
me a amar aos outros. Mas, principalmente, Jesus, ajude-me a amá-Lo
como quereis que vos ame. Eu Lhe agradeço por penetrar fundo nos
cantos mais escuros de minha mente e me purificar. Eu lhe agradeço por
curar minhas emoções, minha mente e minhas memórias. Eu Lhe
agradeço Jesus, por me curar e me reconstituir inteiramente. Lhe dou
todo o louvor e toda a glória, em Seu Nome. Amém! Deus seja louvado!

ATENÇAO:
Além das meditações diárias referentes à sexta semana, você irá
preparar-se para ser BATIZADO NO ESPÍRITO SANTO, portanto serão
duas meditações diárias.
MEDITAÇÕES DIÁRIAS: 6ª SEMANA - A CURA INTERIOR

1° dia: Lc 10,25-28 – Leia, reflita e medite esta passagem do


Evangelho, reze com ela pedindo a Deus a graça de amá-Lo acima de
tudo e de todos e de amar o próximo como a si mesmo, pois são nestes
mandamentos que encontramos a vida plena e eficaz. Só o amor cura
nossos corações.
2º dia: Lc 10,29-37 - Após a leitura, reflexão e meditação desta
parábola peça a Deus a graça de poder agir como o Bom Samaritano
frente a necessidade do irmão, a graça de parar tudo de sua vida para dar
vida aquele que precisa. Não atribuir ao outro a obrigação de ajuda, no
tocante aquela situação que bateu à sua porta para você ajudar. Amar de
forma afetiva e efetiva cura o coração daquele que serve e daquele que é
servido.
3° dia: Jo 15,9-17 - Neste Evangelho você irá meditar acerca da
necessidade de perseverar pelo Espírito Santo no amor do Pai e do Filho.
Quem guarda os mandamentos é constante no Seu amor e sua alegria
será sempre completa. Guardar o mandamento do amor leva a pessoa a
usufruir sempre da paz interior. A obediência aos preceitos divinos cura.
4º dia: Rm 12,9-21 - Ao ler e meditar sobre este trecho da Carta de
São Paulo aos Romanos, Deus irá curá-lo pela vivência do amor, pois terá
em mãos o modo pleno de se exercitar na prática da caridade, na boa
convivência humana, sem deixar o egoísmo prevalecer, semeando sempre
o bem, embora muitas vezes se receba em troca o mal. Por meio dessa
passagem o Senhor irá curar sua história e abençoá-lo profundamente
pela bênção que você atribuirá ao outro.
5° dia: Jo 4,7-42 - Ao ler e meditar neste Evangelho da Samaritana
temos a oportunidade de deixar nossa história ficar diante de Deus que,
pelos dons de ciência e sabedoria concedidos ao ministro de cura
interior, poderá revelar nossas feridas interiores, pela água viva curar
nossa história de maneira que as pessoas testemunharão e outros virão,
experimentarão a misericórdia divina e crerão por experiência na cura do
coração.
6° dia: Jo 8,1-11 - Neste Evangelho lemos e meditamos a
amplitude do pecado e suas consequências destruidoras, porém quando
caímos aos pés de Jesus, reconhecemos nossas fragilidades, Ele nos
perdoa e nos envia a experimentar o gozo da vida nova em Cristo, livre
da escravidão do pecado.
7° dia: Lc 7,37-47 - A leitura e meditação deste Evangelho levam-
nos a refletir que qualquer pecador ao se arrepender e prostrar-se aos
pés de Jesus sai de lá livre de toda culpa e com as feridas cauterizadas
pelo amor de Deus derramado no coração e na alma humana. Deus
perdoa plenamente o pecador arrependido e derrama seu amor que
cura as feridas do pecado no corpo, na alma e no coração.
DESCOBRINDO UMA NOVA VIDA NO
ESPÍRITO42
(Leituras de preparação para a oração por batismo no espírito)

"Recebendo o dom de Deus".


"Se alguém tem sede, venha a mim; venha e beba, aquele que crer
em mim. E como diz a Escritura: de seu seio correrão fontes de água viva."
(Jo 7,37-38)

PREPARANDO-SE PARA SER BATIZADO NO ESPÍRITO SANTO

Irmão ou irmã:
Esta semana o Senhor mesmo deseja preparar você. Não tenha
medo nem se preocupe. Não pergunte a si mesmo como você poderá
preparar-se. Simplesmente peça ao Senhor para preparar você. Ele o ama
e o fará.
Deixe as palavras de vida falar a você. A palavra de Deus vai
preparar você. Não deixe Satã confundi-lo. Se sentir confusão ou dúvida,
ou se ansiedade tomar conta de você, mande Satã embora. Diga-lhe que
você pertence a Jesus e que Jesus é o Senhor de sua vida. Ponha sua fé
em Deus. Deus ama você. Ele deseja dar-lhe a plenitude da vida no
Espírito. Ele prometeu dar seu Espírito Santo àqueles que o pedissem.
Peça simplesmente, com confiança.
Satã dirá que você não merece ter o Espírito Santo libertado em
você, que você não é digno. E ele está certo. Ninguém é digno. Mas Deus
vai libertar o Espírito Santo em você, não porque você é digno, mas
porque Ele ama você. Ele fará isso porque Jesus morreu por você, Jesus
mudará sua vida quando você se comprometer com Ele e os irmãos
rezarem com você. Então começará sua nova vida no Espírito Santo. Pode
ter certeza. Apenas confie na promessa de Deus.
Não procure uma determinada espécie de experiência. Algumas
pessoas têm uma viva experiência, quando rezamos com elas, enquanto
outras experimentam muito pouco.

42
Cf. "A Guidebook for the Life in the Spirit Semninars", The Word of God, Servant Books, Ann Arbor,
Michigan, p. 23 to 28.
O que você quer é o Espírito Santo, e não o sentimento, a
experiência, em si. Assim que você estiver em novo relacionamento com
o Espírito Santo, você experimentará um novo sentido de Sua presença.
Você O verá agir em sua vida de um modo novo.
Peça ao Senhor que lhe conceda novos dons, novos carismas. E
abra seu coração para TODOS os dons que Deus quiser lhe conceder.
Relaxe. Deus ama você. Lembre-se que Seu amor paternal envolve
você. Lembre-se que Ele mandou seu Filho para salvar você. Entregue sua
vida nas mãos de seu Senhor cada dia.
Leia estas palavras muitas vezes esta semana. Elas o ajudarão a
preparar-se para ser batizado no Espírito Santo: "Nossa alma espera o
Senhor, Ele é nosso auxílio e nosso escudo; nossos corações se rejubilam
nele, nós confiamos em seu santo Nome. Senhor, que Vosso amor
repouse em nós assim como temos confiado em vós."

PALAVRAS DE VIDA

1º dia: Deus tem uma vida nova para você, porque Ele o ama. É um
dom, você não pode herdá-lo nem merecê-lo. Deus diz:
"Apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para
com os homens. Ele nos salvou pelo batismo regenerador e renovação do
Espírito Santo, unicamente em virtude de sua misericórdia e não por
causa de obras de justiça que tivéssemos feito. Deste Espírito Santo Ele
deu-nos em profusão por Jesus Cristo, nosso Salvador, para que a
justificação por sua graça nos faça, em esperança, herdeiros da vida
eterna." (Ti 3,4-7)
2º DIA: A vida nova no Espírito é um dom, mas você tem que
voltar-se para Jesus, se quiser recebê-lo. Todos aqueles que vêm a Jesus
recebem a vida nova abundantemente. Jesus diz: "Se alguém tem sede,
venha a mim; venha e beba, aquele que crer em mim; como diz a
Escritura: de seu seio correrão fontes de água viva. "(Jo 7,37-38)
3º DIA: Para voltar-se para Jesus, você deve se afastar de tudo que
seja incompatível com a vida que Ele está oferecendo (arrependimento) e
aceitar as promessas que Ele está fazendo (fé e confiança). Quando você
se volta para Jesus em arrependimento e fé, Ele pode dar-lhe uma vida
nova. Jesus diz: "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo:
fazei penitência e crede no Evangelho." (Mc 1,15)
4º DIA: Esta vida é para cada um que deseje voltar-se para o
Senhor. O dom do Espírito Santo é para você. Satã tentará seduzi-lo a
pensar que você é alguém que não pode receber o dom do Espírito, mas
a palavra de Deus diz: "Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado
em nome de Jesus Cristo para a remissão de vossos pecados. E
RECEBEREIS O DOM DO ESPÍRITO SANTO. Pois a PROMESSA É PARA VÓS,
para vossos filhos e para
todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor." (At 2,38-39)
5º DIA: Você não pode herdar nem merecer o dom do Espírito
Santo, mas deve tirar de sua vida tudo que seja incompatível com a vida
cristã. A vida nova significa que você tem que ser santo como Deus é
santo. A palavra de Deus diz: "Eu sou o Senhor vosso Deus. Vós vos
santificareis e sereis santos, porque eu sou Santo."(Lv 11,44a). "Á maneira
de filhos obedientes, já não vos amoldeis aos desejos que tínheis antes,
no tempo de vossa ignorância. A exemplo da santidade daquele que vos
chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está
escrito: Sede santos porque eu sou santo" (I Pd 1,14-15).
6° DIA: Ter fé significa confiar naquilo que Deus prometeu. Você
sabe que Deus pode fazer tudo. Sabe que Ele não mente. Confie nas
promessas de Deus, e reclame-as dele, como o fez Abraão. Então você
verá Deus agindo de um modo novo em sua vida. A palavra de Deus diz:
"Ante a promessa de Deus (Abraão) não vacilou por desconfiança, mas
conservou-se na fé e deu glória a Deus. Estava plenamente convencido de
que Deus era poderoso para cumprir o que prometera." (Rm 4,20-21)
7° DIA: Quando você se volta para o Senhor em arrependimento e
fé, tudo que tem a fazer é pedir ao Senhor a plenitude da vida no Espírito
Santo. Nós sabemos que podemos ter o Espírito Santo, porque Deus nos
ama e deseja estar tão perfeitamente unido a nós quanto for possível.
Jesus promete que o Pai dará o Espírito Santo àqueles que pedirem: Eu
vos digo: PEDI e dar-se-vos-á; BUSCAI e achareis; BATEI e abrir-se-vos-á.
Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que
bater se lhe abrirá. Se um filho pedir um pão, qual o pai dentre vós que
lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe, acaso lhe dará uma serpente?
Ou se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á porventura um escorpião? Se vós, pois,
sendo maus, sabeis dar coisas a vossos filhos, quanto mais o vosso Pai
celestial dará o Espírito Santo aos que lhe pedirem." (Lc 11,9-13)

ESTUDO
Esta semana, leia esses dois capítulos que tratam da vida no
Espírito e do poder de Deus em nós:
João, capítulo 15
Atos, capítulo 8
7ª SEMANA
BATISMO NO ESPÍRITO SANTO43

INTRODUÇÃO
Pelo título acima, você já pode compreender: o "batismo no
Espírito Santo" é uma graça, um dom de Deus. Isso significa que nós - por
mais que nos esforcemos e nos esmeremos -, não conseguimos analisá-
lo, produzi-lo, controlá-lo. Não podemos determinar e nem garantir
quem vai recebê-lo, e como e quando, de fato, isso se dará. O Espírito é
Aquele que se manifesta e sopra "onde, em quem e quando quer", cf. Jo
3,8.
Não basta, de igual maneira, "aprender", ser instruído sobre o que é
o "batismo no Espírito". Isso é importante, mas ele não se reduz a um
conceito doutrinário, um dado teológico que, pela instrução, se passa a
entender...
O batismo é uma experiência. Uma experiência de sentido, de
sentido de Deus, e do Deus cristão... E essa experiência é alguma coisa
que diz respeito somente a você, e Deus. Ela não ocorrerá com você
porque nós queremos, mas porque Deus quer. E Deus quer, sempre...
Nossa tarefa, aqui, portanto, é ajudá-lo a compreender com maior
clareza que essa é uma vontade de Deus para a sua vida. Ensiná-lo a
aspirar e esperar por essa experiência, alertando-o sobre possíveis
barreiras que podem lhe dificultar a fazer essa experiência.
São Boaventura se perguntava: "Sobre quem vem o Espírito Santo?
O Espírito Santo vem onde é amado, onde é convidado, onde é
esperado".
Queremos ajudá-lo a se colocar nessa posição de quem ama,
convida e espera pelo Espírito Santo...

DESENVOLVIMENTO

I - "NINGUÉM AMA AQUILO (OU AQUELE) QUE NÃO


CONHECE".

43
Por Reinaldo Beserra dos Reis.
O discurso, o estudo e o aprendizado a respeito do Espírito são
inesgotáveis, obviamente. Mas o conhecimento de algumas realidades
reveladas sobre Ele pode, de um modo muito simples, nos ajudar a
"conhecê-Lo' melhor e de uma maneira que afete positivamente as
nossas vidas. E progredir no nosso amor para com Ele... (Os apóstolos
tiveram primeiro uma experiência com o Espírito Santo. Depois, com o
passar do tempo, foi-se configurando uma doutrina sobre essa
experiência...).
1. Pela Revelação, sabemos que o Espírito Santo é uma das três
Pessoas que participam da única natureza divina. E cada uma delas
participa dessa essência divina única de um modo que lhe é próprio. As
três Pessoas são absolutamente iguais (quanto à onipotência, santidade,
quanto à natureza), mas distintas (pois uma não é a outra; convivem entre
si, e têm papéis (apropriações divinas) distintos, distintas missões (as
processões divinas do Filho e do Espírito Santo, enviados pelo Pai) ... (ver
"Catecismo da Igreja Católica, de § 232 a § 267).
Não se assuste: estamos falando de um mistério em sua mais
profunda acepção. E lembre-se: mais importante do que querer
"entender" o mistério, é viver dele...
2. Como Pessoa Divina que é, o Espírito Santo sempre existiu e
sempre esteve presente na Criação e na história dos homens. Mas, na
ordem da Revelação Divina, o Espírito foi a última das Pessoas a ser
manifestada com mais clareza sobre sua missão. Por um longo período,
Deus se manifestou claramente como único Pai, o Filho foi
profeticamente sugerido, e o Espírito mais obscuramente ainda - por
metáforas - referenciado (especialmente pelas imagens de vento, água,
chuva, óleo...) como uma realidade divina...
Algumas particularidades caracterizavam o operar do Espírito nos
tempos do Antigo Testamento:
a. Ele se manifestava especialmente em algumas categorias de
pessoas (reis, profetas, juízes, sacerdotes e patriarcas).
b. Essa manifestação tinha um "prazo" na vida dessas pessoas, e
durava enquanto durava a tarefa, a missão recebida. Depois,
cessava.
c. E Ele se manifestava na vida dessas pessoas, mas não habitava
do modo como nos habita hoje (S. Cirilo de Alexandria dizia que
"nós somos chamados o templo de Deus, coisa que jamais foi
dita dos profetas".)44
d. Estava presente na vida das pessoas a sustentar-lhes a vida (da
qual Ele é o "Senhor e Fonte"), mas de um modo apenas natural,
difuso, imanente...
e. E - Ponto importante! -, ninguém sabia que o Espírito fosse uma
"pessoa"; tinham-no por uma "força de Deus", entendendo-o
mesmo com a própria ideia de Deus em si (pois o Pai também –
como o Verbo - é espírito, e santo. "Espírito Santo", pois, pode
ser o nome de Deus...).
3. Mas haviam promessas da parte de Deus de que esse modo de
"estar presente" do Espírito iria se modificar a partir dos tempos do
Messias: Isaías ("...e então sobre nós se derramará o Espírito do alto, e o
deserto se transformará em vergel, e o vergel tomará o aspecto de uma
floresta, 32,15^ Ezequiel ("... Naqueles dias eu vou derramar do meu
Espírito (...) Vou abrir o peito de vocês, retirar daí esse coração
empedernido, colocar aí um coração novo, de carne, e meter dentro dele
o meu Espírito," 36,25-27), e Joel ("Naqueles dias eu derramarei de meu
Espírito sobre todo ser vivo... e vossos filhos profetizarão, vossos anciãos
terão sonhos e vossos jovens terão visões... e derramarei do meu Espírito
sobre cada servo e cada serva", 3,1-2).
Quando chegou a "plenitude dos tempos", o Filho - cumprindo as
profecias messiânicas - assumiu a natureza humana, encarnando- se para
nossa justificação e salvação. E Ele nos traz a importante revelação
(desconhecida até então) de que o Espírito Santo não era apenas uma
"força, um influxo" de Deus, mas uma Pessoa. Refere-se a Ele como a
"alguém" (usando um pronome pessoal do caso reto), e atribuindo-lhe
ações que só uma pessoa poderia realizar. Fala-nos de seu caráter
pessoal, de sua missão, e do modo como passará a estar presente entre
nós: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Paráclito, para que fique
eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode
receber, porque não o vê e nem o conhece, mas vós o conhecereis,
porque permanecerá convosco e estará em vós." (Evangelho de João,
14,16-17); "Mas, o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu
nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos
tenho dito" (Jo 14,26); "Ele dará testemunho de mim..." (Jo 15,26);
"Entretanto, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu
não for, o Paráclito não virá; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E quando vier,
convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça, e do juízo" (Jo

44
Ver também o Parágrafo 25 da Carta Encíclica Dominum et Vivificatem, de São João Paulo II.
16,7-8); "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á
toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e
anunciar-vos-á as coisas que virão. Ele me glorificará porque receberá do
que é meu, e vo-lo anunciará" (Jo 16,13-14).
Coisa importante a se aprender desta catequese de Jesus é que Ele
- o Espírito Santo - é uma Pessoa. "Pessoa misteriosa", sim. Sem face, sem
nenhum referencial humano. Mas, Pessoa: sui generis, mas com os
atributos de uma personalidade, como revelado pelas Escrituras. E, como
Pessoa, espera estabelecer conosco um relacionamento pessoal. De
Pessoa a pessoa. Precisamos, então, buscar e aprender a ter com Ele uma
adequada intimidade. Ver nele aquela Pessoa divina prometida e dada
por Deus para ser nosso amigo, nosso Paráclito, nosso Advogado...
Estabelecer com Ele uma especial amizade, amando-o, desejando-o,
permitindo e esperando que Ele – que já está em nós pelo sacramento do
Batismo -, tome posse de todo nosso ser, de todas as áreas de nossa vida,
e nos conduza a novos patamares da experiência com Deus, fazendo de
nós os instrumentos e testemunhas poderosas do Seu amor e da salvação
realizada por Jesus Cristo.

II - O CUMPRIMENTO DA PROMESSA

1. Numa tradicional "Festa das Tendas" - ou dos tabernáculos - de


que participava (cf. Jo 7,37-39), Jesus faz ao povo um convite que o
evangelista João vai interpretar de uma maneira muito inspirada. "No
último dia, que é o principal da festa", quando - segundo a tradição
judaica - o celebrante derramava sobre o altar uma jarra d'água,
enquanto proferia algumas ações de graças e invocações, Jesus diz:
"quem tiver sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a
Escritura: 'do seu interior manarão rios de água viva' (Zc 14,8; Is 58,11).
Dizia isso referindo-se ao Espírito que haviam de receber os que cressem
nele, pois ainda não havia sido dado o Espírito, visto que Jesus ainda não
tinha sido glorificado". Um convite que sinalizava com o a possibilidade
de se receber o Espírito, e um comentário incisivo a revelar que o Espírito
ainda não se apresentava como dom para nós - o Espírito ainda não tinha
sido dado -, e que a condição para a vinda do Espírito como dom para
todos era a glorificação de Jesus. Ele precisava ainda vencer algumas
barreiras, especialmente a barreira da nossa até então irremediável
condição de escravos do pecado e da morte (não faria sentido o Espírito
habitar o coração a quem faltasse a possibilidade de ir para o céu).
2. Depois de revelar a missão e o caráter pessoal do Espírito (como
vimos em João, capítulos de 14 a 16), Jesus (conforme relatado no início
do capítulo 17 de João: faz sua "oração sacerdotal", dizendo: "Pai, é
chegada a hora. Glorifica o teu Filho". Nos 2 capítulos seguintes temos o
relato do processo que leva à glorificação de Jesus (prisão injusta,
julgamento iníquo, suplício, crucificação, morte, sepultamento e
ressurreição). Ressuscitado - isto é glorificado Jesus aparece aos
apóstolos (capítulo 20 de João) para brindá-los - nessa efusão doméstica
com o Espírito que "ainda não havia sido dado porque Jesus ainda não
havia sido glorificado". E soprando sobre eles, disse-lhes: Recebei o
Espírito Santo! " (Jo 20,22) ... Sim, agora eles já O podiam receber. Ele se
tornara dom, dado!
No relato de Lucas (capítulos 1 e 2 do livro dos Atos dos
Apóstolos), é na Festa de Pentecostes (50 dias após a ressurreição) que
Jesus vai "cumprir a promessa de seu Pai", batizando-os no Espírito Santo
(cf. At 1,4-5). E diz, "... descerá sobre vós o Espírito e vos dará força; e
sereis minhas testemunhas (...) até os confins do mundo" (At 1,8). No dia
da Festa - onde aguardavam em oração -, depois de presenciarem alguns
extraordinários sinais de sons, vento impetuoso e línguas de fogo,
"ficaram todos cheios do Espírito e começaram a falar em outras línguas
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At 2,4).
Quando Pedro explica à multidão atônita que aquilo era o
cumprimento da promessa sobre o Espírito (citando inclusive o profeta
Joel e falando da glorificação de Jesus), as pessoas lhe perguntam:
"então, irmãos, o que devemos fazer?" E Pedro lhes responde:
"arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo
para remissão de vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito
Santo. Pois a promessa é para vós, para os vossos filhos, e para todos os
que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus" (At 2,37-39) ...

III - É JESUS QUEM BATIZA NO ESPÍRITO SANTO

1. Uma contínua efusão.

Desde Pentecostes, "O Espírito não cessa de levar continuamente as


pessoas à experiência do Cristo vivo e ressuscitado, através de Sua
efusão. Crentes, descrentes, batizados só de nome, praticantes, santos e
pecadores, são visitados por essa graça pascal (v. Catecismo, § 731), e dão
um salto qualitativo na fé, que vai de um não conhecimento, de um
conhecimento insuficiente, de um conhecimento estribado na cultura e
na razão, apenas, a um conhecimento experiencial, que aguça a fé e sacia
a sede, e que envolve todo o nosso ser, e proporciona a todos uma
progressiva tomada de consciência a respeito do real significado dos
sacramentos da iniciação cristã, do que significa ser cristão, ser salvo, ser
Igreja..."45
Embora em tempos idos essa experiência transformadora da
manifestação do Espírito na vida das pessoas não fosse identificada com
esse nome - o Batismo no Espírito Santo -, sua perenidade na história
atesta que Pentecostes não esgotou o que o Espírito Santo tem para o
mundo, e que Jesus continua cumprindo sua promessa de capacitar
pessoas para serem suas testemunhas, derramando sobre sua Igreja uma
permanente efusão do Espírito Santo. O Catecismo da Igreja Católica
(§667), nos garante que, "tendo entrado uma vez por todas no santuário
do céu, Jesus Cristo intercede sem cessar por nós como mediador que
nos garante permanentemente a efusão do Espírito Santo" (Catecismo, §
667).
"Mas já tenho o Espírito Santo", poderia uma pessoa batizada
sacramentalmente dizer. E, quem diz que não podemos continuar
recebendo mais e mais desse Espírito? (São João Paulo II dizia que
"qualquer batizado pode e deve ser transformado espiritualmente pela
força do Espírito Santo").46
Ajuda-nos a remover algumas barreiras entender e aceitar o fato de
que esta doutrina da contínua efusão do Espírito é bíblica e totalmente
de acordo com a sã doutrina católica. Vejamos:
a. Os apóstolos que fizeram a experiência da efusão do Espírito no
dia da ressurreição do Cristo experimentam-na novamente no dia do
"cumprimento da promessa" em Pentecostes (Jo 20; At 2). E se olharmos
para o que descreve Lucas em At 4, veremos que todos (novamente)
ficaram cheios do Espírito Santo. (Aliás, o Apóstolo Paulo recomenda aos
cristãos de Éfeso (já selados pelo Espírito e salvos pela graça, cidadãos do
céu...), que busquem "permanecer repletos do Espírito Santo", cf. Ef
5,18b).
b. Santo Agostinho dizia que "só Cristo não precisa continuar
recebendo mais do Espírito Santo. Nós precisamos. E não porque Ele seja
limitado em dar-se, mas porque nós somos limitados em receber". E que
"o Espírito também é dado para quem já o tem para que assim possa,

45
REIS, Reinaldo Beserra, "Celebrando Pentecostes", Ed RCC BRASIL, PORTO ALEGRE/RS, 2005, p.78.
46
Aos fiéis de LUSAKA (Zâmbia), a 4 de maio de 1989.
tendo mais do Espírito, melhor e mais abundantemente amar e obedecer
aos mandamentos de Jesus Cristo".47
c. Enfim, a doutrina católica nos ensina claramente que aquela
especial "vinda" do Espírito Santo iniciada em Pentecostes, não cessa
(Catecismo da Igreja Católica, §732).
d. Santo Tomás ensina em sua Teologia das Missões que, "a cada
nova missão, a cada nova vocação, deve corresponder uma nova efusão
do Espírito" (veja o já citado § 667 do Catecismo).
e. O Apóstolo Paulo também ensina-nos (Cl 1,18-19; 2,9) que
"aprouve ao Pai conceder a plenitude do Espírito somente ao Filho". Nós
o temos segundo a nossa medida, que é instável e sujeita às nossas
limitações (v. I Ts 5,19 e Ef 4,30).

2. Acentuando...

a. "Que o Espírito Santo seja enviado ou venha de novo não quer


significar que ele se desloque, mas sim que na criatura se inicia uma nova
relação com o Espírito: Ou porque antes nunca esteve ali ou porque
começa a estar presente de uma maneira diferente do que estava antes".
(Santo Tomás, cf. Summa Theologiae, PI. q. 43, a.l). Ou seja, há sempre
uma nova missão do Espírito (e, portanto, uma nova "vinda" sua) toda vez
que, em sua vida espiritual ou ministerial, alguém se encontre diante de
uma nova necessidade, de uma nova vocação ou missão a exercer -
segundo os propósitos de Deus e que exijam um novo ou renovado nível
de graça.
b. Nos já batizados, batismo no Espírito pode significa uma
"atualização" - a nível de consciência e de experiência – das graças já
recebidas no sacramento, mas que estavam como que "adormecidas" na
vida da pessoa. Pois "um certo número de crianças batizadas na primeira
infância chegam à idade adulta sem terem ainda uma adesão explícita e
pessoal a Jesus Cristo, mas tendo somente a capacidade para acreditar
que lhe foi conferida pelo batismo e pela presença do Espírito Santo".48
c. Batismo no Espírito Santo refere-se a uma especial efusão do
Espírito ministrada por Jesus Cristo - "o batizador" -, com vistas
primordialmente a nos conceder força espiritual que nos capacita a
testemunhar a Seu respeito em quaisquer situações. É uma "especial
efusão" no sentido de que é crítica, por vezes emocionalmente

47
Commento Al Vangelo di Giovanni, Omélia 74.
48
João Paulo II, in CATECHESE TRADENDAE, 19.
envolvente, e traz consigo uma série de evidências que se manifestam de
acordo com a circunstância, o ambiente e o contexto histórico onde
acontece.

3. Uma efusão distinta

a. Se o batismo no Espírito é sempre original onde acontece, o que


é que, de fato o caracteriza? Há um traço, um efeito comum, sempre
presente? O que o distingue de outras efusões do Espírito? Os sinais
exteriores de quando acontece a experiência do batismo no Espírito, ou
mesmo os seus efeitos decorrentes, podem variar. Mas há um eixo
comum, um traço que o distingue: batismo no Espírito Santo é uma
especial efusão do Espírito porque muda a vida! Muda a vida de maneira
notável, perceptível, radical no que diz respeito à vivência da fé. Este é o
seu sinal: a novidade de vida! Uma habitação renovada da graça que
provoca "um certo caráter de novidade..."
"No Congresso Internacional de Pneumatologia, que ocorreu no
Vaticano por ocasião de XVI centenário do Concílio Ecumênico de
Constantinopla, em 1981, falando da Renovação Carismática e do
batismo no Espírito, o eminente teólogo Y. Congar disse: 'Uma coisa é
certa: trata-se de uma realidade que muda a vida das pessoas'.49
b. No livro Batismo no Espírito Santo editado pelo Escritório
Internacional da Renovação Carismática Católica50, lê-se o seguinte:
“Uma pessoa pode ser batizada no Espírito mais de uma vez?
O batismo no Espírito, conforme usualmente entendido, é um novo
encontro com o Espírito na vida da pessoa, uma experiência que cria um
"antes" e um "depois", distintos. Neste sentido, ele é um acontecimento
único, como o Pentecostes na Igreja primitiva (At 4,31). De tempos em
tempos, todos os cristãos precisam e podem receber oração para uma
nova efusão no Espírito, especialmente em vista de novas circunstâncias,
tais como o casamento, um chamado para o apostolado, uma doença, e
assim por diante, tudo isso requerendo novos dons o Espírito.
"Batismo no Espírito é aquela conversão decisiva do cristão que,
nessa oblação total de sua pessoa, se entrega a Cristo, estabelecendo

49
CANTALAMESSA, R., in "Ungidos Pelo Espírito", Ed. Loyola, São Paulo/SP, 1996, p. 141 a 151.
50
ICCRS, Comissão Doutrinal da RCC Internacional, "Batismo no Espírito Santo", Ed. Portuguesa,
RCCBRASIL, 2013, p. 78
assim com ele um novo compromisso de fé", dizia o pneumatólogo
Heribert Mühlen.51

IV- PREPARANDO-NOS PARA RECEBER A GRAÇA

1. Graça e Natureza

Deus não precisa de nada de nossa parte para nos conceder a


experiência do batismo no Espírito. Mas nós podemos ajudar as pessoas a
remover possíveis obstáculos (conscientes ou inconscientes) presentes
em suas vidas... corrigir falsos conceitos, falsas percepções, preencher
lacunas de conhecimento, quebrar resistências e, orar por elas,
"desbravando um novo campo, evitando semear entre espinhos..." (Cf. Jr
4,3).
Há um axioma teológico que diz que "a graça supõe a natureza".
Preparando, pois, de forma mais adequada a natureza das pessoas,
podemos ajudá-las a abrir-se com maior docilidade à graça do batismo
no Espírito.

2. Pontos a se considerar

a. Esta graça não pertence a nenhum "movimento" ou


denominação religiosa em especial. É bíblica e está fundamentada numa
promessa do próprio Deus (cf. At 1,4-5), e é uma promessa para mim e
para você! (cf. At 2,38-39).
b. Já batizados sacramentalmente ou não, podemos receber mais
do Espírito Santo, sempre! (cf. as fundamentações doutrinárias já vistas
aqui).
c. Acreditando que precisamos de mais do Espírito Santo para
nossa caminhada de fé (cf. Ef 5,18b), podemos pensar em convidá-lo a
tomar posse de nossas vidas de uma maneira nova, como ainda não lhe
havíamos permitido, oferecendo a Ele novos espaços de santidade e
dando-lhe consciente e livremente o controle e a direção de nossas vidas.
Enfim, reconhecer que ainda não O temos em plenitude, mas que
precisamos mais de sua presença em nós (cf. Cl 1,18-19; 2,9).

51
MÜHLEN, H., in "Fé Cristã Renovada - Carisma, Espírito e Libertação", Ed. Loyola, São Paulo/SP, 1980,
p. 203 ss.
d. Decidir e estar disposto a renunciar, a abandonar tudo aquilo
que em nossa vida estiver em conflito com essa bênção (At 2,38), com
essa graça.
e. Ansiarmos por receber a bênção. Desejar obtê-la. Ir até Jesus
com sede de receber mais e mais dessa Água Viva prometida (cf. Jo
7,37b). E crer que Deus quer sempre nos dar seu Espírito (cf. Lc 11,9-13). E
O concede sem medidas (cf. Jo 3,34).
f. Acreditar que o Batizador está aqui, agora, intercedendo por
uma permanente efusão do Espírito para todos nós (cf. CIC. § 667).
g. Rendermo-nos inteiramente a Deus, agora, para que possamos
receber uma nova plenitude do Espírito Santo...

3. Efeitos subjetivos e pessoais

Como já foi dito, o batismo no Espírito é sempre original onde


acontece. E o Espírito pode sempre surpreender-nos para além de nossas
expectativas, trazendo novidades à experiência.
Há, pode-se dizer, uma longa lista de mudanças resultantes do
batismo no Espírito. E, quanto mais informados estivermos a respeito
destes possíveis efeitos, mais saberemos pelo que podemos esperar. E
isso aumenta a nossa fé expectante, e as sementes do Dom de Deus que
nos forem concedidas tem mais chance de frutificar. Essas sementes são
variadas e não brotam todas ao mesmo tempo.
Mas, sabendo da existência delas e cuidando e dando a elas
adequada atenção, por certo se manifestarão ao longo da jornada agora
iniciada. No mundo católico, esta efusão a que convencionamos chamar
"batismo no Espírito" está relacionada à vivência, à experiência de
algumas realidades bem definidas de nossa fé. Usualmente já batizados
sacramentalmente quando ainda crianças, aquele sentido decisivamente
novo da presença onipotente de Deus na vida da pessoa tem se
manifestado em:
a. Uma "experiência" de Deus. Batismo no Espírito é um encontro
com a Pessoa de Jesus Cristo, que batiza no Espírito. Dos conceitos que
já possamos haver assimilado a respeito de Deus, passamos agora a uma
experiência de Deus. Uma experiência que se dá na área dos
sentimentos, das emoções, da imaginação, e de outros sentidos
interiores.
b. Um novo gosto pela vida de oração - pessoal e comunitária. Este
dom como que reforça e sustenta o caráter progressivo e permanente da
experiência de Deus (pois esta "experiência de Deus" pereniza-se e é
protegida, pelo tempo que dedicamos a oração). A oração de louvor, em
especial, manifesta-se acentuadamente na vida de quem é "batizado no
Espírito".
c. Um reconhecimento do senhorio de Jesus. Revelar, glorificar e
capacitar-nos para dar testemunho de Jesus como Senhor de toda
História, é uma das principais missões do Espírito. Por Sua ação
reconhecemos que Jesus é Senhor (1Cor 12,3). E somos aqui convencidos
de que Jesus deve ser o nosso Senhor; pessoal.
d. Interesse renovado pela Sagrada Escritura. Uma nova apreciação
do estudo, da leitura, da oração e meditação com as Sagradas Escrituras,
de quem o Espírito é o Autor e Revelador.
e. Manifestação de carismas. Uma notável docilidade em se deixar
conduzir pelo Espírito, exercitando possíveis carismas que se
manifestarão em nosso trabalho apostólico. (Apostolicam Actuositatem 3;
Lumem Gentium, 12).
f. Amor aos irmãos. Uma genuína disposição em amar os irmãos, e
em se preocupar com os ditames da solidariedade e da caridade cristã,
com um ardente zelo pelas almas.
g. Vida de testemunho. Uma combatividade profética associada a
uma profunda alegria de testemunhar o nosso encontro pessoal com
Jesus, e Sua ação em nossas vidas.
h. Uma renovada valorização pela vida sacramental, com especial
atenção à Sagrada Eucaristia.
i. Uma madura, adequada e edificante compreensão do papel de
Maria na história da Salvação, na Igreja. Aspire, "manifeste" a Deus a sua
livre intenção de ser agradecido (a) com esses dons...

CONCLUSÃO

I. ESCLARECIMENTOS PRÁTICOS

a. Não se preocupe com quem vai orar por você. Essa pessoa será
um intercessor (a), apenas, pois - lembre-se disso -, é Jesus quem batiza
no Espírito Santo (cf. Jo 1,33; Mt 3,11; Lc 3,16). E Jesus está aqui (Mt
18,19-20), desejoso de que você receba esta bênção (cf. CIC. § 667).
b. Não se preocupe também com as manifestações (exteriores,
portanto) que podem ocorrer com os outros e não com você (e vice-
versa). Esses sinais exteriores têm sua importância (orar em línguas,
"repousar no Espírito", tremer, debulhar-se em lágrimas...), mas não são
essenciais, e podem depender de sua compleição psicológica no
momento. Ou de sua antecedente formação, de suas expectativas etc. O
importante é o que diz Paulo quando escreve aos Gálatas (3,14): "Pela fé,
recebemos o Espírito Santo".
c. Não julgue ser indigno de receber essa bênção. É uma graça que
vem até nós por pura liberalidade do grande amor com que Deus nos
acolhe. "A promessa é para todos", e esta efusão quer nos levar "de um
precedente estado de graça (não importa qual seja) a um novo e mais
elevado estado de graça".52
d. Da mesma forma, saiba que por vezes os efeitos dessa oração
não se manifestam claramente no exato momento em que oram por
você, mas vão emergindo com o passar dos dias, das semanas... Creia, e
fique atento: Deus é quem sabe de fato de que tipo de efusão você está
necessitando no momento, segundo os propósitos de Seu coração...
e. Traga Maria em seu coração nesta hora. Ela é o protótipo da
"batizada no Espírito", pois em Pentecostes ela estava, com sua atitude
suplicante, ã espera daquilo que ela já recebera na encarnação do Filho",
cf. Lúmen Gentium, 59.

II. CONSIDERAÇÕES FINAIS

1. O Documento de Malines 1, organizado pelo Cardeal León J.


Suenens e um requintado grupo de teólogos e consultores, assim
orientava a nascente Renovação Carismática:
“O significado religioso da Renovação não se esgota no que se
denomina "libertação do Espírito", "efusão do Espírito", "batismo no
Espírito Santo". O alvo da Renovação não é levar a pessoa a uma
experiência única, mas, antes, a uma vida em Cristo pelo Espírito, num
contínuo crescimento." 53

52
Santo Tomás, de Aquino, in Suma Teológica/I Sent. d. 15, q.5, a.l, Sol.2)
53
"Orientações Teológicas e Pastorais da Renovação Carismática", Ed. Loyola, São Paulo/SP, 1976,2a
edição, p. 39 a 43.
Batismo no Espírito, pois, é uma experiência que deve funcionar
como uma introdução, um ponto de partida e não de chegada. Por ela
somos assim como que introduzidos num novo tipo de relacionamento
com a onipotência de Deus, que nos torna possível a vida no Espírito. Ela
não esgota aquilo que o Espírito Santo - que não é estático - tem
reservado para nossas vidas, para o nosso crescimento na vida espiritual,
rumo a patamares de santidade cada vez mais elevados.
2. Já em uma catequese proferida no ano do Espírito Santo (1998),
São João Paulo 11 nos ensinava: "A vida do cristão que, mediante a fé e
os sacramentos, está intimamente unida a Jesus Cristo, é uma "vida no
Espírito". Com efeito, o Espírito Santo derramado em nossos corações (cf.
G14,6) torna-se em nós e para nós "nascente de água a jorrar para a vida
eterna" (Jo 4,14). É preciso, pois, deixar-nos guiar com docilidade pelo
Espírito de Deus, para nos tornarmos de maneira cada vez mais plena
aqueles que já somos por graça: filhos de Deus em Cristo (cf. Rm 8,14-16).
"Se vivemos pelo Espírito - exorta-nos ainda São Paulo caminhemos
também segundo o Espírito"(Gl 5, 25). Sobre este princípio se baseia a
espiritualidade cristã, que consiste em acolher toda a vida que o Espírito
nos dá. Esta concepção da espiritualidade põe-nos ao abrigo dos
equívocos que às vezes ofuscam o seu perfil genuíno".54 É preciso, pois,
insistir neste ponto: batismo no Espírito significa um ingresso mais
consciente e empenhativo na vida no Espírito, num progressivo caminho
de crescimento. Pois podemos ter sido batizados no Espírito e não
estarmos vivendo muito bem no Espírito. E o que mais "agrada" a Deus,
por certo, não são os que passaram pela experiência desse batismo,
apenas, mas os que estão vivendo progressivamente no Espírito.
3. "A vida no Espírito é experiência de sua presença. A vida no
Espírito é uma vida na qual o cristão pode ter a experiência do Espírito
Santo vivendo nele e agindo através dele. A maioria dos cristãos, hoje,
não vive a vida do Espírito. Vive a vida cristã baseada na doutrina, no
conhecimento doutrinário e na prática religiosa. Tentam pautar as suas
vidas pelos ensinamentos de Cristo. Mas não experimentam a Sua
presença. Quando uma pessoa está vivendo a vida do Espírito, sabe por
experiência que o Espírito Santo está nela. Não precisa "aceitar isso na
fé", no sentido de crer sem "qualquer" experiência que o prove. Quando
uma pessoa está vivendo a vida do Espírito, começa a experimentar o
Espírito Santo agindo de forma a permitir-lhe louvar a Deus e adorá-Lo
com uma nova liberdade. Experimenta o Espírito Santo vivificando as
Escrituras e dando sentido ã doutrina cristã. Experimenta uma nova

54
L'Osservatore Romano, n° 43 (592), de 24 de outubro e 1998.
capacidade para falar de Cristo às pessoas, e uma alegria e uma paz mais
profundas."55
4. Finalmente, consideremos os frutos do Espírito. Se é que
passamos a permitir a ação do Espírito em nossa vida, é normal que
passemos também a produzir em nós os frutos do Espírito. Na verdade,
não somos nós mesmos que produzimos tais frutos, mas o próprio
Espírito que em nós atua. Eles são o resultado da nossa docilidade à vida
do Espírito em nós que irá progressivamente nos inserir na plenitude de
Cristo. "Não fostes vós que escolhestes a mim; fui eu que escolhi a vós e
vos constituí para que vades e produzais fruto e para que o vosso fruto
seja duradouro" (Jo 15,16). Em Gálatas 5, 22-23, lemos: "Mas o fruto do
Espírito é amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade,
mansidão, autodomínio. Contra tais coisas não existe lei". Notemos que
São Paulo diz "o fruto", talvez com isso querendo significar que com o
Espírito tudo nos vem: a árvore e os frutos. Pois o fruto do Espírito
consiste em qualidades e disposições de temperamento que existem no
cristão que se manifestam quando, habitado por Ele, permite, com
docilidade que Ele esteja no controle dessas qualidades e do
temperamento.
Até quando precisaremos continuar recebendo mais do Espírito
Santo? Até quando já estiverem sendo manifestados em nossas vidas
todos os frutos do Espírito...

55
REIS e COUTINHO, GRTP, "Seminário sobre Batismo no Espírito Santo", Ed. RCCBRASIL, 2011, p. 50.
MEDITAÇÕES DIÁRIAS: 7ª SEMANA - BATISMO NO ESPÍRITO
SANTO

1° dia: Lc 11,9-13 - Depois de ler e meditar esta passagem do


Evangelho reze com ela pedindo a Deus a graça da fé, a graça de crer
com todo o coração que Deus Pai quer que você receba uma poderosa
efusão do Espírito que transforme a sua vida, pois tudo o que o Espírito
Santo toca Ele transforma. Ele é o "Espírito Vivificante" que recria em nós
a vida plena e abundante que Jesus já conquistou para nós. Fique
rezando e meditando essa palavra até sentir que você realmente crê que
acontecerá um novo derramamento do Espírito em sua vida. Depois peça
com fé para receber o que você pediu.
2º dia: Mt 3,11 - At 11,15-18 - Leia e medite estas passagens do
Novo Testamento. Depois louve e agradeça a Deus porque tudo o que
Jesus promete Ele cumpre. Peça a Deus que o Espírito Santo venha como
fogo purificador em sua vida, trazendo "o arrependimento que conduz a
vida".
3º dia: Jo 14,15-26 - Neste dia, leia e medite estas palavras de
Jesus, falando-nos do Paráclito, o nosso Consolador, Advogado,
Intercessor. Peça que o próprio Espírito lhe fale sobre sua presença na sua
vida. Permaneça com o Espírito em oração e escreva tudo o que Ele lhe
revelar para você partilhar com os seus irmãos e irmãs na próxima
reunião de partilha.
4º dia: Jo 16,5-15 - Leia e medite esta passagem na qual Jesus
continua falando da obra do Espírito Santo na nossa vida. Peça ao Espírito
Santo para que revele a você a verdade que você precisa para ter sua vida
liberta da ação do mal. Apresente ao Espírito suas tristezas, suas
fraquezas, as injustiças que você cometeu e sofreu. Olhe para sua vida e
peça que o Espírito Santo o convença acerca do pecado, da mentira e do
juízo e o revista com sua graça para você viver uma vida nova.
5° dia: At 1,4-11 - Nesta passagem Jesus, mais uma vez reitera a
promessa de enviar o Espírito Santo. Os apóstolos, ansiosos, querem
saber quando será isso, mas Jesus lhes diz que não pertence a eles saber
os tempos nem os momentos que o Pai fixou em seu poder. Cada dia de
nossa vida é um novo dia, o Espírito Santo renova todas as coisas em nós
todos os dias, revelando aquilo que precisamos saber para viver cada dia
de nossa vida na presença de Deus. Dia a dia vá pedindo ao Espírito
Santo aquilo que você precisa para bem vivê-lo e para dar testemunho
autêntico de cristão renovado pelo amor de Deus.
6° dia: At 4,23-31 - Os apóstolos nos ensinam como enfrentar as
dificuldades, ameaças e perseguições. Eles nos ensinam que quando o
problema é grande demais para nós, então precisamos da "Força do
Alto", do amor de Deus e de sua consolação e fortaleza que só Ele nos
concede. Peça ao Espírito Santo que venha em seu socorro nas situações
de sua vida diante das quais precisa de coragem, de sabedoria, de ânimo
novo e também, porque não, de milagres e prodígios.
7° dia: At 9,31 - A efusão do Espírito na Renovação Carismática
Católica desde 1967 já causou um profundo impacto na Igreja, mas a
Igreja precisa mais do que nunca de homens e mulheres que, tendo
recebido esta efusão do Espírito, possam dar frutos de santidade, de
comunhão e de empenho para difundir uma nova cultura no mundo, a
"cultura de Pentecostes", a cultura do amor e do testemunho cristão. Peça
ao Espírito Santo para fazer de você um homem, uma mulher assim,
comprometido(a) com a busca da santidade e o empenho em dar cada
vez mais frutos na Igreja. Peça ainda ao Espírito Santo, o seu amigo e
conselheiro que perscruta os corações, que o conhece melhor do que
você mesmo se conhece, e que sabe quais são os planos de amor do Pai
para você que vá revelando a você o seu chamado, o seu dom com o qual
você poderá servir as pessoas seja em casa, no trabalho, no grupo de
oração, onde for. Assim você estará servindo a Igreja e estará realizando a
sua vocação.

Que Deus os abençoe,


e recompense sua fidelidade!
8ª SEMANA
AMORAOS IRMÃOS PERDÃO56

INTRODUÇÃO
Jesus é questionado pelo doutor da lei sobre o que fazer para
possuir a vida eterna. Ele, então, lhe devolve o questionamento,
perguntando-lhe sobre o que está escrito na lei, ao que respondeu:
"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de
todas as tuas forças e de todo o teu pensamento (Dt 6,5); e a teu próximo
como a ti mesmo (Lv 19,18)" (cf. Lc 10,25-27).
Para justificar-se o doutor da Lei perguntou a Jesus: "E quem é o
meu próximo?" Jesus respondeu com esta Parábola:
"Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de
ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos
ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. Por acaso desceu pelo
mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. Igualmente um
levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas um
samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de
compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e
vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma
hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao
hospedeiro, dizendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to
pagarei." (Lc. 10,29). Continuando, Jesus questionou ao doutor da lei:
"Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos
dos ladrões?" O doutor respondeu: "Aquele que usou de misericórdia
para com ele." Então Jesus lhe disse: "Vai, e faze tu o mesmo". (Lc 10,30-
37).
Precisamos conviver com o próximo exercitando sempre a
misericórdia frente às suas fragilidades, que se manifestam em
pensamentos, palavras, atos e omissões, que vão ferindo e machucando
aos outros.
Na convivência humana, longe do Amor de Deus à mercê do
desamor humano, e trazendo as consequências do pecado original, as
pessoas são muito feridas e também se ferem umas às outras, projetando
muitas vezes frustações, invejas, competição etc. A desarmonia da

56
Por Vicente Gomes de Souza Neto e Marizete Martins Nunes do Nascimento.
humanidade para com o Criador, ocasionada pelo pecado original da
desobediência, ocasiona logo em seguida, nas figuras de Adão e Eva,
consequências de acusação e ruptura da harmonia entre homem e
mulher, gerando feridas de relacionamento, nesse caso por meio de
acusações e imputação na culpa alheia (cf. Gn 3,11-13).
O pecado produz uma ruptura de relacionamento de nós para com
Deus e como consequência de nós para com nossos irmãos. A única
forma de ser revertida essa cisão e afastamento é o amor, uma vez que
ele traz em si o ser de Deus (cf. 1 Jo 4,7-8).
Pelo sacramento do batismo, somos mergulhados nesse amor e
inseridos na Trindade Santa. Passamos a fazer parte do múnus de Jesus
Cristo. Permanecemos nele e confessamos que Jesus Cristo é o Filho
único de Deus. Reconhecemos e experimentamos que Deus é Amor (Cf 1
Jo 4,16) e que o Espírito Santo é autor desse derramamento de amor em
nossos corações (cf. Rm 5,5). Quando percebemos o quanto Deus nos
ama, a ponto de enviar seu Filho como vítima de expiação pelos nossos
pecados (cf. 1Jo 4,10), percebemos que não somos filhos únicos, mas sim,
que temos uma multidão de irmãos e que devemos ter para com eles a
mesma relação de amor e perdão que o Senhor tem para conosco.
A convivência humana passa a ser o exercício de atos recíprocos de
amor. Segundo a Beata Madre Teresa de Calcutá: "O amor para ser
verdadeiro tem de doer. Não basta dar o supérfluo a quem necessita, é
preciso dar até que isso nos machuque".

DESENVOLVIMENTO

1. AMAR É UM MANDAMENTO

"Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos


amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus
amigos. Vós sois meus amigos, se praticais o que vos mando" (Jo 15,12-
14).
No evangelho de São João, vemos Jesus nos apresentar de forma
imperativa e de maneira eterna o mandamento do amor ao irmão, não
mais como a nós mesmos, mas como Ele nos amou. Amar na forma de
entrega, de mortificação pessoal.
O mesmo apóstolo João vai colocar de forma pastoral em sua
primeira epístola que este novo mandamento instituído por Jesus, se
materializa quando amamos o irmão sem medidas, ou seja, o gesto
concreto de amar ao irmão revela de maneira visível que Deus permanece
em nós, e o Seu Amor em nós é levado à perfeição (cf. 1Jo 3,11-12).
JESUS nos convida a perseverar no Seu amor, pois Ele nos ama
como o Pai O ama. Portanto, Jesus é pleno de amor por nós, e seu amor
cura todas as feridas do relacionamento humano. Ao ser curada e
plenificada pelo amor de Deus a pessoa é capacitada para a convivência
humana e fraterna.
Ao persistir no amor conforme os mandamentos da lei de Deus,
somos impregnados de uma alegria completa, que emana do trono da
Graça e capacita-nos a conviver sem ferir, pois, o amor divino neutraliza o
coração das feridas da convivência social (cf. Jo 15,9-11).
O amor fraterno é o mandamento de Cristo, pois Ele nos amou
primeiro e se entregou inteiramente por nós por amor. O que Ele nos
manda fazer Ele fez primeiro, nos orienta como a um amigo e não como a
um servo, nos dando a graça de conhecer e experimentar a plenitude do
amor. Quando se ama de verdade as fragilidades do outro não nos ferem.
Nós fomos escolhidos por Deus para produzirmos frutos de amor
no mundo e à medida que os produzimos eles permanecem para sempre.
Quem ama tem o coração do Pai aberto para derramar todas as graças
necessárias à sua vida e à vida daqueles por quem intercede.
A ordem divina é que nos amemos uns aos outros (cf. Jo 15,12-17).
Amar implica em perdoar, que é perder a dor pelas ofensas
recebidas, daí não guardar para amanhã, o perdão precisa ser buscado e
ofertado hoje. A ação de perdoar implica numa disposição interior, uma
adesão ao mandamento do Senhor, uma vez que perdoar é um ato de
vontade pessoal e para tal necessitamos orar e agir.

2. A CARIDADE É EXERCÍCIO DO AMOR

" Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu


não tiver a caridade, seria como um bronze que soa ou como um címbalo
que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de
todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a
ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade eu nada seria.
Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que
entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade, isso nada
adiantaria; * A caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não
se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu
próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com
injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo crê, tudo desculpa, tudo
espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará" (l Cor I3,1-8a)
Após dar orientações doutrinárias e pastorais sobre alguns carismas
em l Cor I2,4ss, São Paulo irá esclarecer que o fio condutor de toda ação
ministerial deve ser a caridade. Ao contrário de um amor de possessão e
egoísta, a caridade é um amor que busca o bem do outro, tendo como
origem e fonte Deus que nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4,10).
O cumprimento do mandamento de Cristo implica em algumas
ações que São Paulo alerta aos Romanos e a nós hoje (Rm 12, 9-21).
O relacionamento humano precisa ser fundamentado na verdade,
sem fingimento e sem hipocrisia. Precisa-se sempre aborrecer o mal que
fica querendo destruir as amizades e apegar--se solidamente ao bem, ao
que é bom, ao que edifica e faz crescer.
A convivência humana precisa ser norteada pela ternura e pela
fraternidade, tratando todas as pessoas com carinho e afeição, sem
distinção, conscientes que somos todos irmãos em Cristo Jesus.
A caridade nos impulsiona sempre a honrarmos uns aos outros.
Devemos ser desprovidos totalmente de injúrias, calúnias e difamações
com relação ao outro, zelar sempre pelo bom nome do irmão.
Para viver o amor entre irmãos torna--se necessário ser fervoroso
de espírito, fazer tudo como um serviço ao Senhor, permanecendo
sempre alegres na esperança, pacientes nas tribulações e orando sem
cessar.
É preciso estar atento às necessidades dos fiéis, socorrendo-os
naquilo que precisam e esmerando na prática da hospitalidade, pois as
pessoas, ultimamente, encontram-se fechadas ao acolhimento de irmãos
em sua casa, uma vez que sai de sua zona de conforto e precisa colocar-
se a serviço.
Com relação àqueles que nos perseguem, precisamos sempre
abençoar e nunca praguejar, pois a bênção é um dom divino e produz
frutos edificantes.
Precisamos aprender a nos alegrar com os que se alegram e chorar
com os que choram, nunca desmanchar o prazer do outro proferindo
algo que tire sua alegria ou vangloriar-se com a dor do outro, ressaltando
que aquilo nunca lhe tenha acontecido.
Devemos viver sempre em boa harmonia uns com os outros e não
ferir e machucar o coração do irmão, nunca se deixando levar pelo gosto
das grandezas e afeiçoando-se com as coisas modestas. Não exaltar a
própria sabedoria.
Não pagar a ninguém o mal com o mal e aplicar-se a fazer o bem a
todas as pessoas e em todos os lugares e circunstâncias. Depende de nós
vivermos em paz com todos os homens. A vingança deve ser extirpada de
nossas vidas, devemos entregar tudo nas mãos de Deus.
Caso algum inimigo precise de nós, devemos atendê-lo em sua
necessidade, pois ele envergonhar-se-á de sua maldade.
O cristão vence o mal com o bem.

3. PERDOAR É AMAR SEM MEDIDAS

Quando seus discípulos perguntam a Jesus como eles deveriam


orar, o mestre lhes deu um ensinamento quanto ao ato de pedir perdão a
Deus (cf. Mt 6,7-13); o caminho exposto na oração mais perfeita e
completa do cristão, o "PAI-NOSSO". Arrependidos de nossos pecados
suplicamos o perdão de Deus, sabendo que Ele nos perdoa sempre.
Porém, Jesus nos coloca que devemos pedir o perdão de Deus por
nossos pecados numa medida/proporção bem alta. A condição de sermos
perdoados de nossas faltas e ofensas está correlacionada à medida com
que perdoamos. Seremos por Ele perdoados, na medida que perdoamos
aos outros, independente do fato que tenha gerado a mágoa.
Materializamos o amor de Deus e ao próximo quando
compreendemos que o perdão dado ao irmão é o gesto concreto de viver
Seu mandamento.
Vivemos a caridade (ágape) apresentada brevemente acima,
quando deixamos que o Espírito Santo, nos mova a perdoarmos se
preciso for até "setenta vezes sete", ou seja, infinitamente.
Nas palavras do Papa Francisco:57 "O perdão que Deus nos dará"
requer "o perdão que nós daremos aos outros". "Deus sempre perdoa,
sempre. Mas pede que nós perdoemos. Se eu não perdoo, fecho as portas
ao perdão de Deus."

57
http://www.bethania.com.br/noticias/noticias-da-igreja/papa-francisco-explica-a-diferenca-entre-
pedirperdao-e-pedirdesculpa
Ele ainda expõe em uma de suas homilias que o ato de perdoar é
muito mais do que pedir desculpas, pois pedir perdão é reconhecer que
se cometeu uma falta grave, desagradando a Deus, na pessoa do irmão.
Devemos pedir perdão com sinceridade, com o coração contrito e
arrependido. Vale ressaltar que ao perdoarmos não iremos sofrer de
amnésia, esquecendo o fato ocorrido, mas toda vez que dele lembrarmos,
sentiremos a paz como fruto do Espírito Santo, sem mais guardarmos
mágoa ou rancor.
Jesus irá ampliar a dimensão do mandamento da lei de Deus,
quanto ao "não matarás", dentro da nova narrativa de sua escola
doutrinária acerca do Reino de Deus (Reino dos Céus), sendo um marco
de sua missão messiânica. Jesus avança dizendo que aquele que se
encolerizar, que lançar palavras ou ações contra seu irmão, já terá
cometido pecado; precisando, portanto, antes de fazer sua oferta diante
do altar (preceito da lei mosaica), se reconciliar com esse irmão (cf. Mt
5,20-26). Jesus nos impõe uma atitude conciliadora.
Ainda dentro dessa perfeita narrativa na caminhada com o mestre
Jesus, Ele irá atualizar a visão da regra judaica do Talião do "olho por
olho", "dente por dente"(cf. Ex 21,25). Jesus não se opõe que alguém se
indigne diante de ataques e acusações injustas e inverídicas, ou que
combata o mal do mundo, mas que pague o mal daqueles que ferem,
com o bem. A retribuição ao mal que se é acometido deve ser do perdão,
da reconciliação, na caridade e no amor (cf. Mt 5,38-42).
De igual modo ele vai avançando na lei mosaica, quando na forma
de analogia e complementariedade, Jesus diz que segundo a lei, eles não
eram "obrigados" a amar os inimigos, porém Ele irá deixar claro que seu
novo mandamento é que nós devemos amar os nossos inimigos,
pagando o mal que nos fazem com a oração e o bem. Amar os que nos
amam não expressa o quanto reconhecemos e compreendemos a
misericórdia infinita de Deus.
Amor gratuito é dado àquele que aos nossos olhos humanos "não
merecem" nosso afeto e perdão (cf. Mt 5,43,48). Ele vai fechar esse
discurso dando um imperativo: "Sede perfeitos como vosso Pai Celeste é
perfeito" (Mt 5,48).
Jesus é enfático nessa nova perspectiva do perdão gratuito, quando
Pedro se sente provocado e indaga ao mestre quantas vezes ele deve
perdoar o próximo, ou seja, não só o perdão deveria ser praticado entre
os israelitas, mas com todos os homens que tivessem cometido uma
ofensa ou delito. Jesus irá dar uma orientação recorrendo a números que
representavam plenitude e completude: "70 x 7", infinitamente (cf. Mt
18,21-22).

4. O PERDÃO COMPREENDE TRÊS NÍVEIS:

4.1 Reconciliar-se com Deus

Esse primeiro nível, não podemos usar a palavra perdão, pois seria
errado doutrinário e teologicamente, mas sim devemos falar em
reconciliação. Quantas vezes culpamos a Deus por fatos que aconteceram
conosco desde nossa concepção, achando até mesmo que fomos um
"erro" da criação de Deus.
Muitas vezes por nossas histórias de vida, criamos barreiras e
"rompemos" com Deus de forma consciente ou inconsciente.
Quando, por exemplo, perdemos pessoas queridas que se foram
inesperadamente; casamentos que acabaram, por não conseguirmos uma
situação profissional digna etc. Dizemos interiormente: "Porque isso
aconteceu ou acontece comigo?" "Deus me abandonou..."
Precisamos, então, pedir ao Espírito Santo que venha curar essas
feridas e traumas para que voltemos a ter uma relação filial com o
Senhor, sabendo que Ele sempre esteve e está conosco. Esse ato de
reconciliação abre nossos corações para voltarmos a ter para com o Ele
uma profunda intimidade e confiança.
Exemplo: Ap 3,20 - " Eis que estou a porta e bato..."

4.2 Perdoar a si mesmo

Acontece também que nos afogamos em frustações, mágoas,


ressentimentos, desolações, por falhas e fatos que ocorreram em nossa
história de vida, nos culpamos e fazemos um tribunal dentro de nós
mesmos, julgando e condenando-nos a infelicidade eterna.
Quando nos deixamos ser inundados pelo Espírito Santo de Deus e
reconhecemos que fomos criados à Sua imagem e semelhança, tendo
sido lavados e salvos pelo sangue precioso de seu filho único, nosso
Senhor Jesus Cristo, iniciamos um processo de cura interior, nos
perdoando e acolhendo a misericórdia de Deus. Arrependemo-nos dos
pecados do passado, confessamo-nos aos sacerdotes e assumimos uma
nova vida, buscando inserir-nos na comunidade.
Exemplos de pessoas que tiveram seu encontro pessoal com o
Senhor e viram suas vidas serem restauradas e renovadas pelo toque
misericordioso, perdoador e curativo de Jesus: A mulher adúltera (cf. Jo
8,3-11), A Samaritana (cf. Jo 4,15-18).

4.3 Perdoar aos irmãos

Como já anunciado no início desse texto, Jesus veio nos mostrar de


forma prática e testemunhal que assumir o amor de Deus e encontrar-se
com sua Pessoa é obra do Espírito Santo em nós (cf. Jo 14,12-21;16,1-11).
A maneira prática e concreta de estarmos vivendo no seio da Santíssima
Trindade é amando os irmãos que o próprio Senhor for colocando em
nossas vidas, sejam familiares, parentes, colegas de trabalho, vizinhos etc.
São João em sua carta, já também vista aqui, nos diz que é incoerente e
inconcebível que um cristão diga amar a Deus e que está vivendo unido
ao Senhor, mas não ama seu próximo mantendo relações fragmentadas,
com ódio, rancor e mágoa dentro coração. Perdão e Reconciliação são
gestos concretos de um cristão autêntico.
Exemplo de uma pessoa que ao se encontrar com o Senhor
reconheceu o quanto tinha defraudado os irmãos: Zaqueu (cf. Lc 19,1-10).
Vale ressaltar que o perdão deve ser dado e recebido sempre e
incondicionalmente, ainda que a outra pessoa não receba ou acolha;
nossa parte devemos fazer. Podemos também na oração pessoal e no
momento da liturgia eucarística,58 perdoar e pedir perdão (no seu
interior) por aqueles que já faleceram, deixando que o Espírito Santo aja
de forma simples no coração que precisa ser liberto desse laço.
Por fim ressaltamos que há fatos e casos, que liberamos o perdão e
somos perdoados, mas que o convívio se torna inviável, devido as feridas
causadas ou por sabermos que a pessoa retornará a praticar novas ações.
Assim, devemos perdoar e amar sempre, mas nem sempre podemos ou
devemos conviver com essa pessoa. Caso ela venha precisar de auxílio e
socorro estaremos com paz no coração para ajudar no que for preciso
(Exemplo de socorro médico, oração de intercessão etc.), mas o convívio
diário e o relacionamento podem não ser saudáveis para ambos.

CONCLUSÃO

58
Momento em que a igreja militante, que somos nós, intercede peia igreja padecente, ou seja, por
aqueles que já faleceram.
O relacionamento humano com amor neutraliza em nós a ação
devastadora do pecado do desamor expresso por meio de pensamentos,
palavras, atos e omissões.
O perdão é a chave que abre nosso coração para que o Senhor
possa agir e curar o mais profundo de nossas almas. Amar aos irmãos é
saber que relacionamentos e convívios são sujeitos a desentendimentos e
incompreensões, mas quando deixamos que o Espírito Santo conduza
nossas vidas, conseguiremos através dele suportar, contornar e perdoar
as mais diversas e difíceis ofensas e agressões.
Sejamos dóceis ao Senhor para praticarmos seus mandamentos,
principalmente o relacionado ao seu pedido de nos amarmos uns aos
outros como Ele nos amou e ama.
MEDITAÇÕES DIÁRIAS: 8ª SEMANA - AMOR AOS IRMÃOS –
PERDÃO

1° dia: Mt 5,20-26 - Leia, reflita e medite esta passagem do


Evangelho, reze com ela pedindo a Deus a graça de amar os irmãos,
reconciliar-se sempre que for necessário e entrar em acordo antes que a
contenda se transforme em litígio a ser resolvido pela Justiça Humana,
que muitas vezes é injusta. Um mau acordo é melhor que uma boa
demanda. Amando a Deus acima de tudo e de todos devemos amar o
próximo como a nós mesmos, perdoando os deslizes uns dos outros, pois
são nestes mandamentos que encontramos a vida plena e eficaz.
2° dia: Lc 19,1-10 - Após a leitura, reflexão e meditação da história
de Zaqueu, deixe Jesus entrar na sua casa física e mais ainda na casa de
seu coração. A pessoa ao receber o Salvador em sua vida passa por uma
mudança de conceitos e pensamentos, que a leva a examinar sua
consciência quanto àqueles que, ao longo de sua história, foram
defraudados e rejeitados em razão de seu egoísmo e de sua ganância, e a
leva a querer fazer restituições justas. Caso as pessoas que prejudicamos
já tenham falecido devemos orar e traze-las à mente para pedir perdão e
nos libertar.
3º dia: Mt 5,38-48 - Nessa parte do Sermão da Montanha Jesus
esmiúça os mandamentos aprimorando as relações que devemos ter uns
para com os outros. Assim faça um exame de consciência de como é sua
relação com as pessoas que estão a sua volta. Como você retribui as
ações delas? Suas reações são perdoadoras ou são vingativas? Praticando
os mandamentos com caridade e amor nas ações e intenções para com
os outros, estaremos no caminho da perfeição.
4º dia: Rm 12, 9-21 - Ao ler e meditar, mais uma vez, sobre este
trecho da Carta de São Paulo aos Romanos terá em mãos o modo pleno
de se exercitar a caridade, a convivência humana, sem deixar o egoísmo
prevalecer, semeando sempre o bem, embora muitas vezes se receba em
troca o mal. Considere esta passagem como um manual de boa
convivência entre irmãos.
5º dia: Jo 8,1-11 - Ao ler e meditar este Evangelho da Mulher
Adúltera temos a oportunidade de deixar nossa história ficar diante de
Deus, que mostra nossas fraquezas frente às fraquezas dos outros,
levando uns a abandonar o espírito de acusação e olhar para si e outros a
perdoar-se e mudar de vida em razão da experiência com o amor de
Deus. Pelo perdão, Deus cura nossa história de maneira tal que as
pessoas já não nos destruirão com seus julgamentos e nós deixaremos o
papel de juízes da vida dos irmãos.
6° dia: Lc 7,37-50 - Neste Evangelho, novamente, lemos e
meditamos a amplitude do pecado e suas consequências destruidoras,
porém quando estamos aos pés de Jesus, reconhecemos nossas
fragilidades, Ele nos perdoa e nos envia a experimentar o gozo da vida
nova em Cristo, livre da escravidão do pecado. A quem mais se perdoa,
mais se ama. A maior cura interior é o perdão.
7° dia: Ap 3,20 - A leitura e meditação desta passagem leva-nos a
rever a nossa história e reconhecer as vezes que o Senhor desejou e
deseja entrar em nossos corações para fazer morada. Refletimos, ainda,
que Ele encontrou e encontra um coração duro e com dificuldades para
acolhê-Lo. Muitas situações leva-nos a culpar Deus pela nossa história
ferida e nos fazem trancar a porta de nossa alma. Deus quer permissão
para fazer morada em nossa vida, Ele irá nos curar e transformar.
9ª SEMANA
VIDA COMUNITÁRIA GRUPO DE ORAÇÃO59

INTRODUÇÃO
Com este tema finalizamos todo o ciclo de palestras que compõem
o programa do Seminário de Vida no Espírito Santo (SVES). É um
programa de evangelização fundamental e inicial, mas que precisa ter
continuidade e ser alimentado na vida de oração, na partilha de vida
fraterna, na participação frequente dos sacramentos - sobretudo, a
Eucaristia, no estudo e na leitura orante das Sagradas Escrituras, bem
como no aprofundamento da vida da Igreja, seu Magistério, Tradição,
Doutrina e as demais realidades pastorais locais. Portanto, pode-se ter
chegado ao fim do "Seminário", mas é apenas o início da "Vida" no
Espírito Santo.
Ao longo deste ciclo de palestras pudemos experimentar o quanto
Deus nos ama e nos quer para Ele. Quer-nos felizes. Cada novo tema foi
como um presente de Deus para nós, o qual devemos receber com muita
alegria. No entanto, não basta recebermos os presentes de Deus, senão
que devemos também tomar posse deles e fazer bom uso, conservá-los,
aperfeiçoá-los, fazê-los crescer e desenvolver. Semelhante à parábola dos
talentos precisamos permanecer fiéis à Palavra do Senhor, a fim de que
nos confie mais e mais os seus dons (cf. Mt 25,14-30) e continuamente
possamos "reavivar esta chama do dom de Deus que está em nós" (cf. II
Tm 1,6). Precisamos crescer na graça e na vida com Deus, pois é para uma
vida nova e de santidade que todos fomos (e somos) chamados (cf. Mt
5,48).

DESENVOLVIMENTO

VIDA COMUNITÁRIA

Já nos primeiros tempos do cristianismo, a partir da experiência de


Pentecostes, o livro dos Atos dos Apóstolos narra que os apóstolos
estavam reunidos no mesmo lugar (At 2,14). Isto indica uma regularidade
e ajuntamento comunitário com certo fim em comum. Lá eles se reuniam

59
Por Francisco Elvis Rodrigues Oliveira
para orar, "partir o pão e agradecer”60 (o antigo nome para a Eucaristia
era "fração do pão" (cf. At 2,42-46).
Isto implica dizer que "o cristianismo é por essência comunitário".61
Ainda nas palavras do Cardeal Suenens:
"O cristão de hoje tem necessidade de reencontrar
comunidades cristãs, não somente para viver a sua fé, mas para
sobreviver, como cristão, num mundo sempre mais estranho ao
cristianismo".62
Entendemos que como batizados pertencemos ao Corpo de Cristo
e isto exige de nós uma partilha de vida em comum. Na Renovação
Carismática, a proposta de vivenciar tal experiência comunitária é o
Grupo de Oração.
Diríamos mesmo que o Grupo de Oração, como proposta de vida
comunitária e engajada a serviço da Igreja, serve como um espaço onde
se mantém e faz sobreviver esta experiência fundante.
Os Grupos de Oração trazem em si esta característica de vida
comunitária que tem suas raízes na comunidade dos inícios do
cristianismo.
É, talvez, uma das formas mais originais de comunidade cristã,
atualizada aos tempos atuais, com todos os elementos modernos que a
Nova Evangelização nos exige: novos meios, novos métodos, novas
expressões, novo ardor, mas, ao mesmo tempo, radicada na mais rica
tradição bimilenar da Igreja que nasce já reunida entre irmãos e
conduzida pelo Espírito Santo.
Nada mais que isso é um Grupo de Oração. Irmãos que se reúnem
para orar em espírito fraterno e que desejam e permitem que o Espírito
Santo aja em cada um deles, transformando suas vidas definitivamente.
Pessoas que, a partir da Experiência do Batismo no Espírito Santo
experimentam como um Novo Pentecostes, um Pentecostes atualizado
em suas vidas e que desejam continuar alimentando e desenvolvendo
esta experiência.
O Grupo de Oração é o lugar onde acontece esta manutenção da
graça da Efusão no Espírito, a fim de que todos possam ficar sempre

60
STORNIOLO, Ivo Pe.; BALANCIN, Euclides Martins (Org). Didaqué: o catecismo dos primeiros cristãos
para as comunidades de hoje. 9. ed. São Paulo: Paulus, 1989, p. 27.
61
SUENENS, Cardeal Léon-] Joseph. A Renovação Carismática: um novo pentecostes? Col. Cristianismo
aberto, n.º 16.3. ed. São Paulo: Paulus, 1999, p. 144.
62
Ibidem
"cheios do Espírito Santo" (At 2,4). Não se trata, pois, de algo paralelo à
Igreja institucional, senão que é mais um canal a serviço da própria Igreja.
Um canal dinâmico (carisma) que está unido e em obediência aos seus
legítimos pastores (instituição). Por isso é importante a proximidade junto
ao sacerdote da paróquia, a fim de que estes grupos também possam
atender pastoralmente, conforme sua espiritualidade e dinâmica próprias
de sua vivência carismática.
Todos os que na antiguidade cristã recebiam o Batismo no Espírito
Santo, buscavam prolongar a formação que haviam recebido, por meio
de novas reflexões sobre o que era a vida cristã63. Desse modo, buscavam
crescer na fé, na graça e no amor. Por isso, o SVES e a continuidade desta
graça através de um Grupo de Oração possuem traços muito
característicos da comunidade cristã, uma vez que convida a viver e
reconhecer os caminhos básicos para progredir na fé. Não é um caminho
de fechamento em si mesmo, mas que deve se abrir a todas as
necessidades da Igreja local onde estes mesmos grupos estão inseridos.
O Grupo de Oração é um testemunho de que aquilo que aconteceu com
os primeiros discípulos também continua a acontecer nos dias de hoje,
mostrando ao mundo que "Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje,
e por toda a eternidade" (Hb 13,8), atualizando o chamado a sermos,
todos nós, "testemunhas em todo o lugar e até os confins do mundo" (cf.
At 1,8).
Desse modo, une-se estreitamente à missão da Igreja na sua
"grande tarefa de proteger e alimentar a fé do povo de Deus a recordar
também aos fiéis (...) que, em virtude de batismo, são chamados a ser
discípulos e missionários de Jesus Cristo".64

O QUE É UM GRUPO DE ORAÇÃO?

Temos escutado por diversas vezes que o Grupo de Oração é o


coração da Renovação Carismática Católica. E, de fato, isto é uma
verdade.
Ele é um dos "frutos característicos da Renovação no Espírito
Santo".65 É uma reunião de um grupo de pessoas que se encontram

63
JARAMILLO, Pe. Diego. Cómo dirigir los seminários de vida en el Espíritu. Col. Iglesia, n.º 91. Bogotá:
Minuto de Dios, [?], p. 19.
64
CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Documento de Aparecida: texto conclusivo da V
Conferência Gerai do Episcopado LatinoAmericano e do Caribe. Brasília: CNBB; São Paulo:
Paulus/Paulinas, 2007, p. 12.
65
CORDES, Dom Paul Josef. Reflexões sobre a Renovação Carismática Católica, São Paulo: Loyola, 1999,
p. 72.
regularmente, uma vez por semana, para louvar, adorar e dar graças a
Deus. E isto é o que torna a RCC viva e dinâmica. Sua espiritualidade de
pentecostes é sustentada em cada reunião semanal onde os participantes
permitem a ação livre do Espírito em suas vidas.
O "Grupo de Oração é o conjunto das pessoas que decidiram
reunir-se em torno do Senhor, uma vez por semana, para louvá-lo, ouvi-
lo etc.".66 O Grupo de Oração deve ainda estar aberto ao uso dos dons
com regularidade e estes, por sua vez, se fazem presentes na assembleia
geralmente após o Batismo no Espírito Santo. Uma verdadeira assembleia
de oração é aquela na qual se adora e louva ao Pai, por Cristo, com Ele e
nEle, em unidade com o Espírito Santo e em companhia da Virgem Maria.
É neste ponto que um Grupo de Oração carismático diferencia-se
de outros grupos na Igreja: ele não pretende ser meramente um grupo de
reflexão espiritual, círculo bíblico, ou um grupo de autoajuda, ou
quaisquer outros tipos de agremiação, muito embora haja nele alguns
destes elementos (oração, leitura e pregação da Palavra, partilha,
testemunhos etc.). Mas uma das principais características de um Grupo de
Oração carismático é a liberdade dada à ação do Espírito Santo. Essas
reuniões de oração são "uma volta à espontaneidade destas liturgias
iniciais".67
O centro de um Grupo de Oração é o Senhor Ressuscitado que
prometeu aos seus discípulos estar com eles quando orassem: "Digo-vos
ainda isto: se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que
for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus" (Mt 18,19). A
experiência do Batismo no Espírito Santo recebida durante o SVES "não
constitui apenas a regeneração e renovação pessoais, mas tem a
finalidade de edificar a comunidade cristã",68 daí a importância de um
engajamento comunitário. Desse modo: "O Grupo de Oração existe
para fazer acontecer o pentecostes pessoal e para cultivá-lo,
fortalecê-lo e levá-lo à maturidade. O Grupo de Oração existe para
provocar e fazer acontecer aquele processo poderoso de renovação
espiritual que transforma a vida pessoal do cristão e todos os seus
relacionamentos com Deus, com a família, com a Igreja e a
comunidade.

66
PEDRINI, Pe. José Alírio. Saiba participar de grupos carismáticos. 14. ed. São Paulo: Loyola, 2005, p. 11.
67
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA, Batismo no Espírito Santo, Col. Paulo Apóstolo, n.º 2.
Aparecida: Santuário, 1994, p.120
68
MCDONNELL, Kilian; MONTAGUE, George T. Iniciação cristã e Batismo no Espírito Santo, Rio de
Janeiro: Louva-a-Deus, 1995, p. 73.
O objetivo do Grupo de Oração é levar todos os participantes a
experimentar o pentecostes pessoal, a crescer e chegar à maturidade da
vida cristã plena do Espírito, segundo os desejos de Jesus: 'Eu vim para
que as ovelhas tenham vida e a tenham em abundância (cf. Jo 10,10b)'".69
Tudo o que o grupo faz e é está em deixar Jesus ser o centro da
vida de cada fiel ali reunido, para que esta vida nova, plena e abundante
possa ser gerada. O desejo de estar junto de outras pessoas é natural
para aqueles que experimentaram a graça do Batismo no Espírito Santo.
O mesmo aconteceu com aqueles discípulos após Pentecostes enquanto
perseveram na oração (cf. At 1,14). A vida comunitária, em especial, no
Grupo de Oração deve cativar (cf. At 2,47) mais e mais irmãos a desejarem
experimentar esta graça de vida plena com o Senhor.
De nenhum modo o Grupo de Oração pretende substituir a Igreja
ou ser algo em paralelo.
Ao contrário, é para a Igreja que o Grupo existe, assim como a
própria Renovação Carismática. Acontece que o grupo pode ser um
espaço de comunhão eclesial onde os fiéis que ali se reúnem podem
desenvolver ainda mais seu ser cristão. Ali recebem o apoio e o cuidado
que necessitam nesta caminhada em uma vida nova. Ademais, o
desenvolvimento de uma pessoa não está apenas em receber, mas
também em compartilhar com os outros aquilo que tem e aquilo que é.
Isto é o que significa viver em comunidade, isto é o que o Grupo de
Oração pretende ser e ter por seu fim, pois compreende que "a vida em
comunidade é essencial à vocação cristã".70
É uma pequena comunidade de pessoas que tiveram uma
experiência de conversão, um encontro pessoal com Jesus Ressuscitado e
desejam permanecer nesta graça e unidas no mesmo objetivo
comunitário, mantendo atualizadas as marcas da graça da Efusão do
Espírito em suas vidas. Nesta pequena comunidade cristã - o Grupo de
Oração - compartilha-se o amor, compreensão, acompanhamento da vida
de fé, correção fraterna e se ora pelas necessidades pessoais uns dos
outros, buscando trilhar um caminho de cura integral destas pessoas. A
integração em uma pequena comunidade é como que o cume do
processo de evangelização, onde o amor deve tornar-se evidente e uns
sejam corresponsáveis pelos outros. A pequena comunidade é o
"desaguadouro" natural e lógico de uma evangelização bem conduzida.

69
PEDRINI, Pe. José Alírio. Grupos de Oração: como fazer a graça acontecer. 13. ed. São Paulo: Loyola,
2006, p. 13.
70
CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Documento de Aparecida, p. 84.
Por isso, a Renovação Carismática, presta sua contribuição, oferecendo
esta pequena comunidade chamada Grupo de Oração como mais uma
flor neste jardim tão rico e diversificado que é a Igreja, e no qual os fiéis
podem se deixar formar por Nosso Senhor. Tudo sempre em obediência
aos pastores constituídos. Sempre em unidade e nunca fora dela.

CONCLUSÃO
Chegamos ao final do Seminário de Vida no Espírito Santo. Mas não
é o fim, é apenas o começo. Você é convidado a continuar seu processo
de formação, a fim de que amadureça ainda mais na fé e na vida cristã.
Não nos conformemos com o que temos recebido até agora. O Senhor
Jesus muito mais tem a realizar em nossas vidas. Basta que peçamos (Mt
7,7; Jo 16,24). À experiência do encontro pessoal, some-se uma vida
comunitária e de serviço à Igreja e ao povo de Deus. Em tudo isto, o
Senhor se dá a conhecer e amar mais e mais.
É preciso fazer Jesus ainda mais conhecido e amado e Ele conta
conosco para que sejamos Sua boca e Sua voz neste mundo que tanto
tem sede de Deus.

ORAÇÃO

Pai do céu. Adoramos-te e Te louvamos por toda obra realizada em


nossas vidas durante este Seminário. Que continuemos a Te buscar e
mergulhar na Tua graça, por meio de um engajamento na Igreja e vida
comunitária do Grupo de Oração.
Senhor Jesus, entrego-me a Ti, toda minha vida, tudo o que sou e
tudo o que tenho. Recebe minha história e a vida nova que a partir de
agora recebo de Ti. Espírito Santo, conserva em mim a experiência de
Pentecostes e atualiza dia a dia a graça do Batismo no Espírito Santo,
despertando-me ao serviço aos irmãos e vida comunitária.
Amém!
MEDITAÇÕES DIÁRIAS: 9ª SEMANA - VIDA COMUNITÁRIA -
GRUPO DE ORAÇÃO

1º dia: At 2,42-47: Medite este texto e peça ao Senhor que sua


vida também seja uma oferta a Deus e aos irmãos, a exemplo dos
primeiros cristãos, na partilha, na doação de vida, na oração e no amor.
2º dia: At 4,32-37: Que o Senhor nos liberte de todo egoísmo e
fechamento ao outro, mas que possamos nos abrir ao serviço e doação
àqueles que mais necessitam.
3º dia: Ef 5,21: Que o amor de Cristo nos dê o dom da humildade
e da misericórdia para acolher o irmão do jeito que ele é, reconhecendo
nele a figura do próprio Cristo. Faça um exame de consciência neste
sentido, pedindo ao Espírito Santo que o ajude a identificar sob que
aspectos você precisa ser mais humilde e misericordioso.
4º dia: Mc 2,1-12: Peçamos a Jesus para que, assim como os
amigos levaram o paralítico para diante do Mestre, também nós sejamos
inflamados de ardor evangelizador e, independente das adversidades,
levemos as pessoas a Jesus.
5º dia: Mt 14,22-33: Pedimos, Senhor, poder estar sempre dentro
da Sua barca, a Igreja e de dentro dela nos deixarmos formar pelo Seu
divino Espírito e pelos meios que o Senhor se utiliza, os Bispos,
Presbíteros e Diáconos. Por eles, que nós possamos responder sim ao Teu
chamado: "Vem para a barca".
6° dia: Jo 17,20-21: Ore ao Senhor pedindo o dom da unidade, em
particular, pela unidade no seu Grupo de Oração, para que o mundo
possa ver em você e nos seus irmãos refletido o amor de Deus.
7º dia: At 2,42-47: Leia este texto e ore ao Senhor para que
derrame um amor renovado pela Igreja de Cristo e obediência ao
Magistério. Que o nosso amor à Igreja, corpo de Cristo, seja refletido pelo
amor aos nossos irmãos, membros deste corpo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AGOSTINHO, Santo. Commento Al Vangelo di Giovanni, Omélia 74.


2. Dos Livros das Confissões, Lib. 10,26.37-29,40; CCL 27,174-176 - Séc.V.
3. AQUINO, Santo Tomás de, in Suma Teológica/I Sent. d. 15, q.5, a.l, Sol.2)
4. ARB0R, Ann "A Guidebook for the Life in the Spirit Semninars", The Word of
God, Servant Books, Michigan, p. 23 to 28.
5. BENTO XVI. Carta Apostólica "Porta Fidei". No dia 11 de Outubro de 2011,
sétimo de Pontificado.
6. Carta Encíclica Deus Caritas est. São Paulo: Paulinas, 2006.
7. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum Domini. Em 30 de Setembro –
memória de São Jerônimo - de 2010, sexto ano de Pontificado.
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9. BÍBLIA Sagrada. Tradução dos originais mediante a versão dos monges de
Maredsous (Bélgica). 58. ed. São Paulo: Ave-Maria, 1987.
10. CATARINA de Sena. Santa. Epistolário 101,v2, p.148-149.
11. CANTALAMESSA, R., in "Ungidos Pelo Espírito", Ed. Loyola, São Paulo/SP,
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12. CATECISMO da Igreja Católica. 3. ed. Petrópolis: Vozes, São Paulo: Paulinas,
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13. CATÓLICA, Renovación Carismática. Seminário de Vida en el Espíritu Para
Parejas. Bogotá: Comunidad Matrimonial Alegria, 2010.
14. CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Documento de Aparecida:
texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado LatinoAmericano e
do Caribe. Brasília: CNBB; São Paulo: Paulus/Paulinas, 2007.
15. CORDES, Dom Paul Josef. Reflexões sobre a Renovação Carismática Católica.
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